SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 09 DE JUNHO DE 2014
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Economia fraca faz índices de confiança despencarem em 2014 A desaceleração da economia brasileira está tendo reflexos nos índices de confiança medidos pela FGV (Fundação Getulio Vargas). Os indicadores de confiança da indústria, serviços, comércio e consumidor tiveram queda expressiva desde o início do ano e registram variação negativa recorde (confira dados com mais precisão no gráfico abaixo). A Copa, em vez de trazer benefícios ao país, trouxe um legado negativo ao criar um rombo no orçamento público e, com isso, amedrontar o setor empresarial principalmente a indústria. O ano eleitoral também é um empecilho para o avanço dos índices de confiança, uma vez que os empresários esperam os resultados para investir ou não em suas empresas. Segundo a FGV, o Índice de Confiança da Indústria recuou 5,1% entre abril e maio de 2014, ao passar de 95,6 para 90,7 pontos. "O resultado aprofunda o distanciamento do índice em relação à média histórica, de 105,5 pontos, ao registrar a maior variação negativa na margem desde dezembro de 2008 (-9,2%)", informa a instituição. No segmento de serviços, o resultado não é diferente. O Índice de Confiança de Serviços caiu 5,7% em maio, em relação a abril. O recuo foi recorde desde abril de 2009, passando de 113,3 para 106,8 pontos. "Das 12 atividades pesquisadas, dez apresentaram redução da confiança entre abril e maio", informa a FGV. No comércio, a queda da confiança em maio, em relação ao mesmo período do ano passado, foi a terceira consecutiva, trazendo preocupações ao setor. A queda foi de 4,4%. O índice médio do trimestre ficou em 117,4 pontos, o menor da série histórica iniciada em março de 2010.
Diante deste cenário negativo em todos os setores, a confiança do consumidor ficou inevitavelmente no vermelho também. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) recuou 3,3% entre abril e maio de 2014, ao passar de 106,3 para 102,8 pontos. Com o resultado, o índice manteve-se abaixo da média histórica, de 116,4 pontos, pelo 16º mês consecutivo. "A preocupação dos consumidores com relação ao orçamento doméstico parece se estender para os próximos meses. O indicador que mede o grau de otimismo em relação à situação financeira familiar foi o quesito que mais influenciou a queda do ICC esse mês, ao cair 3,4%, para 124,7 pontos, o menor nível desde fevereiro de 2010", conclui a FGV. De forma geral, o empresário está em cima do muro. Os negócios são levados em banho-maria. Não há grandes investimentos, mas também não há empresas sendo fechadas. Com medo de um futuro cada vez mais próximo, ninguém investe e entramos na crônica da crise anunciada.
Empresas ganham mais tempo para informar tributos em nota fiscal O governo decidiu dar mais tempo para que as empresas de comércio e serviço passem a informar na nota fiscal ao consumidor o valor aproximado dos tributos cuja incidência influi na formação dos
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respectivos preços. A Lei 12. 741/2012, que tornou obrigatório o fornecimento dessa informação ao cliente, está em vigor desde junho do ano passado. Mas uma Medida Provisória publicada no “Diário Oficial da União” desta sexta-feira garante que a fiscalização sobre o cumprimento da lei “será exclusivamente orientadora até fim de dezembro de 2014”.Essa não é a primeira vez que o governo cede aos apelos em favor de um prazo maior de adaptação a uma exigência que mexe com um universo enorme de empresas. Em junho do ano passado, quando a lei entrou em vigor, seis meses após sua publicação, uma outra medida provisória assegurou que durante 12 meses os comerciantes e prestadores de serviços não fossem ser punidos. A nova Medida Provisória também traz instruções do governo sobre como a lei deve ser aplicada.A lei manda que seja informada ao consumidor a carga tributária incidente sobre mercadorias e serviços, relativa a tributos de competência da União, dos Estados e dos Municípios. O Decreto 8.264/2014 estabelece, por exemplo, que a forma de disponibilizar ao consumidor o valor estimado dos tributos pode ser outra nos casos em que não seja obrigatória a emissão de nota fiscal ou documento equivalente. A informação poderá ser dada por meio de painel afixado em local visível do estabelecimento. O texto também permite que, a critério das empresas vendedoras, o valor estimado dos impostos e contribuições seja calculado e fornecido semestralmente “por instituição de âmbito nacional reconhecidamente idônea, voltada primordialmente à apuração e análise de dados econômicos”. Nesse caso, os cálculos poderão ser elaborados com médias estimadas dos diversos tributos e baseados nas tabelas da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) e da Nomenclatura Brasileira de Serviços (NBS).
Uma estratégia com Unasul e Brics A crise financeira de 2008, que ainda persiste, introduziu mudanças permanentes no sistema econômico mundial. A que mais nos afeta diretamente, enquanto país e enquanto região, é a busca por parte de todos os países desenvolvidos de superávits no comércio de manufaturados, num movimento simultâneo único pela primeira vez na história. Não se trata de um momento no ciclo econômico. É uma determinação de caráter político, explícita na área do euro, onde políticas fiscais e monetárias extremamente restritivas empurram os países para buscarem saldos comerciais como único mecanismo de recuperação da atividade econômica, não obstante o evidente fracasso dessa pseudo-estratégia. Também não é um fenômeno temporário. A justificação para as políticas monetárias e fiscais restritivas é o alto endividamento público na área do euro, medido pela relação dívida pública/PIB. Entretanto, as políticas restritivas produzem o efeito paradoxal de aumentar, e não reduzir, a relação dívida/PIB, como consequência da continuada retração ou estagnação do PIB, enquanto a dívida sobe, para países que não emitem a própria moeda, com a incidência de juros de mercado. Isso significa contração econômica num tempo indefinido. Os EUA, embora não seguindo política fiscal ortodoxa e apelando para uma política monetária expansiva, estão, além disso, sustentando a meta de dobrar exportações a cada cinco anos, anunciada por Barack Obama desde 2010. Já o Japão fez agressiva desvalorização do câmbio de 20% para recuperar exportações. Essa situação sem precedentes coloca para os países emergentes um desafio histórico. Para países como o Brasil, se não houver uma mudança drástica em sua estratégia de desenvolvimento, seremos condenados à marginalização no mercado mundial de manufaturados, com evidente risco para o emprego e a trajetória de reservas cambiais. É um contexto que mostra a temeridade de propostas como a do acordo de livre comércio Mercosul (ou Brasil) União Europeia, que acentuaria o desequilíbrio das relações. Entretanto, considerando a América do Sul, somos um país e uma das regiões mais ricas do mundo em recursos naturais, da água aos diversos minerais. Podemos ancorar uma arrancada de desenvolvimento comum mediante industrialização desses recursos minerais desde que se equacione, por um lado, o financiamento do investimento, e, por outro, a demanda num contexto de baixo crescimento no mundo industrializado avançado. Se houver infraestrutura, pode-se induzir o setor privado a assumir a mineração e a industrialização. O gargalo é a infraestrutura de transportes. Em casos de rodovias, ferrovias ou hidrovias pioneiras, é fundamental a ação direta do Estado. Para que um programa público de infraestrutura tenha credibilidade, é importante definir fonte de financiamento estável, como foi em sua intenção original o IUCLG ou a Cide brasileira, ou seja, um tributo sobre combustíveis vinculado a investimentos de infraestrutura. Algo semelhante deveria se aplicar no âmbito da Unasul como condição de participação no desenvolvimento comum. Equacionado o problema da infraestrutura, poder-se-ia articular o programa estratégico numa parceria com a China, que deixaria de ser o inimigo comercial para ser um sócio do investimento. Em primeiro lugar, seriam selecionados, no Brasil e no restante da América do Sul, projetos específicos de desenvolvimento industrial de recursos naturais. A China arcaria com a parte principal do investimento, garantida pelo própria demanda, e a governança seria exercida com o Brasil e com outros países sul-americanos participantes. Seria aberto, dessa forma, um amplo e crescente mercado de bens de capital para as
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empresas brasileiras do setor. Com isso seria salva a indústria de bens de capital brasileira de uma concorrência predatória dos países industrializados avançados. O esquema interessaria à China no sentido de que ela se defronta com problemas energéticos e ambientais na forma de restrições à expansão territorial de sua indústria metalúrgica básica. Nesse sentido, o financiamento do investimento nos projetos escolhidos poderia basear-se numa demanda garantida de metais pela China, que desenvolveria fora de seu território, mediante acordos específicos, o suprimento desses metais para continuar sustentando seu alto crescimento.
Foi dessa forma que se desenvolveu Carajás, mediante demanda certa de produção futura convertida em financiamentos, com a diferença de que se tratava de um bem primário e o demandante era o Japão. A estratégia aqui delineada abriria caminho para a articulação do Brasil e da América do Sul com a região economicamente mais dinâmica do mundo, o grande arco do Pacífico centrado na China. A ponte de acesso a esse arco seria o bloco Brics, que teria, de um lado, como grandes demandantes de metais, a China e a Índia, e, de outro, como supridores de produtos da indústria básica o Brasil e a África do Sul, ficando a Rússia numa posição intermediária. A consolidação desse arco responderia às ameaças do neoliberalismo em sua forma comercial: os acordos de livre comércio assimétricos, que retardam em vez de estimular o desenvolvimento. Essa sugestão não substitui políticas de curto prazo, sobretudo a cambial, que estão afetando drasticamente a indústria manufatureira brasileira, notadamente a indústria de bens de capital. Contudo, temos um desafio estrutural que se sobrepõe ao problema cambial de curto prazo, na medida em que são os fluxos internacionais de comércio que estão se movendo contra nossos interesses. Uma estratégia para a retomada do desenvolvimento industrial deve levar em conta, pois, esses diferentes horizontes.
Importação de serviços e crescimento É consenso que a economia brasileira está em transformação. Vide, por exemplo, o que está ocorrendo com as transações correntes. Historicamente, o déficit dessa conta é determinado pelo fluxo de rendas no período 1995-2002, elas responderam por 73% do déficit acumulado. Já a balança comercial e de serviços têm papéis secundários; a primeira, promovendo superávits; a segunda, déficits, mas numa proporção de 1 para cada 3 da conta de rendas. A conta de rendas explica a crescente deterioração das transações correntes observada desde meados da década passada? Definitivamente, não. Na verdade, a conta de rendas ficou mais bem comportada. No biênio 2012-2013, o déficit de rendas foi de 1,6% do PIB, praticamente metade do déficit médio do período 1980-2013. O que, então, explica a deterioração das contas externas? Diferentemente do padrão histórico, os déficits têm sido causados pela combinação de forte piora da conta de serviços com desaceleração dos superávits comerciais. De fato, o Brasil se tornou um grande consumidor de serviços importados; já temos, hoje, um dos maiores déficits globais do setor. As despesas com serviços internacionais saltaram de US$ 15 bilhões, em 2004, para US$ 24 bilhões, em 2005. Dali em diante, as despesas deram grandes saltos, chegando a nada menos que US$ 86 bilhões em 2013. A importação de serviços cresceu tão rapidamente que vem superando, desde 2012, a conta de rendas nas transações correntes. Não por acaso, enquanto o déficit da conta de rendas diminuiu, passando de -3,9% do PIB, em 2005, para -1,8%, em 2013, o déficit da conta de serviços passou de -1,2% para -2,1% no período. Já o superávit da balança comercial nos anos 20102013 foi de 0,9% do PIB, bem abaixo da média das últimas décadas, de 2,4%.O aumento da importação de serviços não é um problema per se. Se os serviços importados contribuírem para alavancar o crescimento da economia via agregação de valor, diferenciação de produtos ou promoção de exportações, por exemplo, então aquelas importações estarão associadas a um círculo virtuoso. Mas, infelizmente, esse não foi o nosso caso. Isto porque o déficit foi causado, sobretudo, pela piora das contas de viagens internacionais e de aluguel de equipamentos. O déficit de viagens internacionais
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passou de US$ 2 bilhões em 2000 para nada menos que US$ 18,6 bilhões em 2013. Já aluguel de equipamentos passou de US$ 1,3 bilhão para US$ 19 bilhões. Juntas, essas despesas explicam 79% do déficit de serviços do último ano. O problema com o colossal déficit de viagens internacionais é que elas são consumo final. No caso do aluguel de equipamentos, parte significativa das despesas se refere ao aluguel de plataformas, navios, sondas e outros equipamentos para o setor de óleo e gás. O problema, nesse caso, é que eles se destinam à produção de commodities e, logo, não agregam valor ao preço final. O que resta saber é se a mudança recente na composição das transações correntes é permanente ou transitória e quais seriam as suas implicações. Assumindo, por um instante, que são permanentes, estimamos sua relação com o crescimento econômico. Identificamos que cada 1% de crescimento do PIB está associado a um crescimento de 1,3% nas importações e de 1,1% nas exportações de serviços. Ou seja, ao que parece, a economia brasileira teria se tornado intensiva em serviços importados. Tudo o mais constante, esses números sugerem que a eventual aceleração do crescimento econômico será acompanhada por aumento da deterioração das contas correntes. A elevada intensidade de serviços importados está associada a fatores como preços e qualidade dos serviços, oferta interna de serviços utilizados como insumos produtivos, aumento da renda das famílias e apreciação cambial. Em vista da nova conformação da economia mundial, cada vez mais baseada em serviços, e da crescente concentração dos serviços de agregação de valor e diferenciação de produtos nos países desenvolvidos, é razoável esperar que as importações de serviços crescerão, e substancialmente, ao longo dos próximos anos. Por fim, é provável que as nossas importações líquidas de serviços estejam subestimadas, o que se deveria às estatísticas tradicionais de comércio, que não capturam o componente de serviços embutidos nos bens industriais importados, e ao perfil das nossas exportações, dominado por commodities. A crescente relevância dos serviços para a criação de valor já tem incitado a advocacia dos países mais competitivos em favor da remoção de barreiras e liberalização dos serviços, inclusive dos embutidos nos bens comercializados. Pelo andar da carruagem das discussões dos acordos regionais de comércio, investimentos e serviços, é muito provável que, cedo ou tarde, haja mudanças substanciais nas regras de governança do comércio e investimentos, o que terá implicações não negligenciáveis nas perspectivas de crescimento econômico dos países em desenvolvimento. Nesse eventual contexto, é provável que tarifas e até câmbio percam relevância como instrumentos de proteção e de promoção do comércio. Esse cenário sugere que o Brasil deveria, desde já, elevar os esforços em favor da modernização e dos investimentos em serviços em geral, mas dos de agregação de valor e diferenciação de produtos em particular, e atrair players internacionais do setor, de forma a que a atividade se torne protagonista do crescimento sustentado do país.
Indicadores e a percepção da sociedade Falar mal do Brasil virou esporte predileto de muitos no Brasil e no mundo. A mídia internacional fala mal do Brasil e tudo que venha dele, nunca se criticou tanto o país nas redes sociais quanto agora. Alguns brasileiros, considerados “celebridades”, com amplo espaço na mídia mundial, desancam o país à vontade. Na mídia mundial, principalmente em alguns países europeus, há uma verdadeira campanha contra o Brasil. Preferido da grande imprensa mundial e dos investidores, há alguns anos atrás, o Brasil passou à condição de país em que nada funciona, tudo é ruim e precário, campeão da corrupção e da violência, sem nenhuma preocupação pelo meio-ambiente e com os pobres. O que se lê nas abordagens, muitas vezes, é um amontado de bobagens, de desinformação, de grosseria e desprezo. Conforme alguém já falou, a opinião pública foi sequestrada por uma espécie de denuncismo conservador”. Os exemplos são inúmeros, mas pode-se ilustrar com o tratamento dado à Copa do Mundo, dentro e fora do país. É acontecimento desejado, raro e histórico, perseguido por todos os países. Estudos internacionais indicam que eventos da magnitude da Copa do Mundo proporcionam ganhos enormes, como o aumento da autoestima da população e da imagem do país no exterior, o que pode representar, nos anos seguintes à realização, grande aumento do afluxo de turistas, maior atração de investimentos estrangeiros e expansão da visibilidade internacional. Ao invés de destacar o óbvio, os críticos transformaram esta conquista histórica do Brasil num acontecimento negativo e pernicioso para o país. Não se trata de querer impedir críticas ao país e/ou governos, que são inerentes à democracia. Mas, no sistema democrático, um princípio elementar é o direito ao contraditório na veiculação da notícia. Este processo de ataques sistemáticos ao Brasil, vindo de vários setores, levou claramente, a um distanciamento entre os indicadores econômicos e sociais objetivos, e a percepção da sociedade. Nunca se criticou tanto o Brasil e sua economia, o que é surpreendente, num momento em que os indicadores, possivelmente, sejam os melhores da história. Este distanciamento, que não é casual, é gravíssimo, na medida em que pode induzir os diferentes atores sociais a estratégias equivocadas, por estarem baseadas em informações erradas. O pessimismo dominante em alguns meios não encontra guarida nas
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informações econômicas objetivas. Por exemplo, se, de fato, a taxa média de crescimento do PIB dos últimos anos (2%), realmente é baixa, a informação deve ser contextualizada. Porque a maior crise do capitalismo nos últimos 80 anos pouparia o crescimento da sétima economia do mundo? O resultado do PIB de 2013 (2,3%), foi baixo, mas ficou acima das expectativas da maioria dos analistas e, no G-20, foi o 9º maior crescimento, superior aos EUA (1,9%), Zona do Euro (-0,4%), Japão (1,6%), Alemanha (0,4%),Rússia (1,3%), e México (o atual “país modelo” dos investidores, 1,1%). Além disso, 2% a 3% de crescimento de PIB ao ano é razoável se você tem a menor taxa de desemprego da história e se a renda das famílias está aumentando. Será que vai tão mal assim uma economia em que o consumo das famílias sobe, ininterruptamente, durante 120 meses seguidos, como constatou o IBGE nos dados das contas nacionais de 2013? Este processo explica, inclusive, a pressão sobre a inflação, ou seja, em parte, a pressão inflacionária decorre uma virtude da política econômica brasileira: a mudança da estrutura de distribuição de renda e a inclusão de milhões de brasileiros, nos últimos anos, no processo de consumo. Em 2013, só um país cresceu mais a agricultura que o Brasil no G-20: os EUA (16,4%). A agricultura brasileira cresceu 7%. Vários países, inclusive, viram a sua agricultura decrescer como Coréia do Sul, Alemanha, França, Rússia e o Reino Unido (-4,1). Já pensou se Brasil a agricultura tivesse retraído em 2013 como ocorreu nos países mencionados? O mundo viria abaixo. Enquanto o mundo se desmancha no desemprego (a Europa tem 26 milhões de desempregados), entre 2008 e 2013, o Brasil gerou 11 milhões de empregos formais, reduzindo a taxa de desemprego e aumentando fortemente a formalização. Pela medição do IBGE a taxa de desemprego em abril caiu para 4,9%, o menor índice da série histórica para esta época do ano. A média salarial do país, embora ainda seja baixa, chegou a dois salários mínimos, o que significou uma expressiva mudança na inserção social e econômica de milhões de pessoas. Dentre outras razões, é este crescimento do emprego que tem possibilitado a redução da pobreza no país. Entre 2003 e 2012, enquanto o PIB do país cresceu 40%, a renda dos 10% mais pobres aumentou 206% graças às políticas sociais desenvolvidas. O PIB cresce a 2% mas se isso melhora a vida do povo, é o mais importante. Em boa parte tem contribuído para isso o salário mínimo, que nos últimos 10 anos teve ganho real acima de 70%. Isso não significa nada pra quem ganha 10 salários mínimos, mas é espetacular para quem está na base da pirâmide social. Por que essa tão grande diferença entre a percepção da população e os dados objetivos da Economia? Do ponto de vista mais imediato há muita desinformação e Superficialidade. Mas o processo eleitoral Brasileiro é de grande interesse no mundo, não só aqui dentro do país. Além disso, o ataque sistemático que a Petrobras vem sofrendo, por exemplo, não decorre apenas da disputa eleitoral deste ano, mas tem também um aspecto de disputa comercial muito grave, onde simplesmente o inimigo são as gigantes internacionais do petróleo. De certa forma, os ataques contra o Brasil vindos da mídia internacional, e dos analistas localizados nos países dominantes e no interior do país, é uma espécie de recado velado: “ponha-se no seu lugar de país periférico e dependente”.
Inflação sobe mais para famílias que ganham menos
A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que registra a variação de preços para as famílias com renda entre um e cinco salários mínimos, ficou em 0,60% em maio, resultado 0,18 ponto percentual abaixo do de abril (0,78%). Em maio de 2013, o INPC ficou em 0,35%. Embora tenha também diminuído em maio, a inflação que abrange as famílias de menor renda supera em 0,14 ponto percentual a taxa de 0,46% registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que abrange as famílias com maior renda (de um a 40 salários mínimos). Com a alta de maio, o INPC passou a acumular uma alta nos primeiros cinco meses do ano de 3,52%, acima da taxa de 3,02% de igual período de 2013. Considerando os últimos 12 meses (taxa anualizada), o índice está em 6,08%, acima da taxa de 5,82% dos 12 meses imediatamente anteriores. Divulgado nesta sexta-feira, dia 6, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o INPC indica que os produtos alimentícios
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registraram inflação de 0,64% em maio, ante 1,34% em abril. Já os não alimentícios apresentaram taxa de 0,59%, superior à do mês anterior (0,54%). Regionalmente, o maior INPC foi registrado no Recife (1,14%), em virtude da alta de 16,66% nas tarifas de energia elétrica. Os alimentos, com alta de 1,23%, também pressionaram o resultado do mês. Já o menor índice foi o de São Paulo (0,10%) em virtude da queda de 22,37% na taxa de água e esgoto, reflexo dos efeitos do Programa de Incentivo à Redução de Consumo de Água. O INPC utiliza a mesma metodologia do IPCA, é calculado pelo IBGE desde 1979 e abrange dez regiões metropolitanas do país, além de Brasília e do município de Goiânia. (Agência Brasil)
Produção industrial cai em 7 de 14 locais sondados
A queda de 0,3% no ritmo da produção industrial nacional na passagem de março para abril, série com ajuste sazonal, reflete redução no ritmo da atividade da indústria em sete dos 14 locais envolvidos na Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional (PIM/PF Regional), divulgada neste dia 6 de junho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Exerceram influências mais significativas na queda da atividade da indústria, o Rio de Janeiro, onde a produção chegou a cair 4,2%, e o Rio Grande do Sul, onde a queda foi 3,0%. Os dois estados apresentaram a segunda taxa negativa consecutiva, com o Rio de Janeiro acumulando no período queda de 5,2%, e o Rio Grande do Sul, de 6,4%. Também registraram quedas intensas e superiores à média nacional de 0,3%, Minas Gerais e Pernambuco (ambos com menos 1,8%), Santa Catarina (-1,6%), o Amazonas (-1,6%) e o Paraná (-0,4%). Por outro lado, o Espírito Santo (4,7%) e Goiás (4,1%) registraram as maiores expansões nesse mês, com o primeiro acumulando ganho de 7,3% em dois meses de taxas positivas consecutivas, e o segundo avançando 10,1% nos três últimos meses. São Paulo (1,7%), a Bahia (0,9%), o Pará (0,8%), Ceará (0,6%) e a Região Nordeste (0,6%) também tiveram crescimento da produção em abril de 2014. Já o recuo de 5,8% da produção na comparação mês/igual mês do ano anterior, reflete resultados negativos em 11 dos 15 locais pesquisados, com a queda mais intensa ocorrendo no Paraná, onde a produção industrial caiu 11,8% em relação a maio do ano passado. Em seguida vêm o Rio Grande do Sul (-10,3%) e São Paulo (8,3%). No Paraná, a queda na produção teve forte pressão dos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (automóveis), produtos alimentícios e máquinas e equipamentos (tratores agrícolas e máquinas para colheita, principalmente); no Rio Grande do Sul influenciaram outros produtos químicos (etileno não-saturado, propeno não-saturado, polipropileno e polietileno linear), produtos do fumo, couros, artigos para viagem e calçados (calçados de couro feminino), máquinas e equipamentos, e bebidas. Em São Paulo veículos automotores, reboques e carrocerias (caminhões, caminhão-trator para reboques e semirreboques, autopeças e automóveis) e máquinas e equipamentos. Por outro lado, o Pará (36,3%) e Mato Grosso (11,6%) tiveram os avanços mais acentuados nesse mês, impulsionados, no caso do Pará, especialmente pelo comportamento positivo dos setores extrativos (minérios de ferro em bruto) e, em Mato Grosso, por produtos alimentícios. No indicador acumulado para os quatro primeiros meses de 2014, em relação ao mesmo período do ano anterior, a redução na produção nacional alcançou oito dos 15 locais pesquisados, com cinco recuando com intensidade superior à da média de menos 1,2% para o total da indústria: São Paulo (-4,6%), Espírito Santo (-4,1%), Rio de Janeiro (-3,1%), Bahia (-1,6%) e Goiás (-1,4%). Os demais resultados negativos foram do Paraná (1,1%), Rio Grande do Sul (-0,6%) e Ceará (-0,3%). (Agência Brasil)
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Indústria de autopeças encaminha negócios em Dubai (Agência ANBA) Dez empresas nacionais do setor de autopeças participaram da feira Automechanika, realizada em Dubai de terça-feira (03) até quinta-feira (05). Elas estiveram no evento sob a organização do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) e contaram com o apoio da Câmara de Comércio Árabe Brasileira. As companhias que estiveram no evento são a Autotravi (de borrachas e plásticos), Biagio Dell Agli (turbos compressores), DHB Global Sistemas Automotivos (sistemas para direção), Fras-le (pastilhas e lonas de freio), Farj (sistemas pneumáticos e de assistência para embreagem), Rei (peças fundidas), Frum (tecnologia para freios), Schadek (bombas de óleo e água), Sofape (filtros de ar e de óleo) e Zen (alternadores e parte elétrica). "Eles estão muito felizes com a feira. Estão recebendo muita gente interessada nos produtos. As empresas têm feito contatos preciosos para fechar contratos futuros", ressalta Antônio Bento, vice-presidente do Sindipeças. Segundo Bento, a feira é muito favorável à realização de negócios e todas as empresas nacionais estão saindo de lá com negociações encaminhadas. Ele conta que o evento nos Emirados Árabes Unidos favorece o encontro com importadores não só do mundo árabe, mas também de outras regiões. "Eles (os fabricantes) vêm para encontrar compradores de várias partes do mundo, como Oriente Médio, Ásia e África", explica o executivo. Nestas regiões, o Brasil exporta, principalmente, para África do Sul, Tailândia, Índia e China. "E esse pessoal é encontrado por aqui", diz Bento sobre a presença de compradores daqueles países na Automechanika. Isso não quer dizer, no entanto, que os compradores árabes não estejam presentes ao evento. "Eu vi muita gente do Egito, Líbano, Argélia e Marrocos", conta Michel Alaby, diretor-geral da Câmara Árabe. "Há muitas empresas árabes. Conversei com vários expositores (brasileiros) aqui e eles estão muito satisfeitos", destaca. As exportações nacionais do setor ainda são pequenas, segundo dados do Sindipeças. Dos US$ 40 bilhões que a indústria produz anualmente, apenas 8,6% vai para o mercado externo. De acordo com Bento, Argentina, Estados Unidos, México e Alemanha recebem juntos 66% do que o Brasil exporta em autopeças. Fonte: Agência ANBA
Estagflação no radar Até há algumas semanas, o desalento de empresários e de boa parte da população era visto pelo governo como episódio inconsistente sem justificativa no comportamento real da economia. Tenderia a se dissipar à medida que os pessimistas também fossem desmentidos pelos fatos. Agora, o governo já começa a tomá-lo como dado de natureza econômica e, por suposto, também político. Na última Ata do Copom, por exemplo, o Banco Central avisou que contava com o alastramento do pessimismo como fator de eficácia da política de combate à inflação. Está no final do parágrafo 26: “É plausível afirmar que, na presença de níveis de confiança relativamente modestos, os efeitos das ações de política monetária (política de juros) sobre a inflação tendem a ser potencializados”. O presidente Lula, por sua vez, parece preocupado com o impacto da nova onda negativa. Lá do jeito dele, retomou os temas econômicos em suas manifestações públicas e vem sugerindo que o governo faça alguma coisa e “parta pra cima”. Nos próximos meses, tende a espraiar-se a noção de que a economia está desarrumada. A inflação medida em 12 meses saltará para acima do teto da meta (6,5%), fator que, por si só, acirrará a percepção de que o trabalhador está perdendo poder aquisitivo. Os próximos indicadores da atividade produtiva também deverão apontar para um quadro de recessão que poderá ser comprovado estatisticamente no dia 29 de agosto, quando o IBGE divulgar o desempenho do PIB do segundo trimestre. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já se queixou de que a inflação está entre as principais culpadas de derrubar a produção e o consumo, como se o governo de que faz parte não tivesse nenhuma responsabilidade nisso. Nos próximos meses, ficará difícil, até mesmo para ele, de esgrimir justificativas desse tipo. Mais ainda, a percepção de que a economia está desandando tende a se acentuar algumas semanas antes das eleições. O quadro de desânimo vai sendo catapultado com as greves e manifestações que impõem o caos nas grandes cidades. O governo sabe que isso não é bom para quem espera um resultado consagrador das urnas. Mas, afinal, de que maneira se pode esperar que a recomendação do presidente Lula venha a ser acatada e que a presidente Dilma se mostre disposta a fazer alguma coisa? O problema é que agora sobra pouco tempo e pouco espaço para mudanças relevantes. Cortar despesas públicas ou aumentar a arrecadação com mais impostos não é o tipo de iniciativa que este governo queira colocar em marcha às vésperas das eleições. Proclamar que tudo mudará, “quando novembro vier”, como já disse a presidente Dilma, graças à adoção de políticas
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redentoras, também cola pouco, até mesmo porque implica reconhecimento dos erros cometidos até agora. O mais provável é que o governo tente seguir seu curso, empurrando as coisas do jeito que dá, contando mais com discursos, jogo de palavras e imagens de TV, do que com compromissos firmes de conserto.
BC aponta que espera volatilidade cambial, diz economista
Brasília - Para dar fim às especulações sobre o futuro do programa de swaps cambiais, iniciado em agosto do ano passado, o Banco Central decidiu estender o programa. Para Eduardo Velho, economistachefe da INVX Global Partners, o BC está sinalizando que espera volatilidade cambial nos próximos meses, tanto em função das eleições como por fatores externos. "O BC está dizendo que vai ter volatilidade e que ele está pronto para agir", avaliou Velho. "Essa volatilidade ocorre em função de eventos domésticos e externos. Em todo o País, às vésperas de eleições presidenciais, há um movimento de cautela e isso bate no dólar", observou. Ainda na avaliação do economista, a recuperação dos Estados Unidos e a redução dos juros na Europa são fontes para a volatilidade do câmbio. No comunicado divulgado por volta das 18h30 desta sexta-feira, o BC não deu detalhes sobre como ocorrerá a continuidade do programa, disse apenas que tomou a decisão considerando a necessidade de proteção cambial (hedge) demandada pelos agentes econômicos e que vem sendo atendida pelo programa de leilões de "swap" e venda de dólares.
Mercado prevê expansão menor do PIB em 2014 e inflação de 6,47% SÃO PAULO - Os analistas do mercado financeiro reduziram suas expectativas para o crescimento da economia e da indústria neste ano, de acordo com o Boletim Focus, do Banco Central (BC). A mediana das estimativas para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) saiu de 1,50% para 1,44%. No caso da indústria, a projeção saiu de aumento de 1,24% para apenas 0,96%.Para 2015, a previsão é de um crescimento econômico de 1,80%, em vez de 1,85%. A indústria deve ter ampliação de 2,25%, e não de 2,20%. Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a produção industrial caiu 0,3% em abril ante março e recuou expressivos 5,8% sobre o mesmo período do ano passado. A queda da produção foi disseminada entre os segmentos do setor e o mau desempenho do mês levou alguns analistas a considerar que a atividade industrial corre risco de ficar negativa neste ano. O enfraquecimento da atividade tem sido apontado como um dos motivos pelos quais o BC interrompeu a elevação dos juros. Em teoria, com um crescimento mais fraco da economia haveria pressão menor sobre a inflação. A Selic foi mantida em 11% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) realizada do fim de maio. No Focus, os analistas mantiveram sua expectativa de quea taxa básica de juro encerre 2014 em 11% e chegue a 12% no fim de 2015. As estimativas para a
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inflação também não mudaram. A mediana para a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2014 seguiu em 6,47%. Em 12 meses, a projeção permaneceu em 6,01% de alta. Para 2015, houve um ligeiro ajuste para cima e agora o mercado vê o IPCA subindo 6,03%, ante 6,01% na estimativa anterior. Na sexta-feira passada, o IBGE informou que o IPCA desacelerou para 0,46% de aumento em maio, taxa maior que a esperada (0,39%) e que levou o indicador a ir para 6,37% em 12 meses. Enquanto a maioria do mercado manteve suas estimativas, os analistas Top 5 – aqueles que mais acertam as previsões –fizeram ajustes em suas projeções. A mediana de médio prazo para o IPCA neste ano foi de 6,60% para 6,30% de avanço, mas a de 2015 passou de 6,90% para 7,03% de elevação. A mediana para a taxa Selic seguiu em 11,25% em 2014, mas a do ano seguinte caiu de 12,50% para 11,63%.
Planejamento falha, mas Copa traz ganhos Em 72 horas, São Paulo realiza a abertura da Copa do Mundo, que reúne 32 seleções nacionais e deve atrair 4 milhões de turistas. Nas doze cidades-sede do torneio há ainda aeroportos inacabados, obras viárias cobertas com tapumes e outras interrompidas, o que demonstra falhas de planejamento e gestão. Mas os R$ 26 bilhões aplicados por governos e empresas para mais de 80 projetos distribuídos entre Norte, Sul, Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste trazem alguns ganhos para o país. A capacidade em aeroportos foi reforçada em 36% para desafogar terminais que trabalhavam acima do limite desde que o universo de passageiros triplicou entre 2003 e 2012. O parque esportivo, congelado desde os anos da ditadura, foi renovado com tecnologia usada pela engenharia local de modo inédito. A rede hoteleira ergueu 70 novos endereços com mais de cinco mil quartos, elevando em mais de 20% a oferta de hospedagem no território. Em algumas capitais, a indústria de telecomunicações antecipou a instalação de torres e cabos que incrementaram em até 50% a capacidade de transmissão de voz e dados. Corredores urbanos e avenidas podem ajudar a desatar o nó do trânsito em algumas das maiores regiões metropolitanas. A Matriz de Responsabilidades da Copa, programação de obras e investimentos para o evento, apontava, na sua versão de 2010, que o Brasil precisaria de R$ 23,5 bilhões para: garantir um estádio, novo ou reformado, em cada uma das doze cidades-sede, 93 obras de infraestrutura, incluindo 12 aeroportos, seis portos e 50 projetos de mobilidade urbana, de corredores de ônibus a linhas de metrô, de pontes a viadutos. Passados quase quatro anos, a despesa cresceu, mas o leque de obras também foi enxugado para 81 projetos - algumas delas de menor porte. Os gastos totais vão superar R$ 26 bilhões. Segundo relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), 83,6%, ou R$ 21,4 bilhões, saíram do setor público - via orçamentos ou linhas de crédito liberadas por instituições federais. A iniciativa privada responde por R$ 4,2 bilhões, ou 16,4%. "Cometemos erros básicos de gerenciamento", disse Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral (FDC), 23ª melhor escola de educação executiva do mundo, segundo ranking do 'Financial Times'. "Por ignorância ou por arrogância, fomos deficientes no projeto", faz coro o presidente do Sindicato Nacional de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco), José Roberto Bernasconi, que representa 25 mil empresas do setor. "O evento serviu para mostrarnosso problema crônico de planejamento", afirma Pedro Trengrouse, coordenador do curso de Gestão, Marketing e Direito no Esporte da Fundação Getulio Vargas (FGV/IDE), que foi consultor da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Copa. Mas os mesmos especialistas que ressaltam a ineficiência gerencial de governos também admitem que as demandas impostas pela Copa movimentaram meios de produção e recursos de forma singular no país. E que há já neste ano benefícios a serem apropriados pela população. Estádios com meio século de vida, caindo aos pedaços - caso do Fonte Nova, em Salvador, onde a queda de parte da arquibancada matou sete torcedores em 2007 - foram substituídos por equipamentos multiuso, capazes de receber partidas de futebol, shows de música e eventos corporativos. Essa infraestrutura pode estimular a indústria do entretenimento. Até porque é preciso pagar a conta dos quase R$ 9 bilhões gastos em sete novas arenas e cinco estádios reformados, valor quase três vezes superior ao originalmente colocado na planilha, em 2007. "Não precisávamos de 12 cidades-sede. Mas uma vez escolhido esse caminho, o Brasil trouxe tecnologia de engenharia que não era usada aqui e que poderá ser aplicada em outras obras", diz o presidente da Sinaenco, Bernasconi. Ele destaca ainda o impacto positivo da Copa na malha aeroportuária brasileira. "Só o fato de ter forçado o governo a reconhecer que era preciso abrir os aeroportos à iniciativa privada já foi um legado da Copa". Pressionada pela percepção de que a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) não conseguiria desafogar os terminais do país e atender os picos de demanda durante a Copa, a presidente Dilma Rousseff enfrentou resistências ideológicas do PT e corporativas por parte dos aeroviários e militares para iniciar a concessão dos aeroportos. Os terminais de Cumbica, em Guarulhos, e de Viracopos, em Campinas, ambos em São Paulo, do Galeão (RJ), de Brasília e de Confins (BH) foram a leilão. No Rio Grande do Norte, um novo empreendimento de pistas, pátio e terminais saiu do chão inteiramente bancado pela iniciativa privada.
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Operadoras aeroportuárias da Ásia, Europa e Américas associaram-se a empreiteiras e investidores brasileiros, trazendo ao país tecnologia e maior capacidade logística aos aeroportos, que, até então, estavam sob cuidados do Estado. Com recursos privados e públicos somando R$ 6,5 bilhões, a capacidade anual de movimentação de passageiros nas doze cidades-sede e mais Campinas vai aumentar 36%, de 154,5 milhões de pessoas para quase 210 milhões de viajantes. Uma demanda mais que urgente depois que o fluxo aéreo no país triplicou desde 2003, superando 100 milhões de passageiros transportados por ano. O espaço de pátio para aeronaves cresceu ainda mais, praticamente dobrando ante o que havia em 2013. "Só com infraestrutura poderemos cumprir nosso potencial que é de transportar 200 milhões de brasileiros em 2020", diz o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz. E, para isso, informa a entidade, o setor vai investir mais de R$ 26 bilhões em frota. A indústria brasileira do turismo também pode ganhar com a Copa. O país deverá ser visto por cerca de 3 bilhões de telespectadores, segundo estimativa da Fifa. Para atender à demanda de turistas domésticos, estimados em 3,5 milhões, e estrangeiros, que devem superar os 600 mil, o Ministério do Turismo aplicou R$ 180 milhões em obras de sinalização, acessibilidade e centros de atendimento a turistas. Outros R$ 461 milhões foram investidos em centros de convenções de 11 cidades - atenuando gargalos que vinham emperrando a realização de feiras e seminários locais e internacionais. Empresas do setor hoteleiro captaram mais de R$ 1,5 bilhão, entre 2011 e 2013, para levantar do chão 70 novos empreendimentos. Isso significa 5,7 mil quartos extras, ampliando em mais de 20% a capacidade de hospedagem no país. E outros R$ 4,7 bilhões já estão orçados para serem aplicados este ano em empreendimento que vão incrementar o parque em mais 164 prédios de apartamentos para turistas. Esses recursos não integram a Matriz de Responsabilidades da Copa e, em certas cidades, teme-se que a oferta tenha crescido além da demanda. A infraestrutura de comunicação também recebeu injeção de recursos para ampliar a capacidade de tráfego de dados em 43% e reforçar em 50% a oferta para chamadas de voz em relação à estrutura anterior à Copa. Segundo as operadoras, foram aplicados nas cidades-sede R$ 1,3 bilhão para a instalação de mais de 15 mil novas antenas 3G e 4G, além de 120 mil pontos de Wi-fi e mais 10 mil km de cabos de fibra óptica. Ainda assim, operadoras e fornecedores preveem que poderá haver falhas na comunicação. "É claro que incomoda o Brasil não ter entregado tudo o que prometeu", diz Resende, da Fundação Dom Cabral. "Mas é parte de nossa vida de brasileiro aprender com os erros e seguir em frente". E para seguir em frente, governos federal, estaduais e municipais terão que arregaçar as mangas para desempacar o setor que mais ficou devendo em relação ao que fora planejado na Matriz de Responsabilidades - o de mobilidade urbana. Com os atrasos no cronograma de obras, muitas capitais receberão os jogos da Copa com uma estrutura de transportes piorada - e não melhorada. Tapumes, valas abertas, vias interditadas e desvios emperram o fluxo de veículos particulares e coletivos em todas as capitais da Copa. Mas essas mesmas cidades também ganharam projetos que começam a impactar positivamente a rotina do cidadão. Confira na tabela acima os legados e transtornos que a Copa deixará aos brasileiros.
FT: Perder Copa pode aprofundar temores dos brasileiros LONDRES - Quanta diferença entre o desempenho do Brasil dentro e fora do campo. Seus jogadores são famosos por sua habilidade e pelo jogo bonito. Mas em 2007, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhou para o Brasil o direito de sediar a Copa do Mundo deste ano, ele realizou o equivalente político de lançar a bola pelo campo. Esperar que uma nação conhecida por suas estradas ruins e pela falta de infraestrutura conseguisse operar de forma decidida, após aquela bola lançada com força, pode ter parecido plausível no momento. Naquela época, o clube das potências emergentes Bric estava na última moda e parecia que o Brasil não fazia nada errado. Mas a marca Bric, desde então, esmaeceu, e Joseph Blatter, presidente da Fifa, o órgão máximo do futebol internacional, disse até que os preparativos da Copa do Mundo do Brasil eram os piores que ele já tinha visto. Esta não é a narrativa promissora que o Brasil uma vez imaginou. Ainda assim, os 12 estádios do torneio provavelmente estarão prontos a tempo, ainda que no último minuto. E, como a presidente Dilma Rousseff comentou, atrasos não-chineses são parte do custo de o Brasil ser uma democracia com uma imprensa livre e o direito de dissidência - direitos civis que Dilma, que lutou contra a ditadura militar do país, tem defendido por toda a sua carreira. Sejam quais forem as deficiências do Brasil, essas qualidades são dignas de comemoração em um torneio que acontecerá apenas uma semana depois do 25º aniversário da repressão contra os protestos da Praça de Tiananmen. A partida de abertura acontece nesta quintafeira, quando o Brasil enfrentará a Croácia, em São Paulo. Então começará um torneio que é parte espetáculo esportivo e parte a mais pacífica demonstração de completo nacionalismo. De fato, uma das características mais atraentes da Copa do Mundo é que os países pequenos muitas vezes vão bem,
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mesmo sendo, geralmente, europeus ou latino-americanos. (Desculpas a todo o resto do mundo, mas todas as 10 equipes top de linha são desses continentes.) Tradicionalmente, eles exibem diferentes estilos de jogo: eficiência europeia contra o toque latino. Mas essa divisão foi borrada, uma vez que os latino-americanos que jogam em campeonatos europeus aprenderam novas formas de jogar, e as trouxeram para casa. A equipe do Brasil, embora favorita, foi criticada por ser rígida. Essa homogeneização pode ser o preço, ou benefício, da globalização. Mas isso não significa que vai faltar drama nos jogos. Nem faltará emoção fora do campo também. A Fifa enfrenta perguntas difíceis em São Paulo nesta semana, sobre o processo supostamente corrupto de conceder ao Qatar os direitos de sediar a Copa do Mundo de 2022. A questão mais ampla é se os países emergentes, com necessidades sociais mais urgentes, deveriam realizar esse tipo de evento; o Brasil também vai sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Se assim for, então eles devem ser tratados como uma oportunidade: a chance de os eventos esportivos serem deslocados da fixação com o dinheiro e construções e voltarem para os jogos em si. O maior drama fora de campo, no entanto, será do próprio Brasil, especialmente tendo em conta as eleições presidenciais em outubro. Embora não exista uma correlação entre o desempenho do Brasil em Copas do Mundo e os resultados das eleições subsequentes, desta vez pode ser diferente. No ano passado, mais de 1 milhão de pessoas foram às ruas em protesto contra os serviços públicos de má qualidade, com um grito de "hospitais padrão Fifa também". A economia está desaquecendo. O índice de aprovação de Dilma Rousseff, embora ainda bem à frente de seus adversários, está cedendo. O Brasil pode se sentir atolado em mal-estar. Um torneio vitorioso pode diminuir esse sentimento - embora momentaneamente. Uma perda ruim, que pode cristalizar temores populares, poderia aprofundá-lo. Por muitas razões, o país, portanto, precisa emergir de um torneio que seja considerado um sucesso, ou, pelo menos, bom o suficiente; especialmente porque quase metade do planeta vai assistir um pouco. Dado o calor e o otimismo brasileiros, o mais provável é que consiga. E que comece a competição.
Em Wall Street, ócio assusta operadores Operadores no pregão da NYSE, a bolsa de Nova York. O volume negociado nas bolsas americanas vem caindo desde a crise financeira, apesar da alta das ações. O mercado de ações dos Estados Unidos está novamente batendo recordes de alta, mas não é essa a sensação em muitas mesas de operações de Wall Street. O volume de negócios nas maiores bolsas americanas despencou no mês passado para seu nível mais baixo num mês de maio desde a crise financeira. Uma média de 5,7 milhões de ações mudou de mãos diariamente, o menor volume desde 2007, segundo o Credit Suisse CSGN.VX +1.74%Trading Strategy, um serviço do banco suíço Credit Suisse. Vários fatores estão causando esse recuo, incluindo a expansão (ainda que lenta) da economia americana, as promessas do Federal Reserve, o banco central dos EUA, de manter os juros próximos a zero pelo menos até meados de 2015 e ações avaliadas acima da média em relação aos lucros das empresas. O declínio, que ocorre apesar de o índice de ações S&P 500 ter batido seis recordes em maio, dá continuidade a uma desaceleração nas operações de bolsa iniciada após a crise financeira. A média diária do volume negociado no ano passado ficou 37% abaixo do pico atingido em 2009, segundo dados do Credit Suisse. A Média Industrial Dow Jones registrou apenas uma variação diária acima ou igual a 2% até agora neste ano, ante 32 vezes em 2011 e 45 vezes em 2009. Na mesa de operações em Milwaukee, Wisconsin, do banco de investimento Robert W. Baird & Co., o operador Michael Antonelli usa o tempo livre para enviar tweets sobre o mercado ou trabalhar em posts para o "Bull and Baird", um blog do banco para as bolsas. Em tempos mais animados, ele diz que estaria ocupado recebendo ordens de compra e venda ou discutindo ideias de negócios com investidores. "A pior coisa numa mesa de operações é ela não ter movimento", diz. "O trabalho fica difícil quando [a mesa] está lenta porque você começa a analisar demais" as operações. O Índice de Volatilidade CBOE, a medida mais usada das expectativas dos investidores quanto a oscilações nas bolsas, recuou na segunda-feira para seu menor patamar em quase 15 meses. Nos últimos dez dias, a volatilidade do S&P 500 atingiu um mínimo visto em apenas 1,5% dos pregões desde 1970, segundo a firma de pesquisas MKM Partners. "Simplesmente não há muita controvérsia no mercado no momento", diz Scott Migliori, diretor de investimento para as bolsas americanas da gestora Allianz Global Investors, que administra US$ 493 bilhões. No fundo que ele administra, o AllianzGI Focused Growth, que tem US$ 650 milhões em carteira, Miglori diz que deve negociar, entre compras e vendas, cerca de 40% das suas posições neste ano. Num ano movimentado, ele mexe em até 70% do portfólio. Muitos investidores de longo prazo nos EUA estão menos ativos que de costume depois da alta das bolsas no ano passado, vendo pouca razão para migrar para títulos de renda fixa ou outros ativos que estão oferecendo rendimentos inusualmente baixos.Não há "muita clareza sobre o que virá a seguir", diz Henry Mulholland, que chefia as operações de renda variável do Bank of Americas na região das Américas. É verdade que os volumes estão subindo em alguns nichos do mercado. As corretoras de baixo custo TD Ameritrade Holding Corp. AMTD +1.16%e E*Trade Financial Corp.
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ETFC +0.94%registraram grandes saltos no volume negociado diariamente no primeiro trimestre ante o mesmo período de 2013, um sinal de que investidores individuais estão voltando ao mercado. Outros dizem que pode haver uma reviravolta no volume de operações. Uma mudança inesperada no cenário da economia mundial, como outro conflito desestabilizador em algum lugar do mundo ou dados animadores, ou não, sobre as economias da China e EUA, poderiam agitar os mercados. Por enquanto, alguns fundos de hedge de alto giro vêm diminuindo o ritmo depois de sofrerem pesados prejuízos com a queda recente das valorizadas ações de empresas jovens de tecnologia. Negociações frenéticas com essas ações impulsionaram os volumes nos primeiros quatro meses de 2014, mas as oscilações desde então arrefeceram. Até os chamados operadores de alta frequência estão pisando no freio: o volume negociado por eles caiu 3% no ano passado e está 52% abaixo do pico de 2009, segundo estimativa da consultoria Rosenblatt Securities Inc. Alguns operadores apontam para outro fator que teria ajudado a esfriar os fundos de hedge: uma onda de investigações nos EUA sobre uso indevido de informações privilegiadas, inclusive da antiga firma de investimento SAC Capital Advisors LP, agora Point72 Asset Management, que costumava negociar volumes imensos de ações. Um porta-voz da firma não quis comentar.
Em março de 2009, no auge da crise financeira, perto de dois bilhões de ações dos bancos Citigroup Inc. C +0.94%e Bank of America BAC +1.67%trocavam de mãos todos os dias, segundo a Rosenblatt. Neste ano, as negociações diárias dessas instituições movimentam em média 130 milhões de ações, de acordo com a FactSet. A tendência está causando estragos em Wall Street. A força de trabalho total dos cinco maiores bancos dos EUA com grandes áreas de operações em bolsa — J.P. Morgan Chase JPM +0.95%& Co., Bank of America, Citigroup, Goldman Sachs Group Inc. GS 0.00%e Morgan Stanley MS +0.63%— foi reduzida em 88.110 vagas, ou 9% abaixo do fim de 2011, segundo documentos públicos dos bancos. No mesmo período, a receita total dessas instituições permaneceu estável. "É como se alguém tivesse apagado a luz", diz Peter Schwartz, operador da Macquarie Group Ltd. MQG.AU +1.69%Ele diz que a queda no movimento agora dá mais tempo a ele para discutir ideias de investimentos com clientes.
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