09 de outubro de 2014

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 09 DE OUTUBRO DE 2014

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Esquema irrigou campanhas do PT, PMDB e PP, diz ex-diretor da Petrobras Fonte Jornal Folha de SãoPaulo MARIO CESAR CARVALHOSAMANTHA LIMA ENVIADOS ESPECIAIS A CURITIBA 08/10/2014 às 21h 19 Em seu primeiro depoimento à Justiça após ter feito um acordo de delação premiada, o exdiretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que o esquema de corrupção na estatal irrigou campanhas de três partidos nas eleições de 2010: PT, PMDB e PP, segundo apurou a Folha. Naquele ano, foram disputadas eleições para presidente, governadores e deputados. Deflagrada em março pela Polícia Federal, a Operação Lava Jato descobriu um esquema de desvio de dinheiro da Petrobras que envolveu Costa, doleiros e fornecedores da estatal. Segundo a PF, uma "organização criminosa" atuava dentro da empresa. O esquema teria movimentado R$ 10 bilhões. No depoimento, ele disse que o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, ligado ao PMDB, também teria participado das irregularidades. Paulo Roberto disse ter recebido R$ 500 mil do presidente da Transpetro. Segundo Paulo Roberto, três ex-diretores da Petrobras fizeram parte do esquema: Nestor Cerveró, Jorge Zelada e Renato Duque. No depoimento, ele reconheceu ter recebido dinheiro da Odebrecht, citou o nome do executivo Márcio Farias como sendo seu contato, mas não citou valores, segundo informou o advogado Haroldo Nater, que defende Leonardo Meirelles, apontado como laranja do doleiro Alberto Youssef no laboratório Labogen, usado para lavar dinheiro. Segundo a Folha apurou, Paulo Roberto disse que a propina correspondia a 3% do valor líquidos de contratos da Petrobras, que eram divididos entre ele e partidos políticos. Afirmou também que o CNCC, consórcio liderado pela Camargo Corrêa pagou propina para ganhar obras da Petrobras, segundo seu advogado, Antonio Augusto Figueiredo Basto. Basto disse que políticos lideravam o esquema, e não o doleiro Alberto Yousseff, como acusa a Polícia Federal. Costa foi levado nesta quarta-feira do Rio, onde está em prisão domiciliar, para Curitiba (PR), em um voo comercial da Azul, com escolta da Polícia Federal. Costa saiu da prisão na última quarta-feira (1º), como parte do acordo em que decidiu que contaria o que sabe sobre corrupção na Petrobras em troca de uma pena menor a perspectiva de seus advogados era que ele fosse condenado a 50 anos de prisão. O executivo foi preso em 20 de março pela PF. O ex-diretor tambémcitou, em outro depoimento, segundo a revista "Veja", os nomes de 12 parlamentares que recebiam propina do esquema, entre os quais o do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Todos negam com veemência que tivessem recebido recursos. OUTRO LADO Edson Ribeiro, advogado de Nestor Cerveró, diz que não pode considerar qualquer declaração despida de provas e que ainda não sabe do que se tratam as declarações de Paulo Roberto Costa. O Consórcio CNCC comunicou, por meio de nota, que não teve acesso ao depoimento e que repudia qualquer acusação de atuação irregular. O presidente da Transpetro, Sergio Machado, por sua vez, diz que a declaração contra ele "trata-se de uma afirmação absurda e falsa". Por meio de sua assessoria, disse estar "indignado com a divulgação do suposto conteúdo de um depoimento dado a portas fechadas e sobre o qual não se tem nenhuma informação oficial", além de afirmar que tomará "as providências cabíveis" e processará "quem quer que seja na defesa da Transpetro". Também em nota, a Odebrecht negou veementemente as alegações, que chamou de "caluniosas". "A Odebrecht mantém, há décadas, contratos de prestação de serviços com a 2


Petrobras, todos conquistados de acordo com a lei de licitações públicas. A empresa repudia especialmente menções a nomes de seus integrantes e reitera que tem todo o interesse em que a verdade seja apurada com rigor e está, como sempre esteve, à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento." Procurada pela Folha, a Petrobras não se manifestou. A reportagem não conseguiu localizar Jorge Zelada.

PAULO ROBERTO COSTA: Diretor de Abastecimento da Petrobras de 2004 a 2012, é suspeito de intermediar negócios entre a estatal e grandesfornecedores, recolhendo propina das empresas e distribuindo dinheiro a políticos.

A 1ª prisão Em 20.mar, Costa foi preso pela Polícia Federal por tentar ocultar documentos e provas que o incriminavam em esquema bilionário de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef (foto). Em 19maio, ele foi solto por ordem do STF. • Os indícios de propina A PF apreendeu na casa do ex-diretor uma tabela contendo nomes de empresas e executivos, com anotações que indicam possíveis pagamentos a campanhas eleitorais. • Nova prisão Em 11 junho, Suíça bloqueou US$ 23 milhões em contas atribuídas ao exdiretor e seus familiares. As contas estavam em nome de empresas estrangeiras sediadas em paraísos fiscais. Costa foi preso novamente. • A delação O ex-diretor da Petrobras deu o nome de 12 senadores, 49 deputados federais e um governador ligados ao PT, PMDB e PP a quem ele teria repassado 3% do valor dos contratos da estatal. • O acordo Em 22agosto, a PF cumpriu mandados em empresas ligadas ao ex-diretor. Costa aceitou fazer um acordo de delação premiada com o Ministério Público para atenuar sua pena. •

Rede Sustentabilidade decide apoiar Aécio Fonte Jornal Valor Econômico Cristiane Agostine09/10/2014 às 00h 22 SÃO PAULO - O Rede Sustentabilidade, grupo político da candidata derrotada Marina Silva (PSB), decidiu na noite desta quarta-feira apoiar o presidenciável Aécio Neves (PSDB) no segundo turno. Em meio a divergências internas sobre a adesão à campanha tucana, os aliados de Marina resolveram defender também o voto nulo ou em branco, para os militantes do Rede que têm resistência a Aécio. Depois de dois dias de reunião dos aliados de Marina, o porta-voz nacional do Rede, Walter Feldman (PSB), disse que o grupo “em hipótese nenhuma dará apoio à candidata Dilma Rousseff”. “O Brasil tem necessidade de produzir uma alternância democrática. É preciso mudar”, disse Feldman. “A síntese é que a mudança simboliza hoje a votação em Aécio, nulo 3


ou branco. Seriam as três posições que o Rede considera adequadas no processo de mudança que o Brasil precisa realizar”, declarou na noite desta quarta-feira, na capital paulista. A ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça Eliana Calmon (PSB) reforçou: “O que vamos fazer: não a Dilma, sim ao Aécio, mas com o nosso programa, com os pontos que destacamos. Foi isso que decidimos, deixando que haja a possibilidade de as pessoas do Rede votarem em branco ou nulo”, afirmou Eliana, que disputou o Senado na Bahia, mas foi derrotada. Eliana disse que pretende participar ativamente da campanha de Aécio no segundo turno. “Eu subo no palanque. Eu faço campanha”, disse a ex-ministra. A decisão foi tomada em reunião do Diretório Nacional do Rede, feita por teleconferência na noite desta quarta-feira, no mesmo dia em que o PSB anunciou formalmente o apoio a Aécio. Um dia antes, na terça-feira, a Executiva do partido havia decidido, em reunião com a participação de Marina, apenas rejeitar a candidatura de Dilma. Havia muita divergência em relação ao apoio ao presidenciável tucano. O Rede deve divulgar até quinta-feira as propostas que considera fundamental para o próximo presidente da República. A candidata derrotada encontrou-se com Fernando Henrique Cardoso na manhã de quartafeira, no apartamento do ex-presidente. Depois do encontro, Marina decidiu adiar o anúncio de sua posição, que seria feito na quinta-feira, em reunião com partidos que fizeram parte de sua coligação. A candidata derrotada não vai participar do encontro com as legendas. Além do PSB, o PPS já declarou apoio a Aécio. Da coligação, faltam PSL, PRP, PPL e PHS.

Salários devem crescer com a economia, diz Arminio Fonte Jornal Valor Econômico Claudia Safatle e Alex Ribeiro de Brasília09/10/2014 às 05h 00 Chamado ao debate pela presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, o ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga, escolhido para ser o ministro da Fazenda de um eventual governo Aécio Neves, afirma que tal como proposto pela campanha do PT, tal comparação é "rasteira" e uma tentativa de "fugir do debate". O cerne da questão é recuperar a capacidade do país de crescer. "Para os salários continuarem a crescer, para os programas sociais continuarem a crescer, é preciso que a economia cresça". Para ele, apesar de todos os progressos o Brasil continua a ser um país "tremendamente desigual". Em entrevista ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, ele propõe um "novo regime" de política econômica que vai além do retorno ao tripé representado pela meta de inflação, superávits primários das contas públicas e taxa de câmbio flutuante. O modelo se traduz em três eixos: o reequilíbrio macroeconômico, o aumento dos investimentos e o crescimento da produtividade. De início será preciso dar maior transparência à contabilidade fiscal. Isso vai exigir a inclusão, no Orçamento da União, de todos os subsídios concedidos pelo atual governo às empresas nos empréstimos dos bancos públicos federais. "Não sou radicalmente contra as políticas de subsídios, mas sou a favor de critérios bem definidos de concessão e avaliação de custos e benefícios para que tenham ganhos sociais e não privados", disse. 4


O segundo é aumentar os investimentos dos atuais 16,5% do PIB para 24% do PIB. O reforço da política macroeconômica ajudaria a queda dos juros e tiraria a pressão sobre a taxa de câmbio. Seria preciso, também, ter estabilidade nas regras do jogo e mobilização de capitais privados para alavancar a infraestrutura. Para aumentar a produtividade da economia, a terceira vertente é desmontar, gradualmente, a chamada "nova matriz econômica" do governo Dilma, sustentada por subsídios, desonerações de impostos e proteção à concorrência externa. A seguir, os principais trechos da entrevista ao Valor: Valor: O programa do PSDB propõe a volta do tripé macroeconômico levado a sério ou se trata de um novo regime? Arminio Fraga: Considerando o que está acontecendo hoje, é as duas coisas. É a volta do tripé com o reforço da transparência. Hoje isso virou um aspecto importante, porque o governo está levando a criatividade a um extremo que começa a ser altamente relevante, não só por uma questão de princípio, mas pelo tamanho. Temos o tema da dívida líquida versus bruta e o início da discussão sobre a trajetória de crescimento do gasto público. Valor: O governo destacou o ministro Aloizio Mercadante, que se licenciou da Casa Civil, para cuidar do debate econômico da campanha. O que o senhor acha disso? Arminio: Para mim, tanto faz. Estava fazendo falta aparecer gente para debater. Acho saudável. Espero que seja um debate de alto nível e que respeite os fatos e os contextos. Valor: A presidente disse que o momento é de fazer comparações do governo dela com o de FHC, há doze anos. Citou a inflação de 12,5% em 2002, quando da sua gestão no BC. É uma boa comparação? Arminio: A comparação deve ser feita dentro do contexto do que cada governo encontrou e o que deixou. Não é mais do que obrigação de um governo deixar as coisas melhores do que encontrou. Eu diria que esse governo vai deixar as coisas piores do que encontrou. A comparação de nível, com frequência feita em termos nominais, é rasteira. Mas se você quiser olhar um indicador, só um, seria por exemplo a taxa de crescimento. Eu acho errado, não gosto de fazer isso, mas a taxa de crescimento do segundo mandato de FHC foi maior do que a taxa de crescimento do governo Dilma, e em circunstâncias significativamente piores. Valor: E em 1999, quando o Sr. assumiu o BC? Arminio: As expectativas de inflação em 1999 oscilavam muito, entre 20% e 50%, depois da flutuação do câmbio. As expectativas eram de uma queda de 4% do PIB. O ano acabou com a inflação de 9% - ou seja, não se perdeu a âncora - e o crescimento foi positivo, em torno de 0,5%. Essa é uma discussão desenhada para fugir da situação real que a economia brasileira se encontra hoje, que é o 7 x 1 (inflação próxima de 7% e crescimento abaixo de 1%). Uma situação maquiada e com a taxa de investimento muito baixa, de 16,5% do PIB, um novo recorde de baixa. Acho que eles estão tentando fugir do debate. Valor: O governo tem dito que, se Aécio Neves ganhar, vocês vão combater a inflação com arrocho e desemprego. O que o Sr. tem a dizer sobre isso? Arminio: Primeiro, seria interessante entender o que o governo está tentando fazer, já que eles estão se propondo a ficar mais tempo. A condução da política macroeconômica, especialmente nos últimos três ou quatro anos, foi muito distorcida, esquizofrênica. Enquanto o Banco Central tentava segurar a inflação, o governo expandia a política fiscal e a política 5


creditícia, principalmente de seus próprios bancos, o que acabou gerando essa situação esdrúxula de pouco crescimento e muita inflação. O que está faltando é mais investimento. É possível reequilibrar o tripé e, com isso e várias outras políticas, recuperar a confiança na economia, que está paralisada, e fazer o ajuste de forma virtuosa. Acredito que isso é possível. Foi possível em 1999, como citei. Valor: A continuação da política em curso nos levaria ao rebaixamento pelas agências de rating? Arminio: Acho que sim. Não estou dizendo que essa é a minha expectativa. Espero que não seja esse o governo que vai lidar com essa questão. Se for, espero que eles acertem, mas, infelizmente, não há nenhum sinal de que isso vá acontecer. Há uma recusa total de se encarar a realidade e se partir para propostas consistentes. Estão aí há vários anos e a economia só vem piorando. Seria razoável fazer uma autocrítica, ainda que discreta, pois ninguém pode exigir mais do que isso em um ano de eleição, mas pelo menos sinalizar algo pelo bem do país. Valor: Quais seriam os elementos básicos de uma política econômica progressista? Arminio: Esse é um tema fascinante e da maior importância. Primeiro, a despeito de vários programas sociais de boa qualidade, tem muita coisas básica que as pessoas deveriam ter e não têm. A qualidade dos serviços públicos no Brasil em geral deixa muito a desejar. Essa é a base, é algo que faz parte de um país que consegue entregar igualdade de oportunidades. Isso é numero um. Temos que continuar com os programas de combate à pobreza extrema, mas é preciso ir muito além. E nisso o governo tem tido muita dificuldade. Depois, há todo esse modelo chamado de "nova matriz macroeconômica" que nada mais é do que uma tentativa de resolver com paliativos situações que são de natureza mais estrutural, fundamental. O governo está subsidiando empresas com volumes imensos de recursos, sem qualquer justificativa social, as desonerações foram feitas sem nenhum critério que se possa identificar e até proteção contra a concorrência externa. Valor: O que é estrutural? Arminio: Um pacote desses só existe porque o governo não consegue entregar um custo de capital mais baixo, um sistema tributário mais razoável, que não onere as exportações e os investimentos. O governo não consegue desenvolver a infraestrutura do país, que hoje é um tremendo problema para todos os setores, do agronegócio à indústria. Então ele tenta dar esses subsídios quando o que os empresários querem, na verdade, é um país mais arrumado, com regras mais claras, menos ideológicas e menos corruptas. Dá para imaginar, também, coisas menores, mas de muita importância para reduzir o custo Brasil. Valor: Por exemplo? Arminio: A tributação no Brasil é, em geral, bastante regressiva. Isso merece uma revisão completa. Pode-se imaginar as revisões das desonerações, que hoje são tremendamente regressivas. Tem muitas coisas a fazer. O Brasil, apesar de todos os progressos que fez, com o fim da hiperinflação, com o Bolsa Família, continua a ser um país tremendamente desigual. Acho que a base está na qualidade do gasto público, que é onde há espaço muito grande para avançar sem prejuízo dos outros. Valor: O programa fala em limitar o aumento do gasto público.... Arminio: A proposta é casada com a ideia de que o Brasil tem uma carga tributária alta para um país de renda média como o nosso e que, portanto, isso precisa ser discutido. Mas não é possível discutir o tamanho da carga tributária sem discutir o tamanho do gasto. 6


Valor: O programa do PSDB garante a manutenção de todos os programas do governo, Pronatec, Bolsa Família, Mais Médicos, e Aécio Neves colocou a revisão do fator previdenciário. Cabe tudo na conta? Arminio: Não tem porque, em um ambiente populista como esse, listar qualquer sugestão. O governo tende a colocar esse problema como se houvesse um jogo de soma zero. Porque? Porque não estão com o crescimento na cabeça. Já esqueceram que isso é possível. Em uma economia que cresce, você pode resolver isso da forma que estou colocando. Basta controlar a taxa de crescimento do gasto, para que seja inferior ao crescimento do PIB. Outro ponto a respeito desse governo é que não há avaliação de coisa alguma. Valor: Como assim? Arminio: Não há transparência e, portanto, não há avaliação. Teve um momento em que o Ministério do Planejamento colocou brevemente no seu site, na gestão do Paulo Bernardo, uma avaliação, mas rapidamente tiraram. Esse país não avalia nada. Essas coisas que estão aí certamente merecem o rótulo de regressivas ou não progressista. Por isso tenho repetido que é fundamental dar transparência, consolidar tudo no orçamento. Você força esse debate que hoje não existe. As pessoas tem a sensação de que tem aqui um dinheirinho barato do BNDES que não precisa ir para o orçamento. Não é verdade. Tudo sai de algum lugar. Valor: O baixo crescimento não é cíclico, ligado à fraqueza da economia mundial, ao aumento dos juros para baixar a inflação e à queda na confiança provocada pela acirrada disputa eleitoral? Arminio: Tem um lado que não se pode esquecer. Para os salários continuarem a crescer, para os programas sociais continuarem a crescer, é preciso que a economia cresça. Valor: Mas e a questão cíclica? Arminio: Claro que chama a atenção o Brasil crescendo zero e a economia mundial crescendo 3,3%. Mas de fato cabe essa questão: será que é cíclico? Se você olhar a média do crescimento do Brasil com a média da América Latina nos quatro anos do governo Dilma, usando a projeção do Focus para esse ano, o Brasil ficou aproximadamente dois pontos percentuais abaixo. É bom lembrar que a América Latina inclui Argentina, Venezuela, que não estão indo bem. Se você comparar só com os países que estão mais arrumados, Peru, Colômbia, que crescem 4% ou mais, não faz sentido. Eu estava olhando as relações de troca do período Dilma versus o governo FHC. Caiu um pouco ao longo desse período, mas ainda está em um nível alto comparado com a média histórica. Não acho que seja um problema cíclico. Os problemas que existem são auto-impostos e podem ser corrigidos. Valor: O BC diz que o país está em um período de transição, que há uma mudança estrutural com menos consumo e mais investimentos e exportações, aumento da produtividade puxado por mais escolaridade, pelas concessões e desvalorização cambial. Esse ciclo virtuoso vai aparecer em breve? Arminio: O Banco Central vem falando dessa transformação há bastante tempo e ela não tem aparecido porque tem problemas. Alguns desses temas de fato tem impacto positivo, mas é preciso olhar o agregado quando, ao mesmo tempo, há aspectos que estão indo na outra direção. O número de investimento do último trimestre, 16,5% do PIB, é muito baixo. Essa "nova matriz econômica", a meu ver, não gera crescimento. Infelizmente foi testada no passado, não deu certo, e cá estamos outra vez. O próprio ministro Mantega, quando assumiu, se não me falha a memória, em uma reunião ministerial - esse documento sumiu do sitefalava de um crescimento médio em torno de 5%, indo para 6,5%, nesse governo. O sonho de crescer, todos nós temos. Tem que mudar o modelo. 7


Valor: Onde a abertura comercial ajuda nesse novo regime? Arminio: Estamos discutindo a importância de ter o Brasil conectado com as melhores cadeias produtivas do mundo. Queremos um país tão produtivo, tão próspero e tão justo quanto os países mais avançados do mundo. Essa conexão é muito importante. Nossa proposta não é fazê-la da noite para o dia, mas ir aos poucos abrindo, na medida em que se resolvem as questões estruturais. Um ponto que precisa ser mencionado, além disso, é a alocação do capital. Está se politizando o investimento e, com certeza, o país perde. Valor: O senhor defende uma abertura unilateral do Brasil? Arminio: Sempre pensamos de maneira multilateral, mas a partir de determinado momento perdemos o bonde. O mundo inteiro começou a fazer acordos regionais, bilaterais, e nós ficamos para trás. Penso que isso foi uma grande desculpa para manter o protecionismo, que certamente não resolveu o problema da nossa indústria. Olha o estado dela hoje. Valor: O plano do Aécio é levar a inflação para a meta de 4,5% em dois ou três anos. O BC tem um cronograma semelhante. Qual é a diferença em relação ao que já está sendo feito? Arminio: O BC está falando isso há três anos. Há uma divergência entre o discurso e o realizado. Não nego que o resto do governo dificulta esse trabalho, porque tem uma expansão fiscal ao longo do caminho e expansão de crédito. É muito difícil o BC remar contra essa corrente. Valor: O BC não tem que se preocupar com o emprego e a renda? Arminio: Com certeza o BC tem que fazer política anticíclica, mas é consenso de que não se consegue eliminar o ciclo totalmente. Achar que inflação mais alta vai trazer mais bem estar para as pessoas não faz o menor sentido. E, se alguém sabe disso, somos nós no Brasil, que vivemos um período de inflação alta. Não houve no Brasil nada que prestasse a partir desse caminho. Inflação alta sempre foi ruim para o crescimento e para a distribuição da renda. Valor: Mas o país está com pleno emprego e ganho de renda e talvez seja por isso que a presidente Dilma liderou o primeiro turno das eleições... Arminio: O fato de o desemprego estar baixo é muito bom. O problema é para onde estamos indo. Valor: Como rever o tamanho do BNDES, que cresceu à base de endividamento do Tesouro Nacional? Arminio: Estamos falando de dinheiro subsidiado, e isso é algo que tem que estar disputando com outros itens do orçamento. A sensação de que existe aqui um espaço especial para o gasto é muito ruim para a economia e considero um desrespeito à democracia. Com certeza o BNDES tem um papel importante para cumprir em várias áreas, na infraestrutura, mas isso tem que ser feito com critério, transparência e contabilizando os subsídios. Não tenho dúvida de que isso vai gerar uma transição suave. Valor: A opção do PSDB é por arrumar a casa de maneira gradual? Arminio: Tem dois itens macro que devem ser ajustados de forma gradual. Um é o saldo primário, outro é a trajetória da inflação. Porque acredito que com isso será possível nós nos beneficiarmos das melhorias nas expectativas, da confiança em geral. Esse ajuste tem tudo para ser virtuoso, apesar do que dizem por aí. Ponto. O resto, dar transparência, revisar o sistema tributário, repensar nossa política de integração ao mundo, agilizar tudo que tenha a ver com investimentos e infraestrutura, tem que feito com a máxima urgência. Não confunda 8


as coisas. Quando você combina uma resposta macro correta, diminuindo a incerteza, com um lado estrutural, microeconômico, o resultado é bom. Essa agenda micro/estrutural é preciosa e pode ser feita na máxima velocidade possível. Valor: Haverá uma política de reindustrialização? Arminio: Eu diria que sim. A indústria está passando momentos extremamente difíceis. E nos acreditamos que o modelo que vai reduzir o custo do capital, tirar a pressão da taxa de câmbio, fazer a reforma tributária e investir muito em infraestrutura vai melhorar a vida da indústria e permitir que aos poucos sejam removidas essas cortisonas que se tem por aí. Valor: Sempre que se entra na campanha eleitoral, volta o assunto da privatização. Que o candidato do PSDB vai privatizar a Petrobras, o Banco do Brasil e assim opor diante. Haveria alguma nova privatização? Arminio: A ideia é de reestatizar o Estado. A leitura do Aécio é que a Petrobras está aparelhada, está capturada, com interesses partidários e privados e que isso tem que acabar.

Mercadante se licencia para fazer contraponto a Arminio na campanha Fonte Jornal Valor Econômico MurilloCamarotto, Andrea Jubé e Bruno Peres de Brasília 08/10/2014 às 05h 00 A presidente Dilma Rousseff convocou ontem dezenas de lideranças do PT e de partidos aliados para delinear a estratégia do segundo turno da corrida ao Palácio do Planalto. Durante o encontro, realizado em um centro de convenções de Brasília, foi anunciada a entrada do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercandante, na coordenação da campanha. Ele também será o porta-voz para temas econômicos e vai se licenciar do cargo para assumir as funções. Questionado pelo Valor se poderia ser o novo ministro da Fazenda em um eventual segundo governo Dilma, Mercadante disse estar confortável à frente da Casa Civil. O presidente nacional do PT, Rui Falcão, sinalizou que Mercadante vai fazer uma espécie de contraponto ao ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, que será ministro da Fazenda em caso de vitória do candidato do PSDB, Aécio Neves, e vem falando pelo programa econômico da campanha tucana. A estratégia do PT para o segundo turno prevê, entre outras coisas, um levantamento das "pendências" deixadas por Aécio durante sua passagem pelo governo de Minas Gerais, especialmente as promessas não cumpridas. Após a reunião de ontem, Dilma afirmou que a disputa se dará em "alto nível", mesma linha adotada pelo marqueteiro João Santana. "Será uma campanha a favor da Dilma, e não contra o Aécio", disse Falcão a jornalistas. Isso não impediu, porém, que Dilma respondesse ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que criticou o nível de instrução do eleitorado petista. "Acho lamentável. É uma visão elitista do país", disse a mandatária. "Essa história de que o povo não sabe votar porque não se formou em uma universidade é falácia", acrescentou Dilma. Durante a reunião, da qual participaram cerca de 40 lideranças políticas, entre governadores, senadores e deputados, foram definidas algumas tarefas a serem postas em prática durante a disputa do segundo turno. As ações levarão em conta as especificidades de cada região. No Acre, por exemplo, caberá ao governador Tião Viana, que tenta reeleição, dar ênfase à questão da mobilidade urbana. 9


O PT também vai fazer uma varredura nos votos dados à candidata do PSB, Marina Silva, em São Paulo. Na avaliação de Rui Falcão, o perfil do eleitores da ex-senadora é parecido com o de 2010, quando ela teve votação ligeiramente menor que a obtida este ano. A busca de novos votos para Dilma também vai incluir um enfoque sobre os municípios onde houve grande índice de abstenção, adiantou o dirigente. Os petistas preferiram não comentar o provável apoio do PSB à candidatura de Aécio, que deve ser anunciada hoje. Participantes da reunião preferiram destacar as lideranças do PSB que são contrárias ao acordo com os tucanos, como a ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina, a senadora Lídice da Mata (BA) e o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho. Os petistas também colocaram dúvidas sobre a capacidade de Marina de transferir um contingente significativo de votos para o presidenciável tucano. Patrocinador da mais expressiva vitória do PT no primeiro turno, o governador da Bahia, Jaques Wagner, disse que vai trabalhar para ampliar a em até 20 pontos percentuais a já consistente vantagem obtida por Dilma no Estado. A presidente recebeu 61% dos votos do eleitorado baiano, contra 18% de Aécio Neves e 18% de Marina Silva. Questionado sobre as possibilidades de Dilma ampliar sua votação em Pernambuco, outro colégio eleitoral importante no Nordeste, Jaques Wagner disse que ainda não conversou com o governador eleito, Paulo Câmara (PSB), mas que não vê motivos para os pernambucanos que votaram em Marina optarem por Aécio. "Acho que lá as pessoas votaram na Marina como homenagem ao Eduardo Campos. Agora que a Marina não vai para o segundo turno, não sei qual o apreço dos pernambucanos pelo PSDB e pelo Aécio", disse o governador da Bahia, que no passado chegou a defender que Campos fosse o candidato a presidente do bloco governista em 2018. O governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel, preferiu não fazer projeções, mas disse que também tentará ampliar a vantagem obtida por Dilma em seu Estado. A presidente recebeu 43% dos votos, contra 39% de Aécio e 14% de Marina. Mais contido, Pimentel disse que vai andar pelo Estado na campanha, mas ponderou que expandir a vantagem "vai depender dos mineiros". "Vai depender das estratégias que vamos adotar, mas não vou falar em números. Eles (PSDB) que falaram em 4 milhões de votos de frente e acabaram derrotados. Vai ser, novamente, a campanha da humildade contra a arrogância", alfinetou Pimentel, ao falar das projeções iniciais dos tucanos que imaginavam haver ampla vantagem para Aécio em Minas.

Josué nega convite para a Fazenda e diz que prioridade é reeleição petista Fonte Jornal Valor Econômico Marcos de Moura e Souza de Belo Horizonte 09/10/2014 às 05h 00 O empresário Josué Gomes da Silva, do grupo têxtil Coteminas, disse ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, que é mera especulação a menção ao seu nome como possível ministro da Fazenda num segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT). "São especulações. Nunca conversei com ninguém a esse respeito", disse ele ontem por telefone à reportagem ao ser perguntado sobre as informações que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende o nome dele para a Pasta.

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"Isso para mim são especulações naturais nesta época [eleitoral] e, sinceramente, eu já falei isso: a presidente Dilma é mineira e, como mineira, não passa o carro na frente dos bois. O projeto, hoje, de todos nós é que ela seja reeleita no dia 26." Conforme publicou o Valor na edição de ontem, Lula considera o empresário como a melhor opção para a Fazenda por avaliar que ele é muito respeitado no setor produtivo e que seria capaz de refazer a ponte entre Dilma e o setor privado não financeiro. Dilma já disse que o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, não continuará no posto. Filho do vice-presidente no governo Lula, José Alencar, Josué Gomes da Silva, já foi convidado por Dilma para ser ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O convite era para que ele assumisse o ministério quando o então ministro Fernando Pimentel (PT) deixasse o posto para se dedicar à preparação de sua campanha ao governo de Minas Gerais. Pimentel saiu em fevereiro. Perguntado se além da Fazenda, ele teria sido sondado agora para outro ministério, o empresário respondeu rememorando o episódio. "Quando o ministro Pimentel deixou o ministério eu recebi um convite honroso, mas foi naquela época. Eu disse que ajudaria de outra maneira e ficou naquilo. Nunca mais houve qualquer conversa nessa direção, absolutamente." Josué Gomes da Silva filiou-se no ano passado ao PMDB de Minas Gerais e foi candidato ao Senado pelo Estado na chapa de Pimentel, eleito domingo como governador de Minas. Silva, que tentou pela primeira vez um cargo eletivo, não conseguiu a vaga. Os mineiros elegeram no domingo o ex-governador AntonioAnastasia (PSDB). Josué Gomes da Silva foi prestigiado por Dilma e Lula durante campanha. Em agosto, presidente e ex-presidente foram a Montes Claros, no norte de Minas, onde a Coteminas está presente, para participar de um comício que tinha como mote o lançamento da candidatura do empresário ao Senado. Lula também apareceu no programa eleitoral da TV da campanha de Silva.

Governo edita MP que cria custo de R$ 30,2 bi para o próximo mandato Fonte Jornal Valor EconômicoEdna Simão, Lorenna Rodrigues e Eduardo Campos de Brasília 09/10/2014 às 05h 00 Às vésperas do segundo turno das eleições, o governo federal editou medida provisória que custará R$ 30,2 bilhões para o próximo presidente da República. A MP prorroga isenções fiscais e retira do papel pacote de medidas de estímulo à economia anunciadas em agosto e setembro pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Faz, ainda, afagos para a classe média e aos setores ambiental e financeiro. O governo prorrogou por quatro anos a possibilidade de o empregador deduzir do Imposto de Renda (IR) a contribuição patronal à Previdência Social feita sobre o salário dos domésticos. Com essa medida, a estimativa de renúncia é de R$ 2,1 bilhões entre 2015 e 2017. "Estamos aproveitando a MP para fazer isso [as renovações]", disse o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Rogério Caffarelli, tentando desvincular o anúncio da disputa eleitoral. Além disso, a MP 656 zera a alíquota de PIS-Cofins de partes utilizadas para fabricação de aerogeradores. 11


A medida tem como objetivo viabilizar maior participação de empresas no leilão de energia eólica, previsto para ser realizado até o fim do ano e, com isso, ampliar a oferta e a reduzir o custo da energia. O governo vai deixar de arrecadar R$ 51,63 milhões entre 2015 e 2017 com a medida. Segundo o secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Dyogo de Oliveira, havia uma dúvida sobre se os aerogeradores teriam esse benefício, o que foi resolvido. A isenção tributária é para partes e peças utilizadas pelo fabricante nacional e não valerá para a importação do produto final. A MP também obriga a devolução ao país de origem de mercadorias importadas em desacordo com a legislação brasileira, como lixo hospitalar e pneus usados. Até agora, a prioridade era destruir essas mercadorias no Brasil, o que acabava ficando por conta do governo e acarretava riscos ambientais para o país. "O governo tinha que assumir um custo logístico, porque a prioridade era encaminhar para destruição", afirmou Oliveira. Outra novidade é que os repasses de recursos feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou por outros agentes, sejam públicos ou privados, estão isentos de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 1,88% desde que sejam ligados a obras de infraestrutura. Até então, apenas o BNDES dispunha do benefício. "Estamos acertando essas condições para não ter tratamento distinto", disse o secretário, lembrando que os projetos de infraestrutura somam R$ 1,5 trilhão. O custo estimado da medida é de R$ 20,9 milhões em 2014 e R$ 35,11 milhões em 2015 e igual soma também em R$ 2016. Também foi feito um aprimoramento na cobrança do IOF envolvendo os repasses feitos pela Financiadora de Estudos e Pesquisas (Finep). Até então, apenas os repasses feitos de forma direta pelo órgão tinham isenção de IOF. Agora os repasses feitos por agentes financeiros também deixam de ser tributados. Dentre as medidas já anunciadas pelo governo, mas que ainda não tinham entrado em vigor, a MP confirma a prorrogação até 2018 da redução a zero das alíquotas do PIS-Cofins sobre a venda a varejo de computadores, desktops e notebooks, tablets, smartphones, entre outros. O benefício acabaria no fim deste ano. Com esse benefício tributário, o governo deixará de arrecadar R$ 26 bilhões. Outra ação já anunciada por Mantega é a prorrogação da redução de 4% para 1%, por mais quatro anos, do Regime Especial de Tributação (RET) para as construtoras que trabalham com imóveis de até R$ 100 mil no âmbito do programa Minha Casa, Minha Vida. A estimativa de renúncia é de R$ 630,77 milhões em 2015, R$ 687 milhões em 2016 e R$ 746,62 milhões em 2017. Também foi contemplada a prorrogação do incentivo a resíduos sólidos. Segundo a MP, o crédito presumido do IPI (50%, 30% e 10%, dependendo do resíduo) é válido na aquisição, diretamente da cooperativa de catadores, de resíduos sólidos utilizados como matérias-primas ou produtos intermediários na fabricação de seus produtos.

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Endividamento foi reduzido em 16 Estados desde 2010 Fonte Jornal Folha de São Paulo ESTELITA HASS CARAZZAI de CURITIBA 09/10/2014 às 02h 00 Quase 15 anos após a Lei de Responsabilidade Fiscal e a imposição de tetos para endividamento, a maioria dos novos governadores que irão assumir em janeiro encontrará um Estado menos endividado do que há quatro anos. Levantamento da Folha mostra que, de acordo com a relação dívida/receita, o endividamento caiu em 16 dos 27 Estados desde 2010. "A coisa melhorou. Está num platô mais suave", afirmou o economista e pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Aristides Monteiro Neto. O aumento das receitas estaduais ao longo da última década ajuda a explicar esse arrefecimento. Na comparação com o tamanho dos caixas, a dívida ficou menor. Os governos também cumpriram a lição de casa. O pagamento da dívida se tornou quase que "automático", até por causa da penalidade rigorosa quem não paga o que deve à União tem "confiscado" o dinheiro do Fundo de Participação dos Estados. "Isso já está muito consolidado na nossa programação", afirma o secretário da Fazenda do Paraná, Luiz Eduardo Sebastiani. PREOCUPAÇÃO Mesmo com esse quadro, o peso da dívida no orçamento ainda é elevado para muitos governadores, que se queixam de um saldo devedor quase "infinito". "Nossa dívida era de R$ 2 bilhões. Pagamos R$ 3 bi, e devemos R$ 7 bi. É impagável", afirmou, em evento recente, o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB-AL). De fato, desde o início do atual mandato, o valor absoluto da dívida dos Estados, somada, cresceu 30% –de R$ 481 bi para R$ 624 bi. A situação é mais grave nos casos de São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas, que têm a maior relação dívida/receita (uma média de 150%, sendo o limite máximo previsto em lei de 200%). Nesses casos, o pagamento de juros e encargos, mensalmente, consome até 8% do orçamento –um pouco menos, por exemplo, do que os gastos obrigatórios com saúde (que representam 12%). O custo da dívida já equivale a pouco mais da metade do que os Estados investem –ou, em alguns casos, como Goiás e Rio Grande do Sul, mais que todos os investimentos em obras. Por isso, uma das principais reivindicações dos governadores e candidatos é a revisão dos indexadores das dívidas com o governo federal, que formam a maior parte do saldo devedor dos Estados. Definidos na década de 1990, esses índices são considerados muito altos para o atual contexto econômico. O governo federal chegou a propor ao Congresso, em outubro passado, a mudança dessa taxa de juros, inclusive retroativamente. Mas, no início deste ano, a Fazenda voltou atrás e negocia a votação com os congressistas, sem perspectiva de aprovação. Editoria de arte/Folhapress

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Inflação surpreende, e governo sugere consumir frango no lugar de carne Fonte Jornal Folha de São Paulo SOFIA FERNANDES de BRASÍLIA 09/10/2014 às 02h 00 A inflação de setembro veio acima do esperado por economistas, pressionada principalmente pela alta de alimentos e da energia elétrica, e o Ministério da Fazenda recomendou que os brasileiros reduzam o consumo de carne bovina, substituindo-a por opções mais baratas. "Os consumidores precisam pensar assim: quando o tomate está em deflação, ele é um bom produto a ser adquirido nesse momento, em vez de outro produto que esteja em alta. Assim como a carne bovina, que está em alta, é recomendável migrar para outros produtos que substituam a proteína, importante na dieta cotidiana", afirmou o secretário de Política Econômica, Márcio Holland. O secretário do ministro Guido Mantega sugeriu dar prioridade às carnes de frango e suína, que sofreram aumentos menores de preços. "A vantagem que a gente está tendo é que alguns outros produtos de proteína, como frango e suínos, muito baseados em ração, está tendo redução de custo de produção. Isso está fazendo com que uns produtos fiquem mais acomodados, e sejam bons substitutos."

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Também enfatizou o bom momento de alguns alimentos. "É importante dizer que diversos itens, faço questão de enfatizar isso, na mesa do consumidor brasileiro estão apresentando deflação, como tomate, batata, óleo, feijão, produtos muito importantes na mesa do brasileiro." A inflação ao consumidor medida pelo índice oficial (IPCA) foi de 0,57% no mês passado, segundo informou o IBGE. No acumulado em 12 meses, o índice ficou em 6,75%, acima do teto da meta para o ano, de 6,5%. Segundo o banco Itaú, o teto da expectativa do mercado era uma inflação de 0,50%. Holland disse que o governo mantém sua estimativa de inflação fechando o ano em 6,2% -nos próximos três meses, a equipe de Dilma espera inflação menor do que nos mesmos meses de 2013. O secretário frisou que o mês de setembro é normalmente um período de inflação mais elevada, e que neste ano essa tendência foi agravada pela seca. Por causa da estiagem, o custo de algumas lavouras e da criação de gado cresceu. O preço da carne bovina subiu 3,17% em setembro. Já a energia elétrica teve alta de 1,37% no mês, e de 13,19% no ano. "Uma demonstração que não sustenta a hipótese de represamento de preços", disse Holland, em referência a críticas de que o governo tem segurado preços regulados, como o de energia e combustíveis, para conter a alta da inflação. 15


"É fundamental para a sociedade ter a inflação sob controle, dá ambiente de previsibilidade, e estamos conseguindo isso há 11 anos." Segundo ele, o controle da inflação demanda redução de custos de produção, aumento nos investimentos e qualificação de profissionais.

FGV: IGP-M cai 0,07% na 1ª prévia de outubro Fonte Jornal Valor Econômico 09/10/2014 às 08h16 SÃO PAULO - O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) registrou deflação de 0,07% na primeira prévia de outubro, ante alta de 0,26% no mesmo período em setembro, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Essa queda se deve ao recuo dos preços no atacado, tanto de produtos agrícolas quanto de itens industriais. A primeira prévia do indicador, que serve de referência para reajuste de contratos, como os de aluguel, compreendeu o intervalo entre os dias 21 e 30 de setembro. No atacado, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) - que responde por 60% dos IGPs teve queda de 0,24%, após alta de 0,31% em setembro. No segmento agropecuário, o IPA saiu de alta de 0,81% para queda de 0,23%, enquanto no industrial passou de alta de 0,13% para queda de 0,24%. Entre os itens que mais influenciaram a queda de preços no atacado estão o minério de ferro (5,41% para -5,38%), soja em grão (-0,08% para -2,73%), ovos (-5,47% para -9,14%), farelo de soja (2,38% para -2,53%) e batata inglesa (-16,99% para -16,91%). Entre os principaisinfluências positivas, embora em desaceleração, estiveram os bovinos ( 2,61% para 1,31%) e a carne bovina (5,09% para 2,01%). No varejo, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) acelerou a 0,30% na primeira prévia deste mês, ante 0,18% em setembro. Quatro das oito classes de despesa que compõem o índice subiram. A maior contribuição partiu do grupo alimentação (0,01% para 0,45%), em que se destacaram as hortaliças e legumes, cuja taxa passou de -7,15% para 0,74%. Comunicação (-0,17% para 0,63%), transportes (0,05% para 0,24%) e vestuário (-0,37% para 0,25%) também aceleraram por causa de tarifa de telefone residencial (-1,91% para 0,13%), gasolina (0,03% para 0,63%) e roupas (-0,53% para 0,25%), respectivamente. Em contrapartida, educação, leitura e recreação (0,37% para -0,07%), habitação (0,41% para 0,25%), saúde e cuidados pessoais (0,47% para 0,35%) e despesas diversas (0,40% para 0,04%), registraram taxas mais baixas. Nessas classes de despesa, destacaram-se passagem aérea (4,63% para -5,60%), condomínio residencial (0,38% para 0,13%), artigos de higiene e cuidado pessoal (0,15% para -0,05%) e clínica veterinária (3,87% para 0,49%), respectivamente. Por fim, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou alta de 0,09%, abaixo do resultado do mês anterior, de 0,12%. O índice relativo a materiais, equipamentos e serviços registrou variação de 0,20%. No mês anterior, a taxa foi de 0,26%. O índice que representa o custo da mão de obra não apresentou variação pelo segundo mês consecutivo.

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Custo da energia à vista pode cair 50% em 2015 Fonte Jornal Valor Econômico Rodrigo Polito e Stella Fontes do Rio e de São Paulo 09/10/2014 às 05h 00 Mesmo com o baixo nível dos reservatórios hidrelétricos e o regime de chuvas incerto para o próximo verão, o preço spot da energia pode cair cerca de 50% em 2015, segundo projeções de empresas e especialistas do setor. A queda pode ter um efeito, quase na mesma proporção, sobre os custos extras arcados por consumidores, empresas e o Tesouro com a geração contínua das termelétricas para garantir o abastecimento. A explicação para essa redução é a mudança na metodologia de cálculo do valor máximo para o preço spot da energia, em discussão na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Análise feita pelo Valor com base nas 30 contribuições enviadas por agentes do setor à Aneel mostra que grande parte delas sugere a redução do valor máximo do preço spot dos atuais R$ 822 por megawatt-hora para cerca de R$ 400. Confirmada essa redução, muitos setores econômicos serão beneficiados com um custo menor do insumo. Há consenso entre empresários de que a energia acaba sendo um entrave a investimentos no país. Estudo recém-concluído pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a pedido da Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados, mostra que o custo da energia elétrica para a indústria de cloro-soda mais que dobrou nos últimos dez anos, alcançando valores comparáveis aos praticados em algumas regiões da Europa, apesar de a geração de energia no Brasil, predominantemente hídrica, ser mais barata que a termelétrica ou nuclear. O aumento, em dólares, foi de 132%, contribuindo para que a produção desses insumos crescesse bem menos que o PIB desde 2003. O custo menor da energia também ajudaria a conter a inflação, que em setembro voltou a superar o teto da meta, de 6,5%. O IPCA, indicador oficial de preços, atingiu 6,75% em 12 meses, a maior alta desde os 7% registrados em outubro de 2011.

Demanda do consumidor por crédito cai 1,6% em setembro ante agosto Fonte Jornal Valor Econômico 09/10/2014 às 09h 52 SÃO PAULO - A demanda dos consumidores por crédito caiu 1,6% em setembro, na comparação com agosto, mas aumentou 10,4% ante o mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Serasa Experian. No ano, essa procura tem queda de 3,6%. Para a Serasa, a queda ante agosto é provocada por uma base de comparação alta, já que naquele mês a demanda aumenta por causa do Dia dos Pais. Já o crescimento ante setembro do ano passado é considerado uma reação do consumidor às medidas de estímulo ao crédito anunciadas pelo governo no fim de agosto. Na comparação com setembro do ano passado, houve queda na demanda por crédito apenas entre os consumidores com renda até R$ 500 (-10,7%). Já na comparação mensal houve recuo em todas as classes de renda, com destaque para a de R$ 500 a R$ 1.000 mensais (-2,2%). 17


No acumulado do ano, a maior queda na busca por crédito ocorreu também entre os consumidores que ganham até R$ 500 por mês (-18,1%). Entre quem tem renda mais alta, de R$ 5.000 e R$ 10.000 e acima de R$ 10.000 mensais a queda foi de 7,8%. Apenas os consumidores cujo rendimento se situa entre R$ 1.000 e R$ 2.000 por mês aumentaram a demanda por crédito: alta de 1,5% frente ao período de janeiro a setembro do ano passado. Nas regiões do país, apenas o Centro-Oeste registra aumento de demanda no ano, de 1,6%. Nas demais, a queda vai de 3,5% (Sudeste) a 5,5% (Sul).

Commodities sobem 1,01%, após 5 meses em queda Fonte Jornal Valor Econômico Eduardo Campos de Brasília 09/10/2014 às 05h 00 As commodities internacionais que têm influência sobre a inflação brasileira apresentaram a primeira alta após cinco meses seguidos de queda pelos cálculos do Banco Central (BC). O Índice de Commodities Brasil (IC-Br) subiu 1,01% em setembro, após queda de 1,34% em agosto. Parte dessa alta capta o movimento do dólar, que subiu mais de 9% ante o real no mês passado. O indicador é construído partindo dos preços das commodities agrícolas, metálicas e energéticas convertido para reais. O equivalente internacional, o "CommodityResearch Bureau" (CRB), mostrou variação positiva de 1,65% no mesmo período, na conta feita pelo BC. No acumulado em 12 meses até setembro, o indicador aponta alta de 1,14%, mas tem variação negativa de 1,31% no acumulado de 2014. O CRB sobe 4,59% em 12 meses e tem alta de 3,71% em 2014. Entre os três subgrupos que compõem o IC-Br, o grupo de commodities agropecuárias (carne de boi, carne de porco, algodão, óleo de soja, trigo, açúcar, milho, café e arroz) teve alta de 1,98% na passagem de agosto para setembro, e sobe 0,13% no ano. Em 12 meses, o avanço é de 1,10%. Em agosto, o grupo tinha recuado 2,24%. As commodities metálicas (alumínio, minério de ferro, cobre, estanho, zinco, chumbo e níquel) cederam 0,79% no mês, e acumulam baixa de 1,01% em 2014. Em 12 meses o ganho ainda é de 3,51%. Em agosto, esses preços subiram 2,76%. As commodities energéticas (petróleo Brent, gás natural e carvão) mostraram baixa de 1,72% em setembro. No ano, esses preços recuaram 7,66%. Nos últimos 12 meses, a desvalorização é de 1,06%. Em agosto, esses preços tiveram queda de 1,45%.

Economia global patina em meio a um cenário de riscos Fonte Jornal Valor Econômico 09/10/2014 às 05h00 O pulso da economia mundial bate mais devagar este ano, em relação a 2013, e ela ainda corre o risco de um desempenho medíocre por bastante tempo, adverte o Fundo Monetário Internacional em documentos prévios à sua reunião anual, que começa no fim de semana. Os riscos não mudaram, mas a perspectiva de crescimento global foi rebaixada para 3,3% em 2014 (-0,4%) e 3,8% para o próximo ano. Das grandes economias, o Brasil tem uma das piores performances, só melhor que a da Rússia. O FMI reduziu em 1 ponto a previsão de expansão, para 0,3% e 1,4% em 2015 - ambas estimativas mais otimistas que a dos analistas domésticos. 18


Com exceção dos riscos geopolíticos, que aumentaram no Leste europeu e no Oriente Médio, os perigos conhecidos continuam presentes no horizonte. Os EUA, cujo ritmo de crescimento mostra-se firme, pode ter de elevar mais rapidamente que o previsto as taxas de juros, expectativa não compartilhada pelos investidores americanos. Mudanças de direção nos mercados financeiros poderão ser altamente desestabilizadoras, porque ocorreriam em um contexto de alta alavancagem, grande apetite por riscos em busca de retornos e precificação inadequada dos ativos. A desaceleração controlada chinesa continua a ser um desafio, ameaçada pela enorme bolha de endividamento e amparada por um sistema bancário paralelo precário que depende da manutenção de alta liquidez. Não menos importante, há, pelas estimativas do Fundo, 30% de chance de a zona do euro enfrentar um período deflacionário, que agravaria o quadro de enormes dívidas privadas e de governos. Mais que deflação, a economia do bloco monetário tem 40% de probabilidade de entrar em recessão. Além disso, os países emergentes estão crescendo agora abaixo de seu potencial e não por motivos conjunturais e sim estruturais. Há poucos fatores positivos para a economia global. Um deles é que após a forte redução dos déficits públicos, especialmente na Europa, a consolidação fiscal global seguirá agora passo moderado, de 0,5% do PIB, ante mais do dobro nos anos anteriores. Esse é um dado importante diante da fraqueza dos investimentos, mesmo nos Estados Unidos, e do crédito, mais na Europa. Com expectativa de baixo crescimento prolongado, o Fundo vê folga para que os investimentos públicos sejam ampliados e sirvam como um ponto de apoio para dar mais vigor a economias desenvolvidas estagnadas e aos países emergentes, dependendo da situação de suas contas públicas. Não é o caso do Brasil, sugerem as estatísticas do FMI. O país tem a maior dívida bruta em relação ao PIB do mundo emergente: 65,5% - pelos cálculos do governo brasileiro, 57,2%. A média das economias do G-20 é de 41,4% do PIB e da América Latina, 51,3%. Previsões de longo prazo do Fundo, menos confiáveis, indicam que pouca coisa mudará nos próximos 5 anos. Em 2019, essa relação será ainda de 64% do PIB. Isso se deve a um esforço fiscal primário menor que no passado. A meta oficial do governo, de 1,9% para o ano, não será cumprida. O FMI projeta um superávit primário de 1,3% do PIB, que crescerá para 2% em 2015 e assim se manterá até 2019. Os gastos públicos (com Estados e municípios) estão perto do recorde de 42,1% do PIB em 2014 e recuarão pouco, a 40,6%, ao fim de cinco anos. No caso do governo federal, o balanço fiscal ciclicamente ajustado em relação ao PIB potencial aponta que a política fiscal foi claramente expansionista depois de 2011 e só se moveu para perto da neutralidade em 2014, após o déficit ter atingir o ponto mais alto desde 2006, de 3,6% do PIB (em 2013, foi de 3,5%). A desaceleração foi mais pronunciada na América Latina, onde o Brasil tem grande peso. O desempenho brasileiro apenas superou o da Argentina e Venezuela, ambos em recessão. Parte dos motivos são externos, como a queda da demanda por commodities, especialmente da China. No caso brasileiro, o FMI apontou motivos internos óbvios: queda dos investimentos, perda de confiança dos empresários, política monetária mais apertada etc. Para sair disso, o Brasil terá de fazer as reformas do cardápio de sempre, porque no curto prazo não poderá contar com impulsos externos relevantes, seja do crescimento relevante dos países ricos, seja das exportações. O FMI projeta quedas de 4,1% e 7,9% nos alimentos este ano e em 2015, respectivamente, e de 7,5% e 1,5% nos metais.

O número de equilibrismo da China Fonte Jornal Valor Econômico Adair Turner 09/10/2014 às 05h 00 A desaceleração da China é a maior ameaça de curto prazo ao crescimento mundial. O valor agregado industrial caiu em agosto, a expansão do crédito perdeu impulso drasticamente e os preços das casas estão recuando, ao mesmo tempo em que suas vendas estão 20% menores, no comparativo ano a ano. Diante da estagnação da zona do euro e da incerteza das 19


perspectivas do Japão, um pouso turbulento da China significaria um grande golpe à demanda mundial. Grande parte das atenções se concentra no provável crescimento do PIB deste ano, em relação à meta do governo, de 7,5%. Mas a questão maior é se a China terá ou não capacidade de reequilibrar sua economia nos próximos dois a três anos sem sofrer uma crise financeira e/ou um drástico desaquecimento da economia. Alguns fatores específicos à China tornam esse resultado mais provável, mas o sucesso não é, de forma nenhuma, coisa certa. Defrontada com a crise financeira de 2008, a China deflagrou um surto de crescimento do crédito a fim de manter o crescimento da produção e do nível de emprego. O crédito disparou de 150% do PIB em 2008 para 250% em meados deste ano. As várias formas de crédito dos bancos paralelos complementaram a rápida expansão dos empréstimos bancários. A estratégia funcionou, e a China continuou a criar de 12 milhões a 13 milhões de novos postos de trabalho urbanos ao ano. Mas, com o avanço do investimento de 40% para 47% do PIB, o crescimento ficou perigosamente desequilibrado e altamente dependente da construção de obras de infraestrutura e de imóveis. A China se vê agora às voltas com um dilema comum a todos os surtos de crescimento do crédito avançados. Quanto mais o surto durar, maior será o perigo de se instaurar o desperdício de investimentos, enormes volumes de dívida de quitação duvidosa e uma crise financeira de grandes proporções. Mas limitar-se a restringir a oferta de crédito novo e permitir que dívidas de quitação duvidosa se transformem em calote pode, por si só, provocar a crise e a recessão. Este tem sido um ano de reações erráticas de política econômica. A disciplina da inadimplência foi bastante discutida, mas nunca realmente aplicada. Mas, no segundo trimestre do ano, o premiê Li Keqiang reafirmou a meta de crescimento de 7,5%, que foi então sustentada por várias medidas de incentivo "direcionadas" - principalmente novos empréstimos canalizados para ferrovias, bancos de menor porte, agricultura e pequenas empresas. Limitações ao mercado imobiliário, como a restrição a compras múltiplas ou a investimentos altamente alavancados, foram enrijecidas e em seguida relaxadas. Recentes discursos de Li e de especialistas em política pública menosprezaram a importância de uma meta de crescimento específica, concentrando-se, em vez disso, na criação de empregos e no baixo nível de desemprego. Felizmente, mudanças demográficas estão prestes a facilitar a tarefa de reequilibrar a economia chinesa e a aumentar o nível de emprego o suficiente para evitar a tensão social. A população chinesa em idade ativa passou a encolher lentamente. Mais dramaticamente, o número de pessoas de 15 a 30 anos deverá cair 25% de 2015 a 2025. A força de trabalho rural ainda supera os 300 milhões de pessoas, o que implica que grande número delas ainda poderá migrar para áreas urbanas. Mas, com o envelhecimento da força de trabalho rural, o ritmo de migração perderá força. A alta do salário real vai respaldar a transição para uma economia mais pautada pelo consumo, e a menor preocupação com o desemprego reduzirá a dependência da construção movida a crédito como fator de absorção de mão de obra. Mas as enormes dívidas criadas pelo surto de crescimento do crédito continuam sendo um grande problema. Nenhuma outra economia já experimentou um surto de crescimento dessa magnitude evitando uma crise financeira ou um grande obstáculo ao crescimento. Os otimistas muitas vezes ressaltam duas maneiras pelas quais "a China é diferente". Primeira, muitas das 20


dívidas envolvem braços diferentes do governo chinês - devidas, por exemplo, por empresas estatais e por governos provinciais ou municipais a bancos estatais. Segunda, o governo central da China tem baixo endividamento - de apenas 22% do PIB no fim de 2013 - e, portanto, significativo poder de fogo fiscal. Com o cômputo, pelo setor financeiro, de um grande volume de empréstimos de quitação duvidosa, o governo poderá reeditar o que fez no fim da década de 1990, quando absorveu dívidas não quitadas e recapitalizou os bancos, em vez de permitir que calotes e falências de bancos lancem a economia na recessão. Mas, embora a China goze de mais espaço de manobra do que outros países que enfrentam surtos de crescimento do crédito semelhantes, os riscos continuam grandes. E, quando os surtos de crescimento do mercado imobiliário acabarem, o esforço de desalavancagem poderá minar o crescimento. Uma recessão de balanços não requer uma crise financeira. Quanto mais a China conquistar seu objetivo declarado de ter "um papel decisivo para o mercado", menor será o peso do argumento de que "a China é diferente". A liberalização das taxas de juros aumentaria os custos da tomada de empréstimos para muitos tomadores superendividados. A adoção de uma norma de não socorro financeiro aos bancos paralelos geraria prejuízos que abalam a confiança. Quanto mais a China abrir a conta de capital, mais suas enormes dívidas ficarão nas mãos dos bancos e de outros investidores do mundo inteiro. Numa economia com dívidas herdadas equivalentes a 250% do PIB, o simples aperto da oferta de crédito e a simples imposição de disciplina ao mercado podem ser a receita certa para o desastre. A China precisa reequilibrar sua economia e introduzir mais disciplina de mercado em seu sistema financeiro. A configuração demográfica ajudará no enfrentamento deste último desafio. Mas, sem um cuidadoso planejamento e sequenciamento de política pública, poderá haver grandes reveses ao longo do caminho.

Bancos pequenos demais para sobreviver? Fonte Jornal Valor Econômico Frederico de Souza e Leandro Novais09/10/2014 às 05h00 Dados revelados pelo mais recente Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado pelo Banco Central do Brasil em 18 de setembro deste ano, dão conta do aumento da concentração bancária no Brasil, em processo de moderada para elevada concentração. Com base na publicação, pretendemos lançar duas discussões no artigo, que se conectam: pontuar algumas razões do acentuado processo de concentração bancária no país, com destaque para a crise financeira de 2008/2009; e também investigar eventuais problemas decorrentes da concentração, com ênfase na dificuldade de sobrevivência no sistema de bancos pequenos e médios. A recente literatura econômica, ao debater os temas propostos acima, tem pontuado uma nova percepção no setor financeiro: acrescentou-se à já famosa discussão dos "grandes demais para falir" - ou usando a expressão original - "too big tofail", outra também relacionada ao tamanho das instituições financeiras, que pode ser traduzida como "pequenos demais para sobreviver" ou, como concebida lá fora, "too smalltosurvive". Muito embora esta nova ideia seja uma preocupação essencialmente dos próprios bancos, pode-se pensar que também os reguladores se voltem para o tema, ao se indagarem sobre 21


qual seria o desenho ideal para o sistema financeiro. Aquele que pode proporcionar o máximo de eficiência, combinando solvência e competição bancária. O índice Herfindahl, também conhecido por Herfindahl-Hirschman Index (HHI), é um critério de referência de competição entre as empresas. É definido como a soma dos quadrados de participação de mercado das firmas na sua indústria. O índice varia em uma escala de 0 a 10.000 pontos (ou seja, 0.25 é o mesmo que 2.500 pontos). O gráfico do relatório mais significativo para o primeiro ponto é esse acima. No caso do setor bancário brasileiro, observa-se que o índice Herfindahl do segmento aproxima-se de 1800 pontos, em especial quanto aos depósitos e as operações de crédito. Para a autoridade antitruste brasileira e para o Banco Central um índice acima de 1.800 pontos já revela um mercado de elevada concentração. O índice C4, da participação das quatro principais instituições financeiras do setor, revela algo semelhante. Os quatro principais bancos do país dominam 75% do mercado. Se adicionássemos ao índice a quinta principal instituição financeira do país, o nível de concentração cresceria para perto de 85% do mercado. Uma concentração dessa ordem tem implicações na concorrência. A onda de concentrações no mercado bancário no Brasil reflete uma tendência mundial, que se acelerou com a crise financeira de 2008/2009. No exterior, o processo revela um paradoxo: ao mesmo tempo que os grandes bancos receberam expressiva ajuda governamental, em que o caso americano é sintomático, boa parte do incremento regulatório posterior, em que se nota um aumento significativo das regras, e em particular da sua complexidade, pode redundar na formatação e na manutenção das grandes instituições, com apoio na regulação prudencial. Só para oferecer um dado significativo, a principal resposta regulatória americana à crise financeira, conhecida como Dodd-Frank Act, possui 848 páginas e inúmeros especialistas se queixam da sua complexidade. De qualquer forma, tanto nos Estados Unidos como aqui no Brasil, o desenho estrutural que melhor tem se ajustado à captura de rentabilidade, com suposta segurança regulatória, é o das grandes instituições. Uma enorme combinação de fatores contribui: diversificação de funding, ampla capilaridade, portfolio extenso de produtos bancários, proporcionando ganhos de escala e de escopo. Citando três exemplos: a diversificação de funding permite às instituições ter acesso à base de investidores de varejo e também do mercado de capitais, melhorando a gestão de passivos, com a redução do custo médio ponderado do capital; uma maior capilaridade reforça o acesso aos investidores de varejo, com a abertura para a venda de um portfolio extenso de produtos financeiros (conceito "one stop shop", perseguido há décadas lá fora e aqui também); e, por fim, economias de escala diluem os vultosos investimentos necessários em áreas como tecnologia da informação por uma maior base de clientes e volume de operações. Ainda no caso brasileiro, pode-se ponderar - partindo-se de junho de 2008 para cá - que o aumento da concentração tem causas adicionais: 1- sofre o impacto da crise financeira de 2008/2009, influenciando atos de concentração, como foram os casos Itaú/Unibanco e Santander/ABN Amro; 2- observa processos de liquidação extrajudicial e falências de bancos regionais, pequenos e médios, como foram os casos do Cruzeiro do Sul, BVA, Rural, Morada e Oboé; 22


3- decorre igualmente de uma maior presença e expansão dos bancos públicos; 4- pode ser reflexo também de uma regulação prudencial mais restritiva, com a antecipação ou incorporação de padrões internacionais. Para consolidar mais o argumento e entrarmos na segunda discussão proposta, também emprestamos do relatório o gráfico, cujo objetivo é avaliar a distribuição do lucro do sistema bancário entre as instituições que dele participam. Nota-se que - nas quatro primeiras colunas - há um grande número de bancos que demonstram prejuízo, em períodos acumulados em 12 meses, tanto em dezembro de 2013 como em junho de 2014. Se somarmos as instituições com prejuízo ou baixas performances chegamos a 80 instituições em dezembro de 2013. E como essas instituições representavam um percentual bem baixo do total de ativos do sistema, estamos falando essencialmente dos bancos pequenos e médios. Se essa constatação parece crível ao leitor, conectando os dois temas do artigo, uma decorrência significativa do processo de concentração é a dificuldade de permanência (ou sobrevivência) de bancos pequenos ou médios no sistema. Em ordem de argumentação: tal como descrito acima, o desenho estrutural do setor já tem se orientado para grandes instituições (aquelas que alcançam maior rentabilidade e dão "segurança" ao sistema); o efeito crise financeira, ironicamente, demanda mais regulação bancária; e o desenho institucional promovido pela regulação pós-crise, de maior complexidade, reforça a estrutura de poucas instituições em nível alto de concentração, retroalimentando o sistema. Assim, o espaço de mercado para os bancos médios e pequenos se reduz. Mais do que eventual especialidade (expertise em determinado produto bancário), a combinação de fatores acima descritos exige tamanho para os ganhos de escala e de escopo. Os nichos de mercado escasseiam e, mesmo quando existentes, são abocanhados pelas grandes instituições, como recentemente se deu com o crédito consignado, razão da joint venture Itaú/BMG e Santander/Bonsucesso. Uma agenda de pesquisa possível, além do debate regulatório propriamente dito, é desvendar nichos de atuação dos bancos pequenos e médios, em que a especialidade tem relevância. Tentar conectar tais êxitos com um bom desenho regulador, de forma a difundir a expertise, preservando o setor de uma excessiva concentração, cujo balanço custo-benefício, mesmo em face da solvabilidade do sistema, pode se tornar negativo. É colocar na vanguarda para o regulador, antes mesmo da autoridade antitruste, a preocupação sobre o melhor desenho institucional para o sistema, tal como proposto no início do artigo. Caso contrário, a maior parte dos bancos se tornará "pequena demais para sobreviver".

Oxford Porcelanas investe em segunda fábrica no país Fonte Jornal Valor Econômico Maria da Paz Trefaut para o Valor, de São Bento do Sul e Pomerode (SC)09/10/2014 às 05h00 Após atuar mais de 60 anos em São Bento do Sul (SC), a Oxford Porcelanas se prepara para construir uma segunda fábrica no país. A unidade será instalada em São Mateus (ES) e vai produzir louças em cerâmica a um preço que permita conquistar a classe D. 23


O plano é concluir a primeira etapa do parque fabril em 2015. A construção, estimada em R$ 80 milhões, pode ser financiada em 80% pelo Banco do Nordeste. O novo destino foi escolhido por conta dos benefícios federais para a instalação da indústria, pelo fato de o município ter doado o terreno e pela proximidade com o Nordeste. Além disso, a empresa espera que custos de produção, como energia e mão de obra, sejam menores que os do Sul. "A classe D em geral utiliza pratos de plástico ou vidro. Só começou a consumir produtos de cerâmica, quando alguns muito baratos, importados da China, invadiram o mercado", diz o diretor-superintendente da Oxford, Irineu Weihermann. "O custo é decisivo para entrar nessa faixa de consumo e jamais poderíamos atingir esse preço aqui no Sul numa cidade que vive pleno emprego, quando 40% do valor de nossos produtos está atrelado à mão de obra". Segundo Weihermann o projeto já existia, mas só se tornou possível depois que a Câmara de Comércio Exterior, no início do ano, atendeu ao pedido do setor e aprovou a aplicação do direito antidumping sobre as importações brasileiras de objetos de louça para mesa vindos da China. Para se ter uma ideia da mudança de cenário, em 2012 entraram cerca de 150 milhões de peças chinesas. Neste ano, o número deve ficar entre 10 e 12 milhões. A intenção da Oxford é produzir 15 milhões de peças ao ano da linha Donna, voltada para as classes C e D. Numa segunda fase, a capacidade da fábrica do Espírito Santo pode chegar a 30 milhões de peças ao ano, o que geraria 850 empregos diretos e um faturamento anual de R$ 100 milhões. Em caráter experimental, a linha Donna começou a ser produzida em São Bento do Sul e está à venda desde julho. O aparelho de 20 peças custa R$ 99 - 30% menos que um da linha Biona, feito em faiança, até agora a opção mais barata da Oxford. Essa será a segunda grande transformação da Oxford, a maior fabricante de porcelana e cerâmica de mesa da América Latina, que durante muitos anos foi uma empresa exportadora que fazia produtos para outros clientes. Nas décadas de 80 e 90 cerca de 80% da produção era exportada para mais de 70 países. Por volta do ano 2000, com a perda da competitividade para a China, a empresa teve que se reinventar. Nessa época, a família fundadora vendeu a fábrica para o grupo de investimentos WPA, cujos acionistas majoritários são donos da indústria de motores WEG. A partir daí, a Oxford começou a fabricar porcelana e decidiu construir uma marca no mercado nacional. As mulheres são maioria na fábrica de São Bento do Sul. Elas usam jeans, tênis e moletom. Por segurança é obrigatório o uso de protetores auditivos e sapatos fechados. A poeira é intensa, mas não se vê ninguém de máscara. Ali trabalham 1,7 mil pessoas, que produzem 45 milhões de peças/ano, o que gerou receita de R$ 170,6 milhões em 2013, 95% proveniente do mercado interno. "Acho que estamos no caminho certo. Neste ano crescemos 30% em receita e 20% em volume", diz o diretor Antonio Marcos Schroth. Para ele, um dado essencial é o fato de a empresa ter conseguido se posicionar em todos os segmentos com diversas linhas: Oxford Porcelanas, Oxford Daily, Biona, e Gourmet, a linha profissional para bares, restaurantes e hotéis. Como é comum nas grandes empresas internacionais de itens para mesa, a Oxford tem uma linha de cristais, produzida em Pomerode (SC) desde 2011. É uma fábrica bucólica, que fica ao lado de um pasto, na área urbana do município. Entre os sopradores o ambiente é masculino, e por conta do calor a indumentária é tênis, bermudão e camiseta regata, especialmente de 24


times de futebol. Muitos são jovens e aprenderam o ofício com os pais, que ainda estão lá. A área de produção é pequena, extremamente artesanal e devido ao calor, os turnos vão das 5 às 14 horas. Há 50 funcionários e a produção é de 500 mil peças/ano. No ano passado, a operação faturou R$ 3,7 milhões. Por ser uma empresa nova que precisa ganhar mercado, a Oxford Crystal pratica preços entre 15% e 30% mais baixos do que alguns concorrentes. O principal canal de vendas é a internet. Mas embora seja um negócio pequeno, voltado para as classes A e B, é um investimento da empresa no crescimento da cultura do vinho no Brasil. Entre as coleções há linhas lapidadas à mão, e uma profissional, que segue o modelo internacional. "Nossa única dificuldade é que os restaurantes investem nas adegas e relutam a investir nos copos", queixa-se Weihermann.

Mannes aprova plano de recuperação judicial Fonte Jornal Valor Econômico Sérgio Ruck Bueno de Porto Alegre 09/10/2014 às 05h00 A Mannes, fabricante de colchões com sede em Guaramirim (SC), aprovou em assembleia de credores o plano de recuperação judicial que prevê até 138 meses para o pagamento de dívidas e a venda de uma unidade produtiva em Erechim (RS). Os débitos inscritos no processo somam R$ 80 milhões. A aprovação permite "arrumar a casa" e manter as operações sem queda da receita bruta, que deve repetir neste ano os R$ 250 milhões de 2013, diz o advogado da empresa, Thomas Müller. Segundo ele, a recuperação judicial solicitada em dezembro do ano passado e deferida pela Justiça em janeiro foi necessária devido aos custos financeiros decorrentes do agressivo programa de expansão dos últimos cinco anos, que colocou a empresa entre as maiores do segmento no país. Neste período a Mannes aportou R$ 50 milhões para ampliar a matriz e inaugurar filiais em Erechim e Sorocaba (SP), bancados principalmente por linhas de capital de giro, com taxas mais elevadas. Como resultado da expansão, o faturamento saltou de R$ 60 milhões para R$ 250 milhões por ano, mas em meados de 2012 a dívida bruta chegou a R$ 140 milhões e consumia R$ 3 milhões por mês entre juros e amortizações. Com isto, a empresa recorreu a descontos de duplicatas e adiantamento de recebíveis com fundos especializados (FIDCs). Em outubro de 2013, 100% das receitas e até vendas ainda não faturadas estavam comprometidas com esses mecanismos. A Mannes tem ainda pouco menos de R$ 2 milhões em passivos tributários fora da recuperação judicial, mas a maior parte já foi renegociada por meio do "Refis da Copa", com pagamentos de R$ 10 mil por mês. O restante são débitos de ICMS com o governo catarinense, também em negociação. Conforme Müller, embora o plano de recuperação não estabeleça deságio, garante uma redução de 50% nas dívidas quando trazidas a valor presente devido aos prazos e índices de correção. Os débitos com garantia real com o Banco do Brasil e Banrisul serão pagos em 120 meses, após 18 de carência, e corrigidos pela TR mais 0,5% ao mês. A dívida com o Badesc (banco de fomento do governo catarinense) será liquidada com a venda ou dação em pagamento de imóveis não operacionais em Guaramirim. Os débitos trabalhistas serão pagos em até 12 meses, corrigidos pela TJLP, com teto de 30 dias após a aprovação do plano, em 1º de outubro, para as parcelas de até cinco salários mínimos por funcionário. Os quirografários até R$ 500 mil foram alongados em 36 meses após 24 de carência, e os superiores a este valor, em 120 meses e 18 de carência, com correção pela TR 25


mais 4% ao ano. Os fornecedores, prestadores de serviços e financiadores que mantiverem o crédito para a Mannes no período de recuperação terão os pagamentos acelerados. Segundo Müller, após o pedido de recuperação a Mannes obteve um novo empréstimo de capital de giro de R$ 6,5 milhões, que lhe deu melhores condições de negociar insumos e matérias-primas. Também reduziu custos com a diminuição do número de gerências e diretorias sem cortar o quadro geral de 1,2 mil funcionários, reajustou preços e aumentou as vendas. O plano prevê ainda a venda de imóveis não operacionais, equipamentos e da carteira de clientes da fábrica de espumas automotivas em Erechim (que funciona em prédio alugado), mas essas operações são facultativas e se não forem concretizadas não haverá descumprimento do programa de recuperação. Conforme o advogado, a unidade industrial na cidade gaúcha vinha apresentando baixo resultado e sua produção poderá ser transferida para Guaramirim para reduzir custos operacionais.

Após relançar básicos, Hering muda logomarca e investe em marketing Fonte Jornal Valor Econômico Cibelle Bouças 08/10/2014 às 18h42 SÃO PAULO - Depois de reduzir os preços de parte de sua coleção de produtos básicos em agosto, a Cia. Hering muda agora a sua logomarca e lança nova campanha de marketing. Tratase de mais uma iniciativa para retomar o ritmo de crescimento das vendas. No primeiro semestre a receita encolheu e o lucro, também. Em agosto, a companhia reformulou a sua linha de produtos básicos camisetas, regatas e camisas , após fechar o segundo trimestre com resultado abaixo do esperado por analistas. Os investimentos na logomarca e na campanha de marketing não foram divulgados. De abril a junho, a empresa registrou queda de 16,5% no lucro líquido, para R$ 74,2 milhões. A receita líquida caiu 3,7%, na comparação com igual período do ano passado, para R$ 419,7 milhões. Luís Bueno, diretor da marca Hering e Hering For You, disse que a maioria dos produtos da linha de básicos já está nas lojas e os preços de entrada estão mais baixos que aqueles praticados no segundo trimestre. A meta, claro, é estimular as vendas. “A ideia é ter novos modelos de básicos chegando a cada mês nas lojas”, disse Bueno. A companhia encerrou o segundo trimestre com estoque 3,8% menor, de R$ 384,4 milhões, e tinha como expectativa uma melhora nos resultados do terceiro trimestre, com a entrada de novas coleções. Uma das apostas é a coleção de verão prevista para chegar às lojas no dia 15. A Hering tem 775 lojas no país e no exterior — entre próprias e franquias, com as bandeiras Hering Store, PUC, Hering Kids e Dzarm, segundo dados do balanço publicado em agosto. Também fornece para 18.109 varejistas físicos e quatro virtuais. A nova logomarca mantém os dois peixinhos, que representam os irmãos Hering, fundadores da marca, mas o nome ganhou um “design mais moderno”, segundo a empresa. O resultado do terceiro trimestre será divulgado no dia 22 de outubro. 26


Alta de juros e impostos Fonte Jornal Folha de São Paulo 09/10/2014 02h00 A inflação acumulada em doze meses passou de 6,51% em agosto para 6,75% em setembro. O aumento de dois décimos obviamente não vai causar revolta popular. Também não basta para tornar, por enquanto, ainda pior a avaliação de uma política econômica que conseguiu produzir crescimento quase zero com inflação resistente em níveis preocupantes e além do mais maquiada por controles de preços insustentáveis. Por enquanto. O próximo presidente vai ter de lidar com uma carestia cada vez mais complicada e custosa de abater. A inflação acumulada ficou perto do previsto no mais recente Relatório de Inflação do Banco Central, publicado no final de setembro, estimada em 6,6%. Mas, para começar, as projeções do Banco Central, e não apenas por lá, pressupunham uma taxa de câmbio, o "preço do dólar", mais comportada, em torno de R$ 2,25. Dólar mais caro, em tese e tudo mais constante, pressiona os demais preços para cima. Por enquanto, temos visto o dólar variando em torno de R$ 2,40. Dadas as cambalhotas costumeiras do mercado de moedas e as reviravoltas que temos visto desde pelo menos maio do ano passado, é muito difícil saber se o câmbio vai se acomodar nesse nível, se vai baixar ou dar outros saltos. Mas a previsão do tempo não é de calmaria, dadas as mudanças importantes na economia mundial. Isto é, trata-se da tão especulada mudança da política monetária americana (alta de juros, menos capital sobrando no mundo), do ritmo menor de crescimento chinês, da queda do preço de produtos importantes das exportações do Brasil, todos em tese fatores de desvalorização do real. Problemas econômicos domésticos aliados às incertezas típicas de mudança de governo devem contribuir para o encarecimento do dólar, pelo menos até o fim da eleição, do ano ou talvez até bem entrado o ano de 2015, a depender da política econômica insinuada pelo próximo presidente. Um problema de tolerar uma inflação rondando os 7% por muito tempo pode ser até político. A julgar por pesquisas de percepção da situação econômica dos últimos anos, a insegurança econômica, para não dizer irritação, costumava a aumentar com inflação acima de 6%, mais ou menos a depender da alta de preços de comida e bebida, que aliás voltaram a incomodar de novo, pelos dados de setembro. Um outro problema, claro, é que o custo de conter a alta de preços aumenta com a alta e a persistência da inflação. Além do mais, uma atitude tolerante, para não dizer negligente, do próximo governo vai deteriorar ainda mais as expectativas e não apenas de inflação. Em suma, a alta da inflação por ora parece marginal, mas vai reduzindo o espaço e o tempo de manobra do presidente que assumir em janeiro. Em geral, é possível manter a inflação sob controle com uma combinação de controle de gastos públicos com taxas de juros. Mas não há nem tempo nem meios para tentar segurar preços com política fiscal (gastos), dada a miséria da arrecadação de impostos e despesas obrigatórias, embora metas críveis para o déficit e um aumento de impostos pudessem ajudar. O trabalho todo vai sobrar para a taxa de juros. Ou vai sobrar coisa pior.

Estamos aprisionados em um ciclo de booms de crédito Fonte Jornal Folha de São Paulo 08/10/2014 15h09 Grandes expansões no crédito seguidas por crises e tentativas de administrar suas consequências se tornaram um traço característico da economia moderna. Hoje, os Estados Unidos e Reino Unido podem estar escapando da crise que os atingiu sete anos atrás. Mas a zona do euro continua atolada em estagnação pós-crise e a China está enfrentando dificuldades com as dívidas acumuladas em seus esforços para compensar a perda de receitas com exportação depois que a crise chegou, em 2008. 27


Sem um boom insustentável de crédito em algum lugar, a economia mundial parece incapaz de gerar crescimento de procura suficiente para absorver a oferta possível. Parece que temos uma lei da conservação dos booms de crédito. Considere os últimos 25 anos: um boom de crédito no Japão que desmoronou em 1990; um boom de crédito nas economias emergentes asiáticas que desmoronou em 1997; um boom de crédito nas economias do Atlântico Norte que desmoronou em 2007; e por fim a China. Cada um desses booms é recebido como uma nova era de prosperidade, mas termina desmoronando em forma de crise e das consequências prejudiciais de uma crise. Os autores de um novo e fascinante estudo, "Redução da Alavancagem: Que Redução da Alavancagem?", não contemplam hipóteses distópicas como as propostas por mim. Com ou sem razão, consideram que esses ciclos de crédito sejam eventos essencialmente independentes. Mas o relatório é inestimável, mesmo assim. Revela claramente a natureza limitada da redução do endividamento, pós-crise, os problemas da zona do euro e os grandes desafios que a China agora precisa encarar. Se você observar o mundo como um todo, não houve redução agregada do endividamento, de 2008 para cá. O mesmo se aplica às economias de alta renda se vistas como bloco integrado. Os setores financeiros reduziram seu endividamento, nos Estados Unidos e Reino Unido; o mesmo se aplica aos domicílios dos Estados Unidos, e em menor grau aos britânicos. Houve até uma convergência no passivo domiciliar entre os Estados Unidos e a zona do euro como um todo. Enquanto isso, a dívida pública subiu acentuadamente. Que crises financeiras levam a saltos nos deficit fiscais foi uma das mais importantes constatações de "This Time isDifferent", de Kenneth Rogoff e Carmen Reinhart, economistas da Universidade Harvard. Desde a crise, a razão entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB) subiu em 46 pontos percentuais no Reino Unido e 40 pontos nos Estados Unidos, ante 26 pontos na zona do euro. Mesmo nos Estados Unidos, onde a redução do endividamento privado foi rápida, a queda geral foi pequena. Isso não precisa ser um desastre: se o balanço do governo é mais robusto que o de boa parte do setor privado, cabe a ele suportar a sobrecarga. Desde 2007, arazão total de endividamento, excluído o setor financeiro, subiu em 72 pontos percentuais na China, e atingiu os 220% do PIB. Pode-se debater se esse nível é sustentável. Mas não há como argumentar que um ritmo tão acelerado de alta seja sustentável; não é possível que o seja. A alta no endividamento tem de parar, com efeitos talvez significativamente mais adversos sobre a China do que o consenso atual antecipa. Os ciclos de crédito importam porque com grande frequência se provam destrutivos. O relatório divide as possíveis consequências em três categorias: nas de "tipo 1", como aconteceu na Suécia no começo dos anos 90, o nível de produção cai e jamais recupera a tendência que mantinha antes da crise, mas o ritmo de crescimento se recupera; no "tipo 2", como no Japão dos anos 90 em diante, não existe queda absoluta na produção mas o crescimento potencial cai para bem abaixo do nível prevalecente antes da crise; e no "tipo 3", como na zona do euro, e provavelmente nos Estados Unidos e Reino Unido, hoje, há tanto queda na produção quanto possível queda permanente no potencial de crescimento. Existem diversos possíveis motivos para essas perdas permanentes de produção e crescimento. Uma é que a tendência anterior à crise fosse insustentável. Outra está nos danos à confiança,e com ela investimento e inovação, que uma crise financeira causa. Mas entre os mais importantes está a dívida acumulada. Como mostra o relatório, reduzir dívidas é difícil. Falências em massa, como nos anos 30, são devastadoras. Mas trabalhar para reduzir dívidas acarreta a possibilidadede um círculo vicioso que conduz da dívida alta ao baixo crescimento, e de volta a dívida ainda mais alta. As taxas de juros de longo prazo são baixas, hoje, nas economias de alta renda. Na zona do euro isso se deve principalmente à promessa de Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), em julho de 2012, de que faria "o que quer que fosse necessário". Infelizmente, o crescimento do PIB nominal na zona do euro também é assustador: a inflação é ultrabaixa e 28


o PIB real cresce muito pouco, sob o efeito da reacomodação fiscal e de uma procura estruturalmente inadequada, por parte do setor privado. Incrivelmente, a zona do euro parece estar esperando pelo Godot da demanda mundial para que a conduza ao crescimento e à sustentabilidade da dívida. Isso poderia funcionar para países pequenos. Mas não funcionará para todos os países. O relatório fala de uma "combinação venenosa... entre dívida alta e em alta e crescimento baixo e em baixa do PIB (tanto nominal quanto real)". A periferia da zona do euro, acrescenta o estudo, é o lugar em que esse loop perverso de dívida e crescimento se faz sentir com mais intensidade. Isso não surpreende. Os países da zona do euro abalados pela crise estão correndo e ainda assim caminhando para trás. As políticas da zona do euro tornam impossível o crescimento necessário. Administrar as dificuldades do pós-crise requer uma combinação de reconhecimento imediato de prejuízos, recapitalização do setor bancário e políticas fiscal e monetária fortemente estimulantes (nos países em que sejam viáveis) para sustentar o crescimento econômico. O objetivo deveria ser usar as duas lâminas da tesoura: redução direta da dívida e recapitalização, por um lado, e forte crescimento econômico, por outro. Foram os Estados Unidos que mais se aproximaram de encontrar a combinação certa. Mas a maior lição dessas crises é não permitir, já desde o começo, que a dívida se adiante à capacidade de uma economia para sustentá-la em longo prazo. A esperança é que uma política macroprudencial possa propiciar esse resultado. Bem, a esperança é a última que morre. Esses booms de crédito não vieram do nada. São resultado de políticas adotadas para sustentar a demanda depois do colapso de bolhas anteriores, em geral ocorridas em outras áreas da economia mundial. Foi isso que aconteceu na China. Precisamos escapar desse ciclo sombrio e aparentemente incansável. Mas, por enquanto, vivemos a barganha faustiana que fizemos com os booms de crédito criados pelo setor privado. E muito mais problemas decerto nos aguardam.

Presidente do FMI pede reforma trabalhista e de infraestrutura no País FONTE JORAL O ESTADO DE S. PAULO09 Outubro 2014 às11h 10

De acordo com Lagarde, Brasil e outras economias precisam agir para evitar que expansão mundial entre em nível 'medíocre' A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, recomenda que Brasil faça investimentos para melhorar a infraestrutura deficiente e reformas no mercado de trabalho. O governo brasileiro e de vários outros países precisa agir para tentar evitar que o expansão da economia mundial entre em um nível "medíocre". "Reformas estruturais são uma prioridade para destravar o crescimento", afirma. As recomendações de Lagarde estão na agenda de política econômica apresentada hoje ao Comitê Monetário Financeiro Internacional (IMFC, na sigla em inglês), órgão que dá as diretrizes políticas para o FMI. "Reformas decisivas são necessárias para estimular a confiança e elevar o crescimento potencial de hoje e de amanhã", afirma a diretora-gerente no texto. O Brasil é citado duas vezes no texto. A primeira é quando Lagarde fala da necessidade de reformas no mercado de trabalho, necessária tanto na economia brasileira como nos Estados Unidos, zona do euro, China e Índia. "Estas reformas são uma prioridade", afirma a dirigente, destacando que elas podem melhorar a produtividade dos trabalhadores, tendo assim reflexos positivos na confiança dos agentes e na atividade econômica. Lagarde cita o Brasil novamente quando fala da necessidade de medidas para estimular o investimento. O país, ressalta ela, precisa reduzir os gargalos em infraestrutura, assim como é o caso de África do Sul e Índia. "O investimento em infraestrutura vai estimular a demanda e 29


fortalecer o crescimento", destaca a diretora do FMI, ressaltando que em países emergentes e desenvolvidos, o investimento público em obras de infraestrutura deve ser uma prioridade, mas feito com responsabilidade. "O último retrato da economia mundial parece desconfortavelmente familiar: um recuperação frágil e desigual, com um crescimento menor que o esperado e com crescentes riscos (para as taxas serem ainda menores)", afirma Lagarde. Por isso, nas políticas econômicas, a fiscal deve ser amigável à atividade econômica; a monetária, nos países desenvolvidos, deve permanecer apoiando a atividade. Nesta última, porém, Lagarde reconhece que enquanto a zona do euro precisa de mais estímulos monetários, os EUA têm o desafio de gradualmente normalizar sua política. A dirigente pede ainda que os governos fiquem vigilantes aos riscos do mercado financeiro mundial, principalmente no crescimento do sistema não bancário (chamado de "shadow banking") e se preparem para um ambiente menos favorável, por conta da normalização das políticas monetárias nos países desenvolvidos. Para os emergentes, a recomendação é que reconstruam colchões de proteção e as taxas de câmbios sejam usadas para absorver choques. Lagarde fala ainda da necessidade de maior cooperação entre os países, para evitar que distorções se exacerbem na economia mundial. "A agenda fala da necessidade de reforçar a cooperação para minimizar o contágio adverso da normalização de política monetária, reavaliação das estratégias de políticas fiscais e implementação de reformas estruturais para revigorar o crescimento e a criação de emprego", afirma Lagarde. "A economia global se fortalece, mas permanece longe de estar robusta." Inflação. Nos países emergentes, Lagarde afirma que a inflação está acima da meta em vários países e excessos no setor financeiro são crescentes na China. A dívida corporativa aumentou em alguns destes mercados, a consolidação fiscal está atrasada e as reformas estruturais têm sido desiguais. No geral, é preciso lidar com problemas estruturais nestes mercados, afirma. Na parte final do documento, Lagarde ressalta ainda que não houve avanços na reforma de cotas do FMI. Os países emergentes, como Brasil e China, querem mais poder de voto na instituição.

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