SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 11 DE SETEMBRO DE 2014
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Inflação só caminhará para meta em 2016, diz BC; veja, com tradução, os 4 trechos essenciais da mensagem FONTE: JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO POR DINHEIRO PÚBLICO & CIA 11/09/14 09h 27 O Banco Central divulgou uma ata de 33 parágrafos para explicar por que manteve sua taxa de juros de em 11% ao ano e quais são suas intenções daqui para a frente. Sem muito alento a oferecer neste final de governo, a mensagem pode ser resumida em quatro trechos essenciais, reproduzidos abaixo com a devida tradução do idioma do BC. “Avaliando a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 11,00%.” Tradução - “O BC não pode reduzir os juros, porque a inflação está alta, mas também não pode elevá-los, porque a economia mostra sinais de recessão.” Nota - Copom é o Comitê de Política Monetária, formado pela cúpula do BC, e Selic é a taxa de juros, que se mantém inalterada desde abril. “A projeção de inflação para 2014 diminuiu, (…) mas permanece acima da meta (…). Para 2015, (…) as projeções se mantiveram estáveis, acima da meta; e, nos trimestres iniciais de 2016, as projeções indicam que a inflação entra em trajetória de convergência.” Tradução - “Deixando o juro como está, a inflação começa a cair em 2016, mas não há previsão de quando a meta de 4,5% será atingida.” Nota - A inflação está acima da meta desde 2010 e nos últimos 12 meses ficou 0,01 ponto percentual acima do teto de 6,5%. “Apesar de a inflação ainda se encontrar elevada, o Copom pondera que pressões inflacionárias ora presentes na economia (…) tendem a arrefecer (…). Em prazos mais curtos, some-se a isso do deslocamento do hiato do produto para o campo desinflacionário.” Tradução - “Como a economia encolheu e não deve se recuperar tão cedo, o desânimo dos empresários e consumidores vai segurar a alta dos preços.” Nota - O Produto Interno Bruto (medida da produção nacional) caiu 0,2% no primeiro trimestre e 0,6% no segundo; as previsões para o ano se aproximam de zero. “Não obstante a concessão, neste ano, de reajuste para o salário mínimo não tão expressivo quanto em anos anteriores, bem como a ocorrência nos últimos trimestres de variações reais de salários mais condizentes com as estimativas de ganhos de produtividade do trabalho, o Comitê avalia que a dinâmica salarial ainda permanece originando pressões inflacionárias de custos.” Tradução - “O mercado de trabalho ainda precisa piorar mais para que a inflação baixe.” Nota - O baixo patamar de desemprego é um dos principais trunfos eleitorais da presidente Dilma Rousseff, segundo a qual seus adversários provocarão demissões com o propósito de conter a inflação.
Comércio fecha julho com maior queda mensal desde outubro de 2008 FONTE: JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO PEDRO SOARES DO RIO 11/09/2014 10h 34 O comércio varejista do país registrou uma queda de 1,1% nas vendas em julho, em comparação com o mês anterior. É o pior resultado desde outubro de 2008, quando houve o estouro da crise global. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (11). O resultado aprofunda a perda do varejo, que há seis meses não registra crescimento. Em junho, as vendas já haviam recuado 0,7%. Na comparação de julho com igual período de 2013, as vendas caíram 0,9%. Apesar da retração, no acumulado deste ano o resultado ainda é positivo, com alta de 3,5%. Na taxa de 12 meses encerrados em julho, o setor registrou uma alta de 4,3%. 2
O comércio foi um dos destaques negativos do PIB do segundo trimestre, puxado para baixo por conta do menor movimento provocado pela Copa, evento que reduziu os dias úteis e o horário de funcionamento no varejo, devido aos feriados em cidades-sede e a dispensa de trabalhadores durante os jogos. Os dados de julho ainda mostram ainda os efeitos da Copa e indicam que a freada do consumo, já vista no PIB do segundo trimestre, pode se intensificar. SETORES Dentre os setores pesquisados, os piores desempenhos de julho ficaram com supermercados e demais lojas de alimentos e bebidas, com perda de 1,3%, e móveis e eletrodomésticos, cujo recuo foi de 4,5%. Esses são os dois ramos de maior peso no comércio e ditaram, portanto, a retração das vendas do setor no período. Excluindo lojas de alimentos e bebidas, o ramo de super e hipermercados registrou queda maior, de 1,5% na comparação com junho de 2014. Frente a junho, também tiveram queda vestuário (0,1%) e outros artigos de uso pessoal e domésticos (0,4%). Por outro lado, outras atividades tiveram bom desempenho e evitaram um tombo ainda maior do varejo em julho. É o caso da expansão das vendas de combustíveis (0,8%) e e equipamentos de informática (0,9%). VAREJO AMPLIADO O IBGE também mede o desempenho do chamado comércio varejista ampliado, que inclui setores cujas vendas também são destinadas ao atacado. Nesse caso, as vendas cresceram 0,8% em julho, na esteira da recuperação do setores de veículos e construção, que registraram expansão de 4,3% e 3,8%, respectivamente. CONFIRA O RESULTADO EM JULHO POR ATIVIDADE (EM %) JUL/JU JUL/JUL ACUMULADO NO ACUMULADO 12 ATIVIDADES N 2013 ANO MESES COMÉRCIO VAREJISTA -1,1 -0,9 3,5 4,3 Combustíveis e lubrificantes 0,8 -0,4 3,4 4,6 Hiper, supermercados, alimentos e -1,3 -0,1 3,0 3,2 bebidas Tecidos e calçados -0,1 -4,4 -1,3 0,9 Móveis e eletrodomésticos -4,1 -9,2 2,9 3,9 Artigos farmacêuticos e perfumaria 0,0 6,1 9,5 10,4 Informática e comunicação 0,9 -8,5 -3,8 2,2 Livros, jornais e papelaria 2,1 -12,4 -6,5 -3,6 Artigos de uso pessoal e doméstico -0,4 5,9 9,0 9,8 COMÉRCIO VAREJISTA AMPLIADO 0,8 -4,9 -0,6 1,1 Veículos e motos 4,3 -12,5 -8,6 -5,2 Material de construção 3,8 -3,2 1,2 3,4 Fonte: IBGE
Petrobras irá testar veículos com maior percentual de etanol na gasolina Fonte: Folha de São Paulo DA REUTERS11/09/2014 08h44 A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) autorizou a Petrobras Distribuidora a comercializar combustível constituído por 72,5% de gasolina e 27,5% de etanol anidro para realização de testes de avaliação da viabilidade técnica da mistura. No início deste mês, o plenário do Senado aprovouprojeto de lei que aumenta o percentual de biodiesel no diesel e que também autoriza o governo a elevar a mistura de etanol anidro na 3
gasolina, desde que constatada sua viabilidade técnica. O projeto aguarda sanção da presidente Dilma Rousseff. Em autorização publicada nesta quinta-feira (11) no Diário Oficial da União, a ANP informou que os testes com o combustível serão realizados em veículos da Volkswagen e da Caoa, que poderão consumir um limite de 385.000 litros e 150.000 litros, respectivamente, no âmbito das avaliações. A autorização da agência reguladora tem prazo de vigência de 190 dias. Atualmente, o Brasil mistura 25% de etanol anidro à gasolina, trabalhando no limite superior estabelecido pela lei. Com maior proporção de combustíveis renováveis nos fósseis, o governo busca aliviar a necessidade de importação de derivados de petróleo, que tem afetado as contas da Petrobras. O aumento da mistura de etanol, defendido pelo setor sucroalcooleiro, também poderia amenizar a crise vivida pelas usinas de cana, já que o anidro é mais caro do que o hidratado (usado pelos veículos flex) e poderia ser fonte de receita adicional para as indústrias. EXPORTAÇÕES O setor sucroalcooleiro também foi beneficiado pela decisão do governo de o incluir no Reintegra, mecanismo que devolve à empresa um percentual das exportações de produtos manufaturados na forma de créditos tributários. Empresários do setor avaliaram positiva a medida, mas afirmaram que ela ainda é "insuficiente" para acabar com a crise nas usinas de açúcar e álcool no país.
Editorial: Universidade com aspas Fonte: Folha de São Paulo 11/09/2014 02h00 O Ranking Universitário Folha (RUF), na terceira edição, deixa evidente que o sistema de ensino superior brasileiro prossegue esquizofrênico. Por aqui se chamam de universidades instituições com perfis e missões muito díspares. Universidades existem para produzir conhecimento, e não só reproduzi-lo. Satisfazer tal premissa lhes permite casar pesquisa científica com ensino e, assim, formar pessoas capazes de aplicar o saber em soluções para desafios sociais. Não é essa a realidade de quase duas centenas de universidades cadastradas no Ministério da Educação (MEC) quando foram coletados os dados do RUF. Das 192 que entraram na lista, 176 (92%) não chegaram a publicar um artigo científico por docente em dois anos. O contraste com as universidades de elite é marcante. A Unicamp, por exemplo, teve 3,35 publicações por professor em 2010-2011. Isso não quer dizer que 9 entre 10 universidades sejam inúteis. Nelas estão 7 milhões de pessoas que formarão a elite da mão de obra nas próximas décadas. O ideal seria que houvesse muito mais matrículas. Mas não se expande a educação de terceiro grau no ritmo necessário sem comprometer algo da qualidade inclusive devido às deficiências no ensino médio. Os centros de primeira linha, que dão tempo e condições para seus docentes fazerem pesquisas, terão sempre clientela restrita. As três irmãs paulistas (USP, UNICAMP e UNESP), responsáveis por 40% das publicações científicas nacionais, reúnem menos de 10% do total de 1,76 milhão de matrículas de graduação no Estado. O Brasil precisa, sim, de escolas superiores para qualificar a força de trabalho e melhorar a produtividade da economia. Essa é a vocação da maioria das instituições particulares e de tantas públicas, como as várias que têm sido inauguradas pelo governo federal. Designá-las todas como universidades e delas exigir o cumprimento de quesitos burocráticos mais apropriados a centros de pesquisa (como manter um terço de professores pósgraduados) pode dificultar essa missão, por desviar o foco do ensino propriamente dito. Além disso, confunde-se o público ao misturar verdadeiras universidades com as que só merecem o título com o acréscimo de aspas. 4
Nessa confusão apostam as instituições que se esforçam para cumprir apenas o mínimo das exigências do MEC a fim de manter a denominação prestigiosa. Sua motivação está no mercado, não na ciência, e é injusto lista-las na mesma categoria das que se distinguem pela excelência em pesquisa. O RUF também enfrenta essa dificuldade. Por isso tem modificado sua metodologia, a partir de sugestões e críticas, para tornar essa ferramenta mais útil. Nenhum ranking tem um conjunto inquestionável de critérios mas isso não desobriga seus responsáveis de aperfeiçoá-lo de maneira contínua.
Perspectivas industriais Fonte: Folha de São Paulo 11/09/2014 02h00 Nos últimos meses, usei o livro "Padrões de Desenvolvimento Econômico, Estudo Comparativo de 13 Países: América Latina, Ásia e Rússia", organizado pelo professor da UFRJ Ricardo Bielschowsky e editado pelo CGGE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos), para tratar das experiências de desenvolvimento desde o pós-Guerra de diversos países que costumam ser alvo de comparações com o Brasil. Não foram abordados todos os treze países do livro, mas os principais: Coréia do Sul, China, Indonésia, México, Chile, Venezuela e Rússia. A Argentina foi tema de artigo mais antigo (24.jan.2013), que teve por base versão preliminar de seu capítulo. O desenvolvimento brasileiro é o mote central da coluna. Hoje encerro tal sequência de artigos, usando a conclusão, escrita pelo organizador, como ponto de partida para refletir sobre os resultados e as perspectivas da industrialização nessas regiões. Há semelhanças visíveis. Todos os países se industrializaram em algum grau, para o que utilizaram vários instrumentos de protecionismo e ativismo estatal. Todos passaram por urbanização intensa, embora na América Latina (AL) isso tenha ocorrido mais cedo, mais rápido e mais descontroladamente do que na Ásia. Todos contaram com ampla oferta de mão de obra. Há também diferenças marcantes e interligadas. A América Latina é bem mais rica em recursos naturais do que a Ásia, com a exceção parcial da Indonésia. Isso implica que a pobreza era de início maior na Ásia. Em contrapartida, a concentração de renda era -e em geral ainda é- maior na AL. As diferenças se refletiram nas estratégias adotadas. Na Ásia, a escassez de recursos naturais -e, logo, de divisas- fez com que a busca do mercado externo fosse condição para viabilizar a industrialização. A relevância geopolítica da região na Guerra Fria permitiu baseá-la em empresas nacionais ou ser seletivo na atração do capital estrangeiro, impondo contrapartidas, por exemplo, em termos de transferência de tecnologia. Os asiáticos resistiram mais em liberalizar a movimentação de capitais, o que os deixaram menos expostos a crises externas. Na AL, a partir dos anos 1970, a dificuldade de criar uma indústria inovadora e autônoma deu força às críticas liberais e levou à reprimarização da estrutura produtiva, com exceção parcial do México e sua indústria dependente dos EUA ("maquiladoras") e do Brasil, em que a indústria de transformação sofre, mas resiste. Como resultado, o crescimento foi em geral bem menos descontínuo na Ásia. Porém, mesmo crescendo mais, a maior pobreza inicial faz os asiáticos continuarem a ter rendas per capita inferiores às dos latino-americanos, com a exceção da Coreia do Sul, o caso mais bem-sucedido de industrialização tardia. Essa é uma conjugação problemática para as perspectivas industriais do Brasil e da AL. O sucesso industrial e tecnológico de Coreia e China -além do Japão e de países menores como Taiwan- tem adicionalmente a vantagem de contar com enorme oferta de mão de obra barata entre seus vizinhos asiáticos. É difícil enfrentar tal concorrência. A solução liberal de reforçar unilateralmente a abertura comercial e combater o "custo Brasil" para induzir a competitividade e atrair o capital 5
estrangeiro não deu bons resultados nos anos 1990, aumentando a vulnerabilidade externa e sendo incapaz de sustentar o crescimento. Por outro lado, se é desejável que a política econômica busque reduzir os juros e ter um câmbio menos apreciado, uma dose exagerada de desvalorização para fazer frente à Ásia prejudicaria a renda real dos trabalhadores. Ademais, o ajuste fiscal para compensar o efeito cambial comprometeria o crescimento por um bom tempo. Em particular, a alternativa é difícil de ser seguida porque a elevação dos preços das commodities com a emergência da China permitiu que a AL pusesse em marcha um inédito processo de inclusão social e distribuição de renda. Para destravar o caminho, é preciso criar condições para que as empresas locais se posicionem melhor e mesmo liderem cadeias de geração de valor, tendo a inovação e a presença global como vetores da busca dos lucros. Evidentemente, isso não precisa se restringir aos setores ligados a recursos naturais. Porém esse é provavelmente o melhor começo para qualificar o capitalismo e a indústria na AL e no Brasil. E nada como um bom começo.
Regra que facilita fechar empresas vai sair até a próxima sexta-feira Fonte: Folha de São Paulo SOFIA FERNANDES DE BRASÍLIA 11/09/2014 02h 00 O governo federal vai acabar com a obrigação da apresentação de certidões negativas de débitos tributários, trabalhistas e previdenciários para abertura e fechamento de empresas. A nova norma será publicada até esta sexta-feira (12), segundo apurou a Folha. De acordo com o ministro Guilherme Afif Domingos, da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, a partir de novembro, para dar baixa em uma empresa, o proprietário vai precisar apenas se dirigir à junta comercial. Eventuais débitos serão transferidos para as pessoas físicas responsáveis, e a Receita Federal fará a cobrança dessas dívidas. A medida visa reduzir a burocracia envolvida no fechamento de firmas, alvo constante de críticas em análises sobre o ambiente de negócios do país, e dar fim às empresas "fantasmas", que só existem no papel. Com a medida, espera-se diminuir também o tempo de abertura de empresas, que hoje é de 107,5 dias, de acordo com dados divulgados pelo Banco Mundial. A simplificação nos registros de empresa será explorada pela campanha eleitoral de Dilma como um trunfo da política microeconômica. SUPERSIMPLES Outra medida que poderá beneficiar as pequenas e micro empresas é a criação de faixas intermediárias de tributação. Pelo Supersimples, que atende empresas com faturamento anual de até R$ 3,6 milhões, as alíquotas do tributo unificado variam de 4% a 22,45%. Para cada degrau de faturamento incide uma alíquota. Nesta quarta-feira, Dilma reiterou que irá transformar esses "degraus" numa "rampa", para que empresas possam crescer "sem medo". Um projeto de lei nesse sentido está em discussão no governo, que se comprometeu a encaminhá-lo ao Congresso ainda este ano. Uma das alternativas é aplicar o imposto maior somente sobre o aumento de faturamento, e não sobre o faturamento inteiro. "Vamos apresentar uma proposta neste ano, aí o Congresso que vai decidir. Estamos num processo eleitoral, não sei o que vai sair dele, mas não importa, nós não estamos trabalhando com o calendário eleitoral", disse Afif.
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FECOMÉRCIO SP Intenção de consumo das famílias é a menor em cinco anos Fonte: Jornal Valor11/09/2014 às 11h02 SÃO PAULO - Após a sexta queda consecutiva, o índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) atingiu no mês passado 107,9 pontos, menor valor da série histórica, iniciada em agosto de 2009. A pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FECOMÉRCIO SP) é realizada todos meses com 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O levantamento mostra ainda que entre janeiro e agosto deste ano, o indicador caiu 13,5%. Na comparação com julho, a queda foi de 1,4%. De acordo com a entidade, desde o início da pesquisa, é a primeira vez que três dos sete itens avaliados estão abaixo dos cem pontos, que marca a divisão entre satisfação e insatisfação, refletindo a perda no interesse por compras e contratação de serviços nos últimos meses. No mês passado, o item perspectiva de consumo registrou 98,3 pontos, queda de 2,5% ante 100,9 em julho. Os itens nível de consumo atual e momento para duráveis atingiram 83,3 e 90,9 pontos. Além disso, este é o 19° mês seguido que o item nível de consumo atual fica abaixo de cem pontos. De acordo com os economistas da FECOMÉRCIO SP, o resultado evidencia que as famílias decidiram gastar menos, estão inseguras com relação ao futuro e refletem o atual patamar de inflação e de juros, que elevam os preços de produtos e serviços e reduzem o poder de compra das famílias. O quesito renda atual da pesquisa diminuiu 18,5% desde janeiro - de 148,5 pontos para 121,0 pontos. Quanto à avaliação em relação ao mercado de trabalho, os itens emprego atual (126 pontos) e perspectiva profissional (112,6 pontos) ficaram praticamente estáveis na comparação mensal. Na comparação anual, no entanto, a perspectiva profissional está 12,2% menor do que agosto de 2013. Isso sinaliza que as famílias acreditam na piora do mercado de trabalho em relação ao que avaliavam há um ano.
Setor intensifica processo de ajuste do custo de mão de obra Fonte: Jornal Valor Denise Neumann São Paulo 11/09/2014 às 05h00 A indústria continua fazendo um esforço para ajustar seus custos com pessoal. E dessa vez tem tido sucesso, o que pode ajudar a explicar por que os dados de lucratividade têm sido positivos em meio à recessão suave pela qual passa o país. Os dados da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o gasto total da indústria com a folha de pagamento não cresceu nos últimos 12 meses. Os salários de quem continuou empregado subiram (nos 12 meses encerrados em julho estavam 2,3% maiores que nos 12 meses anteriores), mas a indústria demitiu e com isso reduziu seu custo de mão de obra. Nos sete primeiros meses do ano, outro dado é importante para mostrar o esforço da indústria para ajustar custos. A produtividade do setor cresceu um pouquinho (0,3%), mas pelo segundo ano consecutivo deixou de andar muito atrás do custo dos salários, que na mesma comparação subiu 0,6%. Em 2011, a produtividade ficou estável, mas a folha de pagamento real subiu 4,3%, aumentando o peso do salário embutido em uma unidade de produto (um carro, um sapato, uma tonelada de aço). Em 2012, a produtividade caiu 0,4%, e a folha de salários encareceu 4,4%; no ano passado, a indústria começou a demitir (pelos dados da Pimes) e com isso 7
reduziu o número de horas pagas enquanto aumentava a produção, resultando em ganho de 3,5% na produtividade. Neste ano, desde abril, o tombo da indústria impediu o setor de manter ganhos de eficiência, apesar de a indústria continuar o processo de ajuste de pessoal. No primeiro trimestre, a produtividade ainda foi positiva (2,8%), mas caiu no segundo trimestre (-1,9%) e recuperou um pouco em julho, sempre em relação ao mesmo período do ano passado. Em momentos de forte ajuste de produção - como foi o segundo trimestre - é difícil manter ganhos de produtividade. Mas os dados da indústria, olhados no longo prazo, sugerem que o ajuste de custo de pessoal vem sendo feito paulatinamente e há muitos meses, o que deixa o setor mais pronto para recuperar eficiência quando a economia voltar a andar. O problema, de novo, chama-se câmbio. A série do Banco Central que calcula o custo unitário do trabalho em dólares mostra que esse indicador voltou a crescer neste ano. Depois de encerrar 2013 com queda de 6% sobre o fim de 2012, esse custo registra pequena alta de 0,25% no trimestre encerrado em julho deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. A taxa de câmbio no período valorizou-se abaixo da inflação, explicando a pressão adicional. Assim, enquanto a indústria efetivamente age para cortar seus custos, o câmbio, mais uma vez, para de jogar a favor do setor.
Marconini: "Governo não trata comércio exterior como área estratégica" Fonte: Jornal Valor Rodrigo Pedroso e Diogo Martins 11/09/2014 às 10h56 SÃO PAULO - O comércio exterior, historicamente, não está entre as prioridades das políticas econômicas dos governos no Brasil na visão de Mario Marconini, diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). "Na atual gestão federal, o comércio exterior não é visto como área e estratégia e sofre efeitos de medidas que o afetam, mas não o têm como foco principal, como a administração do câmbio", afirma. “O câmbio é importantíssimo para o comércio exterior, mas tem é sido usado para controlar a inflação, pois o resto da economia está desequilibrado", complementou o dirigente. Não há espaço para atuar no câmbio com a política fiscal ou monetária, por exemplo. Então, quem acaba sofrendo com isso é o comércio exterior”, disse Marconini em seminário organizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em São Paulo, com apoio do Valor, sobre os rumos da política de comércio exterior brasileira. Marconini lembra que, de acordo com estudos publicados pela própria FGV, o real está sobrevalorizado. Isso acontece, “por causa da política econômica que usa o câmbio porque não tem outras armas para combater a inflação, enquanto outros países que realmente colocam comércio exterior como prioridade estão todos com o câmbio desvalorizado”, afirmou. O diretor também lamentou a dificuldade em se colocar o tema como uma das prioridades do governo. Segundo ele, “é preciso haver um convencimento de que o comércio exterior é um assunto muito mais estratégico do ele é considerado atualmente.”
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Para segurar reajustes, 20 medidas e R$ 78 bilhões Fonte: Jornal Valor Daniel Rittner e Murillo Camarotto de Brasília 11/09/2014 às 05h00 Um verdadeiro "espaguete" de regras se seguiu à MP 579, mãe de todas as polêmicas, com o objetivo de reduzir as contas de luz ou evitar aumentos de tarifas dolorosos nos bolsos dos consumidores. Levantamento feito por uma grande associação do setor elétrico, que prefere manter-se no anonimato por causa do momento eleitoral, mostra que essa "teia de aranha regulatória" tem ficado cada vez mais complexa: 20 medidas provisórias, decretos presidenciais e resoluções foram publicados nos últimos dois anos com reflexos nos preços do setor. Diminuir ou segurar as tarifas, no entanto, gerou uma conta salgada. A soma de indenizações, aportes do Tesouro Nacional à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e empréstimos da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) para bancar gastos adicionais das distribuidoras chega a R$ 78,5 bilhões. É dinheiro suficiente para construir - com troco - duas usinas hidrelétricas de Belo Monte ou dois trens de alta velocidade Rio-São Paulo-Campinas. Se a fatura incluir o valor da indenização que ainda deve ser paga às transmissoras, encosta em R$ 100 bilhões. Boa parte da conta, porém, acabará sendo arcada pelos próprios consumidores nos próximos anos. O governo aposta na devolução de usinas hidrelétricas que não aderiram ao plano de renovação das concessões, preservando tarifas mais altas até 2015, para minimizar esse impacto. Um consultor com prestígio no mercado avalia que é importante não atribuir à MP 579 toda essa conta bilionária. A fatura inicial aumentou significativamente por causa da decisão de Cesp, Cemig e Copel de não renovar as concessões de suas hidrelétricas. O especialista lembra que isso exigiu não só mais recursos do Tesouro para manter a promessa de redução de 20% das tarifas, mas também provocou um "descasamento" entre a oferta de energia barata e as necessidades de suprimento das distribuidoras, que precisaram recorrer ao mercado de curto prazo quando os preços do megawatt-hora explodiram. É certo que o esvaziamento dos reservatórios fez disparar o uso das usinas térmicas, mais caras, mas o peso da estiagem é colocado em dúvida. O consultor lembra que, apesar de o primeiro bimestre ter sido um dos mais secos dos últimos 84 anos, a hidrologia melhorou a partir de março e choveu 80% da média histórica no primeiro semestre como um todo - um dado realmente negativo, mas não catastrófico. Para ele, a chave do problema está na baixa resposta das hidrelétricas em operação. Por diversos motivos, as usinas estariam gerando menos energia do que o efetivamente programado, fazendo suas represas esvaziarem mais rapidamente do que o previsto pelos modelos do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Dilma reconhece que chance de rebaixamento do Brasil é má notícia Fonte: Jornal Valor Bruno Peres de Brasília 11/09/2014 às 05h00 A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, disse ontem que "óbvio que é ruim" a agência de classificação Moody's ter revisado na terça-feira a perspectiva da nota do 9
Brasil, colocando o país sob o risco de sofrer novo rebaixamento, mas destacou a revisão da avaliação que ocorrerá daqui a 12 ou 18 meses, após um "viés". "Óbvio [que a notícia é ruim], eu queria estar crescendo a 10%, meu querido. Em matéria de crescimento, vocês podem ter certeza: serei eu a pessoa que mais quererá crescer. Eu sei que tem problemas porque nós tivemos uma transmissão da crise por inúmeros mecanismos", disse Dilma. "A Moody's diz o seguinte: daqui a 12 a 18 meses ela reavalia. Ela fez um viés", disse. Dilma chegou a questionar o interesse da imprensa no assunto. "Vocês perguntam da Moody's, mas só um me pergunta do relatório do Banco Mundial", afirmou, citando o relatório segundo o qual, conforme destacou a presidente, o mundo vive uma crise de desemprego e que os únicos países que não tiveram esse desempenho foram emergentes. A presidente procurou esclarecer suas posições a respeito da proposta de autonomia do Banco Central, em debate na campanha eleitoral, e se disse novamente contrária à proposta. "Nós não achamos necessária a autonomia do Banco Central", disse a presidente, acrescentando que concorda que cada setor, inclusive os bancos, merecem ser ouvidos. "Entre isso e eu achar que bancos podem garantir política monetária, fiscal e cambial, vai uma diferença", completou. Ao fazer referência à adversária Marina Silva (PSB), Dilma criticou a afirmação segundo a qual teria "corroído a autonomia do Banco Central" e afirmou ser necessário respeitar "relações de poder expressas na Constituição", ao lembrar que cabe ao Congresso Nacional decidir sobre as autoridades da instituição financeira. "Quem quer autonomia do BC não sou eu, quem tem que explicar por quê quer não sou eu", afirmou a presidente. Dilma também afirmou não ter criado "bolsa banqueiro", criticando a expressão. "Não criei bolsa banqueiro também nunca recebi bolsa banqueiro", afirmou, acrescentando, munida de uma "tabelinha", que frente aos últimos 30 anos, o país conta atualmente com as menores taxas de juros reais. Dilma fez nova defesa da situação econômica, afirmando que o país tem feito "sistematicamente" o cumprimento de superávit primário. Ao falar do enfrentamento da crise financeira internacional, Dilma defendeu as ações desencadeadas pelo governo e criticou novamente os adversários na sucessão presidencial. "Nós seguramos essa crise mantendo investimento", disse a presidente. "Asseguro que esse povo da autonomia do Banco Central quer o modelo anterior. Querem fazer um baita ajuste, um baita superávit primário, aumentar os juros para danar, reduzir empregos e reduzir salário. Para eles, emprego e salário não garantem produtividade", acrescentou.
Dilemas fiscais Fonte: Jornal Valor Mário Mesquita 11/09/2014 05h 00 Nas discussões sobre os desafios da política fiscal, é consenso que o país precisa elevar o superávit primário, se não quiser correr o risco de perder o grau de investimento, com tudo o que isso acarretaria sob o ponto de vista dos preços de ativos e custo de financiamento do próprio governo e das empresas. O consenso termina na definição do superávit adequado, e em especial sobre como atingi-lo. As dúvidas sobre o que deve ser a meta fiscal começam com a incógnita sobre qual seria, 10
atualmente, o real resultado fiscal, excluindo-se operações extraordinárias, bem como medidas criativas de postergação de gastos e antecipação de receitas. Estimamos, no Brasil Plural, que o superávit recorrente chegue a cerca de 0,8% do PIB nesse ano. Estimamos, também, que o superávit necessário para se estabilizar a dívida líquida modificada, qual seja a dívida bruta do setor público menos as reservas internacionais, seja no momento próximo a 2,3% do PIB. Note-se que essa definição de dívida líquida tornou-se mais informativa e relevante, para medir o tamanho efetivo do endividamento governamental, a partir do momento em que as operações financeiras entre Tesouro e bancos públicos adquiriram o vulto observado nos últimos anos. Faz-se necessário, portanto, um esforço fiscal de pelo menos 1,5 ponto percentual do PIB, podendo ser mais se, ao final do ano, constatarmos que o superávit primário recorrente ficou abaixo do estimado. Esse esforço pode ser alcançado tanto com aumentos de impostos quanto cortes de gastos. É sabido que o Brasil tem uma carga tributária entre as maiores, senão a maior, das economias emergentes. Há mesmo sensação generalizada de fadiga tributária. Ocorre que o sistema político tem premiado quem aumenta gastos muito mais do que quem corta impostos. Dessa forma, a linha de menor resistência política segue sendo a de elevar tributos. Aumentos de tributos na maioria dos casos, mas não em todos, requerem aprovação do Congresso e obedecem ao princípio da anterioridade - segundo o qual aumentos de impostos decididos em 2015 só valerão a partir de 2016 - ou, no caso das contribuições, da "noventena" - só passam a ser devidas noventa dias depois de criadas. Do lado dos impostos e contribuições, as alternativas que teriam o maior potencial de gerar receitas no curto prazo seriam rever as desonerações da folha de pagamento - algo como 0,4% do PIB - bem como implementar certos aumentos do IPI e recompor a Cide, o que geraria um ganho arrecadatório de cerca de 0,2% do PIB se as duas últimas medidas fossem válidas a partir do segundo semestre. Se, além disso, o governo resolver ressuscitar a CPMF, com novo nome e justificativa, mas com a mesma alíquota anterior, o aumento de receita chegaria a 1,3% do produto (supondo que a nova CPMF estaria valendo apenas a partir do segundo semestre do ano). Olhando para 2015, temas como imposto sobre riqueza, com receita estimada de 0,2% do PIB, aumento da alíquota máxima do imposto de renda sobre pessoas físicas, e aumento dos royalties sobre minério de ferro - 0,3% e 0,1% do PIB, respectivamente, poderiam contribuir para um ajuste permanente das receitas. Obviamente, nada disso é politicamente indolor, caberá ao novo governo e suas lideranças parlamentares decidirem se e como irão proceder, caso o foco do ajuste seja no lado das receitas. Do lado das despesas, o suspeito de sempre é o orçamento de investimentos, estabelecido em R$ 77,6 bi, ou cerca de 1,4% do PIB, cujo corte poderia aliviar a necessidade de se aumentar impostos, ainda que com custos macroeconômicos relevantes quando se tem em mente a tão necessária atualização da infraestrutura da economia. Outra possibilidade seria cortar alguns dos gastos excessivos com programas como o seguro-desemprego e auxílio doença (1,1% do PIB no total), que parecem ser no momento objeto de abusos e fraudes, mas cuja implementação também poderia ser politicamente complicada e dificilmente seria imediata. A conclusão inevitável é que o ajuste fiscal de curto prazo dificilmente será alcançado sem algum aumento de imposto ou reversão dos cortes implementados nos últimos anos. O que o novo governo poderia fazer seria anunciar um programa fiscal de emergência, que contemple 11
medidas do lado dos gastos e receitas, mas dentro de um contexto de um programa fiscal de médio prazo. O programa de médio prazo seguiria estratégia delineada pelo então ministro Palocci, que foi rejeitada pelo governo em 2005. A ideia central é que não é possível estabilizar a dívida pública e a carga tributária sem que os gastos passem a crescer em linha com o produto. Mais importante, se, depois do período de ajuste de curto prazo, o governo almejar cortar de forma sustentável e crível a carga tributária, então será preciso que os gastos cresçam mais lentamente que o produto. Sem a perspectiva de algum alívio tributário no horizonte, ainda que não de imediato, será difícil reanimar os espíritos animais de nossos empreendedores. Essa coluna é dedicada ao economista Alexandre Schwartsman, que tanto tem contribuído ao debate sobre política econômica em nosso país.
Copom projeta reajuste no preço da energia 11 de setembro de 2014 às 12h 04 O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) aumentou a projeção para o reajuste nos preços da energia elétrica em 2014, de 14%, previstos em julho, para 16,8%. A informação consta na ata da última reunião do comitê, divulgada hoje, dia 11. A estimativa para a redução nas tarifas de telefonia fixa passou de 3,8% para 6,3%, este ano. Para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados, a projeção é 5% em 2014, mesmo valor considerado na reunião do Copom de julho. Segundo o BC, essa projeção considera variações ocorridas, até julho, nos preços da gasolina (-0,1%) e do botijão de gás (0,6%), bem como as projeções para as tarifas de telefonia fixa e de energia elétrica. Em 2015, a estimativa de variação dos preços administrados é 6%, mesma projeção divulgada em julho. Para 2016, o BC projeta 4,9%, ante 4,8% considerados na reunião de julho.
Setor elétrico precisa investir para economizar Fonte: Jornal Valor Pietro Erber e Marco Aurélio Palhas 11/09/2014 às 05h00 O setor elétrico vive um momento inusitado em sua história. Suas despesas extraordinárias acumuladas desde 2012 somam cerca de 60% de sua receita anual, devido à mobilização excepcional das usinas termelétricas e significativa exposição das concessionárias ao mercado de curto prazo, a preços elevados. Esses custos serão arcados pelos consumidores ou pelos contribuintes, ou ambos. O endividamento dessas empresas e a elevação dos níveis tarifários prejudicarão seu desempenho, bem como a competitividade de vários setores industriais. Propõem-se aqui medidas que contribuam para evitar que essa situação se repita com tal intensidade, dado que as baixas afluências nas principais bacias hidrelétricas ocorridas em 2014 são apenas parcialmente responsáveis por aquele consumo de combustíveis. Enquanto no período que precedeu o racionamento iniciado em maio de 2001 os reservatórios foram reduzidos além da conta por falta de capacidade de geração e transmissão, no período recente a causa inicial foi evitar o aumento da despesa com combustíveis e interrupções da operação em algumas linhas de transmissão de maior responsabilidade, ocasionando apagões. Em seguida, condições hidrológicas desfavoráveis, particularmente no corrente ano de 2014, exigiram elevada utilização das usinas termelétricas. Enquanto em 2001 o racionamento foi 12
inevitável, por ora se pôde recorrer à nova capacidade termelétrica, comparável ao crescimento da demanda nesses 13 anos. Esses e outros problemas enfrentados pelo setor elétrico afastaram a operação do parque gerador do modo previsto em seu planejamento. Tipicamente, usinas de elevado custo de operação foram consideradas no planejamento do parque gerador porque, em compensação, seu custo inicial e o montante de operação esperada eram baixos, na prática recente foram utilizadas muito mais intensamente do que previsto nas simulações realizadas nos estudos de planejamento. No entanto, não se trata mais de evitar a geração térmica, como no passado, mas sim racionalizá-la. O sistema gerador brasileiro já é, decididamente, hidrotérmico, pois desde 2012 sua carga supera a energia afluente e a expansão da capacidade de geração hidrelétrica assegurada dificilmente acompanhará a da demanda. O que se busca é reduzir a utilização de usinas cujo custo seja mais oneroso, visto que cerca da metade da capacidade termelétrica instalada apresenta custos de operação superiores a R$ 200/MWh. Para reduzir os custos médios de fornecimento de energia elétrica é indispensável que a operação do sistema seja compatível com as prioridades e critérios previstos no planejamento da expansão. Portanto, sugere-se que se procure minimizar a operação de usinas que tenham custos elevados. Para tanto, propõe-se criar uma reserva de energia hidráulica, preservando parte da capacidade de armazenamento do sistema para situações excepcionais. Essa parcela poderia ser inicialmente da ordem de 2% do armazenamento total, que a valores de 2012 seria de 5846 MW mês ou 4260 GWh. Esta seria a energia necessária para cobrir um déficit de 10% da carga do sistema, em algum mês, num período plurianual mais desfavorável, e evitar os impactos mais graves da insuficiência de capacidade de atendimento ao mercado. Essa reserva de energia seria utilizada exclusivamente na iminência de ocorrer déficit. Não estaria disponível para otimização da operação e outros serviços de suporte ao sistema. Sua criação exigirá investimento adicional, ou a contratação de suprimento, que compense, no caso, a redução de 486 MW de capacidade firme do sistema. Essa produção, contratada a preços semelhantes aos dos últimos leilões, próximos a R$ 140/MWh, teria um custo anual de R$ 600 milhões, enquanto que a utilização das usinas mais caras para gerar a mesma potência excederá essa despesa se seu fator de capacidade médio for superior a 40%, admitindo um custo de operação médio de R$ 350/MWh. Num ano de operação a plena carga, a despesa seria de R$ 1,5 bilhão. As vantagens de contar com essa reserva seriam: A geração adicional teria custo competitivo. Dispensaria a geração eventual, fora da ordem de mérito, frequentemente comandada pelo CMSE, por precaução, sobrepondo-se aos critérios de segurança adotados no planejamento da expansão e da operação do sistema. Reduziria a adoção de políticas de aversão ao risco que demandem operação térmica adicional a custos mais elevados. Embora os custos de geração passassem para um piso mais elevado, deixariam de ter os picos que têm apresentado e, na média temporal, ficariam mais baixos. Proporcionaria estabilidade de custos e, portanto, de preços, o que contribui para que os consumidores tomem suas decisões de investimento e de produção com maior segurança. Cabe ao planejamento do setor elétrico compatibilizar os interesses dos seus múltiplos agentes, da expansão, operação e consumo. Requer definição de prioridades, capacidade de 13
avaliação das opções disponíveis e respaldo institucional, para preservar a racionalidade econômica na tomada de decisões. De imediato, cabe reavaliar as potencialidades de duas fontes energéticas que poderão aportar importante contribuição para a geração de energia elétrica a curto e médio prazo e que perderam espaço na expansão nos anos recentes: a biomassa de cana-de-açúcar e o gás natural. A geração termelétrica a partir do gás natural, haja vista a experiência internacional e seu relativamente reduzido impacto ambiental, afigura-se como a mais adequada. Todavia, é preciso desvincular sua estrutura de custo daquela dos derivados de petróleo para viabilizar o aumento da sua oferta a custos competitivos. A geração baseada na biomassa de cana-deaçúcar, principalmente no contexto de maior participação do etanol dentre os combustíveis líquidos e, portanto, de produção de cana, aumentará a eficiência energética da economia brasileira, bem como a participação de fontes renováveis em sua matriz energética.
A urgência de um acordo para redução das emissões Fonte: Jornal Valor 11/09/2014 às 05h00 Desde o fracasso da Conferência do Clima de Copenhague, em 2009 as negociações globais para conter o aquecimento global provocado pelos gases de efeito estufa andaram à deriva, enquanto que o cronômetro da deterioração ambiental seguia seu registro implacável. Houve boas notícias, no entanto: a falta de acordo não impediu que os sete maiores países emergentes reduzissem a intensidade de carbono - volume de emissões de CO 2 por dólar de Produto Interno Bruto - de suas economias em 1,7% em 2013, mais que os países ricos do G-7 (-0,2%), segundo a publicação "Low carbon economy index", da consultoria PwC, recémdivulgada. A má notícia é que essa redução, de 1,2% na média dos últimos 5 anos, ainda é muito inferior à necessária para evitar que o aquecimento global ultrapasse 2 ° C até o fim do século e coloque em risco milhões de habitantes do planeta. No atual passo, a temperatura subirá catastróficos 4° C. Há novo ímpeto para fazer andar um acordo global de redução de emissões, depois de uma preocupante paralisia. A Organização das Nações Unidas fará uma ampla reunião no fim deste mês, da qual participarão o presidente Barack Obama e outros chefes de Estado. A ideia é buscar o consenso em várias etapas - de Nova York à Conferência do Clima em Lima, ainda este ano, e daí a outra COP, em 2015, em Paris, para sacramentá-lo. Não se vai muito longe apenas com vontade política, mas ela é vital para que um acordo relevante seja feito. As divergências são grandes, mas os custos da inação são dramáticos. O total de emissões de carbono atingiu 30 gigatoneladas, segundo a PwC, e ainda cresce, o que significa que se as coisas continuarem como estão o "orçamento" de CO 2 que tornaria as mudanças climáticas ainda manejáveis pode se esgotar nos próximos 20 anos. O tempo perdido trouxe mais prejuízos. A concentração de gases de efeito estufa na atmosfera bateu o recorde da era industrial em 2013, alertou a Organização Mundial dos Meteorologistas. A quantidade de CO2 na atmosfera chegou a 396 partes por milhão no ano passado e pode ultrapassar a fronteira preocupante de 400 partes por milhão em 2015 ou 2016. A concentração segura, para boa parte dos cientistas, é de até 350 partes. O avanço observado entre 2012 e 2013 foi o maior em 30 anos. A acidez nos oceanos, que absorvem um quarto das emissões, é hoje a maior que se têm notícia. Quarenta e dois países desenvolvidos e 16 em desenvolvimento estabeleceram metas para redução das emissões. Mesmo que fossem cumpridas, seriam insuficientes e colocariam o mundo na rota de um indesejável aquecimento de 3 ° C. Pelos cálculos da ONU, para mantê-lo 14
em dois graus há necessidade de reduções adicionais de 8 a 12 gigatoneladas de carbono o que, segundo a PwC, equivale ao dobro ou triplo das emissões atuais da União Europeia. 85% das emissões globais são realizadas pelos países do G-20, as nações mais ricas do planeta, com a China à frente e EUA em seguida. Os cálculos da PwC apontam para a urgência de se buscar o tempo perdido. Até o fim do século, os países teriam de realizar esforço suficiente para cortar a intensidade de carbono à razão de 6,2% ao ano, um ritmo cinco vezes mais veloz que o atual. O cronograma anterior já está perto de vencer. "Para cumprir seu orçamento de carbono as emissões do G-20 teriam de cair em um terço em 2030 e à metade em 2050", aponta o estudo. Para o IPCC, o lançamento global de gases estufa teria de atingir seu pico em 2020 se a meta for impedir que o aquecimento ultrapasse 2°, ou seja, as emissões teriam de ser declinantes a partir daí. Para isso, o G-7 teria de cortar adicionalmente suas emissões de carbono absolutas em 44% até 2030 e 75% até 2050. Para os sete maiores emergentes, as reduções teriam de ser agudas entre 2020 até 2030. As iniciativas nacionais são promissoras. Austrália, Reino Unido e China (que tem conseguido reduzir o uso de carvão) foram os países que mais reduziram a intensidade de carbono em 2013. O Brasil esteve na ponta contrária - um dos que mais aumentaram -, ampliando-a em 5,5%, devido à seca que reduziu a participação da hidreletricidade em favor das térmicas a gás. Energias renováveis compõem 22% da oferta mundial e nelas foram investidos US$ 214 bilhões no ano passado. Esses sinais positivos formam a base para que até 2015 venha o impulso político para que se ataque a questão de frente e com a rapidez que faltou até agora.
Prévia da FGV indica piora no emprego FONTE: IDIANA TOMAZELLI / RIO - O ESTADO DE S.PAULO11 Setembro 2014 02h 05 Duas sondagens apontam para a redução na criação de vagas ou cortes nas empresas A percepção de consumidores e empresários sobre o mercado de trabalho continuou piorando em agosto, num movimento disseminado entre vários setores da economia e diferentes faixas de renda familiares. A tendência fica clara em duas pesquisas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgadas ontem. O Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) - que mede a percepção dos trabalhadores avançou 5,8%. Quando o ICD sobe é sinal de pessimismo entre os trabalhadores. Já o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) - que mede a percepção dos empresários - recuou 1,2%. Nesse caso, quando há queda é sinal de menos empregos ou cortes nas empresas. Piora. O sentimento de que as condições de emprego estão piores se disseminou entre todas as faixas de renda em agosto, desde as famílias que ganham menos de R$ 2,1 mil mensais até aquelas cuja renda supera R$ 9,6 mil. "Até mesmo a faixa de renda mais baixa, que não reportava piora na condição, agora fala nisso", disse Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador da FGV e responsável pela pesquisa. O aumento no ICD foi o mais intenso desde julho de 2013, o que indica deterioração no mercado de trabalho e uma possível elevação na taxa de desemprego, "tão logo a População Economicamente Ativa (PEA, população que está no mercado de trabalho ou busca emprego) pare de cair", disse o economista. Desde outubro de 2013, o recuo da PEA indica menor procura por trabalho e tem contribuído para que a taxa de desocupação atinja mínimos históricos. 15
"Todo mundo revisou a situação atual do emprego para baixo. Talvez a eleição contribua para difundir informações sobre a situação da economia, talvez o PIB tenha contaminado, já que saiu o resultado em recessão. Não sabemos se esse pessoal de fato já está sentindo na pele ou se é porque espera notícias ruins", disse Barbosa Filho. Ele ressaltou, contudo, que a percepção de piora está espalhada não apenas entre os consumidores, mas também entre os empresários, da indústria, do comércio e dos serviços. "Esse sentimento está disseminado na economia como um todo." Em agosto, a queda no IAEmp foi puxada pelo menor otimismo dos empresários de serviços e da indústria. A tendência é de que o quadro de baixa geração de vagas permaneça nos próximos meses.
Cartão amarelo FONTE: ESTADÃO CELSO MING Embora o governo Dilma sustente que não há nada de especialmente errado com a economia, uma das mais importantes agências de classificação de risco, a Moody’s, nesta terça-feira disse o contrário e advertiu o País com o cartão amarelo. Embora o governo Dilma sustente que não há nada de especialmente errado com a economia, uma das mais importantes agências de classificação de risco, a Moody’s, nesta terça-feira disse o contrário e advertiu o País com o cartão amarelo. A Moody’s é uma das instituições globais cuja função é avaliar a qualidade dos títulos de dívida de um país, de uma instituição ou de uma empresa. Prestam um serviço ao credor que, a partir daí e de outras indicações, examina o grau de risco de calote. Nesta terça-feira, essa agência avisou que todos os títulos de dívida do governo brasileiro estão mais perto do rebaixamento se não houver ajustes de peso na política econômica. Os principais indicadores que apontam para o aumento do risco do crédito do Brasil são a deterioração das contas públicas e a sequência de baixo crescimento econômico que, por sua vez, implica arrecadação insuficiente e menos recursos que poderiam reduzir o endividamento. Em junho, o governo Dilma garantira aos diretores da Moody’s que tanto o crescimento mais forte do PIB como as metas fiscais seriam alcançadas. Agora que ficou claro que a promessa não será cumprida, a Moody’s não vacilou. Avisou que vai deixar cair o facão. Por enquanto, não há perspectiva de rebaixamento da qualidade da dívida brasileira ao nível de especulação, ou seja, ao nível menos confiável. É que um grande número de bancos e fundos de investimento não pode acolher em sua carteira títulos sobre os quais pairem dúvidas sobre sua qualidade. Menos interesse por um título significa menor procura e, assim, remuneração (juro) mais alta. Portanto, o rebaixamento de um título de dívida aumenta o custo financeiro para quem o emite. As consequências para o Brasil não parariam aí. Seria inevitável algum impacto sobre o câmbio (redução da entrada de moeda estrangeira), sobre os investimentos estrangeiros e 16
sobre a capacidade dos bancos brasileiros e das empresas estatais (como Petrobrás, Eletrobrás e BNDES) de levantar empréstimos no exterior. A Moody’s não foi a primeira agência a advertir o País. Em março, a Standard & Poor’s reduziu em um degrau a qualidade da dívida do Brasil, última posição antes do grau de especulação. O governo brasileiro, este e o que for eleito, tem duas opções. A primeira é ignorar esses avisos, com as alegações de sempre, e não providenciar os ajustes, para não provocar desemprego e tal. Pode argumentar, ainda, que advertências como essa são mais uma tentativa de instituições estrangeiras interferirem no resultado das eleições. Nesse caso, aumentaria o risco de deterioração dos títulos e de toda a economia. A outra opção é corrigir o rumo da economia, voltar aos manuais abandonados quando foi adotada pelo governo Dilma a Nova Matriz Macroeconômica e, assim, criar as bases para uma retomada sustentada da atividade econômica. Os compromissos assumidos pelos candidatos da oposição, Marina Silva e Aécio Neves, são pela correção de rumos e pela volta à ortodoxia. A presidente Dilma fala em “mudanças para melhorar”, mas não disse quais fará nem tampouco qual será sua intensidade. As estimativas de safra deste ano ficaram próximas uma da outra. A Conab aponta colheita de grãos de 195,47 milhões de toneladas (3,6% acima da anterior). O IBGE ficou com 193,6 milhões de toneladas (2,8% acima). Caso Schwartsman O Banco Central (BC) desistiu de processar o analista (e ex-diretor do BC) Alexandre Schwartsman pelas críticas à política monetária. Incompreensível a atitude anterior, de não aceitar críticas. Quer dizer que analista tem de ser como os do Santander, que só falam bem do governo e não têm compromisso de bem orientar o cliente?
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