SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 11 DE MAIO DE 2015
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Empreiteiro diz que doou a Dilma por temer represália Fonte Jornal Folha de São Paulo FLÁVIO FERREIRA ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA e ESTELITA HASS CARAZZAI DE CURITIBA 09/05/2015 às 02h 00 O empresário Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, disse a procuradores da Operação Lava Jato que doou R$ 7,5 milhões à campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff por temer prejuízos em seus negócios na Petrobras se não ajudasse o PT. Segundo Pessoa, a contribuição da empresa foi tratada diretamente com o tesoureiro da campanha de Dilma, o atual ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva. Preso desde novembro do ano passado e hoje em regime de prisão domiciliar, o empresário negocia desde janeiro com o Ministério Público Federal um acordo para colaborar com as investigações em troca de uma pena reduzida. Nos contatos com os procuradores e no documento em que indicou as revelações que está disposto a fazer caso feche o acordo, Pessoa descreveu de forma vaga sua conversa com Edinho, mas afirmou que havia vinculação entre as doações eleitorais e seus negócios na Petrobras. O empreiteiro contou ter se reunido com Edinho a pedido do então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, apontado como o principal operador do partido no esquema de corrupção descoberto na Petrobras e hoje preso em Curitiba. As doações à campanha de Dilma foram feitas legalmente. Segundo os registros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), foram três: duas em agosto e outra em outubro de 2014, dias antes do segundo turno da eleição. Se Pessoa fechar o acordo de delação premiada com os procuradores, ele terá então que fornecer provas e detalhar suas denúncias em depoimentos ao Ministério Público e à Polícia Federal. Em janeiro, Pessoa já havia indicado sua disposição de falar sobre a campanha de Dilma Rousseff em documento escrito na cadeia e publicado pela revista "Veja". "Edinho Silva está preocupadíssimo", escreveu o empresário. Pessoa também afirmou aos procuradores que fez contribuições clandestinas para a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição, em 2006, e a do prefeito petista de São Paulo, Fernando Haddad, em 2012. O empreiteiro disse que deu R$ 2,4 milhões à campanha de Lula, via caixa dois. O dinheiro teria sido trazido do exterior por um fornecedor de um consórcio formado pela UTC com as empresas Queiroz Galvão e Iesa e entregue em espécie no comitê petista. Pessoa afirmou também que, a pedido de Vaccari, pagou outros R$ 2,4 milhões para quitar dívida que a campanha de Haddad teria deixado com uma gráfica em 2012. O doleiro Alberto Youssef, outro operador do esquema de corrupção na Petrobras, teria viabilizado o pagamento. Segundo o empreiteiro, o valor foi descontado de uma espécie de conta corrente que ele diz ter mantido com Vaccari para controlar o pagamento de propinas associadas a seus contratos na Petrobras. Pessoa também promete revelar às autoridades detalhes sobre seus negócios com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que hoje cumpre prisão domiciliar por seu envolvimento com o mensalão. 2
O empreiteiro, que pagou R$ 3,1 milhões à empresa de consultoria de Dirceu entre 2012 e 2014, diz que o contratou para prospectar negócios no Peru, mas afirmou aos procuradores que a maior parte dos repasses foi feita após a prisão do ex-ministro, para atender a um pedido de ajuda financeira da sua família, em razão de sua influência no PT. O PT rejeitou as acusações do empresário Ricardo Pessoa e afirmou em nota que todas as doações à campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014 foram feitas de acordo com a legislação eleitoral. O partido ressaltou que as contas da campanha de Dilma foram aprovadas por unanimidade na Justiça Eleitoral. A assessoria do ministro Edinho Silva, chefe da Secretaria de Comunicação Social, que foi o tesoureiro da campanha presidenical, informou que a nota do PT deveria ser considerada sua reposta às alegações do empreiteiro. A Presidência da República e a assessoria do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disseram que não fariam comentários sobre o assunto. O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou que as doações à sua campanha foram todas feitas de acordo com a lei, e que as dívidas foram absorvidas e quitadas posteriormente pelo PT. O advogado Luiz Flávio Borges D'Urso, que defende o ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto, disse que ele só captou doações legais para o partido e não participou do esquema de corrupção descoberto na Petrobras. O advogado do ex-ministro José Dirceu, Roberto Podval, informou que seu contrato de consultoria com a UTC tinha como objetivo prospectar negócios no Peru, sem qualquer relação com a Petrobras.
Editorial: Supremas questões Fonte Jornal Folha de São Paulo 11/05/2015 às 02h 00 As tensões no relacionamento entre o Poder Legislativo e o Planalto, para nada dizer do descrédito geral vivido pelo sistema petista, fazem prever um dia de trepidação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, nesta terça-feira (12), quando se dará a sabatina de Luiz Edson Fachin. Indicado pela presidente Dilma Rousseff (PT) para a vaga de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal, o nome do advogado gaúcho acrescenta algumas arestas ao que o simples confronto entre situação e oposição já faria pressentir na presente conjuntura. O registro das declarações de Fachin a favor da candidatura petista à Presidência em 2010, assim como de algumas enfáticas atitudes suas em defesa do MST, por certo tende a exacerbar a polêmica ideológica em torno de sua indicação. Surgem ainda dificuldades destacadas em nota técnica do próprio Senado, questionando o fato de Fachin ter acumulado o cargo de procurador do Estado do Paraná com atividades na advocacia particular. Circunstâncias semelhantes, vale lembrar, não impediram a nomeação de Dias Toffoli ou de Luís Roberto Barroso para o STF e, no caso de Fachin, sua prática tem o respaldo da OAB do Paraná e do procurador-geral do Estado. O tema, ainda assim, deve aparecer na CCJ, sendo natural, no jogo político, que todo tipo de teste e inquirição incida sobre o indicado. Mas será contraproducente se questionamentos de ordem pessoal predominarem sobre uma série de assuntos mais amplos, a que nem sempre as sabatinas do Senado conferem suficiente destaque. Ainda que habitualmente os candidatos a ministro evitem questões difíceis dizendo não querer adiantar seu voto em casos específicos, é direito do Senado, e de toda a sociedade, conhecer a
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opinião de Fachin sobre os limites ao financiamento das campanhas eleitorais, ou sobre a proposta de redução da maioridade penal. Embora se trate de dois assuntos de natureza totalmente diversa, subjaz a ambos um mesmo problema institucional mais amplo. Invocando a defesa da norma constitucional, o STF muitas vezes se antecipou ou mesmo se contrapôs às intenções do Legislativo. O chamado ativismo judicial terá em Fachin mais um adepto? O respeito à ordem legal terá, em suas mãos, prioridade sobre o ardor das militâncias sociais? O que pensa das atribuições do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)? É a favor de que as sessões do Supremo sejam televisionadas? E o que tem a dizer sobre os pedidos de vista, que os ministros têm usado como um indevido poder de veto? Princípios gerais só se esclarecem, a rigor, na medida em que forem precisos os casos descritos em cada pergunta da sabatina. É de esperar que a prática institucional e a agudeza do conflito político gere algum progresso nesse sentido. Se sessões desse tipo eram apenas homologatórias até bem pouco tempo atrás, que não se tornem, agora, pretexto para o simples alarido partidário e ideológico.
Ministério do Trabalho autua Zara por descumprir compromisso Fonte Jornal Folha de São Paulo CLAUDIA ROLLI DE SÃO PAULO 11/05/2015 às 02h 00 A Zara, uma das maiores empresas do setor têxtil do mundo, foi autuada pela fiscalização do Ministério Trabalho em São Paulo sob o argumento de descumprir um compromisso assinado em 2011 para aperfeiçoar as condições de trabalho, segurança e saúde em sua cadeia de fornecedores e terceiros. O termo de ajustamento de conduta (TAC) foi feito após fiscais constatarem que uma fornecedora da Zara havia subcontratado uma oficina que utilizou imigrantes bolivianos e peruanos submetidos a condições degradantes de trabalho para fabricar roupas para a marca. Duas multas foram entregues à rede no final de abril, no valor de R$ 840 mil. A Zara informou que já recorreu no início do mês. A maior delas foi aplicada por discriminação: os fiscais entenderam que a rede excluiu de sua cadeia oficinas que empregavam estrangeiros em vez integrá-las. O MTE também encaminhou pedido ao Ministério Público do Trabalho para executar na Justiça a cobrança de R$ 25 milhões por descumprimento do acordo (TAC). O órgão não se pronunciou ainda e analisa o caso, apurou a Folha. "A ação de execução do MPT deve confirmar o valor. Foi calculado considerando 7.071 trabalhadores prejudicados em 67 empresas da cadeia, fiscalizadas no país", diz Renato Bignani, coordenador do programa de erradicação do trabalho escravo do MTE em São Paulo. Para chegar à conclusão de não cumprimento do TAC, uma auditoria com 40 fiscais do órgão e da Receita Federal de São Paulo e Santa Catarina, para onde a rede mudou parte de sua produção, foi realizada entre agosto e abril deste ano. O pedido para verificar se a empresa cumpria o acordo partiu do MPT e da CPI do Trabalho Escravo, realizada em 2014 pela Assembleia Legislativa de São Paulo. "A Zara tirou sua produção de São Paulo e levou parte para Santa Catarina, depois de a fiscalização apertar. A empresa pode ter doado R$ 7 milhões para construir o centro do imigrante paulista, mas não cumpriu a obrigação de melhorar a cadeia", diz o superintendente do Ministério do Trabalho em SP, Luiz Antonio de Medeiros. Ele diz que pedirá ao governo estudar mudanças na lei que permitam a suspensão de atividades de empresas que descumpram TACs e reincidam no desrespeito às obrigações trabalhistas. Os fiscais citam 433 irregularidades em 83 inspeções realizadas nessas empresas em relatório encaminhado ao MPT. Informam ter encontrado evidências de aumento de acidentes de trabalho, não cumprimento de direitos como depósito do FGTS, atraso de salários, fraudes na marcação de ponto de jornadas de trabalho, entre outras.
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"Os acidentes passaram de 73 em 2012 para 84 no ano passado. Só em SP foram ajuizadas 322 ações em três anos por trabalhadores dessa cadeia", diz Sergio Aoki, um dos fiscais que coordenaram a auditoria. "Se a empresa tivesse cumprido o TAC, detectado esses problemas nas auditorias externas que se comprometeu a fazer e nos planos de ação para corrigi-las, os números não seriam esses." Sob a condição de anonimato, uma trabalhadora de uma oficina de SP diz: "Vim ao Brasil para ajudar minha família. A oficina fechou, os donos me devem R$ 17 mil. Eram mais de 13 horas por dia porque, por peça, a gente recebia R$ 0,85 a R$ 1. Tinha de trabalhar muito para juntar algum dinheiro." Segundo o relatório, na oficina e no alojamento foram encontradas "péssimas condições de trabalho, comida estragada e baratas". Essa oficina foi alvo de uma operação no final de 2014, quando os fiscais verificaram a fabricação de peças para a Lojas Renner. A empresa não firmou TAC e informou que as irregularidades foram responsabilidade de uma confecção que prestava serviço para a marca. "Durante a ação, encontramos documentos que mostraram que a Zara usou essa mesma oficina em 2013 para a fabricar 8.450 camisas e calças. Mas não relatou irregularidades em suas auditorias", diz Bignani.
O diretor de responsabilidade social corporativa do grupo Inditex (dono da marca Zara), Felix Poza, informou que a empresa recorreu dos autos de infração por os considerar "infundados" e "sem comprovação" de descumprimento do TAC. "É importante esclarecer que esses supostos descumprimentos se referem ao período de junho de 2012 a fevereiro de 2015 sem que nunca a Superintendência tenha comunicado a existência de qualquer irregularidade à Zara Brasil", informou o executivo. A maior parte das infrações administrativas tem três anos e foi identificada e corrigida pelas auditorias da Inditex, segundo explica. Essas auditorias são realizadas por empresas como SGS, Intertek e Apcer, especializadas em inspecionar condições sociais, técnicas e de ambiente em cadeias de fornecimento. Afirma ainda que as vistorias são feitas de forma surpresa e ao menos de seis em seis meses. "A realidade é que, durante o período ao qual se referem os autos, a Inditex atuou conforme estabelecido ao realizar 2.800 auditorias no país, entre 453 empresas que, obviamente, não trabalham exclusivamente para o grupo, dado que a produção da Inditex responde por menos de 15% do total. O restante da capacidade produtiva está dedicada a produzir bens para outras marcas brasileiras", afirma.
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Segundo Poza, umas das inconsistências encontradas é que, "das 67 empresas (citadas pelos fiscais), cinco delas jamais foram fornecedoras da Zara". Sobre a exclusão de estrangeiros de sua cadeia produtiva, ele afirma que "a Zara não tem capacidade de nenhum tipo para intervir no recrutamento dos trabalhadores por parte das empresas com as quais mantém relações comerciais, onde a Zara é mais um cliente entre muitos outros, como se pode notar na lista de fornecedores". Ainda segundo o executivo, a decisão de incorporar um novo fornecedor considera como referência a qualidade de sua produção e especialização. "Não há nenhuma decisão estratégica de mudar as zonas de produção, mas, se em uma área diferente existem bons fabricantes que criam peças com os padrões necessários, ela é incorporada. Prova de que não existe deslocamento é que a maioria da produção segue sendo a área de São Paulo." Sobre a suposta precarização em sua cadeia, a empresa afirma que conseguiu "eliminar qualquer possibilidade de precarização em sua cadeia de fornecimento".
Desenvolvida após melhoramentos genéticos, 'supercana' visa energia Fonte Jornal Folha de São Paulo MARCELO TOLEDO DE RIBEIRÃO PRETO 10/05/2015 às 02h 00 Ela é enorme pode atingir seis metros de altura, tem potencial para produzir 300 toneladas por hectare e representa uma nova era no setor sucroenergético. A cana energia, ou "supercana", desenvolvida após melhoramentos genéticos, está em fase avançada de pesquisa e já gera novos desafios. Num setor em crise, a colheita da variedade irá demandar novos equipamentos ou adaptações nos atuais. Desenvolvida nos últimos seis anos pelo Centro de Cana do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), ela tem como principais características um alto índice de fibras e de biomassa, diferentemente da cana tradicional, que possui mais sacarose e é utilizada para produzir açúcar. Daí ser chamada de cana energia, por ser mais própria para produzir energia elétrica ou etanol de segunda geração, a partir da palha e do bagaço da cana. A previsão é que chegue ao mercado em três anos, de acordo com o pesquisador Mauro Xavier, do Centro de Cana. Em relação à cana-de-açúcar comum, a diferença visual é clara: a "supercana" é mais grossa e chega a quase o triplo de altura a tradicional atinge até 2,2 m. O rendimento também é muito maior, já que a convencional atinge a média de 80 toneladas por hectare.
Funcionário em plantação de "supercana" 6
Para chegar à variedade, pesquisadores partiram de uma espécie selvagem. Foram feitos cruzamentos com canas tradicionais, e os "descendentes" foram selecionados até chegar ao material com esse perfil. Se ela emplacar no mercado, um desafio será encontrar colheitadeiras e maquinário que tenham condições de cortá-la e levá-la até as usinas. Uma possibilidade discutida é evitar que ela atinja a altura e peso máximos e, com isso, em vez de uma safra a cada 12 meses, poderia ser colhida em sete ou oito meses, com duas safras em 15 meses. "É um grande desafio", afirma Xavier. A contratação de boias-frias para a "supercana" foi descartada pelo setor. Embora tenha como foco a energia, ela até pode ser usada para fabricar açúcar, mas o rendimento será menor. "É como colocar o Neymar, atacante, para jogar no gol. Nela, a sacarose não é tão essencial. O melhoramento teve como meta acumular biomassa rapidamente e elevar a fibra", afirma o pesquisador. A "supercana" é apenas uma das variedades desenvolvidas por órgãos como IAC, CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) e Ridesa (rede interuniversitária), além da gigante de biotecnologia Monsanto. A ciência tem invadido cada vez mais os canaviais e, em 12 anos, foram liberadas no mercado mais de 90 plantas, algumas regionalizadas. Com o avanço da mecanização, foram criadas variedades com capacidade de brotar sob a palha que é deixada pelas máquinas no solo após a colheita. O CTC está focado em ampliar a produtividade e o teor de açúcar, com tolerância a doenças e para colheita mecanizada, de acordo com o gerente de melhoramento genético, Hugo Campos de Quiroz.
As variedades mais recentes foram feitas para o cerrado. "Precisam de boas condições climáticas e devem ser resistentes ao florescimento." Arnaldo Jardim, secretário da Agricultura de São Paulo, afirmou que o foco das novas variedades –não só de cana-de-açúcar, mas também de culturas como algodão, milho e feijão– deve ser buscar resistência ao estresse hídrico, devido à seca histórica que atinge o Estado. Apesar das opções, menos de dez variedades são as mais usadas, fato que precisa mudar, segundo Xavier. "Uma praga que dá em uma variedade pode não atingir outra."
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Conta amarga Fonte Jornal Folha de São Paulo 11/05/2015 às 02h 00 A conta do populismo e da irresponsabilidade da gestão petista começa a chegar ao bolso dos brasileiros. E ela será bem alta, especialmente para os que menos têm. Na contramão da economia global, que crescerá 3,5% este ano, o Brasil está no pequeno grupo de 16 entre 189 países que caminham para a recessão, segundo o FMI. O PIB encolheu, o salário real teve a sua maior queda desde 2004, segundo o IBGE, e o desemprego encosta nos 8%, pelos dados da PNAD. A inflação acelerou, superando 8% em doze meses e em apenas quatro meses deste ano já superou 4,5%, a meta oficial para o ano. Diante de tamanha deterioração, o governo promove uma das mais chocantes mutações já registradas em nossa história contemporânea, adotando uma política de arrocho que contraria tudo o que sempre pregou e havia prometido em campanha. A receita é rudimentar e injusta: aumento de tributos, elevação das tarifas públicas e corte de benefícios trabalhistas como o seguro-desemprego e o abono salarial. Ao se recusar a fazer as reformas que o país demanda, ao inventar uma nova matriz econômica que desorganizou as contas públicas e ao impor uma política de crescimento baseada quase que estritamente no consumo, o governo colocou em risco inúmeras conquistas brasileiras. E, agora, chama a sociedade para pagar a conta de suas escolhas erradas. Encorajado a consumir e se endividar, o cidadão caiu em uma cilada. Nada menos que 55,6 milhões de brasileiros estão sem condições de arcar com suas dívidas e os juros continuam subindo. Em conjunto, esta dívida chega a R$ 235 bilhões. O brasileiro está mais pobre, mais pessimista e se sentindo mais desprotegido. A tendência é que este quadro se agrave, com a alta do desemprego. As famílias fazem o que podem --cortam despesas, criam alternativas como as compras em grupo no atacado e começam a sacar sua poupança. Na contramão da população, o governo é incapaz de fazer qualquer gesto de alguma responsabilidade, como, por exemplo, reduzir a paquidérmica estrutura de Estado --ministérios em profusão e milhares de cargos que servem exclusivamente à garantia de apoio da sua base congressual, como assistimos agora nas votações do chamado ajuste fiscal. O que ainda esperar do petismo? O pacote de maldades parece que está só no começo. Os investimentos sociais já desabaram e mesmo na área onde brilha o slogan "Pátria Educadora" o dinheiro secou, como é o caso do Fies. E a emoldurar tudo isso temos uma presidente que não consegue se manifestar sequer em cadeias de rádio e TV e que demonstra receio em participar de eventos públicos, como agora, quando cancelou a agenda no Rio para comemorar os 70 anos da vitória dos aliados.
Economia colaborativa Fonte Jornal Folha de São Paulo 11/05/2015 às 02h 00THAIS FASCINA DE SÃO PAULO A dentista Gabriela Marçal levou as seis madrinhas de seu casamento para alugar vestidos em uma loja colaborativa, a Armário Compartilhado. Funciona assim: alguém compra um vestido de festa e, depois de usá-lo, coloca à disposição para aluguel, com preço mais em conta que em lojas tradicionais. As madrinhas de Gabriela pagaram, em média, R$ 380 por vestido, cerca de metade do que despenderiam se alugassem em lojas comuns, segundo pesquisa da Folha em seis estabelecimentos da cidade de São Paulo. Mais presente no dia a dia de consumidores, a chamada economia colaborativa é uma forma de reduzir despesas: com festas e eventos, deslocamento (há caronas que podem ser compartilhadas), utensílios da casa (ferramentas e móveis, por exemplo) e até para ganhar
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conhecimento (um professor de inglês troca aulas do idioma pelo ensino de dança, por exemplo). Esses compartilhamentos são encontrados via internet, em sites ou aplicativos para essa finalidade. Pode haver ou não um espaço físico, como uma loja, para intermediar os produtos ou serviços. Para dar uma ideia da economia que essa iniciativa pode gerar, a Folha fez dois orçamentos para uma festa de casamento para 200 convidados na zona sul de São Paulo em um sábado à noite em novembro: um tradicional, usando preços médios, e outro utilizando itens encontrados em aplicativos e si- tes colaborativos ou de compras compartilhadas e lojas mais baratas. A diferença do gasto total foi de 24,3% --de R$ 90,4 mil para R$ 68,4 mil (veja quadro nesta página). "A economia colaborativa nasce da percepção de que o consumidor precisa de um serviço ou uma solução, e não da posse de um bem", diz Adolfo Menezes, do instituto Economia Criativa. "Estamos passando de uma época de individualidade para a interdependência", afirma a estudante de comunicação Camila Carvalho, criadora do site Tem Açúcar?, que permite trocas de itens diversos entre vizinhos: escada, desentupidor de pia, vaga de bicicleta e até uma sala emprestada para aulas de saxofone. O serviço não é cobrado. Em menos de um ano de funcionamento, a página tem mais de 30 mil usuários em todos os Estados do país. A economia colaborativa também é uma oportunidade de ganhar dinheiro. O aplicativo ezPark permite que uma pessoa em qualquer local do país coloque sua vaga da garagem para alugar pagando uma comissão de 10% a 30% do valor. O pagamento é por hora e o dono escolhe para quem alugar e por qual período. O motorista economiza no bolso --o valor é até 30% menor que em um estacionamento comum-- e no tempo em busca de uma vaga. Para roupas, além da loja Armário Compartilhado para vestidos de festa, há também sites e aplicativos com brechós on-line. No Enjoei.com, por exemplo, você se cadastra, fotografa suas roupas e coloca à disposição do público. Caso sua roupa seja vendida, você paga 20% de comissão e R$ 2,15 da taxa de anúncio. Bens materiais não são as únicas possibilidades. Por meio do aplicativo Rent a Local Friend, pode-se ganhar dinheiro sendo uma espécie de cicerone para turistas que visitam sua cidade.O anfitrião fixa o preço e fica com 70% do valor, sendo 30% a comissão do site.
BC deve liberar compulsório da poupança para financiar imóvel, diz entidade Fonte Jornal Folha de São Paulo 11/05/2015 às 02h 00MARIA CRISTINA FRIAS cristina.frias@uol.com.br "Não podemos nos dar ao luxo do imobilismo. Tudo é de urgência. O governo precisa agir rápido", diz Rubens Menin, presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) e presidente do conselho da MRV Engenharia. O empresário e a entidade defendem que o governo libere ao menos metade do compulsório da poupança para o crédito imobiliário. Com o aumento da taxa de juros, a caderneta de poupança, fonte de recursos para o SFH (Sistema Financeiro da Habitação) perdeu competitividade. Só em abril, os saques superaram os depósitos em R$ 5,8 bilhões. "Há uma carência de recursos, é preciso abrir a válvula do compulsório da poupança. Se o governo não agir muito rápido, será fatal. Alguns setores sofrem mais do que outros", afirma. Das 17 empresas que atuavam no Minha Casa Minha Vida, apenas cinco continuam --três de capital aberto.
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"A prestação [do imóvel] não cabe no bolso do trabalhador." O emprego na construção civil é o que mais cai, o que vai se acentuar, prevê. Na faixa 1, em que os recursos vêm 100% do Tesouro, há atraso no desembolso. O setor pleiteia a regularidade dos pagamentos. "Mas sabe que para essa faixa é mais difícil [em razão do ajuste fiscal]." As faixas 2 e 3, dependem menos do Tesouro, pois 82,5% de seus recursos vêm do FGTS. "Desde 2012, porém, o valor limite da moradia não é reajustado." Para se enquadrar no programa, o valor do o imóvel tem de ser de no máximo R$ 190 mil, nas principais regiões metropolitanas. Para justificar o pedido de maior liquidez para o setor, apesar dos tempos de aperto monetário, o empresário afirma que "alguns setores sofrem mais do que outros. A indústria da construção foi a que mais desempregou." Foram fechados 18,2 mil postos em março, mais do que na indústria da transformação, segundo o Caged --nos últimos 12 meses, a perda foi de 259 mil empregos. "Essa decisão é fatal. Com a carência de recursos, o mercado não vai deslanchar. O governo tem de agir muito rápido. É preciso liberar o compulsório sobre a poupança que os bancos depositam, determinado pelo Banco Central [20% sobre o saldo da caderneta]. "Traria um alívio. Não podemos mais machucar o setor", frisa. "Com a queda dos recursos disponíveis na poupança, os bancos, além de diminuírem o percentual do valor financiado, mudaram também os critérios de concessão de crédito, endurecendo as regras que estavam em vigor." "Os distratos vão aumentar." As condições mais duras dificultam muito o modelo de negócio e a vida do comprador, que precisa de mais renda, afirma. "O pior é que não preservam as vendas feitas em períodos anteriores. " O maior impacto causado nos atrasos de pagamentos (somente na faixa 1) foi principalmente nas empresas de menor porte, que acabaram atrasando pagamentos a fornecedores, mão de obra e, em alguns casos, paralisando empreendimentos, relata. A decisão da Caixa de restringir novos financiamentos no Sistema Financeiro de Habitação, por causa da perda na poupança, foi mais um baque muito negativo no mercado. "Leva empresas a rever investimentos e lançamentos. A CEF é o maior agente no crédito imobiliário do Brasil, com cerca de 70% dos empréstimos. Como é recente, é difícil quantificar a futura queda na atividade." Não há dados atuais da Caixa e do Banco do Brasil sobre o Minha Casa Minha Vida no ano passado. "Neste ano, não foram efetivadas contratações na faixa 1 do programa. Nas faixas 2 e 3, a produção continua, mas sem reajuste desde 2012." Foram 816 mil unidades em 2012 e 900 mil unidades contratadas em todas as faixas em 2013. Há indicação de queda em 2014, segundo a Abrainc. Com o pé no acelerador, deveria estar o setor, diz. Além da importância para o PIB, para a geração de emprego, ele tem um papel social grande também, destaca Menin. A demanda é de 35 milhões de moradias em 20 anos, segundo consultorias. "Seriam mais de um milhão e meio por ano e estamos fazendo menos da metade." O auge foi em 2011, "mesmo assim, foi menos de um milhão, contando com Minha Casa Minha Vida, com faixa 1, e a iniciativa privada". As empresas estão reduzindo os lançamentos. Caíram de R$ 43 bilhões em 2012 para R$ 20,7 bilhões em 2014 [nas companhias listadas na Bolsa]. "Os estoques também diminuem. Vão durar de dois a quatro anos, nas moradias de médio e alto padrão. Mas não há estoque de imóvel popular. E é a base da pirâmide que mais precisa." "O crédito imobiliário é muito pequeno no país 9% do PIB. Em países de mesmo perfil, é de 20% a 30%." Entre comprar o terreno e lançar o imóvel, o prazo médio na MRV é hoje de 26 meses. São 130 cidades, há as mais demoradas.
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"Isso queima dinheiro, investimento. Demora muito para ter as licenças. Nos Estados Unidos, leva de três a seis meses. Quando se termina o imóvel aqui, há outra etapa burocrática longa." Entre conseguir os documentos e assinar com o banco, pode demorar nove meses. Curitiba é a melhor entre as maiores cidades, conta. "São seis meses para lançar, se estiver tudo redondo. Há cidades menores em que se leva, da aquisição da área ao lançamento, 90 dias, como em Ribeirão Preto e Bauru."
Shopping tem pior Dia das Mães em 7 anos Fonte Jornal Folha de São Paulo 11/05/2015 às 02h 00JOANA CUNHA E JULIANA CUNHA de São Paulo Apesar do forte fluxo de pessoas nos shoppings às vésperas do Dia das Mães, a data foi decepcionante para o comércio. Dados da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping) apontam que este foi o Dia das Mães de pior desempenho em sete anos. Os cálculos são de um crescimento real (já descontada a inflação) das vendas entre 0,5% e 1% na comparação com 2014, segundo Nabil Sahyoun, presidente da entidade, que reúne mais de 100 mil lojistas de 800 shoppings. "O movimento foi bom no fim de semana. Mas as pessoas estão comprando só o essencial. O gasto médio está pior que no ano passado, e sabemos que isso é reflexo da economia", diz Sahyoun, referindo-se às condições do crédito, inflação e juros. O valor médio do presente caiu de R$ 65 em 2014 para R$ 57 neste ano, sem descontar a inflação, segundo dados preliminares da FecomercioSP baseados em pesquisa com 110 lojas e mais de mil consumidores na capital paulista. "E, se colocar a inflação, representa uma queda de 15% a 20% no valor dos presentes", diz Fábio Pina, economista da FecomercioSP. Trata-se da primeira vez desde o início da série histórica, em 2010, que o consumidor reduziu o valor do presente das mães. Nos últimos cinco anos, o gasto médio sempre superou os R$ 60, ainda sem embutir a inflação. "Considerando que o Dia das Mães é a segunda data mais importante para o comércio, depois do Natal, esse resultado é muito simbólico sobre a situação da economia. A intenção de consumo está nos piores patamares históricos, com mau humor do consumidor e do empresário." As previsões de um Dia das Mães morno para este ano já estavam pessimistas desde a preparação para a data. Conforme o levantamento da FecomercioSP, só 4% dos comerciantes indicaram que contratariam reforço de mão de obra temporária para atender o fluxo de consumidores. A média de contratação de temporários costuma variar de 10% a 15% nesta data.
Com ajuste fiscal, alta nos tributos chega a R$ 47,5 bilhões FONTE ALEXA SALOMÃO - O ESTADO DE S. PAULO11 Maio 2015 às 05h 00 O ajuste fiscal proposto pelo governo deve elevar a carga tributária brasileira em 0,8 ponto porcentual do Produto Interno Bruto (PIB) este ano. Isso significa que, se tudo o que foi anunciado for colocado em prática, os brasileiros pagarão R$ 47,5 bilhões a mais em impostos e contribuições. E a projeção é que o adicional de tributos exigidos para melhorar as contas públicas, por baixo, chegue a R$ 100 bilhões a mais até o final do atual governo. Pelos cálculos do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), feitos a pedido do Estado, todas as medidas anunciadas pela equipe econômica representam um adicional de R$ 39,80 bilhões à carga tributária. Outros R$ 7,7 bilhões virão de Estados e municípios, que também fizeram rodadas de aumentos nos impostos que lhes cabem, como IPTU e IPVA. Confirmada a tendência, a alta de impostos em 2015 seria o dobro da registrada em 2014 e a
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carga tributária fecharia o ano em 36,22%. “O governo não precisa negociar tributos e, assim, é mais fácil empurrar a conta”, diz Gilberto Luiz do Amaral, coordenador de estudos do IBPT. Energia. O economista Mansueto Almeida também estima uma alta de 0,8 ponto porcentual, mas incluiria na contabilidade outros R$ 7,5 bilhões, que correspondem ao fim dos subsídios ao setor elétrico. Na sua avaliação, a medida tem efeito tributário: de um lado, alivia o Tesouro Nacional e, de outro, eleva a conta de luz – e os impostos que recaem sobre ela. Por causa dos reajustes, energia se transformou neste início de ano em um dos itens que mais pesam no orçamento das famílias e na alta de custos das empresas. Dito isso, se todas as medidas anunciadas forem implementadas, o custo para a sociedade neste ano será de cerca de R$ 55 bilhões. Se todo esse dinheiro fosse usado para o superávit primário (a economia para pagamento dos juros da dívida pública), cobriria mais de 80% do total da meta que o ministro da Fazenda Joaquim Levy estabeleceu. Mansueto Almeida contemporiza que o tamanho da contribuição tributária, ao final desta ano, vai depender do fôlego da economia e da confiança dos consumidores. Com a crise, as pessoas estão apertando o cinto, comprando menos e fazendo a arrecadação cair muito abaixo do esperado. Mas ele lamenta, que ainda assim, a alta de impostos está apenas no começo. “Ao longo de todo o mandato de quatro anos, o ajuste vai exigir uns R$ 200 bilhões, e não há a menor dúvida que no mínimo metade disso, uns R$ 100 bilhões, terão de vir de aumentos de carga tributária”, diz Almeida. No fim, diz, a história apenas se repete. Série histórica elaborada pelo economista (ver quadro) mostra que, após a Constituição de 1988, nenhum governo deixou de herança um gasto público menor e que, para ajustar as contas, elevou tributos: “Quando todos os presidentes saíram do Planalto, o gasto era maior, e o ajuste foi feito com aumento de impostos”, diz Almeida. “Se por todos esses anos tem sido assim, eu me pergunto por que seria diferente agora.”
Para economista, novas elevações serão necessárias FONTE ALEXA SALOMÃO - O ESTADO DE S. PAULO11 Maio 2015 às 05h 00 Na última sexta-feira, no seminário intitulado “O Desafio Fiscal Brasileiro”, promovido pelo Insper, em São Paulo, todos os especialistas em contas públicas presentes reforçaram a percepção de que não há como o Brasil escapar de uma nova rodada de aumentos de tributos. “Eu pergunto: dá para fazer o ajuste, evitando uma crise aguda, sem passarmos por uma nova rodada de carga tributária?”, disse Samuel Pessôa à plateia. “A resposta é: provavelmente, não. E mais: se não enfrentarmos uma nova rodada de aumento expressivo de carga tributária, nós vamos ter uma crise aguda.” Segundo Pessôa, o importante é que, além de fazer o aumento na tributação, o governo inicie um ciclo de reformas, que possa mudar a estrutura dos gastos que se tornaram insustentáveis.
Para Samuel Pessôa, governo precisa iniciar reformas que mudem a estrutura dos gastos. A maior parte do gasto público é engessado. Após criado, é quase impossível cortá-lo. Junte-se a essa característica outro dado que ele considera crucial: o fato de a Constituição de 1988 ter estabelecido uma série de obrigações sociais para o Estado brasileiro. Saúde e educação, por
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exemplo, são universais. Apesar de não terem a qualidade mínima esperada pela população, são gastos engessados e crescentes. Benefícios sociais também devem ser levados em consideração. Quase 80% dos aumentos de gastos do governo federal de 1991 a 2014 foram feitos para cobrir os chamados “programas de transferência de renda”, como abono salarial e, principalmente, Previdência. A demanda por esses benefícios só tende a aumentar. Em parte porque a sociedade exige (haja vista a resistência em cortar pensões para viúvas e mexer no seguro-desemprego), em parte porque o País está envelhecendo (o que vai pressionar os serviços de saúde e o pagamento de aposentadorias). O economista Fabio Giambiagi, estudiosos da previdência, tem coleções de dados para ratificar a tendência. Dos anos 80 para cá, o PIB cresceu 2,6% ao ano – e o gasto com a Previdência, 4,4% ao ano. Em 1990, os gastos com o INSS representavam 2,5% do PIB. Hoje, já são 7,5%. “Dois em cada três benefícios são atrelados ao salário mínimo: existe alguma dúvida sobre a tendência de aumento”? pergunta Giambiagi. Modelo. Para o economista Bernard Appy, o ajuste fiscal é uma prioridade porque pode melhorar a economia no longo prazo. Mas é preciso mudar a estrutura do gasto público, que “nos leva a ter carga tributária em alta, investimento em baixa e crescimento estagnado”. “Desde a Constituição de 1988 é mesma história. Quando a economia vai bem, os governos elevam os gastos. A economia fica mal, fazem o ajuste elevando carga tributária porque as despesas são rígidas. Algumas são muito importantes socialmente, outras nem tanto”, disse. “Só quando o País entender que a trajetória de longo prazo é insustentável é que será possível abandonar esse modelo que nos leva a ter carga tributária em alta, investimento em baixa e crescimento estagnado”.
Mercado eleva projeção para a inflação em 2015 pela 4ª semana seguida FONTE CÉLIA FROUFE - O ESTADO DE S. PAULO11 Maio 2015 às 09h 14 Pela quarta semana consecutiva, os analistas ouvidos pelo Banco Central para o Relatório de Mercado Focus elevaram a previsão para o IPCA deste ano. Pior do que isso, pela primeira vez, o grupo que mais acerta o resultado da inflação, o chamado Top 5, projeta agora que o índice ficará acima de 9%. A expectativa da pesquisa geral é que o índice oficial de inflação encerre 2015 em 8,29%, contra 8,26% da semana anterior. Há um mês, essa projeção estava em 8,13%. No Top 5 de médio prazo o movimento também foi de alta, e forte. A mediana das estimativas para o IPCA deste ano segue bem acima da banda superior de 6,5% da meta e passou de 8,73%, patamar em que estava há quatro semanas, para 9,02% esta semana. Na semana passada, o Banco Central afirmou, em ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que só vê a convergência da inflação para a meta ao final de 2016. Para o fim de 2016, a mediana das projeções para o IPCA caiu de 5,60%, mesmo número de quatro semanas atrás, para 5,51%. Já no Top 5 de médio prazo, a projeção para a inflação ao final do ano que vem caiu de 6,40%, mesmo nível de um mês antes, para 6,00%. As expectativas para a inflação suavizada 12 meses à frente foram reduzidas de 5,96% para 5,94%. Há quatro semanas estava em 5,99%. Para maio, a mediana das previsões seguiu em 0,50%. A Focus trouxe hoje também a mediana das projeções para o IPCA de junho, que deve
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ficar em 0,30%, segundo o mercado - mesma taxa da pesquisa anterior e de quatro semanas atrás.
O desânimo do mercado financeiro com a atividade econômica também está cada vez mais evidente. A expectativa mediana para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2015 é de uma queda de 1,20% ante 1,18% da semana anterior. Há quatro semanas, a projeção era de recuo de 1,01% no PIB deste ano. Para 2016, a mediana das projeções se manteve em crescimento de 1% pela quarta semana seguida.
Os resultados do PIB sofreram influência das expectativas sobre a produção industrial, cuja mediana das estimativas para este ano segue em baixa de 2,50% - a mesma de quatro semanas atrás. Para 2016, as apostas de expansão para a indústria seguem em 1,50% há cinco semanas consecutivas. Os analistas esperam que a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB encerre 2015 em 37,95%, após oito semanas seguidas de mediana em 38,00%. Para 2016, as expectativas passaram de 38,70% para 38,50% - um mês antes, estava em 38,90%. Selic. Mesmo depois da divulgação de uma ata do Comitê de Política Monetária (Copom) mais "agressiva" do que o esperado, o mercado financeiro manteve a previsão para a Selic no fim deste ano em 13,50%. A ação mais recente do Copom foi a de aumentar a taxa básica de juros de 12,75% ao ano para 13,25% ao ano e, depois da divulgação do documento sobre a reunião, o mercado entendeu que o BC continuará com sua política de elevação de juros. Isso, no entanto, não foi explicitado no boletim. Há um mês, a estimativa observada no boletim era de que a Selic encerrasse 2015 em 13,25% ao ano. A taxa média esperada para este ano continuou em 13,22%. Quatro semanas antes, essa taxa média estava em 13,17% ao ano. Já para os economistas que mais acertam as projeções para o rumo da taxa básica de juros, o Top 5 no médio prazo, a Selic encerrará este ano em 13,75% ao ano, ante expectativa anterior de 13,50%. No caso do fim de 2016, a mediana das projeções, que era mantida há 18 semanas seguidas em 11,50% ao ano, passou agora para 11,63%, o que indica uma clara divisão do mercado sobre o rumo dos juros no encerramento do ano que vem. Apesar disso, a previsão para a Selic média do ano que vem continuou em 12% pela quarta semana seguida. No caso dos Top 5, para 2016, a expectativa do grupo é de que a taxa fique em 12% ao ano, mesma previsão verificada há sete semanas. Câmbio. O mercado financeiro também não fez alterações para o cenário de dólar este ano. De acordo com o documento, a mediana das estimativas para o câmbio no encerramento de 2015 seguiu em R$ 3,20. Quatro edições anteriores da Focus, a mediana estava em R$ 3,25. A taxa média prevista para este ano, no entanto, caiu de R$ 3,08 para R$ 3,07 - um mês atrás estava em R$ 3,13. Já para 2016, a cotação final seguiu em R$ 3,30 pela quinta semana seguida. A taxa média para o ano que vem recuou de R$ 3,23 para R$ 3,21, mesmo patamar visto um mês antes. 14
Número de pessoas físicas no Tesouro Direto cresce e se aproxima da Bolsa FONTE YOLANDA FORDELONE - O ESTADO DE S. PAULO11 Maio 2015 às 05h 00 O tradicional rally por ações, visto sempre nos primeiros meses do ano, em 2015 ocorreu no mercado de títulos públicos e fez com que diminuísse a diferença entre o total de pessoas físicas do Tesouro Direto e da BM&FBovespa. Enquanto em 2014 a Bolsa contava com 186 mil investidores a mais que o Tesouro, neste ano a margem caiu para 81 mil. Com o aumento da demanda, alguns especialistas já apostam que a renda fixa pública passará a Bolsa ainda em 2015. O Tesouro Direto ganhou pouco mais de 30 mil investidores no primeiro trimestre, mais que o dobro do verificado no mesmo período de 2014. Em contrapartida, a Bolsa se manteve praticamente estável no trimestre com o ingresso de 1.360 pessoas físicas. “O mercado teve crescimento da base de acionistas em períodos de altas consistentes. Se não houver uma reação substancial da Bolsa, o Tesouro vai deixá-la para trás”, diz o gerente de home broker da Socopa, Fabrício Tota, ao comentar que, embora em momentos de volatilidade seja possível ganhar dinheiro, a maioria dos investidores só compra ações quando o mercado está com boa performance. A renda fixa ganhou força em um cenário de juro elevado, inflação alta e mercado de crédito fraco, o que resfriou o lançamento de Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e do Agronegócio (LCAs). A começar pela taxa básica de juros Selic, hoje em 13,25% ao ano, a maioria das ações perde no quesito rentabilidade. “A conta é muito simples. Se o juro é de 13,25%, para o investidor entrar na Bolsa, um mercado que envolve maior risco, o retorno das ações tem de ser muito maior, acima de 20% ou mesmo o dobro da Selic”, compara o diretor da Bradesco Corretora, Aníbal César Jesus dos Santos. O Tesouro tem verificado o ingresso tanto de novos aplicadores como de acionistas que querem diversificar a carteira. Para Santos, o Tesouro Direto teria crescido muito mais se não fosse o crescimento da procura por LCIs e LCAs no ano passado, produtos nos quais a pessoa física é isenta de Imposto de Renda. “Era a coqueluche do mercado, todo mundo queria comprar. Quando começou o noticiário de que as letras poderiam ser tributadas, teve mais uma corrida intensa pelo investimento”, afirma. O momento atual, porém, é mais favorável aos títulos públicos. “Os bancos não estão mais lançando tantas letras porque diminuiu o crédito no setor imobiliário e de agronegócio”, explica a operadora de home broker da Coinvalores, Deborah Bloise. Além da diminuição da oferta de LCIs e LCAs no mercado, a caderneta de poupança ajudou o Tesouro. A baixa rentabilidade do produto – que tem perdido para a inflação há cinco meses – fez o investidor repensar a carteira. Parte migrou para títulos públicos. Em abril, o resgate foi tão intenso que a caderneta perdeu R$ 5,8 bilhões, o maior valor já registrado no mês em 20 anos. “Vejo dois movimentos de saída da poupança. O primeiro é para pagamento das contas e dívidas. O segundo é a migração para os títulos públicos, em busca de maior rentabilidade”, diz o analista da Rico, Roberto Indech. Mesmo após o desconto das taxas operacionais e dos impostos, os títulos garantem atualmente um retorno acima de 10% ao ano, enquanto a poupança rende entre 6% e 7%. “Ainda que haja um benefício fiscal de não haver Imposto de Renda na poupança, a desvantagem é clara em relação a um título”, diz o economista-chefe da TOV Corretora, Pedro Paulo Silveira.
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No passado, uma das desvantagens do Tesouro em relação a outras aplicações era a liquidez. Os detentores de títulos só podiam revendê-los ao governo às quartas-feiras. Desde o dia 30 de março, a recompra passou a ser diária. “A verdade é que não tem mais desculpa para o investidor que aplica em poupança e conhece o Tesouro não comprar títulos”, diz Indech. As corretoras afirmam que a simplificação dos nomes dos títulos também ajudou na divulgação do produto, uma vez que conhecimento ainda é uma das barreiras para que a aplicação se torne mais popular. Títulos atrelados à taxa Selic, por exemplo, antes chamados de Letras Financeira do Tesouro (LFT), passaram a ser apenas denominados de Tesouro Selic. Para a TOV, porém, além de conhecimento, o maior empecilho para a popularização do investimento é a limitação do brasileiro em guardar dinheiro. “A quantidade de pessoas que tem condição de poupar é baixa em relação ao total da população porque temos uma renda muito baixa. A questão vai além da educação financeira”, diz Silveira.
BC inglês mantém juros antes de projeções sobre inflação Fonte Revista Exame/REUTERS11/05/2015 ÀS 08H 30 Londres - O banco central britânico manteve a taxa de juros nesta segunda-feira na mínima recorde de 0,5 por cento, julgando que a perspectiva para inflação e os salários ainda é muito fraca para que eleve o custo de empréstimos apesar das expectativas de crescimento econômico forte. O Banco da Inglaterra não divulgou comunicado, mas seu presidente, Mark Carney, explicará mais na quarta-feira ao apresentar a atualização trimestral das projeções do banco central para crescimento e inflação. A maioria dos economistas não espera que o banco central britânico eleve a taxa de juros que está no mesmo patamar há mais de seis anos até o começo de 2016, e nenhum daqueles consultados pela Reuters na semana passada esperava que a autoridade monetária elevasse os juros neste mês. Analistas estão esperando para descobrir quando o banco central britânico espera que a inflação volte à sua meta de 2 por cento após despencar para a mínima recorde de zero em fevereiro e março devido à queda nos preços globais de petróleo. O Banco da Inglaterra adiou sua decisão sobre taxa de juros da semana passada para evitar que coincidisse com a eleição nacional, em que o partido dos conservadores do atual primeiroministro, David Cameron, voltou ao poder com uma maioria direta. Economistas dizem que o resultado das eleições deve reforçar a visão do banco central de que não há necessidade para que os juros sejam elevados logo, uma vez que o governo de Cameron continuará a apertar a política fiscal visando eliminar o déficit orçamentário até 2019.
Venda de imóveis novos na cidade de São Paulo cai 27,4% Fonte Revista Exame/REUTERS 11/05/2015 às 07h 48 Rio de Janeiro - As vendas de imóveis residenciais novos na cidade de São Paulocaíram 27,4 por cento em março na comparação com o mesmo mês do ano passado, mas avançaram 73,1 por cento sobre fevereiro, informou o sindicato da habitação (Secovi-SP). "O mercado imobiliário apresentou reação de vendas no mês de março em relação a fevereiro, mas ainda está aquém do ano passado", disse o Secovi, citando o recuo da confiança do consumidor e dos empresários, além dos aumentos dos juros para o financiamento imobiliário.
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As vendas na capital paulista somaram 1.267 unidades em março, ante 1.744 unidades vendidas um ano antes. O valor geral de vendas (VGV) atingiu 672,8 milhões de reais em março, alta mensal de 63,9 por cento, disse o Secovi. O valor médio das unidades vendidas foi de 531 mil reais. Os lançamentos de imóveis residenciais somaram 773 unidades, queda de 72,3 por cento sobre o mesmo mês um ano antes. Na comparação com fevereiro, houve queda de 11,4 por cento, segundo dados da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio(Embraesp), citados pela entidade. Já nas outras 38 cidades da região metropolitana de São Paulo, as vendas de março somaram 1.428 unidades, queda de 1,4 por cento sobre um ano antes, mas um aumento de 193,8 por cento sobre fevereiro. Os lançamentos avançaram 25,4 por cento na comparação anual e saltaram 431,7 por cento ante fevereiro. Segundo o Secovi, a somatória das vendas dos municípios vizinhos foi 12,7 por cento maior do que a da capital, "o que demonstra que o mercado no entorno apresenta bom desempenho e que isso pode ser explicado, em parte, pelo ticket médio praticado de 349 mil reais, valor bem abaixo da média da cidade de São Paulo", disse a entidade.
Alemanha pode crescer mais que 1,6% em 2015, diz FMI Fonte Revista Exame/ REUTERS11/05/2015 ÀS 09H 48 Berlim - A economia da Alemanha pode crescer mais que a taxa de 1,6 por cento em 2015, que o Fundo Monetário Internacional (FMI) projetou em abril se preços menores de energia e o programa de compra de bônus do Banco Central Europeu (BCE) tenham efeitos maiores que os esperados, disse a diretora-assistente do departamento europeu do FMI, Enrica Detragiache. Enrica disse também numa entrevista em Berlim nesta segunda-feira que o superávit em conta corrente consistentemente grande da Alemanha é motivo de preocupação, pois a demanda continua fraca nas economias avançadas. O governo alemão elevou no mês passado suas projeções de crescimento para 2015 e 2016 a 1,8 por cento encorajado por um aumento em novos empregos, pelo petróleo barato e o euro fraco.
Governo publica MP que reajusta tabela do IR Fonte Jornal Valor Econômico 11/03/2015 às 07h52 SÃO PAULO A presidente Dilma Rousseff publicou nesta quarta feira medida provisória estabelecendo o reajuste escalonado da tabela do Imposto de Renda, como acordado nesta terça com o Congresso. A tabela será corrigida em 6,5%, 5,5%, 5% e 4,5%, de acordo com a faixa salarial quanto menor a faixa, maior a correção, a partir de abril deste ano. A medida não vale para as declarações de Imposto de Renda feitas neste ano, mas apenas para as prestações de contas que serão realizadas em 2016. Por esse modelo, a faixa de isenção será elevada de R$ 1.787,77 para R$ 1.903,98. A faixa salarial sujeita à maior tributação, de 27,5%, será acima de R$ 4.664,68 antes, esse limite é de R$ 4.463,81. As faixas intermediárias passaram a ser de R$ 1.903,99 a R$ 2.826,65 (alíquota de 7,5%), R$ 2.826,66 a R$ 3.751,05 (alíquota de 15%) e R$ 3.751,06 a R$ 4.664,68 (alíquota de 22,5%). Segundo o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o impacto fiscal do 17
reajuste será maior que R$ 6 bilhões. Segundo ele, 16 milhões de contribuintes estão na primeira faixa, em que a correção será de 6,5%. "Nós vamos encontrar recursos ao longo do ano [para aplicar a correção] sem deixar de cumprir a meta fiscal, que foi aprovada na LDO", disse ontem o ministro, sem dar detalhes sobre possíveis altas de impostos ou outras formas de compensar esse custo. A proposta inicial do Legislativo era de um reajuste total de 6,5%, que foi vetada pela presidente Dilma Rousseff, defensora de um reajuste de 4,5%, muito abaixo da inflação do ano passado. Um reajuste maior, como queria o Congresso, representaria mais gastos num ano de aperto fiscal. Para não sofrer o desgaste de ter o veto derrubado, o governo negociou esse modelo intermediário. O PMDB exigiu que a proposta já esteja em vigor quando o veto da presidente Dilma for colocado em votação, o que está previstopara acontecer nesta quarta-feira.
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