SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 11 DE MARÇO DE 2015
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Governo cede e aceita proposta de reajuste escalonado da tabela do IR Fonte Jornal Folha de São Paulo SOFIA FERNANDES e GABRIELA GUERREIRO DE BRASÍLIA 10/03/2015 às 20h 40 O governo cedeu e acatou a proposta do Congresso para reajuste escalonado das tabelas do Imposto de Renda, que passa a valer a partir de abril. Nesta quarta-feira (11), será publicada medida provisória definindo correção gradual de 6,5%, 5,5%, 5% e 4,5%, de acordo com a faixa de renda dos contribuintes, sendo as mais baixas favorecidas por ajustes maiores. A medida não vale para as declarações de Imposto de Renda feitas neste ano, mas apenas para as prestações de contas que serão realizadas em 2016. "Importante é que houve uma construção junto com Congresso, dentro da capacidade fiscal do país, no momento de ajuste fiscal, mas acho que cumprimos com valor que é suportável", afirmou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na noite desta terça, após fechar acordo com o presidente do Senado, Renan Calheiros. O impacto fiscal do reajuste será maior que R$ 6 bilhões, afirmou Levy. Segundo ele, 16 milhões de contribuintes estão na primeira faixa, em que a correção será de 6,5%. "Nós vamos encontrar recursos ao longo do ano [para aplicar a correção] sem deixar de cumprir a meta fiscal, que foi aprovada na LDO", disse, sem dar detalhes sobre possíveis altas de impostos ou outras formas de elevar a arrecadação para cobrir esse custo. A proposta inicial do Legislativo era de um reajuste total de 6,5%, que foi vetada pela presidente Dilma, defensora de um reajuste de 4,5%, muito abaixo da inflação do ano passado. Um reajuste maior, como queria o Congresso, representaria mais gastos num ano de aperto fiscal. Para não sofrer o desgaste de ter o veto derrubado, o governo negociou esse modelo intermediário. O PMDB exigiu que a proposta já esteja em vigor quando o veto da presidente Dilma for colocado em votação, nesta quarta-feira. A presidente Dilma Rousseff já telefonou na noite desta terça para o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (PMDB - CE), confirmando que a medida provisória será publicada nesta quarta.
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FAIXAS A tabela será corrigida em 6,5%, 5,5%, 5% e 4,5%, de acordo com a faixa salarial -quanto menor a faixa, maior a correção. Por esse modelo, a faixa de isenção será elevada de R$ 1.787,77 para R$ 1.903,98. A faixa salarial sujeita à maior tributação, de 27,5%, será acima de R$ 4.664,68 -atualmente, esse limite é de R$ 4.463,81. As faixas intermediárias passaram a ser de R$ 1.903,99 a R$2.826,65 (alíquota de 7,5%), R$ 2.826,66 a R$ 3.751,05 (alíquota de 15%) e R$ 3751,06 a R$ 4.664,68 (alíquota de 22,5%). A oposição não concorda com a nova sugestão de correção escalonada em faixas de renda e promete votar pela derrubada do veto. Mas os aliados de Dilma, que são maioria no Congresso, devem apoiar a medida, inclusive os que ameaçavam votar contra. Segundo as contas do PMDB, a primeira faixa, que contará com a correção de 6,5%, abarca 66% dos contribuintes, um universo considerável.
Revisão de dados aumenta PIB brasileiro em 2,1% Fonte Jornal Folha de São Paulo PEDRO SOARES DO RIO 11/03/2015 às 10h 10 O IBGE divulgou nesta quarta-feira (11) os dados definitivos do PIB de 2001 a 2011 e concluiu que a economia brasileira cresceu mais do que o estimado originalmente, após sua mais recente revisão metodológica. 3
Em valor, o PIB somou R$ 4,375 trilhões em 2011. Na média de 2000 a 2011, a economia brasileira em valores foi aumentada em 2,1% em relação às informações divulgadas anteriormente. Na média anual de 2000 a 2011, a economia brasileira avançou 3,7%, pouco acima dos 3,5% registrados antes. O resultado de 2009 foi alterado de um recuo de 0,3% para uma variação negativa de 0,2%. Em 2010, a expansão ficou em 7,6%, contra um avanço de 7,5% do indicador preliminar. Em 2011, foi apontado incremento de 3,9%, frente aos 2,7% considerados até agora. O ano de 2010 foi marcado pela forte recuperação do consumo e da indústria após o tombo provocado pela crise global iniciada no fim de 2008 e agravada no ano seguinte. A economia se expandiu baseada em boa medida por estímulos como corte de impostos, como o IPI para veículos, e aumento do crédito subsidiado. Com a demanda aquecida, a inflação subiu com força em 2010 (ficou no exato limite do teto da meta, em 6,50%), o que obrigou o Banco Central a elevar os juros para até 12,5% (mesmo patamar atual) para segurar o consumo e os preços. O resultado foi um crescimento mais modesto. Com a inclusão de mais itens considerados como investimento, a taxa de investimento (proporção dessa categoria em relação ao valor do PIB) mudou de patamar. Em 2011, passou de 19,3% do PIB na série original para 20,6% na revisada. O percentual de 2010 mudou de 16,5% para também 20,6% em 2010. Economistas avaliam que é necessária uma taxa na faixa de 23% a 25% por vários anos para ampliar a capacidade produtiva do país e manter um crescimento sustentado do PIB na faixa de 3% a 3,5% ao ano. RECESSÃO AFASTADA A Folha revelou na terça-feira que o governo havia sido informado que o resultado de 2011 seria revisto para cima e ficaria em 3,9%. Com isso, a expectativa é que 2014 não mais apresente uma ligeira queda no nível de atividade da economia do país, conforme esperado por analistas. Isso porque a revisão ampliou a base do PIB e o tamanho da economia brasileira, carregando um efeito estatístico de uma base de comparação mais alta. Inicialmente, as previsões apontavam para uma variação entre a estabilidade e um recuo de até 0,5% da economia no ano passado. O resultado será conhecido no final deste mês O instituto revisou os dados e informou com atraso o PIB definitivo desses dois anos por causa de atualização dos métodos de cálculos do PIB, indicador que mede toda a produção de bens e serviços do país. Historicamente, o IBGE divulga entre fevereiro e março o PIB do ano anterior com base em informações coletadas e divulgadas trimestralmente. No terceiro trimestre de cada ano, havia uma revisão geral e saía o dado final do PIB do ano anterior. NOVA METODOLOGIA Para ajustar sua metodologia às novas recomendações da ONU, o instituto deixou de apresentar os números anuais definitivos e informou apenas estimativas de cada ano, feitas com base no PIB trimestral. Também foram recalculados a série histórica de 2000 a 2009. Os números finais de 2012 a 2014 serão divulgados no dia 27 deste mês, junto com o PIB do quarto trimestre e o resultado preliminar de 2014. Desde 2010, o IBGE trabalha para incorporar novas recomendações metodológicas da ONU, de 2008, para a cálculo do PIB. O instituto já havia alertado que as alterações têm efeito "positivo" no PIB. Ou seja, mostra uma economia com dimensões maiores do que anteriormente estimado. O motivo principal para um incremento do PIB é que gastos em pesquisa e desenvolvimento, prospecção e avaliação de recursos minerais (mesmo que não sejam encontradas, por exemplo, jazidas de minério ou petróleo) e aquisição de softwares passaram a ser tidos como investimento e foram contabilizados no PIB. Antes, esses itens eram encarados como despesas intermediárias (usadas na produção de bens e serviços) e descontadas do cálculo do PIB. PIB PER CAPITA Com a mudança do tamanho da economia brasileira e a manutenção das projeções de população, o PIB per capita também foi turbinado. A produção de bens e serviços de toda a economia por pessoas ficou em R$ 4
20.461 em 2011, após a revisão o valor era de R$ 19.620. O crescimento frente a 2010 passou de 1,7% para 2,9%, no dado já revisado.
Doação como álibi Fonte Jornal Folha de São Paulo 11/03/2015 às 02h 00 Não são poucos os políticos que, vendo-se no centro de um escândalo de corrupção e tornando-se suspeitos de ter embolsado dinheiro de forma ilícita, se defendem com uma expressão bastante comum em episódios dessa natureza: "Todos os recursos dizem respeito a doações eleitorais, feitas legalmente e com o aval da Justiça". Com pequenas variações, a frase já começa a ser empregada e ainda será repetida por ocasião dos inquéritos acerca do esquema de desvios bilionários na Petrobras. O enunciado é muito útil para os investigados; tem a aparência de um álibi firme e, no mais das vezes, poderá ser comprovado. Daí não decorre, contudo, que nada tenha ocorrido por baixo do pano. A julgar pelo que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse em um de seus depoimentos na Polícia Federal do Paraná, a ideia de que existe contribuição para campanhas não passa de uma "grande falácia". De acordo com Costa, o financiamento eleitoral constitui, na verdade, um empréstimo a ser cobrado no futuro, "a juros altos", de quem vier a ocupar cargos públicos. O acerto entre patrocinador e beneficiário pode se dar de várias maneiras; uma delas, talvez a mais frequente, vem sendo exposta pela Operação Lava Jato. Nesse esquema, a "doação eleitoral" surge como mero disfarce para o pagamento de propina. Esta, por sua vez, é o preço do agente público para facilitar contratos de empresas privadas com o Estado, seja fazendo vista grossa a conluios entre concorrentes, seja direcionando licitações --em qualquer hipótese, o erário sai perdendo. O prejuízo imposto aos cofres públicos representa o lucro indevido das companhias, que enfim se veem recompensadas pelo adiantamento que fizeram. Uma mão lava a outra, como se vê, e todos os envolvidos saem ganhando. Além de agentes e empresas diretamente implicados na falcatrua, também partidos se beneficiavam dos desfalques. Costa é assertivo: "Toda indicação política no país para os cargos de diretoria pressupõe que o indicado propicie facilidades ao grupo político que o indicou, realizando o desvio de recursos de obras e contratos firmados". Os inquéritos, assim, não precisam necessariamente destrinchar as doações eleitorais. Nenhuma conclusão a que se chegar com relação a elas explicará muito sobre o esquema de corrupção --até porque não é impossível, embora improvável, que um político de fato desconhecesse as negociações por trás das verbas que recebeu. Justamente por isso, tudo o que os investigados mais querem neste momento é desviar as atenções para o financiamento das campanhas.
Novo ritmo chinês Fonte Jornal Folha de São Paulo 11/03/2015 às 02h 00 5
A taxa de crescimento da China cai desde 2011. O país passa por uma transição em seu modelo de desenvolvimento, que visa superar a fase da rápida industrialização e de investimento em infraestrutura e, ao mesmo tempo, encontrar novas fontes de dinamismo baseadas na inovação e nos serviços. Não será tarefa fácil. O empuxo industrial transformou a China em um país de renda média. Seu desenvolvimento ocupa lugar único na história, pelo gigantismo da nação e pela rapidez das mudanças. A experiência internacional sugere que o maior desafio está no próximo passo: passar da etapa de absorção de tecnologia à geração de conhecimento próprio. À parte os pioneiros do capitalismo industrial, poucos países atingiram tal patamar. Todos estão na Ásia --Japão, Coreia do Sul, Hong Kong e Cingapura são os principais. Mas, por suas dimensões, um sucesso chinês ao galgar tal estágio configuraria outro ineditismo. O país parece ter dinamismo para tanto. Precisará, todavia, superar os desequilíbrios do modelo anterior, apoiado no dirigismo governamental e em políticas de crédito para setores privilegiados. O esgotamento da estratégia ficou claro depois da crise de 2008, quando as autoridades chinesas reagiram ao risco de recessão com um pacote de infraestrutura e construção civil financiado por empréstimos bancários. O país logo saiu do apuro, mas ao custo de investimento imobiliário excessivo, formação de bolha de crédito e excesso de capacidade em várias indústrias. Dada a nova conjuntura, foram fixadas metas mais modestas para o PIB --7% neste ano, ante 7,5% em 2014. Num prazo mais longo, o crescimento pode ser inferior a 5%. O rearranjo não será ruim para a China, pois devem emergir novos setores de consumo e serviços em uma economia que se sofistica. Para o restante do mundo, a redução do ritmo chinês constitui uma ameaça, sem dúvida, mas também uma oportunidade. O principal consumidor do planeta não terá mais o foco nas matérias-primas. A corrida acirrada será pela maior classe média do mundo. As implicações são óbvias para o Brasil, que tem na China seu maior parceiro comercial. Pequim absorve 18% das nossas exportações, mas apenas três produtos soja, minério de ferro e petróleo representam 80% das vendas. Para reduzir essa concentração será preciso restaurar a capacidade brasileira de competir em produtos industrializados, o que demanda, além de medidas internas, uma nova estratégia de inserção no comércio internacional.
Criador x criatura Fonte Jornal Folha de São Paulo 11/03/2015 às 02h 00 SÃO PAULO - Embora esteja passando por uma fase difícil, é óbvio que o PT não desistiu de seu projeto de poder. O partido certamente disputará a eleição de 2018. Tem até um candidato, Luiz Inácio Lula da Silva, que, em condições normais, seria muito difícil de derrotar. A pergunta que não quer calar é se, em 2018, estaremos sob condições normais. É difícil, para não dizer impossível, prever. Em qualquer cenário, o partido precisará de um discurso plausível para vender ao eleitor. A crer numa corrente de pesquisadores que estuda as preferências políticas das pessoas, nossos cérebros fazem suas escolhas eleitorais aderindo a alguma das narrativas oferecidas pelos candidatos. E narrativas nada mais 6
são do que encadeamentos de metáforas carregadas de conteúdo moral que produzem respostas emocionais no cidadão. O plano A do PT é fazer agora um ajuste recessivo forte e rezar para que, a partir de 2017, o país esteja crescendo. Nesse caso, Lula disputaria a sucessão de Dilma como continuidade. A trajetória do PT de combate à pobreza, iniciada pelo metalúrgico em 2003, seria uma história de sucesso. A crise não passaria de um breve hiato, provocado por uma conjunção infeliz de problemas externos com conspirações internas. O problema é que não há nenhuma garantia de que a economia brasileira responderá bem ao ajuste. Se, à medida que nos aproximarmos do pleito, a situação ainda for de crise, Lula precisará de uma narrativa diferente. Para posar de cavaleiro magnífico que vem resgatar a virtude perdida --uma imagem poderosa--, ele terá de oferecer alguma explicação de por que as coisas saíram de controle. Na versão light, põe-se a culpa nos tucanos ou na mídia. Se não convencer, Lula terá de rifar Dilma, dizendo que ela foi sequestrada pela direita ou coisa parecida. Assim, é possível que em breve comecemos a assistir a um clássico episódio de rompimento entre criador e criatura.
Recuperar o normal Fonte Jornal Folha de São Paulo 11/03/2015 às 02h 00 Deveria ser evidente a qualquer economista com algum contato com a história, não importa qual seja a igreja secreta a que pertence, "capitalistóide" ou "socialistóide", que existem limites para o voluntarismo econômico que não podem ser contornados sem graves consequências que, infelizmente, sempre chegam tarde demais, como, por exemplo: 1º) tentação de violar as identidades da contabilidade nacional, que leva a desequilíbrios cumulativos, cuja correção é sempre dolorosa; 2º) a necessidade de calibrar permanentemente o crescimento econômico (produzido pelo investimento) com a imprescindível redução das desigualdades (aumento das oportunidades de consumo); 3º) ignorar que só pode ser distribuído o que já foi produzido internamente, o que se ganhou de presente do exterior com a melhoria das relações de troca ou o que se tomou emprestado do exterior e que deverá ser devolvido no futuro; 4º) desconhecer que o crescimento econômico é somente o codinome do aumento da produtividade dos trabalhadores que depende, basicamente: a) da saúde, da educação e da experiência de cada um e do volume e da qualidade tecnológica do capital a ele associado (investimento); b) de como se organiza o processo produtivo nas empresas e sua segurança jurídica, ou seja, da eficiência com que transformam os fatores de produção que usam (trabalho, capital físico, energia e importação) em produtos acabados para consumo interno e exportação e em novos fatores de produção (investimento), o que é facilitado; c) pela existência de mercados bem regulados que coordenam, por meio de preços relativos livremente estabelecidos, as expectativas de consumo interno e externo com as expectativas de oferta dos produtores;
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d) da organização do Estado para prover serviços públicos com eficiência e liberá-lo do controle dos monopólios naturais com suas concessões ao setor privado por meio da criação desses mercados e do estabelecimento da "modicidade tarifária" com leilões bem concebidos e; 5º) deixar de reconhecer que a "ordem" fiscal (déficits estruturais adequados e relação dívida pública bruta/PIB com espaço suficiente para fazer política anticíclica quando necessário) é a mãe de todas as "ordens" e a possibilidade de uma coordenação adequada entre a política fiscal e as políticas monetária, salarial e cambial que produz o equilíbrio interno (baixa inflação) e o externo (déficit em conta corrente saudável).
Avaliação do governo e intenções de voto Fonte Jornal Folha de São Paulo 11/03/2015 às 02h 00 Por mais que os defensores e estrategistas do Planalto tentem desqualificar as manifestações do último domingo como um "panelaço das elites", o comportamento dos brasileiros vem seguindo um comportamento previsível em relação à forma como avaliam o governo federal e o desempenho dos diversos presidentes nos últimos 20 anos: situação econômica e expectativas positivas, aprovação e voto. Dificuldades econômicas que restrinjam o salário, poder de compra e emprego (ou a mera expectativa dessas dificuldades) resultam em desaprovação e voto na oposição. É natural que as classes médias urbanas sintam e manifestem antes suas restrições ao governo, principalmente quando lhes pesam no bolso. Mas, desta vez, a insatisfação dos brasileiros já havia sido detectada pelo Datafolha em fevereiro: o índice de avaliação da presidente Dilma --índice que é o resultado das avaliações "ótimo e bom" menos "ruim e péssimo"-- registrou uma inversão: de 18 pontos positivos para 21 pontos negativos. Uma perda de 39 pontos em dois meses, repetindo 2013, quando a avaliação da presidente caiu dos 50 pontos herdados de Lula para 5 pontos pós-manifestações de junho de 2013, oscilando a níveis quase negativos durante a Copa do Mundo. A evolução dos índices de aprovação dos governos Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma permite elaborar uma hipótese sobre a relação entre a oferta de "bens econômicos e sociais" e as avaliações dos governos e, depois, a manifestação do voto, mostrando que o eleitorado brasileiro aprendeu e pratica a política do "toma lá dá cá". FHC elegeu-se no primeiro turno em 1994 a bordo do Plano Real, com índices acima dos 30 pontos, imediatamente antes do pleito. À medida que aumentaram as dificuldades econômicas, o índice do 1º governo FHC caiu a 6 pontos, levando a equipe econômica do PSDB a procedimentos heterodoxos e criativos, mudando a percepção dos eleitores, elevando a aprovação para 30 pontos em setembro. Em outubro, FHC seria reeleito no primeiro turno com 53% de votos válidos. Um mês após eleito, revertidas as medidas que mantinham a economia artificialmente aquecida, FHC teria índice de avaliação de 43 pontos negativos, recorde nas pesquisas do Datafolha, facilitando para o eleitorado aceitar a proposta de Lula e um governo petista, opção antes rechaçada pelos brasileiros. Lula começou seu primeiro mandato com índice de 33 pontos positivos. Manteve-se assim até o escândalo do mensalão, quando a percepção positiva começou a cair, até zerar, no final de 2005. 8
Em 2006, os brasileiros entenderam que os benefícios percebidos na administração petista eram mais importantes que os desvios éticos comprovados, o que resultou em sua relativamente fácil reeleição. No segundo mandato de Lula, as conquistas econômicas e os programas de assistência deram aos brasileiros a certeza de que, enfim, haviam "chegado lá" e que o melhor a fazer era eleger o candidato da situação. Dilma não só foi eleita como iniciou seu primeiro mandato com 40 pontos positivos, elevando-os depois para mais de 50 pontos. Após as manifestações de junho de 2013 e à medida que a situação econômica se deteriorava, a avaliação do governo federal praticamente zerou os índices positivos e, por muito pouco, o PT não perdeu a eleição. Só não perdeu porque a campanha eleitoral, principalmente na TV, permitiu ao PT retomar o discurso e a agenda positiva, fazendo com que a avaliação do governo crescesse quase 20 pontos, atingindo o ápice exatamente no dia da eleição, garantindo a vitória. Esse foi, efetivamente, o mais importante fator de reversão das tendências eleitorais que estavam desenhadas. Em 2015, as percepções reais se deterioraram, assim como as expectativas. Surge uma agenda pessimista e negativa, turbinada pela operação Lava Jato. O panelaço e a convocatória de protestos no domingo confirma o Datafolha de fevereiro e antecipa resultados ainda mais amargos na próxima medição.
O caminho é a participação Fonte Jornal Folha de São Paulo 11/03/2015 às 02h 00 As pessoas estão fartas da política brasileira. Dois terços da população acham que os representantes eleitos não trabalham pelo bem comum: a qualidade dos serviços públicos é muito baixa, e a corrupção corre solta. Como podemos fazer a nossa parte? Não será pela omissão, mas pelo ativismo democrático. A participação na vida pública pode se dar de muitas maneiras: debates, protestos ou ativismo digital. Mas, em uma democracia, os partidos detêm o monopólio da representação, pois são caminho obrigatório para a disputa de eleições. Por isso, a participação mais ativa requer o ingresso em um partido. Hoje, porém, as agremiações partidárias estão desacreditadas e entupidas. Segundo o Datafolha, 71% dos brasileiros não têm partido de preferência. Vige o ceticismo em relação aos méritos da atividade partidária e à possibilidade de fazer política com ética --vide o petrolão. Esse ceticismo deve ser revertido para que possamos mudar a política. O movimento Onda Azul sugere melhorias concretas na forma como o principal partido de oposição --o PSDB-- funciona. Nosso manifesto conclama aqueles que acreditam nos valores social-democratas a um ato de filiação coletiva ao partido. A proposta é tornar o PSDB uma instituição mais inclusiva e transparente para que mais pessoas participem ativamente da política e para que haja mecanismos de competição interna, como as prévias. A boa militância também requer conteúdo e debate de políticas públicas. O movimento Construindo a Alternativa, iniciado voluntariamente para discutir propostas no âmbito das atividades da oposição, no ano passado, propõe-se a continuar esse trabalho, de maneira ainda mais ampla e participativa. Afinal, o Brasil precisa construir uma estratégia de desenvolvimento e compor uma nova agenda nacional, uma vez que a do atual governo se provou fracassada.
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Nosso combustível é a vontade de agir para transformar o Estado em um organismo mais próximo da vida dos cidadãos. Entre propostas que apoiamos está a do voto distrital como primeiro passo da reforma política. Julgamos que uma etapa crucial desta luta é sua adoção para a eleição de vereadores em municípios com mais de 200 mil eleitores --que abrigam quase 40% da população brasileira-- nos moldes do projeto de lei nº 25, de 2015, do senador José Serra (PSDB-SP). Muitos criticam os políticos como se eles não fossem o espelho da sociedade. Das câmaras municipais à Presidência da República, porém, todos são eleitos pelo voto. Há muita gente ruim? Sem dúvida. Temos é de lutar para melhorar a qualidade do voto, promovendo mudanças no sistema eleitoral, exigindo melhores políticas públicas e informando cada vez melhor os eleitores. É preciso que nos engajemos na construção de uma democracia muito mais participativa. A crítica pela crítica é um caminho estéril. Desde 2013, a sociedade mostrou que está desperta. Foi às ruas para exigir atitudes concretas por parte dos políticos. Ao final de 2014, novos movimentos surgiram para reivindicar governos melhores. O desafio está à nossa frente. A mobilização continua e precisa se aprofundar. A participação é o caminho.
Tumulto é agora imprevisível Fonte Jornal Folha de São Paulo 11/03/2015 às 02h 00 O TUMULTO NACIONAL destes quase idos de março estava escrito e poderia ser lido desde pelo menos a reeleição de Dilma Rousseff. O que virá adiante, porém, parece incalculável, talvez quase aleatório e, pois, aberto a acidentes extremos. Na falta de lideranças políticas e alianças sociais fortes que tentem colocar ordem nessa confluência revolta de incompetências e pequenezes, o risco de desastre aumenta. Era previsível e, aliás, foi aqui e ali previsto que, ao final do primeiro trimestre do ano, por aí, haveria a conjunção exponencial das seguintes crises: 1) Apareceriam os primeiros efeitos concretos, "de rua", da crise econômica, fosse pela degradação contínua decorrente da má administração, pelos primeiros impactos do arrocho ou, caso a presidente persistisse nos erros piores, no colapso resultante do fato de que agentes econômicos antecipariam a crise de modo grave, agudo e concentrado; 2) O clima político progressivamente odiento, agravado pela eleição apertada e pelo udenismo de parte significativa do PSDB e de certa elite, degringolava já na campanha em ataques à legitimidade da eleição. Essa atitude biliosa regressiva de parte da oposição deu alento a birutas a princípio periféricos, que passaram a pregar tipos variados de golpe. A conjunção de piora econômica com o estelionato eleitoral de Dilma Rousseff agregou parcelas importantes da população à revolta antes marginal; 3) Era evidente que o rolo político do petrolão desarticularia um Congresso já desbaratado. Crise econômica e tumulto político-partidário se realimentariam; 4) A ruína da Petrobras, financeira, administrativa e, enfim, corrupta, teria efeitos na cadeia enorme de empresas relacionadas e no crédito de firmas em geral, quiçá em bancos. De mais imprevisto foi o tamanho da incompetência política do governo. Além do mais, um mistério, pergunta-se por que Dilma rechaçou o conselho de Lula, que tenta sem sucesso tutelar ou ao menos orientar a pupila pelo menos desde junho de 2013. Agora se torna muito difícil calcular a resultante de tantas lutas ávidas, imediatistas e particularistas para a salvação do próprio pescoço e interesses, políticos e econômicos. O que pode ser do Congresso? Os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Eduardo Cunha, lutam pela sobrevivência política, assim como bancadas que haviam sido comprados para a coalizão do governo. Querem triturar politicamente o governo. Mas dão sinais de que não vão fazer política de terra 1
arrasada na legislação econômica. Cunha o disse explicitamente; Renan negocia um acordo para o reajuste da tabela do IR que, embora não seja o ideal para o governo, é uma negociação que seria normal e razoável em qualquer Congresso. Os líderes do Congresso podem estar sob pressão de parte das lideranças maiores do empresariado, mas parte do mundo empresarial, aliada a sindicatos, milita contra o ajuste. Há muita gente nesse salve-se quem puder imediatista. A política econômica se tornou mais incerta devido aos danos adicionais causados pelo tumulto político (juros e câmbio estão sem norte). A confluência tumultuária de interesses imediatistas e a falta de lideranças tornou bastante imprevisível o futuro próximo do país.
Petrobras monta força-tarefa para incluir propinas no balanço Fonte Jornal Folha de São Paulo RAQUEL LANDIM e RENATA AGOSTINI DE SÃO PAULO 11/03/2015 às 02h 00 Equipe cruza depoimentos de delatores com dados internos; sobrepreço não será calculado Estatal corre para publicar documento auditado antes de 31/5 e evitar a cobrança antecipada de dívidas. Com pouco tempo para fechar as contas e publicar o balanço de 2014 auditado, a nova diretoria da Petrobras decidiu calcular só o prejuízo com propinas pagas a ex-funcionários e políticos e deixar de fora o sobrepreço causado pelo suposto cartel. Sob o comando de Ademir Bendine, a estatal montou uma força-tarefa para analisar todos os depoimentos dos delatores da Operação Lava Jato e cruzar com informações internas para chegar à propina a ser contabilizada. A avaliação dos diretores é que a empresa não tem meios para calcular o sobrepreço nas obras antes da conclusão das investigações do Ministério Público sobre o conluio. O cálculo do custo da corrupção é importante para convencer a auditoria independente PwC a aprovar o balanço. Desde novembro, a auditoria tem feito ressalvas à contabilidade da estatal. O balanço do terceiro trimestre e o do resultado anual têm que ser publicados no máximo até 31 de maio. Caso contrário, os credores poderão pedir a antecipação do pagamento das dívidas. Segundo a agência de classificação de risco Moody's, a empresa pode ser obrigada a pagar de uma vez US$ 110 bilhões, ou um terço de tudo o que deve na praça. Diante do prazo apertado, o diretor financeiro da empresa, Ivan Monteiro, foi escalado para entrar em contato com os principais credores e tranquilizá-los. A Folha apurou que, apesar de não se comprometer com uma data de divulgação do balanço, o executivo tem dito que haverá tempo hábil para apresentá-lo. PROPINA A Petrobras cogitou usar como custo da propina o porcentual de 3% citado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa sobre todos os contratos suspeitos. Mas ele próprio disse depois que as empresas pagaram mais em alguns casos, por exemplo a Renan Calheiros --ele nega as acusações. Além de atender às ressalvas da PwC, o cálculo serve para estabelecer um parâmetro de quanto as empreiteiras devem devolver aos cofres públicos, caso firmem um acordo com a CGU (Controladoria-Geral da União). As empresas, via acordo de leniência, tentam escapar da declaração de inidoneidade, que as impediria de assumir novos contratos públicos. Segundo a Folha apurou, o balanço da Petrobras vai mostrar, além do pagamento de propina, quanto os principais ativos da companhia, como a refinaria Abreu e Lima e o Comperj, valem hoje. A perda, no entanto, deve ser menor que os US$ 88,6 bilhões estimados pela gestão anterior de Graça Foster. Serão alterados parâmetros técnicos para chegar a um valor inferior. 1
Chefe da Vale poderá presidir o conselho Fonte Jornal Folha de São Paulo 11/03/2015 às 02h 00 O presidente da Vale, Murilo Ferreira, deve integrar o Conselho de Administração da companhia. Ele deve acumular os dois cargos. A tendência é que Ferreira assuma a presidência do conselho --o governo pretende entregar cargos de conselheiros que representam a União a executivos, no lugar de ministros. Ferreira ocupará provavelmente a vaga que era do ex-ministro Guido Mantega, ainda formalmente presidente do conselho, embora fora do governo. Ferreira relutou no mês passado a assumir a presidência da companhia, como queria a presidente Dilma Rousseff. Ele não aceitou o convite, alegando que tinha muito a fazer ainda na mineradora, que também passa por uma situação delicada --com o preço do minério em queda e fracos resultados. O governo possui sete das dez vagas do conselho. Duas cabem a acionistas minoritários e a outra é de indicação de funcionários da estatal.
Agências de viagem registram queda nas vendas Fonte Jornal Folha de São Paulo 11/03/2015 às 02h 00 As vendas da maioria das agências de viagem do país diminuíram no verão deste ano na comparação com o mesmo período de 2014. Pesquisa do Ipeturis (Instituto de Pesquisas, Estudos e Capacitação em Turismo) mostra que 59,3% das empresas consultadas registraram queda na temporada. Dessas, 30,5% viram a movimentação recuar entre 20% e 30%. A alta do dólar foi apontada como a principal responsável pelo desempenho negativo, por 39,5%. Em seguida, apareceram a situação econômica (25,3%) e a incerteza política (10,5%). "A variação da moeda é muito significativa. A pessoa não sabe quanto vai gastar no total e acaba postergando a viagem", afirma o presidente do Sindetur-SP (Sindicato das Empresas de Turismo no Estado de São Paulo), Eduardo Nascimento. "Enquanto o quadro político estiver assim, com o Executivo brigando com o Legislativo e com denúncias de corrupção, haverá insegurança e, consequentemente, redução na intenção de viagens", acrescenta. Das 371 companhias consultadas, 24,5% afirmaram que as vendas deste verão ficaram no mesmo patamar das de 2014 e 15,9% disseram que foram superiores. Entre as que registraram resultado positivo, 25,4% tiveram incremento de 10% a 20%. A maior divulgação da empresa, o fim dos grandes eventos (como a Copa) e as promoções foram citadas como principais alavancas, com 25,7%, 22,9% e 11,4%. ECONOMIA NA MALA Cada brasileiro deverá gastar em média R$ 11,7 mil com viagens neste ano, 4,5% a mais que o orçamento do ano anterior, segundo um estudo da consultoria Ipsos feito a pedido do site TripAdvisor. Em comparação com 2013, entretanto, o montante é considerado baixo. Naquele ano, cada turista afirmou ter gasto em torno de R$ 15,5 mil com turismo em doze meses, 38,4% a mais que em 2014. Os destinos mais desejados são Itália (39%), Estados Unidos (36%), Grécia (35%), França (34%) e Caribe (31%). Os suíços são os que mais preveem gastar ao longo deste ano: US$ 12,1 mil (cerca de R$ 37,6 mil, na cotação atual). 1
Os australianos aparecem em segundo lugar, com uma média de US$ 11,7 mil (aproximadamente R$ 36,3 mil) em gastos com viagens. Afetados pela crise econômica da União Europeia, turistas de países como Itália, Portugal e Grécia têm orçamentos inferiores ao do Brasil. Assim como os russos, impactados pela desvalorização do rublo em relação ao dólar. Os turcos terão as despesas com viagem mais modestas em 2015, de cerca de US$ 2.500 (R$ 7.800). A consultoria Ipsos entrevistou cerca de 44 mil pessoas em 32 países.
Turismo interno é a preferência de brasileiros Portal Economia SC 11 de março de 2015 às 14h 27 O Ministério do Turismo divulga nesta quarta-feira, 11, um levantamento sobre a intenção de viagem do brasileiro pelos próximos seis meses. A maior parte dos viajantes entrevistados em fevereiro escolheu um destino brasileiro (73,2%), na região Nordeste (45,1%) e elegeu a casa de parentes e amigos para se hospedar. Entre os que ganham R$ 2.101 e R$ 4.800 o aumento foi de mais de seis pontos percentuais, passando de 45,3% para 51,6%. “O levantamento mostra que a intenção de viajar pelo Brasil aumentou de 67,8% em fevereiro de 2014 para 73,2% este ano. O mercado interno continua sendo a principal alavanca para o setor turístico no Brasil”, disse o ministro do Turismo, Vinicius Lages. A Sondagem do Consumidor – Intenção de Viagem é realizada todos os meses com duas mil pessoas em Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. As sete capitais brasileiras monitoradas correspondem a 70% do fluxo turístico do Brasil. O boletim de fevereiro também revela alguns destaques regionais. Os moradores da capital gaúcha, por exemplo, são os que mais investem em hotéis e pousadas (69,5%). Em comparação ao mesmo período do ano passado, houve um crescimento de 40,6%. Os brasilienses registraram a maior intenção de viajar sozinhos (31%),seguidos pelos paulistas (19%). O percentual é o maior registrado para o mês de fevereiro desde 2012 na capital federal. Brasília também é a capital em que os moradores demonstraram a maior intenção de viagem nos próximos seis meses (27,4%). Recife (PE), por sua vez, registrou a maior intenção de viajar de avião (85,8%) nos próximos seis meses seguido por Brasília (DF, 74,6%) e Rio de Janeiro (72,2%). Os recifenses são também os que mais desejam se hospedar na casa de parentes e amigos (65,3%). Se o deslocamento for de ônibus, os moradores de Salvador (BA) lideram o ranking (44%), entre as sete capitais monitoradas pelo Ministério do Turismo. O percentual é mais que o dobro da segunda capital que mais demonstrou preferência pelo ônibus como meio de transporte (6,4% em Belo Horizonte)
Os preços no varejo e na construção civil tiveram aumento mais moderado na prévia de março. A inflação do subíndice de Preços ao Consumidor, que mede o varejo, caiu de 0,97% em fevereiro para 0,88% em março, enquanto a taxa do subíndice de Custo da Construção recuou de 0,67% para 0,2.
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