12 de maio de 2015

Page 1

SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 12 DE MAIO DE 2015

FAÇA PARTE DESSE TIME ASSOCIE-SE (WWW.OESC.ORG.BR)

1


Setor financeiro não se importa com geração Y, e vice-versa Fonte Ben Steverman, da Bloomberg11/05/2015 ÀS 20H 00 O setor de investimentos tem um problema de discriminação etária, e os membros das gerações Y e X estão arcando com ele. Somente 30 por cento dos assessores financeiros estão procurando ativamente por clientes com menos de 40 anos, segundo uma pesquisa com 500 assessores realizada pela empresa Corporate Insight. Os assessores preferem clientes mais velhos por um motivo simples: o pagamento da maioria deles é calculado com base em uma porcentagem dos ativos que eles administram. E as famílias típicas no final da casa dos sessenta e no começo da casa dos setenta são muito mais ricas do que seus filhos e netos, com fortunas líquidas que quintuplicam a média das famílias de 35 a 44 anos. Os membros mais velhos da geração nascida entre 1946 e 1964 possuem 22 vezes mais ativos do que as pessoas com menos de 35 anos, mostram dados do Federal Reserve (Fed). Mesmo se os membros das gerações X e Y puderem encontrar um assessor que fale com eles, talvez eles possam se sair melhor por conta própria. Se você tiver apenas US$ 10.000 – a média de fortuna líquida para aqueles com menos de 35 anos – não faz muito sentido pagar US$ 300 por hora a alguém para administrar esse valor. No entanto, o setor de investimentos não pode ignorar para sempre os clientes mais jovens. Por um lado, as pessoas nascidas depois da Segunda Guerra Mundial – que estão se aposentando – começam a gastar o que pouparam para a aposentadoria – o que reduz a rentabilidade delas a cada ano, diz Sean McDermott, da Corporate Insight. Com o tempo, cada vez mais dinheiro acabará nas mãos da geração Y. E, por enquanto, seus membros não veem muitos motivos para procurar assessoria financeira profissional. Apenas 29 por cento dos trabalhadores jovens procuraram profissionais para assessorar-se, mostrou uma pesquisa da IQuantifi no mês passado. Em vez disso, 71 por cento consultou familiares e 45 por cento recorreu a amigos. Muitos assessores ignoram aqueles com menos de 40 anos, mas outras empresas de investimentos estão levando-os muito a sério. Elas observam uma oportunidade de negócios em conquistar os americanos mais jovens que estão de fato economizando somatórios substanciais. 2


Anteriormente restrito a clientes com mais de US$ 100.000, o serviço criado há dois anos oferece assessoramento a clientes pela internet e por telefone por 0,3 por cento dos ativos por ano, ou US$ 150 por uma carteira de US$ 50.000. A medida da Vanguard segue-se a um crescimento veloz de muitos novos assessores de investimentos on-line, frequentemente chamados de “robo-advisers” (assessores robôs), que cobram taxas similares por carteiras automatizadas. Onze startups, como a Betterment, a FutureAdvisor e a Wealthfront, estavam aconselhando clientes sobre cerca de US$ 19 bilhões no fim de 2014, estima a Corporate Insights. É um crescimento de 65 por cento nos oito meses entre abril e dezembro. Essas empresas podem cobrar uma fração do preço de um assessor humano porque a tecnologia lhes permite ser muito mais eficientes. Mas o custo baixo não é seu único atrativo, diz McDermott. Os clientes mais jovens também gostam da transparência das taxas e da facilidade de uso dos sites. Em março, a Charles SchwabCorp. lançou seu próprio serviço de robo-adviser, o SchwabIntelligent Portfolios. A tecnologia não substituirá completamente os assessores humanos, diz Elliot Weissbluth, CEO da HighTowerAdvisors. Mas esses assessores – até mesmo aqueles como os da HighTower, que se especializam em clientes ricos – terão que encontrar formas de incorporar a tecnologia e ser mais eficientes, diz ele. Apesar dessas tendências, somente 12 por cento dos assessores financeiros consultados pela Corporate Insight na pesquisa disseram estarem interessados em incorporar um serviço de robo-adviser à sua empresa. No setor de investimentos, “as coisas vão mudar mais rapidamente do que as pessoas imaginam”, diz Weissbluth. Se empresas de assessoria como a HighTower não se adaptarem, diz ele, “viraremos dinossauros”.

Senhor Mercado pode ajudar o Brasil pós-Petrobras Fonte Mac Margolis, daBloomberg11/05/2015 ÀS 17H 51 Quando o ministro brasileiro de Minas e Energia, Eduardo Braga, anunciou recentemente em Houston que queria acabar com o monopólio do petróleo no Brasil e convidar empresas estrangeiras de exploração a apresentarem ofertas por participações nos enormes novos campos petrolíferos offshore do país, os investidores pararam para ouvir. Com o déficit público nas alturas, a inflação bastante acima da meta e umProduto Interno Bruto com contração prevista de mais de um por cento neste ano, o maior país da América Latina pode estar precisando de uma sacudida. 3


A dúvida sobre se as declarações de Braga são um sinal de uma mudança real na política ou uma mera disputa de poder em Brasília está em aberto. Trata-se de um assunto fundamental para o desastrado governo da presidente Dilma Rousseff. A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, do mesmo partido político conservador de Braga, disse à Bloomberg News que também estava estudando um relaxamento das restrições à compra de terras por estrangeiros como uma forma de injetar capital no campo e conter a queda mundial das commodities. Talvez uma das maiores mudanças que estão afetando os investidores estrangeiros é o destino da Petrobras, a empresa petrolífera controlada pelo Estado. Certa vez classificada como a petroleira mais valiosa do mundo depois da ExxonMobil, a Petrobras caiu para o 416º lugar no último ranking industrial da Forbes, abaixo do 30º lugar de um ano atrás. Em 2007, alardeando uma enorme nova provisão de petróleo sob o Atlântico, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva restaurou o monopólio petrolífero controlado pelo Estado que os parlamentares haviam descartado uma década antes. As empresas prospectoras estrangeiras eram bem-vindas, mas tinham que comprar a maior parte de seus equipamentos de fornecedores locais e se associar com a Petrobras, a única operadora dos campos de petróleo ultraprofundos do pré-sal, que tem uma participação mínima de 30 por cento em todos os contratos de perfuração. Os lucros fluiriam para o governo. “Há indícios fortes de que Deus é brasileiro”, disse em 2009 Dilma, a então ministra de Minas e Energia. A Petrobras tinha o conhecimento de engenharia, mas logo se viu sobrecarregada pela demanda para extração do petróleo localizado sob 6,5 quilômetros de mar, terra, rocha e sal. Não ajudou o fato de os burocratas políticos terem transformado a empresa em um enorme caixa automático de dinheiro, desviando dinheiro de contratos de fornecimento para fundos secretos de campanhas eleitorais. “A gente está com sentimento de vergonha”, disse o novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, no dia 22 de abril, quando a empresa finalmente divulgou seu balanço de 2014, reportando mais de US$ 2 bilhões em baixas contábeis ligadas à corrupção e US$ 14,8 bilhões em prejuízos por ativos sobre avaliados. A empresa recuperou algum valor no rali do mercado de ações do mês passado, mas para restaurar a confiança do investidor será necessário mais do que arrependimento. Foi a concorrência, e não o monopólio, que impulsionou uma expansão da produção nos anos 1990 e levou a Petrobras à maior descoberta de petróleo no Hemisfério Ocidental desde 1976.

4


“O governo deveria acabar com o monopólio do petróleo, sair do caminho e deixar a Petrobras competir pelas concessões com outras empresas exploradoras”, me disse David Zylbersztajn, ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, órgão regulador do setor no Brasil, pontuando que a mania de grandeza quase demoliu a empresa. Dilma, que apoiou Lula quando ele ergueu a cerca de arame farpado em torno da Petrobras, tem feito silêncio em relação à desregulamentação, apesar de o Partido dos Trabalhadores, o PT, que está no poder, se opor ferozmente à redução do controle estatal sobre o petróleo. Mas ela poderá não ter escolha. A palavra final a respeito da regulação do petróleo cabe ao Congresso e o PT perdeu o comando da casa. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, concentrou suas atenções no assunto e fechou um acordo com os rebeldes da base aliada para fazer um plano de austeridade severa avançar. Recentemente, ele exortou os parlamentares a resolverem a questão do ajuste fiscal em prol de uma agenda de crescimento. A bagunça no Brasil apoiou Dilma nas reformas amigáveis ao mercado das quais ela sempre se queixou, mas que podem ser a única forma de resgatar uma economia em queda e o destino sombrio da presidente. Deus pode não ser brasileiro, mas parece estar ao lado dela.

Em dia de forte alta, dólar sobe 2,25% e volta ao patamar de R$ 3 FONTE DENISE ABARCA - O ESTADO DE S. PAULO 11 Maio 2015 às 17h 05

O dólar começou a semana devolvendo boa parte da queda de 3,40% apurada nas quatro últimas sessões, ao subir 2,25% no mercado à vista de balcão. O avanço esteve inserido no contexto global de alta da moeda ante as demais divisas, por sua vez, pautada pelas preocupações com a situação da Grécia e com o desempenho da economia chinesa. No Brasil, a pressão foi acentuada pelo depoimento do doleiro Alberto Yousseff na CPI da Petrobrás. O dólar comercial subiu 2,25%, para R$ 3,049, entre a mínima de R$ 2,983 (+0,03%, na abertura) e a máxima de R$ 3,0560 (+2,48%, à tarde). O volume perto do fechamento estava em US$ 833 milhões. A moeda norte-americana já abriu em alta ante o real, refletindo a decisão do banco central da China de reduzir suas taxas de empréstimos e depósitos. Na avaliação dos investidores, a medida amplia as preocupações quanto à real situação da economia do país, que está em desaceleração. Ao longo do dia, os investidores também acompanharam a reunião do Eurogrupo para discutir a situação da Grécia, na véspera do vencimento de uma parcela de € 750 5


milhões da dívida do país com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo fontes, a Grécia pagou ao FMI a parcela da dívida que venceria nesta terça-feira. Quanto ao encontro, segundo comunicado, os ministros afirmaram que, após Atenas e seus credores chegarem a um acordo no nível técnico, o grupo decidirá sobre possíveis novos desembolsos de fundos, no âmbito dos acordos já em vigor. No front local, ajudaram a impulsionar o dólar as declarações de Yousseff na CPI. Segundo ele, havia anuência do Palácio do Planalto com o esquema de corrupção que ele operava para o PP dentro da Petrobras. O doleiro disse ainda que, em sua opinião, o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff também sabiam do esquema. Mas ele afirmou que não teria como confirmar a informação. No Brasil, a agenda trouxe poucos indicadores. Na parte da manhã, o Relatório Focus elevou, pela quarta semana seguida, a projeção para a inflação em 2015: de 8,26% para 8,29%. Uma parte dos analistas já prevê um IPCA na casa dos 9% esse ano. Já a estimativa do PIB piorou e agora o mercado projeta um recuo de 1,20% em 2015. Bolsa. No mercado de ações, a Bovespa fechou praticamente estável, em leve alta de 0,08%, aos 57.197 pontos. Um dos destaques é a Vale, que tem forte alta desde a abertura com as notícias vindas da China. Vale ON subia 2,33% e PNA tinha alta de 2,92%. Já os papéis da Petrobrás oscilam neste início de semana. No mesmo horário, Petrobrás ON tinha leve alta de 1,48%, enquanto a PN subia 2,92%.

Aumentar taxa de juros é remediar dengue com aspirina Fonte Jornal Folha de São Paulo OPINIÃO LAURA CARVALHO ESPECIAL PARA A FOLHA 12/05/2015 às 02h 00 Depois de a inflação acumulada em 12 meses atingir 8,13% em março, o Banco Central optou, na mais recente reunião do Copom, por elevar os juros básicos pela quinta vez consecutiva, a quarta de meio ponto percentual. O aumento de juros é o remédio genérico prescrito para o combate à inflação causada por excesso de demanda, ou seja, para casos em que a elevação de preços reflete procura por bens e serviços acima da capacidade de oferta dos produtores. Mas e se estivermos diante de mais um caso de dengue, quando uma aspirina torna-se veneno? Samuel Pessôa, em sua coluna nesta Folha em 26/04/15, parece convicto de seu diagnóstico: considera que a inflação mais alta (e o deficit em conta-corrente) são sintomas do "mal" da demanda agregada excessiva que atingiria a economia brasileira. Nesses casos, o princípio ativo dos juros altos agiria de modo a inibir o consumo e o investimento, reduzindo os tais excessos de demanda. No entanto, ao decidir prescrever esse remédio amargo, é preciso um bom conhecimento dos seus efeitos colaterais e suas contraindicações. A elevação de juros é contraindicada, por exemplo, nos casos de economias em que há aumento da capacidade ociosa e da taxa de desemprego; de inflação puxada pela alta dos preços administrados, como tarifas de energia e combustíveis, por aumentos de custo com produtos importados e por problemas ligados à oferta de certos produtos alimentícios. Surpreendentemente ou não, a mais recente ata do Copom aponta para quase todos esses elementos no quadro brasileiro atual. Os efeitos colaterais são diversos: aumento do desemprego e queda nos salários; maior pagamento de juros pelo governo e elevação da dívida pública, e até a chamada doença holandesa, em que a atração de capital estrangeiro pelos juros altos leva à apreciação do câmbio e à perda de competitividade, com deterioração da balança comercial. Casos (não tão raros) de recessão foram observados em muitos países, inclusive o nosso.

6


Interações com outros medicamentos: a probabilidade de recessão é aumentada caso o remédio seja aplicado conjuntamente com outras medidas de contração da demanda, por exemplo, um ajuste fiscal. Finalmente, sobre a posologia e a duração do tratamento, como o nosso problemático regime de metas de inflação é definido para o ano-calendário, o Copom decide elevar a Selic em 0,25 ou 0,5 ponto percentual, a depender das expectativas inflacionárias para os próximos meses do ano, ainda que a inflação esteja convergindo para o centro da meta em um prazo um pouco mais longo. A persistirem os sintomas, outras teorias deverão ser consultadas, como aquelas em que o caráter inercial e persistente da inflação após os choques de custos são fruto do alto grau de indexação de contratos e das espirais de reajustes de preços e salários geradas por conflitos entre trabalhadores e empresários sobre a distribuição da renda. Em países de alta desigualdade, onde nem todos vivem de rendas financeiras, o tratamento deveria ser interrompido aos primeiros sinais de estagflação.

Batalhas e guerras Fonte Jornal Folha de São Paulo EDITORIAIS editoriais@uol.com.br 12/05/2015 Enganou-se quem imaginou que, após a pressão das manifestações de junho de 2013, deputados e senadores se dariam por vencidos na guerra intermitente que travam com o Ministério Público. Na esteira dos protestos, os congressistas não tiveram alternativa senão aniquilar a proposta de emenda constitucional que restringiria a atuação do órgão na investigação criminal. A chamada PEC da Impunidade recebeu 430 votos contrários e 9 a seu favor. Para parte do Legislativo, estava perdida uma batalha nada mais que isso. Passados quase dois anos daquela ocasião e redirecionados os ânimos não mais contra a classe política em geral, mas contra o PT e seu governo em particular, alguns parlamentares se sentiram à vontade para voltar à carga. Com o apoio do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o deputado federal Paulinho da Força (SDD-SP) começou a coletar assinaturas de colegas para tentar emendar a Constituição no sentido de proibir a recondução do procurador-geral da República. Segundo o deputado, a emenda conta com o aval do bloco liderado pelo PMDB, formado também por PP, PTB, PSC, PHS e PEN. Esgrimindo argumentos de caráter institucional, como a necessidade de oxigenar a cúpula do Ministério Público Federal (MPF), Paulinho busca disfarçar o óbvio: a iniciativa surge como represália ao atual ocupante do cargo, Rodrigo Janot, responsável por conduzir inquéritos contra políticos no âmbito do Supremo Tribunal Federal. Entre os 50 nomes investigados na corte em decorrência da Operação Lava Jato, que apura desvios bilionários na Petrobras, está o de Cunha, a quem não têm faltado palavras críticas em relação a Janot. É fácil perceber o impacto que a nova regra pode ter no desenrolar do caso. Se for aprovada no primeiro semestre, como querem vários congressistas, o procurador-geral precisará deixar a tarefa pelo caminho em setembro, quando termina seu mandato de dois anos. A intervenção decerto interessa aos suspeitos, mas não ao restante da sociedade. Processos mais complexos dificilmente se resolvem em pouco tempo, e o julgamento do mensalão demonstrou o quanto a acusação se beneficia com a continuidade dos trabalhos. Se Eduardo Cunha e Paulinho da Força, entre outros, de fato quiserem aprimorar o MPF, bem que poderiam alterar a indicação do procurador-geral da República, hoje livremente escolhido pela Presidência entre os integrantes da carreira que tenham mais de 35 anos. A instituição teria muito a ganhar em independência se, a exemplo do que ocorre nos congêneres estaduais, seu chefe fosse pinçado necessariamente de uma lista tríplice elaborada pela corporação.

7


A terceirização e a Constituição Fonte Jornal Folha de São Paulo 12/05/2015 A terceirização está na ordem do dia. Ela foi inicialmente prevista em leis (nº 6.019/74 e nº 7.102/83), destinadas à sua regulamentação na contratação de serviços temporários e de vigilância. O mercado, porém, começou a criar suas próprias condições, o que tornou complexa a aplicação do mecanismo. Diante disso, a jurisprudência do TST (Tribunal Superior do Trabalho), que adotara um posicionamento restritivo (enunciado 256: salvo trabalho temporário e serviço de vigilância, seria ilegal a terceirização), acabou por rever sua posição mediante o enunciado 331. Em seu item 3º, para além da admissão de contratação de serviços de vigilância e de conservação e limpeza, admitiu também os serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta, estabelecendo a responsabilidade subsidiária do tomador de serviço em caso de inadimplemento de obrigações trabalhistas de parte do empregador terceiro. Foi essa distinção entre atividade-fim e atividade-meio que provocou maiores discussões. O projeto de lei nº 4.330/04, em discussão no Congresso Nacional, lida com o tema. Ele tem, de um lado, um conteúdo social (interesse trabalhista), mas afeta, de outro, um interesse privado (gestão empresarial), relações privadas entre a empresa e suas concorrentes num mercado livre --princípio constitucional da livre iniciativa. Tais relações, em termos de terceirização, são elemento importante do planejamento privado: inserem-se na atividade gerencial e submetem-se a uma racionalidade econômica própria da livre concorrência. Do ângulo da valorização do trabalho humano, a liberação da terceirização para operações essenciais e não essenciais provoca um movimento de mercado na direção de promoção de capital intensivo, mas também de desconcentração, por exemplo, na promoção da empresa de pequeno porte. O que entra em jogo é a função social da micro e pequena empresa (Constituição Federal, inciso IX do artigo 170). O tratamento mais favorecido a empresas de pequeno porte cria condições para estimular e ampliar sua participação nos mercados, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico do país. Em sede constitucional, dois fatores mais importantes justificam o tratamento favorecido: (a) o maior potencial delas na geração de empregos em comparação às demais empresas e (b) os benefícios que a maior quantidade de empresas ofertando produtos e serviços proporcionam aos consumidores, no que, obviamente, elas preenchem sua função social em termos de justiça social. Na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o ministro Dias Toffoli o reconhece, ao lembrar que 97,5% das empresas registradas em nosso país são microempresas ou empresas de pequeno porte, sendo que elas geram 57% dos empregos formais e respondem por 26% da massa salarial total do Brasil. Ora, normas como a do artigo 170, inciso IX, não são aplicáveis diretamente, mas são consideradas violadas quando a lei ou uma decisão judicial com base nela estabelece regras que vão de encontro ao comando-valor que explicitam. Daí uma cautela necessária na elaboração da lei. Afinal, uma distinção que envolva limitações em termos de atividade-fim e atividade-meio pode levar ao oposto do exigido pelo princípio constitucional de favorecimento à empresa de pequeno porte. Ao exigir a integração vertical da grande empresa, desfavorece as pequenas empresas, produzindo efeitos inversos à busca de pleno emprego e à diminuição das desigualdades, justamente porque as despreza por suas condições, ao vê-las como não dispondo de capital suficiente para fazer frente, por exemplo, aos encargos sociais.

8


Governo adia para junho anúncio do plano de concessões Fonte Jornal Folha de São Paulo VALDO CRUZ, NATUZA NERY E MARINA DIAS DE BRASÍLIA 12/05/2015 O Palácio do Planalto adiou o lançamento do novo plano de concessões de serviços ao setor privado diante de indefinições sobre o financiamento do programa e de alguns projetos nas áreas de ferrovias e rodovias. Com previsão de divulgação na próxima quinta-feira (14), o anúncio da nova aposta da presidente Dilma Rousseff para recuperar a economia brasileira foi transferido, inicialmente, para a primeira semana de junho. Segundo assessores presidenciais, o governo ainda não conseguiu fechar os principais mecanismos de financiamento do plano, considerado vital dentro da nova realidade de escassez de recursos públicos para bancar empréstimos por meio do BNDES. O governo aposta na atração de investidores externos, o que demanda, segundo técnicos, regras muito claras para evitar dúvidas sobre a viabilidade dos projetos. O pacote de concessões, segundo assessores, vai gerar investimentos superiores a R$ 100 bilhões nos próximos anos. Em relação ao programa do primeiro mandato de Dilma, o modelo prevê mudança também nas taxas de rentabilidade, que terão de ser ajustadas ao custo financeiro mais elevado. Segundo a Folha apurou, o modelo de ferrovias é o mais atrasado. Nenhuma linha do programa de 2012 saiu do papel. Agora, a área técnica vai alterar o modelo para que o vencedor da concorrência seja a empresa que oferecer o maior lance (a chamado outorga onerosa). Modelo semelhante será adotado em portos e já é usado em aeroportos. Há, ainda, uma razão política para postergar a data do anúncio: o corte de despesas que o governo apresentará na semana que vem, que ofuscaria a agenda positiva. Outro ponto do plano de investimentos também sem definição é o de aeroportos. Dilma, até esta segunda (11), não havia decidido se incluiria um quarto aeroporto, Recife ou Fortaleza, no pacote de concessões. A presidente Dilma já definiu que a renovação das concessões de distribuidoras de energia elétrica será feita sem a cobrança de outorga, um valor para que as empresas continuassem a explorar os serviços que têm hoje. O ministro Joaquim Levy (Fazenda) defendia a cobrança para reforçar o caixa do governo, mas perdeu a disputa para o ministro Eduardo Braga (Minas e Energia), que alertou sobre questionamentos jurídicos e tarifas mais altas para o consumidor.

Menos pessimismo com a inflação Fonte Jornal Folha de São Paulo Vinicius Torres Freire vinit@uol.com.br 12/05/2015 A INFLAÇÃO ESPERADA para os próximos 12 meses tem caído desde abril, baixando em um ritmo inédito nos anos Dilma Rousseff. Sim, a tendência tem menos de um mês, tem pouco tempo, tanto quanto um amor juvenil de verão. De resto, expectativas de inflação são tão instáveis quanto sentimentos adolescentes. Ainda assim, trata-se de alguma novidade. Alguma, apenas. A centena de economistas ouvida semanalmente pelo Banco Central espera inflação de 5,93% nos próximos 12 meses; de 5,5% em 2016. Ou seja, uma alta do IPCA parecida com a dos cinco anos anteriores a este 2015 ainda mais inflacionado pelo tarifaço de luz, água, combustíveis e transporte. Poderia ser pior. Esses economistas poderiam opinar que a inflação ficaria nos mesmos 8,2% de agora ou mais: que haveria descontrole.

9


Pode ser melhor. Os chutes informados dos economistas sobre a inflação futura podem continuar a cair. O Banco Central insiste em que a inflação baixa à meta oficial de 4,5% no fim de 2016. Quanto mais rápido o IPCA se aproximar da meta, maior a possibilidade de baixa significativa de juros a partir de 2016. Não se via baixa tão rápida das expectativas de inflação desde o início de 2009, quando se previa que a recessão a caminho conteria os preços. Ou desde o final de 2006, no meio do caminho de uma desinflação rápida. O IPCA chegara a 8,1% em abril de 2005, caiu para 4,6% em abril de 2006 e baixaria ainda a 3% em abril de 2007, na sequência de uma alta pavorosa de juros (a Selic iria a 19,75% ao ano em maio de 2005; a taxa real de juros, a 13%). A história da desinflação de 2005-06 passa a impressão de que seria necessária dose cavalar de juros a fim de anestesiar os preços no mesmo ritmo, um tanto mais agora porque ainda há descrédito na política de combate à inflação (a Selic está em 13,25%; a taxa real de juros em 7,4%, a maior desde 2008). Obviamente, as coisas não são bem assim, entre outros motivos porque a economia brasileira afunda, ao contrário da tendência de meados da década de 2000. Vamos viver a maior recessão em mais de 20 anos, queda de até 1,5% do PIB neste primeiro ano de Dilma 2, um desastre padrão Collor. Haverá um corte brutal na despesa do governo, o maior em mais de uma dúzia de anos. O crédito bancário tende ao crescimento zero. Os bancos públicos terão muito menos dinheiro extra para emprestar a juros baratinhos. O desemprego vai aumentar. Os preços mundiais de comida, ferro e petróleo caem. De vento contrário, há a desvalorização do real e o descrédito da política de combate à inflação. Depois da década do crescimento, da formalização do emprego, da alta do salário mínimo, de meia dúzia de anos inflação no teto da meta e de tantas outras mudanças, sabemos ainda menos das manhas da economia brasileira. A quanto irá o desemprego nesta recessão? O desemprego adicional terá qual efeito na contenção de preços? A recessão ruim vai evitar o repasse da alta dos "preços em dólar" para os demais preços? Quem disser que sabe a resposta dessas contas está dando chutes informados ambiciosos demais. Na dúvida, porém, os chutes eram para cima, até faz pouco. A fim de maneirar os chutões, talvez o BC ainda dê umas caneladas nos juros. Até 14%.

Agricultura de precisão avança, mas mão de obra é escassa Fonte Jornal Folha de São Paulo MAURO ZAFALON mauro.zafalon@uol.com.br 12/05/2015 Pelo menos 42% dos produtores de Mato Grosso já fazem o uso da agricultura de precisão. "É um número surpreendente e mostra a capacidade de o produtor absorver as novas tecnologias no campo, diz Rui Prado, presidente do sistema Famato (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso). Entra na pauta da agricultura, cada vez mais, a informação. São projetos de controle --com precisão-- do clima e da eficiência dos insumos e das sementes. Essas inovações mostram ao produtor a quantidade certa e o momento exato da utilização desses produtos, segundo Prado. A tecnologia é um novo salto para a agricultura, que poderá dar um bom incremento no setor. No momento, porém, representa aumento de custo, devido à baixa utilização do potencial das novas máquinas, de acordo com Prado. As modernas máquinas agrícolas, às vezes, são como os celulares mais avançados e que, para muitos, servem apenas para receber e fazer chamadas. "É preciso aprender e entender essa tecnologia. Esse conhecimento é que vai trazer a redução de custos para o produtor", diz Prado. Na avaliação do presidente da Famato, o mundo começa a despertar cada vez mais para a tecnologia que gera informação e, na sequência, serve para uma prescrição do setor agrícola. Os dados coletados com a tecnologia vão indicar as necessidades agrícolas de cada talhão de terra. O importante, no entanto, é que o país abrace com seriedade o desenvolvimento próprio dessa tecnologia e que não fique a reboque dos outros.

10


Para isso, é necessária a participação de governo, empresas e produtores no desenvolvimento dessa tecnologia própria, afirma Prado. O levantamento sobre a utilização da tecnologia em Mato Grosso foi feito pelo Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) a pedido do Senar (Sistema Nacional de Aprendizagem Nacional). O Senar quis aferir o uso da tecnologia no campo. Apesar dos bons ventos que ela traz, a maioria dos produtores entrevistados afirmou que não utiliza o maquinário com toda a sua capacidade, devido à falta de mão de obra qualificada. A pesquisa mostrou que 71% dos entrevistados apontaram aumento na eficiência nas lavouras a partir da qualificação dos trabalhadores nas fazendas. Mas apontou também que em nenhuma das regiões do Estado a satisfação dos produtores que receberam treinamento pelas revendas de maquinários foi superior a 50%, quando se tratou de capacitação de mão de obra.

O fantasma de 1937 Fonte Jornal O Estado de S. Paulo José Paulo Kupfer12 Maio 2015 às 03h 00 Prever o que vai acontecer, no futuro próximo, com a taxa de câmbio é sempre uma das maiores dificuldades para os formuladores de políticas econômicas. Esse exercício, no momento atual, se tornou particularmente complicado, dadas as incertezas que envolvem muitas das variáveis que entram na formação das cotações do dólar. Antecipar os movimentos do câmbio, contudo, não deixa de ser crucial, sobretudo na definição da política monetária pelo Banco Central. Um dos maiores dilemas, nesse campo, diz respeito a um elemento tão essencial quanto fora do controle do BC. Trata-se da decisão de seu congênere americano, o Federal Reserve, em relação ao momento de dar início à retomada de alta nas taxas de juros dos títulos federais. Só a ameaça de que a data da mudança de rumo estivesse próxima produziu, nos últimos 12 meses, pelo menos duas chacoalhadas fortes no mercado financeiro global. Embora a retomada do crescimento nas economias maduras, sete anos depois da eclosão da crise de 2008, ainda continue claudicante, a liquidez financeira superou a contração inicial provocada pelo estouro de uma bolha de ativos e voltou a crescer. Não é difícil antever o que acontecerá com os capitais hoje aplicados em economias emergentes quando a guinada na política monetária americana acontecer. Com novas perspectivas de ganhos, eles voarão em nuvem para a qualidade e a segurança dos títulos em dólar. Essa retomada da liquidez se deveu primeiro ao longo programa de injeção maciça de dinheiro no mercado americano pelo Fed, como forma de animar a economia e, mais recentemente, pela repetição dessa política tanto na Europa do euro quanto no cronicamente combalido Japão. A abundância de dinheiro não relançou as economias, mas ajudou a evitar retrações mais fortes no nível de atividade e em parte transbordou para outros mercados, em razão dos juros próximos de zero praticados nas economias em que o “afrouxamento monetário” foi adotado. O problema é que a data da virada, que já pareceu mais nítida no horizonte, voltou a ingressar numa zona de névoa. Se o desemprego, nos Estados Unidos, recuou para a “meta”, a inflação teima em se manter abaixo do programado e o crescimento se mantém numa gangorra. Apesar de toda a liquidez injetada, repete-se, de certo modo, o “paradoxo da parcimônia”, descrito por Keynes nos idos da Grande Depressão. Numa tradução livre e simplificada, o que ocorre quando uma economia está em baixa é que, quanto mais as pessoas deixam de gastar e resolvem poupar, temerosos do que lhes reserva o futuro, mais a economia se deprime.

11


Nem fartura de recursos nem juros reais negativos, contudo, têm dado segurança de que o relançamento da economia está batendo na porta. De junho deste ano para setembro e agora sem data previsível, o início das altas dos juros nos EUA voltou a ser uma incógnita. Os fantasmas de 1937 parecem ter se transformado em fator relevante para explicar a atual hesitação dos dirigentes do Fed. Iludido por sinais de recuperação econômica e aumento da inflação, depois de anos de estímulos, o governo Roosevelt promoveu um aperto fiscal e monetário que recolocou a economia americana em terreno recessivo, obrigando a um recuo nos anos seguintes. Economistas consultados pelo próprio Fed, em fins do ano passado, projetaram em 20% as chances de que se repita, dentro de até dois anos, o “desastre de 1937”, caso altas nas taxas de juros sejam retomadas em 2015. É um porcentual alto o suficiente para reforçar o abacaxi que os bancos centrais de economias emergentes têm de descascar com suas políticas de juros. Quanto mais demorarem para pôr a taxa de câmbio no lugar adequado e evitar ampliação de déficits externos, mais riscos correrão de encomendar crises cambiais, se a retomada dos juros nos Estados Unidos for adiada. Em tempo: qualquer semelhança com a política brasileira de juros e câmbio não é mera coincidência.

'FT' destaca fraqueza da economia, inflação alta e corrupção no Brasil FONTE FERNANDO NAKAGAWA - O ESTADO DE S. PAULO12 Maio 2015 às 07h 55 LONDRES - O jornal britânico Financial Times publica nesta terça-feira um caderno especial sobre o Brasil. No mesmo dia em que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, chega à cidade de Londres para reuniões com investidores, a publicação alerta que, se o País não voltar a crescer, seu grau de investimento estará em risco. "Mercados tendem a ser menos tolerantes em um período prolongado de fraco crescimento que os investidores estratégicos. Se não houver sinais de recuperação, dizem analistas, a classificação de crédito do País, que tem estado sob pressão pelo déficit fiscal, poderá voltar a ser alvo", diz o texto de abertura do caderno especial. O FT lembra da crise política e os casos de corrupção que afetam a Petrobrás e atingem vários grupos políticos. Além disso, o jornal cita a fraqueza da economia e a fragilidade da situação fiscal deixada pelo ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. "Este ano é esperado para ser um acerto de contas", diz o FT, ao comentar que ações estão sendo tomadas na estatal petroleira e nas contas públicas. A reação do governo, diz o FT, trouxe aspectos positivos, como a estabilização política do governo e a aparente determinação de Dilma Rousseff "em colocar as finanças públicas em ordem depois que o País sofreu o primeiro déficit primário em mais de uma década em 2014". "O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, um falcão fiscal treinado pela Universidade de Chicago, quer um superávit primário de 1,2% este ano e cerca de 2% em 2016", diz o texto. "O Banco Central também, depois de anos à deriva da inflação no topo da meta, agora acredita que pode atingir o centro do intervalo". O FT diz que investidores de longo prazo tiveram uma primeira reação positiva, mas ainda aguardam detalhes, como as regras do novo pacote de concessões. O mercado financeiro e os

12


investidores de horizonte mais curto, porém, poderão ser vulneráveis à falta de crescimento da economia, segundo a publicação britânica. O caderno de quatro páginas tem reportagens sobre vários temas ligados ao Brasil, com evolução da classe média, política e consequências econômicas da crise política.

Grau de inovação da indústria brasileira deixa a desejar FONTE MÁRCIA DE CHIARA - O ESTADO DE S. PAULO 12 Maio 2015 às 10h 31 O grau de inovação na economia brasileira deixa a desejar até para as indústrias mais inovadoras do País. Uma pesquisa inédita da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 62% dos empresários que comandam empresas inovadoras avaliam como baixo (54%) ou muito baixo (8%) o grau de inovação da indústria brasileira. Inovação é quando uma ideia nova ganha valor de mercado na forma de produto ou serviço e gera retorno financeiro para a empresa. “É a primeira vez que fazemos uma pesquisa deste tipo e o relevante é que essa avaliação foi feita por empresas que já têm a inovação no seu DNA”, observa Paulo Mól, superintendente nacional do Instituto EuvaldoLódi, braço da CNI para inovação. Ele destaca que a inovação é uma ferramenta necessária para que as empresas ampliem a competitividade e produtividade. A enquete consultou dirigentes de cem indústrias, 40% delas de grande porte e 60%, médias e pequenas. O universo de setores pesquisados foi amplo e englobou fabricantes de bens de capital, de consumo, indústria química e petroquímica, construção civil, energia, metalurgia e siderurgia, entre outras. De acordo com a pesquisa, apenas 3% dos entrevistados consideraram o grau de inovação alto e 35% nem alto, nem baixo. Vários fatores levaram as empresas a considerar o grau de inovação baixo ou muito baixo. Mas o principal motivo dessa avaliação, indicado por 41,9% dos entrevistados, é o fato de o País estar atrasado em relação a outros países. Isso faz com que muitas vezes as indústrias importem ou copiem inovações. Também 29% dos entrevistados, levando em conta respostas de múltipla escolha, acharam que falta cultura de inovação no País e nas empresas; 17,1% reclamaram da falta de políticas de incentivos à inovação e 16,1% disseram que os financiamentos e investimentos são escassos. Encabeça a lista de obstáculos à inovação a burocracia e regulamentação excessivas (30%), seguida pelo baixo nível de educação e qualificação de mão de obra. A maioria das empresas (89%) acha que os profissionais recém-chegados ao mercado de trabalho não estão suficientemente capacitados. Neste ponto, Mól destaca que para suprir essa deficiência uma das alternativas é melhorar a interlocução entre o setor privado e a academia, que, teoricamente, deve fornecer a mão de obra qualificada para o mercado. Ele destaca que isso é mais frequente entre os profissionais de engenharia, especialmente no que se refere na área de gestão. Investimento. Quanto à fatia do orçamento destinada à inovação, as empresas que mais investem são as grandes companhias, em detrimento das médias e pequenas. No primeiro grupo, 37,5% destinam mais de 5% à inovação. Já entre as pequenas, 21,7% gastam mais de 5%.

13


Apesar do baixo crescimento esperado para o País, mais da metade (57%) planeja aumentar ou aumentar muito os investimentos em inovação nos próximos cinco anos e 39% vão manter o nível de recursos aplicados. Para debater os resultados da pesquisa e conhecer as experiências de especialistas internacionais, a CNI e o Sebrae realizam, em São Paulo, entre amanhã e quarta-feira, o 6º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria. Entre os participantes estão Antony Taubman, diretor da divisão de propriedade intelectual da Organização Mundial do Comércio (OMC) e Cesar Hidalgo, do Massachusetts Instituteof Technology (MIT).

Corrupção na estatal coroou uma série de decisões duvidosas da companhia, explica especialista FONTE O ESTADO DE S. PAULO Malena Oliveira 12 Maio 2015 às 06h 00 A escolha de nomes do governo para representar acionistas minoritários da Petrobrás em 2011 e 2012 é apenas um dos exemplos de decisões que comprometem as melhores práticas de gestão na estatal. Autora do estudo "Obsessão com a Governança Corporativa" - que foi apresentado recentemente em três renomadas universidades americanas -, Mariana Pargendler é pesquisadora da Escola de Direito da FGV e trabalha com temas relacionados à governança corporativa há 10 anos. Ela explica que as empresas brasileiras ainda têm um longo caminho a percorrer em relação ao tema. Confira os principais trechos da entrevista: Por que se fala tanto em governança corporativa atualmente? A meu ver, a expansão global da governança corporativa se liga à retração do Estado nas últimas décadas, via privatizações e desregulamentação. Nesse contexto, cresceu a importância do setor privado e passou-se a prestar muita atenção na estrutura de poder interna às companhias. É como se a governança pudesse substituir o governo. Alguns mantras centrais do movimento - como a independência do Conselho de Administração e o fortalecimento do papel dos acionistas - são oferecidos como solução para os mais diversos problemas: corrupção, desenvolvimento econômico, estabilidade financeira e até mesmo a desigualdade. Criação de valor é uma expressão muito ligada ao tema governança. O que ela significa, de fato, e qual é o maior interesse de uma empresa em adotar o conceito? Isso muitas vezes, gerar valor é interpretado como maximização do valor de mercado das ações. Em tese, este ideal beneficia a companhia, os seus acionistas e a sociedade em geral, em razão de uma gestão mais eficiente e inovadora. No entanto, a crise de 2008 revelou que este ideal encontra limites: a maximização de valor no curto prazo, com a assunção de riscos excessivos, pode se mostrar danosa tanto para a companhia e seus acionistas como para a sociedade como um todo. Onde está a boa governança quando uma empresa que diz adotar as melhores práticas se envolve em um escândalo de corrupção? O problema é que, apesar de tanta ênfase em “boa governança”, não há exatamente um consenso sobre o seu significado. A corrupção é uma prática extremamente maléfica para a sociedade como um todo, mas, infelizmente, pode ser lucrativa para os acionistas de uma empresa privada. Assim, uma ênfase excessiva na maximização de retorno aos acionistas pode até mesmo incentivar a corrupção. É claro que, no caso da Petrobrás, esta empresa foi vítima e sofreu graves prejuízos. Mas a Petrobrás jamais foi uma empresa que realmente adotou as melhores práticas de governança corporativa. Os escândalos de corrupção apenas coroaram

14


uma série de incidentes altamente duvidosos sob a perspectiva da boa governança. Como exemplos, a privatização da Petroquisa nos anos 1990 (quando a estatal trocou ativos da subsidiária petroquímica por títulos do Tesouro), a estrutura da capitalização da Petrobrás em 2010 e a eleição de representantes dos minoritários pelo BNDES e fundos de pensão de empresas estatais em 2011 e 2012. Como os estrangeiros enxergam o ambiente de negócios no Brasil? Quais oportunidades procuram? A percepção dos investidores estrangeiros é bastante instável, tendo piorado significativamente nos últimos tempos. No entanto, essas percepções muitas vezes não necessariamente refletem a realidade. O ambiente institucional no Brasil ainda apresenta desafios importantes, mas há certamente boas oportunidades de negócios. O mercado brasileiro é enorme. Muitos investidores mantêm o otimismo, pois acreditam que o clima atual de crise será passageiro. Quanto esforço as empresas brasileiras ainda devem fazer para que tenham um nível satisfatório de governança? Ainda há muito caminho pela frente em matéria de governança, e não só no Brasil. Os avanços nessa área foram enormes, mas ainda há muito a ser alcançado. As empresas têm um papel muito importante com a adoção voluntária de boas práticas, mas isso não é tudo. É também importante prestar atenção no papel do legislador, do regulador (no Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários - CVM) e do Judiciário. Com a corrupção na Petrobrás e o risco de o Brasil perder o grau de investimento, como a governança corporativa pode ajudar as empresas a fortalecerem ou recuperarem a credibilidade? A governança corporativa traz freios e contrapesos internos às companhias. Nesse sentido, pode ser uma aliada importante para conter abusos, inclusive nas empresas estatais. O monitoramento efetivo por parte de conselheiros e acionistas minoritários é muito importante. No entanto, governança interna não é uma panaceia. É preciso também aperfeiçoar o ambiente institucional por meio de reformas jurídicas.

Montadoras enfrentam queda maior que a esperada em vendas no Brasil Fonte Bloomberg David Biller e ChristianaSciaudone12/05/2015 às 13h 03 (Bloomberg) - A Suzuki Motor Corp. suspendeu na semana passada as operações da sua primeira fábrica no Brasil, que tinha sido inaugurada no final de 2012. A Volkswagen AG e Ford Motor Co. demitiram alguns funcionários e colocaram outros em layoff neste ano depois de terem investido na expansão da produção local. As montadoras de veículos estão enfrentando uma queda maior que a prevista em vendas de automóveis na maior economia da América Latina. "Toda vez que faço uma previsão, temos de revisá-la para baixo", disse StephanKeese, chefe do escritório industrial e automotivo da consultoria Roland Berger na América Latina. "É incrível, o mercado está caindo tão rapidamente". As montadoras comprometeram bilhões de dólares em investimentos nos últimos anos, apostando em uma expansão do quarto maior mercado mundial. Parte das expansões começou a operar justamente quando o País entrava em uma recessão e a inflação atingia seu patamar mais alto em 11 anos, o que levou o Banco Central a elevar a taxa básica de juros que está tirando o apetite dos consumidores. Agora, a capacidade de produção é quase o dobro da demanda doméstica.

15


A recessão contrasta com as previsões favoráveis feitas há alguns anos, quando muitas das decisões sobre investimentos foram tomadas. No ano passado, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) previu que as vendas de veículos leves subiriam 1,1 por cento e bateriam um recorde. Ao invés disso, as vendas caíram 8,3 por cento, para 3,3 milhões de unidades, e a associação projeta uma queda adicional de 13 por cento neste ano. A Roland Berger prevê que o declínio possa chegar a 22 por cento. Produção A produção industrial anual do Brasil se contraiu em 13 meses consecutivos, e a queda na fabricação de veículos está tendo um papel de destaque no declínio. Isso ameaça alimentar ainda mais o desemprego, que atingiu em março seu patamar mais alto em três anos. As montadoras já demitiram 8 por cento da mão de obra nos 12 meses encerrados em abril, disse a Anfavea, e Keese prevê que até 10.000 outros funcionários serão despedidos neste ano. As vendas domésticas atingiram um pico de 3,6 bilhões em 2012 e não voltarão a esse patamar pelo menos até 2020, disse Guido Vildozo, gerente para a América Latina da consultoria IHS Automotive. "Há uma clara oportunidade para que os números sejam ainda piores", disse Vildozo, em uma entrevista por telefone, de Lexington, Massachusetts. "Obviamente, registrar números ainda menores do que os que temos hoje não faz parte dos planos de muitos desses escritórios corporativos espalhados pelo mundo". Embora estejam fazendo ajustes, algumas montadoras não perdem o otimismo. Ford, Volkswagen e Suzuki "O pior já passou", disse o presidente da Anfavea, Luiz Moan, em uma entrevista coletiva na semana passada, em São Paulo. "Maio e junho não serão bons, mas não serão tão ruins quanto a primeira parte do ano". A Ford, com sede em Dearborn, Michigan, confirmou por e-mail que interrompeu temporariamente a produção na fábrica de São Bernardo do Campo neste mês. A Volkswagen, da Alemanha, disse que deu licença a alguns trabalhadores de uma fábrica. A fabricante japonesa Suzuki também confirmou por e-mail que suspendeu uma fábrica e transferiu a produção para outra. As três companhias mencionaram a demanda fraca como motivo para tomar as medidas. No mês passado, Sergio Marchionne, CEO da Fiat Chrysler Automobiles NV, a maior montadora no Brasil, subiu ao palco nas instalações de R$ 7 bilhões da Jeep em Pernambuco e relembrou a época em que o terreno era uma plantação de cana-de-açúcar. Em retrospecto, provavelmente a Fiat teria se saído melhor se tivesse deixado a plantação no lugar durante mais alguns anos, disse Keese, da Roland Berger. As vendas da montadora no Brasil caíram 25 por cento em abril em comparação com o ano anterior. "Provavelmente esta época seja a pior da história para lançar um novo veículo e uma nova fábrica", disse Keese.

Maio começa com superávit de US$ 976 milhões Resenha ComexData/MDIC 12/05/2015 O saldo da balança comercial da primeira semana de maio de 2015, com cinco dias úteis, registrou superávit de US$ 976 milhões. O resultado, que é o melhor do ano, é reflexo de exportações de US$ 4,408 bilhões e de importações de US$ 3,432 bilhões. Os dados foram divulgados ontem pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). No período, as exportações apresentaram média diária de US$ 881,6 milhões, um crescimento de 16,3% no comparativo com a média diária de abril deste ano (US$ 757,8 milhões). Nessa

16


comparação, observou-se aumento das vendas de semimanufaturados (23,3%), básicos (23,2%) e manufaturados (8,4%). Já na comparação com maio de 2014, quando a média diária das exportações foi de US$ 988,2 milhões, houve queda de 10,8%, resultante da retração das vendas de básicos (-14,2%) - em especial farelo de soja, minério de ferro, café em grão, carne bovina e de frango e soja em grão -, e manufaturados (-6,2%), especialmente aviões, bombas e compressores, motores e geradores, óleo combustível, automóveis e autopeças, óxidos e hidróxidos de alumínio e máquinas para terraplanagem. As exportações de produtos semimanufaturados registou crescimento de 1,5%, com destaque para ferro e aço, óleo de soja em bruto, cotados de cobre, ferro fundido e ferro-ligas. A média diária das importações foi de US$ 686,4 milhões, na primeira semana de maio de 2015, valor 6,4% abaixo do registrado no mês passado (US$ 733,3 milhões). Já em relação ao desempenho médio diário das importações em maio do ano passado (US$ 988,2 milhões), verificou-se um decréscimo de 28,1%. Nesse comparativo, caíram os gastos com adubos e fertilizantes (56%), veículos automóveis e partes (35,8%), equipamentos mecânicos (31,4%), siderúrgicos (30,7%) e combustíveis e lubrificantes (29,8%). Até a primeira semana de maio, as exportações totalizaram US$ 62,339 bilhões e as importações, US$ 66,429 bilhões, gerando um saldo negativo de US$ 4,090 bilhões. As exportações acumularam média diária de US$ 724,9 milhões, uma queda de 15,6% em relação à média diária de US$ 858,6 milhões registrada no mesmo período do ano passado. As importações apresentaram média diária de US$ 772,4 milhões, desempenho 16,4% abaixo do registrado no mesmo período de 2014, quando a média diária das importações foi de US$ 923,5 milhões. No ano, a corrente de comércio soma US$ 128,768 bilhões, com desempenho médio diário de US$ 1,497 bilhão. O valor é 16% menor que o verificado em 2014 (US$ 1,782 bilhão).

17


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.