12 de março de 2015

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 12 DE MARÇO DE 2015

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Fies terá vagas de financiamento limitadas e sistema unificado Fonte Jornal Folha de São Paulo FÁBIO TAKAHASHI DE SÃO PAULO e FLÁVIA FOREQUE DE BRASÍLIA 12/03/2015 às 02h 00 O governo Dilma Rousseff decidiu mudar a concessão de recursos pelo Fies, maior programa de financiamento estudantil do país, com quase 2 milhões de alunos. Bandeira da gestão petista que teve uma explosão de gastos nos últimos anos, ele contará com um novo sistema unificado on-line que limitará a quantidade de financiamentos concedidos em cada curso e cada faculdade. O aluno que adere ao Fies tem a mensalidade bancada pelo governo em instituição privada. O valor é restituído à União após a formatura. Atualmente a intermediação do programa ocorre diretamente em cada faculdade e não existe nenhum limite divulgado oficialmente para a concessão de vagas. Até 2014 conseguia acesso ao financiamento praticamente todo mundo que pleiteava vaga em curso com nota 3 ou superior em avaliação federal (que vai de 1 a 5). Neste ano, em meio à crise orçamentária, já estão sendo aplicados novos critérios para conceder financiamento embora sem anúncio oficial. Na prática, foram impostos alguns obstáculos (como teto das mensalidades) que estão dificultando as inscrições, revoltando alunos e provocando filas nas faculdades à espera de cadastros. O próximo passo será uma mudança geral no Fies, provavelmente a partir do segundo semestre deste ano. O secretário-executivo do Ministério da Educação, Luiz Cláudio Costa, disse à Folha que a pasta já tomou a decisão de criar um sistema unificado do Fies nos moldes do Sisu (que distribui vagas das universidades federais). A definição da quantidade de vagas no Fies considerará, primeiramente, a verba do Orçamento disponível. A partir daí, a distribuição seguirá critérios de qualidade (quanto maior a nota do curso, mais financiamentos) e proporcionalidade (quantos alunos pedem financiamento para determinado curso historicamente). Segundo Costa, a lógica já está sendo aplicada num momento de "transição". Nesta quarta-feira (11), pela primeira vez, a pasta reconheceu que as mudanças no programa neste ano foram tomadas também devido a restrições orçamentárias. O discurso até então era de garantia de qualidade ao ensino. O Fies foi reformulado em 2010 para catapultar um aumento de matrículas. Os juros da dívida do aluno passaram de 6,5% para 3,4% ao ano –financiamentos privados chegam a 2% ao mês. O total de financiados saltou de 76 mil em 2010 para 1,9 milhão em 2014. O gasto federal no programa explodiu de R$ 1 bi para R$ 14 bi. No fim de 2014, foi fixado que os alunos devem ter 450 como nota mínima no Enem. Até então, não havia trava. A União também passou a demorar mais para repassar verbas para faculdades. O secretário-executivo, em audiência no Congresso, citou portaria de dezembro, que determinou que a União fará oito pagamentos às faculdades em 2015, em vez dos tradicionais 12. "Essa portaria foi feita simplesmente pensando na questão orçamentária deste ano."

Editoria d

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Corte no Fies leva alunos e universidades a contraírem dívidas Fonte Jornal Folha de São Paulo FÁBIO TAKAHASHI e THAIS BILENKY DE SÃO PAULO 12/03/2015 às 02h 00 Em meio a restrições impostas neste ano pelo governo Dilma ao Fies, alunos e faculdades têm adotado alternativas para evitar a desistência em massa de calouros. Algumas instituições decidiram arcar com parte do gasto que alunos terão no novo formato. Já os estudantes têm recorrido a empréstimos bancários, ainda que não consigam suportar as despesas. Sem anúncio oficial, a União já tornou mais dura neste ano, em meio à crise orçamentária, as regras para financiar a mensalidade dos alunos. As instituições dizem que foram fixadas medidas como teto para mensalidades, além de dificultar a inscrição em cursos sem nota 5 na avaliação federal (de 1 a 5). Escolas e alunos reclamam que passam dias tentando fazer a inscrição, sem sucesso. Há filas em instituições, como a FMU, de estudantes que tentam obter cadastro. A inscrição tem sido mais difícil para os novos, mas os que precisam renovar também se queixam. Inscrita no Fies, Amanda Betega, 20, pediu transferência de faculdade no semestre passado e, desde então, ficou descoberta. A dívida com a Anhembi Morumbi chega a R$ 6.000, e sua matrícula foi barrada. Para não 3


perder conteúdo, ela tem frequentado as aulas como ouvinte. Mas convive com a ameaça de que a catraca será trancada. "Estou sendo tratada como um nada. Mas é culpa do governo, não minha", diz. Trancar a matrícula custaria o mesmo que cursar o primeiro semestre na Unip. Por isso, Adriana Almeida, 23, pediu para o namorado contrair uma dívida no banco -ela não tem conta corrente. Egressa da rede pública, a aluna contava com o Fies para realizar o sonho da família de completar o ensino superior, mas já se foram duas mensalidades e ela ainda não conseguiu se inscrever. "Não tenho como pagar. Não sei se vou continuar", disse. "Estou revoltada. O Fies, ao mesmo tempo que abriu, fechou uma porta." Avener Prado/Folhapress

Sem o Fies, Adriana Almeida, 23, recorreu a um empréstimo no banco para pagar a "Estamos sentindo que há limitação de vagas. Mas os critérios são obscuros, ninguém falou claramente", disse o diretor financeiro do grupo Estácio de Sá, Virgílio Gibbon. A instituição decidiu firmar parceria com empresa que oferece empréstimo privado, o Pravaler. A escola vai pagar o que seria cobrado de juros dos alunos; a estes, caberá pagar a mensalidade, de forma escalonada, e a inflação. Uma faculdade privada na Grande SP, que pede para não ser identificada por temer retaliação, disse que cobrará dos alunos a diferença entre a mensalidade fixada pelo ministério e o valor "real". A defasagem estaria perto de 30%. Segundo as escolas, na definição do teto da mensalidade, o governo aplica 6,5% de reajuste, referente à inflação. Mas faculdades reclamam que o dissídio para professores e contas como água e luz geram aumentos maiores. PROBLEMA TÉCNICO O secretário-executivo do Ministério da Educação, Luiz Cláudio Costa, afirma que tem havido dificuldades técnicas no site devido a uma carga maior de acessos. Mas, diz ele, "todos os mais de 1,9 milhões que já possuem financiamento terão os contratos aditados [renovados]". A sobrecarga no site ocorre porque a pasta deixou esse sistema fechado por cerca de um mês no início deste ano, sob a alegação de que estava sendo atualizado. Em relação a alunos que querem ingressar no programa neste ano, Costa afirmou que haverá "número significativo" de novos contratos, mas que a quantidade final depende da demanda pelo programa e em quais cursos querem se inscrever (se for nos que possuem nota 3, haverá mais dificuldade). 4


O secretário negou que os novos critérios do programa sejam "obscuros". "Estamos nos reunindo constantemente com as instituições, dialogando com estudantes."

Novo PIB vai exacerbar crises de 2015 Fonte Jornal Folha de São Paulo 12/03/2015 TONI SCIARRETTADE SÃO PAULO e PEDRO SOARES DO RIO A nova metodologia de cálculo do PIB, que ampliou o tamanho da economia brasileira, vai salvar 2014 de uma recessão. No entanto, deve exacerbar os problemas de 2015, como os desdobramentos da Operação Lava Jato no setor de óleo e gás e os impactos da crise hídrica no país. Isso porque aumentou o peso dos investimentos na economia, que agora englobam também gastos com pesquisa e propriedade intelectual, até então contabilizados como despesas de produção. Como a Petrobras era a empresa que mais investia no segmento, vai contribuir mais com o PIB entre 2011 e 2014. Neste ano, por outro lado, a suspensão dos contratos da Petrobras com as empresas citadas na Lava Jato, além da redução no programa de investimentos e o preço menor do petróleo, devem reduzir sua contribuição para o PIB. O uso mais intenso das termelétricas com a seca também deve contribuir negativamente, pois o custo maior com combustível reduz a fatia da produção de energia no PIB. A previsão dos economistas é de retração de até 10% nos investimentos em 2015. Sérgio Vale, da MB & Associados, prevê uma contração da economia de 1% neste ano, amplificada pelo tombo de 9% dos investimentos. "Veremos no primeiro e segundo trimestres um impacto importante da Lava Jato no setor de óleo e gás e também na economia do Estado do Rio", disse Ricardo Macedo, economista do Ibmec do Rio. "É legítimo concluir que o investimento menor em 2015 não só no setor de óleo e gás mas em toda a economia vão ter um impacto maior no resultado do PIB", disse Caio Megale, do Itaú. 2014 SALVO Já o desempenho do PIB em 2014, cujas previsões apontavam para leve retração até alta de 0,14%, deverá escapar de uma recessão pelo chamado "carregamento estatístico", uma espécie de crescimento inercial da economia. Esse "carregamento", dizem analistas, depende do ritmo de crescimento do ano anterior, no caso de 2013. Os dados só serão divulgados pelo IBGE no fim do mês, mas devem ser favorecidos pela expansão mais robusta da economia em 2011 revisada de 2,7% para 3,9%, conforme a Folha antecipou. Outro empurrão virá da perda de peso da indústria no PIB, especialmente do segmento de transformação (exclui a extrativa, a construção e os serviços públicos), que teve uma forte contração no ano passado. Sua participação no PIB, após a revisão metodológica do IBGE, caiu de 16,2% na série antiga do instituto para 15% na nova. "A indústria teve um desempenho muito fraco nos últimos anos. Agora, o menor peso ajuda a evitar uma queda do PIB de 2014", afirma Marcel Caparoz, economista da RC Consultores. A indústria cedeu terreno para os serviços, que vinham tendo desempenho mais forte nos últimos anos. Em 2015, porém, serviços, o maior setor da economia, já mostra sinais de desaceleração com a freada do mercado de trabalho, tendência que deve se agravar até o fim do ano, segundo Caparoz. Esse foi o ano com maior alteração, porque havia sido estimado a partir de números preliminares, sem revisões

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Nova metodologia do IBGE segue padrão da ONU e passa a contar como investimento o que antes era despesa Fonte Jornal Folha de São Paulo 12/03/2015 PEDRO SOARES DO RIO A nova metodologia de cálculo do PIB recomendada pela ONU e adotada pelo IBGE elevou o tamanho da economia brasileira principalmente pela inclusão de novos itens no investimento. Na média de 2000 a 2011 (período revisado), o PIB, em valores, aumentou a uma média de 2,1% em relação à antiga série, recalculada agora. Em 2011, a produção de bens e serviços somou R$ 4,4 trilhões --originalmente, o divulgado era R$ 4,1 trilhões. Roberto Olinto, diretor de pesquisas do IBGE, disse que, em todos os países, a mudança se deu mais nos valores do PIB do que na variação em relação ao ano anterior. Nos EUA, o acréscimo, por exemplo, foi de 2,4%. Entre as mudanças, passam a ser considerados investimentos itens como pesquisa e desenvolvimento como investimento, compra de equipamentos bélicos (com pequeno peso no Brasil, mas relevante nos EUA), prospecção e avaliação de recursos minerais (mesmo que não sejam encontradas jazidas de minério ou petróleo) e aquisição de softwares. Antes, todos eram tidos como custos embutidos no processo produtivo e descontados do cálculo final do PIB. Foi recalculado o crescimento da economia de 2001 a 2011. No fim deste mês, serão apresentados os novos números para 2012 e 2013. SALTO EM 2011 Na média anual de 2001 a 2011, a economia brasileira avançou 3,7%, ante 3,5% registrados antes da revisão. A principal mudança foi em 2011 --de 2,7% para 3,9%. Segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, o dado de 2011 sofreu uma alteração mais forte porque não havia sofrido nenhuma revisão e foi estimado apenas com os números preliminares do PIB trimestral, ao contrário dos anos anteriores. O PIB per capita subiu e ficou em R$ 20.461 --era R$ 19.620 na série sem revisão. Os anos de 2012 e 2013 já sofreram ajustes para incorporar a nova pesquisa de indústria e a de serviços e tendem a mudar menos. Com a inclusão de mais itens considerados como investimento, a taxa de investimento (proporção dessa categoria em relação ao valor do PIB) mudou de patamar. Em 2011, passou de 19,3% do PIB na série original para 20,6% na revisada. Economistas consideram que é necessária uma taxa na faixa de 23% a 25% por vários anos para ampliar a capacidade produtiva do país e manter um crescimento sustentado do PIB na faixa de 3% a 3,5% ao ano. Agora, essa "meta" da taxa tem também de ser corrigida para cima, diz Gilberto Braga, economista do Ibmec. Desde 2010, o IBGE incorpora novas recomendações metodológicas das Nações Unidas, de 2008, para o cálculo do PIB, que inclui ainda um maior detalhamento e desagregação por subsetores da produção dos setores de serviços e construção civil.

Economistas à espera dos políticos Fonte Jornal Folha de São Paulo 12/03/2015 A TURMA DO dinheiro grosso e seus porta-vozes variados, as pequenas encarnações do mercado, assuntavam ontem se a negociação do reajuste da tabela do Imposto de Renda seria o padrão pelo qual tramitariam no Congresso as medidas de interesse econômico do governo, em particular do pacote de arrocho.

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Se fosse o caso, poderia haver uma "crise em duas velocidades", no dizer de um economista e diretor de um bancão brasileiro. Isto é, segundo essa tese, a moagem política do governo prosseguiria, salvando-se, porém, o grosso do ajuste fiscal. Os rapazes do mercado especulam até com essas magras notícias políticas, pois parecem de fato meio sem rumo no que diz respeito aos efeitos do tumulto sobre a política econômica. Mas a negociação, quase rendição, do IR é uma boa pista? Ontem no governo se dizia que sim: dadas as circunstâncias, é melhor dar dois dedos com um anel do que perder mão e talvez braço. No entanto, o caso do IR era em certa medida mais fácil. Primeiro, porque se perdeu "pouco" dinheiro (a diferença entre a proposta original do governo e a "negociada" deve resultar em perda de R$ 1,4 bilhão). Segundo, os interesses prejudicados por isso que ainda foi uma alta de imposto são mais difusos. No caso das próximas batalhas, a coisa engrossa. O governo pretende aprovar um corte de benefícios sociais (pensões, seguro-desemprego, abono salarial) e acabar com metade das isenções das contribuições patronais para o INSS. As duas medidas suscitaram protestos até da bancada petista, movimentos sindicais de rua e uma aliança de parte do empresariado com centrais. Somadas, essas pauladas podem chegar a R$ 30 bilhões. Muita liderança empresarial graúda acha que é preciso engolir o tablete gigante amargo de remédio; outras, como se disse, estão em pé de guerra. A liderança peemedebista do Congresso por ora mede o calor social em pontos diversos do país, mas não parece a princípio disposta a tocar fogo em Dilma Rousseff começando pela economia. Não se sabe como negociará a preservação de seu pescoço, sob a faca do petrolão; espera para ver qual será o próximo passo do governo, instado por Lula a colocar o PMDB no centro da coordenação política. Espera para ver que calor virá das ruas, tomando a primeira temperatura no domingo. Em suma, o cálculo das probabilidades ainda é uma pilhéria. NOVO PIBINHÃO Dado o clima nacional de histeria, exacerbação muita vez ignorante, convém ressaltar: é louca a conversa conspiratória de mutreta na revisão para cima dos dados do PIB, do tamanho e do crescimento da economia, que acaba de ser em parte divulgada pelo IBGE. A revisão dessas medidas incrivelmente enroladas foi técnica, penosa e mantém as estatísticas da renda e da produção do Brasil no nível dos melhores padrões de contabilidade nacional, em qualquer lugar do mundo sempre uma linguiça feita de modo problemático --mas é o que temos, aqui e alhures. De resto, os números revisados parecem mais condizentes com dados já disponíveis, como o do aumento dos rendimentos, captados em pesquisas como a Pnad. As informações a respeito da economia brasileira parecem agora menos discrepantes.

Com 'violências', meta de ajuste fiscal é factível Fonte Jornal Folha de São Paulo 12/03/2015 FERNANDO CANZIANDE de SÃO PAULO Sempre cético sobre a capacidade do governo de cortar gastos, o especialista em contas públicas Raul Velloso acha factível a meta de superávit fiscal proposta pelo ministro Joaquim Levy (Fazenda), de 1,2% do PIB neste ano. "As pessoas se esquecem de que o Orçamento no Brasil não é impositivo. Isso significa que metade dele não é obrigatório e pode ser postergado", diz Velloso. Ele participou de vários ajustes fiscais sob supervisão do FMI nas décadas de 1980 e 1990. Sobre o respaldo da presidente Dilma Rousseff a Levy, afirma: "Ela não tem escolha". Leia entrevista à Folha concedida logo após ter se encontrado com o ministro da Fazenda, na terça-feira (10): Folha - O sr. acompanha há décadas crises fiscais no Brasil. Como avalia o cenário atual, de necessidade e a viabilidade de mais um forte ajuste?

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Raul Velloso - No passado, sempre tivemos a pressão do FMI para corrigir rapidamente as contas públicas. O Fundo condicionava seus empréstimos e apoio a linhas de crédito privadas para o Brasil a um ajuste fiscal rigoroso e que produzisse resultados em pouco tempo. Tudo sob o risco de disparada do dólar e da inflação. E de ruptura política internamente. Os governos odiavam o FMI, mas tinham que fazer. Hoje a pressão vem das agências de risco. Se perdermos o grau de investimento, haverá uma fuga de dólares. Pois fundos de investimento e de pensão têm exigências regulatórias de não poderem aplicar em países sem o grau de investimento. É algo chocante ver que nos últimos 12 meses continuamos recebendo algo como US$ 100 bilhões ainda capitaneados pelo investimento direto, apesar de todos os problemas. Vamos perder isso e queimar nossas reservas em alguns meses? Como o sr. vê as chances de Joaquim Levy entregar o ajuste que propõe? Corre em Brasília que, se fosse só por sua conta, ele buscaria um superávit que seria o dobro do 1,2% do PIB. A Dilma não adora o Levy, mas ela não tem escolha. O ambiente em que vivemos é muito ruim, com Petrobras e Lava Jato. Se você adicionar uma crise de pagamentos com exterior e tudo o que isso implica, podemos ter uma escalada para o impeachment. Ela sabe disso e é o que explica a decisão de fazer esse cavalo de pau. Não é só o ajuste fiscal que mostra isso, mas o realismo tarifário e a decisão de não usar mais o câmbio no combate à inflação. São mudanças que mostram uma guinada inesperada. Isso não é uma aventura para Dilma. Ela entrou nessa para valer. Onde se pode cortar, considerando que há resistências no Congresso? As pessoas se esquecem de que o Orçamento no Brasil não é impositivo. Isso significa que metade dele não é obrigatória e pode ser postergada para o futuro. Não é só cortar no sentido estrito da palavra. Levy se organizou com o resto do pessoal do Planejamento e do Tesouro para fazer uma execução muito por baixo do que normalmente se faria. Foi feita uma programação por quadrimestre, para observar o que vai acontecer, com os gastos lá embaixo. Do outro lado, vêm as medidas que já foram adotadas do lado da Receita Federal. O Levy também tem autorização para segurar o BNDES. Acabou o financiamento do Tesouro para o banco. O que todo o mundo vai olhar é o tamanho do superávit. O governo federal é tão grande em relação à economia que as suas receitas, despesas e inserção na economia por meio dos bancos oficiais podem obter resultados impressionantes. O Levy vai conseguir fazer a meta desde que faça algumas violências. Se vai conseguir fazer todas essas violências, não sei. Mas ele tem outros instrumentos para cobrir as que não conseguir. Pode fazer coisas que as pessoas sequer vão perceber, como essa ideia de vender a folha de pagamentos dos servidores da União para bancos. O sr. está otimista. Mas no meio disso existem o povo, a taxa de desemprego e o PIB. Não haverá reações? Sou otimista porque acho que o Levy tem respaldo e sabe o que deve fazer. Dilma não tem alternativa. Está pensado a partir de um instinto de sobrevivência. As contas públicas estão uma bagunça, e um momento de ajuste predatório e violento ajuda. É um quadro muito ruim, mas a gente esquece que já superamos no passado momentos muito parecidos. A economia é um grande paquiderme. Os níveis de desemprego continuam baixos e vão demorar a subir. PIB é coisa de economista. A população quer emprego e salário. A inflação incomoda, mas, hoje, a perda de popularidade tem muito a ver com corrupção e a Petrobras. No momento em que dados negativos de emprego aparecerem mais fortes, será possível vender a retomada e o médio prazo, sem ter de usar essa ladainha da economia internacional. Os resultados de concessões começarão a aparecer, haverá dinheiro de fora e os empresários vão olhar para o futuro. O câmbio corrigido ajudará a indústria.

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Mas o que eu realmente lamento é que jamais achei que, na minha vida, teria de vivenciar outra vez esse tipo de coisa.

Deduções do IR de 2015 são corrigidas em 5,5% Fonte Jornal Folha de São Paulo 12/03/2015 A presidente Dilma Rousseff publicou nesta quarta (11) medida provisória com a correção escalonada da tabela do Imposto de Renda, como acordado com o Congresso. Na medida, está determinada uma correção de 5,5% do teto das deduções permitidas no IR de 2015. Será possível abater da declaração até R$ 2.275,08 de dependentes --antes, esse limite era de R$ 2.156,52. A mudança vale a partir de abril, para a declaração de ajuste que será entregue ao fisco no próximo ano. Nas despesas com educação, o limite individual de dedução passou para R$ 3.561,50. Antes, esse limite era de R$ 3.375,83. A MP corrige a tabela do IR em 6,5%, 5,5%, 5% e 4,5%, de acordo com a faixa salarial --quanto menor a faixa, maior a correção. A medida vale a partir de abril e não afeta as declarações de IR feitas neste ano. Segundo técnicos da Receita, a correção não é retroativa aos três primeiros meses do ano (leia texto abaixo). Portanto, o IR cobrado do contribuinte cujo rendimento tenha mudado de faixa com a atualização será calculado por uma média das duas alíquotas. De janeiro a março valerá a alíquota antiga; de abril a dezembro, a nova. Segundo o Ministério da Fazenda, a correção vai representar uma renúncia fiscal anual de R$ 6,46 bilhões. A proposta inicial do governo, de reajuste linear de 4,5%, representaria impacto de R$ 5 bilhões, segundo o governo. O Congresso chegou a aprovar, em dezembro, reajuste de 6,5% para todas as faixas, mas Dilma vetou a medida. Diante da ameaça de que o veto pudesse vir a ser derrubado, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) fechou acordo com o PMDB em torno da fórmula de reajuste progressivo. Na noite desta quarta, o Congresso aprovou a manutenção do veto. A vitória do Planalto, no entanto, foi apertada. Na Câmara, faltaram 18 votos para a rejeição do veto eram necessários 257 para a derrubada e foram registrados 239. Foram registrados ainda 208 votos pela manutenção. Como o veto foi preservado pelos deputados, nem chegou a ser apreciado no Senado.

Tabela sem efeito retroativo traz prejuízo aos contribuintes Fonte Jornal Folha de São Paulo 12/03/2015 Ao decidir que a nova tabela do IR valerá apenas a partir de 1º de abril, o governo não usou o efeito retroativo, ou seja, a tributação no primeiro trimestre, pela tabela em vigor desde janeiro de 2014, não será alterada. Com isso, o que foi pago a mais entre janeiro e março não será "compensado" neste ano e, provavelmente, nem na declaração de 2016. A tabela para a declaração de 2016 deverá ser esta: três meses com o limite atual (R$ 1.787,77, ou R$ 5.363,31) e nove com o novo limite de R$ 1.903,98 (R$ 17.135,82). No total, serão R$ 22.499,13. Se a nova tabela tivesse efeito retroativo, a de 2016 seria de R$ 22.847,76 (12 vezes o novo limite). Assim, a diferença (R$ 348,63) terá tributação maior. Com os R$ 348,63 tributados em 7,5%, cada um dos 26,22 milhões de contribuintes que pagam IR entregou ao menos mais R$ 26,15 nos três meses. No total, eles pagaram pelo menos R$ 686 milhões a mais no trimestre. 9


BC aumenta projeção para IPCA e considera avanços no combate à inflação insuficientes FONTE O ESTADO DE S. PAULO 12 Março 2015 às 08h 52 Ata do Copom repetiu que os avanços no combate à inflação ainda não são suficientes e elevou a perspectiva para o IPCA, indicando assim que pode promover novas altas da taxa de juros Mesmo após ter elevado a taxa básica de juros Selic para 12,75%, o Banco Central considerou que os avanços no combate à inflação ainda "não se mostram suficientes". A ata do Copom, divulgada uma semana após a decisão do Comitê de Política Monetária, elevou a projeção para a inflação, indicando assim que pode promover novas altas da taxa Selic. Segundo a ata do Copom, o cenário de convergência da inflação em 2016 para o centro da meta do governo, de 4,5%, em tem se fortalecido. "Para o Comitê, contudo, os avanços alcançados no combate à inflação a exemplo de sinais benignos vindos de indicadores de expectativas de médio e longo prazo ainda não se mostram suficientes", diz o documento. O Copom elevou suas projeções de inflação para 2015 no cenário de referência e no de mercado na ata divulgada nesta quinta-feira em relação ao porcentual considerado no documento de janeiro. Nos dois casos, segundo o BC, a estimativa permanece acima do centro da meta de 4,5%. No Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado em dezembro, o BC informou que a previsão para o IPCA de 2015 no cenário de referência havia subido de 5,8% para 6,1%. No cenário de mercado, houve uma redução da projeção de 6,1% para 6%. O BC retirou do parágrafo 27 a percepção de que a inflação ainda este ano entra em longo período de declínio. Essa observação constava do documento publicado em janeiro, pela instituição e também fazia parte dos discursos dos porta-vozes da autoridade monetária desde o final do ano passado. Para o Copom, foi mantida de janeiro para agora a observação de que o fato de a inflação atualmente se encontrar em patamares elevados reflete, em grande parte, a ocorrência de dois importantes processos de ajustes de preços relativos na economia. Esses processos de ajustes são o realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e o realinhamento dos preços administrados em relação aos livres. Na última sexta-feira foi divulgado o IPCA de fevereiro que mostrou um avanço nos preços de 7,70% em 12 meses, o maior nível desde maio de 2005. Nesta segunda-feira, no relatório Focus, os analistas passaram a projetar alta de 7,77% da inflação em 2015. O BC avalia agora que o consumo das famílias tende a se estabilizar. Na ata anterior, relativa à reunião dos dias 20 e 21 de janeiro, o BC avaliava que o consumo das famílias tendia a registrar ritmo moderado de expansão. Os preços administrados, porém, tendem a subir, o que pode pressionar a inflação. 2016. Sobre o IPCA de 2016, o BC explicou que, nos dois cenários, a previsão diminuiu, mas permanece acima do centro da meta, também de 4,5%. Na edição anterior, a alta dos preços para o ano que vem havia permanecido "relativamente estável", segundo a instituição. Os porta-vozes do BC têm repetido em várias ocasiões que, a despeito da elevação da inflação no início deste ano, a perspectiva é de que haja uma desaceleração no decorrer do ano, o que levaria a autarquia a entregar o IPCA em 4,5% no fim de 2016. A projeção que constava no RTI para o IPCA de 2016 era de 5% no cenário de referência e de 4,9% no de mercado. A mediana das expectativas no boletim Focus da última segunda-feira para o IPCA de 2016 é de 5,51%.

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