SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 14 DE JULHO DE 2014
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Focus traz projeções piores para inflação e desempenho do PIB em 2014 SÃO PAULO - As expectativas dos analistas de mercado para a inflação e a atividade se deterioraram mais uma vez, mostra o Boletim Focus, do Banco Central (BC). Após permanecer durante três semanas em 6,46%, a mediana das estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu para 6,48%, taxa mais próxima ainda do teto da meta perseguida pelo governo, de 6,5%. Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que, após avanço de 0,40% em junho, o IPCA acumulou alta de 6,52% em 12 meses. No Focus, a estimativa da inflação em 12 meses saiu de 5,89% para 5,92%, mas para 2015 seguiu em 6,10%. Para o IPCA de julho, os analistas reduziram ligeiramente a aposta, de 0,25% para 0,24% de aumento. Uma revisão relevante foi feita nas estimativas para os preços administrados. A mediana para 2014 saiu de 5,10% para 5% de aumento e a de 2015, de 7% para 6,50%. Os analistas Top 5 também recalibraram suas estimativas de inflação e juros. A mediana de médio prazo para o IPCA deste ano foi de 6,41% para 6,51% de incremento, mas a de 2015 caiu de 7,03% para 6,75%. Enquanto isso, eles esperam que a taxa básica de juros, a Selic, termine este ano no nível atual de 11%, mas veem o juro subindo mais 0,50 ponto até o fim do próximo calendário. Na estimativa do mercado em geral, as apostas para a Selic continuaram as mesmas: 11% neste ano e 12% em 2015. Quanto à atividade, os analistas cortaram pela sétima vez consecutiva a estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de expansão de 1,07% para 1,05%. A projeção para a produção industrial piorou ainda mais, de queda de 0,67% para retração de 0,90%. Para 2015, a estimativa de expansão do PIB ficou em 1,50%, mas a da produção industrial foi de expansão de 2,10% para 1,80%.
Classe C já não é motor do gasto em supermercados Antes ávidos por comprar produtos recém-lançados e ter acesso a marcas de qualidade superior, o consumidor da classe média já não é mais a locomotiva dos gastos nos supermercados brasileiros. A classe C, que nos últimos cinco anos foi a impulsionadora dos gastos com comida, bebida e higiene, perdeu seu posto para a classe AB neste ano, segundo estudo antecipado para a Folha pelo instituto Nielsen. Do crescimento de 7% registrado no gasto das famílias com abastecimento do lar neste ano até abril, a classe AB contribuiu com 61%, enquanto a C participou com só 34%. A queda é expressiva se comparada a 2013, quando a classe C teve participação de 49%, e a AB, de 35%. O dado de 2014 indica uma tendência, afirma o Nielsen. “Esse grupo não perdeu a relevância, continua sendo o mais importante em volume até por ser uma parcela maior da população, mas seu papel no crescimento mudou. O consumo subiu em todas as categorias de produtos, mas quem impulsionou dessa vez foi a classe AB", diz Olegário Araújo, diretor do Nielsen. A troca pode ser explicada pelo endividamento da classe média e pela inflação, que a forçou a rever os gastos. "Pode ter sido uma contenção para racionalizar e pagar o restante das contas. É um malabarismo necessário para segurar o gasto", diz. O aumento do consumo da classe C ficou abaixo da média nas compras de bolachas, sobremesas prontas, cervejas e sabões em pó e líquido. Foge à regra o segmento de higiene e beleza, que leva a fama de "indulgência". "A categoria cresce ou cai pouco mesmo em situações econômicas ruins, pois o consumidor se permite levar o xampu ou o hidratante que vai melhorar a autoestima", diz João Basilio, presidente da Abihpec, que reúne o setor. O estudo destaca também a queda de 3,6% nas idas ao mercado, mas com elevação do tíquete médio a cada a visita. O comportamento é típico de momentos inflacionários, em que o 2
consumidor antecipa a compra e estoca em casa para garantir o valor do dinheiro antes que a mercadoria seja remarcada. "Funciona como gestão do orçamento, evitando a compra de impulso", diz Araújo. A maior demanda da classe média por marcas baratas e a procura por feiras e comércio informal também favorecem a mudança, segundo Renato Meirelles, presidente do instituto Data Popular. No grupo AB, por outro lado, o avanço veio da mudança de hábito dos consumidores da classe B, que em busca de economia reduziram a frequência nos restaurantes. A substituição pela alimentação em casa aparece no aumento de gastos com perecíveis, que avançou 14,5%, categoria que mais cresceu. A classe alta é a que menos sente o momento econômico enquanto a média e a baixa sofrem com a desaceleração do emprego e da renda, afirma o professor de varejo Juracy Parente, da FGV-SP. "A alimentação representa um percentual menor nas classes mais altas, que são menos sensíveis ao aumento do preço. Mas na classe mais baixa, a inflação os forçou a reavaliar a cesta de compras. É possível que isso tenha se refletido no consumo", diz. Para Adriano Amui, professor da ESPM-SP, os limites do consumo da classe C já podiam ser previstos. "No segundo mandato de Lula, depois que a alta do crédito já havia sido usada para carro e eletrodoméstico, veio o 'trade-up' na alimentação, que é o acesso a produtos mais caros. Com a inflação, medidas de restrição começaram a ser tomadas." Para Fabio Pina, economista da Fecomercio-SP, o aumento do consumo não foi acompanhado por avanço semelhante na capacidade produtiva no país. "É difícil manter aquele fenômeno de inclusão por muito tempo."
Colômbia diversifica economia e se torna um dos principais países da AL Na esquina da carrera 7 (a principal de Bogotá) e da rua 93, antes uma área desvalorizada e distante do centro da cidade, a movimentação de trabalhadores é intensa. Ali, começa a erguer-se a Vitrum, torre de apartamentos de luxo projetada pelo arquiteto norte-americano Richard Meier, vencedor do prêmio Pritzker. "Por que não Bogotá? A economia está forte na Colômbia e as pessoas querem edifícios de qualidade para morar", diz ele. Seu projeto, cujos apartamentos custam a partir de US$ 2 milhões, é um dos muitos a aquecer o mercado imobiliário de grandes cidades como Bogotá, Medellín e Cali. O preço dos imóveis por metro quadrado quadruplicou entre 2003 e 2013. "A perspectiva de que o governo chegue a um acordo que coloque fim à guerrilha ajuda a Colômbia a livrar-se do estigma de lugar violento. Cada vez mais atraímos investimentos estrangeiros para Bogotá, na área imobiliária, de infraestrutura, gastronômica e da moda", diz à Folha David Melo, da Invest in Bogotá, ligada à Câmara de Comércio e à prefeitura local. A Colômbia é um dos países latino-americanos com melhores perspectivas de desempenho econômico para 2014. No mês passado, foi anunciado que o PIB do primeiro trimestre cresceu 6,4%, enquanto a expectativa para o ano é de 4,7% o Brasil não deve chegar a 2%. Ao lado do Peru, da Bolívia e do Panamá, a Colômbia é o país que mais deve crescer na região, com a diferença de que possui uma economia mais variada e não depende apenas da exportação de commodities para a China, que pautou o bom desempenho de várias economias latinoamericanas na última década. "A diferença entre o Peru e a Colômbia é que nós tivemos melhor desempenho em crescimento do PIB, por causa das compras chinesas de minérios. Mas não nos preparamos para a desaceleração chinesa como a Colômbia, que fez mais investimentos em infraestrutura e na indústria", diz o economista peruano Humberto Campodonico. "Ainda estamos vendendo apenas pedras", conclui. Em 2013, a Colômbia bateu seu recorde de investimentos estrangeiros, superando os US$ 16 bilhões (o equivalente a R$ 35,5 bilhões pelo câmbio atual, ou 1/4 do Brasil). A crise argentina fez com que muitos investidores estrangeiros vissem no país andino mais estabilidade. A segunda maior cidade colombiana, Medellín (2,5 milhões de habitantes), antes conhecida pelos seus elevados índices de homicídio relacionados ao narcotráfico, nos últimos dez anos levantou obras de infraestrutura e transporte a partir de parcerias do governo local com a iniciativa privada. Visitá-la logo após a morte do líder criminoso Pablo Escobar, em 1993, e hoje, é encontrar-se com outra realidade. Imensas torres de escritórios ocupam os novos bairros ligados aos negócios que surgiram no período. Abrigam empresas que mudaram suas 3
sedes para a cidade, bancos e multinacionais. A recente reeleição de Juan Manuel Santos, após uma acirrada disputa com o candidato de extrema-direita Óscar Iván Zuluaga, deve reforçar as políticas de livre-mercado e os tratados de livre-comércio que a Colômbia já mantém com os EUA, com a União Europeia e com vários países latino-americanos. Deve ainda impulsionar a Aliança do Pacífico, que integra com Peru, México e Chile. O primeiro desafio tem a ver com esses acordos, que o setor agrário acusa de prejudicá-lo nos supermercados colombianos encontram-se, hoje, alimentos importados ao mesmo custo e às vezes mais baratos que os locais. Desde o início do ano, protestos de pequenos e médios produtores podem ser vistos nas ruas das principais cidades. Em Bogotá, a população convive com acampamentos, passeatas e prédios e muros pichados por manifestantes. O segundo desafio é traçar um plano para a economia colombiana pós-conflito.
O fim da guerra com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e com o ELN (Exército de Libertação Nacional), caso se concluam as negociações, significará a reinserção no mercado de mais de 9.000 ex-guerrilheiros, além de resgatar imensas áreas da região amazônica e dos chamados Llanos. "Estima-se impacto positivo no nosso PIB caso o governo saiba reintegrar esse potencial à economia colombiana", diz o economista colombiano Carlos Andrés Gallo, da Universidad de Los Andes. Além disso, estimativas do FMI (Fundo Monetário Internacional) mostram que, em 2015, é provável que o PIB nominal colombiano, hoje de US$ 387,7 bilhões, passe o da Argentina, atualmente em US$ 404,5 bilhões, e se torne o segundo maior da América do Sul, atrás do Brasil. Os analistas concordam, porém, que o sucesso da economia nessa segunda gestão Santos, que se inicia em 7 de agosto próximo, depende da governabilidade e da facilidade de aprovar as reformas prometidas. O governo ainda terá maioria no Congresso, mas muito menos expressiva que no primeiro período (2010-2014). Além disso, a oposição ligada ao ex-presidente Álvaro Uribe encontra-se mais forte, com a recente eleição de 19 senadores, incluindo ele próprio, pelo recém-criado partido Centro Democrático. O uribismo deseja interromper os acordos de paz e posiciona-se contra os tratados de livre-comércio. As exportações da Colômbia ao Brasil cresceram 23% entre 2012 e 2013, aproximando-se a US$ 1,6 bilhão. Enquanto o investimento das empresas brasileiras na Colômbia foi, no ano passado, de US$ 271 milhões. No ano passado, a Colômbia reduziu seu 4
déficit comercial com o Brasil em 58%. "Há cada vez mais interesse de empresas brasileiras em investir na Colômbia, mas muito ainda pode ser feito", afirma Alejandro Pelaez, diretor da Proexport Colômbia no Brasil.
Grupo alemão da área moveleira planeja construir no Brasil a sua maior fábrica A Interprint, companhia alemã que produz revestimentos decorativos para móveis e pisos laminados, escolheu o Brasil para construir a sua oitava fábrica, a primeira na América Latina. A empresa concluiu a terraplenagem de uma área de 70 mil metros quadrados em São José dos Pinhais (PR), na região de Curitiba, onde a planta deverá entrar em operação até o final deste ano. De início, a unidade terá uma área construída de 11 mil m², com um investimento de € 30 milhões (aproximadamente R$ 90 milhões).
Os aportes, no entanto, deverão ser maiores, pois a companhia já tem um projeto para elevar a ocupação do local para cerca de 27 mil m². "Com essa área total, a unidade será a maior do grupo em nível de capacidade", afirma Lourdes Manzanares, principal dirigente da empresa na América do Sul. O ritmo da expansão dependerá do retorno do mercado, diz a executiva. A implantação no Brasil será feita com recursos próprios, ainda segundo Manzanares. A empresa abriu um escritório no Brasil há cerca de três anos. Hoje, os produtos vendidos no país são importados de fábricas na Alemanha, na Polônia e nos EUA. A escolha da região de Curitiba para a nova unidade ocorreu por causa da proximidade com os clientes, sobretudo fabricantes de móveis e de painéis de madeira. A Interprint também usará a planta para exportar aos países vizinhos, já atendidos pelo escritório brasileiro. "Estaremos perto de dois bons portos, de Paranaguá [PR] e São Francisco do Sul [SC]", diz Onei Marques, que comanda a área de vendas. A multinacional holandesa de cafés e chás D.E Master Blenders 1753 investirá cerca de R$ 30 milhões para ampliar a participação de mercado do Café Pilão em todos os Estados. Hoje, a marca tem maior penetração em São Paulo e no Rio de Janeiro, segundo Ricardo Souza, diretor da companhia no Brasil. "Queremos rever a nossa malha de distribuição, para atuar com mais força em todas as regiões, e investir na reformulação da marca, com ações promocionais e mais pontos de vendas." A distribuição é feita em supermercados com mais de cinco caixas, mas segundo Souza, ainda não chega aos 340 mil pontos de vendas existentes no país.
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Ricardo Souza, diretor da multinacional de cafés e chás no Brasil
A companhia detém ainda as marcas Senseo, Café do Ponto, Caboclo, Café Moka, Palheta, Damasco e L'Or Espresso. "Decidimos nacionalizar o Pilão porque é a nossa marca mais forte." "O Caboclo, por exemplo, é mais conhecido no interior do Sul e de São Paulo, enquanto a Damasco tem presença maior no Paraná." € 2,6 bilhões foi o volume total vendido no ano fiscal de 2013 7.500 são os empregados no mundo 45 são os países em que a companhia está presente -
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O placar, segundo o executivo, ficará em 2 a 0. "Por enquanto, tivemos o melhor time da Copa", diz. O executivo, que viajou para a Alemanha depois de ver o jogo contra a França, no Maracanã, assistirá a final em Stuttgart. "Aqui, cada cidade grande organiza um telão na praça central para todos torcerem juntos", conta. Leutz afirma que o Mundial prejudicou os negócios da empresa por causa das paralisações nos dias de jogos do Brasil. "Mas, por outro lado, também deu uma motivação a mais para o pessoal." O volume de títulos protestados na cidade de São Paulo ficou em 53.635 em junho deste ano, uma queda de 21,8% na comparação com maio, segundo pesquisa do Instituto de Estudos de Protesto de Títulos. Em relação aos 74.063 títulos contestados em junho do ano anterior, a queda foi de 27,5%. Também caíram os cancelamentos de protestos para 15.719 títulos em junho deste ano contra 21.304 no mês anterior.
Editorial: Estagnação sem futuro O governo baixou nos últimos dias o que parece ser uma derradeira compilação de medidas de estímulo econômico, paliativos de curto prazo que se destinam a evitar acidentes maiores na rota de declínio cada vez mais pronunciado. Encerram-se assim quase quatro anos de agitação infrutífera, de ativismo que não deu rumo salutar à economia. Um pacote de remendos costurados em uma medida provisória resume a obra desta administração: uma crise latente disfarçada, de modo a evitar estremecimento maior até o ano que vem. Mais desalentador, o crescimento definha enquanto outros indicadores apontam esgotamento da capacidade de o país avançar. As estimativas de aumento do PIB para este ano encolhem para 1%, no melhor dos casos. A inflação, por sua vez, flutua em torno de 6,5%, sinal tanto de excesso de gastos públicos e privados como de descrédito quanto à desaceleração dos preços. O déficit externo não baixa do nível desconfortável de 3,6% do PIB, o maior em 12 anos. Trata-se de outro indicador de demanda excessiva que pode ser financiada no exterior, mas até certo ponto. O país atingiu ou está perto de atingir o limite de gastos dessa natureza. O déficit público - o excesso de gastos do governo em relação a sua receita – está no patamar mais alto em cinco anos. Verdade que o desemprego decresceu de modo significativo, estabilizando-se em níveis historicamente baixos. Mas é uma economia de diminuta produtividade. Próxima do pleno emprego, ocupando a oferta de trabalho disponível, não produz mais: não cresce. Em resumo, trata-se de uma economia com limitações evidentes de se expandir no curto prazo e que, ademais, dissipa energia sem progresso, em desequilíbrio constante. Seria compreensível e aceitável, quando não inevitável, um crescimento pequeno devido a correções cíclicas, a um programa de reformas difíceis ou ao impacto de um desarranjo mundial. Infelizmente, as providências necessárias a fim de administrar tais situações têm seu custo. Mas, se levadas a bom termo, carreiam bônus, a oportunidade de retomada, ao menos de entrada em um novo ciclo ascendente. Não há propósito nem sentido na presente desaceleração, entretanto. A economia quase estagnada chegará a 2015 ainda com uma carga de problemas para descartar, o que custará, no mínimo, mais aquele ano de crescimento. O colapso do sistema financeiro nos países centrais gerou medidas para a prevenção de crises futuras, com lições importantes que podem ser aplicadas em várias áreas. Inclusive nesta sofrida crise pós-goleada para a bem preparada seleção alemã. Um resultado que escancarou a crise do futebol brasileiro, reforçado pela derrota contra a Holanda.A primeira lição da crise é a necessidade de dimensioná-la corretamente. Tentativas diversas por motivos distintos de subdimensioná-la, classificá-la como acidente ou determinar motivações ou razões específicas e menores são a pior abordagem possível. No caso da seleção brasileira, atribuir o fiasco a um apagão momentâneo ou a um acidente de percurso e dizer que vamos dar a volta por cima não são abordagens aceitáveis ou eficazes. O fato é que tivemos uma seleção despreparada, sem esquema tático definido, sem fluidez de jogo, com jogadores desentrosados e descontrolados emocionalmente. Um time que, desde os primeiros jogos, dava sinais de desastre eminente, mas que não foram devidamente valorizados. Entre os episódios subestimados podemos listar os choros compulsivos, as dificuldades de finalização, o trauma na cobrança dos pênaltis, os 7
sinais evidentes de desentrosamento tático, físico e emocional. Tivemos ainda a propagação da ideia de que a tática do jogo feio seria a mais eficiente para chegar ao título, o que evidentemente caiu por terra frente à dura realidade dos 7 a 1. Não há vantagem em ser goleado dessa maneira, mas agora é possível diagnosticar de forma séria o tamanho do desastre e identificar as suas causas. O que leva uma seleção pentacampeã mundial a, jogando em casa e com enorme apoio da torcida, chegar a uma semifinal de Copa do Mundo com time tão desesperado e atabalhoado? O que aconteceu no Mineirão deixou ainda mais claro que há algo profundamente errado na estrutura futebolística brasileira. Para superarmos essa fase, é preciso analisá-la de forma sistemática e criar propostas objetivas para superá-la. Sob o impacto dos sete gols e da forma fácil como fomos abatidos em campo, são naturais as fortes reações emocionais, as frases de efeito, as análises simplistas. Tudo isso era esperado em momento como este. Agora nós temos que nos dedicar de forma séria e sistemática à análise das causas do desastre e à busca de soluções efetivas. Não podemos vacilar na reação a essa crise no futebol, porque senão ela trará ainda mais problemas e ainda mais decepções. Como, aliás, costuma acontecer também nas crises econômicas.
Grupo não é alternativa a FMI ou capitalismo Duas visões opostas dominam o debate brasileiro a respeito dos BRICS: ora o grupo é apresentado como força progressista para equilibrar o poder mundial, ora como aliança constrangedora, devido à exclusão social e ao autoritarismo de seus membros mais fortes. Essa clivagem é boa porque permite ao público refletir sobre as opções da política externa brasileira. O problema é que joga debaixo do tapete algumas verdades importantes. 1. Os mecanismos financeiros que os BRICS negociam em Fortaleza não rompem com FMI e Banco Mundial nem representam uma alternativa à ciranda do capitalismo. Pelo contrário, os cinco países (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) manifestam extrema cautela porque dependem do sistema existente. Entre a retórica reformista e a realidade, a orientação dos BRICS passa longe de qualquer desafio sério ao ordenamento estabelecido. 2. Os cinco governos dos BRICS utilizam a sigla com propósitos diferentes. Putin mostra à opinião pública russa que seu governo não está isolado. Os chineses provam que ainda são um país do Sul, não uma potência arrogante do Ocidente. Zuma usa a sigla como escudo contra quem o acusa de afundar a África do Sul, dilapidando o prestígio internacional acumulado por Mandela antes dele. Dilma faz do grupo uma prova de que seu governo não se "ajoelha" diante dos países mais poderosos, como supostamente faria o tucanato. Modi, o novo premiê indiano, recém-chegado ao grupo, ainda mostrará sua narrativa, mas ela será talhada para o consumo interno. 3. O clube BRICS convive com enorme hierarquia. A China tem mais poder que os outros membros e a Rússia não se enxerga como emergente. A Índia se vê uma categoria acima do Brasil; África do Sul, uma abaixo. Ao contrário do que ocorre no clube dos mais ricos (G7), onde o clima é solto, o ambiente dos Brics é rígido, formal e ensaiado. Há pouco espaço para o improviso ou a intimidade, o que dificulta a criação de uma identidade comum. 4. Para a política externa brasileira, o grupo BRICS tem 1.001 utilidades. Um dos principais benefícios diz respeito à China, país do qual somos cada vez mais dependentes. Como ainda não temos canais que nos permitam exercer algum tipo de influência em Pequim, os encontros do grupo oferecem a oportunidade rara de vocalizar demandas junto à liderança chinesa. Por esses motivos, vale guardar distância da retórica de quem enxerga no grupo o bem ou o mal. Vale também lembrar que nossos governantes sempre definem sua política externa de olho no próximo ciclo eleitoral e submetem qualquer iniciativa internacional a esse ditame. Na atual conjuntura, com Dilma, Aécio ou Campos, a tendência é mais investimento brasileiro na transformação da sigla em coalizão.
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SÃO PAULO (CÉSAR ROSATI E ANDRÉ MONTEIRO)Fonte: Folha de São Paulo Online Quase 700 mil turistas estrangeiros (691.940) de 203 nacionalidades entraram no Brasil em junho por terra, mar ou ar, a grande maioria atraída pela Copa, segundo dados da Polícia Federal. O volume é 132% maior que o registrado no mesmo mês de 2013, quando 298 mil estrangeiros ingressaram no país. Os argentinos, com 101 mil turistas, são a maioria. Americanos (83 mil), chilenos (44 mil), colombianos (41 mil) e mexicanos (34 mil) completam o topo desse ranking. O número superou a estimativa feita pelo governo para todo o Mundial (600 mil). Não foram computados os dados de julho, que devem ser divulgados nos próximos dias. Em 2010, cerca de 1,4 milhão de estrangeiros entraram na África do Sul no período da Copa --310 mil deles exclusivamente para o evento. Na Alemanha, em 2006, foram cerca de dois milhões, a metade atraída pela Copa. Os dados são das agências de turismo dos dois países. A cidade de São Paulo recebeu cerca de 500 mil visitantes, afirmou nesta sexta (11) a prefeitura. Dos turistas, 299 mil eram brasileiros e 197 mil, estrangeiros --a exemplo do fluxo no restante do país, a maioria veio da Argentina. Segundo a SPTuris (empresa de turismo da cidade), o volume é 8,6% superior à média de pessoas que vêm a cidade no mesmo período para feiras de negócios --eventos que deixaram de ser realizados na primeira fase da Copa. Embora não haja dados disponíveis, a cidade perdeu outros turistas de negócio, atividade que visivelmente esfriou durante o Mundial. Os turistas que estiveram São Paulo gastaram cerca de R$ 1 bilhão entre 12 de junho e 10 de julho, ainda de acordo com a prefeitura. Em média, o turista estrangeiro despendeu R$ 4.800 por dia; o brasileiro, R$ 2.500. Segundo a prefeitura, os dados são de uma pesquisa feita nos principais pontos de concentração de turistas, com cerca de 5.000 entrevistas. Em seu balanço, a gestão fez um mea-culpa e reconheceu ao menos dois problemas. O primeiro foi a superlotação da Vila Madalena, point' de brasileiros e estrangeiros, que pegou a administração de surpresa e resultou em trânsito, brigas e até venda de drogas ao ar livre. A prefeitura também não previu o gigantesco engarrafamento --pico de 302km, terceiro maior da história-- no segundo jogo do Brasil, contra o México, em 17 de junho. Foi obrigada a ampliar o horário do rodízio de veículos nos demais jogos da seleção. A gestão diz ter gasto de R$ 30 milhões a R$ 40 milhões com o "custo operacional" do evento. Mas não contabilizou obras, como os R$ 150 milhões das intervenções viárias no entorno do Itaquerão.
Gringos na Copa: muita paixão e pouco dinheiro no bolso
As expectativas eram altas: hotéis lotados, aeroportos movimentados, filas em renomados restaurantes, shopping centers fervilhando, táxis sempre ocupados e pontos turísticos cheios de estrangeiros ávidos por diversão e bons serviços — e com muito dinheiro para gastar. O comércio se preparou para um mês tão próspero quanto o de dezembro, mas se deparou com 9
um dos períodos mais calmos — e frustrantes — dos últimos tempos. A decepção com o apetite por consumo dos gringos foi quase tão grande quanto aquela enfrentada com a seleção brasileira durante sua derrota para Alemanha na fatídica semifinal de terça-feira. Os endinheirados alemães, os consumistas japoneses, os bon vivants franceses e os perdulários russos parecem ter desembarcado em outras praias que não as brasileiras. O empresário Enrico Fermi, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), arrisca descrever o perfil do turista tão aguardado pelos comerciantes — que não é nada animador: "Muitos vieram sem ingresso, sem dinheiro, querendo apenas aventura. São especialmente latino-americanos que querem participar deste momento, mas que não comem em restaurantes caros, não fazem questão de conforto e um banheiro decente para tomar banho", diz. Restaurantes, lojas, casas noturnas e até mesmo os hotéis tiveram movimento abaixo do esperado até mesmo na comparação com junho dos anos anteriores. Os gringos da Copa não estavam interessados na tal cerveja artesanal que faz a cabeça da classe média paulistana, ou no novo bistrô que acaba de abrir na Dias Ferreira, coração do Leblon, no Rio de Janeiro. Passeios com motoristas particulares em carros blindados para escapar de assaltos? Nem pensar. Transporte público foi a pedida. As festas badaladas da noite de São Paulo, em dias de jogos do Brasil, tinham o público de sempre: paulistano. Os gringos queriam beber cerveja vendida por ambulantes na Vila Madalena, sem cogitar pagar a consumação que os bares do bairro exigiam durante as partidas. Outros optavam pelas festas Fan Fest promovidas pela Fifa em locais de fácil acesso popular, cerveja barata e sem qualquer sofisticação. O balanço da Copa para os gringos foi positivo: amaram o Brasil (e as brasileiras). Mas as empresas, por sua vez, já começam a divulgar números mais desanimadores que o 7 a 1 de terça-feira. O mico do setor hoteleiro é uma das maiores surpresas. Das doze cidadessede da Copa, apenas Salvador, Porto Alegre, Cuiabá e Fortaleza tiveram aumento da taxa de ocupação na Copa em comparação à média do mesmo período do ano passado. Já Belo Horizonte, São Paulo e Recife tiveram queda ante 2013. Não só os turistas da Copa preferiram hostels, hospedarias ou casas de amigos, como os eventos corporativos que ajudavam a trazer estrangeiros ao país foram pausados durante os meses do Mundial. “O mercado corporativo antecipou-se e, no caso de São Paulo, os eventos ficaram concentrados no primeiro trimestre”, disse Fermi. A distribuição das partidas entre as cidades-sede também pautou a demanda por hotéis. "Curitiba, por exemplo, recebeu apenas a Espanha entre os times grandes. E espanhóis não lotam estádios. Mexicanos, argentinos, uruguaios e americanos, sim." Enquanto os turistas brasileiros reservam com meses de antecedência mesas em restaurantes estrelados quando vão a ao exterior, nem que seja apenas para postar a foto no Instagram, os gringos da Copa deixaram o Dom, de Alex Atala, às traças — e não se intimidaram com o status, digamos, espartano, dos restaurantes populares oferecidos pela prefeitura. "Os restaurantes simples e desconhecidos tiveram um fluxo maior. Não faz parte da cultura do turista estrangeiro gastar muito em viagens internacionais", diz, em tom de resignação, o empresário Percival Maricato, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL-SP). Exemplo disso é a discrepância entre os gastos de brasileiros em viagens internacionais e turistas estrangeiros no Brasil — 25,34 bilhões de dólares contra 6,71 bilhões de dólares em 2013. Os taxistas tampouco pouparam reclamações. Acostumados a levar turistas durante o ano, afirmaram que a Copa foi uma grande frustração. "O problema é que a prefeitura deu preferência ao transporte público. Ônibus e vans foram colocados para levar os turistas aos jogos. E comportam um número maior de pessoas do que o táxi", explica o presidente do Sindicato dos Taxistas Autônomos do Município do Rio de Janeiro, Luiz Antônio Barbosa da Silva. Não se pode dizer ainda que houve prejuízo, diz Silva, mas o aumento no número de corridas foi insignificante. Em São Paulo, que conta com uma rede maior de transporte metroviário, não foi diferente. "A Secretaria de Transportes estava muito preocupada com o movimento. Mas foi, na verdade, um fracasso total. Os taxistas não faturaram nem a metade do que eles imaginavam", desabafa Natalício Bezerra, presidente do Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo. Entre as empresas aéreas, apenas a Avianca arriscou fazer um balanço do evento antes da final, neste domingo. Segundo o presidente em empresa, José Efromovich, houve redução de cerca de 15% na demanda, na comparação com o mesmo 10
período do ano passado. "Em 20 ou 30 dias, devemos ter um número mais definido", disse. A Gol deve divulgar um balanço no início da próxima semana. Nem os brasileiros — O cenário poderia ter sido menos frustrante se os turistas brasileiros, gastadores inveterados, tivessem decidido viajar no período de férias escolares. Contudo, o medo do caos nas estradas e aeroportos coibiu os passeios. "O jargão 'imagina na Copa' foi muito forte e os brasileiros evitaram aeroportos e hotéis com medo do que pudesse acontecer", diz Marco Ferraz, presidente da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa). O público local também ficou acanhado em ir às compras. Com os inúmeros feriados durante o Mundial, as vendas recuaram não apenas nas cidades-sede, como em todo o país. "Em dias de jogos do Brasil, as vendas caem entre 30% a 35%. É como se fosse um feriado, mas sem o fator agregador de vendas. A atenção dos consumidores se volta para o evento e a demanda fica reprimida", afirma Luís Augusto Ildefonso, diretor de relações institucionais da Alshop, a associação que representa os lojistas de shoppings. A expectativa dos lojistas é que, para curar a alma da frustração da derrota, os brasileiros apelem para a terapia dos gastos.
Aneel aprova reajuste de 18,66% nas contas de luz da Eletropaulo A partir desta sexta-feira, a conta de luz dos 6,7 milhões de consumidores dos 24 municípios do Estado de São Paulo atendidos pela distribuidora de eletricidade Eletropaulo vai subir, em média, 18,66%. O reajuste foi aprovado nesta quinta-feira pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O Índice de Reajuste Tarifário (IRT) aprovado pela agência ficou em 9,06%, menor do que o pedido pela empresa (16,69%). A diferença é explicada pela decisão anunciada nesta semana pela Aneel de reembolso aos consumidores paulistas por cobrança indevida anos atrás. A agência rejeitou nesta semana um recurso da AES Eletropaulo, obrigando-a a devolver aos clientes 626,05 milhões de reais. Metade deste valor já foi aplicada neste reajuste. Durante a Terceira Revisão Tarifária Periódica da Eletropaulo, em 2013, foi encontrada uma grande discrepância entre os ativos que constavam na contabilidade da empresa e os laudos que vinham sendo apresentados pela companhia desde a Segunda Revisão Periódica, homologada em 2009. De acordo com o processo, a contabilidade da distribuidora apontava a existência de 10 mil metros de cabos de alumínio na concessão, mas os laudos apresentados para os processos de revisão alegavam a existência de 256 mil metros desses cabos. Como a Eletropaulo já vinha sendo remunerada nas tarifas de energia desde 2009 por esses cabos inexistentes, o órgão regulador decidiu que o valor de 626,052 milhões de reais deverá ser devolvido aos usuários das cidades atendidas pela distribuidora, incluindo a capital paulista. A Eletropaulo alega que a devolução dos recursos nos moldes estabelecidos lhe traria um aumento significativo de custos em um momento de grande exposição financeira. Mesmo assim, o órgão regulador manteve a decisão, afirmando que não se trata apenas de um erro contábil de ativos, mas sim a cobrança na conta de luz injustificada por ativos que não existem.
Recuperação de crédito cai 2,22% em junho O número de dívidas regularizadas, calculado a partir das exclusões dos registros de inadimplência do banco de dados do SPC Brasil, recuou 2,22% em junho de 2014, em relação ao mesmo mês do ano passado. É a quarta queda consecutiva. Em relação a maio deste ano, as regularizações subiram 1,13%. O dado é do Indicador Mensal de Recuperação de Crédito do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil, explica que o recuo do indicador de recuperação de crédito, analisado em conjunto com a inadimplência em alta, sugere uma diminuição da capacidade de pagamento do consumidor brasileiro. “Os indicadores refletem 11
as condições menos favoráveis da atividade econômica tanto para o consumo quanto para a quitação de dívidas. Este cenário é impactado negativamente pela aceleração da inflação, alta dos juros e pelo crescimento moderado da massa salarial”, afirmou.
FECOMERCIO: Intenção de consumo em SP é a menor desde agosto de 2009 SÃO PAULO - Os moradores de São Paulo estão menos confiantes quanto ao emprego e à renda e, com isso, menos interessados em consumir, em especial bens duráveis. A informação consta da pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FECOMERCIO SP). O índice Intenção de Consumo das Famílias (ICF) caiu 2,5%, para 110,8 pontos em junho, na comparação com maio, e recuou 15,1% no confronto com o mesmo período do ano passado. Com isso, o indicador registrou o menor patamar da série histórica da pesquisa, iniciada em agosto de 2009. O subíndice em que os consumidores avaliam o momento para compra de bens duráveis foi o que mais caiu, 8,3%, se situando 87,5 pontos em junho, seguido pelo recuo de 3,8% em perspectiva de consumo, com 103,8 pontos. O subindicador de nível de consumo atual diminui 0,5% no período, ficando em 86 pontos - pior pontuação entre as variáveis do ICF. De todas as categorias que fazem parte do indicador, apenas acesso ao crédito avançou de maio para junho (0,9%), atingindo os 133,7 pontos. O desaquecimento do mercado de trabalho, identificado nas últimas pesquisas sobre o tema, é apontado como motivo para as baixas nos quesitos emprego atual (-1,5%, aos 125,9 pontos), renda atual (-2,3%, para 126,9 pontos) e perspectiva profissional (-2,9%, a 112 pontos). De acordo com a FECOMERCIOSP, a falta de água em alguns bairros e a ocorrência recente de paralisações no transporte público (ônibus e metrô) também foram fatores que reduziram a confiança dos moradores da capital paulista. Em nota, a entidade diz que o indicador de intenção de consumo deve continuar a cair. “As altas taxas de inflação têm pressionado insistentemente o orçamento doméstico. Além disso, o temor em relação ao futuro provocado pelo crescimento mais modesto da renda - e a geração de empregos contribuem para segurar o consumo dos paulistanos”, diz a entidade.
Fiasco da seleção não justifica intervenção estatal no futebol O fiasco da seleção comandada pelo técnico Luiz Felipe Scolari fez surgir nos últimos dias em diversos segmentos da sociedade a saudável demanda por mudanças na gestão do futebol brasileiro. Mas há que se ter cautela. Tal sentimento não deve servir de impulso para uma onda de intervencionismo governamental sobre uma atividade essencialmente privada. A presidente Dilma Rousseff nunca escondeu sua antipatia pelos dirigentes do futebol nacional, e nos últimos meses passou a dar sinais de que o governo federal poderia entrar em campo. Em maio, Dilma recebeu no Palácio do Planalto alguns líderes do Bom Senso F. C., movimento criado por jogadores que reivindica mudanças estruturais no setor. Na sequência, a presidente foi taxativa em seu pronunciamento à nação às vésperas do início da Copa do Mundo: ela afirmou que um dos legados do torneio deveria ser uma "modernização da nossa estrutura do futebol e das relações que regem nosso esporte". Na semana passada, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, verbalizou uma frente de atuação. Ele defendeu que o governo, um dos maiores financiadores do futebol, tenha maior influência sobre a utilização dos recursos destinados ao esporte. Parte considerável dos recursos públicos despendidos na promoção do futebol e de outros esportes se dá por meio de patrocínios de empresas estatais, que se aproveitam da visibilidade proporcionada pelos clubes de futebol para divulgar suas marcas. A despeito de sua vocação de banco "social", a Caixa Econômica Federal patrocina 13 clubes de futebol, a um custo anual de R$ 105 milhões. Em condições normais, relações de patrocínio não preveem a 12
participação do patrocinador na gestão do patrocinado. É questionável, portanto, que um anunciante use seu poder financeiro para se intrometer na gestão das empresas ou entidades que possam servir de meio de divulgação de suas mensagens publicitárias. O ministro Aldo Rebelo argumentou que os clubes dependem do Estado para repactuar suas dívidas. Por outro lado, assegurou que a intenção do governo não é indicar cartolas. Isso já é um começo. O problema é que Rebelo defende um papel mais forte do setor público. Guardadas as devidas e necessárias proporções, na ditadura militar a intervenção estatal chegou à comissão técnica e até mesmo à escalação da seleção. Um enorme equívoco. Faz-se necessário ponderar também que na semana passada a Fifa suspendeu a Nigéria devido a uma interferência do governo na federação de futebol local. É inerente ao Estado regular as mais diversas atividades do país. A Lei Pelé, entretanto, impõe limites à atuação do setor público no esporte, e não apenas no futebol, e prevê a autonomia da atividade esportiva. Não à toa, segundo o ministro do Esporte, seria necessário justamente alterar essa lei para assegurar ao governo meios para agir. É comum no Brasil agendas polêmicas avançarem no Congresso apoiadas por um suposto clamor popular, em momentos de comoção nacional. Assim, há sempre a possibilidade de iniciativas desse tipo prosperarem, embora nesse caso o governo possa enfrentar resistência da chamada bancada da bola - um grupo de parlamentares ligados a clubes e entidades esportivas que exibem em seus currículos amplos serviços prestados às federações e à Confederação Brasileira de Futebol na tramitação de projetos de interesse do setor e de comissões parlamentares de inquérito. Existe espaço para as instituições brasileiras agirem no atual marco legal. A Justiça, por exemplo, tem meios para assegurar o pagamento adequado de atletas e garantir condições de trabalho no setor. Um esforço de mediação do Ministério do Esporte pode ser capaz de promover uma readequação no calendário dos torneios nacionais. Isto, sem falar na capacidade do setor público de induzir clubes e demais entidades da área a terem maior responsabilidade financeira e dos órgãos de defesa do consumidor para promover os direitos dos torcedores. A vexaminosa derrota de 7 a 1 para a seleção alemã pode ser mais um capítulo da ruína ou servir como um ponto de inflexão do futebol brasileiro. Pior será se o episódio for usado para o aparelhamento político e a intervenção estatal em mais um setor da vida nacional.
O tripé microeconômico O plano real acaba de completar vinte anos, tendo recebido ampla e merecida cobertura da imprensa especializada. O Plano foi, de fato, um tiro certeiro contra um intolerável equilíbrio com inflação alta e crônica que castigava a economia, e principalmente a sociedade brasileira, havia mais de dez anos. Mas a estratégia de estabilização monetária fundamentalmente baseada em ancoragem cambial que, em essência, caracterizava o Plano Real, carecia tanto de sustentabilidade macroeconômica quanto de virtuosismo microeconômico. A inconsistência macroeconômica foi rapidamente revelada pela pesada crise cambial que se armou em um curto interregno de quatro anos - a rigor, apenas três, descontando-se a sobrevida do Plano, artificialmente prolongada pelo imperativo eleitoral de 1998. A superação do colapso no balanço de pagamentos veio com a implantação de um novo modelo de política, o tripé macroeconômico, formado por taxa de câmbio flutuante, metas de inflação e superávit primário. Hoje costumeiramente rotulado como uma continuidade, na verdade o tripé deve ser considerado mais como uma ruptura do que um simples ajustamento do Plano Real. É inegável que o modelo do tripé, bem mais longevo, pois vem possibilitando mais de uma década de estabilidade monetária, mostrou-se uma solução mais satisfatória. Mesmo a despeito da balbúrdia expectacional que rondou o período da campanha eleitoral de 2002, no final desse ano o déficit em conta corrente já apresentava importante melhora, estando em 1,5% do PIB ante 4,6% na entrada da década. Nos anos seguintes, com a melhora do quadro internacional e o direcionamento do padrão de crescimento da economia brasileira para as fontes internas de dinamismo foi possível colher bons resultados em termos de expansão do 13
emprego e da renda e de melhoria de seu perfil de distribuição. No entanto, os efeitos microeconômicas indesejáveis do modelo de estabilização do Plano Real, nem de longe debelados pela adoção do tripé macroeconômico, aprisionaram a indústria em um padrão de concorrência baseado em custos no qual ela se vê obrigada a enfrentar de frente o ultraeficiente arranjo produtivo-comercial asiático sem poder contar com qualquer colaboração mais efetiva da política econômica. É fora de dúvida que juros altos, câmbio valorizado e política fiscal restritiva por si já formam um ambiente econômico extremamente hostil à atividade industrial. Contudo, ademais das consequências negativas diretas, a combinação dessas variáveis por longo período traz implicações ainda mais nefastas sobre o comportamento das empresas brasileiras. É o que aqui será chamado, por empréstimo, de tripé microeconômico. A primeira perna do tripé microeconômico é a prevalência de um comportamento minimizador dos investimentos em capital fixo. A decisão de construção de fábricas "greenfield" tende a ser preterida em favor da incorporação de novos equipamentos às linhas de produção já existentes ou à adição de novas linhas às plantas produtivas existentes ou ainda à aquisição ou fusão com outras empresas também pré-existentes. A consequência agregada desse comportamento é a rigidez estrutural que vem caracterizando a indústria brasileira nas duas últimas décadas. O comportamento refratário com relação à realização de esforços inovativos é a segunda perna do tripé microeconômico. A falta de meios para enfrentar os riscos muito altos e os tempos de retorno muito longos dos gastos em pesquisa e desenvolvimento e, posteriormente, na industrialização dos novos produtos ou processos eventualmente alcançados reforça a atávica opção pela imitação tecnológica que marcou a constituição da indústria no país. O resultado é o envelhecimento precoce da estrutura industrial. A terceira perna do tripé é a tendência cada vez mais disseminada de as empresas recorrerem a um excessivo "outsourcing" (comprar insumos, partes e peças de terceiros) como forma de reduzir a relação capital-produto incremental requerida para a expansão da atividade, encurtando assim as necessidades de financiamento às custas da perda de densidade industrial. O saldo negativo aqui é a redução do potencial de aprendizado tecnológico e a crescente renúncia aos ganhos dinâmicos de produtividade dele decorrentes. Mais do que qualquer outra atividade, o desenvolvimento da indústria depende visceralmente da existência de financiamento. Taxas de juros reais sempre muito altas e risco cambial sempre muito elevado drenam a capacidade de mobilizar recursos e limitam a constituição de um sistema financeiro minimamente disposto a emprestar a longo prazo. Soluções institucionais se fazem necessárias para romper a restrição financeira e desmontar esse malfadado tripé microeconômico. Dizem que no futebol tudo pode acontecer. Que o mais fraco pode vencer, que o "perna de pau" pode ser o melhor em campo e por aí vai. Mas quase sempre acontece simplesmente o óbvio. Por exemplo, time em inferioridade no meio de campo quase nunca vence. Quando essa inferioridade é flagrante, aumentam as chances de uma goleada. Mas o vexame que é uma seleção brasileira tomar uma chuva de cinco gols em menos de 30 minutos jamais será óbvio até porque nunca é um acontecimento circunscrito à duração do jogo. Começa antes, bem antes. E termina depois, bem depois. Veremos.
O alerta do BIS O BIS, sigla em inglês para Banco de Compensações Internacionais, é o banco dos bancos centrais. Além de oferecer serviços bancários, o BIS tem uma área de pesquisa muito ativa, em especial em temas como a interação entre a política monetária e o mercado financeiro, de interesse para os banqueiros centrais. Relatório anual do BIS responsabiliza os bancos centrais por criar condições financeiras altamente acomodativas, ampliadas por uma onda de inovações financeiras, contribuindo para reprimir taxas de juros de longo prazo e consequentemente para uma busca agressiva por retornos e intenso apetite por ativos de risco. O texto menciona, também, com o devido tom diplomático, que os bancos centrais deveriam dar maior importância ao comportamento do crédito e dos preços de ativos na 14
formulação de suas estratégias de política, em vez de olhar somente para valores correntes e esperados do hiato de produto e o estado das expectativas de inflação (de preços de bens e serviços). Esse relatório, publicado em junho de 2007, não foi uma peça isolada, mas um de uma série de alarmes levantados pelo BIS nos anos em que a "grande moderação" induzia investidores e autoridades a uma atitude complacente perante os riscos nos ativos financeiros. A doutrina que prevalecia no período, e que ainda é dominante em instituições chave, como o Fed, é que a política monetária deve cuidar do ciclo econômico, ao passo que a política prudencial deve lidar com a estabilidade financeira. A crítica à visão tradicional é que as condições financeiras interagem com o ciclo econômico, e que a separação de tarefas seria talvez um arcabouço inadequado. O fato é que a experiência com o ciclo de boom financeiro, seguido de colapso e crise econômica, a partir de 2008, demonstra os riscos inerentes à visão tradicional. Além disso, a capacidade de inovar dos mercados é tal que a regulação nunca consegue plenamente acompanhar. Nesse contexto, a única variável que, como ressaltava Jeremy Stein, antigo membro da direção do Fed, atinge a todos os agentes, sejam estes instituições bancárias, investidores, quase-bancos, etc, é a taxa de juros. No relatório anual de 2014 o BIS volta à carga. O texto aponta que o processo de normalização (elevação) das taxas de juros nas economias centrais dificilmente será tranquilo, e que irá requerer muita habilidade e paciência pelos bancos centrais responsáveis. O risco, ressaltado entre outros pela presidente do Fed, é que uma normalização prematura poderia abortar a recuperação, causando aumento desnecessário da ociosidade e do desemprego e, potencialmente, criando o risco de uma espiral deflacionária. Mas segundo o BIS há também diversos riscos na direção oposta. Em primeiro lugar, os principais bancos centrais podem estar reincidindo no erro, olhando apenas para o ciclo econômico e não para o ciclo financeiro, e permitindo um processo exuberante de busca por retornos e apetite por risco, em especial no mercado de dívida soberana e corporativa. Note-se que o endividamento corporativo e a sensibilidade dos balanços das empresas ao aumento das taxas de juros não é um risco apenas para detentores de títulos, mas também para os bancos que emprestam para o setor não financeiro. Além disso, ao reprimir as taxas de juros de longo prazo, os bancos centrais inibem um dos mecanismos de disciplina sobre os governos, que não se sentem pressionados a ajustar as contas - ainda que algumas economias maduras tenham usado o período de trégua proporcionado pelos bancos centrais para começar a colocar a casa em ordem, nem todos o fizeram, em especial na Europa. O BIS nota, também, que quando os bancos centrais compram ativos do resto do setor público (imprimindo moeda), a duração média dos passivos do setor público consolidado se reduz, o que aumenta a vulnerabilidade de seu balanço a altas das taxas de juros, elevando assim o risco de dominância fiscal. No limite um banco central pode sofrer pressões para não elevar a taxa de juros derivadas da preocupação com o possível impacto sobre seu próprio portfolio e as consequências fiscais. Outro risco é que o temor de causar algum estresse nos mercados acabe levando as autoridades a entrar em um ciclo vicioso. Se, cada vez que o mercado começar a antecipar as expectativas de elevação das taxas de juros e, consequentemente, liquidar posições mais arriscadas, as autoridades saírem a emitir comunicados emolientes, isto acabará gerando mais apetite por risco, e, assim, aumentando a probabilidade de movimentos mais agressivos quando a normalização de fato começar. O ponto do BIS é exatamente que retardar demais o processo de normalização, pode torná-lo mais arriscado, o que é exatamente o que as autoridades pretendem evitar. Nesse debate suas opiniões merecem mais respeito do que têm recebido, e certamente devem ser levadas pelo menos tão a sério quanto às de alguns de seus mais eminentes membros, que minimizaram tanto, e por tanto tempo, os riscos de desequilíbrios e fragilidades financeiras no período pré- Lehman, com as consequências sabidas.
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Eleições presidenciais e a plataforma econômica Este artigo analisa a plataforma econômica dos principais candidatos presidenciais. Para tanto, examino brevemente as perspectivas recentes da economia brasileira e avalio a plataforma dos candidatos. Quanto às perspectivas da economia, há sinais de um certo esgotamento do crescimento puxado pelo consumo, em função da desaceleração na renda, do impacto dos juros elevados sobre serviço da dívida e do comprometimento da renda das famílias. Uma questão central é que os estímulos dados à demanda "vazaram" para o exterior, em função da persistente apreciação da taxa de câmbio, de modo que a indústria não se beneficiou do crescimento do mercado interno, dando origem a um processo de "desindustrialização prematura". Nossa avaliação é que a desaceleração econômica recente foi resultado de uma política econômica confusa e mal coordenada e ainda de um conjunto de fatores: ameaça de aprofundamento da crise do euro, desaceleração econômica mundial em 2011/12; declínio no crescimento do consumo, atrofia do setor manufatureiro, etc. A adoção de uma política fiscal anticíclica se justificava face ao baixo desempenho da economia, mas veio atrasada e privilegiando isenções fiscais ao invés de gastos públicos. Para completar, não foi comunicada de forma adequada: o governo prometeu que cumpriria integralmente a meta de superávit primário em 2012, mas acabou utilizando artifícios contábeis para alcançá-la. Há que se ressaltar que houve ganhos sociais importantes nos últimos anos, devido em parte aos efeitos dos ganhos reais do salário mínimo, com evidente melhoria no padrão de vida da população e na concentração de renda. O desafio para o próximo governo será combinar maior crescimento econômico com equidade social. Contudo, a incorporação social não deve se dar apenas pela renda (via consumo), mas também por meio do acesso aos serviços públicos de qualidade (educação e saúde). A sociedade brasileira impôs suas preferências, tal como expresso nas últimas eleições e em manifestações populares: continuidade do processo de inclusão social e provimento de serviços públicos em "padrão Fifa". Analisemos agora as plataformas dos candidatos, ainda que não tenham definido formalmente seus programas. Nos concentraremos em Aécio Neves e Dilma Rousseff, por entendermos não haver muita diferença de Eduardo Campos em relação a Aécio, com exceção do seu compromisso de não fazer alteração na legislação trabalhista. Aécio se apresenta como herdeiro de Fernando Henrique Cardoso, e sua plataforma econômica parece incluir uma política macro convencional - concedendo independência ao Banco Central (BC) - com uma gestão econômica que inclui inflação no centro da meta, superávits primários elevados (cerca de 3% do PIB) e taxa de câmbio flutuante; redução do papel do Estado na economia e concentração de suas atividades nas áreas sociais; maior abertura da economia; redução no papel do BNDES no financiamento da economia; política industrial menos ativa; manutenção da política de valorização do salário mínimo mas desvinculando as transferências previdenciárias do mesmo; e, reforma trabalhista com flexibilização do mercado de trabalho. A plataforma sugere uma combinação de choque de oferta com políticas de restrição de demanda. Tal como no período do Plano Real, o objetivo é forçar o setor industrial a aumentar sua produtividade via competição externa. Há dúvidas quanto aos efeitos da tal política sobre a continuidade do processo de desindustrialização, mas essa parece que não seria uma preocupação do governo, já que seu objetivo seria ter um setor industrial mais competitivo, ainda que enxuto. Quanto a Dilma, é difícil avaliar sua plataforma desconsiderando seu primeiro mandato, que teve uma estratégia confusa e vacilante. Acredito que não será um simples "mais do mesmo", mas tampouco haverá mudanças radicais. Possivelmente teríamos políticas monetária e fiscal ortodoxas, mas não tão austeras em relação a Aécio, com superávits primários da ordem de 2,0% e gradualismo na busca da meta de inflação. A vinda de um novo ministro, possivelmente mais "market-friendly", favoreceria em tese a melhoria na credibilidade da autoridade econômica. Haveria uma redução no endividamento do Tesouro para financiar o BNDES, busca de maior transparência fiscal, mas o governo não daria independência ao BC. A política industrial deverá continuar ativa. Quanto ao salário mínimo não deverá haver uma desvinculação das transferências previdenciárias, mas alguma mudança na regra de reajuste do salário (PIB per capita mais taxa de inflação). Enfim, a aposta parece ser que o crescimento 16
viria pelo deslanche dos investimentos em infraestrutura combinado com algum crescimento no consumo. Há contradições na plataforma dos candidatos: a combinação da regra atual de reajuste do salário mínimo com políticas mais austeras indica que Aécio daria com uma mão e tiraria com a outra; em Dilma, a combinação de política macroeconômica ortodoxa com política industrial ativa teria, de novo, resultados pouco efetivos. A combinação de baixo crescimento com demandas pela melhoria nos serviços públicos tornou a eleição disputada e polarizada entre Dilma e Aécio. Este se favorece do (parcial) esquecimento por parte da população do governo de seu mentor (FHC), marcado pelo sucesso na estabilização de preços, mas também por crises externas, crise do apagão, etc. Dada a opção por políticas mais ou menos ortodoxa pelos candidatos não creio que haverá uma mudança maior na política cambial, buscando-se uma taxa de câmbio mais competitiva, o que é preocupante dado que o déficit em transações correntes está ao redor de 3,5% do PIB. O contexto de baixo crescimento tem empurrado a pauta econômica em uma direção mais conservadora. A não ser que o cenário internacional surpreenda positivamente, não acredito, qualquer que seja o próximo governante, que a economia brasileira retome rapidamente a rota de maior crescimento.
Próximos meses serão decisivos para setor energético São Paulo - O leilão de energia de reserva agendado para outubro, quando deve ser anunciado o primeiro grande projeto solar do País, é visto como a etapa inicial de uma trajetória semelhante ao avanço da energia eólica no Brasil - que teve de superar uma série de barreiras até se tornar competitiva. "Daqui a dez anos estaremos falando em energia solar competitiva como a energia eólica", diz o presidente da consultoria Thymos Energia, João Carlos de Oliveira Mello.Para que isso se confirme, os próximos meses serão decisivos. Estão em discussão condições de financiamento, atração de investimento estrangeiro e taxa de rentabilidade dos projetos. Nesta semana, está previsto um encontro entre líderes do setor energético e o BNDES. "Há mobilização por parte dos fornecedores. Os principais players já estão vindo para o Brasil. Mas a decisão de investimento depende de um sinal político forte e da sinalização clara de que haverá leilõesno médio e longo prazos", diz a sócia da área de infraestrutura do Machado Meyer Advogados, Ana Karina Esteves de Souza. A falta de clareza sobre o cronograma de leilões é de fato uma preocupação. Movimento liberado pela Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica e pela Associação da Indústria de Cogeração de Energia propõe que sejam realizados quatro leilões de energia de reserva em quatro anos. A ELETROSUL é uma das empresas que já demonstraram interesse em participar de leilões de energia solar em um futuro próximo. A lista conta, também, com a Renova Energia, além da italiana Enel. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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