SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 14 DE NOVEMBRO DE 2014
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Sob controle, economia da China ainda desacelera Fonte Jornal Valor Econômico 14/11/2014 às 05h00 A China caminha aos poucos para atingir um crescimento de 7% ou menos. O desempenho da economia chinesa é um dos principais motivos para o arrefecimento geral dos preços das commodities, ao lado da estagnação na zona do euro e da perda de dinamismo geral dos mercados emergentes, em especial dos Brics, com exceção da Índia. Mantendo a velocidade de expansão de 7,3% do terceiro trimestre, a China estará mais de 3 pontos percentuais abaixo da média de antes da crise financeira de 2008 e exibirá sua menor taxa de expansão desde o início dos anos 1990. Os dados divulgados ontem indicam arrefecimento das atividades, embora bem próximo do previsto. Os investimentos em ativos fixos cresceram 15,9% nos doze meses encerrados em outubro, o menor avanço desde dezembro de 2001. A produção industrial aumentou 7,7% no mês passado, a segunda menor variação desde 2009. Algum alívio veio do mercado imobiliário, onde as vendas recuaram em outubro 1,2% em relação ao mesmo mês de 2013 - em setembro, haviam caído 10,3%. Nos dez meses de 2014, os investimentos imobiliários subiram 12,4%, os preços caíram 7,9% e as vendas, 9,9%. Há rumores de que os planejadores chineses reduzirão a meta de crescimento para 2015 estimada em 7,1% pelo Fundo Monetário Internacional - e o presidente Xi Jinping mencionou recentemente a cifra de 7% como sendo ainda bastante alta. Mas os problemas não estão tanto na desaceleração da economia chinesa, mas na capacidade de o governo controlá-la e de evitar surpresas desagradáveis. Embora o crescimento ainda seja comparativamente invejável, os desafios criados pelos efeitos da enorme injeção de crédito para enfrentar a crise de 2008 e os desequilíbrios acumulados de um longo período de rápida expansão são consideráveis. O governo enfrenta dificuldades para redirecionar a segunda maior economia do mundo. "Os problemas fundamentais que fizeram soar o sinal de alarme - entre os quais bolhas imobiliárias, dívida dos governos provinciais, crescimento acelerado da atividade bancária paralela e elevação dos coeficientes de alavancagem corporativos - continuam não resolvidos", aponta o ex-membro do Comitê de Política Monetária do Banco do Povo da China, YuYongding (Valor, 22-8). Para colocar o consumo como motor da economia, a taxa de investimento precisa mesmo cair e um sinal de desacerto será dado se o contrário acontecer. Como ela chegou até recentemente a 50% do PIB, isso significa que a China está investindo bem mais para crescer bem menos que antes. Quando estavam no estágio de desenvolvimento que a China tem hoje, Japão, Coreia, por exemplo, investiam 35% do PIB, enquanto que o consumo atingia 52% do PIB, segundo o economista David Dollar, ou seja a China tem um excesso de 18 pontos percentuais (revista F&D, do FMI, julho de 2014). O consumo chinês é de 34% do PIB. O resultado é uma taxa de retorno cada vez menor do capital - o lucro das 500 maiores empresas foi de 2% em 2013 -, enquanto que seus custos financeiros estão em alta. Ao lado disso, imóveis em excesso sem compradores, aeroportos sem uso e fábricas ociosas. Os juros precisam subir, porque eles foram negativos por longo período, garantindo dinheiro barato para os investimentos estatais e punindo a rentabilidade da grande poupança da população. Fazer isso agora, porém, é muito complicado, pois colocaria em risco o sistema bancário paralelo que empilhou muitos recursos em projetos inviáveis. O BC chinês têm regulado a conta-gotas a liquidez, para evitar que o aumento das taxas leve a uma quebradeira significativa e fugir de um novo programa de estímulos de grande envergadura. 2
Com o excesso de capacidade, a inflação está caindo na China. O índice de preços ao consumidor em outubro recuou para 1,6%, enquanto que o de preços ao produtor caiu 2,2%, o 32º declínio consecutivo. O indicador positivo para a mudança de modelo são os salários, que estão crescendo a dois dígitos. Corrigir os desequilíbrios e pôr o consumo no centro da economia exige hoje esforços contraditórios, como segurar as taxas de juros e continuar a beneficiar o investimento e empréstimos que já levaram o endividamento do país a 240% do PIB, ou elevá-las, com risco de falências e crescimento bem abaixo da meta. Ainda que o governo tenha muitos instrumentos de controle, não tem todos eles e pode cometer erros em uma delicada transição. Para a recuperação mundial, é vital que isso não aconteça.
O futuro das agências reguladoras Fonte Jornal Valor EconômicoGustavo F. Coelho14/11/2014 às 05h00 Após os debates eleitorais, polarizados nos dois candidatos finalistas, é possível afirmar que um tema será pauta no mandato a ser iniciado em 1º de janeiro de 2015: as agências reguladoras. Não resta dúvida - tanto para as empresas como para os consumidores - que o governo precisa fortalecê-las a fim de promover o país a um novo patamar de desenvolvimento econômico e social. O Brasil possui diversas agências reguladoras nacionais relacionadas a setores essenciais. Essas autarquias federais foram introduzidas a partir da segunda metade dos anos 1990 no ordenamento nacional com o intuito de corrigir falhas de mercado, monitorar os agentes econômicos relevantes, garantir a efetividade de políticas públicas de Estado e editar normas de caráter técnico e de modo célere. As primeiras leis criadoras das agências cultivaram um padrão normativo consistente, em linha com as melhores práticas internacionais da época, permitindo aos estudiosos e profissionais acumular o conhecimento sobre direito regulatório no Brasil. Os investidores nacionais e estrangeiros encontraram nessa nova sistemática a segurança jurídico-institucional desejada para viabilização de investimentos significativos em infraestrutura, demanda histórica do Brasil. Do ponto de vista do consumidor, a curva de aprendizado também foi sentida, com a inicial desconfiança sendo superada pela melhoria sensível em diversos setores. No setor de telecomunicações, por exemplo, a Anatel atuou decisivamente na universalização das telefonias fixa e móvel, terminando com as filas e aluguéis de linhas, aproximando o consumidor da agência reguladora no momento inicial. No setor petrolífero, a ANP trouxe transparência aos preços dos combustíveis nos postos e promoveu rodadas de licitações com geração de diversos empregos pela iniciativa privada e receitas aos cofres públicos. Contudo, esse histórico nos setores regulados tem sido impactado pelos percalços enfrentados nos últimos anos, gerando descontentamento dos consumidores e empresariado. Os sintomas são diversos: atraso na nomeação de diretores (com a consequente falta de quórum para decisão das diretorias), aumento da ingerência de secretarias e ministérios nos setores regulados, indícios de captura política de membros das agências, restrições orçamentárias. A causa parece ser a percepção de que as agências reguladoras independentes representam um modelo que não deveria ser perpetuado ou aprimorado, mas mitigado e adaptado para atender aos interesses dos ministérios (de Governo) em vez das políticas públicas (de Estado). Alguns casos recentes exemplificam incertezas na regulação no país. No setor petrolífero, o novo marco regulatório do pré-sal deslocou as atribuições da ANP, dando papel secundário à agência. No âmbito da mineração, as atividades foram impactadas por um futuro projeto de 3
marco regulatório, que deverá criar a ANM com desenho similar à ANP (antes das mudanças do pré-sal). Ou seja, a regulação da mineração deverá reproduzir o desenho institucional do setor petrolífero de 1997, que foi criticado e alterado a partir de 2010. A nova Lei dos Portos também evidencia a miscelânea de desenhos existentes em matéria regulatória, com a submissão de decisões colegiadas da Antaq ao crivo do ministro-chefe da SEP. A ampla discussão sobre o papel essencial das agências reguladoras para o desenvolvimento digno do Brasil precisa ser conduzida pelo Congresso Nacional na próxima legislatura, e a Presidência da República deverá assumir papel de destaque neste debate legislativo, a fim de resgatar a estrutura inicial de autonomia administrativa, financeira e técnica dessas autarquias federais. Medidas como a promulgação de uma lei geral das agências federais permitiriam a correção de algumas inconsistências no desenho institucional das agências e reforçariam a importância da regulação independente em âmbito federal. Ademais, competirá ao chefe máximo do Executivo adotar medidas administrativas para fortalecimento e revigoramento das agências, tais como a pronta nomeação dos diretores para as vagas vacantes, a adoção de critérios técnicos para escolha desses mandatários (sem preterir profissionais da iniciativa privada) e o incremento razoável do orçamento. A Constituição Federal consagrou o princípio da subsidiariedade, atribuindo ao Estado o papel regulador e à iniciativa privada a primazia sobre a iniciativa estatal para condução das atividades econômicas. Neste sentido, as agências reguladoras foram concebidas para viabilizar a regulação eficiente e técnica, a fim de manter um ambiente negocial seguro e transparente. Resta aos brasileiros verificar qual será a atuação do governo federal a partir de 2015: retomar o caminho original de incentivo à efetiva regulação por meio de agências reguladoras independentes ou intensificar a captura política dessas autarquias federais a ponto de transformá-las em entes subordinados aos ministérios.
PF lança nova fase da Lava-Jato e Justiça bloqueia R$ 720 milhões Fonte Jornal Valor Econômico André Guilherme Vieira 14/11/2014 às 08h 47 SÃO PAULO - A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta sexta-feira a sétima fase da operação Lava-Jato e cumpre 27 mandados de prisão, 49 de busca e apreensão - 11 em grandes empresas - e 9 de condução coercitiva em São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e no Distrito Federal. Agentes da PF e da Receita fizeram buscas na sede da Camargo Corrêa, localizada na avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo. Somente na capital paulista foram 29 mandados de busca, 2 de prisão preventiva, 15 de prisão temporária e 9 conduções coercitivas. A 13ª vara criminal da Justiça Federal do Paraná autorizou as ações e decretou o bloqueio de RS 720 milhões de 36 pessoas investigadas em esquema que envolveria corrupção, lavagem de dinheiro e formação de cartel em obras a partir de desvios de recursos da Petrobras. Foi autorizada também a indisponibilidade integral de valores pertencentes a três empresas referentes a um dos operadores do esquema criminoso. Ao todo, 300 policiais federais, com apoio de 50 servidores da Receita Federal, cumprem 85 mandados judiciais. Segundo a PF, os envolvidos responderão, "na medida de suas participações", pelos crimes de organização criminosa, formação de cartel, corrupção, fraude à Lei de Licitações e lavagem de dinheiro.
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A Lava-Jato foi deflagrada no dia 17 de março deste ano com o objetivo de desarticular organizações criminosas que tinham como finalidade a lavagem de dinheiro e a prática de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. Os grupos investigados registraram, segundo dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Fazenda, operações financeiras atípicas num montante que supera os 10 bilhões de reais. Será concedida entrevista coletiva às 10h no auditório da Superintendência da Polícia Federal no Paraná, em Curitiba.
Fazenda, Planejamento, Tesouro, BC, BB e CEF serão anunciados em bloco Fonte Jornal Valor Econômico Raymundo Costa e Andrea Jubé de Brasília14/11/2014 às 05h 00 A presidente Dilma Rousseff vai anunciar primeiro toda a equipe econômica de seu governo, antes dos demais ministros. Esse é o cronograma que a presidente estabeleceu antes de viajar para a reunião do G-20, na Austrália. Dilma pode já ter o nome, mas ainda não convidou oficialmente ninguém para o Ministério da Fazenda, segundo fontes credenciadas. O anúncio deve ser feito até o fim do mês, se a presidente seguir o cronograma que ela mesma estabeleceu. Nessa leva saem os nomes dos futuros ministros da Fazenda, do Planejamento e do presidente do Banco Central. No mesmo dia serão divulgados os nomes do secretário do Tesouro e dos presidentes do Banco do Brasil (BB) e da Caixa Econômica Federal. A presidente tem "consciência" de que a escolha da nova equipe econômica sinalizará a "cara" de seu governo, segundo fontes ouvidas pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. Por isso a prioridade é indicar em primeiro lugar os ministros que serão responsáveis pela economia, de uma vez só. Não há hipótese de se indicar o ministro da Fazenda e só dez dias depois os presidentes da Caixa e do BB. "Governo novo, ideias novas. Não leva dez dias. Anuncia tudo. Eu acho que em novembro anuncia", disse um ministro próximo da presidente da República. "Obviamente que o ministro [da Fazenda] que entrar deve anunciar já sua equipe". O restante do ministério será mudado por partes, sendo possível que as trocas se estendam pelo novo mandato de Dilma. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, reeleito em 1998, só concluiu a formação de sua equipe seis meses depois. O antecessor da presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, avançou três meses adentro do novo mandato. Além disso, a presidente pode esperar a eleição para as presidências do Senado e da Câmara, para negociar com os partidos a nova maioria no Congresso. A questão ética deve perpassar e ser prioritária nessa negociação. Depois de vencer uma eleição difícil, o governo e o PT não querem ser surpreendidos com ministros enrolados em denúncias como a do Petrolão. A presidente ainda não fez convites e analisa os prós e contras de cada candidato a ministro da Fazenda. No momento, entre os nomes que seguramente são avaliados pela presidente, a cotação é a seguinte: • Henrique Meirelles: o ex-presidente do Banco Central é o nome preferido do ex-
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Querendo-se ou não, é uma pessoa com a qual a 5
presidente não tem bom relacionamento. Sua indicação sinalizaria uma intervenção do ex-presidente Lula no governo de Dilma. Ela estaria cedendo a outro a nomeação de sua equipe e perderia a autonomia sobre a área econômica. É uma decisão importante. "Esse será o recado. Será que uma pessoa que teve 54 milhões de votos quer pagar esse preço?", questiona o auxiliar da presidente da República. Em compensação, a nomeação de Meirelles daria fôlego para a presidente e os mercados reagiriam positivamente. • Nelson Barbosa: o ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda tem a seu favor o fato de já conhecer a presidente Dilma Rousseff. Também aproximou-se muito de Lula e do PT, depois que deixou o governo. O fato de integrar a lista tríplice apresentada por Lula a Dilma não diminui as possibilidades de Nelson Barbosa, que não seria encarado como uma intervenção do ex-presidente. Mas se Barbosa é o indicado, como criou-se a expectativa em torno de Henrique Meirelles, a escolha deve causar uma frustração imediata dos mercados. Frustração que só não seria maior se o indicado fosse o atual presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini. "Seriam formadas filas para o primeiro voo para Miami", disse a fonte. • Luiz Trabuco: presidente do Bradesco, outro nome na lista do ex-presidente Lula para Dilma. Sua nomeação também agradaria os mercados, mas segundo as fontes do Palácio do Planalto o executivo não demonstra muito apetite para o cargo. • Luciano Coutinho: o nome do presidente do BNDES também é mencionado lateralmente por alguns auxiliares da presidente, mas, no momento, apresenta forte viés de baixa. Segundo as fontes ouvidas pelo Valor PRO, não se trata de um auxiliar que a presidente da República tenha muita admiração pelo trabalho até agora executado. • Aloizio Mercadante: No próprio Palácio do Planalto o ministro da Casa Civil tenta se viabilizar para o cargo. Se a presidente já escolheu o nome, não contou nem para o ex-presidente Lula.
Petrobras cita investigação e adia balanço em um mês Fonte Jornal Valor Econômico Fernando Torres, Cláudia Schüffner e Rodrigo Polito do Rio14/11/2014 às 05h 00 A Petrobras confirmou ontem à noite que não vai divulgar hoje o resultado do terceiro trimestre do ano junto com o relatório de revisão da PwC, sua auditoria externa. Termina nesta sexta o prazo oficial dado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para a apresentação das demonstrações contábeis do período. A companhia informou que estima que conseguirá publicar o balanço apenas em 12 de dezembro, e mesmo assim sem o parecer de revisão da PwC. A Petrobras reconheceu, em nota, que o atraso se relaciona com os efeitos da Operação LavaJato da Polícia Federal, que investiga denúncias de desvios bilionários de recursos na Petrobras. A companhia disse que, antes de apresentar seus números, precisa aprofundar as investigações, fazer possíveis correções nos saldos do balanço e avaliar melhorias nos controles internos. "Como é de conhecimento público, a Petrobras passa por um momento único em sua história, em face das denúncias e investigações decorrentes da 'Operação Lava Jato' conduzida pela Polícia Federal, na qual o ex-diretor de Abastecimento da Companhia, Paulo Roberto Costa, foi denunciado pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa e está sendo 6
investigado pelos crimes de corrupção, peculato, dentre outros", afirmou a empresa na nota. A Petrobras disse que, considerando o teor do depoimento de Costa à Justiça Federal, em 8 de outubro, quando ele fez declarações que, se verdadeiras, "podem impactar potencialmente as demonstrações contábeis da companhia", a Petrobras vem adotando diversas providências que visam ao aprofundamento das investigações. A Petrobras reiterou que celebrou contratos com dois escritórios de advocacia independentes especializados em investigação: um brasileiro, Trench, Rossi e Watanabe Advogados; e outro americano, Gibson, Dunn&Crutcher LLP, tendo por objetivo apurar a natureza, a extensão e os impactos dos atos que "porventura tenham sido cometidos no contexto das alegações feitas" por Costa, "bem como apurar fatos e circunstâncias correlatos que tenham impacto relevante sobre os negócios da companhia". Segundo a estatal, a contratação foi recomendada pelo Comitê de Auditoria em conformidade com as melhores práticas internacionais e autorizada pela diretoria executiva da Petrobras. Antes da divulgação da nota, circularam ontem informações de que a PwC não iria assinar as informações trimestrais do balanço da petroleira. Segundo o Valor apurou, o argumento seria o de que, desde que a PwC se recusou a assinar o balanço, na sexta-feira passada, o processo de investigação iniciado pela Petrobras, com a contratação dos dois assessores externos, não teve tempo de avançar. As ações oscilaram ontem e terminaram o dia em queda. A ação preferencial caiu 3,61%, cotada a R$ 13,60, e a ação ordinária teve perda de 2,81%, a R$ 13,16. Procurada, a PwC disse que não faz comentários sobre seus clientes. No mercado, a projeção média de três bancos e uma corretora ouvidos pelo Valor é de que a receita da Petrobras no terceiro trimestre do ano ficou em R$ 86,8 bilhões, com alta de 11,71% em relação à receita realizada pela companhia no mesmo período do ano passado, de R$ 77,7 bilhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) médio projetado pelas quatro casas para o terceiro trimestre foi de R$ 18,9 bilhões, 44,4% acima dos R$ 13 bilhões do período julho-setembro de 2013. E o lucro líquido médio projetado para a empresa pelos bancos ficou em R$ 4,5 bilhões, alta de 32,58% sobre os R$ 3,39 bilhões obtidos pela estatal no terceiro trimestre do ano passado. As projeções incluem Goldman Sachs, Itaú BBA, Morgan Stanley e Bradesco. Cabe notar que a empresa é "dona" de seu balanço e pode divulgá-lo quando e como bem entender. A questão é que, para empresas de grande peso no mercado, como é o caso da Petrobras, divulgar os números sem o aval dos auditores, ou com uma posição contrária deles, é algo que pesa na reputação. A decisão da companhia de divulgar seus números com atraso, no dia 12 de dezembro, e mesmo assim sem o parecer, mostra que não apenas os auditores, mas também a sua alta administração, não está confortável em assinar o balanço sem mais informações. A sanção imediata da CVM para atraso na divulgação de balanços é uma multa de R$ 500 por dia de atraso. Penas mais severas, como suspensão de negociação das ações, só ocorrem após um ano de atraso. Nos Estados Unidos, as empresas estrangeiras também podem ser processadas por atraso na divulgação de informações, mas quando se trata do documento de informações anuais (20-F). A Bolsa de Nova York também prevê sanções, depois de nove meses de atraso.
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Indústria tem déficit de US$ 49,2 bi Fonte Jornal Valor Econômico Marta Watanabe de São Paulo14/11/2014 às 05h 00 A balança comercial da indústria de transformação teve déficit de US$ 49,2 bilhões de janeiro a setembro, resultado ligeiramente melhor que o saldo negativo de US$ 49,5 bilhões em iguaismeses de 2013, quando se registrou o pior saldo para o período na série levantada pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). O problema foi a piora no desempenho das exportações, que caíram 4,2% no acumulado até setembro, contra iguais meses de 2013. No ano passado, na mesma comparação, a queda foi de 0,8%. Ao mesmo tempo as importações recuaram 3,1% até setembro, enquanto em 2013 os desembarques ainda cresceram 7%, sempre contra igual período do ano anterior. Para Rogério César de Souza, economista do Iedi, do lado das importações o recuo mostra a desaceleração da economia, com perda do poder de consumo interno. Do lado das exportações, fica clara a dificuldade do Brasil em conseguir fazer parte das cadeias globais de valor na condição de exportador. Essa dificuldade é mais gritante quando se olha a balança de bens industriais. Além da redução de embarques dos produtos da indústria de transformação, porém, a venda ao exterior dos demais bens exportados pelo Brasil, predominantemente produtos agropecuários e minerais, tiveram acréscimo discreto, de 0,7%, devido à queda de preços das commodities no mercado internacional. Numa comparação ainda mais ampla, afirma o estudo do Iedi, o balanço de pagamentos mostra queda de 0,7% na exportação de bens e serviços no acumulado até setembro de 2014, contra iguais meses do ano passado. Mesmo com uma melhora no último trimestre, o desempenho deste ano deverá contrastar com a alta de 3,3% das exportações mundiais de bens e serviços projetada pela ONU para 2014. A projeção para o conjunto dos países da América Latina e Caribe é de elevação de 3,9%. O índice é o mesmo para o conjunto dos países em desenvolvimento. O levantamento do Iedi verifica o desempenho da balança comercial da indústria de transformação por segmentos divididos de acordo com a intensidade tecnológica, com base nos critérios da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O grande sinal de alerta, diz Souza, vem de faixas como a de baixa intensidade tecnológica, na qual estão classificadas as indústrias têxteis, de couros, calçados, alimentos, bebidas, madeira e papel e celulose, entre outros. Essa foi a única faixa que ainda se mantém superavitária desde 2009, para o acumulado até setembro. Mesmo nela, porém, as exportações recuaram 3,4% na comparação a igual período do ano passado. As importações nessa categoria de indústria aumentaram 3,6% no mesmo período. Mesmo assim o superávit foi de US$ 28,1 bilhões, abaixo, porém, do saldo positivo de US$ 30,15 de iguais meses do ano passado. Dentro da indústria de baixa tecnologia, o economista do Iedi destaca que a queda de exportação do grupo foi puxada principalmente pelo setor de alimentos, bebidas e tabaco, com queda de 6,3% no acumulado de janeiro a setembro, contra iguais meses do ano passado. Em sentido inverso, a indústria de têxteis, couro e calçados teve alta de 9,6% nos embarques no mesmo período. No ano passado, na mesma comparação, as exportações também cresceram nesse segmento, em 6,1%. Para Souza, esse desempenho provavelmente é resultado da depreciação do real frente ao dólar no período mais recente. 8
Entre as quatro faixas de intensidade tecnológica, o maior déficit até setembro ficou por conta do segmento de média-alta intensidade, de US$ 45 bilhões. Estão nesse grupo máquinas e equipamentos elétricos e mecânicos, veículos, produtos químicos e material de transporte, entre outros. De forma parecida com a balança de toda a indústria de transformação, o saldo não foi tão negativo quanto o déficit de US$ 46,4 bilhões no acumulado até setembro de 2013. Mais uma vez, um dos problemas está na composição do saldo. O setor teve retração de 11,4% nas exportações, puxado principalmente pelo declínio das vendas de automóveis. Foi a terceira queda consecutiva de exportação nessa base de comparação. O quadro, diz Souza, mostra que uma taxa de câmbio mais favorável para as exportações é importante. "O dólar em patamar mais alto, porém, não resolve tudo." Ele lembra que a exportação brasileira de manufaturados teve grande impacto este ano com o agravamento da crise argentina e a recuperação muito lenta dos mercados europeus, além da volatilidade cambial, apesar da tendência de alta do dólar. "Mas não é só isso. Há uma questão de competitividade e a necessidade de uma política mais voltada para a exportação." Além de desvalorização de câmbio, diz Souza, mudanças estruturais são importantes, como a melhor qualificação dos profissionais. Ao mesmo tempo, a redução das importações pelo setor, não só de bens intermediários como também de bens de capital, além de ser sintoma da produção doméstica em desaceleração em razão da queda de demanda, também pode comprometer a capacidade futura de exportação. Com déficit de US$ 23,9 bilhões no acumulado de janeiro a setembro, a indústria de alta tecnologia teve o segundo maior déficit para o período, ficando abaixo apenas do saldo negativo de 2013, que registrou déficit de US$ 24,61 bilhões. A melhora de resultado do grupo reflete elevação de 3,8% nas exportações no acumulado até setembro, na comparação com mesmos meses de 2013. A importação caiu 1,5% no mesmo período. Estão no grupo da alta tecnologia indústrias de aeronáutica e aeroespacial, indústria farmacêutica, de material de informática, fabricantes de rádios e televisores e de instrumentos óticos, entre outros. O quarto grupo, de média-baixa intensidade tecnológica, ficou no acumulado até setembro com déficit pela quinta vez consecutiva. Nesse período, o saldo negativo foi de US$ 8,5 bilhões, com elevação de 1% na exportação e importações praticamente estáveis, com variação positiva de 0,2%. A média-baixa tecnologia reúne construção, borracha e produtos plásticos, refino de petróleo e produtos metálicos, entre outros.
Estados cobram R$ 2,5 bilhões da União por repasse atrasado Fonte Jornal Valor Econômico Lucas Marchesini e Cristiano Zaia de Brasília14/11/2014 às 05h 00 O governo federal está deliberadamente atrasando o repasse de R$ 2,5 bilhões para os Estados. Essa é a conclusão de uma nota técnica assinada pelos Conselhos Nacionais de Secretários de Estado da Administração (Consad), de Política Fazendária (Confaz) e de Secretários Estaduais do Planejamento (Conseplan). "Estamos sem entender a razão. Os repasses deveriam ser feitos mensalmente", avaliou o presidente do Confaz, José Tostes, do Pará. O cálculo dos Estados reforçam as denúncias de que o governo estaria dando as chamadas "pedaladas" em algumas despesas para melhorar o 9
esforço fiscal. A prática consiste em atrasar o repasse de valores para que eles sejam contabilizados no mês seguinte. O efeito disso é uma melhoria artificial do superávit primário, já que ele é apenas contábil, e não real. Os três conselhos, reunidos em Brasília, demandam, entre outros assuntos, uma solução para o problema. "Esta situação se agravou no exercício de 2014, pelo fato de ser o último ano de governo e diante das limitações impostas pela Lei de Responsabilidade fiscal (LRF)", avaliou o documento. De acordo com a versão preliminar da nota, o principal atraso refere-se ao auxílio financeiro às exportações, com R$ 1,462 bilhão. Outros R$ 465 milhões dizem respeito aos royalties que devem ser repassados aos Estados. Caso a situação não se normalize, "os Estados terão dificuldade em cumprir suas metas", avaliou Tostes. Ele estima que o impacto pode chegar a 28% da receita corrente líquida de alguns Estados. O encontro entre os três conselhos servirá para discutir possíveis soluções para o problema. Entre elas, está a possibilidade de contabilizar os recursos atrasados em 2014, mesmo que eles entrem nos cofres estaduais apenas em 2015. Para tanto, seria necessária decisão do Congresso Nacional, que seria ratificada em seguida pelos Estados, avaliou Tostes. "Isso resolveria o problema contábil, mas não o financeiro", explicou o secretário de Fazenda do Pará. Os Estados também se queixaram de decisões do governo federal que afetam o caixa estadual tanto no aumento das despesas quanto na redução das receitas. De um lado estão as desonerações tributárias, que levam à diminuição dos repasses feitos pelo Fundo de Participação dos Estados (FPE). Do outro está o estabelecimento de pisos salariais para determinadas categorias, que deve ser cumprido pelos Estados. Ligado a esses problemas está o fraco crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, que tem efeito direto nos tesouros estaduais, porque a maior parte da arrecadação vem do ICMS, afetado pelo nível da atividade econômica. De acordo com Tostes, o crescimento das receitas provenientes desse tributo é de, em média, 2% em 2014, insuficiente para cobrir o aumento nos gastos. A questão é especialmente delicada por causa das exigências da LRF. Mantidas as condições atuais "os Estados terão dificuldade de alcançar as metas fiscais estabelecidas na LDO, e as disposições contidas no art. 42 da LRF, por falta de disponibilidade de caixa", conclui o documento. No caso específico de São Paulo, por exemplo, Estado que mais arrecada ICMS no país, a estimativa de receita com o imposto ao longo do ano é de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões a menos que o previsto inicialmente. A Lei Orçamentária de São Paulo para 2015, a ser votada pelo Legislativo paulista, prevê recursos de R$ 204,6 bilhões, que representaria incremento de 8% no Orçamento estadual. Entretanto, a estimativa leva em consideração um crescimento de 1,5% para o PIB e uma inflação anual de 6,1% para o próximo ano. "Nosso principal problema é o baixo crescimento econômico, vemos muito isso na indústria", disse a secretária-adjunta de Planejamento de São Paulo, Cibele Franzese. Como efeito desse quadro de dificuldades, o governo de São Paulo editou até um decreto para limitar os restos a pagar e vem elevando a meta de reduzir o estoque desses compromissos. "Estamos 10
trabalhando com um volume de restos a pagar para o início do ano que vem o menor possível. Já temos que nos preparar, porque 2015 será muito difícil", disse.
Mercado reduz PIB potencial após eleição Fonte Jornal Valor Econômico Alex Ribeiro de Brasília14/11/2014 às 05h 00 Alguns dias depois da eleição presidencial, o mercado financeiro cortou em 0,5 ponto percentual a estimativa para o crescimento potencial da economia brasileira. Os analistas econômicos, que até então achavam possível uma expansão sustentada de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) no longo prazo, passaram a trabalhar com um crescimento de apenas 2,5%. Esse é o percentual de crescimento da economia projetado pelos economistas do setor privado para os anos de 2017 e 2018, segundo a pesquisa de expectativas de mercado feita pelo Banco Central, conhecida como boletim Focus. Na prática, projeções para prazos tão longos representam a opinião do mercado sobre o quanto o PIB pode crescer de forma sustentada, já que em horizontes mais distantes as previsões estão mais livres de fatores cíclicos. Há pelo menos uma coincidência entre a reeleição da presidente Dilma e o maior pessimismo do mercado sobre o crescimento da economia. De fins do ano passado até poucos dias depois do segundo turno das eleições, a projeção mediana de crescimento da economia para a expansão do PIB em 2017 e 2018 manteve-se basicamente estável em 3%, com breves oscilações abaixo desse percentual. Três dias depois de a presidente Dilma ser reconduzida para um segundo mandato, a mediana das projeções passou a cair, até chegar a 2,5% pelo dado mais recente, da última sexta-feira. "É a concretização do cenário de que a presidente Dilma vai governar pelos próximos quatro anos, sem sinais claros de mudança da política econômica", disse o economista Juliano Ferreira, estrategista da Icap Brasil. "O crescimento até meados de 2016 está dado e, a partir de então, dependerá do que o novo governo pretende fazer. O mercado não acredita em mudanças." Se as projeções do mercado financeiro estiverem corretas, o crescimento médio da economia no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff será de apenas 1,95%. O percentual representaria uma leve melhora em relação ao primeiro mandato de Dilma, que terá uma média de expansão de 1,61%, caso se confirme o avanço de apenas 0,2% esperado pelo mercado para 2014. Para os próximos dois anos, 2015 e 2016, as projeções de crescimento já vinham caindo, chegando, respectivamente, a 0,8% e 2%, pelo dado mais recente do BC. Em prazos mais curtos, porém, as previsões do mercado costumam estar mais influenciadas por fatores como apertos monetários para combater a inflação e por choques como desvalorizações cambiais, secas e aumento de tarifas. Para prazos mais longos, os economistas costumam fazer suas projeções de crescimento da economia com base em fatores mais estruturais que sustentam a expansão do PIB, como investimentos, ganhos de produtividade e aumento da força de trabalho. Em geral, as decisões tomadas pelos governantes têm mais influência sobre esses fatores estruturais que determinam o chamado PIB potencial do que sobre a evolução do ciclo econômico.
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O economista-chefe da corretora Votorantim, Roberto Padovani, lembra que o Brasil já vem crescendo pouco por causa do enfraquecimento da confiança e devido ao esgotamento de fatores de produção no curto prazo, como mão de obra, qualificação da força de trabalho e infraestrutura. "O crescimento mais à frente vai depender fundamentalmente de reformas, como tributária e previdenciária", disse. São reformas que podem contribuir para, de um lado, a poupança doméstica e os investimentos e, de outro, ampliar a produtividade. "Como costuma ocorrer em governos novos, o mercado tem dúvidas sobre qual será a agenda." O fato de os analistas econômicos terem ficado mais pessimistas sobre a tendência de longo prazo da economia não significa, necessariamente, que o desempenho do PIB será tão ruim. Em geral, as previsões do mercado financeiro para o chamado PIB potencial são muito contaminadas pela evolução de curto prazo da economia. Em 2010, por exemplo, quando a economia estava superaquecida, avançando numa velocidade de 7,5%, o mercado passou a achar que a tendência de crescimento de longo prazo do PIB estava em 4,5%. Essa visão foi rapidamente revista nos anos seguintes, quando a economia apresentou desaceleração. De lá para cá, o mercado vem reduzindo progressivamente a projeção para a tendência de crescimento de longo prazo da economia. O Banco Central, há alguns trimestres, vem adotando uma visão menos pessimista sobre o crescimento potencial da economia. Sua visão é que já está ocorrendo uma mudança estrutural da economia que, mais adiante, vai contribuir para um PIB potencial mais alentado. Entre outros fatores, o BC vem citando o aumento dos anos de escolaridade dos brasileiros e programas de qualificação de mão de obra, como o Pronatec. Para a autoridade monetária, a desvalorização do real dos últimos anos tende a impulsionar o setor industrial, que é mais produtivo, em detrimento de setores menos produtivos, como serviços. Do lado do investimento, tem chamado a atenção para os impactos do programa de concessões em infraestrutura. Mas, por outro lado, o BC vem dizendo que a concretização desses ganhos sobre o crescimento potencial da economia dependerá do fortalecimento da confiança.
Só "dilúvio" resolve, diz presidente da ANA Fonte Folhapress, de Brasília 14/11/2014 às 05h 00 O presidente da ANA, Vicente Andreu, afirmou ontem que somente "um dilúvio" poderá levar o sistema Cantareira à normalidade em 2015. Andreu participou de audiência pública convocada pelo deputado Guilherme Campos (PSD-SP) na Comissão de Desenvolvimento, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados. Ele defendeu que a população seja informada sobre a necessidade de racionamento imediato algum abastecimento regular no próximo ano. Andreu afirmou ainda que o volume de chuvas em 2014 na região do sistema Cantareira foi em média 50% abaixo do pior ano de uma série histórica de 84 anos, o que levou à crise hídrica atual. Andreu apresentou números mostrando que hoje o Cantareira estaria 20% abaixo do volume mínimo, se for desconsiderado o uso do volume morto. Para chegar aos cerca de 20% que os reservatórios tinham em janeiro de 2014 seria necessário chover quase 20% mais que nos anos mais chuvosos da série histórica. Nos dez primeiros dias 12
de novembro não se chegou a 50% do mínimo de chuvas já registrados no mês, o que mantém a tendência de que choverá abaixo do mínimo para os próximos meses. Em ofício ao Departamento de Água e Energia Elétrica de São Paulo, a ANA autorizou ontem o uso da segunda parte do volume morto do Cantareira, "para evitar a descontinuidade do fornecimento de água" nas regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas.
Concentração bancária bate recorde Fonte Jornal Valor Econômico Carolina Mandl e Felipe Marques de São Paulo14/11/2014 às 05h 00 Cada vez mais recorrente, a queixa de empresários brasileiros sobre o pequeno número de bancos para se tomar linhas de crédito não é sem fundamento. Dados do Banco Central (BC) mostram que a concentração bancária vem avançando paulatinamente no Brasil atingiu um marco relevante neste ano. Do estoque de crédito existente no país em junho, de cada R$ 100 tomados por consumidores e empresas, R$ 75,69 foram desembolsados pelos quatro maiores bancos do país: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco e Bradesco. Um ano atrás, esse valor era de R$ 73,45. Oito anos atrás, no início da série histórica da autoridade monetária, as quatro maiores instituições financeira s eram responsáveis por pouco mais da metade dos desembolsos de crédito no Brasil. Para tomadores de empréstimos, a concentração bancária traz riscos que vão de taxas de juros elevadas à oferta limitada de linhas de crédito. Os dados fazem parte do relatório de estabilidade financeira divulgado pelo BC. No documento, a autoridade descreve a concentração bancária no Brasil como "moderada". O Valor apurou, porém, que, pela metodologia usada pelo Banco Central, uma participação de mercado acima de 75% detida pelos quatro maiores banco já acende a luz amarela. Esse patamar abre espaço, pelo menos em tese, para a possibilidade de exercício coordenado de poder. O nível já foi superado pelos bancos também em depósitos (76,09%). Só em ativos totais é que a fatia detida pelos quatro maiores bancos é inferior a isso, mas já bem próxima, em 71,35%. Em junho de 2013, esses percentuais eram de 75,64% e de 69,34%, respectivamente. Procurado, o BC não comentou o assunto. Em nota, a autoridade apenas disse que "reafirma que os níveis de concentração no sistema financeiro nacional se encontram em patamares que não ensejam preocupação, bem como que o grau de rivalidade entre as empresas nele atuantes é adequado". Para o BC, a concentração se torna relevante quando limita a concorrência entre os bancos. Por isso, além de indicadores de concentração de mercado, a autoridade monitora o nível de competição entre as instituições financeiras. No entanto, esses dados não são públicos. A autoridade considera que, por vezes, a concentração pode até tornar os bancos mais competitivos. Eventuais ganhos de escala conquistados podem ser repassados aos preços de serviços e às taxas de juros do crédito, por exemplo. Processos de fusão e aquisição, como os protagonizados em 2008 por Itaú e Unibanco e por Real e Santander, ajudam a explicar parte do atual grau de concentração bancária. De 2006 a 2014, o número de bancos no país caiu de 186 para 174. Um gestor de fundos de privateequity, que compra participações em empresas, relatou ao Valor que aquisições bilionárias com o uso de dívida bancária são "inviáveis" no Brasil, apesar de serem bastante comuns no exterior. Não há bancos em número suficiente para a formação de um sindicato que seja capaz de financiar a transação, diz ele. 13
Empresas também sentiram os efeitos da concentração bancária, em especial na diminuição da oferta de crédito. "A combinação entre um número menor de bancos de grande porte com uma maior restrição regulatória para os bancos emprestarem foi perfeita para diminuir a liquidez no mercado e, consequentemente, para levar a menos empréstimos bancários", afirma o tesoureiro da produtora de celulose Fibria, Marcelo Habibe. Um quinhão da responsabilidade pela atual configuração do mercado financeiro veio do próprio governo. BB e Caixa são os bancos que mais ganharam espaço, principalmente desde 2009, quando essas instituições passaram a agir para evitar um impacto maior da crise financeira internacional. Esse processo foi reforçado a partir de 2012, quando a presidente Dilma Rousseff decidiu liderar um movimento contra os spreads bancários a partir dos bancos públicos.
Caixa para de crescer no crédito comercial Fonte Jornal Valor Econômico Alex Ribeiro de Brasília14/11/2014 às 05h 00 Depois de registrar uma forte expansão desde 2008, a carteira de crédito comercial da Caixa Econômica Federal praticamente não cresceu no terceiro trimestre, refletindo a debilidade do mercado de crédito como um todo e a estratégia do banco oficial de focar em áreas de sua vocação, como habitação e infraestrutura. Dados do balanço do terceiro trimestre, divulgado ontem, mostram um incremento de apenas 0,08% da carteira de crédito comercial da Caixa, comparado com o segundo trimestre. No período imediatamente anterior, essa carteira tinha avançado 3,5%. Em 12 meses, o crescimento é de 15,7%, ante ritmo de 23,6% em junho. O crédito comercial é o arroz com feijão da atuação dos bancos, e inclui linhas como empréstimos pessoais, cheque especial e capital de giro. No caso da Caixa, esse segmento era muito pequeno porque a instituição foi originalmente concebida para ser uma captadora de poupança para financiar a habitação. A partir de 2008, a Caixa passou a crescer no crédito comercial, aproveitando o vácuo deixado pelos bancos privados, que restringiram a oferta de empréstimos após a quebra do americano Lehman Brothers. De lá para cá, sua carteira comercial saltou de R$ 21 bilhões para R$ 187 bilhões. "Cumprimos o nosso objetivo de chegar a uma fatia de mercado perto de 20%", disse o vice-presidente de finanças da Caixa, Márcio Percival. "Agora, devemos crescer junto com os demais bancos do mercado." O crédito comercial do mercado como um todo praticamente não cresceu no terceiro trimestre, segundo dados do Banco Central. O período foi fraco devido à baixa demanda pelos clientes e ao menor número de dias úteis durante a Copa do Mundo. Em fins do ano passado, a presidente Dilma Rousseff orientou a Caixa a focar mais nas suas áreas tradicionais de atuação, diante da falta de recursos públicos para garantir os níveis mínimos de capitalização para lastrear as operações de crédito. O crédito à habitação manteve um ritmo relativamente forte de expansão, com alta de 5,6% no trimestre e de 26,1% nos 12 meses até setembro. Os financiamentos de infraestrutura e saneamento aumentaram 11% no trimestre e 52,8% em 12 meses. A carteira de crédito total da Caixa cresceu 24,4% nos 12 meses até setembro e, para o ano, foi mantido o planejamento de aumentar 22%. A Caixa registrou um lucro líquido de R$ 1,9 bilhão no terceiro trimestre, alta de 1,7% em relação ao mesmo período de 2013. Nos nove primeiros meses do ano, o lucro soma R$ 5,3 bilhões, incremento de 5,6% em relação a período equivalente do ano passado. Percival afirmou que o lucro foi puxado pelas receitas de operações de crédito, que somaram R$ 17,7 bilhões no trimestre, alta de 41,6% em relação ao mesmo periodo de 2013. Mas houve uma ajuda também das rendas de aplicações em títulos públicos, que cresceram 51,3% na mesma base de comparação, para R$ 8,4 bilhões, favorecidas pela elevação do juro básico. 14
O retorno sobre o patrimônio líquido médio acumulado em 12 meses ficou em 17,79%, abaixo dos 22,11% observados no trimestre encerrado em junho. A inadimplência, que vinha em trajetória de alta desde o início do ano, permaneceu praticamente estável. Fechou o terceiro trimestre em 2,73%, levemente abaixo dos 2,77% observados no segundo trimestre, mas acima dos 2,4% do terceiro trimestre de 2013. A justificativa é que a piora ocorreu porque o banco passou a operar mais com linhas com maior risco e retorno, como o cheque especial. As provisões para devedores duvidosos subiram 17% entre o terceiro trimestre de 2013 e de 2014, para R$ 3,280 bilhões. "O volume de provisões acompanhou o aumento da carteira de crédito", disse a vice-presidente de risco da Caixa, Alexsandra Camelo Braga. O índice de Basileia cresceu dois pontos percentuais no trimestre, para 15,32%. O indicador melhorou em virtude de mudanças para a ponderação de risco feitas entre julho e agosto pelo Banco Central para algumas linhas de crédito, como o consignado, e também devido à inclusão, pelo próprio BC, de aportes de recursos feitos pelo Tesouro como capital dentro das regras de Basileia 3.
Commodities Agrícolas Fonte Jornal Valor Econômico 14/11/2014 às 05h 00 O mercado do açúcar foi novamente afetado pela elevação do dólar frente o real no Brasil, maior exportador global da commodity. No dia em que a moeda americana fechou no maior valor em quase nove anos, os papéis do açúcar demerara para maio fecharam com recuo de 32 pontos, a 16,3 centavos de dólar a libra-peso. A valorização do dólar estimula as usinas brasileiras a ofertar sua produção no mercado. A alta do produto no dia anterior também estimulou o movimento de vendas. Além disso, apesar de recentes cortes em estimativas de produção e estoque, analistas consideram que a oferta atual ainda é elevada, já que conta com volumes armazenados de recentes super safras. No mercado doméstico, o indicador Cepea/Esalq para o cristal caiu 0,28%, a R$ 50,72 a saca de 50 kg. A perspectiva de menos chuvas no cinturão de café no Brasil na próxima semana e compras dos fundos deram impulso aos preços do café ontem na bolsa de Nova York. Os lotes do arábica para março fecharam em alta de 440 pontos, a US$ 1,9315 a libra-peso. As previsões meteorológicas indicam que a frente fria que se aproxima do cinturão produtor não deve permanecer por muitos dias. As últimas chuvas no Sudeste provocaram a abertura de floradas na maior parte das áreas produtoras, mas agora os cafezais precisam de chuvas constantes para o bom desenvolvimento dos grãos. Ainda assim, a safra 2015/16 será menor por causa da bienalidade negativa, indicou o Cepea. No mercado interno, o indicador Cepea/Esalq para o arábica subiu 2,4%, para R$ 464,89 a saca. Problemas logísticos nos Estados Unidos deram combustível aos preços da soja ontem na bolsa de Chicago. Os lotes para janeiro fecharam em US$ 10,535 o bushel, com alta de 5,75 centavos. Embora os produtores do país estejam no fim da colheita da maior safra de soja de sua história, a produção ainda não está plenamente acessível aos compradores por causa do congestionamento nas ferrovias americanas. Segundo analistas, a malha ferroviária está abarrotada de cargas de grãos, petróleo e derivados e registra o maior congestionamento em uma década. Os fundos têm aproveitado esse cenário para realizar compras especulativas de papéis da oleaginosa. No mercado interno, o preço médio no Paraná caiu 0,46%, para R$ 60,61, de acordo com o Deral/Seab. IqPR, índice de preços recebidos pelos produtores agropecuários de São Paulo calculado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), vinculado à Secretaria da Agricultura do Estado, encerrou o mês passado com variação positiva de 1,94%. O indicador fechou o período de 12 meses encerrado em outubro com alta de 11,16%. Segundo informações divulgadas pelo IEA, a variação mensal foi puxada pelas valorizações do tomate para mesa (32,85%), da banana 15
nanica (23,22%), do feijão (17,11%), da batata (10,74%), do café (9,03%), da carne suína (8,13%) e da laranja para mesa (7,66%). A escassez de chuvas no Estado continuou a prejudicar as ofertas de tomate, banana, café e laranja e teve influência direta sobre o comportamento dos preços recebidos por seus respectivos produtores.
Concentração é maior na pessoa física Fonte Jornal Valor Econômico Carolina Mandl e Felipe Marques de São Paulo14/11/2014 às 05h 00 O Banco Central (BC) vem adotando medidas no sentido de estimular a concorrência, apesar de afirmar que existe um adequado nível de competição no sistema financeiro. As ações são direcionadas principalmente a produtos voltados para as pessoas físicas, segmento no qual a concentração bancária se dá de forma mais acentuada, segundo o Valor apurou. A autoridade monetária não publica dados de concentração por segmentos ou tipos de produto. "A pessoa física tende a ter um grau menor de informações financeiras e tem relações com menos instituições financeiras", afirma o professor Leandro Novais e Silva, da Universidade Federal de Minas Gerais. Silva é autor de artigos sobre concentração bancária, escritos em parceria com o economista Frederico Torres de Souza. "Nas grandes empresas, há uma quantidade maior de bancos dispostos a ofertar crédito, o que aumenta a competição", diz Souza. Em maio, entrou em vigor um sistema mais simplificado - e rápido - de portabilidade eletrônica de operações de crédito. Até agora as mudanças feitas para as pessoas físicas transferirem seus empréstimos de um banco a outro não geraram um aumento no volume de transações, na comparação com o sistema antigo. Em tarifas, o BC também tem buscado facilitar a comparação entre os diversos tipos de pacotes de serviços dos bancos. No ano passado, a autoridade criou três combos padronizados que devem obrigatoriamente ser oferecidos pelos bancos. Outra ação recente do BC se deu via estímulos à atuação de cooperativas de crédito, que podem ser uma alternativa aos bancos para os tomadores de crédito. No fim do ano passado, a autoridade criou o Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop) para garantir os depósitos em cooperativas de crédito. Em 2013, o limite da garantia dado pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para depositantes foi ampliado de R$ 70 mil para R$ 250 mil. A intenção foi tornar mais atraentes, aos olhos dos clientes, os bancos de menor porte, que têm mais dificuldade na captação de recursos. Para Frederico de Souza, há uma tendência de avanço da concentração bancária no país. Ainda assim, ele afirma - como defende o BC - que concentração e concorrência não são necessariamente excludentes, desde que o grau de concentração seja "razoável". O que equilibra as duas variáveis, na visão dele, são fatores como o nível de informação sobre preços de operações bancárias disponíveis aos clientes somado à facilidade de se mudar de instituição financeira. Variáveis que tanto a portabilidade como a padronização de tarifas tentam endereçar. Na visão do professor Leandro Silva, é atribuição do regulador se preocupar em criar um "desenho" para o setor financeiro em que se garanta tanto a liquidez como a competição entre as instituições. "A dificuldade é implementar esse desenho sem ter de intervir demais", afirma.
PF prende Renato Duque, ex-diretor da Petrobras Fonte Jornal Valor Econômico Maíra Magro 14/11/2014 às 08h 54 16
BRASÍLIA - (Atualizada às 10h30) A Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta-feira o exdiretor de serviços da Petrobras, Renato Duque, na sétima fase da operação Lava-Jato, que ocorre simultaneamente em cinco estados e no Distrito Federal (DF). Duque seria o interlocutor do PT na Petrobras. A diretoria que ocupava foi responsável pela construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O Tribunal de Contas da União apontou superfaturamento nas obras. Em comunicado, advogados de defesa do ex-diretor da Petrobras confirmaram que o engenheiro foi preso em sua casa na Barra da Tijuca (RJ). Na análise da defesa de Duque, a prisão foi efetuada “temporariamente” e “sem que tenha notícia de uma ação penal ajuizada contra ele”, de acordo com informações citadas pelos advogados do ex-diretor da Petrobras. Assim que tomarem ciência do motivo da prisão temporária, realizada para investigações, “os advogados adotarão as medidas cabíveis para restabelecer a legalidade”. A diretoria de serviços, que era chefiada por Duque, foi responsável pela construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou superfaturamento nas obras. Deflagrada em 17 de março pela PF, a operação Lava Jato apura esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O envolvimento da Petrobras com a ação da PF ocorreu quando as investigações da Polícia Federal revela ram suposta ligação entre o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, com o esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Yousseff. Grandes empreiteiras também são alvo de mandados. Elas são investigadas por pagar propina a agentes públicos para conseguir contratos na estatal. Outros 26 mandados de prisão estão sendo cumpridos. Nesta sexta-feira pela manhã, policiais entraram no edifício da Camargo Correa, em São Paulo. A empresa liderou o consórcio responsável pela construção da refinaria Abreu e Lima. Segundo investigadores, a nova fase da operação decorreu de elementos encontrados nas fases anteriores e não está relacionada ao conteúdo das delações premiadas feitas até agora.
FT: Eike tenta voltar investindo em fábrica de remédio para impotência Fonte Financial Times14/11/2014 às 09h 11 SÃO PAULO - Eike Batista, o magnata brasileiro que deve a ir a julgamento na próxima semana sobre alegações de negociar ações com informações privilegiadas (“insider trading"), está tentando um retorno ao investir em um grupo farmacêutico sul-coreano especializado em medicamentos para impotência. A EBX, de Eike Batista, formou uma joint venture com a CL Pharm neste ano, em um "acordo de desenvolvimento" no valor de US$ 12 milhões, segundo o site do grupo coreano. O advogado de Eike Batista e a EBX não responderam aos pedidos de entrevista. Os investidores estão se recuperando do colapso do império de Eike nas áreas de petróleo e mineração, no ano passado, e da falência de sua empresa de petróleo OGX, em outubro - que foi a maior quebra de empresa da América Latina. Na terça-feira, o empresário, que há dois anos figurava na lista da revista Forbes como o sétimo homem mais rico do mundo, vai a julgamento no Rio de Janeiro. Os promotores o acusam de usar informações privilegiadas para vender ações da OGX e sua empresa de construção naval OSX, no ano passado. Se for considerado culpado, Eike Batista pode ser a primeira pessoa no Brasil a ir para a cadeia por crimes contra o mercado de capitais. Ele negou qualquer irregularidade. Eike Batista teria começado a negociar com a CL Pharm quando viajou para a Coreia do Sul, em abril deste ano, e teria pago US$ 1 milhão só pelos direitos de montar uma fábrica no Brasil, de 17
acordo com um livro sobre o magnata que deverá ser lançado hoje, chamado "Tudo ou Nada", da jornalista brasileira Malu Gaspar. Segundo o livro, Eike teria participado de reuniões de negócios com Hwang Woo-suk, cientista sul-coreano que também estaria tentando sua própria recuperação ao montar um laboratório de clonagem de cães no Brasil. Depois de fazer o primeiro cão clonado, Snuppy, em 2005, Woo-suk foi acusado de falsificar pesquisas sobre a clonagem de células humanas. O cientista não pôde ser encontrado para comentar o assunto. Nesta semana, Eike Batista também assinou um acordo com o fundo suíço Acron para retomar o desenvolvimento conjunto do Hotel Gloria, no Rio de Janeiro. O empresário tinha a esperança de criar um fundo de infraestrutura após o colapso de seu império de commodities no ano passado, de acordo com o livro de Malu Gaspar. Mas depois de receber pouco interesse dos investidores,voltou seu foco oportunidades nos ramos de saúde e tecnologia na Ásia.
Índice de confiança de Fiesp e OCB voltou a cair no terceiro trimestre Fonte Jornal Valor Econômico Fernando Lopes de São Paulo14/11/2014 às 05h 00 O Índice de Confiança do Agronegócio (ICAgro) medido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) manteve a tendência observada desde o início deste ano e voltou a recuar no terceiro trimestre. Conforme informações divulgadas ontem, a queda foi para 89,3 pontos, 2,5 menos que no segundo trimestre. O "humor" do setor pode ter piorado pouco entre abril e setembro, mas chama a atenção a diferença de ânimo em relação ao primeiro trimestre, quando havia otimismo e o índice atingiu 102,7. A escala do indicador vai de zero a 200, e 100 é o ponto considerado neutro. O pessimismo atual foi dimensionado a partir de 1,5 mil entrevistas (645 válidas) realizadas com agricultores e pecuaristas de todo o país. Fiesp e OCB também ouviram 50 indústrias de insumos. Entre os produtores, os que vivem da agricultura são os mais preocupados. O índice que mede especificamente a confiança desse grupo passou de 92,2 pontos, no segundo trimestre, para 90 no terceiro. Isso por conta, basicamente, da alta dos custos de produção, das incertezas que cercam a economia do país e do temor com adversidades climáticas. "Em um ano atípico com este, o clima tem gerado grande insegurança", diz Pedro Rodrigues, analista técnico-econômico da OCB. A prolongada estiagem que marca boa parte do Centro-Sul do país em 2014 afetou sobretudo culturas como cana, café e laranja, além de frutas, verduras e legumes e pastos. Os pecuaristas também reclamam desses mesmo fatores - apesar da queda das cotações dos grãos -, mas, como os preços estão em geral mais elevados nas principais cadeias produtivas do segmento, o índice de confiança nessa frente aumentou de 98,1 para 103 pontos. "O destaque positivo é que, em geral, a confiança de produtores e indústrias no próprio setor continua acima da média, mesmo que tenha apresentado queda em todos os elos", afirma Antonio Carlos Costa, gerente do Departamento do Agronegócio (Deagro) da Fiesp. Apesar disso, entre as indústrias houve flagrante deterioração das expectativas. Se no quarto trimestre do ano passado o indicador que capta exclusivamente a confiança das empresas de insumos estava em 109,5 pontos, no terceiro trimestre de 2014 caiu para 86,4. Se a pesquisa realizada no segundo trimestre já havia apontado forte queda da confiança das indústrias que atuam "depois da porteira", os resultados divulgados ontem mostram que as empresas com foco "antes da porteira" também estão perdendo a fé em dias melhores. Conforme Fiesp e OCB, as intenções de investimentos dos produtores também já não mais as mesmas. Se, no segundo trimestre, 63% dos produtores agrícolas afirmavam que investiriam 18
mais em tecnologia, especialmente para o controle de pragas e em sementes mais produtivas, no terceiro a taxa caiu para 49%. Entre os pecuaristas, em contrapartida, a disposição para investir aumentou - de 53% para 65% na mesma comparação, sobretudo para ampliar a produtividade das pastagens e em genética e nutrição.
Brasil e EUA buscam reatamento no G-20 Fonte Jornal Valor Econômico De Brisbane (Austrália)14/11/2014 às 05h 00 Com o presidente americano, Barack Obama, a presidente Dilma Rousseff quer marcar o descongelamento da relação bilateral e uma reaproximação inclusive comercial. Com a chefe do governo alemão, Angela Merkel, quer discutir condições de garantia de emprego, que considera o item principal da cúpula do G-20. Com o presidente russo, Vladimir Putin, pretende discutir o interesse brasileiro em aumentar mais o comércio bilateral, em meio a sanções sofridas por Moscou. Ao desembarcar ontem em Brisbane, a presidente Dilma não tinha, porém, nenhuma confirmação de encontros com os líderes dos EUA, da Alemanha, da Rússia, como tampouco com os da China, da Turquia e com o secretário-geral das Nações Unidas. A expectativa do Palácio do Planalto era que tudo fosse confirmado ao longo do dia. Com Obama, a explicação é de que a Casa Branca deixa a confirmação para a última hora. Mas Obama e Dilma falaram por telefone, depois que ela ganhou a eleição, e ficou combinada a conversa em Brisbane. Além de comércio, um tema que Dilma deverá tomar a iniciativa de abordar é a segurança cibernética. A avaliação na delegação brasileira é de que Obama se aproximou da posição por Dilma, com o anúncio do presidente americano de defesa da neutralidade da Internet e da necessidade de regulação para proteger uma web aberta - algo que já provocou uma chuva de críticas contra ele. Com Vladimir Putin, a conversa poderá também ser interessante não só sobre comércio e de destrave para mais frigoríficos brasileiros, mas até pela agitação que ele está causando na Austrália. A imprensa local aborda principalmente a presença de quatro navios de guerra russos que estariam vindo na direção de Brisbane. O jornal "The Courier Mail" publicou foto de Putin na primeira página vestido de marinheiro com o título "Pare os barcos". As relações russo-australianas são tensas também por causa do conflito na Ucrânia. Antes de chegar à Austrália, a presidente fez uma escala em Cingapura. Aproveitando o abastecimento do avião, ela foi visitar o porto de Cingapura e ficou "muito impressionada" com o nível de eficiência que viu. Ao mesmo tempo em Brisbane, porém, o Brasil era acusado de não endossar totalmente o Plano de Ação de Eficiência Energética do grupo das 20 principais economias do mundo, apesar de ações voluntárias bastante vagas. O jornal britânico "The Guardian" coloca o Brasil ao lado de China, Rússia e outros que não querem "considerar" promessas de reduzir a energia usada por smartphones e PCs ou desenvolver regras mais duras para emissões de carros. De fato, boa parte dos países andou torpedeando propostas da Austrália nesse tema ao longo do ano, por achar que a preocupação dos australianos era mais emplacar seus próprios interesses em gás, por exemplo, do qual estão se tornando grandes produtores. Em todo caso, um relatório da Universidade de Toronto diz que os países do G-20 fazem grandes promessas que depois não cumprem. Na média, só cumprem 71% do total. O Brasil só respeitaria 66% dos compromissos que assume no grupo. O consolo é que é mais do que Argentina e China, ambos com 56%. Amanhã, a presidente brasileira vai se reunir com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, também hospedados no hotel quatro 19
estrelas na cidade australiana, que é relativamente modesto e sem comparação com o luxuoso hotel onda Dilma foi hospedada pelo xeque do Qatar em Doha.
Piora na economia leva companhias a rever investimentos Fonte Jornal Valor Econômico Thais Carrança de São Paulo14/11/2014 às 05h 00 "Não estamos focados em aumentar volume a qualquer preço", afirmou o presidente da Vale, Murilo Ferreira Companhias de capital aberto de diferentes setores anunciaram que não devem atingir suas metas de investimento para 2014, ao divulgarem os resultados do terceiro trimestre. A mineradora Vale e a siderúrgica Gerdau se ajustam à queda de preços do minério de ferro, enquanto a metalúrgica Paranapanema e a fabricante de motores WEG postergam aumentos de capacidade para evitar a ociosidade. A Duratex, fabricante de painéis de madeira e louças sanitárias, responde à deterioração do cenário macro e a produtora de embalagens Klabin busca preservar seus indicadores de endividamento. Algumas empresas alegam outros motivos para redução, não necessariamente ligados ao cenário econômico. A distribuidora de gás paulista Comgás tem problemas com o adiamento de seu processo de revisão tarifária. O laboratório Fleury reduziu investimentos como resultado de reposicionamento de mercado. Sua concorrente Dasa mantém a aposta na classe média, mas também não deve atingir o aporte projetado. Para a agência de avaliação de risco Fitch, o reescalonamento de investimentos é uma tendência para as empresas brasileiras em 2015, diante do cenário macroeconômico desfavorável e da cautela do empresariado que espera para ver o tom do novo mandato da presidente Dilma Rousseff. Já empresas do setor de consumo como Arezzo, Hering e Ambev mantiveram suas perspectivas para o ano, mas olham para 2015 com reticência, diante da perspectiva de manutenção da inflação elevada, com consequente redução da renda disponível. Maior empresa do país, a Petrobras também não deve escapar de cortes nos plano de investimentos em 2015, dizem analistas. Frente à piora do perfil de endividamento da empresa, com o impacto da desvalorização cambial sobre a dívida em dólar, o mercado espera novo enxugamento no plano quinquenal da petroleira. Neste ano, em fevereiro, o plano de negócios 2014-2018 da estatal já trouxe redução de US$ 16 bilhões, em relação ao planejamento anterior. A Vale não deverá atingir a meta de US$ 14,8 bilhões de investimentos no ano. Em nove meses, a mineradora investiu US$ 8,2 bilhões, US$ 2,2 bilhões a menos que em igual período de 2013. O segundo corte feito pela Gerdau nas projeções de aportes para 2014, de R$ 300 milhões - para R$ 2,1 bilhões -, inclui a revisão de projetos de expansão na área de mineração. Antes, a empresa já havia reduzido a estimativa em R$ 500 milhões. A produtora de cobre Paranapanema cortou em R$ 91 milhões seu plano para 2014, de R$ 194 milhões, para R$ 103 milhões. "Estamos priorizando o aumento da utilização da capacidade instalada e afastando novos investimentos em expansão de capacidade até que sejam necessários", segundo a companhia. A WEG reduziu em ao menos R$ 92 milhões a previsão de investimento neste ano. "A melhor maneira de não aumentar custos é evitar construir capacidade produtiva que não entra em operação", disse Luis Fernando Oliveira, gerente de relações com investidores. Parte dos investimentos postergados vai passar para 2015, quando a empresa prevê patamar semelhante ao valor revisado deste ano, entre R$ 450 milhões e R$ 500 milhões. A Duratex cortou desembolsos "ao mínimo" para este ano e 2015, frente ao "cenário macro bastante deteriorado e sem expectativas de melhora nos próximos meses". Já a Klabin prevê investir R$ 3,335 bilhões neste ano, contra estimativa anterior de R$ 3,565 bilhões, com compromisso de não iniciar novos projetos de expansão, para além da nova fábrica de celulose 20
em Ortigueira (PR), que deve consumir boa parte dos R$ 4,1 bilhões em desembolsos previstos para 2015. "Não temos como fazer investimentos à frente do ciclo tarifário, focamos nos investimentos que não faria sentido não fazer porque estaríamos perdendo uma oportunidade de negócios", disse o presidente da Comgás, Luís Henrique Guimarães. A distribuidora, com reajuste atrasado desde maio, anunciou redução dos aportes, de R$ 680 milhões a R$ 780 milhões, para R$ 600 milhões a R$ 700 milhões. Em processos de reestruturação e de mudanças de acionistas, Dasa e Fleury também devem se contentar com gastos mais modestos. O Fleury reduziu duas vezes suas projeções para 2014, de R$ 221 milhões para R$ 150 milhões e, agora, para até R$ 120 milhões, enquanto foca esforços no segmento premium. A Dasa informou que não atingirá os R$ 200 milhões planejados. "A decisão de muitas companhias de reduzir investimentos e focar no mais importante é um passo positivo, considerando o ambiente desfavorável do Brasil", avalia o diretor executivo da Fitch, Joe Bormann. "Esse tipo de medida será tomada por empresas que querem manter seu perfil de crédito corporativo", afirma. Em relatório desta semana, a agência previu que rebaixamentos de notas de crédito de empresas brasileiras devem superar elevações à proporção de dois para um em 2015. As notas classificam a capacidade das companhias de honrar dívidas, influenciando no custo de captação. Ameaçada de rebaixamento, a Petrobras tem na redução de aportes uma das alternativas para trazer seus fluxos de caixa a níveis sustentáveis. "Apesar de a Petrobras ter atingido um ponto de inflexão positivo em relação ao crescimento da produção, a racionalização dos investimentos e uma política de preços clara para os combustíveis também são necessárias para uma melhoria significativa dos fundamentos", escreveram analistas do Santander. Neste cenário de enxugamentos generalizados, empresas ligadas ao consumo são o ponto fora da curva. Em ano de Copa do Mundo e com aumento de carga tributária postergado, a Ambev deve fechar o ano com investimentos semelhantes aos R$ 2,8 bilhões do ano passado, apesar de ter dito em julho que seus gastos ficariam abaixo da meta. A Arezzo deve desembolsar acima do projetado, cerca de R$ 45 milhões, mas já prevê gastos menores em 2015, de até R$ 35 milhões. Por outro lado, a Renner considera adiar parte de seus investimentos de R$ 532 milhões para 2015, como a inauguração de um novo centro de distribuição, e considera "urgente" a necessidade de mudanças no governo, para evitar deterioração maior do cenário econômico. A Hering vai manter gastos em torno de R$ 100 milhões, apesar da decisão da companhia de reduzir a meta de abertura de lojas no ano de cem para 75. Em sentido oposto, a Lojas Americanas anunciou na terça-feira plano de abertura de 800 lojas em cinco anos, com aportes de R$ 4 bilhões no período, tendo como estratégia a expansão territorial.
Vendas do comércio têm alta de 0,4% em setembro, diz IBGE Fonte Jornal Folha de São Paulo LUCAS VETORAZZO do RIO e de SÃO PAULO14/11/2014 às 10h33 As vendas do comércio varejista em setembro tiveram alta de 0,4% em relação ao verificado em agosto, quando tinham aumentado em 1,2%, divulgou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (14). Em agosto, o comércio havia registrado a primeira alta após dois meses de queda seguida. Com o resultado de setembro, o volume de vendas têm a segunda alta consecutiva. Na comparação com setembro do ano passado, o varejo teve alta de 0,5%. Ainda que tenha acelerado, o percentual de crescimento no mês foi o menor desde 2004. No acumulado dos nove primeiros meses de 2014, as vendas do comércio acumulam crescimento de 2,6%. A taxa em 12 meses encerrada no mês passado teve uma expansão de 3,4%. 21
Loja de roupas infantis por atacado no Brás, em São Paulo O desempenho no mês ficou igual ao esperado por analistas ouvidos pela Bloomberg (0,40% contra agosto). Na comparação com o mesmo período do ano anterior, os números ficaram abaixo das expectativas, que eram de avanço de 0,70%. Embora tenha registrado alta em todas as bases de comparação, o crescimento das vendas do comércio apresenta desaceleração em relação ao observado em anos anteriores. A gerente da coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Juliana Vasconcellos, explicou que à despeito da alta, as vendas estão menos robustas por conta da inflação persistente diante a uma renda que acelera pouco e o crédito que está menos abundante. "Isso impacta diretamente nas vendas do varejo". RECEITA Além do volume de vendas, que subiu em todas das bases de comparação, o comércio teve também altas nos indicadores de receita nominal. A receita de setembro a agosto avançou 0,7%. Na comparação de setembro com igual período do ano passado, a receita teve alta de 6,9%. Nos nove primeiros meses do ano, o percentual foi 9% maior. Nos doze meses encerrados em setembro, a alta foi de 9,8%. SEGMENTOS O chamado varejo simples, que não inclui veículos e material de construção, cresceu de agosto para setembro em quatro das oito atividades pesquisadas pelo IBGE na categoria. Os destaques foram móveis e eletrodomésticos (1,8%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,2%), combustíveis e lubrificantes (0,7%) e artigos farmacêuticos (0,4%). Vasconcellos explicou que a maioria desses itens tiveram variação de preço abaixo da inflação. Tecidos, vestuário e calçados (queda de 3%), livros, jornais e revistas (-2,2%) e material de escritório (-2,1%) foram os destaques negativos. Houve queda também de 0,3% das vendas de hipermercados e supermercados, setor importante na composição do consumo do brasileiro. Segundo Vasconcellos, a variação de preço dos alimentos em geral está acima da inflação média, o que faz com que os consumidores optem por alternativas mais baratas ou evitem comprar artigos que não sejam de primeira necessidade. VAREJO AMPLIADO As vendas do chamado varejo ampliado, que inclui material de construção e veículos, tiveram alta de 0,5% na passagem de agosto para setembro. Em agosto, o índice havia tido queda de 0,4%. Em outras bases de comparação, contudo, as vendas registraram queda. Na comparação de setembro com igual período do ano anterior, houve queda de 1,2%. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, a queda foi de 1,4%. Nos 12 meses encerrados em setembro, o recuo foi de 0,1%. Veículos continuam sendo o vilão do indicador ao apresentar quedas expressivas de venda nos períodos apurados pelo IBGE. Houve queda de 0,6% em setembro frente a agosto; recuo de 4,5% em setembro frente a igual período do ano passado; retração de 9,2% no ano; e redução de 6,8% no acumulado em doze meses. 22
A técnica do IBGE lembrou que embora tenha registrado quedas, o segmento de veículos reduziu o ritmo de recuo de vendas na comparação interanual. Em setembro houve queda de 4,5% ante setembro de 2014. Essa taxa em agosto apresentou queda de 17,4% e em julho, de 12,5%. "Passou de uma queda de dois dígitos para uma queda de um dígito", disse.
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