16 de dezembro de 2014

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 16 DE DEZEMBRO DE 2014

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Economia encolhe em outubro, indica BC Por EDUARDO CUCOLODE BRASÍLIA A economia brasileira voltou a encolher no início do quarto trimestre, após mostrar ligeira recuperação nos três meses anteriores. O indicador de atividade do Banco Central, IBC-Br, recuou 0,3% em outubro na comparação com o mês anterior. O BC também revisou para baixo o cálculo do IBC-Br para 7 dos 9 meses anteriores. Com isso, no acumulado do ano, a economia apresenta retração de 0,1%. O resultado divulgado nesta segunda-feira (15) decepcionou a maior parte do mercado financeiro, que esperava crescimento da economia neste mês do ano, de acordo com projeções coletadas por várias agências de notícias. Alguns analistas revisaram mais uma vez para baixo suas previsões de crescimento para o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro neste ano, que já estão próximas de zero. Também nesta segunda, o BC divulgou a nova pesquisa Focus, com projeções atualizadas até a última sexta-feira. Houve queda na projeção para o crescimento do PIB neste ano. PERSPECTIVAS As perspectivas para 2015 também continuam em queda. A projeção de crescimento no próximo ano foi revisada para baixo pela terceira semana seguida, para 0,69%. O dado está pouco abaixo da projeção do governo para o mesmo período, uma alta de 0,8% no PIB, segundo estimativa da nova equipe econômica incorporada ao Orçamento do próximo ano. O indicador do BC serve como referência para avaliações sobre o ritmo da economia brasileira ao longo dos meses. O índice também influencia as projeções do mercado financeiro para o PIB, embora não possa ser considerado uma prévia desse indicador, que é trimestral e tem outra metodologia de cálculo. De acordo com os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a economia brasileira encolheu nos dois primeiros trimestres, mas saiu da recessão técnica após apresentar crescimento de 0,1% no terceiro trimestre. Dados atualizados do IBC-Br mostram que a economia ficou estagnada nos três primeiros meses do ano, recuou no segundo trimestre e mostrou crescimento de 0,4% nos três meses seguintes. Entre os dados que entram no cálculo do IBC-Br estão a produção industrial, que ficou estável em outubro, e as vendas do comércio, que cresceram 1% no mesmo período, além de dados da agropecuária e do setor financeiro, entre outras informações. A consultoria Rosenberg Associados, que esperava crescimento de 0,1% no mês para o IBC-Br, revisou a estimativa para o PIB do ano de 0,2% para 0,1%. Para 2015, a projeção continua em zero. O Banco Fator não revisou o dado, mas disse que o resultado de outubro do IBC-Br adiciona um viés de baixa na projeção do PIB neste ano, atualmente em 0,3%. A pesquisa Focus trouxe ainda a estimativa de que a taxa básica de juros (Selic) deve subir em janeiro dos atuais 11,75% para 12,25% ao ano. Chegaria a 12,50% em março, para encerrar o ano neste patamar.

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Indústria em frangalhos POR BENJAMIN STEINBRUCH O mercado em geral gostou muito dos nomes indicados para compor a nova equipe econômica --Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa no Planejamento e Alexandre Tombini na presidência do Banco Central. O mercado também gostou das primeiras declarações dos três, que deram indicações de que farão um ajuste fiscal imediato. O país precisa disso. É inadiável uma arrumação das contas públicas e, principalmente, a adoção de uma gestão 100% transparente nas finanças. Mas, não custa lembrar, ajuste fiscal significa basicamente corte de gastos públicos e/ou aumento de impostos. Nada disso é muito agradável, principalmente porque a carga tributária já é bastante elevada e os cortes nem sempre são feitos de forma a preservar investimentos. É importante observar que o ajuste fiscal está longe de representar um remédio para todos os males da economia. Há outros problemas igualmente relevantes, não totalmente desvinculados do ajuste, que precisam ser resolvidos com igual urgência. O principal deles: a indústria brasileira está em frangalhos. A estagnação e a ameaça de recessão econômica são fundamentalmente um reflexo da crise do setor industrial, que vem perdendo poder de competição com concorrentes estrangeiros e tem participação decrescente no PIB. Este moribundo 2014 é um ano para ser esquecido pela indústria. As estimativas mais otimistas dizem que a produção manufatureira deve cair cerca de 2% em relação a 2013, ritmo recessivo que tende a prevalecer no início de 2015. As pessimistas falam em queda de 3,5%. O setor enfrenta redução sistemática de empregos há pelo menos três anos. Com estoques elevados, grande parte das empresas vai entrar no Ano-Novo em férias coletivas mais longas do que as costumeiras. O setor manufatureiro vem sendo caprichosamente destruído durante longos anos por uma taxa de câmbio apreciada, por uma carga tributária elevada e, sobretudo, por uma inexplicável política que mantém as taxas de juros internas sempre entre as mais altas do mundo. Com essa trindade maligna, à qual poderiam ser agregados os problemas de custos trabalhistas, energia cara e burocracia infernal, as margens de lucro e os investimentos se reduzem e, ano a ano, a indústria perde exportações e o próprio mercado interno para seus concorrentes internacionais. Para sair dessa espiral, o setor precisa investir pesada e urgentemente em inovação/modernização, mas o que se vê é uma queda constante no investimento produtivo no país. Por incrível que pareça, há quem atribua ao BNDES a responsabilidade por esse quadro. Ao oferecer crédito de longo prazo com juros adequados, ele estaria inibindo o surgimento de um sistema privado de financiamento de longo prazo no país. A pergunta que faço é: Como seria a situação atual se não houvesse o apoio do BNDES? Com toda a certeza, muito mais tenebrosa. As projeções da nova equipe econômica não preveem nenhum repasse de recursos do Tesouro para o BNDES nos próximos três anos e sinalizam com um provável aumento da TJLP, taxa de juros cobrada nos empréstimos do banco. Desidratar o BNDES sem oferecer alternativas para o financiamento de investimentos no país será um equívoco monumental. Em qualquer parte do mundo, há crédito barato para investimentos produtivos --em alguns Estados americanos, os governos pagam às empresas que investem um valor que varia de acordo com o número de empregos criados. É provável que o aperto fiscal determine o fim dos programas de desonerações e isenções fiscais oferecidos a vários setores industriais, que custaram R$ 85 bilhões ao governo só nos primeiros dez meses deste ano. Esses incentivos já não produzem os mesmos efeitos de antes na economia, mas sua retirada elevará custos das empresas, na contramão do caminho desejável para a recuperação do setor industrial. Ajuste fiscal e controle de gastos públicos são muito bem-vindos --disciplina nessa área é uma atitude obrigatória e geradora de confiança em toda a parte, seja nos lares, seja nas empresas, 3


seja nos governos. Mas será preciso muito mais do que isso. Será preciso recolocar a economia em um novo ciclo de crescimento, o que não se dará sem a recuperação da indústria.

MP permite gastos de R$ 480 bi, diz estudo Por Eduardo Campos | De Brasília Com a publicação de 20 palavras no "Diário Oficial da União", o governo Dilma Rousseff conseguiu liberar R$ 479,2 bilhões para gastar da forma que bem entender e sem gerar impacto fiscal ou ampliar o endividamento. Trata-se do artigo segundo da Medida Provisória 661, editada em 2 de dezembro, que autorizou o uso do superávit financeiro do Tesouro Nacional para a cobertura de despesas primárias. Pela legislação até então em vigor, o uso do superávit financeiro só pode ser usado para pagamento da dívida pública. A projeção está em nota técnica do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV). Estudo feito pelos pesquisadores José Roberto Afonso, Vilma Pinto e Bernardo Fajardo, tentou dimensionar o impacto da MP. A cifra de R$ 479,2 bilhões foi estimada com base nos dados de 2013, já que os números que permitem fazer esse tipo de cálculo com mais acurácia são divulgados apenas uma vez ao ano, dentro do Relatório de Gestão Fiscal (RGF). O exercício considera apenas a receita financeira livre de vinculação, já que há vedação legal para dar outro destino aos recursos com vinculação constitucional e aqueles destinados a Estados, municípios e Distrito Federal. Segundo Afonso, apesar do nome "superávit financeiro", esse dinheiro não decorre de receita menos despesa. Trata-se de um saldo de caixa, ou seja, é um estoque, não um fluxo. O governo arrecadou, em algum momento, recursos com finalidade específica, mas não utilizou o dinheiro, por contingenciamento ou ficou nos restos a pagar. O que a MP permite é pegar essa sobra de caixa e pagar despesas como salários de servidores e Previdência Social. Um exemplo é a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que incide sobre os combustíveis. Ela foi cobrada para permitir investimentos em transporte, mas foi pouco empenhada. Há também os fundos de agências reguladoras, que são formados com taxas voltadas para ampliar fiscalização ou acesso a serviços, como telefonia. Por essa razão, Afonso não descarta que surjam questionamentos jurídicos à MP alegando desvio de finalidade de uso dos recursos. Os especialistas também apontam que, além de conseguir liberar recursos que facilitam a vida do Tesouro, o governo conseguiu nesta MP aprovar uma Desvinculação das Receitas da União (DRU). Este instrumento desobriga o uso de "receita carimbada", o que exigiria, pela norma legal, um projeto de emenda constitucional, instrumento de complexa aprovação no Congresso. "Na prática, a MP é uma DRU financeira. O governo arrecada, não gasta, acumula e de tempos em tempos faz uso do recurso", diz Afonso. O estudo também aponta que, por ser MP, o uso dessa ferramenta pode não se tornar perene, pois depende de aprovação pelo Congresso, mas como foi editada no último mês de 2014, o governo pode se valer do instrumento até outubro de 2015. Também consta da MP 661 a liberação de mais R$ 30 bilhões para o BNDES. Os autores se debruçaram sobre o assunto e apontam que o aporte pode ser encarado como uma forma de poupar a nova equipe econômica de se "manchar", tendo de fazer uma capitalização após o ministro indicado da Fazenda, Joaquim Levy, dizer que para fazer o ajuste fiscal prometido e estabilizar a relação dívida bruta sobre o PIB é necessário que não mais ocorram transferências para os bancos públicos.

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Esse repasse pode ser encarado como a "saideira" de um processo de grande dependência do BNDES, que já recebeu R$ 409 bilhões desde 2009. O argumento ganha respaldo no fato de que a LDO não prevê recursos para os bancos públicos nos próximos três anos.

Mercado reduz projeção para crescimento no ano Por Ana Conceição | De São Paulo Os analistas de mercado reduziram, pela quarta semana consecutiva, a estimativa para o crescimento da economia neste ano, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central. Eles também cortaram, pela terceira vez seguida, a projeção para 2015. As apostas para juros e inflação deste e do próximo ano ficaram inalteradas. A mediana das estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2014 caiu de 0,18% para 0,16%. Para 2015, o Focus mostra que a mediana das projeções caiu de 0,73% para 0,69%. Quanto à produção industrial, a estimativa seguiu em queda de 2,50% neste ano, mas para 2015 houve ajuste para baixo, de alta de 1,23% para crescimento de apenas 1,13%. As estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foram mantidas em 6,38%, em 2014, e em 6,50%, em 2015, e não alteraram a projeção para a Selic ao fim de 2015, que ficou em 12,50%. Os analistas Top 5, os que mais acertam as previsões, que estimavam o juro em 12% no fim do ano que vem elevaram a projeção para 12,50%. Atualmente, a taxa básica de juros está em 11,75%. Para a inflação, as apostas do Top 5 foram mantidas em 6,28% e em 6,20% em 2014 e 2015, respectivamente. A projeção do mercado para a inflação em 12 meses teve leve desaceleração, de 6,63% para 6,62% e, para este mês de dezembro, seguiram em 0,75%. Embora não tenham alterado a projeção do IPCA no ano, os analistas ajustaram as estimativas para os preços administrados e o dólar, duas importantes fontes de pressão inflacionária. A mediana dos administrados neste ano subiu de 5,30% para 5,40% e no próximo saiu de 7,20% para 7,48%. O dólar saiu de R$ 2,55 para R$ 2,60 ao fim de 2014 e de R$ 2,70 para R$ 2,72 em 2015. Os analistas acreditam que o BC elevará a Selic em mais 0,50 ponto percentual em janeiro e, depois, promoverá mais um ajuste de 0,25 ponto em março. O juro básico sairia dos atuais 11,75% para 12,25% no primeiro mês do próximo ano e para 12,50% no terceiro mês. A taxa Selic ficaria então nesse patamar até janeiro de 2016, quando o Banco Central voltaria a afrouxar o juro, com três cortes de 0,25 ponto, com a Selic voltando a junho daquele ano ao mesmo nível de hoje, 11,75%. Na semana passada, na ata da reunião que elevou o juro a 11,75% ao ano, o Copom manteve a expressão "especialmente vigilante" quanto à inflação, mas acrescentou que "o esforço adicional de política monetária tende a ser implementado com parcimônia". Para o BC, a inflação vai entrar em trajetória de convergência para a meta no início de 2016. No Focus, os analistas veem o IPCA saindo de uma alta de 6,50% em 2015 para 5,7% em 2016 e 5,5% em 2017.

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Juros avançam com piora da cena externa Por Antonio Perez e Lucinda Pinto | De São Paulo Os juros futuros avançaram ontem na BM&F em meio à alta do dólar e à venda de ativos de países emergentes. Mais uma vez, o giro foi reduzido, o que revela a falta de apetite dos investidores, que se retraem neste fim de ano diante das incertezas no Brasil e no exterior. Do lado doméstico, há dúvidas sobre o ajuste fiscal e temores em relação aos desdobramentos da crise na Petrobras. Lá fora, causa apreensão o mergulho do preço do petróleo e a tendência de apreciação global do dólar. Cresce a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) dê sinais amanhã de que pode começar a apertar a política monetária no primeiro semestre de 2015. Uma ala de economistas acredita que o Fed possa retirar de seu comunicado a expressão "período considerável" para se referir ao prazo em que os juros serão mantidos perto de zero.

Essa possibilidade leva o dólar a ganhar força em relação às demais divisas, como a brasileira. E a depreciação do real se traduz em pressões inflacionárias, o que faz os agentes aumentarem os prêmios de risco exigidos. A taxa do contratos futuro de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2021 - mais suscetível ao humor dos estrangeiros - foi de 12,38% para 12,49%. Segundo analistas, os prêmios parecem atraentes e, caso o ambiente externo fosse benigno, provavelmente atrairiam fluxo de recursos externos. A pressão também foi observada entre os DIs mais ligados às expectativas para o rumo da taxa Selic no ano que vem. Diante da depreciação do real e da possibilidade de que o IPCA avance 1% em janeiro, o Banco Central (BC) teria que prosseguir com o aperto monetário a despeito da fraqueza da economia. Ontem, o BC informou que Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) caiu 0,26% em outubro, enquanto as projeções colhidas pelo Valor Data variavam entre estabilidade e alta de 0,53%. Apesar disso, o DI com vencimento em abril de 2015 subiu de 12% para 12,05%, espelhando expectativa amplamente majoritária em duas elevações seguidas da Selic em 0,50 ponto percentual, nos encontros do Comitê de Política Monetária (Copom) em janeiro e março de 2015. Ontem, o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Luiz Awazu Pereira da Silva, afirmou, no Rio de Janeiro, que o colegiado do BC vai "continuar a fazer o que for necessário para colocar a inflação na meta". 6


Hering prevê PIB estagnado e baixo consumo em 2015 Por Daniela Meibak | De São Paulo Oldani, diretor financeiro da Hering fala sobre o próximo ano: "Está difícil saber exatamente o que vai acontecer" A Hering, fabricante e varejista de vestuário, prevê um ambiente econômico desafiador em 2015, com estagnação do Produto Interno Bruto (PIB) e baixo crescimento do consumo. Com isso, a expectativa é de desaceleração no ritmo de abertura de lojas e maior foco no aumento de rentabilidade. Outros riscos, mais difíceis de serem mensurados neste momento, como o provável aumento de impostos a ser anunciado pela nova equipe econômica da presidente Dilma Rousseff, também preocupam a empresa. "Está difícil saber exatamente o que vai acontecer", disse ontem o diretor financeiro da Hering, Frederico de Aguiar Oldani, em encontro com analistas e investidores promovido pela Apimec, em São Paulo. Sobre as vendas deste último trimestre, Oldani afirmou que viu melhora com a entrada da coleção de verão, com evolução ao longo do mês de novembro. O diretor esclareceu, no entanto, que os números estão voláteis e que a varejista viu um início de dezembro morno. "Está difícil fazer uma leitura porque as vendas estão voláteis. Em novembro o movimento fechou em alta e dezembro abriu com desaceleração. Acreditamos que as campanhas do Black Friday puxaram as vendas para o fim do mês passado", disse ele. "Estamos achando o fluxo de comprar tímido para o momento de dezembro que estamos." No terceiro trimestre deste ano as vendas da Hering recuaram 6% nas lojas abertas há mais de um ano. A Hering, em outubro, já havia dito que estava reduzindo a meta de abertura de lojas para o ano de 2014 - de cem para 75 unidades. De janeiro a setembro, abriu 29, sendo 19 Hering Store e dez lojas infantis das marcas Hering Kids e PUC. Para o quarto trimestre, está prevista a abertura de 46 unidades, sendo 31 Hering Store, 13 Hering Kids e PUC e duas Hering For You. A companhia afirma que 2014 tem sido "extremamente difícil". Para explicar o cenário, a varejista destaca dois motivos. O primeiro está ligado ao ambiente econômico desfavorável. Foi um "ano bastante ruim para o setor de consumo", de acordo com o diretor, com PIB fraco e Copa do Mundo, evento que "gerou muitos problemas" para o segmento. "O ambiente de negócios foi tão difícil quanto o ano de 2008", afirmou Oldani. Outro motivo destacado foi a implementação do novo ambiente de gestão da empresa. "Acho que evoluímos muito em diversas frentes em 2014, mas os resultado não cresceram necessariamente da mesma forma. O ano foi muito difícil em termos de resultados, com margens ruins. Mas evoluímos na construção do modelo que vai permitir ter resultados melhores nos próximos anos", observou Oldani O diretor afirmou que há algum espaço para recuperação da margem bruta no ano que vem, mas sem grande melhora. "Os preços do algodão caíram. A margem bruta parece um desafio um pouco menor do que foi nos outros anos. O câmbio não vai jogar contra no primeiro semestre e o algodão joga a favor", disse. A empresa vai aproveitar oportunidades de crescimento além da marca Hering. Segundo Oldani, o direcionamento agora é explorar outras frentes de crescimento. "A estrutura de gestão que criamos é para capturar essas oportunidades. Seja com novas marcas desenvolvidas dentro da empresa ou adquiridas de terceiros", disse. 7


Nos próximos cinco a dez anos a estrutura de receitas será diferente de como é hoje. "Temos clara convicção de que vamos desenvolver outras marcas para acelerar crescimento fora da marca principal", completa. A companhia já trabalha nisso. A primeira loja da marca "Hering For You" foi lançada no segundo semestre deste ano e tem grandes oportunidades de crescimento adiante, segundo o diretor financeiro.

O que explica a queda da força de trabalho? Por Rafael Bacciotti A despeito da tendência descendente que se observa para a população ocupada desde o início de 2013, a taxa de desemprego apurada pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME-IBGE) mantém uma trajetória de queda, atingindo, a cada mês, o patamar mais baixo de sua série histórica. Ocorre que, paralelamente à perda de ritmo das contratações na economia - em um contexto em que a diminuição da confiança do setor privado gera efeitos negativos sobre o nível de atividade e o emprego -, a força de trabalho está se reduzindo de maneira mais intensa. Diante desta constatação, procurou-se mapear quais as principais contribuições para a diminuição da força de trabalho no período recente, o que fazem os indivíduos em idade ativa que estão fora do mercado de trabalho e qual o perfil dessas pessoas. A análise foi realizada com base nos microdados da PME disponíveis até agosto de 2014. Em 2014, o arrefecimento da força de trabalho (-0,9%) foi puxado pela retração do grupo de profissionais de 18 a 24 anos (contribuição de -0,7 ponto percentual), de 25 a 30 anos (-0,6) e de 31 a 49 anos (-0,2). Nota-se ainda que, embora a PEA tenha crescido 1,1% em 2013, os dois primeiros grupos já haviam caído naquele ano (com contribuições de -0,5 p.p. e -0,4, respectivamente). Diante deste diagnóstico, o passo seguinte é apreender a dinâmica recente da não-PEA, ou seja, do grupo de pessoas em idade ativa que não estão trabalhando nem procuraram emprego no último mês e, portanto, não fazem parte da força de trabalho de acordo com a metodologia do IBGE. Em linhas gerais, constatou-se que, dentre as pessoas não economicamente ativas dos dois primeiros grupos (de 18 a 30 anos), aumentou a parcela dos que se dedicam exclusivamente aos estudos. Verificou-se ainda, mais especificamente em 2014, crescimento expressivo da parcela que nem trabalha e nem estuda, conhecida na literatura como "nem-nem". Em 2014, a elevação substancial da não-PEA de 18 a 30 anos (6,3%) foi influenciada pelo aumento dos que só estudam (2,7 p.p.), mas, principalmente, por uma contribuição maior dos "nem-nem" (3,6 p.p.). Merece destaque o fato de o número de jovens de 18 a 30 anos cursando o ensino superior (e que só estudam) ter aumentado. É bem verdade que essa faixa já vem crescendo nos últimos anos, porém o movimento se intensificou a partir de 2013 e a nova tendência tem perdurado em 2014. Já a não-PEA de 31 a 49 anos, que aumentou 1,5% em 2014, foi puxada integralmente pelo aumento dos "nem-nem". Dentro desse grupo, prevalecem as pessoas com escolaridade média de 11 anos ou mais de estudo. Há uma mudança de tendência no comportamento tanto dos jovens cursando o ensino superior (e que só estudam), quanto na dinâmica das pessoas que nem estudam nem 8


trabalham (em toda a faixa de 18 a 49 anos). Para explicar tais mudanças, duas hipóteses parecem plausíveis. Sobretudo a partir de 2013, houve avanço substancial dos recursos direcionados ao Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior, programa do governo destinado a financiar total ou parcialmente cursos de educação superior em centros de ensino privado. Nos últimos anos, houve elevação destes gastos, que passaram de R$ 0,84 bilhão na média do período 2006-2011 para R$ 3,3 bilhões em 2012, R$ 7,5 bilhões em 2013 e R$ 8,7 bilhões entre janeiro e agosto deste ano (dados obtidos no sistema de informações do Senado Federal sobre orçamento público). Paralelamente, aumentou o número de contratos formalizados.

Já o aumento mais forte dos "nem-nem" no período recente coincide com a regulamentação de direitos dos empregados domésticos (que compreende, dentre outras profissões, faxineiros, babás, cozinheiros, jardineiros, motoristas e cuidadores de idosos) por meio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de 2013. Desde o ano passado, nota-se redução relevante no emprego da categoria serviços domésticos na PME. Assim, dado que a PEC passou a afetar o custo das contratações, a proposta pode estar influenciando a decisão daqueles que demandam esses tipos de serviços de permanecer ou não no mercado de trabalho e, em algum grau, a recolocação dos empregados domésticos. Diante de um cenário prolongado de baixo crescimento da economia e do emprego, impactando negativamente o rendimento médio familiar, as pessoas em idade ativa que estão fora do mercado de trabalho devem retornar à PEA - transição que implicaria a elevação da taxa média de desemprego. O ponto positivo é que pelo menos uma parte (ainda que a menor) desses indivíduos voltará ao mercado de trabalho mais qualificada, o que pode contribuir para a recuperação dos ganhos de produtividade na economia.

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