16 de março de 2015

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 16 DE MARÇO DE 2015

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Bradesco revisa previsão de PIB para recuo de 1,5% Fonte Revista Exame Flavio Leonel e Maria Regina Silva, do Estadão Conteúdo às 13/03/2015 17h 30 São Paulo - O Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco revisou nesta sexta-feira, 13, a projeção para o cenário macroeconômico brasileiro para dados relacionados a 2015 e a 2016. Conforme relatório encaminhado ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) do País no ano atual passou de uma queda de 0,5% para um declínio ainda maior, de 1,5%. Em relação ao PIB de 2016, a expansão anteriormente prevista de 2,0% passou para 1,5%. Na avaliação do diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros, a confiança das empresas e famílias ainda em queda, as incertezas relacionadas ao ambiente político e certa paralisação da atividade em cadeias importantes da economia foram os motivos que levaram a instituição à revisão do cenário de 2015. "Estamos ajustando para baixo as perspectivas para o PIB, ao mesmo tempo em que o realinhamento de preços administrados e a rápida depreciação da moeda brasileira pressionam a inflação, para altas superiores às esperadas meses atrás", destacou. O diretor do Bradesco salientou que, a despeito dos desafios políticos "nada desprezíveis" e do "necessário ajuste fiscal", acredita que a resposta da política monetária deverá considerar a atividade econômica bastante deprimida, levando a taxa básica de juros ao nível de 13,50% ao ano, o que implicaria mais uma elevação de 0,50 ponto porcentual e outra de 0,25 ponto nas próximas duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). O banco esperava anteriormente Selic de 13,00% no fim de 2015. Para 2016, a expectativa do Bradesco passou de 11,5% para 12,0% para os juros. Especificamente para a inflação, o Bradesco elevou as projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), tanto de 2015 como de 2016. Para o ano atual, a previsão passou de 7,5% para 8,0%. Para o ano que vem, passou de 5,2% para 5,7%. Segundo Octavio de Barros, o IPCA de 2015 terá um resultado bem mais elevado que o IPCA de 6,41% de 2014 em função da influência do realinhamento de tarifas administradas e da recomposição de impostos e contribuições, principalmente sobre preços de energia elétrica, que devem, de acordo com o economista, subir mais de 50% neste ano. "Em relação aos preços livres, mantemos nossa expectativa de algum arrefecimento nos preços de serviços, em reposta à piora esperada do mercado de trabalho e seus reflexos sobre o rendimento", avaliou. "No entanto, os primeiros dados deste ano sugerem que essa descompressão deverá ser lenta ao longo do ano, com sinais mais claros de convergência apenas no segundo semestre", complementou. Quanto à revisão na expectativa do IPCA de 2016, o Bradesco salientou que os motivos são a inércia inflacionária maior que será herdada de 2015 e a depreciação cambial, "que reduziu muito a possibilidade de um reajuste negativo nos preços de combustíveis".

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"Alguns vetores observados em 2015, como o realinhamento dos preços administrados e a forte depreciação cambial, não deverão mais exercer pressão tão altista à frente, abrindo espaço para que o enfraquecimento da atividade cumpra seu papel de desinflar os preços ao consumidor", escreveu Octavio de Barros. "De fato, esperamos que os preços livres registrem a maior desaceleração interanual desde a crise de 2008, com descompressão generalizada, mas ainda em patamar elevado por questões inerciais", acrescentou.

Cenário básico de Meirelles projeta crescimento de 2,6% Fonte Revista Exame Vinicius Neder, do Estadão Conteúdo 13/03/2015 às 21h 30 Rio - A manutenção do status quo, num cenário básico em que o ajuste fiscal anunciado pela nova equipe econômica dá certo, a inflação volta à meta e as concessões em infraestrutura são destravadas, o crescimento econômico ficaria em média em 2,6% ao ano, em estimativas apresentadas nesta sexta-feira, 13, pelo expresidente do Banco Central (BC) e presidente do conselho de administração da J&F Investimentos Henrique Meirelles. Num cenário pessimista, em que o ajuste fiscal não é implementado e que a inflação não é totalmente controlada, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos anos ficaria em torno de 1,2% ao ano, sugeriu Meirelles, em aula magna do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil do Centro Técnico Científico da PUC-Rio. Já num cenário otimista, o crescimento econômico poderia chegar a 4,0% ao ano. "Para isso, o Brasil tem que enfrentar questões fundamentais, como a logística, a questão tributária, a questão de energia e a educação", afirmou Meirelles, já na parte final da aula de cerca de uma hora. No início da fala, o ex-presidente do BC traçou um histórico da economia brasileira desde o início do século 20 e responsabilizou os períodos de financiamento por expansão da base monetária, segundo ele iniciado nos anos 1950 pelo presidente Juscelino Kubitschek. "Todo exagero leva a uma ressaca. A farra é boa na hora, mas depois vem a ressaca. Na economia, a ressaca é pior", afirmou Meirelles, referindo-se à hiperinflação e à crise dos anos 1980. Meirelles citou a crise internacional de 2008 como outro exemplo de "ressaca" na economia, mas não chegou a associar o momento atual do Brasil com a ideia. Ainda assim, defendeu a necessidade de ajustes na política econômica, sobretudo na política fiscal, e disse que a chamada "nova matriz econômica" não deu certo "por uma série de fatores", entre eles a elevação da inflação.

Corte de verba deixa universidades sem limpeza, transporte e aulas Fonte Jornal folha de São Paulo MARCELO TOLEDO DE RIBEIRÃO PRETO 14/03/2015 às 02h 00 Estudantes sem dinheiro para transporte, falta de medicamentos em hospitais, redução do serviço de limpeza e atraso no início das aulas. A crise nas universidades federais se agravou depois do corte de um terço das verbas mensais pelo governo Dilma Rousseff –conforme decreto publicado em janeiro. A promessa é que, a partir deste mês, esse repasse volte à normalidade, mas há um efeito cascata, já que os problemas se arrastam em alguns locais desde 2014. Com isso, virou rotina, segundo alunos, docentes e servidores ouvidos pela Folha, a falta de insumos em laboratórios. Instituições como a UFMG (federal de Minas Gerais) atrasaram pagamentos de contas de água e energia. 3


"Algumas sofrem menos, mas todas tiveram problemas, sem exceção. É desesperadora a situação da UFMG", diz Rolando Rubens Malvaso Junior, diretor da Fasubra (entidade de servidores). À Folha foram relatados problemas ainda em federais de Rio, São Paulo, Brasília, Uberlândia, Bahia, Goiás, Campina Grande, Uberaba e Sergipe. Houve casos, segundo a Fasubra, de "rodízio" de dívidas –ora paga a água, ora a energia, para evitar cortes. "Faltam dipirona, antibióticos, gaze, catéter e soro no hospital da UFMG", disse Erickson Gontijo, 27, aluno do sexto ano de medicina. Estudantes da Unifesp de Guarulhos (Grande São Paulo) perderam um transporte gratuito que existia desde 2012 da estação Carrão da linha 3 do metrô até a instituição. Em protesto, anunciaram paralisação de uma semana a partir de segunda-feira (16). Já na Unifesp de Diadema (ABC paulista) as restrições orçamentárias interromperam a rotina de poda, resultando em mato alto e proliferação de pernilongos. "Levei umas cinco picadas de mosquito só no primeiro dia [de aula]. Depois comecei a passar repelente", diz a aluna de farmácia Marília Famelli, 23. Em Uberlândia, segundo servidores, os problemas começaram no final do ano, com atraso no 13º, e levaram ao cancelamento de cirurgias no hospital universitário. Em Campina Grande (PB), cinco obras foram adiadas e alunos que precisam de auxílio moradia e transporte estão com subsídios atrasados. A instituição deixou de receber R$ 20 milhões (20% do previsto) de novembro a dezembro. "Espero que em abril paguemos em dia", disse o reitor José Edilson de Amorim. A federal da Bahia também atrasou contas, enquanto a de Goiás, do Rio e a UnB (Brasília) cortaram terceirizados. OUTRO LADO O MEC (Ministério da Educação) informou que os repasses às universidades federais voltarão à normalidade já no mês de março e que a medida permitirá que as instituições ajustem os seus calendários de pagamento. Segundo o ministério, o secretário-executivo da pasta, Luiz Claudio Costa, disse na última quarta (11) na Câmara dos Deputados que o governo autorizou a liberação de 1/12 dos recursos como forma de garantir o "pleno funcionamento dos serviços". Por meio de sua assessoria, o MEC informou que está "em diálogo permanente" com as universidades para "trabalhar em parceria e esclarecer eventuais dúvidas". As instituições de ensino superior receberam até agora R$ 1,38 bilhão para ser utilizado no custeio compra de insumos e pagamento de terceirizados, por exemplo e nos investimentos. Em todo o ano passado, foram enviados às universidades R$ 8,6 bilhões. Para este ano, a previsão é que o valor chegue a R$ 9,5 bilhões. Questionado, o ministério não informou se o valor contingenciado nos dois primeiros meses do ano será liberado depois da aprovação do Orçamento federal. A Andifes (entidade de dirigentes de instituições federais) admite que em várias universidades os problemas são graves. "O quadro não é caótico, mas preocupa", afirma Targino de Araújo Filho, reitor da UFSCar (São Carlos) e presidente da entidade. Para ele, a pior situação é a da UFRJ, onde as aulas atrasaram por falta de limpeza. Sobre os problemas na UFMG, como a falta de medicamentos, o reitor Jaime Arturo Ramírez disse que o decreto do governo que alterou a forma de repasse agravou as dificuldades que já existiam em novembro e dezembro, quando houve redução de R$ 30 milhões da verba. A respeito da poda de vegetação na Unifesp de Diadema, a direção da unidade reconhece a "situação crítica" e diz que tomou medidas para a contratação do serviço.

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Centrais estudam ir à Justiça pelo reajuste do mínimo com o novo PIB Jornal Folha de São Paulo CLAUDIA ROLLI DE SÃO PAULO 14/03/2015 às 02h 00 As centrais sindicais já estudam medidas jurídicas para pedir ao governo a correção do salário mínimo a partir da revisão do PIB (Produto Interno Bruto), feita pelo IBGE e divulgado nesta semana. A política de elevação do salário mínimo, prevista em lei desde 2011 e aplicada por meio de medidas provisórias editadas desde 2007, prevê que o reajuste seja feito combinando a inflação medida pelo INPC do ano anterior e o PIB de dois anos antes. Como o IBGE revisou os resultados do PIB de 2001 a 2011, as centrais querem que a diferença entre o percentual concedido pelo governo e o percentual revisado pelo IBGE seja aplicada no salário mínimo de trabalhadores da ativa e aposentados. Força Sindical e UGT vão tentar, a partir da semana que vem, abrir negociação com o governo. Mas seus departamentos jurídicos já avaliam a possibilidade de entrar com ações coletivas. "Como sabemos que será muito difícil negociar com o governo neste momento de crise na economia e arrecadação em queda, um grupo de juristas está sendo consultado para saber o que pode ser feito para beneficiar trabalhadores do setor privado e aposentados", diz Miguel Torres, presidente da Força Sindical. A UGT reúne sua direção-executiva na segunda para avaliar os caminhos que pretende adotar. ESPERAR A HORA CERTA O índice total de correção só poderá ser calculado após o IBGE revisar os cálculos do PIB de 2012 a 2014, diz o diretor do Dieese, Clemente Ganz Lúcio. "Não é correto divulgar um índice de correção agora porque é preciso esperar as demais revisões." Oo PIB foi revisado de 7,5% para 7,6% em 2010 e de 2,7% para 3,9% em 2011. O advogado Decio Scaravaglione, especializado em direito previdenciário, entende que a revisão do PIB abre espaço para pedido de correção para os últimos cinco anos. "O problema será o tamanho do impacto que isso trará ao caixa da Previdência. A revisão pode não ser significativa em valores para o beneficiário individualmente. Mas, no coletivo, a conta será alta", diz o especialista. Hoje, 70% dos benefícios pagos pela Previdência têm valor até um salário mínimo. Em janeiro, por exemplo, a folha total de pagamentos foi de R$ 32,2 bilhões, para 32 milhões de beneficiários. Só com o reajuste concedido para o salário mínimo neste ano, o impacto anual foi calculado em R$ 14,6 bilhões, segundo dados do ministério. Para a advogada Fabíola Marques, especializada em direito trabalhista, a tendência é que os trabalhadores tenham decisões favoráveis em primeira instância. "Quando essas ações chegam aos tribunais superiores, podem ficar paradas anos, como ocorreu com a correção do FGTS."

Dilma só não fará ajuste se for suicida ou irracional na política, diz Roubini Fonte Jornal Folha de São Paulo RAUL JUSTE LORES DE WASHINGTON 16/03/2015 às 02h 00 Apelidado de Sr. Apocalipse por ter sido um dos únicos economistas a prever a crise financeira e a bolha hipotecária de 2008 nos Estados Unidos, Nouriel Roubini, 57, diz que está "mais otimista que o empresariado brasileiro" sobre as perspectivas para o Brasil. "Se a presidente não for irracional ou suicida politicamente, e não acho que ela seja, o ajuste será feito", diz, em entrevista à Folha. 5


Se não o fizer, avalia Roubini, "o real sofrerá queda livre, o Brasil vai perder o grau de investimento". "A desaceleração da China e a queda dos preços das matérias-primas afetaram o Brasil, mas a atual fraqueza se deve a quatro anos de políticas financeiras, monetárias e fiscais erradas", afirma. Americano, nascido na Turquia e criado na Itália, de pais judeus iranianos, Roubini trabalhou no FMI e na Casa Branca no governo de Bill Clinton antes de abrir sua própria consultoria. Ele diz que a opção brasileira pelo "capitalismo de Estado" facilitou o esquema de propinas na Petrobras e que os investimentos em infraestrutura e as concessões de portos e aeroportos "vão na direção correta, mas de forma muito lenta.” Folha - O sr. disse que está "cautelosamente otimista" com o Brasil. Por quê? Nouriel Roubini - Os investidores estão céticos porque veem fraqueza política da presidente e acham que o ajuste não vai acontecer. Assim, o real continua caindo. Mas a presidente não tem escolha. A menos que seja irracional ou politicamente suicida, o que não acredito que seja, ela vai insistir no ajuste, como disse no discurso de domingo. Quando o Brasil vai voltar a crescer? Se ela fizer o ajuste agora e mudar suas políticas, terá um ano muito difícil, sem crescer ou com pequena recessão. No ano que vem será um pouco melhor, pode crescer até 1,5% e ter outros dois anos de crescimento OK. Se não o fizer, o real sofrerá queda livre, o Brasil vai perder o grau de investimento. Ela sabe que o segundo mandato poderá se tornar um desastre. A presidente culpou a crise internacional. O sr. concorda? Certamente há fatores internacionais que afetam a economia brasileira, como a desaceleração global e especialmente a da China, e a queda nos preços de commodities, como o minério de ferro. Mas a fraqueza econômica do país neste ano se deve a quatro anos de políticas macroeconômicas erradas. Monetárias, fiscais, de crédito erradas, muito frouxas. Depois de a presidente se reeleger, ela percebeu que precisava de um ajuste difícil. Cortar despesas, aumentar receita, apertar o cinto, controlar a inflação. 2015 será um ano muito difícil. Provavelmente de recessão, com desemprego e inflação em alta. O mercado continua cético. Porque acha que Dilma não queria Levy, que ele foi imposto pela crise, e também acha que ela não pode corrigir seus erros. O mercado não acredita no comprometimento, quer ação, não palavras. Mas, pessoalmente, estou mais otimista que o empresariado brasileiro. O sr. diz que o boom das matérias primas, que tanto beneficiou as exportações brasileiras à China, esgotouse. Como o Brasil pode voltar a crescer? O Brasil é uma economia grande. O consumo doméstico pode crescer e a desvalorização do real pode reduzir o deficit externo. Mas o país precisa aumentar investimentos públicos em infraestrutura, incentivar as parcerias públicoprivadas. O potencial de crescimento do Brasil não é grande, mas 3% seria alcançável. No primeiro mandato da Dilma, houve algumas concessões de aeroportos e portos, mas de forma muito lenta. Imagino que Levy busque essa liberalização também. A direção é a correta. No ano passado, o sr. disse que os emergentes não souberam aproveitar a bonança das exportações de commodities e fizeram escolhas erradas no "capitalismo de Estado". O sr. pensava no Brasil? O capitalismo de Estado no Brasil pode se ver pelo que aconteceu com a Petrobras, que embarcou em projetos caros que não eram viáveis. Políticas de conteúdo nacional excessivo e que dificultaram a participação de investidores de fora deram errado. 6


Elas abriram as portas para o protecionismo, a esquemas de propinas. Menos competição para conseguir contratos. Houve uma atmosfera que distorceu as decisões que fariam sentido para a empresa. Sem esquecer do papel excessivo do BNDES no crédito, dos bancos estatais, das empresas estatais. Mas o Brasil não é a Argentina nem a Venezuela. Com a desaceleração, deixamos de correr o risco de uma bolha imobiliária? Não vejo uma bolha imobiliária para estourar no Brasil. Há bolsões de algumas áreas urbanas com preços altos demais, que serão corrigidos. O crédito imobiliário ficará mais apertado. Mas é um país de população jovem, de uma classe média que ainda tem potencial para crescer, então a demanda por imóveis vai continuar. O PIB dos EUA deve crescer acima de 3% em 2015 e 2016. É sustentável? Os EUA estão crescendo acima do seu potencial, de uma economia já madura. Há uma robusta criação de empregos -está chegando ao pleno emprego ainda neste ano e o PIB deve crescer acima de 3%. O Fed [banco central americano] foi bem mais agressivo que as autoridades no Japão ou que o Banco Central Europeu. O Fed deve esperar até setembro para aumentar os juros vagarosamente. A consolidação fiscal e a recapitalização dos bancos com dinheiro público aconteceram em 2009 -na Europa levaram mais de cinco anos. E os EUA têm uma economia e um setor privado mais dinâmicos. É mais fácil para contratar e demitir, há mais empreendedorismo, as indústrias do futuro estão aqui e o país está no meio de uma revolução energética, com energia e combustíveis cada vez mais baratos. A desaceleração da China será suave e controlada, como diz o governo chinês? Há visões extremas sobre a China, de pouso forçado ou suave. Eu vejo um pouso com alguns solavancos, mas vai continuar crescendo acima de 5,5, 6% ao ano. Não dá para continuar a crescer como antes, criando investimentos errados ou se endividando. Eles precisam de mais consumo doméstico e criar milhões de empregos anualmente. Mas, com o envelhecimento da população, eles poderão crescer menos sem deixar desempregados.

O mundo como ele é Fonte Jornal Folha de São Paulo Henrique Meirelles 15/03/2015 às 02h 00 Logo depois da crise de 2008, o mundo parecia entrar em nova era, com novos paradigmas de crescimento econômico e progresso. Os EUA, líderes da economia mundial por décadas, afundavam numa crise imprevisível. A Europa, muito regulada e com pouco crescimento, logo seria abalada. Já os BRICs e emergentes passaram a liderar a recuperação global. Mas esse quadro não se sustentou, a começar pela China. Como resposta à crise, que abalou o modelo exportador aos países ricos, o país fez investimentos massivos em infraestrutura. Quando a via se esgotou pelos próprios excessos e erros, Pequim focou na criação de um robusto mercado interno, elevando renda e benefícios aos trabalhadores. Mas a mudança não decolou na velocidade prevista, e o crescimento, ainda alto nos padrões internacionais, caiu –o FMI prevê 6,8% neste ano. Por aqui, as mudanças na política econômica brasileira adotadas a partir de 2011 causaram redução dramática do crescimento, chegando ao patamar atual de PIB negativo. Na Rússia, a queda do preço do petróleo e as sanções econômicas também levaram o país à recessão. A Índia é o único dos BRICs originais que ainda cresce a taxas robustas, impulsionada pelo novo governo de visão econômica liberal, mas ela não tem muito impacto global. Enquanto isso, os EUA tomaram medidas de contenção fiscal e de alta liquidez que levaram sua economia, fundamentada na alta produtividade e nos princípios de livre mercado, de volta ao crescimento e ao papel de grande motor da economia global. 7


Já a Europa aplicou reformas rígidas para restaurar o equilíbrio fiscal, reduzir entraves normativos e elevar a competitividade e a flexibilidade dos mercados. Elas estabilizaram a economia, e a perspectiva é de recuperação das médias históricas de crescimento. O cenário mundial, portanto, está muito diferente da perspectiva de poucos anos atrás, num quadro que agora poderíamos chamar de volta ao normal. Países liderados pelos EUA, mais abertos e competitivos, com baixa regulação e governos menos intervencionistas, voltam a sustentar o crescimento mundial e a aumentar suas importações. Isso abre um caminho à retomada da China, de novo baseada no modelo exportador para EUA e Europa as exportações chinesas cresceram 20% no ano passado. Se não é um rearranjo inédito, pois restaura o que prevaleceu no século passado, é uma mudança radical do que se esperava há alguns anos, quando setores do pensamento econômico brasileiro e de outros países proclamavam a falência do regime de livre mercado e a prevalência futura dos modelos mais centralizados e de forte intervenção. A realidade, porém, é outra.

Sobre estelionatos eleitorais Fonte Jornal Folha de São Paulo Samuel Pessôa 15/03/2015 às 02h 00 O segundo mandato da presidente Dilma está e ficará até seu final maculado pelo estelionato eleitoral. Estelionato profundo, no qual há total dissintonia entre fala e atos em todas as dimensões da política econômica, inclusive na ideologia que as informa. Há o reconhecimento por diversos analistas de que estelionato eleitoral é da regra do jogo, o que é verdade, e que é natural na democracia. Adicionalmente, o fato de a presidente não ter dobrado a aposta e estar tentando corrigir a política econômica é bom e necessário ao país. Outros governos praticaram estelionato eleitoral. A alteração do regime cambial na virada do primeiro para o segundo mandato de FHC é sempre lembrada como o estelionato eleitoral tucano. FHC também seria estelionatário. Penso ser possível discutir a tese de que houve estelionato em 98/99. A característica mais saliente de qualquer estelionato eleitoral é o populismo fiscal às vésperas da eleição, seguido de aperto após vitória eleitoral. Por exemplo, entre 2013 e 2014, o superávit primário do setor público consolidado reduziu-se de 1,9% do PIB para 0,6%, piora espetacular de 2,5 pontos percentuais do PIB! Os mesmos números para 97/98 indicam melhora de -0,9% do PIB para 0%. O superávit primário do governo central, que considera somente as receitas recorrentes, reduziu-se de 0,2% do PIB em 2013 para 1,2% em 2014, piora de 1,4 ponto percentual. No biênio 97/98, o superávit primário recorrente do governo central ficou estacionado em -0,4% do PIB. No dia 8 de setembro de 1998, após forte deterioração da situação fiscal de 1995 até 1997, o governo FHC baixou o primeiro decreto de contingenciamento orçamentário, marcando o início de um longo período de seguidos superavit primários. A Lei de Responsabilidade Fiscal e as demais instituições fiscais que temos devem muito a esse primeiro passo. Além dos atos, as palavras caminharam na mesma direção. No dia 23 de setembro de 1998, duas semanas antes do primeiro turno das eleições, tempo suficiente para um João Santana fazer o maior barulho, FHC, em discurso no Itamaraty, apresentou de forma muito clara a necessidade de ajuste fiscal. Vale a pena recuperar as palavras de FHC: "A sociedade quer que o governo faça muitas coisas, mas nem sempre dá os recursos suficientes para fazer. Por outro lado, nem sempre os governos gastam os impostos que arrecadam da forma mais eficiente. Sabemos quão ilusório é recorrer à inflação para resolver esses problemas. Imprimir dinheiro produz inflação, que é uma espécie de imposto a incidir principalmente sobre os pobres". "Mas hoje isso acabou. O que acontece agora, nos planos federal, estadual e municipal, é que os governos, para cobrir a diferença entre despesas e receitas, estão se endividando exageradamente. Isso não pode 8


continuar. (...) O prejuízo tem de parar. O Estado tem de caber dentro dos recursos que a sociedade lhe dá e tem que utilizá-los da melhor forma possível." Resta, portanto, para caracterizar o estelionato de FHC, a alteração do regime cambial. É possível afirmar que esse ponto é suficiente para caracterizar. Discordo, mas se trata de argumentação difícil. Dois comentários. Primeiro, regimes de câmbio fixo ou fortemente administrado foram empregados por diversos governos latino-americanos depois de seguidas crises inflacionárias, para lidar com o desequilíbrio monetário. Em particular, até hoje o Equador não alterou seu regime de câmbio fixado à moeda norteamericana. Segundo, é da lógica do regime de câmbio fixo ter que sustentar com todas as forças a sua manutenção. Qualquer sinal de que o regime cambial será alterado automaticamente o destrói. Diversas economias europeias nos anos 1990 sustentaram regimes desse tipo até o último momento, com as alteridades econômicas negando qualquer mudança, para alterá-lo no dia seguinte em feriado bancário. Foi isso que o governo FHC fez em janeiro de 1999. Sustentou até o fim o regime. Pode ter sido estelionato. Conversa difícil. No entanto, a necessidade de ajuste fiscal já estava contratada na sociedade antes da eleição.

Uma presidente atônita com a voz das ruas Fonte Jornal O Globo 16/03/2015 às 06h 00 Sob o ruído das ruas, o governo se mostrou atônito. Protegida pelas colunas de mármore do Palácio da Alvorada, Dilma Rousseff mandou os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (SecretariaGeral da Presidência) para uma réplica à multidão emergente nas maiores cidades. Fracassaram. Diante do rebrote da insatisfação, que paira desde 2013 e está cada vez mais focada na indecisão de Dilma, eles expuseram as fragilidadades de um governo aparentemente incapaz de se organizar em reflexão sobre o próprio futuro. Cardozo anunciou “para os próximos dias” um pacote anticorrupção que, reconheceu, “já era uma promessa eleitoral da presidente”. Rossetto optou, primeiro, por desqualificar a pluralidade e diversidade da gente nas ruas: “A maioria é de eleitores que não votaram na presidente” decretou. Em seguida, buscou refúgio no esgarçado mito da reforma política, que o PT habituou-se a usar como rota de fuga em situações de emergência política. É mais do mesmo. Dilma, por exemplo, fez exatamente esses mesmos anúncios 20 meses atrás, quando se surpreendeu com o vozerio da massa marchando sobre o asfalto no junho de 2013. Passaram-se 80 semanas. A inflação recrudesceu, voltou a ameaçar os mais pobres (10%) da população. Houve um aumento da desigualdade social com a renda dos mais ricos crescendo a uma velocidade muito maior que a dos mais pobres. E, pela primeira vez na década, o emprego caiu praticamente em todos os setores. O condomínio político-empresarial, cuja corrupção devastou a Petrobras e contaminou todo o setor de petróleo, acabou por expor a real dimensão do presidencialismo de coalizão formulado por Lula e intocado por Dilma. Para revertê-lo, a presidente precisaria ultrapassar os limites da coragem exaltada na propaganda governamental e atravessar o deserto da Praça dos Três Poderes, em Brasília, com a bandeira de um governo de coalizão de ideias — o oposto ao exercício do poder em um Executivo loteado entre aliados e assentado em 39 mesas ministeriais. O governo tinha todos os motivos para não se surpreender com o nível de insatisfação que emergiu ontem nas maiores cidades. No início do mês, Rossetto foi à União Nacional dos Estudantes, notório reduto aliado, 9


explicar que “não há reforma neoliberal e não há corte em nenhum programa social do povo brasileiro”. Saiu vaiado. Dias depois, Lula protagonizou uma manifestação sindical “em defesa da Petrobras”. Entrou e saiu da sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio, sob vaias e escoltado por oito seguranças. Na semana passada, em São Paulo, Dilma também foi vaiada por um grupo de trabalhadores ao chegar para um encontro com empresários da indústria da construção civil. Uma das características dessa crise é a escassez de líderes para conduzir o país a um projeto de conciliação nacional. Não se vê no governo, no Congresso e nos partidos sequer um pré-candidato 2018 disposto a defender a esperança. Isso contribui para aumentar o grau de incerteza sobre o futuro, com um custo econômico que tende a ficar imprevisível na medida em que crescem as resistências às propostas de redução em alguns gastos governamentais. Mas é notável: não há crise institucional, apenas um governo sem rumo e com três anos e oito meses de mandato pela frente. Do lado de fora do Palácio da Alvorada prevalece a percepção de que nada é melhor do que a liberdade de ir às ruas, inclusive para protestar. É só o começo, mas ontem, outra vez, Dilma e seus ministros preferiram fingir que não viram.

Economia brasileira encolheu 0,11% em janeiro, segundo o Banco Central Fonte Jornal O Estadão ELIANE OLIVEIRA 16/03/2015 às 09h 55 BRASÍLIA - A economia brasileira teve contração de 0,11% em janeiro, segundo o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), criado pelo Banco Central para avaliar a evolução da atividade econômica e balizar as decisões de política monetária no país. O resultado ficou pior que o esperado pelos analistas consultados pela Reuters, que previam avanço de 0,01%, de acordo com a mediana das projeções. Frente ao mesmo mês do ano passado, ou seja, sem ajuste sazonal, o índice teve recuo de 1,75%. Ainda segundo o IBC-Br, em 12 meses, a economia tem contração de 0,39%. Em dezembro, o indicador teve recuo de 0,57% sobre o mês anterior, em número revisado pelo BC após divulgar anteriormente queda de 0,55%. — O índice foi ajudado pela melhora nas vendas do varejo. Caso contrário, poderia ter sido pior disse o economista André Perfeito, da Gradual. O IBGE informou nesta sexta-feira que as vendas no comércio iniciaram o ano em alta, fechando janeiro com resultado positivo de 0,8% frente a dezembro. Em dezembro, apesar do Natal, o setor havia registrado recuo de 2,6%, interrompendo uma sequência de quatro altas seguidas no mês. MELHORA DO VAREJO NÃO DEVE SE SUSTENTAR Em relatório enviado a clientes, Octavio de Barros, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, afirma que a queda do IBC-Br em janeiro reforça expectativa de retração do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país) no primeiro trimestre.

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Segundo o economista, o resultado do varejo em janeiro foi uma "surpresa positiva", mas, para ele, "a descompressão dos salários e o fraco desempenho da economia doméstica em 2015 deverão impedir uma recuperação mais sustentada do varejo e do consumo das famílias como um todo". Pesquisa realizada semanalmente pelo BC com analistas de instituições financeiras apontou piora nas projeções para o PIB em 2015. De acordo com dados divulgados nesta segunda-feira, a previsão é de recuo de 0,78% este ano no PIB, ante queda de 0,66% esperada anteriormente. Na mesma pesquisa, a expectativa de alta do IPCA neste ano passou a 7,93%. Ou seja, bem acima do teto da meta de inflação, que é de 6,5%. No início de março, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou a taxa básica Selic em 0,50 ponto percentual, para 12,75% ao ano. CÁLCULO É DIFERENTE DA CONTA DO IBGE Tanto o IBC-Br quanto o Produto Interno Bruto (PIB) são indicadores que medem a atividade econômica, mas têm diferenças na metodologia. O IBC-Br foi criado pelo BC para ser uma referência do comportamento da atividade econômica que sirva para orientar a política de controle da inflação pelo Comitê de Política Monetária (Copom), uma vez que o dado oficial do PIB é divulgado pelo IBGE com defasagem. O indicador do BC leva em conta trajetória de variáveis consideradas como bons indicadores para o desempenho dos setores da economia (indústria, agropecuária e serviços). Já o PIB é calculado pelo IBGE a partir da soma dos bens e serviços produzidos na economia. Pelo lado da produção, considera-se a agropecuária, a indústria, os serviços, além dos impostos. Já pelo lado da demanda, são computados dados do consumo das famílias, consumo do governo e investimentos, além de exportações e importações. O IBC-Br não pode ser considerado uma prévia do PIB porque o dado oficial é muito mais complexo. É o que os economistas chamam de proxy, uma aproximação. As divergências com o número do IBGE refletem-se nos números. O número costumava a ter resultados próximos ao dado oficial, mas tem apresentado resultados descolados por causa das diferenças metodológicas. Economistas apontam, no entanto, que o IBC-Br indica a tendência da atividade econômica, o que ajuda a dar uma avaliação geral do PIB.

Mercado diminui projeção para o PIB e prevê inflação em 7,93% Fonte O ESTADO DE S. PAULO 16 Março 2015 às 09h 03 Depois de o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro ter ficado bastante alto e o de fevereiro, acima das expectativas, a projeção para a inflação em 2015 está cada vez mais perto dos 8%, segundo analistas consultados pelo Banco Central no Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, 16. A previsão para o IPCA passou a ser de 7,93%, ante os 7,77% registrados na estimativa da semana anterior. Para 2016, a projeção para o indicador passou de 5,51% para 5,60%. Mesmo com a melhora nos números da economia após a revisão dos dados de 2010 e 2011 do Produto Interno Bruto (PIB), especialistas preveem retração de 0,78% na atividade econômica este ano, ante os 0,66% divulgados na semana passada. Mais uma vez apresentando forte piora, a produção industrial foi o estopim para uma nova correção para baixo das previsões do mercado para o PIB de 2015. Há quatro semanas, a estimativa era de queda de 0,42%. Esta foi a décima primeira revisão seguida para baixo desse indicador. Para o ano que vem, a estimativa é de expansão de 1,30%, redução de 0,1 ponto porcentual em relação aos 1,40% registrados na semana passada. 1


Os economistas, no entanto, não alteraram suas estimativas, para este ano, para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB. A mediana das previsões ficou estável em 38,00% mesmo porcentual de quatro semanas atrás. No caso de 2016, as expectativas foram reduzidas de 39,15% para 38,90% de uma semana para outra - um mês atrás estava em 38,55%. Câmbio. A estimativa dos analistas consultados pelo Banco Central é de que o dólar comercial seja negociado a R$ 3,06 no fim do ano. A projeção anterior era de R$ 2,95. Já a previsão para o fim de 2016 passou de R$ 3,00 para R$ 3,11. Juros. Para a reunião do mês de abril do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, foi mantida a expectativa de que o colegiado promoverá um novo aumento da taxa básica de juros (Selic), mas desta vez menor do que o ritmo que vinha sendo usado. Pelo boletim, a expectativa é de que o aperto seja de 0,25 ponto porcentual, para 13,00% ao ano. Há um mês, no entanto, a previsão era de que a Selic encerrasse 2015 em 12,75% ao ano. Como houve congelamento das estimativas, a taxa média do ano foi mantida em 12,88% ao ano, como na semana passada. Quatro semanas antes, no entanto, a taxa estava em 12,78% ao ano. Para o fim de 2016, a mediana das projeções também foi mantida em 11,50% ao ano de uma semana para outra. Esta é a décima primeira semana consecutiva que a taxa está estacionada neste patamar.

Goldman Sachs prevê queda na produção de petróleo nos EUA Fonte Revista Exame/REUTERS 16/03/2015 às 09h 24 Cingapura - A queda do número de sondas de perfuração de petróleo nos Estados Unidos está apontando para um declínio na produção de óleo nos Estados Unidos no segundo trimestre, afirmaram analistas do Goldman Sachs nesta segunda-feira. O número de sondas de perfuração de poços de petróleo em atividade nos Estados Unidos caiu em 56 na semana passada, para 866 unidades, o menor nível desde março de 2011, segundo pesquisa da empresa de serviços Baker Hughes divulgada na sexta-feira. "A atual contagem de sondas está apontando para uma ligeira redução da produção nos Estados Unidos no segundo trimestre de 2015", afirmaram os analistas do Goldman Sachs em um relatório.

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