SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 18 DE SETEMBRO DE 2014
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Sob Dilma, desigualdade cresce em 2013 pela primeira vez desde 2001 Fonte Folha de São Paulo PEDRO SOARES do RIO MARIANA CARNEIRO de SÃO PAULO 18/09/2014 10h 00 No penúltimo ano do governo Dilma, o processo contínuo de melhora da distribuição de renda se estancou e já sinaliza um retrocesso nessa tendência, vivida pelo país desde o Plano Real. O índice de Gini, medida de desigualdade, mostrou uma discreta piora de 2012 para 2013. Passou de 0,496 para 0,498 no indicador que mensura exclusivamente a distribuição dos rendimentos do trabalho melhor referência disponível na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgada nesta quinta-feira (18) pelo IBGE. Na mesma tendência de ligeira piora, o índice de Gini que mede todas as fontes de rendimento (aposentadorias, transferências do governo, aluguéis e rendimento de aplicações) subiu de 0,504 para 0,505 entre 2012 e 2013. Quanto mais próximo de zero, melhor é a distribuição da renda do país. Em ambos os casos, foi o primeiro aumento desde 2001, período para o qual o IBGE tem dados disponíveis sob o novo modelo da Pnad. Mas os levantamentos anteriores com base em dados do próprio instituto oficial de estatística apontavam para uma melhora contínua desde 1995, mais forte nos primeiros anos do Real e no primeiro governo Lula.
DISPARIDADE DE SALÁRIOS A desigualdade cresceu especialmente porque a renda dos 10% mais riscos sobe mais (5,7%) do que a dos 10% mais pobres (3,5%). Esse cenário se dá diante do fraco crescimento econômico, da freada do mercado de trabalho e especialmente do pequeno crescimento real do salário mínimo –2,3%, ante 10% em 2012. Para Gabriel Ulyssea, economista do Ipea especializado em mercado de trabalho e desigualdade, os dados mostram um "retrocesso" na trajetória de melhora contínua da distribuição de renda do país desde o Plano Real. Em 2012, diz, a queda da desigualdade já mostrava uma forte desaceleração. Agora, avalia, o dado de 2013 "confirma uma mudança de tendência". Segundo Fernando Holanda, economista da FGV, já se notava uma "deterioração do mercado de trabalho" no ano passado, que se intensificou neste ano e desaguou na piora da distribuição da renda. Holanda diz que a menor expansão do salário mínimo em 2012 (2,3% por conta da fórmula que considera o PIB de dois anos antes) é um dos motivos para o crescimento da desigualdade. É que as faixas de renda menor estão mais vinculadas ao mínimo, diferentemente das mais elevadas. PIB FRACO Para Ulyssea, o fraco crescimento econômico tende a restringir mais o rendimento e o emprego das faixas de menor renda. "O baixo PIB é ruim para todos, mas prejudica mais os 2
trabalhadores de menor qualificação, que são mais vulneráveis à perda do emprego. Sem estarem empregados, sua renda cai a zero de um mês para o outro." Como "saída" para o país voltar a melhorar a distribuição de renda, o economista aponta o caminho do aumento da produtividade do trabalho, por meio da maior qualificação e instrução da força de trabalho, mais do que alargar programas de transferência de renda. "Será mais eficiente investir na escolaridade e na qualificação e aumentar a possibilidade de melhores rendimentos dos trabalhadores de renda menor. Não quer dizer que o Bolsa Família tenha de ser reduzido. Nada disso. Trata-se apenas de uma questão de dar mais ênfase a programas de qualificação." BOA NOTÍCIA A única boa notícia dos dados da Pnad no campo de rendimento e igualdade é o fato de que o rendimento do trabalhador segue em expansão, com alta de 5,7% em 2013. "É um aumento robusto, sem dúvida, mas o problema é que os maiores rendimentos subiram mais", diz Holanda. O rendimento médio mensal real de todos os trabalhadores em 2013 foi estimado em R$1.681. A renda dos homens era de R$ 1.890,00 e a das mulheres ficou em R$ 1.392,00. As mulheres recebiam, em média, 73,7% do rendimento de trabalho dos homens. Em 2012, essa proporção era de 72,8%. Todas as categorias tiveram aumento da renda, com destaque para servidores públicos estatutários (5,9%). Os demais tiveram alta abaixo da média: trabalhadores com carteira (4,4%) e trabalhadores sem carteira (5%). Em 2013, os maiores rendimentos do país eram dos trabalhadores do Distrito Federal (R$ 3.114) e São Paulo (R$ 2.083). Já os mais baixos ficaram com Piauí (R$ 1.037) e Ceará (R$ 1.019). Dentre os Estados, a renda subiu mais no ano passado em Amazonas (12,8%), Rio Grande do Sul (11,4%) e Bahia (10,3%).
A independência do BC Fonte Folha de São Paulo 18/09/2014 02h00 A independência do Banco Central entrou no debate eleitoral. O tema é bom porque tem implicações políticas relevantes, ainda que um tanto indiretas. No Brasil, o BC tem tido nas últimas décadas autonomia operacional para definir e executar a política monetária. A discussão atual é se seus diretores devem ter mandatos fixos e não coincidentes com o do presidente da República. Os políticos, como classe, têm motivos para resistir a tal independência do BC. Não se trata somente de o presidente não poder demitir um auxiliar, mas também de ter que trabalhar metade de um mandato com responsáveis pela política monetária escolhidos pelo governante anterior. Entretanto, individualmente e o presidente que aprovar essa medida teria a vantagem de indicar os diretores para todo o seu mandato e ainda para parte do governo seguinte. Os incentivos aos políticos apontam em sentidos opostos. No campo "técnico", o relevante é a concepção que cada lado tem sobre a economia e os objetivos do BC. Os economistas liberais creem que manter a inflação baixa, ao dar confiança aos investidores, é o melhor que o Estado deve fazer para propiciar o crescimento. Além disso, para eles a inflação é estritamente um efeito da expansão da moeda. A atuação do BC deve ser restrita ao controle da inflação, conforme parâmetros definidos pelo Executivo ou pelo Congresso, caso doregime brasileiro de metas. Com uma incumbência simples e bem definida, a independência do BC faria sentido por poupá-lo de influências políticas danosas: controlar agregados monetários e subir os juros é o preço que se paga de imediato pelo bem estar de longo prazo. A coisa muda de figura se o entendimento é que o BC tem responsabilidades mais amplas e toma decisões que implicam arbitrar interesses e conflitos distributivos. 3
Os objetivos concorrentes mais óbvios são o nível de atividade ou o de emprego. Ninguém quer inflação alta. Porém subir os juros para mantê-la muito baixa beneficia quem já tem renda elevada e, por isso, pode poupar. O mais pobres, que dependem do crescimento para ganhar mais, só teriam seus interesses supostamente atendidos no futuro. A cada momento, qual escolha é mais apropriada? E para quem? A influência política passa a ser desejável e deve ser levada em conta na avaliação técnica. Além disso, a função fundadora dos bancos centrais é a de dar estabilidade ao sistema financeiro, estabelecendo regras para atuação bancária e provendo liquidez quando necessário (o "banco dos bancos"), algo frequentemente conflitivo com o objetivo de manter a inflação muito baixa. Se ainda se considera que a inflação tem causas no mundo real, conter a expansão da moeda pode ser ineficiente, além de danoso. Por exemplo, quando nos anos de 1970 houve os choques do petróleo porque os países exportadores se cartelizaram, uma tentativa de restrição monetária visando contrabalançar essa mudança de preços relativos levaria a uma profunda recessão. Algo parecido vale para quebras de safras agrícolas e outros choques de custo. Nesse contexto, a missão do BC é bem menos inequívoca e definir suas políticas de forma isolada não faz sentido. Por que o presidente do BC deveria ter um status diferente do ministro da Fazenda? A conclusão é que o debate central não é sobre a independência do BC em si, e sim sobre seus objetivos. Resta ainda a questão de se os mandatos fixos são compatíveis com uma delegação mais ampla ao BC. A experiência dos EUA mostra que a inflação não é o único objetivo de seu BC (Fed). Ademais, seus presidentes sofrem influência política. Lá, a reclamação ortodoxa é de que o Fed, embora seja independente de direito, raramente o é de fato. Paul Volcker e Alan Greenspan, por terem priorizado o controle da inflação, seriam exceções e heróis. Contudo como mostra o artigo "Federal Reserve Independence: Reality or Myth?", disponível em bit.ly/1yi11qU, de Thomas Cargill e Gerald O'Driscoll-, eles adotaram esse foco porque tiveram o apoio de Ronald Reagan e Bill Clinton. Quer dizer, talvez mandatos fixos não façam tanta diferença. No entanto, soa mais apropriado o arranjo que deixa claro que o BC não se pauta só pela gestão técnica, mas também pela arbitragem de interesses e que isso é assunto da política.
Jorge Mattoso e Pedro Rossi: Dois projetos econômicos em disputa Fonte Jornal Folha de São Paulo 18/09/2014 02h 00 Ainda que o clima eleitoral possa encorajar posturas mais militantes, esperávamos que um economista experiente como Arminio Fraga se dispusesse a dialogar com opiniões divergentes com alguma serenidade. Lamentamos o tom e os termos de sua resposta ao nosso artigo publicado em 1º de setembro neste mesmo espaço. Mesmo assim, agradecemos sua resposta. Ela reforça nossa constatação de que desqualificar o interlocutor e apresentar questões econômicas como um problema técnico seriam apenas uma tentativa de esconder divergências essencialmente políticas ou determinados interesses econômicos. Divergências no campo da economia têm diferentes pontos de partida. O paradigma keynesiano fundamenta o papel do Estado na preservação de bancos públicos, no incentivo à diversificação da estrutura produtiva, no provimento de serviços sociais universais e na redução das desigualdades. Nessa perspectiva, os mecanismos de mercado seriam incapazes de garantir uma distribuição de renda mais igualitária ou o acesso de todos aos direitos sociais fundamentais. Já o paradigma neoclássico, que fundamenta o atual liberalismo econômico, tem outra visão do papel do Estado e das políticas sociais e da desigualdade de renda. Alguns economistas neoclássicos, como Gregory Mankiw, justificam explicitamente a desigualdade de renda e os 4
supersalários do setor financeiro alegando que as remunerações de mercado refletem a meritocracia e remuneram fatores de produção de acordo com a contribuição que esses proporcionam à sociedade. Esse argumento crê que a criação de riqueza depende de incentivos de renda. Por isso, a desigualdade seria funcional ao crescimento e deveria ser "corrigida" pelo próprio mercado. Com relação às políticas sociais, os neoclássicos defendem a focalização em detrimento do acesso universal aos serviços sociais. Ao Estado caberia apenas cuidar dos mais pobres, enquanto os demais buscariam no setor privado o atendimento de suas demandas. Portanto, além de refratários à distribuição da renda, há também evidentes contradições entre a visão neoclássica e o Estado de bem estar proposto pela Constituição de 1988. No debate brasileiro, os economistas neoclássicos mostram seu liberalismo ao defender a redução do Estado no setor produtivo e no sistema financeiro. Mas quando tratam da questão social e distributiva, o liberalismo esbarra em suas próprias contradições. Talvez venha daí a dificuldade de Arminio Fraga em explicar claramente aos brasileiros por que os salários cresceram "muito" e por que, na visão dele, isso seria ruim para a economia e a sociedade. Essas concepções marcam a diferença entre um projeto econômico liberal e outro em que o Estado seja ativo na garantia dos direitos sociais e na busca do crescimento econômico com distribuição da renda. O projeto liberal reaparece nas candidaturas de Aécio Neves e de Marina Silva trazendo de volta a possibilidade de o país retomar um padrão de crescimento concentrador de renda e de desmontar nosso incipiente Estado de bem-estar social. Em contrapartida, nos últimos 12 anos, o Brasil caminhou na direção da redução de nossa histórica desigualdade de renda mesmo em meio à turbulência da crise internacional– e a candidatura da presidenta Dilma Rousseff vem reafirmando esse compromisso. Se ninguém tem o monopólio do repúdio à pobreza, existem concepções diversas sobre igualdade, meritocracia e justiça social que diferenciam os dois projetos econômicos em disputa nesta eleição e que precisam ser cada vez mais explicitadas no debate público.
Previsão do tempo para 2015 Fonte Jornal Folha de São Paulo 18/09/2014 02h 00 O dólar foi a quase R$ 2,36 ontem, mais um degrau na escadinha que leva ao patamar de R$ 2,40, tido como o teto da banda disfarçada do Banco Central (de R$ 2,20 a R$ 2,40). O BC faria intervenções extraordinárias a fim de evitar desvalorizações extras do real, muito além de R$ 2,40, em tese um probleminha adicional no controle da inflação? Está, no entanto, difícil de saber se o dólar vai continuar sua escalada, se vai cair da escada ou mesmo tomar o elevador, como nos paniquitos do ano passado e do primeiro bimestre deste ano. Por ora, tudo depende da reação mais ou menos exagerada ou exorbitante da finança mundial às profecias de altas de juros nos EUA. Considere-se o caso da reação de ontem ao resultado da reunião do Fed, o banco central norte-americano, ao fim da qual se esperava mensagem mais incisiva sobre o início da normalização da política monetária, muito anormal faz quase seis anos. Tal especulação tem valorizado o dólar em relação às moedas dos "emergentes" nos últimos dez dias, por aí. A exposição de motivos do Fed e na entrevista de sua presidente, Janet Yellen, o tom geral foi: 1) A economia americana e mais ainda seu mercado de trabalho estão convalescendo; 2) Vamos praticamente deixar como está para ver como é que fica: a reação do Fed vai depender muito das próximas informações de conjuntura. As estimativas para a taxa de juros de curto prazo do pessoal do Fed, porém, subiram um tanto. Além do mais, dois membros do comitê de política monetária do Fed prefeririam um aperto para mais cedo (mais precisamente, que se indicasse que está aberta a possibilidade de o Fed agir mais cedo). 5
Na interpretação aparentemente mais comum na praça do mercado, entendeu-se disso tudo que o aperto, a alta de juros, fica para meados do ano que vem, mas será mais rápida, mais ainda que a prevista "no mercado". Sim, parece um pouco como ler o futuro na borra de café. Seja como o for, o resultado foi uma alta quase geral do dólar antes as moedas principais do mundo, na média a maior em 14 meses. Não adiantou Janet Yellen repetir várias vezes na entrevista coletiva de ontem que não era adequado fazer grande caso da mudança de projeções de juros. No que diz respeito a países ditos "emergentes", Brasil inclusive, há algum outro sinal de que a maré de humor da finança vai mudar de novo? Nuvensesparsas, como o mau desempenho médio de Bolsas emergentes nos últimos dez dias, devido a nova rodada de especulação sobre o crescimento chinês, "tensões geopolíticas" (Rússia, Ucrânia) e, claro, alta de juros na praça americana. Venha um novo paniquito, extravagâncias ou demências especulativas, com a do ano passado, convém lembrar pela enésima vez que alguma turbulência haverá até o ano que vem. Seja qual for o governo, alguma arrumação básica na política macroeconômica (gastos, inflação) será necessária também para evitar danos colaterais maiores da política americana (disparadas do dólar, estiagem de capitais, alta de juros). Não vai ser nada agradável se o país voltar a ser considerado "investimento especulativo" em meio a um tumulto da finança mundial.
Mercado aumenta pressão sobre BC e leva dólar para perto de R$ 2,38 Fonte Jornal Folha de São Paulo José de Castro 18/09/2014 às 12h48 SÃO PAULO - O dólar opera nesta quinta-feira ainda sob firme pressão compradora, com a moeda mais cedo atingindo máximas não vistas desde março, não muito distantes de R$ 2,38. Operadores comentam que, além do “efeito Fed”, que aunicou nesta quarta-feira a manutenção de sua política monetária, o mercado reage à incerteza sobre se o Banco Central reforçará as ofertas de swaps cambiais em leilões de rolagem. Às 12h45, o dólar comercial subia 0,39%, a R$ 2,3700. Na máxima, a moeda foi a R$ 2,3769, maior patamar intradia desde 14 de março (R$ 2,3780). No mercado futuro, o dólar para outubro tinha alta de 0,32%, a R$ 2,3745, após máxima de R$ 2,3850. No exterior, o dólar australiano subia 0,25% ante o dólar, enquanto o peso mexicano operava perto da estabilidade. A lira turca e o rand sul-africano, no entanto, perdiam ambas 0,20%.
Famílias americanas precisam poupar mais, nota Yellen Fonte Jornal Folha de São Paulo 18/09/2014 às 12h20 WASHINGTON - A Grande Recessão mostrou a um grande número de famílias americanas sua "vulnerabilidade extraordinária" a problemas financeiros porque têm poucos ativos a que recorrer, sustentou a presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), Janet Yellen. Pesquisa do Fed mostrou que despesas inesperadas de apenas US$ 400 podem forçar a maioria das famílias americanas a tomar empréstimo, vender algo ou simplesmente deixar de honrar o pagamento. "A crise financeira e a Grande Recessão mostraram, de maneira dramática e inequívoca, a vulnerabilidade extraordinária de grande parte das famílias americanas com poucos ativos para recorrer", sustentou Yellen em discurso em Washington. Ela observou que cerca de 25 milhões de famílias possuíam patrimônio líquido mediano de US$ 6,4 mil em 2013 e muitas delas não tinham nada poupado ou riqueza líquida negativa, o que implicava que as dívidas superavam seus ativos.
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"Para muitas famílias de baixa renda sem ativos, a definição de uma crise financeiro é um mês ou dois sem salário ou o aparecimento de uma doença repentina ou de alguma despesa inesperada", afirmou a dirigente do Fed. Yellen disse que o BC americano quer promover os esforços para incentivar as famílias a tomar pequenos passos para levar à acumulação de ativos ao longo do tempo.
Dólar alcança máxima em seis meses após Fed Fonte Jornal Folha de São Paulo José de Castro | De São Paulo18/09/2014 às 05h00 A sinalização do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de que a alta dos juros em 2015 pode ser mais forte do que o previsto anteriormente fez o dólar disparar ante o real e outras divisas na quarta-feira. O dólar comercial subiu 1,27%, a R$ 2,3576. Foi o maior nível desde 13 de março, quando a cotação terminou em R$ 2,3640. Essa, aliás, foi a máxima alcançada pela moeda ontem, o maior patamar intradia desde 14 de março (R$ 2,3780). Mas os ganhos do dólar não se restringiram ao real. A moeda americana superou os 108 ienes pela primeira vez desde 2008, enquanto bateu uma máxima desde março frente ao dólar australiano e à lira turca. A leitura geral é que o Federal Reserve não chegou a mudar o seu "plano de voo" para a normalização de sua política monetária, mas se mostrou mais disposto a alterá-la caso a economia assim permita. A mudança para cima no intervalo projetado pelo Federal Reserve para a taxa básica de juros nos EUA ao fim de 2015 reforça a expectativa de um dólar mais forte no próximo ano, diz a economista especializada em câmbio do Itaú Unibanco, Julia Gottlieb. O Itaú projeta que o dólar terminará este ano em R$ 2,40 e fechará 2015 em R$ 2,50. Essas previsões implicam valorização nominal de 1,80% e de 6,04%, respectivamente, em relação à taxa de fechamento de quarta. Para o especialista em câmbio da Icap Corretora, Italo Abucater, a primeira "prova dos nove" ocorrerá quando os mercados não contarem mais com essa injeção mensal de liquidez. "O fim desse programa é o sinal claro de que o paciente está se recuperando. O passo é retirar os aparelhos e depois observar a recuperação", diz Abucater, referindo-se à análise do desempenho econômico que o Fed fará após o fim do programa de compra de ativos. "No todo, o que parece claro hoje é que há mais apostas de alta de juro para 2015 do que para 2016. Eu acredito que será no primeiro trimestre já, mas certamente deve vir ainda nos primeiros seis meses do ano." Abucater diz que ainda há risco de as moedas emergentes sofrerem uma onda de ajustes como a vista no ano passado, quando o BC americano sinalizou pela primeira vez a intenção de normalizar sua política monetária. "E aí o fundamento vai voltar a pesar. [As moedas de] países com déficits em transações correntes mais altos, como Brasil e Turquia, podem sentir mais", diz o especialista. "E mesmo o 'carry trade', que ainda é alto, está diminuindo. Mesmo do lado técnico essas moedas podem sofrer." O gerente geral de tesouraria do Banco Daycoval, Gustavo Godoy, chama atenção para o patamar do dólar, que hoje superou os R$ 2,36 - cada vez mais próximo, portanto, do nível de R$ 2,40, visto pelo mercado como uma espécie de "teto", acima do qual aumentam as chances de intervenções extraordinárias feitas pelo Banco Central. Diante de um cenário de alta de juros nos EUA no próximo ano, Godoy afirma que a reação do real vai depender em grande medida da mensagem a ser passada pelo próximo governo. "A alta de juros nos Estados Unidos já tende por si só a mexer com os fluxos de capitais. Se isso acontecer num momento em que a desconfiança com o Brasil aumentar, o mercado pode começar a especular sobre a perda do grau de investimento. Isso, sim, provocaria um movimento amplo de saída de dinheiro do Brasil, que empurraria o dólar para níveis há muito tempo não vistos", diz. 7
CNI: Excesso de estoque da indústria é o maior desde junho de 2012 Fonte Jornal Folha de São Paulo Ana Conceição 18/09/2014 às 11h42 SÃO PAULO - A queda da produção da indústria brasileira se acentuou em agosto, na comparação com julho, mas apesar disso, o excesso de estoques no setor é o maior em mais de dois anos, de acordo com sondagem mensal realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Medida em pontos, a produção caiu para 48,2 no mês passado, de 48,8 registrados em julho. Números abaixo de 50 significam retração da atividade. Esse recuo foi puxado pela indústria extrativa (52,8 para 50,5 pontos), já que a de transformação permaneceu em 47,1 pontos. O número de empregados também seguiu em queda, embora menor: 46 pontos, de 45 no mês anterior. O volume de estoque acima do planejado, ou indesejado, já estava em alta e subiu ainda mais, de 51,5 para 52,2 pontos. É o maior nível desde junho de 2012. Esse aumento foi provocado pela indústria de transformação, onde os estoques não desejados subiram de 50,6 para 51,7 pontos. Na extrativa eles caíram de 48 para 46,5 pontos. A pesquisa também mostra que a ociosidade da indústria ainda é grande. A utilização da capacidade instalada ficou em 72%. A pesquisa também mostra uma deterioração das expectativas para os próximos seis meses. O indicador que mede a perspectiva de demanda cedeu de 54,9 em agosto para 53,3 pontos em setembro. O de número de empregados caiu para 47,8 pontos neste mês, o valor mais baixo desde abril de 2009. "A expectativa de queda do número de empregados para os próximos seis meses é a mais intensa e disseminada pela indústria", diz a pesquisa. As perspectivas também são negativas para as exportações. O indicador de expectativa de quantidade exportada para os próximos seis meses foi de 48,7 pontos em setembro. A pesquisa foi feita entre 1º e 10 de setembro, com 2.240 indústrias brasileiras. Destas, 857 são pequenas, 817 são médias e 556 são de grande porte.
Fed indica alta de juros mais rápida, mas não antecipada Fonte Jornal Folha de São Paulo 18/09/2014 às 05h00 O Federal Reserve Bank manteve o rumo e não indicou que esteja preocupado, neste momento, em antecipar aumento de juros, próximo passo da normalização monetária, após o encerramento da compra de títulos de Tesouro e hipotecas em sua próxima reunião. As projeções do Comitê de Mercado Aberto do Fed, porém, indicaram que o passo a ser seguido será um pouco mais rápido do que o traçado em suas projeções de junho. A dissidência de dois dos 10 diretores com direito a voto deixou claro que existe pressão voltada para elevação das taxas antes de meados de 2015. Os mercados financeiros pegaram carona em um estudo do Federal Reserve de San Francisco para montar posições especulativas sobre possível encurtamento do calendário do banco central americano para pôr fim à era dos juros perto do zero. A discussão esotérica envolvia a mudança na orientação futura que o banco dá aos investidores em torno do termo "tempo considerável" até que os juros iniciassem o processo de alta. A presidente do Fed, Janet Yellen, com apoio de boa parte do Fomc, não considera que o termo trace um horizonte temporal, e sim outro, dependente dos dados econômicos que orientam suas decisões. Segundo Yellen, em definição reiterativa, mas importante, se o Fed notar que a recuperação está mais forte que a prevista e que dessa forma os parâmetros que ditam o mandato do Fed serão atingidos antes do que era esperado, as taxas de juros subirão antes e ponto final. O contrário é igualmente verdadeiro: recuos inesperados levarão a um tempo maior de acomodação. A agitação do mercado em relação a juros mais altos já no início do próximo ano valorizou o dólar em relação ao euro e às moedas dos principais países emergentes, ao mesmo tempo em que deu início a uma reordenação de preços dos ativos, com menor ingresso de capitais para 8
bolsas e fundos emergentes. Com os resultados da reunião de ontem do Fed, é possível que esse movimento seja abortado, ou, então, seja mais brando e dilatado. O poder de uma alta de juros do Fed sobre os fluxos de capitais para os emergentes indica por que os mercados se agitam a qualquer possibilidade de mudança de calendário da normalização monetária americana. Uma alta de 0,5 ponto percentual, dos atuais 0,25% para 0,75%, significaria US$ 100 bilhões a menos no ingresso de recursos nos mercados emergentes, estima o Instituto de Finanças Internacionais, que reúne os maiores bancos do mundo. A realocação de recursos em função do poder de atração das taxas maiores nos EUA, com saída de recursos dos emergentes, pode ser ou não turbulenta, mas também é seguramente de grande impacto. Se os 500 maiores fundos mudarem a posição de apenas 1% de seus portfólios, estarão movendo nada menos de US$ 700 bilhões de um lugar para o outro. (John Authers, "Financial Times", ontem). No atual contexto, o rumo do dinheiro seria de saída dos mercados emergentes, onde as possibilidades de grandes retornos residiram até agora. O índice dos mercados emergentes do "Financial Times" contabiliza, por exemplo, um ganho para os investidores de 13% até o fim de agosto, comparado a 6% nos mercados desenvolvidos. Yellen disse que houve mudanças muito modestas no cenário de crescimento, emprego e inflação traçado pelos diretores do Fed, implicando que a delimitação anterior das condições para movimentos iniciais dos juros mantém-se basicamente correta. Não disse, mas ficou claro, que arriscar um tumulto nos mercados por um ajuste retórico de duvidosa eficácia no comunicado do Fed não faria sentido e poderia ser ruinoso. Supondo-se que tudo se comporte como prevê o Fed, a economia dos EUA alcançará em 2015 sua velocidade de cruzeiro - crescimento do PIB de 1,8% a 2,6%, desemprego de 5% a 6% e inflação de 2%. Para que o juro se comporte segundo o centro das projeções dos membros do Fed - que se deslocou da faixa de 1%-1,25% para 1,25%-1,5% em 2015 -, seriam necessários 5 reajustes de 0,25% a partir de junho. E para atingir os 3% de 2016, poderiam ocorrer mais 6 altas da mesma magnitude (o Fed se reúne 8 vezes por ano). A maioria do Fed projeta uma taxa de 3,75% para o fim de 2017. O Fed indicou que não começará a se desfazer do seu balanço de US$ 4,4 trilhões antes que seja dado o primeiro impulso altista nos juros, que será obtido principalmente por meio do ajuste da taxa que os bancos pagam para deixar suas reservas no Fed.
A "criativa" democracia brasileira Fonte Jornal Folha de São Paulo Maria Clara R. M. do Prado18/09/2014 às 05h00 Você já sabe quem vai escolher para ocupar as cadeiras de deputado e de senador na próxima legislatura? Tem ideia das propostas dos candidatos? Conhece os perfis, a história política de cada um? Tem ideia de como se posicionaram em questões nacionais relevantes? São perguntas cruciais porque nem todos os eleitores se preocupam comos candidatos que disputam o privilégio de representarem os anseios, as preocupações e as expectativas da sociedade brasileira no Congresso Nacional. Nem mesmo a mídia, seja escrita ou eletrônica, na TV ou no rádio, tem o hábito de promover debates com os postulantes aos cargos de deputado e senador. No entanto, a escolha desses políticos, no dia 5 de outubro, é tão importante quanto a decisão do voto para presidente da República ou para governador de Estado. Na "criativa" democracia brasileira, onde os partidos não têm plataforma de programa definida e nem seriedade quanto a planos, objetivos ou políticas, onde a fidelidade partidária é baixa e, portanto, onde o político fala mais por si do que pela agremiação, tudo é possível. Até mesmo a situação em que uma postulante ao mais alto cargo do Executivo, líder de um partido que não existe e concorrente por outro partido com o qual não tem afinidade, e, ainda, sem ter uma relevante base de sustentação partidária, consegue angariar suficiente simpatia popular a ponto de rapidamente posicionar-se nos primeiros lugares das pesquisas de 9
intenção de voto. Com quem essa candidata governará? Com que apoio político? Ninguém sabe e, diga-se, não parece haver muita gente interessada em saber. Essa incógnita, que pode estar na raiz de um lapso de governabilidade, serve de motivo ainda maior para que se faça uma escolha consciente e bem pensada do deputado e do senador que vão compor as forças políticas do Congresso Nacional. Sim, porque no rastro da criatividade da democracia brasileira, tão generosa a ponto de admitir que nada menos do que 28 partidos políticos venham a ter representantes nos plenários da Câmara Federal e do Senado conforme se prevê a partir de 2015, a inexistência de uma ampla coligação partidária, bem costurada e amarrada ainda no processo eleitoral, significa elevar à máxima potência o lema dos Três Mosqueteiros. Mas a vida também não será fácil para os outros candidatos com possibilidade de vencerem as eleições. Um sistema político montado sobre uma estrutura partidária frágil e fragmentada, sem ideologia definida, tem contribuído para deteriorar as relações políticas entre os poderes Executivo e Legislativo e, par e passo, as contas públicas. A prática do "toma lá, dá cá" que tão bem resume o comportamento fisiológico de partidos e políticos parece crescer a cada período de mandato. Não se pode dizer com orgulho que a democracia brasileira comprovou na prática que é possível funcionar com vários partidos, contrariando a norma do bipartidarismo que tem predominado em outros países. A aberração brasileira só consegue funcionar a um custo muito alto para a sociedade. E o preço tende a aumentar. Se considerarmos os prognósticos sobre a futura composição da Câmara dos Deputados realizados pelo Diap - Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar - com base em informações como serviços prestados, vinculação a grupos políticos, econômicos e sociais, influência regional, estrutura partidária e apoio financeiro, mudanças expressivas na quantidade de parlamentares por partido devem ocorrer a partir desta eleição. O Diap trabalhou com três projeções de número de deputados para cada partido - a maior, a média e a menor. Para facilitar, considera-se aqui a projeção média feita pelo Diap em comparação com a situação atual. Neste sentido, os grandes partidos devem perder representantes na Câmara dos Deputados na próxima legislatura, com exceção do PSDB que, em termos médios, deverá manter os 44 deputados atuais (eram 70 em 2002). O PMDB é um dos que mais deve perder deputados passando de 72 para 60. A representatividade do PT tende a cair de 88 para 82, o PSD de 45 para 38, enquanto que o PP e o PR devem perder cinco parlamentares cada. O DEM deve encolher ainda mais, de 28 para 22 deputados. Mas há também prognóstico de crescimento no número de deputados do PSB, de 24 para 28, no PTB, de 18 para 22, no PRB, de 10 para 13 e no PPS, que chegou a ter 15 deputados em 2002, caiu para 6 e deve aumentar para 10 a partir do ano que vem. Em suma, a se confirmarem as previsões médias do Diap, a coligação partidária que hoje dá sustentação ao governo Dilma Rousseff deve encolher de 334 parlamentares para 303. Também a soma de deputados dos partidos coligados com o PSDB deve se reduzir de 119 para 112. Os partidos da estreita base que apoia hoje a candidata Marina Silva devem somar em 2015 algo em torno de 45 deputados, um pouco menos, um pouco mais. Parece claro que, juntos, PT, PMDB e os demais partidos que compõem a coligação atual do governo tendem a manter larga maioria simples na Câmara dos Deputados, mas, supondo que a presidente Dilma se reeleja e que a coligação permaneça a mesma, a margem vai se estreitar. Para os demais candidatos, muita composição terá de ser feita depois das eleições, se forem vencedores, para garantir a governabilidade, com a perspectiva da dificuldade ser maior para Marina do que para Aécio. Mas, é claro, tudo vai depender do preço cobrado e da disposição em atender aos pedidos, no jogo das barganhas que fazem parte da estrutura política do país. É possível que este jogo seja minimizado, dependendo dos nomes que venham a ser escolhidos para ocuparem as cadeiras na Camara e no Senado. Gente que tenha vergonha de trocar votos por benefícios próprios, gente que pense mais no país do que nos interesses pessoais, gente, enfim, que tenha brios e sinta orgulho de ocupar um dos mais importantes 10
papéis no cenário político nacional. Quantas seriam essas pessoas? Você está disposto a procurar na lista de candidatos a deputado e a senador, os nomes que mais se aproximam daquelas características? O trabalho vale a pena, pois pode garantir ao próximo presidente da República o nível de governabilidade necessário com a mínima fisiologia possível.
Atual ciclo de expansão global pode ser um dos mais longos Fonte Jornal Folha de São Paulo Sergio Lamucci de Washington17/09/2014 às 05h00 O atual ciclo de expansão global já dura cinco anos e pode facilmente continuar por outros cinco, tornando-se o mais longo desde os anos 1970, aposta o Morgan Stanley. Embora o ritmo de crescimento seja fraco, o banco de investimentos considera que a economia mundial tem fôlego para avançar por um bom tempo sem cair abaixo de 2,5% ao ano, normalmente apontado como o nível que configura uma recessão global. Para este ano, a expectativa do Morgan Stanley é de uma avanço de 3,1% do PIB mundial. Para justificar a sua avaliação, o banco ressalta a ociosidade ainda elevada na economia global e a expectativa de que a política monetária continue expansionista por um bom tempo nos países ricos. Além disso, os ciclos econômicos nos vários países não estão sincronizados, o que reduz o risco de aquecimento conjunto excessivo, diz o economista-chefe global do banco, Joachim Fels, no relatório "Mais Baixo, Mas Mais Longo" (Lower, but Longer). Segundo ele, um padrão cíclico global só apareceu nos anos 1970, "refletindo ligações crescentes por meio do comércio e dos fluxos de capitais, e também pelo advento de choques comuns, como o dos preços do petróleo nos anos 1970 e começo dos anos 1980". Nos últimos 40 anos, os ciclos de expansão globais duraram entre quatro e oito anos, tendo em média 6,2 anos. Ao esmiuçar por que o atual ciclo pode ser tão longo, Fels destaca que a recessão de 2008 e 09 criou uma ampla folga de recursos na economia global, ainda não eliminada pela recuperação modesta. O crescimento dos salários e a inflação estão em geral muito baixos no mundo, avalia. Em muitos países, os índices de preços estão abaixo da meta dos bancos centrais. A falta de sincronia do atual ciclo é um fator importante na aposta do Morgan Stanley numa fase de crescimento duradouro, ainda que a taxas pouco robustas. Enquanto alguns países já estão numa recuperação mais forte, como os EUA, outros vivem desaceleração ou recessão, como a zona do euro ou vários emergentes. "O que geralmente coloca um fim a expansões globais é a combinação de aquecimento conjunto excessivo e aperto monetário pelos bancos centrais. Nós não estamos perto disso." Por fim, a política monetária deve continuar expansionista por muito tempo, num cenário de crescimento ainda modesto e inflação sob controle. Fels espera que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) só comece a elevar os juros em 2016, enquanto a maior parte do mercado aposta num aumento em meados do ano que vem. Mas mesmo os analistas que preveem uma alta mais cedo dos juros consideram que as taxas devem subir lentamente. O Morgan Stanley diz ainda que o Banco do Japão (o BC japonês) adotará medidas adicionais de estímulo monetário em outubro e vê uma possibilidade de 40% de o Banco Central Europeu (BCE) também passar a comprar títulos dos governos, para tentar tirar a economia da estagnação. No início do mês, o BCE reduziu mais os juros e anunciou um programa de compra de títulos lastreados em ativos privados. Esses motivos levam Fels a ver o "copo meio cheio", acreditando numa expansão bastante prolongada. O fato de o crescimento global estar longe de ser exuberante ajuda nessa avaliação. No relatório, aliás, o Morgan Stanley promove pequenas reduções das estimativas de crescimento global de 2014, de 3,2% para 3,1%, e de 2015, de 3,7% para 3,5%. Segundo Fels, os países ricos avançam a duas velocidades, com zona do euro e Japão caminhando mais devagar, enquanto EUA e Reino Unido crescem com mais força. Para a zona do euro, o banco espera expansão de 0,8% neste ano, inferior ao 1% previsto em junho. Enquanto isso, os EUA devem crescer 2,1% neste ano e 2,8% em 2015. 11
A expectativa é de um segundo semestre mais forte nos países desenvolvidos. Depois de crescer a uma taxa anualizada de 1% na primeira metade do ano, a estimativa é de um avanço de 2% a 2,5% no segundo semestre, acomodando-se na casa de 2% no ano que vem. Nos países emergentes, a atividade parece ter atingido o nível mais baixo e começado a se recuperar, diz Fels, alertando, porém, que o crescimento deve continuar fraco em termos históricos, avançando um pouco em 2015. Ele ressalta que os principais países desse grupo estão em momentos muito diferentes do ciclo. "Vemos uma recuperação decente puxada pelas reformas na Índia, esperamos que a expansão do PIB da China fique um pouco acima de 7% na segunda metade de 2014 e em 2015, e prevemos uma ampla estagnação em curso no Brasil e uma recessão aberta na Rússia", afirma Fels. Em junho, o Morgan Stanley esperava um avanço de 1% do PIB brasileiro em 2014; agora, aposta em apenas 0,2%. Para 2015, a estimativa é de 0,3% - antes era 0,9%.
Orçamento de 2015 conta com receitas do pré-sal antes de leilão Fonte: Jornal Valor Leandra Peres e Ribamar Oliveira de Brasília18/09/2014 às 05h00 O governo incluiu ganhos de receita com novas licitações do pré-sal no Orçamento do ano que vem, apesar de não haver até agora nenhuma definição oficial sobre novas licitações no modelo de partilha em 2015. Segundo informações enviadas esta semana ao Congresso Nacional, o Tesouro receberá R$ 4 bilhões em novembro de 2015 com o "bônus de assinatura do contrato de partilha do campo de Pau-Brasil" para fechar as contas fiscais no ano que vem. O governo estima que o campo tem 2,5 bilhões de barris de óleo equivalente (boe). Ontem, ao ser consultado pelo Valor, o Tesouro Nacional desautorizou o conteúdo do documento que foi encaminhado aos parlamentares pela presidente Dilma Rousseff em despacho no "Diário Oficial da União" de sexta-feira. Os dados também são uma exigência da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Em resposta enviada pela assessoria de imprensa, o Tesouro informou que "qualquer citação feita sobre algum campo de petróleo específico deve ser desconsiderada" e que os valores previstos "são apenas estimativas". Acrescentou que "maiores detalhes serão anunciados pelos órgãos competentes no momento oportuno" e que a arrecadação prevista leva em conta o ocorrido no setor de petróleo e gás nos últimos dois anos. A receita total com concessões e permissões no Orçamento de 2015 é de R$ 13,3 bilhões. O valor estimado para este ano é um pouco maior (R$ 15,4 bilhões), mas só terá chances de ser alcançado se o governo conseguir realizar o leilão da frequência de celulares de 4G marcado para o fim deste mês. Além do setor de petróleo, as outorgas de telecomunicações e as concessões de rodovias devem responder pela maior parte das receitas em 2015, com R$ 2,3 bilhões e R$ 2,5 bilhões respectivamente. A promessa contida no Orçamento é de um superávit que varie entre 2% do PIB e 2,5% do PIB em 2015, que não será facilmente obtido. O governo já sofre com a perda de arrecadação pelo fraco desempenho econômico e no ano que vem não poderá contar com receitas extraordinárias no volume esperado para 2014. O detalhamento do Orçamento enviado pelo governo ao Congresso também inclui a estimativa de ganhos de R$ 1,081 bilhão com os bônus de assinatura da 13 ª rodada de licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que não são áreas do pré-sal. A intenção é realizar os leilões ainda no primeiro semestre do ano que vem. Numa repetição do que costuma acontecer na elaboração do Orçamento de cada ano, o governo também elevou significativamente as receitas com as chamadas cota-parte de compensações financeiras, que reúne basicamente o pagamento de royalties do petróleo e dos recursos hídricos. Este ano, a estimativa é de uma receita de R$ 48,9 bilhões. Em 2015, o governo acha que poderá ter um aumento de quase 22% nessas receitas e arrecadar R$ 58,4 bilhões. 12
O documento enviado ao Congresso também contém uma lista do que o governo considera "oportunidades de receita". Os valores contidos na lista não foram incorporados ao projeto de lei como fontes de receitas para 2015. Mas a lista contém, no mínimo, algumas peculiaridades. Há, por exemplo, chances de o governo obter R$ 5,8 bilhões na concessão de ferrovias. O modelo já anunciado, no entanto, não prevê pagamentos de outorgas ao longo das concessões. A União também lista como possibilidades de receitas a concessão dos aeroportos de Curitiba (R$ 1,3 bilhão), Recife (R$ 1,3 bilhão) e Cuiabá (R$ 376 milhões), embora nem mesmo as discussões técnicas para tratar dessas concessões tenham começado. O mesmo acontece com a receita de recursos minerais no valor de R$ 966 milhões. Onovo Código Mineral está travado no Congresso e sem a aprovação da lei não é possível fazer qualquer dessas licitações. O Ministério do Planejamento disse que não tinha informações a acrescentar além do que o Tesouro explicou. O Ministério de Minas e Energia disse que o Tesouro responderia pelo governo.
Desemprego sobe pela primeira vez desde a crise de 2009 FONTE: VINICIUS NEDER - O ESTADO DE S. PAULO18 Setembro 2014 10h 00 Taxa foi de 6,5% em 2013, acima dos 6,1% registrados em 2012, segundo dados da Pnad. A taxa de desemprego nacional, medida anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou em 6,5% em 2013, acima dos 6,1% registrados em 2012, a primeira alta desde 2009, quando a economia ainda sofria os piores efeitos da crise mundial de 2008. O dado foi revelado nesta quinta-feira, com a divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Embora a taxa do ano passado ainda esteja abaixo da de 2011 (6,7%), foi quebrada a sequência de recordes de baixas, ainda mantida na taxa mensal de desemprego, calculada apenas nas seis principais regiões metropolitanas do País, mas cuja divulgação foi afetada pela greve no IBGE. A última taxa mensal conhecida se refere a abril e foi de 4,9%, abaixo dos 5,8% de igual mês de 2013 e a mais baixa para meses de abril de toda a série histórica. Tradicionalmente, a taxa mensal fica abaixo da taxa anual medida pela Pnad. São duas as principais diferenças: a abrangência da taxa anual é muito maior e a taxa mensal é medida mês a mês, enquanto na Pnad a pesquisa é feita apenas em uma semana. Como o IBGE não divulgou a taxa mensal fechada para as seis regiões metropolitanas de maio para cá, não se sabe se a sequência de recordes de baixa tem sido mantida. Em 2013, a média da taxa mensal ficou abaixo de 2012, mas a alta do desemprego em regiões não captadas pela pesquisa mensal poderia explicar as diferenças. A taxa de desemprego anual subiu de 2012 para 2013 porque o número de desempregados avançou mais do que o número de empregados e mais do que o da população em idade ativa (PIA, o total de pessoas com mais de 15 anos). "Embora tenha havido um aumento da população ocupada, com mais pessoas trabalhando, houve uma pressão no mercado de trabalho de pessoas se inserindo, procurando trabalho, que teve reflexo na taxa de desemprego", afirmou Maria Lucia Vieira, gerente da Pnad. O instituto calculou 95,9 milhões de pessoas trabalhando em 2013, 0,6% acima do ano anterior. O total de desempregados somou 6,7 milhões de pessoas, 450 mil a mais, ou 7,2% 13
acima de 2012. Aí estão incluídas tanto pessoas que perderam seus empregos quanto gente que chegou ao mercado de trabalho e não encontrou o primeiro emprego. Disparidades. A taxa de desemprego subiu mais na região Norte, de 6,3% em 2012 para 7,3% em 2013. Pará (de 5,8% para 7,3%), Acre (5,8% para 7,6%) e Amapá (9,9% para 12,1%) puxaram a alta. Nenhuma região metropolitana do Norte está incluída na taxa mensal calculada pelo IBGE. No Nordeste, a taxa de desemprego avançou de 7,6% em 2012 para 8,0% em 2013, mas o Rio Grande do Norte viu um avanço bem maior, de 7,1% para 11,0%. No Sudeste, a taxa de desemprego subiu de 6,1% para 6,6% (São Paulo foi de 6,2% para 6,6%), com destaque para a piora no emprego na indústria. Segundo o IBGE, houve redução de 3,5% (ou 470 mil empregados) no contingente de trabalhadores da indústria. Na contramão, a taxa de desemprego na região Sul passou 4,2% para 4,0%, com queda de 2,2% no contingente total de desocupados, para 637 mil pessoas. Formalização. Se o desemprego subiu no ano passado, pelo menos o processo de formalização no mercado de trabalho foi retomado. O porcentual de empregados que possuíam carteira de trabalho assinada atingiu nível recorde em 2013, de 65,2% do total de empregados (sem contar trabalhadores domésticos). Em 2012, tinha havido uma estagnação, com 64,1%, mas ano passado o processo de formalização, iniciado em 2003, foi retomado. A partir de 2003, houve crescimento do emprego com carteira de trabalho assinada, alcançando 65,2% em 2013, expansão de 9,9 pontos percentuais frente a 2001. "Os empregados com carteira no setor privado vêm crescendo. A gente já acompanha isso desde 2004", comentou Maria Lucia.
Produção industrial volta a cair e setor prevê mais demissões, diz CNI FONTE: AGÊNCIA ESTADO18 Setembro 2014 12h 11 Expectativa de recuperação do setor após o fim da Copa do Mundo e com a proximidade do fim de ano não se confirmou. A utilização da capacidade instalada (UCI) da indústria subiu dois pontos porcentuais em agosto na comparação com julho, registrando 72%, ante 70%. Apesar disso, a indústria reduziu a produção. Em agosto, o índice de produção recuou para 48,2 pontos, de 48,8 pontos registrados em julho. Os dados constam da pesquisa Sondagem Industrial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). "Esperávamos alguma melhora na comparação com julho e junho, que foram meses afetados pelas paralisações parciais e totais por conta da Copa do Mundo e também por conta da proximidade do período do final de ano, mas o cenário em agosto permaneceu tão negativo quanto nos meses anteriores", diz o economista da CNI, Marcelo Azevedo. 14
O quadro negativo da economia está levando os empresários a preverem demissões nos próximos seis meses. "A expectativa de queda do número de empregados para os próximos seis meses é a mais intensa e disseminada pela indústria", diz a entidade. O nível de emprego na indústria melhorou no mês passado, subindo para 46 pontos, ante 45 de julho. Mas a melhoria não sinaliza recuperação. A pontuação abaixo de 50 pontos na pesquisa indica retração. A expectativa negativa já tem impacto na previsão de geração de vagas em setembro, com a indústria esperando 47,8 pontos para o indicador - a mais baixa desde 2009. A projeção das grandes empresas é de que o indicador de empregados atinja 48,3 pontos na pesquisa deste mês, contra 48,9 pontos do mês passado. As médias companhias estimam 46,4 pontos neste mês, ante 47,9 da expectativa para agosto. Os pequenos empregadores são os mais otimistas, pontuando uma expectativa de 48,4 pontos para setembro, numa pequena variação ante os 49,5 pontos do mês anterior. A pesquisa registra índice de nível de estoque efetivo em relação ao planejado de 52,2 pontos, o maior desde junho de 2012. "O indicador acima dos 50 pontos revela o aumento dos estoques indesejados", assinala a CNI. Expectativa. Além do cenário negativo para a geração de emprego, a pesquisa também registrou o pessimismo dos empresários para as exportações. O indicador de expectativa de quantidade exportada para os próximos seis meses foi de 48,7 pontos em agosto. Isso representa perspectiva de queda nas exportações. A pesquisa foi realizada entre 1º e 10 de setembro, com 2.240 indústrias brasileiras. Dessas, 857 são pequenas, 817 são médias e 556 são de grande porte.
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