SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 18 DE MARÇO DE 2015
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Para FMI, países emergentes devem se preparar para alta de juros nos EUA Fonte REUTERS 17/03/2015 às 11h 36 Os mercados emergentes têm que se preparar para o impacto de uma alta na taxa de juros dos Estados Unidos que pode surpreender tanto pelo seu momento quanto pelo ritmo, afirmou a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, nesta terça-feira (17), na Índia. Em discurso em Mumbai, Lagarde alertou que o chamado "furor de retirada gradual de estímulos" que afetou os mercados emergentes em 2013 pode se repetir. Naquela época, o então chefe do Federal Reserve Ben Bernanke deixou investidores atribulados quando falou sobre as condições que poderiam levar o Fed a reduzir suas compras de títulos de 85 bilhões de dólares por mês, cujo objetivo era estimular a economia. "O perigo é que as vulnerabilidades que se acumularam durante um período de política monetária bastante expansionista podem se revelar repentinamente quando tal política é revertida, criando volatilidade substancial no mercado", disse Lagarde em declarações preparadas. "Nós já tivemos uma amostra durante o furor de retirada gradual de estímulos. Temo que isso possa não ser um episódio isolado." Lagarde disse que economias avançadas podem ajudar a reduzir o risco de volatilidade no mercado ao comunicar claramente as intenções de política. Mas acrescentou que os mercados emergentes que atacaram as vulnerabilidades econômicas se deram melhor em 2013. "Em particular, crescimento mais alto do PIB, posições mais fortes de conta corrente externa, inflação mais baixa e mercados financeiros mais líquidos ajudaram a amortecer a volatilidade do mercado", disse Lagarde, acrescentando que um setor de serviços financeiros mais adaptável ajudaria.
PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O DÓLAR Fonte Jornal Folha de São Paulo 18/03/2015 às 02h 00 1 Por que o dólar sobe? Há razões internas e externas. As crises política e econômica brasileiras afastam investidores do país. A queda nas exportações também reduz a entrada de dólares na economia. No exterior, a sinalização de que o BC americano deverá elevar os juros faz o dólar subir 2 Por que a alta dos juros nos EUA faz o dólar subir no Brasil? A alta de juros eleva a remuneração dos títulos da dívida americana. Com isso, investidores que migraram para ativos de emergentes (com remuneração maior, porém mais arriscados) na crise tendem a retornar aos EUA 3 Há um limite para a valorização da moeda? É difícil prever. Há projeções de que o dólar poderia chegar perto de R$ 4; outras indicam que a moeda retornaria para perto de R$ 3. Analistas consultados pelo boletim Focus, do Banco Central, projetam que o câmbio pode fechar o ano a R$ 3,06
Negociação fica mais dura para quem exporta Fonte Jornal Folha de São Paulo 18/03/2015 às 02h 00 Os exportadores comemoram a alta do dólar, mas, desta vez, com ressalvas. A primeira delas é que o real não é a única moeda que está se desvalorizando. Portanto, rivais do Brasil também estariam se tornando mais competitivos. A falta de previsibilidade afeta as negociações, que estão mais duras. 2
Cientes da desvalorização do real, os importadores pedem descontos. Para os exportadores, é difícil estabelecer quanto podem conceder. Eles ainda não sabem qual será o impacto do câmbio nos custos, que também serão afetados por reajustes da energia e por mudanças na desoneração tributária da folha de pagamentos. "Está difícil uma estabelecer negociação. Depois que a taxa de câmbio se consolidar, ficará mais fácil", diz Heitor Klein, presidente da Abicalçados. "A recuperação de mercados vai depender do grau de desvalorização real da moeda. E essa equação ainda não está fechada", diz Fernando Pimentel, da Abit. A oscilação do câmbio é outro ponto levantado pelos exportadores. "O empresário não sabe se pode esperar receber, pela mercadoria que vende hoje, o mesmo valor em reais daqui a quatro meses, quando o produto chegar ao destino", diz Fernando Figueiredo, da Abiquim.
Câmbio trava crédito e reduz prazos dos exportadores Fonte Jornal Folha de São Paulo 18/03/2015 às 02h 00 TONI SCIARRETTA DE SÃO PAULO A escalada do dólar foi tão rápida que até os exportadores, que, em tese, se beneficiam da alta da moeda, estão com dificuldade para fechar contratos para adiantar o dinheiro de vendas que já foram acertadas no exterior. Nessas operações, chamadas ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio), o exportador repassa ao banco o direito de receber no futuro o pagamento do que foi exportado e recebe o valor adiantado, pagando juros. O exportador recebe em reais, no câmbio atual. Com a imprevisibilidade do câmbio, os prazos desses contratos ficaram menores. De dez meses, média em 2013, passaram a apenas seis. Diante da instabilidade, a indústria não tem fechado adiantamentos por prazos superiores a 90 dias; apenas grandes exportadores de commodities conseguem prazos de dois anos. Em fevereiro, o volume dessas operações caiu para US$ 2,177 bilhões 36% menos que os US$ 3,417 bilhões do mesmo mês de 2014. No mês passado, o dólar saltou de R$ 2,689 para R$ 2,856. A situação continuou instável no início de março, quando o dólar subiu quase 15% de R$ 2,856 para R$ 3,28 até a manhã desta terça (17). Só foram fechados US$ 685 milhões em adiantamentos na primeira semana do mês, dado mais recente do BC. O volume diário é quase 15% menor do que no mesmo período do ano passado, mas supera o de fevereiro. "O problema não é tanto o valor do dólar, mas a volatilidade. O exportador está com dificuldade para encontrar um ponto de equilíbrio. Mas vai ter que achar essa taxa", diz Tarcisio Joaquim, diretor de câmbio do Banco Paulista.
Estatal está perto de se tornar um pária no mercado Fonte "FINANCIAL TIMES" Tradução de PAULO MIGLIACCI 18/03/2015 A Petrobras tem um sério problema de imagem (e ele não se limita ao recente escândalo). O mercado simplesmente despreza a estatal. Pesquisa do Credit Suisse com 160 administradores de carteiras de investimento mostra que a maioria deles desaprova as recentes mudanças na gestão e quase um quinto considera que a empresa nunca (nunca!) gerará fluxo de caixa livre. O problema principal é a queima de caixa. Dados os preços mais baixos do petróleo, é provável que o déficit se agrave neste ano, a despeito da promessa da direção da empresa de reduzir os gastos. A maioria das companhias captaria recursos no mercado para cobrir essa lacuna. Mas a dívida da Petrobras já é perigosamente alta. Logo, acumular mais dívidas não é o caminho para reconquistar o coração dos investidores. Outras opções são a venda de ativos e a emissão de ações, mas, após isso, há o trabalho sério: garantir que o déficit não volte a ocorrer o que pode significar um corte nos investimentos de até 50%. 3
Isso é muito agressivo. Mas a Petrobras está perto de se tornar um pária no mercado. A outra opção seria um resgate integral pelo Estado.
Aperte o cinto, mas não viaje Fonte Jornal Folha de São Paulo 18/03/2015 às 02h 00 MENOS CONSUMO vai ser o mote ou o resultado médio da economia brasileira no biênio 2015-2016, pelo menos. Devemos gastar menos também no exterior. "Devemos" é tanto previsão como necessidade. Consumimos menos lá fora quando o preço dos importados em geral fica mais alto: quando o real se desvaloriza. De quanto teria de ser a desvalorização do real, a "alta do dólar", para a economia do país se readequar sem sustos ou riscos de solavancos graves ao novo ambiente mundial e às nossas novas precariedades? Isto é, qual a taxa de câmbio compatível com um déficit externo "sustentável"? Os economistas do departamento de pesquisa do Itaú fizeram uma estimativa (na verdade, eles e parte da torcida do Flamengo, mas passemos). No cenário básico, médio, "caminho suave", o real deslizaria para R$ 3,10 ao fim deste ano, para R$ 3,40 em 2016 e R$ 3,60 em 2017, não sem antes alguns solavancos na taxa de câmbio ("overshootings", exageros). Assim, o déficit externo baixaria dos atuais 4,2% do PIB para algo na faixa entre 2,5% e 3% do PIB (sendo de 2,5% o nível "sustentável" estimado pelos economistas). Trocando em miúdos grossos, trata-se de uma redução de 1,5 ponto percentual da demanda doméstica em resumo pitoresco, menos viagens no exterior, menos gasto de cartão de crédito no exterior, menos produtos importados e, mais importante e a princípio, menos investimentos, pois máquinas e equipamentos estarão mais caros e, por ora, sem uso. Mas, ainda assim, nessa estimativa o caminho é suave; posto assim não parece muito dramático, em especial para a inflação. Vai haver menos recursos disponíveis para o Brasil financiar seu excesso de consumo e investimento, seu déficit externo (grosso modo, a diferença entre o que consumimos e o que produzimos, que deve ser importada e, de algum modo, financiada). Por quê? Na opinião dos economistas do Itaú, primeiro, a recuperação da economia americana e a decorrente alta de juros por lá vão reduzir a oferta de capital no mundo, ampla e barata faz quase dez anos. Segundo, há menos confiança na economia brasileira, que prejudica a atração de investimentos "na produção" e de aplicações financeiras. Terceiro, os sinais do governo de que seriam contidas as intervenções no câmbio, com o que o dólar subiria de preço mais rapidamente (o que, a princípio, afasta investidores externos). O ano seria particularmente difícil também porque, por exemplo, haverá mais dívida externa a vencer neste ano. Porque as captações (empréstimos) de empresas no exterior serão menores: as empreiteiras flagradas na Operação Lava Jato estão sem crédito, esse rolo afetou o crédito de outras empresas e o custo dos empréstimos. Se a transição para esse déficit externo menorzinho dependesse apenas de nós, a tarefa não seria lá fácil, mas seria administrável. O problema é que os donos do dinheiro grosso do mundo não se entendem sobre o que será de juros e preços de moedas de países centrais (dólar, euro). Menos ainda, se haverá tumulto na transição. Tudo depende de como e quando o BC dos EUA, Fed, vai começar a elevar seus juros. Outra temporada dessa série, novela, começa hoje, dia de decisão do Fed.
Campo aproveita mal tecnologia, diz produtor Fonte Jornal Folha de São Paulo 18/03/2015 às 02h 00 Os gargalos do agronegócio vão além do comportamento do dólar e passam por uma ampliação do conhecimento e das informações disponíveis no setor. A avaliação é de Rui Prado, presidente do sistema Famato (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso). 4
As indústrias voltadas para o fornecimento de insumos e equipamentos para o setor já têm ciência dessa necessidade e começam a agregar empresas de informação sob seu guarda-chuva. Prado diz que é necessário levar o conhecimento também para dentro das fazendas, onde ainda há uma forte ausência. Para ele, é necessário que o país caminhe rapidamente para sanar esse gargalo de conhecimento no setor agropecuário. O presidente da Famato cita o exemplo das máquinas agrícolas. O avanço da tecnologia disponível nesses equipamentos é grande, mas o aproveitamento final do produto, muito pouco. As máquinas são muito bem desenvolvidas na indústria, mas têm uma utilização bem inferior ao que podem oferecer no campo, aponta. Em uma escala de 10 para a tecnologia disponível na máquina, o aproveitamento no campo fica em apenas 5, afirma. Na avaliação de Prado, as entidades voltadas para o campo buscam ampliar o conhecimento das pessoas envolvidas na produção. Uma ação mais ampla depende, no entanto, de um programa de governo. E isso passa até por uma mudança curricular do ensino. Não faz sentido orientar todos para carreiras como as de advogados ou médicos se muitos vão necessitar mesmo é de conhecimentos técnicos. Um grande desafio do setor rural hoje é encontrar trabalhadores capacitados para os novos equipamentos à disposição da agricultura. Algumas máquinas chegam a valer até R$ 1,3 milhão atualmente e, apesar do salário elevado, é muito difícil encontrar um profissional preparado para o uso adequado desses equipamentos. Prado diz que um operador de máquina que atua no campo chega a ganhar o correspondente a R$ 9.000 em São Paulo atualmente. Ele considera nesse valor o fato de o trabalhador rural não ter custos de moradia, alimentação, transporte, água e luz. Apesar do salário, o país não está preparado para fornecer todos os profissionais exigidos pelo setor, de acordo com ele. Volta no tempo Os chineses continuam com o firme propósito de comprar soja brasileira. Mas, agora, parte deles procura os produtores de Mato Grosso e quer a soja em saca. Isso mesmo, soja ensacada. Custos Seria uma boa para a indústria de sacaria, mas alguém teria de pagar a conta desse custo. A soja ensacada seria colocada em contêineres em Mato Grosso e levada diretamente para a China. Facilita Para os chineses, a soja ensacada faz sentido porque o transporte interno de grãos é feito por meio de sacos. Quando chega ao porto chinês, a soja é ensacada e distribuída para as empresas, principalmente às menores. Boi gordo A arroba foi negociada a R$ 147 nesta terça-feira (17) no noroeste paulista, com alta de 0,7% no dia. Os dados são da Informa Economics FNP. Ainda sobe Mesmo com a redução das exportações neste início de ano, os preços sobem devido à escassez de gado pronto para o abate. Custos A cooperativa Coonai, de Brodowski (SP), investe R$ 2 milhões na construção de uma central de industrialização de leite pasteurizado. A cooperativa espera uma redução de 10% nos custos de transporte e industriais. Queda geral As commodities, tanto em Nova York como em Chicago, tiveram intensa queda nesta terça (17). No caso da soja, as vendas e a boa safra do Brasil ajudaram nessa derrubada dos preços. DE OLHO NO PREÇO COTAÇÕES Nova York 5
Algodão (cent. de US$)*60,21 Café (cent. de US$)*133,95 Chicago Milho (US$ por bushel)3,71 Soja (US$ por bushel)9,54 por libra peso
A ata como ela é Fonte Jornal Folha de São Paulo 18/03/2015 às 02h 00 Cerca de uma semana depois de o Copom (Comitê de Política Monetária) definir a taxa básica de juros é divulgada a ata da sua reunião. Trata-se de documento escrito em idioma remotamente aparentado do português, em que os membros do Copom apresentam os argumentos que justificam sua opção. Veja, por exemplo, o seguinte trecho: "O Comitê considera ainda que, desde sua última reunião, entre outros fatores, a intensificação [dos] ajustes de preços relativos na economia tornou o balanço de riscos para a inflação menos favorável para este ano". Na língua de Camões, diríamos que o dólar mais caro e o aumento dos preços administrados, que haviam sido represados até o ano passado, somaram-se aos desequilíbrios que já existiam e devem fazer com que a inflação em 2015 fique ainda mais alta do que o BC imaginava anteriormente. Se nesse trecho, porém, é possível depreender o que se passa na cabeça dos diretores do BC, em outros a linguagem obscura serve apenas para mascarar a falta do que dizer ou, ainda pior, a relutância em admitir com todas as letras a magnitude da enrascada em que o Copom se meteu. Não por outro motivo recebi sugestão mais que interessante de Isaías Coelho: como seria a ata de uma autoridade monetária transparente e cidadã? É um exercício difícil, até porque é bom confessar já estive do lado de lá (faz tempo!) e sei das dificuldades de ser muito claro acerca de coisas de que não se tem assim tanta certeza. Isto dito, meu público hoje é outro e bem que vale a tentativa. Assim sendo, a ata transparente e cidadã soaria da seguinte forma: "A inflação está bem mais alta do que projetávamos no fim do ano passado. Esperávamos que ficasse acima do teto permitido pelo regime de metas, 6,5%, mas, para não pegar muito mal, cozinhamos a projeção para ficar em 6,1%. Agora não há mais como sustentar esse número. Com o que já ocorreu, mais o que virá em março, a inflação do primeiro trimestre deve ficar na casa de 3,8% (prevíamos 2,2%). Só isso já basta para mandar nossas previsões de inflação em 2015 acima de 7,5% e, vamos ser sinceros, algo entre 8% e 8,5% parece bastante provável. Fora isso, perdemos o controle das expectativas. Ninguém mais acredita que será possível entregar a inflação na meta em 2016, apesar das nossas promessas e, para falar a verdade, talvez por causa delas, pois temos prometido inflação na meta 'no ano que vem' pelo menos desde 2011, sem conseguir cumprir, é claro. Comemoramos que as expectativas para 2016 tenham caído um pouco, mas ainda estão em 5,6%, bem acima dos 4,5%, de modo que teremos que subir ainda mais a Selic, não só nesta reunião mas também na próxima. Nossa vontade, porém, é parar de subir juros. O país já cresce pouco, e mesmo o desemprego, que ainda está baixo, dá sinais de que vai voltar a se elevar neste ano. Apesar disso, os salários ainda crescem muito acima da produtividade e, sem dar conta desse problema, não iremos nunca fazer com que a inflação convirja para a meta. Isto é, teremos que conviver com desemprego mais alto para reduzir a inflação, mas há restrições políticas a isso. 6
Torcemos para que o Joaquim consiga, ao menos em parte, o que o Guido prometeu e jamais entregou: uma melhora das contas públicas que tire um pouco do peso da tarefa de controlar a inflação das nossas costas. Como a torcida é grande, queremos parar de subir a Selic mesmo antes de saber se o Joaquim cumprirá a promessa. O dólar pode atrapalhar também, mas vamos fingir que não. Assim, se tudo ocorrer da melhor maneira possível, a inflação cairá em 2016. Não deverá chegar nem perto de 4,5%, mas, se for menor que 6,5%, estará bom demais. Assim, pretendemos parar em abril. Se não der em abril, então em junho. No fim do ano, vamos ver como as coisas andam. Caso fique mesmo com cara de inflação abaixo de 6,5% em 2016, voltaremos a cortar juros; se não, o bicho pega. Igual a todos os outros anos".
OCDE piora perspectiva para o Brasil e agora projeta queda do PIB de 0,5% em 2015 FONTE FERNANDO NAKAGAWA - O ESTADO DE S. PAULO 18 Março 2015 às 08h 45
Para a OCDE, fraqueza da economia brasileira se deve à queda do preço das commodities somada ao aperto fiscal e monetário em curso, à crise política e à situação da Petrobrás LONDRES - A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê que o Brasil entrará em recessão em 2015. A estimativa foi divulgada na manhã desta quarta-feira, 18, na atualização do cenário econômico da entidade que reúne as principais economias desenvolvidas do planeta. Entre 11 países e regiões econômicas listadas nas previsões da OCDE, o Brasil é o único que deve ter contração neste ano. A previsão da entidade para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2015 caiu de +1,5%, conforme cenário divulgado em novembro de 2014, para -0,5%. Entre os demais emergentes, a China deve crescer 7% e a Índia deve avançar 7,7%. A previsão para a China caiu 0,1 ponto ante novembro e para a Índia subiu 1,3 ponto porcentual. Para 2016, a estimativa para o Brasil também piorou e a aposta da OCDE de crescimento caiu de +2% para +1,2%. Apesar de estar no campo positivo, a previsão para o País é a mais fraca do grupo de 11 economias. O Brasil deve crescer menos que a Itália (+1,3%) e Japão (+1,4%) no ano que vem. Entre os emergentes, a China deve desacelerar para 6,9% e a Índia deve acelerar para 8% no próximo ano. Crise no Brasil. Segundo a OCDE, a queda dos preços das commodities, fenômeno que vai além do petróleo, explica o pessimismo com países como o Brasil e Canadá. A situação brasileira, porém, parece pior com o aperto fiscal e monetário em curso, crise política e a situação da Petrobrás. O fenômeno contracionista que a queda das commodities gerará em algumas economias foi um dos destaques da atualização do cenário 7
econômico da OCDE. "As perspectivas provavelmente piorarão para muitos países exportadores de commodities e o Brasil cairá em recessão", destaca o relatório. O departamento econômico da OCDE entende que o País sofre dupla pressão negativa. De um lado, a queda das commodities e a desaceleração da China tendem a reduzir a receita com exportações e a demanda por produtos brasileiros no exterior. Além disso, o País sofre com problemas internos. "As perspectivas de curto prazo também estão sendo restringidas pelo aperto monetário e fiscal, além da incerteza política", destaca o relatório. A economista-chefe da OCDE, Catherine Mann, citou a crise na Petrobrás. "No Brasil, a dificuldade vem da falta de investimentos e a Petrobrás responde por 10% dos investimentos no País. A queda do petróleo é um problema real para o Brasil", disse. "No Brasil, a dificuldade vem da falta de investimentos e a Petrobrás responde por 10% dos investimentos no País", diz a economista-chefe da OCDE, Catherine Mann Outras economias. A perspectiva da economia mundial melhorou nos primeiros meses de 2015 como resultado dos preços de petróleo mais baixos e apoio oferecido por medidas adicionais de estímulos de bancos centrais, afirmou a OCDE. Mas a entidade alertou que a dependência excessiva na política monetária em relação ao crescimento representa um perigo para a estabilidade no sistema financeiro, incluindo a elevada tomada de risco e crédito, além de taxas de câmbio que não refletem as circunstâncias econômicas fundamentais. A OCDE afirmou que a apreciação do dólar contra outras moedas importantes está contribuindo para a baixa inflação na maior economia do mundo e pode enfraquecer o crescimento ao limitar as exportações. Assim, o grupo prevê que o Federal Reserve deverá postergar um aumento de juros até que haja sinais de que as economias da Europa estão se fortalecendo e que o euro esteja pronto para ganhar terreno. Muitos economistas preveem que o Fed pode começar um ciclo de aperto em junho. "A questão sobre quando o Fed vai sair de juros zero depende muito na possibilidade de a Europa se recuperar", afirmou Catherine Mann em uma entrevista ao Wall Street Journal. Na primeira atualização das projeções para 2015, a OCDE disse que prevê agora que as economias para as quais faz estimativas - que respondem por 70% da atividade mundial - devem crescer em 4% neste ano e 4,3% no próximo. Em novembro, a OCDE previa expansão de 3,9% e 4,1%, respectivamente. A OCDE manteve a previsão de crescimento dos EUA em 3,1% em 2015 e 3% em 2016.
Até quando a inflação vai ficar distante de 6,5%? Fonte Jornal Valor Econômico Solange Srour 18/03/2015 às 05h 00 O ano de 2015 começou com um enorme desafio para o Banco Central. Diante da necessidade de fazer um ajuste fiscal expressivo e de trazer uma maior transparência para as contas públicas, o ministro da Fazenda anunciou no início do ano uma série de medidas com impacto inflacionário relevante. A diminuição dos subsídios aos preços da energia elétrica, a retirada das isenções de IPI sobre duráveis, o aumento de impostos sobre combustíveis, importados, entre outros, levaram em poucas semanas as estimativas do mercado para o IPCA deste ano a passarem de 6,5% para 7,8%. Nos cálculos da ARX Investimentos, esse aumento das expectativas embute apenas os efeitos diretos dos aumentos dos impostos nos preços finais, ou seja, o impacto primário. Certamente energia elétrica e combustível são dois itens cujo impacto nos custos das principais cadeias produtivas é bem relevante e mesmo diante de uma atividade econômica fraca terão seus aumentos repassados em algum grau para os demais bens e serviços. O desafio inflacionário fica ainda mais complexo pelo fato de a economia estar entrando em recessão. Parece contraditório, uma vez que uma economia fraca deveria gerar uma perspectiva de desinflação. Mas o fato é 8
que diante da forte desaceleração da economia, os aumentos de impostos anunciados não são mais suficientes para trazer o superávit primário para a meta de 1,2% do PIB, ainda que tenhamos um contingenciamento significativo esse ano. Como a estabilização da nossa dívida bruta é hoje fundamental para a volta da confiança e para a manutenção do nosso grau de investimento, o ajuste ainda terá que ser complementado com mais impostos, piorando no curto prazo as perspectivas tanto para o crescimento quanto para a inflação. A inflação está alta desde 2010 e corre-se o risco de perder até mesmo o teto da meta como referência. Além do chamado "tarifaço", assistimos a uma depreciação do real em relação ao dólar de cerca de 37% nos últimos 6 meses. Apesar de o repasse cambial ter diminuído ao longo dos últimos anos, ele está longe de ser nulo, principalmente em uma economia com um histórico de inflação alta e expectativas desancoradas. Chegamos a meados do primeiro trimestre do ano com um dólar perto de R$ 3,20 apesar do programa de colocação de swaps cambiais e de taxas de juros internacionais extremamente baixas. É verdade que as commodities que exportamos tiveram forte queda desde 2011, mas as condições para o financiamento do nosso déficit em conta corrente foram ainda muito favoráveis até o momento. As pressões para uma desvalorização adicional do real ainda são bem significativas, uma vez que o programa de swap não deverá ser renovado indefinidamente e a perspectiva de dólar forte ao longo dos próximos meses se mantem elevada, consequência de uma economia americana cada vez mais robusta. Já esperávamos um ano de ajustes para 2015: ajuste de preços administrados, ajuste fiscal, ajuste cambial e, consequentemente, uma queda significativa da atividade econômica. Entretanto, por uma conjunção de fatores, desde a crise política até a possibilidade de racionamento, os custos desses ajustes estão sendo bem maiores do que os inicialmente previstos. As expectativas para inflação e para crescimento do PIB este ano estão em deterioração contínua. No final do ano passado, poucos economistas falavam da possibilidade de recessão e muitos achavam que o IPCA não passaria do teto da meta. Hoje estamos falando em queda de mais de 1% do PIB e inflação quase dois pontos percentuais acima do teto da meta. Do ponto de vista do Banco Central, o desafio é grande, mas já tivemos experiências tão desafiadoras quanto essa na nossa história recente. A fim de ancorar as expectativas e resgatar 4,5% de inflação como meta, os membros do Banco Central têm dito que farão "o que for necessário para que este ano a inflação entre em longo período de declínio, que a levará à meta de 4,5% em 2016". O problema é que mesmo com a economia em recessão e com o cumprimento do ajuste fiscal prometido, poucos acreditam que a inflação possa mesmo chegar em 4,5% no ano que vem, a menos que ocorra um choque exógeno muito favorável. A maioria dos modelos utilizados pelo mercado aponta a necessidade da Selic bem acima de 13% a fim de trazer a inflação para 4,5% no ano que vem. Isso porque, após mais de cinco anos com inflação rodando bem acima da meta, a inércia inflacionária aumentou, enquanto o produto potencial caiu. Mesmo na ocorrência de uma forte redução nos preços administrados em 2016, teríamos que ter uma atividade extremamente fraca no ano que vem para que o recuo da inflação de preços livres permitisse o alcance de 4,5% de IPCA. É razoável esperar que o BancoCentral faça um choque de juros aprofundando a recessão atual para atingir 4,5% em 2016? Depois de passar os últimos quatro anos mirando uma inflação abaixo de 6,5%, o Banco Central conseguiu estabelecer uma âncora para as expectativas: não o centro da meta, mas o teto da meta. Com a inflação esse ano passando dos 8%, tenta agora estabelecer a âncora de 4,5%. Se o desafio de não perder os 6,5% já é grande diante dos elevados números de inflação que virão nos próximos meses, ancorar o ano que vem em 4,5% é bem maior. O argumento de que o choque cambial e o forte aumento das tarifas terão efeitos inflacionários temporários é muito arriscado, dado que estamos convivendo com uma inflação elevada há mais de cinco anos. O ideal seria 9
estabelecer um prazo de convergência mais longo e crível. Para ser crível, precisa ser acompanhado de uma política monetária suficientemente apertada que ancore as expectativas do prazo determinado na meta. Um prazo curto não ancora as expectativas porque não é crível; um prazo muito longo também não ancora nada. O Banco Central precisa achar um meio termo que, combinado com uma ação efetiva de política monetária, traga de volta a percepção de que a inflação possa de fato voltar para o centro da meta. Mesmo diante de altos custos sociais e políticos, o governo não possui qualquer alternativa a não ser insistir nos difíceis ajustes. A inflação está alta desde 2010 e corremos o risco de perder até mesmo o teto da meta como referência. A adoção de uma meta ajustada e o alongamento do prazo para seu alcance não podem ser feitos sem o cuidado de assegurar que os agentes econômicos compreendam que o objetivo do Banco Central não é abandonar de vez o regime de metas de inflação e sim escolher uma trajetória de juros que traga a inflação para patamares menores com o menor custo possível para a sociedade. Essa estratégia deve ser executada com a máxima determinação. Bancos Centrais sabem como fazer valer sua determinação e nesses casos mais valem ações do que palavras. Solange Srour é economista chefe da ARX Investimentos. Este texto foi produzido pela autora e não necessariamente reflete as opiniões da empresa. Não deve ser considerado oferta ou aconselhamento de investimentos.
Fluxo cambial está positivo em US$ 2,2 bilhões Fonte Portal Economia SC/Agência Brasil 18 de março de 2015 às 13h 42 O fluxo cambial, diferença entre a entrada e a saída de dólares do país, está positivo em US$ 2,229 bilhões em março. Os números tem por base o período do início do mês até a última sexta-feira, 13, e foram divulgados nessa quarta-feira, 18, pelo Banco Central (BC). No acumulado do ano, o saldo está positivo em US$ 3,43 bilhões. O fluxo positivo significa que a entrada de dólares no país supera a saída. Na primeira semana de março, o fluxo cambial ficou positivo em US$ 3,019 bilhões. No entanto, na segunda semana, entre os dias 9 e 13, o fluxo registrou resultado negativo de US$ 790 milhões, diminuindo o saldo. O saldo negativo na segunda semana deveu-se tanto ao segmento financeiro (inclui investimentos em títulos, remessas de lucros e dividendos ao exterior e investimentos estrangeiros diretos) quanto ao comercial (abrange as operações de câmbio relacionadas a exportações e importações). O primeiro ficou negativo em US$ 496 milhões no período. O segundo, em US$ 296 milhões. No acumulado do mês, o fluxo das transações financeiras está positivo em US$ 1,476 bilhão. Já o saldo comercial tem resultado positivo de US$ 754 milhões.
Dinheiro sonegado atinge R$ 105 bilhões neste ano Fonte Portal Economia SC/Agência Brasil 18 de março de 2015 às 11h 07 Do total de R$ 105 bilhões identificados como dinheiro sonegado desde o início de 2015 no Brasil, R$ 80 bilhões foram escoados por conta de operações de lavagem de dinheiro. A estimativa é do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz), que lançou nesta quarta-feira, dia 18, na Esplanada dos Ministérios a Lavanderia Brasil, peça publicitária em formato de uma máquina de lavar que simboliza os valores sonegados com os artifícios da lavagem de dinheiro. De acordo com o presidente do Sinprofaz, Heráclio Camargo, o objetivo da campanha é chamar a atenção do cidadão e trazer à tona a discussão sobre os mecanismos da lavagem de dinheiro no país. “É uma ação para conscientizar a cidadania sobre a brutal sonegação de tributos no Brasil, muito imbricada com os esquemas de lavagem de dinheiro.” Segundo Camargo, a expectativa é que a presidenta Dilma Roussef anuncie, dentro do chamado pacote anticorrupção, a estruturação definitiva da Advocacia-Geral da União e da Procuradoria-Geral da Fazenda 1
Nacional. “A população quer respostas para agora e o combate preventivo é feito pela Advocacia-Geral da União, que está sucateada.” A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional tem como função realizar a investigação aprofundada de sonegadores. Atualmente, de acordo com o sindicato, há 328 cargos vagos de procurador da Fazenda Nacional. O órgão conta com 2.072 procuradores, 1.518 servidores e 116 unidades para dar conta de 7.485.097 processos em tramitação.
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