SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 19 DE SETEMBRO DE 2014
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Argentina aprova lei que permite intervenção do governo em empresas Fonte Jornal Folha de São Paulo FELIPE GUTIERREZ DE BUENOS AIRES 18/09/2014 08h 55 O Congresso argentino aprovou uma lei que dá ao Executivo poderes para interferir nas decisões de produção das empresas. As medidas entram em vigor depois de serem sancionadas pela presidente Cristina Kirchner. Com a decisão, o governo poderá tomar medidas como determinar um piso e um teto para preços produtos, ordenar que uma companhia siga produzindo um produto mesmo que esse dê prejuízo e estabelece multas caso os negócios estoquem seus bens para esperar o momento oportuno para vender. A lei de estabelecimentos foi aprovada depois de uma longa maratona na câmara de deputados. Às 2h desta quinta (18), os deputados governistas conseguiram a maioria necessária para passar a lei. Também foram aprovadas duas outras iniciativas: um espaço para tomar decisões de direito do consumidor (algo semelhante ao Procon) e um órgão de "observação dos preços".
Congresso argentino aprovou lei que permite ao governo intervir diretamente em decisões de empresas
NOVA LEGISLAÇÃO A lei define que se poderá estabelecer, para qualquer etapa do processo econômico, margens de lucro e preços de referência, com níveis máximos e mínimos. Também poderá "dispor sobre a continuidade de produção, industrialização, comercialização, transporte, distribuição ou prestação de serviços, assim como a fabricação de determinados produtos, dentro de níveis ou cotas mínimas que estabelecer a autoridade de aplicação, que vai levar em conta o volume habitual de produção e a capacidade produtiva". Ou seja, o governo pode determinar que uma empresa deve continuar a fabricar um produto, mesmo que ele dê prejuízo. Nesses casos, há, na lei, a possibilidade de subsídios. O governo também pode pedir "toda documentação relativa às operações comerciais da empresa ou agente econômico", mas garante o sigilo desses dados. Eventualmente, pode reter esses documentos. PUNIÇÕES Há a possibilidade de multas a quem eleve preços "artificialmente ou injustificadamente", de maneira não proporcional aos custos, acumule matérias-primas, crie atravessadores ou etapas "artificiais" de distribuição, destrua mercadorias, negue a venda ou descontinue o abastecimento "normal e habitual". As multas vão de 500 pesos (R$ 139) a 10 milhões de pesos (R$ 2,78 milhões; limite que pode aumentar, pois pode ser até três vezes o que a empresa ganhou com o que o Estado 2
considerar fraude), e a empresa pode ser fechada por até 90 dias, além de perder concessões, contratos estaduais ou possibilidade de empréstimos Durante a sessão, os deputados governistas afirmaram que os três projetos tinham como função proteger os consumidores de empresas com posição de domínio no seu mercado. Mas para a deputada de oposição Patricia De Ferrari, titular da comissão dos direitos do consumidor, o melhor caminho para evitar que monopólios ou oligopólios abusem de seu poder econômico seria implementar tribunais específicos para isso, algo que é previsto em lei, mas que nunca foi implementado. Ela afirma que a lei que foi aprovada nesta madrugada concentra poderes na mão do secretário de comércio, já que é a Secretaria de Comércio que irá tomar as decisões relativas à lei.
Dilma abre vantagem sobre Marina; Aécio esboça reação Fonte: Folha de São Paulo RICARDO MENDONÇA de SÃO PAULO 19/09/2014 03h 00 Com o desgaste sofrido por Marina Silva (PSB) –e apesar de um esboço de reação de Aécio Neves (PSDB)–, a presidente Dilma Rousseff (PT) se fortaleceu mais um pouco na corrida eleitoral. A dianteira de Dilma sobre Marina no primeiro turno agora é nítida, mostra a nova pesquisa Datafolha para presidente. O que até a semana passada ainda era um empate técnico se transformou numa inédita vantagem de sete pontos: 37% a 30%. No teste de segundo turno, a tendência é parecida. A dianteira de Marina sobre Dilma nunca foi tão baixa: 46% a 44%, um empate técnico. No fim de agosto, a vantagem da candidata do PSB era de dez pontos (50% a 40%). Nos últimos 20 dias, Marina Silva tem sido alvo de ataques constantes disparados de duas frentes. Por cima, ela sofre um bombardeio de críticas e acusações promovidas pela propaganda de Dilma. Entre outras coisas, Marina foi comparada com presidentes que não terminaram o mandato, acusada de ser aliada dos banqueiros e de desprezar a camada pré-sal do petróleo. Líder desde o início da série de pesquisas, Dilma sente-se ameaçada por Marina principalmente na provável disputa de um segundo turno. Por baixo, a ex-senadora é atingida por torpedos diários lançados por Aécio.
Autor de acusações diretas e indiretas no horário eleitoral e nas entrevistas, o tucano era favorito para disputar um segundo turno com Dilma até o dia em que Eduardo Campos, morto num acidente aéreo, foi substituído por Marinano PSB. Os ataques simultâneos não provocaram uma queda abrupta da ex-ministra do Meio Ambiente. Mas, conforme o histórico de pesquisas, parecem estar sendo eficientes para minar sua candidatura aos poucos. As curvas das intenções de voto suscitam duas dúvidas. Primeira: caso Dilma e Aécio mantenham os ataques, a campanha de Marina continuará se desidratando ou, com o tempo, a eficiência dos disparos tende a diminuir? Segunda: na hipótese de Marina continuar perdendo força, o ritmo de sua queda será suficiente para uma ultrapassagem de Aécio? A diferença entre Marina e Aécio chegou a 20 pontos no início de setembro. Hoje, a vantagem ainda pode ser considerara grande, mas é quase metade do que já foi: 13 pontos (30% a 17%). O dado mais eloquente do enfraquecimento de Marina é o aumento de sua rejeição. Pela primeira vez, a taxa dos que dizem que não votariam nela de jeito nenhum (22%) está acima da de Aécio (21%). 3
A diferença está dentro da margem de erro, dois pontos para mais ou para menos. Mas é preocupante para a pessebista considerando-se que sua taxa cresce de forma acelerada, enquanto a de Aécio se mantém estável. Há um mês, só 11% rejeitavam Marina. A pesquisa feita na quarta e nesta quinta (18) com 5.340 entrevistas mostra ainda que Dilma passou liderar nas cinco regiões do país. No Nordeste, no Norte e no Sul, de forma isolada. No Centro-oeste, a petista está agora numericamente à frente de Marina. No Sudeste, tem menos pontos, mas numa situação de empate técnico. Marina perdeu votos em diversos segmentos. Ela recuou 4 pontos no Sudeste, 4 entre as mulheres, 4 entre os católicos, 5 junto aos moradores de cidades médias (200 mil a 500 mil habitantes) e 6 entre os eleitores de 25 a 34 anos. O levantamento do Datafolha foi encomendado pela Folha em parceria com a TV Globo.
Telefonia fecha acordo de € 7 bi para comprar GVT Fonte: Folha de São Paulo da REUTERS 19/09/2014 09h39 A Vivendi anunciou nesta sexta-feira (19) que chegou um acordo para vender a GVT, sua operadora no Brasil, para os espanhóis da Telefónica, em um acordo avaliado em € 7,2 bilhões (cerca de US$ 9,3 bilhões). Em comunicado, os franceses disseram que vão receber € 4,7 bilhões em dinheiro, dos quais € 450 milhões serão usados para abater dívidas e outrosencargos. Além disso, eles vão receber 7,4% das ações da Telefônica Brasil (uma fatia avaliada em € 2 bilhões) e mais 5,7% da Telecom Itália, que valem outro € 1 bilhão. A Telefónica é a maior acionista da operadora italiana. O negócio foi aprovado pelo conselho da Vivendi e agora depende do aval das autoridades regulatórias brasileiras: Cade e Anatel. A expectativa da companhia é que esse acordo seja fechado até o fim do primeiro semestre do ano que vem. O comunicado do acordo não informa se a Vivendi vai usar o dinheiro recebido para ampliar sua fatia na Telecom Itália. Essa hipótese era cogitada no mês passado, quando os espanhóis ganharam uma disputa exatamente coma Telecom Itália para poder negociar a compra da GVT. A Telefônica Brasil afirmou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que poderá financiar o pagamento da parcela em dinheiro do negócio com um aumento de seu capital social. A empresa estimou sinergias de pelo menos € 4,7 bilhões no Brasil com o negócio. REGULAÇÃO A compra pela Vivendi de parte da Telecom Itália seria benéfica para a Telefónica, porque resolveria o problema dos espanhóis com o Cadeo órgão determinou no ano passado que eles devem sair da operadora italiana. O objetivo seria evitar conflitos de interesse e garantir a concorrência, já que os espanhóis controlam a líderVivo e possuem, indiretamente, uma participação de 10% na TIM. Com a saída do capital da italiana, a Telefónica encerra uma parceria de sete anos com a dona da sua rival no mercado brasileiro. Isso resolveria o problema da Telefónica com o Cade, mas deixaria a Vivendi com fatia em Vivo e TIM –e acenderia a luz amarela no órgão de defesa da concorrência. O presidente da Telefônica Brasil, Antonio Carlos Valente chegou a afirmar que está otimista quanto à aprovação da compra da GVT pelos órgãos reguladores. Para ele, somente em alguns municípios de São Paulo a fusão poderá incorrer em risco de concentração de mercado. EM EXPANSÃO
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A GVT, criada há 14 anos oferecendo telefonia fixa e internet ultrarrápida, foi disputada em 2009 entre a Telefónica e a Vivendi. Os franceses adquiriram o controle da empresa por R$ 7,7 bilhões. Naquele momento, a GVT cobria 84 cidades e detinha 2% das receitas líquidas do setor. Hoje, ela atua em 153 cidades com pacotes de telefonia fixa, internet acima de 15 Mbps e TV e conta com 1,5 milhão de clientes. CENÁRIO A Telefónica planeja incorporar a GVT à Vivo, sua marca de telefonia móvel no Brasil, para criar o maior grupo de telecomunicações do país. Para a companhia espanhola, o acordo de união ocorre em um momento em que as empresas de telecomunicações buscam cada vez mais oferecer pacotes de celular e serviços de telefonia fixa, incluindo internet de banda larga e TV. Para a Vivendi, a venda da GVT coroa uma tumultuada revisão de dois anos, em que vendeu três negócios de telecomunicações e seu braço de videogames para pagar dívida e se concentrar mais em mídia e conteúdo, como parte de uma estratégia defendida pelo presidente do Conselho da companhia, Vincent Bolloré. Parte da busca da Vivendi por conteúdo vai se dar na Itália devido à sua nova participação na Telecom Italia na sequência da venda da GVT, que a empresa espera que será concluída em meados de 2015, após aprovação regulatória. Os analistas têm sugerido que uma parceria entre a Vivendi, que detém a operadora francesa de TV por assinatura Canal Plus, e a Mediaset Premium poderia fazer sentido. Telefônica Brasil - 2º tri/2014 Faturamento R$ 8,6 bilhões Lucro líquido R$ 1,99 bilhão Número de funcionários 20 mil Dívida de longo prazo R$ 6,2 bilhões Principais concorrentes Tim (Telecom Italia Mobile), Oi (em fusão com a Portugal Telecom), Claro (América Móvil)
O que nos dizem as pesquisas Fonte: Folha de São Paulo 19/09/2014 02h 00 Os mercados financeiros no Brasil refletem hoje, de forma quase neurótica, as expectativas eleitorais de investidores e especuladores. Como esta questão não faz parte da agenda em que a maioria dos analistas ganhou seus diplomas, o resultado é um vaivém desordenado de lucros e prejuízos. A figura do cientista político passou a ser endeusada, embora recentemente tenha perdido um pouco de seu brilho, dada a dificuldade de entender o eleitor brasileiro neste final de corrida eleitoral. Não sou especialista em eleições, mas na missão de acompanhar a economia do Brasil tenho seguido a evolução de uma parte importante da sociedade, chamada de forma simplista pela mídia de a "nova classe média", e que pode definir o resultado da eleição presidencial. Esse grupo, que ao longo dos anos Lula passou a viver na economia formal, representa no universo confuso de eleitores de hoje uma parcela importante. Segundo meus cálculos, esses novos consumidores devem representar cerca de 20% da população e cerca de 12% do universo de pessoas que deverão votar em outubro e novembro. Esse pessoal encontra-se hoje em uma encruzilhada entre o seu lado emocional e o seu bolso. De um lado tem consciência de que foi nos anos Lula que sua vida mudou de forma radical. Basta analisar os gráficos de dados de consumo naquele período de ouro para entender esse sentimento. De outro sente que, nos últimos quatro anos, sua ascensão social perdeu fôlego e problemas que não existiam antes em suas vidas apareceram no dia a dia da família. A inflação e o sufoco de fechar as contas no fim do mês são dois exemplos simbólicos dessa agenda negativa. 5
De certa forma é o futuro que os preocupa, e não as lembranças sobre o passado tão exitoso que vivenciaram. Em linguagem de economista, eles não questionam o estoque de bem-estar de hoje -embora reconheçam que ele existe-, mas as dúvidas sobre a continuidade dessa melhoria em suas vidas. Este é um ponto fundamental -se verdadeiro como penso ser- e que tem criado problemas para as campanhas eleitorais dos principais candidatos. No grupo que critica a situação econômica atual, falta a visão de que, até agora, esses eleitores não estão sofrendo de forma direta o impacto da desaceleração econômica. O melhor exemplo disto é a situação do mercado de trabalho. O pleno emprego ainda existe, apesar de problemas pontuais, como é o caso do setor automobilístico principalmente. Mesmo no quadro medíocre de hoje da economia, ainda estamos vivendo a criação de cerca de 500 mil empregos formais neste ano. Mais uma vez a questão do estoque e do fluxo deve ser levada em consideração. A criação de vagas é menor do que a necessária para acomodar todos os jovens novos entrantes no mercado de trabalho, mas o número de pessoas sem colocação é ainda muito pequeno quando comparado com o estoque de empregados. Não encontramos nos discursos dos três principais candidatos a presidente um tratamento correto dessa situação. A presidente Dilma, de certa forma, chove no molhado ao apresentar o passado de obras e sua continuidade no futuro. Não responde assim às angústias do eleitor assustado com a perda de velocidade de sua ascensão social. O candidato do PSDB está fora do radar desse grupo na medida em que não reconhece formalmente os ganhos dos anos Lula. Além disto, responde aos anseios de continuidade no mundo da economia formal e da sociedade de consumo, com promessas de mudanças radicais em relação ao passado. Foi o ex-governador Eduardo Campos, antes do terrível acidente que tirou sua vida, quem mais chegou perto do discurso que me parece adequado a esse grupo. Elogios ao período Lula e advertência de que o governo Dilma está destruindo o arcabouço econômico que gerou a sua ascensão e a entrada na sociedade do consumo. Marina mudou o discurso e se aproximou da mensagem tucana, embora com uma história de vida diferente o que a aproxima dos novos consumidores. Por isso, o voto desse número grande de eleitores ainda está bastante indefinido e no aguardo do discurso adequado.
'Prévia da inflação' acelera para 0,39% em setembro e supera teto da meta Fonte: Folha de São Paulo PEDRO SOARES do RIO 19/09/2014 09h 51 A pouco mais de duas semanas das eleições, a fase de tranquilidade da inflação ficou para trás. O IPCA-15, prévia do índice oficial do país, ficou em 0,39% em setembro, 0,25 ponto percentual acima da taxa de 0,14% de agosto. Os dados foram divulgados pelo IBGE na manhã desta sexta-feira (19). Com a aceleração da inflação, a taxa em 12 meses voltou a subir e estoura o teto da meta de 6,5% neste ano. Pelos dados, o indicador de longo prazo ficou em 6,62% até setembro, superior aos 6,49% do IPCA-15 de agosto. De janeiro a setembro, o índice soma 4,72%, superior à taxa de 3,97% do mesmo de período de 2013. Os principais impulsos à inflação de setembro vieram dos alimentos, que saíram de uma deflação de 0,32% em agosto para um alta de preços de 0,28% em setembro, e do grupo transportes, que intensificou o aumento médio dos preços de 0,20% para 0,45% entre os dois meses. São os dois grupos de maior despesa das famílias. Também saíram de uma fase de deflação em agosto para uma de elevação dos preços os grupos vestuário e despesas pessoais, com altas de 0,17% e 0,31%, respectivamente. 6
O grupo dos transportes mostrou aceleração em razão das passagens aéreas, cuja alta de 17,58% respondeu por 0,07 ponto percentual do índice, o maior impacto individual no mês. Já em alimentos, os principais destaques de pressão ficaram com carnes, que ficaram 2,30% mais caras de um mês para o outro, pela refeição fora de casa, que teve aumento de 0,90%, além do leite longa vida, com aumento de 1,47%.
A injustiça social de Dilma Fonte: Folha de São Paulo 19/09/2014 02h 00 A desigualdade de renda no Brasil ficou na mesma entre 2011 e 2013, os três primeiros anos de governo de Dilma Rousseff. O bem estar social no entanto aumentou bem nesses anos, inclusive no fraquinho 2013. Isto é, a renda de todas as classes cresceu. Ainda assim, a candidata-presidente Dilma Rousseff (PT) será avacalhada de modo extremo, portanto oportunista, culpada pelo fato de que a distribuição de renda parou de melhorar (não piorou). A campanha petista vai provar um pouco do gosto do lixo ignaro que despejou na campanha marinista com aquela história de banqueiros do demo. Istoposto, nem de longe está tudo azul ou rosa no Brasil que aparece no balanço anual da situação socioeconômica, publicado ontem pelo IBGE, a Pnad 2013. Primeiro, porque em uma país ainda muito iníquo como o Brasil não é possível aceitar sem mais que a desigualdade deixe de diminuir. Segundo, porque ao menos parte dessa estagnação se deve ao baixo crescimento da economia dos anos Dilma. Terceiro, porque o governo não teve imaginação ou capacidade de alterar algumas características sociais e econômicas do país, as quais produzem desigualdade. Repita-se que o bem-estar social, no que depende da renda, pode melhorar mesmo sem redução da desigualdade. Talvez a melhora se torne assim desnecessariamente mais lenta. A renda de todas as "classes" aumentou em 2013 ("classe" aqui é cada décimo em que é dividida a população). Mas os rendimentos dos 10% ou 20% mais pobres cresceram menos. O que pegou? Provavelmente, reajustes menores do salário mínimo devido ao crescimento menor da economia, do PIB (o mínimo reajusta benefícios previdenciários e assistenciais, embora não o Bolsa Família). O crescimento menor do emprego também deve ter feito estragos. É possível ainda que a redução adicional e rápida da desigualdade dependa agora de programas política e economicamente mais difíceis de implementar. Para dar dois exemplos elementares: 1) Mexer nos impostos de modo a favorecer os mais pobres, assim como melhorar a redistribuição de renda (as transferências de renda nem sempre favorecem os mais pobres); 2) Melhorar a educação e a infraestrutura de modo a retirar os mais pobres de trabalhos improdutivos, quando há trabalho, em especial em cafundós sem infraestrutura (sem estrada, sem acesso a mercados etc.): agricultores de subsistência, catadores em geral, prestadores de serviços primitivos, empregados do microcomércio precário, para ficar apenas em casos aberrantes. Mas há mais: o Brasil tolera que se empreguem pessoas em ocupações de produtividade e salários baixos (para não falar do desperdício humano): frentista, cobrador de ônibus, porteiro, segurança. Falta de escola e baixo investimento dá nisso. O governo até que se mexeu um pouquinho, com Pronatec, subsídios para faculdades (ruins...) e microcrédito. Mas é muito pouquinho. A escola básica é o que sabemos, e o investimento em infraestrutura (ou quase qualquer outro) decresceu devido à política econômica ruim. A Pnad aliás diz coisas interessantes sobre escola, infraestrutura social e consumo. Mas isso fica para outro dia.
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Pela primeira vez, candidatos à Presidência procuram agronegócio Fonte: Folha de São Paulo 19/09/2014 02h00 O setor de agronegócio vive momentos de indefinições e em busca de definições. O lado bom deste momento é que, pela primeira vez em um ano de eleições, os principais candidatos à Presidência da República procuraram as entidades de classe em busca de um programa de governo. A avaliação é do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. "Antes, procurávamos os candidatos para sugerir pontos a serem incorporados no programa de governo e não éramos ouvidos." Essa mudança de comportamento dos candidatos, diz, ocorre devido à mídia, que fez a sociedade entender a importância do agronegócio. Esta transferiu essa necessidade para a classe política. O setor estará bem representado no próximo governo, segundo o ex-ministro.
Na previsão de Rodrigues, a reeleição de Dilma levará a senadora Kátia Abreu para o posto de ministro da Agricultura. Um governo da Marina da Silva terá Marcos Jank, enquanto o Aécio Neves prometeu um ministro forte e proveniente da classe rural. O ex-ministro não arriscou um nome no caso da vitória do candidato do PSDB, mas especulações no mercado indicam que João Sampaio, ex-secretário de Agricultura de São Paulo, poderia fazer parte desse eventual governo. Mas nenhum ministro vai resolver os problemas da agropecuária se nada mudar na estrutura do governo. Os instrumentos dos quais o ministro da Agricultura dispõe atualmente não são suficientes para um bom exercício. Quando se trata de portos, de estradas e até de aprovações de novos insumos para o setor, as decisões estão nas mãos de outros ministros. "É preciso que haja uma estratégia de governo e de planejamento conjunto", afirma. Mas, só pelo fato de os candidatos estarem interessados no agronegócio, é provável que haja uma visão proativa. Para mostrar esses momentos de indefinições e necessidade de correções de rumos, o setor se reúne neste sábado (20) em Campinas (SP) para apontar a perda de confiança na estrutura atual e o que tem de ser feito. Rodrigues, presidente do Lide Agronegócios, que promove o evento, diz que é necessário o confronto das visões de interlocutores do governo e do setor acadêmico. O momento é de derretimento dos preços das commodities, mas os custos continuam elevados. Diante desse novo cenário do agronegócio, é urgente uma solução para os principais problemas. Entre eles, Rodrigues inclui logística, que afeta principalmente os produtores das novas fronteiras agrícolas. O setor sofre ainda da ausência de uma política de renda, que incorpore crédito, seguro e preço, bem como de uma política comercial. Quanto a esta última, Rodrigues, que foi ministro no primeiro mandato de Lula (2003-2006) diz que "não há cabimento ficar pendurado no 8
Mercosul e não fazer acordo com União Europeia, China e outras regiões. Não é necessário um abandono do Mercosul, mas um redesenho". Rodrigues destaca ainda a necessidade do desenvolvimento de tecnologias, que são a alavanca da produtividade. A tecnologia tem de ter um peso maior no Estado, mas não deve ficar restrita à Embrapa, mas aos demais órgãos, hoje praticamente sem recursos e desmontados. Um dos grandes problemas no setor é o de governança. Enquanto o mundo todo tem um órgão só decidindo sobre políticas agrícolas, de floresta e pesca, o país divide essas decisões por várias pastas. "É um desperdício de Orçamento e de trombadas de decisões. O ministro da Agricultura deveria ser o gerente de uma estratégia do governo." CACAU O surto do vírus ebola, que já provocou mais de 2.000 mortes em países da África Ocidental neste ano, tem contribuído para a alta do cacau, que subiu 5% nos últimos sete dias em Nova York. A Costa do Marfim – maior produtor de cacau – faz divisa com países que têm a epidemia.
Economia dos EUA continua ganhando tração, avalia Conference Board Fonte: Jornal Valor Econômico 19/09/2014 às 11h 40 SÃO PAULO - A economia americana continua ganhando tração, mas não deve repetir o desempenho do segundo trimestre no segundo semestre, afirmou o economista do instituto Conference Board, Ken Goldstein. Entre abril e junho, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu a uma taxa anualizada de 4,2%. Para o economista AtamanOzyildirim, também do ConferenceBoard, a economia dos EUA deve continuar se expandindo a um ritmo moderado no restante do ano. Pesquisa do instituto mostrou que o índice de indicadores antecedentes, que serve de indicativo para o desempenho econômico, subiu 0,2% em agosto, após alta de 1,1% em julho.
Pnad mostra estagnação da desigualdade no país desde 2011 Fonte: Jornal Valor Econômico Diogo Martins, Alessandra Saraiva, Juliana Elias e Ligia Guimaraes do Rio e de São Paulo 19/09/2014 às 05h00 Os programas de transferência de renda, a política de aumento do salário mínimo e a força do mercado de trabalho podem estar perdendo efeito como ferramentas de políticas de combate à desigualdade. Além disso, a inflação mais alta também pesa contra. Daqui para frente, se quiser lidar com o problema, o país precisará ir além. Essa é a avaliação quase unânime de especialistas ouvidos pelo Valor, para os quais o caminho para lidar com o problema é investir pesado na educação pública básica. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2013, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que o Índice de Gini que engloba todas as fontes de renda passou de 0,504 em 2012 para 0,505 em 2013, o mesmo patamar de 2011. O indicador mede o grau de concentração da renda e varia de zero (perfeita igualdade) a um (desigualdade máxima). Como estão incluídas todas as fontes de renda, o indicador já contabiliza recursos provenientes de programas de transferência de renda. Apesar da ligeira elevação no nível de desigualdade, a renda média cresceu mais de 5,1%, considerando os rendimentos de todas as fontes. Essa aparente contradição seria explicada, segundo alguns especialistas, por uma elevação maior na renda dos mais ricos do que a dos mais pobres e, sobretudo, pelo forte aumento de renda observado nas camadas intermediárias, o que seria a "classe média". Esse dado foi citado pela presidente Dilma 9
Rousseff ontem, na tentativa de destacar pontos positivos da pesquisa (Ver Dilma destaca os ganhos de renda da classe média). Considerando apenas os rendimentos do trabalho, a renda cresceu ainda mais, 5,7%. Na avaliação do professor da PUC-Rio e economista-chefe da Opus Investimentos, José Márcio Camargo, a desigualdade no Brasil parou de cair e está estagnada, porque o país não melhorou sua educação básica. "Por dez anos, o Brasil se beneficiou com os aumentos dos preços das commodities. Os preços do que o país exportou subiram mais que os preços do que foi importado. Isso deu a possibilidade de ganhos de produção e de redução de desigualdade", afirma. "Só tem uma maneira de reduzir de forma sistemática e de longo prazo esse problema: investindo em capital humano, por meio da melhoria do ensino básico", diz. Segundo ele, no Brasil, se investe sete vezes mais na educação superior do que na fundamental. Os dados da Pnad mostram que, mesmo com programas de transferência de renda, o ritmo de crescimento da renda dos 10% mais pobres do país foi menor do que o dos 10% mais ricos em 2013, na comparação com 2012. A renda média mensal domiciliar, que inclui o Bolsa Família, atingiu R$ 2.983 mensais em 2013, aumento real de 4% sobre 2012. A alta é quase o dobro da taxa de crescimento observada para o mesmo período entre os 10% mais pobres, cuja renda média mensal domiciliar atingiu R$ 470 mensais no ano passado - 2,1% acima da de 2012. Entre os 10% mais ricos, a renda média domiciliar mensal cresceu 4,4% em 2013 em relação a 2012, totalizando R$ 11.758. "É preciso diferenciar política de combate à desigualdade social de política de combate à pobreza. Para combater a desigualdade, é preciso criar a capacidade de gerar renda, ou seja, distribuir ativo. Hoje, esse ativo é o conhecimento, com uma revolução no acesso ao conhecimento", diz o economista Sérgio Besserman, ex-presidente do IBGE. "Mesmo a qualificação de nossa elite é baixa, quando comparada à elite de outros países. Precisamos passar uma década pensando apenas em cultura e educação. Essa é nossa única possibilidade de nos tornarmos uma sociedade menos desigual", afirma. Camargo concorda e acrescenta que, como um todo, os brasileiros não dão à educação a devida importância. "As pessoas mais pobres acabam tendo um nível educacional mais baixo, o que resulta em nível de capital humano também mais baixo. O resultado é que eles vão parar em subempregos. Isso só aumenta a desigualdade. O Brasil, por alguma razão, dá pouca importância ao capital humano", diz Camargo. O economista Jorge Jatobá, sócio da consultoria Ceplan, afirma que, daqui para frente, o país precisa tomar ações estruturais. "Tem de fazer mudanças radicais na educação", afirma. Para o pesquisador do Ipea Marcelo Medeiros, a Pnad mostra que o mercado de trabalho não é mais o motor da queda da desigualdade: "A concentração de renda no Brasil é tão grande que o topo concentra uma parte muito grande da renda. O comportamento desse topo determina a desigualdade." No mercado de trabalho, a Pnad mostrou que o total de trabalhadores crianças e adolescentes no país caiu 12,3% entre 2012 e 2013, para 3,1 milhões. Esse recuo fez com que a participação de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos na população ocupada caísse de 8,4% para 7,4%. No campo educacional, o analfabetismo das pessoas com mais de 15 anos caiu de 8,7% para 8,3%, totalizando 13 milhões. A taxa está longe do compromisso assumido no Acordo de Dacar (Senegal), pelo qual o país deve chegar a 2015 com analfabetismo em 6,7%. Os que não têm instrução passaram de 11,9% para 12,2%, mas também cresceu a fatia dos quem têm superior completo, de 12% para 12,9%.
IBGE: Maioria das classes de despesa mostra aceleração no IPCA-15 Fonte: Jornal Valor Econômico Alessandra Saraiva 19/09/2014 às 09h28 SÃO PAULO - Seis das nove classes de despesa usadas para cálculo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) apresentaram aceleração de preços de agosto para setembro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 10
Mesmo em desaceleração, a maior contribuição para a formação da taxa do índice de setembro partiu do grupo habitação (de 1,44% para 0,72% ). Nessa classe de despesa, foram observados aumentos menos intensos ou até mesmo queda de preços em itens importantes, de agosto para setembro. É o caso de energia elétrica (de 4,25% para 1,52%), condomínio (de 1,36% para 0,35%) e taxa de água e esgoto (de 1,37% para -0,17%). No entanto, a inflação mais fraca de habitação ainda conseguiu responder por 0,11 ponto percentual do indicador do mês, que subiu 0,39%. Em contrapartida, entre os grupos que mostraram aceleração de preços, um dos destaques partiu de alimentação e bebidas, cujos preços saíram de deflação de 0,32% para alta de 0,28% de agosto para setembro. A alta foi motivada, principalmente, pelas carnes, que ficaram 2,30% mais caras de um mês para o outro, pela refeição fora de casa, que teve aumento de 0,90%, além do leite longa vida, com aumento 1,47%. Outros grupos que apresentaram aceleração de preços, ou término de deflação, de agosto para setembro foram artigos de residência (de 0,41% para 0,43%); vestuário (de -0,18% para 0,17%); comunicação (de -0,84% para 0,56%); despesas pessoais (de -0,67% para 0,31%); e transportes (de 0,20% para 0,45%). Já os outros dois grupos restantes apresentaram desaceleração de preços, no mesmo período. É o caso de saúde e cuidados pessoais (de 0,55% para 0,30%); e de educação (de 0,42% para 0,20%).
Empresas e bancos estão menos vulneráveis a crises Fonte: Jornal Valor Econômico 19/09/2014 às 05h00 Financeira do Banco Central, um dado reconfortante diante dos sinais de turbulências externas no horizonte. Com a perspectiva de alta dos juros nos EUA e aperto na liquidez internacional, o endividamento externo Os bancos brasileiros estão mais sólidos do que nunca, revela o Relatório de Estabilidade das empresas não financeiras brasileiras - fator de risco apontado por instituições internacionais, como Banco para Compensações Internacionais e Fundo Monetário Internacional -, é baixo e atingia em junho passado 29% do total de débitos corporativos. Menos de 1% das empresas poderia ser atingida por uma disparada cambial, as que não fizeram hedge ou não têm hedge natural, como as companhias exportadoras. Se não há forte vulnerabilidade externa, porém, os próprios índices que revelam a saúde dos dois setores apontam a existência de importantes problemas domésticos. A concentração bancária continua crescendo e a desaceleração da oferta de crédito tornou-se severa para as pequenas e médias empresas, ainda mais depois que os bancos públicos também começaram a frear empréstimos. A parcela do crédito direcionado subsidiado cresceu como fonte de recursos a empresas, em geral as maiores. A concentração bancária deu um salto com a crise de 2008 e é ainda tida como moderada, pelos critérios do BC. Em junho, os 4 maiores bancos detinham 70,4% dos ativos, 75% do crédito e 76,2% dos depósitos totais. Quando a conta inclui os dez maiores, os números pulam respectivamente para 89,6%, 91,6% e 91,3%. Por outra medida (IndiceHerfindahl-Hirschmann) usada pelo BC, nota-se que a porcentagem de depósitos e operações de crédito nas mãos de poucas instituições aproxima-se da fronteira da extrema concentração. Para se defenderem de uma conjuntura adversa interna, os bancos frearam o crédito em diferentes proporções de acordo com o perfil dos clientes, apertando os setores onde a inadimplência tende a ser maior. O crédito a grandes empresas crescia em junho a uma taxa anual de 18%, superior à média do crédito total e bem superior aos 11% para as pessoas jurídicas. A oferta para pequenas e médias empresas aumentou perto de 5%, em uma curva de baixa muito acentuada. Os bancos reduziram o crédito, mas a rentabilidade sobre o patrimônio líquido não caiu e até subiu um pouco - 13,7% no acumulado de 12 meses. Houve recuo na margem líquida de crédito, resultado do aumento do custo de captação e do crescimento das carteiras com baixa 11
inadimplência, como crédito consignado (avanço anual de 18,1%) e habitacional (29,5%). Os ganhos com tesouraria cresceram, enquanto que os juros subiram no curto prazo e caíram no longo, ambos beneficiando o desempenho. A Selic maior aumentou as receitas com títulos de renda fixa, ao passo que o recuo das taxas longas elevou o valor a mercado dos títulos em carteiras, que contabilizavam perdas desde o início de 2013. As despesas administrativas foram cortadas e se estabilizaram em torno de 6%, menos da metade do ritmo que apresentavam até junho de 2012. Os bancos reduziram suas fragilidades também ao diminuírem o descasamento de prazos entre funding e empréstimos. Em junho, a carteira de crédito exibia prazo médio de 35 meses e o estoque de captações, 23 meses. Isso foi possível, segundo o BC, pelo aumento dos "recursos estáveis", com a oferta de títulos de longo prazo, como Letras Financeiras, sem possibilidade de resgate antecipado. Já as empresas não financeiras quadruplicaram suas dívidas entre junho de 2008 e junho de 2014. Mas não houve um preocupante salto da alavancagem. A relação entre crédito corporativo e PIB foi de 49,2%, situando-se na mediana dos países emergentes, segundo estudo do Relatório. Mesmo se endividando mais, as empresas - as grandes, na prática buscaram reduzir o custo do crédito. No período, reduziram o peso do crédito livre no total do endividamento, isto é, a parcela sujeita a juros bancários domésticos, que passou de 43% para 31%. E buscaram mais crédito direcionado, a taxas subsidiadas, que subiu de 25% para 30% do total. O endividamento a juros de mercado cresceu 120%, e o com taxas subsidiadas,240%, mesma velocidade dos empréstimos externos, mais baratos. Em suma, evitaram a Selic com mais crédito subsidiado, em um movimento que retira poder de fogo da política monetária que, por outro lado, se abate com toda a força sobre quem não têm esse tipo de proteção.
Decepções na educação Fonte: Jornal Valor Econômico Naercio Menezes Filho 19/09/2014 às 05h00 A semana passada trouxe notícias decepcionantes para a educação do país. A principal delas foi a divulgação dos resultados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2013, que mostraram que a qualidade da educação no Brasil está avançando bem menos do que o esperado. A sociedade deveria ter ficado indignada comesses resultados, principalmente em época de eleições, mas isso infelizmente não aconteceu. Afinal, o que está acontecendo com a educação no Brasil? Na verdade, vários indicadores mostram que está havendo uma desaceleração no ritmo de crescimento educacional que estávamos observando no Brasil. Por exemplo, a figura ao lado mostra que o Ideb da 4ª série aumentou 0,4 entre 2005 e 2007, mas apenas 0,2 nos últimos 2 anos. O índice da 8ª série aumentou somente 0,1 entre 2011 e 2013, passando de 4,1 para 4,2 e deixando de atingir a meta estabelecida pelo próprio MEC (4,4). No ensino médio não houve avanço no período recente. Ou seja, o aprendizado dos nossos alunos está estacionando num nível muito abaixo dos países de alto desempenho, como Coreia do Sul e Finlândia. Isso também aconteceu com vários outros indicadores. Os anos médios de escolaridade para os jovens de 22 anos de idade (que estão entrando no mercado de trabalho), por exemplo, cresceram 0,7 entre 1992 e 1997. Entre 1997 e 2002 o ritmo quase dobrou, passando de 7 para 8,2 anos completos (equivalente ao ensino fundamental completo). Porém, a partir daí, o ritmo começou a decair, atingindo 0,9 entre 2002 e 2007 e apenas 0,6 nos últimos cinco anos. A porcentagem de jovens que está na escola na idade certa aumentou 21 pontos percentuais entre 1992 e 2002, mas apenas 14 pontos nos últimos 10 anos. Vale lembrar que apenas metade dos jovens de 15 a 17 anos de idade está frequentando o ensino médio atualmente. O número de matrículas presenciais no ensino superior cresceu 126% entre 1992 e 2002, mas apenas 70% na última década. Apenas 14% dos jovens de 25 a 34 anos concluiu o ensino superior no Brasil. Nos EUA essa taxa é de 44% e na Coreia atinge 66%. Ou seja, ainda teríamos muito a avançar. O que está acontecendo? 12
Depois de um período bastante promissor na área educacional dos governos de FHC e Lula, com grandes avanços institucionais, nos últimos anos a educação parece ter deixado de ser prioridade. Apenas "programas-vitrine", de grande impacto na mídia, tais como o "Ciências sem fronteiras", estão sendo priorizados. Muito pouco está sendo feito pelo governo federal para aumentar as matrículas e o aprendizado dos nossos alunos. Há municípios que conseguem avançar bastante em termos de aprendizado, mesmo atendendo estudantes com baixo nível socioeconômico, como mostrou um estudo recente da Fundação Lemann (Excelência com Equidade). Mas esse avanço ainda está concentrado nos anos iniciais do ensino fundamental (4ª série) e acontece apenas em poucos municípios, que têm uma equipe de gestores bastante competente. Seria necessário expandir as boas práticas educacionais para as demais escolas do Brasil. Para isso, é necessário que o governo federal lidere um programa nacional para incentivar todas as redes escolares a adotarem as práticas educacionais que dão resultados. Que práticas são essas? O economista Roland Fryer, de Harvard, tem feito vários estudos mostrando as políticas educacionais que funcionam para melhorar o aprendizado nas escolas em áreas de alta vulnerabilidade, mesmo nas séries mais avançadas. São elas: conversas frequentes do diretor com os professores para melhorar as aulas, uso de dados e avaliações para reformular os programas de ensino de cada série, AULAS DE reforço frequentes para todos os alunos, aumento do número de horas-aula e fazer com que os professores tenham expectativas altas quanto ao resultado acadêmico e comportamento de todos os alunos. Vários estudos mostram que não adianta somente aumentar os gastos com educação. É necessário induzir as redes a adotarem as práticas que funcionam. Para isso, é necessário que parte dos recursos que o governo federal repassa para as redes (e diretamente para as escolas) dependa da adoção dessas medidas que se mostraram efetivas. Além disso, é necessário ter um programa de desenvolvimento infantil que trate dos problemas que afetam as crianças nascidas em famílias mais pobres e que atrasa o desenvolvimento das suas habilidades cognitivas e sócio emocionais. Temos que atuar tanto no lado das famílias dos alunos como nas práticas escolares. Não há outra maneira de fazer com que a educação do Brasil volte a avançar no ritmo adequado.
Apetite por investimentos e as oportunidades do futuro Fonte: Jornal Valor Econômico Rodrigo Baggi e Bruno Rezende19/09/2014 às 05h00 Sobraram notícias ruins sobre a economia brasileira no primeiro semestre. Uma avalanche de choques negativos prejudicou ainda mais os resultados que, diga-se de passagem, já seriam deprimentes em 'condições normais de temperatura e pressão'. Além da equivocada gestão macroeconômica, fatores específicos como o risco crescente de racionamento, recessão na Argentina, travamento na cadeia automotiva e paralisia generalizada dos negócios durante a Copa ajudam a explicar como chegamos ao 'pibinho' e à pior taxa de investimentos (FBCF/PIB) desde 2006, que passou de 19,5% para 16,5% no atual governo. Nesse ambiente, tumultuado também pelo cenário eleitoral, as decisões dos empresários são postergadas e cria-se um círculo vicioso muito complicado para a atividade econômica, com total dependência de um gatilho que reverta expectativas e torne menos nebuloso o cenário para os próximos anos. Além de todos os dados agregados já divulgados, podem-se identificar algumas nuances setoriais que merecem atenção e onde estarão as maiores oportunidades de negócios o próximo ciclo que se inicia a partir de 2015. Primeiramente, no que tange ao 'espírito animal' e humor dos empresários do país, tem sido particularmente útil o acompanhamento de um indicador construído para quantificar o apetite do setor privado para novos aportes. O Índice Tendências de Intenção de Investimentos (ITII) se baseia nos anúncios de novos investimentos em termos de valores e quantidade em cada setor - divulgados na imprensa, na mídia especializada e nos relatórios das empresas de capital aberto. A análise desse indicador permitiu afirmar que houve intensa piora da evolução 13
mensal dos valores anunciados, com queda de 26% no primeiro semestre de 2014, em valores deflacionados para todos os setores. Isso significa que, em termos reais, a soma anunciada de recursos para investimentos no setor privado foi a pior desde o primeiro semestre de 2009. Por sua vez, do ponto de vista da quantidade de anúncios de novos aportes, os níveis se mantiveram um pouco acima dos patamares do ano passado - mas ainda configurando desaceleração frente ao período entre 2010 e 2012. Embora seja importante destacar que os anúncios apresentam elevado grau de volatilidade em toda a série histórica e que nem todas as divulgações se concretizam em projetos até sua efetiva conclusão, a correlação de 66% entre o indicador e a produção industrial de seis meses à frente justifica certa preocupação derivada desse desempenho negativo da intenção de investimentos do setor privado - o que, evidentemente, já tem se materializado nas estimativas mais pessimistas para o crescimento brasileiro também até 2015. Em especial, a evolução do ITII também indicou que o cenário desfavorável para os preços internacionais de commodities agrícolas e metálicas pode ter exercido importante influência negativa nesse período recente. No primeiro semestre, o valor anunciado para investimentos no setor de mineração caiu 77% e a queda em termos da quantidade foi de 69% comparativamente ao primeiro semestre de 2013. O pano de fundo deste panorama, vale frisar, consiste na trajetória declinante dos preços do minério de ferro e outras commodities minerais após alguns anos com a capacidade de oferta crescendo acima da demanda. Do ponto de vista das commodities agrícolas, a queda das cotações devido à robusta recomposição global da oferta da maioria dos grãos e oleaginosas nesta safra 2014-15 tem pressionado a rentabilidade dos produtores e prejudicado a intenção de novos investimentos no setor. Assim, não é surpresa que o ITII também mostre que os anúncios de aportes para o setor de agronegócio e alimentos e bebidas caíram 81% e 47%, respectivamente, em termos de valores e quantidade nesse primeiro semestre. Ora, se os exemplos apresentados acima evidenciam que não se pode desprezar componentes externos e conjunturais afetando o humor do empresariado e a condução dos investimentos, também nos lembram de que é a vantagem comparativa brasileira em alguns setores - além de seu enorme mercado consumidor - que orientará os destaques do crescimento econômico do país nos próximos anos, com implicações diretas sobre a dinâmica regional desse desenvolvimento na sua forma mais estrutural. O potencial ainda existente para o agronegócio brasileiro, os investimentos programados da Petrobras e a exploração da camada do pré-sal, os projetos de mineração da Vale com custos mais competitivos, o potencial ainda existente para as vendas no setor imobiliário e o retorno dos projetos de infraestrutura ao centro do debate sobre planejamento público de longo prazo são alguns dos exemplos que nos devolvem certo otimismo com o potencial para a evolução dos investimentos nos próximos anos. Não por acaso, a projeção da Tendências para o crescimento anual da renda das famílias nas regiões Norte e Nordeste, que justamente registram maior crescimento no número de investimentos anunciados, situa-se cerca de 1 ponto percentual acima da média brasileira até 2019. Se adicionarmos o fato de que nessas regiões o potencial para a alavancagem do crédito também é o mais elevado - haja vista o reduzido endividamento e comprometimento da renda com dívidas bancárias - conclui-se que mesmo setores sensíveis à competição externa deverão reorientar seu planejamento para atender à demanda potencial das regiões periféricas às grandes metrópoles, em especial daquelas regiões. Em suma, entendemos por que se tornou comum afirmar que, em meio a um Brasil empacado com pouco investimento e muitos entraves burocráticos e logísticos, ainda há polos regionais de prosperidade que têm ignorado a estagnação e avançam com o impulso do setor privado em setores de destaque. No entanto, o tamanho desse Brasil que investe e funciona continuará sendo condicionado por uma adequada gestão de políticas públicas, por uma agenda de reformas estruturais e por marcos regulatórios que viabilizem novamente a retomada dos projetos. Ainda mais 14
urgentemente, necessita-se de um verdadeiro choque de expectativas para reverter o atual sentimento de prostração do empresariado - e as eleições presidenciais terão papel fundamental nesse processo.
Cheques sem fundo têm 2º pior agosto desde 1991, nota Serasa Experian Fonte: Jornal Valor Econômico 18/09/2014 às 12h40 SÃO PAULO - O percentual de devoluções de cheques pela segunda vez por falta de dinheiro na conta bancária correspondeu a 2,02% em agosto, segundo dados da Serasa Experian. Este é segundo o maior nível de inadimplência com cheques para um mês de agosto desde o início da série histórica em 1991, perdendo apenas para 2006 (2,04%), destacou a entidade. Em julho, a taxa de inadimplência com cheques foi de 2,24%; em agosto de 2013, estava em 1,87%. Nos oito primeiros meses do ano, o percentual de devoluções de cheques equivaleu a 2,10%. De janeiro a agosto, o Estado de Roraima foi o que mais registrou cheques sem fundo, com taxa de 12,03%. Em sentido contrário, a menor proporção de cheques devolvidos também ocorreu em um Estado da região: o Amazonas (1,13%). Na média por região, o Norte liderou a lista com uma taxa de 4,32% e a Região Sudeste teve menor índice, de 1,61%.
BC projeta fim de baixa da inadimplência Fonte: Jornal Valor Econômico Eduardo Campos de Brasília 19/09/2014 às 05h00 O Banco Central (BC) segue trabalhando com uma expansão moderada do crédito dentro de um cenário de fim de ciclo de baixa nas taxas de inadimplência. Segundo o diretor de Fiscalização do BC, Anthero Meirelles, o mercado deve crescer entre 12% a 14% agora em 2014, após a expansão de 14,6% vista em 2013. A projeção oficial do BC é de crescimento de 12%. Questionado sobre a diferença, o diretor disse, em entrevista na qual apresentava o Relatório de Estabilidade Financeira (REF), que essa é uma visão dele e que com as medidas recentemente adotadas (como a redução de compulsórios) o mercado deve fechar o ano com crescimento de 12% a 14%. Sobre a inadimplência, Meirelles apontou que após um ciclo de baixa, as taxas seguem estáveis desde dezembro. "Podemos estar no fim do ciclo de redução de inadimplência, que se estabilizou em um patamar baixo, coerente com os fundamentos", disse. Pode ser que esses índices subam um pouco, mas não se deve voltar às taxas vistas no passado, pois a dinâmica do mercado mudou. "Vemos uma estabilidade permanecendo ou eventualmente alguma variação, mas dentro do patamar de 3%", disse. Dentro desse ambiente, disse Meirelles, os bancos têm duas saídas para aumentar as receitas. Ampliar margens ou reduzir custos. A primeira opção tem limitação da concorrência em produtos como crédito imobiliário e consignado, que crescem a taxas superiores ao mercado. "Consequentemente, para ter retorno maior, a saída é buscar aumento de eficiência", disse. Meirelles também apontou que as medidas tomadas em julho e agosto como relaxamento do compulsório e requerimento de capital para operações de crédito já mostram resultado, na margem, em algumas carteiras e taxas de juros. Mesmo sem dar mais detalhes ele disse que "não há dúvida que a reversão de medidas macroprudenciais terá efeito sobre o mercado de crédito". O REF, que consolida os dados do primeiro semestre, mostra que o sistema financeiro apresenta adequado grau de capitalização e liquidez e apresentou "adequada capacidade" de suportar efeitos de choques adversos decorrentes de cenários macroeconômicos ruins ou de mudanças bruscas nas taxas de juros, câmbio ou inadimplência. 15
Pelos cálculos do BC, o Índice de Basileia do sistema financeiro fechou o primeiro semestre em 15,5%, uma queda de 1,1 ponto percentual sobre novembro de 2013. A redução é resultado das mudanças regulatórias progressivas de Basileia 3 e alteração no cálculo dos ativos ponderados por risco (RWA). O Patrimônio de Referência (PR) atingiu R$ 619,5 bilhões em junho de 2014, aumento de R$ 500 milhões em relação a novembro de 2013. Segundo Meirelles, mesmo se todas as regras de capital de Basileia 3 fossem implementadas hoje, o sistema financeiro teria capital suficiente. A implementação das regras de exigência de capital vai até 2019. De acordo com o diretor, apenas algumas instituições precisariam de algum acréscimo de capital, mas ele é pequeno e fácil de ser obtido. Entre as instituições públicas, seria necessário obter menos de R$ 1 bilhão, e entre as instituições privadas a necessidade seria de R$ 1,2 bilhão. Como o lucro do sistema financeiro é de R$ 54 bilhões por ano, uma breve retenção de lucros seria suficiente para cumprir com as exigências. O REF também mostra que o risco de liquidez continua baixo, mas apresentou pequeno aumento no primeiro semestre de 2014. Esse indicador já tinha piorado no fim de 2013. Segundo o BC, essa deterioração é resultado "da pressão por rentabilidade que motivou as instituições financeiras a alocar mais recursos do estoque de captações em carteira de crédito e menos em ativos líquidos". O Índice de Liquidez (IL) caiu de 1,58% no fim do ano passado para 1,51% no primeiro semestre do ano. Nessa métrica, quanto maior o número mais confortável é a situação de liquidez das instituições financeiras. Esse índice representa a relação entre os ativos mais líquidos do sistema bancário e os compromissos que a instituição teria de cumprir em um prazo de 30 dias em um hipotético cenário de estresse. O sistema financeiro também mostrou desempenho satisfatório nos testes de estresse realizados pelo BC. De fato, o BC faz esses exercícios diariamente e tem capacidade de atestar a capacidade de absorção de choques do sistema em tempo real.
Petrobras quer produzir 4 milhões de barris por dia até 2030 Fonte: Cristina Indio do Brasil, da
19/09/2014 12h 41
Rio de Janeiro - A meta da Petrobras, segundo a presidente da estatal, Graça Foster, é atingir, no período de 2020 a 2030, de forma competitiva, a produção de 4 milhões de barris de petróleo por dia no Brasil, o que garante o crescimento da empresa. Segundo ela, após este período, a estimativa sobe para 5,2 milhões de barris de petróleo por dia. São estas estimativas que marcam o ritmo dos leilões, mas sem poder estipular antecipadamente um calendário para os certames. A presidente também avalia que a eficiência operacional da Petrobras na Bacia de Campos era 71%, em 2012 e chegará no fim deste ano em 78% ou até um pouco mais. Graça Foster defendeu a continuidade do trabalho, marcado por disciplina e planejamento. “Para cair, cai rápido, para subir é muito trabalho, muito planejamento, muita disciplina, além de muito recurso”, disse ontem (18) no encerramento da RioOil&Gas 2014 Expo and Conference. “Temos dado prioridade à manutenção e à eficiência”, destacou. Graça Foster disse que é muito interessante ver os parceiros da Petrobras satisfeitos aqui no Brasil, demonstrando isso no aumento da produção. “Parcerias com operadores é uma premissa, não só por conta dos 30% do pré-sal, que a lei nos leva a esta participação, mas como premissa geral. A Petrobras não se enxerga trabalhando isoladamente. Não seria possível. Então os parceiros são extremamente importantes, por isso, o projeto de Libra tem uma importância fundamental”, disse. Graça citou o estudo World Energy Outlook 2013, da Agência Internacional de Energia, que aponta o Brasil desempenhando um papel central no atendimento das necessidades de petróleo no mundo até 2035, respondendo por um terço do crescimento líquido da oferta 16
mundial do produto. “Ele pula do 13º lugar com 2,2 milhões de barris de petróleo [em 2012], para o 6º lugar, segundo determinadas premissas”, disse. Segundo ela, a empresa busca a liderança no mercado.“Disciplina é fundamental e nós podemos tornar-nos um player ainda mais importante no cenário mundial”, comentou. A RioOil&Gas 2014 Expo andConference reuniu durante quatro dias especialistas nacionais e estrangeiros, além de representantes de empresas que atuam no setor. O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), João Carlos de Luca, destacou que, este ano, o encontro bateu recorde na presença de estudantes do Programa Profissional do Futuro. “Esse é um projeto que o Brasil vem liderando, diferentemente de outros países, que têm dificuldade de atrair jovens para o mercado de trabalho. Na edição passada nós tivemos 2.500 universitários e este ano foram mais de 3 mil”, disse. De Luca destacou ainda assinatura de um acordo de cooperação entre o IBP e o IFP, que é o seu correspondente francês. “É uma possibilidade de acordo para promover em conjunto cursos e seminários. Ter o IFP conosco, que é uma instituição de tradição, é mais um prestígio para o Brasil”, analisou.
Concentração de renda para de cair e desemprego sobe em 2013 Fonte; Rodrigo Viga Gaier, da
18/09/2014 10h 30
Rio de Janeiro - A concentração de renda no Brasil aumentou ligeiramente no ano passado pela primeira vez desde 2004, enquanto a taxa de desemprego voltou a subir devido à pequena abertura de vagas, mostrou a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (Pnad), divulgada nesta quinta-feira pelo IBGE. O rendimento médio do trabalhador brasileiro ocupado, segundo o estudo, subiu 5,7 por cento em 2013, para 1.681 reais, ante 1.590 reais em 2012, mas o avanço foi desigual. A renda dos mais ricos avançou em um ritmo mais forte que o rendimento dos mais pobres, causando aumento da disparidade de renda. O movimento foi verificado em todos os recortes feitos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), seja pela renda do trabalho, pela renda domiciliar ou pela renda de todas as fontes, que inclui programas de transferência de renda, pensão, aposentadoria e aluguel. O índice de Gini, que mede a concentração de renda, avançou para 0,500 em 2013, ante 0,499 no ano anterior. Pelos critérios do indicador, quanto mais perto de zero menor é a desigualdade de um país. Em 2011, o Gini calculado com base no rendimento domiciliar mensal foi de 0,501. “Os três recortes mostram uma estabilidade do Gini desde 2011. Para o índice melhorar, as pessoas das camadas mais pobres precisariam ter aumentos superiores dos demais. Não vimos isso e, por isso, não vemos movimentação (na concentração)”, avaliou a economista do IBGE Maria Lúcia Vieira. A renda média dos 10 por cento mais pobres subiu 2,17 por cento para 470 reais. Por outro lado, a renda média dos 10 por cento mais ricos avançou 4,4 por cento, a 11.758 reais. “Teve um aumento maior nas extremidades da distribuição, no meio ou não teve nada ou até queda. Para se ter uma distribuição melhor tem que dar mais para quem tem menos. Isso não aconteceu no ano passado e a desigualdade aumentou”, avaliou a economista do IBGE. Segundo ela, o que mais chama a atenção é que o Gini “está praticamente parado” há três anos no país (2011, 2012 e 2013). “Antes, o que se via eram quedas importantes a cada ano no Gini e não se vê mais isso. Não dá para dizer que houve melhora ou piora, mas estamos numa mesma condição desde 2011”, acrescentou. Desemprego piora A taxa de desemprego no Brasil voltou a subir em 2013, de acordo com a Pnad, interrompendo trajetória descendente verificada desde de 2009, quando alcançou 8,3 por cento. 17
Pela pesquisa, que usa como referência para mercado de trabalho a última semana de setembro de cada ano, a taxa de desemprego no ano passado subiu a 6,5 por cento ante 6,1 por cento em 2012. “O número de vagas não atendeu à demanda por emprego no ano passado e foi a primeira vez que cresceu a taxa de desocupação desde a crise mundial”, afirmou o coordenador da pesquisa, Cimar Azeredo. Em 2013, a população ocupada avançou 0,6 por cento, para 95,9 milhões de pessoas, enquanto o número de desocupados subiu 7,2 por cento, para 6,7 milhões de pessoas. Do total de ocupados, 54,9 milhões eram homens e 41 milhões mulheres, sendo que apenas a ocupação entre as mulheres cresceu significativamente em 2013: 1,3 por cento. Segundo a Pnad, 56,9 por cento dos desocupados no ano passado eram mulheres; 31,3 por cento nunca tinham trabalhado; 32,6 por cento eram jovens de 18 a 24 anos; 60,6 por cento eram negros ou pardos e 50,8 por cento não tinham ensino médio. A indústria e a agropecuária perderam postos e participação no mercado de trabalho em 2013 em relação ao ano anterior. No segmento industrial, foram fechados 470 mil postos no ano passado e no setor agrícola foram menos 728 mil vagas. “Isso tem a ver com as dificuldades enfrentadas pelo segmento industrial e com a maior mecanização no campo”, disse a economista do IBGE.
CMN aumenta limite de financiamento do PAC-Vias Urbanas Fonte:
19/09/2014 13h 26
Brasília - O Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou, em reunião extraordinária, o aumento do valor global de contratação para financiar obras de pavimentação e qualificação de vias urbanas selecionados do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Conforme o Tesouro Nacional, o aumento será em TORNO de R$ 3,2 bilhões, passando de R$ 4,6 bilhões para R$ 7,8 bilhões. Segundo o Tesouro Nacional, o objetivo do PAC Pavimentação e Qualificação de Vias Urbanas é investir na qualificação e melhorar a acessibilidade do espaço urbano, as condições de salubridade e segurança viária local, minimizando segregações espaciais e contribuindo para promover a inclusão social. Em 2010, foi lançada a primeira fase do Programa, e, em 2012, a segunda e a terceira fases. A principal fonte de financiamento para esses investimentos é o Programa de Infraestrutura de Transporte e da Mobilidade Urbana (Pró-Transporte) com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O limite para contratação das operações, de R$ 4,6 bilhões, era insuficiente para que o sistema financeiro financiasse os projetos já habilitados. Diante disso, por solicitação do Ministério das Cidades, o CMN autorizou o aumento do valor global de contratação.
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