Jornais e Revistas de 20 de junho de 2014

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 20 DE JUNHO DE 2014

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Projetos da Ambev otimizam plantio de cevada Com o objetivo de estimular melhores práticas agrícolas, como as de conservação do solo e da água, a Ambev dá inicio a três grandes projetos junto aos produtores de cevada da Região Sul do país. A empresa é hoje umas das maiores fomentadoras desse cultivo no Brasil, e consequentemente do desenvolvimento do setor agrícola nacional – em especial das cinco regiões atendidas por suas iniciativas: Paraná, Norte, Planalto, Centro e Sul do Rio Grande do Sul. O projeto Smartbarley é um programa global para mapear junto aos agricultores as melhores práticas de produção de cevada. O trabalho será feito por uma equipe de agrônomos da Ambev, que estará em contato direto com os produtores para acompanhar de perto os cultivos, fazer análises comparativas e coleta de dados que possa ajudar a melhorar a qualidade da cevada. Os principais objetivos do Smartbarley são aumentar a produtividade agrícola, melhorar a gestão ambiental na agricultura e fortalecer os laços com os agricultores. O segundo projeto é o Programa de Excelência de Produtores, queirá reconhecer, fidelizar e estimular os melhores agricultores de cevada no país. Para isso, eles serão orientados a colocar foco na gestão para o alcance de resultados. O programa visa fortalecer o relacionamento entre a Ambev e seus provedores de cevada gerando um maior compromisso e fidelidade, além de aumentar o nível técnico de todos os envolvidos. Umas das práticas a ser disseminada por meio desses programas é o chamado plantio direto, que significa não remover o solo antes de semeá-lo. Pois isso pode ocasionar erosão, assoreamento de rios e também levar defensivos agrícolas às águas. A Ambev desenvolverá em parceria com a cooperativa Agrária, o uso do programa Radar no cultivo de cevada. O sistema alia informações climáticas aos dados de estações experimentais para que o agricultor tome suas decisões de cultivo mais ciente sobre quais são as condições de umidade de solo e do ar; temperatura do ar; vento e probabilidade de chuvas; e tendo à mão modelagens do que está acontecendo e do que poder ocorrer no clima em até dez dias seguintes. Isso levará àotimização de recursos e ao aumento da produtividade por hectare. Atualmente, mais de 2.200 famílias de produtores rurais se dedicam ao cultivo da cevada para abastecer a indústria de cerveja no país. Focada na sustentabilidade do negócio dos produtores, a companhia lança sua nova política de incentivo ao plantio de cevada para a safra de 2014. O destaque deste ano é o lançamento de uma terceira opção de preço para que o produtor venda o grão para a Ambev. Agora é possível optar pela comercialização com base em um teto mínimo e um teto máximo. Isso permite ao agricultor vender os grãos de maneira fracionada, acompanhando as oscilações do mercado. O preço mínimo é o valor da tabela fixa e o máximo é estipulado pela Ambev. Assim como no ano passado, o produtor de cevada dispõe também de outras duas alternativas de preço para a venda: a Ambev disponibiliza uma tabela de valores por região (preços serão 10% mais altos se comprados a 2013) ou opta-se pelo preço determinado pela Bolsa de Chicago (CBOUT), mercado internacional de commodities que regula o valor de grãos e cereais. O produtor tem entre o dia de assinatura do contrato com a Ambev e 24 de abril de 2015 para analisar e definir o dia para vender os cereais para a companhia. Nos três modelos à disposição, o produtor também escolhe a melhor opção de logística para a entrega do carregamento. As cultivares distribuídas para a safra de 2014 serão: BRSBRAU, BRS CAUE, BRS ELIS, MN610, MN743 e MN6021. A Ambev possui duas maltarias no Rio Grande do Sul – Navegantes, em Porto Alegre, e Passo Fundo –, além de duas fábricas de bebidas – Sapucaia do Sul e Viamão. A empresa conta ainda com mais seis centros de distribuição no estado. São as unidades Guaíba, Porto Alegre, Pelotas, Sapucaia, Caxias e Santa Cruz do Sul, inaugurado no início de abril desse ano. Somente em 2013, a Ambev gerou mais de R$ 1,95 bilhão em impostos para o Estado (federais e estaduais). Em toda a cadeia, a Ambev emprega no Estado mais de 87 mil pessoas (entre funcionários diretos, indiretos e induzidos). No Paraná, a Ambev está presente desde 1912, quando foi inaugurada a Cervejaria Atlântica, em Curitiba, que depois passou a fazer parte da Brahma. No Estado, a empresa conta com a fábrica na capital paranaense e outra em Almirante Tamandaré, além de uma unidade fabril em construção na cidade de Ponta Grossa e centros de distribuição direta em Curitiba, Francisco Beltrão e Londrina. No Paraná, a cadeia produtiva da Ambev emprega 63 mil pessoas entre vagas diretas, indiretas e induzidas. E a indústria da cerveja representa 10% da indústria de transformação local. Somente em 2013, a empresa gerou mais de R$ 1,13 bilhão em impostos para o Estado (federais e estaduais).

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Financiamento de veículos aumenta 3% em maio Foram financiados 532.702 veículos em maio, entre automóveis de passeio e comerciais leves, motocicletas, veículos pesados e outros. O volume representa uma alta de 3% em relação a abril. Em comparação com o mesmo período do ano passado, porém, há uma retração de 6%. Os dados são da Cetip, que opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), base integrada de informações que reúne o cadastro das restrições financeiras de veículos que são utilizados como garantia em operações de crédito em todo o Brasil. O SNG impede que o processo de financiamento de veículos seja suscetível a fraudes sistêmicas. O levantamento da Cetip mostra ainda que foram financiados 238 mil automóveis leves usados – volume praticamente estável em comparação com maio do ano passado -, e 85 mil motocicletas zero quilômetro, uma alta de 8% em comparação a abril. As concessões de crédito para financiamentos de veículos somaram R$ 14,3 bilhões* em maio, uma alta de 5% sobre o mês anterior, mas uma queda de 4% quando comparado com maio de 2013.

Anatel aprova norma para reduzir preços de ligação A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) aprovou nesta quarta-feira, dia 18, uma proposta para reduzir os valores das ligações de celulares entre operadoras diferentes. Até 2019, o Valor de Remuneração de Uso de Rede da telefonia móvel (VU-M) deverá ser reduzido em mais de 90%, passando dos atuaisR$ 0,23 para R$ 0,02. O VU-M é o valor que as operadoras de celular pagam para usar a rede de outras empresas. “Esta redução de preços de interconexão deverá se refletir nos preços dos serviços de telefonia ofertados pelas empresas ao consumidor, pois haverá aumento da competição no setor”, diz a agência. De acordo com a norma aprovada hoje, os valores dessas tarifas estarão referenciados aos custos e serão reduzidos gradativamente até o nível de custo eficiente de longo prazo. Com a medida, a Anatel espera que os preços das ligações entre operadoras diferentes fiquem mais próximos dos preços cobrados para chamadas entre usuários da mesma empresa. Assim, o consumidor não precisará de vários aparelhos celulares ou vários chips em um mesmo celular para realizar chamadas para outras operadoras. As reduções nos valores de interconexão também deverão impactar o preço das chamadas fixo-móvel, que deverão ter uma redução substancial, segundo a Agência. Para aprovar a norma, o conselho diretor da Anatel analisou os impactos das reduções de VU-M já implementadas em 2012 e 2013, que não geraram resultados negativos para o setor nem redução de investimentos ou lucros das empresas. (Agência Brasil)

Fluxo cambial está positivo em US$ 540 milhões O fluxo cambial, que representa a entrada e saída de dólares do país, registra saldo positivo de US$ 540 milhões no mês de junho, informou nesta quarta-feira, dia 18, o Banco Central (BC). Os números foram levantados até a última sexta-feira, dia 13. O fluxo financeiro (investimentos em títulos, remessas de lucros e dividendos ao exterior e investimentos estrangeiros diretos, entre outras operações) registrou saldo positivo de US$ 2,286 bilhões. Já o fluxo comercial (operações de câmbio relacionadas a exportações e importações) apresentou saldo negativo de US$ 1,746 bilhão. De janeiro a 13 de junho, o fluxo cambial ficou positivo em US$ 4,569 bilhões. Nesse período, o fluxo financeiro registrou saldo positivo de US$ 1,652 bilhão e o comercial, de US$ 2,916 bilhões.

O Boticário conquista Prêmio Melhores Franquias A empresa O Boticário foi eleita a melhor franquia no segmento de Cosméticos, Perfumaria e Farmácia, pelo Prêmio Melhores Franquias do Brasil 2014. O prêmio é realizado pela revista Pequenas Empresas &

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Grandes Negócios e a marca está na quarta vez consecutiva no topo do ranking. O evento de entrega da premiação foi realizado na semana passada, na segunda-feira, dia 9, em São Paulo. O Diretor de Desenvolvimento de Canais e Franchising de O Boticário, Osvaldo Moscon, recebeu o reconhecimento acompanhado da Gerente de Canais de Venda e Formatação de Rede, Danielle Chevalier Santos Silvano. “Ser reconhecido pela quarta vez consecutiva é motivo de grande orgulho para O Boticário. Essa conquista é reflexo de muito trabalho dos colaboradoresda marca e da transparência e respeito que priorizamos no relacionamento com os nossos franqueados”, afirmou Moscon. Em sua 11ª edição, o Prêmio Melhores Franquias do Brasil é uma homenagem às empresas que mais se destacaram no setor de franchising – um dos mais importantes da economia nacional – e reconhece, anualmente, organizações de 12 diferentes segmentos de mercado, de acordo com levantamento realizado pela Serasa Experian.

De onde vem o dinheiro da FIFA São Paulo - A Copa do Mundo no Brasil tem sido, talvez, a edição que mais sofreu críticas, seja por parte da população do país sede, que não se conforma com os gastos do governo, seja por parte da imprensa, que reporta acusações de corrupção da FIFA e sua ânsia em lucrar demais. Os números realmente espantam. A entidade responsável pelo Mundial de futebol vai gerar, até o fim do campeonato, 4 bilhões de dólares para a organização, 66% a mais que na Copa da África do Sul, em 2010. Só em 2013, foram 1,4 bilhão de dólares em receitas, que resultaram em um lucro de 72 milhões de dólares. De acordo com ela própria, o dinheiro vem, principalmente, da venda dos direitos de transmissão para televisão (60% dos ganhos) e dos contratos com patrocinadores (40%). Mas os gastos operacionais, diz a Federação, também são grandes. No ano passado, foram 1,3 bilhão de dólares em custos. Setenta e dois por cento desse valor foi direcionado exclusivamente para o futebol, em projetos de incentivo, organização de competições e o que eles gostam de chamar de "governança do futebol", o que significa a realização de congressos e os custos com advogados. No caso da Copa do Mundo no Brasil, os custos operacionais chegaram a 2 bilhões de dólares e a organização jura que pagou tudo do próprio bolso, não do governo brasileiro. Um dos pontos mais polêmicos das contas apresentadas pela FIFA é o de suas enormes reservas: 1,4 bilhão de dólares. O tamanho do cofre impressiona por a Federação ser, na teoria, uma organização sem fins lucrativos. "Ter reservas suficientes é de grande importância para assegurar a independência financeira da FIFA e sua habilidade de reagir a eventos inesperados", justificou a entidade em sua divulgação de resultados de 2013. Ela diz que não é possível fazer um seguro para um evento de tal magnitude e, por isso, eles precisam ter dinheiro para cobrir todos os custos caso, por alguma fatalidade, ele venha a não acontecer. Mas não dizem, por exemplo, quanto dos 75,9 milhões de dólares gastos em salários vão para os executivos e nem como os 36,6 milhões de dólares de bônus para os chefes são distribuídos. Críticos também dizem que os meios de fiscalização são fracos e que não há como verificar se os números apresentados são reais. O orçamento para o período de 2015 a 2018 será de 4,9 bilhões de dólares, sendo que 2,15 bilhões serão gastos só com a organização da Copa do Mundo na Rússia, daqui a quatro anos. A receita, a FIFA estima, será de 5 bilhões, o que adicionará mais 100 milhões aos cofres da entidade.

Após Fomc, dólar amplia perda e DIs encerram nas mínimas São Paulo - Depois de uma abertura em alta, o dólar passou a cair no mercado doméstico e esse movimento se aprofundou substancialmente após o resultado da reunião do Fomc. A leitura de que o Federal Reserve não deve subir os juros empurrou a moeda para baixo e ela foi renovando as mínimas no mercado doméstico. O dólar terminou a sessão em queda de 1,15%, a R$ 2,23, depois de marcar, na máxima, R$ 2,2610 (+0,22%) e, na mínima, R$ 2,2290 (-1,20%). No mercado futuro, a moeda para julho registrava retração de 1,48%, a R$ 2,2360 às 16h38. O giro à vista totalizava R$ 1,090 bilhão sendo R$ 888,9 milhões em D+2. No início do dia, a moeda operou em alta, em meio a essa liquidez mais reduzida. Mas o movimento não se sustentou e a queda veio durante o leilão de swap cambial diário, quando foram vendidos os 4 mil contratos ofertados. Como a tendência no exterior era de queda, aqui passou a acompanhar, também aproveitando para se ajustar à alta de ontem. A trajetória de baixa se aprofundou de fato após a reunião do Fomc. O Federal Reserve sinalizou que deve manter os juros em patamares baixos até meados de 2015. Em entrevista na sequência ao encontro, a presidente da autoridade monetária, Janet Yellen, afirmou que as diretrizes futuras do banco central implicam que o momento do primeiro aumento das taxas de juros dependerá do progresso no alcance das metas da

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instituição - máximo emprego e inflação a 2%. "Não vamos mirar um único indicador, como a taxa de desemprego", afirmou. "Vamos olhar para uma ampla série de indicadores." Ou seja, tudo deve continuar como está por um bom tempo, o que levou os juros dos Treasuries para as mínimas, puxou o dólar para baixo e também os juros domésticos. Yellen apontou ainda que existe incerteza dentro do Fomc sobre a política monetária e que o caminho das taxas de juros vai depender dos acontecimentos econômicos. "Existe uma série de opiniões diferentes sobre os juros entre membros do Fed", afirmou. No encontro, os membros do Fomc, no entanto, preveem uma elevação dos juros levemente mais íngreme em 2015 e 2016, mas taxas de juros de longo prazo um pouco menores. Pelo comunicado, 9 dos 16 membros do Fomc veem a taxa de juros em/ou abaixo de 2,5% até o fim de 2016, enquanto 15 dos 16 membros veem taxas de juros em 0,25% ou abaixo até o fim de 2014. Para o Fed, os indicadores do mercado de trabalho, em geral, mostraram melhora adicional, enquanto a taxa de desemprego diminuiu, embora continue elevada. Além disso, o crescimento da atividade econômica se recuperou nos últimos meses e os gastos do consumidor parecem estar crescendo moderadamente. O Fomc prevê inflação de 1,5% a 1,7% em 2014, de 1,5% a 2% em 2015 e de 1,6% a 2% em 2016. Anthony Valeri, estrategista de investimentos da LPL Financial, assinalou que o Fed cortou de 4% para 3,75% a previsão sobre a meta para a taxa dos Fedfunds no longo prazo, o que tranquiliza os investidores de que a instituição não vai apertar agressivamente a política monetária, estimulando a compra de títulos.

Entra em operação geradora da Voith Hydro em Jirau São Paulo - A Voith Hydro informou nesta quarta-feira que a primeira unidade geradora sob sua responsabilidade a operar na Usina Hidrelétrica de Jirau entrou em operação no final de maio. O equipamento, o primeiro de um total de dez previstos em contrato, responderá pela geração de 75 MW de potência nominal à usina. Com isso, a usina localizada em Porto Velho (RO) atinge 585 MW. O projeto tem capacidade instalada de 3.750 MW. Os dez equipamentos da Voith Hydro têm capacidade de 75 MW cada e o cronograma deve respeitar os prazos estabelecidos pela Energia Sustentável do Brasil, concessionária da usina. O projeto tem como sócios a GDF Suez (40%), a Eletrosul (20%), a Chesf (20%) e a japonesa Mitsui (20%), que entrou na usina em maio de 2013. A usina de Jirau faz parte do Complexo do Rio Madeira e está ligada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) por meio da maior rede de corrente contínua do mundo, destacou a Voith Hydro, uma divisão do Grupo Voith. Esta corrente será responsável pelo abastecimento de cerca de 10% da demanda atual de energia da região Sudeste.

Mantega anuncia Reintegra permanente e outras medidas Brasília - O governo federal anunciou nesta quarta-feira novas medidas para o setor produtivo, entre elas a decisão de recriar e tornar permanente o programa de incentivo às exportaçõesReintegra, em renovado esforço da administração da presidente Dilma Rousseff de recuperar a confiança de empresários. Também para beneficiar o setor privado, o governo estabeleceu margem de preferência de 25 por cento para todos os setores em licitações públicas da União para produtos manufaturados e serviços nacionais. Na prática, o preço de produtos nacionais poderá ser até um quarto mais caro que o oferecido por empresas estrangeiras nas licitações. O governo Dilma, que vem perdendo terreno nas pesquisas para as eleições de outubro, já lançou mais de duas dezenas de medidas para estimular a fraca atividade e recuperar a confiança de empresários, mas até agora sem o efeito desejado na economia. O pacote anunciado nesta quarta é o segundo nesta semana, após a apresentação de medidas de estímulo ao mercado de capitais na segunda-feira. Ao apresentar as ações, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reconheceu que há pouco ineditismo nas medidas. "Boa parte dessas medidas ou está sendo reeditada ou aperfeiçoada ou ampliada", afirmou. Segundo Mantega, as medidas não gerarão impacto fiscal relevante este ano. "Impacto fiscal é muito pequeno, porque em geral são medidas para o próximo ano." O Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra), que devolve aos exportadores de manufaturados um percentual da receita com as vendas externas e os compensa por tributos indiretos, terá alíquotas móveis. Em 2014, a alíquota do Reintegra será de 0,3 por cento, disse Mantega a jornalistas. A cada ano caberá ao governo definir qual será a alíquota, variando de 0,1 a 3 por cento da receita com exportações. Quando foi criado originalmente, em 2011, o Reintegra tinha alíquota de 3 por cento. Em outra medida, o governo reduziu os percentuais de entrada a serem dados pelas empresas na adesão ao programa de parcelamento de

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débitos tributários atrasados, o Refis, como pediam os empresários. O mais recente pacote abrange ainda a prorrogação até o fim de 2015 do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que oferece linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com custo subsidiado para investimento. Segundo Mantega, o orçamento do PSI para o ano que vem ainda não está definido, mas deve ficar similar aos 80 bilhões de reais previstos para 2014.

Pacote reedita medidas com eficácia duvidosa, diz Rosenberg São Paulo - O pacote de medidas anunciado nesta quarta-feira, 18, pelo ministro da Fazenda,Guido Mantega, dificilmente altera o quadro de deterioração da indústria nacional. Esta é a avaliação do economista Rafael Bistafa, da Rosenberg Associados. "O pacote é bastante tímido. Reedita velhas medidas com eficácia duvidosa em elevar a competitividade da indústria", diz o economista. Mantega anunciou em Brasília medidas como a continuidade do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) até o final de 2015, a volta do Reintegra e a mudança nas condições do programa de refinanciamento de dívidas fiscais (Refis). "Sentimos falta de medidas estruturantes com foco em aumento de produtividade e eficiência. Também não vimos nada para combater custo Brasil", disse Bistafa. O economista cita, entre medidas que poderiam ser adotadas para melhorar a competitividade da indústria brasileira, alterações trabalhistas e tributárias estruturantes ou anúncios de investimentos em novas concessões de infraestrutura. Além disso, continua Bistafa, faltaram sinalizações de abertura comercial ou de reintegração com cadeias globais de produção. "O País cada vez mais se fecha para o comércio internacional." O pacote anunciado, diz, não deve se traduzir em impacto para a produtividade nem trazer grandes efeitos positivos para a atividade econômica. "Não há nenhuma novidade nas medidas, que vieram para atender reivindicações de alguns setores." Para o economista, o pacote só serve para piorar as contas públicas. "O Reintegra tem custo fiscal elevado. Foi extinto anteriormentepois não foi capaz de aumentar as exportações de manufaturados", disse. "Teve eficácia baixa quando testado e agora volta. O governo está um pouco perdido", critica.

Pacote para indústria é bem recebido, mas não salva 2014, diz economista As medidas de apoio à indústria, anunciadas nesta quarta-feira (18), não têm impacto para tirar a economia da rota de desaceleração neste ano, afirmam analistas. Embora considerado positivo "do ponto de vista conceitual", segundo o economista Júlio Gomes de Almeida, o apoio é tímido. "É um pacotinho, mas é um bom pacotinho", disse Almeida, ex-secretário-executivo do ministro Guido Mantega (Fazenda). O apoio mais relevante é a volta do Reintegra, programa que devolve parte do imposto pago pelo exportador. Porém, o percentual de 0,3% anunciado para este ano é considerado muito pequeno. "É quase nada", afirmou o diretor de pesquisa econômica da consultoria GO Associados, Fábio Silveira. "Não terá nenhum impacto em 2014, é uma política restrita." "Este ano não tem muito resultado. Vai pegar mais em 2015. Mas serve para mudar o humor do empresariado, que só tem tido notícia negativa", disse o empresário Roberto Giannetti Fonseca. Para Almeida, o retorno do Reintegra "repara um erro". "Não é um subsídio, não é passível de questionamento na OMC (Organização Mundial do Comércio) e não é uma redução de impostos. É uma compensação", afirmou. Estudo da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) estimou que os impostos não-reembolsáveis representam cerca de 6% do preço dos produtos exportados, o que tira competitividade das vendas do país no exterior. Também foi anunciada uma nova lei do Refis da crise - programa de parcelamento de débitos tributários. O governo barateou a entrada que as empresas devem pagar para terem direito ao parcelamento de até 180 meses. O governo ainda definiu ainda que vai manter o PSI (Programa de Sustentação de Investimento), que concede financiamentos a juros baixos ao empresariado por meio do BNDES. As taxas de juros dos empréstimos não foram anunciadas.

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Economista Julio Gomes de Almeida, ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda As medidas chegam em um momento em que a economia brasileira dá sinais de perda de fôlego. Depois de um primeiro trimestre de expansão modesta (crescimento de 0,2% ante o quatro trimestre de 2013), analistas preveem que o PIB pode encolher entre abril e junho, devido aos dias parados com a Copa e o pessimismo com a economia. Segundo sondagem da FGV, a confiança de empresários da indústria caiu 5% entre abril e maio e a dos consumidores, 3,3%. Para Lucy Sousa, conselheira da Apimec (Associação dos Analistas do Mercado) paulista, as medidas são positivas para tentar reverter o mau humor em relação ao desempenho da economia. No entanto, ela afirma que a confiança só terá reforço duradouro se o país discutir resolver gargalos e injustiças tributárias de maior alcance. "No Brasil, os empresários têm uma visão muito de curto prazo. Qualquer mudança de cenário, eles descem do ônibus do investimento. Eles precisam olhar para o futuro. E essas medidas tentam reverter essa falta de confiança." Para Giannetti, o governo adotou o pacote para minimizar o efeito negativo para os exportadores da atuação do Banco Central no câmbio. Ele afirma que a autoridade mantém o dólar mais baixo para conter os efeitos na inflação. A ampliação de prazo do PSI para 2015 tem como objetivo incentivar o investimento. Porém, deve ter pouca eficácia em um momento de baixa confiança para investir. Neste ano, o BNDES liberou R$ 25 bilhões até abril em empréstimos para a compra de máquinas. A maior parte foi usada em caminhões. Já a melhora das condições para adesão ao Refis não receberam o mesmo apoio. "Esse é um tipo de medida que só tem impacto de vez em quando", disse Almeida.

Argentina diz que não pagará próximo vencimento de juro de dívida De acordo com o Ministério, por causa da decisão judicial, a Argentina só poderia pagar os juros da dívida reestruturada se, ao mesmo tempo, quitasse "a totalidade do reclamado pelos fundos buitres, que poderia chegar a US$ 15 bilhões". A Suprema Corte americana manteve decisão do juiz distrital de Nova York Thomas Griesa de determinar que o governo argentino pagasse credores "holdouts", aqueles que rejeitaram a reestruturação após o histórico calote de 2001. A decisão judicial refere-se à ação de três fundos - também chamados “buitre” (abutres), que costumam comprar títulos de dívida pública de economias com problemas - que reclamam o pagamento de US$ 1,3 bilhão. Mas existem ações de outros fundos “buitre”. O total dessas dívidas está em torno dos US$ 15 bilhões, o que representa mais da metade das reservas que a Argentina tem em moeda estrangeira. Diante da determinação da Justiça americana, o Ministério da Economia argentino diz, em sua nota, que o pagamento do próximo vencimento da dívida reestruturada fica impossibilitado e "mostra a inexistência de vontade de negociar em condições diferentes às obtidas na sentença do juiz Griesa". Em entrevista coletiva ontem, o ministro-chefe do gabinete do governo da Argentina, Jorge Capitanich, desmentiu que o país enviará uma missão aos Estados Unidos para tratar do assunto e afirmou que as medidas cautelares “impedem que a Argentina pague em 30 de junho os cupons da dívida, em cumprimento com os credores que concordaram com a reestruturação”. “Não se pode colocar em dúvida, nem por Griesa nem por ninguém, a vontade de pagar”, acrescentou Capitanich. Segundo ele, a atuação do juiz Giesa no caso “confirma de modo claro e transparente a verdadeira intenção da medida: fulminar a mais exitosa reestruturação de dívida que se realizou sem a assistência do Fundo Monetário Internacional, garantindo o cumprimento de todas as obrigações financeiras de forma sistemática”.

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Governo mantém meta de 4,5% para a inflação de 2016 O Conselho Monetário Nacional (CMN) deve fixar, na reunião do dia 26, a meta de inflação para 2016 em 4,5%, repetindo o percentual que vigora desde 2005. Será, assim, o 12º ano com essa mesma meta. Esta é a proposta que será levada à discussão do CMN. A margem de tolerância, para mais ou para menos, também será mantida em dois pontos percentuais, o que significa que, na presença de algum choque de preços, a inflação pode chegar a 6,5% ou, na melhor das hipóteses, cair para até 2,5%. O governo entende que, antes de qualquer tentativa de retomar o processo de desinflação, é preciso levar o índice oficial (IPCA) para a meta, de onde escapou em 2010 e vem, desde então, rondando o patamar de 6%. A menor taxa nesse período foi de 5,84% em 2012. Nos 12 meses acumulados até maio, o IPCA atingiu 6,37%. A expectativa do Banco Central é que a inflação supere o teto de 6,5% antes das eleições, mas caia para um percentual mais próximo de 6% no fim do exercício. As expectativas do mercado estão desancoradas para este e os próximos anos e essa é uma batalha que o BC tem perdido. O Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa básica de juros em 3,75 pontos percentuais desde abril de 2013 - de 7,25% para 11% - para conter as pressões inflacionárias. Os juros afetam primeiro a atividade econômica, reduzindo seu ritmo, para depois produzir moderação no comportamento dos preços de bens e serviços. Mesmo com a alta da taxa Selic, as expectativas não cederam porque, hoje, há um fator que impede melhores prognósticos para o futuro: a repressão de alguns preços importantes da economia, como os de energia e gasolina, cujo atraso deve ser corrigido neste e no próximo ano. Não há clareza, entretanto, se o processo de correção se esgota nesse período ou se estenderá por mais tempo. Em 2006, quando o IPCA caiu para 3,14%, o governo perdeu oportunidade única de ousar no processo desinflacionário. Mesmo com taxa efetiva e as expectativas inferiores à meta, o CMN confirmou para 2007, e fixou para 2008, meta de 4,5%, com a mesma margem de tolerância. Apesar de o BC ter proposto redução da meta na ocasião, o Ministério da Fazenda discordou, temendo que, ao buscar inflação menor, o Copom comprometesse o crescimento.

Capital estrangeiro volta a emergentes e reduz pressão por grandes reformas Uma nova onda de investimentos está aliviando a pressão sobre alguns governos de países emergentes que finalmente iniciaram reformas econômicas difíceis. Há cerca de um ano, os investidores internacionais abandonaram os mercados em desenvolvimento na expectativa de que as taxas de juros dos Estados Unidos subiriam quando o FederalReserve, o banco central americano, começasse a reduzir seu programa de estímulo monetário. Os bancos centrais da Turquia, Brasil, Índia, Indonésia e África do Sul decidiram, então, elevar os juros para estancar a fuga de capitais. Muitos governos também prometeram reformas econômicas complexas para restaurar a confiança. Desde então, os fluxos de investimento mudaram de direção, impulsionados pela aposta de que os juros permanecerão perto de zero no Ocidente durante boa parte de 2015. Isso permitiu que os países emergentes adiassem a adoção de políticas rígidas, o que poderia prejudicar o crescimento econômico mundial. Os investidores retiraram US$ 32,5 bilhões de ações e títulos de 30 países emergentes em junho de 2013, no auge da turbulência nos mercados globais, de acordo com o InstituteofInternationalFinance Inc. A agitação política na Ucrânia em janeiro provocou uma nova debandada. Mas os investidores injetaram US$ 221,7 bilhões em ativos de países emergentes nos últimos 11 meses, incluindo uma estimativa de US$ 45 bilhões só em maio, o maior total mensal desde setembro de 2012. Agora, alguns países, como a Turquia, estão começando a reverter aumentos de juros sobpressãopolítica. Outros estão adiando reformas apontadas por economistas como necessárias durante anos e que, finalmente, pareciam mais próximas de se tornar realidade. O governo da Indonésia, por exemplo, colocou em pausa um esforço para reduzir os onerosos subsídios ao combustível importado que dá aos consumidores, ficando com menos dinheiro disponível para melhorias de infraestrutura muito necessárias. "Esse é um caso claro onde a margem de manobra que a entrada de investimentos proporcionou diminuiu a urgência de reformas", diz TaimurBaig, economista do Deutsche Bank em Cingapura. Os países que deixarem de aproveitar este momento para melhorar estradas e portos, liberalizar ainda mais suas economias e reduzir a burocracia para atrair empresas estrangeiras estão propensos a registrar crescimento econômico mais lento nos próximos anos, prejudicando um importante motor do crescimento global num momento de fraqueza nos países industrializados, dizem muitos economistas. O Banco Mundial afirmou num relatório deste mês que o crescimento médio nos países em desenvolvimento continuará abaixo de 5% em 2014, pelo terceiro ano consecutivo, em parte por causa do progresso lento em mudanças estruturais. Após a crise financeira global de 2008 e da recessão nos EUA, os países em

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desenvolvimento, liderados pela China, ajudaram a alimentar o crescimento mundial através de estímulos fiscais e políticas de estímulo ao crédito. Mas a China enfrenta agora um aumento acelerado dos níveis de dívida, a um ritmo semelhante ao visto nos EUA antes da crise financeira. Os países em desenvolvimento poderiam ficar expostos a uma fuga de capitais quando as taxas de juros dos EUA começarem a subir. Há um ano, quando os investidores antecipavam aumento de juros nos EUA, países que eram fortemente dependentes de financiamento estrangeirotipicamente os que importam mais do que exportam foram especialmente afetados. Muitos países em desenvolvimento responderam com elevação dos juros para atrair capitais, desacelerando suas economias e reduzindo déficits comerciais e o crescimento do crédito. Mas essas estratégias deixaram alguns países vulneráveis a mudanças bruscas nos fluxos de capital, afirmou o Banco Mundial. "Se os juros subirem muito rapidamente ou houver retiradas acentuadas de capital", advertiu o banco, "economias com grandes necessidades de financiamento externo ou expansões rápidas no crédito interno nos últimos anos poderiam passar por um estresse considerável." Por enquanto, os investidores estão apostando que o crescimento ainda anêmico dos EUA, Europa e Japão manterá os juros baixos durante quase todo o próximo ano, então eles estão buscando rentabilidade elevada nos países em desenvolvimento. O índice MSCI de Mercados Emergentes, que caiu 15% entre o fim de maio e junho de 2013, desde então recuperou todo o ganho perdido. Alguns mercados - Índia, Turquia e África do Sul - registraram ganhos ainda maiores. O rendimento médio dos títulos soberanos de dez anos de países em desenvolvimento caiu para 5,2% ao ano no início de junho, após atingir um pico de 6,7% em setembro de 2013, informou o Banco Mundial. A demanda por títulos derruba o rendimento. "Um risco apresentado pelo que está acontecendo nos últimos quatro ou cinco meses é que a volatilidade reduzida e rentabilidades menores podem levar os formuladores de políticas de volta a uma posição de conforto", diz BinayChandgothia, gestor de portfólio do Principal Global Investors, de Hong Kong. Alguns países parecem estar avançando com algumas mudanças. O novo governo da Índia esboçou um plano este mês para melhorar a infraestrutura e o abastecimento de água, além de realizar investimentos em ferrovias de alta velocidade. O México permitiu investimentos estrangeiros no setor de energia. Índia, Indonésia e outros países reforçaram suas reservas estrangeiras e reduziram seu déficit comercial desde a crise de meados do ano passado. Mas em outros lugares o progresso é desapontador. O Congresso Nacional Africano, que governa a África do Sul e foi reeleito em maio, tem pleiteado uma transformação radical da economia que, pelas previsões, deve crescer menos de 2% em 2014. Desde sua reeleição, no mês passado, o presidente Jacob Zuma não apresentou detalhes das reformas e renomeou ministros com fracas credenciais reformadoras, dizem analistas. Os receios não impediram a entrada de capital. Estrangeiros compraram US$ 1,9 bilhão em ações e títulos de dívida sul-africanos desde o início de maio e o Índice da Bolsa de Valores de Joanesburgo teve alta recorde este mês. David Faulkner, economista da HSBC Holdings PLC, em Joanesburgo, diz que o governo precisa acelerar os esforços para resolver questões como o desemprego elevado e gargalos energéticos para impulsionar o crescimento. Na Turquia, um êxodo de capital forçou o banco central a mais que dobrar, em janeiro, sua taxa de recompra de uma semana, um de seus juros básicos, para 10%. Fundos estrangeiros em busca de retorno começaram a voltar para a Turquia no segundo trimestre, ajudando a valorizar a lira em 9%, depois de a moeda ter registrado um recorde de baixa no fim de janeiro, e encorajando o primeiro ministro Recep Tayyip Erdogan a pressionar o BC a reverter o aumento de janeiro. O banco respondeu com um corte de 0,5ponto percentual em maio, que Erdogan descreveu como "nem um pouco positivo". Na Indonésia, o banco central elevou os juros em 1,75ponto percentual no ano passado. A alta ajudou a reduzir o déficit comercial. A rúpia se valorizou mais de 2,5% em relação ao dólar este ano até segunda-feira. Mas a o país tem feito pouca coisa para reduzir subsídios de combustíveis que chegam a US$ 20 bilhões por ano. Isso ampliou o déficit comercial novamente, à medida que o combustível importado voltou a subir. Os subsídios crescentes também reduzem os recursos disponíveis no orçamento para melhorar os portos e estradas precários do país. "Isso é exatamente o que não é necessário", afirmou a corretora CLSA num relatório.

Fundo soberano chinês muda foco para agricultura O fundo soberano da China está mudando seu foco para investir em agricultura e em fontes de suprimento de alimentos, em uma importante decisão estratégica que reflete as prioridades da nova liderança do país. Em um artigo publicado no "Financial Times", DingXuedong, presidente da China InvestmentCorp (CIC), afirma que o fundo, com US$ 650 bilhões, quer investir mais na agricultura em todo o mundo e "em toda a cadeia de valor". Ciente da controvérsia em torno das tentativas anteriores de governos asiáticos e do Oriente Médio de garantir o uso de terras agrícolas e alimentos em países mais pobres, especialmente da África, Ding afirma que a CIC quer firmar parcerias com governos,

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organizações multilaterais e outros investidores institucionais. Ele também enfatizou o compromisso do fundo soberano de "fortalecer a segurança alimentar nos países nos quais investimos e onde contribuímos com nossa parte para a criação de empregos e para o crescimento econômico local".A CIC prestará especial atenção a aspectos agrícolas que no passado foram negligenciados por grandes investidores institucionais, como irrigação, transformação da terra e produção de rações para animais, afirma ele. O foco na agricultura se intensificou no ano passado e assinala a segunda grande mudança estratégica no fundo desde que foi criado, em 2007. As empresas chinesas, estatais em sua maioria, têm feito grandes investimentos em terras agrícolas e em produção de alimentos nos últimos anos, especialmente na Ásia, África e América Latina. Empresas chinesas apoiadas pelo Estado realizaram diversos investimentos na produção de alimentos na Ucrânia antes da eclosão da crise política - e o aporte da empresa de carne Shuanghui na SmithfieldFoods, maior produtora de carne suína nos EUA, em 2013, até agora é a maior aquisição chinesa de uma empresa americana. Originalmente, a CIC se concentrou em assumir participações em instituições financeiras americanas, como no fundo de privateequityBlackstone e no Morgan Stanley. Mas, após prejuízos nesses investimentos na esteira da crise financeira, a CIC ajustou sua estratégia de modo e passou a se concentrar em energia, metais, mineração e outras commodities necessárias para assegurar os insumos necessários à vigorosa ascensão industrial chinesa. Ding assumiu a presidência da CIC há um ano, não muito tempo após o presidente chinês, Xi Jinping, ter assumido o comando do país - e a nova estratégia de investimentos do fundo está em linha com as prioridades do novo governo. Pequim quer reduzir sua dependência de investimentos em infraestrutura e indústria pesada poluente e aquecer o consumo, com ênfase em melhoria dos padrões de vida. Acredita-se que um forte crescimento da demanda chinesa por carne, laticínios, grãos e outras commodities agrícolas passem a exercer crescentes pressões sobre a oferta alimentar mundial. Até o fim de 2013, a CIC tinha cerca de US$ 650 bilhões em ativos sob gestão, dos quais US$ 200 bilhões investidos fora do país. A maior parte do montante restante é composto por participações nas maiores instituições financeiras chinesas, que o fundo detém em nome do Estado. Além da agricultura, a CIC concentrará seus investimentos em tecnologia, imóveis e investimentos em infraestrutura, que proporcionam retornos estáveis em longo prazo. Ding está no Reino Unido nesta semana, acompanhando Li Keqiang em sua primeira visita oficial ao Reino Unido como primeiro-ministro. Embora não estejam previstos anúncios de grandes investimentos da CIC durante a visita, executivos do fundo soberano estão "pesquisando ativamente" oportunidades potenciais, especialmente em infraestrutura, para incluí-las em seu portfólio no Reino Unido. (Tradução de Sergio Blum)

Dilma compromete-se a dar desconto extra para quem aderir a “Refis” BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff comprometeu-se formalmente a encaminhar ao Congresso medida dispensando de encargos judiciais (honorários advocatícios e de sucumbência) as empresas que desistirem de contestar na Justiça a cobrança de tributos pela União. O objetivo é estimular a adesão aos programas de parcelamento e de outras formas de facilitação de pagamento dívidas com o governo, genericamente apelidados de Refis, o que exige das empresas renunciar às ações. O compromisso foi assumido por Dilma na mensagem de veto parcial ao projeto de lei de conversão aprovado pelo Congresso no lugar da Medida Provisória 634/2013. O projeto foi sancionado na quarta-feira, dando origem à Lei 12.995/2014, publicada no “Diário Oficial da União” desta sexta-feira. Ao optar pela sanção parcial, a presidente vetou os artigos 24 e 25, que livrariam as empresas de pagar honorários advocatícios e de sucumbência, encargos cobrados de quem perdeou desiste de levar processo judicial adiante. Mas na mensagem de veto, também publicada hoje e encaminhada à Presidência do Congresso, ela explicou que só fez isso porque o projeto mandou aplicar o benefício inclusive no caso de ações judiciais já extintas. "Os dispositivos concederiam dispensa de honorários advocatícios e do pagamento de sucumbência inclusive para ações extintas, podendo atingir sentenças transitadas em julgado e já executadas. O comando normativo poderia, assim, causar discussões judiciais, inclusive pedidos de repetição de indébito, com consequências financeiras não calculadas para a União“, justificou. Em seguida, porém, Dilma prometeu que o governo “enviará ao Congresso Nacional medida com o intuito de sanar o problema em questão, garantindo, contudo, a produção de efeitos apenas para ações futuras". A intenção do governo de manter o benefício criado pelo Congresso para estimular adesões aos Refis já tinha sido noticiada pela jornalista Leandra Peres em matéria no Valor. A medida deve beneficiar principalmente grandes empresas multinacionais e bancos. Ao sancionar o projeto de conversão da MP 634/2013, a presidente vetou ainda o artigo 20, que permitiria a criação de Cooperativas de Transporte de Cargas (CTC). Conforme ela, a introdução, por lei, de novo agente no setor de transporte de cargas traria “restrições excessivas que não se aplicam aos demais atores”. Isso

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significaria, ainda segundo a mensagem presidencial, “ quebra do princípio da isonomia, além da criação de barreiras indesejáveis e reserva de mercado, o que colocaria em risco a livre concorrência".

Inflação é superior à do Brasil em apenas 3 dos 26 países que adotam regime de metas Mesmo com a continuidade do baixo ritmo de crescimento da economia brasileira, a inflação no país segue elevada para padrões internacionais. De 26 países que adotam o regime de metas, em apenas trêso índice de preços ao consumidor supera a alta de 6,4% registrada pelo indicador do Brasil nos 12 meses encerrados em maio. Nenhum deles está na América Latina, onde os alvos centrais perseguidos são bem mais ambiciosos. Enquanto o Banco Central brasileiro deve mirar o percentual de 4,5% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) até 2016mesmo objetivo central desde 2005 Chile, Colômbia e México têm 3% como meta inflacionária. No Peru, o alvo é ainda menor: 2%. As bandas de flutuação permitidas nesses países são de um ponto percentual a mais ou a menos, tambémmais restritivas do que os dois pontos estipulados pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no Brasil. Para economistas ouvidos pelo Valor, fatores que já são velhos conhecidos, como a pressão dos serviços e da inércia, ainda sãoimportantes para explicar a resistência mais forte dos preços no país, mas a deterioração das expectativas tem ganhado destaque na conjuntura atual. Embora o índice de preços ao consumidor tenha subido para 2,9% nos 12 meses até maio na Colômbia, puxado pelos alimentos, e já tenha ultrapassado o teto da meta estabelecida no Peru e no Chile - onde a inflação ficou em 3,6% e 4,7% na mesma comparação, respectivamente - o chefe de pesquisa para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, avalia que a situação inflacionária nos outros países do continente não é comparável à do Brasil. "O centro da meta no Brasil significa estar fora da banda em qualquer outro país", diz Ramos. Segundo o economista, o choque de commodities internacionais ocorrido no início do ano afetou a trajetória dos índices ao consumidor em todos os outros quatro países, assim como o IPCA brasileiro, que também sofreu os efeitos da estiagem interna, mas essa não seria a explicação para o descompasso da evolução de preços no Brasil em relação a seus pares latino-americanos. Como México, Peru, Colômbia e Chile têm conseguido entregar uma taxa de inflação próxima do centro nos últimos anos, Ramos afirma que a política monetária de seus bancos centrais possui maior credibilidade, o que repercute de forma positiva nas expectativas do mercado. Ele ainda acrescenta que em nenhuma dessas economias existe uma política de controle de preços administrados, ao contrário do Brasil, onde as estimativas para o IPCA foram afetadas pela perspectiva de correção maior desses itens em 2015 e também nos próximos anos. Os bancos centrais desses quatro países adotaram uma política monetária mais frouxa neste ano devido ao aumento da preocupação com a atividade, afirma Rodolfo Oliveira, da Tendências Consultoria Integrada, mas a postura mais expansionista não representa uma ruptura na condução da política econômica, que deve se manter sólida em todos os integrantes da Aliança do Pacífico. O coordenador do centro de macroeconomia aplicada da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP-FGV), Emerson Marçal, afirma que o crescimento robusto da renda dos brasileiros nos últimos anos abriu espaço para repasses elevados no setor de serviços, cuja inflação atingiu 8,7% no ano encerrado em maio. Marçal também destaca a aceleração dos preços dos alimentos, que têm rodado acima de 7% nos últimos meses, na medida anualizada. No entanto, assim como Ramos, o coordenador da FGV acredita que a postura recente do governo está por trás da permanência do IPCA num patamar sempre mais próximo de 6%. Além de trabalhar com uma meta mais generosa e com uma banda de flutuação larga, diz o pesquisador, o Banco Central parece ter optado por uma convergência mais lenta do IPCA ao centro. No campo da política monetária, o ciclo de relaxamento que levou a taxa básica de juros a 7,25% ao ano em outubro de 2012 talvez tenha sido "um pouco agressivo demais", o que diminuiu a eficácia do posterior ciclo de aperto, diz Marçal. Desde abril, a taxa Selic voltou a subir e hoje está em 11% ao ano. O professor da FGV também observa que a política fiscal não tem contribuído para o controle da inflação, o que estimulou a piora das expectativas do mercado. Luiz Roberto Cunha, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), concorda com a posição de Marçal sobre as políticas monetária e fiscal, mas, em sua opinião, a indexação ainda tem impacto relevante sobre a dinâmica inflacionária brasileira, mais do que em outros países. Embora o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) não funcione mais como indexador de boa parte das tarifas públicas, Cunha lembra que o salário mínimo ainda é um farol importante para reajustes salariais, seja formal ou informalmente. A regra atual, que corrige o piso nacional pela expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos atrás e pela inflação do ano anterior, é válida até 2015. Para Cunha, outra característica da economia brasileira que acaba contribuindo para um nível de inflação maior é o mercado de trabalho apertado, que pressiona os custos da mão de obra. Já o

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economista João Pedro Bumachar, do Itaú Unibanco, destaca que não é só no Brasil que o desemprego está baixo e, portanto, acelerando custos influenciados pela renda. "Uma inflação de serviços acima da inflação cheia é algo comum aos mercados emergentes", afirma Bumachar. O atual quadro de atividade fraca e inflação em nível desconfortável também é algo generalizado na América Latina, comenta Bumachar, já que a perda de fôlego das economias não está gerando aumento da desocupação nos países do continente.

Com desaceleração da demanda chinesa, preços de exportação caem 5,1% no ano A desaceleração da demanda chinesa e o ritmo ainda morno de crescimento das principais economias globais reduziram neste ano os preços internacionais de commodities relevantes para o Brasil, como soja e minério de ferro. Entre janeiro e maio, na comparação com igual período de 2013, o índice de preço das exportações brasileiras recuou 5,1%, queda mais intensa do que a retração de 2,3% nos preços médios de importação. Assim, os termos de troca do comércio exterior brasileiro, que já vinham em tendência de deterioração, chegaram ao menor nível desde 2010 e explicam, em parte, a piora do saldo comercial do país nos últimos anos. Após acumular queda de 7,8% entre 2011 e 2013, a relação entre preços de exportação e de importação continuou a cair neste ano, quando os termos de troca ficaram 2,9% menores no acumulado até maio, na comparação com iguais meses de 2013. Os dados são da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). Daiane Santos, economista da Funcex, afirma que a retração dos preços de exportação, que em maio estavam 14,1% menores do que no pico, em agosto de 2011, está ligada principalmente à queda de cotações internacionais de produtos básicos relevantes para a pauta de comércio exterior do Brasil. Entre as principais quedas, afirma, estiveram óleo bruto de petróleo, soja, minério de ferro, açúcar de cana e carne de frango. "Diante da conjuntura mundial, essa queda não chega a surpreender muito", diz Daiane, já que a recuperação da demanda global está demorando mais do que se projetava e a economia chinesa dá sinais de desaceleração. Por isso, avalia, é difícil projetar reversão desse cenário, mesmo com o aumento de 1,1% dos preços de exportação entre abril e maio. "Não é uma tendência, os preços de commodities devem seguir em declínio", afirma. Rodrigo Branco, pesquisador do Centro de Estudos de Estratégias de Desenvolvimento da Uerj (Cedes /Uerj), também avalia que o cenário externo ainda complicado torna a recuperação dos preços de commodities difícil. "O cenário de retomada da economia global não se concretizou na velocidade esperada e a China dá sinais mistos". O economista lembra, por exemplo, que há excesso de capacidade de produção de aço no país, responsável por cerca de 60% da demanda mundial por minério de ferro, o que explica a recente retração dos preços. No início desta semana, a commodity chegou a ser cotado abaixo de US$ 90 no mercado à vista chinês. Em relatório, o departamento de macroeconomia do Bradesco também avalia que a tendência é de queda para os preços de outro produto relevante para a pauta exportadora do Brasil, a soja, devido à expectativa de safras recordes em produtores importantes. Embora os termos de troca tenham piorado nos cinco primeiros meses deste ano, o país registrou, neste período, déficit de US$ 4,9 bilhões, resultado um pouco melhor do que em iguais meses do ano passado, quando o saldo era negativo em US$ 5,4 bilhões. Apesar da queda de preços, os volumes desembarcados de algumas commodities, como minério de ferro, soja e petróleo, aumentaram em 2014. Assim, a razão de quantum (relação entre o volume de bens exportados e de produtos importados) subiu 3,9% neste período. Para Fernando Ribeiro, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), dificilmente o quadro de piora dos termos de troca vai se reverter neste ano e o saldo comercial deve ser menor do que em 2013, quando o superávit foi de apenas US$ 2,6 bilhões. Em sua avaliação, porém, há sinais de estabilização dos preços de exportação, com o aumento recente da cotação do petróleo, o que já seria uma boa notícia, ainda que insuficiente para reverter a piora de termos de troca observada nos primeiros meses deste ano. "Ainda é cedo para afirmar que o pior momento de preços de exportação ficou para trás." Já Daiane, da Funcex projeta déficit em torno de US$ 3 bilhões para a balança comercial e avalia que se esse resultado for melhor, será influenciado por redução das importações, em função da fraqueza da atividade doméstica. Ribeiro comenta que, embora seja difícil avaliar precisamente o impacto sobre a atividade econômica, a deterioração dos termos de troca ajuda a explicar o fraco desempenho da atividade nos últimos anos. Quando os preços de bens exportados superam o de importados, há um efeito "riqueza" para o exportador que acaba impulsionando a economia. Sem essa "ajuda", fica mais difícil crescer.

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Avaliação negativa de Dilma supera a positiva A avaliação positiva do governo da presidente Dilma Rousseff caiu de 36% para 31% de acordo com a pesquisa CNI-Ibope divulgada ontem. É a primeira vez desde o início de sua administração que Dilma vê o índice de ótimo ou bom ser superado pelo percentual de pesquisados que avalia seu governo de forma negativa. A soma dos que consideramruim ou péssimo o governo da presidente chegou ao nível recorde de 33%. Nem mesmo no auge das manifestações de junho do ano passado houve este cruzamento de curvas. A presidente começa a corrida eleitoral lidando com um nível de rejeição a seu governo sem precedentes desde que tomou posse. A pesquisa foi realizada de 13 a 15 de junho, com 2.002 entrevistas em 142 municípios. Está registrada no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo sob o protocolo BR-00171/2014. Nos últimos três meses, intervalo em relação à última pesquisa encomendada pela CNI, os candidatos de oposição fizeram comerciais de rádio e televisão, o país voltou suas atenções para a Copa do Mundo e movimentos grevistas afetaram muito negativamente a vida dos moradores de metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. As manifestações não se dirigiram especificamente contra a presidente e a greve dos metroviários de São Paulo é o maior exemplo disso, mas o levantamento mostra que a presidente Dilma pagou parte da conta. Com esta faixa de aprovação popular e este nível de desaprovação, o segundo turno nas eleições presidenciais de outubro é inexorável, e a pesquisa de intenção de voto do Ibope já sinaliza isso. Dilma obteve 39% das intenções de voto, ante Aécio Neves (PSDB), com 21%; Eduardo Campos (PSB) com 10%; Pastor Everaldo (PSC) com 3%; Magno Malta (PR) com 2% e José Maria (PSTU), com 1%. A soma dos demais candidatos atinge 3%. A pesquisa mostra que, dado o grau de rejeição de Dilma, é quase indiferente saber se o seu adversário em um segundo turno será Aécio ou Eduardo Campos. Em termos estatísticos, considerada a margem de erro, o quadro é o mesmo. Dilma bate Aécio por 43% a 30% e vence Eduardo com o mesmo percentual, ante 27% do rival. O tucano e o candidato do PSB se equivalem: 32% dos pesquisados afirmam que não votariam em Aécio em hipótese alguma. No caso de Eduardo Campos, o percentual é de 33%. Quando se trata de Dilma, a rejeição é diferenciada: 43% afirmam que não votarão nela em qualquer hipótese. Na região Sul, onde vota Dilma, a rejeição é de 56%. Na faixa de renda acima de dez salários mínimos, de 62%. Entre os eleitores com ensino superior, Dilma é rejeitada por 58%. O nível de conhecimento dos rivais de Dilma ainda é relativamente baixo. Enquanto a presidente é desconhecida por apenas 1%, Campos é desconhecido por 25% dos entrevistados. Aécio é uma incógnita para 20% que diz não o conhecer o suficiente ou não poder opinar. É uma notícia ruim para Eduardo Campos, que inicia a campanha eleitoral com intenções de voto que equivalem à metade da votação em 2010 de sua companheira de chapa, a ex-ministra Marina Silva. Para crescer o candidato do PSB não poderá mais contar apenas com a difusão de seu nome. Será necessário retirar eleitores da massa de desiludidos ou diretamente de seus oponentes. Já não se trata de um resultado apenas de falta de "recall". Aécio tem mais força no Sul, onde empata estatisticamente com Dilma, conseguindo 26%, ante 30% da presidente; e um enorme flanco no Nordeste, uma região do Brasil onde está em terceiro lugar, com 8% das intenções de voto, ante 13% de Campos. Na região, Dilma tem 52%. Do ponto de vista de composição de chapa visando a ganhos eleitorais, a pesquisa mostra que a hipótese do tucano escolher um político do Nordeste para ser seu vice na chapa faz sentido. A pesquisa mostra que ainda é expressivo o contingente eleitoral de desiludidos com todas as opções. Na pesquisa espontânea, o total que promete votar brancos e nulo atinge 16%, superior à soma das menções de Aécio e Campos. Na pesquisa estimulada, atinge 13%. Nas simulações de segundo turno, oscila entre 19% e 21%. Ainda é um resquício dos eventos de junho do ano passado. Em junho de 2010, pesquisas da época do Ibope mostravam apenas 7% dispostos a votar branco ou anular, menos da metade do patamar atual. A desilusão segue o caminho da oposição: é maior no Sul e no Sudeste, nos segmentos de maior renda e de maior escolaridade. Dilma deve ser oficializada amanhã candidata à reeleição pelo PT e a pesquisa mostra que a presidente terá uma tarefa árdua para defender seu governo: mesmo com a menor taxa de desemprego aberto da história recente do país, a percepção popular mostra uma desaprovação das políticas do governo para o setor de 57%. A avaliação negativa das políticas governamentais de combate à fome e à pobreza se consolidou com 53% de desaprovação, em que pese a propaganda oficial do "Brasil sem Miséria". A rejeição ao desempenho governamental na saúde atingiu inéditos 78%, em que pese a aposta da presidente feita no programa Mais Médicos, do ano passado. Para o gerente executivo de pesquisa e competitividade da CNI, Renato da Fonseca, as quedas na avaliação do governo e da presidente Dilma refletem a insatisfação da população com o quadro econômico do país, mesmo após uma série de anúncios dirigidos a diferentes segmentos da população brasileira, desde beneficiários do programa Bolsa Família a empresários e representantes do setor produtivo. "A situação econômica não está boa, o consumo e a confiança, e não só dos empresários, mas também dos consumidores, vêm caindo. Nunca estiveram tão baixos os índices", disse o representante da CNI. "As pessoas estão com baixa confiança, estão com maior preocupação com a inflação, começaram a sentir a inflação, e isso

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afeta, independente de medidas e dos anúncios", completou. A pesquisa também mostrou que as denúncias envolvendo a Petrobras podem estar afetando a imagem do governo. Entre as notícias mais lembradas pelos entrevistados, "corrupção ligada diretamente ao governo federal" foi mencionada por 14% dos entrevistados, atrás apenas das menções a greves (17%), manifestações (36%) e Copa do Mundo (38%). Fonseca destacou também o baixo interesse da população pelas eleições. Dos pesquisados, 55% afirmaram ter pouco ou nenhum interesse pelo processo eleitoral, ante apenas 16% que declarou ter muito interesse. Esta foi a primeira pesquisa do ano encomendada pela CNI voltada para a questão eleitoral.

Salário mínimo e desigualdade

O debate sobre o salário mínimo continua bastante intenso por aqui, já que avança no Congresso a proposta de tornar permanente a regra atual de reajuste. Segundo ela, o crescimento do salário mínimo corresponde ao crescimento percentual do PIB de dois anos atrás mais a inflação do ano anterior. Muitos analistas defendem a mudança dessa regra pois ela tem feito o valor real do salário mínimo aumentar muito nos últimos anos. Isso estaria colocando as finanças públicas em cheque, uma vez que vários benefícios sociais e aposentadorias pagas pelo governo estão atrelados ao valor do salário mínimo. É preciso lembrar, no entanto, que o objetivo principal de uma política de valorização do salário mínimo é aumentar o salário das pessoas que não tiveram oportunidade de se qualificar no passado. Será que, visto por esse prisma, as elevações recentes do valor do salário mínimo têm sido tão ruins assim? Já sabemos que a maior parte da redução da desigualdade de renda que ocorreu no Brasil a partir do início deste século aconteceu no mercado de trabalho. Os programas de transferência de renda, apesar de importantes para reduzir a pobreza extrema, não foram os principais responsáveis por esse fenômeno. Mas, o que exatamente aconteceu no mercado de trabalho que fez com que os salários dos trabalhadores menos qualificados aumentassem tanto na última década? O principal fator parece mesmo ter sido a elevação do salário mínimo. Seu valor aumentou 18% em termos reais entre 2001 e 2005 e 46% entre 2005 e 2012 (de R$ 426 para R$ 622 em valores de 2012). Nos primeiros anos da década passada o aumento do salário mínimo não foi suficiente para evitar uma queda de 5% no salário real médio da economia. Porém, evitou uma queda maior no salário dos trabalhadores não qualificados, de apenas 3%, ao passo que o salário real médio dos trabalhadores qualificados (com ensino superior) declinou 15%. No período mais recente (2005 a 2012), o salário real médio da economia aumentou 34% e, o salário dos menos qualificados 39%, ao passo que o rendimento dos qualificados aumentou somente 8%. Assim, a razão entre os maiores e menores salários da economia brasileira passou de 12 vezes em 2001 para 10 vezes em 2005 e 8,5 em 2012. Uma queda significativa da desigualdade no mercado de trabalho, mas que ainda nos deixa distante do ideal. Interessante notar que o mesmo tem ocorrido na Argentina e no Uruguai, que também aumentaram bastante o salário mínimo nos últimos anos. O aumento do nível educacional dos trabalhadores também contribuiu para a redução da desigualdade, por meio da queda dos diferenciais de salários associados à educação, pois a oferta está crescendo mais rapidamente do que a demanda. Mas, como a elasticidade de substituição entre trabalhadores qualificados e não qualificados é alta no Brasil (em torno de 10), o aumento educacional só consegue explicar uma pequena parte da queda do diferencial de salários na economia. Pesquisas empíricas usando técnicas estatísticas sofisticadas mostram que o aumento do salário mínimo realmente foi um dos principais responsáveis pela queda recente da desigualdade no Brasil (e também na Argentina e no Uruguai). Vale notar que no Brasil esse aumento do salário mínimo foi acompanhado por reduções na informalidade e na taxa de desemprego na economia. Isso só foi possível porque a demanda por trabalhadores menos qualificados também aumentou nesse período, pois a nova classe

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média passou a consumir bens que utilizam intensivamente mão de obra menos qualificada, principalmente no setor de serviços. Se as nossas empresas industriais decidirem começar a investir em P&D e inovar, a demanda por trabalhadores qualificados poderia aumentar novamente, o que provavelmente reverteria esse processo. Esse dia ainda parece distante, porém. Aproximadamente 11 milhões de trabalhadores ganhavam exatamente um salário mínimo em 2012 (13% do total de trabalhadores). Essa porcentagem é maior entre as mulheres e os negros. Assim, aumentos do salário mínimo também reduzem as diferenças salariais entre homens e mulheres e entre brancos e negros. Interessante notar que 15% dos trabalhadores informais também recebem um salário mínimo. Como podemos imaginar, um salário de R$ 622 por mês não faz com que esses trabalhadores se encaixem entre os mais ricos da sociedade. Na verdade, os trabalhadores que recebem o salário mínimo estão entre os 25% com menores salários na economia (incluindo o setor informal). Será então que deveríamos aumentar ainda mais agressivamente o valor do salário mínimo? Acredito que não, uma vez que os problemas atuais de gerenciamento da nossa economia estão fazendo com que a produtividade cresça muito pouco e colocando as finanças públicas em risco. Mas, não há motivos para mudar a regra atual de reajuste do salário mínimo. É necessário alterar as regras de aposentadoria e pensão que são muito complacentes no Brasil e eliminar grande parte das desonerações e incentivos fiscais que permeiam a economia brasileira. Em suma, aumentos de salário mínimo não vão resolver de forma permanente o problema da desigualdade de oportunidades no Brasil, o que só será conseguido com a melhora da qualidade da educação pública. Porém, R$ 100 a mais de salário por mês faz muita diferença para grande parte dos trabalhadores brasileiros que não tiveram chance de se educar no passado. Atualmente é imprescindível melhorar a gestão macroeconômica e dos recursos públicos para trazer de volta os investimentos e a produtividade para a economia brasileira. Mas, não precisamos aumentar a desigualdade para fazê-lo.

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