20 de outubro de 2014

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 20 DE OUTUBRO DE 2014

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ONG aponta nova alta no desmatamento da Amazônia Fonte Folha de São Paulo MARCELO LEITE de SÃO PAULO 19/10/2014 01h 45 Agora se entende por que o governo Dilma Rousseff adiou para novembro a divulgação dos dados parciais de desmatamento da Amazônia em agosto e setembro: as taxas estão subindo. No confronto do mês passado com o mesmo período de 2013, o salto foi de 290%. Um total de 402 km² de florestas sofreu corte raso em setembro, área equivalente a mais de um quarto do município de São Paulo. No mesmo mês do ano anterior, haviam sido 103 km². Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

A tendência de alta se sustenta também quando considerada a soma de agosto e setembro, os dois primeiros meses do "ano fiscal" do desmatamento. Comparando o bimestre de 2013 com o de 2014, o incremento foi de 191% (de 288 km² para 838 km²). As informações partem da ONG de pesquisa Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), de Belém. Ela opera um sistema de alerta de desmatamento e degradação, o SAD, similar ao Deter, mantido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para o Ministério do Meio Ambiente. "O aumento de 191% indica que vai ser difícil reduzir o desmate neste ano. Para reverter a tendência serão necessárias medidas de maior alcance e impacto, indo além da fiscalização", diz Adalberto Veríssimo, do Imazon DADOS OCULTOS As informações do Deter são divulgadas mensalmente, mas o governo federal decidiu nesta semana publicá-las só em novembro. A alegação é que os valores serão anunciados já com base em imagens de satélite quatro vezes mais precisas, com o programa chamado Novo Deter. Nenhum dos dois sistemas é inteiramente confiável. Não foram desenvolvidos para calcular a área de desmate, mas para lançar alertas que orientam a fiscalização por agentes do Ibama. A fim de cumprir esse objetivo, usam satélites que registram imagens em períodos mais curtos. Até aqui, o Deter só detectava polígonos desmatados com área mínima de 25 hectares (250 mil m²). O Novo Deter trabalhará com acuidade de 6 hectares. Essa é a resolução obtida por outro sistema do Inpe, o Prodes, que fornece as taxas anuais oficiais de desmatamento na Amazônia. Dele proveio a informação de que entre agosto de 2012 e julho de 2013 se devastaram 5.891 km², 29% a mais que no período anterior de 12 meses. Além disso, sempre houve discrepâncias entre as cifras apuradas pelo Deter e pelo SAD. O governo federal costuma silenciar sobre os alertas do Imazon, mas agora o faz ao mesmo tempo em que posterga os relatórios do Deter (o último, referente a julho, saiu em 6 de agosto). Raphael Alves/AFP

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Vista aérea de árvore em uma área desmatada da selva amazônica, no estado do Pará Cinco fatores, contudo, contribuem para reforçar a hipótese de que o Imazon tenha detectado uma tendência robusta de alta. O primeiro está no próprio aumento de 29% verificado em 2013/12. O segundo é a recente intensificação, pelo Ibama e outros órgãos federais, do combate ao desmate ilegal. Ela teve como clímax a Operação Castanheira, no final de agosto, na região de Novo Progresso (PA), para desmantelar uma quadrilha de grileiros. A baixa presença de nuvens no período analisado pelo SAD (apenas 7% da área da Amazônia Legal ficou sem monitoramento) constitui o terceiro fator. Menos áreas de sombra melhoram a acuidade do levantamento. O quarto elemento é o aumento de outra variável computada pelo Imazon, a degradação florestal (por extração de madeira e queimadas). Foram detectados 711 km² em agosto e setembro, salto de 558% diante dos 108 km² do mesmo bimestre em 2013. Por fim, o próprio governo indica que vêm aumentando asderrubadas menores que 25 ha, abaixo do limiar de detecção do Deter. Como o Novo Deter enxergará desmates menores, de até 6 ha, seus resultados poderão ser maiores que os do SAD –e piores para Dilma.

Auditoria aponta descontrole em vitrine de Dilma Fonte Folha de São Paulo RENATA AGOSTINI e FLAVIA FOREQUE de BRASÍLIA19/10/2014 16h56 Auditoria inédita da CGU (Controladoria-Geral da União) no Pronatec, uma das vitrines eleitorais de Dilma Rousseff (PT), afirma que não é possível precisar quantos alunos assistem de fato às aulas e como foram gastos os recursos repassados pelo governo federal às escolas. O documento, ao qual a Folha teve acesso, é resultado da primeira fiscalização focada no programa —criado há três anos para formar técnicos e exaltado pela petista. O relatório, produzido a partir de entrevistas e análise de documentos, foi finalizado em 27 de agosto, depois de manifestação do MEC (Ministério da Educação). Ele aponta descontrole dos gastos públicos porque, diz a CGU, alunos desistentes continuam sendo contabilizados e as instituições podem ser remuneradas por esse grupo que não frequenta mais as aulas, já que "não existe processo de prestação de contas nem análise e aprovação do cumprimento das vagas pactuadas com os ofertantes". Os auditores analisaram a execução do principal braço do programa, chamado de BolsaFormação, por meio do qual a União banca aulas gratuitas de ensino técnico e de qualificação profissional. Ele representa cerca de 40% das mais de 8 milhões de matrículas no Pronateca maior parte das vagas é oferecida e custeada diretamente pelo Sistema S (Senai, Senac, Senat e Senar). "O aluno desistente continua sendo contabilizado como se estivesse matriculado e a instituição recebe indevidamente o valor da Bolsa-Formação não utilizada", afirma o relatório da CGU. "Mesmo sem a cobrança, entrega e análise das prestações de contas, o FNDE [Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação] continuou transferindo recursos para as redes de ensino em 2013 e 2014, que juntos somam mais de R$ 4,5 bilhões", diz a auditoria da CGU. Em 2011 e 2012, foram distribuídos R$ 1,7 bilhão em bolsas. 3


O governo federal nega descontrole. DADOS FIDEDIGNOS A auditoria diz que os problemas do programa começam pelo Sistec, sistema que gerencia as matrículas. "A rede de ensino não é obrigada a corrigir os dados do Sistec, que vem apresentando falhas desde a sua implementação, nem é obrigada a apresentar dados fidedignos", diz o documento. A meta de 8 milhões de matrículas do Pronatec foi alcançada em agosto e vem sendo usada como trunfo por Dilma. Neste ano, a presidente já participou de pelo menos 11 formaturas do Pronatectodas em Estados diferentes. Segundo a propaganda eleitoral da petista, trata-se do "maior programa profissionalizante do mundo". Os auditores, porém, dizem que o sistema não permite o registro dos alunos que desistiram do curso. Tal falha impossibilita precisar quantos recebem a formação. "O Sistec não permite cancelar o registro de alunos desistentes, considerados aqueles que se matricularam e não compareceram nos cinco primeiros dias letivos de curso", diz o relatório da CGU. As instituições deveriam "reconfirmar a matrícula" após cumprimento de até 25% da carga horária dos cursos de qualificação profissional ou dos quatro primeiros meses dos cursos técnicos. Mas a função não foi criada no sistema até hoje, admite o MEC. A falta de controle criou um ambiente favorável a fraudes, que já vêm sendo identificadas pelo Ministério Público Federal e pelo TCU (Tribunal de Contas da União). No Pará, o então reitor do Instituto Federal em 2012 e outras 12 pessoas são acusadas de desvio de recursos a denúncia foi aceita pela Justiça. No Paraná, dez servidores do Instituto Federal são investigados sob a acusação de inflar o número de aulas e receber por isso. O TCU apura se houve irregularidade em bolsas a servidores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. CONTROLE As falhas no Sistec já eram apontadas pela CGU em 2011, quando o Pronatec foi criado. Usado desde 2009 como o principal sistema de controle da educação técnica no país, ele reúne dados oficiais sobre o alcance do Pronatec, mas enfrenta problemas de confiabilidade nas informações há anos, relatou a CGU. Até um morto apareceu como aluno do programa, avisou o órgão ao MEC. Os auditores cruzaram os dados com o Sistema de Controle de Óbito e viram que a matrícula havia sido feita após a suposta morte do "aluno". A pasta afirmou à CGU que irá averiguar a conveniência de integrar os banco de dados, uma vez que até agora apareceu apenas um morto num universo de dois milhões de matrículas checadas. De acordo com os auditores, diante da situação, o MEC precisará "instituir um processo de recomposição cadastral, uma vez que a base de dados do Sistec encontra-se com problemas de divergência entre a situação cadastrada e a real". A CGU indicou ainda falta de pessoal na secretaria responsável pelo programa e de indicadores de qualidade, já que o MEC analisa apenas o número de matrículas realizadas para medir o desempenho do Pronatec. "Este indicador não permite avaliar os impactos sociais e econômicos que se pretende obter". O relatório da CGU ajuda a entender pontos que vêm sendo questionados pela reportagem há 36 dias. A Folha pede desde o dia 10 de setembro que o MEC explique quantas pessoas físicas participam do Pronatec, como é feito o controle de alunos desistentes e como a pasta evita fraudes. Até agora, o MEC negava-se a responder, alegando que precisa de tempo para levantar os dados, sem precisar quando as informações poderiam ser fornecidas. CINCO FRENTES 4


Pronatec - Lançado em outubro de 2011, o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) se transformou numa das principais bandeiras de Dilma na educação. Objetivo: 8 milhões de matrículas em cursos de ensino técnico e qualificação profissional até 2014 1. Bolsa-formação: custeio de vagas em cursos técnicos e de qualificação em instituições públicas, privadas e no Sistema S (Senai, Senac, Senar e Senat) 2. Brasil Profissionalizado: compra de equipamentos para a rede estadual de ensino técnico 3. Rede e-Tec Brasil: oferta de cursos à distância 4. Acordo de gratuidade: compromisso do Sistema S de alocar mais recursos e aumentar vagas gratuitas destinadas a pessoas de baixa renda 5. Rede federal: investimentos para expandir a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica.

Dilma diz que houve desvio de dinheiro público na Petrobras Fonte Folha de São Paulo FERNANDA ODILLA de BRASÍLIA 18/10/2014 18h 11 A presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou na tarde deste sábado (18) que houve desvio de recursos na Petrobras e que pretende fazer o possível para ressarcir os danos causados aos cofres públicos. "Eu farei todo o meu possível para ressarcir o país. Se houve desvio de dinheiro público, nós queremosele de volta. Se houve, não: houve, viu?", disse Dilma. A declaração foi feita durante coletiva no Palácio do Planalto, quando a presidente foi questionada sobre quais medidas administrativas poderia tomar em relação às denúncias de corrupção envolvendo a estatal. Dilma não detalhou que tipo de desvio houve tampouco o montante. Tanto o doleiro Alberto Yousseff quanto o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa revelaram em depoimentos à Justiça Federal e ao Ministério Público Federal, com quem firmaram um acordo de delação premiada, que contratos da Petrobras eram superfaturados para pagar propina a partidos, políticos e financiar a campanha eleitoral de 2010. Dilma deixou claro que é preciso esperar a conclusão da ação judicial para saber exatamente quanto deverá ser ressarcido. "Daqui para frente, a não ser que eu seja informada pelo Ministério Público ou pelo juiz, eu não tenho medida nenhuma a tomar. Não é o presidente quem processa. Eu tomarei todas as medidas para ressarcir tudo e todos. Mas ninguém sabe hoje ainda o que deve ser ressarcido. A chamada delação premiada onde tem os dados mais importantes não foi entregue a nós. Até eu pedi. Pedi tanto para o Ministério Público quanto ao ministro do Supremo, que disseram ser sigiloso", disse. Os dois delatores apontaram beneficiários do esquema tanto na base de apoio à Dilma (PT, PMDB e PP), quanto no PSDB, partido de seu principal adversário na corrida presidencial, Aécio Neves. "Eu não acho que alguém no Brasil tenha a primazia da bandeira da ética. Até o retrospecto do PSDB não lhe dá essa condição. Acho que não dá a partido nenhum. Todos os integrantes de partido, qualquer um, que tenham cometido crime, delito, malfeito têm de pagar por isso", disse Dilma. A presidente criticou ainda os vazamentos seletivos em relação às revelações dos delatores do esquema. "Eu não vou aqui comemorar nada. Só acho que o pau que bate em Chico, bate em Francisco. Essa é uma lei" • "LEVIANA" Neste sábado, Dilma disse também que se sentiu desrespeitada pelo adversário Aécio Neves (PSDB) quando ele a chamou de "leviana". "Quando começa a discussão, o candidato adversário não gosta muito. Ele parte para algumas atitudes um tanto quanto desrespeitosas. Foram desrespeitosas comigo, foram desrespeitosas com a Luciana Genro. Ele pode inclusive querer processar, mas quem deveria processa-lo somos nós", disse a presidente, durante coletiva no Palácio do Planalto. 5


Dilma se referia à decisão da campanha do tucano de processá-la por injúria e difamação por conta de uma inserção que circulou neste sábado. No vídeo, a campanha de Dilma diz que Aécio tem mostrado dificuldade em respeitar as mulheres e mostra imagens de dois debates nos quais o candidato chamou de leviana Luciana e Dilma. "Você acha que um candidato a presidente pode agir dessa maneira?", diz o locutor na inserção. Dilma reclamou da postura do concorrente. "A nós duas ele chamou de leviana, coisa que não se faz. Não é uma fala correta para mulheres. Eu lamento muito. Eu tenho que discutir, eu não tenho só propostas genéricas", afirmou. "Você, chamada de leviana, se sentiria o que?", completou, ao ser questionada se sentiu desrespeitada. CRÍTICA A presidente também criticou a política de desenvolvimento da indústria naval proposta por Aécio Neves. Ela disse que o adversário ao mesmo tempo que promete reforçar o setor diz, em seu programa de governo, que pretende racionalizar as exigências da política de conteúdo local, que visa produzir equipamentos, bens e serviços para o setor. Dilma disse que até 2018 a Petrobras deverá investir US$ 100 bilhões na indústria naval e que um dos principais orgulhos da gestão dela como ministra no governo Lula (2003-2010) e como presidente foi ter ajudado a "ressuscitar" o setor. Para Dilma, o que Aécio propõe é "estarrecedor".

Sem tom de guerra, debate tem Aécio contido e Dilma mais serena Fonte Folha de São Paulo 20/10/2014 00h 22 O tom de guerra entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) não se repetiu neste domingo. Vimos, no debate de hoje, da Record, um Aécio mais contido e uma Dilma mais serena. Os candidatos ampliaram os temas para educação, segurança, infraestrutura, bancos oficiais e a Petrobras não mais pelo lado do escândalo, mas da gestão. Nem Aécio sacou um novo "Igor Rousseff" nem Dilma jogou a história da parentada empregada pelo tucano. Os telespectadores saíram ganhando. Nada disso é por acaso. Certamente, as pesquisas qualitativas mostraram ampla resistência ao debate-ringue, com socos, cotoveladas e rasteiras. Aécio manteve o bom desempenho dos debates anteriores, mas Dilma estava mais segura, mais tranquila, menos confusa e menos agressiva também. Teve bons momentos com expressões populares, tipo "o senhor ouviu o galo cantar e não sabe onde..." No geral, porém, a sensação é de empate e, como eles também estão empatados nas pesquisas, ninguém ganha, ninguém perde e a eleição não sai do lugar. A conferir. Tem pesquisa fresquinha nesta segunda (20) e vem aí o debate final, na Globo, na sexta-feira. A eleição está terminando como começou e evoluiu durante todo o tempo: imprevisível.

Governo atrasa 9 de 11 obras prioritárias do PAC FONTE ANDRÉ BORGES - O ESTADO DE S.PAULO 20 Outubro 2014 02h 03

BRASÍLIA - Os compromissos do governo para este último trimestre de mandato deveriam incluir a inauguração de 11 obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Essa foi a meta estabelecida pela presidente Dilma Rousseff no início de 2011, quando assumiu o governo e apresentou seu primeiro balanço do PAC. Quase quatro anos depois, apenas dois empreendimentos previstos para ser concluídos entre outubro e dezembro de 2014 terão, de fato, obras entregues dentro do prazo: as hidrelétricas 6


Santo Antônio do Jari e Ferreira Gomes, ambas construídas no Amapá. A primeira iniciou suas operações neste mês e a segunda deve ligar suas turbinas até dezembro. Entre as nove obras que tiveram suas conclusões adiadas estão alguns dos mais caros e emblemáticos projetos do governo, como a transposição do rio São Francisco e a refinaria Abreu e Lima, da Petrobrás, em construção em Pernambuco. Esses empreendimentos já sofriam, na realidade, com frustrações de prazos acumuladas durante a gestão do expresidente Luiz Inácio Lula da Silva. Custos. Além do atraso, o estouro nos prazos dos cronogramas veio acompanhada de um aumento de 46% nos custos. As 11 obras, que no início de 2011 somavam investimentos de R$ 37,6 bilhões, chegam agora a R$ 54,9 bilhões - um gasto adicional de R$ 17,3 bilhões. Os projetos de saneamento básico tocados na região Nordeste do País lideram a lista dos empreendimentos problemáticos. O eixo leste da transposição do São Francisco, canal de 220 km que corta a região de Pernambuco e Paraíba, teve as suas obras iniciadas em 2007. Lula pretendia inaugurá-lo no último semestre do seu governo, em 2010. Mas foi obrigado a deixar a missão para Dilma. Quando assumiu o governo, a presidente reprogramou a data para 19 de dezembro deste ano. Agora, a previsão mais otimista para o São Francisco é verter água no agreste pernambucano em 31 de dezembro de 2015. Rescisões. O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão argumenta que o projeto foi alvo de rescisões e renegociações de contratos, o que exigiu a realização de novas licitações para tocar a construção. "No segundo semestre de 2013, o Ministério da Integração Nacional concluiu os procedimentos licitatórios para a contratação dos saldos remanescentes de obra. Com isto, garantiu a mobilização de mão de obra e equipamentos para execução da totalidade do eixo leste. Atualmente, todos os eixos estão em obras e em ritmo normal, com 65,3% realizados", informou. Outros dois projetos ligados às bacias do São Francisco e do Parnaíba enfrentam dificuldades. As obras de esgotamento sanitário das bacias de ambos os rios, ações que se espalham por sete Estados do Nordeste, deveriam ser concluídas neste mês, mas acabaram prorrogadas para o fim de 2015. O mesmo destino foi dado para as ações de recuperação de solo e controle de processos erosivos nos dois rios, além das obras da adutora do Agreste, em Pernambuco, e da Vertente Litorânea (PB), sistema adutor de 94,8 km em construção na Paraíba. Custo. Na área de transporte, o arco rodoviário do Rio de Janeiro (RJ), que estava orçado em R$ 400 milhões, em 2011, e estaria pronto neste fim de ano, viu seu custo saltar para R$ 1,083 bilhão no balanço mais recente do PAC, divulgado em junho. A entrega da obra ficou para o réveillon de 2016. Na área de transporte, a BR-101, em um trecho de 199 km que envolve o contorno de Recife (PE), de 41 km de extensão, também corre atrás do prejuízo. Uma nova licitação para tocar a obra foi realizada, após determinações feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU). No setor elétrico, a hidrelétrica de Colíder, em construção no rio Teles Pires, em Mato Grosso, tinha previsão de ligar sua primeira turbina na última semana deste ano, mas a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já esticou o cronograma para dezembro de 2015.

Proteção tarifária do país se mantém elevada e "rivais " reduzem impostos Fonte Jornal Valor Econômico Denise Neumann de São Paulo 20/10/2014 às 05h00 Nos últimos 20 anos, o Brasil manteve praticamente inalterada sua estrutura de proteção tarifária. A tarifa média de importação era de 13,6% em 2003 e passou a 12,9% em 2012, segundo trabalho recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em 2012, os principais "concorrentes" do Brasil mantinham tarifas médias entre 4,5% e 9%. Outro trabalho, com metodologia semelhante, aponta que em 1995 a alíquota média brasileira era de 13,1%. 7


Enquanto o Brasil manteve tarifas estáveis em um patamar elevado, vários "concorrentes" China, México e Argentina entre eles - reduziram os impostos sobre a importação nos últimos dez anos. Esse movimento de queda é mais expressivo nos bens intermediários, onde estão insumos e componentes e peças utilizados por outros setores industriais. Representantes da indústria e economistas avaliam que o Brasil, mais uma vez, está ficando "isolado" e a inserção do país nas cadeias globais de produção depende de uma nova rodada de abertura comercial. Há divergências, contudo, quanto ao "timing", tamanho e forma de fazê-la, se unilateral, como nos anos 90, ou dentro de acordos de comércio. A última vez em que o Brasil fez uma redução tarifária de "vulto" foi nos anos 90, durante a presidência de Fernando Collor de Mello (hoje, senador reeleito pelo PTB). Naquela época, a alíquota média, que era de 32% em 1990, caiu até chegar a 13,1% em 1995, já no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Desde então a tarifa média vem oscilando em torno desse patamar. Flavio Lyrio Carneiro, técnico de planejamento do Ipea e autor de amplo estudo e de levantamento de dados sobre a proteção tarifária no Brasil, especialmente sobre bens intermediários, observa que nos anos mais recentes o Brasil chegou a elevar alíquotas, movimento ainda mais na contramão do mundo e que dificulta a inserção das companhias brasileiras nas cadeias globais de produção. "A importação é essencial para quem quer exportar", diz Carneiro, lembrando que hoje, no mundo, a regra da produção é a fragmentação em diferentes locais. Ao taxar mais os insumos, diz ele, o Brasil afeta ainda mais a competitividade da indústria brasileira. Carneiro fez um amplo levantamento e comparou tarifas brasileiras com as de outros países a partir de dados do Sistema de Análise e Informação Comercial da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Trains/Unctad). O pesquisador optou por comparar a média simples de tarifas efetivamente cobradas e não a média ponderada pelo valor por considerar que, dessa forma, a magnitude da proteção fica mais evidente. O estudo está publicado no site do Ipea no texto para discussão "Comércio e Protecionismo em Bens Intermediários". Entre 2003 e 2012, enquanto o Brasil mantinha intacta a proteção tarifária, a alíquota média de importação de bens intermediários na Argentina passou de 12,37% para 7,69%, e a da China, de 9,44% para 6,93% - no caso chinês, o último dado é de 2011. México, Colômbia, Índia e Tailândia fizeram movimentos semelhantes. Preocupado em não generalizar demais os dados, porque o setor de intermediários é muito heterogêneo, Carneiro detalhou vários setores, como têxteis, químicos, plásticos, siderúrgico, entre outros, em um total de oito "capítulos". As tarifas médias brasileiras são, em quase todos os casos, as maiores, seguidas pelas da Argentina. A própria indústria brasileira já admite que, em algum momento, o Brasil precisará revisar a estrutura de proteção tarifária hoje em vigor. O momento e a forma de mexer nessa estrutura, contudo, causam polêmica. Enquanto o governo da presidente Dilma Rousseff manteve a estrutura tarifária vigente e até reforçou a proteção em alguns casos, o programa de governo de Aécio Neves (PSDB) fala em reduzir a carga tributária sobre exportações e em reduzir o número de alíquotas de importação, mas não defende, explicitamente, uma nova rodada de abertura comercial e uma redução acentuada na proteção hoje em vigor. José Augusto Fernandes, diretor de políticas e estratégia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), reconhece que o nível das tarifas de importação é um dos elementos que afetam a competitividade interna. A questão, diz ele, é que uma abertura comercial não pode ser analisada de forma isolada dos outros fatores que elevam o custo Brasil. "A estrutura de proteção tarifária vai sofrer revisão no futuro, mas esse movimento precisa ser acompanhado de iniciativas que reduzam o custo Brasil. Sem isso, vai prejudicar ainda mais a competição dos produtos brasileiros." O presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Pedro Passos, é mais incisivo. O Brasil, reconhece ele, ficou com tarifas de importação praticamente estabilizadas na última década, "o que é ruim para os movimentos globais de integração 8


produtiva". Segundo ele, tarifas elevadas são um dos elementos que tiraram competitividade da indústria brasileira nos últimos anos, ao lado da moeda muito valorizada, do aumento do custo da mão de obra e da energia, além da carga tributária, que já era elevada e assim continuou. "Quando a matéria prima é oferecida por preços acima dos preços internacionais, o resto da cadeia produtiva da indústria não tem chances de competir", afirma Passos. "E aí perdemos a exportação e estamos perdendo também o mercado interno." Para Passos, a política de comércio exterior do atual governo reforçou uma agenda mais defensiva, que não estimulou, nem favoreceu, uma atividade mais agressiva da indústria brasileira no sentido de se expor e buscar mais o mercado externo. Ao mesmo tempo, ele reconhece que a posição do governo (e não só do atual) também é fruto da ação de lobby de grupos fortes do setor industrial, que buscam proteção. Apesar de as tarifas de importação serem um custo extra, desmontar a estrutura atual não pode ser feito de forma abrupta e isolada de outras medidas. Além de mudanças que reduzam o custo interno - no campo tributário, de pessoal, de energia e de logística -, Fernandes, da CNI, pondera que a estrutura de proteção não pode ser alterada sem um olhar muito atento ao que acontece no mundo. Hoje, diz ele, há uma sobreoferta de produtos siderúrgicos no mercado mundial e o gás de xisto está provocando uma brutal queda nos custos de produção de insumos químicos e petroquímicos nos Estados Unidos. "O Brasil precisa montar sua estratégia olhando para o que acontece no mundo", insiste o executivo da CNI. A proteção de um setor, diz ele, significa desproteger outro, por isso a equação da "desproteção" é complexa. O professor Lucas Ferraz, da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV), defende ação mais firme na redução das tarifas de importação. O Brasil, diz ele, é um dos países mais fechados do mundo. "Em um ranking de 133 países, o Brasil é está em último lugar." Hoje, a estrutura de produção não é mais baseada no "adensamento das cadeias produtivas" - como ainda está presente no discurso oficial -, mas na integração, com diferentes etapas de produção sendo feitas em diferentes lugares do mundo. "Se a indústria brasileira quer retomar produtividade para exportar, precisa se integrar às cadeias globais, e para essa integração, precisa de tarifas menores na importação de bens intermediários. Essa não é a única mudança necessária, mas ajuda", resume Ferraz. Para Ferraz, a integração do país em cadeias globais não pode ser entendida como uma participação menos nobre. Ele concorda que a parte mais interessante é aquela que envolve o setor de serviços (design, marketing, planejamento), mas chama atenção para o fato de que os países que mais crescem no mundo são aqueles onde estão localizadas as fábricas que integram cadeias globais de valor, como países do Leste Europeu e a própria China. "Os emergentes estão ficando com a indústria de transformação e isso não tem sido ruim para esses países, pelo contrário", diz. Um país como o Brasil, diz Ferraz, com indústria ainda ineficiente, não vai ficar com etapas mais nobres da produção, então, precisa abrir a economia e atrair etapas importantes. Os países integrados vêm atraindo investimento industrial e gerando emprego, mas o Brasil tem ficado fora do processo. "Não dá para o Brasil insistir no 'made in Brazil' quando o debate é 'made in the world' ", pondera.

Brasil agiu certo na OMC. E errado Fonte Jornal Valor Econômico Sergio Leo 20/10/2014 às 05h 00 Na disputa eleitoral, os especialistas da oposição afirmam que o Brasil errou ao botar fichar nas negociações multilaterais da Organização Mundial do Comércio e que deve agora partir para negociações comerciais bilaterais, de preferência com os países ricos. 9


O governo insiste que há questões fundamentais de interesse do Brasil que só na OMC serão resolvidas, como a concorrência desleal de produtos agrícolas exportados com subsídios pelas nações desenvolvidas. Um experimentado especialista da área garante: ambos estão certos. E errados. "A negociação multilateral é mais importante, até porque as bilaterais são muito difíceis", avalia o ex-secretário de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura, Pedro Camargo Neto. "O problema na OMC é que, para facilitar o consenso, o Brasil abandonou posições históricas, perdeu uma oportunidade de avançar". Camargo Neto se refere ao acordo de Bali, firmado pelos países da OMC na Indonésia, no ano passado, em que se decidiu deixar de lado os temas mais polêmicos, como subsídios à agricultura, em troca de uma agenda mais leve e factível, como um acordo de facilitação de comércio - com remoção de burocracia e padronização de procedimentos de alfândega. Por resistência da Índia, que, na prática, quer renegociar o acordo de Bali, esse tímido consenso ameaça afundar, levando junto boa parte da credibilidade da OMC como promotora de liberalização comercial. Os indianos, sob a presidência do nacionalista NaeredraModi, eleito em maio, passaram a condicionar as negociações a um novo acerto em torno da formação de estoques oficiais de alimentos e a permissão para criar novos subsídios destinados à agricultura familiar - medidas rejeitadas pelos demais países, que as consideram com potencial de distorcer preços internacionais de produtos como açúcar e algodão. Na semana passada, o diretor-geral da OMC, Roberto Azevedo, desalentado com a impressionante resistência indiana, alertou para o risco de esvaziamento da organização. "O impasse está paralisando o trabalho da OMC", alertou. "Essa pode ser a situação mais séria já enfrentada pela organização". Em Genebra, negociadores discutem como contornar a teimosia da Índia e traçam cenários de possíveis acordos multilaterais, sem a necessária concordância de todos os 190 membros da OMC. É uma situação distante das necessidades do organismo, que se debate para continuar relevante nas atuais definições internacionais de regras de comércio. O risco da OMC é tornarse limitada a seu orgão de solução de controvérsias, a reboque de discussões travadas longe dali. Camargo Neto, desde o início do ano, critica e lamenta a estratégia de negociação brasileira, que não seguiu sua sugestão para insistir em algum acordo em torno de temas agrícolas, aproveitando o fato de que a OMC, provocada pelo Brasil, considerou ilegais os subsídios dos Estados Unidos aos produtores americanos de algodão. Uma ação mais agressiva do Brasil permitiria incluir em Bali o compromisso pelo fim dos subsídios à exportação de produtos agrícolas, com os quais os países já se comprometeram em tese desde 2005, em Hong Kong, acredita Camargo Neto. E, com o trunfo da decisão da OMC sobre algodão dos EUA, poderia batalhar por apoio de países africanos prejudicados pelos subsídios americanos para extrair algum acordo também nesse tema, defende. Um avanço como esse na área de agricultura poderia gerar maior pressão sobre a Índia para não estragar a festa de Bali, bloqueando o acordo. O Brasil errou ao preferir deixar de lado a pressão por compromissos em agricultura e apresentar-se como facilitador do acordo, mas está certo ao insistir em negociar na OMC, insiste o especialista (um dos principais responsáveis, aliás, pela queixa na OMC que garantiu ao Brasil o acordo do algodão). Moldar acordos comerciais que se ajustem às necessidades do Brasil em abrir mercados ainda é tarefa mais fácil (ou menos difícil) na OMC que em acordos bilaterais com grandes economias, bem sucedidas em moldar os tratados de comércio conforme os interesses de suas empresas. Uma mostra das dificuldades dos novos acordos comerciais transpareceu com o vazamento, pelo site Wikileaks, do esboço de tratado em torno de patentes e direitos de propriedade intelectual que é um dos pilares do chamado Acordo de Parceira Transpacífico (a TPP, entre 12 países, entre eles EUA, Austrália, Japão, Peru e Chile). 10


Um dos dispositivos, que gera impasse nas discussões, é a proposta americana de estender os direitos de monopólio dos fabricantes de remédios a drogas que possam ser usadas contra doenças não previstas originalmente pelas patentes farmacêuticas - ampliando o prazo dessas patentes. A TPP, se aprovado o esboço, limitaria a fabricação de genéricos para enfrentar crises de saúde pública. Também pretende tornar crime o uso não autorizado de produtos protegidos por copyright que hoje é tratado como infração menor. Países como Canadá e Nova Zelândia vêm resistindo a essas propostas, que podem criar um novo padrão mundial de restrição a adoção de novas tecnologias. Ainda estão na OMC os países que podem ser os principais aliados do Brasil na criação de novas regras mundiais de comércio. Mas esse argumento em favor do esforço multilateral perde força com a dificuldade em atrair a Índia, parceira do Brasil no grupo conhecido como Brics, até para um acordo modesto como o de facilitação de comércio aprovado há poucos meses- com concordância dos próprios indianos. A maneira vaga e burocrática como o tema vem sendo tratado nas campanhas eleitorais não permite esperar ideias criativas no próximo governo para lidar com esse e outros dilemas da política comercial brasileira.

Mundo novo, teorias velhas Fonte Jornal Valor Econômico Luiz Carlos Mendonça de Barros 20/10/2014 às 05h00 A edição de 4 de outubro passado da revista "The Economist" traz um encarte de várias páginas com reflexões sobre um novo mercado de trabalho que estaria se formando nas economias do mundo. Ainda com mais traços especulativos do que certezas comprovadas, o desenho que se apresenta ao leitor atento e de mente aberta é muito interessante e desafiador. Como sempre acontece em mudanças estruturais fortes, que atingem a humanidade de tempos em tempos, a matéria especula sobre quem serão os eventuais ganhadores e perdedores desta vez. Tendo como pano de fundo a comparação com outras mudanças que ocorreram no passado, o centro da matéria é a revolução tecnológica dos últimos anos no domínio da eletrônica e das comunicações via ondas de rádio. Uma das questões realmente intrigantes da matéria é a parte na qual se constrói um novo "divided" no mercado de trabalho em resposta a essas mudanças. Em resumo, o que se deprende da leitura é que o fosso entre a remuneração dos trabalhadores com qualificação e os sem formação adequada vem aumentando rapidamente nos últimos anos. Além disto, um novo elemento do lado da oferta de trabalho não qualificada - os robôs - vem ganhando força e limitando os ganhos salariais dos trabalhadores sem uma qualificação adequada. Estas máquinas, que combinam a eletrônica com movimentos mecânicos, já existem há muito tempo, mas o desenvolvimento dos chamados "sensores" está dando aos robôs modernos uma dimensão totalmente nova. Estes sensores, com uma micro eletrônica de extraordinária capacidade de reação a mudanças de padrões, estão deixando a geração mais antiga destes homens mecânicos muito para trás. Os atuais, com sensores de última geração, desenvolveram características quase humanas e têm hoje a capacidade de sentir mudanças sutis, de cheirar, de enxergar e de enviar comandos para a área de produção. A matéria da "The Economist", na segunda parte, volta suas reflexões para os efeitos destas mudanças sobre o mercado de trabalho. Basicamente as conclusões que podemos chegar de sua leitura são duas: • essa nova geração de robôs vai intensificar a substituição da mão de obra de baixa qualificação ao mudar as fronteiras entre o trabalhador qualificado e o sem as qualificações necessárias para entrar no novo mercado de trabalho; 11


• por isto, as condições de salário e emprego no segmento dos trabalhadores sem

qualificação vão se deteriorar, com salários reais mais baixos e taxas de desemprego mais elevadas. Esse movimento será mais grave nos países emergentes, que usavam a disponibilidade de mão de obra barata para entrar nos mercados dos países mais ricos. Um dos antídotos contra esse movimento secular de piores condições do mercado de trabalho, será a criação de novos postos de trabalhos em setores que não exijam esta nova superqualificação profissional. Um exemplo deste movimento eu vivenciei na China, ao ler em um diário de Pequim um anúncio da "Starbucks", que inaugurava naquele dia 100 lojas no país. O outro movimento secular que atinge hoje o mundo desenvolvido e alguns dos países emergentes - a redução no crescimento populacional - agirá também no sentido de minorar os efeitos destas mudanças. Com menor crescimento da população haverá uma redução na oferta de mão de obra não qualificada, o que deve facilitar o reequilíbrio do mercado de trabalho. Volto agora ao domínio das finanças, depois desta visita ao futuro do mercado de trabalho. A maioria dos analistas de conjuntura não incorporam mudanças estruturais como esta, que ocorrem no domínio da economia, às suas leituras. E estão certos em agir assim, pois trabalham com um horizonte de tempo curto demais para levar em conta o longo prazo. Por isto, quando o longo prazo chega e passa a afetar o mundo financeiro, os erros de previsão podem ser grandes. Como agora, com a aposta de 90% do mercado - cifra de uma pesquisa recentíssima do "Financial Times" - de que com os juros baixos nos Estados Unidos a inflação de salários iria voltar e o Fed teria que mudar sua política de juros mais cedo do que suas previsões. Nada disto ocorreu, pois mesmo com a economia americana voltando a crescer perto do potencial, os salários médios continuam bem comportados. Talvez os Estados Unidos estejam vivendo já a nova dinâmica que foi citada na matéria da "The Economist". Mas, certamente, enquanto isto não é provado o Fed não vai ter pressa para aumentar o rigor de sua política monetária. Prefere errar, no sentido de que este novo mercado de trabalho não existe ainda, e correr atrás do prejuízo de uma inflação de salários revivida. Finalmente, gostaria de ligar a matéria da "Economist" à questão do chamado bônus populacional e seus efeitos no futuro, quando a população brasileira terá envelhecido. Alguns economistas já gastaram muita tinta prevendo o fim dos tempos em 2025 quando o bônus populacional de hoje tiver acabado. Talvez devam repensar suas previsões de muitas dificuldades e ver isto como um mecanismo compensatório do nível de emprego menor no futuro.

Mercado projeta expansão de 0,27% para PIB de 2014 Fonte Jornal Valor Econômico Ana Conceição 20/10/2014 às 08h 50 SÃO PAULO - Depois de subir ligeiramente na semana anterior, a projeção dos analistas de mercado para a expansão da economia voltou a ter pequena queda, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central, que agrega estimativas de cerca de cem instituições. As apostas para juros, câmbio e inflação não foram alteradas na edição desta segunda-feira. A mediana das estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2014 agora aponta expansão de 0,27%, ante 0,28% na semana anterior. A projeção para 2015 seguiu em crescimento de 1%. Na quinta-feira passada, o BC informou que seu índice de atividade econômica, o IBC-Br, subiu 0,27% em agosto sobre julho, uma taxa menor que a de 0,50% esperada pelo mercado. Para economistas consultados pelo Valor, considerando-se a alta de 1,52% em julho e a de 0,27% em agosto, o IBC-Br sugere um PIB fraco, mas positivo, no terceiro trimestre, após dois trimestres consecutivos de queda. Inflação 12


Quanto à inflação, o Focus não mostrou mudança de expectativas. As medianas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2014 e de 2015 seguiram em 6,45% e em 6,30%, respectivamente. Na projeção de 12 meses, a estimativa caiu de 6,38% para 6,37%. Para o IPCA de outubro, a projeção seguiu em 0,50%. Amanhã, o IBGE divulga a prévia do mês, o IPCA-15. Se confirmadas as previsões das 17 instituições financeiras consultadas pelo Valor Data, o indicador deve desacelerar em relação ao fechamento de setembro, para 0,52%. O alívio deve vir principalmente dos preços de passagens aéreas, que não deverão repetir a alta do mês anterior. A projeção para o câmbio não foi alterada: para o dólar ao fim deste ano segue em R$ 2,40, e de 2015 em R$ 2,50. As estimativas de juro e inflação dos analistas Top 5 – os que mais acertam as previsões – também não mudaram. Eles estimam o IPCA de 2014 em 6,51% e o de 2015 em 6,38%. Para a Selic, 11% neste ano e 12% no fim de 2015.

Petróleo em queda pode ajudar balança comercial do país a fechar com superávit Fonte Jornal Valor Econômico Rodrigo Pedroso de São Paulo 20/10/2014 às 05h00 O forte recuo na cotação internacional do barril de petróleo do tipo Brent neste mês - de 9,2% até a última sexta-feira - pode ajudar a balança comercial do país a ter um pequeno superávit neste ano. Na visão de analistas do setor, a redução esperada para o déficit da balança de petróleo e derivados, que neste ano até setembro estava em 21,9%, vai se intensificar, já que o Brasil importa mais combustíveis e outros subprodutos do petróleo do que vende o óleo cru. Um efeito negativo, no entanto, deve ser observado no nível de exportações totais do Brasil. Neste ano, o petróleo, entre os três produtos mais vendidos ao exterior, é o único que foi expressivo nos embarques na comparação com o ano passado, o que ajudou a segurar o recuo nos preços do minério de ferro e da soja. De janeiro a setembro e na comparação com o mesmo período do ano passado, os embarques de óleo cru atingiram US$ 12,2 bilhões, valor 42,5% superior a 2013. Analistas estimam que a maior parte dos contratos de venda de petróleo assinados pela Petrobras não passem pelo mercado "spot", mais sensível à variação de preços. Assim, o petróleo mais barato deverá aparecer nas estatística de comércio exterior entre um e dois meses. "Apesar de segurar um pouco o nível do crescimento das exportações de petróleo, a queda na cotação é favorável ao resultado da balança comercial. Algo do efeito desse movimento internacional ainda será observado na balança comercial até o fim do ano", afirma José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Neste ano até setembro, a balança de petróleo e derivados registrou déficit de US$ 15,2 bilhões, valor 23% menor do que ano passado. "Sempre quando cai o preço do petróleo bruto, há uma forte correspondência com o preço dos derivados. A tendência deste ano saldo negativo menor deve se acentuar, o que vai ajudar no resultado final", diz Castro. O sinal do saldo da balança comercial em 2014 dependerá mais do volume exportado de petróleo do que da oscilação de preços. Na média entre setembro e as duas primeiras semanas deste mês, foram exportadas 98 mil toneladas ao dia. No mesmo período do ano passado, as vendas diárias foram de 64 mil toneladas. Até o final de dezembro, no entanto, a commodity terá que ser embarcada em maior volume para compensar as três plataformas exportadas pela Petrobras no último trimestre de 2013, que adicionaram US$ 4,9 bilhões às exportações totais. Até setembro, os embarques totais do Brasil registravam retração de 1,7%, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). "Como não teremos esse tipo de embarque até o fim do ano, nas minhas contas, a média diária de petróleo vendida teria que aumentar para 130 mil toneladas para compensar esse feito. Com o óleo um pouco mais barato e não havendo esse crescimento tão grande no 13


volume embarcado, por causa das plataformas, as exportações totais podem fechar o ano com recuo de 5,5%", afirma o presidente da AEB. A projeção da GO Associados para as contas de petróleo e derivados é de recuo de 27,8% no déficit em 2014, que deve cair para US$ 12,6 bilhões na conta que exclui gás natural, hulha e outros energéticos. O Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) trabalha com redução no saldo negativo de 27%, mas com o déficit não passando de US$ 9 bilhões. O aumento de produção por parte da Petrobras e a desaceleração da economia, que esfriou a demanda tanto do óleo cru quanto dos combustíveis derivados, ajudaram a aliviar a conta comercial brasileira. Até setembro, a produção nacional de petróleo havia crescido 3,7%. "O comportamento da balança do setor de petróleo e gás ficou em linha com o projetado no começo do ano, em função da concretização do aumento da oferta e necessidade menor da importação, afetada pela desaceleração da economia", afirma Fabio Silveira, diretor de pesquisa econômida da GO Associados. Para Rodrigo Branco, economista do Centro de Estudos de Estratégias de Desenvolvimento (CEDES/UERJ), o recuo da cotação do barril de petróleo tem "efeito marginal" no valor que será obtido com as exportações da commodity até o fim do ano. "O volume será muito mais importante para definir se teremos déficit ou superávit", afirma. Nas previsões do centro de estudos do qual Branco faz parte, o petróleo é o produto com maior papel na definição do resultado do ano, já que os contratos de venda de minério de ferro a ser embarcado estão assinados e a soja foi praticamente toda exportada. Caso se mantenha no médio prazo a tendência de permanência do barril de petróleo em um patamar de US$ 85, o principal efeito negativo para as exportações será sentido nos números do ano que vem, já que, em volume, "a produção vai aumentar e com isso teremos mais exportação e a importação deve recuar."

Confiança do comércio de SP volta a subir em setembro após sete quedas Fonte Jornal Valor Econômico 20/10/2014 às 09h 49

SÃO PAULO - A confiança do comércio paulistano aumentou em setembro após sete meses consecutivos de queda, com os empresários mais otimistas quanto ao futuro. Mas o setor continua a avaliar como ruim a situação atual, de acordo com pesquisa mensal da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FECOMÉRCIO SP). O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) subiu 2,3%, de 98,3 pontos em agosto para 100,6 no mês passado, em uma escala que varia de zero (pessimismo total) a 200 pontos (otimismo total). É a primeira alta des de janeiro, quando o indicador atingiu 119,44 pontos. Na semana passada, a FECOMÉRCIO SP já tinha informado que a intenção de consumo das famílias paulistas tinha subido em setembro (+1,4%) pela primeira vez em seis meses. Entre os subíndices que compõem a confiança do comerciante, houve aumento de 5,4% no Índice de Expectativa, para 138,9 pontos, e alta de 0,8% no Índice de Investimento, que mostram perspectiva de melhora no cenário futuro. O Índice das Condições Atuais, contudo, 1,5% para 66,2 pontos, contra 67,2 registrados em agosto. Esse recuo é influenciado pela inflação, segundo a entidade. “O pessimismo atual é reflexo de um cenário que tem acompanhado as constantes altas dos preços e o crédito mais caro”, diz nota da FECOMÉRCIO SP. Já a melhora da perspectiva para os próximos meses pode ser atribuída, segundo a entidade, à possibilidade de mudança na política econômica nacional, sinalizada durante as eleições. Na análise por porte, as empresas com mais de 50 empregados já haviam revertido a tendência de queda em agosto, comportamento agora que também se repete para as 14


empresas de menor porte. O comportamento, segundo a FECOMÉRCIO SP, é comum na economia, com a confiança melhorando primeiro nas empresas maiores para, depois, atingir as menores. O indicador de confiança das empresas com mais de 50 empregados alcançou 122 pontos, alta de 9,5% em relação a agosto. No mesmo período, o das empresas com até 50 empregados cresceu 2,1% para 100,1 pontos. A FECOMÉRCIO SP ouviu 600 empresários na capital.

Comércio e serviços devem ter mais temporários no fim de ano Fonte Jornal Valor Econômico Lorenna Rodrigues de Brasília 20/10/2014 às 05h 00 Com as vendas crescendo menos do que em 2013 e as incertezas em relação a 2015, mais empresas dos setores de comércio e serviços planejam contratar empregados temporários neste fim de ano - e menos funcionários devem ser efetivados. Pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) obtida pelo Valor mostra que 80% das empresas brasileiras pretendem contratar mão de obra temporária nesse período. Em 2013, o percentual era de 68%. Por outro lado, apenas 20% das companhias têm a intenção de contratar funcionários efetivos até dezembro, ante 32% no ano passado. A tendência é que o emprego temporário sirva menos como porta de entrada para o mercado de trabalho neste ano. De acordo com o estudo, 68% das empresas não têm a intenção de efetivar nenhum funcionário (o percentual estava em 48% em 2013). "Esse ano é atípico porque muitas empresas estão esperando pela eleição com o pé no freio e retardando essas contratações. Além disso, o crescimento menor nas vendas nas últimas datas comemorativas impacta em uma intenção menor de contratação", explica o economista da CNDL/SPC Brasil, Fábio Borges. De acordo com Borges, a redução nas efetivações poderá se refletir nos dados de empregados e desempregados em 2015. "Isso indica um início de ano menos pujante do que no início do ano anterior no que se refere ao mercado de trabalho. Esses dados mostram uma acomodação do crescimento do emprego", diz. Neste ano, o número de funcionários que os varejistas pretendem admitir caiu significativamente: 3,5 por empresa, sendo 2,4 temporários. No ano passado, a média foi de 8,9, sendo 6,2 desses temporários. Além disso, 46% das empresas que utilizarão mão de obra temporária admitiram contratar pelo menos um funcionário informal. O estudo aponta também para queda na remuneração dos admitidos por tempo determinado no fim do ano. Em 2013, 57% das empresas pretendiam pagar aos temporários até dois salários mínimos. Em 2014, 63% das companhias terão essa faixa de remuneração. Ainda assim, a contratação no último trimestre vai "salvar" o emprego no setor de comércio no ano. A Confederação Nacional do Comércio (CNC) estima que devem ser contratados 138 mil temporários no período pelo setor, um aumento de 0,8%, contra crescimento de 3,2% em 2013. Para a entidade, o crescimento menor é compatível com o aumento mais fraco nas vendas no Natal deste ano, 3%, ante alta de 5,1% em 2013. "Tem uma relação fortíssima entre vendas e contratação temporária. Como as vendas vão subir pouco, o empresário vai contratar menos", explica o economista da CNC, Fábio Bentes. Para ele, a intenção menor de efetivar os temporários mostra também que os empresários estão cautelosos em relação a 2015, por conta das eleições e das incertezas na condução da política econômica. "A contratação efetiva é uma aposta de longo prazo porque o custo é muito grande", diz. A expectativa da CNC é que o comércio varejista feche o ano com saldo de 153,5 mil contratações. Até setembro, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, o setor acumula 4,2 mil demissões líquidas, o que significa que a admissão por tempo limitado será fundamental para reverter o 15


quadro. "Isso mostra que 2014 foi um ano muito difícil para o comércio brasileiro", pondera Bentes. "O emprego no setor começa no azul geralmente em junho, mas, neste ano, estamos em setembro e o comércio ainda está no vermelho". As incertezas também estão levando os empresários a adiar a admissão temporária. Segundo o estudo feito pela CNDL, 28% daqueles que pretendem reforçar as equipes no final do ano ainda não o fizeram até outubro. Em 2013, 20% ainda não tinham contratado nesse mesmo período. O nível de contratação de mão de obra é reflexo da queda no otimismo em relação às vendas de fim de ano. No ano passado, 55% das empresas esperavam aumento, enquanto neste ano o percentual caiu para 46%.

Bancos têm déficit de capital de até US$ 870 bi Fonte Jornal Valor Econômico John Glover e Jim BrunsdenBloomberg20/10/2014 às 05h 00 Ser grande demais para falir tende a se mostrar um epíteto oneroso para os maiores bancos do mundo, num momento em que os reguladores exigem que eles aumentem o volume de títulos para cobrir prejuízos, para o caso de falirem. O rombo com que se defrontam bancos que vão desde o J.P. Morgan Chase até o HSBC Holdings pode ser de até US$ 870 bilhões, segundo estimativas da gestora de investimentos AllianceBernstein, ou de não mais do que os US$ 237 bilhões projetados pelo Barclays. A faixa de variação é tão larga devido às propostas do Conselho de Estabilidade Financeira, da Basileia, que delineiam várias possibilidades para as quantias que os bancos têm de ter disponíveis como parcela de seus ativos ponderados por risco. Com esses valores superando os US$ 21 trilhões no caso dos bancos mais diretamente afetados, pequenas alterações nos pressupostos se traduzem em números grandes. "As instruções são claras, e está claro que estamos falando de somas enormes", disse Emil Petrov, que comanda o grupo de soluções de capital da Nomura International em Londres. "O que não está tão claro é como podemos chegar lá. Os calendários dos reguladores se projetam para um futuro distante, mas com que rapidez o mercado exigirá pleno cumprimento?" O conselho quer restringir os danos infligidos à economia mundial pela falência de um banco relevante ao obrigá-los a manter títulos passíveis de sofrer baixa contábil para ajudar a recapitalizar um banco insolvente. Para que os bônus-sênior sofram prejuízos, de acordo com as normas atuais, a instituição tem de abrir falência, iniciativa que acarretaria enormes prejuízos ao sistema financeiro mundial se adotada por um banco global. Foi isso o que aconteceu quando o Lehman Brothers Holdings quebrou em 2008, fazendo com que os governos de todo o mundo entrassem com dinheiro do contribuinte para salvar os bancos postos em risco na turbulência que se seguiu. O conselho, formado por reguladores e dirigentes de bancos centrais de todo o mundo, vai apresentar suas normas preliminares numa reunião de cúpula do G-20 a realizar-se em Brisbane, Austrália, no mês que vem. Suas propostas preveem que 27 dos maiores bancos do mundo mantenham títulos e ações absorvedores de prejuízos equivalentes a 16% a 20% de seus ativos ponderados por risco, para assumir os prejuízos no caso de uma falência. Isso garantirá que serão os investidores, e não os contribuintes, os que arcarão com a conta no caso do colapso de um banco. De acordo com os planos, esses bancos também terão de cumprir normas de capital contracíclico, que preveem a criação de um colchão de liquidez, fixadas pelo Comitê da Basileia de Supervisão Bancária, outro grupo de reguladores mundiais. Elas poderão equivaler a mais 5% dos ativos ponderados por risco, o que eleva as exigências impostas aos bancos para até 25% de seus ativos. "Há um enorme fluxo potencial de emissões a serem feitas", disse Steve Hussey, diretor de pesquisa em instituições financeiras da AllianceBernstein de Londres. "Se as exigências fossem implementadas hoje, haveria rombos significativos e pressões por emissões de todos os tipos de capital aceitável para redesconto." 16


Aplicando-se o percentual de 16%, o rombo mundial é de cerca de US$ 375 bilhões, segundo Hussey. A 20%, a exigência seria de US$ 870 bilhões, que ele qualificou de "excessiva". Ele prevê que os bancos europeus terão necessidades superiores às dos americanos. O J.P. Morgan e o Wells Fargo poderão ter de captar US$ 127 bilhões para alcançar 18% dos ativos ponderados por risco, segundo nota encaminhada aos clientes pelos analistas do Barclays, entre os quais Brian Monteleone, de Nova York. O HSBC, o maior banco europeu, e os espanhóis Banco Santander e Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) poderão ser os únicos bancos da zona do euro afetados, ao necessitar, juntos, de US$ 110 bilhões, de acordo com o relatório. O BNP Paribas e o HSBC possivelmente apresentariam déficits de US$ 50 bilhões a US$ 100 bilhões cada um, enquanto o Banco Santander precisará de não menos que US$ 90 bilhões, segundo Hussey. O Barclays terá de cobrir um rombo de US$ 25 bilhões a US$ 50 bilhões, disse ele. O analista ThueSondergaard, da Scope Ratings de Londres, estima só o rombo da Europa em cerca de € 482 bilhões, caso seja imposta uma exigência de 25%, disse ele. Sua amostra inclui 41 bancos, e não apenas os maiores mundiais em que se baseiam outras estimativas. Os bancos europeus, entre os quais alguns de segunda linha, provavelmente terão de emitir cerca de € 500 bilhões em títulos seniores por meio de suas matrizes, caso as tenham, disse Simon McGeary, que comanda o grupo de novos produtos do Citigroup em Londres. Bônus sênior emitidos por meio de uma matriz seriam subordinados aos compromissos financeiros de uma divisão operacional, disse ele. "Os bancos teriam de conseguir substituir os títulos já em circulação por títulos passíveis de atuar numa operação de salvamento interna" (em que os detentores de títulos assumem a dívida, por meio de seu alongamento ou pelo resgate de valores menores), disse o analista Ed Firth, do MacquarieGroup em Londres. "Os spreads convergiram tanto que o diferencial de preço tende a ser muito pequeno. Os mercados de títulos passam por um clima extraordinariamente generoso."

IPCA esquenta debate sobre juro neutro Fonte Jornal Valor Econômico Lucinda Pinto e Antonio Perez de São Paulo 20/10/2014 às 05h 00 Em um momento em que o risco de deflação assombra as economias centrais, o debate em torno do nível do juro real de equilíbrio no Brasil volta ao foco. Os recentes indicadores de inflação sugerem que a taxa real pode não estar acima do nível neutro - aquele que permite à economia crescer de acordo com seu potencial sem gerar pressões inflacionárias-, como se imaginava há alguns meses. Nas contas de economistas ouvidos pelo Valor, o juro neutro - variável "não observável" e, portanto, sujeita a estimativas díspares - pode estar entre 5% e 6%. O juro real, calculado a partir da taxa do swap de 360 dias e a projeção para o IPCA 12 meses à frente, está um pouco acima de 5%. Ou seja, a política monetária atualmente pode estar mais perto do ponto "neutro". Para que a inflação cedesse, seria necessário, em tese, elevar o juro. O economista-sênior do BES Investment, Flavio Serrano, diz que o IPCA de setembro, que elevou para 6,75% a inflação acumulada em 12 meses, reforçou o debate em torno do nível atual do juro neutro. O dado mensal surpreendeu negativamente, ao subir 0,57%, acima das estimativas, que variavam de 0,43% a 0,49%. E demonstrou que um juro neutro hoje estaria mais perto de 5% do que de 4%, como acreditava boa parte do mercado. Para Serrano, quando se faz uma retrospectiva, fica mais evidente que o juro está fora do lugar. Entre 2011 e 2014 (considerando as projeções para este ano), o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) médio ficou em 1,6% ao ano; o juro real em 3,5%; e o IPCA, em 6,2%. "A inflação, sistematicamente acima de 4%, confirma que este nível de juro não é o adequado", diz. 17


Segundo Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos, o fato de a inflação mostrar resistência apesar da estagnação econômica põe em dúvida a tese, defendida por uma ala de economistas, de que o juro neutro está mais perto de 3,5%. Ela observa que, depois de cair de forma consistente entre 2002 e 2012, a taxa voltou a subir em 2013, por conta da deterioração dos fundamento domésticos, e hoje está entre 5% e 5,5% ao ano. No curto prazo, uma taxa dessa magnitude não tem sido suficiente para controlar a inflação e afetar as expectativas. "O tempo necessário em que os juros têm que ficar acima do equilíbrio para garantir o retorno da inflação à meta depende de outras políticas, como a fiscal", diz Solange. O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, ressalta que o juro real vem subindo, mesmo com a taxa Selic congelada, com aumento dos prêmios de risco pela piora da economia. Como trabalha com taxa neutra de 6%, Vale considera que a Selic está hoje em níveis inferiores aos necessários para desacelerar a inflação. "A Selic deveria, no mínimo, estar em torno de 12,5%. Cada mês que o BC atrasa o início da subida da Selic, mais Selic será necessária", afirma. O que reforça a preocupação dos analistas é que o mundo parece não dar uma saída para a armadilha na qual o Brasil se colocou. Na última semana, os mercados viveram dias de forte instabilidade, movidos pelo renovado temor com um quadro de "estagnação secular". Europa, Japão, China e outros emergentes apresentam indicadores fracos, enquanto a recuperação dos Estados Unidos ainda não parece consolidada. O saldo desse quadro é recuo dos preços de commodities - desde o petróleo, passando pelo minério de ferro até preços agrícolas. O que poderia ser uma boa notícia do ponto de inflação, no entanto, tende a gerar pressão cambial e, portanto, anular qualquer efeito benéfico, na visão do economista-chefe do banco J.Safra, Carlos Kawall. "O tema da deflação na Europa e fraqueza econômica no mundo não nos beneficia", diz. No caso do Brasil, é provável que o alívio nos preços do petróleo tenha de ser usado para corrigir a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), utilizada pelo governo para evitar que um reajuste dos combustíveis fosse repassado ao consumidor. Já a queda do preço das commodities agrícolas e do minério de ferro devem piorar os termos de troca do Brasil. Isso amplia a pressão sobre o câmbio e, por tabela, a inflação. "Se a ideia é fazer a inflação convergir para a meta, mesmo com a economia fraca, não se pode prescindir de um aperto monetário." Outro elemento que pode colocar mais calor sobre o debate dos juros no Brasil é o efeito da política monetária americana, que caminha para um processo de normalização. Uma alta de juros por lá vai fortalecer o dólar no mundo e, consequentemente, trazer pressões via câmbio à inflação brasileira. O estrategista da Icap Corretora, Juliano Ferreira, dá peso relevante a esse fator e diz que, ao contrário do que o mercado chegou a prever, os EUA estão em um processo de reação, que tende a equilibrar o quadro global de atividade. E, como o Brasil tem hoje um juro perto do "neutro", diz, uma alta da Selic próxima a um ponto percentual pode ser inevitável. Alexandre de Ázara, economista-chefe do Modal Asset, estima o juro real neutro entre 5% e 6% e, por isso, concorda com a visão de outros economistas de que a política monetária atual ainda não é contracionista. Para tirar o fôlego da inflação, o BC deveria elevar a Selic dos atuais 11% para 12% ou 12,5% e mantê-la neste patamar entre seis e oito meses, pelo menos. Uma queda dos preços das commodities pode até ajudar o "esforço de desinflação no Brasil", mas representa apenas um ajuste de preços relativos e, portanto, não muda a trajetória da inflação. "É preciso ter um juro acima do neutro para afetar a dinâmica do mercado de trabalho", diz. Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores, destoa e não vê a necessidade de um aperto monetário adicional. A evolução da atividade econômica nos últimos trimestres dá sinais de que o juro neutro talvez seja inferior a 5%. O chamado hiato do produto, diz Borges, já é claramente desinflacionário, ou seja, a economia brasileira já cresce abaixo do seu potencial. O problema, diz Borges, é que há um "entupimento dos canais de transmissão da atividade fraca para a dinâmica de preços". 18


O economista afirma que as expectativas permanecem elevadas por conta das projeções de alta de cerca de 7% dos preços administrados em 2015, a política fiscal ainda expansionista e a possibilidade de nova rodada de depreciação do real. Também ajuda a "entupir" o canal das expectativas a perda de credibilidade da política econômica. Borges não vê, porém, um "choque de juros" em 2015 como elemento fundamental para a retomada da confiança. "A política monetária já está fazendo seu papel. O governo tem que atuar em outras searas, sinalizando uma postura fiscal mais austera e transparente e diminuindo a incerteza sobre de quanto será o reajuste dos preços de energia."

O trio de desigualdades Fonte Jornal Valor Econômico Mohamed A. El-Erian20/10/2014 às 05h 00 Houve uma dose considerável de desconexões nos recém-concluídos encontros anuais 1 do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial. Uma das mais gritantes foi a disparidade entre o interesse dos participantes nas discussões sobre desigualdade e a contínua falta de um plano de ação formal para que os governos a enfrentem. Isso representa uma profunda falta de imaginação política - que precisa ser urgentemente resolvida. Há bons motivos para tanto interesse. Embora a desigualdade tenha diminuído entre países, aumentou dentro de cada um, tanto no mundo em desenvolvimento quanto no avançado. O processo vem sendo puxado por uma combinação de questões seculares e estruturais - como a natureza volátil dos avanços tecnológicos, a ascensão de características do tipo "o vencedor fica com tudo" nos investimentos e sistemas políticos que favorecem os mais ricos 2 - e sendo propelido por forças cíclicas. No mundo desenvolvido, o problema está enraizado em uma polarização política sem precedentes, que impede reações abrangentes e joga um fardo excessivo sobre a política econômica dos bancos centrais. Embora as autoridades monetárias gozem de mais autonomia política do que outros formuladores de políticas econômicas, carecem das ferramentas para abordar com eficácia os problemas enfrentados por seus países. Em tempos normais, a política fiscal apoiaria a política monetária, inclusive desempenhando um papel redistributivo. Estes, no entanto, não são tempos normais. Com a paralisia política evitando uma resposta fiscal apropriada - depois de 2008, o Congresso dos Estados Unidos não aprovou um orçamento anual, componente básico de governança econômica responsável, por cinco anos -, os bancos centrais foram obrigados a impulsionar as economias artificialmente. Para fazê-lo, recorreram a taxas de juros próximas a zero e a medidas como o afrouxamento monetário quantitativo para estimular o crescimento e a criação de empregos. Além de incompleta, essa abordagem implicitamente favorece os mais ricos, que detêm uma parcela desproporcionalmente grande dos ativos financeiros. Enquanto isso, as empresas tornaram-se cada vez mais agressivas em seus esforços para reduzir o quanto precisam pagar em impostos, incluindo as chamadas "inversões" 3, em que mudam suas sedes para jurisdições com tributos mais baixos. Como resultado, a maioria dos países enfrenta um trio de desigualdades - de renda, de riqueza e de oportunidades - que, se não forem combatidas, se reforçarão entre si, com amplas consequências. De fato, além das implicações morais, sociais e políticas desse trio, há uma grave preocupação econômica: em vez de criar incentivos para o trabalho árduo e inovação, a desigualdade começa a corroer o dinamismo econômico, os investimentos, o emprego e a prosperidade. Como as famílias mais ricas gastam uma participação menor de suas rendas e riqueza, a maior desigualdade se traduz em um consumo geral menor, atrapalhando, portanto, a recuperação de economias já impactadas por uma demanda agregada inadequada. Os altos níveis atuais de iniquidade também impedem as reformas estruturais necessárias para elevar a produtividade, além de minar os esforços para acabar com os bolsões residuais de endividamento excessivo. 19


Essa é uma combinação perigosa que corrói a coesão social, a eficácia política, o crescimento presente do Produto Interno Bruto (PIB) e o potencial econômico futuro. Por isso é tão decepcionante que, apesar da consciência cada vez maior sobre a desigualdade, os encontros do FMI-Banco Mundial - uma reunião de milhares de autoridades políticas, jornalistas e nomes do setor privado, que incluiu seminários sobre a iniquidade nos países desenvolvidos e em regiões em desenvolvimento - não tenham resultado em um impacto com consequências na agenda política. As autoridades monetárias parecem convencidas de que este não é o momento adequado para enfrentar a desigualdade de renda, riqueza e oportunidades. Ficar esperando, no entanto, só vai tornar a solução mais difícil. Na verdade, vários passos podem (e devem) ser dados para estancar o aumento da iniquidade. Nos EUA, por exemplo, uma determinação política constante ajudaria a fechar imensas lacunas no planejamento sucessório de bens, assim como na tributação sobre as pessoas físicas e jurídicas, que beneficiam desproporcionalmente os mais ricos. Da mesma forma, há espaço para acabar com a prática antiquada de tributar com taxas preferenciais a "participação nos lucros" paga como estímulo ao desempenho dos fundos hedge e fundos de investimentos em participações. A maneira como a posse de imóveis é tributada e subsidiada poderia ser reformada de forma mais substancial, em especial na faixa de preços mais elevados. E há fortes argumentos para elevar o salário mínimo. Essas medidas teriam impacto apenas limitado na desigualdade, ainda que um impacto importante e notável. Para aprofundá-lo, é necessária uma política macroeconômica mais abrangente, com a meta específica de revigorar e redesenhar os esforços por reformas estruturais, estimulando a demanda agregada e eliminando excessos de dívidas. Essa abordagem reduziria o enorme fardo de formulação de políticas atualmente carregado pelos bancos centrais. É hora dessa maior atenção mundial à desigualdade se traduzir em ações conjuntas. Algumas iniciativas combateriam a iniquidade diretamente; outras desarmariam algumas das forças que a sustentam. Combinadas, avançariam um longo caminho na luta para mitigar um grave empecilho ao bem-estar social e econômico da atual geração e das futuras. (Tradução de Sabino Ahumada).

Ganhos extras de fim de ano permitem fazer faxina nas dívidas Fonte Jornal Folha de São Paulo DANIELLE BRANT de SÃO PAULO 20/10/2014 02h 00 Começou o período de tensão orçamentária. O comércio tenta convencer os brasileiros a gastar mais para as festas de final de ano, as escolas já cobram matrículas e o governo espera pelo pagamento de impostos IPVA (veículos) e IPTU (predial). É hora de uma faxina geral nas finanças para evitar que o ano que vem seja amargo. Ou para que você descubra que existirá espaço para usar parte dos ganhos extras comuns desta época -o 13º salário, comissões e até a restituição do Imposto de Renda- em presentes de Natal. Ou na compra "daquele" pacote de viagem, caso saia em férias. "O ideal é já provisionar parte desses rendimentos extras para os gastos de início de ano", diz a planejadora financeira Angela Azevedo. Mas só a faxina apontará as alternativas. Essa tarefa é fundamental para quem tem dívida, especialmente as parceladas com incidência de juros. O primeiro passo é um raio-X de suas finanças. Levante quanto tem no caixa. Depois, detalhe suas dívidas. Como o pagamento das despesas fixas, particularmente os impostos, é inadiável, a recomendação dos consultores é tentar quitá-los à vista. "Ao pagar tudo de uma vez, há a possibilidade de conseguir desconto", diz Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest Corretora. Segundo ele, as pessoas se acostumaram a parcelar esses tributos, mas há um custo na operação. "E nenhuma aplicação rende, no curto prazo, o desconto oferecido." 20


Em São Paulo, o IPVA à vista tem desconto de 3%. A poupança, por exemplo, rende 0,5% ao mês mais a TR (Taxa Referencial), bem abaixo desse percentual. RENEGOCIAR Essa seria uma forma de manter mais recursos no caixa no longo prazo. Outra seria renegociar dívidas ou quitá-las. "Dê a si mesmo de presente o fim das dívidas", diz Thiago Alvarez, sóciofundador do GuiaBolso, site de finanças pessoais. "O que faz sentido nesta época é aproveitar a renda extra e quitar parcelamentos." Quem tem mais de uma dívida deve priorizar aquelas com juros maiores, como cheque especial e cartão. "Os juros do rotativo do cartão de crédito giram em torno de 10% ao mês. Se o consumidor não conseguir pagar mais que o mínimo do cartão, nunca mais sairá da dívida", diz Angela Azevedo. Se não for possível quitá-las de uma só vez, a recomendação é tomar um crédito com juros menores para pagá-las, como o empréstimo pessoal ou o consignado. "Quem tem esse tipo de dívida precisa tapar o buraco rapidamente. E isso justifica sacrificar coisas a que as pessoas dão importância, como a festa de Natal", diz o consultor André Massaro. Se a faxina financeira for bem-feita, pode ser que sobre dinheiro. Mas os consultores alertam: tente manter uma parte da sobra para começar uma reserva, reforçada ao longo dos meses para o pagamento dos impostos do ano seguinte. Se isso ocorrer, aí, sim, o Natal poderá ser farto.

Editorial: Tributo a postos Fonte Jornal Folha de São Paulo20/10/2014 02h 00 A despesa crescente e a receita estagnada induzem um observador das contas federais a concluir que o próximo governo será ainda mais tentado a aumentar tributos. A alta do imposto sobre combustíveis é uma opção favorita dos economistas, engajados ou não em campanhas presidenciais. A alíquota da Cide (Contribuição para a Intervenção no Domínio Econômico) foi zerada em junho de 2012. Ou seja, deixou de ser cobrada, mas não foi extinta. Esse tributo é um candidato ao aumento devido a conveniências econômicas, políticas e até ambientais. Incide sobre a importação e a venda de petróleo e gás, além de seus derivados, e de álcool etílico combustível. Os recursos arrecadados destinam-se por lei a financiar subsídios a preços de combustíveis, projetos ambientais e obras de transporte, mas em parte são absorvidos pelo governo. Dessa receita, 29% têm de ser destinada a Estados e municípios. Na prática, a Cide tornou-se ainda um meio de reduzir oscilações. Por exemplo, se o preço internacional da gasolina sobe, a alíquota do imposto pode cair, e vice-versa, de modo a manter constante o valor pago pelo consumidor final. Dentro de certos limites, trata-se de um modo aceitável de conter choques. Como recurso para evitar qualquer aumento, pode causar distorções sérias, como ocorreu na gestão de Dilma Rousseff (PT). A fim de conter artificialmente a inflação, o governo relutou em reajustar o preço dos combustíveis. Mesmo tendo zerado a alíquota da Cide, a gasolina permaneceu abaixo do cotado no mercado. Dado que a Petrobras tem sido obrigada a importar gasolina e a vendê-la abaixo do custo, a empresa teve prejuízos bilionários. Como o preço desse combustível foi represado, o álcool perdeu atrativos, o que prejudicou a agroindústria da cana. O barateamento incentivou o consumo, o que contribui para a degradação ambiental e para os congestionamentos. A volta da Cide atenuaria diversos problemas, e o aumento tributário pode parecer menos amargo, dados alguns de seus benefícios. 21


De interesse imediato do próximo governo seria a arrecadação extra, em torno de R$ 12 bilhões. Trata-se de 0,2% do PIB, algo como a despesa de meio Bolsa Família. A baixa recente do preço do petróleo atenua os prejuízos da Petrobras. Torna, por ora, menos urgente um reajuste de combustíveis, que teria impacto numa inflação já no limite. Assim, parece menos inoportuna a alta da Cide. Tal oportunidade, a necessidade de caixa e certos benefícios socioeconômicos propiciam condições para a alta do imposto. Que ao menos seja bem empregado.

Micro e pequenas empresas têm maior queda de faturamento em 12 meses Fonte Jornal Folha de São PauloMÁRCIO HOLLAND 20/10/2014 03h 00 O faturamento das micro e pequenas empresas do Estado de São Paulo caiu pelo sexto mês consecutivo. Em agosto, a retração chegou a 8,9% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Esse foi o maior recuo registrado nos últimos 12 meses, de acordo com pesquisa do Sebrae-SP. No total, as empresas tiveram uma receita de R$ 47,4 bilhões. O setor do comércio puxou a queda, com -16,6%. "A desaceleração econômica do país tem um peso grande nessa diminuição do faturamento das micro e pequenas", afirma Letícia Aguiar, consultora do Sebrae-SP. "Mas a retração do comércio também está ligada diretamente à deterioração da confiança do consumidor." Editoria de arte/Folhapress

O comércio havia iniciado o ano com alta. Desde março, no entanto, apresentou seis quedas consecutivas. A indústria, por sua vez, vem recuando desde o ano passado, com alguns incrementos esporádicos. "Como já apresentou um 2013 fraco, o setor tem registrado quedas mais amenas", diz Aguiar. Em agosto, a retração ficou em 3,5%. O levantamento mostra ainda que 56% dos empresários acreditam que a situação de seus negócios será mantida nos próximos seis meses. "Como o desempenho não é positivo desde março, isso significa que eles não esperam grandes resultados." No mesmo período do ano passado, a parcela dos que apontavam para uma manutenção no nível de atividade da empresa era de 49%. Em relação à economia brasileira, 51% disseram que não deverá haver mudanças. Pouco mais de 20% afirmaram que deverá haver uma deterioração do cenário. Há um ano, essa parcela não chegava a 15%. 22


Empresas terão terminal de cargas em Paranaguá

O empreendimento ocupará uma área de 210 mil metros quadrados, com infraestrutura para receber caminhões que tem como destino o porto localizado na cidade. O parque logístico ficará a 12 quilômetros de distância do porto e receberá um investimento de R$ 30 milhões. "Com o sistema de agendamento usado por Paranaguá, os caminhões só podem acessar o local em horários determinados. Nosso terminal servirá de apoio para o planejamento e a chegada dos veículos à cidade", diz André Perez, diretor da Greenlog, empresa criada para o projeto. A carga movimentada no empreendimento seguirá o perfil do porto. "Os principais clientes serão embarcadores de soja, milho e de contêineres", afirma Perez. Os recursos para a obra serão aportados pelos sócios, de acordo o executivo. O terminal deverá operar em 2015. Uma das empresas envolvidas no negócio, a Enne, faz parte do grupo paulista Senpar Terras, que atua com investimentos imobiliários, hotéis e concessão rodoviária. Marcas na memória Com a inclusão de quatro categorias inéditas, o Folha Top ofMind, principal prêmio de lembrança de marca no Brasil, anunciará os vencedores da 24ª edição na próxima segundafeira (27). A cerimônia ocorrerá no HSBC Brasil, em São Paulo, e premiará um total de 50 categorias variadas. O resultado foi obtido após pesquisas realizadas pelo Datafolha com quase 6.000 consumidores, em 171 municípios de todos os Estados. Categorias inéditas: absorvente feminino, empréstimo pessoal, entrega de encomendas, tablet Categorias que estão de volta: camisinha, iogurte 5.994 é o número de pessoas entrevistadas pelo Datafolha em 171 cidades do país

A IS Logística encontrou uma forma de reduzir gastos desnecessários, como horas extras excessivas. A empresa equipou os motoristas de seus veículos com celulares que passaram a registrar toda a sua movimentação. Ao buscar a mercadoria, o funcionário fotografa o código de barra que a encomenda recebeu e a envia para a sede. Da mesma forma, todos os passos seguintes são comunicados e o transporte pode ser monitorado. "É possível saber em tempo real em que etapa está a mercadoria", afirma o presidente e fundador da IS Logística, Thiago Oliveira. "O acompanhamento melhorou muito nestes três meses [em que foi implantado o projeto]. Antes, a pessoa parava em shopping, em outros lugares. Tínhamos muito problema de hora extra." O empresário, que começou a trabalhar como office-boy, abriu a transportadora aos 22 anos com um empréstimo de um amigo para a compra do primeiro carro, que foi pago em 24 meses. Hoje, 12 anos depois, Oliveira tem outras três empresas e a IS deverá atingir 400 veículos com o contrato recém-fechado com a Febraban (federação de bancos). A empresa vai transportar documentos no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. 23


"A frota crescerá em 110 veículos, entre carros de passeio, vans e pequenos caminhões e o faturamento, de 39% a 40% em 2014." 24 são os Estados em que a empresa tem filiais 500 é o número de funcionários que a companhia estima ter até o final deste ano Recuo europeu O índice que mede o clima dos consumidores europeus recuou quase cinco pontos no terceiro trimestre, na comparação com o período anterior, segundo pesquisa da GfK. O indicador, baseado em dados dos 28 países da União Europeia, fechou setembro em 9,1 pontos, em uma escala de -100 a 100 (quanto mais alto, melhor o humor). O recuo é reflexo de um desempenho abaixo do esperado em quase todas as nações avaliadas. Na Alemanha, o otimismo se deteriorou rápido, com perda de 42 pontos de junho a setembro. Foram ouvidas para o levantamento cerca de 40 mil pessoas nos 28 países. Pequena... A Tripda, plataforma para a negociação de caronas, vai expandir sua atuação nos países da América Latina. ...nos vizinhos Nas próximas semanas, a start-up do grupo Rocket Internet abrirá filiais na Argentina, no Uruguai e no Chile. A empresa já está na Colômbia e no México.

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