20 de janeiro de 2015

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 20 DE JANEIRO DE 2015

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Governo segue com ajuste e eleva imposto Fonte Jornal Valor Econômico Lorenna Rodrigues, Edna Simão e Thiago Resende 20/01/2015 às 05h 00 Levy afirma que medidas são mais uma etapa do trabalho de equilíbrio fiscal e levarão a um aumento da confiança. A elevação de impostos anunciada ontem pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, vai render uma receita adicional de cerca de R$ 20 bilhões este ano, responsável por aproximadamente um terço do ajuste fiscal prometido pelo governo. Segundo Levy, o pacote é mais uma etapa do "trabalho de equilíbrio fiscal" iniciado no fim do ano passado com a restrição de empréstimos subsidiados e mudanças em benefícios trabalhistas. A meta de superávit primário do governo central é de R$ 55,27 bilhões. "O conjunto das medidas leva a um fortalecimento da confiança. Devemos ter uma combinação de coisas, não teremos só aumento de imposto. Estamos desenhando medidas que estimulem de várias maneiras a economia", afirmou. Cortes de gastos, segundo o ministro da Fazenda, "é outra conversa". Uma das mudanças é o aumento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) e do PIS/Cofins sobre combustíveis. Juntos, os dois reajustes terão impacto de R$ 0,22 por litro para a gasolina e R$ 0,15 para o diesel a partir de fevereiro. O ministro, porém, não soube dizer se o aumento será repassado ao consumidor pela Petrobras. "Essa não é uma decisão do Ministério da Fazenda, eu acho que é da empresa, se me lembro bem", ironizou. "O preço da gasolina depois das medidas vai depender da política de preços da empresa. Eu não tenho envolvimento na política de preços da Petrobras", completou Levy. Ele evitou também especificar o impacto sobre o IPCA, caso a Petrobras repasse para o preço da gasolina. Disse apenas que a gasolina corresponde a cerca de 1/25 a 1/30 da cesta. Como as alterações na Cide só podem valer depois de 90 dias - e o governo tem pressa em aumentar a arrecadação - o aumento do PIS/Cofins será maior em um primeiro momento e cairá após a noventena. O impacto sobre o combustível na refinaria, porém, será sempre o mesmo ao longo do ano. O aumento dos dois tributos resultará em uma arrecadação de R$ 12,18 bilhões neste ano e R$ 14,07 bilhões por ano a partir de 2016.

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Numa demonstração de que o tempo do estímulo da atividade econômica por meio do crédito ficou para trás, o governo aumentou ainda a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) cobrada na concessão de empréstimos para a pessoa física. A alíquota subiu dos atuais 1,5% ao ano para 3% ao ano. Foi mantida a cobrança de mais 0,38% por operação, independentemente do prazo, que foi adotada depois da extinção da CPMF. A mudança vale a partir de fevereiro e espera-se uma arrecadação adicional de R$ 7,38 bilhões neste ano e R$ 8,31 bilhões nos próximos anos. Levy desconversou sobre o impacto que a medida terá no crédito. "O principal efeito dessas medidas é aumentar a confiança na economia e a disposição das pessoas de investirem no Brasil e tomarem riscos. Isso se reflete na queda da curva de juros, nas últimas semanas. Os juros mais longos têm tido relativa redução", afirmou. Segundo o ministro, também não há o objetivo de desaquecer a demanda e ajudar a política monetária do Banco Central. "Decisão do Copom é dele e ele sempre olha o conjunto da economia. Não há mecanicismo redutivo com o qual se possa trabalhar. Se vemos a curva caindo, isso tem efeito nas expectativas de inflação. Se houver, excelente", completou. Outra medida é a elevação da alíquota de PIS/Cofins sobre a importação de 9,25% para 11,75%. O objetivo é compensar a exclusão do ICMS da base de cálculo desse tributo, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado. Com a mudança, o governo arrecadará R$ 694 milhões neste ano e R$ 1,19 bilhão a partir de 2016. O governo equiparou também a figura do atacadista no setor de cosméticos à do industrial para, segundo Levy, equalizar a tributação ao longo da cadeia. Não houve aumento de alíquota. A modificação implicará no recolhimento de mais R$ 381,41 milhões neste ano e R$ 653,85 anualmente, a partir doe 2016. A meta de superávit primário do setor público consolidado (com Estados e municípios) é de R$ 66,325 bilhões. Se os Estados e municípios não fizerem os R$ 11 bilhões restantes, o governo central (cuja meta é de R$ 55,27 bilhões) terá que compensar.

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FMI rebaixa previsões para economia global Fonte Jornal Valor Econômico Sergio Lamucci 20/01/2015 às 05h 00 O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu as suas estimativas de crescimento para a economia global para 2015 e 2016, apesar do impacto positivo da queda dos preços de petróleo e da aposta numa expansão mais forte dos Estados Unidos. Com a diminuição das projeções para China, Rússia, zona do euro, Japão, Brasil e alguns grandes exportadores de petróleo, o FMI cortou de 3,8% para 3,5% a previsão para este ano e de 4% para 3,7% para o ano que vem. O Fundo espera um avanço de menos de 7% para a China já em 2015. "O crescimento global vai receber um impulso dos preços mais baixos do petróleo, que refletem em grande medida uma maior oferta. Mas esse estímulo deve ser mais do que ofuscado por fatores negativos, como a fraqueza do investimento, à medida que continuar o ajuste a um cenário de expectativas piores para o crescimento de médio prazo em muitas economias avançadas e emergentes", disse o FMI, na atualização das projeções do relatório "Panorama Econômico Mundial" ("WEO", na sigla em inglês), divulgado ontem. O economista-chefe da instituição, Olivier Blanchard, disse que a economia global enfrenta "correntes cruzadas" fortes e complexas. "De um lado, as principais economias se beneficiam do declínio das cotações do petróleo. De outro, em muitas partes do mundo, perspectivas de longo prazo mais fracas afetam a demanda, resultando numa forte ressaca", resumiu ele, segundo o texto do discurso preparado para a apresentação do documento, a ser feita em Pequim, depois do fechamento desta edição. O recuo dos preços do óleo ajuda os importadores do produto, ao aumentar a renda e diminuir os custos de produção. Nas estimativas do FMI, o petróleo mais barato pode aumentar o PIB da China entre 0,4 e 0,7 ponto percentual em 2015 e o dos EUA, entre 0,2 e 0,5 ponto. Os EUA são a única grande economia que teve as estimativas revisadas para cima, de 3,1% para 3,6% em 2015 e de 3% para 3,3% em 2016. Segundo o FMI, a demanda doméstica será impulsionada pela combinação de preços mais baixos do petróleo, um ajuste fiscal mais moderado e a continuidade de uma política monetária ainda expansionista, apesar da alta esperada para os juros ainda neste ano. Para a zona do euro, as expectativas apontam um crescimento fraco em 2015 e 2016, ainda que a atividade vá ganhar um empurrão do petróleo barato, do câmbio mais desvalorizado, da provável expansão monetária mais forte e de uma política fiscal mais neutra. "Mas esses fatores vão ser ofuscados pelas perspectivas mais fracas para o investimento, refletindo o impacto do crescimento menor dos mercados emergentes no setor exportador", disse o FMI, que espera avanço do PIB de 1,2% em 2015. O quadro de Blanchard para o Japão tampouco foi animador, projetando expansão de 0,6% neste ano. "Tanto a demanda doméstica privada quanto a externa desapontaram recentemente, e o ímpeto para as reformas estruturais parecem frágeis para elevar as expectativas sobre o crescimento futuro e impulsionar o investimento." 4


O Fundo também fez um talho nas projeções de vários mercados emergentes. Na China, segundo Blanchard, há uma desaceleração gradual do ritmo de expansão, refletindo uma "decisão bem-vinda" de reorientar a economia do investimento para o consumo, além da disposição de enfrentar os perigos no setor imobiliário e do sistema bancário paralelo. O FMI cortou de 7,1% a 6,8% a estimativa para 2015 e de 6,8% para 6,3% a de 2016.

Retrato do Brasil apagadinho FONTE JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO 20/01/2015 às 02h00 A gente mal se entendia sobre as causas e a extensão do apaguinho gigante de ontem quando o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, aparecia na TV a fim de anunciar um pacotinho de aumento de impostos. Foram quatro anos em uma tarde, pelo menos como metáfora: a escassez de energia e de dinheiro no caixa do governo devido às negligências e erros primitivos cometidos no governo Dilma Rousseff 1. Haverá longas e baixas discussões de política politiqueira a respeito do apaguinho gigante, "apaguinho", como era diminuído ontem por gente do governo, e gigante por atingir dez Estados. Seriam os primeiros sinais de racionamento? Já é um racionamento? Foi o calor, a seca, o mau planejamento do governo? Racionamento, foi. Pontual, mas foi. Não havia energia elétrica suficiente, por problemas de transmissão ou produção, ainda estava difícil de saber no início da noite de ontem, quando esta coluna era escrita. Mas o motivo básico do apaguinho gigante foi o fato de não ser possível ofertar eletricidade bastante onde a energia era requerida, ponto. Governos costumam mentir sobre o assunto. No governo FHC, os "apaguinhos" começaram um ano antes da decretação do racionamento, que viria em 2001. Em maio de 2000, o governo tucano dizia que não havia racionamento, mas "gerenciamento da demanda de energia" (indústrias eram "convencidas" a reduzir o consumo em horários de pico). Afora isso, o governo FHC não tomou medida sistemática alguma para evitar o pior. Como agora, como o fazem o governo Dilma ou o de Geraldo Alckmin (PSDB) com a água. Sobreveio o pior. O sistema de produção de energia está no limite, batendo pino, operando com usinas que deveriam ter uso limitado; há calor excessivo e seca. O sistema opera no limite, de resto, devido a atrasos grotescos de produção de energia, tanto devidos a incompetências do governo como de empresas privadas. Opera ainda mais no limite porque o governo, com seu desconhecimento de economia elementar, estimulou a demanda em tempos de escassez, subsidiando o consumo de energia. Subsidiou o consumo de energia tanto para disfarçar a inflação como para salvar a face de um programa fracassado de redução de custos, de 2012. Como se não bastasse, esse programa, mantido em 2014 de resto por motivos eleitoreiros, contribuiu para esvaziar os cofres do governo, motivo pelos quais o governo anunciou ontem o primeiro dos pacotinhos de aumentos de impostos do ano. Segundo o Ministério da Fazenda, os quatro aumentos de ontem devem render uns R$ 20 bilhões. Talvez seja mais. Apenas com a volta do "imposto da gasolina", a Cide, parece possível arrecadar uns R$ 17 bilhões, embora seja hora difícil calcular a contenção do consumo de gasolina e diesel tanto devido à recessão quanto ao próprio aumento de preços. O preço médio nas bombas deve subir uns 11%. Não há como evitar aumentos de impostos, dada a pindaíba do governo, que poderia terminar em descrédito e crise financeira, se nada fosse feito. Se nada for feito a respeito de 5


eletricidade ou sobre a Petrobras, outras crises poderão vir. Nada disso, porém, exime o governo da culpa de ter criado esse ambiente de crise.

Exportação do agronegócio inicia ano com intensa queda nos preços FONTE JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO 20/01/2015 às 02h00 Após ter registrado a segunda desaceleração em 15 anos, em 2014, o saldo do agronegócio começa o ano apontando para novo recuo. A perda de ritmo anterior havia ocorrido em 2009, logo após a crise financeira de 2008, que desestruturou a economia mundial. As exportações até a terceira semana deste mês indicam que apenas 3 dos 16 principais produtos da lista do setor do agronegócio têm evolução positiva de preços no mercado externo. Os dados são da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), que aponta recuo em todos os demais, quando comparado o valor da tonelada deste mês em relação ao de igual período do ano passado no mercado externo. Os produtos que ainda conseguem valorização nas exportações são café e carnes.

Plantação de café de SP; na contramão da maioria das commodities, produto tem alta O carro-chefe do agronegócio, o complexo soja, tem perdas acentuadas. Responsável pela vinda de US$ 31,4 bilhões ao país no ano passado, o setor representou 14% de todas as exportações nacionais. Neste ano, a soja em grão está sendo negociada com recuo de 25% em relação a janeiro de 2014. Nesse mesmo período, o farelo de soja cai 16%, e o óleo de soja, 15%. Essa queda pouco afetou as exportações brasileiras de soja deste ano porque elas só começam a ganhar ritmo forte a partir de março. O país ainda está no início da colheita da oleaginosa. O açúcar, outro item importante da balança comercial, também perde preço. A tonelada do produto em bruto recuou para US$ 350 em janeiro, 10% menos do que igual mês de 2014, de acordo com a Secex. Já o açúcar refinado registra queda ainda maior: menos 17%. O milho, que passou a ser importante na balança comercial nos últimos anos, teve queda de 5% nos valores de exportação. Além da queda de preços, o pais não repetiu, em 2014, o bom desempenho obtido nos volumes exportados em 2013, quando foi comercializado o recorde de 26,6 milhões de toneladas. 6


Apesar da queda de preço, as exportações continuam aceleradas neste mês e podem atingir o recorde para este período do ano. No ritmo atual, atingirão 3,8 milhões de toneladas, acima do recorde de 3,37 milhões de janeiro de 2013. A manutenção do ritmo de exportação de milho nestes primeiros meses do ano dará sustentação aos preços internos, já que os estoques de passagem (o que sobra de uma safra para a outra) do país somam 19 milhões de toneladas. O algodão, devido aos elevados estoques internacionais, também perde preço. O Brasil exportou a tonelada do produto a US$ 1.624 neste mês, 16% menos que em igual período de 2014. Os embarques de algodão neste início de ano, no entanto, têm aumento de 57% ante igual período anterior, diz a Secex. ALTAS O café segue por caminhos contrários aos das demais commodities há vários meses. Quebra na safra brasileira e enxugamento dos estoques mundiais elevaram os preços do produto brasileiro exportado em 55% nos últimos 12 meses. Dados da Secex indicam que a saca está a US$ 206 neste mês, ante US$ 133 em igual período de 2014. Mesma tendência de alta seguem as carnes suína e bovina, devido à demanda externa. Os preços subiram 1% e 3% em 12 meses. A de frango, no entanto, tem queda de 6% no período. As maiores quedas na commodities estão fora do agronegócio. O minério de ferro teve recuo de 45% nos preços em 12 meses, enquanto o petróleo caiu 43%.

Editorial: Liquidez global FONTE JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO 20/01/2015 às 02h00 No começo de 2014, quase todos os analistas apostavam no início da alta dos juros no mundo. Liderada pelos EUA, em decorrência da retomada do dinamismo econômico e da rápida queda do desemprego, a medida seria adotada também em parte dos países desenvolvidos. Um ano depois, porém, o quadro se afigura diferente. De um lado, confirmou-se o cenário positivo nos EUA. O país cresceu mais de 4% em termos anualizados na segunda metade de 2014, e a desocupação já se aproxima do padrão anterior à crise financeira. Espera-se crescimento de 3% para 2015. Para surpresa geral, porém, os juros no mercado continuaram caindo. Os papéis americanos com prazo de dez anos pagam hoje 1,9% ao ano, cerca de um ponto percentual a menos do que há 12 meses. De forma atípica, tal comportamento se deu a despeito dos repetidos alertas do Fed (o banco central americano) de que começará a subir a taxa de curto prazo (hoje em zero) nos próximos meses. A situação é algo distinta na Europa, cuja recuperação tem sido lenta. O PIB da zona do euro não avança mais de 1% ao ano, e o risco de deflação persistente é real. Mesmo assim, a rapidez com que os juros despencaram surpreendeu. Os papéis de dez anos da Alemanha rendem hoje menos de 0,5% ao ano, enquanto a França paga cerca de 0,65%, metade do observado 12 meses atrás. E tudo antes de o Banco Central Europeu iniciar o aguardado programa de compra de títulos no mercado, que contrairá ainda mais os juros na periferia do continente.

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O fenômeno de taxas baixas é geral, e as razões para isso são objeto de debate. Uma delas é o resquício da crise financeira, que ainda gera efeitos recessivos e aumenta a intenção de poupar de famílias e empresas. Assim, investimento e consumo permanecem deprimidos. Por isso a inflação mundial continua diminuindo –ainda mais com a queda no preço do petróleo. Esse horizonte alcança inclusive países emergentes, que devem ter a menor inflação desde a crise de 2008. China e Índia, por exemplo, já iniciaram cortes nos juros. O resultado é um ambiente de grande liquidez global por mais tempo do que se supunha. Dado esse contexto, mais uma vez foi alargada a janela de oportunidade para que o Brasil arrume a casa. Aqui, em especial devido à correção de tarifas, os preços devem subir 7% em 2015. Mas, se o governo insistir no ajuste pelo tempo necessário, o país pode destoar menos das principais economias –nem que seja só no quesito inflação.

Um cadáver no colo de Cristina FONTE JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO 20/01/2015 às 02h00 É sempre mais fácil provar que alguém cometeu um crime do que o acusado provar que não o cometeu. Por isso, o governo argentino será, talvez para sempre, acusado de ter mandado matar o promotor Alberto Nisman. Ou, em outra hipótese, de tê-lo induzido ao suicídio, tese já levantada pela líder opositora Elisa Carrió. Os antecedentes do caso tornam facílimo, quase automático, desconfiar do governo de Cristina Kirchner. Nisman, pouco dias antes de morrer, já dissera que o chamado caso Amia (Associação Mutual Israel-Argentina) poderia "levá-lo à morte". Previsão igualmente fácil de fazer: Nisman acusara a presidente e seu chanceler, Héctor Timerman, de encobrir a suposta culpa de funcionários iranianos pelo atentado de 1994 à sede da Amia (85 mortos, mais de 300 feridos). A acusação dizia, ainda, que o encobrimento se deveria ao desejo do governo argentino de fazer negócios com o Irã. É prematuro desconfiar da presidente e/ou de seu entorno? Sem dúvida, é. Afinal, prevalece sempre o critério de que todo mundo é inocente até prova em contrário. Mas Cristina Kirchner cultivou sempre, nos 12 para 13 anos em que ela e o marido governaram o país, um ambiente de radicalização, de confronto, com os mais diferentes adversários, de resto sempre tratados como inimigos. Paga agora essa crispação. Não há, nos setores com os quais se indispôs e que representam pouco mais ou menos a metade do país, a mais leve disposição para lhe dar ao menos o benefício da dúvida. O governo, não necessariamente sua chefe, será tido como culpado até que consiga provar o contrário, o que é praticamente impossível. Não há testemunhas da morte de Nisman nem há, que se saiba, uma carta anunciando o suicídio, por mais que Sergio Berni, secretário de Segurança Pública, haja dito que, nas circunstâncias, "todos os caminhos conduzem ao suicídio" (a arma sob o cadáver, a porta trancada por dentro). O escritor Jorge Asís, antigo peronista, funcionário do governo de Carlos Menem, rebate: "Aqui é de um assassinato que temos de falar". 8


Mas Asís estende a lista de suspeitos para "alguma corrente interna do governo ou para uma operação de inteligência clara contra o governo". Hipótese reforçada pelo fato de que Nisman havia acusado, além de Cristina e seu chanceler, também o líder "piquetero" Luís D'Elía e o líder do grupo Quebracho, de ultraesquerda, Fernando Esteche, ambos adeptos de métodos violentos. É sempre bom lembrar que o peronismo tem uma longa história de movimentos violentos internos, de extrema direita ou de extrema esquerda. Nos anos 70, por exemplo, a Aliança Anticomunista Argentina (a tristemente célebre "Triple A") e os Montoneros travaram uma guerra que acabou desaguando no golpe de 1976 e no genocídio que se seguiu a ele. É o que dá semear ventos. Colhem-se tempestades ou, neste caso, um cadáver que o governo terá imensas dificuldades para tirar do colo.

Petrobras diz que alta de tributos será repassada a combustíveis FONTE JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO 20/01/2015 às 09h25 A Petrobras informou, por meio de nota enviada à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) na noite desta segunda-feira (19), que os preços da gasolina e do diesel nas refinarias serão acrescidos do PIS/Cofins e da Cide. O preço líquido desses produtos para a estatal, portanto, não será alterado. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou na segunda-feira uma série de aumentos de impostos, que deve incrementar o caixa do governo em R$ 20 bilhões neste ano. O pacote incluiu a volta da Cide (tributo regulador do preço de combustíveis), zerada desde 2012, e aumento do PIS/Cofins sobre a gasolina. A alta da tributação de combustíveis representará uma arrecadação extra de R$ 12,2 bilhões, avaliou o secretário da Receita, Jorge Rachid. O retorno da Cide já era esperado, mas a decisão de também aumentar o PIS/Cofins veio para favorecer Estados e municípios, que recebem parte desse tributo. A alta na taxação do combustível começa a partir de 1º de fevereiro. Como a alta da Cide precisa esperar um período regimental de 90 dias, o PIS/Cofins será maior até a alta da Cide entrar em vigor. A alta nos impostos sobre a gasolina será de 22 centavos sobre o litro, e de 15 centavos para o litro do diesel, somando Cide e PIS/Cofins.

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DISTRIBUIDORES Antes do comunicado da Petrobras de que iria repassar os tributos, os distribuidores de combustíveis planejavam pedir à companhia que "absorvesse" pelo menos parte da alta dos impostos por meio de uma redução no preço da gasolina e do óleo diesel. O principal argumento seria que os preços no Brasil estão bem mais altos do que no mercado internacional, se beneficiando da redução de cerca de 40% no valor do barril do petróleo desde o início do ano passado. "O mercado entende que o preço dos combustíveis no Brasil estão acima dos preços internacionais e que a Petrobras pode reduzir esse valor para diminuir o impacto do aumento dos impostos. A decisão é da Petrobras", disse então Alisio Vaz, presidente do Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes).

FMI corta projeção do PIB do Brasil para 2015 de 1,4% para 0,3%, bem abaixo da AL Fonte Reuters às 08h 02 20-01-2015 SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil crescerá menos de um quarto do que a América Latina e Caribe neste ano, e sua recuperação não será das melhores em 2016, informou o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta terça-feira. Em atualização do seu relatório "Perspectiva Econômica Global", o FMI reduziu com força a projeção para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2015 em 1,1 ponto percentual, de 1,4 por cento para apenas 0,3 por cento. O Fundo vê alguma recuperação no ano que vem, mas ainda assim também diminuiu suas contas para crescimento econômico a 1,5 por cento, contra 2,2 por cento anteriormente. Para a América Latina e Caribe, as estimativas também foram reduzidas, mas ainda assim a perspectiva é de que a região cresça 1,3 por cento em 2015 e 2,3 por cento em 2016, 0,9 e 0,5 ponto percentual a menos que a projeção anterior. Em relação a 2014, o FMI estima que o Brasil cresceu apenas 0,1 por cento, ante 0,3 por cento projetados em outubro. 10


Segundo o FMI, os preços menores do petróleo --que já perdeu metade de seu valor desde junho-- e de outros produtos vão impactar exportadores emergentes de commodities, como é o caso do Brasil, principalmente sobre o comércio e a receita real. Ainda assim, em "muitas economias emergentes, o espaço de política macroeconômica para sustentar o crescimento permanece limitada. Mas em algumas, os preços menores do petróleo vão aliviar a pressão inflacionária e vulnerabilidades externas, permitindo assim aos bancos centrais não elevarem a taxa de juros ou elevá-las mais gradualmente", completou o FMI. O Brasil vem enfrentando o difícil quadro de inflação elevada, que levou o Banco Central a iniciar novo ciclo de aperto monetário em outubro passado, mas com baixo crescimento e falta de confiança dos agentes econômicos diante do frágil quadro fiscal do país. Por isso, a nova equipe econômica da presidente Dilma Rousseff já anunciou algumas medidas para tentar colocar as contas públicas em ordem. As projeções do FMI para o Brasil estão em linha com as de economistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central, que veem expansão de 0,12 por cento em 2014, 0,38 por cento neste ano e 1,80 por cento em 2016. EMERGENTES As perspectivas para o Brasil também ficam bem aquém daquelas para os mercados emergentes e economias em desenvolvimento, mesmo com contração prevista para a Rússia neste ano e no próximo. Para essas economias como um todo, o FMI vê expansão de 4,3 e 4,7 por cento em 2015 e 2016, 0,6 e 0,5 ponto percentual respectivamente a menos do que em outubro. Entre os fatores que o Fundo cita como determinantes para essa redução, estão o menor crescimento na China, projetado em 6,8 por cento neste ano contra 7,1 por cento anteriormente. Para 2016 a perspectiva caiu a 6,3 por cento, contra 6,8 por cento. "O crescimento do investimento na China desacelerou no terceiro trimestre de 2014, e os principais indicadores apontam que vão continuar diminuindo", informou o FMI. "A desaceleração do crescimento chinês também produzirá efeitos regionais significativos, o que explica, em parte, as revisões em baixa do crescimento para grande parte das economias emergentes da Ásia", acrescentou o FMI. O FMI também cita o cenário mais fraco na Rússia, cujas reduções nas estimativas foram ainda mais drásticas, refletindo o impacto dos preços mais baixos do petróleo e das tensões geopolíticas. Para 2015, a expectativa de crescimento econômico caiu 3,5 pontos percentuais, chegando à contração de 3 por cento, e para 2016 a redução foi de 2,5 pontos, para contração de 1 por cento. O FMI também piorou seu cenário para a economia global, prevendo expansão de 3,5 e 3,7 por cento em 2015 e 2016, respectivamente. Em ambos os casos, as contas foram reduzidas em 0,3 ponto percentual.

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