20 de março de 2015

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 20 DE MARÇO DE 2015

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Negociações geram aumentos reais de salário Fonte Portal economia SC/Agência Brasil 19 de março de 2015 às 13h 32 Segundo estudo divulgado nessa quinta-feira, 19, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 91,5% dos acordos firmados entre patrões e trabalhadores garantiu reajuste acima da inflação. Em 2013, o índice ficou em 86,2%. O estudo considera a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O reajuste médio conseguido nas negociações de 2014 ficou em 1,39%, maior que o 1,22% alcançado em 2013, porém menor que o registrado em 2012 — 1,90%. Nas negociações do ano passado, 44,8% terminaram com acordos que possibilitaram aumento real entre 1,01% e 2%. Em 25,1% dos acordos, o reajuste foi no máximo 1% acima da inflação e em 6,1% dos casos houve apenas reposição das perdas medidas pelo INPC. De acordo com os dados, em 2,4% dos casos o reajuste ficou abaixo da inflação. Em 2013, o percentual de reajustes abaixo da inflação foi maior (6,3%). A quantidade de acordos que garantiram apenas as perdas inflacionárias em 2013 também foi maior (7,5%). Em 2012, os reajustes abaixo da inflação representaram 1,4% dos acordos. Naquele ano, 93,9% das convenções permitiram aumento acima do INPC. Na avaliação do coordenador de relações sindicais do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira, alguns fatores permitiram que os acordos em 2014 fossem melhores do que os de 2013, apesar do desempenho da economia, medido pelo Produto Interno Bruto (PIB), ter sido pior no ano passado. Um dos pontos que contribuiu favoravelmente para esse cenário, segundo Silvestre, foi o baixo nível de desemprego. “Mesmo com o mercado de trabalho com tendência de perda da dinamicidade e geração de novos postos, os níveis de desemprego foram baixos”, destacou em referência a 2014. As desonerações concedidas pelo governo federal a alguns setores econômicos também permitiram maior margem de negociação em favor dos trabalhadores, na opinião de Silvestre. Na divisão por setores da economia, o comércio teve o maior percentual de acordos com aumento real (98,2%) em 2014. Na indústria o índice ficou em 90,9% e no setor de serviços 89,2%. Entretanto, os maiores reajustes (acima de 3%) se concentraram na indústria e no setor de serviços, em 6,9% dos casos e 5,8%, respectivamente. No comércio apenas 2,7% dos aumentos ultrapassaram esse patamar. O diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Cláudio do Prado, ponderou que apesar dos ganhos acima da inflação obtidos nos acordos, os trabalhadores acumulam perdas pela rotatividade da mão de obra, que reduz os salários médios. “A rotatividade tem diminuído o poder aquisitivo do trabalhador. Então, se a gente não levar em consideração a rotatividade e só levar em consideração as convenções coletivas, é uma avaliação que não é muito correta”, comentou o sindicalista que compareceu à divulgação representando a Força Sindical. Para Silvestre, a obtenção de ganhos reais em 2015 dependerá ainda mais da mobilização dos trabalhadores. “A mobilização vai ser ainda mais importante, por conta desse cenário de incertezas”, enfatizou. O diretor lembrou também que nos últimos anos a geração de empregos tem diminuído. “Pelos indicadores, o mercado de trabalho brasileiro já vem perdendo força desde 2012”, acrescentou sobre os fatores que podem tornar as negociações mais duras daqui para frente.

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Intenção de consumo das famílias tem queda Fonte Portal economia SC/Agência Brasil 19 de março de 2015 às 16h 00 O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) atingiu em março deste ano, pelo segundo mês consecutivo, o menor nível da série histórica iniciada em janeiro de 2010, ao registrar quedas de 6,1% em relação a fevereiro último e de 11,9% em relação a março de 2014. O indicador fechou março em 110,6 pontos e permanece ainda acima da zona de indiferença (100,0 pontos), indicando um nível ainda favorável. As informações sobre o ICF foram divulgadas nessa quinta-feira, 19, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Seis dos sete quesitos pesquisados estão nos menores valores (emprego atual, renda atual, compra a prazo, nível de consumo atual, perspectiva de consumo e momento para duráveis). O único item que não atingiu a mínima histórica refere-se à perspectiva profissional. Mas, segundo a CNC, esse item também apresentou recuo de 3,7% em relação ao mês anterior e de 6,3% em relação a março do ano passado. Para a economista da CNC Juliana Serapio, o cenário verificado em fevereiro é semelhante ao dos últimos meses do ano passado, principalmente dezembro. “O cenário é o mesmo de dezembro do ano passado: inflação e juros em alta e baixa oferta de emprego, o que torna o consumidor mais cauteloso”. Serapio acredita que a tendência é que o quadro venha a se agravar. “Os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados [Caged], do Ministério do Trabalho vêm mostrando redução do emprego formal, principalmente no setor do comércio, o que mais gera emprego. Isso torna as pessoas cada vez mais inseguras”, disse.

Empréstimo de R$ 3,4 bi a distribuidoras terá taxa de CDI Fonte Revista Exame Fernanda Nunes, do Estadão Conteúdo 19/03/2015 ÀS 19H 12 Rio - O valor do financiamento às distribuidoras para liquidar a energia adquirida no mercado livre nos meses de novembro e dezembro do ano passado será de R$ 3,4 bilhões, segundo o presidente do conselho de administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Luiz Eduardo Barata. Até então, a expectativa era de que fosse de R$ 3,1 bilhões. Mas, houve uma correção e, segundo o executivo, o valor e as condições do empréstimo já estão fechados. Os juros serão de 3,15% mais CDI. Está faltando definir, no entanto, quais serão os bancos que formarão o grupo de financiadores. Em princípio, são 13, os mesmos que emprestaram às distribuidoras no passado, entre privados e públicos, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Nada impede, no entanto, que desta vez nem todos participem, disse Barata. A decisão deve sair na próxima quarta-feira, 25, quando será realizada a assembleia da CCEE. O contrato deve ser fechado até o fim do mês. Também ficou combinado entre distribuidoras e bancos o alongamento de dívidas anteriores para 54 meses, em vez de 24 meses. Em compensação, as taxas de juros subiram. No primeiro empréstimo passou de CDI mais 1,9% para CDI mais 2,52%. No segundo, de CDI mais 2,35% para CDI mais 2,9%. Os pagamentos serão de novembro de 2015 até 2020.

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Participação de microempresas em subsídios do BNDES cai 7 Fonte Revista Exame Alana Gandra, da AGÊNCIA BRASIL 19/03/2015 15:00 Rio de Janeiro - As micro, pequenas e médias empresas participaram, em 2014, com 31,7% do total de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), atingindo R$ 59,37 bilhões. No comparativo com o ano anterior, houve retração de 7%. Em termos relativos, as grandes empresas seguem liderando as liberações de recursos do banco, com participação de 62,5% e um total de R$ 117,64 bilhões. Os números divulgados hoje (19) pelo BNDES revelam que, em termos de quantidade de operações, o segmento registrou queda de 1% em 2014, na comparação com 2013, somando 1.086.841 transações. O resultado representou 96,2% do total de operações de financiamento do BNDES em 2014. De acordo com a assessoria de imprensa do BNDES, o desempenho do segmento foi influenciado pelo Cartão BNDES, que realizou, ano passado, 795.242 operações, com liberações recordes de R$ 11,5 bilhões. Ocorreu alta de 5% no volume de operações e de 15% nos desembolsos por meio do cartão. No segmento de MPME, apenas o Norte e Nordeste mostraram expansão das liberações. Na primeira região, o aumento atingiu 7,16%, com total desembolsado de R$ 3,055 bilhões. Em volume de operações, a alta chegou a 2,58%, somando 56.254 transações efetuadas. Para o Nordeste, foram liberados R$ 7,19 bilhões, com incremento de 2,36%. Em quantidade de operações, que atingiram 146.304, o crescimento atingiu 2,42%. Para as micro, pequenas e médias empresas do Sul, os recursos liberados do BNDES recuaram 9,76%. Na sequência, o Sudeste, com -8,51%, e o Centro-Oeste, com -4,57%. As micro empresas brasileiras concentraram os maiores volumes de liberações do BNDES no ano passado (R$ 28.694 bilhões) e de operações (823.048).

Mercado de luxo deve crescer 3% em 2015 no Brasil Fonte Portal economia SC Giovana Kindlein 19 de março de 2015 às 20h 41 Sucesso entre os ricos brasileiros, o barco de 62 pés, Phantom 620, com três suítes, sala de jantar e espaço gourmet na popa, foi um dos êxitos apresentados pelo presidente do estaleiro catarinense Schaefer Yachts, Marcio Schaefer, durante a palestra no almoço de hoje, em Florianópolis com 81 CEO’s e empresários, promovido pelo WTC Business Club Florianópolis. Schaefer abordou o perfil do mercado brasileiro. Um dos fatores do sucesso do estaleiro, segundo ele, é saber como é o brasileiro. “Nós conhecemos o rico brasileiro e ele é bem diferente do rico estrangeiro”, argumentou. Com faturamento de R$ 200 milhões e 700 funcionários, a Schaefer também prevê o crescimento das vendas externas com o dólar alto. “Vamos trabalhar março e abril para o verão europeu”, afirmou. O mercado de luxo no Brasil deve crescer 3% em 2015, de acordo com estimativa do diretor de assuntos governamentais e serviços da Volvo, Jorge Mussi, que também palestrou no encontro, a convite do WTC. Segundo ele, o mercado de luxo cresceu muito nos últimos anos e deve continuar crescendo. “Os fundamentos da economia brasileira ainda são fortes”, afirmou. Ao contrário de montadoras como Jaguar e BMW, que instalaram suas fábricas no país como estratégia para se aproximar do consumidor brasileiro, a Volvo decidiu continuar importando. “Nós optamos em manter a estratégia da importação”. Mussi exemplificou com um dos modelos importados Volvo que alguns anos atrás 4


eram vendidos a R$ 360 mil, e o mesmo carro, no ano passado, tinha o preço de R$ 160 mil. No ano passado, a Volvo vendeu três mil carros e até 2020 planeja chegar a 10 mil unidades vendidas. As compras de produtos de luxo no mundo movimentam 217 bilhões de euros (R$ 686,5 bilhões) por ano. No Brasil, essa fatia chega a 3 bilhões de euros (R$ 9,5 bilhões), conforme pesquisa da consultoria Bain & Company. Gontijo Jordan, diretor comercial e de marketing da Moët Hennessy, detentora das marcas Louis Vuitton e Chandon, falou sobre os produtos de valor agregado alto e como mantê-los. “Há um grande mercado a ser explorado”, afirmou. O grupo LVMH Louis Vuitton e Moët Hennessy tem duas mil lojas pelo mundo e lucro global de US$ 34 bilhões. O diretor executivo do WTC, Diego Pettinazzi, disse que em Santa Catarina, o WTC pretende dar continuidade ao que os 330 WTCs no mundo e cinco no Brasil. “Todos seguem a mesma linha que é criar um ambiente propício para presidentes e diretores de empresas se encontrarem e discutirem os desafios do dia a dia, e num segundo momento, construir o empreendimento World Trade Center”. Em Florianópolis, segundo ele, o business club é o software, e para o futuro, o hardware, que é o próprio empreendimento. O próximo encontro promovido pelo WTC Business Club Joinville será sobre como crescer com fusões e aquisições, no dia 14 de abril, em Joinville. Pettinazzi também planeja uma nova reunião em Florianópolis, na segunda quinzena de abril.

Petrobras bate novos recordes no pré-sal Fonte Portal economia SC 20 de março de 2015 às 09h 36 A produção da Petrobras na camada pré-sal das bacias de Santos e Campos bateu novos recordes em fevereiro: no dia 26 foram batidos os recordes de produção diária própria, com 555 mil barris por dia (bpd), e operada (que inclui a parcela operada para as empresas parceiras), que chegou a 737 mil bpd. A produção total de petróleo e gás natural da Petrobras, em fevereiro de 2015, foi de 2 milhões 801 mil barris de óleo equivalente por dia (boed), 1,5 % inferior ao patamar registrado em janeiro (2 milhões 845 mil boed). Este volume inclui a produção de petróleo e de gás natural. Do total, 2 milhões 612 mil boed foram produzidos no Brasil e 189 mil boed no exterior. Produção de óleo e gás A produção total de petróleo e gás natural no Brasil, em fevereiro, foi de 2 milhões 612 mil boed, 1,8% inferior ao patamar registrado em janeiro (2 milhões 661 mil boed). A produção total operada pela Petrobras no Brasil foi de 2 milhões 854 mil boed. A produção exclusiva de petróleo da Petrobras no Brasil foi de 2 milhões 146 mil barris por dia (bpd), 2,1% abaixo da produção de janeiro, de 2 milhões 192 mil bpd. A produção de petróleo operada no país foi de 2 milhões 319 mil de bpd, 2,1% inferior à do mês anterior (2 milhões 370 mil bpd). A redução nos volumes produzidos em fevereiro deveu-se, principalmente, às paradas programadas para manutenção das plataformas P-19, no campo de Marlim, e P-58, no Parque das Baleias, ambas na Bacia de Campos; e do FPSO Cidade de Angra dos Reis, no campo de Lula, na Bacia de Santos. A queda de produção, associada a estas paradas, foi parcialmente compensada pelo início de operação de sete novos poços marítimos no mês de fevereiro, nas bacias de Campos e Santos. A produção própria de gás natural no Brasil, excluído o volume liquefeito, foi de 73,968 milhões de m³/dia em fevereiro, 0,8% inferior ao volume alcançado em janeiro. A produção de gás sem o volume liquefeito, incluindo a parcela das empresas parceiras, atingiu 84,958 milhões de m³/dia. O aproveitamento da produção de gás natural atingiu em fevereiro seu recorde histórico mensal, com a utilização de 96,5% do gás produzido no Brasil, superando o recorde anterior, de setembro de 2013, quando o índice chegou a 96,3%. Produção 5


No exterior foram produzidos, no mês de fevereiro, 189 mil boed, 2,7% acima dos 184 mil boed produzidos no mês anterior. O volume inclui petróleo e gás natural. A produção média de petróleo em fevereiro foi de 100 mil bpd, 2,1% acima dos 98 mil bpd produzidos no mês anterior, em função principalmente da entrada de novos poços produtores nos campos de Saint Malo e Lucius, nos Estados Unidos. A produção média de gás natural no exterior foi de 15,016 milhões m³/d, 2,5% acima do volume produzido no mês de janeiro, que foi de 14,646 milhões m³/d. Este aumento foi devido à maior produção no campo de Sábalo, no bloco de San Antonio, na Bolívia.

Prévia da inflação para 12 meses sobe para 7,9%, pior índice desde 2005 Fonte Jornal Folha de São Paulo LUCAS VETORAZZO DO RIO 20/03/2015 às 09h 47 A prévia da inflação oficial para março, medida pelo IPCA-15, divulgado na manhã desta sexta-feira (20) pelo IBGE, ficou em 1,24%. A prévia ficou abaixo da registrada em fevereiro (1,33%), porém maior do que março de 2014, quando o índice apontou para aumento de preços de 0,73%. Desde o início do ano o IPCA-15 vem em trajetória crescente. No acumulado dos três primeiros meses do ano, a inflação chegou a 3,5%, a maior desde dezembro passado. No acumulado em 12 meses findos em março, a inflação prévia foi de 7,9%, acima do teto da meta estipulada pelo Banco Central, de 6,5%, e acima também do resultado verificado para o índice em fevereiro, de 7,36%. O resultado do acumulado em 12 meses é o mais alto desde maio de 2005, quando o IPCA-15 alcançou 8,19% no intervalo. O IPCA-15 mede a inflação acumulada do dia 16 do mês anterior ao dia 15 do mês de referência funciona como uma prévia do que poderá ser a inflação fechada no mês. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) fechado serve de base para a decisão do Banco Central de subir ou não os juros do país. SETORES Na variação mensal, pesou no bolso do consumidor as altas de habitação (2,78%), transportes (1,91%) e alimentação e bebidas (1,22%). Os segmentos que deram alívio foram comunicação (queda de 0,78%) e vestuário (-0,11). No acumulado em 12 meses, habitação também figurou como a maior alta, de 13,72%, seguida de alimentação e bebidas (8,90%), educação (8,43%) e despesas pessoais (8,26%). Transportes (7,38%) e saúde e cuidados pessoais (7,06%) também ficaram acima do teto da meta do governo. Na série de 12 meses, apenas um dos nove grandes segmentos pesquisados pelo IBGE tiveram queda nos preços– comunicação, de 1,65%.

FMI diz que fraqueza do real é positiva para economia brasileira Fonte Reuters 20/03/2015 às 08h 06 A recente desvalorização do real é um fenômeno "bem-vindo" para o Brasil, uma vez que o país precisa reativar suas exportações e o setor industrial, afirmou nesta quinta-feira (19) o diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o hemisfério ocidental. Alejandro Werner afirmou que a desvalorização do real pode ajudar a remediar a fraqueza da indústria brasileira nos últimos quatro anos e a reativar o setor exportador. "O investimento no Brasil tem sido muito, muito baixo e tem contraído, então o movimento cambial é positivo, mas por outro lado nos momentos em que acontece aumenta a incerteza", disse Werner à Reuters durante convenção anual de banqueiros mexicanos. 6


Na quinta-feira, o dólar bateu em R$ 3,30 pela primeira vez em quase 12 anos, acompanhando a recuperação da moeda norte-americana no exterior após o recuo da sessão anterior e refletindo as renovadas preocupações com a crise local na base governista. Se o governo brasileiro não conseguir aprovar medidas para reduzir os gastos públicos e elevar os impostos, isso pode provocar um corte de rating e uma enorme fuga de investidores. "A economia brasileira está em um período de ajuste muito complexo (...) é um fenômeno difícil que está se materializando nos mercados financeiros de maneira importante", completou Werner.

Galvão demite 700 em obra de ferrovia Fonte Revista Veja Com Estadão Conteúdo 20/03/2015 às 10h 57 Os atrasos de pagamento da estatal Valec, ligada ao Ministério dos Transportes, ameaçam o andamento da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), na Bahia. Sem receber do governo nos últimos meses por causa do ajuste fiscal imposto pelo Ministério da Fazenda, alguns consórcios ameaçam desmobilizar os canteiros de obras e demitir os funcionários do projeto - que vai ligar Barreiras, no oeste da Bahia, até Ilhéus, no litoral, inaugurando uma nova rota de exportação. A primeira a abrir caminho para a redução do ritmo das obras foi a Galvão Engenharia - empresa envolvida na Operação Lava Jato e que passa por sérias dificuldades de caixa. Entre segunda e terça-feira, a empreiteira demitiu 700 funcionários que trabalhavam nos 100 quilômetros entre as cidades de Manuel Vitorino, Jequié, Itagi e Aiquarara, na Bahia. Até o fim do ano passado, a empresa mantinha no canteiro de obras da ferrovia 1.500 funcionários. Mas, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada da Bahia (Sintepav/PA), na semana passada esse número já estava em 848 trabalhadores - ou seja, com as demissões desta semana, o número cai para 148. Segundo o vice-presidente do sindicato, Irailson Warneaux, a decisão da Galvão pode se espalhar pelos demais canteiros de obras do empreendimento, que até semana passada contava com 5.868 funcionários. "Alguns consórcios já disseram que, se a Valec não regularizar a situação, vão ter de demitir", afirma Warneaux. A construção da ferrovia está dividida em oito lotes, entre Barreiras e Ilhéus, na Bahia, num total de 1.022 quilômetros. A Constran, responsável pelo lote 6, confirmou em nota que, por causa dos atrasos nos pagamentos, teve de reduzir o ritmo das obras, mas que ainda continua com o mesmo número de funcionários. "Os trabalhadores estão realizando apenas atividades secundárias e de manutenção." Warneaux afirma que, nesta fase do projeto, a ferrovia já deveria estar com 8 mil trabalhadores - e não os 5.868 registrados até semana passada. "Já tivemos mais de 4 mil demissões no estaleiro (Enseada Paraguaçu). Se não resolverem a situação aqui, teremos mais 5 mil", afirma o sindicalista, alertando para graves problemas sociais na região por causa do desemprego. Ontem houve paralisação nas obras da ferrovia como forma de protesto para que o governo - tanto o federal como o estadual - dê mais atenção ao empreendimento. Em nota, a Valec reconheceu o problema, mas disse que ele está sendo solucionado dentro das condições impostas pelo governo federal. "Os pagamentos estão sendo regularizados dentro do limite disponibilizado pelo Tesouro Nacional. Aguarda-se a publicação da Lei Orçamentária Anual e do respectivo decreto de programação financeira/2015, onde serão definidos os limites para empenho e cronograma financeiro de desembolso para o corrente ano." Os dois fatores juntos, atraso nos pagamentos pelo governo federal e impactos da Lava Jato no caixa das empresas, têm sido responsáveis por milhares de demissões Brasil afora. Só a Galvão Engenharia já demitiu neste ano 9 mil funcionários. Nesta semana, a previsão é dispensar 2 mil funcionários nas obras que a empreiteira esta tocando. Além da Fiol, a Galvão não está conseguindo dar andamento às obras da BR-153, concessão vencida pela empresa em 2013. A empresa alega que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não liberou o empréstimo-ponte previsto e não tem dinheiro para fazer a duplicação de 10% do trecho da rodovia exigida no contrato de concessão antes de iniciar a cobrança de pedágio. No mercado, a informação é que a empresa está prestes a entrar com pedido de recuperação judicial.

O rompante de autocrítica de Mercadante: 'Desoneramos demais' 7


Fonte Revista Veja 19/03/2015 às 21h 21 O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, vem sistematicamente emitindo opiniões contrárias às que defendia até as eleições. Nesta quinta-feira, teve um rompante de autocrítica sobre as desonerações de impostos de dezenas de setores da indústria promovidas no primeiro governo Dilma. "Desoneramos demais os impostos, além do que podíamos", disse. "Por isso vamos ter de fazer uma reorganização das contas públicas." Em novembro, logo após a reeleição de Dilma Rousseff, Mercadante foi ao Congresso batalhar pela 'flexibilização' (entenda-se redução) da meta fiscal, alegando que se isso não ocorresse, o governo teria de reduzir as desonerações. Naquele momento, o ministro parecia não achar que a política havia ido longe demais. "Significa menos impostos para pessoas poderem comprar, empresas poderem vender, gerar empregos e manter salários", explicou o ministro. O ministro disse ainda que se a meta não fosse "flexibilizada", a alternativa seria "suspender todas as desonerações de impostos, aumentar imposto para o setor produtivo e para a indústria", o que ele considerava uma decisão até então impensável. Quando o ministro da Fazenda Joaquim Levy anunciou o recuo da política de desonerações, com o objetivo elevar a arrecadação de impostos para conseguir cumprir a meta fiscal, proferiu uma frase que desagradou à presidente Dilma - e levou represália. Levy havia dito que as desonerações haviam sido feitas de maneira "grosseira". Dilma afirmou que a declaração foi "infeliz" e o ministro se retratou. Até então, a presidente se negava a reconhecer os erros de condução da economia, atribuindo a situação econômica delicada à conjuntura internacional. Após os protestos de 15 de março, Dilma considerou que algumas políticas tiveram "problemas de dosagem". "Nenhum governo é perfeito", afirmou, em coletiva à imprensa na segunda-feira. Mercadante tem mostrado o comportamento mais contraditório entre todo o quadro ministerial de Dilma. Há algumas semanas, defendeu com veemência o ajuste fiscal e reafirmou a importância de sua aprovação pelo Congresso para que o Brasil mantenha o grau de investimento. "Ajuste fiscal é mais ou menos que nem ir no dentista. Ninguém quer, mas tem que ir. De vez em quando, a gente tem que ir no dentista e tem que fazer o ajuste fiscal e nós precisamos fazer. Quanto mais rápido, melhor para o país", disse. Num passado não muito distante, deu uma entrevista afirmando justamente o contrário. "Cortar gasto público é como cortar cabelo, tem que fazer sempre. Mas quando faz um ajuste fiscal de uma visão ortodoxa, sem olhar o conjunto da economia e da sociedade, é o mesmo que estar com um avião pesado, com muita carga, e resolver jogar a turbina fora para reduzir o peso. Você cai, o país cai". E concluiu: "Nós não faremos uma política ortodoxa e recessiva. Essa é a diferença de fundo", afirmara na ocasião.

Ao encontro do bom senso Fonte Jornal Valor Econômico Claudia Safatle 20/03/2015 às 05h 00 Ao ver que o Brasil escorregava para o abismo, o Ministério da Fazenda deu um "cavalo de pau" na política econômica. Virou a política fiscal de ponta cabeça de um déficit em 2014 para o compromisso de superávit primário em 2015 interrompeu a irrigação de recursos para o BNDES, travou as despesas do Tesouro Nacional até poder contingenciar o orçamento, adiou pagamentos e preparou as medidas de elevação de impostos e de redução das desonerações da folha de salário das empresas. O risco do abismo continua presente e representa jogar o país em uma recessão profunda e duradoura, tal como alertou o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, em entrevista ao Valor, publicada na edição de ontem. A área econômica do governo, conforme imagem de um alto funcionário, é o carro que deu o cavalo de pau, mas precisa urgente de "tração" para completar a volta. Espera, assim, a aprovação do pacote de medidas de corte de gastos e aumento de receitas que está no Congresso. Se ele for insuficiente, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, terá que compensar com outros cortes. O que está em jogo é o crescimento dos próximos cinco anos É com esse dramático diagnóstico que os ministros da Fazenda, do Planejamento, Nelson Barbosa, e Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, estão em um trabalho de persuasão e busca de apoio seja no 8


Congresso, junto aos partidos aliados, na Fiesp, junto aos empresários, ou nas conversas com a presidente Dilma. Ciente de que não está fazendo um mero ajuste para 2015 para evitar o rebaixamento do rating soberano, mas definindo se, e como, o país voltará a crescer nos próximos cinco anos ou mais, a área econômica argumenta que a "gordura" disponível nas medidas enviadas ao Congresso é pouca. Portanto, a negociação das propostas terá que ser comedida. "Estamos em uma verdadeira catequese, mostrando que não dá para bobear porque o país está em situação limítrofe", insistiu uma fonte. Foi tardia a percepção do governo de que o "boom" das commodities havia acabado. E com ele foi-se embora a bilionária mesada que permitiu a Lula, até 2010, distribuir a renda e expandir a economia. Dilma não teve a mesma sorte, mas manteve por um longo tempo a ilusão de que o Brasil tudo podia. É disso que ela fala quando diz, nos pronunciamentos recentes, que o mundo mudou. Foi sobre isso que Aloizio Mercadante, da Casa Civil, fez menção ontem ao reconhecer que "fomos longe demais no ano passado" nas desonerações e perda de receitas. Os preços das commodities agrícolas, minerais e petróleo, despencaram. As relações de troca do Brasil com o mundo pioraram e a pequena gordura acumulada foi queimada na expansão do gasto público. As autoridades responsáveis por colocar a economia nos eixos não economizam metáforas e, não raro, recorrem a exemplos bíblicos. Como Adão que, expulso do paraíso, foi condenado por Deus a ganhar o pão com o suor do seu corpo, resta ao brasileiro "trabalhar", disse uma delas. Trabalhar significa aproveitar o momento de crise para dar uma nova configuração à casa, impor disciplina e sustentabilidade ao gasto público, cuidar da produtividade da economia e promover o reencontro com o bom senso. Na vida real, isso tomaria forma mediante avanço em medidas como as que pretendem corrigir distorções na concessão de abono salarial, pensão por morte e seguro desemprego; limitar em lei o aumento do gasto público ao crescimento nominal do Produto Interno Bruto (PIB); fazer os investimentos em infraestrutura com base em financiamentos e preços de mercado; ou, ainda, evitar ideias ruins como a que transformou em lei a desoneração da folha. Esses são alguns poucos exemplos do que deve reger as políticas públicas. Os ministros da área econômica sabem que o ajuste proposto não é um fim, mas lembram: "Não há país fiscalmente não resolvido que tenha alcançado o crescimento e o desenvolvimento". Fazer a despesa caber na receita e sobrar recursos para abater a dívida bruta, que é de quase 70% do PIB, é premissa básica para a redução do custo do dinheiro. Juros reais de 6,5% ao ano e falta de confiança são incompatíveis com a retomada dos investimentos, assim como representa uma trava ao investimento o embolado sistema tributário que penaliza quem trabalha e produz. Há um universo de ações a espera de decisões que estão emperradas por um conflito político entre o governo e a base aliada. Um embate alimentado pelas investigações da Operação LavaJato, que colocou os presidentes da Câmara e do Senado sob suspeita de envolvimento na corrupção da Petrobras. A reforma do PIS/Cofins e do ICMS é parte dessa agenda. Aguarda-se, também, o formato das novas concessões, sem financiamento barato do BNDES e sem modicidade tarifária e mais próximas dos custos de mercado. Além de o governo ter que resolver como ficam as concessões já licitadas, diante da crise das empreiteiras, no âmbito da Operação Lava Jato. Não se sabe sequer como ficam as companhias ligadas aos grupos envolvidos em suspeita de corrupção na Petrobras. A paralisia decisória, seja por problemas políticos que levam o Congresso a não aprovar as medidas fiscais ou pelas investigações, atrasa a eventual possibilidade de reação pelo lado da oferta. 9


Na área econômica do governo há a expectativa de que, resolvidos todos os problemas listados acima, os investimentos vão voltar e a economia brasileira retomará o curso do crescimento. Isso levaria ainda uns seis meses para começar a acontecer, se tudo der certo. Uma parte do negócio já foi encaminhado. O Brasil, que estava caro demais, com a desvalorização da taxa de câmbio passou a ser competitivo, atrativo ao investidor estrangeiro. O tempo corre contra a recuperação da economia. Ao Congresso cabe decidir com base na realidade dos fatos. Os tempos de ilusão terminaram.

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