SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 20 DE NOVEMBRO DE 2014
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Editorial: Cooperação global Fonte Jornal Folha de São Paulo 20/11/2014 às 02h00 Depois do bem-sucedido esforço de coordenação feito em 2008 a fim de evitar que o mundo caísse numa recessão ainda mais grave, a rotina do encontro anual do G20 se tornou tediosa. Declarações de princípios e promessas de cooperação entre as principais economias do planeta continuaram, mas cresceu o ceticismo quanto aos resultados que podem ser atingidos sem um arcabouço formal que obrigue os países a cumprir o que prometem. As decepções com o ritmo de crescimento global reforçaram o desalento. A Europa, por exemplo, ainda não recuperou o nível prévio de renda e permanece muito aquém das metas de emprego. Entre os emergentes, a euforia da década passada deu lugar ao realismo, que destaca as imensas deficiências institucionais existentes. Há, ainda assim, razões para uma visão mais construtiva. Para começar, a expansão mundial ficará em torno de 3% em 2014, próxima à média histórica. A China e outros emergentes, inclusive o Brasil, desaceleram, mas não se pode considerar desprezível que o grupo cresça quase 5% ao ano. Assim, não é necessariamente promessa vazia o compromisso de adotar medidas para injetar, até 2018, US$ 2 trilhões adicionais na economia mundial o que equivale a um acréscimo de 0,5 ponto percentual por ano ao crescimento projetado dos membros do G20. Há uma coletânea de iniciativas nesse sentido e, mesmo que faltem (como sempre) mecanismos de pressão, cresce a disposição para maior transparência e cobrança mútua entre as nações. Não seria o caso de esperar uma governança global, mas a mera discussão e a busca de uma visão comum podem reduzir a desconexão entre as políticas econômicas. Talvez o resultado mais palpável do encontro tenha sido a formalização de metas para reduzir a evasão de impostos e combater a corrupção. Houve acordo entre o G20 e países da OCDE, que juntos representam 90% do PIB mundial, para a troca de informações e harmonização de regras tributárias. O objetivo é manter a arrecadação onde a atividade econômica é gerada e evitar que empresas e indivíduos de alta riqueza se aproveitem de buracos no sistema global para pagar menos impostos. Uma medida concreta é a exigência de que cada país mantenha registro dos donos de empresas de fachada, um dos grandes canais para evasão de divisas e corrupção. São avanços palpáveis, ainda que incrementais, na cooperação global. Não é pouco quando se considera o surgimento de novos atores de peso na economia mundial. Ainda assim, é preciso avançar na reforma da estrutura multilateral erguida pelas potências ocidentais para dar mais peso aos emergentes. Esse é o grande nó a desatar para que não haja retrocesso.
Calminha depois da 'Juízo Final' Fonte Jornal Folha de São Paulo20/11/2014 às 02h 00 Desde o dia da "Juízo Final", ontem foi o dia menos inquieto no universo paralelo das finanças. "Juízo Final", como se sabe, foi o nome do conjunto de batidas e prisões da Polícia Federal que levou para a cadeia boa parte da alta direção das empreiteiras do país, na sexta-feira passada. Pelo menos por um dia, voltou-se mais ou menos ao mau estado do crédito de governo e empresas brasileirosvigente pelo menos até quinta-feira passada. A coisa despiorou um tanto, com exceção do crédito das grandes empreiteiras e da Petrobras, que levou tombos e ainda está caído. 2
Aliás, rapazes do mercado lá de fora parecem acreditar, pelo que dizem de público ou nas internas, que as maiores empreiteiras do Brasil podem ser impedidas de fazer negócios com o governo, dado seu envolvimento na roubança. Muitos dizem temer também que outras estatais devem entrar na roda e que obras de infraestrutura podem emperrar. Sim, a gente especula por aqui no Brasil que tais desenvolvimentos são possíveis, qualquer cidadão que lê jornal sabe disso. Mas esse povo lá de fora parecia ontem muito impressionado, e eles têm dinheiro na caixinha. Fazem avaliações de crédito das empresas. Fazem recomendações de compra e venda de papéis de empresas e governos. Goste-se ou não deles, o que dizem sobre o Brasil pode nos custar caro. No mais, a coisa ficou um tanto menos nervosa. Caíram as taxas de juros "básicas" do mercado, caíram os juros que o "mercado" pede para ficar com papéis do governo, o dólar deu uma acalmadinha, os títulos da dívida externa do governo deram uma respirada e até o preço das ações da arrebentada Eletrobras subiu, embora apenas alguns degraus do buraco profundo do inferno onde rasteja. Qual o motivo da baixa da febre, de muito alta para alta? Especulação político-financeira, claro, em parte, e compras de papéis na xepa, na baixa. Especulava-se entre os povos do mercado que, dado o tamanho da encrenca na Petrobras, na política e o diabo, Dilma Rousseff tenderia agora mais para a "hipótese capitulação", nas palavras de um financista. Isto é, a presidente estaria agora mais pressionada a escolher um ministro da Fazenda que teria ideias e poderes independentes para tocar a política econômica. Quer dizer, independente de Dilma Rousseff. Se isso é fato, sabe-se lá, mas era a especulação entre os povos dos mercados e jornalistas que lidam com o assunto. No Ministério da Fazenda, enquanto se apaga a luz dizia-se ontem que Dilma quer nomear o novo ministro até sextafeira, amanhã. Houve também quem interpretasse as últimas declarações de Aloizio Mercadante sobre ajuste fiscal como um recuo em relação às frases impressionantes que o ministro-chefe da Casa Civil soltava até a semana passada, antes da "Juízo Final". Isto é, Mercadante, atual escudeiro econômico da presidente, desde ontem estaria repassando a "boa nova" de "maior rigor" com gastos, levando a "mensagem do Palácio" para a audiência interessada, de público ou nos bastidores. Diretores do Banco Central falando mais grosso sobre inflação compuseram o quadro da "hipótese capitulação".
Vale puxa queda de 38% no lucro de grandes empresas no 3º trimestre Fonte Jornal Folha de São PauloTATIANA FREITAS de SÃO PAULO 20/11/2014 às 02h 00 A fragilidade da demanda externa por matérias-primas, a volatilidade do câmbio e a desaceleração da demanda doméstica afetaram o desempenho das maiores empresas do país nos últimos meses. O lucro líquido das companhias que compõem o Ibovespa caiu 38% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, segundo levantamento do Insper feito para a Folha, com dados da Economatica. O cálculo considera a soma dos resultados de 65 empresas do Ibovespa. A Petrobras ficou fora da conta, pois ainda não divulgou os números do último trimestre. As principais empresas elevaram a sua receita em 4,8% em relação ao terceiro trimestre de 2013, o que foi insuficiente para melhorar o desempenho operacional. O lucro operacional (Ebit), que desconsidera pagamento de impostos e juros e efeitos da variação cambial nos resultados, caiu 22,5%. Os piores desempenhos foram das empresas do setor imobiliário e de exportadoras de aço e minério de ferro. Desconsiderando o balanço da Vale, o lucro operacional das empresas do Ibovespa teria caído bem menos, 5%, e o lucro líquido, 6,5%. 3
Os resultados da mineradora foram influenciados pela queda nos preços do minério e pelo menor volume exportado, devido à desaceleração da demanda chinesa. Já as empresas mais voltadas ao mercado interno, como as de educação e de alimentos, tiveram melhores resultados. Além do cenário externo mais adverso, as empresas tiveram de enfrentar no último trimestre a variação do câmbio, que afeta o valor da dívida das companhias com passivo em moeda estrangeira. No último dia de setembro, o dólar valia R$ 2,45, com uma valorização de 11% em relação ao final de junho. A alta do dólar aumentou o valor da dívida das empresas em reais e teve impacto significativo no resultado financeiro. Esse efeito levou ao prejuízo empresas como Marfrig e Suzano, entre outras. LONGO PRAZO Já o resultado acumulado nos últimos 12 meses, encerrados em setembro, mostra o esforço das companhias em reduzir custos. O lucro operacional subiu 31,6% no período, em relação aos 12 meses encerrados no terceiro trimestre de 2013. A receita, no entanto, mal foi suficiente para repor a inflação: aumentou apenas 7%. "As empresas entenderam que passariam por um período difícil e, apesar da desaceleração da economia, conseguiram ter uma melhora operacional", diz Viriato. O lucro líquido, no entanto, caiu 7,5%. "O aumento dos juros e a variação cambial acabaram anulando o ganho operacional das empresas."
Banco do Brasil e Cielo criam empresa de cartões de R$ 11,6 bilhões Fonte Jornal Folha de São PauloTONI SCIARRETTA de SÃO PAULO 19/11/2014 23h 21 O Banco do Brasil e a Cielo, respectivamente o maior banco e a maior processadora de cartões do país, decidiram criar uma nova empresa de pagamentos eletrônicos com um valor estimado em R$ 11,6 bilhões. A nova empresa, que foi oficializada nesta quarta (19), será responsável pelas operações dos cartões de crédito e de débito Ourocard, emitidos pelo Banco do Brasil. A nova processadora de cartões cuidará de toda a área de gestão de cartões, além de segurança, tecnologia, compensação das transações e suporte técnico. Já o Banco do Brasil seguirá com as atividades de marketing, análise e concessão de crédito do cliente portador do cartão Ourocard. A nova empresa nasce como um jointventure com 30% de capital do BB e os 70% restantes da Cielo. 4
A Cielo, cujo principal negócio hoje é fazer os pagamentos dos donos de cartões aos estabelecimentos comerciais, será a maior beneficiada por diversificar suas fontes de receita, entrando em outras áreas da cadeia do processamento de transações eletrônicas. No negócio, a Cielo entrará com R$ 8,1 bilhões na joint venture. Já o BB entra com a rede de pagamentos e clientes Ourocard. A ideia é que a nova empresa faça associações com outros bancos, bandeiras e processadoras de pagamentos eletrônicos, ampliando os clientes e redes de cartões processados. Para financiar o negócios, a Cielo pretende emitir títulos de dívida de longo prazo, conhecidos como debêntures. Também deverá reduzir a distribuição de dividendo mínimo de 50% para 30% do lucro aos acionistas. O tema será discutido em assembleia de acionistas. Os detalhes do negócio serão apresentados nesta quinta (20) ao mercado de cartões. Uma das propostas discutidas é que essa nova empresa possa abrir o capital na Bolsa, como fez a BB Seguridade, unidade de seguros do banco após associação com a subsidiária da espanhola Mapfre no país. O negócio depende de aprovação do Banco Central e do Cade (Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência).
Dilma convida Trabuco para a Fazenda e Tombini a ficar no BC Fonte Jornal Valor Econômico Claudia Safatlede Brasília20/11/2014 às 05h 00 O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, foi convidado pela presidente Dilma Rousseff para ser o ministro da Fazenda do segundo mandato, em substituição a Guido Mantega. Na terça feira Dilma teve um encontro, em Brasília, com Lázaro Brandão, presidente do Conselho de Administração do segundo maior banco privado do país, que é quem tem o poder de afastar obstáculos à continuidade da carreira de Trabuco no banco caso ele aceite o convite e decida, depois, retomar o seu posto. Alexandre Tombini também foi convidado a permanecer na presidência do Banco Central, no segundo mandato de Dilma Rousseff, com uma clara missão: levar a inflação para a meta de 4,5% até 2016. Até o momento o Palácio do Planalto não fez qualquer anúncio formal a respeito da composição da equipe econômica a partir de janeiro. Autoridades do governo disseram ontem que a presidente pretende informar a sua escolha para o comando da política econômica do país quando tiver toda a equipe definida com nomes da confiança do novo ministro. Embora o ex-presidente Lula tenha incluído Trabuco em uma lista tríplice de sugestões à Dilma, fontes bem informadas asseguram que ela própria está conduzindo essas articulações. Dilma tem grande simpatia por Trabuco que, afirmam seus amigos, é uma pessoa exemplar como profissional do mercado financeiro e de fácil trato. Falta, ainda, uma conversa pessoal. Com uma vida toda dedicada ao Bradesco, Trabuco é o candidato natural à presidência do conselho em substituição a Lázaro Brandão. Essa é uma das razões pelas quais amigos próximos ao presidente do Bradesco têm dúvidas sobre se ele aceitou ou aceitará o convite. Uma alta fonte disse, porém, que "estão enrolando o Trabuco na bandeira nacional", referindo-se ao apelo patriótico a que ele estaria sendo envolvido. A definição de um nome para o Ministério da Fazenda teria que preencher uma condição: ser um sinal inequívoco de Dilma aos mercados de que seu novo governo dará alguns passos em direção à ortodoxia, abandonando de vez o experimentalismo na gestão macroeconômica e recolocando a política fiscal nos trilhos. Trabuco estaria para o governo Dilma Rousseff como Henrique Meirelles foi para Lula, que assumiu o comando do Banco Central em 2003, em um momento de grande tensão e foi a garantia de racionalidade nas decisões econômicas e de uma convivência mais amigável com os mercados. Também na terça-feira Dilma reuniu-se por mais de quatro horas com o ex-presidente Lula na Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência da República em Brasília. Esse foi o 5
segundo encontro entre ambos, o primeiro foi logo após o segundo turno das eleições. Lá estavam o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, o presidente do PT, Rui Falcão, e o governador da Bahia, Jaques Wagner, nome estratégico do novo ministério. Os temas tratados foram a formação do novo ministério - principalmente a definição do ministro da Fazenda e da equipe econômica - e os desdobramentos da Operação Lava-Jato da Polícia Federal, que apura suspeitas de corrupção na Petrobras. Dilma foi aconselhada a acelerar a definição do novo ministro da Fazenda para que a nova equipe econômica crie uma agenda positiva e desvie o foco do noticiário dos novos capítulos da Lava-Jato. Se era urgente o anúncio do sucessor de Guido Mantega - diante da crise fiscal e da desconfiança dos investidores - a avaliação agora é de que essa urgência agravou-se, pelo escândalo na estatal e seus reflexos no governo. A presidente deve divulgar um bloco de nomes até o fim da semana, que além da confirmação de Tombini no BC terá também os novos titulares do Banco Central, do Tesouro Nacional, do Ministério do Planejamento e os presidentes dos bancos públicos. Ninguém espera que cesse, com isso, o noticiário ou a dimensão da ação da Polícia Federal, mas há uma constatação de que a divulgação da nova equipe solucionará uma parte dos problemas de Dilma, a paralisia da economia. Outra pauta da reunião foi a gravidade da ação que descortinou o esquema de corrupção na Petrobras. A crise é considerada "maior que o mensalão", que devastou os dois últimos anos do primeiro mandato de Lula. O ex-presidente expôs a preocupação com o segundo governo de sua sucessora, e que a marca de partido corrupto manche o PT. Dilma busca um caminho para se descolar da crise e garantir a governabilidade do novo mandato. Um impasse não solucionado nesta reunião é o lugar de Jaques Wagner no novo ministério. "É a segunda prioridade, depois da equipe econômica", diz um auxiliar presidencial. Convocado por Dilma para a reunião de ontem, ele já se firmou como um dos principais conselheiros, ao lado de Lula e Mercadante. Cotado para diversas pastas - Secretaria de Comunicação Social, Ministério das Comunicações, e de Desenvolvimento, Indústria e Comércio -, a única certeza é que Wagner integra o núcleo restrito de conselheiros presidenciais, e terá protagonismo no segundo mandato. Lula desembarcou na terça-feira sem alarde, em Brasília. Dilma saiu secretamente do Palácio da Alvorada, em automóvel de vidro escuro, sem o comboio avançado que faz a sua escolta.
Pagamento menor pode gerar exclusão do Refis Fonte Jornal Valor Econômico Edna Simão de Brasília20/11/2014 às 05h 00 A Receita Federal poderá considerar inadimplentes e excluir do Refis os contribuintes que aderiram ao programa e pagaram apenas parcialmente o valor das parcelas. Segundo o Fisco, parte dos contribuintes pagou, na segunda parcela do Refis, um valor inferior ao da primeira as prestações deveriam ser iguais entre agosto e dezembro. A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e a Receita editaram portaria conjunta estabelecendo punições para as empresas e pessoas físicas que estiverem efetuando pagamento menor ao governo. Pela portaria, a diferença de valor deve ser repassada aos cofres públicos no prazo de 30 dias, contados a partir do recebimento de intimação. "Caso o contribuinte não faça o pagamento da diferença no prazo de 30 dias poderá ter o pedido de parcelamento indeferido ou ser excluído do parcelamento, caso já tenha havido a consolidação", informou a Receita Federal. Segundo o Fisco, o pagamento parcial de uma parcela é considerado inadimplência. "O contribuinte terá prazo de 30 dias para pagar a diferença, acrescida de Selic, calculada desde a data da consolidação do parcelamento", afirmou o Fisco por meio da assessoria. Ao divulgar o resultado da arrecadação do mês de setembro, o Fisco constatou ter recebido 28% a menos do que esperava para o Refis no mês. Isso colocou em dúvida a estimativa de 6
entrada de R$ 18 bilhões de Refis nos cofres públicos, valor essencial para ajudar o governo a fazer superávit primário neste ano. Com base no pagamento da primeira parcela, a Receita estimava arrecadar R$ 2,2 bilhões ao mês entre agosto e dezembro. Porém, em setembro, quando venceu a segunda parcela, o recolhimento atingiu R$ 1,637 bilhão. A exclusão do contribuinte inadimplente do Refis, no entanto, não é imediata. De acordo com as regras do programa, o contribuinte só será excluídos se ficar inadimplente em três parcelas, consecutivas ou não. A portaria estabelece também que, se for identificado um pagamento da primeira parcela inferior ao calculado até o último dia útil de julho, o pedido de parcelamento de débitos decorrentes da tributação de lucros obtidos no exterior poder ser indeferido. A Receita explicou, no entanto, que o fato de ter sido constatado pagamento a menor da segunda parcela do Refis pelos contribuintes não foi o que motivou a portaria. "A regra é geral e disciplina o procedimento a ser adotado sempre que se verificar diferença de parcela", destacou a Receita. A medida, segundo o órgão, visa apenas regulamentar o procedimento administrativo que será aplicado no caso de identificação de diferença de valores pagos. "A portaria disciplina procedimento para a cobrança e o pagamento de eventual diferença verificada na consolidação dos parcelamentos do Refis, que não constou da regulamentação original. Trata-se de regulamentação de mero procedimento administrativo e nada tem a ver com fluxo ou estimativa de arrecadação", afirma a nota do Fisco. No mês passado, o secretário adjunto da Receita Federal, Luiz Fernando Teixeira Nunes, disse que o órgão iria analisar os motivos dessa frustração no recolhimento de Refis em setembro, mas não podia descartar a hipótese de alguns contribuintes estarem desistindo do pagamento depois da primeira parcela por já terem obtido certidões negativas, que comprovam a regularidade fiscal por seis meses. Essa evasão é comum em Refis anteriores. Mesmo com a frustração do Refis, o secretário-adjunto da Receita considerou que ainda é precipitado fazer qualquer tipo de alteração na previsão de arrecadação com os parcelamentos especiais neste ano. Por enquanto, a expectativa é de recolhimento de cerca de R$ 18 bilhões com o parcelamento em 2014. De janeiro a setembro, a Receita recebeu R$ 8,767 bilhões no âmbito do programa. Na próxima semana, a Receita divulga o resultado da arrecadação referente a outubro.
Produção industrial cresce em outubro após meses de retração, diz CNI Fonte Jornal Valor Econômico Lucas Marchesini 20/11/2014 às 11h24 BRASÍLIA - A produção industrial brasileira registrou, em outubro, o primeiro crescimento após 11 meses em contração, de acordo com sondagem realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada nesta quinta-feira. O índice que mede a produção subiu de 49,7 para 50,8 pontos entre setembro e outubro. O indicador varia de zero a cem pontos, sendo que valores acima de 50 representam aumento na produção em relação ao mês anterior. Em outubro do ano passado, o índice marcava 54,5 pontos. Apesar da alta, a CNI não vê o dado positivamente. “Embora outubro mostre melhora na comparação com os meses anteriores (aumento tanto da produção quanto na utilização da capacidade), a atividade industrial segue fraca, abaixo do observado no mesmo mês de anos anteriores”, avaliou, em nota, a entidade patronal. A utilização da capacidade instalada (UCI) subiu de 72% para 73%. Mas em relação a outubro de 2013, quando a utilização era de 75%, a indústria está mais ociosa. O indicador relativo à utilização de capacidade efetiva-usual, que considera a UCI comum para o mês, fechou outubro em 42,9 pontos, frente a 42,5 pontos em setembro. 7
O indicador de nível de emprego na indústria continuou a mostrar contração, mas desta vez menor, de 47,1 pontos no mês passado, ante 46,8 pontos em setembro. Os estoques, por sua vez, tiveram um aumento na mesma comparação, de acordo com a CNI, de 50,2 para 50,5 pontos. Mas os estoques estão menoers que o esperado. O indicador de estoques efetivos em relação aos planejados foi de 51 pontos no último mês, ante 51,3 pontos em outubro. A pesquisa da CNI foi feita com 2.236 mil empresas de todo o país entre os dias 03 e 12 de novembro.
Desonerações reduzem em R$ 1,3 bilhão a previsão de receita da União para 2015 Fonte Jornal Valor Econômico Ribamar Oliveira de Brasília20/11/2014 às 05h 00 O governo reduziu em R$ 1,3 bilhão a previsão de receita na proposta orçamentária de 2015, de acordo com ofício da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, encaminhado terça-feira ao presidente da Comissão Mista de Orçamento, deputado Devanir Ribeiro (PT-SP). Em nota técnica que acompanha o ofício, o Ministério do Planejamento explica que a redução da receita decorreu de três desonerações tributárias adotadas pelo governo após o envio da proposta orçamentária ao Congresso, no fim de agosto. Uma das desonerações reduziu a zero as alíquotas das contribuições sociais PIS e Cofins incidentes sobre a receita de vendas de partes utilizadas em aerogeradores. Em outra, foram alterados os limites na dedução como despesa das perdas no recebimento de créditos decorrentes das atividades da pessoa jurídica, para efeitos da apuração do Imposto sobre Renda da Pessoa Jurídica. Com as duas alterações, promovidas pela MP 656, de outubro deste ano, o governo estima perder R$ 854,29 milhões. O Decreto 8.304, de 12 de setembro, estabeleceu, em anexo, os bens que, quando exportados, poderão fazer jus a crédito no âmbito do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para Empresas Exportadoras (Reintegra), previsto na MP 651, de julho, transformada na Lei 13.043, na semana passada. Com esse benefício, o governo estima redução da receita com PIS e Cofins no montante de R$ 446,7 milhões. A nota técnica diz que todas as estimativas de perda de receita foram feitas pelo Ministério da Fazenda. A correção da receita da proposta orçamentária para 2015 foi pedida pelo governo por causa do artigo 14 da Lei Complementar 101, mais conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A lei estabelece que a concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deve ser considerada na estimativa de receita da lei orçamentária.
Para Confaz, só projeto não eliminará guerra fiscal entre Estados Fonte Jornal Valor Econômico Lorenna Rodrigues de Brasília20/11/2014 às 05h 00 A insegurança jurídica em relação aos benefícios fiscais concedidos pelos Estados continuará mesmo após a aprovação do projeto de lei que permite a validação e prorrogação dos incentivos, em tramitação no Congresso Nacional. Convênio já firmado no Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) condiciona a convalidação dos benefícios existentes à aprovação do "pacote antiguerra fiscal". Ele inclui a redução e unificação das alíquotas de ICMS, que hoje variam de Estado para Estado, e a criação de um fundo de compensação para as perdas dos entes. 8
A convalidação depende também da mudança no indexador das dívidas estaduais, que já foi aprovada no Legislativo e aguarda sanção presidencial. "No Confaz, foi aprovado por maioria um convênio que faz a convalidação dos benefícios, condicionada às outras partes da reforma. Uma vez que esses projetos venham a ser aprovados, o convênio entra em vigor", explicou ao Valor o presidente do Confaz e secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira. Isso significa que, sem o restante da reforma, a aprovação do PLS 130 não terá efeito. Já apreciado na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e aguardando votação em plenário, o projeto permite que o Confaz aprove convênios sem a unanimidade das votações. O quórum passa a ser de 2/3 das unidades da federação. "A insegurança vai continuar. A aprovação do PLS 130, somente ela, não representará nenhuma resolução para o problema da guerra fiscal. Mesmo que convertido em lei, não terá efeito prático", completa o coordenador do Confaz e secretário de Fazenda do Pará, José Tostes. A presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, declararam que a reforma do ICMS seria feita até o fim do ano. As dificuldades nas negociações, porém, podem alongar mais uma vez esse prazo. O fim da guerra fiscal vem sendo discutido há anos e as negociações culminaram com o envio, em 2012, de projetos de leis ao Congresso Nacional pelo governo prevendo a unificação das alíquotas e criação de dois fundos de desenvolvimento regional. Oliveira disse que o impasse no momento é a compensação das perdas dos Estados. O governo propôs constituir o fundo com 25% de recursos federais e o restante em empréstimos, que deveriam ser pagos pelos estados. Já os Estados querem que o montante de recursos do Orçamento Geral da União chegue a 50%. Segundo Tostes, a negociação desses pontos está totalmente parada. Ele disse que, além de já haver a vinculação prevista no convênio aprovado pelo Confaz, é consenso entre os Estados que a convalidação não pode ocorrer sem a reforma do ICMS. "Só a convalidação, sem as condicionantes, perpetua a guerra fiscal. Essa hipótese já foi afastada em definitivo", completa. A indefinição em torno dos benefícios fiscais preocupa o governo federal e os estaduais e, principalmente, as empresas, que dependem da decisão para planejar investimentos. A pressa é agravada pela possibilidade de o Supremo Tribunal Federal votar uma súmula vinculante que torna inconstitucional todos os benefícios fiscais concedidos na cobrança do ICMS.
Renda volta ao ritmo de 2010 e tem a maior alta do ano Fonte Jornal Valor Econômico Camilla Veras Mota e Elisa Soares de São Paulo 20/11/2014 às 05h 00 A renda média real da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) apurou em outubro o maior crescimento registrado no ano, chegando a R$ 2.122,1. A alta foi de 2,3% na comparação com setembro e de 4% sobre o mesmo período do ano passado - ritmo semelhante ao verificado em 2010 e em 2012, quando a variável avançou 3,8% e 4,1%, respectivamente. No acumulado entre janeiro e outubro, apesar do patamar menor, de 2,8%, o aumento da renda ainda é maior do que o observado no ano passado, de 1,8%, sempre na comparação com igual período do ano anterior. Para Flávio Combat, o comportamento dos salários, que continuam crescendo a despeito dos resultados negativos dos demais indicadores de atividade, é em parte explicado pela política de valorização do salário mínimo, cuja variação se tornou indexador para algumas categorias, e pela dinâmica fraca de busca por vagas observada em 2014.
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Ainda que a geração de emprego seja muito menor neste ano do que em 2013, afirma, a relativa escassez de mão de obra confere aos trabalhadores um poder de barganha muitas vezes decisivo nas negociações de dissídio. O caso específico de outubro, para a técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Adriana Beringuy, pode ser reflexo de dissídios bem negociados. Apesar queda de 3,4% na ocupação, a indústria puxou a alta entre os setores, com aumento de 6,1% no rendimento no confronto com outubro do ano passado. "Ainda que o segmento esteja produzindo menos e em alguns momentos até tenha apresentado demissões, os trabalhadores que permanecem nesta atividade conseguem ter ganhos reais", disse.
Desemprego cai, mas puxado pelo aumento de trabalho autônomo Fonte Jornal Valor Econômico Camilla Veras Mota e Elisa Soares de São Paulo e do Rio20/11/2014 às 05h 00 A taxa de desemprego voltou a cair em outubro, passando de 4,9% para 4,7%, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Ao contrário da tendência observada nos meses anteriores, contudo, a busca fraca por trabalho não foi o fator mais determinante para o movimento. A população economicamente ativa aumentou 0,6% sobre setembro, mas a alta da ocupação foi maior, de 0,8%. Parte importante dessa expansão aconteceu, no entanto, em detrimento das contratações com carteira assinada, que encolheram 0,3% na comparação com o mês anterior. A principal influência foi o avanço de 3%, na mesma comparação, do emprego por conta própria - para economistas, mais um sinal de fragilidade do mercado de trabalho do país neste ano, que também ajudaria a explicar o contraste com os números ruins do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O crescimento do trabalho autônomo representa via de regra perda de qualidade da geração de emprego, pondera Jankiel Santos, economista-chefe do Besi. "É um grupo formado em geral por pessoas que não encontraram nada e tentam se virar como podem", diz. No mês passado, o emprego por conta própria passou a representar 19,1% da população ocupada, contra 17,9% em janeiro de 2013. Apesar da composição aparentemente mais favorável em outubro, a taxa de desemprego ainda no menor nível desde 2002 - segue revelando um mercado de trabalho pouco robusto, avalia Flávio Combat, da Concórdia Corretora. Para ele, tanto o aumento da PEA quanto da ocupação se devem, em grande parte, à dinâmica de fim de ano. Nessa época, diz, as empresas ainda estão contratando temporários, movimento que estimula o aumento da busca por vagas. Jankiel ressalta que ambos os indicadores repetiram o comportamento dos meses anteriores na comparação com outubro de 2013 - a PEA cedeu 0,5% e a ocupação não variou. "Na análise de longo prazo, o sinal não é de melhora", diz. O contingente médio de ocupados no país ainda é 0,3% menor do que em 2013 e a taxa de atividade segue baixa, em 56,2%. Calibrada pela sazonalidade do período, a estimativa do bando ABC Brasil era de leve aumento da taxa de desemprego, que chegaria a 5%. Para Mariana Hauer, economista da instituição, o crescimento significativo do emprego por conta própria, de 6% em relação a outubro de 2013, foi a principal surpresa na divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e explica em parte o descolamento do indicador do Caged, que apurou saldo líquido negativo de aproximadamente 30 mil vagas em outubro. A modesta retração de 0,3% do emprego com carteira assinada em relação a setembro - uma estabilidade estatística -, entretanto, não reflete o cenário desenhado pelo levantamento do Ministério do Trabalho. "De forma geral, o número foi bom, mas mantém a PME bastante descolada dos demais indicadores de atividade. É preciso esperar novembro para concluir se o 10
resultado foi ou não pontual", afirma. O emprego sem carteira também diminuiu em outubro, 1,9% em relação a setembro e 6,9% sobre outubro de 2013. A taxa de desemprego em Salvador passou de 10,3% em setembro para 8,5% - a retração mais significativa entre as seis regiões metropolitanas que compõem a pesquisa. O indicador manteve-se estável em 6,7% no Recife; passou de 3,8% para 3,5% em Belo Horizonte; de 3,4% para 3,8% no Rio de Janeiro; de 4,5% para 4,4% em São Paulo e de 4,9% para 4,6% em Porto Alegre.
EPE habilita 4 hidrelétricas para leilão no fim do mês Fonte Jornal Valor Econômico Rodrigo Polito e Alessandra Saraiva do Rio20/11/2014 às 05h 00 Quatro hidrelétricas, que somam 418 megawatts (MW) de capacidade instalada, foram habilitadas pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para o próximo leilão do tipo A-5, que negociará contratos para início de fornecimento em 2019. Dessas usinas, duas - Ercilândia (PR), de 87 MW, e Perdida 2 (TO), de 42 MW - ainda não possuem licença ambiental prévia. Se não receberem o documento nas próximas semanas, esses projetos serão retirados da licitação, marcada para dia 28. As outras duas hidrelétricas são Apertados, de 139 MW, localizada no rio Piquiri (PR), e Itaocara 1, de 150 MW, no rio Paraíba do Sul (RJ). O projeto fluminense teve a concessão devolvida pela Light e a Cemig em agosto do no ano passado, porque a licença de instalação só havia saído dez anos depois do contrato, que tinha duração de 30 anos, o que inviabilizou economicamente o negócio. As duas empresas, porém, já sinalizaram que possuem interesse em retomar o contrato do empreendimento, com mais prazo para construção e operação. A EPE também habilitou projetos de energia eólica, solar, de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e térmicas a biomassa, gás natural e carvão. No total, foram habilitados 821 projetos, com 29.242 MW de capacidade. A Bahia é o Estado que concentra o maior número de projetos habilitados e de capacidade instalada, com um total de 209 parques eólicos e 107 projetos fotovoltaicos, que somam 8.021 MW.
Para Aneel, elevar taxa de retorno não é única saída Fonte Jornal Valor Econômico Rafael Bitencourt de Brasília20/11/2014 às 05h 00 A elevação da taxa de retorno sobre o investimento não é única saída para atrair investidores para os leilões de projetos de transmissão realizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), disse o diretor-geral do órgão, Romeu Rufino. No leilão de transmissão nº 4 deste ano, realizado ontem, apenas quatro dos nove lotes disponíveis foram vendidos, com deságio médio de 12,88% sobre a remuneração máxima fixada no edital pela receita anual permitida. "Analisamos várias questões e já incorporamos algumas. Uma delas é colocar prazos mais realistas para a execução de obras", disse Rufino ao citar uma das alternas - para além da mudança na taxa de retorno, adotadas em empreendimentos com problemas fundiários e ambientais. Segundo ele, a agência toma o cuidado para não se tornar refém da "chantagem" de sempre ter que elevar a remuneração dos projetos quando não aparecem interessados nos leilões. Rufino disse que a Aneel trabalha para recuperar a atratividade dos leilões com a análise das especificidades de cada projeto. A ideia é identificar o que tem reduzido o interesse de empresas e levado à frustração nas licitações de transmissão. O diretor-geral afirmou que a agência está sensível à perda de interesse de investidores nos leilões, cujos editais não têm refletido a deterioração das condições macroeconômicas do país. 11
"É claro que esse momento, aos olhos do investidor, deve ser melhor interpretado pela agência", disse.
Fed expõe dilema sobre quando subir juros Fonte Jon HilsenrathThe Wall Street Journal20/11/2014 às 05h 00 Durante a reunião de política monetária do Federal Reserve em outubro, as autoridades do banco central americano estavam preocupadas com as turbulências dos mercados financeiros, a fraqueza da economia fora dos Estados Unidos e os riscos de que uma inflação já baixa possa cair ainda mais. Mas o Fed manteve a decisão de encerrar seu programa de compra de títulos de dívida porque a economia e o mercado de trabalho domésticos parecem que vão continuar melhorando. Participantes da reunião, realizada em 28 e 29 de outubro, "ressaltaram o cenário econômico um pouco mais fraco e o aumento dos riscos de desaceleração na Europa, China e Japão, assim como o fortalecimento do dólar naquele período", informaram as atas da sessão, divulgadas ontem, após as três semanas do período de silêncio obrigatório. "Foi observado que, se as condições econômicas e financeiras internacionais se deteriorarem mais, o crescimento econômico americano no médio prazo pode ser menor que o esperado atualmente", informaram as atas. "Muitos participantes, entretanto, acreditam que os efeitos dos fatos recentes sobre a economia doméstica deverão ser bastante limitados." Com exceção de um participante do comitê, os demais quiseram o fim do programa de compra de ativos, conhecido como relaxamento quantitativo, iniciado no fim de 2012 para estimular o crescimento econômico. O Fed, comandado pela presidente Janet Yellen, vem lidando com um cenário econômico ultimamente cheio de conflitos. O mercado de trabalho continuou a melhorar mais rápido que as autoridades esperavam, mas o dólar valorizado e o recuo no crescimento externo estão pressionando a inflação para baixo. Isso complica os debates iminentes do Fed sobre o momento de começar a elevar os juros de curto prazo, que estão próximos de zero. A melhora no emprego pede por uma alta nos juros no próximo ano, enquanto a tendência de queda da inflação convida o Fed a manter os juros baixos. A pressão de queda na inflação é um movimento mais recente. "A maioria dos participantes previu que a inflação deverá recuar no curto prazo, refletindo o declínio nos preços do petróleo e de outras commodities e os preços menores de importados. Esses participantes continuaram estimando que a inflação volte para a meta de 2% [ao ano] do comitê no médio prazo", informam as atas. As autoridades, porém, abordaram a questão da inflação de um modo mais incerto. "Muitos participantes observaram que o comitê deve permanecer atento às evidências de uma possível queda nas expectativas de inflação no longo prazo; alguns disseram que, se isso acontecer, será até mais preocupante do que o baixo crescimento." Diante desse cenário, as autoridades parecem ter saído da reunião sem uma direção clara de como reformatar a orientação que passaram ao público sobre o cenário dos juros. O Fed tem afirmado desde o ano passado que os juros ficariam perto de zero por um "tempo considerável" depois que o programa de compra de ativos terminasse. Com o programa agora encerrado, muitas autoridades do Fed estão procurando retirar a afirmação "tempo considerável". Mas as atas não mostram uma indicação clara de quando ou como essa orientação será alterada. Alguns participantes desejavam remover o termo na reunião de outubro. Eles não queriam parecer atados a um prazo específico para elevar os juros. "Tempo considerável" é comumente interpretado nos mercados financeiros como pelo menos seis meses, embora o Fed queira minimizar essa noção. Outras autoridades acham que essa frase ainda descreve bem seus 12
planos, enquanto outros não querem, com a remoção da frase, sinalizar inadvertidamente que o Fed estaria prestes a elevar os juros. Nessa discussão, as autoridades adicionaram um novo elemento ao debate: se devem ou não acrescentar à declaração oficial de política monetária novas informações em relação à rapidez da alta dos juros depois que eles começarem subir. "Com respeito à velocidade do aumento dos juros depois do início da normalização da política, vários participantes acharam que seria útil esclarecer a provável abordagem do comitê", dizem as atas. Também não houve acordo nesse ponto. Isso parece que vai levar o Fed a um intenso debate na reunião de 16 e 17 de dezembro para refinar esses sinais sobre os juros. Indícios de apreensão sobre a volatilidade do mercado também surgiram na reunião de outubro. A reunião ocorreu uma semana depois de grandes oscilações de preços nos mercados de ações e títulos dos Estados Unidos, em particular um surto de demanda por notas do Tesouro americano em 15 de outubro, que temporariamente derrubou o rendimento dos papéis de 10 anos para abaixo de 2% ao ano. "Alguns participantes apontaram que, apesar da volatilidade do mercado, as condições financeiras permaneceram altamente estáveis e que outros pontos de turbulência podem acontecer à medida que o início da política de normalização se aproxima", dizem as atas. "Isso dito, é desejável um esforço maior para melhor entender as recentes dinâmicas do mercado."
Crise da Petrobras coloca em xeque futuro da indústria naval no Brasil Fonte Jornal Valor EconômicoFrancisco Góes e Sérgio Ruck Bueno do Rio e de Porto Alegre20/11/2014 às 05h00 As denúncias contra empreiteiras na Operação Lava-Jato e a admissão, pela empresa SBM, de pagamento de propina a funcionários da Petrobras, criaram um clima de apreensão sobre o futuro da indústria da construção naval e offshore no Brasil. Há receio dos eventuais efeitos das investigações sobre os estaleiros nacionais, controlados em alguns casos pelas empresas envolvidas na Lava-Jato. Sindicatos de metalúrgicos temem demissões em instalações industriais do setor, que poderiam ficar impedidas de participar de novas licitações da Petrobras. E há ainda, no meio empresarial, a avaliação de que a estatal, cliente única dos grandes estaleiros, pode ter dificuldades de executar o seu plano de investimentos, o que levaria a atrasos em novas encomendas. A construção naval é uma indústria recente no Brasil que requer investimentos de longo prazo e renovação da carteira de encomendas para se consolidar. Por outra parte, a Petrobras tem o desafio de cumprir sua meta de produção até 2020 e, pelas regras do conteúdo local, precisa dos estaleiros nacionais para construir novas plataformas, sondas de perfuração, entre outros equipamentos. Em meio aos escândalos da Lava-Jato e da SBM, surgem dúvidas sobre o futuro de alguns estaleiros. Um deles é o Estaleiro Brasa, de Niterói (RJ), controlado pela SBM em parceria com o grupo Synergy. Na segunda-feira, a presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou que a SBM está impedida de participar de licitações da Petrobras enquanto não esclarecer para quem pagou propina na estatal. Graça disse que os contratos em andamento com a SBM não serão interrompidos. No mercado, existem avaliações de que o Brasa, por ter a SBM como sócia, poderá ficar sem novas obras da Petrobras. Procurada, a Petrobras não se pronunciou. O estaleiro constrói módulos para plataformas e faz a integração desses módulos no casco de navios-plataforma. Já entregou uma unidade e trabalha nos módulos de outras duas plataformas, empregando hoje 1,6 mil trabalhadores, segundo Edson Rocha da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói. Ele disse temer que ocorram demissões caso o Brasa fique impedido de entrar em novas licitações da Petrobras. Procurados, os representantes do Brasa e da SBM não foram localizados. Silva acrescentou que a UTC, 13
envolvida na Lava-Jato, também tem unidade em Niterói para a construção de módulos, onde emprega 850 trabalhadores. "Não queremos que se repita em Niterói o que está acontecendo em Charqueadas [RS]", disse Silva. A afirmação é uma referência à paralisação da unidade da Iesa Óleo e Gás, em Charqueadas, que pode levar à demissão de mil trabalhadores. Na terça, a Petrobras rescindiu contrato para construção de módulos de compressão de gás para plataformas de petróleo com a IESA. A IESA, em recuperação judicial, é alvo da Lava-Jato e teve o presidente, Valdir Carreiro, e o diretor Otto Garrido Sparenberg, presos na sexta-feira pela Polícia Federal. Eles foram soltos na terça-feira. A Petrobras informou que uma nova licitação para a contratação dos módulos que estavam com a IESA será realizada "oportunamente". A encomenda original feita à Iesa em julho de 2012 era de 24 módulos para seis plataformas, por US$ 720,4 milhões. Em outubro, porém, a construção de oito deles foi transferida para a China em função da crise financeira enfrentada pela empresa e pela controladora, a Inepar, que pediu recuperação judicial em setembro. Ainda no Rio Grande do Sul, a Estaleiros do Brasil (EBR), de São José do Norte, está construindo módulos para a plataforma P-74 da Petrobras. A EBR é controlada pela Toyo-Setal, que teve dois diretores incluídos na Lava-Jato, os quais fizeram acordo de delação premiada. Fonte próxima da EBR disse que os contratos que a empresa têm com a Petrobras, de construção de módulos, seguem "normalmente". Mas a pergunta que o mercado faz é qual será o futuro da EBR: se a empresa poderá sofrer os impactos dos atos dos controladores da Toyo-Setal. Também há dúvidas sobre eventuais desdobramentos da Lava-Jato para a Engevix Construções Oceânicas (Ecovix), do mesmo grupo da construtora Engevix, cujo vice-presidente, Gerson Almada, está entre os presos da Lava-Jato. Um dos delatores ligados à Toyo-Setal é o empresário Augusto Mendonça, que também integra o conselho de administração da EBR. Mendonça foi eleito, na semana passada, vicepresidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) para o período 2014-2018. "O Sinaval não pode cercear o direito de candidatura, em suas eleições, de representantes de empresas legítimas do segmento industrial naval e offshore, os quais, pelas leis brasileiras, devem ser considerados idôneos até prova em contrário", disse nota do Sinaval divulgada após a eleição. Na Lava-Jato, foram presos executivos de empresas que controlam alguns dos novos estaleiros do país. É o caso da Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, donas do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), de Pernambuco, em parceria com japoneses. OAS e UTC também tiveram executivos presos. As duas empresas controlam, junto com Odebrecht e Kawasaki, o estaleiro Enseada, da Bahia. Fonte disse que as denúncias na Lava-Jato se referem à área de refino e, portanto, não guardam relação com esses estaleiros. Outra fonte disse que o Enseada tem vida própria, independente dos acionistas, e, este ano, deve faturar quase R$ 3 bilhões.
Seca leva elétricas para o vermelho no 3º trimestre Fonte Jornal Valor EconômicoNatalia Viride São Paulo20/11/2014 às 05h00 A estiagem que atinge o país neste ano teve forte impacto sobre os balanços das empresas de energia elétrica no terceiro trimestre. Levantamento realizado pelo Valor com 21 companhias mostra que o resultado ficou negativo em R$ 179 milhões entre julho e setembro, contra ganhos de R$ 14,5 bilhões no mesmo intervalo de 2013. O número exclui a Eletrobras, que por seu tamanho, distorceria a amostra. As distribuidoras, que vinham sofrendo desde o começo do ano, dessa vez foram os destaques positivos, com os reajustes tarifários que repassaram boa parte da pressão de custos enfrentada no último ano e empréstimos do governo para cobrir a exposição involuntária aos preços spot. As geradoras, por outro lado, tiveram seu pior trimestre. E a expectativa é que não haja grande alívio no próximo ano, mesmo no cenário mais otimista, com chuvas em linha com a média histórica. 14
Entre julho e setembro, com o agravamento da seca e às vésperas do início da época chuvosa, o déficit de geração hídrica do sistema em relação à capacidade das usinas ficou em 16%, o maior nível do ano. Essa diferença entre a energia garantida e a efetivamente entregue é rateada por todas as hidrelétricas que compõem o sistema, numa espécie de condomínio formado pelo Mecanismo de Realocação de Energia (MRE), o que arranhou os resultados de todo o setor, exposto a um preço no mercado spot quase três vezes mais caro na comparação anual. Para complicar o cenário, a maior parte das empresas tinha optado por vender a energia descontratada no primeiro semestre, à espera de uma melhora na segunda metade do ano, o que não ocorreu. Com isso, mesmo companhias que tiveram bons resultados no começo do ano com a comercialização no mercado de curto prazo viram seus resultados despencarem no trimestre. Foi o caso da AES Tietê. A geradora, que lucrou R$ 609 milhões entre janeiro e junho, 43% a mais do que no mesmo intervalo de 2013, encerrou o terceiro trimestre com perdas de R$ 83,6 milhões, revertendo ganhos de R$ 224,7 milhões na comparação anual. A exceção ficou por conta da Cesp, que ainda tinha excedentes para vender no mercado de curto prazo e viu seu lucro aumentar 94,7%, para R$ 373,6 milhões. Na mesma linha, a Tractebel, que também foi beneficiada pela estratégia de alocação de energia, teve ganhos 34% maiores, de R$ 538,2 milhões. Além de São Pedro, um outro santo ajudou a puxar para baixo os resultados gerais no terceiro trimestre. Os atrasos na obra da hidrelétrica do Madeira, em Rondônia, conduzida pela Santo Antônio Energia, provocaram perdas milionárias para a Cemig, que tem uma participação de cerca de 15% no projeto. A estatal mineira reconheceu uma perda de R$ 350 milhões relativa ao projeto, o que contribuiu para a queda expressiva de 96,3% no lucro do terceiro trimestre, que foi de apenas R$ 29 milhões. "É a primeira vez que venho a mercado anunciar um número como esse", reconheceu o diretor financeiro e de relações com investidores, Luiz Fernando Rolla, em teleconferência com analistas. Na Eletrobras, que tem participação de 40% na sociedade da usina, a Santo Antônio trouxe perdas de R$ 790 milhões. Entre analistas, a percepção é que o terceiro trimestre marcou um pico no déficit de geração, mas as perspectivas para o próximo ano não são animadoras. As próprias geradoras reconhecem que, na média, 2015 deve ser um ano tão complicado quanto 2014. "Apesar de ainda estarmos no início do período chuvoso, podemos afirmar que 2015 será um ano difícil como foi 2014 sob o ponto de vista de geração hídrica. Em suma, isso significa que teremos mais um ano de despacho térmico elevado e, consequentemente, energia mais cara", disse AntonioGuetter, diretor financeiro da Copel, em teleconferência com analistas. A expectativa da Cemig é que, com um regime normal de chuvas durante o período úmido, o déficit de geração hídrica em relação à capacidade fique em cerca de 10% no próximo ano, em linha com o verificado ao longo de 2014. Para a CPFL, a diferença deve ficar na casa de 9%. Para o CreditSuisse, o governo vai manter o despacho térmico elevado, mesmo em condições normais de hidrologia, para incentivar os reservatórios. Nesse cenário, as represas do Sudeste, que hoje estão com menos de 20% da capacidade devem retomar seus níveis normais, de cerca de 45% apenas no fim do próximo ano, considerando um crescimento de apenas 1,2% da demanda. Os riscos, no entanto, são bastante elevados. "O cenário para o próximo ano depende primeiro, de São Pedro e, segundo, do nível de consumo. A demanda continua desacelerando por causa do PIB, o que, ironicamente, é uma boa notícia no cenário atual. O grande risco é o período úmido não ser tão úmido", ressalta o analista de um banco de investimento estrangeiro.
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