22 de abril de 2015

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 22 DE ABRIL DE 2015

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Produção nacional de aço bruto cai 7,4% em março Fonte Resenha ComexData/Agência Brasil 20/04/2015 A produção brasileira de aço bruto atingiu, em março, 2,8 milhões de toneladas, com queda de 7,4% em relação a igual mês do ano passado, de acordo com dados divulgados no dia (17) pelo Instituto Aço Brasil (IABr). Já a produção de laminados somou 2,3 milhões de toneladas, com aumento de 0,1% sobre março de 2014. No acumulado do primeiro trimestre, foram produzidos 8,4 milhões de toneladas de aço bruto e 6,6 milhões de toneladas de laminados. O crescimento observado foi, respectivamente, de 0,7% e 4,4%, em relação aos primeiros três meses de 2014. As vendas no mercado doméstico atingiram 1,9 milhão de toneladas - quase tudo de aço laminado - em março deste ano, com alta de 1,3% sobre o mesmo mês do ano passado. No acumulado de janeiro a março, as vendas somaram 5,2 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos, dos quais 5,085 milhões de toneladas de laminados. A retração das vendas chegou a 5,3%. Mesmo enfrentando condições externas desfavoráveis, as exportações nacionais de produtos siderúrgicos somaram 1 milhão de toneladas em março, no valor de US$ 673 milhões, com destaque para as vendas de semiacabados. No trimestre, as exportações acumuladas totalizaram 2,8 milhões de toneladas, no valor de US$ 1,8 bilhão, com crescimento de 39,5% em volume e de 21,6% em valor, na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. As importações de produtos siderúrgicos também cresceram 13,5% no período, com a internalização de 995 mil toneladas, das quais 990 mil toneladas de laminadoslaminados. Em março, as importações totalizaram volume de 299 mil toneladas, equivalentes a US$ 306 milhões. O Brasil consumiu 2,2 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos, em março, com expansão de 0,5% sobre igual mês de 2014. No trimestre, o consumo ficou em 6,1 milhões de toneladas e foi 2,7% menor do que o de igual período do ano passado. Segundo o presidente executivo do IABr, Marco Polo de Mello Lopes, apesar da pequena melhoria observada no trimestre, não há nada no curtíssimo prazo que sinalize melhoria acentuada desse cenário. Os setores consumidores de aço brasileiro apresentaram desempenho muito ruim nos primeiros meses do ano, disse Lopes, em entrevista à Agência Brasil. "Temos um cenário interno que, dadas as condições econômicas, não permite ter perspectiva de crescimento. Estamos falando de uma previsão do Produto Interno Bruto [PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país] negativa. E, quando se vai para o cenário internacional, há um excedente de capacidade de 700 milhões de toneladas no mundo, que leva a práticas predatórias e a um surto de importação muito grande para o Brasil", disse ele. Lopes lembrou que em 2000, a participação da China na importação de produtos siderúrgicos brasileiros, era de 1,3%. No ano passado, a participação subiu acima de 2


52%. "É uma situação difícil", disse ele. O IABr vem alertando para a perda de participação da indústria no PIB - caiu de 25%, na década de 1980, para os atuais 12% -, e atribui isso à perda de competitividade. "Temos uma série de assimetrias competitivas, que passam pelo câmbio, pela carga tributária, pela energia elétrica, que fazem com que o setor do aço e os nossos segmentos de consumo tenham uma dificuldade enorme de competir com o [produto] importado e também na exportação", acrescentou Marco Polo. Para ele, a indústria de transformação tem de ser vista como prioridade absoluta "para que se reverta esse quadro, que não é bom".

Grécia à beira do abismo Fonte Jornal Folha de São Paulo Paul Krugman 20/04/2015 às 11h31 "Você não acha que eles querem que a gente fracasse?" Essa foi a pergunta que ouvi repetidamente durante uma breve mas intensa visita a Atenas. Minha resposta foi a de que não existe um "eles" que a Grécia na realidade não enfrenta um bloco sólido de credores implacáveis que prefeririam ver uma moratória do país e sua saída do euro a testemunhar o sucesso de um governo de esquerda, e que do outro lado da mesa existe mais boa vontade do que muitos gregos supõem. Mas é compreensível que os gregos vejam as coisas dessa maneira. E retornei dessa visita temeroso que a Grécia e a Europa sofram um terrível acidente, uma ruptura desnecessária que lançará sombras longas sobre seu futuro. A história, até aqui: no final de 2009, a Grécia estava enfrentando uma crise propelida por dois fatores alta dívida e custos e preços inflacionados que reduziam a competitividade do país. A Europa respondeu com empréstimos que mantiveram o caixa grego solvente, mas apenas sob a condição de que a Grécia adotasse políticas econômicas extremamente dolorosas. Elas incluíam cortes de gastos e aumentos de impostos que, se aplicados na mesma proporção aos Estados Unidos, envolveriam valor de US$ 3 trilhões anuais. Também houve cortes de salários em uma escala difícil de conceber, com uma redução média de 25% nos vencimentos ante seu pico. Esses imensos sacrifícios supostamente deveriam produzir recuperação. Em lugar disso, a destruição do poder aquisitivo aprofundou a crise, criando sofrimento em escala semelhante ao da Grande Depressão e severos problemas humanitários. No sábado, visitei num abrigo de moradores de rua, e ouvi histórias dolorosas sobre um sistema de saúde em colapso, e pacientes recusados por hospitais por não poderem pagar uma taxa de atendimento de cinco euros, ou recebendo alta sem medicação porque os estoques das clínicas se esgotaram e elas não têm caixa para o repor; e muito mais. A situação vem sendo um pesadelo interminável, e mesmo assim a elite política grega, determinada a se manter parte da Europa e temerosa das consequências de uma moratória e do abandono do euro, manteve sua adesão ao programa imposto pelos credores ano após ano. Por fim, o público grego não conseguia suportar mais. Porque os credores estavam exigindo ainda mais austeridade em uma escala que bem poderia derrubar a economia em mais 8% e empurrar o desemprego a 30%—, o país votou no 3


Syriza, um movimento genuinamente de esquerda (e não de centro-esquerda), que prometeu mudar o rumo do país. Será que é possível evitar uma saída grega do euro? Sim, é. A ironia da vitória do Syriza é que ela surgiu bem no momento em que um compromisso funcional pode ser possível. O ponto chave é que sair do euro seria extremamente dispendioso e perturbador para a Grécia, e representaria imensos riscos políticos e financeiros para o resto da Europa. Portanto, isso é algo a evitar se existir qualquer alternativa mesmo que meio decente. E existe, ou deveria existir. Pelo final de 2014, a Grécia havia conseguido registrar um modesto superávit orçamentário "primário", com a arrecadação tributária superando os gastos excluídos os pagamentos de juros. Isso é tudo que os credores podem exigir, se forem razoáveis, porque não há como tirar sangue da pedra. Enquanto isso, todos aqueles cortes de salários tornaram a Grécia competitiva no mercado mundial– ou tornariam, se fosse possível restaurar a estabilidade. A forma do acordo fica clara, portanto: basicamente, um impasse quanto a medidas adicionais de austeridade, e a Grécia aceitaria fazer pagamentos significativos mas não constantemente crescentes, aos seus credores. Um acordo como esse prepararia o terreno para a recuperação econômica, talvez lenta no início, mas por fim oferecendo alguma esperança. Mas no momento o acordo não parece a caminho de se concretizar. Talvez seja verdade, como dizem os credores, que negociar com o novo governo grego é difícil. Mas o que se deveria esperar quando partidos sem experiência prévia de governo assumem o poder substituindo uma elite desacreditada? O mais importante é que os credores estão exigindo coisas fortes cortes nas aposentadorias e no funcionalismo público que um governo de esquerda recém-eleito simplesmente não pode aceitar, em contraposição a reformas como uma melhora na fiscalização tributária, o que as autoridades poderiam fazer. E os gregos, como sugeri, estão prontos a ver as exigências como parte de um esforço para ou derrubar seu governo ou fazer de seu país um exemplo quanto ao que acontecerá a outros países devedores que vacilem em aceitar medidas severas de austeridade. Para agravar ainda mais as coisas, a incerteza política vem prejudicando a arrecadação tributária, e provavelmente fez desaparecer aquele superávit orçamentário obtido com tamanho sacrifício. O sensato, seguramente, seria exibir alguma paciência, quanto a isso. Se e quando um acordo for fechado, a incerteza se reduzirá e o orçamento deve melhorar de novo. Mas na atmosfera de desconfiança generalizada que agora prevalece, paciência não é algo com que se deva contar. Não é preciso que as coisas sejam assim. Evitar uma crise total exigiria, é certo, que os credores liberem dinheiro em montante significativo para a Grécia, mas esse dinheiro seria imediatamente reciclado em forma de pagamento de dívidas. Mas pense na alternativa. A última coisa de que a Europa precisa é que a tensão prevalecente crie nova catástrofe, e uma catástrofe completamente gratuita.

Empresas do agronegócio exportam e importam menos no trimestre Fonte Jornal Folha de São Paulo 22/04/2015 As empresas do agronegócio começam a sentir os efeitos da queda de preços das commodities no exterior, da perda de ritmo do setor e das preocupações dos produtores com os aumentos dos custos de produção na próxima safra.

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A desaceleração do setor é vista tanto nos números de exportações como nos de importações. Os dados mais recentes do Ministério do Desenvolvimento, e referentes aos três primeiros meses deste ano, apontam que as grandes tradings estão exportando menos, enquanto as gigantes do setor agroquímico também importam menos. Em uma lista das 40 principais empresas do setor de agronegócio, a Cargill Agrícola é a líder entre as multinacionais de grãos. De janeiro a março deste ano, exportou o correspondente a US$ 791 milhões. Esse volume financeiro registra uma queda de 21% em relação a igual período do ano passado. A Louis Dreyfus e a ADM, outras duas das principais exportadoras de grãos do país, tiveram recuos ainda maiores nas vendas externas. A Secex (Secretaria de Comércio Exterior) aponta reduções de 39% nas vendas externas da Dreyfus e de 38% nas da ADM. A segunda colocada nesse ranking de exportadoras de grãos do primeiro trimestre, a Bunge, somou exportações de US$ 718 milhões e também teve queda, mas inferior à das demais: 15%. Uma das poucas entre as que conseguiram avançar nas exportações neste ano foi a Nidera Sementes, empresa que vem crescendo rapidamente no ranking das principais exportadoras. A Nidera, cujas exportações subiram para US$ 353 milhões nos três primeiros meses do mês, conseguiu elevar em 26% as receitas em relação a igual período do ano passado. Uma das cinco principais exportadoras de grãos do país, a Nidera foi responsável por 0,83% das vendas externas totais do país do primeiro trimestre, acima do 0,57% de igual período de 2014. As exportadoras de carnes também apontam um desempenho pior neste ano. A líder, a JBS, exportou o correspondente a US$ 860 milhões até março, 13% menos do que no primeiro trimestre do ano passado. Nesse mesmo período, a Seara, ligada à empresa, vendeu US$ 367 milhões, com queda de 9%. BRF e Minerva, também colocadas entre as 40 principais empresas exportadoras do país, reduziram em 27% e 16%, respectivamente, as receitas com exportações. A Secex apontou que a BRF vendeu o corrrespondente a US$ 707 milhões, enquanto o Minerva obteve US$ 240 milhões no período. O setor de suco de laranja teve caminho inverso aos de grãos e de carnes. A Citrosuco, com exportações de US$ 280 milhões, conseguiu crescer 29%, enquanto as vendas externas da SucocítricoCutrale subiram para US$ 224 milhões, um alta de 17% no período. As empresas de agroquímicos também pisaram no freio, assim como as de máquinas e equipamentos destinados ao agronegócio. A Secex apontou que as importações da Syngenta caíram para US$ 136 milhões nos três primeiros meses deste ano, 47% menos do que em igual período de 2014. Já a Bayer teve redução de 33%, enquanto a John Deere, do setor de máquinas, gastou 28% menos neste ano com as compras externas. As indústrias de fertilizantes, devido à alta do dólar, estão gastando mais. A líder nas importações, a Yara, gastou US$ 317 milhões até março, 33% mais. Mosaic e Heringer também estiveram na lista das que aumentaram os gastos com importações de adubo.

Após balanço, Petrobras vai mirar dívida Fonte Jornal Folha de São Paulo SAMANTHA LIMA DO RIO 21/04/2015 A dívida líquida de R$ 300 bilhões será a próxima batalha da diretoria da Petrobras depois da entrega, prevista para esta quarta (22), dos balanços auditados em atraso de até 159 dias. Egressos do Banco do Brasil, Bendine e Ivan Monteiro, diretor financeiro, estudam estratégias para reduzir o endividamento. Medidas já anunciadas, como o corte de investimentos e a venda de ativos, ajudam ao reduzir a demanda por financiamento.

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A dupla estuda outras iniciativas. A Folha apurou que, neste momento, emitir novas ações ou transformar dívida de bancos públicos, como BNDES, em participação acionária, como se especula no mercado, estão fora da mesa. A dívida já havia passado dos R$ 261 bilhões em setembro, com a alta de 25% do dólar no período 67% da dívida da estatal é nessa moeda. E cresceu mais, com os novos empréstimos: R$ 10,7 bilhões com a China, no fim de março, e R$ 4,5 bilhões liberados nesta sexta-feira (17) pelo Banco do Brasil. A empresa diz que não precisa mais levantar recursos neste ano, porque planeja vender US$ 13,7 bilhões em ativos até 2016 acaba de vender R$ 9 bilhões em plataformas e tem R$ 5 bilhões em crédito pré-aprovado. Os empréstimos obtidos afastam o risco, identificado no começo de março pela área financeira da Petrobras, de chegar a dezembro com o caixa no piso tido como seguro, de US$ 10 bilhões. Mas aumentam o endividamento. Um dos mais importantes indicadores desse aspecto, a relação entre dívida líquida e capacidade de gerar caixa (medida pelo Ebitda), deve estar acima de 5, estima o mercado. "O ideal seria 3,5", diz Celson Plácido, estrategista-chefe da XP Corretora. A pesada dívida é mais um obstáculo no caminho no qual Bendine gostaria de ver a empresa. A alta do dólar, de quase 20% no ano, e o preço do barril pioram as coisas. A Petrobras é "importadora líquida", ou seja, ela importa mais do que exporta, na conta final entre o que vende lá fora petróleo mais pesado produzido no Brasil e o que traz petróleo mais leve, exigido pelas refinarias brasileiras por questões técnicas, e parte dos combustíveis consumidos. E dólar alto é ruim para importadores. A queda no preço do barril de petróleo, de US$ 110 para US$ 45 de julho a janeiro, tem dois lados. Na venda de combustíveis, o petróleo mais barato tem ajudado porque estancou a perda com a defasagem em relação aos preços externos --a Petrobras é impedida pelo governo de ajustar preços automaticamente. Desde novembro, a empresa até ganhou dinheiro com uma defasagem positiva e recuperou R$ 6,4 bilhões, dos R$ 90 bilhões negativos acumulados pelo cenário de alta do barril, segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura. A alta do barril, para a casa de US$ 55, e o dólar, porém, estão zerando a vantagem. Por outro lado, a cotação menor do barril acende o alerta sobre os projetos de produzir petróleo das promissoras reservas do pré-sal. A exploração dessas reservas só é economicamente viável se o petróleo estiver acima de US$ 52 por barril. As perdas com os combustíveis e os pesados investimentos dos últimos anos, em refinarias e no pré-sal, aprofundaram o endividamento. A Petrobras teve seu primeiro problema com balanços, em outubro. A PwC se recusou a auditar e aprovar o documento porque diretores responsáveis por atestar a veracidade de informações foram citados na Operação Lava Jato, que apura corrupção. Depois foi preciso estabelecer um critério para calcular as perdas com o pagamento de propinas, o que foi resolvido neste mês. Quando o balanço for entregue, a diretoria terá de rever o plano de investimentos, para enxugar e cortar projetos. A ex-presidente Graça Foster previa cortar os investimentos em 30% neste ano, para US$ 31 bilhões. "Para preservar o caixa, é fundamental que a empresa não volte a perder dinheiro com a venda de combustíveis", diz Plácido.

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Governo prevê economia de R$ 3,9 bi com abono adiado Fonte Jornal Folha de São Paulo ISABEL VERSIANI DE BRASÍLIA 21/04/2015 O governo conta com uma mudança no cronograma do pagamento do abono salarial para reduzir as despesas com o benefício em R$ 3,9 bilhões já neste ano. A manobra, antecipada pela Folha em fevereiro, posterga parte do gasto de 2015 para o ano que vem. Atualmente, os depósitos dos abonos são feitos no segundo semestre, de julho a outubro. A intenção é que passem a ser feitos mensalmente, de acordo com a data de aniversário do beneficiário. Assim, quem faz aniversário no primeiro semestre só receberá o pagamento esperado para 2015 em 2016. Com a medida, em vez de crescer, como tem ocorrido nos últimos anos, o número de beneficiários que receberão o pagamento em 2015 cairá 30% em relação ao do ano passado, para 15,6 milhões. O gasto com o benefício recuará de R$ 16,2 bilhões para R$ 12,3 bilhões no mesmo período, estima o governo. Apesar de a regra ainda não ter sido aprovada pelo Codefat (Conselho Deliberativo do FAT), a quem cabe disciplinar o pagamento, a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2016, enviada ao Congresso na semana passada, explicita a redução de despesa esperada para 2015. O projeto também deixa claro que o governo já conta com a redução do gasto para garantir o cumprimento da sua meta de superavit primário neste ano, de 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto), parte dos esforços da equipe econômica para recuperar a credibilidade das contas do país. O Codefat, formado por representantes do governo, trabalhadores e empregadores, já discute a mudança no calendário e poderá deliberar sobre o assunto em reunião prevista para maio. Para conter os gastos com o abono salarial, o governo também já editou uma medida provisória alterando as regras de acesso ao benefício. Atualmente, tem direito ao abono o trabalhador que recebe até dois salários mínimos e que tenha trabalhado pelo menos um mês no ano anterior. O valor do benefício é de um salário mínimo. A medida provisória eleva o período mínimo de trabalho para seis meses ininterruptos e estabelece que o pagamento deve ser proporcional ao tempo trabalhado. O governo chegou a anunciar que essas alterações gerariam economia de R$ 7 bilhões já neste ano. A regra nova, no entanto, só afeta os pagamentos do benefício feitos a partir de 2016. Além disso, o governo tem sido pressionado no Congresso a flexibilizar o aperto das regras, o que deve reduzir a economia potencial. O projeto da LDO também estima uma redução de R$ 6,2 bilhões nos gastos com segurodesemprego neste ano, com base em novas regras de acesso ao benefício que também tendem a ser amenizadas na negociação com o Congresso. O Ministério do Planejamento afirmou que os dados citados são projeções e que ajustes serão feitos caso os números não se confirmem.

Intenção de consumo cai ao menor nível desde 2010 Fonte Portal Economia SC/Agência Brasil 20 de abril de 2015 às 12h 35 A queda foi mais forte na intenção de comprar bens duráveis, chegando a 14,3% na comparação com março e a 32,5% em relação a abril do ano passado. Foto: Divulgação O índice de Intenção de Consumo das Famílias, medido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), caiu 6,9% em abril e atingiu o menor nível da

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série histórica. A CNC divulgou nessa segunda-feira, 20, o indicador, que recuou 17,8% em relação ao mesmo mês do ano passado. De acordo com a assessora econômica da CNC, Juliana Serapio, o indicador deste mês foi o primeiro da série histórica em que todos os componentes atingiram o menor patamar já registrado. A medição é feita desde janeiro de 2010. A queda foi mais forte na intenção de comprar bens duráveis, chegando a 14,3% na comparação com março e a 32,5% em relação a abril do ano passado. Para a CNC, a queda está relacionada ao encarecimento do crédito: “Quando o crédito fica mais caro, isso afeta diretamente a intenção de consumo desses bens, que, muitas vezes, dependem de financiamento”, explica a economista. Apesar da queda, o índice continua no patamar considerado favorável (acima dos 100 pontos), com 102,9 pontos. Três componentes, no entanto, já recuaram para o patamar negativo: Momento para Duráveis, com 78,9 pontos, Nível de Consumo Atual, com 79,5 pontos, e Perspectiva de Consumo, com 95,3 pontos. O Nível de Consumo Atual caiu 8% em relação ao mês de março e 17,1% comparado a abril do ano passado. As Perspectivas de Consumo tiveram queda ainda maior, de 9% na comparação com março e de 28,1% em relação a 2014. Para Juliana Serapio, a inflação registrada em março, de 1,32% segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, contribuiu para esse cenário: “Ela voltou a ficar pressionada pelos itens alimentação e habitação. Isso é algo que explica bastante a redistribuição do orçamento das famílias”. As famílias com renda até 10 salários mínimos tiveram queda menor que as de maior renda, registrando redução na intenção de consumo de 6,4%, contra 9% das demais. As perspectivas profissionais medidas pela CNC também estão em queda, apesar de a maior parte das famílias considerá-las positivas. Segundo a pesquisa, 53,7% estão otimistas para os próximos seis meses, enquanto 38,7% estão pessimistas. O indicador que mede essa expectativa teve queda de 5,9% em relação a março, e de 9,8% na comparação com abril.

Déficit do Brasil com exterior sobe 14% com revisão feita pelo Banco Central Fonte Jornal Folha de São Paulo EDUARDO CUCOLO DE BRASÍLIA 22/04/2015 às 13h25 O déficit do Brasil nas transações de bens, serviços e rendas com outros países ficou em US$ 103,98 bilhões (R$ 314,56 bilhões) em 2014, considerando a nova metodologia que passa a ser adotada pelo Banco Central a partir desta quarta-feira (22). Pela regra anterior, havia ficado em US$ 90,95 bilhões (R$ 275,62 bilhões) no ano passado. Com a mudança na fórmula de cálculo e as revisões do PIB (Produto Interno Bruto), o resultado do ano passado passa de 4,17% para 4,43% do PIB (Produto Interno Bruto). Os Investimentos Estrangeiros Diretos, que a partir de hoje passam a se chamar Investimentos Diretos no País, foram revisados de US$ 62,49 bilhões (R$ 189,37 bilhões, ou 2,87% do PIB) para US$ 96,85 bilhões (R$ 293,49 bilhões, ou 4,13% do PIB). Pela nova metodologia, se uma subsidiária da Petrobras no exterior mandar dinheiro para a matriz no Brasil, esses recursos serão classificados como Investimento Direto no País. Antes, os empréstimos entre empresas do mesmo grupo econômico eram registrados na conta de IBD (Investimento Brasileiro Direto). Outro fator que elevou o Investimento Direto no País é a contabilização dos lucros que são reinvestidos no Brasil. Esse dado chegou a ser apurado pelo Brasil até 1999, mas por problemas com as fontes de informações – agora resolvidos– deixou de ser contabilizado. Essa alteração também havia contribuído para piorar o dado das transações correntes. Com essas alterações, o BC revisou os dados a partir do início de 2014. Posteriormente, a revisão deve ser ampliada para outros períodos.

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Com a alta do dólar, os gastos de turistas brasileiros no exterior estão em queda. Somaram US$ 1,5 bilhão no mês passado, contra US$ 1,8 bilhão em março de 2014. No trimestre, foram US$ 5,2 bilhões, contra US$ 5,8 bilhões no período correspondente do ano passado. O BC também informou hoje que o deficit acumulado no primeiro trimestre de 2015 soma US$ 25,39 bilhões (R$ 76,89 bilhões) –ou 5,41% do PIB em dólar estimado pelo BC no período–, enquanto os investimentos diretos estão em US$ 13,14 bilhões (R$ 39,79 bilhões) –ou 2,80% do PIB. As despesas com viagens internacionais somaram US$ 5,23 bilhões (R$ 15,84 bilhões) no trimestre, abaixo dos US$ 5,85 bilhões (R$ 17,72 bilhões) do mesmo período do ano passado. O fluxo cambial ficou positivo em US$ 3,441 bilhões na semana passada, resultado de uma entrada líquida de US$ 2,314 bilhões na conta financeira e de um superávit de US$ 1,127 bilhão na conta comercial, segundo dados do Banco Central divulgados hoje. No mês, até o dia 17, o fluxo cambial está positivo em US$ 4,410 bilhões, resultado de um ingresso líquido de US$ 3,421 bilhões na conta financeira e um superávit US$ 989 milhões na conta comercial.

Caixa-preta na internet Fonte Jornal Folha de São Paulo Editorial 22/04/2015 Financiamento oficial a sites de militância política mal começa a ser investigado; caso mais recente envolve blogueiroanti-Dilma Há pouco mais de um mês, não chegou a causar surpresa a notícia de que o então secretário de Comunicação Social da presidente Dilma Rousseff (PT), Thomas Traumann, admitia em documento reservado o uso de robôs para multiplicar o conteúdo pró-governo nas redes sociais. Longe de refletir a opinião de cidadãos autônomos, mensagens são disseminadas automaticamente por dispositivos eletrônicos --e, nas últimas eleições, tanto governo como oposição terão recorrido a tais amplificadores de prestígio. Em tese, não há nenhum problema quando forças políticas organizadas se empenham na militância eletrônica. A questão é conhecer quem paga, quem produz, quem organiza a propaganda. Sabe-se pouco a esse respeito no Brasil. Ao observar que os robôs petistas foram desligados após as eleições, Traumann não dava detalhes quanto a isso; o fato de a avaliação provir de um ministro de Estado foi suficiente, contudo, para gerar grande desconforto. Terminou, como se sabe, em sua demissão. Mal-estar semelhante acomete, agora, setores do PSDB. Revela-se que o responsável por um popular site de oposição a Dilma recebe, pelo menos desde outubro do ano passado, R$ 70 mil mensais, oriundos da Subsecretaria de Comunicação do Estado de São Paulo. A operação, como de praxe, não é simples. Fernando Gouveia, ou Gravataí Merengue, como assina, tem uma firma de consultoria, a qual foi contratada pela agência de publicidade Propeg, dentro dos serviços prestados por esta ao governo de Geraldo Alckmin (PSDB). Oficialmente, a Propeg recorre ao blogueiro para serviços de "revisão, desenvolvimento e atualização das estruturas digitais". Gouveia afirma que as opiniões de seu site são dadas a título pessoal. Quanto ao governo paulista, este declina de responsabilidades; atribui à Propeg a decisão de contratar Gouveia e demonstra um compromisso com a transparência que não pode ser levado a sério. Após solicitação da reportagem, disponibilizou 88 caixas de documentos com gastos de publicidade, sem indicar a localização dos contratos com a empresa de Gouveia ainda não se sabe quanto ganhou por serviços prestados desde junho de 2013. Estratégia com o claro propósito de afastar a investigação da verdadeira caixa-preta. Anúncios oficiais de governo se justificam para campanhas de utilidade pública; no caso paulista, o combate ao desperdício de água e ao mosquito da dengue merecem recursos legítimos de propaganda.

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Cabe perguntar, todavia, que parcela das verbas públicas alimenta, por baixo do pano, grupos de militância a favor dos interesses das autoridades tucanas, petistas, peemedebistas, pouco importa. Pois, com tudo o que tem de moderno, a internet se rende à intransparência e ao arcaísmo da política brasileira.

Pendenga sem sentido Fonte Jornal Folha de São Paulo - Editorial 22/04/2015 Noticia-se que membros do Ministério Público Federal (MPF) e delegados da Polícia Federal (PF) envolvidos nas apurações da Operação Lava Jato tentam realizar uma reunião a fim de diminuir os pontos de atrito entre as duas equipes. Pelo bem do país, espera-se que consigam e logo. Na última quarta-feira (15), o ministro Teori Zavascki suspendeu a tomada de depoimentos relativos a sete inquéritos conduzidos no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF). Atendeu a um pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, segundo quem seria necessário definir melhor as estratégias do caso. Por trás do gesto de Janot há mais que um simples esforço para coordenar a linha de atuação dos investigadores. Sua intervenção representou, até agora, o ápice da disputa entre os órgãos encarregados de escrutinar o escândalo de corrupção na Petrobras. Procuradores vinham manifestando desconforto com o fato de a PF ter marcado oitivas sem consultar o MPF, a quem cabe apresentar a acusação formal à Justiça. Policiais, por sua vez, sustentam que procuradores estariam incomodados com as articulações da PF para conquistar autonomia operacional e orçamentária. O conflito de interesses chegou a tal ponto que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se sentiu instado a agir para amenizar o clima entre as cúpulas das instituições --sem sucesso, por enquanto. Ministros do STF também se mostraram preocupados com a pendenga. Como atesta a própria suspensão de depoimentos na semana passada, as desavenças entre o MPF e a PF prejudicam o andamento das investigações. Embora não se saiba quais oitivas terminaram adiadas, não custa lembrar que estão no Supremo, sob a relatoria de Teori Zavascki, os inquéritos da Operação Lava Jato que se referem a políticos. Circunstância que, sem dúvida, acrescenta desconfianças ao que de outra forma poderia parecer apenas uma reedição de antigas rixas entre os dois órgãos. Em qualquer hipótese, nada pode haver de proveitoso nesse mal-estar. Até para afastar as piores conjecturas, as cúpulas do Ministério Público Federal e da Polícia Federal precisam, a despeito das diferenças, levar adiante as apurações sobre os desvios bilionários na Petrobras.

Hoje, só amanhã Fonte Jornal Folha de São Paulo VINICIUS TORRES FREIRE vinit@uol.com.br 22/04/2015 A GENTE ESTÁ mais enfurnada do que de costume nos problemas domésticos do Brasil, absorta nas minúcias do cotidiano das crises. Viver da mão para a boca não vai prestar, nunca presta, ainda menos se a gente considera uma lista breve de problemas à espreita na próxima esquina (um, dois anos, é uma piscada). Conviria pensar no seguinte: 1) O ajuste fiscal em 2015 está difícil? O de 2016 é um problema quase do mesmo tamanho; 2) A chuva boa afastou o risco de racionamento de energia até, pelo menos, novembro. Não deve haver racionamento caso continue a chover "na média histórica" e o país continue a usar ao máximo as fontes de energia mais caras e poluentes. E 2016? 3) A alta dos juros nos EUA parece o lobo da história infantil, um alarme falso frequente sobre um risco incerto. Mas algum tumulto virá daí. No mínimo, será marco importante da mudança do jeitão da economia mundial;

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4) Os traços gerais do novo jeitão da economia mundial vêm sendo descritos faz uns cinco anos. Assim lenta, a mudança parece não fazer grande diferença para o Brasil. É ilusão de ótica. Reduzir o buraco das contas do governo de modo emergencial tem sido um problemão. Deve ser feito o mínimo necessário para o país não arrebentar, a muito custo e a machadadas (cortes brutais em investimentos do governo), não há alternativa agora. Em 2016, o problema continua: o superavit teria de aumentar, mas é improvável que a receita de impostos aumente a contento, e ainda haverá "restos a pagar" de Dilma 1. Será outra guerra, se não se cuidar do assunto com antecedência. Não se trata aqui nem de "reforma estrutural dos gastos", mas de evitar recaída na crise grave. Para fazer um serviço mais limpo, será preciso haver plano novo. Energia cara, chuva na "média histórica" e economia estagnada devem nos livrar do racionamento de eletricidade também em 2016 (pelo ora previsto, o crescimento da economia deve só repor o prejuízo de 2015). Dilma 2 apenas desmontou o sistema ruinoso de Dilma 1. Mas não há plano de reforma ou de contenção planejada de consumo. Suponha-se que a alta dos juros americanos seja muito gradual e não cause estragos súbitos no mundo e no Brasil. Muita gente entendida e poderosa acha isso improvável. Muitos dos otimistas acham que, por ser tão gradual, não haverá tanto dano assim. Mas uma alta tão gradual dos juros deve significar que a economia mundial estará andando muito devagar ainda. O Brasil precisa acelerar seus consertos para lidar com isso. O novo jeitão da economia global terá juros americanos em alta depois de nove anos (crédito mundial mais escasso), crescimento chinês declinando para metade do que foi nos anos 200010, preços em baixa de exportações importantes do Brasil, perda ao menos momentânea da graça do pré-sal, novos concorrentes para nossa indústria isolada e envelhecida (vizinhos da China e mesmo México) e os imprevistos de sempre (haveria agora uma arrancada indiana? Um novo crash? Novidades que ninguém estaria enxergando?). Em tese, nenhuma notícia boa para o Brasil, ainda mais este Brasil avariado. Mas dá para encarar, se não ficarmos concentrados apenas no nosso umbigo sujo.

As tartarugas fujonas Fonte Jornal Folha de São Paulo 22/04/2015 Há certa insistência, correta a propósito, para que a presidente faça o mea-culpa sobre a tal da "nova matriz macroeconômica", hoje órfã de pai e mãe, já que não há, nas hostes "desenvolvimentistas", quem tenha coragem de assumir a responsabilidade por seu estrondoso fracasso. Argumenta-se que, ao reconhecer seus erros, a presidente melhora a percepção acerca de seu compromisso com a nova política econômica, o que pode, em tese, contribuir para a redução dos custos a ela associados, sem, é claro, eliminá-los. Curiosamente, o Banco Central tem escapado ileso dessa cobrança. Considere, por exemplo, a declaração de seu presidente, afirmando que "o BC foi, está e continuará sendo vigilante com a inflação". Sério? Então só se pode concluir que o BC andou vigiando alguma outra inflação (talvez a america- na, quem sabe a europeia), porque a brasileira já fugiu faz tempo, segundo as más línguas em companhia das duas tartarugas a quem competia também sua guarda (uma terceira engravidou e o BC não sabe quem é o pai). A verdade é que o BC posa como se a inflação média de 6,2% ao ano observada entre 2011 e 2014 não fosse sua responsabilidade. Des- ses longos 48 meses, em apenas oito deles (entre março e outubro de 2012) a inflação ficou a menos de um ponto percentual da meta, mas, segundo o BC, nada disso lhe diz respeito. Pela sua particular mitologia, a culpa foi sempre de algo fora do seu controle. A chuva, a falta de chuva, o aumento de preço das commodities, a queda dos preços das commodities, assim como o gramado, nunca nas condições ideais para a prática da política monetária.

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Em momento algum o BC, seja na figura de seus diretores, seja por meio de seu presidente, teve a grandeza de vir a público e admitir que sua própria atitude fosse equivocada. De meados de 2011 ao início de 2013, como se sabe, o Copom embarcou num processo de redução das taxas de juros, mesmo em face de inflação acima da meta. Conscientemente ignorou as expectativas de inflação, que sugeriam a persistência desse processo, notando, de passagem, que o mercado foi até otimista (a inflação observada ficou algo como 0,5% ao ano em média mais elevada do que o previsto pelos analistas). Desconsiderou alertas em contrário, crente na superioridade da sua visão. Quando finalmente se rendeu às evidências e começou, tardiamente, o processo de aperto da política monetária, o fez de forma relutante. Interrompeu o ajuste por nada menos do que seis meses, de abril a outubro de 2014, e só o retomou, por coincidência ou não, depois de passado o segundo turno das eleições presidenciais. Ao longo do processo sua comunicação foi errática, sinalizando pausas que não se concretizaram, "longos períodos de estabilidade" que, na prática, duraram um par de meses, e completa falta de sintonia com o comportamento da inflação. Não é outro o motivo da extraordinária perda de credibilidade. Embora o BC jure hoje, por todos santos, orixás e deuses dos mais variados panteões, que busca trazer a inflação de volta para a meta de 4,5% em 2016 (e há quem ainda se digne a propagar a história), a média dos analistas vê inflação na casa de 5,6% no ano que vem. Essa diferença, 1,1 ponto percentual, é uma medida da (perda de) credibilidade; um BC crível obte- ria do mercado expectativas próximas à meta num horizonte tão longo (20 meses). A afirmação de seu presidente sugere que não há mudança na atitude do BC. Se já era vigilante e a inflação escapou, o que mudou para nos convencer de que, daqui para a frente, tudo vai ser diferente? Caso o BC queira recuperar, ao menos em parte, sua credibilida- de, será necessário, em primeiro lugar, reconhecer que errou no passado e que a consciência desse equívoco desempenhará papel importante na formulação futura da política monetária. Enquanto isso, se acharem duas tartarugas fujonas e o pai das tartaruguinhas, o BC agradece.

Votação faz crescer pressão de centrais e empresariado Fonte Jornal Folha de São Paulo CLAUDIA ROLLI DE SÃO PAULO 22/04/2015 Para enfrentar a votação das emendas feitas ao projeto que regula e amplia a terceirização nas empresas, centrais contrárias ao projeto fazem, nesta quarta-feira (22), protestos em frente à Câmara e na chegada de congressistas ao aeroporto de Brasília, enquanto empresários optam pela pressão "corpo a corpo" no Congresso. A expectativa da Fiesp, federação das indústrias paulistas, é que os deputados repitam o placar do dia 8, quando o texto principal do projeto de lei 4.330 foi aprovado por 324 votos e 137 contra. "São quase 1 milhão de empresas prestadoras de serviços, que geram milhões de empregos formais. A falta de regulamentação traz riscos para as empresas que terceirizam e aos trabalhadores em situação mais frágil em relação ao recebimento de salários e direitos", diz Paulo Skaf, presidente da Fiesp. Ao determinar que a empresa contratante fiscalize se a terceirizada está de fato recolhendo os direitos, os terceirizados ganham proteção, segundo o empresário. "Só tem resistência ao projeto as centrais que estão preocupadas com a representação e arrecadação sindical. A CUT não quer perder a representação para outras entidades sindicais que poderiam representar os trabalhadores terceirizados", disse Skaf. O PL não dá garantias de que a representação sindical será vinculada à atividade final --como ocorre hoje. A CUT entende que a questão mais polêmica do projeto é a extensão da terceirização para atividades consideradas essenciais. "Por que razão se troca funcionários diretamente contratados por outra empresa? Somente para baratear custos, ao se substituir uma mão de

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obra com mais proteção social e garantias por uma sem a mesma proteção", diz Vagner Freitas, presidente da central. "A CUT não está preocupada com a questão financeira. O que está por trás disso é uma tentativa de enfraquecer os sindicatos que enfrentam o empresariado. Sai o sindicalismo que vai para a rua, e entra o outro sem expressão."

Rombo nas contas externas soma US$ 5,7 bilhões em março e supera expectativas FONTE ADRIANA FERNANDES E VICTOR MARTINS - O ESTADO DE S. PAULO 22 Abril 2015 13h 00 O rombo nas contas externas alcançou US$ 5,7 bilhões em março, segundo a nova metodologia do Banco Central para as estatísticas de setor externo. Com as mudanças adotadas pela instituição, a série histórica foi reduzida e há dados disponíveis somente a partir de janeiro de 2014. Anteriormente, as informações iam até 1947. A projeção do BC para o déficit em conta corrente de março era de US$ 5,5 bilhões. O resultado também ficou ligeiramente acima das expectativas colhidas pelo AE Projeções, que iam de déficit de US$ 4,2 bilhões a déficit de US$ 5,7 bilhões (a mediana negativa encontrada foi de US$ 4,9 bilhões). No acumulado dos últimos 12 meses até março deste ano, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 101,641 bilhões. No trimestre, o rombo nas contas externas soma US$ 25,394 bilhões. Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, a nova metodologia das contas externas afetou pouco a trajetória da relação entre transações correntes e o Produto Interno Bruto (PIB). Dentro desse novo arcabouço, essa relação saiu de 4,2% do PIB para 4,4% em 2014. "Nós incorporamos novas despesas em transações correntes, isso elevou o déficit, mas o PIB também ficou maior (depois da revisão do IBGE) e absorveu isso", explicou. Para 2015, segundo Maciel, foi mantida a perspectiva de redução do déficit em conta corrente. Em março, o desempenho das contas externas foi influenciado pela relação comercial com outros países e pelas contas de serviços e renda. A balança comercial registrou um saldo positivo de US$ 230 bilhões, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 3,862 bilhões. A conta de renda também ficou deficitária em US$ 2,234 bilhões. Investimentos. Os Investimentos Diretos no País (IDP, antes chamados de IED) não foram suficientes para cobrir o rombo externo. Esses recursos trazidos por estrangeiros e que são destinados para o setor produtivo somaram US$ 4,263 bilhões em março, deixando uma diferença a ser coberta por capital especulativo, recursos que têm sido atraídos ao Brasil pelo elevado diferencial entre os juros externo e doméstico. O resultado ficou ligeiramente acima das estimativas apuradas pelo AE Projeções, feitas com base na metodologia antiga, que iam de US$ 3,3 bilhões a US$ 4,2 bilhões, com mediana de US$ 3,7 bilhões. Pelos cálculos do Banco Central, o IDP de março ficaria em US$ 3,6 bilhões. A estimativa da autarquia foi feita com base nos números até 20 de março, quando o País havia recebido US$ 2,4 bilhões em recursos externos.

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No acumulado dos últimos 12 meses até março deste ano, o saldo de Investimento Estrangeiro ficou em US$ 88,793 bilhões, o que representa 3,97 % do Produto Interno Bruto (PIB). No trimestre, o ingresso de investimentos estrangeiros destinados ao setor produtivo soma US$ 13,136 bilhões. A estimativa para a dívida externa brasileira em março é de US$ 347,761 bilhões. Segundo o Banco Central, em dezembro de 2014, último dado verificado, a dívida estava em US$ 348,489 bilhões. No fim de 2013, a dívida era de US$ 308,625 bilhões. Metodologia. As mudanças de nomenclatura fazem parte de uma série de alterações implementadas pelo BC para acompanhar a nova edição do manual de balanço de pagamentos do Fundo Monetário Internacional (FMI). A última revisão havia sido em 2001. Com a mudança, o BC introduziu nas estatísticas o conceito de "lucros reinvestidos" - que ocorre quando uma empresa obteve um lucro e decide manter esses recursos no Brasil em vez de repatriá-lo para a matriz. Essa nova conta tem impacto no registro de IDP, mas não afeta o fluxo cambial. Em março, os lucros reinvestidos ficaram negativos em US$ 223 milhões. O documento divulgado hoje traz 32 quadros, com 35 anexos, sendo cinco tabelas novas (para a conta de capital, câmbio contratado com financeiro detalhado, demonstrativo integrado de posição de investimento internacional, investimento direto no País com distribuição por setor de atividade econômica, e investimento direto com distribuição por país). Já na conta financeira, o BC introduziu uma mudança de sinal que reflete a posição do estoque. Na conta de transações correntes e de capital não há mudanças de sinais, apenas de nomenclaturas.

'Prêmio' por sonegar FONTE O Estado de S. PauloJosé Paulo Kupfer21 abril 2015 às 02h 02 Embora muitos fossem os alvos das grandes passeatas de março e abril contra o governo Dilma Rousseff, a indignação com a proliferação de denúncias de corrupção deu claramente, o tom dos protestos. Entre tantas faixas e cartazes levados à rua pelos manifestantes, um deles, com a declaração de que "sonegação não é corrupção", chamou particularmente a atenção. A mensagem, apesar de moralmente ambígua, traduzia, sem dúvida, aspiração libertária de que fosse promovido um corte no tamanho do governo, com redução ao mínimo de sua capacidade de intervenção no cotidiano econômico e social, típica do pensamento político mais conservador. A convocação de rebeldia à imposição de taxas e tributos podia lembrar o roteiro político de manifestações históricas que antecederam movimentos de independência nacional de fins do século 18, entre os quais a separação das 13 colônias inglesas, no que viria a ser os Estados Unidos da América, e a Inconfidência Mineira, no Brasil, comemorada neste 21 de abril. Ocorre que, por objetivar o uso de recursos ilícitos para a obtenção de vantagens sobre os demais contribuintes - cidadãos e empresas -, tanto a sonegação quanto a corrupção habitam os subterrâneos da vida em sociedade e não raro aparecem de mãos dadas nos desvãos sociais. Corromper com dinheiro sonegado é prática corriqueira no submundo. Há, em todo o mundo, preocupação crescente com as práticas de corrupção e sonegação de tributos. Organismos multilaterais, como o FMI, o Banco Mundial e a Unctad, agência da ONU voltada para o comércio global e o desenvolvimento econômico, têm se dedicado com

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assiduidade cada vez maior ao tema da fuga ao cumprimento de obrigações fiscais por pessoas e empresas. É que essas práticas, sob o nome de sonegação, evasão ou elisão fiscais, repercutem, intensa e negativamente, na economia e na ampliação do bem-estar, principalmente nas regiões mais pobres do planeta. O Brasil é um destaque negativo entre os países de renda média, quando se fala em sonegação de tributos. Está sempre entre os primeiros nos rankings dos que mais deixam de arrecadar tributos, em razão da evasão fiscal. Cálculos do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz) estimam em cerca de R$ 520 bilhões anuais o volume de dinheiro que deixa de ser arrecadado por manobras de planejamento tributário ou simplesmente fraudes fiscais. Essa quantia equivale a pouco menos de 10% do PIB e é praticamente igual ao orçamento anual do Ministério da Saúde. De acordo com o estudo do Sinprofaz para 2014, a sonegação desviou dos cofres públicos mais de um quarto da arrecadação prevista. Se tudo o que deveria ser recolhido chegasse ao destino legalmente determinado, a carga tributária poderia ser reduzida em pelo menos um terço, descendo a menos de 30% do PIB e, assim, equiparando-se à existente em países de renda per capita semelhante. A alta carga tributária é um dos maiores incentivos à sonegação baixo retorno em benefícios sociais, punições brandas e mal aplicadas, labirinto de leis e exigências burocráticas são alguns outros estímulos à sonegação, vê-se que a evasão puxa mais evasão. Esse círculo vicioso, que eleva o "prêmio" por sonegar, é reforçado pela probabilidade de o sonegador não vir a ser fiscalizado e, quando pego no ilícito, escapar de multas e juros, por meio legal ou não vide Operação Zelotes. Todo esse ambiente poluído é devidamente turbinado pelos governos, que preferem, historicamente, elevar alíquotas de tributos existentes ou criar novos. Sem falar no recurso condenável de reajustar faixas de rendimento tributável abaixo da variação dos índices de inflação e, com a manobra, taxar mais rendimentos que, em termos reais, não aumentaram.

Inadimplência das empresas sobe 7,9% no 1º trimestre, diz Boa Vista Fonte G1, São Paulo 22/04/2015 às11h 16 No acumulado dos últimos quatro trimestres, a alta na inadimplência foi menos acentuada, de 5,7%. Já na comparação do primeiro trimestre com os três meses anteriores, o crescimento foi de 3,1%. "Após dois anos de relativa estabilidade, a inadimplência das empresas enfrenta um novo período de aceleração, principalmente pelo cenário de forte incerteza econômica com retração industrial, perspectiva de estabilidade do comércio, forte desaceleração do crédito, níveis altos de inflação, entre outros fatores", diz a entidade em nota. A expectativa é que a inadimplência siga em alta ao longo do ano, e encerre 2015 acima do patamar do ano passado.

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