SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 23 DE JUNHO DE 2014
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Mercado mantém projeção de inflação em 2014 e prevê IPCA maior em 2015
SÃO PAULO - A expectativa dos analistas de mercado para inflação em 2015 continuou a se deteriorar, enquanto as projeções para este ano e em 12 meses seguiram inalteradas, de acordo com o Boletim Focus, do Banco Central (BC). A mediana das projeções para o avanço do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2015 saiu de 6,08% para 6,10%. Para 2014, seguiu em 6,46% e, em 12 meses, em 5,91%. A estimativa para o aumento do IPCA para junho continuou em 0,34%. Considerado como prévia do indicador oficial de inflação, o IPCA-15 apontou alta de 0,47% em junho. Embora tenha ficado acima do que previa a média do mercado (0,42%), o indicador desacelerou em relação a maio, quando houve avanço de 0,58%. Mesmo assim, segundo a visão dos economistas, o resultado não alivia as expectativas para a inflação neste ano. Nos 12 meses até junho, o IPCA-15 aponta inflação de 6,41%, próximo ao teto da meta, de 6,5%. Consta do Focus ainda nova redução das expectativas para os IGPs. Agora, a previsão é que o IGP-M termine este ano com alta de 5,94%, ante 6,05% no documento anterior, e que o IGP-DI tenha elevação de 5,50%, contra 6,19%.
FMI estuda nova opção para lidar com crises de dívida soberana WASHINGTON - O Fundo Monetário Internacional (FMI) estuda uma nova forma para enfrentar crises de dívida soberana, pela qual se pediria aos credores uma extensão dos vencimentos por um período limitado, sem uma redução do principal ou dos rendimentos. Em relatório divulgado nesta sexta-feira, o Fundo diz que debate caminhos para reduzir o custo dessas crises. As ideias em discussão pela diretoria-executiva tem como objetivo dar maior flexibilidade à instituição, afirma o documento. Segundo o FMI, as reformas cogitadas preservariam a sua capacidade de oferecer financiamento em grande escala sem uma reestruturação da dívida, quando não há preocupações significativas em relação à sustentabilidade do endividamento. Essa opção de um novo perfil (“reprofiling”, em inglês) seria usado apenas em algumas circunstâncias, e seria acompanhada por um “programa crível de ajuste”, que permitiria ao país resolver os seus problemas relacionados aos débitos. Hoje, com o atual arranjo, cabe ao FMI decidir se resgata um país seriamente endividado ou se condiciona o financiamento a uma redução antecipada da dívida, nota o relatório. Com um arranjo de empréstimos mais flexível, diminuiria a necessidade da chamada “isenção sistêmica”, que permite que a salvaguarda sobre a sustentabilidade da dívida seja relaxada quando há uma preocupação de que a reestruturação possa levar à volatilidade nos mercados de dívida de outros países. A nova proposta é alongar os vencimentos por um prazo definido, sem no entanto cortar o pagamento do principal ou dos rendimentos dos papéis. Em entrevista ao site do FMI, o vice-diretor do Departamento de Estratégia, Políticas e Revisão do Fundo, Hugh Bredenkamp, diz que as discussões estão em curso porque a experiência nos últimos anos com o arranjo atual sugere que há outros modos de lidar com problemas de dívida soberana, com um custo mais baixo. Primeiro, porque o nível de exigência atual é elevado, segundo ele. Hoje, o FMI precisa ter confiança com “alta probabilidade” de que a dívida é sustentável. Isso significa que, em todos os casos em que isso não ocorre, o Fundo tem que pedir uma redução da dívida. “E pode haver o caso em que uma perspectiva razoável de que o programa poderia ser bem sucedido sem a necessidade de diminuir a dívida”, diz Bredenkamp. O outro ponto, segundo ele, é que a questão da “isenção sistêmica” pode levar à situação em que os recursos do FMI são usados para pagar credores antes de uma operação de reestruturação da dívida que se mostra inevitável, como ocorreu no caso da Grécia. No site, o diretor do Departamento Legal do FMI, Sean Hagan, é questionado a respeito das implicações para essas propostas da decisão da Suprema Corte dos EUA no caso dos títulos da Argentina. Na segunda-feira, o tribunal não aceitou a apelação do governo argentino na disputa contra os 2
fundos que não concordaram com a renegociação feita em 2005 e 2010. Segundo Hagan, não há implicações potenciais específicas para o novo modelo em discussão pelo FMI. “Na verdade, como ressaltado no relatório, ela pode exacerbar os problemas de ação coletiva para todas as formas de reestruturação, incluindo redução de dívida antecipada”, diz Hagan. Segundo ele, o Fundo trabalha com opções de mercado para enfrentar essas questões mais amplas, incluindo a mudança de provisões contratuais em futuras emissões de bônus. Na terça-feira, o FMI afirmou que está preocupado com as implicações sistêmicas mais amplas da decisão da Suprema Corte dos EUA, e que “considera” o caso “com muito cuidado”.
Espanha vai cortar impostos para estimular crescimento MADRI - A Espanha vai diminuir impostos sobre a renda e sobre as empresas no ano que vem, em uma decisão que visa sustentar o crescimento na quarta maior economia da região do euro. O imposto de renda vai cair em 12,5%, em média. Os que ganham menos de 24 mil euros anuais (US$ 33 mil) verão uma queda de 23% até 2016, disse a vice-premiê, Soraya Saenz de Santamaria. O principal imposto de pessoa jurídica baixará para 28% no próximo ano e, em seguida, para 25%. Ela descartou elevar o imposto sobre vendas além do que será aplicado para uma gama restrita de produtos de saúde - nos quais a Comissão Europeia ordenou uma mudança. "Depois dos esforços da sociedade espanhola durante a crise, esta decisão destinase não apenas a recompensar os sacrifícios, mas também revigorar o crescimento e a criação de empregos", disse Soraya, durante uma conferência de imprensa em Madrid hoje, após a reunião semanal de gabinete. O plano vai acrescentar 0,5 ponto percentual por ano ao crescimento econômico da Espanha, estimou o ministro do Orçamento, Cristobal Montoro. "A reforma tributária vai ajudar as empresas a aumentar a sua dimensão e competitividade", disse Montoro. O plano também inclui um incentivo fiscal para as empresas aumentarem suas reservas, disse Montoro. As taxas de imposto sobre empresas na Espanha se comparam com os 23% no vizinho Portugal e 12,5% na Irlanda, o país que está se recuperando mais rápido da crise da dívida soberana da Europa. A taxa máxima de imposto de renda vai cair de 52% para 45%, enquanto a alíquota mais baixa diminuirá de 24% para 19% até 2016, o segundo ano do programa, disse Montoro. Isenções fiscais para as famílias seraõ ampliadas, afirmou. O país emergiu no ano passado de sua segunda recessão desde 2008, mas a taxa de desemprego de 25% continua a ser a segunda mais elevada da União Europeia. O endividamento do governo está se aproximando de 100% do Produto Interno Bruto (PIB), e seu déficit orçamentário foi o quarto maior da União Europeia em 2013.(Bloomberg)
Brasil é segundo país que mais investiu na União Européia em 2013 Dados divulgados nesta sexta-feira (20) pelo Eurostat (escritório de estatística da União Europeia) mostram que o Brasil foi o segundo país que mais enviou recursos para investimentos produtivos na região em 2013. Os europeus registraram a entrada de € 21 bilhões (cerca de R$ 65 bilhões) vindos do Brasil. O país ficou atrás apenas dos EUA, que enviaram à região € 313 bilhões em investimentos diretos. Esses recursos são normalmente utilizados na compra de participação em empresas ou na ampliação da capacidade de produção. O valor remetido pelo Brasil no ano passado representa um incremento relevante em relação ao verificado pelo Eurostat em 2012. Naquele ano, o escritório havia registrado uma saída de € 3 bilhões em recursos brasileiros. Luís Afonso Lima, presidente da Sobeet (sociedade de estudos de empresas transnacionais), afirma que, nos últimos anos, brasileiros aproveitaram a crise europeia para adquirir empresas na região por um valor mais baixo. Os principais alvos foram em Portugal e na Espanha. O objetivo é produzir mais perto dos seus 3
mercados consumidores e driblar barreiras comerciais, na ausência de acordos de livre comércio entre Brasil e União Europeia.
Linha de produção da Embraer em Évora, Portugal.
"As empresas relatam que são mais competitivas instalando-se lá do que exportando para estes países", diz ele. Os números do Eurostat são superiores aos registrados pelo Banco Central do Brasil, que contabilizou uma saída total de investimento produtivo de US$ 24 bilhões (€ 17 bilhões) em 2013. Os países têm metodologia distinta para medir investimento produtivo e, por isso, têm resultados diferentes. Porém, a estatística brasileira informa que a Europa é o principal destino dos investimentos no exterior, com 42% do total. EUA e Canadá vêm em seguida, com 33%. Lima observa que os europeus vêm perdendo participação, com a emergência de africanos como opção para as empresas brasileiras. A Eurostat informa que o país que mais recebeu recursos do Brasil na União Europeia foi Luxemburgo, que funciona como uma central de distribuição de investimentos devido a vantagens tributárias que oferece a empresas que entrem no país. Levantamento da Sobeet, que expurga esse efeito, indica que Espanha e Hungria foram os preferidos em 2012. No ano passado, segundo o Eurostat, o Brasil recebeu € 35,6 bilhões em investimentos da União Europeia (R$ 107 bilhões), o terceiro destino.
Calote do país vizinho afetaria PIB do Brasil em 2014, diz estudo Um possível calote da dívida argentina teria impacto negativo no crescimento econômico do Brasil neste ano. A avaliação é da EIU (Economist Intelligence Unit). Segundo Robert Wood, analista de Brasil da consultoria britânica, a expansão do país pode ser até 0,5 ponto percentual menor caso a Argentina entre em default (calote). Isso levaria o Brasil a crescer 0,7% neste ano, em vez do 1,2% esperado por analistas. "Um default levaria a Argentina a reduzir sua demanda por importações", afirma Wood. Ele ressalta que um calote provocaria uma forte desvalorização do peso, reduzindo o poder de compra da moeda do país vizinho. A Argentina é o terceiro principal destino das exportações do país (atrás da China e dos Estados 4
Unidos) e lidera as compras de automóveis, item mais importante da pauta de manufaturados vendidos pelo Brasil. Em uma análise divulgada na semana passada, a EIU afirmou que a Argentina "está à beira" de um default e que o governo do país tem um espaço muito limitado para qualquer manobra. No entanto, a diretora de América Latina da EIU, Irene Mia, ressalta que um calote acentuaria o cenário recessivo do país. A consultoria prevê que o PIB (Produto Interno Bruto) argentino caia 1% neste ano. Dada a situação econômica já ruim do país, a EIU não descarta que a Argentina chegue a um acordo com seus credores. Isso poderia envolver, por exemplo, o pagamento àqueles que têm novos títulos de dívida. Uma solução desse tipo, diz a consultoria, talvez seja aceita pelos credores que, em caso de calote, não receberiam nada, apesar da recente vitória na Justiça contra o governo argentino.
Com crime e em crise, México faz reformas para vencer o medo São Paulo – O Brasil pisa hoje no gramado da Arena Castelão, em Fortaleza, para enfrentar o México, outro gigante econômico com quem compartilha muitos dilemas (e uma forte relação comercial). Algum tempo atrás, o banco Nomura disse que a economia mexicana poderia passar a brasileira e se tornar a segunda maior da América Latina já em 2022. Mas, assim como nós, o México também foi rapidamente da euforia à frustração. Depois de um crescimento respeitável na década passada (tirando um duro 2009 pós-crise), o país começou a ver seu otimismo encolher a cada novo relatório. Em 2013, o PIB cresceu só 1,1%. Para este ano, a projeção já caiu de 3,9% para 2,7%. O presidente atual é Enrique Pena Nieto, do PRI (Partido Revolucionário Institucional), partido que governou o México por toda sua história moderna, com exceção do período entre 2000 e 2006. Ele assumiu no começo do ano passado com um pacto com a oposição para levar adiante uma agenda ambiciosa de reformas. No setor de energia, foi permitida a entrada de capital privado nacional e estrangeiro, dando fim a um monopólio estatal que já durava 75 anos. Na telecomunicações, as regras das privatizações dos anos 90 foram atualizadas para reduzir tarifas, compartilhar redes e impedir que nenhuma empresa tenha mais da metade do mercado. Carlos Slim, segundo homem mais rico do mundo, será atingido em cheio: sua América Móvil tem 70% do mercado de telefonia móvel e 80% do de telefonia fixa do país. Uma reforma fiscal trouxe folga nas receitas ao aumentar impostos sobre refrigerantes, mineradoras e os mais ricos (o país tem uma das menores cargas tributárias da América Latina: 19%, contra 36% no Brasil). Ao contrário daqui, onde a inflação está no teto da meta e não há espaço para mais gastos, o México pôde reagir ao pessimismo com cortes de juros e novos gastos. O mercado está gostando. A Moody’s aumentou a nota da dívida do país pouco mais de um mês antes da Standard & Poor’s ter rebaixado a brasileira. Para o bem ou para o mal, a economia mexicana é uma das mais abertas do mundo emergente e acaba dependendo principalmente dos humores do seu vizinho de cima. Hoje, 20 anos depois da criação do NAFTA, os Estados Unidos compram 77% das exportações mexicanas - e o que foi maldição durante a crise de 2008 deve voltar a se tornar vantagem com a recuperação americana. A maior ameaça para os mexicanos continua sendo mesmo é a escalada da violência. Enquanto a Colômbia colhe os frutos de combater (e agora negociar) com as Farc, a estratégia mexicana de colocar o exército para sufocar os cartéis não impediu o aumento dos assassinatos. A violência relacionada ao tráfico matou 60 mil mexicanos entre 2006 e 2012, de acordo com a Human Rights Watch. Só em 2011, o crime custou cerca de US$ 16,5 bilhões ao país, o equivalente a 1,38% do PIB, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Informática.
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Para ex-presidente do BC argentino, Cristina precisa parar de improvisar O economista Martín Redrado conquistou a admiração do mercado ao renunciar a presidência do banco central argentino por se recusar a cumprir as ordens da presidente Cristina Kirchner. Ele afirma que o governo de seu país precisa "profissionalizar" a negociação de suas dívidas com os credores e parar de "improvisar". "Não é possível negociar pela TV. Diria à presidente para calar a boca por um tempo. Essas negociações têm que ser feitas longe das câmeras", disse Redrado à Folha. Na sexta-feira (20), Cristina afirmou que quer "condições justas para pagar 100% dos credores". Foi a primeira declaração conciliadora em muitos anos. Alguns fundos não aceitaram a renegociação da dívida argentina após o calote de 2001 e recorreram à Justiça dos EUA, que decidiu agora que o governo deve pagá-los antes de quitar as parcelas da dívida já negociada. A situação pode levar o país a um novo calote no dia 30, quando vencem os juros da dívida. Redrado diz que o "default" não é inevitável, mas que é preciso negociar com todos os envolvidos. "A economia argentina não tem condições de dar o calote."
Martín Redrado, ex-presidente do banco central e ex-secretário de Comércio da Argentina.
Folha - O governo argentino disse que não vai pagar os juros da dívida que vencem no dia 30. O calote é inevitável? Martín Redrado - Não. A economia argentina não tem condições de dar um calote. É necessária uma negociação inteligente, profissional, com todos os envolvidos. Há muita improvisação, idas e vindas. Estou convencido de que não se negocia por meio da televisão, mas com posições firmes e num marco correto. Se estivesse no governo, como conduziria o processo? Sem dúvida, tem que profissionalizar. Diria à presidente que cale a boca por um tempo e não fale mais em cadeia nacional. E ao ministro da Economia que não faça mais coletivas de imprensa e busque a convergência. Todos têm que flexibilizar sua posição. Os credores que ficaram de fora não vão receber 100%, mesmo tendo uma decisão judicial que os ampare. Os detentores dos títulos da dívida já renegociada têm que colocar parte dos seus lucros sobre a mesa. Com isso, o governo teria uma oferta para satisfazer todas as partes. Essas negociações têm que ser feitas numa sala em Manhattan, longe das câmeras. 6
Na sexta-feira, a presidente Cristina Kirchner disse que quer pagar todos os credores. O que o senhor achou do pronunciamento? O que estou dizendo é que não se negocia pela televisão. O que ocorreu na sexta não foi uma posição negociadora, mas conciliadora. É a primeira vez que a presidente fala que vai pagar todos os credores. Em 2012, ela disse que não íamos pagar nem US$ 1 e que não acataríamos a decisão da corte de Nova York. A Argentina não pode negociar com os credores que ficaram de fora sem estender as mesmas condições àqueles que aceitaram a renegociação. E, para isso, não há recursos. É um beco sem saída? Sempre há saída. Podemos trazer para a mesa os detentores de bônus que correm o risco de não receber seus juros. Também podemos negociar com um banco de investimento que compre a dívida dos fundos que estão em litígio. Dessa maneira, a negociação não seria extensiva a todos os credores. Qual é a sua opinião sobre a estratégia do ministro da Economia, Alex Kiciloff, de pagar a dívida na Argentina em vez de depositar os recursos em Nova York para evitar o bloqueio? Outra improvisação. O governo vai mudando de ideia à medida que horas passam. O Banco Central argentino se preparou para essa situação? Deixei um BC com capacidade para atender qualquer contingência. Tinha US$ 50 bilhões de reservas internacionais e uma relação entre pesos e reservas de 3,9. Agora é preciso multiplicar as reservas por 13 para cobrir os pesos em circulação. Não só gastaram as reservas como quintuplicaram a emissão de moeda. O BC está vulnerável. E, se conseguirem acordo, será parecido com o da Repsol [que cobrava indenização pela estatização da YPF], para o qual emitiram dívida para o ano de 2024. Ou seja, passaram a responsabilidade para as futuras gerações. Qual seria o impacto de um calote para a economia? O calote vai gerar menor disponibilidade de divisas, menos produção e menos emprego. Será um freio ainda mais forte numa economia que deve encolher 1,8% neste ano. O ciclo está se esgotando, com o governo sem capacidade para resolver a falta de crescimento, a altíssima inflação e a baixa geração de emprego. Um calote vai aprofundar a estagflação. E o Brasil? Como será afetado? As exportações do Brasil para a Argentina vão cair, mas o impacto será pequeno. Não há um canal financeiro de contágio. Os investidores diferenciam bem o "risco Brasil" do "risco Argentina". A Argentina negociou com o Clube de Paris e com a Repsol. Esse esforço foi perdido? 7
A Argentina estava jogando uma ficha muito importante com essas negociações e ao buscar um índice de inflação mais confiável. São passos para ganhar credibilidade e voltar ao mercado de capitais. Um calote pode colocar tudo a perder. A decisão do juiz americano coloca em risco todas as negociações de dívidas dos países? É imperioso incluir nas emissões de dívidas soberanas uma cláusula que permita fechar uma renegociação com dois terços dos credores.
Crescimento e poupança A coluna da semana passada tratou da formação da poupança. Nossa baixa taxa de poupança e suas implicações para crescimento, câmbio e participação da indústria no PIB foram objeto das cinco colunas de março. Falta esclarecer o leitor sobre as diferentes leituras do processo de formação de poupança. A leitura pós keynesiana considera que a formação de poupança é um fenômeno essencialmente macroeconômico e causado pelo crescimento econômico. A narrativa pós keynesiana da formação da poupança inicia-se com um bom manejo de política macroeconômica que resulta na aceleração do crescimento. A melhora das expectativas empresariais que segue da aceleração do crescimento mobiliza o "espírito animal" dos empresários que demandam crédito. O poder de compra carreado ao empresário pela intermediação financeira permite que ele invista. O investimento eleva-se e, com ele, há uma segunda onda de aceleração do crescimento, que ocorrerá quando os investimentos maturarem. Até esse ponto não há discordâncias entre economistas. Elas surgem quando o tema é a forma pela qual a decisão de gasto dos empresários soluciona-se agregadamente. A escola pós keynesiana considera que quase sempre, para não dizer sempre, há capacidade ociosa generalizada na economia. Portanto, a elevação do investimento mobiliza recursos que estão desocupados. Antes mesmo do efeito acelerador do investimento sobre o crescimento a expansão da capacidade produtiva, a produção já se eleva pela ocupação da capacidade ociosa, o chamado efeito multiplicador. A elevação da produção decorrente da ocupação da capacidade ociosa, o efeito multiplicador, gera a poupança macroeconômica que financia o investimento do empresário. Ou seja, a decisão de investir automaticamente cria sua poupança. A escola de pensamento neoclássica faz dois reparos a essa leitura pós keynesiana. Primeiro, se não houver ociosidade generalizada, a demanda do empresário ao investir —isto é, ao contratar projetos, adquirir máquinas e executar obras civis- pressionará o mercado de bens e serviços da economia, elevando a inflação. Esta foi a dinâmica macroeconômica, por exemplo, do período JK. Segundo, se houver um regime de política econômica que combata a aceleração da inflação, a solução ocorrerá por meio de elevação da absorção de poupança externa. Isto é, o aumento do investimento ocorrerá simultaneamente ao aumento do déficit externo. Esta dinâmica descreve relativamente bem o período Lula. A taxa de investimento elevou-se de 15 para 20 pontos percentuais (p.p.) do PIB enquanto que a taxa de poupança elevou-se de 15 para 17,5 p.p. do PIB. O problema é que o financiamento do investimento de forma inflacionária ou por meio de poupança externa não é sustentável. A economia ingressa em espiral inflacionária ascendente que termina com hiperinflação ou o ciclo termina em uma 8
crise externa de balanço de pagamento; ou, ainda, em um pouco de cada. Somos doutores em ambas. A questão é sabermos os motivos de algumas sociedades conseguirem formas sustentáveis de financiamento da elevação da taxa de investimento que acompanha o processo de aceleração do crescimento, e outras, não. Para a tradição pós-keynesiana, erros de política econômica explicam essa incapacidade. Geralmente a política econômica permite que o câmbio real se valorize excessivamente e, adicionalmente, não consegue promover políticas microeconômicas que eliminem os gargalos que naturalmente aparecem ao longo do processo. Para a tradição neoclássica, se o câmbio fosse mais desvalorizado, a inflação teria sido maior. Além disso, a fonte dos desajustes entre o crescimento da taxa de investimento e da taxa de poupança está nos incentivos microeconômicos que fazem com que a porção da renda poupada, nos episódios de aceleração do crescimento, não seja suficiente. Para a tradição pós keynesiana temos erros de política econômica. No mundo neoclássico, nossas dificuldades de sustentar ciclos longos de crescimento seguem da economia política isto é, da dificuldade política de implantar instituições e incentivos que aumentem a resposta da poupança a surtos de crescimento— e, portanto, não têm solução simples.
Depois da Copa As emoções da Copa só aumentarão nas próximas semanas. Após o torneio, no entanto, o foco deve se voltar à Olimpíada do Rio, e é importante usarmos as lições do Mundial para uma organização vitoriosa em 2016. O principal desafio da organização da Copa foi o número excessivo de participantes na construção de estádios, vias de transporte etc. Isso criou situação complexa e, algumas vezes, confusa. Existem arenas de clubes e de governos estaduais, com fontes diversas de financiamento. A mobilidade urbana envolve municípios e Estados. As comunicações envolvem operadoras de telefonia e outras empresas. Já o governo federal cuida dos aeroportos, do trafego aéreo e de outras responsabilidades. A Copa é, portanto, trabalho complexo no qual diversos atores agem de forma independente e com muita inter-relação. Já a Olimpíada traz desafios e oportunidades diferentes. Em relação às instalações esportivas, o nível de complexidade é muito superior. A construção de estádio de futebol é conhecida no Brasil. Já em diversas modalidades olímpicas, não há experiência técnica disseminada no país. Por outro lado, a Olimpíada ocorre só em uma cidade, e o município do Rio de Janeiro passou a ser o maior responsável pelas instalações esportivas. A grande lição da Copa à Olimpíada até aqui é que o cronograma das diversas obras deve ser coordenado e seguido rigidamente. Esta também é a lição de Olimpíadas passadas, em jogos bem-sucedidos, como Barcelona, Sidney e Londres, que promoveram seus países, ou problemáticos, como Atenas, que prejudicaram a imagem da Grécia. Essas experiências apontam que o caminho do sucesso é ter cronograma claro, organizado pelas diversas esferas envolvidas e que seja seguido rigorosamente. O Rio já tem esse cronograma. Agora é dar atenção cada vez maior à sua execução. Em todas as Olimpíadas são usadas as cores verde, amarela, vermelha e preta para classificar os itens que estejam dentro do prazo, um pouco atrasados, muito atrasados ou que precisem de solução alternativa, no caso do preto, por ser impossível seguir o plano. Seria interessante a divulgação periódica das cores atribuídas a cada 9
obra, pois permitirá que todos sigam de forma atenta sua execução. Depois dos sustos nos preparativos da Copa, com muita coisa pronta na última hora, temos a oportunidade de promover outro evento global que projete um país com alta capacidade de organização. O sucesso esportivo e afetivo da Copa pode ser consolidado numa Olimpíada que de fato mostre um Brasil capaz de trabalhar de forma organizada e executar projetos complexos. Esse foi o nosso compromisso com o COI em 2009. É hora de trabalhar duro e entregar o que foi prometido.
Montadora que desenvolver motor a etanol mais eficiente terá desconto no IPI As montadoras que desenvolverem motores a etanol mais eficientes terão direito a descontos no pagamento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). O programa Inovar-Auto, em vigor desde o início de 2013, prevê descontos no pagamento do imposto para as empresas que cumprirem metas de eficiência energética e de conteúdo local. O investimento nos carros a etanol será contabilizado nas metas de engenharia, que possibilita redução de até dois pontos percentuais no IPI devido, afirmou nesta sexta-feira (20) o ministro Mauro Borges (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). No total, o regime Inovar-Auto permite o corte de 34 pontos percentuais no imposto para as montadoras que cumprirem todas as metas estipuladas, que incluem ainda gastos em pesquisa e desenvolvimento. "Estamos explicitando que um esforço de engenharia para aumentar a eficiência relativa do etanol também será parte da contabilidade dos dois pontos percentuais", disse. Para isso, um artigo foi incluído na lei que versa sobre o regime automotivo, permitindo que os veículos flex (gasolina e etanol) com "relação de consumo superior a 75%" possam ser beneficiados com o desconto de imposto. Hoje, em média, o consumo de um veículo flex abastecido com gasolina equivale a 70% do consumo daquele abastecido com etanol. "Então, ao invés de a relação ser de 70%, poderia ser por exemplo de 80%", afirmou Borges. O ministro afirmou ainda que foram definidos os parâmetros para a aferição do conteúdo local dos carros produzidos no Brasil. A expectativa é que em dois meses seja publicada a regulamentação do processo de rastreabilidade. Até agora, as montadoras vêm cumprindo as metas de conteúdo local com processos autodeclaratórios. "Vai aumentar a fiscalização inclusive com auditorias. Estamos criando um sistema de aferição de conteúdo local, de informação das notas fiscais e vamos ter auditorias de terceira parte".
Brasil está longe de cortar taxa básica Enquanto alguns países emergentes têm cortado a taxa básica desde o início do ano diante dos sinais fracos da atividade econômica, no Brasil os economistas não veem espaço para um afrouxamento da política monetária e redução das atuações no câmbio, apesar da previsão de crescimento fraco do PIB para este ano. Estudo da consultoria Capital Economics mostra que de 29 mercados emergentes que têm taxas de câmbio flutuante, oito cortaram a taxa básica de juros para estimular o crescimento das economias, como o México e a Turquia. No caso do 10
Brasil, da Rússia e da Índia, destaca a consultoria, uma redução da taxa básica de juros poderia pressionar ainda mais a inflação, que já está em um patamar elevado, em vez de impulsionar o crescimento. Para o economista do Barclays para a América Latina, Marcelo Salomon, a condução da política monetária do Banco Central vai depender do nível de atividade. Se a demanda desacelerar muito ou o PIB tiver uma forte retração, há a chance da autoridade monetária não elevar a taxa básica de juros no fim do ano ou início do ano que vem, apesar da expectativa de a inflação continuar alta. O banco já vê um risco de um cenário de estagflação para o Brasil neste ano e em 2015, prevendo uma variação negativa para o PIB no segundo trimestre. No primeiro trimestre, o PIB cresceu apenas 0,2%, acumulando um avanço de 1,90% em 12 meses. A mediana das projeções para o crescimento do PIB no último Boletim Focus, divulgado pelo BC, era de um crescimento de 1,24% para este ano. Já a inflação, segundo o Barclays, deve romper o teto da meta (de 6,5%) em julho e encerrar dezembro em 6,4%. No acumulado de 12 meses até maio, o IPCA mostrava uma alta de 6,37%. Em um cenário de interrupção do ciclo de aperto monetário, o câmbio torna-se uma importante variável para conter a inflação. O diretor de pesquisa econômica para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, destaca que o governo vem usando o câmbio e o represamento dos preços administrados para segurar a inflação, mas que esses instrumentos não se mostram eficazes para controlar as expectativas inflacionárias. "Essa política tem contribuído para manter a expectativa de inflação alta, pois todos esperam um ajuste dos preços administrados e do câmbio mais à frente", destaca. Para ele, o principal problema da economia brasileira é a inflação alta, que aumenta os custos e as incertezas, afetando a confiança de empresários e consumidores e impede uma retomada da economia. "O BC interrompeu prematuramente o ciclo de aperto monetário", diz Ramos. No entanto, Ramos destaca que é pouco provável uma mudança da política monetária até as eleições de outubro, com o BC devendo manter a taxa Selic em 11% e controlar o câmbio por meio do programa de intervenção, que estava previsto para acabar em 30 de junho, mas foi estendido pelo BC. Mantido desde agosto do ano passado, o programa de intervenção conta hoje com a venda diária de US$ 200 milhões por meio dos leilões de contratos de swap cambial. A autoridade monetária ainda não informou as condições de oferta nem o prazo de duração do programa na nova etapa. O diretor-executivo e chefe de pesquisas para mercados emergentes das Américas da Nomura Securities, Tony Volpon, tem a mesma opinião e acredita que o BC deverá manter a postura atual, mantendo os juros e intervindo no câmbio, até a eleição. É a definição da sucessão presidencial e, como consequência, da próxima diretoria do BC que indicará o rumo da política monetária no próximo ano. "É a política fiscal e a parafiscal que explicam o fato de o juro ter subido 375 pontos-base sem aliviar a inflação. Então, somente quando esse elemento estiver definido é que será possível prever o futuro dos juros", afirma. Volpon diz acreditar que muito da pressão sobre os preços e também sobre o câmbio vem desse quadro de indefinição. "O governo não reconhece que há um desequilíbrio e isso gera um prêmio de risco nas expectativas", diz. Quando a política fiscal tornar-se mais crível e mais apertada, diz, então pode haver uma melhora das expectativas de inflação e uma apreciação do câmbio "relevante", o que pode tornar desnecessário um aperto monetário mais forte. Até lá, diz Volpon, a Selic deve permanecer estável e o BC terá de segurar uma desvalorização do câmbio, evitando que o dólar torne-se um fator de pressão. O economista do Barclays também espera que o BC mantenha as mesmas condições atuais do programa de intervenção. "O BC não tem interesse que o câmbio deprecie e vai continuar oferecendo hedge para o mercado para que o câmbio continue nesse intervalo entre R$ 2,20 e R$ 2,30." Além disso, lembra Salomon, com a extensão do programa de intervenção o BC já estaria com um instrumento à mão para controlar o aumento da volatilidade esperado para o segundo semestre, por conta das eleições em outubro e a intensificação da discussão sobre a normalização da política monetária nos Estados Unidos.
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Estudo diz que recessão na zona do euro só deu pausa O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, lançou um sinal de alerta sobre a "vulnerabilidade" da retomada da economia da zona do euro. A turbulência nos mercados financeiros e riscos geopolíticos podem pesar numa recuperação que continua frágil, desigual e com uma taxa de desemprego recorde. A recessão na zona do euro não acabou, apenas atravessa uma pausa prolongada, concluiu um grupo de economistas europeus reunidos no Centre for Economic Policy Research (Cepr). No primeiro trimestre do ano, houve nova desaceleração na região. E o grupo de economistas, reunido para determinar a data de início e fim do ciclo economico, avalia que o crescimento até agora na zona do euro tem sido tão fraco que não constitui evidência suficiente de que a região saiu mesmo da recessão. Desde o começo de 2013, a zona do euro tem registrado um período longo de crescimento econômico de menos de 1%, e o desemprego recorde pouca mudou. "A zona do euro pode estar experimentando desde o começo de 2013 uma pausa prolongada na recessão que começou após o terceiro trimestre de 2011", diz o grupo que inclui Lucrezia Reichlin, ex-economista do BCE e hoje professora da London Business School. O grupo evitar prever a duração do ambiente de recessão e ressalva que constatar que ela ainda não acabou tampouco reflete uma projeção negativa sobre o crescimento futuro das economias que usam a moeda comum europeia. Outros economistas consideram, por sua vez, que o fraco crescimento do custo do trabalho na zona do euro reforça a evidencia de riscos de deflação na região. A queda no aumento de salários não tem sido confinado ao setor público ou às economias da periferia. "O desenvolvimento no mercado de trabalho alimenta os riscos de deflação na zona do euro e reforça as pressões para o BCE fazer mais contra isso', avalia Jennifer McKeown, de Capital Economics. Conforme dados publicados na semana passada, o crescimento do custo da hora de trabalho na zona do euro passou de 1,6% (anual) no quarto trimestre de 2013 para apenas 0,9% no primeiro trimestre deste ano, representando a menor taxa desde que os custos do trabalho passaram a ser coletados, em 1999. Levando em conta que o aumento da produtividade do trabalho na região foi de 0,8% no primeiro trimestre, o custo unitário do trabalho subiu apenas 0,15% no ano passado. Ao mesmo tempo, dados mais recentes sinalizam que a inflação pode cair ainda mais. Em entrevista ao jornal holandês "Telegraaf", Mario Draghi reiterou que o BCE não vê deflação, no sentido de ampla queda de preços que induz empresas e famílias a adiarem decisões de consumo e de investimento. "No entanto, vemos uma inflação baixa que persiste por um longo período. Se durar muito tempo, o ajuste nos países em crise torna-se mais difícil", disse, em referência a competitividade e redução da dívida. Uma pesquisa da Comissão Europeia mostrou também queda inesperada na confiança do consumidor europeu em maio, pondo fim a uma melhora de sentimento que vinha ocorrendo nos últimos dois anos e meio. Embora os consumidores estejam mais otimistas quanto às perspectivas econômicas e considerem que o pior da crise já passou, o gasto das famílias dificilmente voltará tão cedo ao nível de antes da crise. Alem de a retomada do consumo continuar anêmica, os investimentos de empresas permanecem fracos e dificilmente retornarão a normalidade antes de 2015 ou 2916, acreditam analistas. Nesse cenário, os lideres europeus entraram numa nova fase de discussões sobre se a União Europeia deve relaxar as regras de déficit e divida dos países. A França acha que a meta de 3% de déficit precisa ser revista para dar espaço a medidas de estímulo ao crescimento. O ministro da Economia da Alemanha, o social-democrata Sigmar Gabriel, apoiou os franceses. Mas a premiê Angela Merkel avisou que as regras europeias não mudarão.
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Uma agenda não exaustiva para o setor elétrico do país A Lei 10.848/04, que pauta o funcionamento do Setor Elétrico Brasileiro (SEB), estabelece que a contratação de energia elétrica deva atender a "critérios gerais de garantia de suprimento de energia elétrica que assegurem o equilíbrio adequado entre confiabilidade de fornecimento e modicidade de tarifas e preços". Tais critérios explicitam a necessidade de pautar a política energética pela busca de um equilíbrio entre objetivos de curto e longo prazo. O momento atual que experimenta o SEB evidencia sua incapacidade de satisfazer o objetivo expresso na Lei 10.848/04. As notícias sobre o setor evidenciam preocupações com níveis dos reservatórios e segurança do suprimento, custos elevados da geração termelétrica adicional e seus efeitos sobre o equilíbrio econômico-financeiro de distribuidoras e geradoras. Analisando a evolução da indústria de energia elétrica no Brasil, no início da década de 70, quando predominavam empresas verticalmente integradas, foram estabelecidas tarifas uniformes para o consumidor em todo o país. Como resultado, em 1993 houve a necessidade de reestruturar o setor, cuja performace se encontrava permeada por subsídios cruzados que geravam ineficiência e incapacidade e promover uma expansão nas bases demandadas pela população. Foi necessário estabelecer mecanismo compensatório que exigiu aporte equivalente a US$ 23 bilhões. A reforma do setor desenhada no início da década de 90 não foi completada e em 2001-2002 ocorreu uma crise. O valor atualizado das compensações autorizadas no setor totaliza R$ 20 bilhões, cerca de 40% da receita anual do setor à época. O momento atual também parece exigir um aporte de recursos da ordem de 40% da receita anual do setor. Diante desse quadro, cabe buscar uma agenda positiva para o futuro de setor. Trata-se de identificar mudanças de curto, médio e longo prazo capazes de evitar passivos regulatórios e contas futuras para a sociedade. A medida que pode ser tomada em prazo mais curto é o incentivo à resposta da demanda. Essa pode se dar, por exemplo, por preços que reflitam os custos e a escassez relativa. Nesse sentido, a Aneel já havia proposto bandeiras tarifárias que transfeririam mais rapidamente ao consumidor os preços maiores vigentes no mercado de curto prazo; entretanto, sua aplicação foi postergada do início de 2014 para o inicio de 2015. A título ilustrativo, caso estivessem vigentes no primeiro trimestre de 2014, os preços registrados no mercado de curto prazo teriam permitido arrecadar aproximadamente R$ 2,5 bilhões. E certamente teriam produzido uma resposta do consumidor, melhorando as condições atuais. No médio prazo, uma avaliação desse potencial de resposta de consumidores, acompanhada de um desenho cuidadoso de mecanismos capazes de incentivar também ações de eficiência energética, são aperfeiçoamentos necessários para a evolução do setor energético no Brasil. Tais propostas têm inclusive capacidade de melhorar as condições de operação do sistema, diminuindo as chances de interrupções que têm ocorrido com certa regularidade. Em prazo mais longo é necessário promover e enfrentar uma discussão abrangente e transparente com a sociedade sobre a matriz elétrica do país. Essa escolha deve ser capaz de atender aos objetivos de uma política energética coerente com o estágio atual de desenvolvimento de uma nação que ascende a uma posição de destaque no cenário internacional. As mudanças climáticas e as restrições ambientais apontam para uma menor participação relativa da geração hidrelétrica com base em grandes reservatórios. Mesmo com aumento da geração a partir de energia eólica e solar, uma nova escolha de matriz deve assegurar maior participação para a geração termelétrica a gás natural. Esse movimento é coerente com as tendências mundiais de maior disponibilidade e de barateamento desse recurso, que traz ganhos de confiabilidade do suprimento. Urge, portanto, rever o marco legal e regulatório aplicável ao gás natural. Esse novo arcabouço deve ser capaz de alocar de modo eficiente esse recurso para seus diferentes usos, quais sejam: geração de eletricidade, consumo industrial, residencial e no segmento de transporte. A experiência internacional em reformas do setor de eletricidade tem produzido reduções de custo sem comprometer a qualidade da prestação dos serviços. As mudanças normalmente envolvem uma regulação das 13
redes de transmissão e distribuição que incentiva ganhos de performance e eficiência. Ademais, ao permitir que um número cada vez maior de (grandes) consumidores tenha a possibilidade de escolher seu fornecedor de energia por meio de mercados, contratando apenas o serviço de fio junto ao distribuidor de eletricidade, incentivam-se ganhos de performance, reduções de preço e investimentos em nova capacidade de geração. As crises ou dificuldades enfrentadas pelo SEB têm levado a uma maior cautela na formulação de política quanto a perseverar no caminho das reformas; entretanto, cabe entender que reformas dessa natureza muitas vezes não se completam em um momento único; ao contrário, demandam ajustes. Nesse sentido, a MP 579/2012 e as medidas tomadas desde então parecem evidenciar a necessidade de mudanças no marco legal e regulatório do SEB. Mas é preciso que essas medidas sejam discutidas de modo transparente e inclusivo, para que produzam decisões informadas e coerentes com os objetivos de política energética e as demandas da sociedade. Importa também que as escolhas políticas sejam na direção de aprofundar as reformas que levam a mercados mais eficientes e melhorias no acesso às redes que viabilizam essa competição.
BC precisa perseguir a meta de 4,5% para a inflação Este jornal antecipou, em sua edição de quarta-feira, que o Conselho Monetário Nacional (CMN) deverá fixar, em sua reunião do dia 26 deste mês, a meta de inflação para 2016 em 4,5%, repetindo o percentual que vigora desde 2005. A margem de tolerância para acomodar eventuais choques de oferta e de demanda continuará sendo de dois pontos percentuais, ou seja, a inflação poderá ficar no intervalo de 2,5% a 6,5%. A fixação da meta para 2016 recoloca uma discussão sobre o que vem acontecendo no Brasil nos últimos anos, em que se chegou a confundir a meta de inflação, ou seja, o objetivo a ser perseguido pelo Banco Central, com o próprio intervalo de tolerância. A presidente Dilma Rousseff disse que o país vem cumprindo a meta de inflação, pois ela sempre terminou o ano calendário abaixo de 6,5%. Só em janeiro deste ano, durante o último fórum econômico mundial de Davos, Dilma alterou o discurso e disse que o governo busca, com determinação, a convergência para o centro da meta. Os dados mostram, no entanto, que, desde 2010, a inflação escapou da meta e anda rondando o patamar de 6%. A menor taxa nesse período foi de 5,84% em 2012. Nos últimos 12 meses acumulados até maio, o IPCA atingiu 6,37%. Os críticos mais ácidos afirmam que o governo vem "namorando" o teto da banda, sem demonstrar compromisso com a convergência da inflação para a meta. Na avaliação do próprio Banco Central, a inflação do Brasil anualizada irá subir um pouco mais ainda, para só depois cair e ficar em torno de 6% no fim deste ano. Este índice é preocupante porque a maioria dos analistas concorda que há uma inflação "escondida" entre 1% e 1,5%, representada por preços contidos dos combustíveis e da energia elétrica. Quando esses preços forem corrigidos, alguns economistas acreditam que a inflação de 2015 poderá superar 7%. É sobre essa expectativa inflacionária dos agentes econômicos que a política monetária restritiva, executada pelo Banco Central, não está conseguindo agir. Todos os indicadores mostram que a atuação do BC já está afetando a atividade econômica, com o desaquecimento da indústria e do comércio. As projeções para o crescimento da economia neste ano foram reduzidas. Mas a expectativa inflacionária, captada pelo boletim Focus, continua elevada, tanto para 2014 como para 2015 - acima de 6%. Se há uma lição a ser tirada dos últimos anos, é que a inflação tende a se acomodar em patamares mais elevados toda vez que o BC não age tempestivamente para fazer convergir a taxa para a meta. Hoje, a meta de inflação é de 4,5%, mas não há um prazo preestabelecido para que haja a convergência para a meta. Ao contrário, não haverá tal convergência até o primeiro trimestre de 2016, de acordo com o cenário de referência do próprio Banco Central. O IPCA estimado é de 5,4% naquela data. Ao fixar a meta de inflação em 4,5% para 2016 o governo indica que não está disposto a se comprometer com um processo de desinflação tão cedo. Ou seja, em perseguir uma meta de inflação mais baixa. Matéria também publicada por este jornal 14
mostrou que de 26 países que adotam o regime de metas, em apenas três - Gana, Turquia e Indonésia - o índice de preços ao consumidor supera essa alta de 6,37%. Nenhum deles está na América Latina, onde os alvos perseguidos pelos bancos centrais são bem mais ambiciosos. O Chile, a Colômbia e o México têm 3% como meta inflacionária. No Peru, o alvo é ainda menor: 2%. A margem de tolerância permitida nesses países é de um ponto percentual, para mais ou para menos. Para o Brasil, tendo em vista a experiência dos últimos anos, o mais importante é o governo se comprometer a levar a inflação para a meta de 4,5% em prazo que seja anunciado previamente. E acabar com a prática de controle de preços, que tantas distorções produz. Com apenas essas duas medidas, certamente as expectativas inflacionárias irão ceder e facilitar o trabalho do Banco Central, de trazer a inflação para a meta com um custo menor em termos de redução da atividade econômica. Somente depois que a convergência para a meta 4,5% for assegurada, o país poderá discutir um caminho que permita conviver com uma taxa menor, mais próxima daquela registrada nos demais países do mundo.
Inflação alta eleva demanda de servidor por reajuste e aumenta pressão fiscal Com inflação acima do centro da meta e o tema do ajuste fiscal ganhando protagonismo na campanha ao Palácio do Planalto, o próximo presidente da República enfrentará mais uma dificuldade para cumprir a promessa de colocar as contas em dia: a pressão do funcionalismo público por reajustes salariais. No início do próximo ano, grande parte dos servidores federais receberão a última parcela de um reajuste acordado em 2012, quando a presidente Dilma Rousseff autorizou aumento de 15,8%, dividido em três anos. Se na época o percentual foi bem acolhido pelos contemplados, dois anos de inflação batendo no teto da meta foram suficientes para disseminar a insatisfação entre praticamente todas as categorias dos três poderes. Os servidores reclamam que o reajuste não foi suficiente para manter o poder de compra no período entre 2012 e 2014. As perdas alegadas variam de acordo com o índice usado. Cálculo feito pela consultoria Tendências a pedido do Valor mostra que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulará no triênio 19,35% (considerando a projeção para este ano do Boletim Focus, do Banco Central). Isso significa que o reajuste deixou de cobrir 3,06% da inflação do período, de acordo com as ponderações feitas pela consultoria. A pressão por novos aumentos, que incluirá greves e paralisações, deve se intensificar já no primeiro semestre de 2015, a tempo de incluir qualquer mudança na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que tem de ser votada até o final julho. O funcionalismo insatisfeito pode causar estragos do ponto de vista fiscal. Em 2012, o reajuste representou impacto de R$ 30 bilhões apenas para o Executivo. "No ano que vem, a tendência é termos um acirramento dessa demanda", diz o secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva. No Congresso Nacional, o governo trabalha para barrar a chamada PEC dos Magistrados, que prevê reajustes automáticos a juízes e desembargadores, mesmo se ultrapassado o teto constitucional. O custo calculado pela equipe econômica é de R$ 3 bilhões por ano caso o projeto seja aprovado. Além disso, servidores do Judiciário articulam aprovação de projeto que prevê reajuste de mais de 40%. Algumas categorias não esperaram o fim do acordo para reivindicar novo aumento, como funcionários do IBGE, Ministério da Cultura e técnicos administrativos das universidades federais, que estão em greve ainda na vigência do acordo. Integrantes da Polícia Federal e da Receita Federal foram impedidos pela Justiça de parar durante a Copa do Mundo. Para este ano, porém, a previsão é de que sejam feitas apenas paralisações pontuais, já que novas greves não seriam frutíferas: a lei eleitoral impede a concessão de reajustes a partir de 4 de julho. Antes do prazo final, Dilma sancionou lei que dá reajuste a servidores de agências e incluiu os agentes da Polícia Federal no acordo de 2012. O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, explicou que novos aumentos não serão dados na vigência do acordo e, mesmo em um novo ciclo, devem ser discutidos considerando 15
o espaço fiscal. "É importante dar um passo forte em direção a ter regras mais claras em relação a reajustes para evitar essa tensão que temos pela frente. Nós não vamos ter um ciclo fiscal abundante, a não ser que nós sejamos surpreendidos por um aumento forte do crescimento econômico, mas mesmo que aconteça não vai pular para crescimento chinês", disse. O secretário refuta o argumento dos funcionários públicos de que o reajuste de 2012 resultou em perda e diz que a política é olhar os benefícios acumulados nos doze anos de governo petista. "O pessoal se acostumou com o período de bonança", afirma. "Os primeiros oito anos foram mais favoráveis para recuperar o passado, a política dura do governo FHC, era um contexto diferente. Não poderia continuar desse jeito". Mendonça cita como exemplo o crescimento da folha apenas com os civis do poder Executivo, que foi de 224% entre 2002 e 2014, enquanto a inflação do período subiu 87%. A proposta do governo é, no próximo ano, discutir no Congresso Nacional mais poder para a chamada "mesa de negociação", entre ministérios e servidores, institucionalizando acordos mais longos e regulamentando greves durante a vigência do acordo. Representantes dos servidores públicos reclamam que, assim como os reajustes, a tolerância e o diálogo também diminuíram no governo Dilma. Seu antecessor, o ex-sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, reestruturou carreiras, principalmente as consideradas típicas de Estado, como analistas da Receita Federal e do Tesouro Nacional, e concedeu aumentos de mais de 50% a um funcionalismo que reclamava de arrocho salarial nos anos FHC. "O presidente Lula tinha uma relação muito mais próxima, a ministra [do planejamento, Miriam Belchior] é muito dura e intransigente", afirma a presidente do Sindicato dos Analistas Tributários da Receita Federal (Sindireceita), Sílvia de Alencar. As mesmas categorias priorizadas no governo Lula reclamam agora de sucateamento. Na Advocacia-Geral da União (AGU) - onde o salário saltou de R$ 4,2 mil em 2002 para R$ 16,5 mil neste ano - agora falta até gasolina para transportar procuradores de uma audiência para outra. Os procuradores federais reclamam que os salários praticados são inferiores aos de outras funções semelhantes - procuradores de Estados, da República, juízes e promotores que começam a carreira ganhando cerca de R$ 22 mil. "Tudo isso gera uma evasão muito grande na carreira. Quem perde é o Estado que deixa de ser defendido por pessoas experientes em uma instituição que trata de processos bilionários, de ampla repercussão", disse o presidente da Associação Nacional dos Advogados da União (Anauni), Rommel Macedo. Apesar do significativo crescimento nominal, nos últimos anos, os gastos com a folha do governo estão estáveis em pouco mais de 4% do Produto Interno Bruto (PIB). O atual governo vê essa estabilidade como positiva e não pretende fazer esforços para reduzir a proporção. "O problema do gasto com pessoal é que ele ocupa espaço muito grande no orçamento e impede que outros gastos cresçam", diz o economista da Tendências Felipe Salto. "Na hora de fazer o ajuste quem acaba pagando a conta é o investimento, e há uma composição ruim do gasto público", acrescenta. Ele sugere a inclusão na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) de uma trava ao crescimento da despesa à metade do crescimento do PIB do ano anterior, como forma de diminuir a fatia dessa despesa no orçamento. "Se isso não for feito, a tendência é que o gasto com pessoal cresça em proporção do PIB porque teremos crescimentos menores nos próximos anos", conclui Salto.
Mercado reduz novamente previsão do PIB e vê indústria em queda neste ano Segundo o Boletim Focus do Banco Central –que colhe projeções entre cerca de cem instituições– divulgado nesta segunda-feira (23), a previsão para a alta do PIB passou de 1,24%, na semana anterior, para 1,16%. É o quarto recuo seguido. No caso da produção industrial, a projeção passou de aumento de 0,51% para queda de 0,14%. Há um mês, esperava-se uma expansão de 1,63% para a economia brasileira e de 1,40% para a indústria. Também é a quarta piora na previsão para a indústria, e a primeira em que o setor aparece com expectativa negativa para este ano. Para 2015, a estimativa para o avanço do PIB passou 16
de 1,73% para 1,60%, e se contrapõe à da indústria, que foi de 2,25% para 2,30% de aumento. Há um mês, essas projeções eram de 1,96% e 2,20% de alta, respectivamente. Sobre a inflação, a expectativa para 2014 foi mantida em 6,46%. Os economistas também deixaram inalterada a perspectiva de que a Selic encerrará o ano a 11%. Em mais um sinal de dificuldade da atividade econômica brasileira em se recuperar após o resultado ruim do primeiro trimestre, as vendas no varejo recuaram 0,4% em abril sobre março, apontando que a fraqueza do consumo se estendeu para o início do segundo trimestre. Mesmo com o avanço da concessão de crédito – que impulsionou a venda de veículos–, o varejo ampliado, que inclui automóveis e material de construção, ficou aquém do previsto e subiu 1,6%. Com isso, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) subiuapenas 0,12% no mês, mostrando atividade econômica fraca no início do segundo trimestre, em um cenário de inflação alta e confiança estremecida. Com a mesma expectativa de economia andando de lado, o Banco Mundial reduziu de 2,4% para 1,5% a projeção de crescimento da economia brasileira este ano. Na quarta-feira passada, o governo federal anunciou novas medidas para tentar impulsionar o setor industrial e, com ele, a atividade. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou alterações no Refis, extensão do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) até o fim de 2015 e a retomada do Reintegra, programa que devolve parte dos custos de exportação em forma de créditos tributários. Ainda que considerado de baixo impacto por parte do mercado –para quem as medidas ajudam, mas não salvam 2014, o pacote, de acordo com o ministro, deve auxiliar as empresas. As medidas adotadas vinham sendo pleiteadas pela indústria e podem melhorar um pouco as expectativas do setor. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a confiança dos empresários encerrou o segundo trimestre em queda.
Emergentes têm gargalos superáveis, avalia Nobel A expressão "cinco frágeis", criada pelo banco Morgan Stanley para classificar o Brasil e outras quatro economias emergentes que estariam vulneráveis a mudanças na política monetária americana, tomou conta do noticiário econômico internacional no início deste ano, mas não tem um Nobel de Economia entre seus fãs nem se reflete nas Bolsas desses países neste momento. "Todos esses países [o grupo inclui ainda Indonésia, Índia, Turquia e África do Sul] têm problemas que preocupam, têm fraquezas, mas que não são insuperáveis", diz o americano Eric Maskin, que recebeu o prêmio em 2007. "Se você compara o Brasil de hoje com o de 20 anos atrás, quando tinha inflação descontrolada e um desemprego muito mais alto, muito foi conquistado. O mesmo aconteceu com a Indonésia." Maskin esteve no Brasil em março e escreveu recentemente um parecer para os bancos sobre a disputa que envolve as perdas que os poupadores podem ter tido com os planos econômicos dos anos 80 e início dos 90. Os "cinco frágeis" agora também vivem um bom período nas Bolsas, após o período de turbulência no início do ano com a retirada de estímulos iniciada pelo BC dos EUA —questões internas estão pesando mais que as influências do cenário externo. A Bolsa indiana tem ganho superior a 20% (em dólar) e lidera a alta entre os principais mercados mundiais, sob a esperança de que a chegada ao poder do novo premiê, Narendra Modi, vá produzir reformas que possam estimular o crescimento. No Brasil, o cenário eleitoral também tem pesado para os ganhos de 12,3% do Ibovespa, com o declínio da presidente Dilma nas pesquisas ajudando a alavancar os preços das ações. As Bolsas de Turquia e Indonésia já subiram cerca de 15% neste ano, e a da África do Sul, 10%.
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Indústria dos EUA expande no ritmo mais forte em 4 anos
Indústria nos Estados Unidos: PMI preliminar do Markit sobre a indústria dos EUA subiu para 57,5 em junho
Nova York - O setor industrial dos Estados Unidos cresceu a um ritmo mais forte que o esperado em junho, com a taxa de crescimento e subíndices importantes avançando a seus maiores níveis em mais de quatro anos, mostrou o Índice de Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) nesta segunda-feira. O PMI preliminar do Markit sobre a indústria dos EUA subiu para 57,5 em junho, acima das expectativas de economistas de 56,5 e também a leitura mais alta desde maio de 2010. Em maio, a leitura final do índice foi 56,4. Uma leitura acima de 50 sinaliza expansão da atividade econômica. O subíndice de produção saltou para 61 ante 59,6, enquanto a leitura sobre novos pedidos subiu para 61,7 ante 58,8 em maio. Ambas marcaram o maior nível para os índices desde abril de 2010. Os dados somam-se "a indicações de que a economia norte-americana se recuperou de maneira forte no segundo trimestre após a fraqueza relacionada ao clima vista no começo do ano", disse o economista-chefe do Markit, Chris Williamson. Williamson acrescentou que os dados sugerem que o Produto Interno Bruto dos Estados Unidos "deve subir ao menos 3 por cento após a queda de 1 por cento no primeiro trimestre". Uma leitura sobre o emprego ficou essencialmente inalterada em comparação ao mês anterior.
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