23 de setembro de 2014

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 23 DE SETEMBRO DE 2014

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Mulheres lideram renegociação de dívidas Fonte Portal Economia SC 22 de setembro de 2014 às 16h 00 A nova edição do Perfil do Consumidor Inadimplente, estudo trimestral lançado pela TeleCheque, serviço da marca MultiCrédito, revela que o público feminino vem tomando a dianteira quando se trata de organizar a vida financeira: as mulheres corresponderam a 53,6% do total de consumidores que procuraram a empresa com o intuito de renegociar suas dívidas entre os meses de junho e agosto. De todos os clientes que buscaram resolver suas pendências, a faixa etária predominante varia entre 31 e 40 anos – idade apresentada por 30,2% dos consumidores que contataram o serviço de renegociação de dívidas. O valor médio dos débitos que resultaram na inadimplência varia entre R$ 200,00 e R$ 499,00 (apresentado por 29,7% das pessoas consultadas), e o dos salários vai de R$ 1.021,00 a R$ 1.530,00 – apresentado por 15,3% dos consumidores. Outro ponto identificado no Perfil do Inadimplente é que o descontrole financeiro foi apontado como o principal motivo para a inadimplência por 47,4% dos entrevistados, porcentual consideravelmente superior ao de razões como empréstimo do nome (12,2%) e acidentes ou doenças (9%). Os produtos e serviços adquiridos que justificaram o endividamento pertencem principalmente aos segmentos de alimentação (16,3%), acessórios automotivos e automação (15,7%), roupas e vestuário (8,7%) e material deconstrução (7,8%). A pesquisa “Perfil do Consumidor Inadimplente”, realizada trimestralmente pela TeleCheque®, tem como foco pessoas inadimplentes usuárias do meio de pagamento cheque. O estudo foi feito via telefone, por meio da Central de Recuperação da empresa, com 2.148 consumidores.

Pesquisa revela alta na intenção de consumo em SC Fonte Portal Economia SC 22 de setembro de 2014 às 18h 20 A pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) catarinenses de setembro revela alta de 0,7% na comparação com agosto, atingindo a marca de 135,8 pontos. Com isso, o otimismo das famílias catarinenses em relação às suas possibilidades de consumo se mantém em patamar positivo, acima de 100 pontos, que é o limite entre o pessimismo e o otimismo. A pesquisa feita pela FECOMÉRCIO-SC (Federação de Comércio de Bens, Serviços e Turismo) foi baseada na entrevista de 500 consumidores de Florianópolis com idade superior a 18 anos. Ainda de acordo com a pesquisa, houve queda de -1,0% na comparação anual, o que junto com a alta mensal de 0,7% revela um início de leve recuperação para o último trimestre do ano. No entanto, aponta para a necessidade de crescimento mais substantivo para as vendas do comércio, que é prejudicado, principalmente, pela oferta de crédito restrita e pelo menor crescimento da renda real. A pesquisa avalia sete indicadores, que são: Emprego Atual, Perspectiva Profissional, Renda Atual, Acesso ao Crédito, Nível de Consumo Atual, Perspectiva de Consumo e Momento para Duráveis. Os índices sobre emprego (142,5%), renda (161,7%), consumo atual (116,8), perspectiva de consumo (126,4), momento para duráveis (155,2) e acesso ao crédito (155,2) continuam tendo, por parte das famílias catarinenses, uma percepção muito positiva.

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Na perspectiva profissional, entretanto, o índice ficou abaixo de 100 pontos, marcando 93 pontos. Isso demonstra que os catarinenses estão pessimistas em relação à sua perspectiva profissional, uma impressão respaldada pela redução das vagas observada no semestre passado, bem como pela desaceleração do crescimento da renda. Crédito O crédito, grande alavanca de crescimento do consumo e do Produto Interno Bruto (PIB), registrou alta anual de 5,6%, porém, teve queda mensal de -3,2%. Em termos absolutos, o indicador se mantém acima de 100 pontos, com 155,2. Isso indica que, apesar do cenário conturbado na economia brasileira, existe uma expectativa, tanto dos consumidores quanto dos empresários, de que a situação vai melhorar no médio prazo. Bens duráveis O momento para duráveis teve quedas mensal de -4,6% e anual de -10,9%. Ainda assim, em termos absolutos, registra 155,2 pontos, demonstrando percepção otimista dos catarinenses com relação ao momento para duráveis. Por outro lado, a queda do índice mensal demonstra que as famílias estão mais cautelosas diante do cenário conturbado. Sendo assim, é fundamental ao empresário do comércio investir em promoções e na diversificação das formas de venda.

BB ultrapassa 2 milhões de cartões pré-pagos Fonte Portal Economia SC22 de setembro de 2014 às 10h 01 O Banco do Brasil (BB) atingiu 2,1 milhões de cartões pré-pagos emitidos para compras de bens, serviços e para benefícios, número que o mantém na posição de líder na oferta desses tipos de cartões no mercado brasileiro. Até agosto de 2014, o faturamento acumulado é de R$ 723 milhões, que somados com os cartões voltados para alimentação, refeição e cultura, supera a marca de R$ 8 bilhões. O crescimento anual do uso das diversas modalidades de cartões pré-pagos nacionais gira em torno de 30% ao ano e a previsão é fechar com um movimento financeiro superior a R$ 10 bilhões, sendo R$ 1 bilhão somente na modalidade pré-pagos domésticos, a nova fronteira do mercado de cartões no Brasil. No BB, destacam-se os cartões pré-pagos voltados para pagamentos de despesas domésticas e mesadas, além de soluções lançadas recentemente, para permitir a transferência de recursos para pessoas que não possuem conta em banco, a exemplo do BB conta de Pagamento e Oi Carteira. Para Raul Moreira, diretor de cartões do Banco do Brasil, “a plataforma de cartões pré-pagos é um poderoso instrumento de inclusão bancária, educação financeira de jovens e população de menor renda, além de contribuir de forma extremamente significativa para a redução de uso do dinheiro em espécie no País. Em função disso, buscamos o objetivo de montar o mais completo lequede opções do mercado em termos de soluções de cartões dessa modalidade”. O diretor de clientes pessoa física do BB, GueitiroMatsuoGenso, reforça que “de um lado, temos uma forte demanda por parte de nossos clientes de renda mais elevada pela oferta de soluções que contribuam com o aumento da conveniência, praticidade e segurança dos pagamentos familiares, e do outro lado o BB também tem investindo maciçamente na ampliação de soluções mais simples de inclusão financeira, principalmente junto aos consumidores de menor renda. Os cartões pré-pagos do BB permitem uma oferta customizada para esses dois mundos”. 3


Unesco indica avanços do BRICS na educação Fonte Portal Economia SC22 de setembro de 2014 às 19:55 Relatório divulgado nesta segunda-feira, dia 22, pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), informa que os países que integram o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul)colocaram a educação e a capacitação no centro de suas estratégias de desenvolvimento e têm impulsionado o progresso mundial na educação. O documento registra que os cinco países fizeram investimentos maciços em todos os níveis educacionais na busca de atender às necessidades de suas economias emergentes. Juntos, os integrantes do BRICSofertam educação para cerca de 40% da população mundial, segundo o relatório. A publicação BRICS: Construir a Educação para o Futuro buscou identificar os sucessos e desafios enfrentados pela educação nesses países e recomenda uma colaboração mais efetivas entre as cinco economias do bloco para acelerar o progresso na educação. Apesar de reconhecer os avanços, o relatório indica que para alcançar o crescimento econômico equitativo e o desenvolvimento sustentável é preciso mais investimento na educação, com prioridade para a educação básica, superior e o desenvolvimento de habilidades. Alerta também para as disparidades entre as escolas que fazem com que as crianças mais pobres sofram mais com a baixa qualidade educacional. Na educação básica, o relatório diz que Brasil, China, Índia e África do Sul devem alcançar a educação primária e secundária universal, reduzir as desigualdades na oferta e aumentar o rendimento escolar. “Os países também devem colocar maior ênfase na expansão de programas de boa qualidade em cuidados e educação na primeira infância”, registra. Em relação a educação superior, aponta que a demanda por esse nível de ensino tem aumentado e os países do BRICS devem expandir a oferta de educação superior e construir centros de excelência mundial em ensino e pesquisa. Quanto ao desenvolvimento de habilidades, o relatório recomenda que sejam criados sistemas de desenvolvimento de habilidades complexas para que os países diversifiquem suas bases econômicas. Recomenda ainda a expansão e modernização da trajetória técnica e profissional do ensino secundário e superior e a expansão dos programas de formação que têm como alvos jovens e adultos carentes. O relatório cita como positivas algumas iniciativas brasileirase, entre elas o Plano Nacional de Educação, que estabelece objetivos de aprendizagem explícitos a médio e longo prazo, e diz que o país tem planos ambiciosos para desenvolver a formação técnica e educação profissional e tecnológica. Cita ainda como positivo o sistema de cotas para estudantes de escolas públicas nas universidades federais e a decisão do governo de destinar 75% dosroyalties do petróleo para a educação. Entre as sugestões de cooperação entre os países do Brics para aprimorar os avanços na educação estão a união de forças para melhorar a qualidade dos dados educacionais; o compartilhamento de experiências na criação e implementação de avaliações nacionais de desempenho de estudantes e gerenciar a rápida expansão do ensino superior.

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Mercado de viagens cresce com uso de dispositivos móveis Fonte Portal Economia SC22 de setembro de 2014 às 09h 23 O relatório de análise da indústria de viagens online, o Travel Flash, produzido pela empresa Criteo, destaca o aumento do uso de dispositivos móveis no planejamento de viagens do consumidor. Nos primeiros seis meses deste ano, as reservas móveis cresceram 20%. O valor médio da reserva com o uso de dispositivos móveis para viagens aéreas foi 21% superior e 13% maior para aluguel de carros. O aluguel de apartamentos aumentou 34% e as reservas de hotéis 21% com o uso de smartphones ou tablets. E isso não inclui as vendas em aplicativos, que somam uma parte significativa do incremento nas reservas feitas em dispositivos móveis – cerca de 12% das conversões móveis em junho. Estes dados, combinados com o aumento das reservas, significam uma maior receita gerada por meio dos dispositivos móveis. Além disso, as tendências sazonais e variações regionais influenciam as taxas, como aconteceu com a Copa do Mundo, que impulsionou as vendas do setor de viagens em 42% na América Latina.As agências de viagens online apresentaram crescimento na maioria do primeiro semestre. No Brasil, o crescimento sazonal de reservas em dispositivos móveis, no primeiro semestre de 2014, cresceu 188%. Em contrapartida, o crescimento sazonal de reservas em desktops, no primeiro semestre de 2014, aumentou 44%. A Criteo, líder global de tecnologia especializada em publicidade digital, rastreou as tendências do tráfego em mais de 1.000 sites de viagens em todo o mundo, durante o primeiro semestre de 2014, para elaborar o relatório de análise da indústria de viagens online, o Travel Flash. Foram analisadas 300 milhões de reservas no valor de mais de US$ 150 bilhões. Os dados abrangem fornecedores de viagens e agências de viagens online em todas as categorias, o que permite verificar o uso dos dispositivos móveis por viajantes, sua ação e o valor das reservas geradas a partir de cada dispositivo para as companhias aéreas, hotéis, locadoras de automóveis, agências de viagens online, apartamentos, cruzeiros, e os operadores ferroviários.

Orloff Fonte Jornal Valor EconômicoELENA LANDAU Cristina Kirchner acaba de aprovar uma lei que dá ao Executivo o poder de fixar preços, determinar estoques e regular produção. Deveria se chamar "Lei do Desabastecimento" porque é lá que vai chegar. Esse filme a gente já viu. Não termina bem. O governo brasileiro vem fazendo o mesmo no setor de energia. Segurou os ajustes de derivados de petróleo e interveio no setor elétrico. Impôs sua política tanto pelo voto do controlador nas empresas estatais, como por lei, com a MP 579. O resultado é conhecido: as empresas perderam valor e a produção estagnou. A MP foi uma política populista no melhor estilo. A receita é simples. O governo segura preços e tarifas, reduz a rentabilidade e endivida as empresas. Dá ao consumidor a ilusão de que sua vida melhorou. É tentador, mas não funciona. Afasta investidores, reduz a credibilidade do país e a inflação volta com força. Resta de herança um setor debilitado. O setor elétrico registra desajuste econômico-financeiro superior a R$ 100 bilhões. A conta vai acabar no colo do Tesouro e vai virar mais inflação e/ou mais imposto. Mesmo assim, a campanha do PT em Minas insiste no erro ao acenar com o controle das tarifas da Cemig. 5


Melhor pensar duas vezes. Lá os dividendos pagos pela empresa complementam o Orçamento do Estado e, ao contrário das estatais federais, não há Tesouro para fechar a conta. Vão fazer com a empresa mineira o que já fizeram com Eletrobras e Petrobras. A Petrobras é hoje a empresa não financeira mais endividada do mundo e a Eletrobras virou metade do que era. Toda essa alquimia não impediu que as tarifas subissem. Previsível, mas o populismo gosta de desafiar as leis básicas de economia: ao mesmo tempo que reduziu artificialmente os preços, o governo estimulou ainda mais a demanda. Qual a graça do populismo se o povo não puder abusar do consumo subsidiado? O planejamento falho esqueceu de cuidar da oferta de energia. Os erros são evidentes: linhas de transmissão não chegam a tempo de escoar energia, 80% das obras estão atrasadas e mais um leilão acaba de ser adiado. Para tentar dar conta desse desequilíbrio, térmicas estão operando sem descanso, independentemente de custo ou impacto ambiental. Transformaram em normalidade o que seria exceção. O silêncio do governo sobre o uso eficiente de energia beira a irresponsabilidade. Instituições que deveriam preservar o setor do uso político foram cooptadas com facilidade e só observam os reservatórios se esvaziarem perigosamente. Apesar de todas as evidências que esse modelo intervencionista não funciona, e para nenhum setor da economia, Guido Mantega diz que ele vai continuar. Espero que não. Não quero ser a Argentina amanhã.

Após uma década, política de Lula para China semeia dúvidas Jessica Brice, Ney Hayashi e David Biller, da

22/09/2014 17:59

São Paulo/Rio de Janeiro - Em 2004, o então presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e 400 executivos fizeram uma viagem de seis dias para a China. A missão era simples: encorajar as empresas a fortalecerem os laços com o país asiático para reforçar o crescimento doméstico. Uma década depois, os laços entre o Brasil e a China nunca foram mais fortes. O crescimento está estagnado. A decisão de Lula de cortejar a China e ao mesmo tempo ignorar alguns esforços dos EUA para ampliar o comércio levou a uma dependência em relação ao país faminto por commodities e aprofundou uma queda na manufatura. Em maio de 2004, o mês em que Lula visitou a China naquela que ele disse ter sido a “maior viagem” de seu governo, os bens manufaturados respondiam por mais da metade das exportações do Brasil e as commodities, por menos de um terço. No mês passado, os produtos industrializados haviam caído para 37 por cento e as matériasprimas representavam quase metade. “Lula nunca admitirá que cometeu um engano, mas eu acho que se ele for avaliar, ele verá que não aconteceu o que ele esperava”, disse José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil. A explosão das exportações de commodities escondeu problemas estruturais e de infraestrutura que tornam o Brasil menos competitivo, disse ele. “A última década foi dourada para o comércio mundial. Nunca houve uma década similar a essa para o Brasil, mas o Brasil perdeu a oportunidade de realizar reformas”. A assessoria de imprensa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior preferiu não comentar as políticas de administrações passadas, citando restrições legais vigentes durante a campanha eleitoral. A assessoria de imprensa da Presidência encaminhou as perguntas para o Instituto Lula, com sede em São Paulo. Eleição do dia 5 de outubro

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A queda dos preços das commodities, juntamente com uma indústria mais fraca, ajudou a empurrar o Brasil para uma recessão no primeiro semestre deste ano, corroendo o apoio à sucessora de Lula, Dilma Rousseff, que disputará a eleição no dia 5 de outubro. Uma pesquisa do Datafolha divulgada no dia 19 de setembro mostrou que Dilma teria 37 por cento de apoio no primeiro turno, contra 30 por cento de Marina Silva. A candidata à reeleição teria 44por cento dos votos em um provável segundo turno, empatada tecnicamente com Marina, que tem 46 por cento de apoio. A pesquisa tem uma margem de erro de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. O fato de as ambições de Lula para o relacionamento China-Brasil não terem saído como ele imaginou é evidenciado pela experiência da Embraco. A empresa, uma das maiores fabricantes de compressores de refrigeração do mundo, que foi adquirida pela Whirlpool Corp. em 2006, se uniu juntou à Vale, à Petrobras e a outras empresas na viagem de Lula para a China. Na época da viagem, a Embraco exportava do Brasil para a China. Uma década depois, as plantas brasileiras da empresa deixaram de realizar envios para o país asiático e a Embraco agora tem metade de sua produção em outros lugares, disse o vicepresidente de Negócios e Marketing, Reinaldo Maykot. A Embraco não é a única a paralisar algumas exportações. Desde 2008, o ano anterior ao que a China superou os EUA como maior parceiro comercial do Brasil, o número de empresas locais que exportam para outros mercados caiu 10 por cento, enquanto o número de importadores aumentou 52 por cento, disse Castro, da Associação de Comércio Exterior. Lula assumiu em 2003 prometendo recuperar uma economia que estava sendo sufocada por uma taxa básica de juros de 25 por cento e uma inflação de 13 por cento. Sua estratégia funcionou no início, com Lula comandando a taxa de crescimento mais rápida do país em 25 anos em 2010, quando o produto interno bruto se expandiu 7,5 por cento. “A estratégia do governo Lula era diversificar as relações comerciais, reforçando a atenção sobre regiões esquecidas do mundo, especialmente nossos vizinhos latino-americanos, sem esquecer nossos parceiros tradicionais”, disse o Instituto Lula em resposta a perguntas enviada por e-mail. “O Brasil diversificou seu comércio no período com um crescimento expressivo nas trocas comerciais não apenas com a China, mas também com o Mercosul, a América Latina e a África”. Em 2003, Brasil e China formaram um bloco que afundou as negociações na Organização Mundial do Comércio ao exigir que as barreiras agrícolas americanas e europeias fossem retiradas. No ano seguinte, Lula insistiu em retirar assuntos comerciais da agenda em uma cúpula de dois dias que reuniu o então presidente dos EUA George W. Bush e 32 outros líderes da América do Norte e da América do Sul. E em 2005, os juízes da OMC tomaram uma decisão favorável à queixa brasileira de que a ajuda dos EUA ao setor do algodão descumpriu compromissos assinados em 1994. “Nós temos um problema sério que nos fez mudar o curso da nossa política externa”, disse Lula, em um discurso, em abril de 2004, em uma cúpula anual de produtores agrícolas em Ribeirão Preto, São Paulo. “Nós agora faremos aquela que talvez seja nossa viagem mais importante: nós iremos para a China”. Espionagem As relações entre os EUA e o Brasil continuaram tensas com Dilma. Ela cancelou sua visita de Estado aos EUA no ano passado depois que documentos vazados pelo ex-empregado terceirizado do governo dos EUA, Edward Snowden, indicaram que ela estava entre os chefes de Estado cujas comunicações foram monitoradas pela Agência Nacional de Segurança do país norte-americano. 7


Melhorar o comércio entre os dois países foi o tema principal da conversa de uma hora com Dilma, disse o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, em um comunicado divulgado no site da Casa Branca depois de uma visita realizada em junho. O equívoco de Lula não foi ele ter focado na China, mas sim ele não ter investido os dividendos da explosão das commodities para melhorar as estradas, os portos e as estradas de ferro do país para permitir uma economia mais diversificada, disse Kevin P. Gallagher, professor associado de Política Econômica e de Desenvolvimento Global da Universidade de Boston. A taxa de investimento do Brasil, que inclui dinheiro para estradas e transporte público, é de 18 por cento do produto interno bruto, segundo o Banco Mundial. Isso representa menos que a metade da taxa de 49 por cento da China, em um país cuja infraestrutura está atrás da do Cazaquistão em um ranking do Fórum Econômico Mundial. A produção industrial encolheu pelo quarto trimestre seguido nos três meses até 30 de junho, segundo o IBGE, e a confiança industrial atingiu seu nível mais baixo na história em julho, segundo a Confederação Nacional da Indústria. A contração na manufatura ajudou a empurrar a economia para uma recessão no segundo trimestre. O produto interno bruto encolheu 0,6 por cento no período, levando os economistas consultados pelo Banco Central a preverem que a economia crescerá 0,3 por cento neste ano, o ritmo mais lento desde a recessão de 2009. “As exportações chinesas para os EUA substituíram muitas das exportações brasileiras porque eles são mais competitivos”, disse Lia Valls, economista da Fundação Getúlio Vargas especializada em comércio brasileiro. “A queda na produtividade e na competitividade dos produtos manufaturados do Brasil no comércio exterior não é algo novo. Isso estava escondido no século 21, pois as exportações continuaram crescendo por causa das commodities”.

Consumidor deverá bancar os R$ 4 bi de subsídios extras a elétricas Fonte Folha de São Paulo SOFIA FERNANDES de BRASÍLIA 23/09/2014 11h 28 O consumidor deverá bancar os R$ 4 bilhões que o governo tirou da previsão de gastos com subsídios ao setor elétrico, indicou nesta terça-feira (23) o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Provavelmente vai estar passando para a tarifa e menos para transferência do governo", afirmou o ministro. Para Mantega, é normal que uma parte dos gastos com subsídios seja custeada pela tarifa, e desconversou quando questionado se haverá mais aumentos na conta de luz. "A luz já está precificada, as tarifas já aumentaram", disse. Com a forte estiagem deste ano e os consequentes custos extras das distribuidoras de energia, o governo calculou uma ampliação de R$ 4 bilhões nos repasses do Tesouro ao setor elétrico, que passariam a R$ 13 bilhões no ano. No relatório bimestral de receitas e despesas, divulgado nesta segunda-feira(22) pelo Ministério do Planejamento, houve um recuo nessa intenção, mantendo em R$ 9 bilhões os repasses do Tesouro para o setor elétrico. Outra parte do socorro ao setor, que veio por meio de empréstimos que totalizam R$ 17,8 bilhões, já vai cair na conta de luz em encargos a serem incorporados à tarifa a partir de 2015. O recuo do subsídio do Tesouro foi uma das estratégias do governo para tentar cumprir a meta de superavit primário, de poupar R$ 99 bilhões (1,9% do PIB) num ano difícil para as contas públicas. FUNDO SOBERANO O governo empregou outro expediente contábil para aproximar suas contas da meta para o ano. Cerca de R$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano –criado em 2008 para fomentar investimentos foram usados para engordar as receitas. 8


A maior parte do dinheiro do fundo - R$ 12,4 bilhões - já havia sido usada para fechar as contas federais de 2012. Para Mantega, o uso desse dinheiro para cobrir despesas é legítimo. "O Fundo Soberano é uma poupança primária que fizemos em 2008, ele é perfeitamente utilizável. Não tem nada mais legítimo do que usar o Fundo Soberano que fizemos para cobrir uma parte das despesas. Não vejo qual a complicação disso", argumentou. No relatório, foram reduzidas ainda as programações de pagamentos de outros subsídios, como os agrícolas, e de dívidas arbitradas pela Justiça, conhecidas como precatórios.

'É preciso ter agenda para os próximos 20 ou 30 anos', diz presidente da Fiat Fonte Folha de São Paulo EDUARDO SODRÉ de EDITOR-ADJUNTO DE VEÍCULOS"21/09/2014 02h00 CledorvinoBelini chegou à Fiat em 1973, para trabalhar na divisão de tratores. Naquele ano, a fábrica de carros em Betim (MG) era apenas um projeto no papel –o acordo de interesses acabara de ser assinado pelo então governador de Minas, Rondon Pacheco, e por Giovanni Agnelli (1921-2003), presidente da empresa italiana. Hoje, Belini é o presidente do grupo Fiat na América Latina, empresa que é líder em produção e vendas no Brasil.

Mais uma vez, enfrenta um período conturbado, com queda nas vendas e interrupções na produção. Ele fala à Folha sobre o cenário atual da política e da indústria, além das expectativas para um futuro próximo. Folha - O senhor já passou por diversas crises nesses 41 anos de Fiat. Os problemas atuais são maiores que os de outrora? CledorvinoBelini - Cada momento tem sua peculiaridade. Tivemos épocas difíceis, como a hiperinflação e a queda nas vendas após 1997. Esse zigue-zague é uma característica do setor no Brasil. Quando há estabilidade, boa massa salarial e baixa inflação, o mercado tende a ir melhor. Mas, se a massa salarial é consumida pela inflação, há queda nas vendas. Isso está acontecendo agora? No momento em que o Brasil não cuidou adequadamente de conter a inflação, começou a gerar expectativas negativas e a sociedade perdeu a capacidade de consumo. Então veio a alta de juros, e ficou mais difícil pagar prestações. Mas nosso pessimismo é sem justificativa. Por quê? Se olharmos o resto do mundo, há situações muito mais complicadas. Quando falo para colegas italianos que o Brasil tem um endividamento de 58% sobre o PIB, eles dão risada. Dizem "aqui é de 130%, vocês estão preocupados com o quê?". Esse pessimismo não tem a ver com a percepção de que outros mercados já apresentam recuperação pós-crise, enquanto o Brasil vai na contramão dessa retomada? Em nosso caso, a correção é fácil. Estamos com um superavit primário de 1,9%, mas fazê-lo chegar a 3,5% é simples, basta um arrocho fiscal não tão difícil. Por que houve queda de investimentos no Brasil? Tem a ver com as expectativas. Questões como descontrole fiscal, aumento da inflação e diminuição do consumo afetam o caixa das empresas. As que investem a curto prazo precisam equalizar os estoques e acabam por pisar no freio. É esperado que 2015 seja um ano difícil. Quando a economia voltará a crescer? Acredito que a partir do próximo ano teremos os primeiros sinais de melhora, tudo depende da credibilidade. Quando o mercado vê sinais positivos, surge o otimismo e a máquina começa 9


a funcionar. O que vivemos hoje é o descrédito. Não há investimento nem consumo, é o pior dos mundos. Deverão ocorrer novas paradas de produção até o fim desse ano? Há preocupação com demissões? As montadoras têm, ao todo, cerca de 140 mil funcionários. Se movimentarmos dois, vira manchete. Porém os fornecedores de componentes e serviços não esperam duas vezes. Diminuiu a demanda, eles ajustam de acordo com a necessidade. Quando esse setor faz um reajuste de 10% na mão de obra, envolve 150 mil pessoas. E isso acontece num piscar de olhos, mas é muito pulverizado. Há 200 mil empresas que trabalham para a indústria automotiva. Como contornar a crise atual do setor? Temos que conseguir mercado para sustentar todo o sistema. Não adianta ficar segurando em férias coletivas, é preciso entender a economia como um todo. E, quando o setor automotivo não vai bem, todo mundo já pensa "opa, amanhã meu negócio pode também não ir bem". A indústria automotiva nacional tornou-se dependente de estímulos pontuais do governo. Como o sr. vê essa situação? Os incentivos foram dados nos momentos em que o setor estava realmente precisando. Lidamos com uma cadeia que tem 1,5 milhão de empregados e a maior carga tributária do mundo, 33%, enquanto a média dos países fica em 15% e não passa de 6% nos Estados Unidos. Quando o governo baixa o IPI e aumenta as vendas, arrecada mais. As novas fábricas esperam por medidas que deem ao país mais competitividade para exportar. Isso também preocupa a Fiat? Estamos competindo com escala. O grande desafio é o desenvolvimento tecnológico do produto, da concepção à execução. Não importa se a peça vem da Malásia, da China ou dos EUA e é montada em Singapura, pois assim é o mundo globalizado. A Apple é um bom exemplo disso. Mas um dos objetivos do governo com o programa Inovar-Auto é estimular a produção local de componentes. Esse negócio de índice de nacionalização é uma proteção do mercado, um dia vai acabar. Se uma empresa é competitiva, irão comprar dela em qualquer parte do mundo. Vamos montar onde for competitivo e iremos vender onde houver mercado. Essa é a tendência. Ainda há espaço para o surgimento de uma montadora 100% nacional? Houve várias iniciativas de empreendedores que tentaram estabelecer a indústria nacional, mas o setor exige investimentos muito altos, com retorno a longo prazo. O país ainda não tem tamanho de mercado para tanto, ainda não há justificativa para fazer uma empresa totalmente brasileira. A defasagem no preço da gasolina é um ponto que afeta diretamente a indústria automotiva. Como deve ocorrer a recomposição dos valores? De forma gradual, para manter as rédeas da inflação. Mas precisa ser feito. Quais são os principais temas que devem ser priorizados em 2015 para que o país volte a crescer? Há pontos fundamentais, como a reforma política. Temos 30 partidos e mais de 30 ministérios. É uma equação de 900 pessoas que precisam se falar, o que é algo extremamente complicado. Salvo honrosas exceções, é difícil identificar os posicionamentos ideológicos. O Brasil necessita de um pacto transparente pela governabilidade. Precisamos de uma agenda nacional para os próximos 20 ou 30 anos. Há ainda que se fazer a reforma tributária, simplificar o processo. Nos EUA, uma fábrica igual à minha tem dois funcionários para cuidar da burocracia tributária. Aqui, preciso de pelo menos 200 pessoas para fazer isso. Outra questão importante é a reforma trabalhista. Temos uma lei obsoleta, que gera insegurança jurídica. Por exemplo, fazemos um acordo com o sindicato, mas depois a Justiça pode não aceitar o que foi acertado. 10


Na visão do senhor, qual candidato está mais preparado para alinhar as relações entre empresas e governo? O próximo governo, qual seja eleito, terá de passar por um período difícil para depois acelerar a atividade econômica do país. Acredito que qualquer um dará um choque de credibilidade. O mais importante será manter o diálogo com os empresários e as entidades. Todos os candidatos têm condição de estabelecer um pacto de governabilidade transparente. O importante é que coloquem a economia no eixo, com visão de longo praz CLEDORVINO BELINI Idade: 65 Formação: administrador de empresas pela Mackenzie, com pós-graduação em finanças pela USP Carreira: começou na Fiat em 1973, na divisão de tratores. Após passar por diversos departamentos, assumiu a presidência da empresa em 2004 Faturamento: R$ 23,5 bi Lucro líquido: R$ 290 mi Funcionários: 19 mil Principais concorrentes: Chevrolet, Ford e Volkswagen

O dólar perto da urna Fonte Folha de São Paulo 23/09/2014 02h 00 O dólar foi a quase R$ 2,40 e o Banco Central não deu trela para a especulação prática ou verbal do pessoal do mercado. Parte da turma está nervosa porque o BC não deu o sinal em tese esperado de que tomaria atitude a fim de evitar que a moeda norte-americana chegasse ao teto da "banda cambial informal" (de R$ 2,20 a R$ 2,40). Há quem especule que o Banco Central está inerte e mudo porque não quer criar "ruído" com a eleição tão próxima, o que daria motivo sobre fofocas eleitoreiras a respeito de instabilidade no país. Há especulações politizadas ainda mais malucas. Mas passemos. Quanto às interpretações menos incontroversas a respeito do que se passa no mercado de câmbio, não há novidade. Apesar de liderar as baixas, o real desce ao menor nível em seis ou sete meses como várias outras moedas de países ditos "emergentes", em especial aqueles com inflação e deficit externos maiores (os "frágeis"). O real baixa por causa da especulação sobre a mudança da política monetária (juros) nos EUA. Ou na companhia de moedas que variam com as perspectivas do preço de commodities (como o dólar australiano), na média no pior nível em uns cinco anos. O crescimento menos veloz da China derruba preços de minérios, por exemplo. Ontem foi dia de fofoca sobre o assunto, pois uma autoridade chinesa disse que não vem ao caso dar vitaminas adicionais à economia. A queda do preço do minério de ferro derruba tanto o dólar australiano como o preço das ações da Vale. Neste ano, de janeiro a agosto, o preço médio do minério exportado pelo Brasil esteve 15% abaixo da média do ano passado. Pode ser que esteja dando o fora aquele pessoal que a partir de fevereiro, março, veio ao Brasil fazer uma grana com a diferença entre juros brasileiros e os do mundo rico. Já puseram dinheiro na caixinha e, agora, podem perder um tanto, dados os riscos de desvalorização devido ao conjunto de turbulências possíveis (eleição no Brasil, juros nos Estados Unidos, China etc.). Enfim, apesar da queda de 6,5% do real neste mês, não há por ora sangria desatada. Francamente, o dólar a R$ 2,40 até que está baratinho, dada a nossa situação econômica.

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Além do mais, é bem possível duvidar que uma intervenção maior do BC no mercado futuro de câmbio, como tem sido o caso desde agosto de 2013, faça grande diferença. Uma intervenção no mercado à vista, por sua vez, teria um certo ar estabanado ou até de desespero. Ainda assim, não é injustificada a curiosidade sobre o que o BC vai fazer -e os efeito de sua ação na disputa eleitoral. Haveria um novo "teto de tolerância" (digamos, R$ 2,50)? Os candidatos a presidente fariam chacrinha eleitoreira se o dólar fosse muito além de R$ 2,40 ou caso o BC interviesse? Como se sabe, a campanha eleitoral está tensa, sujinha e odienta. Qualquer acontecimento pode ser pretexto para atirar no pé do adversário. Ou nos próprios pés, se a esperteza for grande demais, como foi, por exemplo, o caso de Dilma Rousseff com o Banco Central independente de Marina Silva, uma espécie de afirmação pelo avesso de que a presidente quer intervir em tudo.

Confiança da indústria é a menor desde março de 2009, mostra FGV Fonte Jornal Valor 23/09/2014 às 08h 23 SÃO PAULO - O Índice de Confiança da Indústria registrou queda de 3,2% na medição prévia de setembro, perante um mês antes, conforme a Fundação Getulio Vargas (FGV). Com isso, a leitura ficaria em 80,7 pontos, a menor desde março de 2009, auge da crise, quando marcou 77,1 pontos. O indicador tem recuos consecutivos desde janeiro deste ano e está bem abaixo da média histórica, de 104,5 pontos. A queda da confiança decorre da deterioração tanto das avaliações sobre o momento presente quanto das expectativas em relação aos meses seguintes. O Índice da Situação Atual (ISA) cedeu 2,9%, para 80,3 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE) declinou 3,4%, para 81,2 pontos, após ter interrompido em agosto uma sequência de sete quedas seguidas. Quando comparado a setembro de 2013, a queda do Índice de Confiança da Indústria é ainda mais acentuada, com recuo de 16,8%. Nessa comparação, o indicador de situação atual recua 18,1% e o de expectativas cede 15,5%. Os dados preliminares da Sondagem também indicam maior ociosidade na indústria em setembro. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) entre agosto e setembro passou de 83,2% para 83%.

SPC/CNDL: Número de empresas inadimplentes cresce 7,64% em agosto Fonte Jornal Valor 23/09/2014 às 10h19 SÃO PAULO - O número de empresas inadimplentes voltou a crescer no mês de agosto. Segundo indicador calculado pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a quantidade de pessoas jurídicas com contas em atraso subiu 7,64% na comparação com agosto de 2013. Em julho, houve alta de 7,11%. Desaceleração da economia, juros e inflação elevados são as causas do aumento no número de empresas inadimplentes, segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. "Além disso, a piora da confiança do consumidor e o crescimento da inadimplência da pessoa física também são fatores que prejudicam a capacidade de pagamento das empresas", afirmou, em nota. Na comparação com julho, a inadimplência das empresas cresceu 0,26%. A abertura do indicador por ramo da economia mostra que o setor de serviços foi o que mais contribuiu para a alta da inadimplência. Neste segmento, que concentra 35,88% de todas as dívidas das pessoas jurídicas em atraso, a alta anual do número de empresas devedoras foi de 10,76%. Empresas de hospedagem e alimentação (13,46%) e transportes (10%) apresentaram as maiores variações dentro desse ramo de serviços. 12


Em segundo lugar, ficou o comércio, com alta de 6,57% e participação de 49,64% no total de dívidas. Em seguida, aparece a indústria, com alta de 7,77% e ocupa uma fatia de 9,84% no universo de dividas não pagas. Já o setor da agricultura, que representa apenas 0,69% das dívidas em atraso, registrou alta de 4,39% no número de empresas inadimplentes. Na divisão por regiões, o Nordeste apresentou o maior crescimento do número de pessoas jurídicas inadimplentes (9,08%), seguido pelo Sudeste (7,41%), Norte (6,22%), Centro-oeste (5,10%) e Sul (4,07%).

Nas têxteis, produto 'made in China' tem design brasileiro Denise Neumann, VanessaJurgenfeld e Marta Watanabe de São Paulo23/09/2014 às 05h 00 A RC Conti, uma pequena empresa de Brusque (SC), com 180 funcionários, costuma trazer pijamas da China que não têm similares no mercado nacional, feito com um soft especial. O produto vem pronto, já embalado, com etiqueta e tag da empresa. Na Cativa, 22% do faturamento de 2014 deve vir de produtos importados da Ásia. Já a Lepper encontrou na China uma boa relação de custos para a produção de sua linha bebê e de artigos sintéticos, como roupão e mantas. A produção da China, iniciada há 5 anos, já representa 20% do faturamento. O setor têxtil é representativo do avanço da compra de produtos prontos via terceirização produtiva. A ida para a Ásia, que envolve empresas de diferentes portes, ocorre após exaustivas contas de custo de produção. A RC Conti pesquisou o valor de nacionalizar o pijama que importa, mas desistiu. "O custo aqui seria quatro vezes maior", explica Rita Conti, dona da empresa e presidente do Sindicato das indústrias do Vestuário de Brusque, Botuverá, Guabiruba e Nova Trento (Sindivest). "Não há dúvida que a revenda ganhou importância e isso é fruto da perda de competitividade da indústria nacional", diz Fernando Pimentel, diretor da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Ele afirma que, além do aumento de custos domésticos, o mundo não se recuperou após a crise de 2008 e o país não só perdeu mercados no exterior como virou alvo de todos os fornecedores do mundo, que passaram a direcionar seus excedentes ao Brasil. Ele aponta dois tipos de "competição" externa: a "desleal", porque não segue padrões mínimos de condições de trabalho e marcos regulatórios; e a "real", feita por países onde o custo é efetivamente menor que o brasileiro. Na onda atual de aumento da importação de produtos prontos, em muitos casos a criação e o desenvolvimento dos produtos é toda feita no Brasil, segundo os fabricantes ouvidos pelo Valor. Gilmar Sprung, presidente da Cativa, conta que as coleções são mandadas para diversos fornecedores na Ásia para uma cotação. Depois de escolhido o melhor preço, são produzidas as primeiras amostras até que a mercadoria é entregue com etiqueta e tags da Cativa. Segundo ele, todo processo, da criação até a efetiva chegada da mercadoria no Brasil, leva um ano. O produto chega pronto, revisado e embalado. "Realizamos somente inspeções por amostragem", diz Sprung. A RC Conti define até o botão do pijama. "Daí volta para cá [SC] para aprovação", diz Rita. Esse processo demora de seis a oito meses. A parte de criação e design dos produtos importados pela Lepper também está sendo feita "dentro de casa", em Joinville, na sede da empresa. Além da Ásia, as empresas também têm avançado na terceirização produtiva com oficinas de costura (também chamadas de facções) no Brasil. Essa forma de operar, segundo as empresas, não têm diminuído a produção no Brasil, mas também não levou, nos últimos anos, a uma ampliação de capacidade de produção no país. A maior parte das empresas ouvidas não possuem planos para isso nos próximos anos. Rita, da RC Conti, diz que começa a planejar uma expansão no Brasil, mas ela será em outras áreas, que não a produção: loja física (ela tem oito da sua marca Mensageiro dos Sonhos), telemarketing ou loja virtual. A empresa já usa 22 oficinas no Brasil.

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Na Lepper, a presidente Maria Regina Loyola Alves diz que a empresa tem faccionado tudo que é possível. "O caminho é ficar na empresa com aquilo que é capital mais intensivo e maquinário com alta produtividade", destacou. O prazo entre desenvolver e produzir na Ásia faz com que Ivo Lombardi, dono da Miss Beth, especializada em biquínis, roupas para ginástica e pijamas, evite essa estratégia. A antecipação dos pedidos, diz, poderia fazê-lo "fugir da moda", pois fica difícil ter o "feeling" do varejo com tanta antecedência. Embora não use a Ásia, Lombardi terceiriza produção com 42 facções no Brasil, processo que cresce cerca de 15% ao ano. Dada a concorrência pelas oficinas no país, diz que algumas já ficam a mil quilômetros da sua fábrica. Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, de Tecelagem e do Vestuário de Blumenau (Sintex), Ulrich Kuhn, há hoje dois lados muito claros na relação com a Ásia. "Um é que realmente ela danifica e impede o crescimento da indústria têxtil brasileira. De outro lado, é um processo absolutamente necessário".

Emprego fora da linha de produção cresce mais Fonte Jornal Valor Denise Neumann de São Paulo23/09/2014 às 05h 00 Ao mesmo tempo em que a participação da revenda avança no faturamento, a composição do emprego industrial está mudando. Entre 2007 e 2012, a receita bruta da indústria de transformação subiu 53%, enquanto a receita com revenda de mercadorias cresceu o triplo 155%, segundo a Pesquisa Anual da Indústria (PIA). No mesmo período, o pessoal ocupado na linha de produção aumentou 15%, enquanto os ocupados em outras atividades dentro da indústria cresceram 25%. Dos novos contratados em 2012, 43% foram para atividades fora da linha de produção. Para Silvio Sales, pesquisador da Fundação Getulio Vargas, a PIA reforça sinais que já apareciam a partir da diferença entre os dados da indústria medidos pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que olha para o faturamento, e a Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIM-PF), que mede volume produzido. "A comparação mostra que os dados vão abrindo uma boca, com o faturamento crescendo bem acima da produção", pondera Sales. Para ele, os dados sugerem que a revenda funcionou como parte da saída encontrada pela indústria para enfrentar perda de competitividade. Sales, que foi gerente da área de indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), chama atenção para o aumento da revenda estar presente em quase todos os segmentos, inclusive em minerais não metálicos. "Isso reforça a preocupação com desindustrialização", diz ele, lembrando que as estatísticas da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) mostram alta generalizada dos importados no consumo doméstico. O professor David Kupfer, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e também assessor do Banco Nacional para o Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), observa que a taxa de difusão de setores com aumento da participação da revenda na receita é grande, mas recomenda cautela com esse dado. Kupfer concorda que ocorreu uma mudança na produção doméstica, com aumento da participação de insumos e bens finais importados, mas pondera que os dados da PIA são de difícil interpretação, e não dá para imaginar que "a indústria está virando uma empresa comercial". Entre outras razões, pondera, há uma heterogeneidade muito grande entre os setores.

Relatório indica frustração com arrecadação do Refis Fonte Jornal Valor Ribamar Oliveira de Brasília 23/09/2014 às 05h00 O governo teve uma grande frustração com a arrecadação do novo Refis, o sistema de parcelamento de débitos tributários feito com redução de multas e juros, segundo indica o 14


relatório de avaliação de receitas e despesas relativo ao quarto bimestre, divulgado ontem pelo Ministério do Planejamento. O valor arrecadado será divulgado hoje pela Receita Federal, mas o governo informou ontem que espera obter só mais R$ 3 bilhões com o Refis até dezembro deste ano, além do que ingressou nos cofres do Tesouro em agosto. Os dados do Siafi, o sistema eletrônico que registra todas as receitas e despesas da União, mostram que em agosto foi arrecadado apenas R$ 2,5 bilhões com o parcelamento dos débitos. Fontes da área econômica informaram, no entanto, que houve também o ingresso de recursos decorrentes do pagamento à vista, de forma a que a receita total do Refis em agosto ficou em torno de R$ 7 bilhões. Se a receita de R$ 7 bilhões em agosto for confirmada, a arrecadação total com o novo Refis em 2014 ficará em torno de R$ 10 bilhões ou pouco mais do que isso, bem abaixo da previsão feita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que ficaria entre R$ 18 bilhões e R$ 20 bilhões até o fim de 2014. O governo reduziu suas previsões para a arrecadação de quase todos os tributos federais neste ano. Em relação ao que foi estimado no relatório do terceiro bimestre, o total da receita tributária (não inclui a contribuição à Previdência Social) caiu de R$ 780,37 bilhões para R$ 765,63 bilhões - menos R$ 14,74 bilhões. A maior redução foi nas receitas extraordinárias, com recuo de R$ 5 bilhões. A segunda maior queda ocorreu na previsão da arrecadação com a Cofins, que é o termômetro da atividade econômica. O governo reduziu sua estimativa para a Cofins em R$ 3,3 bilhões e em R$ 1 bilhão para o PIS-Pasep. Houve queda também na previsão para o Imposto de Importação (menos R$ 2 bilhões) e para o Imposto sobre Produtos Industrializados (menos R$ 2 bilhões). A previsão para a receita com o Imposto de Renda foi reduzida em R$ 1,3 bilhão. No relatório do terceiro bimestre, o governo estimou que teria R$ 27 bilhões em receitas extraordinárias, sendo R$ 18 bilhões por conta do Refis. Essa receita é que garantiria o cumprimento da meta de superávit primário de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) para todo o setor público. Como essa arrecadação extra não se confirmou, e a retração da economia reduziu a receita tributária, o governo deverá, em algum momento, anunciar que a meta não será cumprida.

Liberalismo e capitalismo Antonio Delfim Netto23/09/2014 às 05h 00 Um sentimento de crise permanente nos é transmitido desde o primeiro livro de história da civilização que enfrentamos. Toda a história do homem é exposta como a história dos problemas do homem. Não se trata de uma narrativa dos problemas do homem com a natureza, da qual faz parte e da qual se distanciou pela capacidade de pensar-se e de pensá-la como entidade separada, mas dos problemas do homem com o homem. Ela é sempre a história do poder: da insuperável tendência permanente de alguns homens de sujeitarem os outros a sua vontade. São sempre minorias (ou maiorias) que tentam, pela persuasão ou pela força, quebrar a vontade de maiorias (ou minorias) e submetê-las à própria vontade. O homem começou a viver da agricultura e a instalar-se em pequenas vilas há pouco mais de 10 mil anos. Tão logo suas necessidades vitais de sobrevivência física puderam ser razoavelmente atendidas sem a obediência às normas estabelecidas pelo mais forte, eles passaram a procurar mecanismos de administração de suas inter-relações. Mecanismos que fossem capazes de assegurar a coesão e a defesa contra as "vontades" exteriores ao grupo. Que, além disso, impedissem que a mínima hierarquia necessária a qualquer tipo de sociedade, para lhe dar um mínimo razoável de funcionalidade e estabilidade, fosse fonte de uso abusivo do poder por alguns. Ninguém os inventou: eles emergiram da prática da cooperação adaptativa natural que facilitava a vida do grupo. 15


Na longa caminhada em que o homem construiu-se a si mesmo, ele acabou entendendo que só existe um meio eficaz de controle do poder: a lei que não transcende ao homem, que não existe fora dele. Ela é produto de uma ética seletiva conveniente, aceita consensualmente para a comodidade e coesão do grupo. Nesse sentido, talvez seja a maior manifestação de humanidade do animal-homem, pois estabelece o desejo de igualdade onde a natureza estabeleceu a hierarquia. Estabelece o respeito onde a natureza estabeleceu a submissão. Estabelece a perpetuação onde a natureza estabeleceu a morte. Ao abandonar a comodidade que a natureza lhe oferecia, com sua hierarquia natural, suas regras estritas de sobrevivência e seu processo de seleção, o homem escolheu um caminho difícil. Desgarrando-se da natureza, verificou que estava só, tendo que produzir suas próprias normas de comportamento, de acordo com sua própria conveniência e vontade. É por isso que, tendo a partir do século XVI ocupado efetivamente todo o globo terrestre e apreendido da natureza uma noção de ordem inelutável, que deu nascimento às ciências físicas, os homens tiveram a esperança de que suas inter-relações fossem também comandadas por forças externas que garantiriam a harmonia dos seus interesses. Bastava-lhes, portanto, descobrir as "leis naturais" dessas inter-relações e obedecê-las para que tudo se acertasse. Tratava-se de doce ilusão. Tendo abandonado a natureza, por que essa haveria de oferecer-lhe um caminho seguro? Em meados do século XIX, com Marx, o homem foi inexoravelmente forçado a enfrentar essa assustadora verdade. Entretanto, todas as tentativas de implementação de um empobrecedor marxismo-economicista acabaram por negá-lo: ou produziram sociedades onde o problema do poder é resolvido com a eliminação pura e simples do "outro", ou é resolvido por uma cópia do modelo que o processo de evolução impôs às formigas. O homem compreendeu que resolver o problema do poder consiste em encontrar uma resultante adequada dos dois vetores de comportamento que o separaram do mundo puramente animal: a busca incessante da igualdade e da liberdade, como valores próprios da ética que construiu. Mas desde cedo apreendeu também que essa resultante é difícil de se encontrar, porque aqueles dois valores, depois de um certo limite, se destroem mutuamente. Apesar de todas as dificuldades, o liberalismo político, que obteve sua certidão de nascimento com a Revolução Inglesa de 1688, deu margem à expansão das atividades econômicas apoiadas sobre a formação de uma burguesia extremamente ativa e razoavelmente independente do Estado. Até agora foi a única organização social capaz de compor de forma razoável e estável aqueles dois vetores. A combinação do liberalismo político com o capitalismo não é o fim da história. É um sistema que continua em evolução empurrado pelo sufrágio universal. Certamente, não é o regime "ideal", mas parece melhor do que todos os outros. O seu funcionamento na Europa Ocidental, na Escandinávia e nos Estados Unidos mostrou que possui uma capacidade quase infinita de continuar a adaptar-se na busca da sociedade civilizada, que é o objetivo do homem. A evolução social e econômica daqueles países mostra claramente que o liberalismo político é incomparavelmente superior a todos os "inventados" por cérebros peregrinos, e que o que se tem qualificado de socialismo (quando não se refere ao "socialismo" daqueles mesmos países) não tem sido mais do que um capitalismo de Estado, administrado por burocracias extremamente ineficientes e, em geral, tão corruptas quanto a burguesia. Infelizmente, a história mostra que a verdade é sempre descoberta tarde demais...

Concentração na telefonia móvel Fonte Jornal Valor Gesner Oliveira 23/09/2014 às 05h 00 O setor de telecomunicações móveis no Brasil é marcado pela presença de grandes operadoras verticalmente integradas, que ofertam telefonia móvel, fixa, televisão a cabo e dados, e contam com 99% de participação de mercado. 16


Essa participação de grandes grupos vem crescendo ao longo dos últimos anos, mesmo com a obrigação legal da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de promover a competição. No atual momento, há operações em curso que podem levar a uma concentração ainda maior. A Telefônica está negociando a compra da GVT, operadora que pertence à francesa Vivendi e atua no Brasil. A GVT é uma empresa que começou a operar em 2000, logo após a abertura do mercado de telecomunicações brasileiro, como uma empresa espelho, atuando inicialmente na região da Brasil Telecom (posteriormente adquirida pela Oi). A GVT construiu um modelo de negócios focado inicialmente em médias e grandes cidades do interior do Brasil, operando com rede fixa. No final de agosto, o conselho supervisor da empresa francesa aceitou entrar em negociações exclusivas por três meses com a Telefônica. Outro caso em discussão é o que acontecerá com a TIM Brasil, após as alterações societárias na Telecom Itália, que levaram a um aumento de participação da Telefônica na empresa. O Cade já solicitou que a Telefônica se desfaça do controle da TIM ou da Vivo no Brasil nos próximos meses. O desfecho dessa operação ainda é incerto, mas está em discussão o possível fatiamento da TIM entre Oi, Claro e Vivo. Por sua vez, o Grupo Telmex informou que deve consolidar as operações da NET -ClaroEmbratel. Todos esses casos podem levar a um aumento na concentração de mercado no Brasil, o que traz preocupações do ponto de vista concorrencial. Em especial, as empresas com menor participação de mercado, as chamadas entrantes, podem ter dificuldades ainda maiores para se estabelecer. Além da alta concentração, as empresas entrantes encontram elevadas barreiras à entrada, associadas a diversos fatores, como os expressivos investimentos iniciais necessários. Outra barreira é a tarifa de interconexão, que é muito elevada no Brasil. Em breve síntese, essa é a tarifa que o usuário paga, embutida no preço final, quando liga da rede de uma operadora para falar com alguém que é cliente de outra operadora. Como essa tarifa é alta, a estratégia das grandes operadoras é criar um clube tentando atrair o maior número de usuários para a sua rede e promovendo ligações intrarrede muito mais baratas do que as ligações para outras operadoras. Isso acarreta forte distorção: o custo da ligação é cerca de seis vezes maior quando o usuário chama uma operadora diferente daquela do chip que possui. Tal estratégia tem efeito anticompetitivo ao dificultar a entrada de novos competidores. Todas essas dificuldades para as empresas menores se estabelecerem no mercado reforçam a necessidade de a Anatel atuar de forma a estimular a competição. E é justamente isso que a agência está propondo com a migração do Serviço Móvel Especializado (SME) para o Serviço Móvel Pessoal (SMP). Esta medida traz regras claras para a migração, reduz barreiras à entrada de novos competidores e tem impacto positivo para a concorrência e o consumidor. A alteração promovida pela agência reguladora atinge, especialmente, operadoras que atuam em nichos, que representam cerca de 1% do mercado móvel. Essas empresas são consideradas entrantes, tendo em vista sua diminuta participação no mercado em comparação com as operadoras estabelecidas. A decisão pela convergência dos serviços foi sinalizada em 2008, no Plano Geral de Atualização da Regulamentação das Telecomunicações no Brasil (PGR), e vem sendo gradativamente implementada pela Anatel, sem surpresas e de forma transparente. Foi a autarquia quem determinou a migração pelas vantagens para a sociedade, impondo às prestadoras de serviços a necessidade de se adaptar ao novo modo de operação. Neste cenário, as empresas com maior participação de mercado se manifestaram na Consulta Pública 15 da Anatel, para que exista um tratamento ainda mais diferenciado e prejudicial às entrantes. As empresas estabelecidas propõem a não aplicação imediata da regra de "billandkeep" (B&K) do SMP para a nova entrante, após a migração. Essa é a tarifação aplicável hoje a todo o relacionamento entre as pequenas prestadoras e as operadoras dominantes. Se aceita, tal 17


proposta significaria criar uma assimetria regulatória em favor das empresas com maior participação de mercado, o que seria um absurdo. Para que a concorrência aumente nesse mercado, é preciso facilitar a entrada de novos competidores que têm redes menores e precisam realizar a interconexão com outras redes. Daí a importância de garantir o tratamento adequado para as empresas entrantes, como proposto pela Anatel. Mais do que isso, regras assimétricas são necessárias para privilegiar as entrantes, e por consequência a competição, e não as dominantes, como proposto por essas empresas em suas contribuições à Consulta Pública sobre o tema realizada pela agência. Não cabe a imposição de ônus adicionais às operadoras de SME pela migração, o que significaria criar mais uma barreira em um mercado em que a entrada de um concorrente com menos de 1% de participação já é bastante complexa. Para o consumidor, um novo prestador é sempre benéfico, pois aumenta as suas opções de escolha. A maior competitividade no mercado induz a serviços de melhor qualidade. Além disso, há uma redução dos comportamentos indesejados, como adoção de múltiplos chips ou reunião de usuários em clubes.

Peso da revenda de bens no faturamento industrial chega a 12% Fonte Jornal Valor Denise Neumann, Vanessa Jurgenfeld e Marta Watanabe de São Paulo 23/09/2014 às 05h 00 Todos os meses, empresas grandes e pequenas do setor têxtil, como Lepper, Cativa, RC Conti, entre tantas outras, recebem peças de vestuário ou de cama, mesa e banho prontas, embaladas, com etiqueta, vindas da China. Sem pregar nenhum botão, esses itens são vendidos no varejo brasileiro e elevam o faturamento das empresas. Essa estratégia, muito conhecida nas têxteis, tem se espalhado por diferentes setores da indústria. Segundo dados obtidos a partir da Pesquisa Industrial Anual (PIA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a revenda de mercadorias produzidas em fábricas de terceiros (no Brasil ou fora) foi ampliada e ganhou corpo em setores como medicamentos, papel e celulose, cimento, máquinas, bebidas, entre outros. Atualmente, R$ 12 em cada R$ 100 faturados pela indústria de transformação não foram produzidos dentro da fábrica que vendeu o bem. Em 2007, o peso da receita obtida com revenda de mercadorias (nacionais ou importadas) na composição do faturamento da indústria era de 7%. A revenda de mercadorias que a indústria não produziu envolve duas estratégias distintas. Uma é mais espalhada e reflete a importação de um bem que pode ser classificado de "commodity industrial", pois o mesmo item pode ser importado - e revendido - por qualquer empresa do setor. Aqui, a busca é pelo menor preço. É a chamada importação de "prateleira". A segunda estratégia envolve maior participação da indústria brasileira. Em alguns casos, o fabricante local desenvolveu o produto no Brasil e procurou um parceiro no exterior ou mesmo no país para produzir a mercadoria a um custo menor; em outros, a empresa faz parceria para trazer uma mercadoria ainda não produzida no Brasil - seja porque a escala é pequena, seja porque existe proteção de patente. Esse último modelo é típico do setor farmacêutico, onde a revenda de medicamentos não produzidos na fábrica local já alcança 28% do faturamento total, maior percentual entre todos os setores, segundo os dados da PIA de 2012. O setor têxtil, pioneiro na importação de peças prontas para revenda no mercado local como forma de concorrer com o próprio importado e assim sobreviver, é um exemplo da produção contratada sob supervisão e design brasileiros. Na Lepper, do setor de cama, mesa e banho, a produção feita na China representou 20% do faturamento em 2013. Maria Regina Loyola Alves, presidente da empresa, conta que a criação das peças produzidas na Ásia está sendo feita no Brasil e é parte da estratégia de assegurar a lucratividade. 18


Na Cativa, empresa de vestuário sediada em Pomerode (SC), a criação e o desenvolvimento são feitos no Brasil. Depois, as coleções são enviadas para diversos fornecedores. Escolhido o melhor preço, começam a ser produzidas as primeiras amostras até que a mercadoria é entregue totalmente acabada, com etiqueta e tags da empresa brasileira, conta Gilmar Sprung, presidente da Cativa, que começou a importar da Ásia em 2004 e hoje mantém uma trading em Xangai. Entre os 24 setores nos quais o IBGE divide a indústria de transformação, a ampliação da receita com revenda foi mais forte no setor de medicamentos. Ela passou de 12,3% em 2007 para 27,9% em 2012 - 126% mais. Os representantes do setor se dividem, um pouco, sobre o que é importado pronto. Para Pedro Bernardo, diretor de acesso da Interfarma (que reúne grandes laboratórios multinacionais), "antes você importava o produto inovador, mas isso se generalizou e chegou naqueles produtos de grande volume". Para Nelson Mussolini, presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos de São Paulo (que reúne multinacionais e laboratórios nacionais), a importação ainda está relacionada aos produtos de maior complexidade, cuja patente ainda não foi quebrada e não envolve os genéricos. Embora se dividam sobre o tipo de medicamento importado pronto, os dois executivos concordam sobre as razões que levaram o setor a essa opção. Bernardo lista maior carga tributária, juro mais alto, real valorizado, falta de infraestrutura e muita burocracia. "Tudo isso dificulta a competição com outros países", diz ele. Por isso, conta, muitos medicamentos vêm prontos, já na caixa. "Mesmo empresas que fazem genéricos importam esses produtos de países onde o custo de produção é bem menor", pondera Bernardo. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a importação de medicamentos prontos e vacinas somou US$ 6,8 bilhões em 2012, alta de 94% em relação a 2007. Entre todas as farmacêuticas, foi a Abbot que mais aumentou a importação no período - 246%, chegando a US$ 586 milhões. Procurada, a empresa não se manifestou, porque separou os negócios e a importação de medicamentos passou, em 2014, para a Abbvie, sem fábrica no Brasil. Mussolini aponta os mesmos problemas para a perda de competitividade do Brasil, mas acrescenta que o governo assumiu, no Sistema Único de Saúde (SUS), o uso de medicamentos mais complexos. "Esses produtos passaram a ser importados pelas empresas que os fabricam no exterior", diz ele, lembrando que alguns são alvo de tentativas de ParceriaPúblico Privada (PPP). A conta, diz, também sobe pela importação de vacinas, além do crescimento e da melhoria da renda terem elevado a demanda por remédios, exigindo maior importação de princípios ativos e de itens de alta complexidade. A EMS é o maior fabricante nacional de medicamentos e o maior importador farmacêutico de capital local. Segundo a Secex, a empresa importou US$ 148 milhões em 2012, 66% mais que em 2007. Como todo setor, parte expressiva da importação é de princípios ativos, mas ela traz atualmente dois medicamentos prontos que não existem no mercado brasileiro. De acordo com a empresa, "o volume de negócios resultante da comercialização de medicamentos importados ainda é pouco representativo, considerando o portfólio da EMS, que tem cerca de 2,5 mil apresentações de produtos". Segundo a companhia, "as parcerias com laboratórios internacionais e a importação de medicamentos representam um mecanismo adicional de inovação e são estratégicas ao seu portfólio". Para José Ricardo Roriz, presidente de Abiplast - setor onde o peso da revenda dobrou desde 2007, embora ainda seja 5% da receita -, "a própria indústria acaba importando, o que a faz produzir menos, deixando a finalidade de indústria e indo para a comercialização." Ele acrescenta que "para a indústria é fácil fazer isso, porque ela conhece os mercados, os fornecedores e os canais de venda". Roriz explica que a importação de produtos acabados não se restringe aos itens mais baratos, produzidos em larga escala em países asiáticos, como bacias e baldes de plástico. "Também há importação de um produto mais sofisticado, que serve como complementação de linhas ou é destinado a um nicho de mercado que está se desenvolvendo", diz ele. Ele exemplifica com o "stand-uppouch", embalagem flexível usada em alimentos e cosméticos. Esse produto é 19


desenvolvido pela indústria local de embalagens segundo a necessidade do cliente, mas a fabricação é feita no exterior, com custo menor, e a embalagem chega pronta, muitas vezes estampada. "As indústrias passaram a importar como estratégia de sobrevivência", diz Carlos Pastoriza, presidente da Abimaq, que reúne fabricantes de bens de capital. No setor de máquinas e equipamentos, a revenda de equipamentos soma quase 11% do faturamento do setor. "É o que eu chamo de processo de desindustrialização silencioso, no qual em vez das empresas quebrarem, embora algumas realmente fechem as portas, elas viram montadoras, maquiladoras ou, nos casos mais extremos, revendedoras." Segundo ele, há indústrias de máquinas que já fazem praticamente só revenda. "Elas mantêm a razão social como indústria, mas viraram revendedoras."

América do Sul terá o pior resultado comercial do mundo em 2014 e 2015, diz OMC FONTE JAMIL CHADE - O ESTADO DE S. PAULO 23 Setembro 2014 14h 37 ZURIQUE - A América do Sul terá o pior resultado comercial do mundo em 2014 e 2015, puxada pela queda da economia brasileira. O alerta é da Organização Mundial do Comércio (OMC) que rebaixou a previsão de crescimento para as exportações mundiais para este e para o próximo ano. A entidade liderada pelo brasileiro Roberto Azevedo apontava que, neste ano, a expansão do comércio seria de 4,7%. Mas diante da queda na atividade econômica e da desaceleração de mercados emergentes, a OMC reduziu a projeção para apenas 3,1%. Para 2015, a previsão feita em abril era de uma expansão do comércio de 5,3%. Mas, hoje, o crescimento previsto para o próximo ano é de apenas 4%. "A redução vem em resposta ao crescimento do PIB abaixo do esperado e uma demanda de importação em queda no primeiro semestre de 2014, em particular em recursos naturais exportados por regiões como a América do Sul e América Central", indicou o comunicado da OMC. Para a região latino-americana, a previsão é de um crescimento das exportações de apenas 0,4% em 2014, distante dos 6,6% em 2011. A taxa é a mais baixa entre todos os continentes. Para 2015, a previsão é de um crescimento de 3,2%. Mas abaixo da média de todas as demais regiões. Mas a queda também se reflete nas importações da região. A América Latina sofrerá uma contração de 0,7% em suas compras do mundo no ano, o pior resultado. "Esse é o momento para nos lembrar que o comércio pode ter um papel importante", declarou Azevedo. "Cortar custos do comércio e ampliar as oportunidades de comércio podem ser ingredientes chave para reverter essa tendência", completou.

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