24 de julho de 2014

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 24 DE JULHO DE 2014

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BC prevê que inflação deve ceder no futuro

A inflação ainda deve manter-se resistente nos próximos trimestres, mas tende a convergir para a meta no futuro, se a taxa básica de juros, a Selic, não for reduzida. Esse é o cenário previsto pelo do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). A avaliação foi divulgada nesta quinta-feira, dia 24, na ata da última reunião do comitê, que decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 11% ao ano, no último dia 16. “O comitê antecipa cenário que contempla inflação resistente nos próximos trimestres, mas, que, mantidas as condições monetárias – isto é, levando em conta estratégia que não contempla redução do instrumento de política monetária [taxa Selic] – tende a entrar em trajetória de convergência para a meta nos trimestres finais do horizonte de projeção”. Cabe ao BC manter a inflação dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. Essa meta tem como centro 4,5% e limite superior em 6,5%. No mês passado, o BC divulgou em seu Relatório de Inflação que espera que a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fique em 6,4%, este ano; em 5,7%, em 2015, e em 5,1%, em 12 meses acumulados no final do segundo trimestre de 2016. Na avaliação do Copom, as pressões inflacionárias tendem a arrefecer ou, até mesmo, se esgotarem. O Copom cita como exemplos de pressões inflacionárias o aumento de preços domésticos, em alinhamento com os internacionais, e a alta dos preços administrados para acompanhar os livres. Para o comitê, os ganhos salariais incompatíveis com o aumento da produtividade também são um fator de pressão sobre a inflação. Por conta dessas pressões, o colegiado diz que a inflação ainda mostrou resistência nos últimos 12 meses e para combatê-las, o Copom lembra que a taxa Selic foi elevada por nove vezes seguidas, até a reunião de abril. Em maio e julho, o Copom optou por manter a Selic em 11% ao ano. Para o comitê, o efeito dessas elevações na inflação, “em parte, ainda estão por se materializar”. “Além disso, é plausível afirmar que, na presença de níveis de confiança relativamente modestos, os efeitos das ações de política monetária [decisões sobre a Selic] sobre a inflação tendem a ser potencializados”, acrescentou. Na ata, o Copom também destaca “o deslocamento do hiato do produto para o campo desinflacionário”. Isso quer dizer que a economia está crescendo abaixo do seu potencial, o que contribui para reduzir pressões inflacionárias. Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida e isso gera reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, mas a medida alivia o controle sobre a inflação. Ao manter a Selic, o comitê indica que elevações anteriores foram suficientes para controlar a inflação. 2


Governo deve desembolsos R$ 7,4 bi ao setor elétrico

'Subsídios cruzado' são transferências feitas pelo governo às distribuidoras que precisam cobrar uma tarifa menor de categorias especiais de consumidores rurais O governo federal deve desembolsar no segundo semestre nada menos do que 7,4 bilhões de reais entre pagamentos atrasados e gastos programados até dezembro com "subsídios cruzados" às distribuidoras de energia e o combustível usado pelas usinas térmicas que abastecem sistemas isolados na região Norte do país. Esse valor, segundo estimativas de fontes do governo, inclui os 3,4 bilhões de reais que não foram pagos no primeiro semestre para aliviar o caixa do Tesouro Nacional e as despesas adicionais que se aproximarão de 4 bilhões de reais entre julho e dezembro. O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, confirmou na terça-feira que o governo represou a transferência de recursos ao setor elétrico no primeiro semestre. Os pagamentos deveriam ter sido feitos pela Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), administrada pela Eletrobrás, mas sustentada pelo Tesouro Nacional, tanto às distribuidoras, que necessitam dos "subsídios cruzados" para bancar o fornecimento de energia mais barata a consumidores rurais, quanto às usinas térmicas que abastecem regiões isoladas, como o Norte do Brasil. "Espera-se que haja um fluxo de recursos da CDE de acordo com as necessidades do fundo, mas tem havido um descompasso. Os credores do fundo estão recebendo pagamentos em atraso", reconheceu Rufino. A situação, segundo a Aneel, deve se normalizar nos próximos meses. Essa promessa, pelo menos, foi feita pelo secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, a dirigentes de empresas do setor em reunião na última sexta-feira no Ministério da Fazenda. Augustin afirmou, segundo relatos, que a situação se normalizaria entre agosto e setembro. Se a promessa for mesmo cumprida, o Tesouro terá de desembolsar no mínimo esses 7,4 bilhões de reais, de acordo com uma fonte do governo, ao longo dos próximos meses. Internamente, o governo considera "improvável" a liquidação total dos 7,4 bilhões de reais. Há um consenso na equipe econômica de que os pagamentos atrasados, que somam 3,4 bilhões de reais, devem mesmo ser normalizados até setembro. Mas, entre as empresas do setor - chamadas pela Aneel de "credores da CDE" -, avalia-se que novos descompassos nos pagamentos ocorrerão. Oficialmente, o governo afirma apenas que todos os pagamentos serão realizados normalmente. O governo está diante de uma situação delicada na área fiscal. Com a meta de poupar 99 bilhões de reais (ou 1,9% do Produto Interno Bruto) em recursos para garantir o pagamento dos juros da dívida pública (superávit primário), e tendo economizado apenas 31,4 bilhões de reais até maio, o Tesouro está pressionado a melhorar fortemente o desempenho das contas públicas.

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Tesouro volta a emitir dívida e recomprar títulos em dólares O Tesouro Nacional está de volta ao mercado internacional de títulos de dívida soberana. Ele deu aval nesta quarta-feira para que sejam feitas operações de emissão e recompra de títulos de dívida brasileira (bônus da República) em dólares. O objetivo, segundo o órgão em nota, é arrecadar mais dólares. Ao mesmo tempo em que capta dinheiro, por meio das emissões de títulos com vencimento em janeiro de 2045, o Tesouro também vai recomprar papéis em dólares que estão no mercado e vencem em 15 de abril de 2014, 15 de maio de 2027, 6 de março de 2030, 20 de janeiro de 2034, 20 de janeiro de 2037 e 7 de janeiro de 2041. Desses papéis, o título com maior estoque em mercado é o Global 2041, com 2,925 bilhões de dólares.

Cota para compra no exterior é mantida Brasília - Para evitar prejuízos à candidatura da senadora petista Gleisi Hoffmann ao governo do Paraná, o Palácio do Planalto decidiu revogar uma portaria que reduzia de US$ 300 para US$ 150 a cota de importação livre de imposto a que cada pessoa tem direito ao entrar no País por via terrestre, fluvial e lacustre. A medida teria reflexos negativos no eleitor e poderia atrapalhar os planos da senadora na disputa com o governador Beto Richa (PSDB), que tenta a reeleição, e o senador Roberto Requião (PMDB). A avaliação é de que, com a redução da cota, publicada no Diário Oficial de segunda-feira, 21, o nome de Gleisi poderia ser associado a prejuízos a comerciantes do Paraná, especialmente em Foz do Iguaçu, cidade com quase 200 mil eleitores. Gleisi foi ministra da Casa Civil até o fim de março e toda portaria passa, obrigatoriamente, pela Pasta. A grande maioria dos produtos que chegam ao Brasil pelas fronteiras vem de Ciudad del Este, no Paraguai, vizinha de Foz. Como a senadora estava em Assunção desde a segunda-feira, 21, em um evento organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e sua congênere paraguaia, ela ouviu muitas reclamações de políticos e empresários contra a portaria. Eles alegaram que teriam muitos prejuízos. Gleisi prometeu agir. Logo que o dia amanheceu, na terça-feira, 22, ela ligou para o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) e para o ministro interino da Fazenda, Paulo Rogério Caffarelli. Falou sobre a impropriedade da medida. Por intermédio da assessoria, Mercadante confirmou que recebeu a ligação de Gleisi e que deu a ela o recado de que o governo recuaria. Comunicou ainda que suspensão vai durar até 2015. Disse à senadora que poderia dar a notícia da decisão do governo brasileiro aos vizinhos. Pesou ainda na decisão o fato de o governo brasileiro ter cuidado nas relações com o Paraguai. Em 2012, o vizinho foi suspenso do Mercosul após a cassação do então presidente Fernando Lugo, decisão apoiada pelo Brasil à época, e está em vias de retornar ao bloco. Tanto Mercadante quanto Caffarelli consultaram a Receita Federal logo depois da ligação de Gleisi. Falaram da necessidade de revogação da portaria. A Receita viu-se obrigada a recuar e a anunciar que deverá publicar no Diário Oficial desta quarta-feira, 23, outra portaria, com a suspensão da medida.

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Gleisi garantiu ao presidente do Paraguai, Horácio Cartes, que o governo brasileiro retiraria a portaria que afetava as compras via Ponte da Amizade. Estava acompanhada do ex-deputado Ricardo Gomyde, do PC do B, candidato ao Senado em sua coligação. Ao deixar a reunião com Cartes, no Palácio de Los Lopes, Gleisi afirmou: "Eu já havia conversado pela manhã com o ministro-chefe da Casa Civil do governo brasileiro e também com o Ministério da Fazenda. Essa medida vai ser suspensa", disse. "Era, na realidade, uma regulamentação de uma lei nossa sobre os free shoppings e não deveria tratar da cota neste momento. Então, vai ser suspensa". E emendou: "Voltaremos à cota dos US$ 300. Já o governo brasileiro pediu para que eu falasse ao presidente paraguaio e também ao nosso ministro das Relações Exteriores a decisão", disse a ex-ministra. Receita No início da tarde, a Receita Federal comunicou o recuo. Alegou questões técnicas e erros burocráticos. O secretário Carlos Alberto Barreto afirmou que a redução da cota passará a valer quando municípios-gêmeos de fronteira montarem free shops, conforme autoriza uma lei de 2012. Colaboraram Tânia Monteiro, Renato Veríssimo e Laís Alegretti. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em 2060, economia terá menos crescimento e mais desigualdade São Paulo – Se fazer previsões econômicas para o mês que vem já é difícil, imagine para os próximos 50 anos. Isso não impede, é claro, os economistas de tentarem. Recentemente, a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), que reúne 34 países (na sua maioria de renda alta) delineou o seu cenário da economia global em 2060. A má notícia é que as perspectivas de crescimento são “medíocres comparadas com o passado”. A previsão é que o PIB nos países da OCDE e do G-20 cresça em média 2,7% anuais entre 2010 e 2060, comparado aos 3,4% registrados entre 1996 e 2010. A boa notícia é que o centro do sistema deve continuar caminhando em direção aos países emergentes, que terão no futuro uma fatia da economia global muito mais alta do que a dos países da OCDE. Mas enquanto a diferença entre países e regiões deve diminuir, vai continuar aumentando a desigualdade interna dos países. Como a economia será cada vez mais centrada no conhecimento, a diferença nas perspectivas dos mais e menos qualificados vai aumentar – um processo que já está acontecendo, mas vai ficar cada vez mais intenso. “Continuando a tendência atual, a desigualdade de renda no país médio da OCDE terá crescido 30% até 2060, atingindo o mesmo nível de desigualdade visto atualmente nos Estados Unidos”. E pior: muitos dos instrumentos usados hoje para combater a desigualdade, como a política tributária, também devem ficar menos eficientes. O perigo é que na medida em que a economia global fique mais integrada, os países entrem em uma “corrida para o abismo”, um nivelamento por baixo em que benefícios trabalhistas e formas de redistribuição são evitados para não afugentar empresas e negócios. Uma economia baseada no conhecimento também tem naturalmente mais mobilidade. Neste cenário, começa a fazer mais sentido taxar coisas mais tangíveis - como imóveis e recursos 5


naturais, por exemplo. Mas são justamente estes tipos de bens que devem perder importância na economia do futuro. A solução sugerida pela OCDE é aumentar a cooperação internacional e focar em combater a desigualdade equalizando as oportunidades desde os primeiros momentos de vida, através de uma educação constante e de alta qualidade. De uma forma ou de outra, também será difícil achar os recursos necessários, porque os desafios fiscais devem se acumular. Uma população cada vez mais velha (ou até mesmo em declínio) coloca pressão sobre a previdência, e os governantes terão que responder com medidas impopulares de ajuste como o aumento da idade de aposentadoria. O documento sugere mais imigração como a melhor forma de amenizar o problema populacional – mas muitos países tem uma conhecida resistência histórica contra receber mais estrangeiros, e na medida em que os emergentes enriquecem, diminuem também os incentivos para que deixem seus países. E isso sem falar no aquecimento global: de acordo com a OCDE, “o PIB global em 2060 pode ser diminuido entre 0,7% e 2,5% graças ao efeito dos impactos da mudança climática”. Nos anos seguintes, as consequências devem ser ainda piores.

Juros sobem à espera da ata do Copom e após Ibope Pela manhã, taxas de curto prazo caíram, influenciadas por fonte que acredita que o BC pode ser forçado a mudar de ideia até setembro e cortar a Selic. Bovespa: À tarde, as taxas curtas passaram a subir, à espera da ata do Copom São Paulo - A curva de juros mostrou inclinação nesta quarta-feira, 23, com avanço firme na ponta longa e alta discreta dos vencimentos mais curtos. O principal gatilho para esse movimento foi a pesquisaIbope, conhecida na noite de ontem, que não ratificou, conforme os levantamentos Datafolha e Sensus, um empate técnico entre Dilma Rousseff e Aécio Neves em um eventual segundo turno. Ao término da sessão regular, o DI para outubro de 2014 (176.210 contratos) marcou 10,765%, de 10,756% no ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2015 (160.635 contratos) tinha taxa de 10,74%, de 10,72% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2016 (208.945 contratos) terminou em 10,95%, de 10,90% no ajuste da véspera; o DI para janeiro de 2017 (300.505 contratos) registrou 11,14%, de 11,05% no ajuste anterior; e o DI para janeiro de 2021 (68.560 contratos) terminou em 11,46%, de 11,36% ontem. Segundo o Ibope, a presidente Dilma Rousseff venceria o tucano Aécio Neves num eventual segundo turno, embora esta pesquisa tenha mostrado que ele pode nem ocorrer, já que Dilma detém hoje 38% das intenções de voto, ante 37% da soma de seus adversários.

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Nos levantamentos Datafolha e Sensus, foi apurado um empate técnico entre Dilma e Aécio no segundo turno. Pela manhã, as taxas de curto prazo chegaram a cair, influenciadas por comentário de uma fonte locada em Brasília que acredita que o BC pode ser forçado a mudar de ideia até setembro e cortar a Selic. Isso fez com que as apostas de afrouxamento monetário ganhassem força pela manhã. A leitura foi de ingerência política no BC, o que levou a curva de juros a se inclinar ainda mais. Vale lembrar que essa leitura de corte das taxas também tinha ganhado força após o comunicado em que o Copom manteve a Selic em 11% ao ano, na semana passada. O texto manteve a expressão "neste momento" e, apesar de ser idêntico ao do comunicado anterior, fez o mercado passar a acreditar num corte da Selic, principalmente por causa do enfraquecimento da economia. Mas uma fonte do governo disse ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, não ter sentido essa leitura, na tentativa de corrigir as expectativas. Foi também o que aconteceu hoje. À tarde, as taxas curtas passaram a subir, à espera da ata do Copom, a ser divulgada amanhã cedo. Hoje, os dados de inflação e atividade não mudaram o que o mercado já sabe. Os preços estão arrefecendo e a economia segue fraca. No caso da inflação, o IPC-S desacelerou para 0,16% na terceira quadrissemana de julho, ante 0,24% na segunda leitura do mês. A confiança do comércio e da indústria e a atividade da construção recuaram e pressionaram as taxas curtas pela manhã, mas o movimento foi absorvido mais tarde. A confiança do comércio caiu 1% em julho ante junho e 7% ante julho de 2013. A da indústria recuou 3,2% em julho ante junho, para 84,4 pontos. E a CNI informou que o nível de atividade da construção civil registrou sua sétima queda seguida, para 44,5 pontos. Os dados da arrecadação federal superaram a mediana das projeções, com R$ 91,387 bilhões (ante R$ 90,228 bilhões), mas o dado ficou em segundo plano.

BC aumenta projeção para preços da eletricidade

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O Banco Central (BC) aumentou a projeção para o reajuste do preço da eletricidade de 11,5% para 14%, este ano. A previsão está na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, divulgada nesta quinta feira, dia 24.Para as tarifas de telefonia fixa, o BC projeta redução de 3,8%, este ano, contra a previsão anterior de 4,2%, divulgada em maio. A estimativa para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados, a estimativa é 5% em 2014, mesmo valor considerado na reunião do Copom de maio. Segundo a ata, essa projeção considera variações ocorridas, até junho, nos preços da gasolina (0,7%) e do gás de bujão (0,7%). Para 2016, a projeção para os preços administrados é 6%, em 2015, ante 5% considerados em maio; e 4,8% em 2016.

Cheques sem fundos registram alta, diz Serasa O percentual de devoluções de cheques pela segunda vez por insuficiência de fundos foi de 2,09% no primeiro semestre deste ano. Os dados são do Indicador Serasa Experian de Cheques Sem Fundos. No mesmo período do ano passado, esse percentual foi de 2,08%. Considerando apenas o mês de junho de 2014, o percentual de devolução de cheques sem fundos foi de 1,92%, menor que a devolução de 2,17% registrada em maio, bem como a devolução de 1,94% ocorrida em junho de 2013. Roraima liderou o ranking estadual dos cheques sem fundos nos primeiros seis meses de 2014, com 11,94% de devoluções. O Amazonas, por sua vez, foi o estado com o menor percentual (1,16%). Entre as regiões, a Norte foi a que liderou o ranking, com 4,28% de cheques devolvidos, ao passo que a região Sudeste foi a que apresentou o menor percentual (1,61%). No ranking estadual, Santa Catarina ficou em 22º lugar, com 2,05%

Camex reduz imposto para dez produtos

A Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior reduziu o imposto de importação para dez produtos, em razão de desabastecimento. Dependendo do produto, a alíquota caiu de 12%, 14% e 16% para 2%. Em um único caso, o da soroalbumina humana, produto usado na fabricação de medicamentos para hemofílicos, o imposto, que era 4%, foi zerado. A redução é temporária e restrita a uma cota máxima do produto para todos os itens. A decisão foi publicada nesta quarta-feira, dia 23, no Diário Oficial da União. Além da soroalbumina humana, cujo imposto menor valerá por 12 meses para 600 mil frascos, tiveram alíquotas reduzidas três produtos usados na fabricação de defensivos agrícolas e herbicidas: dimetilamina, monoisopropilamina e diclorofenil. A redução também valerá por um ano, com limite de 12,2 mil toneladas de dimetilamina, 26,2 mil toneladas de monoisopropilamina e 6,5 mil toneladas de dicloferenil. 8


Também será reduzido por um ano o imposto para copolímero de cloreto e acetato de vinila, utilizados na fabricação de calçados, bolsas, produtos automotivos, laminados, embalagens farmacêuticas, adesivos, vernizes e outros. A redução vale para 12 mil toneladas. O prazo de um ano vigora ainda para o policarbonato, usado na fabricação de chapas, faróis automotivos, garrafões de água e medidores de água e energia. A cota beneficiada pela queda na alíquota é 35 mil toneladas. No caso das folhas e tiras de alumínio com clad, utilizadas na fabricação de radiadores, condensadores e compressores de ar-condicionado automotivo, a redução valerá por seis meses, para um teto de 563 toneladas. Para as placas metálicas de liga a base de estanho, que são insumo para fabricação de modelo elétrico de comando automotivo, a redução na alíquota valerá para 72 toneladas, também por seis meses. Já no caso da caprolactama, utilizada na fabricação de fibras artificiais, foi aprovada redução para uma cota de 32 mil toneladas, com validade até 28 de abril de 2015.

Israel rejeita crítica do Brasil a ação em Gaza e diz que país é 'irrelevante' O governo de Israel reagiu duramente nesta quinta-feira (24) às críticas feitas pelo Brasil à operação militar na faixa de Gaza. À Folha, a Chancelaria de Israel afirmou que o "comportamento" do Brasil "ilustra a razão por que esse gigante econômico e cultural permanece politicamente irrelevante". Além disso, o governo disse que o país escolhe "ser parte do problema, em vez de integrar a solução". O "comportamento" ao qual Tel Aviv se refere é um comunicado distribuído na noite desta quarta (23) em que o Itamaraty condena o "uso desproporcional da força" por parte de Israel e não faz referência às agressões de palestinos contra israelenses. No dia 17, comunicado similar afirmava condenar "igualmente" os bombardeios israelenses e os ataques de Gaza. Daquela vez, o Brasil também expressava "solidariedade" com vítimas "na Palestina e em Israel". Agora, fala somente no "elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças" deixado pelos ataques israelenses. Também nesta quarta, o governo brasileiro chamou o embaixador de Israel em Brasília, Rafael Eldad, para expressar seu protesto, e convocou o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Henrique Pinto, de volta a Brasília. Na linguagem diplomática, o protesto feito a Eldad e a convocação de Pinto são sinais fortes de desagrado. Em seu site, a diplomacia israelense acusou o Brasil de "impulsionar o terrorismo" e afirmou que isso, "naturalmente", afeta a "capacidade do Brasil de impulsionar influência". Na nota, Israel se diz "decepcionado" com a convocação do embaixador brasileiro e observa que a atitude "não reflete" o nível das relações bilaterais, além de "ignorar o direito de Israel de se defender". "Israel espera apoio de seus amigos em sua luta contra o Hamas, reconhecido como uma organização terroristas por muitos países", afirma. Horas após a forte reação israelense, o chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, minimizou a crise, dizendo que a "discordância entre países amigos é natural". Em visita a São Paulo, ele disse que o comunicado do Itamaraty nesta quarta –e que contou com aval da presidente, segundo aFolha apurou– não apaga as críticas feitas anteriormente ao Hamas só porque não as menciona. Ele afirmou ter escrito o texto. "O gesto que tinha que ser feito foi feito. O Brasil entende o direito de Israel de se defender, mas não está contente com a morte de mulheres e crianças", explicou. Sobre a crítica de Israel, Figueiredo disse que o Brasil não é um "anão diplomático" por ter relações com todos os países da ONU. Fontes ouvidas pela Folha afirmam que o Itamaraty e o Palácio do Planalto ainda estudam a melhor reação para um comentário considerado "tão duro". Se, de um lado, alguns diplomatas brasileiros alertam para que não se "bata boca" com Tel Aviv, outros analisam ser necessário uma resposta enérgica da própria presidente da República para responder a crítica à altura. 9


GAZA Em Gaza, o gesto brasileiro foi recebido com festa. Palestinos se aproximaram da reportagem da Folha para expressar gratidão ao governo Dilma Rousseff. "Obrigado por convocar seu embaixador", disse Tawfiq Abu Jamaa, em Khan Yunis. "O Brasil é melhor do que os países árabes, como o Egito, que não fazem nada." Outro palestino, Sabri Abu Jamaa, disse que "a população civil, em Gaza, não precisa de recursos. Precisa de palavras de apoio, como as brasileiras". O porta-voz do Hamas Ihab al-Ghussein confirmou à Folha, em Gaza, ver com bons olhos o gesto diplomático brasileiro. "O passo do Brasil é muito importante. O Brasil está sempre ao lado da justiça", disse. "Pedimos que todos os países façam o mesmo." A facção palestina Fatah, que controla a Cisjordânia, louvou também a atitude do Itamaraty, mas fez ressalvas à abrangência da medida. "O Brasil entende que a responsabilidade da comunidade internacional não é apenas emitir notas", afirmou o porta-voz Xavier Abu Eid. "O que foi feito pelo Brasil é um de diversos passos que todo Estado deveria tomar." Desde que a operação israelense batizada Margem Protetora começou, no último dia 8, mais de 700 palestinos -na maioria civis- foram mortos. Do lado israelense, foram 32 militares e três civis, sendo um cidadão tailandês. O intuito da operação é desmantelar o movimento radical islâmico Hamas, que governa Gaza.

FMI reduz a 1,3% previsão para o PIB brasileiro; emergentes crescerão 4,6% O FMI revisou o crescimento do PIB brasileiro para baixo pela quinta vez consecutiva. Segundo as novas previsões do Fundo Monetário Internacional, a economia brasileira deve crescer 1,3% em 2014. A previsão em abril era de que cresceria 1,8%. Para 2015, a revisão para baixo foi similar, de 2,6% para 2%. O Panorama Econômico Mundial, relatório do Fundo Monetário Internacional divulgado nesta quinta-feira (24), também revisou para baixo as duas maiores economias do mundo. Os EUA crescerão, de acordo com o relatório, 1,7% neste ano (contra 2,8% previstos anteriormente) e a China, 7,4% (em abril a previsão era de 7,6%). Em texto que acompanha o relatório, os economistas do Fundo explicam que, se o primeiro semestre deste ano foi decepcionante em boa parte do mundo, o segundo será melhor, especialmente nos EUA e na China. No Brasil, "condições financeiras mais apertadas e uma prolongada falta de confiança entre o empresariado e os consumidores tem segurado investimentos e o consumo", segundo o texto divulgado pelo Fundo. A expectativa do FMI está abaixo da esperada pelo governo brasileiro. Nesta terça-feira (22), o Ministério da Fazenda cortou a projeção de expansão do PIB em 2014 de 2,5% para 1,8%. Essa previsão faz parte do relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas do Orçamento do ano. O Banco Central prevê alta de 1,6%. Apesar de mais pessimista que a visão do governo, o FMI espera um crescimento maior que o previsto por analistas brasileiros. O Boletim Focus desta semana, feito pelo BC com analistas de cerca de 100 instituições, apontou previsão média de apenas 0,97%. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) afirmou nesta quinta que, com a atividade industrial em queda, a economia brasileira terá expansão de apenas 1% este ano. EMERGENTES O mundo emergente deverá crescer 4,6% neste ano e 5,2% no ano que vem –"o custo maior do capital desde maio de 2013", quando o governo americano começou a desacelerar sua política de estímulos, que bombeava bilhões de novos dólares mensalmente na economia mundial, cobrou seu preço no desempenho dos países em desenvolvimento. 10


Os economistas do FMI sugerem "urgentes reformas estruturais para fechar lacunas de infraestrutura, aumentar a produtividade e levantar o potencial de crescimento". DESENVOLVIDOS Nos EUA, o primeiro trimestre foi afetado pelo inverno mais longo e severo que de costume e uma queda nas exportações; na China, a demanda doméstica foi menor que a esperada. Mas ambos países devem se recuperar no segundo semestre. Reino Unido, Alemanha e Japão, três das seis maiores economias do mundo, estão entre os raros casos em que o FMI revisou o crescimento para cima –3,2%, 1,9% e 1,6% de alta em seus PIBs em 2014, respectivamente. "A prioridade ainda é promover o crescimento real e o potencial", diz o relatório. "O passo e a composição de ajustes fiscais devem estar sintonizados com o apoio à recuperação e ao crescimento de longo prazo". A zona do euro crescerá 1,1% em 2014 e 1,5% no ano que vem. O crescimento global será enfraquecido por mais tempo que o previsto pela falta de um "crescimento mais robusto" dos países ricos, apesar das taxas de juros próximas a zero.

O Pibinho afeta os salários O baixo crescimento da economia resulta em baixo crescimento dos salários, mais cedo ou mais tarde, de um modo ou outro. No Brasil deste século, o reajuste por lei do salário mínimo ajudou bastante a aumentar o rendimento dos mais pobres no mercado. O que será dessa melhoria, com o crescimento em pane? O reajuste básico do mínimo é vinculado ao crescimento da economia, do PIB, que tem crescido muito pouco. Essa indexação do valor do salário mínimo à taxa de crescimento do PIB tem limitado a alta dos rendimentos mais baixos ou tem evitado a sua queda? Qualquer que seja a resposta, os salários médios e iniciais vêm crescendo menos, qualquer que seja a medida, um ruído de fundo que deve estar afetando humores sociais e políticos de uns dois anos para cá. Ontem, o Dieese publicou seu balanço dos pisos salariais negociados em 2013 (o Dieese é o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). O aumento real médio dos pisos salariais em 2013 foi de 2,8%, próximo do aumento real do mínimo no ano passado. Em 2012, a média dos pisos salariais acompanhados pelo Dieese cresceu 5,6%; o salário mínimo, 7,6%. Para o instituto de pesquisa, "parece plausível supor" que o mínimo em alta leva consigo os pisos salariais de categorias profissionais. O piso médio de 2013, na amostra do Dieese, foi de R$ 879, 30% maior que o salário mínimo do ano passado. O instituto levantou dados de acordos e convenções coletivas de salário em 685 "unidades de negociação" (sindicatos ou coisa assim) pelo país inteiro. Os aumentos do mínimo favoreceriam em especial os salários menores. Em 2013, o reajuste médio dos salários foi de 1,25%. Como foi escrito mais acima, os pisos cresceram em média 2,8%. Ou seja, de algum modo houve redução da desigualdade de rendimentos. "Desde pelo menos 2009, quando o Dieese passou a acompanhar os reajustes dos pisos salariais, estes têm se valorizado mais do que os demais salários", lê-se no balanço do instituto. Na média, porém, os salários vêm crescendo menos. O salário médio de admissão dos trabalhadores com carteira assinada cresce agora a menos de um terço do que crescia em 2012 (dados do registro do Ministério do Trabalho, o Caged, comparados os reajustes ao final do primeiro semestre de 2014 com o mesmo período de 2012). 11


O salário anual médio cresceu 1,5% em 2013 ante 4,3% em 2012, nas grandes metrópoles, segundo dados da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE (compara-se aqui o salário real de um ano com o do ano anterior). Observe-se, enfim, que o aumento muito relevante do salário mínimo neste século não impediu que houvesse uma baixa igualmente significativa do desemprego, ao contrário do que diria a teoria econômica mais simplesinha e aplicada sem levar em conta contextos históricos. Mas a pane do crescimento, associada a inflação e déficit externo relativamente altos, levanta claramente a dúvida sobre a possibilidade de reduzir a desigualdade sem que se aumente a produtividade (crescimento) e sem reformais econômicas e sociais.

BC diz que atividade mais fraca não é suficiente para derrubar inflação Em meio à especulação do mercado e a pressões dentro do governo, o Banco Central disse nesta quinta-feira (24) de forma explícita que não planeja reduzir os juros antes das eleições presidenciais, apesar da desaceleração econômica. A instituição afirmou que a atividade segue para o campo desinflacionário. Ainda assim, a inflação ficará resistente nos próximos trimestres. Por isso, a "estratégia" é manter a taxa básica em 11% ao ano para que a inflação recue. A previsão do BC é que o índice oficial de preços ao consumidor (IPCA), ainda assim, só volte a ficar próximo da meta de 4,5% em 2016. Nos 12 meses até junho, o IPCA acumula alta de 6,52%, já acima do teto da meta. "Mantidas as condições monetárias - isto é, levando em conta estratégia que não contempla redução do instrumento de política monetária - [a inflação] tende a entrar em trajetória de convergência para a meta nos trimestres finais do horizonte de projeção [que vai até meados de 2016]." A afirmação faz parte da ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) realizada na quarta-feira da semana passada (16). Naquele dia, a instituição manteve os juros em 11% ao ano. A próxima reunião do Copom está marcada para 3 de setembro. Uma semana antes, será divulgado o resultado do PIB (Produto Interno Bruto), que pode mostrar retração na economia e até recessão. Depois, o comitê só volta a se reunir na última semana de outubro, ou seja, depois da data marcada para o segundo turno das eleições. Na última semana, pessoas da equipe econômica afirmaram à Folha que não procedia a especulação do mercado de que o comunicado da decisão de quarta-feira deixava aberta a possibilidade de corte de juros em setembro. Em algumas áreas do governo, no entanto, havia informações de bastidores de que uma recessão obrigaria o BC a mudar de ideia antes das eleições. Editoria de Arte/Folhapress

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Indicadores - Juros SEM RECESSÃO Tony Volpon, chefe de pesquisas para mercados emergentes do Nomura Securities, afirmou que, ao sinalizar que não haverá corte de juros, a instituição deixa claro que não compra a ideia de que o Brasil está entrando em recessão, o que poderia justificar uma mudança na política monetária. Disse ainda que o corte de juros ajudaria muito pouco na recuperação da atividade, mas pioraria as expectativas de inflação. Para a consultoria LCA, o BC apontou que, a despeito do enfraquecimento da atividade, não avalia a possibilidade de redução da taxa Selic no curto prazo. "O BC emite dois sinais bastante claros: a Selic não deverá cair no curto prazo, como os mercados passaram a especular nas últimas semanas, mas tampouco deverá voltar a subir, caso a inflação trilhe a atual trajetória esperada." Sobre a previsão do BC de melhora da inflação em 2016, Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, afirma que isso só se tornará realidade se houve ajuda da política fiscal e reformas econômicas estruturais. "Ao descartar a possibilidade de corte da taxa na próxima reunião, o Banco Central não só ajuda a reduzir o ruído no mercado de renda fixa, mas também atua para conter um aumento das expectativas de inflação", afirmou Rostagno. INFLAÇÃO Na ata, o BC também piorou seu cenário sobre o comportamento dos preços. Pelo cenário de referência (Selic a 11% e dólar a R$ 2,20), a projeção para a inflação de 2014 e de 2015 foi elevada sobre o valor do documento anterior e permanece acima do centro da meta. O BC também passou a ver mais alta nos preços das tarifas de energia elétrica neste ano, a 14%, frente aos 11,5% até então. Ao mesmo tempo, passou a ver menor redução nos preços de telefonia fixa, a 3,8%, ante 4,2%. No geral, manteve em 5% suas contas para a alta nos preços administrados.

O sucesso da Coréia A Coréia do Sul é o mais bem-sucedido caso de industrialização tardia. O país, que hoje tem 50 milhões de habitantes, superou o subdesenvolvimento, atingindo renda per capita, 13


infraestrutura, serviços públicos, consumo massificado e outras características que o colocam entre as nações mais prósperas do mundo. Dado o sucesso, o capítulo sobre o país, dos professores da Unicamp Adriana Nunes Ferreira e Mariano Laplane, no livro "Padrões de Desenvolvimento Econômico, Estudo Comparativo de 13 Países: América Latina, Ásia e Rússia", organizado pelo economista Ricardo Bielschowsky, só poderia ser interessante. Marcante na estratégia é o descomunal intervencionismo. O Estado vedou a entrada do capital estrangeiro, concedeu subsídios aos grupos nacionais e orientou os ciclos de investimento, mas também fixou metas de exportação, reprimiu sindicatos e por décadas dificultou que os excedentes se direcionassem ao consumo de luxo, às aplicações financeiras ou à exploração imobiliária. Assim, a taxa de investimento manteve-se alta, chegando a quase 40% do PIB na virada dos anos 1980 para os 90, de modo a promover as vendas externas e o crescimento, cuja média de 1953 a 1993 superou 7%. A trajetória coreana pode ser dividida em três fases. De 1953 a 1961, após a Guerra da Coreia e sob forte influência dos EUA, há as reformas agrária e da educação, além da privatização de estatais que na origem eram de capital japonês. Mesmo mantendo um crescimento acelerado, o governo civil foi derrubado em meio a acusações de favorecimento nas privatizações. O período do nacional-desenvolvimentismo se inicia em 1962 com a instalação de uma ditadura militar que se estendeu até 1993. O regime nacionalizou bancos, porém manteve as empresas em mãos privadas. Após uma fase de substituição de importação de bens de consumo leves, na década de 1970 foi a vez da indústria pesada: siderurgia, máquinas, automóveis, construção naval, química e eletroeletrônica. Dados o restrito mercado interno e a escassez de recursos naturais, o país, para obter divisas e operar em escalas eficientes, buscou as vendas externas. Nesse momento, governo e grupos privados mostram poder de readequar a estratégia de industrialização, percebendo que o dinamismo passaria a vir da eletrônica. Para tanto, foi importante a atuação como fornecedores de indústrias japonesas de eletrônicos de consumo. No início dos 1980, a crise da dívida afetou bem menos a Coreia, que, em relação à América Latina, tinha um grau bem menor de abertura financeira. Com isso, o país não sofreu com a interrupção dos fluxos privados de financiamento externo. Ainda assim, o ajuste passou pela privatização de bancos, que foram incorporados aos grupos econômicos ("chaebol") para novamente alavancar as exportações. No fim da década, com dinamismo tecnológico e experiência em estratégias de comercialização e marketing, uma preocupação havia muito presente em razão da necessidade de exportar, os "chaebols" buscaram a internacionalização. Assim, o mundo conheceu a força das marcas Hyundai, Samsung, entre outras. Ao longo do tempo, a ação estatal foi legitimada pelo crescente sucesso de suas empresas. Mas é claro que esse sucesso também conferiu mais independência aos grupos privados, bem como fez florescer a democracia a partir de 1994. No terceiro período, houve a liberalização do sistema financeiro e dos fluxos de capitais com o exterior, alavancando um endividamento externo que expôs o país aos riscos que levaram à crise de 1997. O Estado teve de novo papel decisivo, promovendo a fusão de grupos em dificuldades com os mais fortes e incentivando a concentração dos conglomerados em seus núcleos de negócios. Houve ainda privatizações e internacionalizações no sistema financeiro. Porém o Estado mantém as diretrizes de longo prazo no desenvolvimento tecnológico, o apoio creditício especializado, como o do Banco de Desenvolvimento da Coreia, e participações em firmas privatizadas. Depois de aproveitar com grande êxito a proximidade com as potências dos EUA e do Japão, a Coreia enfrenta o desafio de lidar com a ascensão da China, que representa oportunidades 14


para as maduras e inovadoras empresas coreanas, mas também é uma ameaça nos mercados doméstico e global.

Risco do Brasil descola do de emergentes Inflação alta e PIB fraco estão levando investidores estrangeiros a terem percepção pior do país, diz banco JPMorgan. A combinação de inflação elevada e crescimento econômico fraco, com risco de recessão, está afetando a percepção de investidores estrangeiros sobre o Brasil. Análise feita por economistas do banco americano JPMorgan mostra que o Brasil está sendo mais mal avaliado, em comparação a outros países, desde que passou a turbulência acionada pela retirada dos estímulos do banco central dos EUA, em 2013. Para Júlio Callegari, diretor-executivo da gestora do JPMorgan, isso tem relação com a "relativa estagflação" pela qual passa o país, ou seja, atividade estagnada com inflação alta. Em apresentação a clientes, o economista ressaltou que o crescimento anêmico do Brasil "não é pontual". É resultado de uma atividade industrial parada desde a crise global de 2009. "O quadro agora se agravou. Não só a gente não crescia, mas agora a gente vê uma certa contração [da economia]", disse. Segundo ele, o primeiro semestre foi "ruim" e o segundo foi piorado, em junho, com os feriados da Copa. "Isso reforçou a tendência de queda da produção industrial, que deve ter levado a uma contração do PIB no segundo trimestre, com o risco de uma recessão", afirmou. Além disso, diz ele, a inflação tem se mostrado "teimosa e resistente", apesar do represamento de preços administrados, como combustíveis e tarifas de ônibus. "O mercado espera uma normalização da inflação, para 6% [hoje, ela está em 6,51% em 12 meses]. Mas ainda assim, para um país que não registra crescimento relevante, é preocupante", afirmou. O JPMorgan administra US$ 1,7 trilhão em investimentos. No Brasil, são R$ 20 bilhões sob sua gestão. A análise do banco de que o mercado está de mau humor com o Brasil se baseia na avaliação do risco-país, medido pelo CDS (Credit Default Swaps), um seguro contra calote que tem cotação negociada no mercado financeiro. Passado o susto inicial com a mudança da economia global e a provável migração de recursos para os EUA, na esteira da recuperação americana, os investidores voltaram aos emergentes, atrás de retornos mais polpudos. Também retornaram ao Brasil, com aplicações tanto em títulos quanto em ações. Mas o risco de aplicar no país ficou mais alto. Segundo o JPMorgan, o Brasil não recuperou o mesmo patamar de risco que havia antes da turbulência. México, Colômbia e até a Itália, que tem uma dívida pública bem maior do que a brasileira, viram seu risco recuar aos níveis de 2013. No Brasil e na Rússia, ele permaneceu mais alto. Na Rússia, houve questões geopolíticas, em razão da crise militar com a Ucrânia. No Brasil, os fatores são locais. Além da economia, entra na conta o risco eleitoral. Para Callegari, a disputa está acirrada, e o resultado, imprevisível, apesar de o mercado "ver com bons olhos a eleição da oposição". "Qualquer recuperação da candidatura de Dilma durante a campanha pode voltar a trazer estresse para o mercado", observa, acrescentando que a proteção à oscilação política está em aplicações ligadas ao dólar e à inflação.

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IBGE: Renda real cai em junho; perda é maior entre os informais SÃO PAULO - O rendimento médio real dos trabalhadores caiu nas regiões metropolitanas divulgadas hoje pelo IBGE. E a queda foi bem mais intensa entre os trabalhadores sem carteira. De maio para junho, o rendimento médio real habitual dos trabalhadores caiu em Recife (1,0%), Belo Horizonte (-2,2%), Rio de Janeiro (-0,5%) e São Paulo (-1,6%). Olhando-se a renda dos trabalhadores com carteira houve aumento apenas em Recife, de 0,5%. Mas ali, os sem carteira viram sua renda real recuar 16,2%. Em Belo Horizonte, houve queda de 1,1% entre os trabalhadores com carteira, mas entre os informais a queda foi maior, de 1,8%. No Rio de Janeiro, houve queda de 1,5% e de 13,9% e, em São Paulo, recuos de 2,2% e 2,3%, respectivamente.

Para CNI, cenário piorou e governo não cumprirá meta de inflação BRASÍLIA - A Confederação Nacional da Indústria (CNI) piorou suas previsões para 2014 e agora acredita que o governo não conseguirá cumprir a meta de inflação e a de superávit primário. A entidade patronal também vê uma queda no Produto Interno Bruto (PIB) da indústria puxada por uma retração do investimento. “O quadro de inflação segue preocupando e, simultaneamente, há expansão fiscal, que cria tensão na política macroeconômica”, avaliou o gerente executivo de Política Econômica da CNI, Flavio Castelo Branco. O “Informe Conjuntural” divulgado nesta quinta-feira pela CNI estima um PIB de 1% em 2014, com retração de 0,5% no PIB industrial e queda de 2% na formação bruta de capital fixo (FCBF). As estimativas anteriores da entidade eram de PIB de 1,8%; PIB industrial de 1,7% e investimento de 2,5%. Além disso, a pesquisa também projeta uma inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 6,6% ao fim deste ano, acima do teto da meta, que é de 6,5%. A estimativa anterior era de 6,4%. Já o superávit primário, para a CNI, deve ser de 1,5% do PIB para o setor público consolidado. A meta divulgada pelo governo é de 1,9% do PIB. Castelo Branco critica o expansionismo fiscal. “Nesse quadro, é muito difícil ter inflação muito diferente. Isso sinaliza a necessidade de políticas mais restritivas para controlar o aumento de preços”, analisou. O economista da CNI não vê uma solução no curto prazo para os problemas econômicos projetados pela entidade patronal. Segundo ele, é muito difícil que qualquer medida adicional adotada pelo governo tenha impacto no crescimento deste ano, já que qualquer recuperação depende da retomada de investimento, que passa pelo aumento da confiança do empresário em investir. “É muito difícil que tenhamos uma mudança de quadro nesses últimos cinco meses. Eu creio que essa reação vai começar a ocorrer apenas em 2015”, afirmou. Para o economista, a retração esperada para o PIB industrial (-0,5%) reflete a perda de competitividade dos produtos brasileiros que vem ocorrendo desde a crise de 2008. “O que foi feito nos últimos anos, não só esse conjunto de medidas mais recente, se mostrou insuficiente para reverter as dificuldades que a indústria tem”, completou. O “Informe Conjuntural” também projeta que a taxa de juros terminará o ano em 11%, patamar no qual se encontra atualmente. A dívida pública líquida, por sua vez, deve crescer dos 33,6% apurados ao fim de 2013 para 35%, reflexo do baixo superávit primário esperado para este ano. Já a taxa de desemprego deve fechar o ano em 5,6%. “Desemprego permanece muito baixo, mas porque a população ocupada está crescendo pouco. A geração de emprego é pequena, mas a evolução da população economicamente ativa diz que a população em busca de colocação se contraiu”, analisou ele. 16


Sete lições da Copa para a economia A derrota da seleção brasileira em Belo Horizonte vai demorar a ser esquecida, se é que será um dia, em especial por aqueles que lá estavam. Perder da Alemanha não foi uma vergonha, nem totalmente inesperado, mas a forma como isso ocorreu foi tão surpreendente quanto, sim, vergonhosa. Para não desperdiçar a experiência, cabe tentar extrair lições que, se não aliviam a frustração e tristeza, podem pelo menos conduzir a resultados melhores no futuro. No que segue vou tentar extrair sete (se me permitir a alusão ao algarismo) lições dessa derrota e aplicá-las ao tema que me cabe, a economia. A primeira lição é que, assim como a tática e treinamento do time no período do torneio não compensam a má qualidade da safra de jogadores, não se deve esperar que a política econômica de curto prazo (fiscal, cambial e monetária) resolva problemas estruturais da economia, como a desaceleração da oferta de mão de obra, a redução do investimento e queda da produtividade total dos fatores de produção. Não devemos esperar demais dos "professores" no futebol, nem de ministros ou soluções milagreiras na economia. A segunda é que, se não resolve, a política macroeconômica pode atrapalhar. Assim como a escolha de uma tática desastrosa, que deixou o meio de campo livre para a máquina alemã, atrapalhou, erros sequenciais no curto prazo, como vimos frequentemente na história brasileira, em especial no campo fiscal, atrapalharam, pois aumentaram a incerteza macroeconômica, reduziram a previsibilidade e inibiram o investimento. A terceira lição é que o que talvez tenha funcionado no passado não necessariamente funciona no presente, seja porque a estrutura da economia é diferente ou porque o ambiente internacional mudou. A tentativa de incentivar setores industriais por meio da surrada combinação de protecionismo com crédito subsidiado, que remete aos anos 70 do século passado, hoje em dia se mostra tão anacrônica quanto algumas das táticas do selecionado nacional. A quarta lição é que, assim como no futebol, em economia querer não é poder. Não foi por falta de vontade da equipe que levamos aquela surra, mas por um abismo entre essa vontade e as condições objetivas para alcançar a vitória. Da mesma forma, não foi por falta da chamada vontade política que não atingimos uma das metas-chave desse governo, qual seja a redução permanente das taxas de juros, mas por falta de condições para tal, sejam institucionais (falta de autonomia formal do BC, meta de inflação alta), conjunturais (políticas fiscais e parafiscais expansionistas), ou estruturais (uma complexa estrutura de crédito subsidiado que reduz a eficácia da política monetária), que levaram a Selic de volta ao território de dois dígitos que se queria abandonar. A quinta lição é que estudar o exemplo bem sucedido dos outros países ajuda. Pode-se argumentar que a última boa partida da seleção em Copas do Mundo foi contra a Alemanha, na final de 2002, mesmo assim desde então nos recusamos a emular as melhores práticas do futebol. Da mesma forma, quando defrontados com os exemplos dos países da costa oeste, Colômbia, Peru e Chile, que têm conseguido crescer mais com inflação muito menor que a nossa, com políticas econômicas que ajudam o investimento, certas autoridades invariavelmente recorrem a argumentos depreciativos sobre as mesmas, ou ao tradicional "o Brasil é diferente". A sexta lição é que o protecionismo gera complacência e inibe, em vez de ajudar, a competitividade. Vitórias sobre adversários fracos ou que eram fortes mas entraram em decadência, que caracterizaram a trajetória da seleção nos últimos anos, dizem muito pouco sobre a capacidade de se competir contra os melhores oponentes. O mesmo ocorre com as indústrias que florescem apenas enquanto estão sob o abrigo de um confortável escudo tarifário. A sétima lição é que o primeiro passo para melhorar o desempenho, seja da economia brasileira ou da seleção, é reconhecer que houve problemas de diagnóstico ou implementação. Atribuir o aumento da inflação (mesmo com controles de preços), o aumento das taxas de juros (a primeira vez desde o início do regime de metas que um governo termina 17


com a Selic acima do que recebeu), a desaceleração do crescimento, o aumento do deficit em conta corrente, a piora fiscal e o rebaixamento do crédito soberano exclusivamente à crise internacional ou a uma suposta má vontade do mercado, que por sinal tem índole governista, parece muito similar à atitude de atribuir a derrota de BH a uma pane temporária de uma equipe bem preparada. Mas o saldo da Copa não é só negativo, em que pese o virtual rebaixamento da nossa seleção. Talvez as consequências mais positivas tenham sido a comprovação, para quem tinha dúvida, que mediante incentivos adequados o investimento privado em infraestrutura pode acontecer em ritmo e volume adequados - obviamente, se tivéssemos acertado o modelo mais cedo, teríamos tido menos obras inacabadas. O segundo, mais intangível mas não menos importante, foi a provável melhora da imagem do país, e de suas principais cidades, perante o público e os investidores estrangeiros. Em particular Rio (que ofereceu na final da Copa uma bela propaganda do que podem vir a ser as Olimpíadas) e São Paulo ficaram mais cosmopolitas no últimos trinta dias e poderiam explorar essa dinâmica para alavancar o setor de hospitalidade e lazer, com alto potencial de geração de postos de trabalho.

BIS constata fim de aperto do crédito internacional A contração nos empréstimos bancários internacionais, que começou em 2011, chegou ao fim em março deste ano, constata o Banco Internacional de Compensações (BIS), espécie de banco dos bancos centrais. Os empréstimos internacionais de bancos que fornecem dados ao BIS aumentaram US$ 580 bilhões no primeiro trimestre. Foi o primeiro crescimento desde fins de 2011, propagado entre países e setores da economia. Os créditos para economias emergentes continuaram a aumentar entre janeiro e março, com alta de US$ 165 bilhões. Isso representa crescimento em ritmo anual de 10% de financiamento para esses mercados. Como nos trimestres precedentes, o maior aumento de empréstimos bancários internacionais foi para a China, com US$ 133 bilhões. A segunda maior economia do planeta registrou crescimento de 49% no volume de crédito fornecido por bancos internacionais, em ritmo anual. Com isso, a exposição de bancos estrangeiros à China supera US$ 1 trilhão pela primeira vez. Os empréstimos interbancários representam quase três quartos desse total ou US$ 726 bilhões. O BIS informa que uma parte significativa dos créditos externos para a China, de mais de US$ 400 bilhões, foi fornecida por bancos que podem estar localizados em Hong Kong. A exposição da banca estrangeira ao resto da Ásia, na América Latina e no Oriente Médio tambem aumentou, mas em menor ritmo. Na zona do euro e nos EUA, os financiamentos bancários tambem aumentaram. Mas, em razão da situação geopolítica, os bancos ativos internacionalmente reduziram sua exposição na Rússia e na Ucrânia. A exposição total da banca estrangeira na Rússia declinou de US$ 225 bilhões no fim de dezembro de 2013 para US$ 209 bilhões no fim de março deste ano. No caso da Ucrânia, a queda foi de US$ 3 bilhões, com o estoque alcançando agora apenas US$ 22 bilhões. Os créditos para o Brasil fornecidos por bancos internacionais aumentaram US$ 7,2 bilhões no primeiro trimestre, numa reviravolta em relação à contração de US$ 5 bilhões ocorrida no quarto trimestre de 2013. Os dados do BIS mostram que o Brasil recebeu quase todo crédito estrangeiro destinado à América Latina, que totalizou US$ 8 bilhões entre janeiro e março. Os bancos ativos internacionalmente reduziram, em contrapartida, os créditos para residentes no México em US$ 3,8 bilhões. Esse país tinha obtido US$ 8,6 bilhões entre outubro e dezembro do ano passado. Os empréstimos bancários para Ásia (sem China) aumentaram US$ 21 bilhões no período. Já para a Europa emergente do Leste houve queda pelo quarto trimestre - a contração foi de US$ 18


14 bilhões, sendo que houve queda de US$ 5,3 bilhões na Turquia e de US$ 4,8 bilhões na Polônia. Os bancos brasileiros aumentaram em US$ 6,5 bilhões sua exposição no exterior no primeiro trimestre, colocando mais dinheiro nos Estados Unidos e reduzindo ligeiramente operações na Europa e na Argentina. A exposição total de bancos brasileiros no exterior alcançou US$ 125,5 bilhões no fim de março, segundo o BIS. Desse montante, US$ 70 bilhões são em mercados desenvolvidos, em leve alta. No mercado europeu, a exposição das instituições brasileiras caiu para US$ 34 bilhões comparado a US$ 36,3 bilhões no trimestre anterior. Na Argentina, os bancos brasileiros tinham diminuído sua presença em US$ 900 milhões entre outubro e dezembro de 2013. E a contração agora foi de US$ 800 milhões entre janeiro e março deste ano, com a exposição ficando em US$ 4,2 bilhões. Já no Chile, a presença brasileira manteve-se estável em US$ 14,6 bilhões. Os bancos brasileiros aumentaram operações nos EUA, passando de US$ 29,2 bilhões em dezembro para US$ 34,7 bilhões no fim de março deste ano.

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