SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 24 DE MARÇO DE 2015
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UMA BOA PROPOSTA Editorial da Coluna ACIJ - Jornal A Notícia - 23 de março O presidente de um importante partido político brasileiro informou toda a sociedade da intenção de seu partido em lutar no Congresso Nacional para o retorno da CPMF, extinta após pressão e manifestação da sociedade. A ACIJ não entra no mérito das ideologias de cada partido político e nem nas brigas intestinais dos mesmos e entre os mesmos, até porque não milita em qualquer um deles. Entretanto, seria de bom tom que quando um dos atuais partidos resolvesse instituir mais tributos para penalizar o cidadão, que os seus integrantes, e os seus indicados a cargos públicos e em empresas estatais, devolvessem a esse mesmo cidadão tudo o que foi desviado pelos mais diversos esquemas de corrupção, aí incluindo especialmente o “mensalão” e o “petrolão”. Caso esse partido, os demais partidos a ele associados e todos os que eles indicaram para a Petrobrás e demais situações de corrupção, façam isso, aí nós os olharemos com mais respeito e analisaremos como sérias tais propostas. Os assuntos preferidos pela área econômica e alguns congressistas se referem todos a aumento de impostos e contribuições. Pouco ou quase se fala em redução de custos e de Ministérios de discutível utilidade. Tributar os dividendos, cuja autoria é de um dos senadores investigados na operação lava-jato, retorno da CPMF, tributação sobre heranças, tributação sobre fortunas, sem que ninguém saiba realmente o que seja fortuna, são as bolas da vez. Outras bolas já entraram na nossa rede. A fértil imaginação não deverá parar por aí. De qualquer forma, falta credibilidade ao governo e partidos políticos para impor à sociedade sacrifícios a que eles próprios não se submetem. Fica aqui a proposta: Devolvam todo o dinheiro desviado nos últimos doze anos, aí incluídos todos os indicados pelos partidos políticos, os próprios partidos e membros do executivo se comprovada a sua participação, e a sociedade concordará em discutir uma tributação que seja adequada e justa para nosso País. É uma proposta boa e justa.
Despiora: o que pode dar certo Fonte Jornal Folha de São Paulo 23/03/2015 às 02h 00 TIVEMOS ONTEM uma pequena boa notícia. Uma agência que dá notas para o crédito do governo não lhe deu pontos negativos. Melhor. Mas é um copo d'água na seca. O que seria uma boa chuva? Um "ajuste" rápido. Mas "ajuste" dói, no povo em particular. As dores mal começaram. A reação política "nas ruas" é uma incerteza. Por ora, houve grande manifestações de elite, mas a ira contra o governo é igualmente distribuída pela população. A elite voltará à rua? Vai agregar mais gente? Vai haver outro tipo de protesto? A temperatura da rua, que depende do tamanho da recessão e das expectativas políticas ("confiança") da população, vai influenciar o rearranjo da geleia política (mas não vai determiná-lo, pois a geleia tem sua autonomia), que também dependerá do alcance do descalabro revelado da corrupção. 2
São ainda incertos o tamanho e o tipo da recessão, que dependerão da qualidade da política econômica e do andar ora muito incerto da carruagem mundial (dólar, juros). O que se chama de "ajuste" significa, grosso modo, redução de consumo, de governo (ajuste fiscal) e setor privado. A redução do consumo privado implica contenção maior ou menor de salários, por meio de alguma combinação de desvalorização do real e contenção dos salários, o que, por sua vez, depende de algum desemprego (em especial em setores que não produzem bens exportáveis, como serviços). É horrível. Um "ajuste" funcional significa que certos negócios voltariam a ser tornar rentáveis o bastante (por meio de contenção de custos, de salário), que se torna mais rentável produzir no Brasil outra vez (indústria, turismo), o que pode estimular investimento e emprego de alguma capacidade de produção ociosa. A redução de gasto público produz alguma recessão. A desvalorização do real produz alguma inflação. Quanto melhor a qualidade da política econômica e/ou maior a recessão, menor a taxa de juros necessária a fim de conter a inflação. Uma desvalorização considerável do real com inflação contida, associada a um corte de gastos públicos rápido e grande seguido em breve de queda de juros, seria a situação ótima do "ajuste". Nos próximos meses não vai haver "ótimo" nenhum. Por ora, a situação é de piora acelerada. Para haver inflexão, uma despiora, ao menos, muito ajudaria haver expectativas de que inflação em queda contínua nos próximos anos e controle mais sistemático do déficit público, que neste ano será reduzido a machadadas. O conserto básico seria acelerado com alguma "reforma": o teor das mudanças em parte é motivo de controvérsia econômica e política, mas não é possível deixar o Brasil largado como ficou na década passada. Além de "reformas", é preciso apagar incêndios gigantes e criar motivos de ânimo mais imediato: dar logo da crise da Petrobras, que se resolve "sozinha" e lentamente, pois a presidente não a entende, e apresentar um grande programa de concessões à iniciativa privada, um em que Dilma 2 demonstrasse que compreendeu intervenções equivocadas de Dilma 1. Um programa que atraísse investimento pesado, desse início à reconstrução da infraestrutura e ajudasse a ressuscitar algum crescimento.
Agência rebaixa nota da Sete Brasil para 'calote seletivo' Fonte Jornal Folha de São Paulo 23/03/2015 às 02h 00 RAQUEL LANDIM DE SÃO PAULO A Standard & Poor's rebaixou para nível de "calote seletivo" (SD) a nota da Sete Brasil, empresa criada para fornecer plataformas para a exploração do pré-sal pela Petrobras. O motivo foi o não pagamento dos US$ 250 milhões que o banco Standard Chartered emprestou à empresa. O "calote seletivo" é caracterizado pelo não pagamento de uma dívida. Se o calote é generalizado, a nota é "D". Os britânicos acionaram o fundo garantidor do setor naval para se proteger do provável "default" da Sete. Procurada, a Sete não se manifestou. A decisão da agência era esperada, mas termina de fechar as portas do mercado externo para a Sete. A empresa fica totalmente dependente de um socorro que vem sendo articulado por seus sócios com governo e bancos nacionais. A Sete negocia com seus credores no Brasil mais uma renovação por 90 dias de parte de seus empréstimos-ponte, tomados no aguardo de um financiamento de longo prazo de US$ 9 bilhões do BNDES. A ideia é ganhar tempo enquanto a empresa se reestrutura, reduzindo expressivamente seu tamanho, com um corte que pode chegar a 50% do portfólio de encomendas. Hoje, o plano da Sete prevê construir 28 navios-sonda de perfuração de petróleo. 3
A avaliação dos sócios é a Sete "vai quebrar" se os bancos não derem mais prazo. São sócios da empresa os fundos Petros, Previ, Funcef e FI-FGTS e os bancos BTG, Bradesco e Santander, além da própria Petrobras. A Sete recebeu R$ 12 bilhões em empréstimos de curto prazo para iniciar a construção dos navios, que seriam pagos quando saísse o dinheiro do BNDES. Esses empréstimos vencem em 17 de abril, mas os credores podem executar sua garantia a qualquer momento em razão das sucessivas renovações, a exemplo do que fez o Standard Chartered. A expectativa é que os credores nacionais renovem os empréstimos, enquanto os estrangeiros desistam e acionam suas garantias. No Brasil, os principais credores são Bradesco, Santander, BB e Itaú BBA. Bradesco e Santander têm especial interesse na renovação, pois também são sócios da Sete. Os problemas da empresa se agravaram depois da Operação Lava Jato, que implicou o ex-diretor Pedro Barusco. Desde então, as negociações para financiar o projeto se tornaram um jogo de empurra, porque ninguém quer assumir o risco. O BNDES propôs financiar diretamente os bancos credores, que emprestariam dinheiro à Sete. Os bancos privados se recusaram e querem que BB e Caixa assumam esse papel. Os sócios também resistem a uma nova capitalização. Sem dinheiro, a Sete não paga aos estaleiros que constroem das sondas há mais de cinco meses, e suas dívidas passam de US$ 900 milhões. Os estaleiros vêm demitindo centenas de funcionários.
Pontualidade de pagamentos das MPEs cresce em fevereiro Fonte Portal Economia SC 24 de março de 2015 às 11h 06 A pontualidade de pagamentos das micro e pequenas empresas (MPEs) atingiu 95,7% em fevereiro de 2015. Isto significa que durante o mês passado, a cada 1.000 pagamentos realizados, 957 foram quitados à vista ou com atraso máximo de sete dias. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, dia 24, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas. O nível de pontualidade de fevereiro foi superior ao registrado em janeiro, quando o índice atingiu 94,7%. Na comparação com o mesmo mês do ano passado (fev/14), a pontualidade de pagamentos das micro e pequenas empresas apresentou pequena elevação já que, no mesmo mês do ano passado, está fora de 95,5%. De acordo com os economistas da Serasa Experian, o aumento da pontualidade de pagamento das MPEs em fevereiro reflete um movimento sazonal pois, devido às vendas mais fracas e ao pagamento do 13º salário em dezembro, a pontualidade de pagamento normalmente cai em janeiro, costumando atingir o pior valor do ano. Já para a ligeira elevação em relação ao mesmo mês do ano passado, contribuiu a queda do valor médio pago pelas micro e pequenas empresas, o que pode significar melhor planejamento de seus compromissos financeiros face ao atual cenário econômico adverso. As MPEs do setor comercial apresentaram o maior nível de pontualidade de pagamentos em fevereiro/15: 96,3%. Por outro lado, as micro e pequenas empresas industriais registraram pontualidade de 94,6% e, por fim, a pontualidade de pagamentos das micro e pequenas empresas de serviços atingiu 95,0% no segundo mês de 2015. Em fevereiro de 2015, o valor médio dos pagamentos pontuais caiu 3,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior (R$ 1.911 contra R$ 1.986). O valor médio mais alto foi registrado pelos pagamentos pontuais das empresas de serviços (R$ 2.072), seguido pelo das empresas comerciais (R$1.916) e, por fim, pelas micro e pequenas empresas do segmento industrial (R$ 1.859).
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Déficit em transações correntes soma US$6,87 bi em fevereiro Fonte Luciana Otoni, da REUTERS 24/03/2015 ÀS 10H 54 Brasília - O Brasil registrou déficit em transações correntes de 6,879 bilhões de dólares em fevereiro, informou o Banco Central nesta terça-feira, ao mesmo tempo em que os investimentos estrangeiros diretos no país somaram 2,769 bilhões de dólares. No acumulado em 12 meses encerrados no mês passado, o déficit em conta corrente do país ficou em 4,22 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Economistas consultados pela Reuters previam saldo negativo da conta corrente de 7,7 bilhões de dólares no mês passado. A pesquisa também indicou que as expectativas eram de que o IED ficaria em 3,2 bilhões de dólares no mês passado.
BC não tem pressa para desfazer volume de swap, diz Tombini Fonte Revista Exame/REUTERS 24/03/2015 às 12h 01 Brasília - O Banco Central não tem pressa para desfazer volume de contratos de swap nem no curto nem no médio prazo, afirmou o presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, ao participar de audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta terça-feira. Segundo Tombini, esse volume faz sentido porque protege o setor privado não financeiro e permite que as empresas "consigam navegar com certa tranquilidade num ambiente em que dólar vai de 2,85 pra 3,20 (reais) em curto espaço de tempo sem quebrar".
59,7% se declaram a favor do impeachment, diz pesquisa Fonte Revista Exame Ayr Aliski e Ricardo Della Coletta, do Estadão Conteúdo 23/03/2015 ÀS 22H12 Brasília - A 127ª Pesquisa CNT/MDA, divulgada na tarde desta segunda-feira, 23, pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), revela que 59,7% dos entrevistados disseram ser a favor de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os que se manifestaram contrários somaram 34,7% e 5,6% não souberam ou não responderam. Parcela de 83,2% dos consultados disse apoiar a realização de manifestações como forma de protesto, embora 96,1% dos entrevistados declararam que não participaram de nenhum protesto no último dia 15 contra o governo da presidente Dilma Rousseff. Na pesquisa, 3,9% afirmaram que se envolveram em algum ato naquele dia. O levantamento apurou também percepções sobre a recente greve dos caminhoneiros. Fatia de 83,5% dos entrevistados acompanhou as paralisações, ocorridas em fevereiro e março, e 65,6% consideram que as paralisações de caminhoneiros tiveram impacto no preço ou na oferta de alimentos. Foram entrevistadas 2.002 pessoas entre os dias 16 e 19 de março de 2015 e a margem de erro é de 2,2 pontos porcentuais. 5
2015: o 2003 que virou 1999? Ou os anos 80? Fonte João Pedro Caleiro, de EXAME.com 23/03/2015 ÀS 13H 17 São Paulo – Inflação em alta, atividade em queda, dólar nas alturas, aperto nas contas públicas, um presidente enfraquecido e um Congresso em ebulição. Poderia ser um resumo das manchetes de 2015, mas nenhum destes elementos é novidade na história do Brasil. No final de 2014, alguns economistas lembravam que o Brasil já havia se saído bem, por exemplo, de ajustes fiscais duros no passado. A previsão dos otimistas era que se a presidente levasse a sério uma recondução da política econômica, este ano poderia acabar sendo um pouco como 2003, que terminou muito melhor do que começou. O problema é que ficou difícil ver de onde pode vir o otimismo. 2003 “2015 nunca poderia ser igual a 2003 como Dilma e Lula estavam pensando. Naquela época, uma sucessão de choques produziu uma rápida recuperação da confiança”, lembra Maílson da Nobrega, ex-ministro da Fazenda no governo Sarney e hoje na consultoria Tendências. Já no final de 2002, a indicação do banqueiro Henrique Meirelles para o Banco Central afastou o temor de que o regime de metas de inflação seria abandonado. O risco país chegou a 2.400 pontos antes da eleição, mas já estava na metade disso quando Lula assumiu. Depois, o encaminhamento da Reforma da Previdência sinalizaria a disposição do PT em enfrentar a própria base. De dezembro de 2002 para dezembro de 2003, a expectativa de inflação caiu pela metade (de 12% para 5,9%). O dólar chegou a R$ 3,60 em novembro de 2002, mas havia recuado para R$ 3,45 em março de 2003 e atingiria R$ 3 já em maio. Só em 2015, ele saltou de R$ 2,69 para cerca de R$ 3,20. “Hoje temos o pior dos dois mundos. Não é um novo governo, que consegue com poucas medidas mostrar sua firmeza de propósito. O ministro da Fazenda, em particular, é visto como corpo estranho na equipe não era o caso de Malan [ministro de FHC], muito menos de Palocci”, diz Alexandre Schwartsman, exdiretor de Assuntos Internacionais do Banco Central e hoje na Schwartsman Associados. 1999 Do ponto de vista político, ele acredita que a melhor comparação é com 1999, com “um presidente começando seu segundo mandato e sendo forçado a renegar promessas, em meio a inflação alta e atividade em queda”, diz. De acordo com o Datafolha, apenas 13% dos brasileiros consideram o governo Dilma ótimo ou bom. Fernando Henrique chegou ao mesmo patamar em setembro de 1999, reflexo do fim da âncora cambial, também negado até o fim na campanha. A ligação entre insatisfação econômica e impopularidade é comum e notória e a conversa de impeachment também floresceu naquele momento. A diferença é que falta a Dilma o talento político e jogo de cintura mostrado por Lula, FHC e até Sarney, dizem os analistas. Em 1999, o clima de "estelionato eleitoral" também era palpável, mas o PIB teve algum crescimento (0,8%) e parte da turbulência era de origem externa. Os anos 90 viram crises sucessivas em emergentes: México em 1994, tigres asiáticos em 1997, Rússia em 1998. 6
Apesar da perspectiva de alta dos juros nos Estados Unidos e do fortalecimento generalizado do dólar, o cenário internacional hoje é muito mais benigno. “A história das nossas crises sempre tinha um lado cambial agudo, que não existe hoje. Continua entrando dólar, a taxa de risco subiu pouco e o investimento estrangeiro direto continua financiando grande parte do déficit. O que tem em comum é uma grande deterioração fiscal”, diz Raul Velloso, especialista em contas públicas. 2014 teve o primeiro déficit fiscal do governo central desde 2001. Isso significa que o ajuste fiscal é hoje mais difícil e sensível às incertezas do cenário do que em momentos anteriores. Novidades boas e ruins Para Maílson, a situação atual é inédita na democracia brasileira. Em termos de crescimento, quase: a previsão de analistas e de bancos como o HSBC é de recessão entre 0,78% e 1,2% em 2015 - de uma forma ou de outra, a pior desde 1990, quando o PIB recuou 4,3%. Para Samuel Pessôa, do IBRE/FGV, o melhor paralelo é com meados dos anos 80, com muita inércia inflacionária, mercado de trabalho apertado e política microeconômica muito ruim: “O crescimento não virá rápido mesmo depois da arrumação da casa”, diz ele. Para outros analistas, não há hoje nada comparável ao que o Brasil viveu com a crise da dívida, mas há também elementos novos ruins: um deles é a ligação direta entre a a corrupção – de resto, um problema histórico do país – com a deterioração do cenário econômico. O escândalo da Petrobras atinge não só a capacidade de investimento da maior empresa do país, que já vem de anos com perdas blilionárias, mas também as grandes empreiteiras - que investigadas e punidas, dificilmente terão foco e fôlego financeiro para alavancar a taxa de investimento. Se há algum consolo, é o de que algumas instituições e escudos também estão mais fortes. As reservas internacionais são um colchão recorde (US$ 370 bilhões) e grande parte da dívida foi convertida em moeda local. O país é, pelo menos por enquanto, grau de investimento pelas agências de risco. A inflação está alta, mas em boa parte por causa do reajuste de preços administrados que ficaram contidos por muito tempo, como energia e gasolina. O desemprego dá sinais de alta, mas a partir de patamares historicamente baixos. Se a máxima que "o que não mata, fortalece" vale também para a economia brasileira, só o futuro dirá.
Com ajustes fiscais, economia deve melhorar em 2016, diz S&P Fonte Revista Exame Altamiro Silva Junior e Álvaro Campos, do Estadão Conteúdo 24/03/2015 ÀS 13H 00 Nova York e São Paulo - A diretora-gerente de ratings soberanos da Standard & Poor's (S&P), Lisa Schineller, afirmou em teleconferência nesta terça-feira, 24, que o Brasil está enfrentando um ano extremamente desafiador, tanto na política como na economia e os últimos indicadores têm evidenciado este ambiente, como a queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff. A avaliação da agência de classificação de risco, porém, é que a piora do País será temporária, na medida em que o ajuste na economia seja mantido e executado pelo governo. As correções em curso na economia "são amplas", e incluem várias medidas, com mudanças em benefícios sociais e cortes de gastos, frisou Lisa na teleconferência.
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"Algumas das quais precisam de aprovação do Congresso, mas 80% podem ser gerenciadas pelo próprio Tesouro", ressaltou. "Será bastante desafiador, mas acreditamos que há apoio (de Dilma Rousseff) para estas medidas. A chave será a articulação futura com o Congresso." A diretora da S&P frisou que, desde que a agência rebaixou o rating brasileiro em março do ano passado, alguns componentes importantes que fazem parte da avaliação de risco soberano do País pioraram. Ela citou os indicadores fiscais e o crescimento da economia. No lado fiscal, Lisa ressaltou que a deterioração dos indicadores no ano passado foi pior que o esperado, com o déficit do governo em 6,3% do Produto Interno Bruto (PIB). "Esperamos que este déficit caia para a casa dos 5%, nível ainda elevado, e se movendo para um nível um pouco menor, por causa de algumas medidas do ajuste." Ao mesmo tempo que ocorreu a piora de alguns indicadores, o governo passou a fazer um ajuste "significativo" nas políticas fiscal e monetária, fator que não estava nas expectativas no cenário base traçado pela S&P quando rebaixou o Brasil em março do ano passado para apenas um nível acima da nota grau de investimento. "A correção na política econômica em curso é chave e esperamos a execução das medidas ao longo do ano. Este é o fator principal porque reafirmamos o rating e mantivemos a perspectiva estável", afirmou Lisa hoje na teleconferência. Segundo ela, normalmente a perspectiva estável para um rating BBB- significa que a nota voltaria a ser revista em um prazo de 18 a 24 meses, mas em função da atual situação do Brasil esse período deve ser menor. "Quando se pensa nos desafios do ambiente político, monitorar a execução do ajuste fiscal neste ano é essencial", afirmou. Lisa frisou em diversos momentos que o Brasil está crescendo muito pouco, deve ter contração este ano na atividade econômica, mas as coisas devem melhorar em 2016, por conta do ajuste. "Vemos estes movimentos de piora e assumimos que será temporário e a correção na política econômica em curso será mantida, executada e levará a uma melhora gradual ao longo do tempo", afirmou. No ajuste, além das medidas fiscais, ela frisou que as taxas de juros devem permanecer altas, para conter a inflação. Ao mesmo tempo, a diretora da S&P frisou que a dinâmica da Petrobras é essencial para o rating soberano brasileiro e afirmou que a agência acredita que o "governo multo provavelmente daria suporte extraordinário à empresa", se preciso. "Não está no nosso cenário base que um apoio extraordinário a Petrobras é necessário", afirmou. Porém, esse apoio do governo à Petrobras poderia pressionar as contas fiscais, ressaltou.
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Dívida Pública Federal total sobe 3,64% em fevereiro, mostra Tesouro Fonte Jornal Valor Econômico Edna Simão 24/03/2015 às 10h 16 BRASÍLIA - A Dívida Pública Federal (DPF) registrou uma alta em termos nominais, de 3,64% na passagem de janeiro para fevereiro para R$ 2,329 trilhões. Pelas metas estabelecidas dentro do Plano Anual de Financiamento (PAF), o endividamento deve oscilar entre R$ 2,45 trilhões e R$ 2,6 trilhões em 2014. Segundo nota divulgada pelo Tesouro Nacional, a Dívida Pública Mobiliária Interna (DPMFi) teve seu estoque ampliado em 3,53% ao passar de R$ 2,138 trilhões em janeiro para R$ 2,213 trilhões em fevereiro. Já a Dívida Federal Externa somou R$ 116,26 bilhões (US$ 40,39 bilhões), o que representa uma alta de 5,76% na comparação com os números de janeiro. No mês passado, as emissões da Dívida Pública Federal corresponderam a R$ 66,37 bilhões, enquanto os resgates somaram R$ 17,25 bilhões, o que resultou em emissão líquida de R$ 49,12 bilhões. Desse total líquido, R$ 51,12 bilhões referem-se à emissão líquida da Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) e R$ 2 bilhões de resgate líquido da Dívida Pública Federal Externa. O percentual vincendo da dívida interna em 12 meses ficou em 26% em fevereiro contra 26,16% em janeiro. O prazo médio da dívida interna fechou fevereiro em 4,40 anos (4,46 anos em janeiro). Considerando a metodologia "Average Term to Maturity", que permite uma maior comparabilidade do Brasil com outros países, a vida média da dívida pública federal passou de 6,81 anos em janeiro para 6,71 anos em fevereiro. Participação dos estrangeiros De acordo com os números do Tesouro, a participação do investidor estrangeiro na dívida mobiliária federal avançou de 20,21% em janeiro para 20,28% no mês passado. Em valor absoluto, passou de R$ 432 bilhões para R$ 448,95 bilhões. As instituições financeiras aumentaram a participação na DPMFi de 27,7% para 27,75%. Os fundos de investimento aumentaram sua participação de 20,35% para 20,37%. As instituições de previdência fecharam fevereiro com 17,37% da dívida, contra 17,23% em janeiro. O governo reduziu marginalmente sua fatia de 5,81% para 5,80%. Já as seguradoras diminuíram sua participação de 4,17%, para 3,98%. Volume de pós-fixados A participação de papéis pós-fixados na DPFMi voltou subir em fevereiro e chegou a 21,06% ante 20,84% em janeiro. Pelas metas estabelecidas pelo Plano Anual de Financiamento (PAF), esses títulos devem apresentar percentual de participação entre 17% e 22%, mas a métrica considerada é a Dívida Pública Federal (DPF). Considerando, então, a dívida total, a participação desses papéis teve alta de 19,82% em janeiro para 20,01% no mês passado. Novo aumento deve ser visto também em março, conforme o Tesouro ampliou a colocação de papéis atrelados à taxa de Selic para atender à demanda de mercado. O Tesouro sustenta que há dificuldade de colocação de papéis de prazo mais dilatado, mas sim uma mudança de estratégia em função do elevado vencimento de papéis que ocorreu na abertura do ano. Em breve o coordenador de operações da Dívida Pública, José Franco Medeiros de Moraes, dará entrevista detalhando os dados.
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A fatia de papéis prefixados passou de 40,40% da DPMFi em janeiro para 41,19% em fevereiro. Os títulos indexados a índices de preços, por sua vez, terminaram fevereiro com 37,11% da dívida interna, ante 38,16% em janeiro. E os ativos corrigidos pelo câmbio fecharam em 0,64%, ante 0,61% em janeiro. O PAF estabelece intervalo de 40% a 44% para os prefixados e considerando a DPF esses papéis encerram o mês respondendo por 39,14 %. No caso dos ativos atrelados a índices de preços a banda é de 33% a 37% e em fevereiro o percentual foi de 35,25%. Para os ativos atrelados ao câmbio, o PAF previa variação entre 4% a 6% e eles encerraram o mês em 0,60%. Exposição cambial A exposição da Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFi) às variações na taxa de câmbio apresentou alta ao passar de 14,83% em janeiro para 15,09% em fevereiro. Em valores, essa dívida soma R$ 334,09 bilhões. O aumento dessa dívida tem relação com os leilões de swap cambial que o Banco Central (BC) fez ao longo do mês para controlar a volatilidade da taxa de câmbio. Desde o fim de agosto de 2103 o BC faz operações diárias no mercado, além de rolar os contratos vincendos, mas nem sempre de forma integral. O swap cambial é uma operação equivalente à venda de dólares no mercado futuro. O estoque dessas operações já passa dos US$ 114 bilhões e os leilões diários seguem até, pelo menos, o dia 31 de março. Custo médio da dívida O custo médio da Dívida Pública Mobiliária Interna (DPMFi) subiu de 11,64% ao ano em janeiro para 11,91% ao ano em fevereiro. A comparação feita pelo Tesouro Nacional considera o custo acumulado nos últimos 12 meses terminados em cada período. Em relação à dívida pública federal total, o custo médio passou de 11,78% ao ano em janeiro para 12,62% ano no mês passado. Já o custo médio das emissões da DPMFi em oferta pública caiu 0,12 ponto percentual, passando de 11,96% ao ano em janeiro para 11,84% ao ano em fevereiro. O custo médio das emissões da Letras do Tesouro Nacional (LTN) foi de 11,64% ao ano em fevereiro (11,89% em janeiro). Já o custo para colocação de Notas do Tesouro Nacional Série B (NTNB) fechou o mês em 14,02%(13,52% em janeiro). As LFTs saíram a 11,03% (11% em janeiro) e as NTNF tiveram custo de 12,39% (12,58% em janeiro).
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