SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 25 DE AGOSTO DE 2014
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Dólar sobe pelo terceiro dia e chega a R$ 2,28 Perspectiva de alteração na política monetária dos EUA, crise na Ucrânia e dados do setor externo definiram a alta da moeda. O dólar cravou sua terceira sessão seguida de alta ante o real nesta sexta-feira, acompanhando o movimento visto ante as demais moedas, em meio aos sinais de aperto mais próximo da política monetária norte-americana e por fatos novos relacionados à crise na Ucrânia. No Brasil, os dados das contas externas divulgados pelo Banco Central também colaboraram um pouco para a pressão no câmbio. O dólar no balcão encerrou em R$ 2,280, com valorização de 0,62%. O giro foi de US$ 1,141 bilhão, com US$ 1 bilhão em D+2. Oscilou da mínima de R$ 2,2710 (+0,22%) para a máxima de R$ 2,2840 (+0,79%). Na semana, acumulou avanço de 0,71%. No mercado futuro, às 16h33, o dólar para setembro era cotado em R$ 2,286, com alta de 0,46%. A moeda já começou o dia em alta, amparada pelas tensões geopolíticas, após relatos de que caminhões russos com ajuda humanitária cruzaram regiões dominadas por rebeldes na Ucrânia nesta manhã sem a permissão do governo em Kiev. A Ucrânia considerou a medida russa como uma "invasão direta". Agora à tarde, segundo a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), russos teriam disparado contra forças ucranianas. Havia grande expectativa em relação ao discurso da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen. Ela ponderou que, se o ritmo de progresso no mercado de trabalho continuar mais forte que o esperado, o Fed poderá antecipar a alta das taxas de juros, reforçando o quadro apresentado pela ata da última reunião de política monetária. Por outro lado, destacou que, se o avanço estagnar, os juros continuarão baixos. Mais cedo, alguns diretores do Fed destacaram o vigor da economia, em defesa da mudança na postura da política monetária. O presidente do Federal Reserve Bank da Filadélfia, Charles Plosser, disse, em uma entrevista para a Fox Business Network, que a economia está melhorando em um ritmo mais rápido do que o Fed pensava no ano passado. Por isso, o banco central deveria mudar a sua orientação para os mercados sobre o momento de uma elevação de taxas de juros. Já o presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, continua prevendo que o Fed, como é conhecido o banco central dos EUA, começará a elevar taxas de juros no final do primeiro trimestre de 2015. Além de Yellen, também discursou no Simpósio de Jackson Hole o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, que apenas reforçou a disposição da autoridade monetária em adotar estímulos para a economia da zona do euro. Ele disse que a economia da região permaneceu fraca no segundo trimestre e que há espaço para a flexibilização do orçamento com medidas fiscais, e, ainda, que a política monetária ficará relaxada por algum tempo. No Brasil, o Banco Central informou que o déficit nas transações correntes do Balanço de Pagamentos em julho alcançou US$ 6,018 bilhões, pior do que a mediana das expectativas do mercado (de déficit de US$ 5,850 bilhões). Em 12 meses até julho, o saldo negativo equivale a 3,45% do PIB e no ano até julho, a 3,74% do PIB. O Investimento Estrangeiro Direto (IED), por sua vez, não foi suficiente, em tese, para financiar o saldo negativo do mês passado, ao ficar em US$ 5,898 bilhões. O programa de swap cambial do Banco Central está completando um ano neste dia 23 de agosto. Atualmente, a autoridade monetária carrega posição vendida total de US$ 93,356 bilhões nestes contratos. Em discurso durante evento em São Paulo, o diretor da Área 2
Internacional e de Normas do Banco Central, Luiz Awazu Pereira da Silva, destacou a eficácia do programa em oferecer proteção cambial aos agentes. "Aperto (monetário) e hedge evitaram que a economia real fosse afetada por excesso de volatilidade. Queríamos dar previsibilidade ao setor real e está ocorrendo de forma bem satisfatória", comentou, referindo-se ao programa de swaps cambiais.
Governo vem atrasando pagamentos de obras do PAC, dizem empresas Demora na liberação dos recursos chega a atingir seis meses em alguns casos; governo afirma que pagamentos seguem ritmo normal. A dificuldade do governo federal para fechar as contas sem comprometer a meta de superávit primário já bateu no caixa de algumas empreiteiras, segundo as próprias empresas. Em entrevista ao ‘Estado’, o presidente da Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop), Luciano Amadio, diz que tem recebido, de forma recorrente, reclamações pelo atraso no pagamento de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo ele, o problema começou a ficar mais evidente a partir de abril. “Os relatos apontam para atrasos de 120 a 130 dias nos repasses feitos pela Caixa”, diz. Entre os 110 associados da Apeop, cerca de 20% atuam em projetos do PAC. “Mais da metade dessas empresas estão com atraso nos recebimentos.” No Rio, a Aeerj, associação equivalente à Apeop de São Paulo que tem mais de 200 associados, também confirmou o problema. Segundo o presidente da entidade, Luiz Fernando Santos Reis, algumas empresas reclamam de atrasos de até seis meses. As maiores queixas, diz, estão relacionadas a obras de saneamento e habitação, incluindo o programa Minha Casa Minha Vida. “Uma das explicações para os atrasos é que os repasses estão sendo adiados por atraso do Tesouro”, afirma o presidente da Apeop. As reclamações surgem num momento em que o governo da presidente Dilma Rousseff é acusado de atrasar uma série de repasses à Caixa para pagamento até mesmo de benefícios sociais, como o Bolsa Família. Tudo isso para simular uma economia de gastos públicos no primeiro semestre e melhorar o superávit primário – a economia para pagamentos dos juros da dívida federal. Procurado, o governo federal negou haver atrasos nas faturas de obras do PAC, como já fez nos demais casos. Segundo o Ministério da Fazenda, os pagamentos do PAC do Ministério das Cidades, que inclui os setores de saneamento, habitação, mobilidade urbana, prevenção de riscos e o Minha Casa Minha Vida, somaram R$ 13,56 bilhões entre janeiro e 21 de agosto. No mesmo período de 2013, diz o ministério, foram pagos R$ 11,66 bilhões. O Ministério das Cidades também afirmou que há normalidade nos pagamentos. Destacou ainda que “os recursos são liberados na medida em que as obras executadas são atestadas pelas instituições financeiras e o Boletim de Medição/Solicitação de Pagamento é encaminhado ao ministério”. A Caixa seguiu o mesmo tom e disse que o fluxo de recursos está normal. “A rotina permanece sendo a de liberação na medida em que as obras evoluem. As medições são entregues pelos executores para processamento na Caixa e liberação pelos ministérios.”
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“Ao contrário das negativas do governo, as empresas estão, sim, sofrendo com os atrasos. Os prazos menores são os do Minha Casa Minha Vida, com 45 dias. Os demais segmentos estão acima de 120 dias”, garante Luciano Amadio. “O governo não tem o dinheiro que diz que tem. Por isso, os atrasos estão ocorrendo”, completa Luiz Fernando Santos Reis. O secretário-geral da ONG Contas Abertas, Gil Castello Branco, afirma que a previsão de desembolsos para obras este ano é até maior que no passado, um fenômeno típico de anos eleitorais. Além disso, o próprio Tribunal de Contas da União (TCU) reconheceu a transferência de ordens de pagamentos de 2013 para 2014 como uma forma de ajudar a alcançar a meta de superávit primário. Só em relação aos investimentos do PAC, o total de restos a pagar para este ano era de R$ 69 bilhões – R$ 16 bilhões a mais que o de 2013. Esse fator, por si só, já implicaria um volume maior de pagamentos, o que não significa, no entanto, que as contas estejam em dia. Castello Branco destaca que algumas manobras têm sido adotadas para postergar os pagamentos. “O governo continua a emitir as ordens bancárias de maior valor nos últimos dias do mês para que as empreiteiras só saquem no mês seguinte, já que as ordens só afetam o resultado fiscal quando sacadas.”
Governo estende isenção de PIS e Cofins para PCs, celulares e tablets até 2018 A venda de computadores, smartphones e tablets continuará isenta da cobrança de PIS e Cofins até o fim de 2018. O governo federal anunciou nesta quinta-feira, 21, que decidiu atender ao pedido do setor e prorrogar por mais quatro anos o benefício, que venceria em dezembro de 2014. Antes de ser zerada, as alíquotas desses tributos somavam 9,25%. O secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira, argumentou que o governo fez neste momento o anúncio do benefício - a quatro meses do fim do ano - para que a indústria tenha previsibilidade e mantenha os investimentos. Segundo ele, algumas empresas estavam com dificuldade de fixar preços nos contratos que são fechados agora, mas cuja entrega ocorrerá em 2015. "Não tem nada a ver com as eleições. É importante dar previsibilidade para as decisões das empresas". A prorrogação do benefício, que também vale para modems e roteadores digitais, será feita por meio de uma Medida Provisória, que deve ser publicada "em breve", segundo o governo. A estimativa é que a renúncia fiscal será de R$ 7,9 bilhões em 2015. Para esse ano, o custo deve ficar em torno de R$ 5 bilhões, ante R$ 2,5 bilhões em 2013. Segundo Oliveira, os valores estão crescendo devido ao aumento da produção e da venda desses equipamentos. A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) apresentou nesta semana ao ministro Guido Mantega dados que apontam que a arrecadação de tributos com vendas de notebooks, desktops e tablets subiu 46% de 2010 para 2013, devido à desoneração. O imposto arrecadado passou de R$ 1,9 bilhão em 2010, para R$ 2,8 bilhões em 2013, o que resulta em um crescimento médio anual de 13,6%. A desoneração de PIS e Cofins na venda a varejo para computadores e notebooks passou a vigorar em 2005, quando foi aprovada a Lei do Bem, que criou o programa de inclusão digital. Depois, tablets, modems, smartphones e roteadores foram incluídos no programa. O presidente da Abinee, Humberto Barbato, avalia que poderia haver queda nas vendas dos produtos se o governo não prorrogasse a isenção dos tributos. "Você deve manter o quadro de 4
um bom ritmo de vendas. O perigo é que, sem a renovação, tivesse mais um obstáculo, que seria a queda das vendas", disse. Barbato afirmou que não foi exigido pelo governo nenhum compromisso do setor para manter o benefício. "O ministro (da Fazenda, Guido Mantega) evidentemente não exigiu do setor nenhuma contrapartida, porém disse que esperava que essa medida pudesse dar continuidade no sucesso no programa de inclusão digital e, com isso, tivéssemos manutenção nos níveis de emprego", afirmou. Em toda a indústria de eletroeletrônicos, houve queda de 1,1 mil empregos de junho para julho e de 2,7 mil empregos de abril até julho, quando somou 177,4 mil trabalhadores. Barbato garantiu, entretanto, que o segmento que passa por dificuldades é aquele das empresas fabricantes de equipamentos de distribuição de energia. "Não é o setor de informática e telecomunicações que vai desempregar. Isso eu posso garantir". Para o faturamento da indústria eletroeletrônica em 2014, a Abinee prevê uma queda real de 4%. No início do ano, a previsão era de alta de 5% a 6%. "O crescimento do nosso setor está muito acoplado ao crescimento do PIB", justificou Barbato. Segundo ele, a Abinee previa alta de 3% para o PIB e agora prevê que o crescimento seja zero. Na comparação do primeiro semestre de 2014 ante o mesmo período do ano passado, houve queda real de 4% do faturamento do setor. "Estamos esperando um segundo semestre muito parecido com o primeiro", disse Barbato.
Não será como até agora Movido mais a medo do que a racionalidade, o mercado financeiro frequentemente se comporta de maneira maniqueísta, especialmente agora, nesta temporada eleitoral, tão carregada de voltagem emocional. Entre os administradores de patrimônio, Dilma Rousseff passou a ser a encarnação do mal. Cada vez que sobe um ponto nas pesquisas de intenção de voto, o mercado desaba. Enquanto isso, a oposição foi entronizada no lado do bem. Quando melhoram as perspectivas de Aécio Neves, o mercado comemora. (Marina Silva, além de uma variável nova, é uma incógnita tanto nessa equação quanto nessa visão simplificada do mundo.) A realidade não comporta dicotomias simplistas. Em entrevista publicada nesta sexta-feira pelojornal Valor Econômico, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, avisou que, se Dilma for conduzida a um segundo mandato, será inevitável um aperto nas contas públicas “para que os juros possam cair”. Se acreditasse, o mercado teria aí uma boa notícia. A gente sabe que as declarações do ministro não podem ser levadas ao pé da letra. Ele já prometeu demais e entregou de menos: belezura de crescimento econômico (média de 4,0% ao ano), avanço médio de 7% ao ano dos investimentos, inflação bem comportada, metas fiscais rigorosamente cumpridas e tal. Não entregou quase nada do que jurou entregar e continua enfeitando o bolo medíocre apresentado pela economia brasileira. Mas, num certo sentido, desta vez, Mantega está dizendo mais coisa com coisa. Está dizendo que a economia terá de passar por importantes correções de rumo, seja quem for que estiver à frente do governo a partir do ano que vem. Tomemos apenas a questão dos preços administrados, esses que são rigorosamente controlados pelo governo: tarifas de energia elétrica, combustíveis e, o mais importante deles, o câmbio (veja o gráfico). Vai ficando inadiável uma série de correções. Podem não configurar um tarifaço, pode ser a adoção de regras claras com reajustes graduais. Mas terão de sair, sob 5
pena de que se criem ou se aprofundem enormes distorções e a economia se desorganize de uma vez. As correções, no entanto, acabarão por distribuir enorme conta a pagar pela população. Uma delas virá na forma de mais inflação. Para segurá-la, será inevitável rígido controle das despesas públicas e a produção de uma sobra de arrecadação bem maior, destinada a conter a dívida (superávit primário). Até mesmo um novo governo Dilma terá de desistir do experimentalismo desenvolvimentista adotado até aqui e praticar política mais consistente. Não tem cabimento a objeção de que a volta à ortodoxia, além de grande quantidade de vítimas, produzirá a destruição da política social do governo. O objetivo vai na direção contrária, é criar condições sistêmicas para que as políticas sociais e o emprego voltem a ficar sustentáveis. Pode-se também argumentar que a recuperação da confiança exige mais do que a troca de móveis da sala de visitas. É verdade. No entanto, será impossível a recuperação da confiança sem drástica correção de rumos, com Dilma ou com outro na condição de ocupante do Palácio do Planalto.
Tesouro pede R$ 3 bi de dividendos do BNDES para ajudar contas públicas O Tesouro Nacional pediu ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mais cerca de R$ 3 bilhões em dividendos, para engordar as receitas públicas ainda este mês, segundo fontes do governo. Com isso, os valores pagos pelo banco à União chegarão a R$ 7,8 bilhões desde janeiro. Os dividendos dos lucros das estatais deverão adicionar R$ 27 bilhões às receitas do governo até o fim do ano, nos cálculos do economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria. Serão peça fundamental para o superávit primário, o saldo positivo entre receitas e despesas públicas, sem contar juros. "Agosto vai vir mais forte em dividendos", disse ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, uma fonte próxima ao Tesouro. Segundo a fonte, que pediu anonimato, agosto é chave porque as contas públicas do quadrimestre serão fechadas e o superávit primário está "muito abaixo" da meta (leia mais na página B3). Procuradas no fim da tarde, as assessorias do BNDES e do Tesouro não comentaram o pedido de repasse de dividendos. O Estado apurou que o pagamento segue o estatuto do banco e é considerado normal. Os cerca de R$ 3 bilhões referem-se ao exercício deste ano. No primeiro semestre, o BNDES pagou outros R$ 3,8 bilhões, referentes a outros anos. Em junho, houve pagamento de quase R$ 1 bilhão, a título de juros sobre o capital próprio (JCP), outra forma de distribuir lucros. Ontem, o BNDES anunciou lucro líquido recorde para primeiros semestres, com salto de 67,8% ante a primeira metade de 2013, atingindo R$ 5,471 bilhões. O resultado foi turbinado pelo desempenho das participações em empresas. Além disso, uma dívida do Tesouro com o BNDES aumentou em R$ 7,7 bilhões na comparação do primeiro semestre com a primeira metade de 2013. São créditos a receber referentes à 6
equalização de taxas de juros de programas subsidiados e operados pelo BNDES, como crédito rural, que somam R$ 21,598 bilhões até junho. A equalização é uma compensação, paga pelo Tesouro ao BNDES porque nesses programas o banco empresta a taxas abaixo da TJLP (taxa de juros de longo prazo, que baliza os financiamentos do banco e está em 5%). Desde 2012, o Ministério da Fazenda definiu que essa compensação deve ser paga com atraso de dois anos. "Isso é o cerne da contabilidade criativa", disse Salto, da Tendências, destacando que o crescimento da dívida com a compensação nos últimos 12 meses equivale aos R$ 7,8 bilhões pagos em dividendos neste ano. Como adia a despesa e garante a receita à vista com o dividendo, o governo aumenta o superávit. "O BNDES pagar dividendos não teria nenhum problema. O problema é que ele paga, mas o Tesouro não registra a despesa com subsídio", disse Felipe Salto.
Inadimplência cresce mais entre os idosos Com o número crescente de ofertas de linhas de crédito, especialmente para camadas de menor renda, a inadimplência dos consumidores da terceira idade está crescendo num ritmo superior ao do calote médio dos brasileiros. Além disso, os mais idosos ganharam participação no total de inadimplentes. Em julho, o número de dívidas com pagamento atrasado dos que têm entre 65 e 84 anos aumentou 9,05% em relação a julho de 2013. Enquanto isso, a inadimplência de todas as faixas etárias avançou, em média, 5,29%, aponta pesquisa nacional do SPC Brasil. "Os mais velhos de hoje não são como os de antigamente. A população da terceira idade está ganhando importância na atividade econômica, tendo novos hábitos de consumo, como viagens turísticas, e acabou se endividando mais", afirma Marcela Kawauti, economista do SPC Brasil e responsável pela pesquisa. Quatro anos e meio atrás, por exemplo, a fatia de brasileiros com idade entre 65 e 84 anos era de 4,66%no total de inadimplentes. Em julho último tinha subido para 6,01%. Outra pesquisa, também de âmbito nacional, feita pela Boa Vista Serviços, administradoras do SCPC, para traçar o perfil do inadimplente, aponta para a mesma direção. A fatia de consumidores inadimplentes com mais 56 anos de idade subiu de 13% para 17%, do primeiro para o segundo trimestre deste ano. E no segundo trimestre de 2013 estava em 12%. Enquanto isso, a participação dos estratos mais jovens no calote diminuiu no mesmo período. Na faixa etária de até 30 anos, caiu de 22% para 19%, do primeiro para o segundo trimestre, e recuou de 15% para 12% entre os que têm de 31 a 35 anos. No intervalo entre 36 e 55 anos houve estabilidade. Para o diretor de Sustentabilidade da Boa Vista Serviços, Fernando Cosenza, o avanço dos mais velhos no total de inadimplentes na comparação com os mais jovens reflete o fato de essa faixa etária da população ter despesas compulsórias, como gastos com remédios, que não podem ser reduzidas ou evitadas. Por outro lado, ele observa que, no caso dos mais jovens, as despesas que normalmente levam ao calote estão ligadas ao consumo de itens que podem ser suprimidos ou adiados. Inclusão Um dos fatores que explicam a alta do calote entre os mais velhos é a inclusão financeira, que mudou não só o perfil da população mais idosa pelo lado do consumo como também pelo lado da renda, ressalta a economista do SPC Brasil. 7
"Os mais velhos ganharam importância na atividade, estão mais ativos economicamente, tornaram-se bancarizados e se endividaram mais", diz ela. Assim como os demais brasileiros, problemas financeiros, que incluem descontrole no orçamento e queda na renda, são apontados pelos inadimplentes dessa faixa etária com o principal motivo do calote, com 39% das respostas, só um pouco abaixo do resultado geral para esse quesito, que somou 43%, segundo o SPC Brasil. A questão, segundo a economista, é que, apesar de eles terem uma vida mais ativa do ponto de vista econômico, a população da terceira idade tem menos flexibilidade na renda. Isto é, encontra dificuldade para obter ganhos extras, fazendo bicos, e enfrenta mais obstáculos para mudar de emprego, ao contrário do que ocorre com os mais jovens. Por isso, segundo ela, a inadimplência dessa faixa etária tende a ser maior tanto na comparação com a média da população como em relação aos mais jovens. Outro fator que chama atenção como causa da inadimplência apontada pela população mais idosa é o empréstimo do seu nome para outra pessoa comprar a prazo. Esse motivo é relatado por 11% dos entrevistados como responsável pelo calote, ante 7% entre a média da população. Movimento semelhante ocorre com a pressão exercida por parentes para compras de interesse deles. Esse fator é tido como causa da inadimplência para 2% dos mais idosos, resultado que é o dobro para a média da população (1%). Gastos Quando se avalia o tipo de dívida que levou os idosos à inadimplência, o destaque é a pendência com bancos, seguros e planos de saúde, responsável por 44% do número de pagamentos em atraso, aponta o SPC Brasil. Pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) mostra que a média de preços dos planos de saúde individuais ou familiares mais baratos ofertados na cidade de São Paulo compromete cerca de 40% da renda dos idosos com 75 anos. Para chegar a esse resultado, foi considerada a mensalidade de R$ 551,04 e a renda média mensal de R$ 1,448 mil para essa faixa etária, de acordo com valores atualizados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2011 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Depois das pendências com setor de saúde e bancos, o segundo maior credor de idosos são as empresas que fornecem serviços básicos, como água, luz e gás, e o comércio. Cada um dos dois setores responderam por 15% das pendências. Por último, estão as dívidas em atraso com serviços de comunicação (14%). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Quem é a favor e quem é contra um Banco Central autônomo São Paulo - Marina Silva é a favor de um Banco Central com autonomia formal, de acordo com a coordenadora do seu programa de campanha, Maria Alice Setubal. Conhecida como Neca, ela afirmou em entrevista a Folha de São Paulo que Marina "não achava que precisaria de uma lei para dar mais autonomia. (...) Existiam diferenças e o programa reflete o que é de consenso. Então ela, enfim, aceitou isso." O debate não é novo e ganhou força desde o Plano Real. A ideia é que um Banco Central com autonomia garantida por lei estaria imune a pressões e teria mais credibilidade, o que diminui as expectativas de inflação. Para os críticos, o governo não pode abrir mão de sua autoridade monetária. A correlação entre maior independência do BC e menor inflação foi reafirmada recentemente por economistas na VoxEU. Um outro trabalho da Universidade de Princeton diz que as evidências deste argumento são inconclusivas, mas confirma que em democracias, um banco central livre de pressões tende a ser mais efetivo.
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Vários bancos centrais ao redor do mundo tem autonomia formal garantida por lei - entre eles o Federal Reserve, nos Estados Unidos, o Bank ofEngland, na Inglaterra, o BoJ, no Japão, o BCE (Banco Central Europeu) e os bancos centrais do Chile e do México. Em outubro de 2013, o presidente do Senado Renan Calheiros se comprometeu a votar até o fim do ano passado um projeto que daria ao BC mandatos fixos e com possibilidade de demissão definida pelo Senado. A iniciativa - articulada pelo ex-presidente Lula, segundo a Folha não foi para frente. Veja o que pensam os candidatos sobre essa questão: 1. Dilma Rousseff O PT tem uma posição historicamente contrária a independência formal do BC, reafirmada recentemente pelo presidente do partido, Rui Falcão. A presidente Dilma Rousseff também é contra, de acordo com um membro do governo e parlamentar do partido ouvido pela Bloomberg. Na campanha de 2010, quando José Serra, contrário à independência formal, afirmou que o BC "não é a Santa Sé", Dilma declarou que considera a autonomia operacional "importantíssima", mas não foi além. 2. Aécio Neves Aécio Neves, candidato do PSDB, tem dito que o que importa é a sinalização que o presidente dá de uma autonomia completa, mais do que uma lei para colocar a independência no papel. Em entrevista ao UOL, ele afirmou que o BC "deverá ter a independência formal garantida. Num primeiro momento não acho necessário [uma lei] (...) Não me fecho a uma discussão lá adiante de uma eventual autonomia em lei. Não acho que isso seja necessário porque é a autoridade presidencial que vai garantir que essa autonomia seja exercida permanentemente." Seu principal assessor econômico e possível ministro da Fazenda em uma eventual administração, Armínio Fraga, afirma que a independência formal é considerada, mas não é prioridade. 3. Marina Silva Até agora, Marina Silva é a única que defende abertamente uma autonomia definida por lei. Esta posição foi reafirmada nos últimos dias pela própria candidata e pela sua coordenadora de campanha. A proposta estava no programa de Eduardo Campos e será mantida pela atual candidata, que tem procurado estabelecer maior credibilidade com o mercado. Marina diz que “a questão da autonomia do Banco Central nunca foi um problema entre nós”. Em 2010, a candidata, então no PV, defendia uma autonomia operacional, mas não institucionalizada.
As 2 armas secretas da Rússia para atacar a Europa São Paulo - Desde que o presidente da Ucrânia foi deposto e a Rússia ocupou a Crimeia no começo do ano, muita coisa já aconteceu na região incluindo novas eleições e a derrubada de um avião. A briga entre rebeldes e forças nacionais continua a todo vapor no leste do país, enquanto Estados Unidos e Europa vivem uma batalha de sanções com a Rússia. Veja o que o país de Vladimir Putin ainda tem na manga para afetar o Ocidente: 1. Deflação Na sua última rodada de medidas, a Rússia proibiu por um ano a importação de alimentos de Estados Unidos, Canadá, Austrália e de toda a União Europeia. No ano passado, os russos foram os segundos maiores compradores de produtos agrícolas europeus, o equivalente a 10% do total exportado ou US$ 15,8 bilhões. Agora, todo esse volume ficou subitamente disponível para o mercado interno, um excesso de oferta que derruba os preços. Os primeiros prejudicados são, naturalmente, os produtores - e a União Europeia já anunciou medidas de apoio no valor de 125 milhões de euros. 9
Os consumidores não devem reclamar de encontrar tomates mais baratos no supermercado, mas a notícia é ruim para uma economia que já está em deflação, como mostram os últimos númerosdo mês de julho. Globalmente, os preços de alimentos já estão no menor nível dos últimos seis meses. O que ajuda países de inflação alta como o Brasil é péssimo para economias estagnadas como a europeia: se os preços não sobem pelo menos um pouco, a dívida não perde valor relativo e os consumidores não tem incentivo para consumir hoje ao invés de no futuro. O risco é que o continente entre num buraco negro deflacionário difícil de reverter, a exemplo do que ocorreu no Japão, o que gera expectativas de que o Banco Central Europeu vai lançar uma nova rodada de estímulos, já que juros negativos não resolveram o problema. 2. Paládio O paládio é um metal prateado utilizado, entre outras coisas, em próteses dentárias, jóias e catalisadores de poluição de automóveis. 40% da sua produção vem da Rússia. Em abril, o temor de interrrupção no abastecimento do país e uma greve de mineiros na África do Sul, o segundo maior produtor, empurrou o preço do produto para a maior alta em 3 anos. Agora, ele já está no maior valor desde o ano 2000. O medo é que a Rússia limite ou interrompa o fornecimento para o Ocidente, o que tornaria mais cara e difícil a vida das empresas automobilísticas, entre outras. Putin parece estar focado em indústrias politicamente sensíveis dos seus rivais. De acordo com o jornal Vodemosti, ele está considerando banir também a importação de automóveis americanos e europeus. Assim como no caso dos alimentos, a medida pode acabar se revelando um tiro no pé. A economia da Rússia já está sofrendo, e deixar carros e alimentos mais caros e menos disponíveis traz ecos da escassez soviética e atrapalha a vida dos consumidores russosque são, em grande parte, a plateia para quem Putin está jogando.
Em 10 anos, produzir no Brasil ficou mais caro que nos EUA São Paulo - Em 2004, produzir no Brasil era 3% mais barato do que nos Estados Unidos. 10 anos depois, é 23% mais caro. A conclusão é de um novo estudo da consultoria Boston Consulting Group sobre custos nas25maiores economias exportadoras do mundo. O Brasil ficou empatado com a Itália e a Bélgica como o quarto país menos competitivo, na frente apenas de Austrália, Suíça e França. Foram levadas em conta 4 dimensões: salários, produtividade do trabalho, custos de energia e taxas de câmbio. No caso brasileiro, houve um forte aumento na energia elétrica e no gás natural, mas o que pesou mais foi uma combinação de aumento dos salários (que dobraram nas fábricas) com baixo aumento deprodutividade (só 1% ao ano entre 2004 e 2014). "Salários mais altos são tipicamente um sinal saudável de desenvolvimento, e uma década de crescimento econômico estável permitiu a milhões de famílias sair da pobreza para a classe média. Mas salários em alta não levaram a ganhos de produtividade.", diz o relatório. Isso pode ser atribuído, segundo o BCG, a fatores como infraestrutura inadequada, falta de investimentos e um ambiente caro e complexo para os negócios. Um novo mapa De 4 grupos, o Brasil foi colocado em "Sob Pressão", aqueles tradicionalmente de baixo custo cujas condições se deterioraram, junto com China, República Tcheca, Polônia e Rússia. Austrália e França estão entre os países "Perdendo Espaço", Índia e Reino Unido entram no time que está "Segurando Firme" e México e EUA são "Estrelas Globais em Ascendência" A BCG conclui que o mapa da competitividade foi redesenhado e já nãonãose divide mais de forma binária. Hoje, ele lembra mais um mosaico, com economias de alto e baixo custo em todas as regiões: 10
"Quem pensaria há uma década atrás que o Brasil seria hoje um dos países de mais alto custo para a manufatura e que o México seria mais barato que a China?", diz o relatório.
Controle da inflação não é só aumento juros, diz Marina São Paulo - A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, disse neste domingo, 24, que o controle da inflação não se dá só pelo aumento de juros. Segundo a ex-senadora que cumpre vista neste instante o Centro de Tradições Nordestinas (CTN) na zona norte de São Paulo, o controle da inflação se dá também pela eficiência do gasto público. "Se dá também em relação a não termos um Estado que a cada dia se agiganta com a criação de novos ministérios", disse a ex-senadora. Segundo Marina, a eficiência do gasto público passa por acabar com o dreno da corrupção. "Passa por fazer com que os recursos públicos sejam investidos naquilo que continua fazendo nosso país crescer e a gerar oportunidades de trabalho para que a gente possa continuar com a estabilidade econômica", disse. "Nós achamos que é perfeitamente possível não deixar a inflação ultrapassar o teto da meta (6,5%), mantendo as prioridades sociais, fazendo as escolhas certas", observou a ex-senadora. Para ela, o problema é que muitos dos recursos públicos estão sendo alocados para prioridades que não são compatíveis com a manutenção das duas coisas, que são meta de inflação garantida e ao mesmo tempo assegurar as prioridades estratégicas de melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Taxas de juros longas recuam com fatores técnicos São Paulo - Os juros futuros na BM&FBovespa oscilaram entre a estabilidade e alta pela manhã, mas à tarde engataram movimento firme de queda no trecho longo, descoladas da trajetória do dólar e mais alinhadas à inversão da alta dos juros das Treasuries. O recuo foi provocado principalmente por desmonte de parte das posições compradas formadas na véspera que puxaram os contratos para cima. Já os vencimentos curtos ficaram estáveis. O dólar no balcão encerrou em R$ 2,280, com valorização de 0,62%. Nas mesas de renda fixa, a avaliação é de que os dados fracos da demanda doméstica, como mostrou ontem a baixa geração de postos de trabalho pelo Caged, e a inflação comedida reforçada pelo IPCA-15 de agosto (0,14%) não recomendam grandes posições tomadas em taxa. Vale lembrar que na próxima semana será conhecido o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, que deve trazer um número negativo. Segundo operadores, a devolução de prêmios também foi favorecida pelo fato de a presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, não ter sido tão incisiva na sinalização de alta antecipada na taxa dos FedFunds, em seu discurso em Jackson Hole pela manhã, como se esperava. Ela ponderou que, se o ritmo de progresso no mercado de trabalho continuar mais forte que o esperado, o Fed poderá antecipar a alta das taxas de juros, reforçando o quadro apresentado pela ata da última reunião de política monetária. Por outro lado, destacou que, se o avanço estagnar, os juros continuarão baixos. Na BM&FBovespa, o DI para janeiro de 2015 terminou a sessão regular em 10,81%, nivelado ao ajuste de ontem, com 15.040 contratos, e o DI para janeiro de 2016 tinha taxa de 11,27% (156.235 contratos), de 11,32% no ajuste da véspera. Com 281.845 contratos, o DI para janeiro de 2017 fechou na mínima de 11,41%, de 11,52% no ajuste anterior, e o DI para janeiro de 2021, com 82.510 contratos, tinha taxa de 11,57% (mínima), de 11,75% após ajuste de quinta-feira.
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Queremos Lula e FHC como aliados, diz conselheiro econômico de Marina Na manhã de sexta-feira (22), o economista Eduardo Giannetti da Fonseca estava animado com o resultado de pesquisas feitas pelo PSB e por instituições do mercado financeiro que sugeriam crescimento das preferências eleitorais da candidata do partido à Presidência, a exsenadora Marina Silva. As pesquisas indicam que a candidata, que ele conheceu na campanha eleitoral de 2010, firmou-se em segundo lugar na disputa presidencial deste ano e tem condições de derrotar Dilma Rousseff (PT) no segundo turno. A possibilidade de vitória tende a alimentar especulações sobre a função reservada para Giannetti, que se define como uma pessoa "sem ambições políticas", num futuro governo. Mas ele diz que não tem interesse em ser o próximo ministro da Fazenda.
"Sou um colaborador, um conselheiro, não uma pessoa de perfil executivo", diz. Em entrevista à Folha, ele afirma que, se for eleita, Marina procurará pessoas do PT e do PSDB para formar sua equipe de governo e garantir apoio a seus projetos no Congresso. Para Giannetti, até os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso poderiam colaborar. "Se [José] Sarney, Renan [Calheiros] e [Fernando] Collor [de Mello] vão para a oposição, com que se governa e com quem se negocia? É com Lula e FHC." Ele afirma que tentaria levar até para a cozinha do governo membros de siglas rivais. "O PSDB é um partido de muitos técnicos e pouca liderança", disse. "O PT também tem técnicos de excelente qualidade, que trabalharam no primeiro mandato de Lula, e a gente adoraria trazê-los. Nossa ideia é governar com os melhores na política e na gestão de políticas públicas." Folha - Se Marina for eleita, o sr. terá um cargo no governo? Eduardo Giannetti - Não um cargo executivo. Me vejo como um conselheiro, alguém que pode ajudá-la na escolha dos quadros que vão assumir funções executivas. Mas não é o meu caso. Essas pessoas vão aparecer na campanha eleitoral? Espero que sim. É uma conversa que não vem de hoje, nem de ontem. É uma conversa de muitos anos. O Brasil não tem falta de quadros competentes. O que falta é liderança e valores na política. E é isso que Marina traz. Quais são as mudanças na economia que Marina vai apresentar na campanha? O governo Dilma se meteu em tamanha confusão que teremos que insistir em algo que deveria estar superado: restabelecer o tripé macroeconômico [câmbio flutuante, meta de inflação e disciplina fiscal]. O Brasil tinha construído um acordo em torno desses princípios. [O tripé] foi estabelecido no segundo mandato de FHC e não só foi confirmado, mas reforçado por Lula em seu primeiro governo. Agora, a gente está com inflação alta, artificialmente controlada, e com o câmbio supervalorizado, o que é um caminho ruim e que prejudica a nossa indústria. Além disso, estamos com um deficit em conta corrente [nas trocas com o exterior] de 3,2% do PIB, o que nos coloca de volta na vulnerabilidade externa do primeiro mandato de FHC. E isso com o menor crescimento da era republicana, excetuando [os governos de] Floriano Peixoto e Collor. É um quadro muito ruim. Não nos leva à beira do precipício, mas não dá horizonte para a sociedade brasileira. Como a independência do Banco Central se encaixa aí? Um dos elementos do tripé é a autonomia do BC. Há sérias dúvidas de que ela esteja valendo no governo Dilma. Enquanto prevalecia a autonomia, havia um acordo tácito de que o Executivo não interferiria nas decisões do BC buscando o cumprimento do centro da meta [de 12
inflação]. Essa autonomia pode ser reforçada quando se formaliza a independência do BC. Ou seja, presidentes e diretores têm mandatos fixos e não estão sujeitos a ordens do presidente. Mas é preciso pensar com cuidado o desenho institucional deste modelo. Há um esboço? Não é o caso de predefinir os elementos centrais. Tem que ter regras para indicação e eventual destituição, se os dirigentes do Banco Central não atenderem seu mandato. Pode parecer uma coisa linda abstratamente e é um caminho corretíssimo, mas tem que tomar cuidado para garantir que a independência resulte no que se espera. Vamos imaginar que o governo Dilma, para tranquilizar os mercados, resolva implementar uma independência do BC. E indique um aventureiro para o cargo. Vamos ficar amarrados a isso? O governo Dilma cometeu uma grave barbeiragem na condução da política do BC, que foi deixar claro, no início do mandato, que a inflação no teto da meta [de 4,5%, com tolerância até 6,5%] estaria de bom tamanho. Se diz que o teto está bom, ele vira o novo centro. Foi o que aconteceu. E aí o governo, na base do desespero, começou a entrar no corpo a corpo com a inflação, algo que eu não esperava ver de novo na minha vida. A controlar os preços das tarifas públicas, da gasolina, usar o câmbio... A gente já deveria ter virado essa página. Será preciso uma nova Carta ao Povo Brasileiro, como a que Lula apresentou na campanha de 2002 para vencer as desconfianças dos investidores? Não creio. Não há temor em relação a Marina como havia com o PT. Agora, qualquer reforço de credibilidade e de confiança é bem-vindo. E o que fazer com quem a considera uma pessoa inflexível? Não existe democracia sem negociação. A questão são os limites, até onde se transige. O projeto de Marina a diferencia muito de Dilma e Aécio. Ela quer construir uma nova governabilidade, que não é baseada na barganha de pedaços do governo para obter apoio no Congresso. Eduardo Campos tinha dito, e Marina está alinhada com isso, que no seu governo Sarney, Renan e Collor iriam para a oposição. E com quem se governa e se negocia? Com Lula e Fernando Henrique. Temos todo o interesse em ter os dois como aliados de projetos que interessem ao país. FHC tem compromisso com a estabilidade econômica, nós também. Lula tem compromisso com a inclusão social, nós também. Vamos trabalhar juntos. Acho possível. Se a democracia brasileira tem razão de ser, é para que isso possa acontecer. Embora Marina se apresente como uma alternativa a petistas e tucanos na política, muito do que ela defende na economia representa uma volta à rota proposta pelo PSDB. Recuperar o arcabouço macroeconômico é pré-condição para que coisas importantes possam ser feitas. Onde está o problema do brasileiro comum? Na condução, na delegacia, no posto de saúde, na sala de aula. É aí que o Brasil tem que agir com desembaraço e coragem. O deficit brasileiro hoje é de cidadania. A escalada do consumo não resolveu esse problema. Em certo sentido, ela até o agravou. É preciso reduzir ou reformular os programas sociais? Eles são intocáveis. O gasto aumentou porque o governo deu isenções de impostos. O governo Dilma deu algo em torno de R$ 250 bilhões de isenção tributária para setores escolhidos. O incentivo do BNDES para um grupo seleto de empresas é maior do que o gasto com o Bolsa Família. O PSB propõe reduzir a meta de inflação para 4% em 2016 e 3% em 2019. O governo diz que isso geraria desemprego. Não há relação negativa entre estabilidade e desemprego. Meta de inflação é como guerra de trincheira. Se você fica receoso em adotar as medidas para manter a inflação em 4,5% e aceita flexibilizá-la para 6,5%, a guerra continua igual, a única coisa que acontece é que você saiu de 4,5% para 6,5%. O que é preciso é credibilidade e fazer com que as expectativas convirjam para onde você deseja, e 3% é melhor do que 4%. Poderia haver demissões? O custo de não fazer é maior que o de fazer. A geração de empregos despencou, a indústria está demitindo. 13
Qual é o custo de fazer? É aceitar que as tarifas públicas ficaram defasadas, o que causa distorções em outros setores da economia, e que os gastos públicos terão que ser melhor controlados. Economistas dizem que será necessário ou reduzir gastos ou aumentar impostos. Aumentar impostos nem pensar. Significa cortar gastos? Significa ser muito criterioso nos gastos e entender onde eles vêm crescendo. A regra de ouro é que os gastos correntes não podem crescer mais do que o PIB. Significa rever isenções tributárias. O governo mexeu discricionariamente em impostos com base na pressão de setores empresariais para obter benefícios, não só de impostos como o IPI, mas também nas tarifas de importação. Com a economia retomando o crescimento e com os gastos públicos crescendo menos do que o PIB, no tempo, podemos corrigir isso. Não haverá um choque fiscal maluco, uma bala de prata. É um caminho de correção.
De Keynes ao presidente O colapso da União Soviética e a queda do Muro de Berlim geraram mudanças importantes em diversos partidos socialistas na Europa e em outras partes do mundo. O Partido Socialista espanhol é um bom exemplo das transformações. Após amplo debate, as propostas de estatização dos meios de produção e controle da economia pelo Estado foram abandonadas, adotando-se a economia de mercado e o uso da riqueza gerada pela economia privada para financiar o governo e os programas sociais da socialdemocracia europeia. Muitos políticos e governantes, em diversas regiões do mundo, têm dificuldades de lidar com essa equação, já resolvida há algumas décadas na Europa e em outras regiões. Por trás disso está a dificuldade de aceitar o papel central das empresas privadas na geração de emprego e de riqueza em uma economia de mercado. Na medida em que o Estado produtor fracassou, a produção é organizada e conduzida pelo setor privado e, para ser financiada, ela passa necessariamente pelo lucro. Este precisa ser regulado por meio da prevenção de monopólios ou oligopólios e do estabelecimento da concorrência visando o aumento da qualidade e a diminuição do custo. Quanto mais aberta for a economia, mais eficiente será esse processo. Os governantes que tentam impor suas visões de governo e de política econômica ao setor privado têm grande dificuldade de aceitar este conceito. Uma carta escrita pelo economista inglês John Maynard Keynes (1883-1946) ao presidente americano Franklin D. Roosevelt (1882-1945), na década de 1930, segue muito útil para orientar os políticos a lidarem com essas questões. Reproduzo um trecho (em tradução livre): "Você pode conseguir que os empresários façam o que você gostaria, desde que os trate mesmo os muito grandes não como lobos ou tigres, mas como animais domésticos por natureza, mesmo que eles não tenham sido criados e treinados como você desejaria. É um erro pensar que eles sejam menos éticos do que os políticos. Se você os confronta e os deixa irritados, obstinados ou aterrorizados, como os animais domésticos tratados de maneira errada são capazes de ficar, a produção nacional não chegará aos mercados e, no final, a opinião pública vai reagir a isto". É uma carta extremamente útil, particularmente no debate eleitoral presente. É importante que os políticos entendam que no Brasil prevalece a economia de livre mercado. Portanto, deve-se propiciar as condições para que as empresas possam existir, crescer, criar empregos, pagar mais salários, gerar riqueza, pagar impostos e aumentar o padrão de renda do país.
Estagflação assombra países emergentes Tema de campanha no Brasil, combinação de inflação e crescimento pífio causa preocupação da Rússia ao Chile. Medo de alta do dólar e China lenta agravam quadro; Brasil deve ter inflação acima de 6% e avanço abaixo de 1%. 14
Um dos temas centrais da campanha eleitoral no Brasil, a conjunção de atividade econômica estagnada e inflação em alta faz um número crescente de vítimas no mundo emergente. À medida que são divulgados em todo o planeta os resultados do primeiro semestre, mais países debatem se estão enfrentando uma estagflação, a palavra que sintetiza a temida aliança. Os números brasileiros, a serem divulgados na próxima sexta-feira (29), podem mostrar, segundo analistas, uma recessão -- pela convenção, um encolhimento do Produto Interno Bruto por dois trimestres consecutivos. Mais consensualmente, projeta-se que o PIB crescerá menos de 1% neste ano, abaixo dos já modestos 2,5% de 2013. Ainda assim, a inflação tende a ser maior e superar a casa dos 6%. Em graus variados, o fenômeno deve se repetir, segundo as projeções de analistas, em países tão diferentes quanto Rússia, Turquia, Tailândia, Paquistão, África do Sul, Argentina e Venezuela. Até o Chile, normalmente celebrado pela solidez de seus indicadores, apresenta uma versão mais suave da onda estagflacionária. Trata-se de um aparente paradoxo econômico: em circunstâncias normais, a estagnação ou desaceleração da atividade tira o fôlego da alta dos preços. As causas da anomalia --e em que termos ela deve ser descrita-- são objeto de controvérsia política e técnica. No Brasil, os candidatos de oposição culpam a política intervencionista do governo Dilma Rousseff. Por esse raciocínio, a tentativa de estimular a economia com gastos públicos, queda de juros e crédito estatal acelerou a inflação e abalou a confiança do empresariado. A administração petista nega que haja estagflação, atribui a freada econômica à crise internacional e aposta em estabilização inflacionária e recuperação do PIB. Além disso, o desemprego permanece baixo. A palavra-tabu foi admitida oficialmente apenas por uma vice-presidente do Banco Central da Rússia, no início do ano. Pelas projeções do Fundo Monetário Internacional, a economia russa deve crescer 0,2% em 2014 e completar quatro anos consecutivos de desaceleração. Já a inflação, em alta, ultrapassa os 7%. O caso do gigante emergente é peculiar, relacionado à fuga de capital estrangeiro agravado pelo aumento das tensões geopolíticas com a Ucrânia. AGRURAS Entre as agruras mais gerais está a desaceleração da economia da China, que a partir da década passada se tornou o motor do mercado de produtos agrícolas e minerais de exportação. Outro motivo de turbulência foi a expectativa de um endurecimento da política monetária nos Estados Unidos, onde os juros atualmente flutuam entre zero e 0,25% ao ano, que poderia levar a uma alta aguda do dólar. Esse temor levou Turquia e África do Sul, por exemplo, a elevarem seus juros no início do ano. Os exemplos mais extremos de estagflação estão na Venezuela e na Argentina, cujos governos acirraram o intervencionismo e onde a inflação está bem avançada na casa dos dois dígitos anuais.
Em 13ª revisão para baixo, mercado diminui projeção de crescimento em 2014 para 0,70% Pela 13º vez consecutiva, o mercado reduziu a projeção de crescimento do País em 2014. Agora, analistas acreditam que o Produto Interno Bruto (PIB) irá aumentar 0,7%, segundo o relatório Focus desta semana, divulgado pelo Banco Central. Na semana passada, a projeção estava em 0,79%. 15
As sucessivas quedas das estimativas para este indicador vêm chamando a atenção até da imprensa internacional. Há cerca de 15 dias, o site do Financial Timesdestacou que esse movimento contínuo era semelhante à "dança da cordinha", sempre descendo mais um pouco. Para 2015, porém, a estimativa de expansão ficou estacionada em 1,20% de uma semana para outra. Um mês atrás, a mediana estava em 1,50%. A expectativa para o fraco crescimento é explicada em grande parte pelas previsões negativas do mercado para o setor industrial. Desta vez, porém, a Focus não trouxe mudanças, mas manteve as taxas negativas para 2014: a mediana das estimativas seguiu em uma retração de 1,76%, estava em -1,15% um mês atrás. Para 2015, porém, a previsão segue em alta de 1,70% como quatro semanas antes. Os analistas corrigiram também suas estimativas para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2014. A Focus de hoje aponta uma mediana de 34,99% ante taxa de 34,89% da semana passada. Um mês atrás, estava em 34,85%. Para 2015, segue em 35,00% há 10 semanas. Inflação maior. Depois de cinco rodadas de alívio, as projeções do mercado financeiro para a inflação ao consumidor voltaram a subir. O relatório Focus revelou que a projeção para o IPCA de 2014 subiu de 6,25% para 6,27%. Mesmo assim, a taxa está mais baixa do que a vista há quatro semanas, de 6,41%. Para 2015, a mediana das estimativas também sofreu incremento, passando de 6,25% para 6,28% de uma semana para outra. Um mês antes, a expectativa mediana estava em 6,21%. Para 2015, a previsão mediana dos cinco analistas continuou em 6,48%. Quatro semanas atrás, o grupo previa taxa de 6,39% para 2014 e de 6,75% para 2015. Para o curto prazo, porém, a mediana das estimativas para o IPCA de agosto caiu de 0,24% para 0,23%. Já para setembro, o ponto central da pesquisa permaneceu em 0,40%. Juro estável. Os economistas consultados voltaram a elevar suas previsões para a taxa Selic no final do ano que vem. Na semana passada, a mediana das expectativas apontava para uma variação de 11,75% ao ano para os juros e agora voltou para 12%, mesma taxa vista um mês antes. De acordo com o boletim Focus divulgado esta manhã, não houve alteração na mediana da projeção para a Selic no fim de 2014, que segue em 11% ao ano há 12 semanas. Vale destacar que este é o nível atual da taxa básica de juros da economia brasileira. O próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) para definir o rumo dos juros será nos dias 02 e 03 de setembro. A previsão para a Selic média em 2014 também segue há 12 semanas em 10,91% ao ano. Para 2015, porém, subiu de 11,67% ao ano para 11,69% ao ano - um mês antes essa taxa estava em 11,81% ao ano.
Estoque de CDBs recua e papéis perdem espaço para outros títulos isentos de IR Queridinho dos brasileiros entre as aplicações de renda fixa, o Certificado de Depósito Bancário (CDB) está perdendo espaço para outros títulos. Entre julho de 2013 e o mesmo mês neste ano, o estoque de CDBs caiu 10,21%, segundo dados da Cetip.
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Enquanto isso, papéis de renda fixa com isenção de Imposto de Renda – como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA) – atraíram mais investidores. Em um ano, os estoques dos títulos subiram 55% e 26%, respectivamente. “A isenção fiscal das pessoas físicas em LCI’s e LCA’s é atraente tanto para o banco como para quem aplica”, diz o diretor de gestão de recursos da corretora Ativa, Arnaldo Curvello. Os bancos ganham mais um chamariz para trazer mais investidores para os seus papéis e quem aplica, uma rentabilidade maior, pois não paga taxa de administração, como nos fundos, nem IR, como nos CDBs. No resgate da renda fixa convencional, é cobrado Imposto de Renda conforme o tempo da aplicação, começando em 22,50% para períodos inferiores a seis meses e terminando em 15% quando o prazo ultrapassa dois anos.
O ganho da isenção fiscal não é repassado integralmente ao investidor. Tanto em CDBs como nas letras, o retorno se dá sobre um porcentual do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), taxa parecida ao juro básico Selic. Se um CDB rende 90% do CDI, por exemplo, no investimento nas letras os bancos diminuem a porcentagem para 80% do CDI para levar parte do ganho fiscal. Ainda que haja esse desconto, parte do mercado fala que, na maioria das vezes, o investidor consegue negociar boas taxas. “A isenção de IR para a pessoa física torna a LCI e a LCA investimentos mais rentáveis do que o CDB”, afirma o superintendente nacional de estratégia pessoa física da Caixa Econômica Federal, Ademir Losekann. “A rentabilidade já foi menor, mas hoje em dia o investidor já consegue algo como 85% do CDI nos grandes bancos”, diz Curvello. Antes de investir, a sugestão é comparar o ganho que o investidor teria no CDB, mesmo após o pagamento do imposto, e o que receberá nos demais títulos isentos de IR. Por enquanto, o estoque de CDBs ainda é o maior do mercado, com R$ 553,5 bilhões aplicados. No entanto, se somados os estoques dos demais títulos – LCI, LCA, Letra Financeira (LF), Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGE) e Certificado de Operações Estruturadas (COE) –, dados da Cetip mostram que a diferença anda diminuindo. O estoque de tais papéis soma R$ 510,6 bilhões, uma diferença de R$ 43 bilhões para os CDBs. A quantia parece alta, mas em julho de 2013 a diferença era de R$ 197 bilhões. 17
Vale lembrar que o COE, voltado para grandes investidores, foi lançado neste ano e mais títulos estão por chegar no mercado. Nesta semana, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou a criação de um papel atrelado ao crédito imobiliário. Os detalhes, como aplicação inicial, não estão definidos, mas o que se sabe é que as Letras Imobiliárias Garantidas terão isenção de IR e mais garantias do que os papéis tradicionais, cobertos somente pelo FGC. Risco. Apesar de o dinheiro das LCIs e LCAs ser usado no crédito imobiliário e do agronegócio, para o investidor o risco é do banco. Mesmo que o tomador de crédito não pague o empréstimo, a instituição tem de honrar o compromisso com o aplicador. O risco do CDB também funciona assim, mas o crédito é livre, ou seja, o banco utiliza o dinheiro para empréstimos em qualquer modalidade. Contribuiu para a procura maior por LCA o fato de desde a metade de 2013 o título ser coberto pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) em até R$ 250 mil. Antes, somente CDBs e LCIs eram protegidos pelo fundo. Isso significa que, no caso de falência do banco, o FGC ressarce o investidor até esse valor. “O avanço dos estoques dos demais títulos mostra que o investidor se tornou mais maduro, está entendendo os riscos e diversificando suas aplicações”, diz o gerente executivo de Relações e Projetos da Cetip, Ricardo Magalhães. Além da isenção de IR, outras diferenças entre CDBs e as letras ocorrem na liquidez e na aplicação mínima. Nas LCIs, o investidor deve aplicar por pelo menos 60 dias. Nas LCAs, o prazo varia caso a caso. Nos CDBs, a liquidez é diária, mesmo nos títulos escalonados, nos quais a rentabilidade aumenta com o tempo. “Os CDBs são interessantes para clientes que precisam de uma liquidez imediata”, afirma Losekann, da Caixa. Em relação à quantia mínima para aplicar, os CDBs continuam sendo o instrumento mais acessível. Na Caixa, com R$ 200 é possível investir em um certificado. Já em LCIs é preciso ter pelo menos R$ 30 mil e em LCAs, R$ 5 milhões. No Banco do Brasil, que lidera o mercado de crédito ao agronegócio, a aplicação mínima em LCAs é de R$ 30 mil e em LCIs, de R$ 1 mil. Por isso, especialistas afirmam que para pequenos investidores, os CDBs seguem sendo atrativos atualmente. Diversificação. A queda do interesse por CDBs é explicada não só pela isenção de IR nos demais títulos, como também pelo fato de os próprios bancos incentivarem outros papéis. “É uma maneira de os bancos diversificarem a fonte de captação de recursos em diversos ativos, com prazos diferentes de vencimento”, diz Magalhães, da Cetip. O movimento de diversificação explica, por exemplo, o crescimento do estoque de Letras Financeiras (LFs) em 38,7% entre julho do ano passado e o mesmo mês em 2014. As LFs têm prazo mínimo de 24 meses e aplicação inicial de R$ 300 mil. “São compradas em geral por fundos de renda fixa. São interessantes em relação aos CDBs porque possuem taxas maiores e custos menores de emissão no banco”, diz Curvello. Depois dos CDBs, os maiores estoques dentro da renda fixa são de LFs (soma de R$ 325,5 bilhões) e LCIs (R$ 123,5 bilhões).
Boa Vista: Procura dos consumidores por crédito caí 1,5% em julho SÃO PAULO - A procura dos consumidores por crédito caiu 1,5% em julho na comparação com junho, com ajuste, segundo levantamento feito pela Boa Vista, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). No ano, a demanda por crédito acumula queda de 3,2% e, na comparação com julho de 2013, o indicador recuou 7,8%. 18
A demanda por crédito no setor financeiro caiu 1,4% em julho na comparação com junho enquanto a procura no setor não financeiro caiu 1,6%, na mesma base de comparação. Na avaliação da Boa Vista, a desaceleração da demanda por crédito segue o cenário de incerteza que ainda permeia a economia brasileira. Em nota, a instituição destaca que “além da cautela do consumidor, pelo lado da oferta a política monetária restritiva dos últimos meses também vem contribuindo para que a busca por crédito seja menor”. Apesar da tendência de redução, a Boa Vista aponta que as medidas adotadas pelo governocoordenadas entre Banco Central e Ministério da Fazenda para estimular o crédito podem melhorar a cenário para o setor nos próximos meses.
CNT: Brasil precisa de quase R$ 1 tri para modernizar transportes BRASÍLIA - A Confederação Nacional dos Transportes (CNT) lançou nesta sexta-feira (22) a quinta edição do Plano CNT de Transporte e Logística, que propõe 2.045 projetos considerados prioritários para melhorar a infraestrutura brasileira de transportes, ao custo de R$ 987 bilhões. O estudo, que já está disponível no site da entidade, será encaminhado formalmente, na próxima semana, à Presidência da República, ao Congresso Nacional, aos governos estaduais e municipais, bem como ministérios envolvidos com o setor. O objetivo é ajudar os governos a identificar as áreas prioritárias para formulação de projetos. Para o diretor executivo da CNT, Bruno Batista, a infraestrutura atual não atende às necessidades do país. “Não temos quantitativo nem qualitativo. Grande parte da infraestrutura está obsoleta e, mais grave ainda, está saturada, não atende mais à demanda”. No aspecto rodoviário, o estudo propõe a implantação de BRT (Bus Rapid Transit), de VLT (veículo leve sobre trilho), monotrilhos, metrôs e trens urbanos em 18 regiões metropolitanas. A CNT também cita a necessidade de ampliação de rodovias. Apenas no eixo Norte-Sul, que liga as cidades de Belém (PA) a Uruguaiana (RS), foram calculados investimentos de mais de R$ 27 bilhões na duplicação de 2.922 quilômetros de rodovias. O documento revela ainda que 89,9% das rodovias federais pavimentadas são de pista simples e mão dupla. Além disso, propõe expansão de hidrovias, dragagem em portos, construção de 23,8 mil quilômetros de ferrovias, construção e ampliação de aeroportos, construção e adequações de terminais de cargas. A construção de terminais multimodais também foi lembrada no estudo. São terminais que funcionam como elo entre diferentes formas de transporte, onde uma carga possa ser transferida de um tipo transporte para outro. Para atingir um nível considerado adequado de infraestrutura no setor, o plano da CNT prevê investimentos da iniciativa privada, aliados a investimentos públicos. “A retomada dos investimentos públicos em infraestruturas de transporte, em anos recentes, apesar de assinalável, não tem sido suficiente para ajustar a oferta de transporte às demandas existentes e previstas”, diz o estudo. Para Batista, o governo não conseguirá fazer os investimentos necessários sem a participação da iniciativa privada, e reforça que o total de investimentos necessários tende a aumentar. “O número de projetos e o valor de investimentos não vão diminuir, uma vez que as demandas por transportes tendem a crescer. A retomada do crescimento só é possível com investimento em logística e transporte. Esse é um problema nacional, não é só do setor transportador”, acrescentou.
Juros caem com rumores sobre pesquisa eleitoral e PIB SÃO PAULO - Especulações em torno das pesquisas eleitorais que serão divulgadas nesta semana e a expectativa pelo resultado do PIB relativo ao segundo trimestre explicam uma nova rodada de queda dos juros futuros nesta segunda-feira. Segundo operadores, circulam rumores de que a candidata pelo PSB, Marina Silva, pode aparecer nas sondagens do Ibope e do Datafolha com cerca de 27% das intenções de voto - o 19
que consolidaria o quadro de segundo turno entre ela e a presidente Dilma Rousseff. Também há outros comentários de que pesquisas internas mostrariam Marina com uma fatia ainda maior, de cerca e 30% dos votos. São apenas especulações, mas que reforçam o viés vendedor que prevalece no mercado de prefixados. A expectativa pela divulgação de um resultado fraco do PIB brasileiro na sexta-feira é outro elemento que explica o recuo dos juros. As projeções dos economistas apontam para um resultado negativo - o que provavelmente consolidaria um quadro de recessão técnica, uma vez que uma queda do PIB no segundo trimestre levaria a uma revisão do resultado no primeiro trimestre também para o terreno negativo, segundo especialistas. O banco Fator, por exemplo, estima uma queda de 0,6% em relação ao trimestre anterior e de 0,3% na comparação com igual período do ano passado. Já para o período de quatro trimestres acumulados até junho contra o período anterior, a projeção do Fator é de crescimento de 1,5%. Por fim, o ambiente externo, onde permanecem as dúvidas sobre o timing do aperto monetário americano, contribui para o alívio dos DIs. Nesta segunda-feira, o rendimento da Tnote de 10 anos voltou para baixo de 2,40% (estava em 2,398% há instantes, de 2,403% na sessão anterior), refletindo a dificuldade do mercado em apostar firmemente em um aumento de juros nos Estados Unidos. Às 10h52, contratos de DI janeiro/2017 operavam a 11,39% (11,41% no ajuste de sexta-feira); DI janeiro/2016 tem taxa de 11,26% (11,23%); e DI janeiro/2021 é negociado a 11,56%, de 11,57%.
A "contabilidade criativa" começa a se tornar perigosa Não é de hoje que o governo federal usa de truques e malabarismos contábeis de toda natureza para alcançar a meta fiscal prometida a cada ano. Essa prática continuada distorceu de tal forma o superávit primário obtido que o próprio Banco Central passou a adotar outro conceito, o do resultado primário estrutural, para estimar o efeito da política fiscal sobre a demanda agregada da economia - se contracionista ou expansionista. O resultado estrutural exclui as alterações em receitas e despesas decorrentes do ciclo econômico e as receitas e despesas extraordinárias, ou seja, não recorrentes. A novidade da "contabilidade criativa" é que a Caixa passou a usar recursos próprios para pagar benefícios do programa Bolsa Família, do seguro desemprego, do abono salarial e até mesmo do INSS. Os valores são significativos. O balanço da Caixa relativo ao primeiro semestre deste ano registrou um crédito contra o Tesouro de R$ 3,9 bilhões por pagamento dos benefícios sociais. A Caixa passou a utilizar recursos próprios porque o Tesouro Nacional não repassa o dinheiro para pagar os benefícios sociais em montante suficiente e de forma tempestiva. A situação chegou a tal ponto que a diretoria jurídica do banco estatal sentiu-se na obrigação de solicitar, em meados de julho, uma intervenção da Advocacia Geral da União (AGU) para que os repasses sejam regularizados e os custos financeiros incorridos pela Caixa com os pagamentos dos benefícios do Bolsa Família sejam pagos. O assunto foi encaminhado à Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal (CCAF/AGU) e aguarda deliberação. Provavelmente o recurso à CCAF/AGU só ocorreu porque as negociações com o Tesouro para a regularização dos repasses não chegaram a um bom termo. Há um aspecto do ofício encaminhado à CCAF/AGU pelo diretor jurídico da Caixa, JailtonZanon da Silveira, que merece ser destacado. Ele requereu que a AGU faça um exame da cláusula contratual relativa à faculdade da Caixa de realizar os pagamentos dos benefícios sociais com recursos próprios, "de modo a que, nos termos da lei complementar 73/93, seja a interpretação fixada e unificada no âmbito da Administração Pública Federal". Essa cláusula consta do contrato assinado pelo banco estatal com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome para pagar os benefícios do programa Bolsa Família. 20
O pedido indica que a área jurídica da Caixa deseja um respaldo da AGU para que o banco continue usando recursos próprios para pagar benefícios sociais. Essa preocupação se relaciona aos dispositivos legais que disciplinam a matéria. O artigo 36 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) não deixa dúvida: banco estatal está proibido de fazer operação de crédito para o seu controlador. Dispositivo semelhante consta da chamada lei do colarinho branco (lei 7.492/1986), que define os crimes contra o sistema financeiro nacional. É preciso reconhecer que há certa imprevisibilidade nos pagamentos de benefícios sociais, pois não é possível estimar com exatidão os valores que eles atingirão em determinado mês. Mas é de se esperar que essas variações - para mais ou para menos - sejam de pequeno montante e possam ser resolvidas com rapidez. Os dados que constam do ofício da Caixa para a CCAF/AGU mostram, no entanto, outra realidade. No caso do programa Bolsa Família, por exemplo, a insuficiência de recursos do Tesouro está sendo constante e elevada, tendo atingido R$ 658,5 milhões no dia 24 de junho deste ano. A Caixa também levou à CCFA/AGU o mesmo problema relacionado com o pagamento do seguro desemprego e do abono salarial. A operação sugere que a Caixa instituiu uma espécie de "cheque especial" para o Tesouro Nacional que pode, assim, sacar a descoberto para pagar benefícios. Do ponto de vista estritamente econômico, não há dúvida que o banco estatal está antecipando receita ao Tesouro - operação que lembra a chamada ARO ou antecipação de receita orçamentária. O governo federal alega que os malabarismos contábeis não ferem qualquer dispositivo legal. O uso de bancos estatais para pagar despesas da União, no entanto, tem todos os elementos para colidir com o arcabouço legal instituído a duras penas para impor a responsabilidade fiscal no país. A "contabilidade criativa" está se tornando perigosa.
México, novo Brasil do petróleo? Em 11 de agosto o presidente do México Enrique PeñaNieto, cumprindo uma das suas principais promessas de campanha, promulgou as leis regulamentares da sua histórica reforma energética. Este foi só o mais recente passo de um histórico debate que ainda tem uma longa jornada pela frente. Esta estratégica reformano entanto, é tão corajosa quanto necessária caso o México pretenda resgatar a sua indústria de petróleo e reconquistar a sua posição no cenário energético mundial. Os efeitos, porém, não serão só nacionais, mas regionais, podendo trazer significantes consequências para o Brasil, positivas e negativas. Para entender o impacto desta reforma energética, não só no México, mas também no Brasil, deve se antes conhecer a evolução histórica de ambos países petroleiros. O ano era 1982, e o México, através da sua paraestatal Pemex, atingia seu primeiro grande pico de produção com 2,8 milhões de barris por dia, tornando-se o 4º maior produtor de petróleo do mundo, atrás somente da ex-União Soviética, Estados Unidos e Arábia Saudita. Esta produção era proveniente principalmente do campo "supergigante" de Cantarell, descoberto em 1976, e com reservas recuperáveis (2P) estimadas em 11,3 bilhões de barris de óleo - o equivalente a cerca de 84% das reservas dos campos de Lula e Libra somadas. Enquanto isso, ao sul, o Brasil produzia aproximadamente 260 mil barris por dia, sendo apenas o 25º maior produtor mundial, e pela primeira vez com sua produção offshore ultrapassando a onshore, em um momento em que sequer se pensava nas grandes produções do pré-sal. Naqueles dias teria sido difícil imaginar que, 32 anos depois, o Brasil, por meio da Petrobras, lideraria de forma pioneira a exploração mundial em águas profundas, com uma produção nacional total de aproximadamente 2,2 milhões de barris/dia, e segundo o último prognóstico da IEA (Agência Internacional de Energia), com a expectativa de produzir 4,1 milhões de barris/dia em 2020 e 6 milhões em 2030. Dessa forma, espera-se que o Brasil ingresse a lista dos 10 maiores produtores mundiais em 2015, e seja o 6º maior em 2035. Enquanto que México, após ter sofrido um "peakoil" em 2004, com 3,4 milhões de barris por dia - o ano em que Cantarell chegou ao seu pico de produção - estaria prestes a deixar a lista dos 10 maiores produtores mundiais, e recorrendo a uma radical reforma energética para salvar uma fragilizada, desesperada e pressionada Pemex. 21
Entender os acontecimentos desse período é essencial, tanto para o México poder implementar de forma bem-sucedida sua reforma energética, aprendendo com os passos que o Brasil realizou anos atrás, por exemplo com seu regime de exploração e produção, assim como para o Brasil evitar os erros cometidos pelo seu vizinho latino-americano, tais como uma alta dependência nos ingressos do petróleo, que hoje representam mais de um terço da receita do governo mexicano. De fato, nunca na história dos dois países as suas empresas petroleiras nacionais (NOCs) tiveram tanto que aprender uma com outra, e nunca foram tão concorrentes. Deste cenário percebem-se duas interpretações. A primeira, talvez a menos positiva para o Brasil, tem o México com a aprovação da reforma energética, materializando assim a decisão de quebrar o monopólio de 75 anos da Pemex. Uma quebra que poderá permitir a criação, logo após a rodada zero, de joint-ventures entre a Pemex e empresas internacionais, especialmente nas descobertas de águas ultra profundas do Golfo do México e parte dos campos de Chicontepec. Inclusive, das atuais reservas 2P do México, Pemex pediu ao governo manter apenas 83% delas, deixando quase que um quinto das mesmas abertas à privatização em futuras rodadas licitatórias. Isto dará um vital respiro a uma Pemex que, só no primeiro trimestre de 2014, registrou as perdas mais altas dos últimos 20 anos (cerca de R$ 11,8 bilhões). Tal entrada de empresas estrangeiras pode também reduzir a grande pressão por um aumento urgente de produção nacional de petróleo, cumprindo a promessa do governo de inverter oito anos de declínio na produção e atingir uma produção entre 3,5 e 4 milhões de barris em 2025. Esta pressão é um quanto incoerente, já que, depois da Região do Ártico, o México é considerado a segunda região com maior reserva de petróleo não explorada. Pior ainda quando se consideram os avanços offshore no Golfo do México em território estadunidense, e da "revolução do shalegas" dos EUA, ainda replicados com o mesmo sucesso do outro lado da fronteira. Todos estes fatores podem também trazer consigo uma forte concorrência para o Brasil. De fato, tais mudanças podem roubar a atenção por parte de empresas estrangeiras, que possam tanto ter desistido da espera por novas rodadas licitatórias no Brasil quanto terem ficado frustradas com as limitações no pré-sal pelo novo regime de partilha. Já uma segunda interpretação descreve uma situação favorável para o Brasil, que pode trazer grandes oportunidades para a Petrobras, permitindo que ela diversifique seu portfólio e fortaleça sua presença no Golfo do México, além de contribuir ou vender seu know-how e tecnologia para exploração em águas profundas e ultraprofundas. Ademais, qualquer concorrência por parte do México pode ser minimizada, considerando que, assim como ocorreu no Brasil, estas mudanças poderão demorar muitos anos para terem efeitos práticos devido à burocracia, interferência política e limitações ambientais mexicanas. Sobretudo quando se considera que historicamente o México é um paísde alta inércia em termos de reforma, quebra de monopólios, e com sindicatos muitos fortes, sendo o dos trabalhadores da indústria do petróleo um deles. Ainda é incerto afirmar qual será o resultado final deste novo rearranjo geopolítico do petróleo latino-americano, mas, uma coisa é certa: se os planos de ambos os países se materializarem, podemos ter um cenário tão competitivo quanto frutífero. Só o futuro nos dirá.
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