Jornais e Revistas de 26 de junho de 2014

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 26 DE JUNHO DE 2014

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Correios testam carro elétrico da Renault

Os Correios iniciam nos próximos dias um teste com dois veículos elétricos Kangoo ZE, da Renault, para entrega de encomendas em Curitiba (PR) e em Brasília (DF). Na manhã desta quarta-feira, dia 25, o diretor de vendas a empresas da Renault, Alexandre Oliveira, entregou um dos carros ao presidente dos Correios, Wagner Pinheiro de Oliveira, no edifício-sede da empresa, em Brasília (DF). O veículo será utilizado nas seguintes regiões: Asa Sul, Setor Comercial, Setor Hoteleiro Sul e Esplanada dos Ministérios. O outro carro irá realizar entregas em Curitiba, na região metropolitana de São José dos Pinhais, cidade onde a Renault está sediada no Paraná. O teste tem duração inicial de quatro meses, com possibilidade de prorrogação por um ano. Ambos os carros são cedidos em comodato aos Correios. Na capital federal, os Correios contam com parceria com a CEB – Companhia Energética de Brasília, que instalou um totem para recarga do veículo. A redução da emissão de CO 2 nas atividades dos Correios é uma das ações previstas no Sistema de Gestão Ambiental da empresa, lançado no final de 2013 e composto por ações e metas para diminuir impactos ambientais causados pela estatal. Os Correios têm como meta reduzir em 20% as emissões de gás carbônico até 2020, prevista no programa global de redução de emissão de carbono do setor postal da International Post Corporation (IPC) — associação de 24 operadores postais na Ásia, na Europa e na América. O Kangoo ZE é 100% elétrico — emissão zero de CO 2. Com as mesmas qualidades funcionais do Kangoo com motor de combustão interna e idêntico volume de carga (650 kg), o modelo é equipado com motor de 60 cv e possui autonomia de 170 km. A Aliança RenaultNissan lidera o segmento de veículos zero emissão e está investindo 4 bilhões de euros no desenvolvimento dessa tecnologia. Desde o início da comercialização em 2011, foram mais de 100 mil veículos elétricos vendidos pela Aliança no mundo. Somente a Renault vendeu mais de 19 mil veículos elétricos em 2013 no mundo, em um mercado que cresceu 83 % em relação a 2012.

Döhler é uma das empresas que mais crescem no País A Döhler S/A, indústria têxtil de Joinville, aparece em segundo lugar na lista das empresas que crescem mais rápido em Santa Catarina e em 12ª. no ranking nacional. As informações fazem parte da edição 2014 do levantamento Melhores e Maiores, da revista Exame, em que foram avaliados crescimento da receita e do lucro por ação, além do retorno total. No período analisado 2010/2013, a Döhler obteve aumento de 6,8% na receita, enquanto o lucro por ação ficou 32,3% e o retorno total, registrou crescimento de 181,9%. A marca têxtil catarinense é uma das maiores e mais tradicionais empresas de cama, mesa, banho e decoração da América Latina e completa 133 anos de fundação em 2014. Com 3.200 colaboradores e um parque fabril de 200 mil metros quadrados em Joinville (SC), seu volume de fabricação é de 1.400 toneladas por mês, dentro de um portfólio que chega a 12 mil produtos. Sempre preocupada com a qualidade dos produtos, a empresa trouxe para os seus teares tecnologia de ponta, 2


além do pioneirismo em pesquisa, desenvolvimento e práticas de sustentabilidade. A Döhler atende consumidores domésticos, com artigos variados para o lar, e empresariais, com tecidos para as indústrias moveleiras e de colchões, além de enxovais corporativos e soluções para o setor hoteleiro e hospitalar. Com atuação internacional, opera um centro de distribuição na Flórida (EUA).

Camex reduz imposto de bens não fabricados no país

A Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior decidiu reduzir o imposto de importação para 250 bens de capital, informática e telecomunicações não fabricados no Brasil. Duas resoluções publicadas nesta terça-feira, dia 24, no Diário Oficial da União baixam de 14% para 2% as alíquotas para 240 bens de capital e de 16% para 2% as aplicadas a dez bens de informática e telecomunicações.Das reduções concedidas para bens de capital, 144 são renovações. Para informática e telecomunicações, oito foram renovadas. As alterações passam a valer nesta terça-feira e vigoram até dezembro de 2015. De acordo com o ministério, as máquinas e equipamentos com redução de tarifas serão utilizados em projetos como: exploração de óleo e gás com foco no pré-sal e nos campos de águas profundas; implantação de uma fábrica de telas soldadas e arames; aumento da capacidade de triagem e processamento de resíduos sólidos urbanos e comerciais; implantação de uma nova linha de produção de peças plásticas para máquinas agrícolas; aumento da produção de sacolas de papel ou cartão; coleta automatizada de resíduos sólidos domiciliares, entre outros. Esse tipo de redução faz parte do regime de ex-tarifários, que visa a estimular investimentos do setor produtivo nacional por meio de baixas temporárias de alíquotas. Após solicitação das empresas, um comitê verifica a inexistência de produção nacional e analisa o mérito dos pedidos. No caso das reduções concedidas hoje, as empresas alegaram que os investimentos globais vinculados a elas chegam a US$ 946 milhões. Os setores mais beneficiados são petróleo, mineração, bens de capital, autopeças e automotivo. Os produtos importados virão principalmente dos Estados Unidos, do Japão, da Alemanha, China e Suécia. Em 2014, já foram aprovados 1.523 ex-tarifários no país.

Argentina: credores italianos de US$ 2,7 bilhões podem ter decisão favorável NOVA YORK - Os advogados da Argentina no exterior deverão multiplicar seus esforços nos próximos dias. Não apenas enfrentam a negociação para pagar aos credores que não aderiram às renegociações da dívida do país e ganharam o caso na corte de Nova York, mas também 3


temem que se confirme, no curto prazo, uma sentença em favor de um grupo de italianos detentores de bônus no tribunal arbitral do Banco Mundial. Foi o que afirmaram ao “La Nación” fontes que participam do caso que tramita no Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobre Investimentos (Ciadi) desde 2006, a pedido da “Força-Tarefa Argentina”, liderada por Nicola Stock, representando cerca de 50 mil portadores de títulos italianos. Por isso, viajaram a Washington funcionários da secretaria de Finanças, liderados pelo advogado MaríasIsasa, que logo viajaram a Nova York para a negociação com os credores. Uma fonte que participou como testemunha da arbitragem afirmou que “as perguntas a respeito da Argentina eram muito duras eantecipam uma decisão negativa para o governo”, uma percepção que duas fontes de Wall Street confirmaram ao “La Nación”. A comissão, integrada por um árbitro holandês, um suíço e um espanhol, terminará esta semana de ouvir todos os envolvidos. Nesta terça-feira foi a vez de Stock declarar, antes de regressar a Roma: Esperamos que haja uma decisão favorável à nossa demanda de € 2 bilhões. Uma vez que o Ciadi emita seu laudo (o que os representantes dos detentores de títulos esperam que ocorra nas próximas semanas), começará o processo de execução da sentença. Após a decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos pela pari passu (em nome dos fundos NML-Elliot, Aurelius e 13 investidores minoritários argentinos), estão mais firmes as nossas aspirações de negociar, algo a que a Argentina sempre se recusou, ao contrário de várias províncias e empresas privadas com as quais entramos em acordos — acrescentou Stock. — Se quiserem, podemos negociar, mas até agora não nos convocaram. Se houver um acordo, será mais fácil que o país receba investidores e volte a crescer — explicou o representante dos credores. Até o ano passado, a Argentina havia se recusado a reconhecer a possibilidade de execução de decisões do Ciadi e exigia que as empresas estrangeiras se apresentassem para cobrar nos tribunais portenhos. Se ganharmos esta arbitragem, podemos executá-la nos 102 países que fazem parte do Ciadi, mas não o faremos na Argentina, porque ali todas as sentenças são contrárias aos credores ealém disso existe a “lei ferrolho” que nos impede de cobrar o que pedimos — disse, referindo-se a lei que proibiu, em fevereiro de 2005, futuras negociações com os credores que não aderiram à renegociação de US$ 102 bi. No entanto, como parte da mudança de estratégia que começou em 2013 para voltar a financiar-se nos mercados internacionais, diante da forte queda nas reservas – e após a forte pressão de vários países desenvolvidos, sobretudo os Estados Unidos – o governo aceitou pagar, em outubro passado, a cinco empresas que ganharam casos de arbitragem – Azurix, Blue RidgeInvestments, Vivendi, Continental CasualtyCompany e National Grid – com bônus (Boden 2015 e Bonar 2017) no valor de US$ 502 milhões, sobre um total de US$ 677 milhões. As quatro primeiras haviam interpelado a Argentina perante o Ciadi, enquanto a outra o fez diante do Uncitral (um tribunal arbitral que depende da Organização das Nações Unidas). Lascuatroprimerashabían demandado a la Argentina ante elCiadi, mientras que la restante lohizo ante elUncitral (un tribunal arbitral que depende de lasNaciones Unidas). A Azurix, que fornecia serviços de água potável, e a Blue Ridge, que adquiriu a dívida ao comprar a participação da CMS GasTransmissionCompany em uma transportadora de gás natural do país, obtiveram sentenças favoráveis somando mais de US$ 300 milhões. Esta foi uma das condições do governo dos Estados Unidos à Argentina (junto com o acordo com o Clube de paris, a mudança das cifras do Indec e o acordo com os credores) para destravar uma nova carteira de créditos do Banco Mundial de US$ 3 bilhões, que segue congelada. O problema é que a Argentina enfrenta demandas de até US$ 20 bilhões perante o Ciadi. A maioria dos pleitossurgiram da crise de 2001-2002.

Brasil precisa corrigir rumo para manter nota de crédito, diz Moody’s NOVA YORK - A agência de classificação de risco Moody’s alertou nesta quarta-feira que a perspectiva do rating do Brasil, depende do sucesso ou fracasso dos esforços do próximo governo em reverter as tendências econômicas negativas e elevar o crescimento para próximo do potencial. O alerta da agência vem menos de quatro meses antes das eleições presidenciais 4


de outubro, quando a presidente Dilma Rousseff disputará um novo mandato em uma eleição cada vez mais acirrada. Embora Dilma ainda seja a favorita, pesquisas mostram que sua popularidade entre os eleitores tem caído. O Brasil é atualmente classificado pela Moody's como “Baa2” com perspectiva estável, o que significa que não é provável que seja rebaixado nos próximos 18 meses. Mas a agência sugeriu que a perspectiva poderia ser revisada negativamente se o país continuar enfrentando “declínio dos gastos com investimento, desaceleração do consumo e deterioração da confiança do investidor”. “A agência considera que as perspectivas de crescimento do Brasil estão presas em um ciclo vicioso, com as expectativas ruins dos consumidores e investidores levando a menos investimento e crescimento econômico, o que, por sua vez, alimenta um sentimento negativo adicional”, disse a Moody’s em comunicado. Questões semelhantes já levaram a Standard &Poor’s a rebaixar o rating do Brasil ao nível mais baixo do grau de investimento em março.Desde então, as perspectivas do Brasil continuaram a se deteriorar. Nesta semana, a pesquisa Focus do Banco Central mostrou que economistas reduziram suas projeções de crescimento econômico do país em 2014 pela quarta semana consecutiva, a apenas 1,16%. Para a Moody's, o próximo governo terá o desafio de elaborar uma agenda de política econômica que incorpore mudanças significativas para lidar com as preocupações de investidores.

Juro bancário de pessoa física é o maior em quase três anos, diz BC Os juros bancários médios dos empréstimos para pessoas físicas subiram pelo quinto mês seguido em maio deste ano, para 42,5% ao ano. É o maior nível desde julho de 2011 – ou seja, em quase três anos. Os números, que tratam das operações com recursos livres (quando os juros são livremente acertados), foram divulgados nesta quarta-feira (25) pelo Banco Central (BC), por meio da nota de juros e crédito bancário. Em abril deste ano, os juros bancários de pessoas físicas estavam em 42% ao ano. Na parcial de 2014, a taxa avançou 4,5 pontos percentuais, pois estava em 38% ao ano no fechamento de 2013. O aumento desses juros acontece após o próprio Banco Central ter iniciado, em abril do ano passado, um ciclo de alta da taxa básica de juros da economia (a Selic), para tentar conter o crescimento da inflação. Com o aumento da taxa e o encarecimento dos empréstimos, a instituição consegue reduzir o número de pessoas e empresas dispostas a consumir. Assim, o preço dos produtos e serviços tende a cair ou ficar estável. Desde o ano passado, os juros básicos passaram de 7,25% para 11% ao ano, o que corresponde a uma elevação de 3,75 pontos percentuais. O processo de alta dos juros foi interrompido apenas no mês passado. Com o aumento dos juros básicos do país, também houve alta na taxa de captação das instituições financeiras, ou seja, no quanto os bancos pagam pelos recursos que serão emprestados às pessoas. Em abril do ano passado, antes do início da alta dos juros básicos fixados pelo BC, a taxa de captação, para operações com pessoas físicas, estava em 9% ao ano, passando para 12% ao ano em maio. Um crescimento de 3 pontos percentuais. No mesmo período, os juros bancários das instituições financeiras para pessoas físicas cresceram 8,1 pontos percentuais, visto que estavam em 34,4% ao ano em abril de 2013, ou seja, quase o triplo do aumento da taxa Selic. Deste modo, os dados do BC mostram que as instituições financeiras não só estão repassando a alta do custo de captação que tiveram por conta da elevação dos juros básicos da economia, como também estão elevando os juros cobrados de seus clientes acima da alta da Selic. O aumento dos juros bancários comintensidade maior que a alta da taxa básica gerou o aumento do chamado spread bancário (diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e o que cobram dos clientes). O spread é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros. Em abril do ano passado, antes do início do processo de alta dos juros básicos da economia, o spread bancário nas operações com pessoas físicas estava em 25,4 pontos percentuais. Em maio deste ano, já estava em 30,5 pontos percentuais. O alto nível dessa diferença entre taxas no Brasil já foi duramente criticado, no passado, pela presidente da República, Dilma Rousseff, e por integrantes da equipe econômica, como o ministro da Fazenda, Guido Mantega. No caso das operações dos bancos com as 5


empresas, ainda com base nos chamados recursos livres, a taxa média somou 23% ao ano em abril – com alta de 0,1 ponto percentual frente ao patamar de abril (22,9% ao ano). Em 2014, porém, a taxa avançou 1,6 ponto percentual. Já a taxa média geral de todas as operações com recursos livres (pessoas físicas e empresas) ficou estável em 32% ao ano em maio. Com isso, os juros estão no maior patamar desde fevereiro de 2012 (32,5% ao ano). No acumulado de 2014, a taxa média de juros bancários avançou três pontos percentuais.

CMN mantém juro de longo prazo em 5% ao ano no terceiro trimestre O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu nesta quarta-feira (25) manter a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) em 5% ao ano para o terceiro trimestre de 2014, segundo resolução publicada na página do Banco Central na internet. A taxa serve de referência para os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao setor produtivo. Os juros de longo prazo estão neste patamar, o menor da história, desde o início de 2013. "A TJLP é uma taxa de longo prazo. É diferente da Selic, que é de curto prazo. Está mantida nossa orientação de crescimento baseada em investimento. No último ano, enquanto a economia cresceu 2,5%, taxa de investimento subiu 5,2%. A taxa de crescimento do investimento cresce mais e tem acontecido nos últimos anos. A TJLP cumpre essa função de um horizonte de tempo maior para o investimento", declarou o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland. Também nesta quartafeira, o Tesouro Nacional informou que foram emitidos mais R$ 30 bilhões em títulos públicos como forma de empréstimo para o BNDES. Nos últimos anos, o governo já emprestou mais de R$ 300 bilhões para o banco público, o que elevou, em igual proporção, a dívida pública. O objetivo dos empréstimos do Tesouro Nacional para o BNDES é prover a instituição financeira com recursos para realizar empréstimos ao setor produtivo. Recentemente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), implementado por meio do BNDES, valerá também 2015. Até o momento, a previsão da equipe econômica era que o programa terminasse no fim deste ano. Por meio do PSI, as empresas obtêm empréstimos no BNDES para investimentos produtivos com juros baixos, subsidiados pela Secretaria do Tesouro Nacional. "Não falamos em valores [para o PSI em 2015]. Neste ano, é de R$ 80 bilhões [em empréstimos para o setor produtivo]. Não fixamos ainda o valor para o próximo ano. Provavelmente será similar [ao de 2014]. Não está definido o valor. Vamos ter de fazer uma MP, mais para o fim do ano, estabelecendo o valor e taxas de juros. As taxas de juros não foram definidas ainda [para o próximo ano]", declarou Mantega na semana passada.

Nível de atividade da construção fica em 45,8 pontos em maio A Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que o indicador de nível de atividade da construção ficou em 45,8 pontos em maio, abaixo da linha de 50 pontos, o que confirma a retração da atividade no setor. O nível de atividade, em relação ao mesmo período de 2013, ficou em 43,1 pontos e o de número de empregados, em 45,7 pontos. Os indicadores variam de 0 a 100. Abaixo de 50 revelam queda. Os números fazem parte da Sondagem Indústria da Construção, feita entre 2 e 11 de junho, com 559 empresas, das quais 179 de pequeno porte, 243 médias e 137 grandes. A CNI informou também que a utilização da capacidade de operação das empresas do setor subiu, de 69% em abril para 70% em maio. O levantamento mostra que os empresários estão menos otimistas, segundo a confederação. A expectativa em junho para os próximos seis meses sobre o número de empregados ficou em 50,1 pontos, sobre a linha divisória dos 50 pontos, o que indica tendência de manutenção do quadro de 6


empregados. Essa é a primeira vez que não há previsão de aumento do emprego no setor desde que CNI começou a fazer a sondagem, em janeiro de 2011. O indicador de expectativa de nível de atividade ficou em 51,5 pontos, o de novos empreendimentos e serviços foi 51 pontos e o de compras de insumos e matérias-primas, 50,9 pontos, informou a CNI.

Terminal de Paranaguá inaugura novo cais de atracação O Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), considerado o segundo maior terminal de contêineres da América do Sul, inaugura nesta quarta-feira (25) o novo cais de atracação. A partir de agora o cais passa de 564 metros para 879 m, o que permite ao TCP receber simultaneamente até três dos maiores navios de contêineres que fazem o comércio internacional na América Latina. Juntamente com o novo píer e seus equipamentos, como portêineres e transtêineres de última geração, o Terminal também inaugura três dolphins para a atracação exclusiva de navios destinados a operação com veículos. O projeto faz parte de um dos maiores pacotes de investimentos privados do setor portuário no Brasil nos últimos três anos, com cerca de R$ 365 milhões em recursos. Marca a transformação do TCP em um dos mais modernos e completos operadores logísticos do setor portuário brasileiro. "A ampliação permite aumentar a capacidade do Terminal para 1,5 milhão de TEUs/ano", afirmou Juarez Moraes e Silva, diretor superintendente do Terminal, acrescentando que a demanda atual é de aproximadamente 800 mil TEUs. "Estamos preparados para o crescimento desse número para atender a demanda pelos próximos 10 anos", completou.

Urubus em dias de festa Ainda assim, o ar parece mais leve. Portanto, conversas sobre o estado da economia brasileira parecem sombrias como um vulto de urubu e ainda mais deslocadas do que de costume, pois ainda mais inoportunamente desagradáveis. Não aparecem boas notícias. Embora a tendência de baixa fosse mais ou menos previsível, a queda é inesperadamente mais rápida e, pior, em parte gratuita. Economias flutuam, têm ciclos de baixa, nos quais por vezes se purgam ou se corrigem problemas e excessos. Padecemos agora das agruras de um momento de baixa sem que estejamos ao menos corrigindo o básico, de modo que voltemos ao arroz com feijão. O crédito que não é regulado pelo governo parara de crescer em abril. Em maio, passou a encolher, soube-se ontem, pelas estatísticas do Banco Central. Isto é, o total de dinheiro emprestado na modalidade "livre" era em maio de 2014 menor que em maio do ano passado. O estoque de crédito, a quantidade total de dinheiro emprestada, cresce cada vez mais devagar, agora a 6% ao ano, em termos reais, apenas devido àquelas linhas em que há a mão do governo ou direcionamento legal do dinheiro. Isto é, empréstimos do BNDES, crédito imobiliário e crédito rural, além do consignado. Ou seja, dinheiro que o governo toma emprestado e empresta para a banca estatal, que o repassa a juros subsidiados; dinheiro da caderneta de poupança, que em grande parte deve financiar imóveis; dinheiro subsidiado para a agricultura. Em parte, portanto, o crédito ainda cresce porque o governo se endivida a juros altíssimos. Em parte, empresas mantêm empregos porque o governo se endivida, baixando impostos de modo a aumentar a rentabilidade das empresas. Como a receita do governo é insuficiente, há déficit, o governo fica no vermelho. A fim de cobrir o buraco, o governo toma dinheiro emprestado. Além de outros equívocos de política econômica, é fácil perceber que 7


esse esquema artificial de remendos não vai funcionar nem prestar, além de contrariar a política monetária, a do Banco Central, que eleva a taxa de juros justamente a fim de esfriar uma economia em que a inflação está além do conveniente. O crédito dito "livre" secou; o restante, "direcionado" pelo governo, cresce de modo que não faz muito sentido. Nas grandes metrópoles, ao menos, a massa salarial vem tendendo à estagnação. O emprego formal cresce a 60% do ritmo médio dos três primeiros anos do governo Dilma Rousseff. A prévia do indicador de confiança do empresário industrial de junho foi ruim: caiu pelo sexto mês seguido, na pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas. Decerto a indústria é o setor mais avariado da economia. Mesmo assim. A indústria contamina, real ou "psicologicamente", os demais setores. Vamos parando o carro quebrado, no meio da rua, mas no máximo vamos tentar consertá-lo com uma gambiarra, o que também não vai prestar.

Falta de consenso no Mercosul impediu avanços Divergências no bloco sul-americano em torno do acordo de livre-comércio entre Mercosul e UE dificultaram um entendimento entre os dois blocos. A proposta do Mercosul já estava praticamente pronta, mas ainda eram necessários ajustes finais. Faltava decidir o prazo de carência oferecido aos europeus para que os produtos começassem a ter os impostos reduzidos. Os argentinos pediam um prazo maior do que o Brasil, Uruguai e Paraguai --a Venezuela não quis negociar. Também faltava chegar a um consenso sobre os últimos produtos que entrariam na lista de itens que terão a alíquota de importação zerada. O objetivo era incluir 90% dos produtos europeus vendidos à região, mas o bloco havia chegado a um consenso em torno de 87%. Nesse ponto, todos deveriam ceder, inclusive o Brasil, que tinha resistência em áreas estratégicas. Outro fator que pesou foi a piora da crise na Argentina, que sofre com a falta de reservas e a cobrança judicial de parte de sua dívida. Nesse cenário de indefinições, o governo avaliou que fazer uma troca de propostas agora seria "expor a estratégia" brasileira sabendo que não há "nenhuma chance" de fechar um acordo.

REVISÃO DE BRASÍLIA - O fraco desempenho do crédito até maio deste ano surpreendeu o Banco Central, que reduziu de 13% para 12% sua projeção para o crescimento desse mercado em 2014. A carteira de crédito dos bancos irá crescer, portanto, em ritmo inferior ao da crise de 2008/2009. Na época, o BC cortava os juros e as instituições estatais aumentavam sua atuação no mercado. Hoje, o cenário é de juros e inadimplência em alta, além de limitações de recursos nos bancos estatais. O maior gargalo para os financiamentos está no crédito livre, a parcela que representa 54% do total e exclui as operações com subsídio (BNDES, imobiliário e empréstimos rurais). Em março, o BC esperava que esses empréstimos aumentassem 10% em 2014. Agora, prevê expansão de 7%. Mais uma vez, a maior parte do avanço no crédito será sustentada pelo chamado crédito direcionado(com juros subsidiados), que deve crescer 19% neste ano. A expansão também é inferior à registrada em 2013, de 25% nessas operações.

BC corta previsão de crescimento do PIB de 2% para 1,6% em 2014 SÃO PAULO - A indústria e os investimentos serão as principais contribuições negativas ao desempenho econômico em 2014, conforme avaliação do Banco Central (BC) contidas no Relatório de Inflação de junho. A autoridade monetária cortou de 2% para 1,6% sua estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Pelo lado da oferta, o BC passou a estimar retração de 0,4% para o PIB industrial, ante expectativa de alta de 1,5% no relatório anterior, de março. Segundo o BC, a revisão foi influenciada pelas perspectivas para a indústria de transformação e para o setor de construção civil. A instituição trabalha com recuo de 1,9% e 2,2% nestes dois segmentos, respectivamente. Em março, era esperado avanço de 0,5% e 8


1,1%. Ainda na ótica da oferta, a autoridade monetária cortou ligeiramente, de 2,2% para 2%, sua projeção para o crescimento do setor de serviços em 2014. A expectativa para o setor agropecuário também foi revista, de aumento de 3,5% para 2,8%. Pelo lado da demanda, a revisão mais expressiva foi feita na estimativa para o desempenho da formação bruta de capital fixo, uma medida de investimentos, que passou de avanço de 1% para queda de 2,4% em 2014. As perspectivas para a demanda das famílias e do governo para o mesmo período foram mantidas em 2% e 2,1%, respectivamente. No setor externo, o BC elevou a projeção para o avanço das exportações de bens e serviços, de 1,3% para 2,3%. A estimativa para as importações diminuiu ligeiramente, de alta de 0,9% para 0,6%. “As mudanças levam em conta a reavaliação das perspectivas de crescimento de importantes parceiros comerciais; impactos da depreciação cambial; e revisão da estimativa de crescimento da economia brasileira”, aponta o BC no relatório. Levando em conta as novas projeções, a contribuição da demanda interna para a expansão do PIB em 2014 foi estimada pela autoridade monetária em 1,4 ponto percentual, e a do setor externo, em 0,2 ponto percentual.

BC antecipa cenário de inflação resistente nos próximos trimestres BRASÍLIA - A inflação mostrará resistência no curto prazo, avalia o Banco Central (BC), mas as ações de política monetária já implementadas, somadas ao crescimento abaixo do potencial da economia, tendem a fazer com que essas pressões diminuam, ou até mesmo se esgotem, dentro do chamado horizonte relevante para a política monetária. No Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do segundo trimestre, o BC “antecipa cenário que contempla inflação resistente nos próximos trimestres, mas, que, mantidas as condições monetárias, tende a entrar em trajetória de convergência para a meta nos trimestres finais do horizonte de projeção”. Antes de fazer tal observação, o BC avalia que pressões inflacionárias ora presentes na economia, a exemplo das decorrentes dos processos de realinhamentos de preços e de ganhos salariais incompatíveis com ganhos de produtividade, “tendem a arrefecer ou, até mesmo, a se esgotarem ao longo do horizonte relevante para a política monetária. Em prazos mais curtos, some-se a isso “o deslocamento do hiato do produto para o campo “desinflacionário”. Mesmo sugerindo manutenção das condições monetárias, o BC reitera avaliação que já foi interpretada como aceno de novas altas de juros: “o Copom destaca ainda que, em momentos como o atual, a política monetária deve se manter vigilante, de modo a minimizar riscos de que níveis elevados de inflação, como o observado nos últimos 12 meses, persistam no horizonte relevante para a política monetária”. A autoridade monetária aponta ainda que não viu, desde março, melhora nos riscos para a estabilidade financeira global, que “permaneceram elevados” e sustenta que o ambiente nos mercados financeiros internacionais “permanece complexo”. Ao mesmo tempo, observa que se mantiveram inalteradas as perspectivas de atividade global mais intensa no horizonte de tempo relevante para a política monetária no Brasil. Mais uma vez, o BC nota que os efeitos das ações de política monetária sobre a inflação ocorrem com defasagem e que, neste processo, estão envolvidos diversos canais, como demanda, crédito, câmbio e expectativas. No entanto, esses diferentes vasos de comunicação “operam não necessariamente com a mesma intensidade e simultaneamente”. Antes de alcançar os preços, diz, as ações de política monetária interferem nas decisões de consumo e de investimento de famílias e empresas e que na presença de níveis de confiança “relativamente modestos”, a exemplo dos que atualmente se manifestam, os efeitos das ações de política monetária sobre a inflação tendem a ser potencializados. Essa hipótese do BC já tinha sido levantada na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), quando o BC optou pela estabilidade da Selic em 11% ao ano.

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Mais notícias ruins na área fiscal Mais um indicador econômico ruim está saindo do forno. Depois da fraca criação de emprego no mês passado e da elevação do custo do crédito, é a vez da área fiscal. A arrecadação de tributos administrados pela Receita Federal (exceto a contribuição para o INSS) em maio, que deverá ser divulgada na próxima sexta-feira, pode ter registrado queda real (descontada a inflação) na comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com dados preliminares. Por isso, o resultado primário do governo central (que compreende o Tesouro, a Previdência e o Banco Central) foi muito ruim e há a possibilidade de que tenha ocorrido até mesmo um déficit. O resultado da arrecadação em maio reforça a preocupação com o cumprimento da meta fiscal deste ano, pois mostra que o governo terá que contar com receitas extras elevadas. Mesmo assim, parece não ter objetivo exclusivamente fiscal a decisão de obter R$ 2 bilhões da Petrobras com o bônus de assinatura do contrato para exploração do excedente de petróleo dos campos que foram objeto de cessão onerosa em 2010. No mês passado, não foram apenas as receitas do Imposto de Renda (IR) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) que decepcionaram. Houve uma queda generalizada de impostos e contribuições. O resultado de maio confirma que a arrecadação já está sendo prejudicada pelo desaquecimento em curso da economia. O resultado foi afetado também pelo fato de que, em maio de 2013, houve o ingresso de R$ 4 bilhões em receitas extraordinárias, sendo R$ 1 bilhão referente à Cofins/PIS e R$ 3 bilhões ao IRPJ/CSLL. Ao contrário de meses anteriores, a queda da receita dos tributos federais em maio não foi compensada pelo forte ingresso de royalties e dividendos das estatais. Por isso, o resultado primário dependerá do ritmo das despesas no mês passado e da postergação (chamada de "pedalada" na área técnica) de gastos e de transferências de receitas para Estados e municípios. Em abril, a "pedalada" alterou significativamente o superávit primário do governo central. O governo certamente está fazendo suas contas sobre a receita extra que terá que obter para chegar ao superávit primário de R$ 80,8 bilhões - até abril, conseguiu fazer R$ 28,9 bilhões. Com a fraca receita dos últimos meses, a arrecadação extraordinária prevista para este ano, de R$ R$ 24,3 bilhões, parece não ser mais suficiente. Desse total, R$ 12,5 bilhões se referem ao Refis - mais um parcelamento de débitos tributários. Assim, o governo teria que encontrar novas receitas extras para fechar o buraco. Na terça-feira, o governo decidiu contratar diretamente, ou seja, sem licitação, a Petrobras para explorar volume excedente de petróleo dos campos do pré-sal que tinham sido objeto de cessão onerosa para a estatal em 2010. Pelo novo contrato, a Petrobras pagará um bônus de assinatura de R$ 2 bilhões neste ano e antecipará outros R$ 13 bilhões de 2015 a 2018. Embora dê uma pequena ajuda para fechar as contas deste ano, o novo contrato com a Petrobras aparentemente teve outras motivações que ainda não foram explicitadas pelo governo. Mesmo porque, a maior parte dos recursos ingressará nos cofres do Tesouro durante a próxima gestão, que será escolhida nas eleições de outubro. O altruísmo não é um sentimento muito comum em governos. O mercado reagiu mal ao contrato, pois ele afeta o caixa de uma empresa que já luta com dificuldades por causa da manutenção dos preços internos da gasolina e do diesel abaixo daqueles que a estatal paga no mercado internacional. Mas é interessante observar que pelo mesmo volume de petróleo que o campo de Libra, licitado no ano passado, a Petrobras pagou um bônus de assinatura muito menor. Em Libra, o bônus foi de R$ 15 bilhões. Pode-se argumentar que o menor valor do bônus foi compensado por uma maior participação da União no óleo a ser extraído. Outra questão que não está clara é porque a presidente Dilma Rousseff decidiu fazer essa contratação direta da Petrobras neste momento, mesmo porque a revisão do contrato de cessão onerosa de 2010 ainda está em andamento e só deve ser concluída no ano que vem. Não se deve afastar a hipótese de que considerações de natureza político-ideológica tenham feito parte da decisão. Os R$ 2 bilhões que a Petrobras vai pagar neste ano é muito pouco se comparados à quantia que os governos do PT já obtiveram do pré-sal para fechar as contas fiscais. Em 2010, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a cessão onerosa de 5 bilhões de barris de petróleo para a 10


Petrobras ao preço de R$ 74,8 bilhões. Com esse dinheiro, ele capitalizou a estatal e usou R$ 31,9 bilhões para alcançar o superávit primário daquele ano. Em 2013, com o leilão do campo de Libra também no pré-sal, ingressaram nos cofres do Tesouro mais R$ 15 bilhões. Além disso, de 2012 até maio de 2014, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) destinou R$ 2,6 bilhões para o Fundo Social do Pré-Sal. Este valor está subestimado porque a nova lei que regula os recursos a serem destinados ao Fundo está suspensa por decisão liminar do Supremo Tribunal Federal (STF). Ao todo, portanto, os governos do PT já utilizaram R$ 92,4 bilhões do pré-sal para gastos correntes e para atingir a meta fiscal. Agora, a Petrobras pagará mais R$ 2 bilhões e mais royalties ingressarão até o fim deste ano. Do total já transferido, muito pouco foi destinado à educação. Na verdade, com o argumento de que o Fundo Social ainda não foi regulamentado, os recursos do pré-sal estão parados no caixa único do Tesouro no Banco Central, ajudando a fazer o superávit primário. Apenas neste ano, após a aprovação da lei 12.858, que destinou 50% dos recursos do Fundo Social para a educação, o orçamento prevê o uso do dinheiro do pré-sal para essa finalidade. Está previsto no Orçamento deste ano o uso de R$ 6,7 bilhões do Fundo Social na área da educação, sendo que até o início desta semana haviam sido empenhados R$ 5,4 bilhões. Ainda não está claro, no entanto, se esses serão recursos adicionais para a área ou se apenas substituirão outras receitas, da mesma forma que ocorreu com a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) na área da saúde.

Crédito fraqueja e BC refaz projeções Nem bem encerrada a primeira metade do ano, o crédito já deu sinais mais do que claros de que terá um desempenho em 2014 pior do que aquele inicialmente projetado. Ontem, o Banco Central (BC) reduziu a projeção de crescimento do estoque de empréstimos no país de 13% para 12% no ano. Apesar de manter a projeção de expansão de 17% para a carteira dos bancos públicos, a autoridade cortou significativamente a expectativa das instituições privadas nacionais de 10% para 6% e aumentou a dos estrangeiros de 8% para 9%. Entre os maiores bancos brasileiros, uma mudança nas estimativas para o crescimento das carteiras já é considerada, segundo apurou o Valor. "Está difícil manter a projeção", disse o vice-presidente de um banco de varejo. É o segundo ano consecutivo que as instituições devem revisar seus números.

O executivo de um banco varejo relatou que há uma desaceleração no ritmo de contratação de financiamentos de veículo, imobiliário e de crédito a empresas. "Isso pode ser atribuído tanto à menor demanda, como também ao maior grau de exigência por conta dos bancos", afirmou. Para o analista de um banco estrangeiro, a revisão de "guidances" dos bancos privados é "praticamente uma certeza", depois do fraco desempenho da primeira metade do ano. "Em conversas recentes, os bancos indicaram que a demanda por empréstimos estava aquém do que esperavam para o ano, ainda que estivessem dispostos a aumentar a oferta." 11


Na visão dele, o avanço do crédito ficaria, no melhor dos cenários, no piso da projeção atual dos bancos. No início deste ano, os bancos divulgaram expectativas de expansão do crédito que estão bastante acima daquelas recalculadas pelo BC. O Bradesco previa no começo de 2014 que teria avanço entre 10% e 14% de sua carteira, enquanto o Itaú Unibanco esperava algo entre 10% e 13%. O Santander não divulga projeções. Já os bancos federais não veem necessidade, por ora, de revisar seus números de crédito, já que contemplam um cenário de desaceleração em relação a 2013, de acordo com fontes oficiais ouvidas pelo Valor. A Caixa Econômica Federal trabalha com uma expansão da carteira de cerca de 22% neste ano e, pelos números mais recentes, seu estoque vem crescendo a uma velocidade anualizada de 29,5%. No ano passado, a carteira da Caixa subiu 36,8%. A expectativa do Banco do Brasil para 2014 é uma expansão da carteira entre 14% e 18%, que, caso confirmada, já representaria uma queda em relação ao avanço de 18,5% em 2013. O que puxa as carteiras dos bancos federais é o crédito direcionado, com destaque para os segmentos agrícola, imobiliário e de infraestrutura. O empréstimo livre avança num ritmo mais moderado, afirmou uma fonte oficial, em parte devido à fraca demanda, como no caso dos financiamentos de veículos, e também pela maior competição com os bancos privados no crédito consignado. A visão do BC é que o crédito, apesar da desaceleração, continuará como esteio da economia neste ano. "O crédito cresce a taxas mais moderadas, como já era esperado, mas segue como fator importante de sustentação do crescimento", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel. Até o fim do ano, o estoque de financiamentos bancários na economia chegue a 58% do PIB, acima dos 56% do PIB observados em dezembro de 2013 e dos 56,1% do PIB verificados em maio. Os projetos de infraestrutura devem ser menos afetados pela retração no crédito que outros segmentos da economia, na avaliação do presidente do comitê de financiamento de projetos da Anbima, Sergio Heumann. "A retração é menor em infraestrutura que no geral. Continuo vendo os bancos fortes nessa área", afirmou. A revisão do BC ocorre depois de o ritmo anualizado de crescimento do crédito recuar entre abril e maio, de 13,4% para 12,7%, comparando com iguais meses do ano passado. Pela primeira vez, o avanço das carteiras de empréstimos dos bancos caiu abaixo do percentual de expansão que era previsto pelo BC para o ano. A expansão do mercado de crédito sofreu nova desaceleração em maio, mês que normalmente é um dos mais fortes do ano por causa do Dia das Mães. Os sinais de debilidade no crédito, que foi um dos principais motores da demanda agregada nos últimos anos, ocorre num momento em que muitos economistas apontam o risco de uma contração do Produto Interno Bruto no segundo trimestre. O estoque de crédito concedido cresceu 1% em maio, para R$ 2,804 trilhões. Houve alguma aceleração em relação ao fraco crescimento de abril, que havia sido de 0,6%, mas a expansão ficou aquém da observada em meses de maio de anos anteriores. Em maio de 2013, por exemplo, o avanço foi de 1,6%. O mercado de crédito seguiu a mesma tendência de crescimento desequilibrado observada em meses anteriores, com avanço mais forte nas concessões de bancos públicos e no crédito direcionado, e mais fraco em bancos privados e no crédito livre. O crédito livre teve expansão de 0,7%, comparado a abril, enquanto a modalidade direcionada teve avanço de 1,3% no mês. Em termos anuais até maio, o crédito livre cresce 5,7%, e o direcionado, 22,3%. O BC revisou para cima sua projeção para o crescimento do crédito direcionado neste ano, de 17% para 19%. Mas reduziu, de 10% para 7%, sua previsão para o aumento do crédito livre. A carteira de crédito dos bancos públicos avançou 1,3% em maio ante abril e acumula alta de 19,4% em 12 meses. A elevação foi bem mais forte do que a observada em bancos privados nacionais, de 0,5% em maio na comparação com abril, e nos estrangeiros, com 0,8%. Com isso, os bancos públicos aumentaram ainda mais sua fatia no mercado de crédito, que passou de 52,18% para 52,35% entre abril e maio. Neste ano, os bancos oficiais já aumentaram em 1,15 ponto percentual a sua participação no mercado.

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Inadimplência sobe e preocupa analistas Depois de cinco meses de estabilidade, o crescimento da taxa de inadimplência do sistema financeiro em maio ampliou o receio de que os calotes voltem a incomodar os bancos até o fim deste ano. Há quem afirme que os dados marcam o início de um novo ciclo de inadimplência, ainda que de intensidade menor que o de momentos anteriores em que os calotes subiram. A inadimplência média das operações de crédito no sistema financeiro saiu de 3% em abril para 3,1% em maio, o maior nível desde novembro do ano passado, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC). Para o chefe do Departamento Econômico da autoridade monetária, Túlio Maciel, ainda é cedo para afirmar que se firmou uma nova tendência de deterioração no indicador. "Temos que observar mais dados", disse. Economistas do setor privado, contudo, adotam uma postura mais pessimista quanto ao avanço dos calotes. "Na nossa visão, esse é o começo de um novo ciclo para a taxa de inadimplência, que provavelmente vai se intensificar nos próximos meses", afirmam os analistas do CreditSuisse, em relatório. Na visão do banco suíço, mesmo a queda da taxa considerando atrasos entre 15 a 90 dias não muda a tendência de alta na inadimplência daqui para a frente. Considerando apenas as operações de pessoas físicas com recursos de livre aplicação pelos bancos, a taxa de calote atingiu 6,7%, maior patamar desde dezembro, após 6,5% em abril. Já as empresas mostraram inadimplência de 3,5%, ante 3,3% no quarto mês do ano. A inadimplência total com recursos livres subiu de 4,8% para 5%. Analistas do BTG Pactual classificaram como "desapontadores" os números de crédito do BC, embora afirmem que seja prematuro falar em uma tendência de aumento da inadimplência. Para eles, contudo, é certo que o quadro piorou e que a taxa de inadimplência já chegou ao piso, apesar de os bancos continuarem a migração para linhas de crédito com garantias mais firmes. "Fraco crescimento econômico, deterioração das expectativas para o mercado de trabalho, ganhos contidos de renda, o endividamento das famílias e os efeitos do recente [ciclo de] aperto monetário devem abalar a qualidade dos ativos dos bancos brasileiros", avaliaram os economistas do BTG Pactual. "Os dados do mercado de trabalho divulgados ontem [terça-feira] foram muito fracos e mostraram que as limitações para a criação de vagas estão se tornando mais visíveis - e, sem sinais de melhora no curto prazo, alguns dos sinais de alerta amarelo que temos visto parecem estar mudando, se não para vermelho, pelo menos para laranja." Os analistas do Credit ponderam que a postura mais conservadora dos bancos na concessão de crédito e o forte volume de renegociações de operações em atraso devem fazer com que o aumento do calote nesse ciclo tenda a ser inferior ao visto entre março de 2011 e maio de 2012. No período, a taxa de inadimplência em recursos livres subiu 1,1 ponto percentual, para 5,8%. Em maio de 2013, esse índice estava em 5%. O BTG Pactual fez um exercício de quanto os principais bancos perderiam em um novo ciclo de inadimplência. Para o banco, se a inadimplência - e, consequentemente, as provisões para perdas com crédito em proporção do total de empréstimos - aumentarem em 50 pontosbase no ano que vem, a estimativa de lucro por ação de Itaú Unibanco e Bradesco poderia encolher 8%, "implicando em nenhum crescimento em 2015". No caso de Banco do Brasil, uma elevação de 50 pontos-base nos custos de crédito levaria a um corte de 25% na estimativa de lucro por ação, segundo o BTG Pactual. Vale lembrar, porém, que ao mesmo tempo em que a taxa de inadimplência subiu, o índice de operações com atraso entre 15 a 90 dias recuou em maio. No caso de operações com famílias, feitas com recursos livres, a taxa passou de 6,9% em abril para 6,6% em maio. Nos empréstimos a empresas, foi de 2,8% para 2,6%. Para a Rosenberg Consultores, o avanço da inadimplência em maio mostra que "uma parcela da inadimplência de 15 a 90 dias, que usualmente simplesmente desaparece após o acerto de contas mais duro de início de ano, persistiu e se transformou numa inadimplência mais longa. É um sinal preocupante, amenizado pelo fato de que o nível de atrasos de 15 a 90 dias começa a recuar", escreve a economista-chefe, Thaís Zara.

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