SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 26 DE SETEMBRO DE 2014
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Juros para pessoa física caem pela 1ª vez no ano, informa BC Fonte Folha de São Paulo SOFIA FERNANDES de BRASÍLIA26/09/2014 12h 52 A taxa de juros do crédito livre para a pessoa física, que é concedido sem que haja uma finalidade específica, caiu pela primeira vez no ano. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (26) pelo Banco Central, a taxa caiu 0,1 ponto percentual em agosto na comparação com julho, fechando em 43,1% ao ano. As taxas vinham subindo há sete meses consecutivos. Os juros do crédito a pessoas físicas com recursos direcionados as operações com juros controlados ou subsidiados (rural, habitacional, microcrédito) também caíram 0,1 ponto percentual, situando-se em 8,1% ao ano. Para Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC, a taxa de juros está oscilando no mesmo patamar desde a interrupção do ciclo de alta da Selic, no fim de maio. O spread bancário –diferença entre a taxa de juros que os bancos pagam pelos recursos no mercado e a taxa de juros que cobram de seus clientes nos empréstimos– nas operações com recursos livres também apresentou queda, de 0,2 p.p., ficando em 21,2%. SALDO O saldo total de empréstimos feitos em agosto foi de R$ 2,86 trilhões, após crescimento de 1% em relação ao mês anterior. O crédito com recursos livres somou R$ 1,52 trilhão (53,2% do total), e o crédito com recursos direcionados foi de R$ 1,34 trilhão. O Banco Central destacou crescimento no crédito controlado destinado à família de 2,1%, desempenho puxado pela alta nos financiamentos habitacional e rural. Em julho, o crédito com recursos livres havia caído 0,5%. A recuperação em agosto está em parte associada a questões sazonais, pois julho foi um mês fraco, afirmou Maciel. Ele destacou que esse crescimento está acontecendo em ambiente de inadimplência relativamente baixa e estável. INADIMPLÊNCIA A inadimplência dos empréstimos com recursos livres manteve-se estável em agosto, em 5%. São considerados como inadimplentes os tomadores de empréstimo com atrasos superiores a 90 dias. Para pessoas físicas, o nível de inadimplência manteve-se em 6,6%. Para pessoas jurídicas, cresceu levemente –de 3,5% em julho a 3,6% em agosto. Para Maciel, há margem para reduzir a inadimplência, a níveis como o de março de 2011, quando 3,7% dos tomadores de empréstimo não pagaram seus débitos. VEÍCULOS O saldo dos empréstimos pessoais para compra de veículos diminuiu 0,3% em agosto, apesar das medidas do Banco Central de liberar parte do compulsório (dinheiro retido pelo BC) para estimular a concessão de crédito. É o sétimo mês consecutivo em que há queda na concessão de crédito para compra de veículos. Em agosto, o BC definiu que o banco que elevar em 20% a média diária dessas operações de financiamento até dezembro poderá descontar os empréstimos do compulsório. Quem não cumprir a meta, não poderá fazer a dedução. Nos últimos 12 meses, o saldo de crédito para veículos caiu 4,7%. O setor de veículos preocupa o Palácio do Planalto porque está em processo de demissões e pode prejudicar a campanha de reeleição da presidente. Segundo Maciel, as medidas anunciadas pelo governo ainda não tiveram efeito total. "Em seis meses será possível fazer uma avaliação melhor", disse. 2
Nove Estados devem definir governo no 1º turno Fonte Folha de São Paulo DIOGENES CAMPANHAPATRÍCIA BRITTO de SÃO PAULO 26/09/2014 02h 00 O mau desempenho de apostas dos grandes partidos e a ausência de um terceiro candidato competitivo contribuem para que nove Estados caminhem para definir as eleições para governador já no primeiro turno. São Paulo e Minas Gerais são exemplos desse quadro.Na eleição paulista, a aposta petista, Alexandre Padilha, segue estacionada abaixo dos 10% nas pesquisas, e Paulo Skaf, do PMDB, em torno de 20%, cenário que favorece a reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB), perto dos 50%. Para definir a eleição na primeira etapa da disputa, um candidato deve ter 50% dos votos válidos (sem brancos e nulos), mais um voto.
"Não sei se o efeito da Copa, o humor da sociedade, a demora para a campanha pegar' ou a escassez de recursos fez com que a intensidade de campanha do Padilha fosse sofrível no começo", afirmou Luiz Marinho, coordenador da campanha de Dilma em São Paulo. "Isso atrasou muito o processo de conhecimento dele no Estado." Em Minas Gerais, quem não avançou nas pesquisas foi a aposta de "terceira via" do PSB, Tarcísio Delgado. Escalado para dar palanque a Eduardo Campos e agora a Marina Silva, ele segue abaixo dos 10%, sem rivalizar com Pimenta da Veiga (PSDB) e com Fernando Pimentel (PT), favorito para vencer já no próximo dia 5. Também apresentam cenário parecido Alagoas, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Piauí, Santa Catarina e Tocantins. Neles, candidatos em terceiro lugar não chegam a 13% nas pesquisas. Em outros nove Estados, os candidatos que lideram estão a poucos pontos de também conseguirem liquidar a disputa na primeira rodada. São exemplos Paulo Souto (DEM), na Bahia; Eunício Oliveira (PMDB), no Ceará; e Beto Richa (PSDB), no Paraná, onde Gleisi Hoffmann (PT), ex-ministra da Casa Civil do governo Dilma Rousseff, não decolou e está na casa dos 10% nas pesquisas. Pelo cenário atual, nove candidatos do PT, sete do PSB e cinco do PSDB não devem ir ao segundo turno. Alguns desses nomes foram lançados na última hora, como Roberto Carlos (PT), no Espírito Santo, e Eliane Novais (PSB), no Ceará. "Foram candidaturas sem antecedência necessária para preparação na pré-campanha", diz Carlos Siqueira, primeiro secretário nacional do PSB. Em Alagoas, o PSDB, que governa o Estado, indicou o vereador Julio Cezar para substituir o procurador Eduardo Tavares, que desistiu em plena campanha. O candidato tucano aparece com 1% das preferências. Os problemas apontados pelas legendas vão desde a baixa arrecadação até a morte de Eduardo Campos em acidente aéreo. "Todos ficaram atônitos durante certo período, tempo precioso para explorar fazendo campanha, e ficamos tentando entender as mudanças", disse Mendes Thame, deputado e secretário geral do PSDB.
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Para negar ‘choque fiscal’, Dilma usa dados errados sobre dívida pública Fonte Folha de São Paulo POR DINHEIRO PÚBLICO & CIA 26/09/14 11h 24 A presidente e candidata Dilma Rousseff se valeu de dados errados sobre a dívida pública para negar a necessidade de um “choque fiscal”, ou seja, de um corte amplo e imediato nos gastos do governo. Na argumentação da petista, a medida é desnecessária porque o governo brasileiro teria uma das menores dívidas do mundo, como proporção da economia do país. “O Brasil tem uma das menores dívidas líquidas sobre Produto Interno Bruto do mundo, 34%. Todo o resto do mundo, tirando uns seis países, tem dívidas líquidas acima de 100% ou perto de 100%”, disse Dilma nesta quinta (25). A dívida pública líquida ou seja, descontando os valores dos créditos que os governos têm a receber brasileira equivale a 35,1% do PIB, segundo os dados de julho do Banco Central. É na comparação com o resto do mundo que a presidente comete o equívoco mais grosseiro. Dívida líquida é um conceito pouco utilizado na economia global. Na base de dados do FMI (Fundo Monetário Internacional), apenas 99 países calculam o indicador. Desses, 41 têm dívida igual ou menor que a do Brasil. E apenas 9 têm dívida na casa dos 100% do PIB ou mais: Antígua e Barbuda, Cabo Verde, Grécia, Granada, Irlanda, Itália, Japão, Líbano e Portugal. O conceito mais utilizado internacionalmente é o de dívida bruta (total), para o qual o FMI tem dados sobre 178 países. Nessa lista, são 16 os que têm dívida semelhante ou superior ao PIB. A brasileira, estimada em 66,7%, é a maior entre os principais emergentes. Informações erradas à parte, o arrazoado de Dilma omite que o mais preocupante na dívida pública do país não é o tamanho é o custo. União, Estados e municípios pagam a cada ano o equivalente a 5% do PIB em juros, uma proporção raríssima no mundo. Levantamento com dados de 2011 apontou que só Grécia e Líbano pagavam mais em encargos da dívida pública.
Fábio Kerche: Marina e o BNDES Fonte Folha de São Paulo 26/09/2014 02h00 O BNDES é um dos principais instrumentos que o governo brasileiro dispõe para implementar sua política econômica. É o governo em exercício que escolhe as áreas prioritárias e as linhas de atuação do banco, que as executa por meio de um rigor técnico garantido por seu capacitado corpo funcional. Para ficarmos em apenas dois exemplos: no governo Fernando Henrique Cardoso, o BNDES teve um papel fundamental nas privatizações e no governo Lula, respondendo à forte crise iniciada em 2008, expandiu o crédito à indústria e à infraestrutura. É, portanto, absolutamente legítimo que o papel do BNDES seja debatido na campanha eleitoral. O próximo presidente terá a responsabilidade de manter ou modificar as prioridades do banco nos próximos anos, decisão que poderá afetar todo o financiamento ao setor produtivo brasileiro. Mas esse necessário debate eleitoral seria mais proveitoso para o país se fosse lastreado por um correto diagnóstico por parte dos candidatos. Como corrigir rumos se não conseguimos entender a atual direção? Esse parece ser o caso da candidata do PSB à Presidência, Marina Silva. Senão, vejamos. Nesta quinta-feira (25), em entrevista ao programa "Bom Dia Brasil", da TV Globo, a candidata disse que "o que enfraquece os bancos é pegar o dinheiro do BNDES e dar para meia dúzia de empresários falidos, uma parte deles, alguns deles que deram, enfim, um sumiço em bilhões de reais do nosso dinheiro". O número de imprecisões só dessa frase é impressionante. Em primeiro lugar, o BNDES não "dá" dinheiro a ninguém, ele empresta. Isso significa que o banco recebe de volta, corrigidos por juros, os seus financiamentos. Sua taxa de inadimplência 4
é de 0,07% sobre o total da carteira de crédito, segundo o último balanço, sendo a mais baixa de todo o sistema bancário no Brasil, público e privado. Isso nos leva a outra imprecisão da fala da candidata. A qual "sumiço" de recursos ela se refere se o BNDES recebe o dinheiro de volta e obtém lucros expressivos de suas operações? O lucro do primeiro semestre, de R$ 5,47 bilhões, foi o maior da história do banco. Em relação aos empresários "falidos", talvez a candidata, em um esforço de transformar em regra a exceção, esteja se referindo ao caso Eike Batista. Se isso for verdade, temos mais uma imprecisão: seja por causa de um eficiente sistema de garantias das operações, seja porque grupos sólidos assumiram algumas empresas, o BNDES não sofreu perdas frente aos problemas enfrentados pelo empresariado. Por fim, nada mais falso do que dizer que o BNDES empresta para "meia dúzia". No ano passado, o banco fez mais de 1 milhão de operações, sendo que 97% delas para micro, pequenas e médias empresas. Embora o BNDES não tenha a capilaridade dos bancos de varejo, a instituição aumentou seus desembolsos para as pequenas empresas de cerca de 20% do total liberado na primeira década de 2000 para mais de 30% no ano passado. Se retirássemos as típicas áreas onde os pequenos não atuam (setor público, infraestrutura e comércio exterior), os financiamentos para os menores representariam 50% dos desembolsos do banco. Das cem maiores empresas que atuam no Brasil, 93 mantém relação bancária com o BNDES. Entre as 500 maiores, 480 são seus clientes. Como sustentar que o BNDES escolhe "meia dúzia" se o banco apoia quase todas as empresas brasileiras dos mais variados setores de nossa economia? A candidata Marina lembrou recentemente que uma mentira repetida diversas vezes não a transforma em verdade. Isso também vale para o papel que o BNDES vem desempenhando nos últimos anos.
Algo positivo no ar Fonte Folha de São Paulo 26/09/2014 02h00 A troca de farpas, as acusações e as distorções de propostas entre as campanhas eleitorais tomaram o espaço do debate sobre os verdadeiros temas que interessam à sociedade. Isso vale para a segurança, a educação, a saúde e também para as questões da economia. Mas frestas de luz surgem em meio à pancadaria, sob a forma de alguns consensos que poderão facilitar a transição entre a contagem dos votos e o início do próximo governo. Essa fase é critica e estratégica. É nela que se formam as precondições para que as mudanças sejam promovidas com a clareza e a firmeza necessárias para o êxito das empreitadas. Todavia, não asseguram o sucesso das iniciativas função de outras etapas complexas, como a de arregimentação de apoio político e o dificílimo processo de implantação. Embora nuvens carregadas ainda preponderem sobre o horizonte de 2015, creio que já avançamos quanto ao menos três temas relevantes para um projeto de reformas. O primeiro deles tem a ver com a mudança da política de comércio exterior. O Brasil e seus parceiros do Mercosul se beneficiaram do mercado comum regional, mas o preço da integração implicou nosso progressivo afastamento da dinâmica de crescimento verificada em países desenvolvidos e em vários emergentes graças aos acordos de livre-comércio e de facilitação dos investimentos. Neste contexto, ampliaram-se os mercados sem barreiras e foram definidas normas para agilizar e dar segurança às trocas de mercadorias e serviços. Os governos que celebraram bons acordos internacionais foram premiados com aumento dos investimentos industriais e com maior participação nas cadeias produtivas globais. Acomodados em nosso mercado regional e aguardando o desfecho de negociações multilaterais que teimam em não acontecer, 5
assistimos à decadência do Mercosul, o que significou também o ocaso de nossa exportação de manufaturados. A consciência de que não há como manter o isolamento, exceto com perdas gravíssimas e talvez irreparáveis para a indústria, parece-me ter avançado de forma importante ao longo do ano. Em recente seminário coordenado pela economista Vera Thorstensen na Fundação Getulio Vargas, em São Paulo, ficou claro que há concordância entre especialistas em comércio exterior, negociadores e empresários sobre a necessidade de início imediato de uma nova política externa. O segundo consenso gravita em torno da necessidade de definição de regras claras e simples das legislações tributária e trabalhista, fontes de imensos passivos e de milhões de ações que entopem os tribunais. A remoção dos expedientes da chamada "contabilidade criativa" das contas fiscais e a introdução de princípios básicos de transparência e de avaliação das políticas públicas, sobretudo dos incentivos fiscais e financeiros, se inserem neste grupo de providências salutares, e já não são mais tratadas como assuntos de interesse apenas acadêmico. É condição civilizatória para o país justo e consequente reclamado por amplas parcelas da sociedade. No meio empresarial cresce o reconhecimento de que o país e a economia só têm a ganhar com tais medidas. Em terceiro lugar, o próprio governo já reconhece que as ações mais eficazes são as que beneficiam o conjunto da economia, e não apenas setores e empresas selecionados. Em outras palavras, as políticas horizontais devem ter precedência em relação às políticas verticais de incentivos e proteção. Estas têm seu lugar num programa de desenvolvimento, mas precisam de objetivos explícitos e prazos de validade. Esses conceitos foram corretamente seguidos pelo governo quando recentemente uniformizou a tributação dos lucros das empresas brasileiras no exterior, eliminando o tratamento especial que favorecia apenas quatros setores da economia. O governo também acertou ao anunciar a igualdade de tratamento na devolução de impostos aos exportadores, por meio do Programa Reintegra. Tais mudanças representam passos ainda modestos, mas têm grande significado para quem precisa construir consensos que destravem a economia, removam o pessimismo empresarial e relancem o crescimento.
A fila anda Fonte Folha de São Paulo 26/09/2014 02h00 SÃO PAULO - Com a viagem de Dilma Rousseff a Nova York, o presidente do Supremo, ministro Ricardo Lewandowski, assumiu interinamente a Presidência. Ele é só o quarto na linha de sucessão, mas teve de ser investido no cargo porque nem o vice-presidente, Michel Temer, nem o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, nem o do Senado, Renan Calheiros, poderiam exercer a Presidência sob pena de complicações eleitorais. Temer concorre à reeleição como vice. Não pode assumir um posto diferente do que já ocupa. Alves disputa o governo do Rio Grande do Norte. Está impedido de ter passagem pelo Executivo nos meses anteriores ao pleito. Já Calheiros não enfrenta eleição este ano, mas seu filho quer ser governador de Alagoas e se tornaria inelegível se o pai exercesse, ainda que por poucas horas, a Presidência. Obviamente, há algo de errado com o sistema que não deixa os três primeiros na linha de sucessão de cumprir seu papel institucional sem que estejam fisicamente inabilitados. No mínimo, nossas regras de inelegibilidade estão mal calibradas. E esse não é o único problema. Erro maior é o próprio cargo de vice. Essa é uma função que envelheceu mal. Ela tinha sua razão de ser no século 19, quando o exercício do Poder Executivo exigia uma proximidade física com as estruturas de comando. 6
Mas, em tempos de internet e comunicações via satélite, não há mais nada que impeça o titular de continuar gerindo os negócios do país mesmo que esteja do outro lado do mundo. Ainda que o presidente fique definitivamente incapacitado, é mais razoável organizar um novo pleito do que entregar o comando a alguém que muitas vezes só entra na chapa para compensar o que marqueteiros entendem como falhas do titular. Como bônus, a extinção dos cargos de vice-presidente, vice-governadores e vice-prefeitos pouparia aos contribuintes as despesas relativas a 5.598 cargos públicos.
EUA elevam estimativa de crescimento do PIB para 4,6% Fonte Folha de São Paulo DA REUTERS26/09/2014 11h29 O Departamento do Comércio dos Estados Unidos elevou nesta sexta-feira (26) sua estimativa do PIB (Produto Interno Bruto) para uma taxa anual de 4,6%. A economia norte-americana cresceu durante o segundo trimestre no ritmo mais rápido em dois e meio, em um sinal favorável para o restante de 2014. O melhor desempenho desde o quarto trimestre de 2011 refletiu um ritmo mais rápido de gastos empresariais e um crescimento mais forte nas exportações do que estimado anteriormente. O perfil de crescimento mais forte oferece uma base mais firme para o terceiro trimestre. Até o momento, dados econômicos como atividade industrial, comércio e moradias sugerem que muito do ímpeto do segundo trimestre passou para o terceiro trimestre. As estimativas de crescimento para o período de julho a setembro chegam a até 3,6%. A estimativa anterior para o PIB era de um avanço de 4,2% no segundo trimestre. A revisão ficou em linha com as expectativas de Wall Street. A economia registrou contração de 2,1% no primeiro trimestre. Houve revisões para cima em todas as categorias, com a exceção de gastos de consumidores, onde gastos mais fortes com saúde foram compensados por fraquezas em gastos com lazer e bens duráveis. O crescimento nos gastos de consumidores, que respondem por mais de dois terços da atividade economia dos EUA, ficou inalterado a uma taxa de 2,5%. O gasto de empresas com equipamentos foi elevado a uma taxa de 11,2%, ante 10,7% anteriormente. As empresas também investiram mais em estruturas não residenciais, como perfurações de gás, além de pesquisa e desenvolvimento. DEMANDA DOMÉSTICA A demanda doméstica cresceu a um forte ritmo de 3,4%, em vez da taxa de 3,1% divulgada anteriormente. O ritmo forte do crescimento da demanda doméstica ajuda a explicar os ganhos de empregos robustos durante o trimestre, como também a forte queda na taxa de desemprego. As empresas acumularam US$ 84,8 bilhões em estoques no segundo trimestre, pouco acima dos US$ 83,9 bilhões divulgados anteriormente. Com isso, o acúmulo de estoques contribuiu com 1,42% ao crescimento do PIB em vez de 1,39%. Ainda assim, existem poucos indícios de risco em estoques, um sinal positivo para o crescimento do PIB no terceiro trimestre. EXPORTAÇÕES Embora o comércio tenha sido um fardo pelo segundo trimestre consecutivo, o crescimento das exportações foi elevado a um ritmo de 11,1%, o mais rápido desde o quarto trimestre de 2010, ante uma taxa de 10,1%. Os gastos relacionados ao mercado de moradias foi revisado para cima, como também os gastos governamentais. 7
Os lucros corporativos tiveram uma recuperação um pouco mais forte do que o relatado anteriormente, ante uma queda no primeiro trimestre.
Empregados até a eleição Fonte Folha de SÃO PAULO 26/09/2014 02h 00 O desemprego no Brasil da eleição de 2014 é o mais baixo da história de que se tem notícia, ou por aí. Estritamente, os números são comparáveis até 2002, embora por várias outras medidas dê para suspeitar que é o mais baixo em décadas. Não aconteceu nem mesmo o discreto aumento da taxa de desemprego previsto para este ano, ou pelo menos a partir da metade do ano. Como tantas vezes já se disse, no entanto, o número de pessoas empregadas nas grandes metrópoles não cresce desde setembro do ano passado; a taxa de desemprego não aumenta porque menos gente procura trabalho, coisa muito sabida também faz quase um ano. Desempregado não é quem está sem trabalho, mas quem procura e não encontra emprego. Quem deixa de querer trabalho deixa de fazer parte da população economicamente ativa (PEA). Os números do mercado de trabalho divulgados ontem pelo IBGE no entanto indicam algumas ligeiras mudanças e a deterioração muito lenta e gradual da situação do emprego. No que diz respeito a faixas de idade, a proporção maior dos que deixam a PEA ainda é a daqueles entre 18 e 24 anos. Mas, em termos absolutos, a massa maior de abandono do mercado é a da população entre 25 e 49 anos. Até então, aparentemente vinha aumentando a quantidade dos "nem-nem" (jovens que não estudam nem trabalham) e também de jovens que não trabalhavam em tese por um bom motivo: para estudar, em parte porque suas famílias tinham uma renda mais folgada. Mais importante, no entanto, ressalte-se, é o fato de que a população empregada nas grandes metrópoles não cresce desde setembro do ano passado. Note-se que a população ocupada crescia ao ritmo anual de 2% em 2011-2012 e de 3% de 2006 a 2008. Sim, dados de outras pesquisas (Pnad Contínua), no entanto já antigos, referentes ao início do ano, mostravam que a população empregada crescia no restante do país, embora a gente não saiba da qualidade desses empregos, pois a Pnad trimestral ainda não divulga dados de rendimento. Ainda assim, os sinais de resfriamento vagaroso aparecem por toda parte, como na criação de empregos formais (segundo os registros do Ministério do Trabalho). No aumento cada vez mais lento do rendimento médio e da massa de salários nas grandes metrópoles. Não há como o país crescer com estagnação ou crescimento lento da população empregada e com o aumento pífio da produtividade. O governo de Dilma Rousseff argumenta, porém, que o país chegou ao fim de um ciclo ruim no conjunto da economia sem sacrificar empregos. "O pior já estaria passando", sem sacrifícios sociais, segue o argumento. Note-se que o nível de emprego foi em parte "comprado" com inflação e subsídios bancados por aumento da dívida pública; o investimento declina e a confiança empresarial está em níveis deprimidos; na presente situação, não há como ampliar a despesa do governo. Não se sabe muito bem como o país, a produção, pode voltar a subir nessa situação seria um caso de sair do chão puxando os próprios cabelos.
Eleitor chega às urnas com inflação mais alta que em 2010 Fonte Jornal Valor Econômico Adriana Mattos, Felipe Marques e Tainara Machado de São Paulo 26/09/2014 às 05h 00 O eleitor vai chegar às urnas no dia 5 de outubro com inflação acima do teto da meta no acumulado em 12 meses, baixo crescimento da economia e redução significativa da confiança. 8
O emprego, porém, ainda cresce, principalmente no setor de serviços, o que continua a garantir aumento da renda real da população ocupada, ainda que de forma menos acelerada do que em anos anteriores. No geral, porém, os indicadores econômicos que afetam diretamente o dia a dia dos eleitores mostram que houve piora, mais ou menos sutil, em relação a 2010. A inflação conhecida no momento das eleições naquele ano era de 4,7% no acumulado em 12 meses e deve ser de 6,6% em igual período deste ano. A geração de empregos com carteira assinada estava próxima de 2 milhões nos oito primeiros meses de 2010. Neste ano, foram criados 752 mil novos postos de trabalho até agosto. A confiança, que está em 103 pontos, estava próxima de 121 pontos às vésperas do pleito em 2010. As taxas de crescimento da economia também eram bastante diferentes. Enquanto no primeiro e no segundo trimestres deste ano o Produto Interno Bruto (PIB) diminuiu 0,2% e 0,6%, respectivamente, o Brasil havia se expandido 2% no primeiro trimestre e 1,3% no segundo, ainda na esteira da recuperação da crise. Depois do pico em maio de 2012, o Índice de Confiança do Consumidor passou a cair paulatinamente, em linha com desempenho da economia, que passou a desacelerar com mais contundência naquele período, diz Aloísio Campelo, coordenador de sondagens conjunturais do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). Para o economista, a piora da avaliação da situação econômica das famílias é consequência, em parte, do aumento de preços observado nos últimos anos. A inflação média no governo Dilma Rousseff foi de 6,1% até agosto, enquanto no mandato anterior a alta do IPCA foi de 4,81%, na média. Se considerados apenas os preços de serviços, a disparidade foi maior: na média, 2,4 pontos mais altos entre os dois períodos. Para Campelo, há ainda por parte da população a percepção de que parte da inflação está represada. "Assim, as expectativas inflacionárias não cedem", diz. Mais recentemente, afirma Campelo, houve também piora da avaliação sobre o mercado de trabalho, o que pode estar ligado à menor geração de empregos formais nos últimos meses e ao noticiário econômico mais negativo, que aumenta o temor em relação ao desemprego. Outro fator que também afeta a percepção é a inflação de alimentos. Entre 2007 e 2010, os alimentos e bebidas subiram 7,9%, em média, taxa que passou para 9,02% entre 2011 e 2014, considerando os dados até agosto. Com orçamento mais apertado pelos gastos cotidianos, as famílias estão evitando se endividar. Um dado que mostra como as pessoas podem estar percebendo uma piora nas condições econômicas está no adiamento da retirada do nome sujo do mercado. Entre agosto e outubro, historicamente cresce o número de pessoas que tentam renegociar dívidas para voltar a fazer compras no fim do ano. Quatro em cada dez consumidores inadimplentes admitem que não vão pagar suas dívidas nos próximos três meses, segundo pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) com 1.245 pessoas em todas as capitais, em agosto. Parte não tem condições de arcar com o valor (28%), ou há falta de interesse em regularizar o débito (9%). Para o setor atacadista e de distribuição de produtos, o clima de insegurança cresceu e o período eleitoral acabou acentuando esse ambiente. Apesar desse cenário, o ambiente econômico não deve afetar tanto a decisão de voto da população, ressalta a entidade. "A massa salarial não está crescendo tanto, mas não houve encolhimento na renda, e a queda na velocidade de geração de empregos não bateu tão pesado sobre a população, porque afeta 9
especialmente um conjunto de setores industriais", disse José Rodrigues Costa Neto, primeiro vice-presidente da Abad, associação que representa o setor atacadista.. Para Campelo, do Ibre, além de condições objetivas, como emprego, renda e inflação, a insatisfação do consumidor - e do eleitor, por consequência - também parece estar ligada a um sentimento mais difuso, de que a qualidade de vida não está melhorando como se esperava. "Havia ganhos muito visíveis nas camadas mais baixas, que talvez tenham apresentado certa estagnação", diz. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domícilio (Pnad), por exemplo, mostra que mais de 97% dos domicílios têm geladeira, fogão e televisão. Já a oferta de serviços públicos de qualidade, uma das demandas que apareceram nas manifestações de julho de 2013, alcança menos habitantes. A rede coletora de esgoto atinge 64,3% das casas, por exemplo, e a rede de abastecimento de água, 85,3% dos domicílios. "Da porta para fora de casa, os avanços foram menos visíveis", diz Campelo.
Confiança do Comércio cai 8,7% no trimestre até setembro, mostra FGV SÃO PAULO - Com os consumidores retraídos e a demanda fraca, a confiança dos empresários do comércio se deteriorou ainda mais, mostra sondagem mensal realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O Índice de Confiança do Comércio caiu 8,7% no trimestre encerrado em setembro, em relação ao mesmo período do ano passado. Nos três meses terminados em julho e em agosto, as quedas haviam sido de 6,3% e 7,3%, respectivamente. “O resultado da Sondagem do Comércio em setembro capta certa frustração do setor com a evolução das vendas ao longo do terceiro trimestre. O nível de demanda é avaliado de forma muito desfavorável e as expectativas para o final do ano continuam menos otimistas que no mesmo período de 2013”, afirmou, em nota, Aloisio Campelo Jr., superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV -Ibre. Tomando-se apenas o mês de setembro, ante 2013, a queda foi de 11,6%, após recuo de 10,7% em agosto, no mesmo tipo de comparação. O Índice da Situação Atual (ISA) passou de queda de 12,1% no trimestre findo em agosto para recuo de 15,9% no trimestre de setembro. No caso do Índice de Expectativas (IE-COM), a taxa interanual trimestral foi de queda de 4,3% em agosto para recuo de 4,2% em setembro.
Comércio internacional traz más notícias para o Brasil Fonte Jornal Valor Econômico 26/09/2014 às 05h 00 O desempenho da balança comercial brasileira ainda é deficitário até a terceira semana de setembro e, a julgar pelos resultados muito ruins do comércio internacional, não deve melhorar tão cedo. A Organização Mundial do Comércio fez uma drástica redução de suas estimativas do crescimento das trocas globais em função dos resultados inesperadamente baixos do primeiro semestre. Para este ano, a expectativa de avanço recuou de 4,7% para 3,1% e, em 2015, de 5,3% para 4%. Esse desempenho está significativamente abaixo da média dos últimos 20 anos (1993 a 2013), de 5,2%. 10
Os mercados emergentes contribuíram para derrubar a perspectiva do comércio. Suas economias estão com um crescimento mais baixo, situação da qual não escapa nem a China, que manobra para mantê-lo em 7,5% ao ano. Os países asiáticos, entretanto, ainda foram os que mais exportaram, 4,2% no semestre, atrás dos Estados Unidos (3,3%), e deverão fechar o ano com aumento de 5%. Suas importações, porém, andam mais devagar e evoluíram 2,1%. A explicação, de novo, é a China, que mantém superávits robustos devido à forte queda de importações. O desempenho da América do Sul e Central, onde o peso do Brasil é determinante, foi o mais fraco entre as regiões, nas duas direções. Suas exportações estão estagnadas, com queda de 0,8% no primeiro semestre, enquanto que, guiadas pelo baixo crescimento, as importações apresentam um recuo maior, de 3,8%. Se as previsões da OMC estiverem certas, as exportações da região avançarão 0,4% este ano e 3,2% no ano que vem. Essa performance é bastante inferior à prevista para a média dos países em desenvolvimento, de 4% e 4,5%, respectivamente. Os fatores que deprimem o comércio internacional da região têm causas comuns. Uma delas é que a economias dos países desenvolvidos, como Estados Unidos e União Europeia, não deslancharam no primeiro trimestre. Os EUA se recuperaram dos efeitos de um clima extremamente frio no segundo trimestre e continuam a se recuperar, enquanto que, no caso europeu, a economia parece ter perdido o pouco fôlego que tinha. "Dada a elevada participação da União Europeia nas importações globais de mercadorias, sua fraca demanda continuará a exercer uma forte resistência ao avanço do comércio mundial por um bom período", avalia a OMC. Depois, os países da região são fortemente dependentes das exportações de commodities, logo, em grande parte, das compras que a China faz, e elas estão em queda (-2% em agosto). Grande parte das commodities metálicas acumulam fortes quedas no ano, ao lado do petróleo, cujas cotações recuaram 11% nos últimos doze meses. O índice de commodities compilado pela Bloomberg apresentou ontem seu nível mais baixo em 4 anos. E, mesmo com demanda firme, safras e estoques maiores estão também jogando para baixo os preços das commodities agrícolas. A soja declinou 27,7% em doze meses no mercado internacional, seguida de perto por algodão (-26,6%), milho (-25,6%) e açúcar (-15,6%). O Brasil enfrenta várias condições desfavoráveis às suas exportações, que estão encolhendo. De janeiro até a terceira semana de setembro, houve diminuição de 1,5% pela média diária. A redução do preço das commodities atingiu as vendas de produtos básicos, que alcançaram, graças à demanda chinesa, praticamente metade da pauta de exportação brasileira. O ritmo mais lento das economias da região e da Europa impactaram as vendas externas, já às voltas com os efeitos da valorização do real até o fim de agosto, atingindo especialmente os embarques de bens manufaturados. A retração nas compras argentinas teve um efeito importante, com recuo de 23%, concentrado nos embarques de veículos e autopeças, mas não só neles. Dessa forma, fatores negativos se uniram para produzir outro ano medíocre no comércio exterior do país. À queda das commodities somou-se a perda de competitividade industrial, que vem se erodindo há anos. Doses maciças de valorização cambial, combinadas com pressão de custos, acentuadas mais recentemente, tiraram o fôlego exportador em um mundo que consome menos e em que os concorrentes dispõem de capacidade excedente de produção em uma série de setores. O Brasil, como ficou claro nos últimos anos, tende a marcar passo diante de seus competidores na arena do comércio global.
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Pensando os bancos no Brasil (I) Fonte Jornal Valor Econômico Roberto Luis Troster 26/09/2014 às 05h 00 Este é o primeiro de uma série de artigos analisando a intermediação bancária, seu potencial, as barreiras que devem ser superadas e propostas para melhorar o sistema. É um momento oportuno para a tarefa, quando a legitimidade da contribuição do setor ao país está sendo duramente questionada. Na campanha presidencial, gestores de bancos estão sendo criticados; mais preocupante é que nenhum representante deles, inclusive do Banco Central, saiu em defesa do sistema. A ausência de reação mostra a total falta de comprometimento com mudanças, lamentável! Os bancos têm méritos respeitáveis: são sólidos e rentáveis, oferecem serviços de pagamentos eficientes, têm uma rede de atendimento abrangente e empregam mais de 600 mil pessoas diretamente e um número maior ainda indiretamente. Mesmo assim, são criticados, e com razão. É incontestável, há falhas graves na intermediação bancária, mas que, com correções, podem ser superadas, fazendo com que seu papel no crescimento do país seja expressivo. É fato também que, a medida que passa o tempo, devido à pasmaceira, os problemas causados por suas disfunções se agravam e o sistema se torna uma âncora cada vez mais pesada para a economia. Os juros pagos pelos tomadores de crédito correspondem a 20% do PIB. Atualmente, é a maior financeirização na economia mundial. É inconsistente, não pode continuar assim indefinidamente. O país está também vivendo a maior crise de inadimplência da história, apesar do baixo desemprego. A morosidade dos pagamentos de clientes aos bancos se estabilizou, mas foi transferida para as demais instituições da economia, travando o crédito mercantil das empresas e emperrando as engrenagens do comércio. Apenas uma pequena fração dos recursos emprestados pelos bancos é destinada para investimentos, a quase totalidade das concessões é para a rolagem de dívidas existentes. Colocam a economia num círculo vicioso de juros maiores, prazos mais curtos e menos crescimento, que deve ser revertido. Os juros ilustram como a intermediação está deturpada. A taxa básica, a Selic, está entre as mais altas do mundo e, mesmo assim, há consenso entre os analistas de que tem que ser elevada após a eleição. Além das falhas na condução da política econômica, há mais distorções que explicam o valor tão alto. Mais grave é o que é cobrado aos tomadores de crédito. Os valores variam de 5% ao ano para grandes empresas com prazos longos, em alguns casos com períodos de carência, a mais de 500% ao ano por prazos curtos para pequenos tomadores. A precificação de crédito no Brasil é perversa e única no mundo. A maior parte do que é pago pelos devedores, pessoas físicas e jurídicas, é transferida por meio do sistema bancário para aplicadores, nacionais e estrangeiros, incentivando a atividade mais lucrativa e segura do Brasil: viver de renda. Urge mudar.
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A prioridade deve ser corrigir o foco do debate, que está distorcido. Nos últimos anos ficou concentrado na meta de inflação e na fixação da taxa Selic, com prejuízo das demais funções do sistema bancário. Temas como a inclusão financeira, a inadimplência, a proteção do pequeno tomador, o custo do crédito, indexação, a transparência, mecanismos de transmissão e modelo de negócios dos bancos, para citar alguns, ficaram num segundo plano. Houve uma tentativa de mudança, com a "cruzada do crédito", entretanto, o resultado foi duplamente desfavorável. Por um lado, apesar de bem intencionada, a estratégia adotada estava equivocada e os resultados mostram um agravamento da dinâmica do crédito, por outro, o assunto virou tabu e ficou ainda mais apagado. No debate entre os candidatos à Presidência, o tema foi abordado marginalmente, demonizando os banqueiros. Esquece-se uma realidade básica, bancos lucram mais com mais crescimento e emprego, pois aumenta a demanda de crédito e diminui a inadimplência, portanto, lhes convém o desenvolvimento do Brasil, e não o contrário. Países mais ricos têm uma relação crédito/PIB mais elevada, mais estável e os bancos atuam como propulsores de suas economias. Seu potencial de contribuição é elevado, mesmo assim o sistema bancário brasileiro opera na metade de sua capacidade e quase nada é feito para mudar esse quadro, nem pelo governo e nem pelas instituições. Os banqueiros brasileiros não são mais gananciosos que os industriais ou os varejistas. A crítica que se pode fazer ao empresariado nacional é o conservadorismo. Querem mudar mantendo tudo como está. Note-se que instituições financeiras que atuam aqui operam em outros países com estabilidade da oferta, transparência, taxas menores, prazos maiores, menos inadimplência e níveis de rentabilidade nos mesmos patamares do que os brasileiros. Se é possível no exterior, é também aqui. Outra preocupação dos presidenciáveis é o grau de autonomia do Banco Central como forma de baixar os juros básicos. Entretanto, deveriam visar a redução de todas as taxas, não apenas a Selic, e quais são as melhores escolhas para essa tarefa. O que deveria ser objeto de inquietação dos candidatos é o que deve ser feito para que o sistema financeiro nacional tenha uma contribuição altamente positiva para o desenvolvimento do Brasil. O sistema bancário é sólido e rentável, mas tem que ser também inclusivo, eficiente, estável, inovador e adequado às demandas da economia brasileira nos próximos anos. É uma tarefa para o próximo presidente. Fica a sugestão aos candidatos que além da meta de inflação, tenham também metas de redução da inadimplência, de inclusão financeira, de estatização do sistema, de elevação da relação crédito/PIB e de diminuição das margens (spreads) de crédito, acompanhadas de propostas para cumprir os objetivos. O país necessita de uma política bancária consistente que alinhe interesses privados com sociais, que proporcione mais desenvolvimento e que gere lucros com mais legitimidade. É possível.
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A autonomia do Banco Central Fonte Jornal Valor Econômico Márcio Garcia 26/09/2014 às 05h 00 O que significa autonomia do Banco Central? Normalmente, defende-se a autonomia do BC para que possa executar, sem interferências externas, o mandato que a sociedade, via governos eleitos, lhe conferiu para manter a inflação sob controle. Ou seja, o BC não gozaria de independência para definir seu objetivo, mas tão somente para atingir a meta que lhe foi atribuída pela sociedade quanto à inflação. E por que o BC precisaria ser insulado da interferência de políticos para bem exercer sua atribuição de manter a inflação sob controle? Porque, muitas vezes, sobretudo em anos eleitorais, políticos no poder podem preferir que o BC baixe os juros para impulsionar a economia a curto prazo, e aumentar a chance de continuarem no poder. Se o BC cedesse a tais pressões, estaria comprometendo o controle da inflação no longo prazo, violando o mandato que a sociedade lhe conferiu. Por isso, países mais desenvolvidos conferem aos diretores e presidente de seus bancos centrais mandatos de duração determinada, não coincidentes com os mandatos dos governantes. Há ampla evidência de que países que adotam tal arranjo tendem a lograr melhor resultado no controle da inflação. Não se pense que a pressão política sobre o BC é algo que não ocorre em países desenvolvidos. Por exemplo, o presidente Bush (pai) costumava reclamar da política monetária restritiva conduzida pelo Fed. Segundo Bush, os altos juros ter-lhe-iam custado a reeleição em 1992, quando Bill Clinton foi eleito pela primeira vez. Sobre Alan Greenspan, Bush teria dito: "I reappointed him, he disappointed me" (eu o reconduzi, ele me desapontou). As opiniões a respeito da autonomia do BC de economistas ilustres desafia os preconceitos. Keynes era favorável à autonomia do BC: "Quão menos direto o controle democrático e quão mais remotas as oportunidades para a interferência parlamentar com a política bancária, melhor será" (New Statesman and Nation, 17 e 24 de setembro, 1932). Já Milton Friedman, o pai do monetarismo, era contra, pois abriria espaço para a manipulação da moeda, quando o certo, segundo sua concepção, era implementar uma regra de crescimento constante da moeda. Hoje, acredita-se que a forma mais eficiente de conduzir a política monetária é via comitê de especialistas, como o nosso Copom. Tais comitês reúnem-se periodicamente, para analisar amplo leque de dados processados por sofisticados modelos matemáticos e estatísticos. Com base nessa análise essencialmente técnica, toma-se a decisão sobre a taxa de juros, de modo a manter a inflação sob controle. É para que possam realizar tal tarefa sem pressão política que se defende a existência de mandatos para os dirigentes do BC. No caso brasileiro há ainda uma razão adicional. O BC é também o regulador dos bancos. Os diretores e presidente de todas as demais agências reguladoras no Brasil possuem mandatos. Por que não o BC? Sem mandatos, os diretores e presidente do BC tornam-se mais suscetíveis a eventuais pressões indevidas dos bancos, não menos. Esse debate não é novo. Nosso BC nasceu independente, em 1965, prevendo mandatos para seus dirigentes. Foi o general Costa e Silva quem matou sua independência ao demitir, em 1967, seu primeiro presidente, Dênio Nogueira. Roberto Campos relata o incidente. "Dois meses antes da transmissão de poder, fui como ministro do Planejamento, instruído por Castello Branco para explicar ao presidente eleito Costa e Silva, os capítulos econômicos da nova Constituição de 1967. Aproveitei para sugerir-lhe que pusesse termo aos boatos de 14
substituição do presidente do Banco Central, pois a lei lhes dava mandato fixo, precisamente para garantir estabilidade e continuidade da política monetária. - O BC é o guardião da moeda, acrescentei. - O guardião da moeda sou eu, retrucou Costa e Silva" (A Lanterna na Popa, página 669). Ou seja, a posição da atual presidente da República, no que tange à autonomia do BC, tem sólida ascendência no autoritarismo brasileiro. O que ensina a pesquisa recente sobre a autonomia do BC? Em extensa pesquisa, Daron Acemoglu e coautores ("When Does Policy Reform Work? The Case of Central Bank Independence", Brookings Papers on Economic Activity, 2008(1), pp. 351-418) mostraram que a adoção da autonomia do BC mostrou-se mais eficaz em países que impõem grau intermediário de restrições a seus mandatários, o que é o caso do Brasil. A autonomia do BC não melhora o controle da inflação em países com instituições muito fracas. Por exemplo, o Zimbabue adotou várias reformas para aumentar a autonomia do BC em 1995, mas isso não impediu que vivesse uma hiperinflação. Já em países democráticos com instituições bem consolidadas e abrangente sistema de freios e contrapesos, a autonomia do BC não parece melhorar o já consolidado controle da inflação. Não obstante, tais países adotam a autonomia de seus BCs. Dos 27 países que adotam o regime de metas para inflação, o Brasil é o único que não prevê mandatos fixos para os dirigentes do BC. Em resumo, a autonomia do BC não é uma panaceia que nos garanta para sempre a inflação sob controle. Mas, sem dúvida, ajudaria muito a recuperar a credibilidade do BC como guardião da moeda, tão abalada pela alta inflação dos últimos anos. Facilitaria o trabalho do BC, que não precisaria elevar tanto os juros para fazer a inflação retornar à meta de 4,5%.
Renda e consumo definem escolhas do eleitor brasileiro Fonte Jornal Valor Econômico Camilla Veras Mota, Adriana Mattos, Tainara Machado e Felipe Marques de São Paulo 26/09/2014 às 05h 00 A despeito da piora de indicadores macroeconômicos, como inflação e crescimento econômico, e da melhora dos sociais, como o da desigualdade, os dados que mostram maior correlação com intenções de voto são evolução da renda e capacidade de consumo. Nos Estados onde a renda cresce mais, como Piauí e Maranhão, a presidente Dilma Rousseff (PT), com mais da metade das intenções de voto, tem desempenho melhor que Marina Silva (PSB). Nos Estados onde a renda avançou menos, Aécio Neves (PSDB) e Marina estão em melhor posição na disputa eleitoral. A candidata do PSB também tem a preferência nos Estados onde o consumo caiu em relação ao ano passado, como São Paulo e Distrito Federal. Para Christopher Garman, diretor de pesquisas para mercados emergentes do Eurasia Group, o quadro "faz todo o sentido". A variação da renda, em sua avaliação, é a medida de bem-estar mais sensível entre os indicadores da economia que traduzem, para os eleitores, a percepção de ascensão ou perda. O cientista político pondera, ainda, que a renda cresceu de forma mais significativa entre as famílias mais pobres, o que explica a larga vantagem de Dilma na Região Nordeste. "A variável que mais importa para a sensação de bem-estar econômico é o delta [variação] de renda", diz Garman. Garman explica que o aumento da renda não vem necessariamente acompanhado da redução do desemprego ou da desigualdade. "Grandes segmentos da sociedade podem passar das classes D e E para a classe média e, ainda assim, haver um aumento do Gini [indicando 15
aumento da desigualdade], caso o ganho de renda dos ricos seja maior nesse processo", observa o diretor do Eurasia. Regiões onde o consumo sofreu desaceleração mais acentuada são aquelas em que há maior intenção de voto em Marina. O aumento da inflação nos últimos anos, por sua vez, ajudou a piorar a avaliação da situação econômica das famílias, diz Aloísio Campelo, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).
Renda perde fôlego e emprego dá mais sinais de desaceleração Fonte Jornal Valor Econômico Camilla Veras Mota e Diogo Martins de São Paulo e do Rio26/09/2014 às 05h00 O mercado de trabalho deu sinais adicionais de desaceleração em agosto e registrou a primeira alta significativa no contingente de pessoas que buscam trabalho. De acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), a população economicamente ativa (PEA) aumentou 0,8% sobre julho - e levou a taxa de desemprego de 4,9% para 5%, ainda o menor patamar para o mês desde 2002. A reação, para muitos economistas, não chega a marcar uma reversão da tendência observada desde o início do ano - especialmente porque a PEA continua caindo na comparação com agosto de 2013, 0,7% -, mas dá início ao processo de leve aumento da taxa de desemprego esperado para acontecer entre este e o próximo ano. Para Fabio Romão, da LCA Consultores, a deterioração da conjuntura no mercado de trabalho, ainda que branda, aparece na comparação das taxas de desemprego para os mesmos meses deste e do ano passado. "A diferença está se estreitando", observa. Em junho, a taxa de 4,8% era 1,2 ponto percentual menor do que aquela registrada em 2013. No mês passado, a distância foi de apenas 0,3 ponto. O ganho real da renda, estacionado em patamar próximo de 2% nas comparações com iguais períodos do ano passado - praticamente metade do ritmo de 2010, de 4,1% - pode estar estimulando esse movimento discreto de retorno dos trabalhadores. O coordenador de trabalho e rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, fez análise semelhante e chamou atenção para as duas quedas consecutivas da renda em junho e julho, de 1,5% e de 0,2%, em relação ao meses imediatamente anteriores. O movimento observa, não foi uniforme, mas apareceu em quatro das seis regiões metropolitanas que compõem o levantamento - Salvador, Recife, Belo Horizonte e São Paulo. "Essa queda no poder de compra pode ter levado mais pessoas a buscar emprego", disse. Ele chamou atenção para a redução de 0,9%, em relação a julho, dos inativos, um grupo que vinha crescendo com a saída de pessoas do mercado de trabalho e que só registrou variações positivas em três dos últimos 12 meses. A perda mais forte no ritmo de alta da massa de rendimento - de 4% no início do ano para 1,8%, em confronto com iguais intervalos do ano anterior - também é, para Romão, não é uma notícia ruim apenas para o comércio. A menor renda disponível na economia afeta a confiança dos trabalhadores, pondera, especialmente porque, nesse caso, ela é resultado de uma geração fraca de novos postos. "O trabalhador olha para o lado e vê que o vizinho perdeu o 16
emprego, que o comércio do bairro passa por dificuldades. Isso pode gerar um medo em relação ao futuro e ser um incentivo para ele voltar a procurar emprego", exemplifica. Esse movimento, contudo, não deve ser forte o suficiente para promover uma escalada na taxa de desemprego, avalia Mariana Hauer, do banco ABC Brasil, que projeta 5% para o indicador neste ano. A economista relativiza a alta da PEA no curto prazo, a que atribui, em grande medida, à sazonalidade. O início das contratações de temporários para o fim do ano em agosto geralmente vem acompanhado de uma alta tanto na ocupação quanto na PEA cenário que se repete na pesquisa. Em agosto, a ocupação foi 0,8% maior do que em julho, a maior alta desde novembro de 2012 e o único aumento "significativo do ano", na definição de Azeredo, do IBGE. Para ela, a participação da desaceleração da atividade no aumento da PEA é pequena - e mais visível na análise por região metropolitana, onde o leve avanço do desemprego é espraiado. Em relatório, a equipe econômica do Bradesco ressaltou que o principal efeito da perda de fôlego da economia ainda aparece na ocupação. Apesar do aumento na comparação mensal, ela deu sequência ao movimento dos meses anteriores e caiu 0,4% sobre agosto de 2013. Diante da expectativa de recuperação da PEA nos próximos meses, a instituição estima que a taxa de desemprego fique em 5,2% neste ano e suba a 5,7% em 2015.
Reforma pode incluir dívida de Estados, diz vice de Marina Fonte Jornal Valor Econômico Rosângela Bittar e César Felício de Brasília 26/09/2014 às 05h00 Candidato a vice na chapa de Marina Silva, o deputado Luiz Roberto de Albuquerque (PSB-RS) anuncia como prioritárias as reformas política e tributária - e que, no bojo desta última, as dívidas dos Estados poderão ser renegociadas. Ao se referir a uma futura administração, fala em governo "Marina e Beto". Em entrevista ao Valor, ele assegura que o Código Florestal não será revisto. Afirma que não haverá aumento de impostos e explica que a governabilidade não se fará apenas com deputados e senadores, mas também com os governadores do partido e aliados. A mentira como arma de propaganda contra ele e Marina, a seu ver, é a marca desta campanha.
Juro do cheque especial chega a 172,8% ao ano em agosto, maior desde dezembro de 2008 FONTE JORNAL ESTADO DE S. PAULO MARIANA CONGO - ECONOMIA & NEGÓCIOS26 Setembro 2014 11h 20 Cheque especial é o empréstimo mais caro do mercado; em todas as modalidades de crédito livre para o consumidor, juro médio apresentou primeira queda de 2014, de 43,2% para 43,1% ao ano O juro médio do cheque especial para pessoa física chegou a 172,8% ao ano em agosto, acima dos 172,4% registrados em julho, informou o Banco Central nesta sexta-feira, 26. A taxa para o 17
consumidor é a maior observada desde dezembro de 2008, quando estava em 174,9% ao ano. O cheque especial é a modalidade de empréstimo mais cara disponível no mercado. Em dezembro de 2008, a taxa básica de juros, a Selic, estava em 13,75% ao ano. Hoje, está estacionada no patamar de 11% ao ano desde a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de abril, quando foi interrompido o ciclo de alta da Selic iniciado um ano antes. Considerando todas as modalidades do crédito livre ao consumidor, a taxa média de juros se manteve no patamar de 43% ao ano. Em julho, estava em 43,2% ao ano, passando para 43,1% ao ano em agosto. A queda de 0,1 ponto porcentual foi a primeira redução do juro médio registrada neste ano. Também no crédito livre, a inadimplência das famílias se manteve em 6,6% na comparação mensal, segundo o Banco Central. O crédito livre abarca todos os empréstimos e financiamentos que não fazem parte das políticas de direcionamento do governo (como os recursos da poupança, que são direcionados ao crédito imobiliário). No crédito livre estão o cartão de crédito, o cheque especial, o crédito para compra de veículos, os empréstimos pessoais e outros. No crédito pessoal, a taxa média caiu de 45,8% ao ano para 45,4% ao ano. Para veículos, os juros caíram de 19,5% ao ano para 18,7% ao ano.
Cobertor mais curto FONTE JORNAL ESTADO DE S. PAULO CELSO MING24 Setembro 2014 21 00 A primeira impressão de quem examina as contas externas (Balanço de Pagamentos) do Brasil é a de que pararam de piorar. Essa não deixa de ser uma boa notícia, porque uma forte deterioração dessas contas tenderia a paralisar o País, como está acontecendo com a Argentina, hoje asfixiada pela falta de moeda estrangeira com que pagar seus compromissos no exterior. O déficit em Conta Corrente (que aponta todo o entra-sai de dólares, com exceção do que acontece no segmento de capitais) melhorou nos primeiros oito meses do ano quando comparado com igual período de 2013: caiu de US$ 57,6 bilhões para US$ 54,8 bilhões. Tomando como medida o tamanho do PIB, caiu de 3,57% para 3,47%. (Veja o gráfico abaixo). Mas essa é apenas a primeira impressão. Um conjunto de fatores vem piorando a qualidade desse resultado. Aqui vão apontados alguns deles. O saldo da Balança Comercial, conta encarregada do encontro do faturamento com exportações e as despesas com importações, continua negativo, mas tende a se tornar positivo em cerca de US$ 2,5 bilhões em 2014, quase do mesmo tamanho do registrado em 2013. Desta vez, a reversão acontece mais por encolhimento das importações do que pelo melhor desempenho das exportações. É resultado que reflete o baixo crescimento da economia, circunstância que vem dispensando certo volume de importações. Além disso, a redução dos preços internacionais das commodities, especialmente da soja e do minério de ferro, também impede maior crescimento das exportações. Ou seja, nem tudo está indo bem nesse capítulo. Para que o País não perca reservas, um déficit nas Contas Correntes sempre tem de ser coberto com entrada líquida de capitais em volume equivalente. Isso continua acontecendo, mas não como há alguns anos, quando a entrada de capitais destinados ao investimento (Investimento Estrangeiro Direto, IED) era suficiente para compensar a saída de dólares. Neste ano, o cobertor do IED ficará cerca de 48% mais curto. Isso significa que esses 48% terão de ser compensados com a entrada de outros capitais, principalmente de capitais de curto prazo que vêm para cá tirar proveito dos juros altos no Brasil. Por aí já se vê certa piora da qualidade do financiamento do rombo, porque capitais de curto prazo estão sempre sujeitos a levantar voo. E não é só isso. Há indícios de que a qualidade do IED também não é a mesma. Só em agosto, 35% do IED correspondeu a empréstimos levantados pelas filiais brasileiras com as matrizes no 18
exterior para fugir dos juros mais altos aqui no Brasil. A tabela que vai no Confira mostra também que cada vez mais os investimentos estrangeiros vêm mais maciçamente para o setor de serviços, e não mais para a indústria ou para a mineração. Pode ser outra indicação de que a indústria já não atrai como antes. A principal questão é saber até que ponto o atual equilíbrio do Balanço de Pagamentos é duradouro. Há incertezas enormes pairando no ar. Falta sobretudo saber qual será a consistência dos fundamentos da economia que o novo governo, qualquer que seja ele, implantará a partir de janeiro de 2015.
Estimativas deixam dúvidas se governo conseguirá bancar despesas Fonte Jornal Folha de São Paulo GUSTAVO PATU de BRASÍLIA26/09/2014 02h 00 A elaboração do Orçamento de 2015 -o primeiro do próximo governo- reproduziu práticas pouco ortodoxas que, nos últimos anos, desembocaram em manobras de última hora para fechar as contas do Tesouro Nacional. No papel, as receitas são suficientes para bancar as despesas cotidianas e pagar o montante considerado necessário de juros da dívida pública. Examinados de perto, no entanto, os números deixam dúvidas crescentes quando a sua solidez. Conforme a Folha noticiou nesta quinta-feira (25), está prevista uma ainda inexplicável queda de quase R$ 9 bilhões nas despesas com o abono salarial, um programa social cujos gastos têm crescido ano a ano. Equivalente a quatro meses de Bolsa Família, a lacuna não é a única nas estimativas para o ano que vem. E a prática não é inédita. O ilusionismo orçamentário, já ensaiado no final dos anos Lula, ganhou força a partir de 2012, quando a freada da economia nacional interrompeu a escalada da arrecadação de impostos. OTIMISMO DESMENTIDO Para não ter de reduzir também o ritmo dos gastos públicos, o governo Dilma Rousseff adotou um otimismo obstinado nas estimativas para a receita futura, mesmo sendo sistematicamente desmentido pelos resultados. Nas projeções para 2015, os cofres federais contarão com recursos equivalentes a 25,5% da renda nacional, enquanto o percentual atual é de 24,2%. A diferença entre um e outro é de quase R$ 75 bilhões. A estratégia tem sido manter a receita superestimada e a despesa subestimada até o final do ano, adotando artifícios para cobrir parte dos buracos orçamentários. O estoque de truques, porém, dá sinais de esgotamento. Programas de parcelamento de tributos em atraso -criticados na área técnica por premiarem sonegadores- foram relançados em 2013 e neste ano. Até dezembro deverão ser consumidos praticamente todos os recursos do Fundo Soberano, uma reserva criada em 2008 para investimentos e aplicações financeiras. Bancos e empresas estatais têm perdido recursos para financiamentos e obras devido à necessidade de entregar mais dividendos ao Tesouro. E há uma conta a pagar de dimensões ainda desconhecidas em subsídios habitacionais, industriais e agrícolas, além de outras despesas cujo pagamento tem sido atrasado para o cumprimento formal das metas fiscais anuais.
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