SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 26 DE FEVEREIRO DE 2015
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Moody's corta nota da Petrobras, que perde grau de investimento Fonte Jornal Folha de São Paulo RENATA AGOSTINI e TONI SCIARRETTA DE SÃO PAULO e GIULIANA VALLONE DE NOVA YORK 24/02/2015 às 22h18 A Petrobras, maior estatal brasileira, perdeu nesta terça (24) o chamado grau de investimento, espécie de selo de local seguro para investir, da agência de classificação de riscos Moody's, considerada uma das mais austeras em suas avaliações. O motivo foi a crescente dificuldade de a empresa conseguir publicar o balanço auditado, levantar dinheiro no mercado de capitais e o impacto que isso terá em seu caixa nas próximas semanas. O rebaixamento, que ocorre duas semanas após a troca no comando da estatal, terá como consequência a saída de investidores, como fundos de pensão e de investimento, que não podem colocar dinheiro em ações e dívidas de empresas consideradas de alto risco de calote, como é agora a Petrobras. Sem balanço auditado, a estatal não conseguia levantar recursos no mercado de capitais. A mudança deve tornar ainda mais caro o financiamento da companhia. Também deverá impactar os custos de financiamento de toda a cadeia de óleo e gás, que tem na Petrobras a principal intermediadora junto aos bancos e ao mercado financeiro. Pelo menos R$ 9 bilhões em papéis de fornecedores da Petrobras estão nos fundos de investimento brasileiros. De uma só vez, a agência rebaixou a nota da estatal em dois degraus, ação incomum no histórico das agências de avaliação de risco, e ainda indicou que a empresa pode ter novos rebaixamentos. Também é raro que uma estatal tenha uma avaliação de risco tão abaixo do próprio país (que está em Baa2, três graus acima da Petrobras). Isso porque as agências entendem que o risco de calote de uma empresa dessas se confunde com o do país –ou seja, em caso de necessidade sempre será socorrida pelo governo. A agência deixou claro ainda que, caso a avaliação do Brasil seja rebaixada, a nota da Petrobras deverá ser afetada também. A agência reconheceu os esforços da estatal para aumentar a transparência, como o comunicado de que deve publicar os resultados auditados até abril, mas considera a hipótese difícil de ser atingida. "No entanto, a Moody´s não vê ainda nenhuma certeza concreta de que os balanços auditados fiquem disponíveis em alguma data particular" A Petrobras está devendo até agora aos investidores o balanço auditado referente ao terceiro trimestre do ano passado. No dia 28 de janeiro, após dois adiamentos, o a estatal divulgou seus resultados, mas o documento não trouxe o aval da auditoria independente, nem os descontos referentes à corrupção, como previa a própria estatal. A baixa contábil dos valores pagos indevidamente por conta do esquema de corrupção é uma exigência da PwC, que audita o balanço da estatal. A Petrobras enfrenta dois problemas. Por um lado, a lei brasileira exige que as companhias apresentem em até 90 dias após encerrado o ano seus resultados. Por outro, se não divulgar seu balanço auditado até maio, os credores podem solicitar o pagamento antecipado de dívidas, o que colocaria a petroleira, que já está altamente endividada, numa situação financeira delicada. A divulgação dos números de forma parcial e sem o selo da auditoria já havia feito com que a Moody's rebaixasse no dia 29 de janeiro a nota da estatal. Na ocasião, no entanto, a Petrobras ainda havia mantido o grau de investimento. No início deste mês, a agência Fitch Rating rebaixou a avaliação da estatal e a colocou no último nível de grau de investimento. Segundo a agência, a iniciativa deu-se por conta da 2
prolongada incerteza "em relação à habilidade da empresa de estimar as perdas decorrentes de corrupção". Procurada para comentar a perda do grau de investimento, a Petrobras limitou-se a emitir nota comunicando o mercado sobre o rebaixamento e informando que "não há dívidas sujeitas a vencimento antecipado por causa da piora da nota". HISTÓRICO Em janeiro, a Moody´s já havia rebaixado todas as notas da Petrobras, citando preocupações com investigações sobre corrupção na estatal e possíveis impactos do atraso da divulgação do balanço auditado na saúde financeira da companhia.
ALERTAS Na última sexta-feira (20), analistas do banco JPMorgan haviam alertado sobre um "rebaixamento iminente" da companhia. "A Moody's deve ser a primeira a agir, já que deu só até o fim do mês para que Petrobras mostrasse algum progresso sobre a publicação de resultados auditados", afirmaram em relatório. "Apesar de esperar alguma queda nas ações no caso de um rebaixamento, acreditamos que no curto prazo (nos próximos dois meses) apenas a Moody's pode rebaixar a nota da companhia", afirmou a equipe do banco. Nas duas outras principais agências de risco, Fitch e S&P, a Petrobras está a apenas uma nota de perder o grau de investimento. O JPMorgan também alertou para a possibilidade de o governo ter de emprestar dinheiro para a Petrobras -via bancos públicos ou garantir o pagamento das dívidas da companhia com títulos públicos caso. Em entrevista à Reuters na semana passada, o analista da Moody's, Mauro Leos, afirmou que a Petrobras é um "potencial evento de alto risco" para a nota do Brasil, atualmente Baa2, que indica grau de investimento com risco de crédito moderado e é o segundo acima do grau especulativo, com perspectiva negativa. De acordo com ele, a probabilidade de que seja necessária ajuda financeira para pagar as dívidas da companhia continua baixa, mas está aumentando por causa da demora na publicação dos resultados financeiros auditados.
Governo tentou demover Moody's do rebaixamento da Petrobras Fonte Jornal Folha de São Paulo NATUZA NERY DE BRASÍLIA 25/02/2015 às 02 h00 Temendo um risco de contágio para a economia brasileira, o governo Dilma Rousseff tentou o quanto pôde demover a Moody's da decisão de rebaixar a nota da Petrobras. 3
Alertada há um mês da possibilidade de perder o selo de boa pagadora, a presidente da República escalou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para tentar convencer a agência a recuar. O último esforço foi feito na segunda-feira, quando a Moody's informou internamente que não poderia mais adiar a definição. Diante da situação delicada da Petrobras, a credibilidade do ministro com o mercado financeiro internacional não foi suficiente para evitar o revés, o primeiro de dimensão internacional desde que desembarcou na administração petista como fiador da nova política econômica de Dilma. Nos contatos que antecederam a divulgação nesta terça, o titular da equipe econômica tentou assegurar a Moody's de que uma empresa do porte da Petrobras, tendo o cofre da União como lastro, jamais daria calote nos credores. Segundo a Folha apurou, há receio no governo de que o Brasil siga o rastro da Petrobras e perca o carimbo de bom lugar para investir, o que levaria o país a mergulhar ainda mais fundo no já cogitado cenário de recessão. A economia brasileira é bastante dependente da petroleira –nas contas do governo, a cadeia de produção vinculada à companhia supera os 10% do PIB. Portanto, dificuldades na estatal têm impacto direto na saúde financeira e no ritmo de atividade do país. Assim, a preocupação maior recai sobre a economia nacional. Para o governo, o rebaixamento da Petrobras não seguiu critérios objetivos. Na visão de auxiliares presidenciais, a situação de caixa da empresa é relativamente "tranquila" e a produção se mantém constante, com viés de alta. Ainda assim, a expectativa, agora, é que outras agências acompanhem o movimento da Moody's. Ao justificar sua decisão, a agência de risco cita as investigações e o atraso na divulgação do balanço auditado. Integrantes do governo ponderam que cortar o grau de investimento com base no balanço foi uma medida drástica, pois a empresa tem até o fim de junho para apresentá-lo.
Editorial: O arbítrio faz escola Fonte Jornal Folha de São Paulo 26/02/2015 às 02h 00 Embora a situação venha mudando aos poucos, persiste a percepção geral de que a Justiça no Brasil favorece os ricos, reservando-se aos mais pobres os rigores da lei. Mas o inverso também acontece. A perseguição demagógica e o abuso de poder ganham estímulo quando o acusado, além de rico, é famoso e se destaca pelos hábitos ostentatórios de consumo. Ninguém representa melhor tal gênero de personagem do que Eike Batista, que surge agora vitimado pelos exageros do juiz federal Flávio Roberto de Souza. Extravasando do estrito cumprimento de sua função a qual determina que mantenha no âmbito dos autos a sua opinião sobre o processo, o magistrado já fizera declarações bombásticas a respeito do julgamento que conduzia. Das palavras fora de hora o juiz passou aos atos fora de expediente. Foi flagrado dirigindo o Porsche Cayenne de Eike Batista. O luxuoso carro esportivo havia sido apreendido em meio a uma operação cinematográfica que chegou até a residência de Luma de Oliveira, ex-mulher do empresário. Noticia-se ademais que um piano branco, também de propriedade de Eike Batista, encontra-se no condomínio em que mora o juiz. No caso do Porsche, o magistrado argumenta que julgou melhor guardá-lo em sua garagem do que deixá-lo exposto a "riscos de dano" em outros ambientes. Mas sair com o carro pelas ruas do Rio, mesmo que para abrigá-lo na garagem, não deixa de representar desprezo a riscos como os de colisão, assalto ou até multa injustificada. 4
Nessa última situação, talvez Flávio Roberto de Souza confiasse que poderia imitar seu colega João Carlos Corrêa, que decidiu prender por desacato uma fiscal de trânsito numa blitz da Lei Seca; a agente dissera que juiz não é Deus. O arbítrio faz escola, como se vê. A decisão de dirigir um Porsche até o próprio condomínio valeria uma demissão sumária, caso tivesse sido tomada pelo manobrista de uma casa noturna ou pelo vigia de um estacionamento. O caso do juiz Flávio de Souza está sob análise do Tribunal Regional Federal do Rio que examina pedido anterior dos defensores de Eike, no sentido de que seja afastado do julgamento e clama por avaliação rigorosa do Conselho Nacional de Justiça. A desmoralização e o ridículo, seja como for, já podem proclamar ganho de causa.
Guilherme Afif Domingos: Um Brasil bem mais simples Fonte Jornal Folha de São Paulo 26/02/2015 às 02h 00 Apesar dos avanços na informatização da administração pública, a percepção do cidadão é de que o Brasil ainda é um país excessivamente burocrático. O fato é que, para o cidadão, o Estado não é um só. Para ele são tantos Estados quanto o número de órgãos e entidades públicas que impõem seus próprios procedimentos e exigências, muitas vezes redundantes, sem considerar o que o conjunto dessa obra provoca. Os custos que o cidadão brasileiro e as empresas têm que assumir para estar em conformidade são muito elevados. Pior: provocam um efeito negativo na economia, tornando o país menos competitivo. A vida do cidadão de outros países é bem menos complicada que a dos brasileiros que, para exercício dos seus direitos, precisam ter mais de 20 documentos e cadastros. Temos no Brasil uma rica experiência de sucesso no rumo da simplificação, que cria sinergia e potencializa resultados positivos: o regime tributário do Simples, que tem uma grande carga de desoneração burocrática. Seu último grande passo foi a universalização de acesso. Introduzida em 2014, com nova revisão programada para 2015, ela vai resolver o medo dos pequenos negócios de crescerem o Simples é um regime tão bom que ninguém quer sair dele; ao contrário, todos querem entrar. Na última revisão do Simples, no ano passado, foi possível viabilizar a dispensa de apresentações de certidões negativas para todos os atos de registro de empresas. A medida tem especial relevância para a baixa de inscrição, pois, ao longo dos anos, a exigência produziu milhares de "cadáveres insepultos": empresas que só existem no papel. Com essa simplificação, na data de hoje começa a operar em todo o país o que chamamos de "baixa na hora". Conseguimos superar a percepção de que, no Brasil, fechar empresas é impossível. A partir da força dessa experiência, a presidenta Dilma decidiu dar um passo decisivo, tornando transversais as diretrizes de simplificação e integração por meio do Programa Bem Mais Simples Brasil, com o objetivo de alavancar o ambiente de negócios e melhorar a eficiência da gestão pública, em resumo, facilitando a vida do cidadão. Com a força da priorização e da vontade política, o programa possui três eixos de atuação: governo, empresa e cidadão. E buscará, com obsessão, unificar a relação do Estado com o cidadão. A primeira e mais importante diretriz é resgatar a fé na palavra do cidadão, afastando a necessidade, conforme dizia o ex-ministro da Desburocratização Hélio Beltrão (1979-83), de os honestos comprovarem com documentos que não são desonestos. Para mudar isso, basta substituir documentos por declarações. Temos que unificar cadastros e a identificação e criar acesso aos serviços públicos em um só lugar. Usar os meios eletrônicos e integrar sistemas em cada Poder, e entre os Poderes, são as ferramentas. 5
Precisamos de um pacto pela desburocratização que envolva diferentes governos e poderes, para começar a reconstruir tudo bem mais simples: um Simples Social para as entidades desse setor, que precisam de apoio e incentivo; um Simples Municipal, que simplifique os procedimentos para as menores cidades; e vários Simples para cada eixo do programa sob a condução de cada ministério e secretaria, pois são eles que detêm o conhecimento e a vontade, tenho certeza, para facilitar a vida do brasileiro. Nos últimos anos, 4,7 milhões de trabalhadores informais puderam se legalizar e alcançar a tão importante cidadania como microempreendedores individuais. É esse efeito transformador que queremos ampliar para outros setores. Vamos em frente. Juntos chegaremos a um Brasil bem mais simples.
Com ajuste em xeque, governo tenta evitar rebaixamento do país Fonte Jornal Folha de São Paulo GUSTAVO PATU e NATUZA NERYSOFIA FERNANDES DE BRASÍLIA26/02/2015 Sob crescente ceticismo quanto às promessas de ajuste fiscal, o governo Dilma Rousseff tenta agora evitar que a perda do selo de investimento seguro da Petrobras contamine a avaliação de toda a dívida pública. Enquanto o rebaixamento da nota de crédito da estatal pela agência Moody's alimenta temores de um socorro com dinheiro do Tesouro, as finanças federais estão longe de dar sinais de melhora. Divulgados nesta quarta (25), os primeiros resultados da arrecadação na gestão do ministro Joaquim Levy (Fazenda) mostram que a paralisia econômica agravada por incertezas políticas e tensões sociais como a greve dos caminhoneiros dificultará o reequilíbrio do Orçamento. Sob o impacto da retração na indústria e no comércio, a receita de impostos, taxas e contribuições caiu 5,4% em janeiro, já descontada a inflação, ante o período correspondente do ano passado. Os dados da quarta queda mensal consecutiva ilustram o risco de um círculo vicioso em que os anunciados cortes de gastos públicos e aumentos de tributos piorem ainda mais a atividade econômica, comprometendo os resultados da arrecadação. A piora do cenário é confirmada por indicadores como a alta do dólar e da inflação, além da queda da confiança dos consumidores para níveis historicamente baixos (veja quadro ao lado). Não por acaso, as expectativas dos analistas de mercado estão se distanciando da meta anunciada pela Fazenda de poupar R$ 66 bilhões neste ano, um ajuste de quase R$ 100 bilhões em relação ao deficit de 2014. Segundo pesquisa do Banco Central, o ponto central das estimativas de bancos e consultorias está em R$ 55 bilhões --e em queda. Como o pessimismo afeta as decisões de contratar e investir, a equipe de Levy procura estancar a perda de confiança: a estratégia do governo envolve tanto evitar novos rebaixamentos da Petrobras quanto demonstrar a viabilidade da meta fiscal. A primeira tarefa deverá ser dificultada pela evolução das investigações de corrupção na estatal. No segundo caso, permanece obscura a dimensão do corte de despesas a ser anunciado pelo governo, que ainda não dispõe de um Orçamento aprovado. De mais concreto, apenas a perda de R$ 7 bilhões na arrecadação de janeiro (de R$ 125,3 bilhões no total), distribuída entre os tributos mais importantes. A nova gestão da Fazenda, ao menos, não faz mais previsões irrealistas: considerou que a receita só se recuperará quando a economia recobrar o fôlego.
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Arrocho e corpo estendido no chão Fonte Jornal Folha de São Paulo 26/02/2015 às 02h 00 A agência de classificação de risco que arrastou pelo chão o corpo caído da Petrobras parece ter dado ontem um refresco para o crédito do governo do Brasil. Segundo o pessoal da Moody's, ainda que o governo tenha de carregar a petroleira nas costas, fechando as contas da estatal neste ano e mesmo pagando suas dívidas, não vai rebaixar a nota de crédito do governo. Poderia ser pior. Mas não parece que vai melhorar. A taxa de juros que o governo vem pagando para fazer dívida nova ou rolar débitos estava horrível; voltou a subir desde o início do mês. Está cada vez mais difícil de ver como os novos economistas de Dilma Rousseff vão entregar o superávit primário prometido, pois, além das dificuldades sabidas, há novas: a arrecadação de impostos em janeiro foi muito baixa. E daí? As agências que dão notas de crédito de costume chegam apenas no final das batalhas, para aleijar de vez ou matar os feridos. Como diz o jargão, o "mercado se antecipa", cortando ou encarecendo o crédito de quem está avariado, como o Brasil deixado por Dilma 1. Na prática, o crédito da Petrobras já estava no lixo. Investidores, donos de dinheiro grosso, estavam pedindo juros muito maiores para ficar com dívida da empresa (ou queriam desconto maior para comprar títulos de dívida da empresa, o que é a mesma coisa). Quando as agências decretam estado de calamidade, calamidade já havia, embora o sufoco aumente: certos investidores ficam legalmente impedidos de emprestar à empresa, que de resto fica com o nome menos limpinho na praça. Ao que parece, Dilma 2 rendeu-se à ideia de que é preciso evitar que o crédito do governo do Brasil vá para o brejo, que os juros disparem de vez, para nem mencionar outros desastres piores. A rendição de Dilma foi um começo possível de solução, mas a coisa não está fácil e se torna mais nebulosa a cada dia que se descobrem caveirinhas (despesas não reconhecidas), o tamanho cada vez maior do rombo deixado por Dilma 1 e, agora, quando se nota que não está entrando dinheiro no Tesouro. No Orçamento deste ano, previa-se que a receita federal cresceria uns 16% sobre 2014. Nos últimos 12 meses, vem crescendo a 4% e cada vez mais devagar. Pode bem ser, como de costume, que tanto receitas e despesas do Orçamento sejam uma ficção, que os economistas de Dilma 2 trabalhem com outros números, mais realistas e secretos. Mas, aqui de fora, a aritmética da pindaíba parece cada vez mais difícil e preocupante. Seria o caso de Fazenda e Planejamento apresentarem logo ao público interessado uma reprogramação financeira informal, pois as contas definitivamente parecem não fechar. Já era difícil de ver de onde viria um terço do superávit almejado para este ano, de quase R$ 60 bilhões. Além do mais, o aumento de impostos deste ano não vai dar nem para a saída do buraco que vai ser criado pela provável frustração da receita. Ou seja, o arrocho terá de ser bem maior. Mas nas costas de quem? Mais arrocho implica mais conflito político, dentro e fora do governo; provavelmente, mais recessão. A pressão já está grande; o governo não cria válvulas de escape. Apenas alimenta a fogo da caldeira.
Campo já sente a greve de caminhoneiros; exportação de soja pode cair Fonte Jornal Folha de São Paulo 26/02/2015 às 02h 00 A greve dos caminhoneiros já atinge o produtor agrícola. Mas a preocupação vai além. Eles temem que se for de fato criada uma tabela referencial de fretes que poderia estipular um valor mínimo para o transporte, como anunciou o governo, o resultado seja mais um custo para o setor agropecuário. 7
Em Mato Grosso, principal produtor nacional de soja, já há dificuldades no abastecimento de óleo diesel, o que tem levado à paralisação da safra em algumas fazendas. As máquinas param exatamente no momento ideal para a colheita. Esse atraso poderá representar perdas futuras ainda maiores, uma vez que as previsões de clima não são favoráveis para as próximas semanas. A avaliação é de Ricardo Tomczyk, produtor e presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso). Os produtores de Luís Eduardo Magalhães, também chamada de LEM –outro polo importante na produção de grãos no oeste da Bahia–, começam agora a colheita. A paralisação do transporte nas rodovias que levam a LEM obriga, no entanto, os sojicultores a desviar a produção para outras cidades ou a deixar o grão na própria fazenda. É o caso de Sergio Pitt, que diz, no entanto, haver "um limite para essa estocagem". Pitt afirma que, ao contrário do que ocorreu em greves anteriores, "nesta a sociedade está solidária com os caminhoneiros no oeste da Bahia, inclusive levando frutas aos grevistas". Essa aceitação da sociedade ocorre devido ao peso conjunto dos custos de combustíveis e de energia. Os aumentos vêm na contramão do momento da economia, diz. Domingos Martins, que tem uma produção verticalizada de frangos e é presidente do Sindiavipar (Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná), encontra dificuldades na suas cadeias de produção em Arapongas (PR). Com as câmaras frias cheias, parou o abate de frango devido à impossibilidade de levar o produto ao varejo. O bloqueio dificulta também a chegada de produtos básicos para a indústria de ração. Sem ração, tem dificuldades para alimentar os animais. Martins diz que a produção agrícola do Paraná é muito diversificada e cada região tem problemas específicos, mas ninguém consegue sair com produtos acabados dos frigoríficos para o mercado. O Estado, com 300 milhões de frangos, já tem dificuldade para alimentar os animais em várias regiões. Se não houver uma solução rápida para a greve, o país terá dificuldade para a continuidade das exportações de frango. O Brasil é um dos líderes no fornecimento mundial de carne da ave, e 30% do produto sai do Paraná, de acordo com Martins. RASGAR CONTRATOS Tomczyk diz que a greve dos caminhoneiros deverá afetar os contratos de exportação. Sem o produto brasileiro, os importadores "rasgam os contratos" e vão buscar soja com os norteamericanos, que terminaram a safra há pouco tempo e têm estoque disponível. Outra preocupação do presidente da Aprosoja é que houve uma total paralisação na comercialização do produto. "Sem possibilidade de escoamento, as negociações travaram", diz ele. Tomczyk alerta para o fato de que até mesmo as regiões que não têm dificuldade para a compra de combustível vão ter de interromper a safra de soja em Mato Grosso devido à limitação da armazenagem. É uma situação que tem de ser resolvida logo, caso contrário "isso vai virar um barril de pólvora", diz ele. A soja, que havia registrado o maior valor em seis semanas na Bolsa de Chicago nas negociações de terça-feira (25), teve queda de 0,8% no contrato de maio nesta quarta-feira (26), recuando para US$ 10,10 por bushel (27,2 quilos). MILHO
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A paralisação do transporte nas estradas prejudica também o plantio de milho, que é feito logo após o término da colheita de soja. Muitos produtores, que foram forçados a um atraso no plantio da soja em 2014 –devido à seca–, podem ter de adiar ainda mais o plantio de milho, devido às dificuldades no transporte de insumos, entre eles os fertilizantes.
Janot se reúne com Cardozo às vésperas de denunciar políticos ao STF Fonte Jornal Folha de São Paulo VERA MAGALHÃES EDITORA DO PAINEL e BRUNO BOGHOSSIAN DO PAINEL, de BRASÍLIA 26/02/2015 às 09h 21 O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se reuniram na noite desta quarta-feira (25) no gabinete da PGR. O encontro não constou da agenda de nenhuma das duas autoridades. A reunião ocorreu às vésperas da apresentação, por Janot, da denúncia ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra políticos no âmbito da Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras. A denúncia era esperada ainda para fevereiro, mas foi adiada. A expectativa agora é que ocorra na semana que vem. Serão apresentadas denúncias contra aqueles que o Ministério Público considera já ter provas de participação no esquema. Também serão abertos inquéritos contra as autoridades em que só há indícios de participação no esquema. Procurado pela Folha na manhã desta quinta-feira (26), Janot confirmou a reunião e disse que foi sobre um projeto de lei de iniciativa conjunta da PGR e do ministério que cria uma subprocuradoria para tratar especificamente do combate a corrupção. Ele não soube precisar a duração do encontro e afirmou que em nenhum momento discutiu com Cardozo a apresentação da lista de políticos a serem denunciados ou a terem inquérito aberto na Lava Jato. Questionado se a reunião constou de sua agenda, o procurador-geral da República disse que não costuma tornar públicos esses compromissos. Procurado desde a noite de quarta-feira, Cardozo só respondeu às 9h15 desta quinta, depois que Janot já havia confirmado a reunião por telefone. "Estive discutindo com o procurador-geral medidas legislativas para encaminhamento ao Congresso em áreas de atribuição comum entre o poder executivo e o MPF [Ministério Público Federal]", afirmou o ministro. Sobre a reunião não constar da agenda, informou: " Foi um compromisso marcado ontem durante à tarde e constará, junto com as demais situações ocorridas durante o dia, de atualização da minha agenda." O último compromisso que consta da agenda de Cardozo foi uma reunião com o secretário de Segurança de São Paulo, Alexandre Moraes, às 19h de quarta. EMPREITEIRAS O ministro da Justiça tem sido alvo de questionamentos por ter se encontrado com advogados de empreiteiras acusadas de participação no esquema de corrupção investigado pela Lava Jato. A oposição também o acusa de ter informações privilegiadas sobre o trabalho do Ministério Público pelo fato de, em entrevistas recentes, ter dito que a apresentação da lista de Janot poderia ampliar as investigações para partidos fora da base aliada de Dilma Rousseff. 9
A Comissão de Ética da Presidência pediu explicações ao ministro sobre os encontros com advogados. Ao abrir a lista de políticos, o procurador-geral deve dar publicidade a parte dos processos, mantendo em sigilo somente os casos em que o segredo de Justiça se faça necessário para não atrapalhar a produção de provas. Dentro dos processos da Lava Jato, Janot ainda trabalhará na produção de sugestões a serem enviadas ao Legislativo. Sua intenção é, a partir das fragilidades identificadas, propor leis que possam evitar futuros casos de corrupção como os identificados na Lava Jato.
População empregada nas principais metrópoles é a menor sob Dilma Fonte Jornal Folha de São Paulo 26/02/15 às 11h 38 Os novos dados do IBGE mostram que a parcela empregada da população das principais regiões metropolitanas do país caiu ao menor patamar após 2010. Das pessoas com idade acima de 10 anos, 52,8% estavam empregadas no mês passado, 3% procuraram emprego sem conseguir e 44,2% não trabalharam nem procuraram emprego. Veja abaixo a evolução dos percentuais de janeiro na administração petista, que tem na criação de empregos um de seus principais trunfos políticos.
Os números mostram que, do ano passado para cá, o número de desempregados e o de pessoas fora do mercado de trabalho cresceram simultaneamente pela primeira vez no governo Dilma Rousseff.
Dilma mandará emissários para falar com agências de risco Fitch e S&P Fonte Jornal Folha de São Paulo NATUZA NERY DE BRASÍLIA PATRÍCIA BRITTODE ENVIADA ESPECIAL A FEIRA DE SANTANA26/02/2015 às 02h00 O governo decidiu fazer uma ofensiva junto às principais agências de classificação de risco para evitar que as mesmas sigam a trilha da Moody's e declarem a Petrobras empresa insegura para se investir.
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Em outra ponta, o Palácio do Planalto reforçará o recado de que o ajuste fiscal em curso é factível e que não há razão para o Brasil também ter sua nota rebaixada. Nas próximas semanas, emissários presidenciais buscarão conversas com a Fitch e a Standard & Poor's. Politicamente, o episódio é um balde com água gelada sobre os esforços do governo de debelar sua impopularidade no curto prazo. A importância da Petrobras para a economia brasileira é tão grande que não restou outra alternativa à presidente a não ser trazer o rebaixamento para o colo da petista, que saiu em defesa da empresa estatal. A ordem interna é repetir que o "rating" nacional não está sob risco. Mas, nos bastidores, interlocutores presidenciais reconhecem que essa chance se tornou real com a decisão da Moody's. A avaliação é que, mais do que nunca, a Petrobras precisa apresentar seu balanço auditado para evitar um contágio de proporções dramáticas para a economia. Nesta quarta-feira (25), Dilma Rousseff reagiu ao rebaixamento. "Eu acho que [a redução da nota] é uma falta de conhecimento direito do que está acontecendo na Petrobras. Agora eu não tenho dúvida que a Petrobras vai ter uma capacidade de se recuperar disso sem grandes consequências", disse a presidente após cerimônia do Minha Casa, Minha Vida no interior da Bahia. Questionada sobre a atuação do governo e do ministro Joaquim Levy (Fazenda) para tentar demover a agência da decisão, Dilma disse que "o governo sempre vai tentar evitar o rebaixamento, isso é absolutamente natural". "Nós só lamentamos que não tenha tido correspondência por parte da agência, mas eu acho que isso está superado." Levy passou as últimas semanas tentando demover a agência de reprovar a Petrobras. Chegou a se comprometer com garantias do Tesouro caso fosse necessário, mas nem isso sensibilizou os avaliadores internacionais. A presidente disse ainda não acreditar que a nota de risco do Brasil também seja rebaixada, em consequência da crise econômica e política que o país enfrenta. Para o Planalto, a Moody's antecipou em meses um cenário de calote nem sequer configurado, pois o prazo final para a apresentação do balanço da Petrobras é junho.
Queda de 1,6% na procura do consumidor por crédito Fonte Portal Economia SC 26 de fevereiro de 2015 às 13h 17 O indicador de demanda do consumidor por crédito caiu 1,6% em janeiro de 2015, na comparação com dezembro de 2014, descontados efeitos sazonais, de acordo com dados nacionais da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito). Na avaliação interanual (jan/15 contra jan/14), a queda foi de 14,6%. No acumulado em 12 meses (fev/14 a jan/15 frente aos 12 meses antecedentes), a demanda por crédito recuou 8,4%. Mantida a base de comparação, considerando os segmentos que compõem o indicador, a demanda por crédito do consumidor nas instituições financeiras caiu 8,5%, enquanto para o segmento não financeiro houve queda de 8,3%. O mercado de crédito vivenciou nos últimos meses diversos tipos de medidas de fomento ao crédito. Mesmo com tais ajustes, o crédito continuou desacelerando, sinalizando maior cautela do consumidor em tempos de incerteza econômica. Outros fatores, como a alta das taxas de juros e a inflação consistentemente elevada, têm apertado os orçamentos domésticos, contribuindo para a intensificação da queda na procura do consumidor por crédito. Levando em consideração o cenário macroeconômico para 2015, a Boa Vista SCPC acredita que uma inflexão somente se concretizará com a melhoria da confiança na economia, cenário factível após a consolidação dos ajustes de política monetária e fiscal, atualmente em curso. O indicador de Demanda por Crédito – Pessoa Física é elaborado a partir da quantidade de consultas de CPF à base de dados da Boa Vista por empresas. As séries têm como ano base a média de 2011 = 100 e passam por ajuste sazonal para avaliação da variação mensal. A partir 11
de janeiro de 2014, houve atualização dos fatores sazonais e reelaboração das séries dessazonalizadas, utilizando o filtro sazonal X-12 ARIMA, disponibilizado pelo US Census Bureau. A série histórica deste indicador inicia em 2010 e está disponível em: http://www.boavistaservicos.com.br/economia/demanda-por-credito/
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