Jornais e Revistas de 27 de junho de 2014

Page 1

SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 27 DE JUNHO DE 2014

FAÇA PARTE DESSE TIME ASSOCIE-SE (WWW.OESC.ORG.BR)

1


Arrecadação federal decepciona e caí 5,95% em maio BRASÍLIA - A arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$ 87,897 bilhões em maio. O número representa uma queda real de 5,95% em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado de 2014, o total de tributos pagos pela sociedade ficou em R$ 487,207 bilhões, o que equivale a um crescimento de apenas 0,31% sobre 2013. Segundo relatório divulgado nesta sexta-feira pela Receita Federal, o resultado é o pior para meses de maio desde 2011. O documento mostra que a arrecadação mensal caiu em relação ao ano passado principalmente porque em 2013 houve um recolhimento extraordinário de R$ 4 bilhões de PIS/Cofins, Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) que não se repetiu em 2014. O documento do Fisco afirma que esses recursos foram decorrentes de depósitos judiciais e da venda de participação societária. Esta foi a primeira queda na arrecadação mensal de 2014. Em janeiro, houve uma alta de 0,91%. Em fevereiro, o crescimento chegou a 3,44%, mas foi desacelerando e passou para 2,5% em março, para 0,93% em abril, até fechar maio com retração. No acumulado do ano, a arrecadação mostrou um crescimento pequeno porque além de não contar com as receitas extraordinárias de 2013, ela também foi influenciada pela perda de fôlego da produção industrial e das vendas de bens e serviços. Além disso, houve impacto de desonerações tributárias concedidas pelo governo. Entre janeiro e maio, a renúncia fiscal decorrente desses incentivos somou R$ 42,087 bilhões. Somente a redução dos encargos sobre a folha de pagamento das empresas representou uma queda de R$ 7,962 bilhões na arrecadação. Já a desoneração da cesta básica resultou numa renúncia de R$ 3,888 bilhões.

RECEITA REDUZ PROJEÇÃO DE CRESCIMENTO O fraco desempenho da arrecadação até maio levou a Receita Federal a reduzir sua projeção de crescimento para as receitas em 2014. Segundo o secretário-adjunto do Fisco, Luiz Fernando Teixeira Nunes, a previsão baixou de 3% para 2%, podendo ficar ainda menor. Ele explicou que as estimativas da Receita levam em consideração, por exemplo, que as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis retornarão ao valor cheio a partir de julho. Hoje, com as variáveis disponíveis, estamos trabalhando com um percentual de crescimento de 2% — disse Nunes. Embora o ministro da Fazenda, Guido Mantega, esteja considerando a possibilidade de prorrogar por mais tempo as alíquotas reduzidas do IPI para o setor automotivo, o secretário admitiu que esse incentivo ainda não está nas contas do Fisco. Também não entrou nas estimativas a redução da carga tributária sobre medicamentos que foi publicada nesta sexta-feira no Diário Oficial. Se houver qualquer mudança, a previsão pode ser revista — explicou Nunes.

IGP-M tem deflação de 0,74% em junho, a maior desde junho de 2003 SÃO PAULO E RIO - O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), que corrige os valores dos aluguéis, registrou deflação de 0,74% em junho, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta sexta-feira. No acumulado do ano, o índice tem alta de 2,45%. Já em 12 meses, o aumento é de 6,24%.Analistas do mercado projetavam recuo de 0,6%, segundo pesquisa da Reuters. A queda é a maior desde junho de 2003, quando o índice recuou 1%, influenciado pela valorização do câmbio, um ano após chegar ao patamar de R$ 4, em meio a incertezas com as eleições. O IGP-M também é usado como referência para a correção de valores de outros tipos de contratos além dos de locação, como os de energia elétrica e também de pedágios, que de algumas rodovias de São Paulo subirão a partir e 1 de julho. O índice é 2


calculado com base nos preços coletados entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência. A deflação divulgada nesta sexta foi mais intensa que as duas primeiras prévias para o mês, de 0,64%. Em maio, o indicador havia tido queda de 0,13% e, em junho do ano passado, alta de 0,75%. O resultado de junho foi puxado pela queda de 1,44% do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que meda a inflação no atacado e responde por 60% do IGPM. Principal influência para a deflação do IPA, os produtos agropecuários recuaram 3,73%. Contribuiu para a desaceleração o subgrupo alimentos in natura, cuja taxa de variação passou de -3,08% para -12,73%. Entre os destaques, está o tomate, cujo preço recuou 28,03%, frente à inflação de 22,51% registrada no mês anterior. A forte queda nos preços dos alimentos mantém a tendência do que vem sendo observado nos últimos resultados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no país. Em maio, o indicador do IBGE desacelerou para 0,46%, frente aos 0,67% registrados em abril. O IGP-M é um índice muito mais volátil que o IPCA. As taxas de variação do IGP-M são historicamente maiores do que as do IPCA, exatamente por causa desse peso forte do atacado — explica o economista Mauro Rochlin, professor do Ibmec. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação do varejo e também compõe o cálculo do IGP-M, registrou variação de 0,34%, em junho, ante 0,68%, em maio. A principal contribuição para este decréscimo partiu do grupo alimentação (0,81% para 0,03%). com destaque para item hortaliças e legumes, cuja taxa passou de 1,26% para -8,76%.

UE assina acordo de associação inédito no bloco com Ucrânia, Geórgia e Moldávia A União Europeia (UE) assinou nesta sexta-feira um acordo de associação com Ucrânia, Geórgia e Moldávia, três ex-repúblicas soviéticas que desejam uma aproximação da Europa, apesar das pressões da Rússia. "É um grande dia para a Europa. A União Europeia está a seu lado, hoje mais do que nunca", declarou Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu. O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, o primeiro-ministro georgiano, Irakli Garibashvili, e o primeiro-ministro moldávio, Yuri Leanca, assim como os 28 chefes de Estado e de Governo da UE, assinaram o acordo durante uma reunião de cúpula em Bruxelas. "Que grande dia! Possivelmente o mais importante para meu país desde a independência em 1991", declarou Poroshenko. "As evoluções históricas são inevitáveis", completou o presidente ucraniano. Ele destacou que o acordo será aplicado em toda Ucrânia, "inclusive na Crimeia". Van Rompuy afirmou que "nada, no acordo, afeta a Rússia". "O acordo é positivo. Não foi feito contra ninguém", disse o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso. Mas o viceministro das Relações Exteriores da Rússia, Grigori Karasin, advertiu para as consequências. "A assinatura por parte de Ucrânia e Moldávia do acordo terá graves consequências", declarou à agência Interfax. Ele acrescentou que "a assinatura de um documento tão importante é, certamente, um direito soberano de cada Estado". O Kremlin afirmou que adotará medidas para defender sua economia no momento das consequências negativas. Poroshenko assinou ainda o segundo capítulo do acordo de associação, concretamente sobre o comércio, que pretende suprimir a maioria das barreiras alfandegárias entre a Ucrânia e os países da UE. O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, assinou na terça-feira o primeiro capítulo, de ordem política. O acordo de associação UE-Ucrânia é o mesmo que o antecessor de Poroshenko, o destituído Viktor Yanukovytch, se recusou a assinar em novembro, o que provocou uma onda de protestos, a queda de Yanukovytch e o conflito com a Rússia, que anexou em março a Crimeia a seu território. O acordo de associação, inédito na história da UE, representa uma ampla cooperação com os três países em troca de compromissos na luta contra a corrupção e para avançar em um Estado de direito.

3


'Câmbio está fora do lugar e BC tem de permitir flutuação'

A atividade enfraquecida não deve ser justificativa para um corte de juros, como parte do mercado vem discutindo nas últimas semanas. Para o professor do Departamento de Economia da PUC-Rio, Marcio Garcia, com a inflação beirando o teto da meta, fazer um alívio monetário significaria uma mudança de regime " Eles já fizeram aquele o corte em agosto de 2011, e deram com os burros n'água", diz. Garcia afirma que a economia enfrenta um quadro de "estagflação". Mas que é preciso agir para garantir que a inflação convirja, gradualmente, para a meta. Uma das razões é que, em sua opinião, o câmbio não poderá ser mantido no nível atual, de R$ 2,20, por muito mais tempo. Ele diz que o câmbio está fora do lugar e, se o BC não permitir que a cotação volte a flutuar livremente, o ajuste pode ocorrer de forma abrupta. "O câmbio sempre volta para o lugar", afirma. Valor: A renovação do programa de venda de swaps cambiais pelo BC é um sinal de que ele vê volatilidade à frente ou trata-se de uma ação com foco na inflação? Marcio Garcia: As ações que o Banco Central vem tomando são compatíveis com a interpretação do Pastore [Affonso Celso] Pastore, [ex-presidente do BC], de que você tem no Brasil o que é chamado na literatura de "o medo de flutuar". Quando o dólar cai abaixo de R$ 2,20 ou sobe acima de R$ 2,40, o BC intervém. Parece que o BC quer que o câmbio fique nessa faixa. Novamente, o efeito sobre a inflação e a eleição são os grandes marcos. Eu acho que o BC deveria ter saído dessa política há algum tempo. Foi uma política que foi bem-sucedida no primeiro semestre do ano passado. Mas o BC precisaria deixar claro que vai intervir em situações de volatilidade, sem garantir a venda diária. Senão, o ajuste não acontece. Fica com déficit de conta corrente crescente. Para haver um ajuste, o câmbio deveria ir para o lugar, pois eu acho que ele está fora do lugar. E é bom lembrar que o câmbio sempre volta pro seu lugar: pode ser abruptamente, o que é ruim, ou lentamente, se você deixá-lo flutuar. Valor: Com o cenário de atividade tão fraca, existe uma discussão sobre a possibilidade de os juros caírem no futuro. Isso é um exagero? Garcia: Eu não acredito que o Banco Central vá fazer corte de juros. Eles já fizeram aquele corte em agosto de 2011, e deram com os burros n'água. Todo mundo condena o Banco Central pelo que fez. Se ele fizer isso de novo, com inflação beirando os 6,5%, ele estará dando um tiro de misericórdia... São pessoas gabaritadas, doutores em economia, pessoas que ficarão trabalhando no mercado durante décadas. Essas pessoas não são malucas de afundar suas carreiras profissionais de uma maneira dessa. Acho que, de jeito nenhum vão fazer um corte de juros. Se fizerem, vou queimar minha língua... Valor: Mas, passada a incerteza eleitoral, existe uma chance de esse quadro de atividade fraca justificar um corte mais para frente? Garcia: Estamos com um quadro que você poderia chamar de estagflação, crescendo muito pouco e, ao mesmo tempo, com problema inflacionário. Quem quer que assuma, vai ter um problema. Será preciso ter um programa de redução da inflação para a meta. A inflação não vai ficar parada nos 6,5%, há uma inflação represada de 1,5 ponto percentual; os [preços] monitorados vão ter que subir; o câmbio não pode ficar muito tempo nesse nível de R$ 2,20 porque o déficit em conta corrente continua crescendo e é elevado. Tudo isso vai colocar pressão na inflação. Se você não tiver um BC que leve a inflação de volta à meta, passamos por um outro regime. Um regime turco, argentino ou até venezuelano. É outra conversa. Aí, as 4


expectativas se fazem de outra forma. Mas nós não trabalhamos com isso. Acho que a redução pode ser feita ao longo do tempo, em dois ou três anos. E aí, no último ano do governo, em 2018, seria possível reduzir a meta, para 3,5% ou 4%. O importante é mostrar a direção: a inflação que nos foi deixada foi de 6,5%, mais o resíduo de 1,5 ponto, e vamos botar para baixo. Valor: Sobre o ajuste no próximo governo, alguns economistas defendem que seja feito de uma vez, enquanto outros falam em gradualismo. O que seria mais conveniente? Garcia: A questão mais importante é a credibilidade. Eu acho que soluções gradualistas são melhores, desde que tenham credibilidade. Tem que mostrar que você está disposto a imprimir cortes na parte fiscal, fazer os reajustes de preço. Ao mesmo tempo, é preciso fazer de forma que os danos não sejam grandes. No caso do BNDES, por exemplo, obviamente que a expansão tem que ser revertida, pois foi excessiva. Mas não se pode fechar todos os empréstimos, isso pararia o país. Então, é preciso fazer algo razoável, mas que possibilite ao BNDES viver com seus próprios recursos. Isso é questão da qualidade da política econômica, de competência dos gestores que estarão à frente disso. Valor: Dentre os ajustes, qual o senhor considera mais urgente? Garcia: Certamente, o maior problema é o fiscal e é por aí que tem que começar. Tem que dizer que vai parar expansão do orçamento paralelo, via empréstimo do BNDES, acabar com a contabilidade criativa, definir uma meta do primário a ser cumprida. Evidentemente ocorrerão ajustes de preços e isso vai chegar na política monetária. Mas a primazia é o fiscal. E tem uma parte microeconômica. É preciso fortalecer as agências reguladoras, separá-las dos ministérios, que terão de promover competição, voltar a fazer mais rodadas [de concessão] de petróleo. Esse tipo de coisa andou para trás. Tem uma agenda microeconômica que precisa avançar. A política monetária, eu considero importante, mas frente aos desafios da fiscal e da agenda microeconômica, ela está em melhor situação.

Spread bancário sobe pelo 5º mês consecutivo

Apesar de estarem vislumbrando um cenário mais sombrio neste ano para a expansão do crédito no país, os bancos estão ganhando mais com empréstimos fechados. Em alta desde janeiro, o spread bancário - diferença entre os custos de captação de recursos das instituições financeiras e os juros cobrados dos tomadores finais - subiu de 12,5 pontos percentuais para 12,9 pontos percentuais entre abril e maio, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC) ontem. No acumulado do ano, a alta é de 1,8 ponto percentual. Os números do BC mostraram novo aumento nos juros médios cobrados pelos bancos, de 21,1% ao ano para 21,4% ao ano, entre abril e maio. Em abril do ano passado, quando o BC iniciou um ciclo de aperto monetário que acumulou 3,75 pontos percentuais, os juros médios cobrados pelos bancos nas suas operações de crédito estavam em 18,5% ao ano. "A alta dos juros bancários era uma repercussão esperada, já que o crédito é um dos canais de transmissão da política monetária", disse Túlio Maciel, do departamento econômico do BC. Não é só por meio da alta dos juros das operações de crédito que os bancos estão conseguindo obter spreads maiores. Mesmo em menor proporção, a queda do custo de captação trouxe impacto positivo para as instituições financeiras. No ano, a retração é de 0,1 ponto percentual, para 8,5% em maio. Para o BTG 5


Pactual, o aumento de 0,4 ponto percentual dos spreads foi a boa notícia para os bancos nos dados divulgados ontem. "Entretanto, apesar dos spreads melhores para a nova originação [de crédito], as principais linhas dos bancos ainda devem sentir pressão". Isso porque as instituições têm dado preferência aos "melhores" clientes, intensificando a concorrência e erodindo as margens médias. "Os bancos indicaram que a competição das instituições públicas se retraiu e que os preços dos empréstimos começaram a ser ajustados para cima", escreveu Philip Finch, estrategista do UBS, em nota a clientes. "Na nossa visão, estamos próximos de ver uma restauração no poder de definição de preços dos bancos brasileiros, pela primeira vez em pelo menos quatro anos." Por conta do spread maior, o analista Carlos Daltozo, da BB Investimentos, não projeta que os resultados dos bancos venham a sofrer mesmo com mudanças nas projeções de crescimento do crédito, algo esperado por ele. O analista da Brasil Plural Eduardo Nishio, no entanto, ressalta que essa compensação por meio do spread só se sustenta em um cenário de inadimplência baixa. "Enquanto não há uma piora relevante da inadimplência, esse aumento do spread consegue compensar. Neste ano os bancos ainda estão melhorando a rentabilidade, mas para o ano que vem eu acho que será mais difícil, porque haverá uma piora no cenário de inadimplência", afirma Nishio. (Colaborou Fabiana Lopes).

Inflação na meta só após a Olimpíada Com o ritmo da atividade econômica bem abaixo do PIB potencial e os efeitos da elevação da Selic em 3,75 pontos percentuais ainda por acontecer, resta ao Banco Central esperar a convergência da inflação para a meta de 4,5% para depois da Olimpíada de 2016; e rezar para que haja recuperação da confiança de empresas e consumidores. Pelo texto do Relatório Trimestral de Inflação, divulgado ontem, o serviço que cabe ao Comitê de Política Monetária (Copom) está feito e fica claro que os juros devem ficar em 11% ao ano por um bom tempo. Mantidas as atuais condições, a inflação cairia para 5,1% em meados de 2016 e a partir daí poderia convergir para a meta de 4,5%. O relatório traz novas projeções de crescimento em queda e de inflação em alta. No cenário de referência, que considera juros estáveis em 11% e taxa de câmbio de R$ 2,25, a inflação se mostra resistente mas cai. A variação do IPCA sobe para 6,4% este ano, com a seguinte trajetória: bate no teto da meta de 6,5% no segundo trimestre, supera o teto e chega a 6,6% no terceiro trimestre (pouco antes das eleições) e encerra o ano em 6,4%. Em 2015 a inflação recua para 6,1% no primeiro trimestre, cai mais um pouco no segundo, para 5,9%, sobe para 6% no terceiro e encerra o ano em 5,7%. No primeiro e segundo trimestres de 2016, a projeção é de 5,4% e 5,1%, respectivamente. A probabilidade de a inflação este ano superar o teto da meta, porém, é alta: 46%. O crescimento do PIB deverá ser de 1,6% este ano, percentual acima do que espera o mercado (1,16% com viés de baixa) e menor que os 2% que o BC projetava no documento anterior. No acumulado em 12 meses até o primeiro trimestre de 2015 a expansão do PIB sobe para 1,8%, conforme os prognósticos do Banco Central. Há o risco de a economia se mostrar mais fraca do que cogita o BC, com retração no segundo trimestre e aumento do PIB de no máximo 1% este ano. Alguns economistas do mercado, que trabalham com esse cenário recessivo não descartam a possibilidade de o Copom, ao contrário do que indica o BC, começar a reduzir a Selic ainda neste exercício. Os dados do IBGE sobre a atividade no segundo trimestre serão conhecidos em agosto e, na percepção desses analistas, viriam muitos ruins, o que poderia estimular o Copom a reduzir a taxa Selic. Se for detectada uma retração do PIB no segundo trimestre, isso levaria o IBGE a revisar para baixo os dados do primeiro trimestre e dois trimestres consecutivos de queda do produto configurariam uma recessão técnica. O real, que estimam mais valorizado do que o concebido no cenário de referência, corroboraria com esse argumento. Apesar da desaceleração, está fora das expectativas um quadro de desemprego visível até as eleições presidenciais de outubro. A oferta de emprego está em queda, mas também está em queda a procura por emprego e a renda, embora em ritmo menor, ainda tem 6


aumento real. Nesse sentido, um trecho novo do relatório de inflação chama a atenção: "O Copom avalia que pressões inflacionárias ora presentes na economia - a exemplo das decorrentes dos processos de realinhamentos de preços citados anteriormente e de ganhos salariais incompatíveis com ganhos de produtividade - tendem a arrefecer ou, até mesmo, a se esgotarem ao longo do horizonte relevante para a política monetária". O comitê vislumbra, assim, o encerramento do ciclo de aumentos reais de salários acima da produtividade que tem sido fator de pressão inflacionária. "Neste ponto, cumpre registrar que a teoria - no que é respaldada pela experiência internacional - ensina que moderação salarial constitui elementochave para a obtenção de um ambiente macroeconômico com estabilidade de preços", diz o relatório. A projeção de reajustes dos preços administrados no próximo ano subiu de 5% para 6% entre os dois relatórios de inflação (o de março e o de ontem). A correção de preços da gasolina, de energia e de tarifas de transportes urbanos, represados nos últimos anos, estaria contemplada, ainda que parcialmente, nessa revisão. Incerteza sobre como será feita a descompressão desses preços é um dos fatores que impedem uma melhora das expectativas inflacionárias para o próximo ano. Os preços livres, segundo o relatório do BC, tiveram o aumento do ano que vem reduzido de 6,8% para 5,6%. Estão em curso, portanto, dois processos de ajustes de preços relativos na economia - realinhamento dos preços internos e externos decorrente da taxa de câmbio e o dos preços administrados face aos livres. Apesar de a Sondagem de Expectativas do Consumidor, divulgada pela FGV, mostrar melhora de 1% da confiança do consumidor em junho sobre maio, evento que não ocorria desde novembro, não se pode garantir que esse dado seja uma tendência. Os índices de confiança do consumidor, da indústria, de serviços e do comércio se encontram em níveis semelhantes aos da crise de 2008/09. Para conter as pressões decorrentes da mudança nos preços relativos, além do aumento da taxa de juros para 11% ao ano, o BC cita o baixo padrão da confiança dos agentes econômicos como um elemento que pode potencializar os efeitos da restrição monetária. E aponta, no médio prazo, para mudanças também na composição da demanda e da oferta agregada que dariam as bases para ampliação da taxa de investimento da economia e para o crescimento do PIB em patamares mais elevados. Mas isso vai depender do fortalecimento da confiança das empresas e do consumidor nas políticas do governo. No último ano do governo Dilma Rousseff, quando o Plano Real completa duas décadas e o regime de metas para a inflação debuta, é curioso e pedagógico olhar o comportamento da inflação de 1999 para cá. Nos primeiros anos de implementação do regime, que veio substituir a taxa de câmbio no controle dos preços, a taxa média de variação do IPCA foi de 8,6%. Entre 2005 e 2009, a inflação média caiu para 4,7% e de 2010 a 2014, a se confirmar 6,4% de IPCA para este ano, subiu para 6,1%, refletindo uma mudança de patamar. Fica claro que um pouquinho mais de inflação não gera crescimento.

Como vai a economia após 20 anos de estabilização? Em 2014, mais especificamente em julho, comemoram-se os 20 anos do Plano Real, o mais bem sucedido plano de estabilização monetária. Ao longo desse período, a inflação média, até março de 2014, foi da ordem de 7,4% ao ano. Se o resultado inflacionário merece comemorações, principalmente quando antes do plano a inflação mensal era da ordem de 85%, o mesmo não se pode dizer em relação ao crescimento da atividade econômica: entre 1994 e 2013, a taxa média do PIB foi da ordem de 3% ao ano e sua performance caracterizouse à la "stop and go". Diga-se de passagem que o desempenho do PIB tem sido ainda mais pífio e volátil desde a crise do "subprime" e a grande recessão, a despeito das políticas macroeconômicas contracíclicas implementadas pelas autoridades econômicas para evitar um efeito-contágio de maior impacto sobre a economia brasileira. Por que o desempenho da atividade econômica brasileira tem sido risível, principalmente quando comparado à de outros países emergentes, e não se sustenta? As políticas econômicas implementadas desde o Plano Real - ou mais especificamente, desde 1999, quando foi adotado o tripé metas de inflação, 7


metas de superávits fiscais e câmbio flexível - são insuficientes para assegurar crescimento econômico dinâmico e consistente? Em nosso ponto de vista, tendo como referência as teorias institucionalista e keynesiana, conclui-se que as políticas econômicas implementadas desde a segunda metade dos anos 1990 não se constituem em um sólido pilar para sustentar o crescimento do PIB. Assim sendo, o que é necessário para que a economia brasileira possa crescer de forma sustentável em um contexto de inflação controlada, equilíbrios fiscal e externo e inclusão social? Pela abordagem institucionalista de Thorstein Veblen e John Commons, o processo de crescimento econômico consiste da articulação entre os planos macroeconômico e microeconômico de forma a possibilitar, por meio de convenções ou estratégias, os princípios de decisões dos agentes econômicos que se originam do conjunto de regras, de hábitos e do comportamento humano. Por sua vez, pela teoria keynesiana, flutuações de demanda efetiva e no nível de emprego, inerentes às economias monetárias, ocorrem porque, em um mundo no qual há incerteza radical e, portanto, o futuro é desconhecido, os indivíduos preferem reter moeda e, por conseguinte, suas decisões de gastos, seja de consumo, seja de investimento, são postergadas. Nesse contexto, Keynes propõe a adoção de políticas monetária e fiscal contracíclicas e a intervenção do Estado, não necessariamente como gastador, mas, sim, enquanto planejador, regulador e financiador da atividade produtiva, como soluções para as crises de demanda efetiva. Pois bem, tendo como base as referidas teorias e entendendo que, por um lado, as mudanças "institucionais" observadas com o Plano Real não foram literalmente "embedded" pelos agentes econômicos e, por outro, a política macroeconômica implementada ao longo deste período não somente limita as autonomias das políticas monetária e fiscal, mas são operacionalizadas pragmaticamente, logo se pode conjecturar que nos últimos 20 anos não foi criado um "ambiente institucional" para despertar o "animal spirits" dos empreendedores e, portanto, dos investimentos produtivos, condição sine qua non para a expansão consistente da atividade econômica. Diante deste quadro, o que fazer para crescermos sustentavelmente? Em termos macroeconômicos, é fundamental o aumento da relação formação bruta de capital/PIB dos atuais 19% para 25%. Para tanto, as autoridades econômicas devem:

1 - buscar a responsabilidade fiscal, entendida não como um fim em si mesmo, mas seguindo o critério de administrar a política fiscal de forma contracíclica: em períodos de crise e recessão, política fiscal expansionista, ao passo que em épocas de prosperidade e de crescimento econômico acima da capacidade produtiva ela deve ser, respectivamente, neutra e contracionista. 2 - Orientar a política monetária pelas metas de crescimento e emprego e não somente pelos targets de inflação. 3 - Administrar a taxa de câmbio de maneira a lograr a manutenção de taxa de câmbio real efetiva competitiva, objetivando, assim, que quaisquer ações especulativas no mercado de divisas estrangeiras possam ser coibidas. Ademais, para que o regime de câmbio administrado seja eficiente é necessária a adoção de controle de capitais, seja para mitigar os efeitos perversos do influxo de capitais de curto, seja para que o Banco Central tenha autonomia de política monetária. Paralelamente, são fundamentais regras e reformas institucionais, tais como: 1 - reforma tributária que tenha como objetivos uma maior incidência da tributação sobre a renda e a riqueza, visando, assim, um caráter de maior progressividade, e a redução do custo Brasil. 2 - marcos regulatórios transparentes, eficientes e ágeis para dinamizar as parcerias público-privadas e melhorar a infraestrutura. 3 8


política industrial que tenha como objetivos dinamizar o investimento em P&D e os incentivos fiscais e creditícios para as grandes cadeias industriais, entre outros. 4 - políticas de renda para regular os salários e os preços, em conformidade com os ganhos de produtividade da economia e a dinâmica concorrencial dos mercados. Em suma, entendemos que as medidas elencadas preenchem a lacuna deixada pela estabilização monetária do Plano Real, qual seja, os crescimento e desenvolvimento sustentáveis.

Economia fraca completa ação da política monetária Relatório de Inflação trimestral do Banco Central traça um cenário de "missão cumprida". Para o Banco Central, a desaceleração intensa da economia e os efeitos defasados dos aumentos de 375 pontos percentuais nas taxa básica de juros levarão a trajetória da inflação rumo ao centro da meta, de 4,5%. O BC rebaixou sua expectativa de crescimento da economia, de 2% para 1,6%, isto é, para um ritmo menor até que o modesto 1,7% de 2013. No entanto, há meses as expectativas para o desempenho econômico estão recuando, enquanto que as da inflação ainda se movem para cima. Para o BC, 2014 fecha com variação de preços de 6,4% - há dois relatórios, a previsão era de 5,6% - cai a 5,7% em 2015 e no segundo trimestre de 2016 recuará para 5,1%. As previsões do mercado não distam muito dessas, mas embutem aumento da taxa Selic de 11% para 12%, enquanto que nas do BC não há sinal disso. Pelo relatório, o BC exibe agora maior conforto sobre suas projeções, mesmo em um período em que o ambiente de inflação continua a se deteriorar, apesar de algumas boas notícias, em especial nos preços dos alimentos. Em maio, o IPCA acumulado em doze meses foi a 6,37%, com aceleração dos preços livres (7,07%) e dos monitorados (4,08 %). E, nos três meses encerrados em maio, o índice de difusão continuou subindo, atingindo 69,26%. Os núcleos de inflação, igualmente, estão em alta em relação ao relatório de março. Nos doze meses encerrados em maio, a medida que exclui 10 alimentos e combustíveis foi de 6,48%, e outra, que exclui preços monitorados e o subgrupo dos alimentos no domicílio, chegou a 7,24%. Outro termômetro da persistência dos reajustes de preços foi a variação de 8,7% dos custos dos serviços. As chances de que a inflação estoure o teto da meta em 2014 subiram, de um documento do BC para outro, de 38% para 46%. A qualificação que o BC faz dos efeitos da política monetária é a mais positiva em muito tempo. Ele avalia que as "pressões inflacionárias ora presentes na economia - a exemplo das decorrentes do realinhamento de preços administrados em relação aos livres; do realinhamento de preços domésticos em relação aos externos; e de ganhos salariais incompatíveis com ganhos de produtividade - tendem a arrefecer ou, até mesmo, a se esgotarem ao longo do horizonte relevante para a política monetária." O baixo desempenho da economia, com a decorrente queda da confiança dos agentes econômicos, "potencializa", segundo o BC, os efeitos das altas dos juros. Por outro lado, garante que o hiato do produto seja "desinflacionário", isto é, a economia está correndo a uma velocidade bem abaixo do que aquela de que é capaz, retirando fôlego da escalada de preços. É também o amortecimento das atividades que deve suavizar o ímpeto de aumento dos salários acima da inflação, mesmo com mercado de trabalho ainda apertado, ao lado de menores reajustes concedidos ao salário mínimo e aos salários dos servidores públicos. Completam o quadro favorável a disposição do governo de entregar a meta fiscal de 1,9% do PIB, que até agora, parece "consistente" para o BC e um ritmo bem contido da expansão do crédito. A revisão do PIB esclarece os cenários do BC. A previsão era positiva para a indústria, com modesta expansão de 1,5% no ano. Agora, ela encolherá 0,4%, enquanto que a indústria de transformação recuará 1,9% e a construção civil, 2,2%. A formação bruta de capital fixo, que avançava, agora cai 2,4%. Até a agricultura mostrará performance mais fraca que a prevista (2,8% ante 3,5%). O consumo das famílias e o do governo crescem menos (1,9% e 1,8%, respectivamente). A dúvida é se essa desaceleração será suficiente para colocar os preços na curva lenta e suavemente declinante que o BC traçou, sem que para isso seja necessário um empurrão adicional da taxa de juros em 2015. A 9


correção dos preços administrados, com esse ou com outro governo, é uma das grandes incógnitas de 2015 - os cálculos do BC embutem reajuste de 6% no ano que vem. Além disso, o BC, depois de ter derrubado os juros a níveis históricos, veio correndo atrás do prejuízo da inflação, e é possível que mais correções da Selic sejam necessárias. O BC sugere que o nível atual do juro real, de 4% a 4,5%, encostou na taxa de equilíbrio, que hoje é menor que no passado. Se o BC acertar suas projeções, o país terá experimentado inflação ao redor de 6% por seis anos consecutivos.

Tiro ao alvo contra os emergentes Os bancos centrais querem apenas um punhado de coisas. Para conseguir qualquer uma delas, eles geralmente procuram influenciar as expectativas de inflação, demonstrar a transparência da política monetária e firmar a credibilidade de suas instituições. Para comunicar suas intenções de maneira simples e clara, eles podem definir uma meta explícita em termos de determinada variável econômica ou anunciar uma previsão para a variável ou, ainda, oferecer um balizamento para o futuro, especificando um limiar para o valor dessa variável que precise ser cumprido para que seja feita uma modificação na taxa de juros. O problema dessas abordagens para estabelecimento de metas para a política monetária é que mesmo que uma determinada meta numérica possa ser razoável no momento em que é definida, evoluções inesperadas subsequentes dificultam conviver com ela. Os principais bancos centrais geralmente têm condições de suportar esses insucessos sem perda fatal de credibilidade. O Bundesbank descumpriu rotineiramente suas metas de oferta monetária e, mesmo assim, manteve-se como instituição admirada e crível. Mais recentemente, as expectativas de inflação nos EUA e no Reino Unido mantiveram-se bem ancoradas, mesmo quando o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) e o Banco da Inglaterra tiveram de abandonar os limiares de desemprego que haviam anunciado. A situação é diferente nas economias emergentes e em desenvolvimento. A necessidade de esses países estabelecerem credibilidade para suas políticas tendem a ser mais cruciais, seja devido a históricos de inflação elevada, a ausência de instituições dignas de crédito ou a pressões políticas no sentido de monetizar déficits orçamentários. Eles precisam de metas com as quais possam realmente conviver. Nada parece funcionar. Quando o Fundo Monetário Internacional aborda um país e indaga qual é sua âncora nominal, muitos declaram praticar um esquema de metas de inflação. Mas eles têm dificuldades para cumprir suas metas. Se no decorrer do tempo, porém, os países são impactados por choques adversos de oferta ou por choques nos termos de comércio exterior, a decisão correta seria afrouxar a política monetária suficientemente para provocar uma desvalorização da moeda. Mas a adoção do índice de preços ao consumidor como meta impede que isso ocorra, porque uma depreciação provoca aumento nos preços do petróleo, de alimentos e de outras commodities comercializáveis importadas. De fato, se um choque vier na forma de aumento do preço do petróleo em dólares, uma meta de inflação imporia, teoricamente, um aperto de política monetária suficiente para uma valorização da moeda. Mas tal política implicaria que um choque adverso viria a refletir-se em forte queda da produção. Os países emergentes deveriam considerar a opção de assumir como meta o PIB nominal. Em comparação com as metas de inflação, a grande virtude de assumir o PIB nominal como meta é ele ser robusto em relação a choques de oferta e choques de termos de comércio com o exterior, o que significa que o banco central não fica diante do dilema entre abandonar a meta e prejudicar a economia. Há boas razões para crer que assumir o PIB nominal como meta é mais adequado para as economias emergentes e em desenvolvimento do que para os países industrializados. Essas economias são mais frequentemente sujeitas a choques adversos via termos de comércio, por exemplo na forma de aumentos nos preços mundiais do petróleo ou de quedas nos preços de suas exportações de commodities. Essas economias tendem também a sofrer choques de oferta maiores resultantes de desastres naturais, de outros eventos climáticos, de turbulência social e de mudanças inesperadas na produtividade. A vantagem de uma meta de PIB nominal é que choques adversos desses tipos refletem-se também na produção e na inflação, em vez de impor todo o ônus na forma de uma perda de produto. Isso proporciona o tipo de resposta de todo modo desejada, assegurando, 10


ainda, as vantagens de uma regra (comunicar os planos do banco central de tal forma que ele possa conviver com o que prometeu fazer). Muitos países emergentes e em desenvolvimento precisam reduzir a inflação, numa conjuntura muito semelhante à dos países avançados, 30 anos atrás. Um exemplo é a Índia, que está atualmente considerando adotar metas de inflação visando melhorar a disciplina monetária. Mas o país é regularmente impactado por choques de oferta tanto quanto por boas ou más monções. Estimativas estatísticas sugerem que tentativas de definir a trajetória da inflação em face de tais choques resultariam em oscilações indesejavelmente amplas no PIB real, em comparação com uma política de ancoragem à trajetória do PIB nominal. A meta de trajetória para o PIB nominal pode ser definida em qualquer nível desejado de disciplina monetária. A robustez do PIB nominal diante de futuros choques desconhecidos é semelhante caso o objetivo seja tanto afrouxar a política monetária, apertá-la ou mantê-la inalterada, como no caso de o banco central desejar anunciar uma previsão, uma banda para a meta ou um limiar para balizamento para o futuro. Se há mérito em divulgar um plano, é relevante optar por um plano com que se possa conviver. Esse plano significa adotar uma meta de PIB nominal.

Solar inicia novo ciclo no Brasil

O governo federal tem planos de organizar de forma contínua leilões para contratação de energia solar, caso haja oferta de empreendimentos, afirma Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), braço de planejamento do Ministério de Minas e Energia (MME). O Brasil está bem atrás de outros países, como o Chile, na inserção da fonte solar na matriz energética, apesar de ser considerado um local privilegiado no mundo para a instalação desse tipo de usina, e tem pela frente um longo período de aprendizado. Em suas projeções, a EPE prevê a contratação de 3.500 megawatts (MW) de capacidade instalada de projetos de energia solar entre 2014 e 2018. Esse total representa quase 10% de todas as fontes que devem ser contratadas no período. De acordo com as estimativas da EPE, as novas usinas que serão construídas no próximos quatro anos vão agregar 38.269 MW ao parque gerador brasileiro. A maior usina foltovoltaica da América Latina, a Amanecer Solar, está sendo construída no deserto do Atacama, no Chile, com uma potência instalada de 100 MW. Outros empreendimentos solares, que totalizam 4 mil MW de capacidade de geração, já foram liberados pelo Chile, que passou a assumir um papel de liderança para essa indústria no mercado sul-americano. "O ano de 2014 vai entrar para a história como o início da energia solar no Brasil. Vai ser um ano importante no sentido de que o país vai começar a contratar continuamente", disse Tolmasquim, em entrevista ao Valor. O governo mudou de posição e decidiu promover, no segundo semestre deste ano, o primeiro leilão com contratos específicos para energia solar. Até hoje, os projetos solares não deslancharam no país devido aos seus altos preços, que são bem mais elevados que os de outras fontes alternativas, como as eólicas e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Apesar da insistência e do apelo dos empreendedores, o governo resistia à ideia de realizar leilões específicos para fonte solar para evitar que os brasileiros tivessem de pagar, depois, um preço muito alto na conta de luz. 11


Segundo estimativas do setor, os consumidores, por exemplo, pagam caro atualmente, em torno de R$ 340, pelo megawatt-hora procedente dos parques eólicos que venderam contratos no âmbito do Proinfa, programa de incentivo às fontes alternativas que vigorou entre 2004 e 2009. Esse preço é 170% maior que o registrado no último leilão, quando as eólicas venderam energia por R$ 126 por MWh, e certamente garante lucros atraentes aos controladores dos empreendimentos. Alguns dos parques do Proinfa já mudaram de mãos. olmasquim espera que ocorra com a energia solar um "fenômeno" parecido com o que aconteceu com a fonte eólica. Há alguns anos, não havia fabricantes de equipamentos eólicos no Brasil. Com a realização do Proinfa e de leilões exclusivos, o preço da energia eólica caiu gradativamente, viabilizando novos empreendimentos e atraindo a instalação de fabricantes do país. O presidente da EPE acredita que a quantidade de projetos de energia solar no Brasil vai gerar escala e justificar a instalação de fábricas de componentes no país. "Temos tido muito interesse dos investidores", afirmou Tolmasquim. "Primeiro temos de criar a demanda [por equipamentos]". Com relação ao leilão de energia de reserva, marcado para 10 de outubro, Tolmasquim não soube estimar ainda a oferta de projetos de energia solar e, consequentemente, o volume de energia que poderá ser contratado desses empreendimentos. A EPE não estipulou ainda o preço-teto que será aplicado para os contratos de energia solar, considerado um aspecto crucial para o sucesso ou não do certame. Após ter assumido uma posição de liderança no setor eólico, a Renova avalia como "muito positiva" a movimentação do governo para viabilizar o desenvolvimento de usinas solares no Brasil. Na avaliação do presidente da companhia, Mathias Becker, a realização de leilões exclusivos da fonte será importante para organização da demanda e nacionalização de equipamentos. Ele acredita, porém, que as usinas solares só chegarão ao patamar de preço de eólicas no horizonte de dez anos. A Renova já tem mais de uma dezena de projetos de solar desenvolvidos, todos de geração distribuída. A construção da primeira usina solar da companhia foi anunciada no fim de maio, e será híbrida, com combinação de torres eólicas e placas solares. Becker explicou que a viabilidade econômica do projeto só se deu por conter as duas fontes. O executivo espera, entretanto, que os projetos de solar se tornem mais viáveis a partir da realização do leilão de reserva, marcado para 10 de outubro. A Renova deve cadastrar para o leilão um volume semelhante ao homologado no A-5 do ano passado, 200 MW.

Vendas de carros ampliam queda em junho O consumo de veículos no país caiu ainda mais com o início da Copa do Mundo, que, como já era esperado, reduziu o fluxo nas concessionárias. Números preliminares mostram queda de 19,6% dos emplacamentos em junho, comparativamente a igual período do ano passado. Em relação a maio, o recuo é de 5,4% até o momento. Segundo uma fonte com acesso aos licenciamentos diários, 214,6 mil veículos - entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus - tinham sido emplacados até quarta-feira. Com isso, a queda desse mercado no acumulado do ano, que tinha fechado maio em 5,5%, subiu para 7,6%. Agora, a diferença negativa em relação ao volume acumulado de 2013 já passa de 133 mil unidades, ou o equivalente a praticamente dez dias de venda. Tradicionalmente, os volumes sobem na segunda quinzena, mas, neste mês, os resultados das últimas semanas estão mais fracos. Após o início da Copa, as concessionárias passaram a negociar cerca de mil carros a menos a cada dia útil de venda. O mercado, que já vinha rodando num ritmo fraco antes do Mundial - em torno de 12,6 mil unidades por dia útil - caiu para 11,6 mil automóveis e utilitários leves na média dos dias seguintes à abertura do torneio. Com três jogos da seleção brasileira em dias úteis, mais os feriados de Corpus Christi ou decretados por cidades que estão recebendo a Copa, montadoras e concessionárias já aguardavam algum impacto nos volumes. Projeções de analistas chegam a indicar recuo superior a 25% nas vendas durante os meses de junho e julho, em relação a igual período de 2013. Mas, além dos carros de passeio, o mercado de 12


caminhões, que havia esboçado sinais de reação nos últimos dois meses, voltou a cair fortemente em junho. Por enquanto, os números preliminares mostram recuo de 21,2% nas vendas dos veículos pesados na comparação com junho do ano passado. Em relação a maio, a queda também é expressiva, de 15,8%. Da mesma forma, as vendas de ônibus recuam 16,2% na comparação anual e 11,4% ante o mês anterior. Com o menor consumo doméstico, agravado por queda nas exportações e escalada dos estoques, as montadoras, tanto de carros como de veículos comerciais, vêm cortando a produção - e também ajustando a mão de obra a partir de medidas como antecipação de férias coletivas, suspensão de contratos de trabalho e programas de demissão voluntária. Levantamento da Anfavea, a entidade que abriga as montadoras instaladas no país, mostra que o setor já tinha eliminado 4,7 mil postos de trabalho nos cinco primeiros meses do ano. Já o Caged, onde estão registradas as contratações e demissões no mercado de trabalho formal, revela, em igual período, cortes de mais de 9 mil vagas no segmento de materiais de transporte, que inclui os fornecedores dos fabricantes de veículos. Na semana que vem, a Fenabrave, associação das concessionárias, divulga o balanço consolidado das vendas de junho, junto com a participação de mercado das marcas. Já no dia 7, será a vez de a Anfavea anunciar os resultados, incluindo a atualização das informações sobre produção, exportações, emprego e estoques. A entidade das montadoras já adiantou que pode revisar para baixo as projeções anunciadas no início do ano, que apontam para crescimento de 1,4% da produção e de 1,1% das vendas em 2014. Até maio, a produção de veículos no país mostrava queda de 13,3%, somando 1,35 milhão de unidades. Já os estoques de veículos parados nos pátios das fábricas e das concessionárias fecharam maio em nível suficiente para 41 dias de venda, o que é considerado elevado por analistas e executivos da indústria automobilística brasileira.

Argentina desafia Justiça dos EUA e cresce risco de calote O governo da Argentina decidiu ontem manter posição de enfrentamento na batalha com os credores que não participaram da restruturação da dívida referente ao calote de 2001. Com isso, cresce o risco de um novo calote do país. O governo depositou ontem cerca de US$ 1 bilhão para quitar a parcela da dívida reestruturada que vence na segunda-feira. Poucas horas depois, o juiz federal americano Thomas Griesa negou pedido argentino da semana passada para suspender a sentença favorável aos fundos "holdouts", que não entraram na renegociação da dívida do país e ganharam na Justiça americana o direito de receber integralmente. Esses credores também reagiram. Pediram para o juiz considerar a atitude da Argentina como desacato ao tribunal. Para tentar solucionar o problema, Griesa convocou uma audiência entre as partes hoje, em Nova York. Advogados do NML, fundo que lidera o grupo que venceu a causa, solicitaram a Griesa que considerasse a atitude de depositar o valor devido aos credores da dívida reestruturada como "violação de uma ordem da Corte". A Justiça havia determinado que a Argentina só poderia continuar a honrar seus compromissos com esses credores se efetuasse também o pagamento de US$ 1,5 bilhão que deve aos fundos "holdouts". Depositar o dinheiro dos que aceitaram negociar a dívida, em 2005 e 2010, foi, de um lado, uma tentativa de mostrar a "boa fé", expressão usada na quarta-feira pelo ministro da Economia argentino, Axel Kicillof, durante uma apresentação em Nova York. Mas, expôs, por outro lado, uma atitude de enfrentamento não só em relação aos credores que venceram a causa na Justiça como também com o juiz Griesa. No dia 16, a Corte Suprema dos EUA rejeitou recurso argentino contra a decisão de Griesa, que determinou o pagamento aos "holdouts". Ontem à tarde, o juiz negou o pedido de suspensão da sentença, o que permitiria o pagamento apenas aos credores que aceitaram a reestruturação. Com essa última decisão de Griesa, os credores da dívida reestruturada correm o risco de não receber o dinheiro depositado ontem. Esses recursos poderão ser embargados pela Justiça para pagar aos fundos "holdouts" que ganharam a causa. O total depositado ontem, segundo Kicillof, chega a US$ 1 bilhão, dos quais US$ 823 milhões para credores estrangeiros e o restante, pago em pesos, 13


refere-se a títulos emitidos em moeda local. O ministro convocou ontem a imprensa para falar sobre a decisão de quitar a parcela da dívida reestruturada. Em comunicado, o governo explicou que o pagamento foi feito em virtude da "decisão soberana da Argentina, que ratifica, com esse ato, a sua firme e irrestrita vontade de honrar suas dívidas e descartar interpretação capciosa que implique a introduzir o eufemismo do 'default' técnico". No comunicado, o governo disse, ainda, que "não cabe a menor dúvida da parcialidade do juiz em favor dos fundos 'abutres' nem de sua verdadeira intenção: a de pretender levar a República Argentina ao default". Para o professor de finanças Aldo Abram, o governo tratou de forma política uma questão que é essencialmente jurídica. "Ameaçar os Estados Unidos e achar que um juiz se importa com isso é uma estupidez", disse. Para Abram, que dirige a Libertad & Progreso, entidade que reúne economistas para debates político-econômicos com a comunidade, o governo poderia ter dado uma garantia aos "holdouts" por meio de um depósito judicial para negociar nos 30 dias que lhe restam. "Fica mais difícil negociar sem oferecer garantias." A Bolsa de Valores de Buenos Aires refletiu o pessimismo do mercado financeiro diante do quadro. O índice Merval caiu 2,1%. "Serão dias de tensão até que termine o prazo para o 'default' técnico", disse o economista Ramiro Castiñeira, da Econométrica, consultoria que trabalha com estatísticas. Depois da data de vencimento da próxima parcela da dívida reestruturada, na segunda-feira, o governo tem mais 30 dias para concluir as negociações antes de o país entrar em "default" técnico. Para Castiñeira, a estratégia do governo foi "arriscada". "Entramos agora na contagem regressiva do 'default'", disse. A presidente Cristina Kirchner preferiu distância no dia tumultuado de ontem. Limitou-se a reproduzir em sua conta de Twitter o documento distribuído ontem com o título "Dívida paga".

Inadimplência das empresas no Brasil salta 10,5% em maio São Paulo - A inadimplência das empresas brasileiras cresceu 10,5 por cento em maio ante mesmo mês do ano passado, informou a Serasa Experian nesta terça-feira. Maio foi o nono mês consecutivo de alta na comparação anual, de acordo com dados da Serasa Experian. Sobre abril, o índice avançou 5,3 por cento. As dívidas não bancárias e a inadimplência com os bancos tiveram variação positiva de 1,7 por cento e 2,8 por cento respectivamente, sobre abril. Os títulos protestados dispararam 12,5 por cento, e os cheques sem fundo tiveram alta de 6,1 por cento. Segundo economistas da Serasa, a inadimplência das empresas vem crescendo ao longo de 2014 devido ao impacto do enfraquecimento do ritmo da economia, "da elevação dos salários acima da produtividade na maioria dos setores, e da sequência de elevações das taxas de juros como forma de controle inflacionário, aumentando o custo do capital de giro".

Por que a mão de obra ainda emperra a construção civil? São Paulo - Atrasos, baixa qualidade, falhas de projeto... quem já fez uma reforma ou acompanha o mercado imobiliário sabe dos obstáculos enfrentados pela construção civil brasileira. E como ela é intensiva em mão de obra, muitas vezes recai sobre os trabalhadores a responsabilidade pelos problemas do setor - que apesar de estar perdendo o fôlego, ainda é responsável por 8% do total de ocupados no país. Uma das questões é justamente essa: o apetite por trabalhadores significou uma enxurrada de novatos. Hugo Rosa, presidente da Método Engenharia, nota que a taxa de trabalhadores com menos de um ano de experiência no setor chegou a atingir 50% recentemente, o que ajudou a baixar a produtividade. Em pesquisa recente da EY com empresas de capital aberto da construção, a qualificação de mão de obra foi citada por 78% como uma das lacunas da produtividade nos últimos dois anos. O mesmo número de empresários cita o treinamento como uma das 14


medidas sendo tomadas para resolver o problema. Ana Estela, pesquisadora do IBRE-FGV, diz que as construtoras tem um horizonte longo e foram pegas de surpresa pelo boom do país: "Até 2005, não havia uma perspectiva sustentável de crescimento, então elas não investiam em treinamento e formação, o que passaram a fazer. Mas o resultado demora para aparecer". Ela nota que não só as empresas, mas sindicatos e cursos técnicos do governo estão contribuindo com o processo, assim como o aumento de salários, que ajuda a atrair um novo tipo de profissional. Com o tempo, isso deve mudar o perfil da mão de obra.

Artesanal X industrial Para Rosa, o baixo nível técnico e educacional do brasileiro é uma queixa generalizada dos empresários de todos os setores, mas está longe de ser o principal problema: "você vai para os Estados Unidos e vê muitos trabalhadores que vem da América Latina, inclusive do Brasil, e os mesmos que tem aqui uma baixa produtividade tem uma alta produtividade lá." A chave para entender o problema são os itens que figuram no topo da lista da mesma pesquisa da EY: melhoria de projetos, de gestão e de métodos. Moral da história: vai ser difícil (e insuficiente) qualificar o trabalhador até que o método de construção deixe se ser basicamente artesanal, como é hoje. "A questão não é qualificar o trabalhador para o que é feito hoje, e sim passar para um processo industrializado, com menor dependência desse artesanato, onde cada serviço tem uma caractéristica diferente. Quando você tem o trabalhador em um ambiente industrial, aí sim você pode qualificar pra valer", diz Rosa. Os incentivos, hoje, vão muitas vezes contra esse processo. Ana cita um exemplo simples: um bloco que é feito na obra tem uma tributação específica; já um bloco que vem de fora custa mais caro, pois está sujeito ao ICMS. Ela diz que outra dificuldade é que um novo processo produtivo exigiria uma mudança da própria mentalidade, o que afeta as duas pontas: do operário ao empresário.

Só é bom líder quem admite que erra, diz especialista da IMD São Paulo – Como empresas podem sobreviver às constantes e cada vez mais rápidas mudanças globais? Segundo James Henderson, professor de gerenciamento estratégico da escola de negócios IMD, o segredo está nos líderes e é preciso treiná-los para isso. Um verdadeiro líder global, de acordo com o professor canadense, possui hoje um conjunto de habilidades: pensamento estratégico, poder de execução, capacidade de conciliar diversos interesses e liderança pessoal. O pensamento estratégico é a habilidade que permite ao gestor de uma grande empresa prever mudanças externas e tomar decisões a partir disso. “Além de um conhecimento profundo do negócio, ele precisa entender quais são os fatores políticos e econômicos que interferem nas suas atividades e perceber onde é necessário inovar”, diz Henderson. O poder de execução implica em realizar as mudanças necessárias, seja na parte operacional, seja no RH ou nas finanças da companhia.

Interesses alinhados Para aplicar os novos métodos, será preciso conciliar tanto interesses de seus pares quanto de seus clientes e fornecedores. Poder de comunicação, de negociação e saber delegar são algumas das habilidades essenciais para isso. E finalmente, ele terá de ter liderança pessoal para convencer times e colegas de trabalho de quais são as medidas mais adequadas para cada situação. Além disso, “o executivo precisa ter auto percepção suficiente para saber identificar 15


quando um problema está ocorrendo por culpa dos outros ou própria”, diz o professor. Assumir os próprios erros e correr para corrigí-los é uma das características mais raras, e mais necessárias”. “Apenas com essas quatro competências ele conseguirá ver as mudanças enquanto elas acontecem, adaptar os planos da empresa, executar as alterações necessárias e levar os outros a fazerem o mesmo”, explica.

Inauguram operações no berço 1 da APM Terminals O Aldebaran, navio de contêineres com capacidade nominal de 2.800 TEUs (Twenty-foot Equivalent Unit) e de bandeira maltense, foi o primeiro cargueiro a operar no novo berço 1 da APM Terminals, empresa responsável pela operação de cargas no Porto de Itajaí. A embarcação, que faz a rota entre o Brasil e a Argentina, atracou nesta quinta-feira, dia 26, pela manhã e operou até o início da tarde. Esta é a primeira operação na nova estrutura, reconstruída após ser afetada pela enchente de 2011. Na época, as correntezas do rio ItajaíAçu provocaram forte erosão e comprometeram o cais. As obras foram concluídas e simbolicamente inauguradas em abril pelo Ministro dos Portos, Antônio Henrique Pinheiro Silveira, e desde então o berço aguardava testes estruturais e de equipamentos para começar a receber navios. Ricardo Arten, Diretor Superintendente da APM Terminals no Brasil, explica que foram investidos R$ 80 milhões na reconstrução. “O investimento vai assegurar maior flexibilidade operacional e aumento da produtividade dos navios”, acrescenta. De acordo com informações da empresa responsável pela recuperação do berço, foi necessária a utilização de engenharia especial, como a instalação de uma cortina de estacas-prancha provisória para dar mais estabilidade à estrutura durante a reconstrução. A cortina foi removida após a concretagem do berço. Na reconstrução, foram utilizadas 167 estacas tubulares que variam de 28 a 50 metros de profundidade, diferença que se explica pelos diferentes tipos de solo encontro no leito do rio. A construtora instalou ainda um sistema de mantas geotêxteis e blocos de concreto de 20 centímetros de altura no fundo do rio a 16 metros de profundidade. O investimento extra foi necessário para que o cais resista a eventos excepcionais como as correntezas da enchente de 2011. Esta obra de reforço, semelhante a um colchão de proteção, tem como objetivo evitar a erosão e a exposição das estruturas do cais em situações semelhantes no futuro.

Eletrosul inaugura usina de energia solar Nesta sexta-feira, dia 27, será inaugurada a Usina Megawatt Solar, que foi integrada à sede administrativa da Eletrosul, no bairro Pantanal em Florianópolis, tornando-se o maior empreendimento nesse modelo na América Latina. Para marcar a operação de sua primeira usina solar, a empresa programou, às 16 horas, a cerimônia de inauguração voltada para os empregados, convidados e imprensa. Além da Diretoria Executiva da Eletrosul, estarão presentes autoridades locais, representantes do governo da Alemanha, do banco de fomento KfW, da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, do Instituto Ideal e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – instituições que deram apoio financeiro e técnico ao projeto. A usina de energia solar é acoplada ao prédio da sede administrativa da empresa. O projeto tem 4,2 mil painéis fotovoltáicos instalados em uma área de 8,3 mil metros quadrados no teto do edifício. Apesar de o prédio absorver parte da energia, o objetivo principal não é atender ao consumo da empresa e de unidades vizinhas, e sim vendê-la no mercado livre. “Comercialmente, temos contrato com uma pequena central hidrelétrica que 16


atende à demanda [do edifício da Eletrosul]. Pode ser que a partir de 2015 a gente troque o contrato [passando a atender a toda a demanda local com a energia da usina solar]. Vamos avaliar. Mas, por enquanto, o objetivo é comercializar e divulgar [a tecnologia]. Nas cidades do futuro, haverá muitos prédios assim. Queremos estar prontos para o boom [da energia solar] “, explica Ronaldo Custódio, diretor de Engenharia e Operação da Eletrosul. De acordo com ele, o primeiro leilão para comercializar energia da usina deve ocorrer em agosto deste ano. O investimento no projeto, de R$ 9,5 milhões, foi financiado pelo banco de fomento alemão KfW. Considerada sustentável, a energia solar sai mais cara do que opções como as hidrelétricas e termelétricas. Segundo Ronaldo Custódio, uma usina solar, com financiamento em condições idênticas ao de uma hidrelétrica, pode sair de cinco a sete vezes mais cara. Depois de construída, no entanto, ela tem a manutenção menos dispendiosa. “A hidrelétrica até tem um impacto ambiental global menor, embora tenha impacto local tanto do ponto de vista ambiental quanto social”, comenta. Com capacidade instalada de 1.000 quilowatts, o suficiente para atender a 540 residências, a usina é o maior empreendimento na América Latina com produção de energia acoplada a um prédio. Além disso, é a única com esse conceito a gerar energia para comercialização. Para Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Energias Renováveis do Greenpeace Brasil, a usina de energia solar é um marco importante. “Eu acho que é uma iniciativa bem-vinda, junto com Tanquinhos e Tauá [usinas de energia solar respectivamente em Campinas, São Paulo, e no interior do Ceará]. Serve para mostrar que a energia solar é uma opção viável para a segurança energética”, diz. Baitelo acrescenta que as iniciativas de maior porte têm avançado mais do que a implantação de pequeno porte e doméstica da energia solar, que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) buscou incentivar em 2012, aprovando resolução que previa desconto na conta de luz para residências e empresas microgeradoras que fornecessem excedente. “Esse é outro capítulo, que caminha mais devagar. A gente tem alguns problemas a transpor, principalmente o financiamento”. Segundo ele, as linhas de crédito ofertadas pelos bancos atualmente não têm prazos e taxas de juro satisfatórias. “Um projeto de energia solar que atenda a uma família pode custar de R$ 15 mil a R$ 20 mil. Se vai ter uma economia de R$ 30, R$ 40, R$ 50, o ideal é que o custo do financiamento seja esse. Estamos dialogando com governo e bancos. É um mercado com potencial muito grande”, observa.

17


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.