SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 28 DE JANEIRO DE 2015
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Lucro da Petrobras cai 38% no 3º tri; balanço não traz perdas com desvios Fonte Jornal Folha de São Paulo SAMANTHA LIMA DO RIO 28/01/2015 às 09h14 A Petrobras divulgou na madrugada desta quarta-feira (28), após dois adiamentos, o balanço com os resultados da empresa no terceiro trimestre de 2014. A estatal viu seu lucro despencar 38% no período, em comparação com o trimestre anterior, de R$ 4,9 bilhões para R$ 3,1 bilhões. Em relação ao terceiro trimestre de 2013, o lucro caiu 9%. O valor, contudo, não contabiliza o dinheiro perdido em desvios investigados na Operação Lava Jato e nem a perda de valor recuperável de alguns de seus ativos por efeito do escândalo de corrupção. A companhia atrasou o balanço desde 14 de novembro justamente para a realização de tal ajuste. A estatal afirma em balanço que a metodologia que adotou para descontar o valor incorporado indevidamente como investimento, mas desviado em esquema de corrupção entre 2004 e 2012, mostrou-se "inadequada" e, por isso, recuou da promessa de subtrair o valor de seus ativos. A fórmula, diz a Petrobras, tinha "elementos que não teria relação direta com pagamentos indevidos". Em comunicado divulgado com o balanço, a presidente da companhia, Maria das Graças Foster, reconhece a necessidade de ajustes, mas diz que é "impraticável a exata quantificação destes valores indevidamente reconhecidos, dado que os pagamentos foram efetuados por fornecedores externos e não podem ser rastreados nos registros contábeis da Companhia." No documento, Foster disse que a fórmula criada, e posteriormente desprezada, para calcular a extensão dos desvios apontaria a necessidade de ajuste de R$ 61,4 bilhões em seus ativos. Desse total, R$ 88,6 bilhões foram apontados como ajustes necessários para menos e R$ 27,2 bilhões para mais. Foram analisados ativos no valor total de R$ 188,4 bilhões, ou "praticamente um terço do ativo imobilizado da empresa", informa o documento. DECISÃO A decisão de não aplicar a fórmula foi tomada após reunião do conselho de administração da empresa durante toda a terça-feira, em que as inconsistências foram apontadas. A estatal diz que vai "aprofundar" outra metodologia, pedindo informações à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e sua equivalente americana SEC (Securities and Exchange Commission). Segundo as normas contábeis, os valores que a empresa decidir lançar como perda, quando o fizer, serão abatidos dos ativos. Parte dele, ainda impossível de definir, será lançada como despesa no trimestre em que ocorrer, jogando o lucro do período para baixo. Como a Petrobras não fez o ajuste prometido, a empresa alerta que os números serão passíveis de revisão. O comunicado diz que a fórmula adotada ia realizar um ajuste "composto de diversas parcelas de natureza diferente, impossíveis de serem quantificadas individualmente", como câmbio, projeções de preços e margens de insumos e de produtos vendidos, entre outros. SEM AVAL O balanço auditado deveria ter sido apresentado até 14 de novembro de 2014, mas não recebeu o aval da empresa de auditoria PwC (PricewaterhouseCoopers) a legislação do mercado de capitais exige essa auditoria. Depoimento do ex-diretor Paulo Roberto Costa, que cumpre prisão domiciliar, fez a PwC se recusar a assinar o documento até que o efeito da corrupção nos negócios da estatal fosse conhecido e eliminado. Com isso, a Petrobras se viu obrigada a reavaliar os ativos construídos pelas empreiteiras denunciadas por Costa e, desde dezembro, impedidas de fechar contratos com a estatal. 2
O balanço apresentado nesta quarta não atende à lei, mas atende a exigência de credores de parte de sua dívida, que, por contrato, poderiam exigir o vencimento antecipado dos débitos em 30 de janeiro, caso não tivesse um balanço, ainda que não auditado. DESPESAS A empresa atribui a queda do lucro no 3º trimestre às "maiores despesas operacionais, principalmente pela baixa dos valores relacionados à construção das refinarias Premium I e Premium II [no Maranhão e no Ceará]", estimadas em R$ 2,7 bilhões. O documento aponta ainda perdas com PIS/Cofins recolhido indevidamente entre 1999 e 2002. Ao todo, a despesa financeira líquida da Petrobras no trimestre foi de R$ 972 milhões, R$ 32 milhões a mais do que no trimestre anterior. O Ebitda, indicador de geração de caixa, caiu 28%, de R$ 16,246 bilhões para R$ 11,735 bilhões, entre o segundo e o terceiro trimestre de 2014. No último trimestre de 2013, o lucro havia sido de R$ 7,69 bilhões. O indicador dívida/Ebitda, um dos considerados pelo mercado para avaliar o nível de endividamento, cresceu entre o segundo e o terceiro trimestre, de 3,92 para 4,63. A meta de Graça Foster era reduzi-lo para 2,5 até 2015, indicador considerado pelas agências de classificação de risco para manter uma empresa como "grau de investimento". Companhias com tal classificação pagam menos juros ao mercado quando precisam captar dinheiro. PREJUÍZO Dos sete segmentos de negócio da Petrobras, seis tiveram prejuízo operacional. O ramo de Abastecimento da companhia registrou piora ante o segundo trimestre do ano, com perda de R$ 5,180 bilhões, contra R$ 3,883 bilhões no período anterior. No ano, o resultado desfavorável já contabiliza R$ 13,871 bilhões. Já o ramo de Gás & Energia da estatal registrou no terceiro trimestre prejuízo de R$ 271 milhões, ante um lucro de R$ 702 milhões no segundo trimestre. No acumulado do ano, o segmento registrou um saldo positivo de R$ 946, ante R$ 1,262 bilhão em 2013. Já o ramo de biocombustíveis da estatal ampliou as perdas de R$ 66 milhões no segundo trimestre para R$ 89 milhões no período subsequente. O segmento de Exploração & Produção foi o único a registrar saldo positivo, com lucro líquido de R$ 10,131 bilhão. O resultado, no entanto, é 6% menor do que o registrado no trimestre anterior, de R$ 10,793. No ano, o segmento registra lucro líquido de R$ 31,578 bilhões.
Cálculo desprezado pela Petrobras trazia perda de R$ 88,6 bi com desvios Fonte Jornal Folha de São Paulo SAMANTHA LIMA DO RIO 28/01/2015 às 10h07 O valor inicialmente apresentado como perda pela presidente da Petrobras, Graça Foster, a seus colegas de conselho de administração, na reunião desta terça-feira (27), apontava uma necessidade de baixa de R$ 88 bilhões nos ativos. Esse era o número final resultante da conta feita pela empresa para eliminar de seus ativos os valores indevidamente incorporados como investimentos, mas que, na verdade, foram desembolsados em propinas e contratos superfaturados, conforme indicaram as investigações da Operação Lava Jato. Depois de 10 horas de reunião, a empresa decidiu não fazer o ajuste no balanço, por não ter chegado ao consenso sobre a fórmula empregada. O balanço com os resultados do terceiro trimestre de 2014, divulgada na madrugada desta quarta-feira (28), mostrou uma queda de 38% do lucro em comparação com o trimestre anterior, de R$ 4,9 bilhões para R$ 3,1 bilhões. A Folha apurou que a conta que a Petrobras acabou descartando havia descoberto que, dos US$ 18,5 bilhões gastos em sua construção, a refinaria de Abreu e Lima, recém inaugurada, valia, na verdade, US$ 7 bilhões, e o Comperj, que deve ser inaugurada em 2016, teria seu valor revisto para zero. Ou seja, nada do que foi investido até agora neste projeto, orçado em US$ 13,5 bilhões, teria retorno. 3
Esses valores, descartados, foram calculados usando o método de "fluxo de caixa descontado", que considera a previsão de rentabilidade de um projeto frente aos custos do investimento. REUNIÃO A reunião, marcada para as 11h, iniciou-se com quase duas horas de atraso, devido a ajustes e discussões finais em relação à demonstração dos resultados do terceiro trimestre, que ali seria apresentada. Normalmente, a reunião se dá por teleconferência entre São Paulo, Rio e Brasília, mas, nesta, quase todos foram à capital paulista, com exceção dos conselheiros Márcio Zimmermann, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, e Sérgio Quintela, vice-presidente da Fundação Getulio Vargas. Eles permaneceram, respectivamente, em Brasília e no Rio. Quitella preside também o conselho de auditoria da Petrobras, responsável pelo contato da empresa com seus auditores independentes, a PwC (PricewaterhouseCoopers). Graça iniciou a reunião mostrando que que, além dos R$ 88,6 bilhões identificados como ajuste "para baixo", outros ativos estavam subavaliados em R$ 27,2 bilhões. Este ajuste a mais, porém, não pode ser feito, e a baixa teria de ser dos R$ 88,6 bi, mesmo. Logo após apresentado o valor, o sócio da PwC Marcos Panassol alegou que a baixa estava incorporando inadequadamente diversas variáveis, o que estaria jogando para cima de forma errada a necessidade de desconto por corrupção. METODOLOGIA DESCARTADA A necessidade de subtração dos valores atribuídos à corrupção que a Petrobras vem tentando fazer atende a uma determinação da PwC, feita à estatal em outubro, logo depois de o exdiretor da empresa, Paulo Roberto Costa, ter afirmado à Justiça que integrou o esquema, entre 2004 e 2012. O comunicado que saiu com o balanço, na madrugada desta quarta-feira (28), detalha a questão apontada pela PwC, ao informar que o motivo do descarte da metodologia foi que o "ajuste era composto de diversas parcelas de naturezas diferentes, impossíveis de serem quantificadas", entre elas mudanças em projeções de preços e margens de insumos e produtos comercializados, câmbio, dentre outros. Na semana passada, a Folha informou que o ajuste vinha sendo feito pela Petrobras com ajuda de consultores externos Deloitte e BNP Paribas, contratados com anuência da PwC. DISCUSSÃO Deu-se, em seguida, na reunião, uma longa discussão sobre de que forma e em que momento os ajustes deveriam ser feitos. Um dos três conselheiros independentes, Mauro Cunha, que representa os minoritários donos de ações ordinárias, defendeu, então, que o balanço fosse divulgado mesmo sem os ajustes, uma vez que, mesmo que as baixas fossem lançadas, a PwC não anexaria seu parecer, como requer a legislação do mercado de capitais. O principal motivo era a necessidade de evitar vencimento antecipado de dívidas, que ocorreria caso um balanço não auditado não fosse apresentado até a próxima sexta-feira. Esses vencimentos antecipados ocorreriam em 30 dezembro, mas, duas semanas antes, a Petrobras havia pedido extensão do prazo a tais credores, porque ainda não tinha conseguido fechar o balanço com os ajustes da corrupção. REVISÃO A Petrobras identificou que quase um terço de seu ativo imobilizado, ou R$ 188,4 bilhões de um total de R$ 600 bilhões, precisariam ser revistos porque foram identificados neles pagamentos indevidos de recursos, desviados em propinas e superfaturamentos. Segundo a estatal, esses são os projetos que tiveram etapas feitas entre 2004 e 2012 pelas 23 empreiteiras apontadas Operação Lava Jato. A empresa arquivou suas demonstrações sem os ajustes esperados na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) na madrugada desta quarta-feira. 4
Mesmo sem ter feito as baixas, uma grande perda já foi contabilizada. Como decidiu engavetar as refinarias Premium 1 e 2, que seriam erguidas no Maranhão e no Ceará, foi obrigada a reconhecer uma perda de R$ 2,7 bilhões. Os projetos estavam ainda na fase de terraplanagem. Não há previsão de quando serão retomados.
As boas novas de Dilma 2 Fonte Jornal Folha de São Paulo 28/01/2015 às 02h00 Vamos supor que a presidente Dilma Rousseff tenha acordado de sonhos intranquilos, os quais acabou por anotar quando acordou em uma madrugada de sono ruim e, enfim, transformou em parte do discurso que leu ontem na primeira reunião ministerial. Assim, a gente fica desobrigada de discutir essa versão revisionista mal-ajambrada da sucessão de equívocos econômicos que foi o seu primeiro governo, para dizer tudo de modo caridoso. Como demonstração de desejo de paz na terra e de boa vontade, a gente então pode se concentrar nas notícias animadoras do discurso, ou pelo menos prestar atenção aos atos de contrição subliminares, que a presidente traduziu em boas novas. A presidente disse que seu governo vai lançar um "Programa de Desburocratização e Simplificação das Ações de Governo". O colunista, a caminho dos 50 anos, era adolescente quando o Brasil teve um Ministério da Desburocratização. Era chefiado por Hélio Beltrão, que aparecia muito no "Fantástico", da Globo, antes ou depois de reportagens sobre a cura do câncer. O ministro então declarou extintos o espantoso "atestado de vida" e o reconhecimento de firmas, que, no entanto, resiste. Logo, a gente tende a ficar desconfiada da cura do câncer, quer dizer, da burocracia crônica, um dos desastres silenciosos da produtividade brasileira. Mas é um plano de reforma, entre outros lançados ontem pela presidente. Sob Dilma 1, não houve nem promessa disso, ao contrário. A presidente prometeu também um plano ampliado de privatizações, ou melhor, concessões de infraestrutura: rodovias, portos, aeroportos, hidrovias, dragagem de portos. Sem ironia, trata-se um dos raros meios à disposição do governo de dar algum impulso ao crescimento econômico a partir de 2016. O programa estará a cargo do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que os céus o alumiem, pelo menos, caso a gente enfrente a desgraça de um outro racionamento de eletricidade. Se o programa de concessões der certo, vamos esquecer enfim que a presidente não gostava nada dessa ideia até o início de seu governo, mas cedeu, dadas as premências da realidade, e privatizou algumas estradas e aeroportos. Ainda não gostava muito dessa ideia quando procurou restringir de modo equivocado preços de negócios de rodovias ou geração de energia, por exemplo, o que atrasou a melhoria de estradas e a produção de eletricidade, além de derrubar ainda mais o investimento quando a economia brasileira já rastejava. "Restringir de modo equivocado", ressalte-se a expressão, pois fazendo bons leilões e leis de concessão o preço acaba sendo bom, não havendo carteis bandidos e amigos deles no governo. A presidente prometeu ainda um "Plano Nacional de Exportações", com o objetivo de aumentar a variedade e o volume das exportações brasileiras. Muito bem, embora a gente não saiba o que virá dentro desse pacote. No entanto, a gente sabe que, para exportar mais e melhor, muita vez é preciso importar também –considere-se o caso de sucesso da Embraer. Logo, a gente espera que a política comercial de Dilma 2 seja menos protecionista: que proteja a economia nacional de modo inteligente.
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A incerteza da política macroeconômica está sempre associada à irresponsabilidade fiscal dos governos Fonte Jornal Valor Econômico Ernesto Lozardo28/01/2015 às 05h 00 Distorções encontram-se também na matriz de rentabilidade, liquidez e segurança dos instrumentos financeiros do mercado financeiro. O ministro enfatizou a urgência na "harmonização da tributação dos instrumentos e veículos de investimentos". As isenções ou estímulos fiscais aos instrumentos financeiros deveriam torná-los mais competitivos dentro de um espectro de rentabilidade, prazo de vencimento, risco e liquidez. Ele sugere corrigir a teia de incentivos fiscais dos instrumentos financeiros que distorce a competitividade destes. A decolagem dos elevados investimentos demandados no programa de infraestrutura (saneamento, mobilidade urbana, portos, ferrovias, estradas, aeroportos regionais, petróleo e gás), estimados em um valor superior a R$ 1 trilhão, equivalente a 20% do PIB, dependerá da racionalidade e harmonização da atual matriz de juros no mercado financeiro. Por exemplo, as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e as Letras de Crédito Agrícola (LCAs) competem com as debêntures incentivadas para financiar a infraestrutura nacional. Elas diferem em níveis de riscos, vencimento e rentabilidade. No entanto, a caótica matriz de rentabilidade real faz com que os investidores prefiram essencialmente a liquidez. A permanência da atual desarmoniosa matriz de rentabilidade, liquidez e segurança os investidores preferirão os veículos de curto prazo, retraindo o processo de expansão dos investimentos em projetos de infraestrutura. Por conta disso, os fundos de pensão estão desinvestindo parte das suas carteiras as debêntures de infraestrutura. No tocante à consistência da política macroeconômica, a mensagem do ministro foi inequívoca: a imprevisibilidade do mercado é incontestável, mas a da política macroeconômica é mortal. A incerteza da política macroeconômica, via de regra, está sempre associada à irresponsabilidade fiscal dos governos. Esse fato tem sido o principal causador do ínfimo crescimento, da baixa produtividade dos fatores de produção e da perda de confiança dos agentes econômicos. A recuperação do equilíbrio das contas públicas do governo federal e a "harmonização" da rentabilidade real dos instrumentos financeiros estimularão o "espírito animal" dos investidores e empresários, substituindo a irracionalidade das "pedaladas fiscais e creditícias". Apesar de todos esses bons presságios da nova política macroeconômica, o tempo de resultados poderá ser fatal. O Plano Real foi exitoso na redução e estabilidade dos preços, mas faltaram estratégias para elevar e sustentar o crescimento econômico. Neste ano, o governo federal precisará apresentar a estruturação do crescimento por meio da reindustrialização, da abertura comercial, dos acordos comerciais, como as parcerias comerciais do Pacífico e do Atlântico. Sem essas dimensões de prosperidade a nova política macroeconômica limitar-se-á, unicamente, aos feitos do Plano Real. A globalização deve ser encarada como uma realidade pelos seus desafios e ameaças. O Brasil tem pressa. Na democracia, a política macroeconômica tem de mostrar resultados no curto prazo. "No longo prazo, estaremos todos mortos", como alertou John M. Keynes. Portanto, o aspecto crucial da nova política macroeconômica, liderada pela tróica dos ministros Levy-BarbosaTombini, será apresentar queda consistente dos juros e da inflação, aumento efetivo do superávit primário e sinais de recuperação do crescimento econômico em menos de 12 meses. Mesmo que a economia tenha uma pequena taxa de crescimento, esta será muito melhor por se tratar de crescimento sustentável e crível, e não recheado de anabolizantes. 6
Neste ano, confirmado os resultados esperados da macroeconomia, os primeiros passos à retomada do crescimento, poder-se-a relançar o programa de investimentos de infraestrutura dos Estados e do governo federal, estimular a abertura de capitais das empresas de pequeno e médio portes, criar novos programas habitacionais e promover exportações. Em resumo, apesar dos bons fundamentos da nova política econômica, 2015 não poderá ser um ano de recessão. Ela terá de ser eficiente e positiva no curto prazo. Essa é a expectativa da sociedade, dos agentes econômicos e financeiros e da base aliada do governo Dilma.
A Grécia e o "default" de estadistas Fonte Jornal Valor Econômico Martin Wolf 28/01/2015 às 05h 00 Às vezes, o mais certo a fazer é o que de mais sensato houver. É esse o caso da Grécia agora. Feita corretamente, a redução da dívida beneficiaria a Grécia e o resto da região do euro. Criaria dificuldades. Mas seriam menores do que as criadas por jogar a Grécia aos lobos. Infelizmente, alcançar um acordo do tipo talvez seja impossível. Por isso, a ideia de que a crise da região do euro acabou está errada. Ninguém pode se dizer surpreso com a vitória na Grécia do partido esquerdista Syriza. Em meio à "recuperação", o desemprego está em 26% da força de trabalho. Entre os jovens, chega a 50%. O Produto Interno Bruto (PIB) também está 26% abaixo de seu pico pré-crise. Neste caso, contudo, o PIB é um indicador particularmente inapropriado da piora no bem-estar econômico. O déficit em conta corrente no terceiro trimestre de 2008 era de 15% do PIB, mas há superávits desde o segundo semestre de 2013. Portanto, os gastos dos gregos em bens e serviços caíram pelo menos 40%. Em vista dessa catástrofe, não é surpresa alguma os eleitores terem rejeitado o governo anterior e as políticas que adotou em nome dos credores. Como disse o novo primeiroministro, Alexis Tsipras, a Europa está fundamentada no princípio da democracia. O povo da Grécia falou. Os donos do poder, no mínimo, precisam ouvir. Ainda assim, tudo o que se ouve indica que os pedidos por um novo acordo sobre a dívida e a austeridade vão ser rejeitados. Duas proposições moralistas atrapalham o caminho em direção a uma resposta razoável às necessidades da Grécia. O rumo mais apropriado é reconhecer as justificativas para um alívio das dívidas, condicionado a avanços verificáveis nas reformas. Políticos vão rejeitar a ideia. Estadistas vão aferrar-se a ela. Em breve saberemos quem é quem A primeira proposição é a de que os gregos pegaram dinheiro emprestado e, portanto, estão obrigados a pagá-lo, não importa quanto lhes custe. É praticamente a mesma atitude que outrora sustentava a prisão de devedores. A verdade, entretanto, é que os credores têm a responsabilidade moral de emprestar de forma sensata. Quando não analisam adequadamente a quem emprestam, merecem o que venha a lhes acontecer. A segunda proposição é a de que, desde a chegada da crise, o resto da região do euro foi extraordinariamente generoso com a Grécia. Isso, também, é falso. Certamente, os créditos fornecidos pela região do euro e Fundo Monetário Internacional (FMI) totalizam a imensa soma de € 226,7 bilhões (cerca de 125% do PIB), o que equivale a cerca de 70% da dívida pública total, de 175% do PIB. A soma, contudo, foi usada em sua grande maioria não para beneficiar os gregos, mas para evitar a necessidade de dar baixa contábil nos créditos concedidos ao governo grego e aos bancos gregos. Apenas 11% do dinheiro financiou diretamente atividades do governo. Outros 16% foram para o pagamento de juros. O resto foi usado em operações de capital de vários tipos: o dinheiro entrou e voltou a sair. Uma política 7
mais honesta teria sido diretamente socorrer os bancos. Mas isso teria sido embaraçoso demais. Como apontam os gregos, o alívio de dívidas é algo normal. A Alemanha, caloteira em série de suas dívidas externa e doméstica no século XX, foi uma beneficiária. O que não pode ser pago, não vai ser pago. É ilusão a ideia de que os gregos vão ter grandes superávits fiscais por uma geração para pagar um dinheiro que os governos credores usaram para salvar bancos privados da própria irresponsabilidade. Então, o que deveria ser feito? A escolha pende entre o apropriado, o conveniente e o perigoso. Como argumenta Reza Moghadam, antigo chefe do departamento europeu do FMI: "A Europa deveria oferecer um alívio substancial das dívidas -cortando pela metade a dívida da Grécia e cortando pela metade o equilíbrio fiscal requerido - em troca de reformas". Isso, acrescenta, seria consistente com um endividamento substancialmente abaixo da marca de 110% do PIB, acertada pelos ministros da região do euro em 2012. Tais reduções, entretanto, não deveriam ser oferecidas de forma incondicional. A melhor abordagem foi estabelecida na iniciativa do FMI e Banco Mundial conhecida como Países Pobres Altamente Endividados (PPAE), lançada em 1996. Sob suas condições, o alívio de dívidas é outorgado apenas depois de o país cumprir critérios bem precisos de reformas. O programa seria benéfico para a Grécia, em necessidade de modernização política e econômica. A abordagem politicamente conveniente seria continuar com a "rolagem e fingimento". Sem dúvida, há formas de adiar ainda mais o dia do ajuste de contas. Também há formas de reduzir o valor presente dos juros e dos pagamentos, sem reduzir o valor de face. Tudo isso permitiria à região do euro evitar deparar-se com a questão moral do alívio das dívidas em outros países atingidos pela crise, mais notavelmente a Irlanda. Tal abordagem, no entanto, não tem como trazer o resultado honesto e transparente tão urgentemente necessário. A abordagem perigosa seria levar a Grécia à inadimplência. Isso provavelmente criaria uma situação em que o Banco Central Europeu (BCE) não se sentiria mais capaz de operar como banco central da Grécia. Isso, então, forçaria o país a sair da união monetária. O resultado para a Grécia no curto prazo certamente seria catastrófico. Meu palpite é que isso também reverteria por uma geração qualquer avanço em direção à modernização. Os danos, contudo, não se limitariam à Grécia. Mostrariam que a união monetária da região do euro não é irreversível, mas meramente um duro regime de câmbio fixo. Seria o pior dos dois mundos: a rigidez do câmbio fixo, sem a credibilidade da união monetária. Em cada nova crise, todos se perguntariam se aquele seria o "momento de saída". O resultado seria instabilidade crônica. Criar a região do euro é a segunda pior ideia monetária que seus membros provavelmente já tiveram. Desmembrá-la é a pior. É o que pode acontecer, entretanto, caso se pressione a Grécia a sair. O rumo mais apropriado é reconhecer as justificativas para um alívio das dívidas, condicionado a avanços verificáveis nas reformas. Políticos vão rejeitar a ideia. Estadistas vão aferrar-se a ela. Em breve, saberemos quem faz parte do primeiro time ou do segundo.
Mercado de trabalho dá sinais de enfraquecimento Fonte Jornal Valor Econômico28/01/2015 às 05h 00 A expansão do mercado de trabalho foi uma das principais bandeiras da presidente Dilma Rousseff na campanha de reeleição de 2014. A poucos dias do segundo turno, em carreata no 8
Rio de Janeiro, a presidente disse que a decisão dos eleitores seria entre os que "colocam as pessoas no centro de tudo e defendem o emprego e os salários" e os que "se ajoelharam para o FMI". Ironicamente, porém, o ano passado foi marcado pelo menor registro de criação de emprego desde 2002. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) informam que foram criadas 396,9 mil novas vagas em 2014, pouco mais de um terço do registrado em 2013. Nos quatro anos do primeiro mandato de Dilma, os novos empregos formais totalizaram 5,3 milhões, incluindo os dados entregues fora do prazo, número inferior aos 7,4 milhões abertos no segundo mandato e aos 5,6 milhões do primeiro mandato do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. A criação de postos formais de trabalho está em queda desde o início da administração de Dilma e reflete a perda de vitalidade da economia, que teve um crescimento médio anual inferior a 1,5%, na contramão da escalada de estímulos fiscais e monetários distribuídos pela presidente. O desempenho foi pior no ano passado, quando a economia enfrentou recessão no primeiro semestre, influenciado pela paradeira das atividades ocasionada pela Copa do Mundo, e resultado fraco no segundo, afetado pelo clima de indefinição gerado pela disputa eleitoral. Mas dezembro, tradicionalmente um mês ruim para o mercado de trabalho, marcado pelas demissões dos temporários contratados para o fim do ano, registrou o fechamento de 555,5 mil vagas e foi fundamental para o resultado ruim do ano. O mercado de trabalho foi um verdadeiro espelho da economia em 2014. A indústria da transformação foi o segmento que mais perdeu vagas no ano passado, 163,8 mil, abalada pela queda de 3,2% da produção industrial de janeiro a novembro. A construção civil foi o segundo setor mais afetado, com redução de 106,5 mil vagas no ano. O setor de serviços contrabalançou, com a criação de 476,1 mil vagas, seguido pelo comércio, com 180,8 mil novos postos. Nos quatro anos do governo Dilma, os serviços foram os responsáveis por metade dos empregos criados, com 2,69 milhões de novas vagas. Segundo o professor Jorge Arbache (Valor 12/12/2014 e 19/01/2015), o setor de serviços responde por nada menos que 70% do Produto Interno Bruto (PIB), 74% da força de trabalho e por 83 de cada 100 novos postos de trabalho formal. Tanta relevância na economia, porém, é uma anomalia, segundo o professor. Arbache explica que o padrão de crescimento da economia brasileira na última década, puxado pela expansão da renda, desenvolveu a demanda por serviços de baixo valor agregado como cabeleireiro, telefonia celular e internet, enquanto que os serviços sofisticados perderam espaço com o enfraquecimento da indústria. Os serviços que predominam são de baixa produtividade e valor agregado. Mas até o setor de serviços vem perdendo o fôlego. O desempenho mais fraco do mercado de trabalho ainda não se reflete nos dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dada a diferença de metodologia e de abrangência das duas pesquisas. Enquanto o Caged engloba o emprego formal em todo o país, a PME acompanha também o informal em seis regiões metropolitanas. Mas é inevitável que a situação do mercado de trabalho seja levada em conta na definição do ajuste econômico que foi tema da reunião ministerial realizada ontem. As perspectivas para a economia neste ano já são até mais pessimistas do que o resultado esperado para 2014 por causa das medidas fiscais necessárias para ajustar as contas públicas, da elevação dos juros, das restrições de energia e de abastecimento de água e do cenário internacional. Pesquisa Focus divulgada nesta semana revelou a redução da taxa projetada para o PIB deste ano de 0,38% para 0,13%. 9
Normalmente otimista, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, evitou fazer previsões sobre o mercado de trabalho neste ano. Provavelmente não quis correr o risco de errar, como aconteceu em 2014, quando começou o ano prevendo a abertura de até 1,5 milhão de vagas, reduziu posteriormente o número para 1 milhão, e não acertou.
Fatores 'imponderáveis' estão jogando contra o país, diz Loes Fonte Jornal Valor Econômico Tainara Machado 28/01/2015 às 05h 00 Loes, do HSBC: Apesar do pessimismo neste ano, Brasil pode crescer 2,8% em 2016 caso o ajuste seja bem conduzido O ajuste macroeconômico "rápido e duro" que tem sido sinalizado pela nova equipe econômica pode levar o Brasil a entrar em recessão em 2015, mas a recuperação da atividade, nesse cenário, seria também mais rápida, afirma Andre Loes, economista-chefe para América Latina do HSBC. Em dezembro, Loes já estimava queda de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Um dos primeiros economistas a falar em recessão, Loes acredita que o Brasil pode crescer 2,8% já em 2016, caso o ajuste seja bem conduzido. O crescimento mais forte, diz, virá da retomada da confiança e dos investimentos do setor industrial, taxa de câmbio mais favorável às exportações e recuperação do consumo. O problema, afirma, é que os "imponderáveis" parecem estar, quase todos, contra o Brasil. Os ganhos com investimentos em infraestrutura, por exemplo, poderiam ser mais rápidos, mas a paralisa no setor com a Operação Lava-Jato pode levar o investimento em infraestrutura a cair 20% neste ano. Outros "imponderáveis" são a queda dos preços das commodities e o risco de racionamento de água e energia no Brasil. A seguir, os principais trechos da entrevista: Valor: O ministro da Fazenda tem sinalizado algumas mudanças na condução da política econômica, com ajuste fiscal e redução de subsídios setoriais. O ajuste é possível? Andre Loes: Acho que as sinalizações dadas pela nova equipe econômica são muito positivas. Com os aportes para o setor elétrico e para o BNDES, o Tesouro assumiu um fardo muito grande, o que levou a uma piora do resultado fiscal. Em 2014, o crescimento foi baixo e atrapalhou a arrecadação, mas parte relevante da piora veio do aumento de subsídios. É preciso reverter essa situação, ou corremos o risco de perder o grau de investimento. Não sei se o superávit primário vai ser de 1,2% do PIB, mas o que os investidores querem ver é mudança de curso. Então se o resultado for de 0,9% do PIB e governo mostrar que está caminhando para entregar 2% em 2016, a reação será boa. Valor: O pacote da semana passada ainda não é suficiente? Loes: Para o ajuste total, não. Para chegar na meta, o ajuste tem que ser de R$ 80 bilhões. A elevação da Cide, as demais medidas anunciadas no mesmo dia, o restabelecimento da alíquota de IPI e as medidas de readequação de direitos trabalhistas somam cerca de R$ 50 bilhões. Caso o governo não consiga trabalhar muito o lado do gasto, acho que CPMF é uma possibilidade, por mais que a gente saiba que tem custo político e resistência no Congresso. Valor: O ajuste é necessariamente recessivo? Loes: Ao fazer ajuste fiscal, o governo está subtraindo recursos do setor privado, com intuito de poupar. Se é bem feito, as expectativas do setor privado começam a melhorar, os projetos 10
de investimento saem das gavetas, a demanda privada começa a se contrapor a essa redução de gasto público. Agora, o primeiro impacto é sempre contracionista. Aumento de superávit primário é política contracionista. Valor: Mas dá pra esperar que o fim do ano seja mais positivo? Loes: Tenho a impressão que o Joaquim [Levy, ministro da Fazenda] vai tentar fazer um ajuste duro no início para reverter rapidamente as expectativas. Essa é a maneira mais correta de fazer o ajuste. Você sai mais rapidamente da lógica de contração para lógica de expansão. Tudo que tem sido proposto até agora vai nesse sentido. Valor: Como se comporta o investimento nesse cenário? Loes: Temos no nosso cenário uma queda de 7% do investimento, e a estimativa tem um quê de "impressionismo" do que pode acontecer no setor de infraestrutura. Os relatos são de paralisação de decisões no momento. Se isso durar seis meses, o investimento do setor pode cair 20% neste ano, em relação a 2014. Não fosse isso, talvez o investimento até ficasse estável. Valor: O cenário contempla racionamento de energia e água? Loes: Não. Se houver racionamento, o crescimento será pior. Mas acho que o impacto é menor do que em 2001, pois hoje o racionamento não seria uma surpresa para consumidores e empresários. Valor: Alguns analistas começam a falar em convergência da inflação para a meta em 2016. É o cenário mais provável? Loes: A inflação brasileira é resistente à queda, mas não é uma rocha. Mas acho difícil em 2016 ter convergência tão grande. Estimamos inflação de 5,3% no ano que vem, e mesmo assim vai depender de evolução do setor elétrico. Se as chuvas continuarem muito ruins, os custos de geração vão seguir altos e os repasses para os consumidores podem ser maiores. Infelizmente, os imponderáveis estão mais para o lado ruim. Valor: Então o que vai trazer esse crescimento de 2,8% que vocês projetam no próximo ano? Loes: Em parte, é o consumo. A demanda vai crescer só 0,5% em 2015, e depois volta a crescer 2% em 2016. Mas ainda é um crescimento abaixo de 3%. Para crescer mais, precisamos resolver problemas estruturais que se armaram e são relevantes. Valor: Quais são os principais? Loes: A infraestrutura. Espero que governo volte com concessões e isso pode ser muito positivo. É tão premente que a gente não tem nem ideia da melhoria de custos que esses ganhos podem acarretar. Mais para a segunda metade deste mandato podemos ver esses resultados. A agenda é de ganho de produtividade. Não é forma fácil de crescer, mas é mais sustentável. Valor: A redução de preço do petróleo ajuda ou atrapalha? Loes: A redução de preço de petróleo é positiva para Petrobras, que estava subsidiando valor da gasolina, e pode ser positiva para inflação. Mas os preços das commodities se correlacionam e as demais tendem a acompanhar a queda do barril. E aí é ruim para o Brasil, já que 65% das exportações são commodities, enquanto só 25% são importações desses produtos. A variável de ajuste é a taxa de câmbio. O HSBC tem projeção de R$ 2,80 de média 11
para 2015, e de R$ 3 para o fim do ano. Agora, isso é bom para vários setores. Começa a ajudar mais a indústria, que de fato ficou muito exposta. Valor: O setor externo está entre os imponderáveis negativos para Brasil em 2015? Loes: Temos visão pior para economia global. Neste primeiro semestre, o cenário é ruim para mercados emergentes, com commodities em queda e economias desenvolvidas ainda fracas. Quando há essa piora, começam a apontar os mais frágeis, e o Brasil tem sido colocado nesta lista. De fato ficou mais frágil com piora fiscal e pode ter maior volatilidade da taxa de câmbio, por exemplo. Mas se o critério para falar de crise for balanço de pagamentos, estamos mais preparados do que na maior parte da história do país.
Produção industrial tem queda expressiva em dezembro, aponta CNI Fonte Jornal Valor Econômico Lucas Marchesini 28/01/2015 às 05h 00 BRASÍLIA - A produção industrial teve queda expressiva em dezembro, acompanhada pela redução no número de empregados do setor. Ainda assim, o volume de mercadorias estocadas ficou acima do esperado pelas empresas, apesar de ter registrado queda. Este é o cenário mostrado pela pesquisa mensal “Sondagem Industrial”, divulgada nesta terça-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice que mede a produção industrial caiu para 38,3 pontos em dezembro, o menor resultado da série histórica mensal da pesquisa, iniciada em janeiro de 2010. Em novembro, o indicador marcava 45,4 pontos e, em dezembro de 2013, 40,2 pontos. O indicador varia de zero a cem pontos, sendo que valores abaixo de 50 representam queda na produção em relação ao mês anterior. “Embora a queda seja esperada pela sazonalidade do período, a intensidade do recuo chama atenção”, avaliou a CNI no estudo. A entidade também observou que a intensidade da queda da produção na passagem de novembro para dezembro de 2014 “foi a maior da série”. Com a queda na produção, a indústria ficou ainda mais ociosa. O porcentual médio de Utilização da Capacidade Instalada (UCI) caiu para 68% no mês passado, ante 73% em novembro. Em dezembro de 2013, a UCI estava em 70%. O indicador relativo à utilização de capacidade efetiva-usual, que considera o UCI comum para o mês, fechou dezembro em 38,6 pontos, frente a 41,5 pontos em novembro. Ou seja, a diferença entre a utilização da UCO em relação ao usual foi maior em dezembro do que em novembro. Os estoques, por sua vez, caíram na mesma comparação, de acordo com a CNI. O índice de evolução de mercadorias estocadas foi de 47,5 pontos no último mês. Em novembro, esse indicador foi de 50 pontos. Esse resultado levou os estoques a diminuírem em relação ao esperado para o mês. O indicador de estoques efetivos/planejados foi de 50,5 pontos no último mês, ante 51,5 pontos em novembro. Já o emprego continuou a diminuir no setor, mas agora de forma mais intensa. O indicador do número de empregados na indústria foi de 44,2 pontos no último mês, ante 46,4 pontos em novembro e um resultado igual em dezembro de 2013.
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As estratégias para 2015 dos gestores mais rentáveis Fonte Jornal Valor Econômico Sérgio Tauhata28/01/2015 às 05h 00 Ano difícil, afirmam em uníssono os gestores responsáveis pelos fundos ativos de melhor performance em 2014 ao analisar as perspectivas para 2015. Os motivos? Racionamentos de água e energia, Petrobras, PIB quase zero e dólar forte, no Brasil; commodities em baixa, desaceleração chinesa e subida de juros americanos, no exterior. Os eventos representam os principais riscos a serem monitorados neste ano, segundo o grupo. A luz no fim do túnel para a bolsa, no entanto, pode vir do governo. "Por mais recessivos que sejam em um primeiro momento, os ajustes anunciados pela nova equipe econômica são positivos no longo prazo", considera Fabio Spinola Vianna, sócio gestor da Apex Capital. "Com a nova equipe econômica você pode ter um cenário para três anos: depois dos ajustes, o mercado anteciparia expectativa de um ambiente no qual o país possa voltar crescer", acrescenta Carlos Eduardo Rocha, o Duda, sócio responsável pela área de gestão de recursos do Brasil Plural. Apesar do consenso em relação aos riscos, o cenário resultante de todos os fatores, positivos e negativos, para o ano, entretanto, divide opiniões. "Acho que 2015 pode ser um ano com ótimas oportunidades de compra", afirma Vianna, da Apex. "No momento em que o fiscal sair de uma perspectiva negativa para uma positiva e [o governo] conseguir convencer o mercado de que isso é duradouro, o cenário se torna positivo para a renda variável", considera. E, para o gestor, a mudança pode ocorrer no segundo semestre. Nesse cenário, diz Vianna, "a bolsa estaria barata". Segundo José Zitelmann, chefe de renda variável do BTG Pactual, neste ano a gestora deverá ser ainda mais seletiva que em 2014. "Este ano não vai ser muito diferente do ano passado, talvez mais difícil. A gente procura investir em empresas vencedoras e que têm uma dinâmica própria de crescimento. Em 2014, Renner, Itaú, BB Seguridade e BRF foram exemplos de cases e que podem manter a performance mesmo em cenário adverso", explica. Na visão de Alexandre Silverio, sócio responsável pela gestão dos fundos da Quest, 2015 "vai ser um ano de passagem que estou chamando de ponte". Para o gestor, a expectativa é que as medidas anunciadas pela equipe econômica interrompam uma deterioração e mude as bases para uma retomada da economia a partir de 2016. "Diante disso a gente se posicionou em alguns papéis que se beneficiam dessa correção de rota, como concessões rodoviárias", explica. Em relação ao cenário de atividade fraca, a gestora optou por uma carteira defensiva, "com preponderância de setores que dependem menos da atividade econômica para se recuperar". Silverio cita empresas de papel e celulose, de perfil exportador, que se beneficiam de um dólar mais forte. O diretor da XP Gestão de Recursos, Patrick O'Grady, também considera importante garimpar empresas descoladas da atividade econômica. "Mantemos a preocupação do ano passado, de selecionar empresas, passando por um processo de crescimento de lucratividade mais particular a ela." O'Grady aponta empresas do setor financeiro como um exemplo desse tipo de papel. "Nos serviços financeiros, como Cetip e BB Seguridade, há demanda cativa. No setor bancário, estamos vendo uma história muito particular, com bancos públicos puxando o freio, e os privados com mais espaço para crescer", diz. Entre os papéis para se evitar, Rocha, do Brasil Plural, aponta os de companhias ligadas a commodities. "Os preços baixos das commodities vieram para ficar. É um cenário inverso ao do início dos anos 2000. Estaria fora de siderúrgicas e mineradoras, como a Vale ", pondera o gestor. 13
Brasil mandou energia elétrica para a Argentina na 2ª feira Fonte Resenha ComexData 28/01/2015 O Brasil enviou 200 megawatts (MW) para a Argentina na tarde da segunda-feira, por solicitação do operador do sistema elétrico argentino, a Cammesa, informou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) nesta terça-feira. Segundo o ONS, o intercâmbio de energia do Brasil para a Argentina, de cerca de 17 MW médios, ocorreu das 15h05 às 17h14 em função da redução não programada da disponibilidade de geração naquele país. O intercâmbio ocorreu em um dia em que o total de carga de energia no sistema elétrico interligado brasileiro ficou abaixo do esperado, a 69.772 MW médios. Na semana passada, a Argentina enviou energia para o Brasil por dois dias seguidos, para reforçar o fornecimento do sistema elétrico brasileiro. O ONS e a Compania Administradora del Mercado Mayorista Eletrico (Cammesa) da Argentina assinaram em 1 de janeiro de 2006 um acordo que permite, em situações especiais, troca de energia entre os países, a ser compensada em função de acerto direto entre os dois operadores. Além da Argentina, o Brasil dispõe de interligações de seu sistema elétrico com Uruguai e Paraguai. O intercâmbio ocorre nas situações em que há folga de recursos energéticos e de geração em um país e necessidade em outro, ou para atender a emergências.
Sistema de cooperativas do Sul cresce 34% em 2014 Fonte Portal Economia SC 28 de janeiro de 2015 às 09h 36 Sistema Cecred teve aumento no número de cooperados, que somam 415 mil. Foto: Divulgação O Sistema Cecred, responsável pelo fomento ao cooperativismo de crédito no Sul do Brasil, encerrou o ano de 2014 com um crescimento médio de 34%, acima da meta proposta no planejamento estratégico). O desempenho favorável é constatado em todos os indicadores, mas de forma especial, no avanço do número de cooperados, que somam 415 mil, e no volume de ativos, com R$ 3,3 bilhões. O desempenho positivo das cooperativas do Sistema Cecred em 2014 se repete nos investimentos realizados pelos cooperados, que totalizaram R$ 2,3 bilhões, 35% a mais do que no ano anterior. Assim como na concessão de empréstimos, com saldo de R$ 2,1 bilhões e crescimento de 32% em relação a 2013. Avanços ocorreram ainda no aprimoramento dos serviços e na oferta de novos produtos. Em 2014, lançou o aplicativo para smartphones – Cecred Mobile, os cartões de crédito e débito com as bandeiras Mastercard e Cabal – Cecred Cartões e o Débito Automático Fácil. Um dos principais diferenciais do Sistema Cecred – a participação social dos cooperados e comunidade 14
em eventos educativos e assembleias – somou 291 mil adesões, uma das mais representativas do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo. Para o presidente do conselho de administração da Cecred, Moacir Krambeck, o crescimento se deve à força dos cooperados e união dos colaboradores de todas as cooperativas. “Continuamos a valorizar os princípios e valores do cooperativismo com muita intensidade. E, além disso, desenvolvemos produtos e serviços de acordo com a necessidade dos nossos cooperados. Um sistema que valoriza seus colaboradores e cooperados será, com segurança, uma empresa de sucesso”, afirma. Como reflexo destas conquistas, as cooperativas do sistema vão distribuir este ano, R$ R$ 117 milhões como retorno das sobras de 2014, proporcionalmente à movimentação dos cooperados, que são os donos da cooperativa e participam dos resultados. Em 2015, o Sistema Cecred planeja manter o crescimento médio de 30%. “O planejamento estratégico prevê um avanço com a mesma força, apesar das dificuldades que poderão ocorrer na economia do país. Como já aconteceu em anos anteriores, nos momentos em que a economia do País ameaça sofrer algum tipo de descontrole, as cooperativas crescem em ritmo mais acelerado, pois são regionais e conhecem as necessidades dos seus cooperados”, avalia Krambeck.
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