SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 29 DE AGOSTO DE 2014
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Economia recua 0,6% no 2º trimestre, e país entra em recessão técnica Fonte: Folha de São Paulo Online PEDRO SOARESLUCAS VETTORAZZODO RIO29/08/2014 1003 Sob impacto negativo da Copa, de freada do consumo das famílias e forte retração dos investimentos, o PIB brasileiro caiu 0,6% no segundo trimestre na comparação com os três primeiros meses deste ano. Em valor, o PIB do país somou R$ 1,271 trilhão. Em relação ao segundo trimestre de 2013, a economia do país encolheu em 0,9%. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (29). Como o resultado do primeiro trimestre foi revisado para queda de 0,2% (contra alta de 0,2% informado anteriormente), segundo parte dos economistas, o país entrou em recessão técnica. O termo, entretanto, é controverso. Alguns especialistas questionam a abordagem tradicional de considerar que a queda do PIB por dois trimestres seguidos configura recessão técnica. Eles argumentam que os dois recuos são pequenos e o desemprego no país é baixo. É a primeira recessão técnica desde o fim de 2008, quando houve recuo de 3,9% no último trimestre daquele ano e de 1,6% no trimestre seguinte. Para Silvia Matos, da FGV (Fundação Getulio Vargas), o fato de a economia contrair por dois trimestres não é necessariamente uma recessão, pois as taxas de queda são moderadas (em especial a do primeiro trimestre, que foi revisada) e o mercado de trabalho, já em desaceleração, não se mostra ainda em crise. Ela reconhece, porém, que muitos economistas avaliam o cenário como recessivo. Segundo Rebecca Palis, gerente do IBGE responsável pelo PIB, as revisões são necessárias para aplicar o ajuste sazonal no PIB, o que permite a comparação com o trimestre anterior, excluindo efeitos típicos de cada período (como feriados fixos e maior volume de safra concentrada em um trimestre). Palis disse que é "preciso tomar cuidado" com taxas muito próximas a zero, como a do primeiro trimestre (revista de 0,2% para -0,2%), que pode voltar a ser positiva após nova revisão, nos cálculos do terceiro trimestre. PIOR QUE A PREVISÃO Os resultados apresentados pelo IBGE ficaram piores que as previsões de mercado. A média das projeções de bancos e consultorias apontava para uma queda de 0,4% frente ao primeiro trimestre e de 0,5% na comparação com o mesmo período de 2013, segundo pesquisa da Bloomberg. Com o resultado do segundo trimestre, a economia brasileira acumula alta de 0,5% nos seis primeiros meses deste ano e caminha, segundo analistas, para fechar o ano com um crescimento de só 0,7% se confirmada a projeção, será o pior desempenho desde 2009, quando a queda foi de 0,3%, verificada no auge da crise global. Nos últimos quatros trimestres encerrados em junho, o PIB soma uma alta de 1,4%. Editoria de Arte/Folhapress
Do primeiro para o segundo trimestre, ditaram o tombo do PIB a indústria e os serviços, com quedas de 1,5% e 0,5%, respectivamente. A agropecuária teve leve alta de 0,2%. 2
Ao olhar a economia por outro ângulo (o destino da produção gerada por esses três grandes setores), o consumo das famílias, item de maior peso na composição do PIB, cresceu apenas 0,3%. Já os investimentos em máquinas para a produção, transporte, agropecuária, energia, entre outros, e em construção civil tiveram forte retração de 5,3%. Esse componente é tido como dos mais importantes do PIB, pois sinaliza o quanto a economia terá capacidade de crescer no futuro por meio do aumento da sua capacidade produtiva e da infraestrutura. Até mesmo o consumo do governo (na compra de insumos para saúde, educação e outros serviços públicos) recuou 0,7%. COPA E ESTAGNAÇÃO Para Silvia Matos, economista da FGV, a retração do PIB já era esperada. O efeito da Copa do Mundo, segundo ela, foi mais sentido em junho, no início da competição. Isso porque houve um acumulo maior de feriados excepcionais nas cidades-sede e dias de dispensa antecipada de trabalhadores. Com menos pessoas a produzir, a economia encolheu. "Uma estagnação ou uma pequena queda já era esperada, mas a Copa ajudou o resultado a ser um pouco pior." Editoria de Arte/Folhapress
Desde o fim de 2013, o PIB está estagnado, passado o boom do crédito e sob efeito de juros e inadimplência maiores. Endividadas, as famílias já não têm o mesmo ímpeto para gastar. A inflação maior neste ano (e concentrada em alimentos) também corroeu seus rendimentos, o que freou o consumo de bens de menor essencialidade. Os investimentos, por seu turno, sofrem com a menor confiança de empresários, também com mais juros mais elevados e bancos menos dispostos a emprestar diante das incertezas da economia do país. INDÚSTRIA Sob o prisma da produção, a indústria sente os reflexos do menor consumo (especialmente de bens de maior valor, como veículos) e a competição cada vez maior com produtos vindos do exterior. Até mesmo os serviços, que sustentavam o PIB, já mostraram contração na esteira da crise da indústria (que contrata serviços de transporte, consultorias, empresas de terceirização e outros) e do consumo dos lares do país. Outro fator que inibe o consumo é o esfriamento do mercado de trabalho, segundo Ramos. É que o rendimento cresce menos e com a fraca geração de postos de trabalho nas maiores regiões metropolitanas do país, o cenário é pior: há queda no número de trabalhadores ocupados. COMÉRCIO EXTERIOR De abril a junho, as importações apresentaram queda de 2,4% em relação a igual período do ano passado. No comparativo com o trimestre anterior, o recuo foi menor, de 2,1%. Segundo o IBGE, tiveram destaque negativo na pauta de importações as máquinas e tratores, as compras da indústria automotiva, de equipamentos eletrônicos, de materiais elétricos, da indústria extrativa mineral, dentre outros.
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Por outro lado, as exportações de bens e serviços cresceram 1,9% em relação ao segundo trimestre de 2013. A alta foi ainda maior, de 2,8%, quando comparada com os três primeiros meses de 2014. O índice cresceu impulsionado pelo aumento nas vendas externas de produtos da indústria extrativa mineral (sobretudo petróleo e carvão), da metalurgia, da agropecuária e de outros segmentos.
Entenda o que é o PIB e como é feito o seu cálculo Fonte: Folha de SÃO PAULO Online 29/08/2014 10h45 O PIB (Produto Interno Bruto) é um dos principais indicadores de uma economia. Ele revela o valor de toda a riqueza gerada no país. Segundo divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira (29), o PIB do país caiu 0,6% no segundo trimestre na comparação com os três primeiros meses deste ano. O instituto também revisou para baixo o desempenho do primeiro trimestre, para queda de 0,2%, indicando, segundo analistas embora o termo não haja consenso sobre o termo, que o Brasil entrou em recessão técnica. O cálculo do PIB não é simples. Imagine que o IBGE queira calcular a riqueza gerada por um artesão. Ele cobra R$ 30 por uma escultura de madeira. No entanto, não é esta a contribuição dele para o PIB. Para fazer a escultura, ele usou madeira e tinta. Não é o artesão, no entanto, que produz esses produtos ele teve que adquiri-los da indústria. O preço de R$ 30 traz embutido os custos para adquirir as matérias primas para seu trabalho. Assim, se a madeira e a tinta custaram R$ 20, a contribuição do artesão para o PIB foi de R$ 10, não de R$ 30. Os R$ 10 foram a riqueza gerada por ele ao transformar um pedaço de madeira e um pouco de tinta em uma escultura. O IBGE precisa fazer esses cálculos para toda a cadeia produtiva brasileira. Ou seja, ele precisa excluir da produção total de cada setor as matérias-primas que ele adquiriu de outros setores. Depois de fazer esses cálculos, o instituto soma a riqueza gerada por cada setor, chegando à contribuição de cada um para a geração de riqueza e, portanto, para o crescimento econômico.
Governo tem rombo de R$ 2,2 bi em julho, o pior para o mês desde 1997 Fonte: JornalFolha de São Online SOFIA FERNANDESDE BRASÍLIA 29/08/2014 10h05 As despesas do governo federal de julho superaram em R$ 2,2 bilhões as receitas, informou nesta sexta-feira (29) o Tesouro Nacional. É o pior déficit das contas públicas para um mês de julho de que o Tesouro tem registro. A série estatística tem início em 1997. O resultado é reflexo do desaquecimento da economia. O IBGE informou nesta sexta que a economia recuou 0,6% no segundo trimestre. O instituto também revisou para baixo o desempenho do primeiro trimestre, para queda de 0,2%, indicando, segundo analistas embora o termo não haja consenso sobre o termo–, que o país entrou em recessão técnica. As receitas aumentaram 8,5% no mês, enquanto as despesas tiveram um acréscimo de 11,5%, aumento puxado pelos custos com pagamento de pessoal. Outro fator que pesou para o mau resultado foi a queda no repasse de dividendos das estatais, expediente muito usado pelo Tesouro. Em junho, esse valor foi de R$ 1,5 bilhão, enquanto que em julho esse valor caiu para R$ 5,2 milhões (queda de 99,7%). Em contrapartida, as receitas com compensações financeiras, como royalties, saltaram de R$ 1,9 bilhão em junho para R$ 5,9 bilhões em julho, atenuando o rombo do mês. O Tesouro justifica que essa expansão se deve pelo aumento na produção de petróleo. 4
As despesas com abono salarial e seguro desemprego tiveram uma redução de 40,3% em relação a julho do ano passado, chegando a R$ 4,6 bilhões. O Tesouro tem sido criticado por represamento de recursos para essa finalidade, o que nega. ACUMULADO De janeiro a julho, o governo poupou R$ 15,2 bilhões, o equivalente a 17% das economias prometidas até o fim do ano para o pagamento dos juros da dívida pública. O valor é também 60% menor do que o desempenho fiscal do governo nesse mesmo período no ano passado. O Tesouro vem apontando também como causa dos seus déficits fiscais em junho o rombo foi de R$ 1,9 bilhão os feriados da Copa e seus efeitos no desempenho da atividade econômica.
Editorial: Corda no pescoço Fonte: Jornal Folha de São Online 29/08/2014 02h00 As novas informações sobre as concessões de empréstimos no país, divulgadas pelo Banco Central, evidenciam que também essa área da economia está paralisada, apesar dos esforços do governo. Pior, os juros do crédito livre (sem destinação específica) ao consumidor chegaram a 43,2% ao ano, um recorde desde 2011. Desfaz-se, assim, mais uma das inúmeras fantasias propagadas pela gestão Dilma Rousseff (PT) a de que haveria redução nas taxas escorchantes a que as famílias são submetidas. Não surpreende, pois, que o saldo das operações de crédito tenha desacelerado pelo sétimo mês consecutivo, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em julho, houve expansão de 4,6% (já descontada a inflação), menos da metade do padrão observado de 2011 a 2013. A pequena dinâmica existente deve-se aos bancos estatais. Sua participação no mercado, hoje de 53%, cresceu 18 pontos percentuais desde 2008, quando o governo federal decidiu turbinálos. Enquanto isso, os bancos privados, ressabiados com o ambiente econômico incerto, deixaram o saldo dos financiamentos cair 2,8% em relação a dezembro último. Em termos setoriais, a expansão concentra-se no crédito rural e imobiliário, que são direcionados por lei. Ou seja, as instituições são obrigadas a destinar a essas duas finalidades, com juros mais baixos, um pedaço dos depósitos à vista e na poupança. No segmento livre, as novas concessões estão estagnadas desde 2011. Natural que seja assim. O crédito, por cerca de uma década, cresceu muito além da economia, complementando a renda salarial e sustentando o consumo. O volume total dessas transações mais que dobrou, passando de 25% do PIB em 2004 para 56,1% no mês passado. Agora, contudo, as dívidas já representam 45,7% da renda das famílias, segundo dados do BC. As pessoas se sentem com a corda no pescoço, por assim dizer, e ninguém gosta de apertar o nó. No caso das empresas, a baixa demanda de crédito reflete a falta de confiança na economia. Verificadas tais tendências, o governo adotou mais medidas de estímulo: reduziu a exigência de retenção de depósitos dos bancos no BC e afrouxou regras prudenciais para empréstimos. Em paralelo, reforçou a segurança das instituições, com novas diretrizes para o crédito consignado e, no caso de automóveis, maior facilidade para a retomada do bem se houver inadimplência. Algumas dessas ações até são corretas do ponto de vista regulatório, mas não soa promissor insistir na força do crédito num ambiente de desajuste econômico.
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A indústria que queremos Fonte: Jornal Folha de São Online 29/08/2014 02h00 Rapidamente vão se esgotando os instrumentos com que o governo tenta promover o desenvolvimento industrial. Desde o início da crise mundial, em 2008, a indústria acumula queda de quase 5% da produção e encolhe a sua presença no cenário internacional. No valor gerado pela indústria no mundo, a participação do Brasil, que já foi de 2,7% em 1980, não passa hoje de 1,6%. No total das exportações globais, a fatia brasileira murchou para 0,7% em 2012, conforme os dados mais recentes da Organização Mundial do Comércio, num modestíssimo 29º lugar. Definitivamente, não é essa a indústria que queremos. Nem a que precisamos. Segundo a consultoria McKinsey, para a renda per capita, atualmente de US$ 12 mil, dobrar nas duas próximas décadas, será necessário que o PIB cresça 4,5% ao ano. Com isso, na escala global, o Brasil evoluiria do 95º lugar para o 79º. A consultoria estima que, mantida a evolução média do PIB dos últimos 20 anos, de 3,2%, o país cairá para a 104ª posição. Um setor manufatureiro dinâmico tornaria tal objetivo mais viável. Este é o desafio da indústria: aumentar a produtividade e a competitividade para voltar a ser um dos propulsores da economia. Com base nessas constatações, o Iedi acaba de concluir o documento "A Reorientação do Desenvolvimento Industrial", em que propõe duas avenidas de atuação para a política econômica. É imperativo que ambas sejam adotadas simultaneamente, com prazos longos de implantação e etapas previsíveis, porém sinalizando desde já, e de forma inequívoca, os novos termos da reorientação industrial. Em primeiro lugar, não será possível superar a crise da indústria sem a redução do "custo Brasil", o que exige aprofundar os investimentos em infraestrutura e agilizar as reformas tributária e trabalhista. Embora não seja fator crucial da competitividade industrial, o câmbio também merece atenção especial. Valorizações acentuadas e prolongadas da moeda, como as atuais, servindo de coadjuvantes do controle inflacionário, não podem ser repetidas, pois impedem os ganhos de produtividade e a transformação renovadora. Em segundo lugar, a atualdiretriz da política industrial, baseada em incentivos fiscais e proteção de mercado, precisará transitar para um conceito menos defensivo e mais ativo de apoio à inovação e à produtividade. Faz-se imprescindível articulá-la com outra concepção de comércio exterior, embasada nas seguintes orientações: Potencializar a internacionalização das empresas brasileiras e aproximá-las das cadeias globais de produção; Integrar a empresa estrangeira atuante no país com a política industrial, de modo a elevar a presença brasileira nas cadeias internacionais de valor; Promover a reforma tarifária para remover distorções, tal como a taxação excessiva de bens intermediários, e adequar o imposto de importação no médio e longo prazo. A abertura comercial é absolutamente necessária, mas não pode ser abrupta. Seu objetivo é baratear o custo da produção, ampliar a concorrência e aumentar as exportações; Formular acordos comerciais com os principais blocos comerciais, EUA, Europa e Ásia; Ampliar a integração produtiva e comercial com a América do Sul em geral, e não apenas com o Mercosul. Bem-sucedida, a reinserção externa contribuirá para a eficácia do sistema de financiamento e incentivo à inovação, que evoluiu, embora ainda haja muito a fazer. Só a concorrência vai tirar as empresas da zona de conforto, transformando-as em corporações inovadoras e preparadas para outro salto no Brasil e lá fora. Outras três ações aprofundariam a reorientação da política industrial: 1) revisão de todos os programas que demandam incentivo fiscal, proteção e requisito de "conteúdo nacional", o que tende a elevar custos e reduzir a produtividade da economia; 2) 6
transparência das informações, com avaliação sistemática dos incentivos concedidos; 3) reforço das políticas horizontais e definição de critérios para a execução de estratégias setoriais, priorizando o desenvolvimento tecnológico. Trata-se de um processo que requer grande esforço de adaptação, mas só assim teremos a indústria de que o Brasil quer e necessita.
Imbróglio fiscal Fonte: Jornal Folha de São Online 29/08/2014 02h00 Impossível ler a recente declaração do ministro Guido Mantega ao "Valor" (22/8) "as nossas contas públicas estão absolutamente organizadas" e não lembrar do que os ingleses definem como a primeira lei do jornalismo: "não acredite em nada até que tenha sido oficialmente negado". O que já era ruim está se tornando ainda pior. Além dos problemas de execução da política fiscal, com resultados cada vez mais distantes das metas definidas pelo próprio governo, há fortes indícios de que o repertório de truques e malabarismos contábeis vem se ampliando perigosamente nos últimos meses. No início do ano, o governo anunciou com estardalhaço que aumentaria o esforço fiscal. O compromisso era produzir um superávit primário de 1,9% do PIB ou R$ 80,8 bilhões em 2014. Seria um resultado digno de respeito, tendo vista tratar-se de um ano eleitoral em que a pressão sobre os gastos tende a crescer. O resultado do primeiro semestre, contudo, torna praticamente nula a probabilidade de que a meta seja cumprida. Premido pela queda de arrecadação causada pelo retração da economia e pela pletora de desonerações e subsídios espalhados a esmo nos últimos anos, o saldo primário fechou o semestre em R$ 17,4 bilhões. O resultado estrutural –que exclui do cálculo os efeitos do ciclo e das receitas e despesas não recorrentes– deve terminar o ano próximo de 0% do PIB. O aspecto mais preocupante, entretanto, são os indícios de que ao invés de abandonar o recurso à "contabilidade criativa", como chegou a anunciar, o governo vem de fato se enredando ainda mais em práticas de disfarce e manipulação dos números. Além dos "restos a pagar", subsídios ocultos, operações casadas com estatais e atrasos em repasses aos entes federativos, a novidade agora é o uso dos bancos oficiais como financiadores do Tesouro. O expediente foi revelado por fiscais do Banco Central e consiste na prática de servir-se da Caixa e do Banco do Brasil a fim de efetuar pagamentos a descoberto de obrigações do Tesouro junto a beneficiários de programas sociais e produtores rurais, entre outros. Nos balanços do primeiro semestre, o saldo negativo do "cheque especial" do governo era de R$ 3,9 bilhões na Caixa e R$ 9,8 bilhões no BB. Além de violar a Lei de Responsabilidade Fiscal, que proíbe esse tipo de operação, o expediente causa enorme prejuízo aos bancos estatais e nos aproxima mais alguns passos de perder a condição de "grau de investimento". Como um alcoólatra que jura largar o vício, mas sucumbe a cada nova tentação que se oferece, o governo Dilma repete a sina da oração do jovem Santo Agostinho: "Dai-me, Senhor, a temperança e a virtude, mas não já".
Fernando Puga: Como o BNDES aplica seus recursos Fonte: Jornal Folha de São Online 29/08/2014 02h00 A proeminência que o BNDES ganhou nos últimos anos o tornou tema de intenso debate. Ainda que um traço marcante seja o seu viés ideológico, o banco está atento aos argumentos levantados, em especial às críticas. Duas delas chamam atenção. Alguns dizem que o apoio do BNDES privilegia as grandes empresas. Outros, que sua ação não contribui para aumentar os investimentos da economia. 7
É preciso destacar: no que tange ao investimento, as empresas relevantes são as grandes. Dados do IBGE de 2011 revelam que as empresas da indústria com faturamento anual acima de R$ 90 milhões responderam por 84% dos investimentos do setor. No BNDES, as empresas industriais desse porte representaram no mesmo período 78% dos desembolsos ao setor. Em 2013, esse indicador foi de 76%. Nesse sentido, a representatividade das empresas de menor porte é maior nos investimentos financiados pelo Banco do que na indústria em geral. Além disso, é preciso ter em conta que empresas de menor porte não estão presentes (ou estão de forma marginal) nos investimentos em infraestrutura, exportação e setor público, responsáveis por 35% dos desembolsos do BNDES em 2013. Ao expurgá-los, temos uma participação equânime entre as empresas grandes e as micro, pequenas e médias nos desembolsos do BNDES. Quer dizer: onde as empresas de menor porte são relevantes, o esforço do BNDES é intenso. As empresas com faturamento abaixo de R$ 90 milhões responderam por 81% dos financiamentos à agricultura e por 60% dos desembolsos ao setor de serviços, em 2013. Os financiamentos do BNDES contribuíram para elevar os investimentos? O crescimento dos desembolsos foi expressivo, mas em termos reais isso ocorreu basicamente de 2007 a 2010. Descontada a inflação, os desembolsos de 2013 ainda estavam abaixo do recorde de 2010, ano crítico da atuação anticíclica do BNDES face à crise mundial. É possível elencar três fatores que mais influenciaram os desembolsos nos últimos anos. O primeiro foi a aceleração dos investimentos em 2007 e 2008, com aumento de 3,5 pontos percentuais do PIB, ante alta de 2,3 pontos percentuais dos desembolsos do banco. Trata-se de período em que os desembolsos foram impulsionados pelo investimento em geral. O segundo foi a entrada de grandes projetos. Na indústria, iniciou-se um processo de inversões robustas em novas plantas industriais. Siderurgia e papel e celulose foram destaques. Na infraestrutura, retomaram-se grandes projetos em energia elétrica e, mais recentemente, em logística. De 2007 a 2012, os investimentos em infraestrutura aumentaram em R$ 47 bilhões, a preços de 2011, enquanto os desembolsos do BNDES ao setor cresceram R$ 22 bilhões, alavancando outras fontes de financiamento. O terceiro fator foi a atuação anticíclica, em 2009 e 2010. A ação foi importante para o crescimento de 21% da formação bruta de capital fixo em 2010, bem mais do que compensando a retração de 7% em 2009. A atuação do BNDES não é livre de riscos, transcendendo os envolvidos na atividade bancária convencional. Sua missão e seus programas de ação se estendem para além da análise do crédito em si, considerando impactos sociais, ambientais, inovação, geração de empregos e outras externalidades. Isso não significa que o BNDES não deva ser avaliado em sua efetividade. Por isso, o banco está realizando estudos internos. As avaliações externas também são incentivadas. Não se trata de querer eliminar a ideologia, mas o intuito é que o debate ganhe em objetividade.
Análise: 'Cinco fragéis' podem diminuir, com melhora da Indonésia e da Índia Fonte: Jornal Folha de São Paulo Online JAMES KYNGE do FINANCIALTIMES"29/08/2014 02h00 As duas luas que governam as fortunas dos emergentes estão começando a minguar em uníssono. Os investimentos na China o ponto de referência para os exportadores de commodities dos mercados emergentes– estão se desacelerando, e o Fed (BC dos EUA) adotou tom mais duro quanto ao desmonte de seu esquema de estímulo monetário. Na última ocasião em que um aspecto lunar dominou os mercados no começo de 2014 houve tumulto nos mercados nos chamados "cinco países frágeis": Brasil, África do Sul, Indonésia, Índia e Turquia. Mas será que a história está destinada a se repetir? 8
"O crescimento nos emergentes vem sendo propelido pela demanda chinesa e pela liquidez mundial fácil, mas as duas coisas estão sobpressão agora", disse Maarten-Jan Bakkum, estrategista na ING Investment Management. As preocupações dele são enfatizadas por dados do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, que reúne grandes bancos globais) que mostram que os influxos estimados para as carteiras de ativos de emergentes caíram em agosto, para US$ 9 bilhões, antemédia mensal de US$ 38 bilhões de maio a julho. Em termos de distribuição geográfica, houve saída de dinheiro dos países emergentes europeus e da África e uma redução acentuada da entrada nos emergentes asiáticos e na América Latina. "Esse movimento de agosto pode marcar o início de um período de maior cautela entre os investidores mundiais com relação aos emergentes", afirmou Charles Collyns, economista chefe do IIF. A despeito dos sinais pessimistas, muito mudou nos mercados emergentesespecialmente nos "cinco frágeis" desde as convulsões do começo do ano. O índice de ações emergentes MSCI-ME subiu 19,3% ante sua marca de maior baixa, em fevereiro. Os rendimentos dos títulos dos emergentes caíram ao longo do ano, o que significa moderação nas percepções de risco. Em termos cambiais, apenas duas das moedas dos "cinco frágeis" o rand sul africano e a lira turca registraram desvalorização neste ano, enquanto o real subiu 5,1%, a rupia indonésia, 4%, e a rupia indiana, 2,2%. Vários analistas concordam que, um ano após o Morgan Stanley ter cunhado o termo "cinco frágeis", a expressão pode ter perdido o sentido. Dois dos membros, Índia e Indonésia, oferecem argumentos convincentes para deixar para trás o estigma. A Indonésia elevou os juros, ampliou suas reservas cambiais e está a caminho de reduzir o déficit em conta corrente. A Índia cortou subsídios, e a perspectiva de inflação é mais estável que a da Indonésia em 2015 e 2016. Determinar se essas melhoras poderão isolá-las contra as turbulências de mercado da intensidade do choque. Mesmo assim, elas estão em posição muito mais forte do que as de seus companheiros entre os "cinco frágeis" (Brasil, África do Sul e Turquia) que fizeram pouco ou nenhum progresso em sanar seus déficit de conta corrente e fiscais, dizem analistas.
Ficção Orçamentária FONTE: JORNAL ESTADO DE SÃO PAULO ONLINE CELSO MING 28/08/14 Hoje esta Coluna cuida de dois temas: o surpreendente avanço do PIB dos Estados Unidos e a peça de ficção produzida pelos ministros Miriam Belchior (Planejamento) e Guido Mantega (Fazenda) Hoje esta Coluna cuida de dois temas: o surpreendente avanço do PIB dos Estados Unidos e a peça de ficção produzida pelos ministros Miriam Belchior (Planejamento) e Guido Mantega (Fazenda). O governo dos Estados Unidos (Departamento do Comércio) divulgou, nesta quinta-feira, os números finais das contas nacionais do segundo trimestre. E o resultado superou as expectativas. No período, o avanço do PIB da mais importante locomotiva do mundo foi de 4,2% ao ano. É um número robusto, que dispara consequências para a economia global e para o Brasil.
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Nesta sexta-feira, o IBGE divulgará as Contas Nacionais, também do segundo trimestre. E o que se verá será o contrário disso, provavelmente um recuo avassalador do PIB brasileiro. O desempenho da economia dos Estados Unidos esvazia o argumento do governo Dilma de que o fiasco do País se deve, preponderantemente, à paradeira global. Um crescimento em bases anuais de 4,2% na principal economia do mundo não pode ser tomado como fator paralisante do Brasil. A única explicação para o comportamento decepcionante do setor produtivo brasileiro tem de ser procurada no universo das mazelas nossas. A principal consequência do novo impulso americano deverá ser a retomada da velocidade das correias de transmissão no resto do mundo. As empresas dos Estados Unidos tendem a aumentar as encomendas a seus fornecedores tradicionais e, apenas por conta desse maior dinamismo, projetos de investimento devem sair das gavetas. Outra consequência deverá ser o disparo do processo de enxugamento monetário já anunciado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que pode acontecer já no primeiro trimestre de 2015, ainda dependendo do comportamento do mercado de trabalho americano. Menos dólares circulando podem reduzir o afluxo de capitais para países mal resolvidos, como o Brasil. Nesta quinta-feira, o governo anunciou o Projeto de Lei Orçamentária para 2015, que deveria servir de base para a definição dos números macroeconômicos. Infelizmente, a produção dos ministros Miriam Belchior e Guido Mantega continua sendo um jogo de faz de conta, e não um manual com um mínimo de credibilidade destinado a orientar a atividade produtiva do ano. Para a elaboração de um orçamento é preciso prever variáveis importantes da economia, como a evolução do PIB e da inflação. São fatores vitais que determinarão tanto a arrecadação como a despesa. E lá no projeto de Orçamento estão, preto no branco, as afirmações de que, em 2015, o PIB crescerá 3,0% e a inflação será de 5,0% (veja a tabela acima). Não se conhece nenhum analista, nenhuma consultoria, nenhum banco, nenhum administrador de patrimônio que prevejam crescimento do PIB, em 2015, tão alentado. O levantamento feito semanalmente pelo Banco Central (BC) com cerca de 100 instituições do mercado (Pesquisa Focus) aponta, para 2015, média de avanço de 1,2%. Também é irrealista a projeção de inflação (IPCA) assumida pelo Orçamento. O mercado indica 6,28%. O próprio Banco Central, no seu Relatório de Inflação, trabalha com uma inflação para 2015 de 6,0% a 6,3%. Ou seja, o que vale para o Banco Central, no campo de sua especialidade, não vale para o resto do governo.
A economia entrou forte no debate FONTE: JORNAL ESTADO DE SÃO PAULO ONLINE FERNANDO DANTAS 28/08/14 Foi surpreendente como o tema da política econômica esteve presente na terça-feira, 26/8, no primeiro debate televisivo entre os candidatos a presidente, na TVBandeirantes. Há uma percepção de que economia é um tema árido, difícil de compreender pelo grande público, e que expressões como tripé macroeconômico ou responsabilidade fiscal soam quase como se tivessem [...] Foi surpreendente como o tema da política econômica esteve presente na terça-feira, 26/8, no primeiro debate televisivo entre os candidatos a presidente, na TV Bandeirantes. Há uma percepção de que economia é um tema árido, difícil de compreender pelo grande público, e que expressões como tripé macroeconômico ou responsabilidade fiscal soam quase como se tivessem sido pronunciadas numa língua estrangeira. 10
Apesar disso, falou-se muito de economia. Parte da explicação é que o candidato tucano, Aécio Neves, jogou o foco do seu discurso na crítica à política econômica da presidente Dilma Rousseff, e chegou ao ponto de encerrar a sua participação citando explicitamente que o expresidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, seria o seu ministro da Fazenda. É indiscutível a qualidade de Armínio como homem público, mas é intrigante que os estrategistas da campanha tucana tenham considerado que essa menção pudesse empolgar o público que assistia ao debate – afinal, o ex-presidente do BC não é exatamente um ídolo popular, já que seu grande prestígio faz-se sentir muito mais junto à elite financeira e intelectual do País. Talvez o cálculo tenha sido que só os extratos superiores de renda e educação estariam assistindo ao debate, transmitido num horário tardio (a partir das 22 horas) para um dia de semana. Outro fator que estimulou o debate da política econômica foram as críticas de candidatos “nanicos” – como Luciana Genro, do PSol, Eduardo Jorge, do PV, e Levy Fidelix, do PRTB – ao bê-a-bá da gestão monetária no mundo de hoje, onde bancos centrais, autônomos ou não, dedicam-se à tarefa de controlar a inflação. A visão dos três, porém, parece ser a de que bancos centrais são agentes do setor financeiro privado infiltrados na política pública, cuja meta é maximizar os juros para maximizar os lucros bancários. É preocupante que esta visão regressista esteja tão disseminada entre os candidatos à presidência, ainda que predomine entre aqueles que não têm chances eleitorais. De qualquer forma, a questão da política econômica foi suficientemente levantada para que tomasse forma, para o eleitor, o que seria a abordagem dos diferentes candidatos competitivos. Assim, Aécio surgiu claramente como o defensor de um ideário liberal e ortodoxo, com ênfase na responsabilidade fiscal e no controle da inflação, e um elogio retrospectivo às privatizações da era FHC. É interessante notar que essa clareza na plataforma tucana é inédita desde que o próprio Fernando Henrique deixou o poder. Marina Silva, por sua vez, também não tergiversou muito na hora de se distanciar da heterodoxia e do desenvolvimentismo tais como praticados no mandato da presidente Dilma Rousseff. Ela explicitamente criticou posturas da esquerda em temas econômicos que considera antiquadas. Quando pressionada por Luciana Genro sobre a proximidade de sua visão com a dos tucanos, Marina não caiu na defensiva e reafirmou as mesmas ideias. Dilma Rousseff, finalmente, manteve a linha recente de comunicação sobre economia do seu governo. A presidente não defende de forma explícita o experimento heterodoxo da “nova matriz econômica” tentado até 2012, mas rebate as críticas com baterias de números positivos (escolhidos a dedo) e o eterno ataque aos tempos de Fernando Henrique, quando quase todos os indicadores eram de fato piores (pela natural evolução do País, segundo a defesa dos tucanos). Se o segundo turno acontecer, como hoje parece ser mais provável, entre Dilma e Marina, será muito interessante acompanhar a estratégia da presidente em termos de discurso econômico. Uma alternativa é caminhar para o centro, para tentar abocanhar uma parcela, ainda que pequena, dos eleitores de Aécio. A outra será a de reforçar um discurso à esquerda, para tentar identificar Marina com os tucanos, e assim tentar arrancar da candidata do PSB eleitores muito avessos à ideia de votar na direita.
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Vendas de pneus agrícolas caem 7,4% em 2014 Fonte: Portal Economia SC 29 de agosto de 2014 às 09h 55 De janeiro a julho deste ano as vendas de pneus agrícolas pelos fabricantes instalados no país atingiram 520,75 mil unidades ante 562,59 mil no mesmo período de 2013, o que representa uma queda de 7,4% para o setor, segundo a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip). Já a produção se manteve num crescimento próximo à zero no mesmo período: 532 mil unidades para 535 mil unidades – um aumento de 0,6%. “A queda do dinamismo no setor reflete a soma da redução na produção de máquinas agrícolas e o crescimento de 30,2% nas importações oriundas da China, que atingiu 146.900 unidades (ante 112.854 de janeiro a julho de 2013), representando 59,2% da importação total deste tipo de pneus”, explica o presidente executivo da Anip, Alberto Mayer. Ele acrescenta que o volume importado de pneus agrícolas atingiu 34,8% do mercado de reposição, impactando fortemente este segmento. “Os estoques nos fabricantes deste tipo de pneu é hoje, em média, o dobro do normal, com crescimento de 100% sobre a mesma época do ano passado. Além disso, tivemos informação de que parte dos pneus importados como agrícolas seriam, na verdade, pneus OTR, que entrariam com classificação aduaneira trocada para terem vantagem fiscal (IPI 2% ao invés de 15%)”, comenta o presidente da Anip. Os números das vendas de pneus agrícolas dos fabricantes instalados no país por canal, comparando janeiro a julho de 2013 e 2014, são: montadoras, – 18,2% (de 332 mil para 272 mil unidades); reposição, +5,1% (165 para 173 mil unidades); exportação, + 15,9% (64,25 para 74,40 mil unidades).
Além do Brasil, economia da Itália está em recessão técnica FONTE: YOLANDA FORDELONE DO JORNAL ESTADO DE S. PAULO ONLINE29 Agosto 2014 10h 54 Além do Brasil, que anunciou queda de 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB)no segundo trimestre, a Itália também se encontra em recessão técnica. O país confirmou nesta sextafeira, 29, que a economia teve retração de 0,2% no segundo trimestre. No primeiro trimestre, o PIB italiano havia caído 0,1%. Polêmico, o termo recessão não é consenso no mercado. Tecnicamente, dois trimestres seguidos de queda já determinam que um país encontra-se em recessão. Nos EUA, é o National Bureau ofEconomicResearch (NBER) que determina oficialmente quando a economia americana está em recessão. Não é o caso dos tempos atuais. No segundo trimestre, a economia dos EUA cresceu 1,034%. No cenário atual, a zona do euro está estagnada. No segundo trimestre, o PIB da região cresceu apenas 0,1%, após alta de 0,2% no primeiro trimestre. No ano passado, a situação foi bem mais difícil. O bloco começou o ano em recessão, após registrar queda de 0,2% no primeiro trimestre de 2013 e de 0,6% no quarto trimestre de 2012. Ainda na Europa, a Alemanha teve queda do PIB de 0,2% no segundo trimestre, mas no primeiro teve alta de 0,7%. A França teve estagnação no primeiro e segundo trimestres. Já Portugal cresceu 0,8% no segundo trimestre, mas caiu 0,7% no primeiro trimestre.
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No Japão, a queda no segundo trimestre foi forte (-1,7%), baixa considerada a mais significativa desde que o país saiu da recessão em 2012. No primeiro trimestre, no entanto, teve alta de 1,6%.
Reajuste do salário mínimo precisa de revisão Após o anúncio feito pela ministra do planejamento, orçamento e gestão, Miriam Belchior, de que o salário mínimo no Brasil será de R$ 788,06 a partir de 2015, a FECOMÉRCIO de Santa Catarina avalia que a atual metodologia de reajuste do salário mínimo precisa ser revista, para que nela sejam incluídos indicadores de produtividade. No entender da FECOMÉRCIO, do modo como está hoje, privilegiando os ganhos reais salariais, todo o ganho de produção do país é direcionado para os salários, impulsionando constantes aumentos acima da inflação. Esta política estimulou, durante um grande período, a ampliação do mercado interno, porém, nos últimos anos, ela se transformou em seu oposto. Como a produtividade brasileira permaneceu estagnada, o ganho real dos salários vem se transformando em aumento de custo de produção e pressão inflacionária, corroendo os próprios ganhos salariais anteriores. A FECOMÉRCIO considera fundamental que, a partir de 2015, se faça a revisão da metodologia de reajuste do mínimo, incluindo indicadores de produtividade em seu cálculo. Somente assim, com ganhos salariais mais comedidos neste período de deterioração econômica, poderemos recuperar os investimentos e a competitividade da economia nacional, calcando as bases para futuros novos ciclos de expansão salarial sem risco de desemprego e inflação.
IBGE: Juro alto, Copa e setor automotivo em baixa afetam investimento Fonte: Jornal Valor Online Elisa Soares e Diogo Martins29/08/2014 às 12h28 RIO - A queda de 3,4% na indústria no segundo trimestre deste ano, na comparação com igual trimestre de 2013, foi puxada pelo mau desempenho da indústria de transformação (-5,5%) e da construção civil (-8,7%). "O emprego na construção civil caiu, e o que puxou a queda na indústria da transformação foi o recuo na produção de bens de capitais e bens duráveis, este último puxado pela indústria automotiva. Todos os componentes do investimento caíram", disse gerente de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rebeca de La Roque Palis. Segundo ela, os recuos na indústria de transformação, em máquinas e equipamentos e na construção civil afetam a formação bruta de capital fixo (FBCF), que declinou 11,2% no segundo trimestre, na comparação com igual período de 2013. O destaque positivo na indústria ficou por conta do setor extrativo mineral, que cresceu 8% no segundo trimestre de 2014, perante um ano antes. O desempenho do setor foi puxado pelo aumento da produção de petróleo e gás e de minério de ferro. A produção e distribuição de eletricidade, gás e água subiu 1% na mesma base de comparação, puxada pelo consumo residencial de energia elétrica. Na agropecuária, houve estabilidade no segundo trimestre deste ano, em relação ao mesmo intervalo de 2013. "Apesar do crescimento da área plantada da soja, a produção cresceu menos, em função da estiagem do início do ano. O café, por exemplo, está com cotação baixa no mercado internacional, o que afeta investimentos e levou a queda na produção", explicou Rebeca. No setor de serviços, que cresceu 0,2% entre abril e junho, no confronto com o segundo trimestre de 2013, o recuo de 2,4% no comércio atacadista e varejista afetou o setor no segundo trimestre. Cresceram, entretanto, os serviços de informação ligados à internet e 13
televisão. O crescimento menor do consumo das famílias no segundo trimestre do ano, de 1,2% na comparação com o segundo trimestre de 2013, ante crescimento de 2,2% observado no primeiro trimestre, afetou também o setor de serviços. "O consumo das famílias cresceu menos, mas continua aumentando o poder de compra das famílias. O crédito [...] não está crescendo muito, já esta em uma taxa moderada", disse Rebeca.
Computação em nuvem ajuda a cortar custo Fonte: Jornal Valor Online Tatiane Bortolozi | De São Paulo 26/08/2014 às 05h 00 A otimização de custos é a principal razão para as empresas brasileiras adotarem a computação em nuvem, seguida pela oportunidade de inovação e o aumento de produtividade, informa pesquisa da consultoria Capgemini obtida com exclusividade pelo Valor. Apesar de certa preocupação com segurança, o modelo de armazenamento de arquivos de informática deixou de ser uma tendência para integrar uma estratégia de negócio das empresas brasileiras. O levantamento foi realizado entre os meses de março e abril com 415 executivos de tecnologia de médias e grandes companhias públicas e privadas brasileiras, dos setores de consumo, varejo, energia, financeiro, manufatura e governamental. Entre os entrevistados, 73% utilizam o "software como serviço", modelo em que se paga um valor periódico somente por recursos utilizados ou pelo tempo de uso; em dois anos, 92% dos executivos consultados esperam ter adotado este padrão. A "infraestrutura como serviço", em que a nuvem é usada como data center, e a "plataforma como serviço", que aloca os recursos da nuvem para desenvolvimento e testes de sistemas, foram escolhidas por 55% e 39% dos entrevistados, respectivamente, mas tendem a ganhar espaço nos próximos anos, segundo o estudo. "A etapa de gestação para a nuvem no Brasil terminou e vemos evidências de que o país está adotando com entusiasmo muitas das oportunidades oferecidas, para responder aos desafios da desaceleração no crescimento econômico e das pressões de custos", diz a pesquisa da Capgemini. Na visão de executivos consultados, o curto a médio prazo deve ser um período de adoção sustentável da tecnologia em nuvem e de uso em diferentes áreas. A consultoria Gartner estima que, neste ano, as companhias gastarão US$ 13,3 bilhões com investimentos na tecnologia em nuvem, um aumento de 45% sobre o ano passado. O valor corresponde a menos de 10% dos gastos com data centers. A percepção de risco, relacionada a possíveis falhas de segurança e a soberania da informação, continua a ser o maior impedimento para a adesão à nuvem. "O brasileiro tem um perfil mais conservador", diz Gustavo Trevisan, diretor da unidade de soluções integradas da Capgemini. "As empresas buscam aproveitar as vantagens da computação em nuvem com um balanceamento de modelos." A pesquisa da Capgemini revela a migração da nuvem pública para um modelo híbrido a longo prazo no Brasil. Até 2019, a estimativa é de que a nuvem privada seja a preferência de 75% dos entrevistados, deixando o modelo público "puro" como escolha de apenas 17%. Hoje, companhias menores tendem a usar a nuvem pública, enquanto empresas médias e grandes preferem modelos híbridos, para evitar riscos. A nuvem está alinhada a estratégias de menor risco diante da desaceleração econômica. As empresas brasileiras, que inicialmente haviam ficado atrás de companhias americanas e europeias em termos de adoção do modelo em nuvem, devem ser mais agressivas ao adotar 14
soluções de software como serviço para alcançar mais competitividade e eficiência operacionais. "Quando o cenário econômico é incerto, as empresas evitam os investimentos de longo prazo. A nuvem oferece os mesmos recursos que os equipamentos tradicionais, por um valor correspondente a apenas o que foi, de fato, utilizado", explica Trevisan. A pesquisa mostrou também que mais de 70% das companhias consultadas afirmaram ter, ou planejar, um ambiente de aplicativos para funcionários nos próximos dois anos, para melhorar a produtividade. A nuvem seria usada como uma ferramenta para facilitar esta abordagem. "O debate sobre a chance de migrar para a nuvem e os custos a serem poupados mudou para uma discussão sobre qual o caminho a tomar para acelerar a adoção e quais os benefícios adicionais o novo modelo de negócio em nuvem pode trazer", diz a pesquisa.
Quando o micro estraga o macro Fonte: Jornal Valor Online Tony Volpon29/08/2014 às 05h 00 Há um grande debate sobre o cenário econômico pós-eleitoral. Há certo consenso de que o ano de 2015 será de ajustes, mas nenhum consenso sobre qual será o tamanho desse ajuste e qual a melhor maneira de empreendê-lo. Temos de um lado aqueles que defendem que o desarranjo da economia chegou a tal ponto que algo como um "tratamento de choque" seria aconselhável, com uma forte alta adicional na taxa Selic para debelar a inflação e uma substancial alta adicional do dólar para diminuir o déficit em conta corrente. Do outro, e aqui incluo membros da equipe econômica do atual governo, há quem advoga um ajuste bastante gradual, com, por exemplo, a inflação voltando para o centro da meta somente daqui a vários anos. Eu acredito que a melhor maneira de chegar neste debate seria tentar responder a duas questões. Primeiro, por que depois de uma alta de 3,75% na taxa Selic, a dinâmica subjacente da inflação, desconsiderando choques exógenos e sazonais, não mostrou nenhuma melhora? Segundo, por que depois de uma alta nominal de quase 50% do dólar desde 2011, o déficit em conta corrente piorou?Começamos pelo câmbio. É verdade que houve mudanças no ambiente externo, mas seria de se esperar que uma desvalorização tão expressiva tivesse um efeito bastante forte nas contas externas. O que pode explicar este mistério? Acredito que a razão principal tem sido a falta de reação dos preços relativos internos, especificamente a razão entre preços não transacionáveis e transacionáveis, a mudanças na taxa de câmbio. Muitas vezes se define a taxa de câmbio real como a razão entre preços não transacionáveis e transacionáveis, e então havendo uma grande divergência entre essas duas séries é algo muito peculiar. Mas é exatamente isso que tem ocorrido no Brasil nos últimos anos. Enquanto, usando dados do BIS, a taxa de câmbio efetiva real caiu 15,3% entre julho de 2011 e julho de 2014, a razão entre preços não transacionáveis e transacionáveis subiu 6,9%, quando seria normal esperar uma queda da razão, acompanhando a mudança da taxa do câmbio real. A razão para essa divergência pode ser explicado por uma series de intervenções no nível setorial, ou microeconômico, que impedirão que a forte desvalorização ajudasse no ajuste das contas externas como, também, na recuperação da competitividade industrial. Essas intervenções criaram uma "cunha" efetiva entre a taxa de câmbio e o sistema de preços, impedindo que o câmbio afete os preços internos da economia. 15
O caso mais emblemático do tipo de intervenção microeconômica que impede ajustes macroeconômicos tem sido a repressão do repasse da desvalorização ao preço da gasolina, um importante bem transacionável. Segurar esse repasse não somente afeta diretamente a balança comercial (já que importamos boa parte da gasolina que consumimos), mas impede que haja uma mudança nos preços relativos. Somente aumentando os preços relativos de bens transacionáveis, tornando o setor mais atrativo, é que podemos criar incentivos para uma realocação de recursos e investimentos para este setor. Devemos aqui lembrar que o setor de transacionáveis representa boa parte da indústria, enquanto preços não transacionáveis são na maioria oriundos do setor de serviços, grande vilão da inflação. Assim encontramos também uma razão para a estagnação industrial e alta da inflação dos últimos anos. O controle de preços e outras intervenções impedem que a desvalorização do real tenha efeitos benéficos sobre a indústria, a inflação e as contas externas. O caso da falta de impacto sobre a inflação da alta de juros tem uma explicação de natureza similar. Neste caso a "cunha" foi criada pelo direcionamento político da concessão de crédito dos bancos públicos que assim "ignoraram" a sinalização dada pelo BC com a alta da Selic. Isso levou o crescimento anual das carteiras de crédito dos bancos públicos a ficar 25% maiores que a dos bancos privados em 2013, relação que ainda hoje se encontra ao redor de 12% de diferença. Isso, junto com a piora das expectativas inflacionárias devido à repressão dos preços administrados, serve para explicar boa parte da falta de potência do último ciclo de aperto monetário. O entendimento de que várias "cunhas" têm impedido que mudanças nos preços "macro" chegam ao nível "micro" da economia tem forte relevância para o debate sobre o que fazer depois da eleição. Se essas "cunhas" forem removidas, tanto o nível do câmbio atual como o nível da taxa Selic terão um efeito maior sobre a economia. A taxa Selic, que hoje somente pode, nas melhor das hipóteses, ser considerada como "neutra", ganharia potência com o "desbloqueio" dos canais de transmissão. Seria o mesmo caso do nível atual da taxa de câmbio. Portanto, no debate "gradualismo versus choque", nossa conclusão é que a estratégia correta seria uma combinação dos dois: um "choque" nos desmonte das distorções e intervenções microeconômicas, com um ajuste gradual, que talvez nem seja necessário, sobre as variáveis macroeconômicas, juros e câmbio. Também devemos concluir que a volta do crescimento, o ajuste das contas externas, como a estabilização da inflação em patamares menores, podem ocorrer de forma mais rápida do que se espera. Basta remover os entraves ao funcionamento do sistema de preços desses últimos anos, junto com uma recuperação na transparência e execução das políticas macroeconômicas. Assim feito, o Brasil tem tudo para voltar a ter um crescimento bem mais vigoroso do que a estagnação deste ano eleitoral.
Ritmo forte na produção do pré-sal elevará contribuição da indústria extrativa ao PIB Fonte: Jornal Valor Online Flavia Lima de São Paulo29/08/2014 às 05h 00 Nem tudo na produção nacional é notícia negativa. Em ritmo acelerado, a produção do pré-sal vem mostrando vigor suficiente para fazer com que a indústria extrativa tenha uma 16
contribuição positiva crescente para a indústria em geral e também para o Produto Interno Bruto (PIB) deste e dos próximos anos. Segundo analistas, o crescimento mais forte da indústria extrativa é também importante porque o setor, intensivo em capital, tem fôlego para responder por uma participação relevante na retomada do hoje modesto volume de investimentos na economia. Após dois anos no negativo, a expectativa, segundo especialistas, é que a indústria extrativa devolva em 2014 toda a queda acumulada em 2012 e 2013, seguindo em alta nos próximos anos. Para a equipe econômica do Itaú Unibanco, a indústria extrativa deve encerrar 2014 em alta de pelo menos 5%. Nas contas do economista do Itaú Irineu de Carvalho Filho, da expansão de 0,6% para o PIB esperada para o ano, 0,2 ponto percentual deve vir exclusivamente da indústria extrativa, o que é um resultado relevante, tendo em vista que o setor tem participação pequena no PIB, inferior a 10%. Para a indústria em geral, Carvalho Filho diz que a expectativa é de queda de 1% em 2014, mas o tombo poderia chegar a algo próximo de 2% se não fosse a contribuição positiva de 0,8 ponto do setor extrativo. "É importante ressaltar que quando se fala em indústria extrativa se fala basicamente de petróleo é gás, que vai indo muito bem", afirma. A indústria extrativa é formada basicamente pelos segmentos de minério de ferro (com fatia de cerca de 55% setor) e de petróleo e gás (35%), cuja produção é centralizada pela Petrobras. Os outros 10% estão distribuídos em outros minérios de menor importância. Embora o segmento de minério de ferro ande devagar e, segundo analistas, deva encerrar o ano com crescimento próximo de zero, a produção de petróleo vem se recuperando rapidamente, não só porque algumas plataformas fechadas para manutenção em 2013 estão voltando a operar, como também porque o pré-sal avança com força. Carvalho Filho lembra que a produção do pré-sal saiu praticamente do zero em 2008 e chegou a 15% em 2013. Em junho deste ano, o pré-sal alcançava 20% da produção nacional de petróleo e, segundo o economista, deve acabar o ano além disso. Para a produção de óleo e gás como um todo, o economista do Itaú espera alta de 5,6% em 2014 e aceleração de 8% no próximo ano. Vinícius Botelho, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), afirma que com a entrada de plataformas novas em seus primeiros meses de produção é possível esperar alta de pelo menos 5% na produção de petróleo em 2014. Botelho ressalta que embora o setor não seja relevante para a geração de empregos, já que não é intensivo em mão de obra, ele pode favorecer o saldo da balança comercial - como já pode ser observado nos números da balança de junho sobre junho do ano passado -, com impactos positivos para a conta de transações correntes, que atualmente apresenta déficit de cerca de US$ 80 bilhões. "Tudo isso indica um cenário promissor para o futuro", afirma Botelho, cuja expectativa é de alta de 4,3% para a indústria extrativa em 2014, com possibilidade de ser ainda mais forte. Botelho identifica impactos menos significativos da indústria extrativa sobre o PIB como um todo, justamente porque o setor tem peso pequeno nas contas nacionais. O economista, no entanto, sublinha que a expansão do segmento extrativo tem importância crucial para os investimentos, por ser intensivo em capital e, portanto, ter força para impulsionar o setor de máquinas e equipamentos. "Logo, o sucesso na exploração de petróleo traz perspectivas positivas na ótica do investimento." Segundo Botelho, o impacto positivo da indústria extrativa sobre investimentos deve ficar para 2015, pois, ao menos por enquanto, a expectativa é que a formação bruta de capital fixo (FBCF, 17
medida das contas nacionais do que se investe em máquinas e equipamentos e na construção civil), registre queda de 4% a 5% em 2014, puxada principalmente pelo setor de construção. Para 2015, diz Botelho, a projeção é de alta ao redor de 2% da FBCF, mas a indústria extrativa pode melhorar isso. "Esperamos mais dados para construir um cenário com bases mais sólidas", diz. "Vemos impactos positivos no superávit primário e na confiança, mas também mais estrutural, de longo prazo. " André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, também destaca o impacto difuso da indústria extrativa em outras cadeias, devido à produção de estaleiros e plataformas, dentre outros. O economista não espera algo "muito brilhante", para o setor extrativo nos próximos meses, mas avalia que "muita gente" parece ignorar os efeitos de uma produção mais robusta de pré-sal em 2016, com impactos significativos na balança comercial e no balanço de pagamentos. Na comparação com a indústria de transformação, que passa por um período prolongado de baixa, as dificuldades da indústria extrativa são menores, diz Fabio Guerra, economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ele lembra que a produtividade do setor é melhor, já que a indústria de transformação está mais exposta à competição com a produção internacional. "A extrativa também, mas ela avançou em desenvolvimento de mão de obra e produtividade, além de ter mais mercado externo", diz. No curto prazo, diz Perfeito, levando-se em conta o peso relativamente pequeno da indústria extrativa, é preciso cautela nas projeções. "Mas o setor extrativo pode ser uma joia da coroa do próximo governo, embora ninguém pareça estar pensando nisso agora", diz o economista da Gradual. "Pode ser algo que venha para alterar a nossa histórica de fragilidade externa."
Para IBGE, economia não está em recessão técnica Fonte: Jornal Valor Online Elisa Soares e Diogo Martins 29/08/2014 às 11h 47 RIO - O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não considera que o país está em recessão técnica. A gerente de Contas Nacionais do instituto, Rebeca Palis, explicou que o recuo de 0,2% no Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano, em termos estatísticos, representa estabilidade em relação ao quarto trimestre do ano passado. O PIB do segundo trimestre registrou baixa de 0,6%. "A gente considera mesmo queda ou crescimento quando a variação é de 0,5% ou maior ou -0,5% ou variação negativa mais intensa", disse Rebeca. Ela explicou que a série passa por um tratamento estatístico, que é modificado todo trimestre. "O que hoje está negativo, no próximo trimestre, pode ser revisto também. Variações grandes, tanto para cima quanto para baixa são revistas, mas não mudam de sinal", continuou.
BC: Meta fiscal ficou mais distante e exigirá esforço maior do governo Fonte: Jornal Valor Online Eduardo Campos e Alex Ribeiro 29/08/2014 às 11h42
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BRASÍLIA - Depois de três déficits primários seguidos que somaram R$ 17,862 bilhões, o cumprimento da meta de superávit primário para o ano, de R$ 99 bilhões, ficou mais distante. A avaliação é do o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (Depec/BC), Túlio Maciel. “A meta do ano, com esses déficits nos últimos três meses, ficou mais distante e exigirá um esforço maior do governo nos últimos cinco meses do ano”, disse. No ano até julho, o superávit somou R$ 24,665 bilhões, o menor da série história iniciada em 2001. Segundo Maciel, esse resultado reflete a perda no ritmo de atividade. “Tivemos o PIB que confirmou isso”, disse. A economia brasileira encolheu 0,6% no segundo trimestre de 2014 seguindo recuo de 0,2% nos três primeiros meses do ano, colocando, assim, o país em recessão técnica. Outro fator a pesar nas contas são as renúncias fiscais decorrentes das desonerações. Pelo lado das despesas, disse Maciel, há itens que seguem crescendo, em particular os gastos com investimento, que, no acumulado do ano, registraram alta de 21,3%. Ainda de acordo com Maciel, o gasto com juros, que somou R$ 27,996 bilhões, foi a despesa mais elevada para um mês de julho da série histórica. Em 12 meses, a conta de juros equivaleu a 5,06% do PIB, ou R$ 255,611 bilhões. Ainda segundo Maciel, o governo teve o mais alto déficit nominal para o período janeiro a julho, em valores nominais. Em 12 meses, o déficit nominal de 3,84% do PIB é o maior desde novembro de 2009, quando correspondeu a 4,01%.
Dívida líquida do setor público avança para R$ 1,772 trilhão em julho Fonte: Jornal Valor Online Eduardo Campos e Alex Ribeiro29/08/2014 às 11h03 BRASÍLIA - A dívida líquida do setor público não financeiro avançou em julho, para R$ 1,772 trilhão, ante R$ 1,755 trilhão registrado no sexto mês de 2014. Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) estimado pelo Banco Central (BC), a dívida líquida subiu de 34,9% para 35,1%, ante taxa projetada pela autoridade monetária de 34,6%. O dado foi divulgado pelo BC e leva em conta União, Estados, municípios e empresas estatais, com exceção daquelas dos grupos Petrobras e Eletrobras. Os bancos estatais também não entram na conta da dívida pública líquida, pois as estatísticas se r ferem ao setor público não financeiro. A dívida bruta dos governos no Brasil avançou de R$ 2,941 trilhões para R$ 2,983 trilhões de junho para julho. Como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pelo BC, o percentual saiu de 58,5% para 59%, acima do previsto pela autoridade monetária, de 58,3%. Em julho, as operações compromissadas do BC para regular a liquidez do sistema financeiro contribuíram para elevação da dívida, já que foram colocados títulos do mercado para enxugar o excesso de liquidez. Como proporção do PIB, o saldo dessas operações aumentou de 12,6% para 14%. Em valores nominais, passaram de R$ 634,942 bilhões para R$ 705,402 bilhões.
A "contabilidade criativa" começa a se tornar perigosa Fonte: Jornal Valor Online 25/08/2014 às 05h 00 Não é de hoje que o governo federal usa de truques e malabarismos contábeis de toda natureza para alcançar a meta fiscal prometida a cada ano. Essa prática continuada distorceu 19
de tal forma o superávit primário obtido que o próprio Banco Central passou a adotar outro conceito, o do resultado primário estrutural, para estimar o efeito da política fiscal sobre a demanda agregada da economia - se contracionista ou expansionista. O resultado estrutural exclui as alterações em receitas e despesas decorrentes do ciclo econômico e as receitas e despesas extraordinárias, ou seja, não recorrentes. A novidade da "contabilidade criativa" é que a Caixa passou a usar recursos próprios para pagar benefícios do programa Bolsa Família, do seguro desemprego, do abono salarial e até mesmo do INSS. Os valores são significativos. O balanço da Caixa relativo ao primeiro semestre deste ano registrou um crédito contra o Tesouro de R$ 3,9 bilhões por pagamento dos benefícios sociais. A Caixa passou a utilizar recursos próprios porque o Tesouro Nacional não repassa o dinheiro para pagar os benefícios sociais em montante suficiente e de forma tempestiva. A situação chegou a tal ponto que a diretoria jurídica do banco estatal sentiu-se na obrigação de solicitar, em meados de julho, uma intervenção da Advocacia Geral da União (AGU) para que os repasses sejam regularizados e os custos financeiros incorridos pela Caixa com os pagamentos dos benefícios do Bolsa Família sejam pagos. O assunto foi encaminhado à Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal (CCAF/AGU) e aguarda deliberação. Provavelmente o recurso à CCAF/AGU só ocorreu porque as negociações com o Tesouro para a regularização dos repasses não chegaram a um bom termo. Há um aspecto do ofício encaminhado à CCAF/AGU pelo diretor jurídico da Caixa, JailtonZanon da Silveira, que merece ser destacado. Ele requereu que a AGU faça um exame da cláusula contratual relativa à faculdade da Caixa de realizar os pagamentos dos benefícios sociais com recursos próprios, "de modo a que, nos termos da lei complementar 73/93, seja a interpretação fixada e unificada no âmbito da Administração Pública Federal". Essa cláusula consta do contrato assinado pelo banco estatal com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome para pagar os benefícios do programa Bolsa Família. O pedido indica que a área jurídica da Caixa deseja um respaldo da AGU para que o banco continue usando recursos próprios para pagar benefícios sociais. Essa preocupação se relaciona aos dispositivos legais que disciplinam a matéria. O artigo 36 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) não deixa dúvida: banco estatal está proibido de fazer operação de crédito para o seu controlador. Dispositivo semelhante consta da chamada lei do colarinho branco (lei 7.492/1986), que define os crimes contra o sistema financeiro nacional. É preciso reconhecer que há certa imprevisibilidade nos pagamentos de benefícios sociais, pois não é possível estimar com exatidão os valores que eles atingirão em determinado mês. Mas é de se esperar que essas variações - para mais ou para menos - sejam de pequeno montante e possam ser resolvidas com rapidez. Os dados que constam do ofício da Caixa para a CCAF/AGU mostram, no entanto, outra realidade. No caso do programa Bolsa Família, por exemplo, a insuficiência de recursos do Tesouro está sendo constante e elevada, tendo atingido R$ 658,5 milhões no dia 24 de junho deste ano. A Caixa também levou à CCFA/AGU o mesmo problema relacionado com o pagamento do seguro desemprego e do abono salarial. A operação sugere que a Caixa instituiu uma espécie de "cheque especial" para o Tesouro Nacional que pode, assim, sacar a descoberto para pagar benefícios. Do ponto de vista estritamente econômico, não há dúvida que o banco estatal está antecipando receita ao Tesouro - operação que lembra a chamada ARO ou antecipação de receita orçamentária.
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O governo federal alega que os malabarismos contábeis não ferem qualquer dispositivo legal. O uso de bancos estatais para pagar despesas da União, no entanto, tem todos os elementos para colidir com o arcabouço legal instituído a duras penas para impor a responsabilidade fiscal no país. A "contabilidade criativa" está se tornando perigosa.
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