29 de janeiro de 2015

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 29 DE JANEIRO DE 2015

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Arrecadação de dezembro é a mais baixa para o mês desde 2009 Fonte Laís Alegretti e Renata Veríssimo, do Estadão Conteúdo28/01/2015 ÀS 16H 54 Brasília - A arrecadação de dezembro passado, que somou R$ 114,748 bilhões, foi a mais baixa para o mês desde 2009, quando registrou a marca de R$ 102,161 bilhões, a preços corrigidos pelo IPCA. A Receita Federal divulgou na tarde desta quarta-feira, 28, que a arrecadação de tributos federais fechou 2014 com queda real de 1,79% em relação a 2013, somando R$ 1,187 trilhão o primeiro recuo do recolhimento de impostos em termos reais desde 2009. Empresas A redução na lucratividade das empresas ajudou a derrubar a arrecadação do ano de 2014. Segundo dados divulgados pela Receita Federal, as pessoas jurídicas recolheram R$ 9,238 bilhões a menos que em 2013 (queda de 4,58%) em Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). O maior reflexo foi entre as grandes empresas que fazem o recolhimento pela estimativa mensal. A retração no IR e na CSLL representa 40,38% de toda a frustração de receitas no ano passado. O pagamento de PIS e Cofins teve redução 3,47%, o que representa queda nominal de R$ 9,114 bilhões. Também contribuiu na queda o fato de, em maio de 2013, a Receita Federal ter tido uma arrecadação extraordinária de R$ 4 bilhões. Além disso, a renúncia fiscal no ano passado foi R$ 25,458 bilhões a menos que em 2013. "O desempenho da arrecadação pode ser explicado pela redução de IR, da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, PIS e Cofins e desonerações", disse o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita, Claudemir Malaquias. Ele destacou a desoneração da folha de pagamento, da cesta básica e exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da Cofins.

Renúncia com desoneração tributária somou R$ 104 bi em 2014 Fonte Laís Alegretti e Renata Veríssimo, do Estadão Conteúdo28/01/2015 ÀS 16H 00 Brasília - O governo federal deixou de arrecadar, no ano passado, mais de R$ 100 bilhões devido às desonerações tributárias.

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A renúncia fiscal com desonerações somou R$ 104,043 bilhões em 2014, segundo dados divulgados na tarde desta quarta-feira, 28, pela Receita Federal. O valor é 32,4% maior que os R$ 78,585 bilhões registrados em 2013. Só em dezembro do ano passado, a renúncia foi de R$ 11,112 bilhões, um número que é 31,20% maior que os R$ 8,469 bilhões registrados no mesmo mês de 2013. A desoneração referente à folha de salários somou R$ 21,568 bilhões em 2014, sendo R$ 4,027 bilhões referentes ao mês de dezembro.

Dívida pública sobe 8,15% em 2014, para R$ 2,29 trilhões Fonte Albuquerque/VEJA) Com agência Reuters e Estadão Conteúdo 28/01/2015 às 16h 27 O estoque da dívida pública federal (DPF), que inclui a dívida interna e externa do governo, subiu para 2,295 trilhões de reais em 2014 - uma alta de 8,15% em apenas um ano, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo Ministério da Fazenda. Em valores brutos, o acréscimo foi de 173,089 bilhões de reais, resultado que foi impulsionado pelo processo de alta da Selic e pelos aportes do Tesouro Nacional aos bancos públicos. Em 2013, o estoque estava em 2,122 trilhões de reais. Além do custo mais alto da dívida por conta do aperto monetário e das incertezas que marcaram o ano passado, a dívida sofreu, principalmente, com as emissões de títulos feitas pelo Tesouro para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em 2014, o Tesouro emprestou ao banco de desenvolvimento 60 bilhões de reais. Em dezembro, o Tesouro também emitiu 1 bilhão de reais para o banco da Amazônia (Basa). O Tesouro Nacional encerrou 2014 dentro dos parâmetros estabelecidos para a DPF, depois de ter passado quase todo o ano com a participação dos títulos prefixados e dos remunerados pela Selic fora das bandas. O valor da DPF fechou dentro da banda do Plano Anual de Financiamento (PAF), de 2,170 trilhões e 2,320 trilhões de reais. A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) subiu 7,32% e fechou dezembro em 2,183 trilhões de reais. Já a Dívida Pública Federal externa (DPFe) ficou 0,83% maior, somando 112,29 bilhões de reais no final do ano passado. Investidores - Os estrangeiros reduziram a aquisição de títulos do Tesouro Nacional no fim do ano passado. A participação dos investidores estrangeiros no estoque da DPMFi caiu de 20,07% em novembro de 2014 para 18,64% em dezembro, somando 406,96 bilhões de reais do total do estoque, conforme o Tesouro Nacional. A categoria das instituições financeiras teve elevação na participação do estoque da DPMFi de 27,26% para 29,77%. Os Fundos de Investimentos reduziram a fatia de 20,63% em novembro para 20,28% em dezembro de 2014. Já as seguradoras tiveram redução na participação de 4,17% para 4,09%. Perfil da dívida - A parcela de títulos prefixados na DPF fechou 2014 em 41,58%, dentro da banda estipulada pelo governo entre 40% e 44% do estoque. Em 2013, a fatia era de 42,02%. A parcela correspondente aos papéis indexados à inflação representou 34,91%, também dentro do mínimo de 33% e o máximo de 37% estabelecido pelo Tesouro. Já os papéis corrigidos pela Selic corresponderam a 18,66% da dívida total em 2014, ante 19,11% verificado um ano antes. O resultado ficou dentro da meta de 14% a 19% para o período. Ainda segundo o Tesouro, a fatia dos títulos da dívida brasileira corrigida pelo câmbio foi de 4,85% em 2014, abaixo do resultado do ano anterior, de 4,35%, e dentro da banda entre 3% e 5% do ano passado. 3


Os 10 estados com as piores taxas de desigualdade de renda Fonte Revista Exame Beatriz Souza, de 28/01/2015 ÀS 09H 32 São Paulo - Levando em conta os rendimentos conquistados pela população em idade ativa, o Distrito Federal possui as piores taxas de desigualdade de renda do país, segundo levantamento de EXAME.com com base nos dados da Pesquisa Nacional de Domicílios (Pnad 2013), do IBGE. No estado, o índice de Gini (que mede a concentração de renda em uma dada população) é de 0,570. O índice de Gini varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de zero, menor a desigualdade de renda. Na outra ponta, Santa Catarina ocupa o posto de estado mais igualitário do Brasil, com 0,438 no índice de Gini. No Brasil, o índice de Gini é 0,501, bem no meio do caminho entre desigualdade e igualdade. Veja nas fotos quais são os 10 estados brasileiros mais desiguais: 1º - Distrito Federal Gini 2013

0,570

Gini 2012

0,572

% da população abaixo da linha de pobreza 2º - Sergipe Gini 2013

0,554

Gini 2012

0,533

% da população abaixo da linha de pobreza

6,06

3º - Bahia Gini 2013

0,537

Gini 2012

0,517

% da população abaixo da linha de pobreza

9,90

4º - Rio Grande do Norte Gini 2013

0,524

Gini 2012

0,526

% da população abaixo da linha de pobreza

7,32

5º - Piauí Gini 2013

0,516

Gini 2012

0,546

% da população abaixo da linha de pobreza

9,10 4


6º - Maranhão Gini 2013

0,515

Gini 2012

0,577

% da população abaixo da linha de pobreza

17,15

7º - Paraíba Gini 2013

0,508

Gini 2012

0,515

% da população abaixo da linha de pobreza

8,11

8º - Rio de Janeiro Gini 2013

0,503

Gini 2012

0,500

% da população abaixo da linha de pobreza

3,43

9º -Tocantins Gini 2013

0,501

Gini 2012

0,510

% da população abaixo da linha de pobreza

6,23

10º - Roraima Gini 2013

0,500

Gini 2012

0,504

% da população abaixo da linha de pobreza

4,89

Fonte Wikipédia (O Coeficiente de Gini é utilizado para calcular a desigualdade de distribuição de renda. Ele consiste em um número entre 0 e 1, onde 0 corresponde à completa igualdade de renda (onde todos têm a mesma renda) e 1 corresponde à completa desigualdade (onde uma pessoa tem toda a renda, e as demais nada têm). O índice de Gini é o coeficiente expresso em pontos percentuais (é igual ao coeficiente multiplicado por 100)). Listagem dos estados brasileiros por Coeficiente de Gini em 2013. Posição

Unidade federativa

Índice

1

Santa Catarina

0,436

2

Rondônia

0,442

5


Posição

Unidade federativa

Índice

3

Acre

0,452

4

Espírito Santo

0,453

5

Amapá

0,455

6

Alagoas

0,456

7

Goiás

0,458

8

Paraná

0,461

9

Pernambuco

0,463

10

Rio Grande do Sul

0,465

11

Mato Grosso

0,466

12

Pará

0,472

13

Minas Gerais

0,474

14

São Paulo

0,474

15

Amazonas

0,478

16

Ceará

0,487

17

Rio de Janeiro

0,489

18

Roraima

0,49

18

Mato Grosso do Sul 0,491

6


Posição

Unidade federativa

Índice

20

Tocantins

0,5

21

Paraíba

0,514

22

Rio Grande do Norte 0,521

23

Maranhão

0,545

24

Distrito Federal

0,555

25

Bahia

0,559

26

Sergipe

0,562 0,566

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Piauí

Governo Dilma anuncia rombo inédito de R$ 17,2 bi no caixa do Tesouro; saiba causas e consequências FONTE JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO DINHEIRO PÚBLICO & CIA 29/01/15 às 09h 44 A presidente Dilma Rousseff fechou o último ano de seu primeiro mandato com um rombo inédito no caixa do Tesouro Nacional. Segundo dados divulgados nesta quinta-feira (29), as despesas do governo com pessoal, programas sociais, custeio administrativo e investimentos superaram as receitas de 2014 em R$ 17,2 bilhões. Com o impulso do calendário eleitoral, os gastos foram acelerados e chegaram a R$ 1,031 trilhão; já a arrecadação, prejudicada pela fragilidade da economia e por medidas de alívio tributário, ficou em R$ 1,014 trilhão. Isso significa que o governo teve de tomar dinheiro emprestado no mercado para cobrir seus compromissos cotidianos e as obras públicas -em economês, houve um deficit primário. Trata-se do primeiro deficit do gênero apurado pelo Tesouro desde o Plano Real, lançado em 1994; antes disso, a hiperinflação corroía o valor das despesas e ajudava a equilibrar o Orçamento. Utilizando outra metodologia, o Banco Central apontou um pequeno resultado negativo no caixa federal em 1997. 7


Ainda mais sem precedentes é o contraste entre os números obtidos no ano passado e a meta fiscal anunciada pela administração petista: até setembro, a equipe de Dilma sustentava que seriam poupados R$ 80,8 bilhões um superávit primário para o abatimento da dívida pública. CAUSAS Trata-se do ápice de um processo de deterioração das contas públicas iniciado em 2009, quando o governo Lula enfrentou os efeitos da crise internacional com aumento de gastos e redução de impostos, além de mais empréstimos nos bancos públicos. Na época, caiu a tributação de automóveis e outros produtos e foi lançado o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, entre outras medidas. O consumo e os investimentos foram reativados, e a economia cresceu 7,5% em 2010, ajudando a eleição de Dilma. A presidente tentou repetir a estratégia em seu primeiro mandato, quando houve nova piora do cenário internacional. No entanto, os resultados foram declinantes. A população, mais endividada, não tinha mais como ampliar seu consumo no ritmo de antes; os empresários, temendo pelo futuro da política econômica, passaram a investir menos. Com a economia parada, também piorou o desempenho da arrecadação de impostos; a insistência do Planalto em novas rodadas de desoneração tributária e aumento de despesas criou um círculo vicioso. CONSEQUÊNCIAS O impacto mais imediato da piora fiscal é o aumento da dívida pública, que nos últimos quatro anos saltou do equivalente a 53% para 63% do PIB (Produto Interno Bruto, medida da renda do país). Mas há consequências mais palpáveis no cotidiano, como o aumento da inflação afinal, os salários e benefícios sociais pagos pelo governo injetam dinheiro no consumo, que cresce acima da capacidade de produção de bens e serviços. A oferta insuficiente de produtos nacionais também eleva as importações, o que faz o país perder divisas. Para conter a alta dos preços e a saída de dólares, o Banco Central precisa elevar os juros do país, que já estão entre os mais altos do mundo. De positivo, a política de Dilma conseguiu manter o desemprego em baixa, em especial porque caiu a tributação sobre as folhas de pagamento das empresas. Essa vantagem, porém, está em xeque, porque agora será necessário elevar impostos e cortar gastos públicos para reequilibrar as contas do governo -que promete um superávit de R$ 55,3 bilhões neste ano.

Lucro do Bradesco salta 25,6%, apesar de expansão modesta no crédito FONTE JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO ANDERSON FIGO DE SÃO PAULO 29/01/2015 às 08h09 Mantendo inalterado o nível de calotes e com expansão modesta no crédito, o Bradesco registrou lucro líquido de R$ 15,089 bilhões no ano passado. A cifra corresponde a um salto de 25,6% sobre o valor visto em 2013. Apenas no último trimestre, o banco lucrou R$ 3,993 bilhões, alta de 29,7% em 12 meses. Em bases recorrentes, que exclui ganhos e perdas extraordinários, o lucro do Bradesco foi de R$ 15,359 bilhões em 2014, 25,9% acima do registrado no ano anterior. Considerando apenas o último trimestre, a cifra chegou a R$ 4,132 bilhões, alta anual de 29,2%. O aumento do lucro foi guiado, entre outras coisas, pela margem financeira de juros, que ficou dentro do esperado em 2014. Houve crescimento de 12% sobre o ano anterior, totalizando R$ 47,806 bilhões. A expectativa do Bradesco era de avanço entre 9% e 12%. A projeção para este ano, contudo, é menor: entre 6% e 10% de alta.

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O banco conseguiu elevar seus financiamentos em 6,5% em 12 meses. Com isso, a carteira de crédito ampliada do Bradesco, incluindo outras operações com risco de crédito, avais e fianças, chegou a R$ 455,1 bilhões em dezembro. Mas o crescimento do crédito ficou abaixo da meta estipulada pelo próprio banco, que era de uma expansão entre 7% e 11% em 2014. A expectativa havia sido anunciada em outubro do ano passado. Antes disso, o segundo maior banco privado do país previa aumento entre 10% e 14% nos financiamentos. O avanço mais comedido da carteira de crédito no último trimestre do ano, de 2,5% sobre igual período de 2013, prejudicou o desempenho em 12 meses. Até setembro, o Bradesco mostrava crescimento de 7,7% nos financiamentos, na comparação com dezembro do ano anterior. Para 2015, o Bradesco revelou projeção ainda menor para o crescimento da carteira de crédito, de apenas um dígito: o banco prevê alta entre 5% e 9%. Novamente o crédito imobiliário ajudou a sustentar o crescimento da carteira de financiamentos do Bradesco. Em dezembro, esta modalidade atingiu R$ 17,919 bilhões, alta de 7,1% sobre o terceiro trimestre e expansão de 31,7% em 12 meses. O crédito rural também teve alta expressiva na comparação anual, de 22,7%, enquanto o consignado (com desconto em folha de pagamento) subiu 10,6%. Assim como o crédito imobiliário, essas são modalidades consideradas de menor risco, foco da estratégia do banco. A taxa de inadimplência acima de 90 dias, que havia subido do segundo para o terceiro trimestre de 2014, mostrou ligeira baixa de 0,1 ponto percentual entre outubro e dezembro, para 3,5%. É o mesmo nível visto um ano antes. Por causa disso, o banco reduziu 1,2%, ou R$ 41 milhões, as despesas de provisões para calotes no último trimestre, que alcançaram R$ 3,307 bilhões. No ano, porém, houve crescimento de 5,1%, para R$ 12,657 bilhões.

A questão do juro FONTE JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO 29/01/2015 às 02h 00 A Selic subiu novamente, mesmo com a estagnação. Isso tem reanimado as críticas à tentativa de sua redução mais acelerada no primeiro mandato da presidenta Dilma. A iniciativa teria sido só um ato de vontade, que falhou por se opor à "ciência" econômica. O juro seria alto porque a poupança no país é baixa.

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Há uma controvérsia teórica. A ortodoxia entende que a poupança precisa ser acumulada previamente ao investimento. Isso faz sentido, por exemplo, para uma firma: reter lucros ajuda a conseguir financiamentos a custo mais baixo. Mas a moeda fiduciária, criada pelo BC e pelo sistema financeiro ao conceder empréstimos, torna macroeconomicamente prescindível o acúmulo prévio de recursos. A poupança agregada é necessária para pagar os financiamentos, mas pode ser obtida com a atividade gerada posteriormente pelos investimentos. Não há uma taxa de juro "natural" determinada pelas propensões a poupar e a investir. O juro é fixado pela autoridade monetária, com maior ou menor autonomia conforme o grau de mobilidade de capital existente –que define as oportunidades de buscar taxas maiores pelo mundo–, os resultados do balanço de pagamentos (câmbio) e o regime de controle da inflação. Assim, havia dificuldades na estratégia de redução mais rápida do juro. Aliás, foi esse o tema de minha primeira coluna ("Juros baixos e metas de inflação", de 6/9/2012). Sob o atual regime de metas de inflação, a redução do juro exige um grande esforço de contração fiscal. Isso foi feito em 2011, que teve expressiva elevação do superávit primário e o aperto monetário das chamadas "medidas macroprudenciais". Assim, o crescimento caiu de 7,5% em 2010 para 2,7% no ano seguinte. Em conjunto com a recidiva da crise financeira internacional a partir do segundo semestre de 2011, esse movimento levou à estagnação atual. Numa economia parada, não é recomendável apertar a política fiscal. Nesse sentido, a aposta foi nas desonerações tributárias, porém, por si só, elas não puxam a demanda. Seu resultado foi mais o de mitigar os efeitos inflacionários que os juros mais baixos trouxeram por causa de seus impactos de desvalorização do câmbio. Os últimos três anos foram os únicos que tiveram depreciação cambial sem que a inflação estourasse a meta. É pouco. Como ouvi em debate recente, a lição talvez seja que, além de fazer mudanças consagradas no regime de metas (como adotar o núcleo da inflação), é mais eficiente a estratégia do governo Lula de diminuir o juro mais devagar. Teria sido melhor não ter feito a contração de 2011, apostando no crescimento sustentado para facilitar o ganho fiscal que permitiria seguir reduzindo o juro. Contudo, num país de juro muito alto, isso não invalida a tentativa feita e tampouco explica a reação excessiva nos meios de comunicação. Essa reação talvez tenha menos a ver com crenças econômicas do que com algo mais prático: a concorrência bancária. Suas armas são propaganda, tecnologia, número de agências etc. Tacitamente, a competição via preços deve ser evitada. A queda de juros e de "spreads" quebrou tal paradigma. É possível compensar o menor juro com maior volume de crédito. Porém é mais arriscado. Além disso, os bancos públicos conseguiram continuar aumentando sua participação no crédito total, de 41,7% em 2010 para 53,5% em 2014. A estratégia exigiu reforçar as fontes de recursos dos bancos públicos, o que elevou a dívida pública bruta. Ainda assim, em 63% do PIB, ela continua baixa internacionalmente. O problema não é seu tamanho, mas o juro incidente elevado. Grandes anunciantes e defensores de um status quo que beneficia os mais ricos com taxas de juro muito altas, não foi difícil para o dito "mercado" ecoar sua insatisfação, como se fosse a defesa de uma indiscutível "ciência" econômica. Seu poder não se restringe aos meios de comunicação. É forte no mercado financeiro propriamente dito. Assim é até compreensível que o governo tente reeditar a estratégia de 2003, cedendo ao que a elite entende por estabilidade econômica. Infelizmente as condições prometem não ser tão favoráveis para a retomada após o ajuste ortodoxo. A economia global continua fraca. A seca ameaça o abastecimento de energia e água. Os investimento tendem a travar por um tempo em razão da Lava Jato. O ano não será fácil.

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Editorial: Mudança de verdade FONTE JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO 29/01/2015 às 02h 00 E Dilma Rousseff falou. A presidente da República, 26 dias após tomar posse, interrompeu o silêncio abúlico em que se mantinha enquanto sua equipe econômica impunha um garrote orçamentário em tudo similar ao que a oposição sugerira durante as eleições. A boa notícia é que a petista endossou a política de austeridade do ministro da Fazenda, Joaquim Levy; neste momento, era a coisa certa a fazer. A má notícia é que, para tanto, Dilma revelou-se adepta dedicada do "duplipensar" a que se referiu George Orwell (1903-1950) no célebre livro "1984". Um grande orador ou um estadista podem arriscar-se a enunciar convicções e visões contraditórias entre si, se julgarem necessário para ajudar o público a engolir um remédio amargo –alguns poucos terão sucesso na empreitada. Não sendo uma coisa nem outra, Dilma só conseguiu, na reunião ministerial de terça-feira (27), enunciar o que o mercado queria ouvir. Para a maioria da sociedade, emitiu uma mensagem confusa. Contra o princípio do terceiro excluído, afirmou que este segundo período "é, ao mesmo tempo, um governo de continuidade e também um governo de mudanças". Não disse, mas deveria ter dito, que a continuidade não passa de promessa por realizar (manter e alargar o progresso social logrado desde 2003), enquanto a mudança, esta sim, é uma realidade: a guinada na política macroeconômica implica cortes drásticos, inclusive nos gastos sociais. Não deixa de ser positivo que a presidente enfim afirme reconhecer a necessidade de recompor a estabilidade e a credibilidade da economia nacional. Mas, ao atribuir o desequilíbrio de seu primeiro mandato só ao efeito do que chamou de dois choques (queda dos preços de commodities e alta dos de alimentos, com a seca inaudita), confirma sua fama de refratária à admissão de erros e falhas. O mesmo tipo de omissão se deu com referência à Petrobras. Dilma reiterou a asserção duvidosa de que "nunca um governo combateu com tamanha firmeza e obstinação a corrupção e a impunidade". Ora, a própria empresa anunciou que as irregularidades ocorreram de janeiro de 2004 a abril de 2012. Governos Lula e Dilma, pois não? Na esfera parlamentar, a presidente prometeu enviar ao Congresso vários projetos para combater a corrupção e ressuscitou o espantalho da reforma política, saída mais segura para desconversar quando se acha refém da base de apoio inconfiável, PMDB à testa. Aos ministros pediu combate à desinformação e às falsas versões. Com seu discurso, deu um exemplo acabado da máxima "façam o que digo, mas não façam o que faço".

Planalto celebra ação de ex-ministros para excluir corrupção de balanço da Petrobras FONTE JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO PAINEL 29/01/15 às 02h 00 Zaga veterana O Palácio do Planalto aplaudiu a atuação de Guido Mantega e Miriam Belchior na reunião do conselho de administração da Petrobras que barrou a contabilização de R$ 88 bilhões de perdas com corrupção. O governo considera que a cifra é “absurda” e que só a conclusão da investigação sobre os desvios na estatal poderá revelar a dimensão do rombo. Avalia, ainda, que balanço com esses dados jamais seria aprovado pela SEC, que regula o mercado acionário nos EUA, nem pela CVM. Na fonte Dilma Rousseff determinou que o Ministério do Meio Ambiente passe a discutir diretamente com outras pastas o licenciamento das obras de infraestrutura. O objetivo é evitar atrasos.

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Verde-claro Ministros discutiram na terça, ainda, proposta para afrouxar a fiscalização desses licenciamentos. O governo atribui parte do atraso em obras a questionamentos do Ministério Público nos Estados e decisões de tribunais de Justiça. Manejo A ideia, levada por Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia), é propor mudanças na legislação para restringir contestações ambientais ao Ministério Público Federal e a tribunais federais. Uma só… A “batalha” de comunicação defendida por Dilma começa na segunda-feira, quando a Secretaria de Comunicação faz seminário com assessores de todas as pastas. Serão reformulados sites e redes sociais. … voz A presidente também tem sido instada a fazer mais discursos e a criar rotina de entrevistas coletivas. Tic-tac Coube a Aloizio Mercadante (Casa Civil) cronometrar a fala dos ministros na reunião. Era o homem do tempo, brinca um colega. Calouros Alvos de reação de petistas quando nomeados, Gilberto Kassab (Cidades) e Kátia Abreu (Agricultura) tiveram a atuação mais discreta no encontro ministerial. Uma nota só Convocada para discutir normas contra o desperdício de água, a reunião de ontem entre prefeitos da Grande São Paulo e a secretaria de Recursos Hídricos se pautou quase por um tema único: a declaração do diretor da Sabesp na véspera sobre a possibilidade de rodízio. Cabeça quente Prefeitos registraram ao secretário estadual, Benedito Braga, a necessidade de um plano de ação que contemple detalhes do rodízio e mostre o que será feito com equipamentos públicos onde não pode haver falta de água, como hospitais. Próximo capítulo Prefeitos da região metropolitana de Campinas já pediram ao governo paulista uma reunião semelhante. A região também é abastecida pelo sistema Cantareira e já teve quantidade de água que recebe reduzida em mais de 50%. Máquina girou Três integrantes da campanha de Arlindo Chinaglia (PT-SP) confirmam que a convocação de quatro ministros para o almoço de ontem foi feita pelo gabinete de Pepe Vargas (Relações Institucionais). Sai caro No encontro, dirigentes do PRB relataram constrangimento em aderir formalmente ao petista. Diziam que terão dificuldades para retirar o apoio a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciado ainda no ano passado. Tragédia grega O Planalto considera “puro jogo de cena” a reação de Aécio Neves e outros tucanos a favor de Júlio Delgado (PSB-MG): o governo calcula que 90% do PSDB vá votar em Cunha. Vizinho Aliado de Cunha, Lucio Vieira Lima (PMDB-BA) provoca: “O Planalto não deve se preocupar com o PSDB, e sim com Marta Suplicy. Essa sim está na oposição!”.

TIROTEIO Há dois métodos em disputa: Chinaglia fala institucionalmente com os partidos e Cunha tenta a cooptação. Este não prosperará. DO DEPUTADO PAULO TEIXEIRA (PT-SP), sobre as campanhas de Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara.

CONTRAPONTO Como quebrar o gelo e agradar a chefe Na primeira reunião ministerial do segundo mandato de Dilma Rousseff, coube ao titular da Educação, Cid Gomes, sugerir uma forma de responder a quem aponta incoerência no ajuste fiscal em relação ao período anterior. 12


—Eu já sucedi a mim mesmo duas vezes disse ele, que foi reeleito prefeito de Sobral e governador do Ceará. Diante de olhares curiosos, ensinou: —Em ambas, nos segundos mandatos, fiz ajustes muito duros e, quando questionado, dizia que meu antecessor tinha deixado muita gordura para queimar. Foi a senha levar Dilma e auxiliares às gargalhadas.

Baixo crescimento e emprego Fonte Jornal Valor Econômico Nelson Marconi 29/01/2015 às 05h 00 O cenário atual da economia brasileira revela uma aparente inconsistência ao combinar taxas de crescimento da renda e de desemprego baixas desde 2011. Diversos analistas defendem que este quadro é explicado pela recente desaceleração no crescimento da população economicamente ativa (PEA). Neste artigo, argumenta-se que esta situação também deriva da regressão da estrutura produtiva da economia brasileira que estimula o aumento dos empregos de baixa remuneração, inibe o crescimento da produtividade média e desacelera o crescimento da demanda agregada e da renda. Se a PEA tivesse crescido em 2013 e 2014 a uma taxa similar à média observada entre 2010 e 2012 e se metade das pessoas que procurassem emprego não obtivesse resposta positiva (suposição conservadora, a meu ver), é possível estimar que a taxa de desemprego teria atingido 6,5% em novembro de 2014, patamar observado em alguns meses de 2011 e que ainda assim seria incompatível com o cenário de crescimento reduzido dos últimos quatro anos. Logo, esse argumento, analisado de forma isolada, é insuficiente para explicar essa relação contraditória entre renda e emprego; devem existir motivações adicionais para esse cenário, apresentadas a seguir. A elevação do valor adicionado (VA) por trabalhador, que é a medida mais ampla da produtividade de uma economia, é a chave de todo processo de desenvolvimento econômico. Tal elevação está associada à sofisticação na estrutura produtiva da economia, isto é, à reorientação da produção na direção daqueles setores que geram maior produtividade, fato que abre espaço para o crescimento do salário real médio e a manutenção da taxa de lucro média em um patamar satisfatório para os empresários, além de estimular o investimento, a demanda agregada e a renda. Nos últimos anos está ocorrendo o oposto na economia brasileira, isto é, uma contínua regressão em sua estrutura produtiva. Entre 2006, ano representativo de um período de bonança para nosso país, e 2009 (último dado desagregado das Contas Nacionais - CN), a participação no VA total dos seis setores com menor produtividade elevou-se de 27% para 28,7%, enquanto dos seis setores com maior produtividade reduziu-se de 24,3% para 22,7%. Uma estimativa a partir das Contas Trimestrais mostra uma continuidade desse processo entre 2010 e o terceiro trimestre de 2014, sendo que a participação dos primeiros teria aumentado 0,5 p.p. e dos últimos teria caído 0,6 p.p. Estão incluídos dentre os setores com menor valor da produtividade os serviços tradicionais, o comércio, a agropecuária e a construção civil. Entre os setores com maior valor da produtividade encontram-se os serviços de informação e financeiros, a manufatura de média-alta e alta tecnologia, os serviços de utilidade pública e a extração mineral, incluindo os combustíveis. Qual é a implicação desse quadro? Uma mudança na composição do emprego na direção dos setores que pagam menores salários. Os dados do Cadastro Central de Empresas do IBGE, que contém as informações sobre o setor formal de toda a economia brasileira, demonstram que a participação no emprego total dos seis setores que praticam as menores remunerações médias - praticamente os mesmos que exibem menor produtividade nas CN - aumentou de 13


31,1% em 2006 para 33,4% em 2012 (último dado disponível) e dos que pagam salários mais altos permaneceu estável, e muito reduzida, em 4,4% (também são praticamente os mesmos que geram maior produtividade). Os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE possibilitam avançar até 2014 e confirmam essa tendência de modo ainda mais expressivo (os levantamentos dessa pesquisa também abrangem o setor informal, mas restringem-se a seis regiões metropolitanas). A participação no emprego dos setores que praticam os cinco menores salários médios aumentou de 28,1% em 2006 para 32,2% nos doze meses encerrados em agosto de 2014, enquanto que dos seis setores que pagam os maiores salários médios reduziu-se de 11,7% para 5,3% na mesma comparação. Neste levantamento com base na PME foram desconsiderados os servidores públicos, pois a lógica que rege a evolução do emprego no setor público não está diretamente associada à mudança na composição da estrutura produtiva da economia, e as pessoas que exercem serviços domésticos, cujo mercado de trabalho foi fortemente influenciado por mudanças na legislação. A evolução mais expressiva do emprego em setores cujos salários e produtividade são baixos impacta a produtividade média, termina inibindo as taxas de crescimento econômico no longo prazo e contribui para explicar o aparente paradoxo discutido neste artigo. Fugir dessa armadilha requer uma mudança na estrutura produtiva na direção de sua sofisticação, isto é, da produção nos setores com maior produtividade, os quais são, via de regra, geradores de bens comercializáveis, como as manufaturas de média e alta tecnologia e os serviços mais modernos. Essa reorientação na estrutura produtiva requer uma recuperação da capacidade de competição externa e, por decorrência, da rentabilidade destes setores. O caminho para essa solução passa pela correção de preços macroeconômicos importantes que influem sobre a rentabilidade de todos os bens comercializáveis, como taxas de juros e de câmbio. Essa é uma condição fundamental para a retomada do processo de crescimento do país.

Direção segura em empresas rápidas Fonte Jornal Valor Econômico EstelleMetayer 29/01/2015 às 05h 00 Os pontos cegos de um carro são as áreas que não aparecem nos espelhos retrovisores e laterais. O motorista precisa estar constantemente atento a eles - e aos riscos potencialmente mortais que podem esconder. As empresas também têm pontos cegos - e podem ser igualmente custosos, levando-as a investir demais em projetos arriscados ou a desperdiçar oportunidades emergentes. Líderes bem-sucedidos têm o cuidado de identificar os pontos cegos de suas empresas e introduzir mecanismos para assegurar que não provoquem danos. Uma fonte comum de pontos cegos para as empresas são os preconceitos na hora de julgar. Surgem quando os executivos têm pontos de vista demasiado estreitos sobre seu setor, subestimam a capacidade dos concorrentes ou deixam de ver a forma como o cenário competitivo vem se transformando. Um bom exemplo de uma empresa que sofreu com esse tipo de ponto cego é a Nestlé. Por décadas, a multinacional suíça definiu-se de forma estrita, como uma das empresas de alimentos líderes no mundo. O rótulo criou uma restrição autoimposta, limitando a Nestlé a vender uma faixa relativamente pequena de produtos. Em 2010, o executivo-chefe da 14


empresa, Paul Bulcke, redefiniu a Nestlé como uma empresa de "nutrição, saúde e bem-estar". Foi uma decisão estratégica brilhante, que permitiu à firma oferecer dezenas de novas linhas de produtos e serviços. Muitas equipes de executivos sofrem de excesso de confiança quanto à força competitiva de suas empresas. Na frente de seus conselhos de administração, recitam declarações exageradas sobre o estado de suas operações; cerca de 80% dos balanços anuais descrevem a empresa como "a líder do mercado". Infelizmente, esse tipo de arrogância pode levar à complacência e a problemas de competitividade. Muitas instituições financeiras, por exemplo, estão preparadas de forma inadequada para confrontar-se com novos concorrentes entrando em seus mercados. O Google, silenciosamente testando as águas do mercado de seguros de carros, tem uma licença bancária. Enquanto isso, o Square, o Paypal e a empresa iniciante Affirm já processam uma grande parcela dos pagamentos na internet. No mundo de alta velocidade de hoje, basta uma única melhora tecnológica, vantagem de preço ou ótima campanha publicitária viral para um concorrente pular à frente. Novos concorrentes podem se materializar aparentemente do nada. A Uber, empresa de serviços similares ao de táxi, não existia há cinco anos; agora é avaliada em mais de US$ 40 bilhões. A rápida expansão do Alibaba ameaça varejistas ocidentais, que nunca imaginaram ter de enfrentar um concorrente chinês. Carros sem motorista e aviões sem piloto em breve vão transformar muitos setores. Outra causa frequente para pontos cegos é o preconceito histórico ou o que os psicólogos chamam de "efeito de ancoragem" a suposição de que algo verdadeiro no passado vai continuar verdadeiro no futuro. Um longo histórico de êxitos pode desvirtuar a análise dos executivos, distorcer suas decisões e cegá-los diante de mudanças incipientes de paradigmas ou de rápidas mudanças em um mercado. Quando a rede varejista americana Target abriu sua primeira loja no Canadá, em março de 2013, os administradores supuseram que a receita de seu sucesso nos Estados Unidos poderia ser replicada ao norte da fronteira. Em vez disso, apenas 22 meses depois, a empresa anunciou que fecharia todas suas 133 lojas no Canadá e demitiria 17 mil pessoas. A experiência da Target nos EUA acabou se revelando um mau indicador do que poderia esperar no Canadá. Superar inclinações históricas exige o questionamento dos tabus de cada setor. Por exemplo, se os criadores de séries de TV como "Game ofThrones", o programa mais pirateado na história, deixassem de combater a violação de direitos autorais, poderiam aproveitar uma oportunidade. Anúncios embutidos diretamente no programa chegariam a cinco milhões de espectadores adicionais - ilegais -, na prática dobrando sua audiência. O setor de TV não é o único a não questionar e revisar seus modelos, métodos e operações tradicionais. O mercado postal, por exemplo, poderia aprender lições das empresas aéreas e de trens, das agências de turismo e dos hotéis, que aumentam seus preços durante períodos de alta demanda. Está mais do que na hora de contestar a suposição de que o preço para enviar uma carta ou remeter um pacote deve continuar constante ao longo do ano. Precaver-se contra pontos cegos exige reflexões cuidadosas, mas executivos e conselhos de administração podem adotar processos para proteger-se contra eles. Para começar, as empresas deveriam diversificar seus talentos. Gerentes deveriam assegurar poder ter acesso a pessoas que pensam diferentemente deles. Iconoclastas e especialistas externos deveriam ser convidados para compartir seus pontos de vista. Pelo menos 20% dos conselhos de administração das empresas deveriam ser compostos por pessoas de fora do setor. Os pontos 15


de vista de outras gerações e de outras partes do mundo deveriam ser procurados e solicitados. Executivos deveriam empreender esforços especiais para romper tabus, examinar suposições nunca contestadas e questionar suas regras de negócios mais sagradas. Mesmo métodos simples, como escrever e contestar cada suposição em que uma empresa baseia sua estratégia, podem render valiosas revelações. Cada empresa deveria encarregar alguém para desempenhar o papel de "dissidente". Às vezes chamado de "o quebrador de porcelana chinesa", essa pessoa deve ter tempo nas reuniões do conselho para jogar vários pratos contra a parede e ver o que se pode fazer com os cacos. Vários setores vêm ficando cada vez mais complexos; e a concorrência global é cada vez maior. As empresas mais bem posicionadas para sobreviver serão as que tomarem as precauções adequadas para não serem jogadas para fora da estrada. (Tradução de Sabino Ahumada).

Países com "capitalismo de Estado" terão de fazer reforma, diz Roubini Fonte Jornal Valor Econômico Talita Moreira SÃO PAULO - Países emergentes que apostaram num “capitalismo de Estado”, como o Brasil, terão de passar por um processo doloroso para recuperar o crescimento. A afirmação foi feita pelo economista NourielRoubini em evento do CreditSuisse com investidores. Segundo ele, os anos de dinheiro barato e o superciclo das commodities ficaram para trás, o que agora desafia esses países a encarar reformas que foram proteladas. “Alguns países ficaram preguiçosos na macroeconomia, criando déficits em suas contas. É o caso dos cinco frágeis”, disse ele, referindo-se a Brasil, Índia, Indonésia, Turquia e África do Sul. Para Roubini, alguns desses países apostaram em protecionismo comercial e estimularam o crédito oferecido pelos bancos públicos, reduzindo seu potencial de crescimento. “Muitos já começaram um aperto monetário, mas precisam fazer ajuste fiscal. Esse processo será doloroso no curto prazo.” O que ameniza a situação é que os programas de afrouxamento monetário da Europa e do Japão devem injetar alguma liquidez nas economias emergentes, afirmou. Juros dos Treasuries A pressão de baixa vista nas últimas semanas sobre as taxas dos Treasuries, títulos do Tesouro americano, vai continuar em razão das medidas de liquidez adotadas na Europa e no Japão, afirmou o economista. Segundo ele, os juros de longo prazo nos Estados Unidos tendem a seguir em queda. Por conta da farta liquidez global, uma possível inflação global nos preços dos ativos é algo com que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) e outros bancos centrais deveriam se preocupar, disse Roubini. Para ele, os Estados Unidos estão “indo bem” em seu processo de recuperação econômica. A despeito das visões de que um dólar excessivamente forte pode comprometer o desempenho comercial de parceiros comerciais do país, a percepção em Washington é a de que a demanda interna americana está forte o suficiente para compensar esse efeito negativo.

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Na opinião de Roubini, países latino-americanos mais próximos dos Estados Unidos, como o México, estão mais bem posicionados que aqueles que têm maior dependência comercial da China, casos do Brasil, do Chile e do Peru. O economista afirmou acreditar que a desaceleração chinesa será maior que o esperado. Para ele, o PIB chinês vai crescer 6,5% neste ano e 5,5% no próximo ano abaixo da maioria das previsões, mais próximas de 7%. “Não é um pouso forçado, mas não é um nível de crescimento que está precificado”, afirmou. “Vai surpreender negativamente, com efeitos ruins para mercados emergentes.” Segundo Roubini, uma desaceleração mais forte da China é um dos riscos para a economia global em 2015. Os outros são a Grécia em rota de colisão na zona do euro, um erro do Fed quanto ao momento de dar início à subida das taxas de juros e questões geopolíticas na Rússia.

Preços administrados devem subir 9,3% em 2015, indica ata do Copom Fonte Jornal Valor Econômico Lucinda Pinto 29/01/2015 às 09:h 07 SÃO PAULO - A ata do Copom reconhece uma piora das expectativas de inflação para 2015, quando os reajustes de preços administrados serão mais altos do que o previsto anteriormente. No cenário de referência do Banco Central, a estimativa para a inflação este ano se afastou ainda mais do centro da meta de inflação, de 4,5%. Para 2016, as estimativas permaneceram relativamente estáveis. Mas o documento eliminou a afirmação observada na reunião anterior de que projeções para o próximo ano indicam que inflação entra em trajetória de convergência para a meta. O cenário de referência do Banco Central leva em conta a manutenção da taxa de câmbio em R$ 2,65 e Selic em 11,75% em todo o horizonte relevante. A ata informa que o Banco Central projeta uma alta de 9,3% dos preços administrados este ano, ante 6% na reunião anterior. Entre outros fatores, essa projeção considera hipótese de elevação de 8% no preço da gasolina, em grande parte, reflexo de incidência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) e da PIS/Cofins; de 3,0% no preço do gás de bujão; de 0,6% nas tarifas de telefonia fixa; e de 27,6% nos preços da energia elétrica, devido ao repasse às tarifas do custo de operações de financiamento, contratadas em 2014, da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Para 2016, entretanto, a projeção oscilou levemente, de 5,2% em dezembro para 5,1%. No cenário de mercado, o BC informa que a projeção para o IPCA também se elevou em relação ao valor considerado na reunião anterior e permanece acima da meta. Para 2016, a estimativa também permanece relativamente estável, acima do centro da meta.

BC projeta alta de 27,6% nas contas de luz em 2015 Fonte Revista Veja (Com Estadão Conteúdo) 29/01/2015 às 11h 45 O Banco Central (BC) trabalha com uma estimativa de alta de 27,6% para as contas de luz em 2015, em média, devido ao repasse às tarifas do custo de operações de financiamento, contratadas em 2014, da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e ao fim do subsídio do 17


Tesouro ao setor. A informação está na ata da última reunião de seu Comitê de Política Monetária (Copom) que elevou o juro básico (Selic) para 12,25% ao ano. Circula, porém, no governo, uma estimativa mais pessimista para a elevação dos preços da energia elétrica: de 40% em média. Na ata, também consta a estimativa de aumento de 8% no preço da gasolina neste ano, impactada pela incidência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) e da PIS/Cofins. O BC previu ainda o aumento de preços para o gás de bujão (3%) e da tarifa média de telefonia fixa (0,6%). Para os preços administrados como um todo, onde se encaixam as tarifas de energia elétrica e combustíveis, a expectativa passou de alta de 6% na última ata do Copom, em dezembro, para 9,3% nesta terça. Com as perspectivas de aumento de preços piorando, o Copom elevou suas projeções de inflação para 2015 e 2016. Considerando tanto o cenário de referência quanto o de mercado, a estimativa permanece acima do centro da meta de 4,5% fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). No documento de dezembro, o BC havia informado apenas que, para os três primeiros trimestres de 2015, as projeções estavam acima da meta tanto no cenário de referência quanto no de mercado. Como o estudo do cenário de referência é feito antes da decisão final sobre os juros e tem como objetivo prever a tendência de inflação, ele considerou a Selic em 11,75% ao ano e o câmbio em 2,65 reais por dólar. Já o cenário de mercado é feito a partir das expectativas de analistas externos. O último Relatório de Mercado Focus aponta para uma taxa de 6,99% para o período. Já no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado em dezembro, o BC informou que a previsão para o IPCA de 2015 no cenário de referência subiu de 5,8% para 6,1%. No cenário de mercado, houve uma redução da projeção de 6,1% para 6%. "Com base nesses modelos, projeta-se, para o conjunto dos preços administrados por contrato e monitorados, variação de 5,1% em 2016, ante 5,2% considerados na reunião do Comitê de dezembro", disse o órgão na ata do Copom. O presidente do BC, Alexandre Tombini, tem dito desde o final do ano passado que a inflação subiria no início de 2015, mas que iria desacelerar ao longo do ano. Segundo ele, no encerramento de 2016, o BC conseguirá entregar a inflação no centro da meta de 4,5%.

IGP-M avança 0,76% em janeiro, afirma FGV Fonte Portal Economia SC (FGV/Ibre)29 de janeiro de 2015 às 09h 01 O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usado como referência para reajustar os contratos de aluguel, variou 0,76%, em janeiro, valor 0,14 ponto percentual acima do índice registrado em dezembro, que foi de 0,62%. Em janeiro de 2014, a variação foi de 0,48%. Em 12 meses, o IGP-M registrou alta de 3,98%. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, dia 29, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre). Entre os indicadores que compõem o IGP-M está o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que apresentou taxa de variação de 0,56%. No mês anterior, a taxa foi de 0,63%. O índice relativo aos Bens Finais variou 1,57%, em janeiro. Em dezembro, este grupo de produtos mostrou variação de 1,05%. Contribuiu para este avanço o subgrupo alimentos in natura, cuja taxa de variação passou de 3,69% para 11,74%. Excluindo-se os subgrupos alimentos in natura e combustíveis, o índice de Bens Finais (ex) registrou variação de 0,59%. Em dezembro, a taxa foi de 0,73%. O índice referente ao grupo Bens Intermediários variou 0,51%. Em dezembro, a taxa foi de 0,69%. O principal responsável por este movimento foi o subgrupo materiais e componentes 18


para a manufatura,cuja taxa de variação passou de 0,56% para 0,32%. O índice de Bens Intermediários (ex), calculado após a exclusão do subgrupo combustíveis e lubrificantes para a produção, variou 0,48%, ante 0,52%, em dezembro. No estágio inicial da produção, o índice do grupo Matérias-Primas Brutas variou -0,60%, em janeiro. Em dezembro, o índice registrou variação de 0,05%. Os itens que mais contribuíram para este movimento foram: milho (em grão) (9,75% para -0,49%), soja (em grão) (1,69% para -0,74%)e bovinos (3,59% para 1,00%). Em sentido oposto, destacam-se: mandioca (aipim) (0,45% para 12,67%), suínos (-9,41% para 0,21%) e leite in natura (-5,10% para -2,52%). Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que também é usado para cálculo do IGP-M, registrou variação de 1,35%, em janeiro, ante 0,76%, em dezembro. Seis das oito classes de despesa componentes do índice registraram acréscimo em suas taxas de variação. A principal contribuição partiu do grupo Alimentação (0,85% para 1,66%). Nesta classe de despesa, vale citar o comportamento do item hortaliças e legumes, cuja taxa passou de 5,59% para 13,68%. Também apresentaram acréscimo em suas taxas de variação os grupos: Habitação (0,79% para 1,59%); Transportes (0,73% para 1,48%); Educação, Leitura e Recreação (1,23% para 2,35%); Despesas Diversas (0,19% para 1,26%); e Comunicação (0,53% para 0,55%). Nestas classes de despesa, os destaques partiram dos itens: tarifa de eletricidade residencial (3,33% para 7,29%), tarifa de ônibus urbano (-0,04% para 5,38%), cursos formais (0,00% para 5,62%), cigarros(-0,08% para 1,96%) e pacotes de telefonia fixa e internet (0,52% para 1,74%), respectivamente. Em contrapartida, apresentaram decréscimo em suas taxas de variação os grupos: Saúde e Cuidados Pessoais (0,56% para 0,31%); e Vestuário (0,59% para 0,00%). Nestas classes de despesa, os destaques partiram dos itens: artigos de higiene e cuidado pessoal (0,24% para -0,40%) e roupas (0,83% para -0,13%), respectivamente. O outro indicador que compõem o IGP-M é o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). Este registrou, em janeiro, variação de 0,70%, acima do resultado de dezembro, de 0,25%. O índice relativo a Materiais, Equipamentos e Serviços registrou variação de 0,62%. No mês anterior, a taxa havia sido de 0,27%. O índice que representa o custo da Mão de Obra registrou variação de 0,77%. No mês anterior, este índice registrou taxa de 0,24%.

Governo vai lutar no Congresso por mudanças em benefícios, diz Barbosa Fonte Jornal Folha de São Paulo TATIANA FREITASDE SÃO PAULO29/01/2015 às 12h24 O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse nesta quinta-feira (29) que o governo federal vai lutar no Congresso Nacional pela aprovação das mudanças nas regras de concessão de benefícios trabalhistas e previdenciários. "Nós propusemos as medidas no tamanho que nós achamos correto e vamos defender essas medidas no Congresso, na mídia, em todas as esferas. Abrimos o debate com as centrais sindicais e vamos discutir isso no Congresso", afirmou o ministro após participar de encontro com empresários na sede da Fiesp, em São Paulo. Questionado sobre a viabilidade de o governo não conseguir cumprir a meta de economia de R$ 18 bilhões com as novas regras, anunciada inicialmente pela equipe econômica do governo Dilma, Barbosa apenas informou que "o tamanho das medidas foi considerado correto", e evitou comentar possíveis flexibilizações no pacote. As mudanças nas regras do auxílio-doença, uma das medidas consideradas pelo governo para o ajuste fiscal, onera as indústrias, que, já em crise, dizem não poder suportar mais um encargo. 19


Até agora, a empresa era obrigada a pagar o salário integral do funcionário afastado por doença apenas nos primeiros 15 dias. Pelas novas regras, terá de pagar o salário integral nos primeiros 30 dias de afastamento. "A posição da indústria é contrária a essa ampliação, porque a indústria já tem uma carga tributária muito elevada. Não estamos de acordo com isso e vamos discutir no Congresso", disse o presidente da Fiesp, Paulo Skaf. Segundo ele, o ministro não demonstrou abertura para negociar a mudança no auxílio-doença com a indústria na reunião desta quinta. Segundo o ministro e o presidente da Fiesp, o principal tema da reunião foi a situação econômica do país e da indústria. "Mostramos ao ministro que não há como ter aumento tributário para a indústria. O ajuste fiscal tem que ser por redução de despesas. E ele deixou claro que 70% do ajuste fiscal está do lado da redução de gastos", disse Skaf. GRUPO INTERMINISTERIAL O ministro comentou ainda sobre o grupo de trabalho interministerial criado nesta quinta-feira para acompanhar os gastos públicos. Segundo ele, a equipe foi montada com dois objetivos: ajudar os ministérios a atravessar este ano, que deverá ser marcado por "forte restrição fiscal", e começar a preparar o planejamento plurianual do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. "O grupo acompanhará qual a situação orçamentária de cada ministério este ano e como poderá se adaptar à necessidade de contingenciamento, que certamente haverá", disse.

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