31 de julho de 2014

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 31 DE JULHO DE 2014

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Bovespa perde 2% e dólar sobe mais de 1% em meio a incertezas externas Fonte: Jornal Valor Online José de Castro, Aline Cury Zampieri, Antonio Perez e Gabriel Bueno 31/07/2014 às 13h 54 SÃO PAULO - O último pregão de julho é marcado por fortes quedas nas bolsas de valores internacionais. Os investidores questionam a capacidade de os mercados continuarem em alta nos próximos meses em meio à expectativa de menos estímulos pelo banco central americano, a alertas nos lucros corporativos e aos temores de contágio de mais um calote da Argentina. As vendas de ações ocorrem simultaneamente a um aumento na demanda por dólares, o que impulsiona a divisa americana no mundo. O dólar sobe com mais força na comparação com moedas emergentes e dispara mais de 1% ante o real, para máximas não vistas em dois meses. Câmbio A última sessão de julho no mercado de câmbio é marcada por uma disparada do dólar ante o real nesta quinta-feira, num movimento que leva a moeda americana a se aproximar de R$ 2,28, em máximas não vistas em dois meses. O movimento é influenciado tanto por mais uma rodada de ganhos do dólar no exterior quanto pelos ajustes de posições de investidores em meio à expectativa de redução de liquidez diante de vencimentos de bilhões de dólares em swaps cambiais e linhas de dólares. As preocupações com a Argentina, que entrou em “default” pela segunda vez desde 2001, são outro elemento que mantém o clima de cautela no mercado doméstico, embora ainda sem impactos diretos, segundo analistas. Às 13h46, o dólar comercial saltava 1,11%, para R$ 2,2682. Na máxima, a cotação foi a R$ 2,2760, maior patamar desde 5 de junho, quando chegou a R$ 2,2810. O dólar para agosto avançava 0,91%, a R$ 2,2675. Segundo operadores, a forte demanda por dólares desde ontem decorre de uma busca por proteção cambial que deixará de existir com a liquidação de US$ 2,81 bilhões em swaps cambiais amanhã. Esse é o montante que o BC provavelmente deixará de rolar. O lote total era de 189.130 (US$ 9,457 bilhões) em papéis que vencem em 1º de agosto. Para setembro, está previsto o vencimento de 201.400 contratos de swap, num total de US$ 10,070 bilhões. O BC ainda não se pronunciou sobre as rolagens referentes a esse vencimento. Antes de voltar a subir com ainda mais força, o dólar chegou a perder fôlego pela manhã, depois que o BC aceitou propostas em leilão de rolagem de linhas de dólares. A oferta era de US$ 2,25 bilhões. Com as rolagens de hoje, o BC mantém posição em linhas de dólares junto ao mercado. Antes do leilão de rolagem desta quinta-feira, a autoridade monetária havia recomprado o equivalente a US$ 14,736 bilhões, de um total de US$ 16,986 bilhões vendidos pelo BC em leilões de linhas desde junho de 2013. Juros

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O mercado de juros futuros da BM&F foi engolfado hoje pelo ambiente global de recomposição de prêmios de risco de crédito. As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) mais longos registram alta firme. À espera do relatório sobre o mercado de trabalho americano de julho, amanhã, que pode ratificar a tendência de recuperação do mercado de trabalho, a escolha dos investidores é a cautela. No Brasil, se não dita a formação das taxas, a piora das contas públicas pelo menos ajuda a engordar os prêmios de risco. O setor público não financeiro registrou déficit primário de R$ 2,1 bilhões em junho, o pior resultado para o mês na série histórica. No semestre, pelos dados do Tesouro, a economia foi equivalente a 0,69% do Produto Interno Bruto (PIB), o menor resultado para o período desde 1998. Segundo o chefe do Departamento Econômico da autoridade monetária (Depec/BC), Túlio Maciel, o déficit primário de R$ 13 bilhões somando maio e junho tornam o alcance da meta de superávit de 1,9% do PIB “mais difícil”. No entanto, ponderou, isso não significa que não seja possível de se obter tal resultado. “O Tesouro trabalha nesse sentido”, apontando que esse é o órgão responsável pela execução orçamentária. O DI janeiro/2016 estava a 11,18% (ante 11,12% ontem, após ajustes); o DI janeiro/2017 marcava 11,52% (ante 11,43% ontem); e o DI janeiro/2021 se situava em 11,88% (ante 11,75% ontem). Bolsa O Ibovespa negocia em queda hoje, em linha com os mercados internacionais. A baixa, que ficou em torno de 1% durante a manhã, se aprofundou depois do meio-dia, também acompanhando desvalorizações mais fortes no exterior. Às 13h49, o Ibovespa cedia 2,04%, para 55.717 pontos. Petrobras PN recuava 3,27% e Vale PNA subia apenas 0,17%. Segundo analistas, pesa hoje a aversão a risco mundial, impulsionada por dados piores de empresas em geral e da economia da zona do euro. Os investidores também aproveitam para corrigir ganhos nas bolsas da Europa e dos Estados Unidos. O fato de o governo da Argentina não ter chegado a um acordo com os credores que não participaram da dívida reestruturada, de acordo com os especialistas, praticamente não oferece peso extra para o mercado de ações. Outra questão que pressiona o Ibovespa, diz um operador, é o cenário eleitoral. O Ibope divulgou ontem resultado de pesquisas eleitorais para governadores em alguns Estados. Sobre a questão argentina, os analistas praticamente desconsideram os efeitos para a Bovespa. A safra de balanços, contudo, tinha impacto no índice da Bolsa paulista.

Planejamento: Estatais federais investiram R$ 44,64 bi no 1o.semestre Fonte: Jornal Valor Online Mônica Izaguirre31/07/2014 às 08h43 BRASÍLIA - As 69 empresas abrangidas pelo orçamento investimento das estatais federais para 2014 investiram cerca de R$ 44,64 bilhões no primeiro semestre, 42,2% do previsto para 3


o ano inteiro, informou o Ministério do Planejamento no “Diário Oficial da União” desta quinta-feira. Desse total, R$ 39,11 bilhões foram investimentos do grupo Petrobras, que executou em seis meses 46,3% das dotações orçamentárias do ano, incluídas as empresas controladas no Exterior. Só a holding do grupo investiu R$ 32,44 bilhões, segundo o Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Dest), órgão do ministério. No grupo Eletrobras, o percentual de execução orçamentária de investimentos foi menor, 25,6% apenas, com esses gastos ficando em R$ 2,53 bilhões no semestre. Das 69 empresas, 62 são do setor produtivo e 7 do setor financeiro. Com investimentos de R$ 856,1 milhões no semestre, a Caixa Econômica Federal executou 33,9% das dotações previstas para 2014 todo. Outro destaque entre as estatais financeiras, o Banco do Brasil investiu R$ 677,88 milhões, 21,9% do previsto para o ano. Parte do Orçamento Geral da União (OGU), o orçamento de investimento das estatais abrange somente empresas que não dependem de recursos do Tesouro Nacional para bancar seus gastos de custeio (como os de pessoal, por exemplo) . Estatais cujo custeio depende do Tesouro, parcial ou totalmente, entram no orçamento fiscal, que é outra parte do OGU, inclusive no que se refere à previsão de gastos com investimentos. O recebimento de aportes do Tesouro para investimentos não caracteriza uma estatal como dependente. Mas mesmo para esse tipo de gasto, em geral, elas usam principalmente recursos próprios e de outras fontes que não o Tesouro. Conforme o Ministério do Planejamento, dos R$ 44,64 bilhões investidos na primeira metade de 2014, somente 2,2% foram provenientes de recursos do Tesouro para aumento de patrimônio líquido. A maior parte, 94,7%, foram recursos de geração das próprias empresas, que também usaram recursos de financiamentos.

IBGE: Desvalorização do dólar alivia preços ao produtor no 1o.semestre Fonte: Jornal Valor Online Diogo Martins 31/07/2014 às 12h17 RIO - A desvalorização do dólar neste ano está fazendo o Índice de Preços ao Produtor (IPP) desacelerar no primeiro semestre, deixando o indicador em junho num patamar inferior a igual período de 2013. A avaliação é de Alexandre Brandão, gerente do IPP, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na passagem de maio para junho, o IPP passou de queda de 0,26% para baixa de 0,13%. Foi o quarto recuo mensal do IPP. Com o resultado de junho, o indicador acumulou alta de 0,93% no primeiro semestre, taxa inferior à verificada em igual período de 2013, quando ficou 1,32%. Em 12 meses até junho, o IPP subiu 5,04%. Foi o quarto mês seguido que a taxa desacelerou. Em janeiro, no acumulado em 12 meses, o índice estava em alta de 8,24%. "No começo do ano, houve valorização do real frente ao dólar. Isso teve um efeito de queda no IPP. Quando o dólar estava subindo no ano passado, o IPP estava em alta", afirmou Brandão.

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Setores cujos preços são atrelados ao dólar mostram algumas das maiores perdas de preços no ano. Um deles, o setor madeireiro, caiu 3,02%, a maior baixa entre os 23 setores observados. Outro segmento é fumo, que recuou 2,48%. No acumulado em 12 meses até junho, comparação na qual os efeitos do câmbio ainda são sentidos, setores com preços atrelados ao dólar tiveram as maiores valorizações. É o caso de calçados e artigos de couro, com alta de 11,26%, metalurgia e produtos de metal, que subiram 6,85% e 6,57%, respectivamente.

Estados e municípios têm superávit primário de R$ 447 milhões em junho Fonte: Jornal Valor Online Eduardo Campos e Alex Ribeiro 31/07/2014 às 11h13

BRASÍLIA - O setor público registrou superávit primário no âmbito dos governos regionais em junho. Juntos, Estados, municípios e suas empresas estatais fizeram economia para o pagamento de juros de R$ 447 milhões no sexto mês deste ano. Em maio, a economia foi de R$ 117 milhões; em junho do ano passado, tinha sido de R$ 3,592 bilhões. Em janeiro, a economia dos entes regionais foi de R$ 7,643 bilhões, recorde histórico, conforme eles receberam repasse extra de R$ 2,2 bilhões do governo federal. Com isso, no acumulado do ano, os entes regionais, fazem uma economia de R$ 15,105 bilhões, ou 83% da meta de R$ 18,2 bilhões — 0,35% do PIB para o ano. Os Estados apresentaram déficit primário de R$ 171 milhões em junho, ante superávit de R$ 284 milhões em maio, enquanto os municípios mostram superávit primário de R$ 284 milhões, após déficit de R$ 272 milhões no quinto mês deste ano. As estatais estaduais mostraram superávit de R$ 301 milhões em junho, enquanto as municipais fizeram economia de R$ 33 milhões. As estatais federais – fora Petrobras e Eletrobras – também mostraram superávit, de R$ 185 milhões. Em 12 meses, os governos regionais e suas respectivas estatais apresentaram superávit de R$ 13,031 bilhões, ou 0,26% do PIB, ante 0,32% do PIB nos 12 meses encerrados em maio. Para 2014, Estados e municípios têm de entregar uma economia de R$ 18,2 bilhões, ou 0,35% do PIB.

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Dívida líquida do setor público sobe para R$ 1,755 trilhão em junho Fonte: Jornal Valor Online Eduardo Campos e Alex Ribeiro 31/07/2014 às 11h07 BRASÍLIA - (Atualizada às 11h36) A dívida líquida do setor público não financeiro avançou em junho, para R$ 1,755 trilhão, contra R$ 1,725 trilhão um mês antes. Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) estimado pelo Banco Central (BC), a dívida líquida saiu de 34,6% para 34,9%. O BC projetava estabilidade para a dívida. De acordo com a autoridade monetária, esse avanço da dívida líquida reflete a valorização cambial de 1,6% no período, que contribuiu com R$ 11,5 bilhões para essa elevação. No ano, a relação dívida/PIB subiu 1,4 ponto percentual. Os juros apropriados e a valorização do dólar de 6% respondem por essa elevação. O dado foi divulgado pelo BC e leva em conta União, Estados, municípios e empresas estatais, com exceção daquelas dos grupos Petrobras e Eletrobras. Os bancos estatais também não entram na conta da dívida pública líquida, pois as estatísticas se referem ao setor público não financeiro. Com relação à dívida bruta, houve avanço de R$ 2,895 trilhões para R$ 2,941 trilhões de maio para junho. Como proporção do PIB estimado pelo BC, o percentual saiu de 58% para 58,5%. A autoridade monetária projetava, por sua vez, recuo, para 57,8%. Em junho, as operações compromissadas da autoridade monetária para regular a liquidez do sistema financeiro não contribuíram para elevação da dívida, já que foram retirados títulos do mercado. Como proporção do PIB, o saldo dessas operações caiu de 13,4% para 12,6%. Em valores nominais, elas passaram de R$ 666,458 bilhões para R$ 634,942 bilhões. Para julho, o BC estima uma redução da relação da dívida líquida/PIB. De acordo com o chefe do Departamento Econômico (Depec) da autoridade monetária, Túlio Maciel, o indicador deve cair de 34,9% em junho para 34,6%. Para a dívida bruta, o prognóstico também é de breve recuo. O percentual com relação ao PIB deve passar dos 58,5% em junho para 58,3% em julho.

Oportunidades nos mercados emergentes Fonte: Jornal Valor Online Jacilio Saraiva | De São Paulo 31/07/2014 às 05h00 O que fazer para exportar mais, mesmo em um cenário refratário às vendas externas? Para especialistas, os pequenos empresários devem estudar melhor os países que querem atingir, respeitando as peculiaridades dos produtos e serviços de cada região, e cumprir à risca as certificações de mercadorias exigidas pelas autoridades de comércio, principalmente nos EUA e Europa. Não descuidar de oportunidades que aparecem em mercados emergentes e recorrer às associações de classe e cooperativas de negócios também pode ajudar. Entidades como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) investem em ações de estímulo à exportação. 6


"Entre os mercados emergentes devemos ficar atentos à Índia, Rússia e Coreia do Sul", aconselha Evaldo Alves, professor de economia internacional e coordenador do curso de comércio exterior da Fundação Getulio Vargas (FGV). "Mas, para isso, as empresas devem investir no ajuste de especificações externas e fazer parcerias com companhias do mercado onde querem ingressar." Para José Meireles de Sousa, coordenador do curso de comércio internacional da Universidade Anhembi Morumbi, a China e a África do Sul também devem ser observados como potenciais importadores. "Os pequenos empresários podem aumentar a participação em consórcios de exportação e cooperativas para fazer mais negócios", diz. A Segware, da área de monitoramento de alarmes, montou um escritório em Miami, em cooperação com a Apex. "A partir dele, realizamos todas as ações de parcerias e distribuição para os EUA e a América Latina", diz Luiz Henrique Bonatti, CEO da empresa de 30 funcionários, de Florianópolis. "A expectativa para 2014 é faturar US$ 1,2 milhão no exterior, com a execução de 26 projetos, principalmente em bancos da Colômbia e México." O valor representa uma evolução de 150% no faturamento, em relação ao ano passado. Para Luiz Barretto, presidente do Sebrae, antes de começar a exportar, o empresário precisa pesquisar sobre o destino dos investimentos. "É necessário saber em quais países o produto vai encontrar as melhores oportunidades", diz. Em seguida, deve-se fazer uma análise da empresa exportadora para descobrir pontos fortes e as lacunas na gestão de pessoas, marketing e finanças. Há cursos virtuais como o de Procedimentos para Exportação (Proex), que prepara as empresas para atividades de exportação e procedimentos de controle aduaneiro, e o de Condições de Venda para o Mercado Externo (CVME), que ensina técnicas de vendas utilizadas no exterior. Os cursos têm carga horária equivalente a até 20 horas.

Menos burocracia Fonte: Jornal Valor Online Jacilio Saraiva de São Paulo31/07/2014 às 05h00

Apesar de enfrentar dificuldades como a variação da política econômica e o câmbio desfavorável, o empresário Paulo Marcos Paiva, da Reivax, fabricante de equipamentos para geração de energia, continua apostando no mercado externo. Com 170 funcionários e faturamento anual de R$ 48 milhões, a empresa catarinense obtém 40% da receita com as exportações. As entregas internacionais começaram em 1990, na Argentina, e hoje seguem para todas as Américas, menos Venezuela, além de Malásia, Cingapura, França e Angola. "Em 2014, vamos 7


exportar US$ 9 milhões, 10% a mais do que em 2013", conta Paiva. No fim do ano passado, a companhia abriu uma subsidiária na Suíça, parte do plano de ampliação para novos mercados, principalmente Ásia, Europa e África. A Reivax faz parte da magra lista de companhias de porte reduzido que não tiram o pé do acelerador quando o alvo é a exportação. "Já temos participação no mercado interno e precisamos ganhar clientes no resto do mundo", justifica Paiva. Atualmente, as empresas menores respondem por apenas 1% das exportações brasileiras, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). "Essa parcela é bem pequena mas, nos últimos anos, houve um incremento nas exportações dos pequenos negócios", diz o presidente da entidade, Luiz Barretto. De 2002 a 2012, o valor médio exportado por micro e pequenas companhias quase dobrou, passando de US$ 100 mil para US$ 193 mil. Em 2013, as exportações chegaram a US$ 242,2 bilhões e as pequenas empresas foram responsáveis por US$ 1,7 bilhão do total, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Em 2014, as previsões não são otimistas: a expectativa é de manutenção dos mesmos resultados dos últimos três anos. "O cenário internacional apresenta um quadro de recuperação lenta, com tendência de desaceleração da economia chinesa", diz Barretto. "Além disso, o mercado interno ainda é favorável ao pequeno negócio, que, muitas vezes, foca mais no consumidor local." Para mudar esse quadro, especialistas acreditam que a estratégia é preparar melhor os empresários para a expansão em dólares e dinamizar as políticas governamentais de incentivo à exportação. "Espera-se um crescimento da participação das empresas nas vendas externas com a simplificação dos processos de exportação e a criação do Simples Internacional", diz Carlos Leony Fonseca da Cunha, secretário de competitividade e gestão da Secretaria da Micro e Pequena Empresa (SMPE), do governo federal. Um dos objetivos do novo regime, ainda sem data para entrar em vigor, é reduzir o custo de transporte, facilitando a entrada de operadores logísticos que atendam os negócios de tamanho reduzido. "A complexidade burocrática é uma das principais dificuldades com que as pequenas empresas se deparam na exportação", diz Cunha. "Há uma enorme quantidade de atos legais que regem o comércio exterior e que sofre modificações diárias. Como, geralmente, as microempresas são de natureza familiar, o empresário é responsável por funções diversas, como produção, administração de pessoal, vendas e finanças. Assim, a sua disponibilidade para obter informações sobre as oportunidades nos mercados externos é mínima." Em 2012, o setor de serviços respondeu por 10,4% do valor das exportações brasileiras. Segundo o Sebrae, entre as 49,5 mil empresas que exportaram serviços no ano passado - os resultados de 2013 ainda estão em análise - os pequenos negócios responderam por 72% do total. Os três maiores setores exportadores de serviços, entre os pequenos negócios são: comércio por atacado, com 20,6% de participação; atividades de consultoria em gestão empresarial (9,6%) e apoio administrativo (7,1%). "Os principais destinos dos serviços são os EUA, a Alemanha e o Reino Unido", diz Barretto. "Mas os países do Mercosul continuam acenando com oportunidades, por conta de acordos comerciais, da proximidade geográfica e de semelhanças culturais no bloco." O Sebrae também identificou que as regiões do Caribe e a Ásia surgem como novos destinos para os empreendedores. Já no principal grupo de produtos exportados pelas empresas de faturamento mais modesto, segundo o MDIC, está o de máquinas e equipamentos mecânicos. Em 2012, 2,4 mil estabelecimentos exportaram o equivalente a US$ 266,1 milhões, 14,9% do total das vendas externas realizadas pelas empresas menores. Em seguida, estão madeira e obras (total de US$ 137,6 milhões, com participação de 7,7% do total), pedras preciosas e artigos de joalheria (US$ 89,9 milhões, 5,0%) e máquinas e equipamentos elétricos (US$ 88,3 milhões, 4,9%). 8


Para acessar os mercados externos, os empresários precisam incorporar uma cultura de negócios além-fronteiras, afirma Barretto. "A participação em transações internacionais, além de representar uma possibilidade de diversificar receitas e aumentar as margens de lucro, é uma condição imediata para a qualificação e a especialização", explica. "Mesmo que a empresa não tenha interesse em entrar em outros mercados, é fundamental que esteja preparada para a competição que chega de outros países." Neste primeiro semestre, a desburocratização do comércio exterior deu um passo importante com o lançamento do portal Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex). O site pretende simplificar o acesso a serviços e à legislação, com a meta de reduzir o tempo das transações. "Uma exportação de bem conteinerizado no Brasil leva, em média, 13 dias para ser concluída. Espera-se que, em 2016, esse prazo seja reduzido para oito dias", diz Barretto. De acordo com Paulo Feldmann, professor de economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e assessor da presidência da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio), os empresários também não podem esquecer o fator "preço" nas operações internacionais.

Setor de serviços cresce e começa a ganhar relevância Fonte: Jornal Valor Online Martha Funke de São Paulo 31/07/2014 às 05h00 O segmento de serviços começa a ganhar relevância entre as PMEs brasileiras com presença no exterior. Um dos destaques é a área de tecnologia, com iniciativas de classe mundial. A IDXP é um dos exemplos. Especialista em análise de comportamento do consumidor no varejo, hoje tem sede no Vale do Silício (EUA), com área comercial, marketing e vendas, e subsidiária em Belo Horizonte para desenvolvimento de software. O Brasil, no entanto, é seu principal cliente, com 40% dos resultados. A oportunidade de atrair talentos de ponta e alavancar o produto como plataforma mundial justifica o desenho, segundo o CEO Gustavo Lemos de Almeida. A Reweb também tem visão global. Criada em 2001 para desenvolver websites, hoje foca a geração de clientes potenciais por meio da internet, tem presença em 20 capitais brasileiras e este ano iniciou processo de internacionalização acelerado, com unidades no Chile, México e em Portugal. Até dezembro, cobre mais dez países na América Latina e monta núcleo de produção em espanhol em Santiago. Hoje, dos 220 funcionários, dez estão no exterior, cujos negócios devem compor entre 10% e 15% das receitas este ano. Uma holding nos Estados Unidos responde pelas unidades. O planejamento inclui chegar a países de língua inglesa em 2015 e, até 2018, aos Estados Unidos. "Na América Latina não temos concorrentes, mas lá o mercado é mais maduro", diz o fundador Jorge Py Velloso. Na área de internet, a especialista em plataforma de e-commerce VTex também começou expansão por aqui. "É uma estratégia de controle da região", diz o cofundador Mariano Gomide. Em 2012 chegou à Argentina, no ano passado ao Chile e à Colômbia, em 2014, ao México e a Portugal. As unidades atendem mercados vizinhos e as operações internacionais devem responder por 10% dos R$ 45 milhões de receita este ano. 9


Audaces e Promob, respectivamente especializadas em soluções CAD/CAM e equipamentos para mercado têxtil e de projetos 3D para mobiliário, seguiram o mesmo caminho. A primeira, de Florianópolis, tem clientes em 70 países e unidades próprias na Argentina, Colômbia e no Peru. Segundo o diretor de negócios Claudio Roberto Grando, os três mercados somam 14 funcionários - são quase 300 no total - e mais de um terço das vendas externas, que compõem 15% dos resultados da empresa, perto de R$ 100 milhões ao ano. A Promob, de Caxias do Sul (RS), tem licenças rodando em mais de 30 países e unidades próprias na Argentina, Colômbia e no México, com 28 profissionais. Desativou operação nos Estados Unidos, onde o mercado está acostumado a imóveis mais finalizados que no Brasil deve voltar quando amadurecer seu projeto de visualização 3D para e-commerce. Atualmente, fatura R$ 2 milhões no exterior e R$ 50 milhões no total. "Este ano vamos avaliar o potencial da África do Sul e da Turquia", afirma o diretor mercadológico Vanderlei Buffon. A Apdata, fornecedora de softwares de gestão de pessoas, e a TopMind, prestadora de serviços de outsourcing em tecnologia e telecom, partiram direto para os Estados Unidos por demanda de clientes atendidos no Brasil. A Apdata inaugurou escritório na Flórida em 2010, hoje com dez pessoas. Serão mais quatro até o ano que vem, segundo a presidente Luiza Nizoli. A TopMind desde 2007 tem a Top Corporation, também na Flórida, com três funcionários de backoffice e oito especialistas expatriados. "Atendemos três clientes da carteira Brasil e um local. Para 2015, buscamos mais dez", conta a presidente Sandra Maura. Já a ISPM, fornecedora de software de gerenciamento e monitoração de serviços de telecom e TI, abre escritório nos Estados Unidos depois de inaugurar este ano operação em Londres, com cinco profissionais. "A indústria é globalizada", diz o diretor comercial Álvaro Martins, cuja meta é ter 25% da receita resultante do mercado externo em cinco anos. No segmento de finanças, a XP, que iniciou expansão internacional em 2012 com escritório em Nova York para suportar investimentos no Brasil de clientes internacionais e acaba de chegar a Miami para atender investidores brasileiros interessados no exterior.

Socorro a elétricas terá um ano de carência e taxa maior Fonte: Jornal Valor Online Carolina Mandl e Leandra Peres de São Paulo e Brasília 31/07/2014 às 05h00 Os bancos discutem neste momento a taxa a ser cobrada no novo empréstimo para socorrer as distribuidoras de energia elétrica. Pelas negociações feitas até agora, o financiamento contará com características de prazo e garantias semelhantes ao desembolso de R$ 11,2 bilhões feito em maio à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), mas a taxa deve ficar maior. Esta nova operação será de R$ 6,5 bilhões no total. A novidade será o BNDES, que entrará com R$ 3 bilhões dos R$ 6,5 bilhões. O Valor apurou que o empréstimo terá um ano de carência para o início do pagamento, e a última parcela do empréstimo terá vencimento em outubro de 2017, assim como aconteceu na primeira rodada da operação. Em relação à taxa que será cobrada, porém, ainda não há um acordo. O empréstimo anterior foi contratado a uma taxa equivalente ao CDI mais 1,9% ao ano. 10


De acordo com fontes do governo, taxa de juros cobrada subirá. "A taxa vai ficar um pouco acima da anterior", explicou uma autoridade que acompanha as discussões. Os bancos vinham negociando garantias adicionais à operação, mas não houve sucesso nas tratativas. Por isso agora tentam conseguir uma remuneração maior. Segundo um interlocutor ligado às instituições financeiras, até o momento, não está definido o rol de bancos que participará da operação. Mas, segundo um executivo de banco que acompanha a operação, a demanda estaria mais fraca do que anteriormente. Bancos estrangeiros de investimento, por exemplo, não têm demonstrado muito apetite. Já uma fonte do governo afirma que o novo empréstimo terá a participação praticamente dos mesmos bancos que participaram do financiamento já liberado no início do ano. Segundo essa fonte, os bancos públicos manterão participação proporcional à que tiveram no primeiro financiamento e as grandes instituições privadas continuarão no pool. Os bancos menores devem sair da operação por dificuldades de capital ou risco. Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú Unibanco, J.P. Morgan, Bank ofAmerica, Santander, BTG Pactual, Citi e CreditSuisse são os bancos que participaram do financiamento fechado em maio.

Empréstimo não sai e a Aneel decide adiar pagamento de compra de energia Fonte: Jornal Valor Online Rafael Bitencourt | De Brasília 30/07/2014 às 05h00

Romeu Rufino, diretor-geral da Aneel: "As taxas estão sendo negociadas"

A demora na liberação do segundo empréstimo bancário para as distribuidoras, no valor de R$ 6,5 bilhões, levou a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a adiar para 28 de agosto o prazo de pagamento das despesas de maio com a compra de energia no mercado de curto prazo (spot). A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) poderá exigir a liquidação da dívida antes do novo prazo, caso saia o acordo do governo com os bancos. As taxas de juros para o novo empréstimo ainda não foram fechadas. Os bancos pedem juros mais altos por considerarem que houve aumento da percepção de risco desde a liberação do primeiro empréstimo, de R$ 11,2 bilhões. "As taxas estão sendo negociadas, mas a princípio serão nas mesmas condições", disse o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino. A Aneel estima que o gasto de junho com a compra de energia será de 10% do R$ 1,32 bilhão registrado em maio. Para Rufino, é possível "absorver" esse custo, mesmo se o segundo empréstimo de R$ 6,5 bilhões não tiver saído. 11


A ajuda financeira às distribuidoras já começou a entrar na previsão de reajustes das contas de luz calculados pela Aneel para os próximos anos. O impacto dos empréstimos bancários no valor de R$ 17,7 bilhões para cobertura de despesas com a compra de energia no mercado de curto prazo (spot) será de oito pontos percentuais no custo da energia entregue ao consumidor entre 2015 e 2016. Ao assumir esse impacto sobre a tarifa, Rufino, explicou que o peso do pagamento do empréstimo sobre as contas de luz não se estenderá até 2017. "A tarifa vai cair nesta mesma proporção ao fim do prazo de dois anos e, então, voltará ao patamar anterior." O aumento adicional nas tarifas de energia, decorrente do empréstimo bancário, vinha sendo dimensionado pela equipe econômica do governo, preocupada com o novo foco de pressão inflacionária. Os técnicos projetaram o impacto, atrelado ao crédito bancário das distribuidoras, de 0,2 ponto percentual nos índices oficiais nos próximos dois anos. A previsão não inclui outras variáveis que também vão forçar o aumento das tarifas, como a devolução de recursos do Tesouro Nacional que em 2013 foram repassados ao setor para cumprir o mesmo objetivo do empréstimo feito pelos bancos neste ano. Essa devolução deveria ter começado em 2014, mas, como a crise financeira das distribuidoras persistiu, a restituição ficou para ser feita a partir de 2015. Rufino não arriscou lançar estimativas para além dos limites do setor. "Tarifa é conosco, inflação é com a Fazenda." Para minimizar a alta no preço da energia, a Aneel conta com a melhora do cenário de chuvas para ajudar na recomposição do nível dos reservatórios das hidrelétricas. Além disso, aposta no efeito positivo do vencimento dos contratos de usinas no próximo ano. Trata-se das hidrelétricas da Cesp, Cemig e Copel, que não aderiram ao plano de renovação antecipada das concessões lançado pelo governo no fim de 2012. Rufino ressaltou que toda a energia gerada por essas usinas será destinada ao regime de cotas que atende as distribuidoras. Segundo ele, serão quase 5 mil megawatts (MW) médios que atenderão aos consumidores com preço reduzido. "Esse volume é relevante e será capaz de neutralizar em grande parte o impacto do financiamento dos bancos", disse.

Para aéreas, plano de aviação é oportunidade para crescer Fonte: Jornal Valor Online João José Oliveira e Lucas Marchesini de São Paulo e Brasília 30/07/2014 às 05h 00

A Azul, terceira maior empresa brasileira de aviação com 17,5% do mercado doméstico, vai antecipar o ritmo de encomendas de aviões feitas para a Embraer, se o Programa de Desenvolvimento da Aviação Regional for aprovado no Congresso e regulamentado até 12


outubro. "Esse programa pode, sim, estimular nossas encomendas", afirmou ao Valor o presidente da Azul, Antonoaldo Neves. Na lista de encomendas da Azul, há 11 aviões Embraer 195, sendo quatro para recebimento ainda em 2014 e sete com entrega em 2015. A aérea tem ainda 14 ATR 600 (cinco a receber em 2014, seis em 2015 e três em 2016). Além disso, a Azul conta com sete Airbus A330 que já estão sendo entregues de forma gradual até o fim deste ano e mais cinco A350 para 2017. O vice presidente comercial e de marketing da Avianca, quarta maior aérea brasileira, com fatia de mercado de 7,5%, TarcisioGargioni, disse que a companhia começa agora a fase de estudo mais profunda para verificar a possibilidade e viabilidade de novas rotas. "Ainda é prematuro falar em antecipar encomendas de aviões ou de investimentos." As duas maiores aéreas do país, TAM e Gol, donas de 70% do mercado doméstico, aprovam o programa, mas aguardam detalhes da regulamentação antes de definirem planos comerciais. A Gol declarou por nota que "vai avaliar o plano de estímulo à aviação regional para estudar a possibilidade de operar em outras localidades do interior do país". A TAM apontou que "estuda a possibilidade de atuar nesse mercado no futuro". Os subsídios para a aviação regional entram em vigor em 1º de janeiro de 2015. As medidas, disse o ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Wellington Moreira Franco, têm objetivo de baixar preços de passagens em trechos com origem ou destino em um aeroporto localizado no interior do país. Esses voos, disse o ministro, custam, em média, 31% a mais que os demais. A Medida Provisória (MP) que dispõe sobre o programa, publicada na segunda-feira, ainda precisa ser regulamentada para definir critérios de adesão ao programa e níveis de redução de preços da passagem aérea. Os benefícios englobam isenção para o passageiro do pagamento da tarifa de embarque. O governo também financiará até 50% dos assentos nesses voos, com o limite de 60 lugares. Os recursos virão do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac), abastecido com taxas pagas pelas empresas que obtiveram as concessões de aeroportos brasileiros. O custo das medidas será de cerca de R$ 1 bilhão em 2015. O governo pretende gastar mais cerca de R$ 7,2 bilhões para a construção de 170 novos aeroportos regionais. "Hoje temos aproximadamente 100 aeroportos na aviação regional. O objetivo é ampliar para 270", explicou o ministro Moreira Franco.

O texto também permitirá um subsídio maior para os voos feitos na região Norte. A meta do programa é que 96% dos brasileiros tenham um aeroporto a no máximo a 100 km de distância de qualquer cidade brasileira. Atualmente, de acordo com a SAC, 29% da população percorre mais do que isso para utilizar o transporte aéreo.

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O presidente da Azul, Antonoaldo Neves, afirmou que o subsídio viabiliza novas rotas e equipamentos. "Rotas feitas hoje por turbo poderão ser feitas por Embraer. E vou usar esses turbos em outros destinos que hoje não são atendidos", disse. Segundo Neves, até 100 novos destinos no país podem se tornar viáveis com o programa de aviação regional, sendo 40 em até 3 anos". Mas o presidente da Azul também fala que o calendário está apertado. "Se não sair em outubro será difícil começar a voar [novos destinos regionais] em janeiro [de 2015]". O executivo diz que a regularidade do programa é fundamental para o plano de negócios da aérea. "Não quero garantia, mas previsibilidade." Especialistas ouvidos pelo Valor apontam que a aviação regional integra políticas de transporte em outras partes do mundo, para levar conexão a regiões cujo acesso por outro modal se mostra desvantajoso ou inviável - casos do Alaska, nos Estados Unidos ou da região amazônica. "Para passageiros e para indústria, o programa é positivo, em tese, porque vai ser coberto por recursos do próprio sistema aéreo, por meio do Fnac", disse o consultor da Bain&Company, André Castellini, especialista em aviação. Mas ele tem dúvidas com relação às rotas e às aeronaves beneficiadas pelo programa. "Avião menor, em tese, tem custo maior por assento. Por que não subsidiar o avião maior?" Já o advogado especialista em Direito Aeronáutico do escritório Aidar SBZ Advogados, Guilherme Amaral, vai no sentido oposto. "Em tese estamos falando em aviões menores, para aeroportos menores com demandas menores". Mas os dois especialistas concordam que subsídios podem distorcer variáveis que determinam decisões comerciais do mercado aéreo brasileiro. "É questionável que um país como o Brasil, em seu atual estágio de desenvolvimento, precise subsidiar o transporte aéreo em todo o país", afirma o consultor Castellini. "Se uma rota já é operada, porque subsidiar essa rota?". "É preciso construir um modelo que blinde o programa de distorções", complementa o advogado especialista Guilherme Amaral. "Para impedir que empresas busquem se encaixar no programa para sobreviver do incentivo em detrimento de um modelo comercial sustentável, desviando rotas sem gerar o efetivo desenvolvimento da aviação regional que a política busca".

Programa para aviação regional reaviva subsídios Fonte: Jornal Valor Online 31/07/2014 às 05h00

A aviação civil brasileira deu um salto de qualidade e quantidade nas última década. De 2003 em diante, o crescimento médio da demanda chegou a dois dígitos, tanto nas rotas domésticas 14


quanto internacionais e, em 2012, as companhias aéreas bateram o recorde de 100 milhões de passageiros transportados. As empresas pioneiras saíram de cena (Transbrasil, Vasp e Varig)), dando lugar a companhias com sólidas posições de mercado, embora com balanços sempre sujeitos à turbulências, especialmente do câmbio. O crescimento intenso do setor ocorreu sem subsídios, que já fizeram parte por bom tempo da história do transporte aéreo no país. Os subsídios serão agora ressuscitados para dar impulso à aviação regional, segundo Medida Provisória de 25 de julho, que cria o Programa de Desenvolvimento do setor. A MP apenas autoriza o governo a conceder subsídios para rotas regionais, depois de listar os objetivos do programa, basicamente os de integrar comunidades isoladas e aumentar o acesso da população ao sistema de transporte aéreo. Será coberto "parte dos custos" de voos nas rotas regionais, atendendo a critérios como o aeroporto atendido, o número de passageiros transportados e os quilômetros voados. Para isso, serão utilizados recursos do Fundo Nacional da Aviação Civil. A parte mais substantiva da MP será regulamentada por decretos, que estabelecerão condições gerais para concessão, vigência, controle e critérios de prioridade das subvenções. Todo cuidado com subsídios é pouco, e boas intenções muitas vezes serviram para criar distorções econômicas importantes e duradouras. Sempre há espaço para surpresas e elas acompanharam o anúncio dos incentivos. Algumas rotas regionais que já são hoje exploradas com sucesso pela aviação comercial terão direito a subsídios, informa "O Globo" (29 de julho). Não é preciso ser especialista para se saber que isso não faz o menor sentido. A malha aeroviária se estendeu desde 1964, quando subsídios de Cr$ 18 bilhões chegaram a corresponder até 18% das receitas totais das empresas de então, Cruzeiro, Varig, Vasp e Transbrasil. Oito anos depois, as subvenções minguaram e desapareceram depois. A demanda e o surgimento de polos regionais, com a expansão do agronegócio no CentroOeste e aumento da renda no Nordeste, induziu a expansão do transporte aéreo, tornando-se atrativas oportunidades de negócios para as companhias aéreas. Algumas companhias regionais bem sucedidas surgiram e foram engolidas pelas grandes empresas, como TAM e Gol. O governo está certo ao apontar que falta maior capilaridade à malha comercial - um fato em um país de dimensão continental como o Brasil - e pretende que ela seja complementada de duas formas. Primeiro, investindo R$ 7,3 bilhões em 270 aeroportos regionais. Depois, ou melhor antes, assegurando a concessão de subsídios. Não consta da MP, mas circula no governo, segundo "O Globo", que uma das intenções do programa é oferecer preços que possam competir com o das passagens de ônibus. O objetivo já determina os meios para se atingi-lo. Se o parâmetro é esse, só poderá ser atingido com subsídios. O governo de Lula cogitou algo mais sensato e mais restrito. Os incentivos seriam dados a empresas aéreas para que atendessem cidades inacessíveis por rodovias, especialmente as fronteiras e a região Norte. Enquanto a ideia dos subsídios não passar para o papel, não se conhecerá ao certo até aonde o governo pretende chegar. A cifra cogitada, de R$ 1 bilhão, não parecer ser significativa, mas pode crescer com o tempo. A expansão da aviação regional tem papel relevante a desempenhar na eliminação dos gargalos da infraestrutura em geral, desde que feita com racionalidade, eficiência e custos moderados. Parece faltar prioridade quando se anuncia um programa para 270 aeroportos, em que todos têm a mesma importância e carências são niveladas. Uma expansão gradual e mais modesta seria recomendável. Uma analogia com o setor elétrico dá ideia dos riscos. Assim como se construiu geradoras antes das linhas de transmissão, é possível que surjam primeiro os aeroportos e depois se parta em busca dos aviões - que só irão com subsídios. O mercado da aviação civil se reestruturou e avançou sem distorções, como subsídios. Eles devem ser usados com muita parcimônia e, claro, não para rotas já exploradas.

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A Lei 12.741 e o estado de caos do sistema fiscal brasileiro Fonte: Jornal Valor Online 31/07/2014 às 05h00 Como costuma ocorrer no Brasil, especialmente no âmbito estadual, a lei 12.741/2012, também conhecida como Lei da Transparência Tributária, já nasceu repleta de dúvidas e lacunas, todas elas sem solução aparente, malgrado tenha sido editada há mais de dezoito meses. Com efeito, objetivando regulamentar o parágrafo 5º do artigo 150 da Constituição Federal, que prevê um dever de informação do valor aproximado correspondente à totalidade dos tributos incidentes na formação dos preços de venda de mercadorias e serviços, a Lei 12.741/2012 acabou mais confundindo do que esclarecendo. O tema em questão é de extrema pertinência e atualidade. As empresas não podem mais conviver com uma babel legislativa. O setor econômico precisa de estabilidade para atuar e produzir. A segurança jurídica não se compadece com leis lacunosas que deem margem a múltiplas interpretações e, via de consequência, abram campo para os famigerados autos de infração por descumprimento da legislação de proteção ao consumidor. Aparentemente, não havia dúvidas de que o objetivo da lei deveria ser o de apontar tão somente os impostos e, mesmo entre eles, os indiretos, vale dizer, aqueles que efetivamente repercutem no preço e nos quais cabe cogitar do consumidor como o que arca efetivamente com o ônus financeiro do tributo. Isso porque, em um sistema tributário altamente complexo (por que não dizer confuso) como o brasileiro, torna-se praticamente inviável indicar, para cada mercadoria ou serviço, um valor, ainda que aproximado, da carga tributária total que compôs o respectivo preço. Tanto assim o é que a própria presidente da República, ao vetar determinados incisos do artigo 1º da lei, fez ver que a apuração dos tributos que incidem indiretamente na formação do preço é de difícil implementação, indo de encontro à finalidade de trazer informação adequada ao consumidor final. O artigo constitucional que veio a ser regulamentado por essa lei foi idealizado no tempo em que foi gestada a Constituição Federal. Naquela época, não havia as contribuições sociais como hoje elas se encontram estruturadas, as quais incidem sobre bases as mais diversas possíveis, todas elas desafiando a imaginação e o bom senso, com inúmeras exclusões e adições, sem aqui falar dos vários regimes de tributação, como o monofásico, a não cumulatividade etc. Com o passar das décadas, novas incidências foram criadas, como o PIS/Cofins Importação, o ISS na importação de serviços, todos eles impensáveis ao tempo da promulgação da Constituição Federal. As empresas, hoje, não têm mais como facilmente ou validamente informar o consumidor sobre a carga tributária, isto é, sem o cotejo de complexos cálculos contábeis. Caso o tentem, como quer a Lei 12.741/2012, perigam estar, na verdade, "desinformando". A perplexidade das empresas quanto ao adequado cumprimento da lei culminou na postergação da sua vigência, primeiro por doze meses (Lei 12.868/2013) e, finalmente agora, limitando a fiscalização da lei a fins exclusivamente orientadores até 31 de dezembro de 2014 (Medida Provisória 649/2014). O fato é que, mesmo com o decreto 8.264, de 5 de junho de 2014, que pretendeu regulamentar a lei, as dúvidas permanecem. Os exemplos a serem dados são muitos, mas podemos nos ater ao mercado securitário. O que antes tínhamos, na lei, como documentos fiscais ou equivalentes, agora temos meramente documentos fiscais no artigo 2º do referido decreto. Documentos fiscais, como sabido, são notas fiscais, nota fiscal de venda ao consumidor, cupom fiscal, conta de energia elétrica, bilhete de passagem, guia de transporte de valores, conhecimento de transporte multimodal 16


de cargas etc. Empresas seguradoras não emitem documentos fiscais ao consumidor. A apólice substitui a nota fiscal, mas aquela não é igual a esta. Quando muito, ela corresponderia aos "equivalentes" a que alude a lei.

É verdade que o decreto refere a serviços de natureza financeira, termo que pode ter um sentido técnico ou não. Para fins do Código de Defesa do Consumidor, contudo, serviços financeiros e securitários são tidos como fatos distintos (artigo 3º, § 2º). Ainda que se entenda seguro como serviço financeiro, o decreto menciona apenas a afixação de tabelas nos estabelecimentos. Onde serão afixadas essas tabelas? No estabelecimento do corretor de seguros? E seguros que não são vendidos presencialmente? A falta de nitidez da lei e do seu decreto regulamentar, este que obrigatoriamente deveria ter aclarado a lei, somente aumenta a insegurança jurídica e nada ajuda ao consumidor. O que o Brasil demanda é um sistema tributário transparente e eficiente. Que a carga fiscal se encontra há tempos acima de qualquer limite do aceitável, sobretaxando tudo que se compra, trata-se de constatação que não carece de informação explícita ao consumidor. A Lei 12.741/2012, enfim, como formulada e regulamentada, aparenta ter sido editada para um país idílico. O alucinante sistema tributário brasileiro decorre de obra e arte dos mesmos legisladores que levaram adiante e encamparam a Lei da Transparência Tributária. As consequências do desatino do regime fiscal brasileiro não podem ser lançadas na conta do empresariado, impondo a ele que tente entender e cumprir um dever de informação ao consumidor dos ônus tributários. A lei demanda, portanto, uma regulamentação simples e objetiva. Espera-se que os Ministérios da Fazenda, Justiça e a Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República, ao editarem normas complementares para a execução do decreto 8.264/2014, tenham isso bastante em perspectiva. Que o bom senso dos administradores públicos prevaleça, e que não se pretenda terceirizar a tarefa de explicar o sistema tributário nacional para o setor produtivo (a quem já cabe pagar a conta). Que não se pretenda brincar de Tiradentes com o pescoço alheio.

Luiz Gustavo A. S. Bichara e Francisco Carlos Rosas Giardina são sócios do Bichara Advogados Fonte: Jornal Valor Online 31/07/2014 às 05h 00 Já é tido como consenso que desenvolvimento econômico implica mais do que crescimento do PIB. Como a China está vendo agora, uma coisa não garante a outra. Se os dirigentes da China não modernizarem a estratégia de crescimento do país de modo a estimular o progresso tecnológico e a transformação estrutural, o status de país de alta renda continuará a escapar à segunda maior economia e país mais populoso do mundo. 17


Sem dúvida a estratégia de crescimento da China - movida por investimentos em infraestrutura, pelo maciço aumento de produtos industrializados de exportação de baixo custo e por transferências de tecnologia - levou a alguma mudança estrutural. Na medida em que o trabalho e o capital migraram de setores e regiões de baixa produtividade para atividades de alta produtividade, a alocação de recursos ganhou eficiência, os salários reais subiram e a estrutura econômica se modernizou. Mas não se pode contar com as estratégias de crescimento que alçam um país pobre aos níveis de renda média para impeli-lo ao status de país de alta renda. De fato, não são poucos os países cujos dirigentes não reconheceram as limitações de suas estratégias e não ofereceram incentivo suficiente para estimular o surgimento de uma nova, levando assim suas economias a entrarem em estagnação e deixando-as enredadas na chamada "armadilha da renda média". Talvez as exceções mais notáveis a essa regra sejam países do Leste da Ásia, onde quatro economias - Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura - reagiram a crises e desafios externos por meio da mudança de suas estratégias de crescimento. Para a China, cujo modelo de crescimento se assemelha, até agora, ao adotado por essas economias antes de alcançarem o status de país de renda média, é necessária uma mudança semelhante. Como observou quase 20 anos atrás o falecido economista de Yale, Gustav Ranis, a chave para o desenvolvimento bem-sucedido e sustentável é "evitar o enraizamento das ideias". Para os formuladores chineses de políticas públicas isso significa reconhecer a necessidade de abandonar parte das ideias fundamentais que sustentaram o crescimento econômico passado, antes que elas fiquem tão arraigadas a ponto de pôr em risco as perspectivas de desenvolvimento do país. O primeiro problema é a persistente dependência da China da exportação. Nas primeiras fases do desenvolvimento da economia, quase todas as estratégias de crescimento se reduzem a estratégias comerciais. Mas o modelo de crescimento da China, puxado pelas exportações, tem limites - e o país os está alcançando. Se não houver logo uma mudança, o regime cambial e os controles de capital sobre os quais o modelo se assenta estarão arraigados profundamente demais e se perderá a oportunidade de ouro para um ajuste. Outro risco é que os dirigentes da China continuem a adiar os esforços necessários para expandir o setor de serviços - como finanças, seguros, comércio de atacado e de varejo e logística -, na esperança de que a economia possa continuar a depender da produção industrial. Em vista do possível alto grau de dificuldade para conquistar apoio para esses esforços, principalmente em comparação com políticas destinadas a impulsionar a produção industrial, a liberalização e expansão do setor de serviços exigirão um sólido compromisso da parte do governo da China. Nesse aspecto, o fracasso do Japão em abrir seu setor de serviços - o que inibiu sua capacidade de adaptar sua estrutura econômica à queda de seu dividendo demográfico - pode fornecer a tão necessária motivação. A ideia final em risco de barrar novo avanço é que a transformação política poderia minar a ordem social. Uma das principais lições das economias do Leste da Ásia aos países em desenvolvimento é que o desenvolvimento econômico leva à transformação institucional, e não o inverso.

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Em Taiwan e na Coreia do Sul, por exemplo, governos autoritários instaurados após a Segunda Guerra Mundial compensaram a fragilidade do Estado de Direito por meio da criação de ajustes institucionais de transição destinados a facilitar o crescimento do PIB. Nesse âmbito, a China goza de vantagem significativa. Países com fraca capacidade de governo raramente conseguiram obter o status de país de alta renda. Mas, como sugere a descrição desses ajustes como "de transição", eles não podem durar indefinidamente. Após 35 anos de dependência desses ajustes, a China precisa abraçar o Estado de Direito e instaurar um sistema judicial confiável, independente, capaz de facilitar a liberalização do setor de serviços, de proteger os direitos à propriedade intelectual e de sustentar um sistema competitivo pautado pelo mercado. Em resumo, o maior risco à continuidade do desenvolvimento da China não é uma crise, mas o não reconhecimento, por seus dirigentes políticos e suas elites intelectuais, da necessidade de mudar uma estratégia de crescimento que se mostrou bem-sucedida até agora. Na verdade, na medida em que uma crise possa fazer mais bem do que mal, as advertências de que a rápida expansão do crédito dos últimos anos poderia desencadear uma crise de endividamento, ou de que o setor imobiliário estaria prestes a entrar em colapso, podem não ser tão alarmantes quanto muitos creem. Em termos ideais, uma crise desse tipo não será necessária. Nesse cenário, a desaceleração econômica vivida pela China desde 2008, que poderia ser encarada como a primeira crise de crescimento contemporânea do país, seria suficiente para obrigar os dirigentes chineses a deslocar seu foco do apoio aos aumentos de dois dígitos do PIB anual para a restruturação da economia. Na verdade, parece já estar surgindo um consenso em torno da necessidade de reduzir a dependência da China das exportações, de expandir o comércio de serviços, de atrair mais investimentos externos para seu setor de serviços, e de acelerar a liberalização de taxas de câmbio, taxas de juros e fluxos de capital transnacionais - exemplificado pela fundação da Zona Piloto de Livre-Comércio de Xangai, no ano passado. E, após a Terceira Plenária do 18º Comitê Central do Partido Comunista da China, de novembro passado, os dirigentes chineses declararam seu compromisso de permitir que o mercado desempenhe um papel maior na configuração dos resultados econômicos. Esses são, sem dúvida, passos na direção certa. A pergunta é se os dirigentes da China persistirão em suas declarações antes que seja tarde demais. (Tradução de Rachel Warszawski)

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Planos dos candidatos à indústria Fonte: Jornal Valor Online de Brasília 31/07/2014 às 05h00 A presidente Dilma Rousseff prestou contas de tudo o que fez para a indústria na esteira da crise mundial, prometeu fazer "mais" e alertou empresários sobre o risco de eles perderemos benefícios da política industrial e do crédito subsidiado se ela não for reeleita em outubro. O mais aplaudido dos três candidatos sabatinados ontem no auditório da Confederação Nacional da Indústria (CNI) foi Eduardo Campos, do PSB. A plateia gostou do que ouviu, mas não se convenceu de que ele e sua equipe serão capazes de realizar o que propõem. Aécio Neves, candidato à Presidência pelo PSDB e segundo colocado nas pesquisas, comprometeu-se com uma "nova e ousada agenda para o país", encerrando o "ciclo perverso" em que a atual gestão o colocou. Aécio é o que tem a melhor equipe, disseram empresários. Mas, na sabatina, alongou-se demais nas críticas ao governo e deixou a plateia carente de informações sobre o que e como fará se vencer as eleições. Reforma tributária, flexibilização do mercado de trabalho e investimentos em infraestrutura foram os principais temas do evento. Os três presidenciáveis foram ouvidos separadamente e responderam a quatro perguntas de empresários. Campos e Aécio firmaram o compromisso de propor e articular pessoalmente no Congresso a aprovação da reforma tributária. Dilma falou em fatiar as mudanças dos impostos e defendeu reforma do Estado.

Argentina pode recorrer a Haia e ONU em crise da dívida, diz ministro Fonte: Folha de São Paulo Online FELIPE GUTIERREZDE BUENOS AIRES31/07/2014 13h58 O chefe de Gabinete de Cristina Kirchner, Jorge Capitanich, afirmou que o país pode apelar à Corte de Haia e às Nações Unidas para intervir na crise da dívida argentina. "Há necessidade de um debate na assembleia da ONU, e eventualmente uma convenção, para regular a obrigatoriedade de acordos de maiorias sobre as minorias", disse ele, em conferência na manhã desta quinta-feira (31). Nesta quarta (30), venceu o prazo que a Argentina tinha para quitar a dívida de uma parte dos títulos do país em posse de um grupo de credores, mas eles não receberam o pagamento. Ou seja, considera-se que o país entrou em default técnico. O índice Merval, o principal da Bolsa argentina, despencava 6,98%, às 13h15 (de Brasília), para 8.314 pontos. O calote argentino, porém, não chega a representar peso extra para o mercado de ações brasileiro, segundo analistas. "Por causa do resultado do encontro da quarta, não estamos negociando quase nada. Oxalá haja um acordo com os bancos ainda nesta quinta", disse HernanMuñoz, da corretora MAE (Mercado Aberto Eletrônico), especializada em títulos. A Argentina havia feito um depósito de US$ 539 milhões, mas a Justiça dos EUA impediu os bancos de repassarem o dinheiro porque o juiz Thomas Griesa entendeu que o país só poderia pagar esses credores se acertasse uma outra dívida, que o país não reconhece: US$ 1,3 bilhão, ao fundo NML. 20


O Bank of New York Mellon confirmou que, seguindo a determinação da Justiça, não vai transferir o dinheiro. Em 2001, a Argentina decretou um calote total. Os seus títulos não foram honrados até 2005, quando o país propôs voltar a pagar, mas desde que fosse uma quantia menor. A maioria, formada por 92,4% dos detentores da dívida, aceitou. Os que recusaram entraram na Justiça –caso do NML. No mês passado, a ação foi finalmente decidida, em favor deles. A Justiça americana mandou a Argentina pagar esse grupo minoritário pelo valor integral da dívida. O que está acontecendo na Argentina? Efetuamos o pagamento, no entanto, foi bloqueado pelo juiz Thomas Griesa, já que não atendia aos investidores que não aceitaram a renegociação. O país disse querer pagar 100% dos credores... CALOTE Na manhã desta quinta (31), Capitanich, assim como outros representantes do governo, afirmou que a Argentina não deu um calote, pois depositou o dinheiro dos credores. "Os credores devem exigir do juiz o recebimento dos seus fundos que foram depositados pela Argentina. Aos consultores ou agentes financeiros que pretendem dizer que a Argentina está, entre aspas, em um suposto calote técnico, é uma mentira absurda." O ministro atacou a Justiça dos EUA, que, segundo ele, é dependente dos "fundos abutre", chamados assim pelo governo argentino porque compraram títulos a valores baixos para cobrá-los integralmente depois. Capitanich disse ainda que o que está em jogo são os recursos naturais da Argentina, que seria "a nova Arábia Saudita" por causa de suas reservas de petróleo. Ele também criticou o mediador da negociação entre o governo e o fundo NML, Daniel Pollack. "Houve incompetência da parte dele ao não respeitar a Argentina como país soberano." O chefe de governo disse ainda que "qualquer acordo entre privados não implica em ingerências ou incumbências por parte do Estado; é uma questão de negociações por fora dos canais formais". BRASIL O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou nesta quinta que a Argentina tenha dado um calote, afirmando que a situação é de "impasse" e que ainda há margem para negociações. Analistas também esperam que se chegue a um acordo. "Eu não creio que a Argentina esteja num 'default', porque ela está pagando suas dívidas. Ela depositou a parcela dos credores algumas semanas atrás, pagou o Clube de Paris. Ela não está dando calote, é uma situação 'sui generis', excepcional", disse. "Não chamaria default, é um impasse", completou. Segundo o ministro, a situação no país vizinho não deve ter impactos diretos no Brasil, e as consequências serão sentidas, nesse momento, pela Argentina. Mas admitiu que pode afetar o comércio exterior, parte que muito interessa ao Brasil. "As consequências são, num primeiro momento, da Argentina. Dificuldade de captação no mercado internacional, algum prejuízo na atividade econômica", disse. Na visão do ministro, há interesse em continuar as negociações e existem outras soluções, como instituições financeiras comprarem os títulos dos fundos (chamados pelo governo argentino de "abutres"), que ganharam na Justiça americana o direito de receber o valor total de suas dívidas. Um grupo de bancos privados argentinos já ofereceu aos litigantes um acordo para comprar os títulos. "O mercado esta observando, porque as negociações podem continuar. Há outras soluções, instituição financeira comprar os títulos dos abutres, mas com valor menor. Eles [os fundos abutres] estão jogando tudo ou nada, mas para eles, as negociações valem a pena. Ainda tem espaço para isso, não vamos nos precipitar." 21


Segundo Mantega, o calote técnico argentino afetará futuras reestruturações de dívidas que possam acontecer no mundo. "Decisão da corte americana pode comprometer futuras reestruturações de dívida. Certamente haverá reação, como já houve, da comunidade internacional. Fundo Monetário criticou essa posição, vai cair no colo dele a dificuldade de fazer outras reestruturações. Não é uma situação circunscrita na Argentina."

Economia brasileira desafiará empresas em 2015, diz Moody's Fonte: Folha de São Paulo Online DA REUTERS31/07/2014 13h03 O desafiador ambiente macroeconômico do Brasil continuará a representar riscos para as empresas do país até pelo menos meados de 2015, afirma a agência de classificação de risco Moody's, em relatório divulgado nesta quinta-feira (31). "As companhias de proteína brasileiras continuarão a desfrutar de altas exportações e preços favoráveis por conta da moeda fraca do Brasil. Mas a desaceleração da economia do Brasil vai se traduzir em desempenhos fracos para companhias dos setores de construção de moradias e de transporte e logística em 2014-2015", disse a Moody's. Segundo a agência, o real fraco beneficia exportadores de carne como BRF, Minerva, Marfrig, JBS, cujos produtos continuarão a ser competitivos nos mercados globais baseados no dólar. Já os segmentos de açúcar e etanol, e transporte e logística, enfrentarão condições difíceis até pelo menos metade de 2015, pelo clima desfavorável, oferta limitada de cana e controle do governo sobre os preços da gasolina. "A exposição da Tegma à fraca indústria automotiva do Brasil vai enfraquecer seu fluxo de caixa, e a companhia aérea Gol ainda enfrenta alta alavancagem e hedge limitado contra uma desvalorização significativa do real", disse a Moody's. Já as empresas de mineração e produtoras de aço enfrentarão preços menores e demanda fraca. "A Vale está bem posicionada para tolerar preços menores de minério de ferro e a produção mais baixa de aço pela China até pelo menos meados de 2015, por causa de seu baixo custo estrutural", disse a Moody's. A agência acrescentou que Gerdau, CSN e Usiminas têm liquidez adequada até metade de 2015, mas experimentarão competição das importações, possível racionamento de energia no país e sobrecapacidade de produção de aço persistente no mundo. Além disso, os altos investimentos e limites do governo ao preço da gasolina deverão pressionar o fluxo de caixa da Petrobras, segundo a agência. A Moody's acrescenta que o programa brasileiro de investimento em infraestrutura, de US$ 246 bilhões, beneficiará as maiores construtoras, como Odebrecht e Andrade Gutierrez. "A economia apresenta dificuldades com o declínio gradual do consumo, desaceleração do investimento e deterioração da confiança do investidor. O consumo e a disponibilidade de crédito perderam fôlego, à medida que o endividamento das famílias e a inflação deixaram os consumidores menos inclinados a gastar", disse Barbara Mattos, vice presidente e analista sênior da Moody's. A Moody's espera que o PIB do Brasil cresça 1,3% em 2014 e 1,5% em 2015. RACIONAMENTO Na avaliação da agência, pouca chuva e clima quente no país ainda podem ser um elemento de peso adicional sobre a já fraca produção industrial brasileira. O cenário climático elevou o risco de racionamento de energia no país, segundo a Moody's, em decorrência do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas e comprometimento da geração de energia elétrica. "Uma redução obrigatória eventual no consumo de energia elétrica reduziria a produção industrial e, portanto, as receitas, e os preços mais elevados de eletricidade aumentariam os custos e pressionariam as margens", afirmou a agência no relatório. 22


Editorial: Malabarismo eleitoral Fonte: Folha de São Paulo Online 30/07/2014 02h00 Se candidatos de oposição evitam anunciar as medidas impopulares que pretendem adotar a fim de mudar os rumos da economia brasileira, a presidente Dilma Rousseff (PT), buscando ser reconduzida ao cargo, faz malabarismo para defender uma gestão considerada ótima ou boa por somente um terço dos eleitores. Foi assim na sabatina de que participou na segunda-feira, realizada no Palácio da Alvorada por esta Folha, pelo portal UOL, pelo SBT e pela rádio Jovem Pan. Seus principais adversários na disputa presidencial, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), foram entrevistados duas semanas atrás. Ao comentar a situação econômica atual, Dilma afirmou haver "no Brasil um jogo de pessimismo inadmissível". Comparando as críticas dirigidas ao governo federal com as expectativas que antecederam a Copa do Mundo, disse ser muito grave esse tipo de "especulação contra o país". O contorcionismo é evidente. Há, como as pesquisas de opinião mostram de forma exaustiva, pouca confiança em relação ao futuro próximo da economia. Não se trata de um "jogo", mas de pessimismo genuíno da população, decerto apreensiva com as mesmas condições observadas pelos analistas. São reais, e não mera "especulação", os índices pífios de crescimento do país nos últimos anos, ou nos primeiros meses deste 2014. Os preços também avançam de forma concreta, algo que todos percebem em qualquer ida ao mercado. Em levantamento feito pelo Datafolha semanas atrás, 58% dos entrevistados disseram esperar alta da inflação, ao passo que somente 8% apostaram na sua diminuição. Não se restringiram à esfera econômica as tentativas de Dilma de dourar a pílula do governo. Ao mencionar as trocas no comando do Ministério dos Transportes, realizadas a pedido do PR –a quem cabe a pasta na coalizão governista–, a presidente afirmou não ter se sentido chantageada no caso. Sua explicação, no entanto, desafia a lógica, assim como o próprio episódio. Paulo Sérgio Passos assumiu o ministério em 2011, após denúncias de corrupção na pasta. Em 2013, o PR pediu que César Borges ocupasse o cargo. Como ele teria deixado de representar os interesses da sigla, Passos retornou ao posto em junho deste ano. Tendo os dois em alta conta, segundo afirma, Dilma Rousseff não vê problemas nesse emaranhado. Seria errado, insiste, se pusesse no cargo "uma pessoa na qual eu não confio e [que] não conheço". Talvez o mantra venha a calhar em outubro deste ano, quando eleitores precisarão optar por candidatos cada vez mais escondidos sob o verniz da publicidade.

Dilma x Dilma Fonte: Folha de São Paulo Online 31/07/2014 01h30 A presidente Dilma deu chilique com o possível efeito das previsões do mercado financeiro sobre sua campanha à reeleição. Dilma deveria estar preocupada mesmo com a visão de mais longo prazo que o mercado tem. Ela prevê um Brasil de crescimento baixo até onde a vista alcança; e o desmonte de vários problemas atuais, como congelamento de preços públicos. No último ano do governo Lula (2010), o Brasil cresceu 7,5%, a maior taxa em 25 anos. De lá pra cá, ficamos em uma média de 2%. Em 2014, perto de 1%. O "espetáculo" do crescimento até o fim da era Lula foi impulsionado pelo crédito ao consumo. 23


Entre 2004 e 2012, ele cresceu a taxas anuais de 8%, movimentando comércio, indústria e o mercado de trabalho. O volume de crédito mais que dobrou. Passou de 24% para 56% como proporção do PIB em pouco mais de dez anos. Foi bom enquanto durou, mas há um esgotamento aí. Especialmente com os juros escorchantes praticados no Brasil. O esperado era que o investimento das empresas e na infraestrutura assumisse, com Dilma, o papel que o consumo teve nos anos Lula. A taxa de investimento em relação ao PIB fechou o 1º trimestre do ano em 17,7%. É o percentual mais baixo desde 2009, de antes da posse de Dilma. Andamos para trás. Ao mesmo tempo, houve atrasos e uma série de problemas criados pelo governo nas concessões das obras para infraestrutura, que demoraram a ser iniciadas. O resultado está bem na nossa frente: crescimento medíocre e inflação alta, pressionada por um mercado de consumo e serviços com oferta limitada pela falta de investimentos e infraestrutura. A Bolsa sobe ou desce mesmo ao sabor de pesquisas e dados econômicos. Dilma não tem muito do que reclamar. Fato é que não entregou o que se esperava dela.

Profecias e realidade Fonte: Folha de São Paulo Online 31/07/2014 01h 30 BRASÍLIA - Ou a presidente Dilma Rousseff deu azar, ou houve uma conspiração. Enquanto ela dizia que a economia vai muito bem, obrigada, e fazia um apelo na CNI para que empresários não se deixem levar por "profecias pessimistas", novas notícias que minam esse discurso viravam manchetes nos jornais online. Logo ontem, quando Dilma, Aécio Neves e Eduardo Campos faziam contorcionismos para impressionar bem o empresariado, veio a informação de que a recuperação econômica dos EUA está sendo mais forte do que previsto. A potência cresceu a uma taxa anual de 4% no segundo trimestre, o que pode levar o crescimento a 2% no ano. A expectativa para o Brasil é em torno de mísero 1%. No discurso de Dilma, o Brasil amarga esse pibinho por causa das potências, das influências externas, da crise de 2008 e, afinal, gente, porque todo mundo está crescendo pouquinho mesmo. A novidade dos EUA mostra que não é bem assim. E isso, claro, embaralha os pretextos da presidente candidata para os resultados pífios da economia. É preciso arranjar outros pretextos rapidinho. E foi justamente durante o discurso de Dilma na CNI que o Tesouro Nacional –veja bem, que é do governo, chefiado pela presidente– deu uma outra má notícia, pior ainda para ela e para o empresariado: o saldo entre receitas e despesas do governo federal no primeiro semestre foi o pior dos últimos 14 anos. Ou seja, com crescimento tão raquítico, a arrecadação cai; com o ano eleitoral, a gastança pública sobe. Daí que o governo promete, promete, mas não tem como cumprir o compromisso de poupar R$ 80,8 bilhões em 2014, simplesmente porque, na metade do ano, só conseguiu atingir 21% dessa meta. E não porque seja bonzinho, porque sacrifique índices para favorecer os pobres da nação, mas porque não está gerindo adequadamente a economia, nem os gastos. O empresário sabe distinguir "profecia pessimista" de constatação.

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