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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS

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Dilma é citada em ação nos EUA contra Petrobras Joedson Alves/Reuters

A presidente Dilma Rousseff gesticula durante evento com jornalistas Fonte Alexa Salomão e Fernando Scheller, do Estadão Conteúdo, 27 de dezembro de 2014.

Brasília - O escritório americano Labaton Sucharow, que representa Providence, capital do Estado de Rhode Island, em uma ação contra a Petrobrás e duas de suas subsidiárias, adotou uma estratégia jurídica agressiva: incluiu na ação a presidente Dilma Rousseff e outras 11 autoridades públicas e empresários na condição de "pessoas de interesse da ação". Constam da lista o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o empresário Jorge Gerdau, do grupo Gerdau, e o executivo Fábio Barbosa, presidente do Grupo Abril, todos ex-integrantes do conselho de administração da Petrobrás. O processo nos EUA ajudou a derrubar em mais de 6% as ações da estatal ontem. Ele tem entre os réus a presidente da estatal Graça Foster e um ex membro do conselho de administração, o empresário Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas. O grupo de 12 pessoas está em outra situação: é citado por ter assinado prospectos que serviram de base para as emissões de títulos de dívida e ADS (American Depositary Share) que são discutidos no processo. Os demais são: Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobrás; Luciano Coutinho, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); Miriam Belchior, ministra do Planejamento; Silas Rondeau e Márcio Zimmermann, ambos ex-ministros de Minas e Energia; Sérgio Quintella, ex-presidente do Tribunal de Contas da União; Marcos Antônio Menezes, do Instituto Brasileiro de Petróleo; e o general Francisco Roberto de Albuquerque. A reportagem tentou contato com todos os citados. Os que responderam até o fechamento da edição não quiseram comentar a ação.


3 Estratégia Segundo os advogados ouvidos pelo Estado no Brasil e no exterior, nesta condição, os citados não são réus. "Mas, pela lei americana, dependendo do desenrolar da ação, do surgimento de novos fatos, das provas que forem anexados aos autos, o escritório pode pedir ao juiz que elas sejam chamadas a depor ou mesmo transformadas em réus", explicou o advogado americano James Munisteri, sócio especializado em litígios do escritório texano Gardere. Segundo Munisteri, em litígios do gênero "pessoas de interesse da ação" podem virar réus se ficar provado duas circunstâncias: que elas sabiam que as declarações nos prospectos eram falsas ou se agiram com grave negligência, como assinar os papéis sem ler direito. Na sua avaliação, incluir nos processos autoridades tão importantes do Brasil pode ser uma "estratégia de pressão para forçar um acordo". Em entrevista ao Estado, o sócio do Labaton Sucharow, Michael Stocker, responsável pelo caso, disse que "por enquanto" não há planos em transformar as "pessoas de interesse" citadas no processo em réus. Ele ainda afirmou que é "muito cedo, em nossa estratégia de litígio, dizer se essas pessoas serão chamadas a depor". Em um ponto ele disse ter certeza: os valores mínimos das multas a serem aplicadas no caso Petrobrás ficarão na casa de "centenas de milhões de dólares". O valor arrecado pela Petrobrás com os certificados de dívida e as ADS que estão no processo passam de US$ 100 bilhões. Por isso, Munisteri acha que o processo pode colocar o caso entre os maiores já movidos nos EUA, gerando indenizações tão altas quanto as dos casos Enron e Worldcom.

Consumidor brasileiro terá alta de energia no início do ano

Lâmpada: cada conta de luz terá um adicional de R$ 3 por cada 100 quilowatts-hora consumidos Fonte Eduardo Rodrigues, do Estadão Conteúdo, Revista Exame.

Brasília - O consumidor brasileiro já vai começar 2015 pagando mais caro pela eletricidade.


4 A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgou nesta sexta-feira, 26, que as bandeiras tarifárias para janeiro serão vermelhas em todas as regiões do país, indicando que o custo da energia está em seu patamar mais alto. Com isso, cada conta de luz terá um adicional de R$ 3 por cada 100 quilowatts-hora consumidos e as empresas deve arrecadar até R$ 800 milhões a mais já no próximo mês. A bandeira vermelha em todo o território nacional - à exceção de Amazonas, Roraima e Amapá, que não são interligadas ao sistema nacional - já era esperada pelo setor para o começo do ano, uma vez que os reservatórios das usinas hidrelétricas ainda estão longe do ideal e o sistema continua dependente da energia térmica, mais cara. Afora uma bandeira amarela para a Região Sul em julho deste ano, todas as "bandeiradas" no Brasil foram vermelhas desde fevereiro de 2014, significando que o custo da eletricidade permaneceu em seu patamar mais elevado durante todo o ano. O modelo de bandeiras tarifárias vigorou durante todo o período apenas de forma educativa, sem significar de fato repasse de custo aos consumidores. Em janeiro deste ano, todas as regiões estavam no sinal amarelo. Os consumidores foram informados mês a mês, em mensagens nas contas de luz, sobre a situação do preço da energia no mercado nacional. A partir de 2015, no caso da bandeira amarela, a taxa extra será de R$ 1,50 a cada 100/kwh. Na bandeira vermelha, esse adicional dobra, para R$ 3 por 100/kWh. Na bandeira verde não há qualquer alteração. O consumo médio do brasileiro é de 163 kWh por residência, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), e a tarifa média do consumidor residencial, de acordo com a Aneel, é de R$ 400 por MWh. Assim, uma conta de R$ 65,20 subiria para R$ 67,65 na bandeira amarela e para R$ 70,09 no caso da bandeira vermelha. Os valores parecem pouco significativos individualmente. Mas, considerando o universo de 74 milhões de unidades consumidoras no país, em um mês de bandeira amarela, as empresas recolherão R$ 400 milhões a mais em todo o Brasil, valor que chegará a R$ 800 milhões em um mês de bandeira vermelha. Ainda que esse não tenha sido o objetivo original do sistema de bandeiras tarifárias, a entrada em vigor da medida ajudará as distribuidoras a fecharem suas contas. O atual buraco financeiro das companhias - que receberam R$ 10,5 bilhões do Tesouro e ainda contraíram empréstimos de R$ 17,8 bilhões em 2014 - ocorre porque o alto custo da energia precisa ser pago por elas todos os meses, mas essa despesa só é repassada para as contas de luz no momento do reajuste tarifário anual de cada distribuidora. Até este ano as empresas eram obrigadas a absorver essa diferença dentro de seus orçamentos. Com a entrada em vigor das bandeiras tarifárias, esse descasamento deixará de existir.

Preço do petróleo recua em dia de baixo volume de negócios David Mcnew/AFP


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Petróleo: perspectivas de oferta excessiva da commodity nos próximos meses pesaram sobre operações

Do Estadão Conteúdo, Fonte: Dow Jones Newswires.

Nova York - O petróleo voltou a cair, em um dia marcado pelo baixo volume de negócios antes do feriado de ano novo. As perspectivas de oferta excessiva da commodity nos próximos meses pesaram sobre as operações. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato de petróleo para fevereiro fechou em baixa de 1,99%, a US$ 54,73 por barril. Na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent para o mesmo mês teve retração de 1,31%, a US$ 59,42 por barril. Para o presidente da divisão de energia da Ritterbusch & Associates, Jim Ritterbusch, é provável que o petróleo continue caindo nas próximas sessões, devendo descer abaixo dos US$ 50 por barril. Dados de estoques nos EUA mostraram um aumento inesperado nas reservas de petróleo, gasolina e derivados na semana passada.

Governo do Japão aprova pacote de estímulo de US$29 bilhões Bloomberg


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Rua de Tóquio: analistas estão céticos a respeito da eficácia do pacote de estímulo

Fonte REUTERS TÓQUIO - O governo do Japão aprovou neste sábado um pacote de estímulo nos gastos no valor de 29 bilhões de dólares, destinados a ajudar as regiões menos desenvolvidas e as famílias do país com subsídios, mercadorias e outras atividades, mas analistas estão céticos sobre o quanto isso pode estimular o crescimento. O pacote de 3,5 trilhões de ienes (29,12 bilhões de dólares) foi revelado duas semanas após uma vitória eleitoral maciça da coalizão governista do primeiro-ministro, Shinzo Abe, que lhe rendeu um novo mandato. O governo disse que espera que o plano de estímulo impulsione o PIB do Japão em 0,7 por cento. Considerando as finanças públicas ruins do Japão, o governo vai evitar a emissão de dívida e financiará o pacote com o dinheiro não gasto de orçamentos anteriores e as receitas fiscais que excederam as previsões orçamentais devido à recuperação econômica. Com as eleições locais em todo o país previstas para abril, nas quais o bloco de Abe deve vencer para consolidar seu controle do poder, os pacotes de subsídios aos governos regionais buscam estimular o consumo privado e apoiar as pequenas empresas. Do total, 1,8 bilhão de ienes serão gastos em medidas como a distribuição de cupons para comprar mercadorias, subsídios para a compra de combustível às famílias de baixa renda e financiamento a pequenas empresas. Os 1,7 bilhão restantes serão usados para a prevenção de desastres e reconstrução das áreas afetadas, incluindo as atingidas pelo tsunami de março de 2011. Tóquio também buscará reforçar o mercado imobiliário, diminuindo as taxas de hipoteca oferecidas por uma agência de crédito à habitação governamental. "É melhor do que não fazer nada, mas não acredito que este estímulo terá um grande impacto no impulso da economia", disse Masaki Kuwahara, economista da Nomura Securities.

México tem forte déficit comercial em novembro com petróleo Getty Images


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México: déficit da balança comercial mexicana no acumulado deste ano subiu para US$ 2,7 bilhões. Do Estadão Conteúdo, Fonte: Dow Jones Newswires.

Cidade do México - O México registrou um déficit comercial de US$ 1,08 bilhão em novembro, bem superior à expectativa de saldo negativo de US$ 7 milhões, prejudicado pela forte queda nos preços do petróleo, que ofuscou o aumento nas exportações de produtos manufaturados. As exportações subiram 2,1% na comparação com novembro do ano passado, para US$ 32,33 bilhões, mas as importações cresceram 6,5%, para US$ 33,41 bilhões, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas. Com os números de novembro, o déficit da balança comercial mexicana no acumulado deste ano subiu para US$ 2,7 bilhões. A queda nos preços do petróleo afetou fortemente as exportações mexicanas da commodity, que tiveram queda anual de 13,2% em novembro, para US$ 3,16 bilhões. A estatal Pemex exportou 1,23 milhão de barris por dia em novembro, ante 1,2 milhão no mesmo mês do ano passado, mas o preço médio caiu para US$ 71,64, de US$ 89,71.

Alta na luz ameaça projeção de inflação Fonte Jornal Estado de São Paulo GUSTAVO PATU DE BRASÍLIA PEDRO SOARES DO RIO 28/12/2014 às 02h 00

Em meio aos maiores reajustes em uma década, a alta das contas de luz põe em xeque as projeções do Banco Central para uma inflação no próximo ano abaixo do teto fixado na legislação. Pelos cálculos do BC, o IPCA, índice usado como referência para as metas da política de juros, fechará 2015 entre 6% e 6,1%, enquanto a maior parte dos bancos e consultorias estima taxas mais próximas ou acima do limite máximo de 6,5%.


8 As previsões oficiais pressupõem uma elevação das tarifas residenciais de energia elétrica de 17% -percentual que, embora elevado, está abaixo dos esperados por analistas de mercado, que chegam aos 20%. A conta de luz tem peso considerável no IPCA: em novembro, ela respondeu por 2,9% do orçamento familiar considerado para a apuração do índice, e essa parcela está em alta com o encarecimento da energia. Editoria de Arte/Folhapress

A partir de janeiro, os reajustes ganharão o impulso do sistema de bandeiras tarifárias, que repassará mensalmente aos consumidores custos adicionais decorrentes da utilização de termelétricas, consequência da escassez de chuvas nos últimos meses. Nesta sexta-feira (26), foi definido que o sistema promoverá em janeiro um acréscimo de 8,3% nas contas. Trata-se da bandeira vermelha, que caracteriza o cenário mais grave. As outras são verde, que não implica acréscimo na tarifa, e amarela. Adriana Molinari, da Tendências Consultoria, já esperava a cobrança extra na conta em razão da adoção da bandeira. Sua projeção, que embutia um aumento de 8,8% em janeiro, apontava uma alta de 18,6% no ano. Ela não descarta uma alta na casa dos 20% em 2015, porque existem dúvidas sobre o repasse do aumento da energia de Itaipu (cotada, em parte, em dólar) e de encargos setoriais.


9 NOVA EQUIPE A nova equipe da Fazenda, diz, já indicou que "tudo" será coberto pela tarifa, e que o governo não arcará mais com custos do setor elétrico. A Tendências deve revisar para cima a projeção de 6,3% para o IPCA no próximo ano. Marcel Caparoz, da RC Consultores, já esperava "fortes aumentos" de transporte coletivo e energia em 2015, represados no ano eleitoral de 2014. Com esses reajustes, ele espera um IPCA de 6,5% no próximo ano, se "não vierem novos choques". A taxa só não deve superar a meta, diz, graças à freada de alimentos e serviços por causa de um aumento menor do salário mínimo e juros mais elevados -o que restringirá o consumo. Elson Teles, do Itaú, também calcula uma alta da energia em torno de 20%. Ele ainda projeta o retorno parcial da Cide, tributo sobre os combustíveis, que pressionará o preço da gasolina. Sergio Vale, da MB Associados, estima um IPCA acima de 1% já em janeiro, a maior taxa desde 2003, e de 6,8% em 2015. PREÇOS MONITORADOS As discrepâncias entre as projeções do BC e do mercado ficam mais claras quando se observa o conjunto dos preços monitorados por União, Estados e municípios -incluindo, além da energia, gasolina, telefonia fixa, ônibus, metrô e outros. Represados para reduzir a inflação no primeiro mandato da presidente Dilma, esses preços passarão por um período de correção para reequilibrar as contas dos governos e suas empresas. As contas do BC adotam a hipótese de alta de 6,2% em 2015, bem abaixo dos 7,6% esperados pelo mercado.

Dilma 2 e a seleção de 2014 Fonte Jornal Estado de São Paulo 28/12/2014 às 02h 00

Gente que se preocupa com o país e com políticas públicas está uma arara com a presença de tanta gente menor ou até gentinha nesse segundo bloco de ministros de Dilma Rousseff. Mas em que se baseia a ideia de que esse ministério seja pior do que aqueles da estreia ou do encerramento de Dilma 1?


10 Para quem se revolta com a ruindade particular do ministério 2014, convém lembrar que o ministério 2011, mal havia esquentado nas cadeiras, foi depenado devido a rolos com ministros. O governismo marquetou o vexame como "faxina" de uma equipe nomeada fazia meses pela própria presidente recém-eleita, representante de um governo super popular e, portanto e a princípio, por cima da carne seca para nomear à vontade. Essa farsa seria varrida para debaixo do tapete meses depois, em 2012, pois os partidos faxinados ameaçavam rebelião, entre outros motivos por serem tidos como banda podre de um governo do qual eram no entanto unha e carne. Visto de fora e excetuada a equipe econômica, os gabinetes de Dilma 2 e 1 parecem diferir tanto quanto as escalações da seleção brasileira da Copa do Mundo deste ano. Com exceção de uma ou outra esperança remota, os nomeados não parecem representar projetos ou agregação de pessoas identificadas a um plano setorial de governo. Um ministério, enfim, é isso: um vice-governo. Pode bem ser que a presidente tenha outra vez juntado a fome (necessidade de "blindagem" e barganha políticas) com a vontade de comer, sua fantasia centralista e contraproducente de poder e administração. A presidente ainda imaginaria que o governo é ela. Os ministros em geral não passariam de fantoches ou figuras dedicadas a outros negócios; a presidente seria de fato auxiliada por capatazes de segundo escalão, que tocariam o trabalho cotidiano nos ministérios. Essa poderia ser tanto a descrição do gabinete com o qual Dilma encerrou o primeiro mandato quanto um diagnóstico da equipe que vai assumir daqui a quatro dias. A indignação de cidadãos honestos e prestantes está um tanto deslocada. O ministério Dilma 2 não poderia ser muito diferente do primeiro porque: 1) Falta outra vez projeto de governo, articulação de interesses sociais a fim de tocar reformas substantivas, com o que seriam necessárias lideranças de peso, "políticas" ou "técnicas", com autonomia para tocar a tarefa. Mas a presidente não faz alianças transformadoras. Parece tão isolada política, social e intelectualmente quanto sempre e tão inclinada ao microgerenciamento como de costume. Sem projeto, nomes de ministros são secundários; 2) A presidente está acuada pelos próprios reveses, com pouco prestígio para queimar. Enfrenta os incêndios que tocou nas contas públicas, na Petrobras ou no setor elétrico, por exemplo. Corre o risco da crise política do Petrolão. Terá de lidar com tudo isso durante mais um ou dois anos de estagnação econômica, desta vez com desgaste social. Caso tivesse algum desejo de renovação, por ora estaria sem autonomia para realizá-lo. Os nomes, ruins quanto possam ser, parecem apenas consequência dessas injunções, ainda que se entenda a frustração repetida, talvez terminal, com o ministério.


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Olhando para trás e para frente Fonte Jornal Estado de São Paulo 28/12/2014 às 02h 00

Há um ano prevíamos para 2014 crescimento de 1,8%, com inflação na casa de 6,0% e investimento em alta de 2,5%. Esse cenário foi construído com Selic (taxa básica de juros, fixada pelo BC) em 10,5%, câmbio médio ao longo de 2014 de R$ 2,40 reais/dólar e superavit fiscal primário (que exclui receitas e despesas financeiras) de 0,5% do PIB, excluindo também as receitas extraordinárias e as deduções permitidas em lei para cumprimento da meta. Finalmente esperávamos que o déficit externo seria de 3,4% do PIB. O ano fechará com crescimento de 0,1%, inflação de 6,4%, o investimento recuará 7,5%, a Selic média e o câmbio médio foram de respectivamente 10,9% e R$ 2,35, o resultado primário será um déficit de 0,5% do PIB e o déficit externo será de 4,0% do PIB. Os dois maiores erros de previsão foram no crescimento, 0,1% ante 1,8%, e no crescimento do investimento, 2,5% ante -7,5%. O erro no investimento explica todo o erro no crescimento. (O investimento é da ordem de 18% do PIB e o erro de previsão do investimento foi de 10 pontos percentuais, que gera um impacto sobre a taxa de crescimento de -1,8%.) A péssima notícia foi que, apesar do desempenho muito ruim da atividade, a inflação elevouse. Crescimento menor do que o esperado e inflação maior do que a esperada sugerem que ocorreu algum processo de desorganização da economia. Se o baixo crescimento resultasse de recuo da demanda, a inflação teria que surpreender para baixo. Não foi o caso como não tem sido o caso nos últimos anos. O forte recuo do investimento deveu-se à enorme incerteza com o processo eleitoral e o reconhecimento das pessoas de que a política econômica é não sustentável e, portanto, requererá ajustes à frente. A dificuldade de prever a natureza dos ajustes produziu o forte recuo do investimento. A inconsistência entre a necessidade de dobrar a aposta na política econômica não sustentável para produzir o resultado eleitoral desejável e a necessidade de indicar algum caminho de ajustamento para dar horizonte ao cálculo empresarial acabou comprometendo o investimento. Tudo sugere que o governo decidiu ajustar a política econômica. Mas não estão claros a extensão e o comprometimento do ajuste. E essas duas dúvidas têm aumentado nos últimos dias. O cenário que desenharei para 2015 supõe que o comprometimento com o ajuste é forte e, igualmente importante, de que a presidente e o grupo político há 12 anos à frente do Executivo nacional terão habilidade política melhor do que a que demonstraram até hoje para costurar a base de sustentação no Congresso e aprovar as medidas necessárias para arrumar a casa.


12 Sob essas hipóteses, é possível divisar a economia crescendo 0,5% em 2015. O setor de serviços responderá por 2/3 deste crescimento e a agropecuária pelo terço restante. A indústria continuará estagnada. Pela ótica da demanda agregada, o crescimento de 0,5% virá 2/3 do consumo e 1/3 do setor externo. O investimento não crescerá em 2015. A inflação fechará provavelmente acima da meta, na casa de 6,7%, em função do fortíssimo ajustamento dos preços controlados, de quase 9%. Mas a inflação de preços livres ficará em 6,0%. O câmbio deve fechar em R$ 2,8 reais por dólar e a Selic em 12,75%. Uma das hipóteses para esse cenário é que a política fiscal melhore muito e tenhamos um superávit recorrente das contas públicas mais próximo de 1% do PIB. A arrumação da casa fiscal retirará da agenda a possibilidade de rebaixamento da nota de crédito do país e alargará o horizonte do cálculo empresarial que, conjuntamente com o ganho de produtividade resultante da reversão das medidas da nova matriz econômica, pavimentará o caminho para a retomada do crescimento em 2016. O sucesso da estratégia de ajuste dependerá demais da habilidade na condução da política e de convicção. Na falta de um dos dois não me atrevo a desenhar o que virá pela frente.

Queda no valor de mercado da Petrobras sofre 'efeito Lava Jato' Fonte Jornal Estado de São Paulo SAMANTHA LIMA DO RIO 27/12/2014 às 02h 00

A comparação do que ocorreu com o valor de mercado das principais corporações de petróleo do mundo deixa claro que o efeito da corrupção tem sido devastador para a Petrobras. Tomadas as cotações em 22 de dezembro, a Petrobras perdeu neste ano, em dólar, 43,6% do valor de mercado, que recuou de US$ 91 bilhões para US$ 51,6 bilhões. Na média de outras oito petroleiras, a queda foi de 9,74% em 2014. O valor de mercado representa quanto uma empresa vale na Bolsa de Valores, consideradas todas as ações negociadas e sua cotação. Considerados os valores de mercado nas respectivas moedas dos países de origem das petroleiras analisadas -ou seja, sem efeito câmbio- a Petrobras também fica em desvantagem. Na média, as oito empresas perderam 4,5% de valor de mercado, ante 35% da Petrobras. Na entrevista em que analisou o ano de 2014, no último dia 17, a presidente da estatal, Graça Foster, disse não haver "empresa no mundo que não tenha tido redução do valor de mercado". "Não podemos olhar para o valor de mercado [da Petrobras] e ver tão somente o valor de mercado da Lava Jato."


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Ela se referia à queda no preço do petróleo: o preço do barril saiu de US$ 100 para US$ 60 desde o início de 2014. "A diferença em relação às demais petroleiras representa o impacto de resultados financeiros fracos somados à corrupção", diz o analista de investimentos Flávio Conde. O lucro da empresa caiu 25% no primeiro semestre, frente a igual período do ano passado. A diferença entre os percentuais de perda de valor da Petrobras e os das demais empresas representa um encolhimento de US$ 30,5 bilhões no valor de mercado da estatal brasileira neste ano, ou de R$ 65,5 bilhões. EFEITO BALANÇO Se consideradas as evoluções dos valores de mercado desde 14 de novembro, um dia depois de a Petrobras admitir não estar apta para apresentar demonstrações financeiras do terceiro trimestre porque precisava descontar o impacto da corrupção, o efeito das denúncias torna-se ainda mais evidente.


14 De lá para cá, na média, as empresas analisadas viram seu valor de mercado cair 0,8%. A Petrobras caiu 20%. Na entrevista do dia 17, Graça reconheceu que as ações da Petrobras sofreram também devido à não divulgação do balanço. "O escândalo mostrou que, em vez de trabalhar para aumentar o resultado para o investidor, parte da diretoria estava trabalhando para favorecer um grupo. E, sem a mudança da diretoria, o investidor permanece inseguro, e isso se reflete em seu valor de mercado", afirma Conde. Para Márcio Varejão, separar o preço da corrupção "é difícil", mas "é evidente que a questão não se limita ao preço do barril". "Os investidores estrangeiros estão abandonando o papel, em um movimento que nunca vimos em uma petroleira no mundo", diz Marcelo Varejão, analista da corretora Socopa. "E a empresa já tinha um desconto no preço de suas ações devido às perspectivas de resultados financeiros e operacionais ruins." A Petrobras está atrasada com a entrega do balanço porque, uma vez conhecidas as denúncias da Operação Lava Jato, a Pwc, auditoria externa da Petrobras, determinou à empresa dar baixa nos valores dos investimentos em ativos inflados por propinas. As denúncias começaram a ser reveladas com o depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa à Justiça, em outubro. Ele afirmou ter existido na empresa o funcionamento de um cartel de empreiteiras que decidiam os resultados das licitações e cobravam propinas de 3%, parte das quais destinadas a partidos políticos. A Petrobras tentou apresentar um balanço não auditado em 12 de dezembro, sem sucesso. Graça reconheceu que levará anos para que todas as baixas relativas a corrupção sejam feitas. Procurada, Petrobras não comentou a queda em seu valor de mercado. Colaborou DANIELLE BRANT, de São Paulo

Brasileiro aplica o triplo em imóveis no exterior Fonte Jornal Estado de São Paulo EDUARDO CUCOLO DE BRASÍLIA 28/12/2014 às 02h 00

Os investimentos de brasileiros em imóveis no exterior praticamente triplicaram entre 2008 e 2013. No final do ano passado, havia US$ 5,4 bilhões em propriedades no exterior, de acordo com o Censo de Capitais Brasileiros no Exterior do Banco Central. Cinco anos antes, esse valor era de US$ 1,9 bilhão. No fim desses dois períodos, a cotação do dólar era praticamente a mesma (R$ 2,34), o que não altera o cálculo com a conversão.


15 Os EUA concentraram 31% do valor investido em 2013. No fim de 2008, eram 26% . A França se manteve como o segundo país na preferência dos brasileiros (13% em 2013). Portugal se tornou o terceiro mercado para o Brasil (7%). Esse posto em 2008 era do Japão, que caiu para a sétima posição, ultrapassado ainda por Reino Unido, Espanha e Itália, segundo o BC.

Desde 2008, muitos brasileiros que moravam no país asiático retornaram ao Brasil, na política daquele país de reduzir o número de imigrantes. Na América do Sul, o Uruguai se tornou o principal mercado para brasileiros, deixando para trás a Argentina. Rodrigo Karpat, especialista em Direito Imobiliário, diz que a crise argentina reduziu a procura de brasileiros por imóveis no país vizinho. No caso do Uruguai, ele cita o interesse, normalmente de pessoas com mais recursos, por imóveis no balneário de Punta Del Leste. Já Michel de Amorim, sócio da Drummond, empresa de assessoria a brasileiros em transações internacionais, diz que o mercado americano continua como boa opção de investimento, apesar do câmbio e da recuperação daquele mercado. "Com a alta do dólar, a procura caiu. Mas comparando com grandes centros do Brasil, você ainda consegue achar diversos imóveis com preços vantajosos", afirma.


16 "Talvez não sejam as mesmas oportunidades, mas, com o dólar se estabilizando, essa procura vai continuar." VANTAGENS Uma das vantagens dos EUA, segundo Amorim, é a possibilidade de financiar a aquisição por meio de bancos que atuam nos dois países. Segundo Amorim, cerca de 30% da demanda por imóveis nos EUA está concentrada em Miami Beach. Também é grande a procura em Orlando e Fort Lauderdale, ambos no sul da Flórida. Com US$ 300 mil (cerca de R$ 800 mil com um câmbio de R$ 2,65), por exemplo, ainda é possível comprar apartamentos de três ou quatro dormitórios na região. Em relação à Europa, um dos fatores que levaram ao aumento da demanda foi a queda nos preços pela crise. Somou-se a isso a oferta de crédito para a aquisição e de visto de residência para pessoas dispostas a investir. "Nossa maior procura hoje é Portugal. Na Itália, estamos começando o trabalho com algumas empresas, pois também é um alvo de interesse de brasileiros", diz Rodrigo Bellini, sócio-diretor da Century 21 Max Imóveis. "Os imóveis em Portugal possuem muita qualidade de acabamento, tecnologia e estrutura. Muitos proprietários compram para investimento, alugam na temporada. Uma excelente opção de investimento, comparando com o valor de imóveis no Brasil."

Venda de comércio eletrônico cresce 37% no Natal, impulsionada por Black Friday Fonte Jornal Estado de São Paulo CLAUDIA ROLLI DE SÃO PAULO 26/12/2014 às 12h 11

O comércio eletrônico faturou R$ 5,9 bilhões no período de Natal, o que representa crescimento nominal de 37% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram feitos 15,2 milhões de pedidos, com gasto médio de R$ 388, entre os dias 15 de novembro e 24 de dezembro de 2014, período considerado para calcular as vendas de Natal. O resultado superou a previsão inicial de faturar R$ 5,2 bilhões, segundo a E-bit, empresa especializada em informações do comércio eletrônico. EFEITO BLACK FRIDAY A empresa atribui o desempenho positivo das vendas ao efeito Black Friday, que ocorreu no dia 28 de novembro e representou 20% de todo o faturamento.


17 Segundo a e-bit, o ingresso de 1,5 milhão de novos consumidores no Natal também colaborou para o crescimento do e-commerce no país. Entre as categorias com maior quantidade de encomendas feitas pelos consumidores foram moda e acessórios; cosméticos, perfumaria e saúde; eletrodomésticos; telefonia, celulares informática. MEIOS DE PAGAMENTO A empresa também registrou avanço nas compras feitas por aparelhos móveis. Neste ano representaram 8,8% do faturamento - o que representa crescimento de 82% em relação ao mesmo período do ano passado - e 8,8% do total de pedidos, incremento de 96%. Segundo a empresa, uma das explicações é que os novos consumidores nunca tiveram acesso à internet com computadores tradicionais, como internautas que antes usavam desktop e notebook, mas têm a smartphones e tablets.

Como reduzir os gastos públicos no Brasil? Fonte Jornal Estado de São Paulo MANSUETO ALMEIDA ESPECIAL PARA A FOLHA 28/12/2014 às 02h 00

Mais uma vez, um novo governo assume com a necessidade de promover medidas de ajustes para que a economia brasileira volte a crescer. A lista de reformas é longa, mas há um ajuste mais imediato que é o fiscal, sem o qual tudo o mais fica comprometido. Para a surpresa até dos analistas mais pessimistas, ao longo dos últimos quatro anos, se observou uma forte e rápida deterioração das contas do setor público. No caso dos Estados e municípios, a economia feita para pagar a sua dívida, o superávit primário, passou de 0,8% do PIB, em 2011, para perto de zero nos últimos 12 meses até outubro.

O superávit primário do setor público foi reduzido de 3,1% do PIB, em 2011, para um déficit perto de 0,5% do PIB no final deste ano, quando se computam corretamente as despesas que o governo deveria pagar e se descontam receitas atípicas, que não se repetem em outros anos. ESFORÇO INÉDITO Não será fácil o setor público brasileiro voltar a ter um superávit primário de 2,5% do PIB, pois isso exigirá um ajuste fiscal entre 3 a 4 pontos do PIB ao longo dos próximos quatro anos, algo entre R$ 150 bilhões a R$ 200 bilhões enorme esforço fiscal de todos os níveis de governo.


18 Desde 1990, por exemplo, o governo central só consegui fazer um esforço fiscal dessa magnitude entre 1997 e 2002, quando em um período de cinco anos a receita corrente líquida da União cresceu perto de 4 pontos do PIB. Parte desse aumento da carga tributária foi para financiar crescimento da despesa, e o esforço fiscal adicional foi feito por Estados e municípios. Nos últimos 25 anos, jamais conseguimos fazer ajuste fiscal dessa magnitude sem recorrer a fortes aumentos da carga tributária. Dada a forte queda do superávit primário nos últimos quatro anos, a dívida pública bruta e líquida já estão em uma trajetória de crescimento e a continuidade dessa dinâmica nos levará a perder o grau de investimento, com o aumento do custo de financiamento para o governo e empresas privadas. Assim, não fazer um ajuste fiscal não é uma opção, e o ideal é que, desta vez, o ajuste ocorra mais pelo corte das despesas do que pelo aumento da receita. Mas essa é uma tarefa difícil quando se leva em conta que todos os presidentes do Brasil desde 1991, sem exceção, aumentaram o gasto primário do governo central (em % do PIB). De 1991 a 2013, a despesa primária do governo central passou de 11% do PIB para 18,9% do PIB, um crescimento de quase 8 pontos do PIB que explica grande parte do crescimento da carga tributária neste período de 25% para 36% do PIB. Dessa alta da despesa primária, 85% decorreram do crescimento dos programas de transferência de renda para as famílias: despesas do INSS, despesas do governo central com inativos, Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC/LOAS), Bolsa Família, seguro desemprego e abono salarial. Essas despesas são determinadas por regras aprovadas no Congresso Nacional e reduzi-las requer mudanças que precisam da aprovação do Legislativo. GASTOS EM EXPANSÃO Adicionalmente, se olharmos apenas para o período mais recente, quando se introduziu o regime de metas para o superávit primário, em 1999, o padrão da expansão do gasto público se mantém. De 1999 a 2013, a despesa primária do governo central cresceu 4,4 pontos do PIB, sendo que 91% desse crescimento é explicado pelos programas de transferência de renda (inclusive INSS) e pelo custeio de programas nas áreas de saúde e educação, que são gastos vinculados, em um caso ao crescimento do PIB nominal (saúde) e, no outro (educação), à arrecadação corrente de impostos federais líquida de transferências. Troche


19

O que significa despesa vinculada? Explico. Em 2013, o governo federal autorizou e empenhou (colocou na sua conta) para a área de saúde R$ 83 bilhões, o valor mínimo constitucional de acordo com o art. 5º da lei complementar nº 141/2012. Se um gestor excepcional tivesse economizado R$ 5 bilhões do orçamento da saúde, toda essa economia, por força da lei, teria que ser necessariamente gasta na mesma área. Ou seja, maior eficiência na área de saúde pode se transformar em mais serviços, mas, pelas regras atuais, nunca em redução do gasto (como porcentagem do PIB). MUDANÇA NAS REGRAS Infelizmente, controlar o crescimento do gasto público do governo central requer mudanças das regras que regem a concessão de despesas tipicamente sociais. É claro que outras despesas não sociais podem ser controladas, mas essas outras despesas explicam menos de 10% do crescimento da despesa do governo central de 1999 a 2013, e seu controle não seria suficiente para produzir a economia necessária de 3 a 4 pontos do PIB para voltarmos a ter superávit primário na casa de 2,5% do PIB. Por exemplo, em 2013, o investimento público do governo central (sem estatais e sem o Minha Casa, Minha Vida) foi de apenas 1% do PIB. As despesas de custeio de todos os ministérios retirando os sociais (educação, saúde, previdência, trabalho e emprego, desenvolvimento social) foi de 1,15% do PIB. Se o governo fechasse metade dos 34 ministérios não sociais e cortasse metade do seu investimento, economizaria R$ 50 bilhões ou 1% do PIB. Não é insignificante, mas longe do necessário para retomar a trajetória cadente da dívida bruta e líquida. Uma conta que o governo deve cortar é a de subsídios. Em 2013, o governo gastou com essa conta R$ 32 bilhões (0,66% do PIB), sendo R$ 10,1 bilhões com equalização de juros dos empréstimos agrícolas e bancos regionais, R$ 7,8 bilhões com compensação às distribuidoras de energia elétrica e R$ 14,2 bilhões do Minha Casa Minha Vida. Mas há aqui um problema. A conta de subsídios do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) no âmbito do BNDES não está sendo paga. Se o governo começar a pagá-la (algo como R$ 8 bilhões por ano, no


20 mínimo), a tendência da despesa com subsídios é aumentar e compensar integralmente a economia com o fim dos subsídios ao setor elétrico. Se não quisermos pagar mais impostos, a sociedade brasileira terá que chegar a um consenso para diminuir radicalmente os subsídios concedidos por bancos públicos e modificar as regras que determinam o crescimento de alguns dos gastos sociais e da Previdência. Se não chegarmos ao consenso, a solução virá mais uma vez de novos aumentos da carga tributária, com reflexo negativo sobre a nossa competitividade em um país que, para o nosso nível de desenvolvimento, já tem carga tributária elevada de país desenvolvido. MANSUETO ALMEIDA é economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)

Lançamentos de ações devem voltar no ano que vem Fonte Jornal Estado de São Paulo ANDERSON FIGO, DANIELLE BRANT e FABÍOLA SALANI DE SÃO PAULO

29/12/2014 às 02h 00

Com apenas uma operação, 2014 foi o pior ano em lançamentos de ações no Brasil em uma década. Mas a entrada de empresas na Bolsa pode ser retomada caso as esperadas medidas da nova equipe econômica em 2015 sejam bem-sucedidas. A avaliação é de analistas ouvidos pela Folha, que apostam em uma maior concentração de lançamentos na segunda metade do ano. O número de operações, no entanto, deve demorar a voltar ao nível de 2007, quando houve 64 IPOs (ofertas públicas iniciais de ações, na sigla em inglês) na BM&FBovespa -na esteira do forte crescimento econômico do país. "Existe um número grande de operações represadas, de empresas que não conseguiram ir ao mercado neste um ano e meio", diz Antonio Felix de Araujo Cintra, sócio na área de mercado de capitais do escritório TozziniFreire. "Se o governo tomar as medidas necessárias para arrumar a economia, se as empresas e investidores começarem a ver uma perspectiva de médio para longo prazo de melhora, existe possibilidade de o mercado se abrir."


21

A companhia aérea Azul já sinalizou a intenção de lançar ações na Bolsa brasileira e em Nova York. Em dezembro, a empresa entrou com pedido de abertura de capital -primeiro passo para fazer um IPO. O resgate da credibilidade do governo diante dos estrangeiros também pode ajudar a impulsionar os IPOs, segundo James Gulbrandsen, sócio da gestora NCH Capital no Brasil. "Não dá para lançar ações sem os estrangeiros, que são os investidores com participação mais relevante nessas ofertas", avalia. De acordo com a BM&FBovespa, os estrangeiros representavam, em dezembro, por volta de 54% do total de investidores na Bolsa brasileira. Até o dia 22, o saldo externo da Bolsa estava positivo em R$ 19,498 bilhões, impulsionado principalmente pela forte volatilidade do ano eleitoral, o que fez com que alguns ativos ficassem "baratos". No ano passado, o saldo foi de R$ 11,746 bilhões. Para Gulbrandsen, o resgate da confiança do estrangeiro no governo brasileiro é importante para estimular a entrada de dinheiro no país. A manutenção da nota de crédito do Brasil em grau de investimento é condição fundamental para isso, pois indica que é seguro investir no país. Alguns grandes fundos só podem aplicar em mercados com essa classificação.


22 "Quando falamos de emergentes, o Brasil está à frente de Rússia e China em termos de governança. Por isso, os estrangeiros ainda veem o Brasil de forma especial", diz Antonio Castro, presidente da Abrasca (Associação Brasileira das Companhias Abertas). SETORES FINANCEIRO E EDUCACIONAL DEVEM SE DESTACAR Empresas dos setores financeiro e educacional estão mais bem posicionadas, segundo analistas de mercado, para abrir capital no próximo ano. As redes de ensino passam por um momento de consolidação. O segmento financeiro se beneficia do cenário de alta de juros. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, pode abrir capital e passar a ser listada em Bolsa em 2016, como antecipou a coluna "Mercado Aberto", da Folha. Já as companhias ligadas a commodities e ao varejo devem ter um ano ruim. As primeiras devem ser afetadas pelo preço em queda das matérias-primas no exterior. A desaceleração do consumo deve frear lançamentos de ações de varejistas, diz Alfredo Ferrari, do escritório Siqueira Castro.

GO terá fábrica de painéis fotovoltaicos de R$ 200 mi Fonte Jornal Estado de São Paulo 29/12/2014 às 03h00

A Soliker, de painéis para a conversão de luz solar em energia, vai instalar sua primeira fábrica no Brasil, em Luziânia, no Estado de Goiás. Hoje, a empresa atua no país com um escritório em São Paulo e importa os produtos de uma fabricante parceira na Espanha. Serão investidos cerca de R$ 200 milhões na planta, com capacidade inicial para gerar 100 megawatts por ano. A unidade produzirá dois tipos de painéis, um usado em fachadas espelhadas e como acabamento arquitetônico, e outro, sem efeito estético, indicado para tetos e usinas de geração.

"Existe muito espaço para crescer no Brasil, tanto no segmento de construções de alto padrão como também no de habitações populares", afirma Gabriela Corte Batista, presidente da companhia.


23 A área de 200 mil m² comportará a indústria de células e uma usina de energia com 2 megawatts de capacidade. "Três engenheiros virão da Espanha para treinar os cerca de 90 profissionais que operarão a fábrica brasileira. Os equipamentos também serão importados de lá." O município de Luziânia foi escolhido pela proximidade com Brasília (distante cerca de 60 quilômetros) e fácil acesso ao restante do país.

1.

2. "O governo do Estado de Goiás concedeu incentivos para a instalação, como subsídio no ICMS de até 73% e a venda de um terreno no distrito industrial da cidade por R$ 1,78 o m²", diz William O'Dwyer, secretário de Indústria e Comércio de Goiás.

Em solo brasileiro O mercado brasileiro de fusões e aquisições fechou o ano com 867 transações, alta de 6,8% em comparação com 2013, segundo um estudo da consultoria PwC. Das 867 operações anunciadas, 263 tiveram seu valor divulgado, um montante de US$ 145,79 bilhões (cerca de R$ 394 bilhões). As maiores aquisições no período foram a da GVT pela Telefônica Brasil, por US$ 9,7 bilhões, e da PT Portugal pelo grupo Altice, por US$ 9 bilhões, segundo o relatório.


24

As transações de pequeno porte (até US$ 100 milhões) somaram 167 no acumulado do ano. Foram 29 operações com valor anunciado superior a US$ 1 bilhão. A participação de investidores estrangeiros subiu 2,16%, ante 13% em 2013.

Humor britânico em baixa O indicador que mede a confiança do consumidor do Reino Unido recuou dois pontos em dezembro, na comparação com o mês anterior, segundo pesquisa da GfK. O índice passou de -2 em novembro para -4 neste mês, em uma escala que vai de -100 a 100 (números mais elevados indicam maior otimismo entre os consumidores). Com a queda, o nível de humor chegou ao patamar mais baixo desde março deste ano, quando estava em -5. Quatro dos cinco subíndices que compõem o cálculo recuaram em dezembro. A maior retração foi no que avalia a situação econômica do país para os próximos 12 meses, que caiu cinco pontos. -13 era o indicador de confiança do consumidor britânico em dezembro do ano passado -6 foi a pontuação atingida neste mês no subindicador que avalia as finanças pessoais para os próximos 12 meses -10 foi o total do subíndice que avalia a situação da economia do país nos últimos 12 meses.


25

Governo alemão vê queda no preço do petróleo como ajuda à economia Fonte REUTERS 28/12/2014 às 12h 39

O governo alemão acredita que a queda do preço do petróleo pode impulsionar o crescimento das maiores economias europeias, de acordo com a revista Der Spiegel neste domingo (28), citando um informe interno do Ministério da Economia. Os preços do petróleo caíram cerca de 45% para, em média, US$ 60 o barril desde junho deste ano. O ministério, ainda de acordo com o Der Spiegel, prevê que o preço do petróleo permaneça em baixa a longo prazo e acredita que o aumento virá somente em 2018, com média de US$ 80 o barril. O informe também registra que a Alemanha pagaria nos próximos anos cerca de € 12 bilhões a menos a países produtores de petróleo do que em 2014 -o que representa queda de 25%. De acordo com a publicação, nenhum representante do ministério quis comentar a nota. CRESCIMENTO O governo alemão prevê expansão de 1,3% na economia em 2015, após a previsão de 1,2% para este ano. Membros árabes da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) esperam que o preço do petróleo global se recupere entre US$ 70 e US$ 80 por barril até o fim de 2015.

Conheça exemplos reais de tendências de consumo e veja como atrair consumidores Fonte Jornal Estado de São Paulo ANA MAGALHÃES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

29/12/2014 às 02h00

O pessimismo com a economia em 2015 já afeta os planos dos consumidores. Pesquisa da consultoria BCG com 2.000 pessoas, cujo perfil reflete os dados do censo de população e do país, mostra que 72% delas planejam reduzir seus gastos em itens supérfluos no ano que vem. Olavo Cunha, sócio do escritório de São Paulo do BCG, diz que as empresas deverão estar preparadas para uma competição mais intensa nos próximos anos. "Elas vão ter que ajustar sua estrutura de custos e melhorar a sua capacidade de inovação". Como 2015 pode não ser fácil para empreendedores, é preciso ficar atento a tendências e a campanhas criativas, recomenda Marcelo Moreira, coordenador de pesquisas do Sebrae-SP.


26 "Com diferenciação e inovação, os pequenos e médios empresários terão maior taxa de sucesso." Luciana Stein, líder de estratégia da Trendwatching, empresa que analisa tendências de mercado, diz que a criatividade e o fortalecimento de marcas dependem de iniciativas que não são necessariamente caras ou exclusivas de grandes empresas. A empresa levantou tendências de consumo e marketing para os próximos anos. IGUALDADE E POSICIONAMENTO CRÍTICO Quando começaram os "rolezinhos" em São Paulo, em 2013, os pesquisadores da Trendwatching consideraram que aquela era uma oportunidade para marcas se posicionarem. "Mas a maioria não se manifestou ou se colocou contra", analisa Stein. Na avaliação dela, as corporações ganham pontos ao se posicionar de maneira crítica diante de assuntos sociais -como homofobia e racismo e igualdade. Um exemplo aconteceu na Colômbia em setembro de 2014, quando 120 marcas se uniram no movimento Soy Capaz, defendendo a paz social no país. A marca de cigarros Malboro lançou maços que traziam relatos reais de ex-guerrilheiros. CONECTE AS PESSOAS A Biscoitos Zezé, de Pelotas, no Rio Grande do Sul, investiu na conexão entre pessoas em locais públicos. A companhia marcou assentos de ônibus com adesivos com frases como "você tem animais de estimação?" com o objetivo de incentivar de ajudar as pessoas a começar a bater papo com quem está sentado ao lado. RECOMPENSAS DIVERTIDAS Marcas que rompem com a seriedade e usam o humor nas redes sociais ou para brindes e descontos divertidos tendem a se sintonizar de maneira mais profunda com seus consumidores. Na Costa Rica, a Claro criou uma campanha em que oferecia minutos grátis de ligações para os minutos de prorrogação dos jogos de futebol. Em São Paulo, a editora Lote 42 lançou durante a Copa uma promoção que prometia 10% de desconto para cada gol tomado pelo Brasil. Na tragédia dos 7 x 1 contra a Alemanha, a empresa manteve sua promessa e vendeu todo o seu estoque com 70% de desconto. AMOR PELO SABER As redes sociais estimulam que as pessoas compartilhem e demonstrem conhecimento -e marcas podem aproveitar essa onda.


27 A FreeSurf, marca de moda surf do Rio Grande do Sul, fez uma parceria com a editora L&PM Pocket e lançou uma coleção de calças e bermudas com trechos de poesias nos bolsos. (DES)CONECTE Os brasileiros passam mais tempo conectados que a média global. Por isso, pesquisadores de tendências apostam em serviços que ajudam a melhorar ou administrar a vida on-line ou que incentivam as pessoas a se desconectar. O Google lançou neste ano uma versão mais leve de sua página para ajudar quem tem conexão lenta no Brasil. Em direção oposta, a agência de publicidade Lew'Lara\TBWA criou um totem anticelular. A caixa fica do lado de fora das salas de reuniões, e os profissionais e clientes são convidados a deixarem ali seus smartphones para evitar distrações. MORDOMIA Marcas vêm desenvolvendo estratégias para aproveitar o sentido de urgência dos consumidores. No Brasil, neste ano, a Hellmann's criou a campanha #PreparaPraMim, em que convidava as pessoas a usar a hashtag no Twitter dizendo os ingredientes disponíveis na sua geladeira. A empresa respondia com receitas personalizadas. A loja de roupas Forever 21 foi mais ousada na Costa Rica. A empresa aproveitou o clássico problema feminino do "não tenho o que vestir hoje" e criou a campanha SOS Closet. Cem clientes ganharam a possibilidade de receber, em casa, uma arara com possibilidades de roupas e acessórios caso enfrentassem esse dilema. PRODUTO SEM PREÇO Máquinas que vendem livros com os dizeres "pague o quanto quiser" já se espalharam por estações de metrô de São Paulo. E a ideia vem sendo implantada por outros pequenos empresários. Em setembro de 2014, o analista de TI Robson Felix, 28, criou a empresa Techboy, que oferece suporte a computadores por meio do Skype. Depois da videoconferência e da resolução do problema, o usuário recebe um e-mail com sugestão de preço a ser pago -mas a decisão é do cliente. "80% dos clientes pagam, e alguns deles até oferecem mais do que o sugerido", comenta o empreendedor, que também oferece o suporte para ONGs gratuitamente. TOME AS RUAS Movimentos urbanos estão incentivando o uso do espaço público. Em São Paulo, a ONG Instituto Mobilidade Verde começou a fomentar a implantação de "parklets" -pequenas áreas com plantas, bancos e mesas que são instalados nas ruas, em vagas destinadas a carros.


28 Um dos proprietários do restaurante Vito, Pedro Ferraz Cardoso, contratou a instalação de um espaço assim na frente do seu estabelecimento. "Tem sido muito positivo para a nossa marca. Hoje, é comum virem nos procurar para falar a respeito."

Confiança da indústria recua 1,5% em dezembro, diz FGV Indústria brasileira: indicador foi a 84,3 pontos neste mês, ante 85,6 pontos em novembro. Fonte Juliana Schincariol, da REUTERS 29/12/2014 08H 30

Rio de Janeiro - O Índice de Confiança da Indústria (ICI) brasileira caiu 1,5 por cento em dezembro sobre novembro, após dois meses de alta, numa indicação de que o setor encerrou 2014 ainda patinando. O indicador foi a 84,3 pontos neste mês, ante 85,6 pontos em novembro, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta segunda-feira. Em novembro, o indicador havia subido 3,6 por cento na comparação mensal, segundo resultado positivo do ano. Na prévia de dezembro, o indicador de confiança da indústria havia recuado 0,8 por cento. "Após dois meses em alta, a evolução do ICI em dezembro pode ser interpretada como um movimento de acomodação", disse em nota a coordenadora da Sondagem da Indústria da FGV/IBRE, Tabi Thuler Santos. "Os sinais em relação aos próximos meses, no entanto, continuam dúbios, combinando pessimismo em relação à produção e ao emprego no curtíssimo prazo e ligeira melhora das perspectivas no horizonte de seis meses", acrescentou. O responsável pelo resultado de dezembro do ICI foi o Índice da Situação Atual (ISA), que caiu 2,2 por cento, a 84 pontos. O indicador que mede o grau de satisfação com o nível de demanda exerceu a maior influência na queda do ISA em dezembro, disse a FGV. O indicador recuou 6,1 por cento entre novembro e dezembro, ao passar a 76,5 pontos, revertendo boa parte da alta de 10,7 por cento registrada no mês anterior. A proporção de empresas avaliando o nível de demanda como forte diminuiu de 8,8 por cento para 7,6 por cento, enquanto a parcela de empresas que o avaliam como fraco aumentou, de 27,3 por cento para 31,1 por cento. O Índice de Expectativas (IE) recuou 0,9 por cento no período, para 84,6 pontos. Já o Nível de Utilização da Capacidade Instalada diminuiu 1,4 ponto percentual, para 81,3 por cento em dezembro, menor patamar desde agosto de 2009 (81,2 por cento). A indústria tem mostrando dificuldade para mostrar recuperação mais consistente neste ano. A produção industrial brasileira ficou estagnada em outubro, último dado disponibilizado pelo IBGE, pior do que o esperado e iniciando o último trimestre do ano sem força, com mau desempenho em todas as categorias, sobretudo na de bens de consumo.

PIB da Rússia tem em novembro maior contração desde 2009 Fonte Bloomberg 29/12/2014 ÀS 07H 12

Economia russa: PIB teve retração de 0,5 por cento no mês passado, na comparação anual.


29 Moscou - A economia da Rússia contraiu fortemente em novembro, pela primeira vez desde outubro de 2009, maior sinal até o momento do impacto das sanções ocidentais e da queda nos preços do petróleo. O Ministério da Economia do país informou que o Produto Interno Bruto (PIB) teve retração de 0,5 por cento no mês passado, na comparação anual. A contração deve agravar-se ainda mais com o declínio dos preços do petróleo, que acelerou em dezembro depois que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) recusouse a reduzir a produção para sustentar os preços, que estão em queda de quase 50 por cento desde o pico deste ano, em junho. O petróleo é a espinha dorsal da economia russa, que também contraiu acentuadamente em 2009 com outra perda nos preços da commodity. Mas os problemas deste ano estão sendo agravados por sanções do Ocidente devido à anexação da Crimeia pela Rússia. As sanções reduziram severamente a capacidade das empresas russas para empréstimos no exterior.

O antes e depois de Dilma na economia Fonte João Pedro Caleiro, de EXAME.com 29/12/2014 ÀS 07H 00

São Paulo - Formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Dilma Rousseff é a primeira presidente economista que o Brasil tem desde Fernando Collor. A familiaridade com o tema, no entanto, não bastou (ou pesou contra) em áreas como juros e investimento. Enquanto isso, indicadores positivos de crescimento e comércio que vinham da Era Lula foram se evaporando ao longo do mandato de Dilma com Guido Mantega como ministro. Apesar de ter conseguido manter o desemprego em níveis historicamente baixos e a renda em trajetória ascendente, Dilma vai começar seu segundo mandato com PIB parado, inflação no teto da meta e juros mais altos do que recebeu de seu antecessor. Veja a seguir 9 indicadores econômicos do Brasil no ano antes da posse e ao longo dos 4 anos do primeiro mandato da presidente: Crescimento do PIB 2010

7,5%

2011

2,7%

2012

1%

2013

2,3%

2014

0,1% - 0,2% (est.)


30 Dilma tomou posse após um ano com 7,5% de crescimento, mas a maior taxa desde 1986 acabaria se provando "uma espécie de último fôlego do padrão de crescimento anterior”, nas palavras de Otaviano Canuto, assessor-sênior do Banco Mundial para economias em desenvolvimento. A presidente vai terminar seu primeiro mandato com média de crescimento na casa dos 1,5%, pior resultado desde Collor. O governo culpou a crise internacional e de fato, os últimos anos viram o esgotamento de duas grandes forças por trás do último ciclo de expansão do país: a alta das commodities e a festa da liquidez internacional. Mas a desaceleração brasileira veio antes e foi mais forte do que no resto da América Latina - e enquanto isso, os Estados Unidos crescem no maior ritmo em uma década e a China continua desmentindo as previsões de um pouso forçado.

Desemprego (dez.) 2010

5,3%

2011

4,7%

2012

4,6%

2013

4,3%

2014

4,8% (nov.)

Por enquanto, a desaceleração da economia ainda não mexeu muito com o grande triunfo econômico do governo: a manutenção de taxas de desemprego historicamente baixas e a continuidade da formalização do mercado de trabalho. A geração de empregos já não tem a mesma força, mas a taxa continua baixa porque menos pessoas estão procurando emprego. Para 2015, as previsões até agora são de leve alta do índice. Renda média (crescimento) 2010

5,9%

2011

2,6%

2012

3,2%

2013

3,2%

2014

não disponível

O baixo desemprego e políticas sociais como o aumento do salário mínimo fizeram com que a renda das famílias continuasse subindo, nos anos Dilma, a uma taxa maior do que a expansão do PIB.


31 O grosso do aumento real ocorreu nas classes mais baixas, contribuindo para a redução da desigualdade (pelo menos nessa medida). De acordo com o índice Gini, a desigualdade está parada desde 2011.

Taxa de investimento 2010

19,5%

2011

19,3%

2012

18,1%

2013

18,4%

2014

17,4% (até setembro)

O Brasil tem uma taxa de investimento historicamente baixa, seja em comparação com países desenvolvidos como a Austrália (28%) ou emergentes como a Indonésia (34%). Isso sem falar na China, para quem o investimento é tão central que é até problema. Aumentar este número está entre as chaves para vários desafios do país, como diminuir a inflação, resolver os gargalos de infraestrutura e aumentar o potencial de crescimento no médio e longo prazo. E nesse aspecto, o governo Dilma andou de lado, para o dizer o mínimo. Os investimentos públicos não devem sair ilesos dos cortes no ano que vem, mas de qualquer forma, são apenas um "fermentozinho da massa", segundo o próprio ministro Joaquim Levy. A melhora desta taxa depende do investimento privado, que ainda deve esperar para ver para onde vai a política do segundo mandato. Taxa Selic (fim do ano) 2010

10,75%

2011

11%

2012

7,25%

2013

10%

2014

11,75%

Por um tempo, pareceu que depois dos legados de estabilidade econômica de Fernando Henrique Cardoso e de inclusão social de Lula, o governo Dilma poderia deixar como marca a redução dos juros, que estão entre os mais altos do mundo. A própria presidente elegeu o tema como bandeira e passou a pedir aos bancos privados que abaixassem suas taxas. Ao longo de 2012, a Selic sofreu sucessivos cortes e foi de 11% para 7,25%, uma baixa histórica.


32 Sem o devido apoio da política fiscal, no entanto, o Banco Central se viu obrigado a reverter o rumo, e hoje a Selic está no seu maior nível desde agosto de 2011. Pelo menos em seu primeiro mandato, Dilma vai entregar os juros mais altos do que recebeu. Inflação 2010

5,91%

2011

6,50%

2012

5,84%

2013

5,91%

2014

6,56% (12 meses até nov.)

A queda dos juros não foi para frente porque voltou a ameaça da inflação - outro índice que Dilma vai entregar pior do que recebeu. A desaceleração econômica, o dólar baixo e a contenção de preços administrados como luz e gasolina não foram suficientes para impedir que a inflação ficasse longe do centro da meta por todo o governo e estourasse o teto por boa parte de 2014. Para o ano que vem e os seguintes, o Banco Central promete uma política mais dura e conta com os cortes de gastos e aumentos de impostos prometidos pela nova equipe econômica. Superávit primário 2010

2,8%

2011

3,1%

2012

2,4%

2013

1,9%

2014

0,56% (12 meses até outubro)

Não é por acaso que a política fiscal foi o foco dos primeiros anúncios do novo ministro Joaquim Levy. Nos últimos anos, o uso da chamada "contabilidade criativa" e o crescimento do gasto corrente fizeram aumentar a despesa ao mesmo tempo em que a arrecadação cedia devido ao baixo crescimento e desonerações tributárias. O resultado foi o abandono gradual de metas de superávit primário que culminou na manobra fiscal deste ano, quando o governo alterou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para transformar um déficit na prática em superávit no papel. Cotação do dólar (fim do ano) 2010

R$ 1,66

2011

R$ 1,86

2012

R$ 2,04


33 2013

R$ 2,35

2014

R$ 2,69 (em 26/12)

Além da política fiscal, outro fator que puxou a inflação para cima foi o dólar. Na medida em que a recuperação americana tomou fôlego, cresceram as apostas de que o Banco Central americano iria começar a desmontar seu programa de compra de ativos (o que ocorreu este ano) e aumentar sua taxa de juros (o que deve ocorrer no ano que vem). A perspectiva de mais ganhos nos EUA atraíram recursos que antes vinham fácil para os emergentes. Com isso, o dólar começou um novo ciclo de fortalecimento que deve continuar. No caso do Brasil, contaram também o fim da euforia com o país, a descrença na política econômica do governo e neste ano, as especulações próprias de ciclos eleitorais. Balança comercial (US$) 2010

20,2 bilhões

2011

29,7 bilhões

2012

19,4 bilhões

2013

2,5 bilhões

2014

déficit de 4 bilhões (até 19/12)

A perda de competitividade, o congelamento da agenda de reformas e o persistente custo brasil fizeram com que a demanda brasileira continuasse "vazando" para o exterior, com crescentes déficits em conta corrente e uma queda gradual da balança comercial.


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