Jornais e revistas 06 de março de 2015

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS

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Apenas Brasil e Ucrânia subiram juros neste ano entre 34 países Fonte Jornal Folha de São Paulo 05/03/2015 às 13h 37

Ao elevar a taxa básica de juros na noite desta quarta-feira (4), o Brasil seguiu na contramão das principais economias do mundo. Neste ano, apenas a Ucrânia e o governo brasileiro aumentaram os juros em uma lista de 34 países pesquisados pela Folha. A tendência em quase todos é de redução da taxa. Do total, 28 nações promoveram corte nos juros na última vez em que a autoridade monetária anunciou alguma modificação na taxa. África do Sul, Malásia, Nova Zelândia e Filipinas elevaram suas taxas entre julho e setembro de 2014. Em 2015, ainda não confirmaram novas altas. ESTÍMULO AO CONSUMO Na maior parte dos países, há preocupação dos governos com o ritmo de crescimento da economia. Ao reduzir os juros, eles tentam estimular o consumo. O movimento tem ocorrido tanto em economias desenvolvidas como em países considerados emergentes. No mês passado, ao mesmo tempo em que a Suécia cortava sua taxa em 0,1 ponto percentual, China e Indonésia também reduziam os juros em 0,25 ponto percentual. INFLAÇÃO NO BRASIL No Brasil, apesar de analistas apontarem para recessão econômica neste ano, o governo vem sendo forçado a elevar a taxa na tentativa de conter a inflação. O aumento anunciado pelo Banco Central brasileiro na noite desta quarta (4) foi o quarto seguido desde a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Com ele, a Selic, como é chamada a taxa, passou de 12,25% ao ano para 12,75% ao ano. É o maior valor desde março de 2009. Em outubro de 2014, quando houve eleições, ela estava em 11% ao ano. A taxa serve como referência para o custo do dinheiro na economia. Ao elevá-la, o governo tenta reduzir o consumo, já que pegar empréstimos e fazer compras 2


parceladas tende a ficar mais caro. Com a demanda em queda, há menos estímulo para inflação. A alta dos preços segue persistente desde o ano passado. Para 2015, a expectativa é que a inflação fique em 7,47%, segundo projeções de analistas de mercado divulgadas no boletim Focus, do Banco Central. Caso a estimativa se confirme, haverá estouro da meta imposta pelo governo de 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais para cima. RECESSÃO As incertezas dos investidores em relação ao país têm elevado a cotação do dólar, aumentando a pressão sobre a inflação. A moeda encostou em R$ 3 pelo segundo dia seguido nesta quinta (5). O governo brasileiro tem atuado por meio do aumento de juros, aumento de impostos e corte de benefícios tributários a empresas. Os dois movimentos, contudo, ajudam a intensificar a queda do ritmo da economia. Com o crédito mais caro e mais impostos a pagar, os empresários tendem a reduzir investimentos e o consumidor a comprar menos. A estimativa dos analistas é encolhimento de 0,58% do PIB [Produto Interno Bruto] em 2015. Taxas de juros (em % ao ano) e últimas alterações (em pontos percentuais) País Taxa atual Data do último ajuste Última alteração Ucrânia

30

mar.2015

10,5

Rússia

15

jan.2015

-5

Nigéria

13

out.2014

1

Brasil

12,75

mar.2015

0.5

Paquistão

8,5

jan.2015

-1

Turquia

7,5

mar.2015

-0,25

Índia

7,5

fev.2015

-0,25

Indonésia

7,5

fev.2015

-0,25

Sri Lanka

6,5

out.2013

-0,25

3


África do Sul

5,75

jul.2014

0,25

China

5,35

fev.2015

-0,25

Qatar

5,35

fev.2015

-0,5

Colômbia

4,5

ago.2014

0,25

Filipinas

4

set.2014

0,25

Nova Zelândia

3,5

jul.2014

0,25

Malásia

3,25

jul.2014

0,25

Peru

3,25

jan.2015

-0,25

Chile

3

out.2014

-0,25

México

3

jun.2014

-0,5

Romênia

2,25

fev.2015

-0,25

Austrália

2,25

fev.2015

-0,25

Hungria

2,1

jul.2014

-0,2

Arábia Saudita

2

jan.2009

-0,5

Coreia do Sul

2

out.2014

-0,25

Polônia

1,5

mar.2015

-0,5

Emirados Árabes Unidos

1

mar.2015

-0,5

Canadá

0,75

jan.2015

-0,25

Reino Unido

0,5

mar.2009

-0,5

Zona do euro

0,5

set.2014

-0,1

Estados Unidos

de 0 a 0,25

dez.2008

-0,75

Japão

0,1

out.2010

-0,1

Israel

0,1

fev.2015

-0,15

Suécia

-0,1

fev.2015

-0,1

Suíça

-0,75

jan.2015

-0,5

Dinamarca

-0,75

fev.2015

-0,25

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Caderneta de poupança registra fuga de recursos pelo segundo mês seguido Fonte Jornal Folha de São Paulo EDUARDO CUCOLO DE BRASÍLIA 05/03/2015 às 17h 04

A caderneta de poupança registrou fuga de recursos pelo segundo mês consecutivo. Segundo o Banco Central, os saques superaram os depósitos em R$ 6,26 bilhões em fevereiro. No primeiro bimestre, a captação líquida foi negativa em R$ 11,92 bilhões. Nos dois casos, são os maiores valores registrados para esses períodos pelo BC, que disponibiliza dados a partir de 1995, sem corrigi-los pela inflação. Em janeiro, os saques superaram os depósitos em R$ 5,5 bilhões. A poupança já vinha captando menos recursos desde o começo de 2014, mas os saldos ainda estavam positivos. Segundo especialistas em finanças públicas, os números refletem, principalmente, a retirada de dinheiro para pagar dívidas. Além disso, está mais difícil para o brasileiro poupar, diante da alta do custo de vida e da piora no mercado de trabalho. Outro fator que explica o menor interesse pela poupança é a perda de competitividade para os fundos de renda fixa e DI, que mesmo com Imposto de Renda e taxas de administração conseguem rentabilidade superior à da caderneta. Com a saída de recursos nos dois primeiros meses deste ano, o saldo de aplicações na poupança recuou nestes dois meses e está em R$ 658 bilhões. A última vez em que o estoque de investimentos na caderneta teve queda, antes disso, foi em abril de 2008. Para que o saldo recue é necessário que a captação seja negativa e em valor superior aos rendimentos creditados, e não sacados, nas contas dos poupadores naquele mês. A caderneta de poupança rendeu 0,59% em janeiro, abaixo da inflação de 1,24% medida pelo IPCA. Em fevereiro, a rentabilidade foi de 0,52%, para uma inflação que deve superar novamente 1%.

Receita Federal cria malha fina para pequenas e médias empresas Fonte Jornal Folha de São Paulo SOFIA FERNANDES DE BRASÍLIA 05/03/2015 às 17h52

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A Receita Federal anunciou nesta quinta-feira (5) a criação da malha fina da pessoa jurídica. Por meio desse novo sistema, pequenas e médias empresas com inconsistências na declaração do Imposto de Renda serão notificadas e terão a chance de regularizar espontaneamente sua situação com o fisco. Neste ano, a Receita está notificando 26 mil empresas com indícios de irregularidades em suas declarações feitas em 2012. Caso seja comprovado que todas essas empresas sonegaram, o valor total da dívida é estimado em R$ 7,2 bilhões. Por meio de cruzamento de dados, a Receita identificou esse universo com irregularidades potenciais, como aplicação incorreta do lucro presumido, mas ainda não há prova de infração, disse o subsecretário de Fiscalização, Iágaro Jung Martins. As empresas que foram notificadas têm 90 dias para regularizar de forma espontânea seus dados ou confirmar o que foi informado à Receita. A partir de então, o contribuinte está sujeito a ser autuado a qualquer momento, informou Martins. VANTAGEM Para o contribuinte, é vantajoso regularizar sua situação de forma espontânea, pois fica livre de multa que pode superar 200% sobre o valor sonegado, afirma Martins. Para a Receita, há a vantagem de arrecadar mais. Quando o contribuinte é impugnado, ele geralmente recorre, abrindo processo que pode levar anos para um desfecho. Para Martins, essa é uma relação de maior transparência com contribuintes menores. Estão na mira da malha fina empresas com receita bruta anual de até R$ 48 milhões. "Os grandes a gente ataca de outra forma. Temos uma estratégia bem definida para eles", afirmou. A expectativa da Receita é que neste ano apure R$ 157,9 bilhões com fiscalização de contribuintes, incluindo grandes, médias e pequenas empresas e pessoas físicas.

Rapidez do Congresso é essencial para país voltar a crescer, diz Levy Fonte Jornal Folha de São Paulo VALDO CRUZ e NATUZA NERY DE BRASÍLIA 06/03/2015 às 02h 00

Em um momento de crise na base aliada, com risco de atraso e mudanças no pacote do governo para elevar a arrecadação e cortar gastos, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) afirmou que a gravidade da situação financeira do país recomenda "rapidez" na definição das medidas no Congresso Nacional.

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Para ele, o ajuste nas contas não é um fim em si mesmo, mas o trampolim para recuperar a capacidade de crescimento do PIB. "A rapidez é essencial para a economia voltar a crescer. Em particular, os agentes saberem a data em que, por exemplo, MPs terão seus efeitos, é um fator importante para o resultado dessas medidas sobre as expectativas e na arrecadação dentro do ano", disse o ministro em entrevista por e-mail àFolha. Alvo de críticas de políticos aliados, trabalhadores e até empresários por causa do corte seco nas despesas, Levy indicou que não mexerá um ponto sequer na meta de superavit primário. "Não há espaço nem intenção de reduzir a meta de 1,2% do PIB." Joaquim Levy aposta ainda em uma reforma do PIS/Cofins neste ano. Para isso, porém, também precisará da aprovação do Legislativo. ENTRAVES As dificuldades do governo no Congresso vêm do principal parceiro da coalizão, o PMDB. Nesta semana, o presidente do Senado, Renan Calheiros, simplesmente devolveu ao Planalto a medida provisória que estabelecia, com efeito imediato, a elevação das alíquotas sobre a folha de pagamento de 56 setores. A retaliação forçou Dilma Rousseff a enviar as mudanças por projeto de lei, que exige aprovação do Legislativo para começar a valer. O episódio renovou a insegurança do mercado sobre as condições do governo de aprovar o pacote fiscal. Neste momento, agências de classificação de risco estão no país para avaliar se mantêm a avaliação de que o Brasil continua um lugar seguro para se investir. O ministro da Fazenda defende as medidas adotadas até agora fazendo uma comparação indireta com o regime que fez a presidente Dilma perder peso. Segundo ele, uma "dieta efetiva requer comer menos e melhor". Seguindo esta receita, diz, os "resultados aparecem" apesar do ceticismo de alguns. E sentencia, com direito a exclamação e tudo: "O Brasil não está doente!". Folha - A economia está no chão, teremos recessão neste ano e o governo apertou ainda mais o ajuste fiscal. Não corremos o risco de matar o doente com o remédio administrado? Joaquim Levy - O Brasil não esta doente! Aliás, sem cometer uma indiscrição excessiva, deixe-me dizer que há pessoas ao meu redor que me contam que uma dieta efetiva requer comer menos e melhor; fazendo assim, explicam, apesar do ceticismo de 7


alguns, os resultados aparecem. As medidas econômicas tomadas até agora são essencialmente de diminuição de gastos, inclusive renúncias fiscais. Ações para diminuir a dimensão de alguns instrumentos anticíclicos, cuja eficácia vinha desaparecendo. Alan Marques/Folhapress

O governo não está muito preso ao ajuste fiscal, deixando de lado a agenda do crescimento? O ajuste fiscal é o primeiro passo para o crescimento. Foi assim em outras ocasiões. O emprego formal, que havia encolhido na época de maior gasto público no final dos anos 1990, cresceu a partir de 1999, quando começou a haver disciplina fiscal. Em geral, estabelecido o equilíbrio, a economia dá a partida. Como fará para aprovar as medidas no Congresso, levando em conta a tensão na base? O Congresso tem um papel fundamental na estabilidade do país e vai saber conduzir esse movimento, até porque sua liderança já deu mostras disso. A mudança das metas promovida pelo Congresso no final do ano passado se explica principalmente no contexto de preparar um ajuste rápido e abrangente este ano. A rapidez é essencial para a economia voltar a crescer. Em particular, os agentes saberem a data em que, por exemplo, MPs terão seus efeitos, é um fator importante para o resultado dessas medidas sobre as expectativas e na arrecadação dentro do ano. Sempre pode haver o que aprimorar, e o Congresso é onde a democracia opera. 8


Ainda que, como comentei antes, não se esteja inventando nada, mas apenas modulando efeitos de algumas medidas anteriores, com a presteza exigida pela gravidade da situação financeira do país e na intensidade ditada pelas mudanças na economia mundial e brasileira desde meados de 2014. O Congresso reclama de não estar sendo ouvido na adoção de medidas, como a redução da desoneração da folha de pagamento. O que o governo fará se as medidas não forem aprovadas como foram enviadas? Há plano B? A possibilidade de as empresas não pagarem a contribuição patronal em alguns casos é regressiva em relação à regra geral. Especialmente para empresas ou setores com altos salários. Vários estudos mostram também que o custo por emprego preservado tem sido alto. Então, apesar de o mecanismo ter dado resultado positivo no passado e continuar sendo importante para alguns setores abertos à competição externa ou da informalidade e de pequenas empresas com regime tributário favorável, seu ajuste era necessário e oportuno. Dentre as alternativas para reduzirmos o gasto com renúncias esse ajuste é dos menos impactantes. Como acelerar a retomada? É evidente também que haverá oportunidades de trabalharmos com o Congresso em várias matérias econômicas, como na reestruturação do PIS/Cofins. O ideal para o PIS seria as mudanças serem votadas ainda este ano para entrarem em vigor em janeiro de 2016, sem perda de receita. Se consolidarmos rapidamente as medidas anunciadas nos dois últimos meses poderemos em breve trabalhar com o Legislativo para chegarmos a um projeto de lei do PIS/Cofins horizontal, transparente e com o mínimo de exceções. Isso aceleraria a retomada da economia. O governo pode reduzir sua meta de 1,2% de superavit neste ano diante das dificuldades no Congresso? Não há espaço nem intenção de reduzir a meta de 1,2% do PIB. A presidente fez reparos às suas declarações sobre a desoneração da folha de pagamento, mas reconheceu que você está comprometido com o resultado fiscal. Neste período de convivência com a presidente, qual sua avaliação sobre o comprometimento dela com os ajustes que estão sendo feitos na economia? Ela tem dito e demonstrado total comprometimento com o ajuste da economia. O ajuste é a plataforma para voltar a crescer. O sr. reforçou o ajuste preocupado com a nota do Brasil. Um ajuste tão recessivo não estaria focando demais na nota de crédito do Brasil e menos no ambiente político 9


para aprovar as medidas no Congresso? O Brasil expandiu bastante o crédito nos últimos 15 anos. Isso permitiu muita gente ter acesso a bens e serviços antes inalcançáveis. Abriu espaço para as empresas investirem e micro e pequenos empresários aproveitarem as oportunidades do mercado. O preço e tamanho do crédito privado dependem da qualidade da dívida pública. A nota soberana não é um assunto apenas de quem investe na "renda fixa". É de todo mundo. A indústria deve demitir. Há alguma ajuda em curso para evitar desemprego? Em janeiro, a indústria contratou. Mas queremos um ciclo sólido de crescimento. As mudanças de preços relativos que estamos vivenciando e as iniciativas que estão vindo vão ajudar a indústria no período à frente. O dólar segue pressionado, o que vai pressionar ainda mais a inflação. Este é um preço do ajuste em curso? O dólar tem se apreciado no mundo todo. Tem gente que acha que uma desvalorização cambial resolveria tudo no Brasil. Mas um antecessor meu tinha um quadrinho nessa sala (no Ministério da Fazenda) que dizia em letras maiúsculas que "para todo problema difícil tem uma solução fácil". E, lá embaixo, em letras minúsculas, bem minúsculas, estava: "em geral inadequada". Não tem uma medida mágica para reequilibrarmos a economia. O governo fez movimentos moderados em várias áreas, reduzindo os subsídios do BNDES, fazendo uma programação de gastos dos ministérios disciplinada, alinhando o preço dos combustíveis, acertando as contas no setor elétrico, atacando brechas que podiam distorcer a concessão de pensões por morte, e modulando a renúncia fiscal. Um conjunto bem distribuído, que vai permitir à economia tomar pé com confiança e os preços relativos encontrarem um equilíbrio saudável. Com isso, o ambiente vai mudar e com custo muito menor do que algumas pessoas pensam hoje.

Oportuno e oportunista Fonte Jornal Folha de São Paulo 06/03/2015

Ao rejeitar medida provisória sobre desonerações, Renan defendeu interesses próprios, mas também pôs freio nos exageros do governo Foi um gesto "a favor do Congresso e da democracia no Brasil", declarou Renan Calheiros (PMDB-AL) nesta quinta-feira (5). O presidente do Senado procurava explicar por que rejeitou, dois dias antes, a medida provisória que o governo editou a fim de rever as regras da desoneração da folha de pagamento de empresas. 10


Na ocasião, o peemedebista havia afirmado que não poderia concordar com o aumento de impostos por meio daquele instrumento legal, uma iniciativa que terminava por "reduzir o papel do Congresso". Pelo inusitado do episódio --a última recusa de uma medida provisória dera-se em 2008, e, antes disso, em 1989--, seriam necessárias boas doses de ingenuidade para comprar pelo valor de face os argumentos esgrimidos da cadeira de presidente do Senado. Faz mais sentido supor que uma confluência de fatores levou o sempre governista Renan a contrariar os interesses do Executivo, a começar pelos desdobramentos da Operação Lava Jato, que apura o escândalo de corrupção na Petrobras. Sabendo que a Procuradoria-Geral da República pediria, na mesma terça-feira (3), investigações mais aprofundadas sobre seu nome, o senador esperava que o Planalto manifestasse intenção de protegê-lo. Consta, ademais, que Renan tem encontrado dificuldades para indicar ocupantes de cargos nos órgãos do governo e na Petrobras. Por fim, mas não necessariamente menos importante, Alagoas, Estado comandado por seu filho, enfrenta gravíssimos problemas financeiros e gostaria de receber auxílio federal para reorganizar sua dívida. São escusos os motivos, mas nem por isso deve-se desconsiderar o que resulta de meritório da atitude. O governo brasileiro há muito abusa das medidas provisórias, e nisso a gestão Dilma Rousseff (PT) não se diferencia das que a precederam. Um Congresso verdadeiramente zeloso de suas prerrogativas trataria de conter os excessos legislativos do Poder Executivo. Bastaria, para tanto, que sempre fossem analisadas a relevância e a urgência da medida, como aliás determina a Constituição. No caso específico da desoneração da folha de pagamento, por exemplo, restou evidente que o assunto merece maiores discussões. Agindo de afogadilho, o governo exagerou na dose tributária, situação que poderá ser repensada nos debates a respeito do projeto de lei que versa sobre o mesmo tema. A altivez do Legislativo, de todo modo, não decorre de súbita deferência ao princípio da separação de Poderes; resulta da fraqueza do Planalto e da movimentação de políticos ardilosos. Não há virtude no avanço do Congresso, apenas o conhecido oportunismo.

A dengue no quintal Fonte Jornal Folha de São Paulo 06/03/2015

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A dengue é uma moléstia viral de causar calafrios em epidemiologistas: não existe vacina nem terapia específica contra ela; tratam-se apenas seus sintomas, como febre alta e dores no corpo; a prevenção exige que a população colabore de maneira disciplinada no combate ao mosquito transmissor, Aedes aegypti. As larvas do inseto proliferam em água limpa e parada, como a que se acumula em pneus e vasilhames após a chuva. À primeira vista poderia parecer que, numa estiagem como a atual, a transmissão da doença seria menor. Nada disso. O país vive novo surto da enfermidade. Até 14 de fevereiro, houve 103.616 casos registrados, acréscimo de 123% sobre o mesmo intervalo de 2014. Mais da metade das ocorrências (62.689) se deu no Sudeste, região castigada pela seca. No Estado de São Paulo, a progressão foi mais alarmante: eram 5.185 casos nas seis primeiras semanas de 2014, são 51.849 neste ano. Um avanço de 900%. Com isso, a incidência da doença em território paulista (117,7 casos por 100 mil habitantes) tornou-se a terceira maior do Brasil (atrás de Acre e Goiás). Há casos extremos no Estado, como a pequena Trabiju (1.650 moradores), onde 1 em cada 15 moradores foi contaminado. O país convive com a dengue há décadas. Sucessivas campanhas decerto já fixaram na população as noções básicas para evitar a proliferação de larvas do Aedes aegypti: manter lixeiras fechadas, não acumular lixo ao relento, encher com areia pratos debaixo de vasos de plantas, limpar calhas e tampar caixas d'água e tonéis. Com o passar do tempo, contudo, essas providências tendem a ser relaxadas. Aí reside o perigo. De 1990 a 2009, o número anual de casos oscilava ao redor de poucas centenas de milhares (com exceção de 2002 e 2008, quando ultrapassou 600 mil), mas, a partir de 2010, galgou novo patamar, entre 600 mil e 1,5 milhão. O surto das primeiras semanas de 2015 não se revelou especialmente letal. Ocorreram até meados de fevereiro 28 mortes, contra 56 no mesmo período de 2014, com menos da metade dos casos. Dado o comportamento errático da doença, porém, nada impede que os episódios fatais se multipliquem. Desde 1990, pelo menos 3.929 pessoas morreram com a dengue no país, 2.139 das quais (54%) de 2010 a 2013. É fundamental intensificar as campanhas de esclarecimento da população e treinar mais equipes para realizar visitas de porta em porta. Mas as medidas só terão efeito se cada um cuidar do próprio quintal.

Ensino médico em crise, pacientes em risco Fonte Jornal Folha de São Paulo 06/03/2015

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Como existe prova obrigatória para exercer a profissão de advogado, deveria haver para recém-graduados em medicina O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) divulgou recentemente os resultados da décima edição de seu exame, cujas provas ocorreram em outubro último. O número de reprovados é alto e preocupante, refletindo a baixa qualidade do ensino da medicina no Estado e, quiçá, no Brasil, já que, entre 468 formandos de outras unidades federativas, o resultado foi ainda pior. Submeteram-se à prova 3.359 recém-formados. Dos 2.891 inscritos de São Paulo, 55% (1.589) tiveram média de acerto inferior a 60% do conteúdo apresentado. Destaque-se que o exame é composto de questões fáceis ou medianas, pela análise psicométrica clássica (Índice de Facilidade e Discriminação). Já entre os novos médicos de outros Estados, a reprovação foi de 63,2%. O baixo aproveitamento é ainda mais desalentador quando se considera o despreparo dos novos profissionais em áreas fundamentais como clínica médica, pediatria, ginecologia, obstetrícia e cirurgia geral. Eles mostraram ignorância em questões simples, como o atendimento inicial a vítima de acidente automobilístico ou de ferimento por arma branca, casos de pneumonia na comunidade, pancreatite aguda e colelitíase (pedra na vesícula). Das 42 escolas do Estado de São Paulo, 30 participaram da avaliação. As 20 piores colocações ficaram com as instituições privadas, que cobram mensalidades entre R$ 6.000 e R$ 9.000, mas não oferecem em contrapartida formação adequada àqueles que investem no sonho de ser médico. Isso é inquietante, porque a maioria desses novos graduados em breve estará na linha de frente da assistência médica em prontosocorro e pronto atendimento. Houve um curso cujos alunos não ultrapassaram 13% de acertos. O exame do Cremesp não pode, por força da lei, impedir ninguém de ser médico. Por mais desqualificado que seja esse profissional, o ônus da má formação recai sobre os cidadãos. Somos nós, nossos filhos, pais, parentes e amigos que correremos risco ao sermos atendidos por um desses médicos. O Cremesp fará sua parte dentro do que lhe é possível. Os resultados são entregues individualmente e em caráter confidencial aos novos médicos. As escolas também receberão relatório detalhado sobre o desempenho de seus alunos, para que tenham a possibilidade de aperfeiçoar seus cursos. Os dados ainda serão disponibilizados aos ministérios da Educação e da Saúde, ao Conselho Federal de Medicina, à Câmara dos Deputados, ao Senado Federal, ao Ministério Público e a conselhos nacionais de saúde e educação. Esperamos que cada uma dessas instâncias cumpra seu papel, intervindo e envidando esforços para mudar o atual panorama do ensino médico. 13


O exame do Cremesp deixa escancarado que é inadequada a maneira como o governo avalia as escolas de medicina. A título de exemplo, a já citada escola médica que teve apenas 13% de aprovação na presente edição da prova do conselho possui resultado satisfatório no Enade, o exame que o Ministério da Educação (MEC) usa para avaliação. Evidentemente há pouca disposição de mudança em boa parte das escolas médicas privadas. Elas, aliás, não esboçam interesse em serem avaliadas, pois isso significaria mais investimento no corpo docente, em laboratórios e biblioteca médica. Hoje, mais de 80% dos cursos privados do Estado de São Paulo não tem hospital-escola. Finalizando, da mesma forma como existe avaliação obrigatória para exercer a profissão de advogado ou a de contador, propugnamos que também deva haver uma prova obrigatória para os recém-graduados em medicina. Ou as planilhas e processos são mais importantes do que a saúde e a vida? A resposta só pode ser um rotundo "não". BRÁULIO LUNA FILHO, 61, é presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo

A vaca vai pro brejo? Fonte Jornal Folha de São Paulo 06/03/2015

É um privilégio neste momento crítico da política brasileira voltar a este espaço que ocupei em 2011 e 2012. Já colaborei na Folha, em cadernos e anos diversos, exercendo atividade diferente da que tenho hoje. Tenho consciência da importância que foi chegar a milhares de pessoas quebrando tabus, defendendo os direitos do povo, das mulheres e minorias, avançando em temas de difícil aceitação. Senadora, e com uma visão muito crítica da situação política brasileira, sinto-me no dever de exercer neste espaço a audácia e transparência que caracterizaram minha vida. Em política existem duas coisas que levam a vaca para o atoleiro: a negação da realidade e trabalhar com a estratégia errada. O governo recém-empossado conseguiu unir as duas condições. A primeira, a negação das responsabilidades quando a realidade se evidencia. A segunda, consequência da mentira, desemboca na estratégia equivocada. Estas condições traduzem o que está acontecendo com o governo e o PT. O começo foi bem antes da campanha eleitoral deslanchar. Percebiam-se os desacertos da política econômica. Lula bradava por correções. Do Palácio, ouvidos moucos. Era visto como um movimento de fortalecimento para a candidatura do expresidente já em 2014. E Lula se afasta. Ou é afastado. A história um dia explicará as razões. O ex-presidente só retorna quando a eleição passa a correr risco. 14


Afunda-se o país e a reeleição navega num mar de inverdades, propaganda enganosa cobrindo uma realidade econômica tenebrosa, desconhecida pela maioria da população. Posse. Espera-se uma transparência que, enquanto constrangedora e vergonhosa, poderia pavimentar o caminho da necessária credibilidade. Ao contrário, em vez de um discurso de autocrítica, a nação é brindada com mais um discurso de campanha. Parece brincadeira. Mas não é. E tem início a estratégia que corrobora a tese de que quando se pensa errado não importa o esforço, porque o resultado dá com os "burros n'água". Os brasileiros passam a ter conhecimento dos desmandos na condução da Petrobras. O noticiário televisivo é seguido pelo povo como uma novela, sem ser possível a digestão de tanta roubalheira. Sistêmica! Por anos. A estratégia de culpar FHC (não tenho ideia se começou no seu governo) não faz sentido, pois o tamanho do rombo atual faz com que tudo pareça manobra diversionista. Recupera-se o discurso de que as elites se organizam propagando mentiras porque querem privatizar a Petrobras. Valha-me! O povo, e aí refiro-me a todas as classes sociais, está ficando muito irritado com o desrespeito à sua inteligência. Daqui a pouco o lamentável episódio ocorrido com Guido Mantega poderá se alastrar. Que triste. MARTA SUPLICY escreve às sextas-feiras nesta coluna.

O ajuste fiscal vai às ruas Apenas Cide, conta de luz e IOF vão tirar do consumo o equivalente a um ano e três meses de Bolsa Família Fonte Jornal Folha de São Paulo 06/03/2015

O BARRACO na praça dos Três Poderes e o listão dos parlamentares dominam as conversas daquilo que um dia se chamou de "formadores de opinião" (formam a opinião uns dos outros). Devem afetar também o povo que assiste a tudo isso bestificado ou enojado, mas que em geral tem mais o que fazer ou acompanha essas turumbambas a uma distância desesperançada ou cínica. Parece que pelo menos no momento se esquece que a vida fora do universo paralelo de Brasília anda bem prejudicada e piorando, o que, por fim, vai realimentar um dos motivos fundamentais da crise, o desprestígio popular da presidente Dilma Rousseff. Muito se trata das macroeconomias e políticas politiqueiras do ajuste fiscal, mas pouco se tem lembrado que a conta cai no lombo de pessoas reais. Somado aos efeitos da inflação, de outro ano de queda da renda nacional, de juros mais altos e menos empregos, o ajuste fiscal deve ter mais efeitos políticos do que o listão do Janot.

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Uns três decretos de aumentos recentes de receitas podem tirar de empresas e consumidores o equivalente ao gasto de um ano e três meses de Bolsa Família. Ou a 75% de toda a massa de salários paga em um mês nas seis maiores regiões metropolitanas do país. Como esses talhos de renda têm efeitos secundários (são "multiplicados"), o estrago é muito maior. Por exemplo, considere-se a Cide, os impostos dos combustíveis. A gasolina 22 centavos mais cara não causa uma revolução, embora o aumento do diesel tenha contribuído para agitar caminhoneiros. Combustível mais caro causa uma irritação difusa, menor, embora perceptível em redes sociais. Mas, no "agregado", tudo somado, contribui para um talho anual de mais de R$ 17 bilhões no bolso de quem consome esses combustíveis (o governo federal deve arrecadar uns R$ 12,2 bilhões com a volta desse imposto, pois transfere parte dessa receita para Estados e municípios). Uma paulada mais visível será a das contas de luz, embora a gente ainda nem saiba o tamanho final dos reajustes. Sabe-se que o governo pretende cancelar todos os subsídios que bancava com mais dívida, no final das contas. Ou seja, o governo vai deixar de gastar repassando ao consumidor a conta dos dinheiros que passava às empresas de energia. No ano passado, foram quase R$ 12 bilhões. Neste ano, na estimativa do projeto de Orçamento, o gasto iria a R$ 9 bilhões (a conta total desse fundo de despesas do setor elétrico, CDE, é de R$ 22 bilhões para este ano). Há gente no governo a dizer que a paulada, no final das contas, deve chegar a pelo menos R$ 10 bilhões. O aumento do IOF, do imposto sobre operações financeiras, parece quase invisível diante da conta de juros aberrante de qualquer financiamento no Brasil. No entanto, no fim das contas tira mais de R$ 7 bilhões do "setor privado". Cide, IOF e conta extra de luz, somados, dão, portanto, uns R$ 34 bilhões. Uma conta que vai recair sobre uma população que estará na média mais empobrecida (o PIB per capita vai cair outra vez), ainda que um ou outro grupo de trabalhadores ainda empregados possa ter algum aumento real de salário. Mas a conta não vai parar por aí. Nem a dos impostos, nem a do custo político. VINICIUS TORRES FREIRE vinit@uol.com.br

A cigarra e a formiga Fonte Jornal Folha de São Paulo 06/03/2015

O ajuste tardio terá custo maior, pois a economia está em recessão, e o ambiente político, mais difícil.

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O aprendizado da economia não é feito apenas pelo conhecimento de modelos econométricos sofisticados. É necessário também incorporar experiências passadas, inclusive em sociedades distantes da que vive o analista. É o correto equilíbrio entre o racional/ideológico e esses ensinamentos que nos traz a história, que gera a sabedoria. O Brasil vive desde 2012 um desses momentos em que a experiência de ajustes cíclicos de outras economias não poderia ser esquecida. Infelizmente a presidenta Dilma tentou um caminho inviável, já percorrido com resultados negativos por outros governos de esquerda, e o Brasil colhe agora os frutos amargos de um ajuste tardio de sua economia. Uma das lições importantes, deixada de lado pelo governo Dilma, foi a de que existe uma taxa de desemprego a partir da qual as pressões no mercado de trabalho aceleram a inflação. É a chamada Nairu, sigla em inglês para Non-Accelerating Inflation Rate of Unemployment. Em outras palavras, taxas de desemprego muito baixas criam restrições importantes na condução da política econômica e precisam, portanto, ser levadas em conta pelos seus gestores. No fim da era Lula e no início do primeiro mandato de Dilma, a restrição da Nairu, bem como outros sinais da exaustão do modelo econômico na era do PT, não foi levada a sério e se tentou perpetuar a situação de pleno emprego via uma nova rodada de estímulos fiscais e monetários. O resultado foi a perda de controle da inflação e da âncora macroeconômica, marcos que serviram como uma sólida âncora de credibilidade nos anos Lula. Foi questão de tempo para que as expectativas dos agentes econômicos privados entrassem em colapso, levando a economia a perder dinamismo rapidamente. As eleições de outubro passado deram à presidenta uma segunda chance de mudar sua política econômica e tentar recuperar o tempo perdido. Mas o ajuste tardio terá custos e dificuldades muito maiores, pois a economia já está em recessão, e o ambiente político, mais difícil para que sejam aprovadas as medidas econômicas necessárias. Outro fator que dificulta o ajuste em curso é a falta de confiança dos agentes econômicos na perenidade do novo modelo. Aliás, na minha visão, esse é o grande teste para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, nos próximos meses. O sucesso de sua política depende da mudança nas expectativas do setor privado em relação à sua capacidade de obter do Palácio do Planalto e do Congresso um apoio irrestrito para o ajuste fiscal e o controle do crédito nos bancos públicos programado. Um bom indicador para que acompanhemos essa luta pela credibilidade será o comportamento da taxa de câmbio e dos juros nos mercados futuros. No momento de grande tensão e insegurança que vivemos, a cotação do dólar passa a ser vista como um sinal de instabilidade, inclusive institucional, e de riscos bem mais sérios à frente. O fato de a desvalorização do real nos últimos meses ter sido superior à de outras moedas emergentes mesmo sendo a taxa de juros reais no Brasil muito maior é um 17


sinal de que a falta de confiança é ainda alta. Somente a aprovação pelo Congresso das MPs editadas recentemente pelo governo pode reverter essa situação. Outro desafio a ser enfrentado pelo ministro será a dosagem das medidas de ajuste já tomadas e as que ainda serão tomadas pois a economia já mergulhou em um processo de contração forte e autônomo da demanda. Uma dose exagerada do remédio pode criar uma recessão muito maior do que a necessária para ajustar inflação e a conta-corrente, criando um looping fiscal para baixo de consequências graves. Se isso ocorrer, a deterioração do ambiente político e do apoio ao governo na opinião pública acabará por criar condições muito frágeis de governabilidade, inviabilizando o programa do ministro. Termino esta minha coluna lembrando outro ensinamento que a história traz ao analista e que pode ser encontrado na conhecida fábula da cigarra e da formiga. É preciso se preparar com antecedência para o inverno, pois, quando ele chegar, as dificuldades serão muito maiores do que as que prevaleceram nos festivos e alegres dias do verão. LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, 72, engenheiro e economista, é economista-chefe da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações (governo Fernando Henrique Cardoso). Escreve às sextas-feiras, a cada 14 dias, nesta coluna. lcmb2@terra.com.br

Carne bovina ganha espaço na UE; frango perde Fonte Jornal Folha de São Paulo 06/03/2015

As carnes brasileiras bovina e de frango tomam sentido contrário na balança das importações da União Europeia. A suína não aparece nas estatísticas do bloco europeu. Apesar de o Brasil ser o principal fornecedor mundial em ambas, a concorrência tem sido mais aguerrida para a carne de frango, um produto de ciclo menor e com condições de desenvolvimento em todas as regiões. Já na carne bovina, cujo rebanho vem caindo em boa parte dos grandes produtores, os brasileiros têm uma boa vantagem competitiva. Os europeus importaram 496,6 mil toneladas de carne de frango brasileiro no ano passado, segundo dados da União Europeia. Esse volume indicou que 59,6% de toda a carne de frango comprada pelo bloco saiu do Brasil. É um percentual elevado, mas que já esteve bem maior: 76,3% em 2008. Naquele ano, os europeus compraram 679 mil toneladas de carne de frango do Brasil. 18


Já as compras de carne bovina seguem outra direção. No ano passado, os europeus compraram 144 mil toneladas do produto brasileiro, 43,4% de toda a carne bovina que veio do exterior para o bloco dos 28 países. Os europeus compraram um total de 332 mil toneladas no período, e o Brasil esteve à frente do Uruguai e da Argentina, que representaram 15% e 13%, respectivamente, desse volume importado. Nos três casos houve recuo nas compras dos europeus em 2014, ante 2013. No caso do Brasil, a queda foi de 1%, aponta a Comissão Europeia. Já Austrália e Estados Unidos, que foram o quarto e o quinto maiores fornecedores de carne bovina para a União Europeia, elevaram as vendas para o bloco em 2014. Um dos motivos da perda de volume de carne de frango do Brasil para a Europa é o regime de cotas. A exportação fora desse volume tem tributação pesada. A Tailândia ganha importância no mercado europeu. As exportações do país somaram 249 mil toneladas de carne de frango no ano passado, 30% do volume importado pelo bloco. Em 2010, os tailandeses exportavam 150 mil toneladas, apenas 18% do que os europeus importavam. O Brasil perde espaço na Europa, mas mantém a liderança mundial nas exportações de carne de frango, atingindo 170 países. Porto 1 Especializado na movimentação de produtos florestais, o Portocel teve volume histórico de 6 milhões de toneladas de celulose em 2014. Localizado em Aracruz (ES), o porto movimentou 85 milhões de toneladas de celulose nos últimos 30 anos. Porto 2 Uma parceria entre duas indústrias de celulose --Fibria (51%) e Cenibra (49%)--, o Portocel movimenta 70% da celulose que o Brasil exporta, mas quer uma diversificação das cargas, que vão de produtos siderúrgicos, sal e granito a contêineres. Logística O agronegócio é beneficiado pelo cenário cambial atual, mas os preços internacionais das commodities caem e os problemas de infraestrutura e de logística prejudicam a competitividade do setor. Volume Pelo menos 60 milhões de toneladas de grãos saem da região central para os portos de Santos e de Paranaguá, apontam dados da ABTP (Associação Brasileira dos Terminais Portuários). À espera do Norte É um passeio de 2.000 quilômetros das cargas. Se a saída fosse pela região Norte, geraria economia de R$ 9 bilhões por ano. O reflexo final seria remuneração maior para o produtor e redução de US$ 50 por tonelada nos custos logísticos, segundo a ABTP. Gangorra O café caiu nesta quinta-feira (5) na Bolsa de Nova York. O primeiro contrato recuou para US$ 1,32 por libra-peso, menos 1,9%. 19


DE OLHO NO PREÇO Cotações: Nova York Café (cent. de US$)*131,55 Algodão (cent. de US$)*63,21 Chicago Soja (US$ por bushel)9,79 Trigo (US$ por bushel)4,81 * por libra peso MAURO ZAFALON mauro.zafalon@uol.com.br

Dólar testa um novo equilíbrio em R$ 3,00 Moeda pode ter encontrado novo patamar em meio à dificuldade de aprovar ajuste das contas do governo Dilma Após Levy falar, no fim de janeiro, que câmbio não seria mantido artificialmente, divisa dos EUA acelerou alta. Fonte Jornal Folha de São Paulo TONI SCIARRETTADANIELLE BRANTDE de SÃO PAULO 06/03/2015

Após quatro dias seguidos de alta, o dólar rompeu a casa de R$ 3, patamar que a maioria dos analistas considera mais confortável para a moeda americana permanecer em meio à instabilidade política e à provável redução nas intervenções do Banco Central na taxa de câmbio. Nem o aumento dos juros do governo --que foram a 12,75%, conforme previsto, e devem subir mais em abril-- conteve a divisa americana, que, no caso do dólar à vista, subiu 0,86%, para R$ 3,004. Daqui em diante, segundo analistas, a moeda pode continuar sua escalada se ocorrer uma piora significativa no ambiente político que justifique uma aversão maior ao risco brasileiro, levando a uma saída ainda maior de investidores do país; na última semana de fevereiro, saíram US$ 3,3 bilhões. Por outro lado, o dólar só deve recuar muito abaixo de R$ 3 se o BC voltar a intervir pesado no mercado de câmbio --ainda não há sinais de que isso possa ocorrer. Mesmo

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eventuais avanços nas negociações do ajuste das contas do governo não devem ter força para devolver a moeda à casa de R$ 2,90, como no fim de fevereiro. A moeda americana, que sobe em todo o mundo com a perspectiva de aumento de juros nos EUA, acelerou o ritmo de alta no Brasil desde que o ministro Joaquim Levy (Fazenda) disse, no fim de janeiro, que não manteria "artificialmente" o câmbio do real. "Há uma incerteza se o BC vai ou não renovar o programa de intervenções no câmbio. A tendência é que o real se desvalorize", diz Carlos Pedroso, do Tokyo-Mitsubishi. Segundo Marco Barbosa, analista da CM Capital Markets, o ajuste fiscal deve ser decisivo para o Brasil manter a nota de crédito nas agências de risco. Um rebaixamento poderia motivar uma aceleração da alta do dólar. BATENDO NOS R$ 3,00 Negociado a R$ 3,004, o dólar à vista atingiu o maior valor nominal desde 16 de agosto de 2004 (hoje, seriam R$ 4,29). Na semana, a valorização já é de 5,26%. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, subiu 1,04% e foi a R$ 3,011. É o maior valor desde 13 de agosto de 2004, quando a principal preocupação do mercado era com a alta do petróleo e com as reformas do então ministro Antonio Palocci (Fazenda). A Bolsa brasileira fechou em baixa de 0,2%. O minério de ferro atingiu o menor valor em seis anos, levando as ações preferenciais (sem voto) da Vale a recuar 4,08%, depois que a China reduziu sua meta de crescimento do PIB de 7,5% para 7%.

Alta é favorável a aquisições, diz banqueiro Fonte Jornal Folha de São Paulo 06/03/2015

O dólar na casa de R$ 3 abre oportunidades de negócios, como aquisições de empresas e investimentos em ativos brasileiros que antes estavam muito caros. A afirmação é de Paulo Leme, presidente do banco Goldman Sachs no Brasil. Segundo Leme, o banco já começa a identificar potenciais interessados em investir no Brasil, apesar do momento delicado na economia e na política. "[Alguns investidores] conseguem enxergar através desse ruído todo", disse. Ele disse que o Goldman terá apetite para fazer empréstimos a grandes empresas e projetos num momento em que rivais devem se tornar mais restritivos ao crédito. O banco lucrou R$ 120,5 milhões em 2014; no ano anterior, teve prejuízo de R$ 65,9 milhões.

Investidores aceleram saída da poupança 21


Com inflação em alta, caderneta perdeu R$ 11 bilhões nos primeiros dois meses de 2015 Fonte Jornal Folha de São Paulo DUARDO CUCOLODE BRASÍLIA 06/03/2015

A caderneta de poupança, que vem rendendo menos do que a inflação, registrou fuga de recursos pelo segundo mês consecutivo. Segundo o BC, os saques superaram os depósitos em R$ 6,26 bilhões em fevereiro. No primeiro bimestre, a poupança perdeu R$ 11,92 bilhões --foram R$ 5,7 bilhões em janeiro. A poupança já vinha captando menos recursos desde o começo de 2014, mas os saldos ainda estavam positivos. Segundo especialistas, os números refletem, principalmente, a retirada de dinheiro para pagar dívidas. Além disso, está mais difícil para o brasileiro poupar, diante da alta do custo de vida e da piora no mercado de trabalho. Outro fator que explica o menor interesse pela poupança é a perda de competitividade para os fundos de renda fixa e DI, que, mesmo com Imposto de Renda e as taxas de administração, conseguem rentabilidade superior à da caderneta. Com a saída de recursos nos dois primeiros meses deste ano, o saldo de aplicações na poupança recuou nestes dois meses e está em R$ 658 bilhões. A última vez em que o estoque de investimentos na caderneta teve queda foi em abril de 2008. A caderneta de poupança rendeu 0,59% em janeiro, abaixo da inflação de 1,24% medida pelo IPCA. Em fevereiro, a rentabilidade foi de 0,52%, para uma inflação que deve superar novamente 1%. No mês passado, os fundos de investimento elevaram a captação de recursos dos investidores. Ao todo, as aplicações em fundos de diversas naturezas aumentaram em R$ 4,3 bilhões, já descontados os resgates. Os fundos que mais captaram foram os de curto prazo (R$ 3,2 bilhões) e os DI (R$ 2,3 bilhões), que seguem a alta de juros do governo.

Inflação oficial acumula alta de 7,7% em 12 meses, a maior taxa desde 2005 Fevereiro teve a maior taxa para o mês desde 2003: 1,22%. O destaque do mês ficou com a gasolina; os preços subiram 8,42%. Fonte Cristiane Cardoso e Marta Cavallini do G1, do Rio e São Paulo 06/03/2015 às10h 24

A inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 1,22% em fevereiro, depois de avançar 1,24% em janeiro, segundo o Instituto Brasileiro

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de Geografia e Estatística (IBGE). É a maior taxa para meses de fevereiro desde 2003, quando ficou em 1,57%. No acumulado de 12 meses, o indicador acumula alta de 7,7%, a mais elevada desde maio de 2005, quando atingiu 8,05%. Em fevereiro do ano passado, o índice foi de 0,69%. No acumulado de 2015, a inflação ficou em 2,48%, acima do percentual de 1,24% registrado em igual período de 2014. “O aumento dos impostos [PIS, Cofins, IPI dos automóveis, imposto sobre cosméticos] teve influência significativa no IPCA de fevereiro”, afirma Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE. Gasolina é destaque O destaque do mês ficou com a gasolina. Os preços subiram 8,42%. Refletindo aumento nas alíquotas do PIS/Cofins, que entrou em vigor em 1º de fevereiro, a gasolina exerceu um impacto de 0,31 ponto percentual, sendo responsável, sozinha, por um quarto do IPCA, ou seja, 25,41%. Assim, os gastos com transportes subiram 2,2%, grupo que apresentou o mais elevado impacto no mês (0,41 ponto percentual), segundo o IBGE. “O reflexo do aumento do imposto sobre as bombas ficou em 8,42%. A reboque da gasolina, o etanol também aumentou 7,19%. E neste ano, o diferencial foi que ao invés da educação tradicionalmente ser o item que mais se destaca nos meses de fevereiro, a gasolina estrelou mais, pressionou mais”, diz Eulina. “A estimativa [do aumento da gasolina] era 22 centavos por litro. E os preços anteriores a esse eram inferiores a R$ 3, em termo de preço médio. E neste mês de fevereiro, o que vimos é que nenhuma região teve preço médio inferior a R$ 3,10”, diz a coordenadora. De acordo com Eulina, o preço médio da gasolina em janeiro em Salvador era R$ 3,10 e passou a ser R$ 3,53 em fevereiro. No Rio, o preço médio era R$ 3,21 e em fevereiro ficou em R$ 3,38. Em São Paulo, passou custar R$ 3,10 e em janeiro era R$ 2,89. “Em Campo Grande o etanol aumentou 12,26%. Em Salvador, 13,92%. Ou seja, ficou bem mais caro encher o tanque”. Cursos diversos, gasolina, cursos regulares, etanol, ônibus urbano, energia elétrica e automóvel novo, sozinhos, foram responsáveis com 0,90 ponto percentual do IPCA do mês, segundo Eulina. Educação Considerando os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, a variação mais elevada foi registrada no grupo educação, que atingiu 5,88%, refletindo os reajustes praticados no 23


início do ano letivo, especialmente nos valores das mensalidades dos cursos regulares, que subiram 7,24%. Habitação Outro impacto veio do grupo habitação, cuja variação foi de 1,22%, com destaque para energia elétrica, que registrou variação de 3,14%. A variação de preços na conta de luz refletiu movimentos nos valores dos impostos e parcela residual da aplicação do Sistema de Bandeiras Tarifárias sobre as contas, a partir de 1º de janeiro. “A energia elétrica, nesses 12 meses, atingiu 30,27% de aumento nas contas”, explica Eulina. Despesas e cuidados pessoais O grupo despesas pessoais teve variação de 0,86%, e o item cigarro foi um dos destaques. Após reajustes desde o ano passado, a variação do item foi de 1,16%. Também se sobressaíram os itens excursão (6,93%), cabeleireiro (1,09%) e manicure (1,04%). No grupo saúde e cuidados pessoais, que teve variação de 0,6%, destacaram-se os serviços médicos e dentários (1,14%) e os artigos de higiene pessoal (0,89%). Residência No grupo dos artigos de residência, que variou 0,87%, a alta foi puxada pelos eletrodomésticos, cujos preços se elevaram em 2,15%, e pelos serviços de conserto e manutenção de equipamentos domésticos, que subiram 1,70%. Alimentação O grupo alimentação e bebidas variou 0,81% e, segundo o IBGE, observa-se redução no ritmo de crescimento de preços, comparando-se com a taxa de 1,48% registrada no mês anterior. Os alimentos consumidos fora de casa (0,95%) tiveram aumentos acima dos consumidos em casa (0,74%). “Nos alimentos, teve uma redução no ritmo de crescimento em quase todas as regiões. O Rio passou de 1,58 para 1%. Importante é que não significa que não deixou de subir [no mês]. Continuaram a subir, os níveis estão altos, só que se seguraram”, ressalta Eulina. Queda Dois grupos tiveram queda no índice de fevereiro: vestuário, de 0,6%, reflexo das promoções ocorridas no mercado, e comunicação, de 0,02%, devido à redução média de 22% nas tarifas de telefonia fixa para móvel, a partir de 24 de fevereiro, de acordo com o IBGE. Por regiões Nos índices regionais, a cidade do Rio de Janeiro teve a maior variação no acumulado de 12 meses: 9,02%. Goiânia e Porto Alegre vêm em seguida, com 8,95% e 8,18%, 24


respectivamente. “Na ótica dos 12 meses, já temos regiões como o Rio de Janeiro que já foi para casa dos 9%, foram 9,02%. Assim como Porto Alegre. O Rio tem sido mais pressionado. A gente tem atribuído devido à demanda da Copa do Mundo, ano que vem tem as Olimpíadas, carnaval, então Rio tem sido pressionado pelo aumento de preços”, ressalta Eulina. Acima da meta Com isso, a estimativa do mercado para o IPCA de 2015 segue acima do teto do sistema de metas. A meta central de inflação para este ano e para 2016 é de 4,5%, com tolerância de dois pontos para mais ou para menos. O teto do sistema de metas, portanto, é de 6,5%. Em 2014, a inflação somou 6,41%, o maior valor desde 2011. INPC Nesta divulgação, o IBGE também apresentou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que apresentou variação de 1,16% em fevereiro, 0,32 ponto percentual abaixo do resultado de 1,48% em janeiro. No acumulado de 12 meses, o índice ficou em 7,68%, acima dos 7,13% dos 12 meses anteriores. Em fevereiro de 2014, o INPC foi de 0,64%.

Bancos devem oferecer R$ 3,1 bi para setor elétrico Empresas de distribuição não têm recursos em caixa para bancar as contas de novembro e dezembro. Ministro da Fazenda se reuniu com banqueiros para pedir a ajuda financeira Fonte Revista Veja 06/03/2015 às 06/03/2015 às 10:35

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Setor elétrico pegou emprestado R$ 17,8 bilhões dos bancos ano passado(ABR/VEJA)

Os bancos vão desembolsar outros 3,1 bilhões de reais para as empresas do setor elétrico. Segundo informação do jornal Valor Econômico, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se reuniu com representantes dos principais bancos do país para explicar o quão importante é financiar as distribuidoras de energia para que elas consigam pagar as contas atrasadas, referentes a novembro e dezembro, e evitar um aumento ainda maior das tarifas. O medo da inflação acelerar ainda mais foi transmitido diretamente aos presidentes do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, do Santander, Jesús Zabalza, do Banco do Brasil, Alexandre Abreu, e do Itaú BBA, Candido Bracher, em uma reunião na quarta-feira. Segundo o jornal, o número de bancos que deve entrar nessa rodada de empréstimos não é certo. Na terça-feira o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, já havia adiantado que o valor do novo empréstimo ao setor deveria ser fechado em 3,15 bilhões de reais até o fim de março. Levy também pediu aos banqueiros a extensão do prazo de vencimento de contratos antigos das distribuidoras que somam 17,8 bilhões de reais. Estes empréstimos foram contraídos no ano passado e deveriam começar a serem pagos no final de 2017. Agora Levy quer que o pagamento seja postergado em dois a cinco anos.

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O ministro da Fazenda também mostrou aos banqueiros um plano de equacionamento do setor elétrico, para que as empresas da área não dependam mais de tantos financiamentos. LEIA MAIS: Eduardo Braga confirma novo empréstimo para o setor elétrico ainda em março Consumo de energia deve cair 2,9% em fevereiro, estima ONS Com horário de verão, São Paulo economiza uma "Osasco"

Viena é a melhor cidade do mundo para se viver, aponta estudo A capital da Áustria se mantém há seis anos na liderança de ranking sobre qualidade de vida elaborado pela consultoria britânica Mercer Fonte Revista Veja Teo Cury 05/03/2015 às 23h 12

Entre as capitais europeias, Viena é uma das mais baratas.(Ulli Michel/Getty Images/VEJA)

Pelo sexto ano consecutivo, a capital austríaca Viena foi eleita a cidade com a melhor qualidade de vida do mundo, segundo estudo realizado pela consultoria britânica Mercer. A pesquisa analisou o ambiente político, social, econômico e sociocultural de 230 cidades. Foram avaliados ainda as condições médicas e de saúde, o padrão das escolas e da educação, a situação dos serviços básicos e do transporte público, além de opções de

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lazer, disponibilidade de consumo, situação das moradias e o ambiente natural das cidades. LEIA MAIS: Saiba quais são as melhores cervejarias do mundo Museu de Viena aceitará visitantes sem roupa O topo do ranking é dominado pelas europeias: o segundo lugar ficou com Zurique, capital da Suíça, seguida pela neozelandesa Auckland e pela alemã Munique. A cidade brasileira que ficou melhor posicionada foi Brasília, que ocupou a 107ª colocação. Rio de Janeiro ficou em 119º lugar, seguido por São Paulo, que se manteve na mesma posição da última pesquisa (120ª). A pesquisa de Qualidade de Vida é feita anualmente para auxiliar empresas multinacionais e outras organizações a remunerar de maneira justa seus funcionários em transferências internacionais. Os incentivos incluem subsídio de qualidade de vida e um prêmio de mobilidade.

"Brasil não está doente!", diz Levy em entrevista Fonte João Pedro Caleiro, de EXAME.com 06/03/2015

São Paulo - "O Brasil não está doente!", diz Joaquim Levy logo em sua primeira resposta em uma entrevista publicada pelo jornal Folha de São Paulo nesta sexta-feira. A pergunta ao ministro da Fazenda era: "Não corremos o risco de matar o doente com o remédio administrado?". O remédio, no caso, é o ajuste fiscal de corte de gastos e aumentos de impostos promovido pelo ministro. Ele negou que focar neste reequilíbrio seja negligenciar a agenda do crescimento: "O ajuste fiscal é o primeiro passo para o crescimento (...) Em geral, estabelecido o equilíbrio, a economia dá a partida." E usou uma metáfora: "Uma dieta efetiva requer comer menos e melhor". Apesar da maior parte das medidas não dependerem do Congresso, o ministro pediu rapidez aos legisladores e disse que isso era importante para tornar mais previsível a avaliação dos agentes econômicos. Ele também mostrou otimismo com uma possível aprovação da reforma do PIS/COFINS ainda este ano. Na semana passada, o presidente do Senado Renan Calheiros devolveu ao Planalto a Medida Provisória que revertia parte das desonerações na folha de pagamento. 28


Na entrevista, Levy descartou qualquer possibilidade de flexibilizar a meta de superávit primário de 1,2% do PIB para este ano e disse que a presidente Dilma Rousseff demonstra total comprometimento com o ajuste. Na semana passada, o ministro disse que as desonerações agora revertidas eram algo "muito grosseiro" e foi repreendido publicamente por Dilma, que classificou sua fala como "infeliz".

Montadoras cortam 11% do quadro Fonte Jornal Valor Econômico Eduardo Laguna 06/03/20 às 15h 05

As demissões na indústria automobilística levaram a ocupação no setor para o nível mais baixo em quase quatro anos. As montadoras, tanto de veículos como de tratores agrícolas, terminaram fevereiro empregando 142,3 mil pessoas, o menor número desde maio de 2011, quando o efetivo era de 142,2 mil trabalhadores. Os números foram divulgados ontem pela Anfavea, a associação das montadoras instaladas no país, cujo presidente, Luiz Moan, adiantou que, apesar do grande número de demissões, as fábricas continuam operando com alto excesso de mão de obra, numa clara indicação de que a fase de ajuste da força de trabalho não chegou ao fim. Só no mês passado, os fabricantes de veículos, junto com as montadoras de máquinas agrícolas, eliminaram 1,8 mil postos de trabalho, o que aumenta para 17,3 mil vagas o número de cortes executados desde novembro de 2013, quando teve início o atual ciclo de redução dos efetivos. De lá para cá, a ocupação só caiu, resultando na eliminação de 10,8% do quadro de funcionários que as empresas tinham 16 meses atrás. Diversas montadoras vêm lançando programas de demissões voluntárias os PDVs para reduzir o elevado excesso de mão de obra resultante da menor atividade do setor. Os últimos PDVs foram abertos em fábricas de automóveis da Volkswagen, da General Motors (GM) e da Renault, assim como da MAN, que monta caminhões e ônibus em Resende, no sul do Rio de Janeiro. Muitas vezes, porém, as adesões a esses programas ficam longe das necessidades de corte das fabricantes, obrigando elas a adotar outros expedientes para administrar a força de trabalho excedente o mais frequente deles é a suspensão temporária dos contratos de trabalho, o chamado "layoff". A GM, por exemplo, abriu recentemente PDVs nas fábricas de São Caetano do Sul e São José dos Campos, mas o número de operários que deixaram a companhia por esses programas não chegou a 140. Assim, a montadora, a partir de segunda-feira, vai

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afastar em regime de "layoff" 650 operários das linhas de produção em São José dos Campos. Se necessários, esse grupo poderá chegar perto de 800 metalúrgicos. Além do "layoff" da GM, os ajustes na indústria automobilística prosseguem neste mês com as férias coletivas de vinte dias, também a partir de segunda-feira, na fábrica da Fiat em Betim (MG). Ontem, balanço da Anfavea revelou os piores resultados desse setor desde o auge da crise financeira internacional tanto nas vendas como na produção de fevereiro. Os 185,9 mil veículos emplacados no país durante o mês passado foram o menor número desde novembro de 2008, quando os licenciamentos cederam para 177,9 mil unidades. Já a produção, de 200,1 mil veículos, levou o setor de volta aos níveis de 2009, quando as montadoras fabricaram 196,5 mil unidades em igual mês. A nota positiva do levantamento divulgado pela Anfavea foi o crescimento de 9,2% das exportações no mês passado, comparativamente a igual período de 2014. O nível dos estoques nos pátios de montadoras e concessionárias outro fator de pressão sobre a produção subiu, porém, de 325,2 mil para 329 mil veículos na passagem de janeiro para fevereiro. Mantido o ritmo de vendas do mês passado, o encalhe na rede é suficiente para mais 50 dias de venda, quando o ideal seria reduzir isso para giro mais próximo de 30 ou, no máximo, 35 dias. O tom negativo na condução da entrevista coletiva dos resultados mensais da Anfavea onde seu presidente normalmente procura transmitir uma mensagem otimista ao mercado deu a medida da gravidade da crise atravessada pela indústria automobilística. O slide com as projeções ao desempenho do setor em 2015 foi coberto por uma tarja em transversal com a mensagem "Em revisão". Segundo Moan, a Anfavea fará um corte drástico das projeções anunciadas em janeiro, que apontam estabilidade das vendas, aumento de 4,1% da produção e alta de 1% das exportações. As novas estimativas devem ser anunciadas no mês que vem, junto com a apresentação dos números de março. "Evidentemente, faremos uma revisão. A ideia é apresentar no mês que vem, mas adianto que as previsões terão redução extremamente significativa tanto em vendas, como em produção e exportações", disse Moan, após ressaltar que o balanço de fevereiro trouxe indicadores "bastante negativos". Na quarta-feira, a Fenabrave, associação das concessionárias, aumentou de 0,5% para 10% a expectativa de queda do consumo de veículos em 2015. No primeiro bimestre, o mercado acumulou queda de 23,1%, enquanto a produção de veículos caiu 22%.

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