Resenha 09 06 16

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS

09 DE JUNHO DE 2016

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BC mantém juro em 14,25% pela 7ª vez seguida FONTE CÉLIA FROUFE – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 08 Junho 2016 às 20h 15

Decisão foi unânime e já era amplamente esperada pelo mercado financeiro

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Inflação acelera alta para 0,78% em maio, maior taxa para o mês desde 2008 Após saída do BC, Tombini deve ser novo diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI)

A última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) com a participação do presidente Alexandre Tombini apresentou tudo dentro do script previsto pelo mercado financeiro. Os juros básicos foram mantidos em 14,25% ao ano em uma decisão unânime. Com isso, Tombini entrega a Selic no maior patamar de toda sua gestão, em um dos piores momentos da história da economia brasileira, como definiu esta semana o futuro presidente da instituição. O atual comandante do BC chegou a administrar uma taxa de 7,25% ao ano de outubro de 2013 a março de 2013, o que foi alvo de muitas críticas, pois especialistas argumentavam que o Brasil não tinha condições econômicas para apresentar juros nesse patamar. O comunicado sobre a decisão foi idêntico ao anterior, de abril. De acordo com o BC, o nível elevado da inflação em 12 meses e as expectativas distantes dos objetivos do regime de metas não oferecem espaço para a flexibilização da política monetária. Ao mesmo tempo, o comitê reconhece os avanços na política de combate à inflação. Mais detalhes sobre o que levou os diretores a definirem pela estabilidade serão conhecidos na ata da reunião que a instituição divulgará na quinta-feira da semana que vem. O próximo encontro, marcado para 20 de julho, já será coordenado pelo economista Ilan Goldfajn, que recebeu na terça-feira aval do Senado para comandar a instituição. Na sabatina feita por parlamentares, o então executivo do setor financeiro defendeu de forma veemente o regime de câmbio flutuante, o ajuste das contas públicas e prometeu entregar a inflação na meta mesmo sem indicar prazos. Nas palavras de Goldfajn: "o velho e bom tripé macroeconômico". Se levar o IPCA para perto de 4,50%, conseguirá um feito que o atual presidente não conseguiu entregar em nenhum ano à frente da autarquia. Na "era Tombini", que é membro do Copom há exatamente 11 anos, o índice mais baixo foi em 2012, de 5,84%. Este ano, inclusive, teve de justificar formalmente o estouro do teto da meta 2


de 6,50% do ano passado, já que o IPCA chegou a 10,67%. Em parte, a tarefa de apresentar índices mais baixos foi prejudicada pela própria percepção do mercado de que a cúpula do BC toma decisões de acordo com as diretrizes do Palácio do Planalto. A credibilidade da instituição foi colocada em xeque em vários momentos e chegou a ser um dos grandes temas de debate na campanha que reelegeu a presidente Dilma Rousseff. O que se espera a partir de agora é que o Copom mude seu modo de agir. A decisão de hoje, a sétima vez consecutiva em que o patamar dos juros é mantido, já teve de levar em conta que o IPCA de maio subiu 0,78%, acima das expectativas, e que o dólar derreteu, fechando a R$ 3,3689, o menor patamar desde 29 de julho do ano passado. Esse comportamento, argumentaram operadores, se deveu justamente à defesa do câmbio flutuante feita na véspera por Goldfajn.

China e petróleo fazem dólar cair para R$ 3,37 e Bolsa avançar 2,26%

FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, EULINA OLIVEIRA DE SÃO PAULO 08/06/2016 às 17h 57

O dólar manteve a trajetória de queda global nesta quarta-feira (8). Dados da balança comercial da China em maio, que mostraram importações acima das projeções, impulsionaram os negócios nos mercados emergentes. Os preços do petróleo atingiram os maiores níveis no ano, o que também ajudou a derrubar o dólar. Outro fator de desvalorização da moeda americana são as apostas de manutenção dos juros nos EUA neste mês. O dólar comercial encerrou a sessão em R$ 3,37, na menor cotação em mais de dez meses. O Ibovespa avançou 2,26%, com destaque para a alta de quase 9% das ações da Petrobras. Segundo analistas, as declarações do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, nesta quartafeira contribuíram para o bom humor no mercado doméstico. Meirelles afirmou que a mudança na política econômica promovida pelo governo já começa a destravar investimentos e que a recuperação do crescimento pode ser mais rápida que o esperado. 3


Também nesta quarta-feira, o governo interino de Michel Temer obteve mais uma vitória. O plenário da Câmara aprovou nesta quarta-feira (8) em segundo turno o projeto que amplia e prorroga até 2023 a chamada DRU (Desvinculação de Receitas da União), mecanismo que permite à União gastar livremente parte de sua arrecadação. A queda da moeda americana ante o real foi favorecida ainda pela leitura do mercado que, por enquanto, o Banco Central não deve realizar mais leilões de swap cambial reverso. DÓLAR Saiba mais sobre a moeda americana

Entenda as diferenças entre os tipos de dólar Conheça as estratégias do governo para conter a alta do dólar e alcançar o 'câmbio ideal' Veja como investir em moedas estrangeiras Confira a cotação do dólar e outras moedas

Essa operação equivale à compra futura da moeda americana pela autoridade monetária. Essa interpretação foi reforçada com declarações do novo presidente do BC, Ilan Goldfajn, de que o câmbio é flutuante. A indicação de Ilan para chefiar o BC foi aprovada terça-feira (7) pelo Senado. O dólar comercial, usado em contratos de comércio exterior, fechou em baixa de 2,34%, a R$ 3,3700, no menor patamar desde 29 de julho do ano passado (R$ 3,3300). A moeda americana à vista, referência no mercado financeiro, perdeu 1,89%, a R$ 3,3833, também na cotação mais baixa em mais de dez meses. O BC vinha reduzindo desde março sua posição vendida em dólar (de swap cambial) por meio de leilões de swap cambial reverso. O último leilão deste tipo no último dia 18 de maio. "O mercado está testando para ver até onde vai o sangue frio do BC com essa queda forte do dólar", afirma Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora. "Ainda tem muito dólar para ser vendido, pois o mercado passou dois anos montando posições compradas na moeda por causa da piora da economia do país", acrescenta.

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JUROS Em dia de definição do novo patamar da taxa básica de juros (Selic) pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, os juros futuros recuaram. O contrato de DI para janeiro de 2017 caiu de 13,600% para 13,585%. O contrato de DI para janeiro de 2021 baixou de 12,390% para 12,300%. Todos os 41 economistas consultados pela agência de notícias Bloomberg preveem manutenção da Selic em 14,25% ao ano na reunião que termina nesta quarta-feira. É o último encontro do Copom sob a presidência de Alexandre Tombini. Analistas esperam uma redução na Selic somente no segundo semestre, uma vez que a inflação voltou a dar sinais de aceleração. O IPCA, índice oficial do país, foi de 0,78% em maio, acima da taxa registrada em abril (0,61%), segundo o IBGE. Foi o índice mais alto para o mês desde 2008, quando havia subido 0,79%. Em maio do ano passado, o índice havia sido de 0,74%. O CDS (credit default swap) brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, perdia 0,63%, aos 326,126 pontos. BOLSA O Ibovespa terminou o pregão com ganho de 2,26%, aos 51.629,29 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7 bilhões, mais alto do que nas sessões anteriores. As ações da Petrobras subiram 8,93%, a R$ 9,39 (PN) e 8,26%, a R$ 11,05 (ON). O avanço do petróleo no mercado internacional beneficiou os papéis da estatal. Em Londres, o petróleo Brent era negociado acima de US$ 52 no maior nível desde de outubro do ano passado. A companhia anunciou ainda que vai vender pacotes com terminais de importação de gás e termelétricas. Além disso, a produção de petróleo e gás da estatal cresceu 5% em maio, na comparação com abril. "A queda do dólar e a possível venda de ativos ajudam a reduzir o alto endividamento da Petrobras", afirma Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H.Commcor. Os papéis da Vale ganharam 1,23%, a R$ 13,15 (PNA) e 2,59%, a R$ 17,00 (ON). No setor financeiro, Itaú Unibanco PN subiu 1,52%; Bradesco PN, +3,13%; Banco do Brasil ON, +3,13%; Santander unit, +2,44%; e BM&FBovespa ON, +3,57%. "A desvalorização do dólar torna a bolsa mais barata para investidores estrangeiros", comenta um operador. EXTERIOR Além dos dados da balança comercial chinesa, o bom humor do mercado foi reforçado com relatório da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgado 5


nesta quarta-feira. Conforme o documento, estão surgindo sinais de que as economias dos Estados Unidos e da China, as duas maiores do mundo, podem estar se estabilizando. A OCDE também se mostrou positiva para Brasil e Rússia. "Entre as principais economias emergentes, os índices para Brasil e Rússia confirmam os sinais de mudança positiva no ímpeto de crescimento sinalizado na avaliação do mês passado", informou a organização. Na Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 ganhou 0,33%; o Dow Jones, +0,37%; e o Nasdaq, +0,26%. As Bolsas europeias fecharam em baixa, pressionadas por papéis do setor financeiro. Na China, os índices recuaram, com baixa liquidez por causa do feriado local nesta quinta (9) e sexta-feira (10). No Japão, o índice Nikkei da Bolsa de Tóquio ganhou 0,93%.

Empresa amplia foco no segmento econômico e chega à liderança FONTE HERALDO VAZ - ESPECIAL PARA O ESTADO – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 09 Junho 2016 às 05h 35

Vice-presidente da Abyara diz que foi uma ‘decisão estratégica’ que efetivamente deu frutos no ano passado A Abyara venceu a concorrência na luta pelo primeiro lugar no ranking das vendedoras superando a Lopes, tradicional campeã. Desde a virada de 2013 para 2014, a imobiliária tomou a “decisão estratégica” de ampliar o foco no segmento econômico, explica o vice-presidente comercial Bruno Vivanco, referindo-se aos apartamentos com preço de R$ 150 mil a R$ 280 mil. “Em 2015, a estratégia, efetivamente, mostrou os frutos”, comemora. “Em 21 anos de história, a Abyara sempre esteve presente entre as primeiras colocadas, disputando com afinco a liderança.” A participação do segmento econômico dobrou de 20% em 2014 para 40% no ano passado, quando o valor o faturamento total da empresa foi de R$ 1,9 bilhão. “Em 2014, vendemos R$ 3 bilhões”, diz Vivanco. Neste ano, o volume de vendas está 15% a 20% abaixo de 2015. Ele garante que “o fortalecimento do braço econômico fez a empresa ser ainda mais completa”. Vivanco aponta como um dos principais projetos populares de 2015 o In Parque Belém, da Atua e Econ – também premiadas com o Top Imobiliário. “É um projeto bem grande”, afirma. No total, são 1.349 apartamentos em seis condomínios, no bairro do Belém, Zona Leste. Quatro fases já foram lançadas. Outros projetos econômicos, citados por Vivanco como destaques, foram o Barra Viva, da Gafisa e Bueno Netto, e dois edifícios na região central: Add House e Stamp Mooca, da Engelux, premiada na categoria das incorporadoras este ano. O executivo fala da “capilaridade” da Abyara, presente nas regiões da capital e Grande São Paulo. “O corretor, quando capta um cliente, tem oportunidade de oferecer produtos em qualquer ponto da cidade, em qualquer segmento”, declara. Vento. Na sua opinião, o vento do mercado mudou. Por isso, a Abyara investe forte em treinamento. A meta é impulsionar a venda das chamadas unidades remanescentes. “Temos um departamento de estoque premium, com equipes nos plantões de prédios prontos e com entrega a curto prazo”, diz. “Viemos de um período que mercado lançou muito produto para investidor, que é mais frio. Na verdade, compra um papel com perspectiva de valorização”. Agora, a “pegada é diferente” com o usuário final. Esse cliente, segundo ele, é mais emoção e exige maior preparo técnico do corretor, mostrando diferenciais do produto, de acabamento. 6


“É uma venda mais trabalhada”, afirma, enfatizando a importância do treinamento. “O corretor tem de estar preparado para gerar confiança no comprador”. H.V.

Brasil passa Europa e se torna líder em empresas juniores

FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, PATRICIA PAMPLONA e OLÍVIA FREITAS DE SÃO PAULO 07/06/2016 às 02h 00

O Brasil se tornou líder mundial em número de empresas juniores, superando a quantidade de negócios tocados por estudantes de universidades em toda a Europa. Em 2015, foram computadas 311 empresas distribuídas por universidades brasileiras, enquanto o continente europeu, onde o movimento surgiu na década de 1960, possui 296 iniciativas operando nos mesmos moldes. Os dados são do Censo e Identidade da Confederação Brasileira de Empresas Juniores, a Brasil Júnior, lançado anualmente e divulgado pela Folha com exclusividade. O setor faturou cerca de R$ 10 milhões no ano passado, quase o dobro dos R$ 5,7 milhões registrados em 2014. O número de negócios saltou de 222 para 311 no período. Foram ouvidas 237 empresas e 3.385 empresários juniores no país. As empresas juniores são associações sem fins lucrativos e os estudantes vinculados são voluntários. A liderança brasileira explica-se por uma deficiência das universidades brasileiras, que não oferecem cursos de empreendedorismo, como acontece nas norte-americanas, segundo Pedro Rio Verde, presidente da Brasil Júnior. "Lá é muito forte. No Brasil, não temos isso. Então as empresas juniores complementam uma ausência de ensino na prática."

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A pesquisa revela que a maior fatia das empresas juniores brasileiras (40%) são ligadas aos cursos de engenharia. "A iniciativa nasceu no Brasil na área de administração, mas, com o passar do tempo, houve um boom das engenharias", diz Rio Verde. Por serem desenvolvidos por estudantes, os serviços chegam ao mercado com custo mais baixo e competitivo. É em busca do crescimento que 60% dos entrevistados ingressaram numa empresa júnior. É o caso de Joice Toyota, 31, que entrou para o projeto da engenharia elétrica da USP no primeiro ano do curso. "Foi o lugar onde mais aprendi na prática sobre a profissão", diz Joice, cofundadora do Vetor Brasil, organização que oferece trainees para o setor público.

Dilma atrasou pagamento de R$ 2,7 bi de tarifas bancárias a bancos públicos Caixa e BB não receberam por serviço em programas como Bolsa Família e Minha Casa FONTE O GLOBO MARTHA BECK / VINÍCIUS SASSINE 09/06/2016 ÀS 08H 40

A presidente afastada Dilma Rousseff - Givaldo Barbosa / O Globo

BRASÍLIA - A equipe econômica incluiu na meta fiscal de 2016 o pagamento de R$ 8,8 bilhões em “pedaladas” de anos anteriores. Integrantes do governo afirmaram ao GLOBO que esses gastos são, na verdade, despesas que foram jogadas para frente na gestão da presidente afastada Dilma Rousseff. Do total de R$ 8,8 bilhões, R$ 2,7 bilhões se referem a tarifas bancárias que a União deixou de pagar para a Caixa (R$ 1,7 bilhão) e o Banco do Brasil (R$ 1 bilhão) pela prestação de serviços. Esses valores foram identificados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), mas não entraram na primeira conta das “pedaladas clássicas” por não terem sido considerados operações de crédito. 8


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No entendimento do TCU, houve descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) nos casos nos quais o Tesouro deixou de pagar os bancos e os obrigou a honrar despesas da União com recursos próprios. Para o TCU, isso configurou uma operação de crédito, algo que é vedado pela lei. No caso das tarifas, a interpretação inicial é que não houve operação de crédito. Mesmo assim, a Corte mandou fazer o acerto de contas. Segundo os técnicos, a equipe econômica já havia pago R$ 1,5 bilhão em tarifas atrasadas em 2015. PARA TÉCNICO, ATRASOS SÃO ‘PEDALADAS’ Processo aberto no TCU — que investiga a repetição das “pedaladas fiscais” em 2015 analisa a falta de pagamento, por parte do governo federal, das tarifas devidas à Caixa e ao Banco do Brasil. Essas taxas devem ser pagas para que os bancos prestem serviços de operacionalização de programas como Bolsa Família, Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Minha Casa Minha Vida e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e outros. Auditores do TCU enviaram ofício à Caixa questionando como o banco contabilizou esse crédito a receber; qual é o saldo exato por devedor, mês a mês, desde 2013; e a que programas de governo se referem as dívidas. Somente a dívida com a Caixa ultrapassaria R$ 2,4 bilhões. Ao longo das investigações, o banco informou que havia saldo a receber de R$ 196,5 milhões pela execução do PIS/FAT, R$ 208,4 milhões referentes ao seguro-desemprego e R$ 644,2 milhões referentes à operacionalização do Bolsa Família. O cálculo levou em conta junho de 2015. O processo está na fase de análise técnica. Em setembro de 2015, O GLOBO mostrou que a Caixa chegou a acionar a União na Justiça para receber R$ 274,4 milhões em tarifas não pagas pelos ministérios das Cidades e da Agricultura. Outra reportagem, de abril, mostrou que o governo Dilma Rousseff decidiu manter em sigilo a composição da dívida de União e estados com a Caixa por tarifas de programas de governo. Além das tarifas, o governo vai pagar, em 2016, R$ 3 bilhões a organismos internacionais, R$ 2,5 bilhões em obras atrasadas do PAC e R$ 580 milhões em despesas de custeio do Ministério das Relações Exteriores. Técnicos contam que, em diversas ocasiões, o governo pagou o valor mínimo devido a organismos internacionais para que a presidente Dilma pudesse fazer as viagens sem constrangimentos. — Tudo isso se configura como “pedalada”. Pode não ser a clássica, mas foram atrasos. O governo jogou despesas para frente — disse um integrante da área econômica.

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Cade pede a bancos mais detalhes sobre empresa de risco de crédito Bancos e direitos do consumidor

FONTE REUTERS 06/06/2016 às 11h 10

A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) declarou como complexa a operação por meio da qual os cinco maiores bancos do país pretendem criar uma empresa de análise e gestão de crédito, que vai concorrer com Serasa Experian e Boa Vista Serviços. Com o negócio anunciado no início do ano, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander Brasil, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal pretendem ter cada um 20% do capital da nova gestora de inteligência de crédito (GIC). A Superintendência-Geral do órgão antitruste determinou que sejam realizados alguns procedimentos junto aos bancos, como apresentação de proposta detalhada sobre como os riscos de fechamento e discriminação do mercado serão mitigados. Além disso foi exigido que os bancos detalhem as práticas de governança a serem adotadas pela GIC, mostrando as ações a serem tomadas para preservar a independência de cada instituição financeira entre si e em relação à gestora, assim como a apresentação das eficiências econômicas geradas pela operação. Segundo nota técnica do Cade, as exigências decorrem da preocupação com a possibilidade de que os bancos poderiam "ter incentivos para um possível fechamento, no fornecimento e/ou 10


no consumo de informações de crédito, dos mercados de serviços de informações negativas e positivas de pessoas físicas e jurídicas". O Cade também citou preocupações com potenciais prejuízos a outras instituições financeiras e demandantes dos serviços de informações de crédito que poderiam ter o acesso às informações compartilhadas pelos cinco bancos prejudicado. Na época do anúncio da criação da empresa, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, disse que o objetivo da iniciativa é a queda dos spreads, da inadimplência e do superendividamento de clientes. Portugal disse que os bancos seguirão como clientes das empresas especializadas que estão no mercado, mas que havia a necessidade de uma entidade para coordenar apropriadamente os "sistemas complexos de tecnologia, grande volume de dados" e zelar pela privacidade dos dados dos clientes.

Juros médios no cartão de crédito superam em maio 441% ao ano Bancos e direitos do consumidor

FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, 09/06/2016 às 09h 44

Os juros médios no cartão de crédito subiram para 441,76% ao ano em maio e se mantiveram no maior patamar desde outubro de 1995, de acordo com levantamento da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) divulgado nesta quarta-feira (9). A taxa mensal foi de 15,12%. Em abril, a taxa média era de 435,58% ao ano, o que significava um juro mensal de 15,01%.

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A elevação é reflexo do aumento da inadimplência provocado pela inflação pressionada e pelo desemprego crescente. Esses fatores fazem com que os bancos aumentem os juros para compensar possíveis perdas com calote, diz Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor da Anefac. Editoria de Arte/Folhapress

A previsão é que a inadimplência só recue a partir de 2018. Antes, esperava-se que os calotes começassem a diminuir no ano que vem. Atualmente, cerca de 60 milhões de pessoas estão com o nome sujo no país, de acordo com dados da empresa de informações financeiras Serasa Experian. São pessoas que não conseguem contratar empréstimos e que tinham, no total, R$ 256 bilhões de dívidas em atraso, seja com bancos, financeiras, lojas ou com concessionárias de luz, água e telefonia. Eles representam 41% da população com mais de 18 anos no país. "Tendo em vista o cenário econômico atual que aumenta o risco de elevação dos índices de inadimplência, a tendência é de que as taxas de juros das operações de crédito voltem a ser elevadas nos próximos meses", diz o diretor da Anefac. No cheque especial, os juros passaram de 267,64% em abril para 270,82% em maio, nível mais elevado desde julho de 1999. Ao mês, a taxa foi elevada para 11,54%. Os juros médios para pessoa física subiram para 7,96% em maio e se mantiveram no maior patamar desde novembro de 2003. Das seis linhas de crédito pesquisadas pela Anefac, três tiveram aumentos nos juros em maio e as outras três registraram queda (confira abaixo): 12


TAXA DE JUROS PARA PESSOA FÍSICA EM MAIO

Linha de crédito

Taxa em abril ao mês

Taxa em maio, ao mês

Juros no comércio

5,82%

5,84%

Cartão de crédito

15,01%

15,12%

Cheque especial

11,46%

11,54%

CDC -bancos- financiamento de automóveis

2,35%

2,32%

Empréstimo pessoal (bancos)

4,64%

4,58%

Empréstimo pessoal (financeiras)

8,41%

8,36%

Taxa média

7,95%

7,96%

EXEMPLOS DE IMPACTO EM EMPRÉSTIMOS Empréstimo pessoal de R$ 5.000 em banco em 12 parcelas

Juro mensal, em %

Valor da parcela, em R$

Total pago, em R$

4,58

713,14

8.557,63

Uso de R$ 3.000 no rotativo do cartão de crédito por 30 dias

Juro mensal, em %

Valor dos juros pagos, em R$

Total pago, em R$

15,12

453,60

3.453,60

Uso de R$ 1.000 por 20 dias no cheque especial

*Juro mensal, em % *

Valor dos juros pagos, em R$

Total pago, em R$

11,54

76,93

1.076,93

PESSOA JURÍDICA Os juros médios cobrados de empresas registraram alta em maio, passando para 4,62% ao mês (ou 71,94% ao ano).

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As três linhas de crédito analisadas tiveram juros maiores. No capital de giro, os juros subiram de 2,68% ao mês em abril para 2,69% em maio. Já a taxa de desconto de duplicatas avançou para 3,14% ao mês. A conta garantida passou de 7,95% ao mês em abril para 8,03% ao mês em maio.

Veja como ficam os juros ao consumidor com a Selic a 14,25% Fernanda Carvalho/Fotos Públicas

Juros ao consumidor seguem em alta mesmo com a Selic estável FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, 08/06/2016 às 20h 02

Apesar da manutenção da taxa básica de juros da economia em 14,25% ao ano, os consumidores continuarão a ter condições de financiamento mais caras em bancos e no comércio. Conforme levantamento da Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), a taxa média mensal cobrada de consumidores foi para 7,95%. Abaixo, veja simulações feitas pela Anefac para a manutenção da Selic para 14,25% nas operações de crédito. TAXA DE JUROS PARA PESSOA FÍSICA

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Linha de crédito

Taxa ao mês considerando Selic de 14,25%

Juros comércio

5,82%

Cartão de crédito

15,01%

Cheque especial

11,46%

CDC (bancos) para financiamento de automóveis

2,35%

Empréstimo pessoal (bancos)

4,64%

Empréstimo pessoal (financeiras)

8,41%

Taxa média

7,95%

EXEMPLOS DE IMPACTO EM EMPRÉSTIMOS Compra de geladeira de R$ 1.500 em 12 parcelas

Selic, em % ao ano

Juro mensal, em %

Valor da parcela, em R$

Total pago, em R$

14,25

5,82

177,15

2.125,85

Compra de veículo de R$ 25 mil em 60 parcelas

Selic, em % ao ano

Juro mensal, em %

Valor da parcela, em R$

Total pago, em R$

14,25

2,35

781,41

46.884,88

Empréstimo pessoal de R$ 500 em financeira em 12 parcelas

Selic, em % ao ano

Juro mensal, em %

Valor da parcela, em R$

Total pago, em R$

14,25

8,41

67,76

813,16

Empréstimo pessoal de R$ 5.000 em banco em 12 parcelas

Selic, em % ao ano

Juro mensal, em %

Valor da parcela, em R$

Total pago, em R$

14,25

4,64

552,73

6.632,77

15


Uso de R$ 3.000 no rotativo do cartão de crédito por 30 dias

Selic, em % ao ano

Juro mensal, em %

Valor dos juros pagos, em R$

14,25

15,01

450,30

Uso de R$ 1.000 por 20 dias no cheque especial

Selic, em % ao ano

Juro mensal, em %

Valor dos juros pagos, em R$

14,25

11,46

76,40

Equipe econômica deve propor que teto para gastos tenha prazo Avaliação é de que será difícil aprovar limitação permanente para despesas públicas FONTE O GLOBO MARTHA BECK E DANILO FARIELLO 09/06/2016 ÀS 08H 42

Notas de real - Dado Galdieri / Bloomberg

BRASÍLIA - A equipe econômica já admite a possibilidade de encaminhar ao Congresso a proposta que fixa um teto para os gastos públicos com vigência temporária. Esta seria uma forma de facilitar a aprovação da medida no Congresso. Integrantes do governo, no entanto, afirmam que o prazo terá de ser longo, de décadas, para mostrar ao mercado que a limitação será capaz de reverter a trajetória de alta e estabilizar a dívida pública. Veja também: 

Com nova meta fiscal, governo autoriza gastos de R$ 38,5 bilhões

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Para Meirelles, crise política não afeta economia

Fazenda diz que reajuste de servidores vai respeitar teto de gastos

— Já se avalia que seria muito complicado aprovar uma PEC (proposta de emenda constitucional) para a vida inteira disse um técnico da área econômica. O presidente interino, Michel Temer, afirmou ontem que o texto será enviado ao Legislativo na semana que vem. Ele vai propor a fixação de um teto global para os gastos. O ponto de partida será o valor das despesas de 2016, que passarão a ser corrigidas pela a inflação registrada no ano anterior. Segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o teto não resolve o rombo das contas de 2016, mas dá uma solução para os próximos anos, pois o crescimento dos gastos deixará de ser real e passará a ser nominal. — Não é para emergencialmente resolver o problema do próximo semestre, mas dos próximos anos. Para que esse crescimento real das despesas, que esteve em 6% acima da inflação nas últimas décadas, passe a ser zero acima da inflação. Haverá uma trajetória de convergência nos primeiros dois anos, de 2017 e 2018, à medida que inflação vai caindo. Isso já gera uma confiança na sustentabilidade do Estado — afirmou Meirelles. Para o especialista em contas públicas Raul Velloso, fixar um teto para os gastos de forma temporária não prejudica a estratégia fiscal de Meirelles. Simulações feitas pelo economista a pedido do GLOBO mostram que, em poucos anos, o limite já será suficiente para fazer com que o resultado fiscal primário (diferença entre o que o governo arrecada e o que ele gasta, usada para pagar os juros da dívida pública) chegue a 3% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país). Segundo Velloso, num cenário mais negativo, em que a economia tenha um crescimento de 2% a partir de 2018, e a receita cresça mais lentamente, o resultado primário chegará a zero em oito anos (2024 ou 2025) e subirá para 3% do PIB em 2032. No ano passado, as contas públicas tiveram déficit primário de 1,88% do PIB. Num cenário mais otimista, de crescimento econômico acelerado (4% a partir de 2018), o resultado primário já seria zerado em 2019. Nessa hipótese, as contas públicas registrariam superávit de 3% do PIB já em 2021. — Não é preciso ter um teto permanente para o gasto. Ele precisa abrir espaço para a retomada de resultados fiscais positivos. Com a proposta do governo, isso vai vir logo. A rapidez vai depender do comportamento do PIB — explicou Velloso.

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Banco do Brasil diz não haver negociações para fusão com Caixa Banco responde a questionamento da CVM FONTE REUTERS 09/06/2016 ÀS 10H 30

Sede do Banco do Brasil em Brasília - Lula Marques / Bloomberg

SÃO PAULO - O Banco do Brasil (BB) disse nesta quinta-feira que não há qualquer tratativa sobre um processo de fusão com a Caixa Econômica Federal, após questionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em referência a uma notícia publicada pelo jornal “Correio Braziliense“. “O Banco do Brasil informa que não há qualquer tratativa sobre processo de fusão com a Caixa Econômica Federal”, afirmou em comunicado, acrescentando não ter conhecimento da fonte das informações divulgadas pelo jornal. A reportagem do “Correio Braziliense”, publicada na quarta-feira, afirmou que circulam rumores nos corredores da Caixa e do BB sobre um processo de fusão entre as instituições financeiras, projeto que estaria sob análise da equipe econômica. Operações como seguros, cartões, crédito para empresas e varejo sejam fundidas, enquanto as da área imobiliária seriam mantidas independentes, disse o jornal.

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Meirelles: crise de 2016 pode ser a maior desde início do cálculo do PIB Em reunião com empresários, ministro da Fazenda também mostrou otimismo FONTE O GLOBO DANILO FARIELLO E EDUARDO BARRETTO 08/06/2016 ÀS 16H 00

Henrique Meirelles, ministro da Fazenda - ANDRE COELHO / Agência O Globo

BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse nesta quarta-feira a empresários reunidos no Palácio do Planalto, que a crise registrada neste ano poderá ser a maior desde que o Produto Interno Bruto (PIB) começou a ser calculado no Brasil, nos anos 20. Ou seja, acima até dos números registrados nos anos 30, como consequência do crash da bolsa americana em 1929. Meirelles tentou, porém, transferir otimismo aos empresários e registrar alguma melhora no cenário econômico. Veja também: 

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— Os investidores já começam a colocar a cara fora da caverna — brincou o ministro, referindo-se a iniciativas de empresas em busca de crédito e novos investimentos. Segundo ele, o Ministério tem recebido visitas de empresários interessados em tirar projetos da gaveta. Ele indicou, porém, ser necessário avançar na votação de medidas no Congresso para restabelecer a confiança dos investidores. Ele citou as medidas fiscais como exemplo. — O processo começa a ser revertido quando o governo prova que controla as próprias contas.

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Temer disse que enviará ao Congresso na próxima semana a proposta de emenda constitucional que prevê teto para os gastos públicos. Meirelles disse que haverá um período de convergência para essa meta entre 2017 e 2018. Já Moreira Franco, secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), disse explicitamente que é necessário definir o cenário do impeachment de Dilma Rousseff, para se retomar a confiança entre investidores. Ele disse que há incertezas jurídicas com o cenário atual e que isso levou, por exemplo, ao cancelamento no leilão de Portos que ocorreria na sexta-feira. — A situação de haver dois presidentes é, no mínimo, esquisita. Temer disse que, apesar de estiver em um governo transitório, não age como tal e disse que, mesmo que saia, se sua equipe econômica for mantida, "o país está salvo". Para destacar o descontrole sobre as contas públicas, Meirelles informou que, entre 2008 e 2015, enquanto os gastos do governo cresceram mais de 50%, as receitas avançaram apenas 17%. Segundo ele, isso torna as contas federais "insustentáveis". Ele disse, que a retomada da economia pode ser "um pouco mais forte", dependendo do ritmo de votações no Congresso. O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Pereira, disse que o governo atua em medidas infralegais para melhorar o ambiente de negócios para empresas. Entre as medidas previstas, disse ele, está a revisão de normas de segurança do trabalho que encarecem custos para empresários (a NR-12). MEDIDAS DE CURTO PRAZO O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, destacou, porém, que o governo ainda não apresentou medidas de curto prazo em favor da economia, como a queda da taxa de juros e o aumento da oferta de crédito. Segundo ele, medidas como a limitação dos gastos são positivas, mas só têm repercussão para a economia no médio e longo prazos. — As medias de curto prazo nós ainda aguardamos disse Skaf, para quem é possível que a economia brasileira esteja "raspando o fundo do poço", porque a situação parece ter parado de piorar. Para Edson Campagnolo, presidente da Fiep, do Paraná, são necessárias medidas de curto prazo para se retomar empregos. — Precisamos urgentemente recuperar 12 milhões de famílias desempregadas — disse Campagnolo. Questionado sobre a reforma da previdência, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que o governo prevê para esta semana no Congresso a votação do projeto de lei que estabelece governança para os fundos de pensão. — Precisamos de um sistema previdenciário com sustentabilidade — disse ele, sem indicar prazo para envio da reforma.

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Safra de grãos deve ter a primeira queda desde 2008, diz Conab FONTE MARIANA DURÃO – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 09 Junho 2016 às 12h 52

Produção deve alcançar 196,49 milhões de toneladas no ciclo2015/2016, uma queda de 5,4% ante a safra anterior; baixa é resultado de adversidades climáticas, que prejudicaram o milho SÃO PAULO - A produção brasileira de grãos na safra 2015/16 deve alcançar 196,49 milhões de toneladas, o que corresponde a uma queda de 5,4% (11,12 milhões de toneladas a menos) em comparação com 207,67 milhões de toneladas na safra 2014/15 . Os dados fazem parte do 9º Levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Se confirmada, será a primeira queda registrada pela Conab desde o ciclo 2008/2009. A queda na produção é resultado de adversidades climáticas, que prejudicaram o milho primeira e segunda safras durante o ciclo vegetativo, como estiagens prolongadas e altas temperaturas. A primeira safra do cereal, que deve alcançar 26,2 milhões de toneladas, registrou queda de 3,9 milhões de toneladas. Já a segunda safra de milho, que começa a ser colhida este mês, tem previsão de 50 milhões, o que representa recuo de 4,6 milhões de toneladas. No total, a produção nacional de milho deverá diminuir 10%, para 76,23 milhões de toneladas em comparação com 84,67 milhões da safra 2014/15

Baixa em 2016 deve ser de 13,5 milhões de toneladas, o que seria a maior queda em volume desde 1990

Já a produção soja, responsável por 48,7% da produção nacional de grãos, mesmo prejudicada pelo clima, registrará colheita de 95,63 milhões de toneladas, 0,6% inferior à safra passada, que foi de 96,23 milhões de toneladas. Para arroz, feijão e algodão, a estimativa também é de recuo na produção total, "levada a efeito pela redução na área plantada e pela estiagem ocorrida no período", diz a Conab. Entre as culturas de inverno, o trigo é destaque, com uma produção de 5,88 milhões de toneladas, 6,3% superior à safra anterior, que atingiu 5,53 milhões. 21


O estudo mostra, ainda, que a área cultivada de grãos em todo o país deve alcançar 58,2 milhões de hectares, o que representa um aumento de 0,4% ante a safra 2014/15, quando foram cultivados 57,9 milhões de hectares. IBGE. Já o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de maio, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estima uma safra de 195,9 milhões de toneladas em 2016, um recuo de 6,5% em relação à produção de 2015. A nova projeção é ainda 4,6% menor do que o previsto em abril, com 9,5 milhões de toneladas a menos. Se confirmada, será a maior queda em volume (13,5 milhões de toneladas) desde 1990, quando a baixa havia sido de 15,9 milhões. Pela primeira vez no ano, a estimativa para a produção de soja em 2016 não foi recorde. Desde 2013 a produção de soja vinha batendo recordes no País. De acordo com o gerente da Coordenação de Agropecuária do IBGE, Carlos Antonio Barradas, apesar do aumento de 2,7% da área plantada de soja, o produtor vai colher menos soja por causa da seca. O rendimento médio caiu 1,6% em decorrência das longas estiagens enfrentadas em vários Estados e, em especial, na região do cerrado. "Os problemas climáticos estão afetando a produtividade", disse Barradas. A redução nas previsões de produção para a soja e o milho, em especial da 2ª safra, cuja estimativa caiu 11,1%, foram as principais influências na redução da estimativa de produção de grãos para o País em 2016. Em relação à estimativa de abril, a previsão para a soja caiu 1,7%, somando 96,8 milhões de toneladas para o ano. Já a do milho foi 9,6% menor que a estimada de abril, para 73,5 milhões de toneladas. No caso do milho, Mato Grosso, Paraná e Goiás são os Estados que mais provocaram impacto nos dados nacionais no levantamento de maio.

Sem concursos FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, EDITORIAL 09/06/2016 às 02h 00

Por exaustão de recursos, não por planejamento, o governo Michel Temer (PMDB) anunciou que vetará novos concursos para vagas na administração federal em 2017, como já acontece neste ano. Encerra-se, assim, uma sequência de 13 anos de aumento quase ininterrupto do quadro de pessoal da União —que, em dezembro passado, somava 1,2 milhão de servidores ativos nos três Poderes, 33% acima dos pouco mais de 900 mil do início do governo Lula (PT). Tal expansão não se deu a partir de um diagnóstico das necessidades da máquina pública; tampouco seguiu estratégia de longo prazo. Basicamente, havia dinheiro disponível, uma opção pelo incremento do aparelho estatal e afinidades corporativas. Na gestão de Dilma Rousseff (PT), ao menos, a piora do desempenho da arrecadação impôs a escolha de uma prioridade: as contratações se fixaram em professores e técnicos de universidades e institutos de ensino tecnológico. Conforme argumentos dos governos petistas, o funcionalismo público (não apenas o federal) representa uma parcela relativamente pequena da força de trabalho nacional, em torno de 11%. Nos EUA, por exemplo, a proporção ronda os 15%, graças ao gigantesco aparato de segurança e defesa.

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Ainda que não sejam tão numerosos para os padrões internacionais, os empregos públicos são caros no Brasil. Servidores têm estabilidade; seus salários superam com folga a média do setor privado; a esmagadora maioria desfruta de aposentadoria privilegiada. Dado o momento crítico para as finanças nacionais, futuras ampliações do quadro de pessoal devem ser conduzidas com máxima parcimônia. Tão cedo quanto possível, deve ser providenciada uma radiografia das dezenas de carreiras e dos milhares de cargos comissionados, identificando-se excessos e eventuais carências. Esse é o caminho para uma reforma administrativa mais substancial que o mero corte apressado do número de ministérios.

Má-fé corporativa FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, EDITORIAL 09/06/2016 às 02h 00

Diga-se com todas as letras: é absurda a campanha judicial que magistrados e promotores do Paraná movem contra o jornal "Gazeta do Povo", abrindo, em pelo menos 15 cidades, processos quase idênticos contra o periódico. A iniciativa tem obrigado cinco jornalistas a viajar dias seguidos para comparecer às audiências, deixando de trabalhar nesse período. Os pedidos somam R$ 1,3 milhão em indenizações. As ações contestam reportagem na qual se revelou que magistrados e promotores daquele Estado recebem salários que, em média, ultrapassam mais de 20% o limite constitucional do funcionalismo. O veículo ainda publicou a lista nominal dos beneficiados. Autores das petições afirmam que os pagamentos não violam a lei, pois incluem 13º, férias e outras verbas que não entram no cômputo do teto. Dizem também que foram ridicularizados após a publicação —o que, em suas fantasias de poder, justificaria a indenização. O jornal sustenta que seu objetivo era expor e debater o teto constitucional –o qual, de fato, dá margem a confusões que uma regulamentação deveria dirimir. A "Gazeta do Povo" praticou jornalismo. Lançou bem-vinda luz sobre os vencimentos de funcionários públicos. Se estes não se sentem confortáveis com os generosos proventos que recebem, poderiam liderar mobilização para reduzi-los. Deveriam, além disso, aproveitar a ocasião para debater o assunto tendo em vista a média salarial no país, a crise econômica e o princípio da moralidade administrativa. Em vez disso, decidiram tentar intimidar a imprensa. Admita-se, por um instante, que estivesse em jogo um genuíno conflito de opiniões, e não a defesa de um privilégio. Nada haveria a contestar caso as associações dessas duas classes tivessem se mobilizado e proposto uma ação para pacificar o entendimento sobre o tema.

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Os envolvidos, porém, revivendo estratégia que a Igreja Universal do Reino de Deus utilizara contra a Folha em 2008, optaram por bombardear o veículo e seus jornalistas com dezenas de processos pulverizados em várias comarcas. Trata-se de estratégia coordenada com o vão propósito de silenciar os jornalistas, e não de legítima busca por reparação judicial. A democracia equilibra a proteção à honra pessoal com os direitos de crítica, de informar e de ser informado, que estão na base dos avanços civilizacionais. Quando aqueles que deveriam zelar pelo bom funcionamento desse mecanismo procuram deturpá-lo em favor de interesses próprios ou corporativos, a sociedade conhece mais um escândalo.

A plutocracia não cabe no Orçamento FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, LAURA CARVALHO 09/06/2016 às 02h 00

No levantamento realizado pelos pesquisadores Pablo Ortellado, Esther Solano e Lucia Nader na avenida Paulista durante as manifestações pró-impeachment do dia 16 de agosto de 2015, dois temas chamaram a atenção. Entre os manifestantes, 97% concordaram total ou parcialmente que os serviços públicos de saúde devem ser universais, e 96%, que devem ser gratuitos. Já sobre a universalidade e a gratuidade da educação, o apoio foi de 98% e 97% dos manifestantes, respectivamente. "Isso é um resquício de junho de 2013", afirmou Pablo Ortellado a uma reportagem do jornal "El País" de 18 de agosto de 2015. O resultado deste tipo de levantamento, quando somado aos resultados nas urnas das últimas quatro eleições presidenciais, sugere que o pacto social que deu origem à Constituição de 1988 não foi desfeito. Ao contrário, as demandas nas ruas desde 2013 e nas ocupações das escolas desde 2015 têm sido por melhorias nos serviços públicos universais, e não pela redução na sua prestação. A regra Temer-Meirelles prevê que as despesas primárias do governo federal passem a ser reajustadas apenas pela inflação do ano anterior. Se vigorasse no ano passado, e outros gastos não sofressem redução real, as despesas com saúde teriam sido reduzidas em 32% e os gastos com educação em 70% em 2015. Pior. Se o PIB brasileiro crescer nos próximos 20 anos no ritmo dos anos 1980 e 1990, passaríamos de um percentual de gastos públicos em relação ao PIB da ordem de 40% para 25%, patamar semelhante ao verificado em Burkina Faso ou no Afeganistão. E, se crescêssemos às taxas mais altas que vigoraram nos anos 2000, o percentual seria ainda menor, da ordem de 19%, o que nos aproximaria de países como o Camboja e Camarões. "A Constituição não cabe no Orçamento", argumentam seus defensores, na tentativa de transformar em técnica uma decisão que deveria ser democrática. De fato, há uma contradição evidente entre desejar a qualidade dos serviços públicos da Dinamarca e pagar impostos da Guiné Equatorial. O que esquecem de ressaltar é que os que pagam mais impostos no Brasil são os que têm menos condições de pagá-los. Se os que ganham mais de 160 salários mínimos por mês têm 24


65,8% de seus rendimentos isentos de tributação pela Receita Federal, fica um pouco mais difícil determinar o que cabe e o que não cabe no Orçamento. O fato é que as propostas do governo interino não incluem nenhum imposto a mais para os mais ricos, mas preveem muitos direitos a menos para os demais. Os magistrados conseguem reajuste de seus supersalários, mas a aposentadoria para os trabalhadores rurais é tratada como rombo. A cultura, a ciência e a tecnologia ou o combate a desigualdades deixam de ser importantes. O pagamento de juros escorchantes sobre a dívida pública não é sequer discutido, mas as despesas com os sistemas de saúde e educação são tratadas como responsáveis pela falta de margem de manobra para a política fiscal. Essas escolhas estão sendo feitas por um governo que não teve de passar pelo debate democrático que só um processo de eleições diretas pode proporcionar. A democracia caberia no Orçamento. O que parece não caber é a nossa plutocracia oligárquica.

EUA têm menor saldo do agronegócio em 10 anos; o do Brasil cresce FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, MAURO ZAFALON 09/06/2016 às 02h 00

Os Estados Unidos, um dos líderes mundiais em exportações no agronegócio, tiveram o menor saldo comercial no setor em uma década, quando comparados os dados do primeiro quadrimestre de cada ano. Essa perda de saldo ocorre devido ao volume menor de produtos exportados, associado a uma queda nos preços internacionais das commodities. Essa desaceleração mundial dos preços torna as receitas do setor ainda menores. De janeiro a abril deste ano, as exportações dos EUA recuaram para US$ 40,7 bilhões, 13% menos do que em igual período do ano anterior, segundo o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). O saldo do agronegócio de janeiro a abril foi de apenas US$ 1,27 bilhão. Em igual período de 2015, o valor era de US$ 7,9 bilhões, e, em 2014, de US$ 15,3 bilhões. Os meses de março e abril apresentaram deficit. Foi a primeira vez desde a década de 1970 conforme dados disponíveis pelo Usda que os norte-americanos tiveram dois meses seguidos de deficit na balança comercial do setor. Ao contrário dos EUA, o Brasil está sendo salvo pelos volumes exportados. Com isso, apesar da queda externa do preço das principais commodities, o país ainda obtém saldo positivo. Nos quatro primeiros meses deste ano, o saldo brasileiro no setor de agronegócio somou US$ 24,1 bilhões, 18% mais do que em igual período do ano passado.

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Os norte-americanos, que perderam a liderança mundial nas exportações de soja, tiveram queda de 5% no volume desse produto enviado para o mercado externo na safra 2015/16. Já as exportações da oleaginosa deste ano feitas pelo Brasil superam em 45% as de igual período de 2015. Os Estados Unidos perderam terreno, ainda, nas exportações de milho, trigo e algodão. O Brasil é dependente do mercado externo em trigo, mas aumentou as vendas externas de algodão e de milho. Neste último caso, as exportações vêm atingido recordes. CARNES Outro setor importante para os dois países é o de carnes. Aqui também os dois países andaram em lados opostos. Enquanto o Brasil ganhou mercado no setor, os norte-americanos tiveram queda de 13% nas receitas com carnes bovina e suína. Já a redução nas receitas com as vendas externas de frango foram de 22% no quadrimestre em relação a igual período do ano anterior. Em volume, as vendas de carne dos Estados Unidos também caíram. No caso da bovina, a queda foi de 17% no acumulado do ano fiscal (outubro de 2015 a abril 2016), em relação a igual período anterior. O cenário para o segundo semestre, no entanto, poderá ser mais favorável para os norteamericanos no setor de grãos. O Brasil praticamente esgotou o potencial de exportações para soja e milho, produtos com forte demanda interna. Já no caso das carnes setor em que o país vai bem neste ano, um agravamento da recessão econômica interna poderá deixar mais produtos para as exportações. O fôlego dos norte-americanos no setor de carnes ainda é restrito, devido às restrições de produção nos últimos anos, principalmente no segmento de carne bovina. DEFICIT SUSTENTA PREÇOS DO AÇÚCAR, DIZ RABOBANK Os preços do açúcar tiveram elevação de 30% desde meados de abril. Essa aceleração tem fundamento, na avaliação do Rabobank, banco especializado em agronegócio. O deficit mundial de açúcar deverá ser de 8,5 milhões de toneladas na safra 2015/16 outubro de 2015 a setembro de 2016. Na safra seguinte, a de 2016/17, a demanda mundial também será menor do que a oferta em 5,5 milhões de toneladas, segurando os preços. Claro que essas estimativas ainda são preliminares. Mas, se o Rabobank, que prevê produção mundial de 181 milhões de toneladas em 2016/17, elevar a safra em 3%, o deficit praticamente sumiria. Porém, se o banco, em novas revisões de safra, reduzir a produção em 3%, o deficit poderia dobrar.

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Para equacionar as contas estaduais FONTE JORNAL O ESTADO de S. PAULO, Raul Velloso* 09 Junho 2016 às 05h 00

No diagnóstico da crise financeira estadual, o gasto com inativos e pensionistas (IPs) deveria ser visto ao mesmo tempo como vilão e mocinho. Vilão para os gestores, porque seu peso no gasto total é alto e cada vez mais elevado. Em adição, não há fontes específicas para bancá-lo, restando pouco o que fazer para, se presente nos demonstrativos, reduzi-lo. Pode parecer estranho, mas os IPs da maioria dos Estados já pagam uma “contribuição” aos cofres públicos, ou seja, nem isso pode mais ser tentado. Mocinho, porque o sonho de quase todo brasileiro é ser aposentado um dia (e quanto mais cedo melhor), e as aposentadorias e pensões do setor público são as maiores que existem. Mexer com elas é tocar em casa de marimbondo. Foi só o Estado do Rio atrasar os pagamentos a essa categoria que o noticiário mostrando idosos em prantos “bombou” na TV. Ninguém aguenta ver choro de idosos mostrando receitas médicas quilométricas sem aviamento. Por sua vez, os principais segmentos protegidos por vinculações de receita (parcelas mínimas obrigatórias de gastos em porcentagem do total), que são educação, com 25%, e saúde, com 12%, acabaram, por causa da óbvia força política inerente a essas áreas, tirando de suas costas a obrigação de pagar os IPs das respectivas secretarias. Analogamente, com o apoio de tribunais de contas, a apuração do gasto total de pessoal, para checar o cumprimento do limite legal de 60% das receitas, parou de considerar a despesa dos IPs como parte da folha de pagamento. Isso incentivou o aumento de gastos em Outros Custeios e Investimento nas áreas “vinculadas”, e a expansão de pessoal ativo em todas as secretarias. Como consequência, os gastos com IPs ficaram “sem pai nem mãe” e a parcela residual do orçamento ficou sobrecarregada. Calculo que, faltando pagar os IPs, Serviço da Dívida e Outros Custeios e Investimento das áreas desprotegidas por vinculações (onde se inclui o importante segmento de infraestrutura), aquela disponibilidade residual dificilmente dará conta do recado de financiar tais gastos. Daí ser enorme o “buraco” potencial das contas estaduais. A longo prazo, a saída é conter o crescimento dos gastos com os IPs, com mais uma rodada de reforma do sistema previdenciário respectivo. Isso está sendo concebido nos Estados, a partir do projeto em gestação no governo federal, de que ela depende. Há também que retomar o esforço de reforma administrativa, para conter o crescimento do pessoal ativo, algo abandonado pelos governos do PT. A curto prazo, contudo, é preciso colocar pelo menos em lei complementar que o cálculo de pessoal para efeito do limite de 60% deve conter a despesa com os IPs (com adaptação gradual óbvia dos atuais valores fora do limite) e definir uma fonte segura para o pagamento dos IPs. O Estado do Rio vinculou os Royalties do Petróleo para esse fim, mas acaba de ver que, na prática, isso se mostrou insuficiente. Sugiro, então, a criação de um “fundo de estabilização da previdência estadual”, destinando-lhe 25% do valor bruto de não apenas uma, mas de todas as receitas estaduais, na esteira da legislação de Desvinculação Geral de Receitas (mais conhecida como DRU), que acaba de ser aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados. Quando aprovada, a DRU permitirá que 30% das receitas fiquem livres para qualquer uso. Proponho, agora, que parte disso – algo como 25% das receitas – seja redirecionada por legislação estadual para pagar a conta dos IPs que, mesmo sendo impossível de evitar, se não tiver uma fonte segura, será deixada ao “deus-dará”, pois ninguém quer saber de financiá-la. Aprovado o redirecionamento proposto, é como se cada secretaria ou usuário do orçamento desse uma contribuição efetiva à inevitável conta dos IP. Em favor da aprovação dessa medida, não parece difícil mobilizar a comunidade tanto dos IPs como dos ativos, lembrando-lhes que se transformarão nos IPs de amanhã. Para mais detalhes, veja nota sobre o assunto em minha página: www.raulvelloso.com.br. *É consultor econômico

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O fim da alquimia cambial FONTE JORNAL O ESTADO de S. PAULO, Nathan Blanche* Opinião Economia, 09 Junho 2016 às 08h 06

Crises econômicas são rotineiras na história da Humanidade, sendo em geral precedidas por fases de prosperidade. A sensação de “já ganhamos” resulta na acomodação dos governantes e dos agentes privados. No embalo, ambos tendem a desligar os sensores de controles de riscos, conforme destacam Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff. Após a crise mundial de 2008, o governo do PT, em tentativa de sustentar o forte crescimento econômico até então, rasgou a Carta ao Povo Brasileiro e amputou o tripé de sustentabilidade macroeconômica herdado do Plano Real. No seu lugar, adotou sua velha doutrina do desenvolvimento populista de esquerda, a exemplo dos regimes da Argentina e Venezuela. Os resultados não tardaram a chegar. Vivenciamos a maior crise da economia brasileira nas últimas oito décadas, causa principal do alto nível de insatisfação da população e do apoio crescente ao impeachment da presidente Dilma. A nova e excelente equipe econômica nomeada pelo presidente em exercício Michel Temer tem enormes desafios para solucionar as distorções geradas pelas políticas macro e microeconômicas implementadas nos últimos anos, com destaque para a degradação das contas públicas, cujo risco, mantidas as condições atuais, é a insolvência. Porém, outros aspectos da política econômica, negligenciados ao longo dos últimos anos, merecem atenção. Um deles refere-se à formação das taxas de câmbio. A postura ultraintervencionista do Banco Central (BC) e da Fazenda neste mercado – especialmente durante o primeiro mandato da presidente Dilma – gerou impactos fortemente negativos na confiança dos agentes e nos setores influenciados pela variável, além de custos elevados com a política de swaps cambiais. A retomada da credibilidade dos investidores internos e externos também depende de um sinal incisivo sobre a nova política cambial, particularmente proveniente do novo presidente do BC, no sentido de indicar que a formação da taxa de câmbio será flutuante, ou seja, dada pelos mecanismos de mercado. Isto é importante tendo em vista o histórico dos últimos anos, em especial, a partir de junho de 2013, quando o BC tentou segurar a taxa de câmbio, para conter os impactos na inflação, por meio de intensa intervenção no mercado com as ofertas diárias de swaps cambiais. Ao longo desse período foram colocados mais de US$ 400 bilhões. A melhora observada na conta corrente não está relacionada a essa política cambial dos últimos anos. A conta corrente, que atingiu um déficit de 4,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, tende a fechar este ano perto do seu equilíbrio. Este aparente êxito é resultado da recessão e da expressiva desvalorização do real, que, na prática, representa o empobrecimento da Nação perante o resto do mundo. O PIB em dólares no biênio 2014/2015 sofreu uma redução de 26,7% e o PIB per capita, uma queda de 27,3%. As importações reduziram-se em 25,3% (em valor), reflexo da depreciação do câmbio e da contração de consumo das famílias (-4,1%) e investimentos (-14,1%). As exportações, por sua vez, registraram queda em valor (-15,0%), mas com aumento da quantidade exportada, diante do ganho de competitividade proporcionado pela queda do custo unitário do trabalho em dólares, de 21,7% em 2015. Mas há saídas. Tendo em vista a combinação de lento crescimento e baixa inflação dos países avançados, as taxas de juros globais devem permanecer baixas para padrões históricos. Isso significa que o mercado internacional continuará favorável à retomada de investimentos no Brasil, caso haja estabilidade política e implementação da agenda econômica anunciada pela atual equipe, inclusive envolvendo uma maior abertura e acordos comerciais bilaterais. Um recente sinal nesta direção veio da bem-sucedida captação externa feita pela Argentina, de US$ 16,5 bilhões (com demanda total acima de US$ 60 bilhões), após anos de ausência dos 28


mercados globais. Que isto sirva de incentivo aos agentes para apoiarem as mudanças propostas pela nova equipe econômica e que vão na direção correta, de ajuste dos desequilíbrios e da retomada dos ganhos de produtividade. *É SÓCIO-DIRETOR DA TENDÊNCIAS CONSULTORIA INTEGRADA

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