SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS
08 DE JUNHO DE 2016
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Inflação acelera alta para 0,78% em maio, maior taxa para o mês desde 2008 FONTE VINICIUS NEDER – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 08 Junho 2016 às 11h 33
Principal influência positiva veio do grupo Habitação, puxado pelo aumento das taxas de água e esgoto; em 12 meses, IPCA acumula alta de 9,32%
Fim do programa de incentivo da Sabesp impulsionou taxa de água e esgoto RELACIONADAS
ANÁLISE: A inflação e os alimentos KUPFER: Um novo (e mais perigoso) vilão da inflação Senado aprova indicação de Ilan Goldfajn à presidência do BC
RIO - A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou maio com alta de 0,78%, ante uma variação de 0,61% em abril, informou nesta quarta-feira, 8, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa taxa foi a mais elevada para os meses de maio desde 2008 (0,79%). O resultado ficou dentro do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pela Agência Estado, que iam de uma taxa de 0,69% a 0,83%, com mediana e média de 0,76%. A taxa acumulada no ano foi de 4,05% e, nos 12 meses encerrados em maio, o IPCA acumula 9,32%, ainda muito acima do teto da meta estipulada pelo governo, de 6,5%. O IPCA acumulado em 12 meses, quando comparado ao período imediatamente anterior, não apresentava elevação desde janeiro passado. No primeiro mês do ano, o indicador alcançou 10,71%, ante 10,67% de dezembro do ano passado. Desde então, o IPCA acumulado apresentava tendência de queda: 10,36% em fevereiro, 9,39% em março e 9,28% em abril. Habitação. Os preços administrados de água e esgoto e energia elétrica fizeram do grupo Habitação o principal responsável para a alta de 0,78% no IPCA de maio. O grupo avançou 1,79% em maio e teve impacto positivo de 0,27 ponto porcentual (p.p.) no índice geral, o maior entre os grupos de despesa.
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A taxa de água e esgoto avançou 10,37% e, sozinha, contribuiu com 0,15 p.p. no índice de maio. Segundo o IBGE, isso ocorreu por causa da região metropolitana de São Paulo, já que acabou, no mês passado, o programa de incentivo da Sabesp à redução do consumo de água, o qual dava desconto para quem economizasse água. Só em São Paulo, a taxa de água e esgoto subiu 41,90% em maio. Com isso, o IPCA na região metropolitana da capital foi de 0,93%, o maior patamar para meses de maio desde 1996, quando foi de 1,18%. Segundo o IBGE, no acumulado de janeiro de 2014 a abril de 2016, a tarifa de água e esgoto em São Paulo registrou queda de 9,56%. Somente em maio de 2014, primeiro mês em que IPCA apropriou bônus da Sabesp, a tarifa de água e esgoto havia caído 21,98%. Ainda assim, a alta de maio passado se explica também porque houve reajuste de 8,40% na conta da Sabesp, a partir de 12 de maio. Por isso, segundo a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, ainda haverá impacto positivo dessa despesa no IPCA de junho. Já a energia elétrica subiu 2,28% em maio, pois houve reajustes contratuais anuais nas distribuidoras de Salvador, Recife, Fortaleza e Belo Horizonte. "Os administrados foram estrêlas da inflação em maio", afirmou Eulina. O grupo Alimentação e Bebidas teve o segundo maior impacto no IPCA de maio, com 0,20 p.p., provocado pela alta de 0,78% do grupo no mês. Remédios e serviços. No conjunto dos preços administrados, os medicamentos seguiram pressionando o IPCA em maio. Os produtos farmacêuticos avançaram 3,10%, após subirem 6,26% em abril. No ano, já acumulam 10,52% de alta, a maior pelo menos desde 2007. Segundo coordenadora do IBGE, a alta segue o reajuste máximo de 12,50% autorizado pelo governo este ano, por causa da elevação da cotação do dólar, principalmente. A inflação de serviços desacelerou no IPCA de maio, para 0,37%, ante 0,61% em abril. No acumulado em 12 meses até maio, a inflação de serviços ficou em 7,52%, acima dos 7,34% nos 12 meses até abril. Segundo Eulina, já há efeito da queda da demanda nessa desaceleração. Em julho de 2015, a inflação de serviços no acumulado em 12 meses estava em 8,54%. Ainda assim, os preços de "serviços são estanques", pois as pessoas continuam gastando, mesmo na recessão. Além disso, a inflação de serviços no IPCA é fortemente marcada pelas passagens aéreas, que variam muito. Em maio, registraram queda de 8,22%. Baixa renda. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) subiu 0,98% em maio, após ter registrado alta de 0,64% em abril. Como resultado, o índice acumulou alta de 4,60% no ano e avanço de 9,82% em 12 meses. O INPC mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários mínimos e chefiadas por assalariados.
Em maio, IPCA fica em 0,78% Fonte Comunicação Social 08 de junho de 2016
Período
TAXA
MAIO 2016
0,78%
Abril 2016
0,61%
3
Período
TAXA
Maio 2015
0,74%
Acumulado no ano
4,05%
Acumulado em 12 meses
9,32%
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA de maio apresentou variação de 0,78% e superou o índice de abril (0,61%) em 0,17 ponto percentual (p.p.). Foi a taxa mais elevada para os meses de maio desde 2008 (0,79%). Assim, o acumulado no ano (4,05%) foi inferior aos 5,34% registrados em igual período de 2015. O acumulado nos últimos doze meses (9,32%) ficou pouco acima dos 9,28% relativos aos doze meses imediatamente anteriores. Em maio de 2015 o IPCA fora de 0,74%. A publicação completa sobre o IPCA pode ser encontrada aqui. A taxa de água e esgoto, do grupo Habitação (1,79%), se destacou pela alta de 10,37%, constituindo-se no item de maior contribuição individual no mês, com 0,15 p.p.. Isto ocorreu diante da pressão exercida pela região metropolitana de São Paulo, onde a variação do item atingiu 41,90%, expressando os efeitos do fim do Programa de Incentivo à Redução do Consumo de Água, cancelado pela Deliberação n° 641 da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (ARSESP), de 30 de março de 2016. Além do fim da concessão de bônus por redução e de ônus por aumento de consumo de água, que vinha sendo praticada pelo Programa, passou a vigorar, em 12 de maio, reajuste de 8,40% sobre o valor das tarifas. Na taxa de água e esgoto foram incorporados, também, aumentos nas regiões metropolitanas de Fortaleza(9,30%), reflexo de parte do reajuste de 11,96% em vigor desde 23 de abril; de Belo Horizonte (7,72%), refletindo parte do reajuste de 13,90% vigente a partir de 13 de maio, além da revisão na estrutura tarifária praticada pela empresa de abastecimento de água e de esgotamento sanitário da região; de Curitiba (0,33%), refletindo um pequeno resíduo do reajuste de 10,48% que vigora desde primeiro de abril. Ainda no grupo Habitação, outros itens importantes exerceram pressão no IPCA do mês: energia elétrica (2,28%), mão de obra para pequenos reparos (0,87%), artigos de limpeza (0,85%) e condomínio (0,79%). A respeito do item energia elétrica (2,28%), as pressões foram exercidas pelas seguintes regiões metropolitanas: Salvador (11,25%), com reajuste de 10,72% em 22 de abril aliado a aumento no PIS/COFINS; Recife (11,22%), onde ocorreu reajuste de 11,66% em 29 de abril; Fortaleza (6,41%), refletindo o reajuste de 12,97% aliado à redução de 8,40% na Contribuição de Iluminação Pública – CIP; ambos em vigor desde 22 de abril; Belo Horizonte (3,24%), cujo reajuste de 3,78% passou a vigorar a partir de 28 de maio, além de aumento no PIS/COFINS. Também em Campo Grande o item energia elétrica (0,64%) incorporou parte do reajuste de 7,40% nas tarifas e o reajuste na contribuição de iluminação pública em vigor a partir de 08 de abril, além de redução no PIS/COFINS. Em outras regiões pesquisadas, como São Paulo (2,02%) e Porto Alegre (-1,08%), as contas de energia elétrica ficaram mais caras ou mais baratas face às variações no PIS/COFINS. Dessa forma, sob influência, principalmente, da taxa de água e esgoto (1,79%) e energia elétrica (2,28%), o grupo Habitação (1,79%) liderou tanto as variações de grupo quanto as contribuições (0,27 p.p.), conforme mostra a tabela a seguir. Grupo
Variação (%)
Impacto (p.p.)
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Abril
Maio
Abril
Maio
Índice Geral
0,61
0,78
0,61
0,78
Alimentação e Bebidas
1,09
0,78
0,28
0,20
-0,38
1,79
-0,06
0,27
Artigos de Residência
0,26
0,63
0,01
0,03
Vestuário
0,40
0,91
0,02
0,05
Transportes
0,03
-0,58
0,01
-0,10
Saúde e Cuidados Pessoais
2,33
1,62
0,26
0,18
Despesas Pessoais
0,23
1,35
0,02
0,14
Educação
0,20
0,16
0,01
0,01
Comunicação
1,47
0,01
0,06
0,00
Habitação
Saúde e Cuidados Pessoais (1,62%) apresentou elevada variação, vindo logo a seguir do grupo Habitação (1,79%). Isto porque os preços dos remédios, que haviam aumentado 6,26% em abril, subiram mais 3,10% em maio. Com isto, nestes dois meses, resultam em alta de 9,55%, reflexo do reajuste de 12,50% em vigor desde o dia primeiro de abril. No grupo da Saúde (1,62%), também sobressaem, por aumentos significativos nos preços, os itens artigos de higiene pessoal (1,17%), plano de saúde (1,06%) e serviços médicos e dentários (0,91%). Nas Despesas Pessoais (1,35%) o destaque ficou com o cigarro, cuja alta foi a 9,33%, refletindo reajustes entre 3% e 14%, conforme a marca, em vigor a partir do dia 1º de maio. Destacaramse, ainda, os itens empregado doméstico (0,87%) e manicure (0,64%). No grupo Alimentação e Bebidas (0,78%), os preços continuaram a subir, embora menos do que em abril, quando foi a 1,09%. Vários produtos tiveram aumentos significativos, a exemplo da batata-inglesa, que ficou 19,12% mais cara de abril para maio e já acumula alta de 50,91% neste ano. Os principais alimentos em alta encontram-se a seguir: Variação Variação (%) Acumulada (%) Item Abril
Maio
Ano
12 meses
Batata-inglesa
13,13
19,12
50,91
74,47
Cebola
-2,36
10,09
31,29
5,19
Feijão-mulatinho
1,42
9,85
37,44
48,79
Feijão-carioca
4,00
7,61
33,49
41,62
5
Variação Acumulada (%)
Variação (%) Item Abril
Maio
Ano
12 meses
Manteiga
6,42
4,90
35,22
50,55
Alho
0,10
3,58
31,48
63,60
Leite longa vida
4,09
3,43
15,02
19,33
Iogurte
2,38
3,20
8,26
12,30
Farinha de mandioca
4,65
3,19
33,47
43,43
Leite condensado
3,45
3,17
12,17
15,09
Margarina
1,39
2,58
9,83
14,76
Azeite
1,21
2,40
13,58
32,10
-0,43
2,26
4,02
9,10
Queijo
1,25
2,12
4,17
9,80
Sorvete
3,70
2,11
5,73
11,47
Chocolate em barra e bombom
3,48
1,87
9,35
17,37
Leite em pó
0,58
1,42
4,01
4,63
Café moído
1,49
1,38
7,28
15,08
Macarrão
0,46
1,36
5,09
13,57
Chocolate e achocolatado em pó
1,50
1,28
7,68
13,59
Outras bebidas alcoólicas
1,07
1,28
4,43
13,77
Biscoito
0,77
1,25
4,55
8,93
Café da manhã
1,36
1,21
5,32
11,30
-15,26
1,04
-11,88
-27,99
Frango em pedaços
1,39
1,00
2,74
8,20
Doces
1,15
0,91
4,99
8,66
Linguiça
Tomate
6
Variação Acumulada (%)
Variação (%) Item Abril Lanche fora
Maio
Ano
12 meses
2,10
0,85
4,82
8,73
Bolo
-0,63
0,80
4,91
11,32
Arroz
0,34
0,54
4,07
13,05
Refeição fora
0,50
0,53
3,68
8,90
Em contraposição, alimentos importantes na despesa das famílias se apresentaram em queda de um mês para o outro, conforme mostra a tabela abaixo. Variação (%)
Variação Acumulada (%)
Item Abril Cenoura
Maio
Ano
12 meses
-1,04
-23,08
43,15
9,55
Ovos
0,75
-2,26
8,58
13,59
Hortaliças
3,02
-2,07
16,92
17,50
Frutas
4,13
-1,37
22,22
33,97
-0,70
-1,33
3,90
6,26
Açaí
9,22
-1,11
35,27
6,59
Feijão-fradinho
0,06
-0,91
13,14
9,00
-0,21
-0,53
0,35
8,08
1,11
-0,42
12,32
20,34
Pescado
Carnes Óleo de soja
Entre os demais grupos de produtos e serviços pesquisados, os destaques em alta foram: tv, som e informática (2,57%), artigos de cama, mesa e banho (1,89%), roupa masculina (1,88%), roupa infantil (0,97%), automóvel novo (0,80%), emplacamento e licença (0,77%), roupa feminina (0,76%(, motocicletas (0,72%), automóvel usado (0,60%), conserto de automóvel (0,59%), eletrodomésticos (0,48%). Do lado das quedas, sobressaem os seguintes itens: etanol (-9,54%), passagem aérea (8,22%), excursão (-1,28%), hotel (-0,98%), gasolina (-0,85%), gás de botijão (0,74%), mobiliário (-0,42%). O maior índice regional foi em Fortaleza (0,99 %), pressionado pela taxa de água e esgoto (9,30%), que refletiu o reajuste de 11,96% em 23 de abril, e pela energia elétrica, com 6,41%, tendo em vista o reajuste de 12,97% no valor da tarifa em vigor desde 22 de abril, combinado com a queda de 8,40% na parcela referente à taxa de Contribuição de Iluminação 7
Pública – CIP. O menor índice foi o de Goiânia, que ficou em 0,28%. A seguir, tabela com os resultados mensais por região pesquisada.
Região
Peso Regional (%)
Variação (%)
Abril
Variação acumulada (%)
Maio
Ano
12 meses
Fortaleza
3,49
1,02
0,99
5,08
11,01
São Paulo
30,67
0,36
0,93
3,85
9,42
Porto Alegre
8,40
0,94
0,92
5,16
10,51
Recife
5,05
0,69
0,90
4,22
9,16
Salvador
7,35
0,62
0,83
4,48
9,54
Belo Horizonte
10,86
0,71
0,78
4,22
8,31
Campo Grande
1,51
0,70
0,73
3,84
8,19
Curitiba
7,79
0,75
0,64
3,55
9,57
Vitória
1,78
0,62
0,62
2,85
7,58
Belém
4,65
0,90
0,60
4,28
9,71
12,06
0,62
0,60
4,07
8,99
Brasília
2,80
0,43
0,45
2,65
8,56
Goiânia
3,59
0,53
0,28
3,41
9,10
100,00
0,61
0,78
4,05
9,32
Rio de Janeiro
Brasil
Para cálculo do índice do mês foram comparados os preços coletados no período de 29 de abril a 30 de maio de 2016 (referência) com os preços vigentes no período de 31 de março a 28 de abril de 2016 (base). O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande e de Brasília. ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR – INPC O Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC apresentou variação de 0,98% em maio e ficou acima do resultado de 0,64% de abril em 0,34 p.p. O acumulado no ano está em 4,60%, percentual inferior aos 5,99% registrados em igual período de 2015. Na ótica dos últimos doze
8
meses, a taxa foi para 9,82%, bem próxima dos 9,83% relativos aos doze meses imediatamente anteriores. Em maio de 2015 o INPC situou-se em 0,99%. Os produtos alimentícios se apresentaram com 0,83% em maio, enquanto em abril a alta foi 1,11%. O agrupamento dos não alimentícios teve variação de 1,05% em maio, bem acima da taxa de 0,43% de abril. Entre os índices regionais, o maior foi o da região metropolitana de São Paulo (1,47%), pressionado pela taxa de água e esgoto (47,83%), que refletiu os efeitos do fim do Programa de Incentivo à Redução do Consumo de Água, cancelado através da deliberação nº 641 da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo – ARSESP, de 30 de março de 2016. Ademais, aliado ao fim da concessão de bônus por redução e de ônus por aumento de consumo de água, que vinham sendo praticados pelo Programa, passou a vigorar, em 12 de maio, reajuste de 8,40% sobre o valor das tarifas. Goiânia (0,35%) apresentou o menor índice (tabela a seguir). Variação mensal (%) Região
Peso Regional (%) Abril
São Paulo
Maio
Variação acumulada (%) Ano
12 meses
24,24
0,32
1,47
4,61
10,01
Porto Alegre
7,38
1,05
1,16
5,43
11,02
Fortaleza
6,61
1,11
1,11
5,34
11,21
10,60
0,69
0,92
4,51
8,60
7,17
0,67
0,83
4,62
9,53
10,67
0,69
0,80
5,09
9,99
Rio de Janeiro
9,51
0,61
0,77
4,85
9,52
Vitória
1,83
0,54
0,75
3,62
7,83
Curitiba
7,29
0,65
0,75
3,84
10,04
Campo Grande
1,64
0,51
0,75
3,56
8,42
Belém
7,03
0,92
0,59
4,55
9,90
Brasília
1,88
0,39
0,43
2,71
9,13
Goiânia
4,15
0,57
0,35
3,46
9,40
100,00
0,64
0,98
4,60
9,82
Belo Horizonte Recife Salvador
Brasil
9
Para cálculo do índice do mês foram comparados os preços coletados no período de 29 de abril a 30 de maio de 2016 (referência) com os preços vigentes no período de 31 de março a 28 de abril de 2016 (base). O INPC é calculado pelo IBGE desde 1979, se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 05 salários mínimos, sendo o chefe assalariado, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande e de Brasília.
Empresários marcam ato de apoio a Temer após desgaste político
FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, MARIANA CARNEIRO, JULIO WIZIACK DE SÃO PAULO e VALDO CRUZ DE BRASÍLIA 08/06/2016 às 02h 00
Enfrentando um momento de desgaste político, o presidente interino Michel Temer quer mostrar que tem o apoio do setor empresarial às medidas que está tomando no campo econômico. Ele receberá um grupo de cerca de 150 empresários nesta quarta (8) no Planalto, onde espera que representantes de vários setores façam manifestações de confiança nas políticas do governo. Para um dos empresários que participará do evento, e falou à Folha reservadamente, a questão política é mais complexa que a econômica.
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AGÊNCIAS E LEILÕES Por isso, no curto prazo, os empresários vão pedir a Temer que reorganize as agências reguladoras, esvaziadas na gestão petista, e equacione como serão feitas as concessões de infraestrutura. São ações que dependem exclusivamente do Executivo, sem debate no Congresso. Os empresários foram reunidos por articulação do presidente da Fiesp (federação das indústrias de São Paulo), Paulo Skaf, que também é do PMDB e é aliado de Temer. A Folha apurou que a lista inclui principalmente empresários e lideranças que apoiaram o processo de impeachment em São Paulo. Entre os esperados estão o presidente da Riachuelo, Flávio Rocha, e o presidente do Google Brasil, Fábio Coelho. Os empresários vão ser recebidos no Planalto e devem almoçar, com Temer e ministros no Palácio do Jaburu. EQUIPE APROVADA A avaliação é que, na economia, o governo do interino tem conseguido encaminhar resultados. Temer acertou na formação da equipe econômica, que teve a confirmação do nome do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, nesta terça (7). Também trilha um caminho benigno, aos olhos do setor produtivo, ao sinalizar que não aumentará impostos neste momento e tentará, antes, cortar gastos e ajustar as contas do governo. Mas a política preocupa. O presidente interino enfrenta uma série de denúncias contra integrantes de seu governo. Dois ministros foram afastados e outros dois estão sendo investigados por suposto envolvimento em corrupção. Neste cenário, a eventual volta de Dilma Rousseff não está descartada na avaliação do empresariado, o que seria um cenário negativo, dada a "ingovernabilidade" que a petista teria no poder. TEMAS DE IMPACTO Temer precisa se estabilizar como presidente e para isso precisa avançar em temas mais impactantes, segundo um industrial ouvido. A expectativa é que o presidente interino consiga fazer avançar as medidas que limitam os gastos do governo e que precisam de aprovação no Congresso. Também está na lista do indispensável a reforma da Previdência. Mas a avaliação é que temas espinhosos só conseguirão ser aprovados após a decisão sobre o impeachment.
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Comissão aprova nome de Ilan Goldfajn para presidência do BC Alan Marques/Folhapress
O indicado para a presidência do Banco Central, Ilan Goldfajn, em sabatina na CAE do Senado
FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, EDUARDO CUCOLO DE BRASÍLIA 07/06/2016 às 14h 35
A CAE (Comissão de Assunto Econômicos do Senado) aprovou nesta terça-feira (7), por 19 votos a favor e 8 votos contrários, a indicação do economista Ilan Goldfajn para assumir a presidência do Banco Central. O voto é secreto. O nome de Ilan ainda precisa ser aprovado pelo plenário do Senado. Mesmo que haja tempo, o economista não deve participar da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) marcada para esta quarta-feira (8). Senadores do PT afirmaram que podem recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra o resultado, pois a maioria dos senadores registrou seu voto antes do final da sabatina, algo que seria contrário ao que determina a Constituição. Ilan fez um discurso de 20 minutos no início da sessão e, depois, respondeu a perguntas dos senadores por quase quatro horas. 12
Veja os principais trechos da sabatina. AUTONOMIA DO BC "Considero imprescindível manter e aprimorar a autonomia do Banco Central". "O presidente Temer, na recente reforma da estrutura administrativa do governo federal, estabeleceu como requisito para a retirada da condição de ministro do presidente do Banco Central a aprovação de uma emenda constitucional que sedimente, na Carta Magna, a autonomia técnica (ou operacional) do BC para perseguir as metas de inflação estabelecidas pelo governo". "Se houver algum avanço, não deveria ser na independência de ter objetivos, mas, no futuro, quando tiver maturidade para isso, pensar em mandato". JUROS ALTOS "Todos nós gostaríamos de ver o custo de dinheiro cair. A dúvida é qual a melhor maneira para fazer isso. Temos que trabalhar nas raízes da causa, para que não se entre em um atalho, para que caia de forma permanente". "Será possível [reduzir a taxa básica de juros] quando houver as condições". INFLAÇÃO "Nosso objetivo será cumprir plenamente a meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, mirando o seu ponto central". "Estamos no caminho para meta de 4,5%? Sim. Em um momento não muito distante pretendemos atingir o centro da meta". "A literatura econômica já refutou por diversas vezes o falacioso dilema entre a manutenção de inflação baixa e crescimento econômico". CONTAS PÚBLICAS "A ordem nas contas públicas é essencial para o Brasil voltar a crescer e é essencial também para reduzir o custo da desinflação". RECESSÃO "É factível [voltar a crescer em 2017], mas vai ter de vir com medidas concretas, com aprovação de reformas nesta Casa. Aí sim acredito que é factível a volta do crescimento". EMPREGO "Somos todos a favor do emprego, da queda do desemprego. A questão é como atingir. Acho que o emprego vem com crescimento sustentável, com política fiscal e contas públicas em ordem. Como o BC pode ajudar nisso? Com inflação baixa e estável". 13
CRÉDITO "A oferta de crédito é prejudicada, mas também a demanda. Se não há desejo de investir, não há demanda". "Quando há crédito direcionado, se reduz a efetividade [da política monetária]. Deveria existir um equilíbrio entre crédito direcionado e livre. Se há excesso de crédito direcionado, isso prejudica a política monetária". "Nem sempre liberar mais compulsório significa mais investimento. Hoje temos uma demanda por crédito limitada. O uso do compulsório sempre compete com outros instrumentos. CÂMBIO "O câmbio não é a âncora para a inflação. Nem acho que deveria ser. A âncora é a política monetária." "O estoque de swap [cambial] chegou a US$ 110 bilhões e agora caiu para em torno de US$ 60 bilhões. Ter as condições para reduzir esse swap foi muito feliz." RESERVAS "Esse seguro [reservas internacionais], no momento, é um seguro que vale a pena manter. Mas, assim que a gente passar esse período de incerteza, vale a pena fazer essa discussão sobre o nível ótimo das reservas, que depende também do quanto nos custa manter." CENÁRIO EXTERNO "O período de ventos favoráveis na economia global ficou no passado e a era de juros nulos ou negativos está perto de seu fim, pelo menos nos EUA."
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