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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 02 DE ABEIL DE 2015
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Os vulneráveis Aumento do custo de vida e piora das condições de emprego já começam a afetar sobretudo as camadas mais pobres da população. FONTE FOLHA DE SÃO PAULO EDITORIAIS editoriais@uol.com.br 02/04/2015
O grau de degradação das condições econômicas nos últimos anos, que agora se acentua, deixa em posição vulnerável os segmentos da sociedade que mais se beneficiaram durante o breve período de aceleração do crescimento na década passada: a chamada nova classe média e os estratos demográficos de renda mais baixa. O processo de inclusão social tem seus alicerces comprometidos pelo aumento do custo de vida e pela piora das condições de emprego, dois resultados dos erros cometidos no primeiro mandato de Dilma Rousseff (PT). A penúria orçamentária, por sua vez, inviabiliza a tentação de expandir os programas de distribuição de renda para compensar a crise. Evidência do novo ambiente de escassez é a destruição de empregos formais cerca de 40 mil ao mês, em média, nos últimos três meses. O desemprego cresceu de 4,6% em meados do ano passado para 5,9% em fevereiro. Apesar do nível ainda reduzido de desocupação, fica claro que a dinâmica do mercado de trabalho mudou. Pela primeira vez desde 2003, observou-se em fevereiro redução dos salários reais (descontada recomposição da inflação). Nesse cenário, a rotatividade da mão de obra tende a crescer, com novas contratações em patamares de remuneração abaixo dos atuais. Se há um grupo especialmente ameaçado, é o formado por quem conquistou vaga no mercado formal há pouco tempo e ganha até cinco salários mínimos. Não por acaso o Nordeste, até há pouco exemplo de dinamismo, também apresenta quadro recessivo. Apesar de a região manter desempenho acima da média nacional, reportagem desta Folha mostrou que, em 2014, ela concentrou 30% das demissões na construção civil, setor que cortou 106 mil vagas. Os reflexos na avaliação presidencial são patentes. A mais recente pesquisa do instituto Datafolha revelou a convergência da rejeição ao governo Dilma nas várias regiões do país e entre os diferentes estratos populacionais.
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No Nordeste, o índice de ruim e péssimo passou de 11%, em outubro do ano passado, para 55%; no Sul e no Sudeste, a rejeição atinge 64% e 66%, respectivamente. Verifica-se o mesmo fenômeno nas faixas de renda. Para 60% dos que percebem até dois salários mínimos, o governo é ruim/péssimo, índice cerca de quatro vezes superior ao de outubro. Nos outros três grupos (de dois a cinco mínimos, de cinco a dez e acima de dez), a rejeição fica em torno de 65%. Tudo indica que começam a se concretizar os pesadelos do governo e do PT: o arrocho chegou ao povo e, pior, não se vislumbra melhora significativa antes de 2016.
Ibope: governo Dilma tem só 12% de aprovação É o pior índice da série de pesquisas divulgadas pela CNI; os que acham a gestão ruim/péssima chegam a 64%. Fonte O Globo, WASHINGTON LUIZ washington@bsb.oglobo.com. br 02 abr 2015
BRASÍLIA- Após um mês com protestos, derrotas no Congresso e demissões inesperadas de ministros, o governo Dilma recebeu ontem mais uma notícia negativa: pesquisa do Ibope, encomendada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), mostrou que apenas 12% dos entrevistados consideram o governo “ótimo ou bom”, contra 64% de “ruim ou péssimo” (em dezembro, quando foi divulgada a última consulta, o índice era de 27%). É o pior índice da série histórica divulgada pela CNI desde 1995. Até então, o pior resultado para o mês de março havia ocorrido em 1999, quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teve 22 % de “ótimo ou bom”. Já a aprovação da maneira de governar de Dilma caiu 33 pontos percentuais, passando de 52%, em dezembro, para 19%. Os que desaprovam o governo totalizaram 78%. Quando começou o mandato, em março de 2011, a petista tinha 73% de aprovação. O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, disse que, diante do resultado, será preciso ter humildade e trabalhar mais. Mercadante afirmou que os números refletem três meses de governo, mas o projeto é de quatro anos. Segundo o ministro, a fotografia mostrada pela pesquisa “não é boa, mas o filme vai ser muito bom”. — O governo tem de ter humildade e trabalho, trabalho e trabalho. Nosso compromisso é para quatro anos, e três meses de governo é apenas o início de um processo. Portanto, a fotografia não é boa, mas o filme vai ser muito bom disse.
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O percentual dos que não confiam em Dilma cresceu de 24% para 74%. Em todas as áreas de atuação avaliadas na pesquisa, a desaprovação é superior a 60%. As questões econômicas aparecem como os fatores com o maior índice de reprovação. As políticas de taxa de juros e impostos são reprovadas por 89% e 90% da população, respectivamente. Já o combate à inflação é reprovada por 84% e as ações na área de saúde por 85%. O Nordeste foi a região onde a presidente teve melhor resultado: 34% de aprovação. No Sul, apenas 8% avaliaram o governo de forma positiva. Para a oposição, a manutenção de baixos índices de popularidade é sinal de que se cristalizou, na população, o sentimento de falta de competência da presidente para governar. Para o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), a pesquisa consolida o quadro de ingovernabilidade: — Com mais essa pesquisa, está consolidado o quadro de ingovernabilidade. Por não ter comando, a sociedade não vê condições de Dilma implantar reformas e ajustes necessários para o país. Isso está comprovado com os 74% que não confiam em Dilma afirmou.
Oi demite cerca de 1.000 pessoas; Nextel e Telefônica também cortam Fonte REUTERS 02/04/2015
A Oi vai cortar 1.070 postos de trabalho em abril, ou 6% dos funcionários diretos, em vários níveis. Em outubro, haviam sido demitidos 150 diretores e gerentes. As demissões têm como objetivo reduzir o endividamento da empresa. O grupo registrou prejuízo de R$ 4,4 bilhões no ano passado. Segundo a Oi, as demissões e o bloqueio de vagas que estavam em aberto vão reduzir em 20% as suas despesas relacionadas à estrutura de pessoal. "O ano de 2015 é desafiador em todo o contexto macroeconômico do país e também no setor de telecomunicações. Considerando esse cenário e os próprios desafios da companhia, a Oi desenvolveu um plano orçamentário para 2015 para assegurar ganhos de produtividade e de rentabilidade", disse a empresa em nota. Os encargos com as demissões serão contabilizados no resultado da Oi do segundo trimestre deste ano.
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A Federação Nacional dos Trabalhadores de Empresas de Telecomunicações (Fenattel) informou que a Oi não está sozinha na redução de funcionários no setor. A Telefônica Brasil, que opera a Vivo, e a Nextel demitiram, cada uma, cerca de mil pessoas nos últimos dois meses. As teles confirmaram cortes, mas não revelaram o número de funcionários atingidos.
Pirelli negocia o afastamento de 1.500 funcionários por 5 meses DE SÃO PAULO - A Pirelli anunciou nesta quarta (1º) que estuda a possibilidade de realizar um "layoff" (suspensão temporária de contratos de trabalho) de cinco meses para cerca de 1.500 funcionários de suas quatro fábricas no Brasil. O "layoff", ainda negociado entre a Pirelli e o sindicato da categoria, terá início no fim do mês, caso seja confirmado. A medida atingiria funcionários de Santo André e Campinas, em São Paulo, Gravataí, no Rio Grande do Sul, e Feira de Santana, na Bahia. Segundo a fabricante de pneus, o "layoff" serviria para "adequar o nível de produção à demanda atual e futura". As incertezas na economia atingiram em cheio o mercado de automóveis, que acumula retrações desde o ano passado. No primeiro trimestre deste ano, as vendas caíram 17%. Já a indústria de pneus registrou recuo de 3,4% no primeiro bimestre. O desempenho negativo foi causado principalmente pela retração de 19,4% no fornecimento às montadoras de veículos, segundo a Anip (associação do setor). O anúncio do possível "layoff" ocorre uma semana depois de a italiana Pirelli ser comprada pela estatal chinesa China National Chemical Corp. (ChemChina), do setor petroquímico e pneumático.
Chuva, suor e menos cerveja Produção de cerveja cai no primeiro trimestre, um sintoma da crise da economia da vida cotidiana. Fonte Jornal a Folha de São Paulo 02/04/2015
NO VERÃO DE 2015, o Brasil produziu menos cerveja. Para ser preciso, a produção de cerveja caiu mais de 4% no primeiro trimestre deste ano, na
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comparação com 2014. E daí, cerveja? Também ontem a gente soube que a produção de máquinas e equipamentos, bens de capital, caiu 21% no primeiro bimestre de 2015 sobre 2014. A indústria caiu 7%. Etc. Desastres. A numeralha da crise é vasta, mas a recessão da cerveja causa uma impressão vívida, ainda que impressionista, de que o caldo entornou. Quer dizer, que a gente parou de entornar. Dados mensais precisos sobre a produção existem faz pouco tempo. Mas, de 2002 a 2012, a produção crescia no ritmo de uns 6% ao ano. Houve a caída de 2013, segundo ano da inflação forte do preço da cerveja. Em 2014, alta de quase 5%, raridade em meio à estagnação. Portanto, 2015 por ora está com jeito de ser o pior também até na mesa de bar, em uma década ou década e meia. No caso dos refrigerantes, a queda foi maior no trimestre, 5,5%. Há crise nas gôndolas também, para ficar na economia da vida cotidiana. No primeiro bimestre, as vendas nos supermercados cresceram menos de 2% sobre 2014. No ano passado de estagnação do PIB, nesta época as vendas cresciam 3,7%. A Confederação Nacional do Comércio, por sua vez, crê que o crescimento do número de empregos nas lojas será zero neste ano, conforme estimativa divulgada ontem. Zero. A empresa do governo encarregada de pesquisar e planejar o setor elétrico estimava que o consumo de eletricidade cresceria 3,2% neste ano. Nesta semana, a projeção virou para queda de 0,5%. Tivemos a sorte de um pouco mais de chuva no Sudeste, com o que irresponsavelmente passamos a prestar menos atenção à escassez de água. Mas o que talvez deve nos livrar mesmo do racionamento de energia é a recessão combinada ao tarifaço da conta. A confiança do consumidor é a menor desde janeiro de 2009 e teve o maior colapso desde o final de 2008, dado da FGV. A venda de carros deve ter caído 18% no trimestre. A produção da indústria paulista caiu uns 6% nos últimos 12 meses (dado da Fiesp). A capacidade ociosa da indústria não era tão grande desde fevereiro de 2009 (dado da CNI), quando havia demissões em massa e queda brutal da produção porque se disseminava o pânico da crise de 2008. Verdade que a produção da indústria nacional mergulhou rapidamente no abismo no final de 2009, chegando a baixar 10% em outubro daquele ano (no acumulado de 12 meses). Agora, o tombo ainda está na casa dos 6%.
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Os indicadores de produção e vendas despencam, portanto, quase como em 2009, ano da recessão mundial. No entanto, o mergulho de 2009 foi breve. Agora, nem começamos a viver os efeitos da recessão que virá com o arrocho, necessário para consertar o estrago de Dilma 1. Em 2009, de resto, havia crédito aos borbotões, estímulos de gastos do governo, dinheiro baratinho nos bancos públicos; agora, o governo corta mais de 30% do seu investimento "em obras". Enfim, apesar do pessimismo econômico momentâneo, embora agudo, havia alguma gordura para queimar instrumentos para lidar com a crise, econômicos e políticos. Agora, o povo está cortando até a cerveja. VINICIUS TORRES FREIRE vinit@uol.com.br
Panelaços não farão Dilma se intimidar, diz novo ministro da Secom Beto Barata/Folhapress
O novo ministro da Secom, Edinho Silva, durante entrevista
MARINA DIAS ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA e NATUZA NERY DE BRASÍLIA 02/04/2015 às 02h 00
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Escolhido pelo perfil político para comandar a Secretaria de Comunicação Social, algo inédito na administração Dilma Rousseff, o novo ministro da Secom, Edinho Silva (PT-SP), 49, reconhece que o governo "está perdendo a narrativa" quando o assunto é crise política, mas afirma que os "fatos" falarão mais alto e devolverão à presidente da República a popularidade perdida. Em sua primeira entrevista exclusiva, Edinho, como é conhecido pelos colegas no PT, afirma que a presidente da República não se assustará diante de protestos contra sua administração. "Ela [Dilma] já colocou sua integridade física a serviço desse projeto, não é panelaço que vai fazer a presidente se intimidar", diz. Homem de confiança de Lula e aposta dos petistas para melhorar a relação entre o ex-presidente e Dilma, Edinho terá assento na coordenação do governo, o grupo que toma as principais decisões políticas na gestão. Ele promete critérios técnicos na distribuição de verbas publicitárias, sem privilegiar veículos de comunicação alinhados com o Planalto. Confira a seguir os principais trechos: Folha - O PT defende que recursos publicitários irriguem mais veículos de comunicação afinados com o governo. Concorda? Edinho Silva - Os critérios estabelecidos são técnicos e vou segui-los. Mas quero racionalizar a execução orçamentária [a verba é de cerca de R$ 200 milhões ao ano] para ampliar ao máximo a extensão de nossas campanhas. Quanto mais você conseguir que recursos cheguem a vários veículos, a comunicação se torna mais eficiente. Mas hoje há um descasamento entre audiência e dinheiro recebido... Sou um ministro que teve uma história de vida vinculada ao PT, mas assumo a Secom para fazer a gestão dos recursos públicos pautado pelos interesses públicos. Pedi um levantamento da composição dos critérios da mídia técnica e, se há distorções, que a gente possa atualizar. A presidente sugeriu um aumento de verbas publicitárias. E o ajuste fiscal? O que a presidente quis expressar é que há uma necessidade de o governo se comunicar e a comunicação não é pautada só pela publicidade. Pensar isso é um erro. A comunicação efetiva se dá no cotidiano. O governo tem que dialogar o tempo todo com a sociedade.
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A avaliação geral na classe política é de que o governo se comunica muito mal. O governo se comunica dentro da realidade que está vivendo. Por estarmos em um momento de muita turbulência, muitas vezes o governo não consegue fazer chegar à sociedade todas as informações necessárias. Mas não quero lançar iniciativas olhando pelo retrovisor. O que foi feito, foi feito. Vou me nortear por alguns princípios: valorizar os veículos de comunicação, construir uma estrutura na qual todas as demandas sejam atendidas e unificar a comunicação do governo. Se os ministros não falarem a mesma linguagem, é evidente que vamos falhar na comunicação. Seu antecessor, o ex-ministro Thomas Traumann, pediu demissão após um documento interno da Secom dizer que há um "caos político". Há? Não li o texto. Ah, ministro, por favor! Não li e não me interessa ler. Quando se olha muito pelo retrovisor, você bate o carro. Vejo um momento de turbulência política, isso é inegável, que precisa ser trabalhado politicamente com diálogo. O texto também defende o uso de robôs que atuaram na eleição para multiplicar notícias positivas sobre o governo. Vai usar robôs nas redes sociais? Não. O governo utiliza as redes sociais da forma institucional. Os robôs são usados no submundo da internet e essa não pode ser a esfera de atuação de um governo. O documento também diz que "a comunicação é o mordomo da crise". Vivemos em uma crise. Por que então aceitou esse, digamos, "abacaxi"? Tenho um compromisso com esse projeto político que é o projeto da minha vida. Sei que não é tarefa fácil, mas jamais recusaria uma missão em um governo liderado pela presidente Dilma. Acha que o desgaste do governo está ligado à deterioração de imagem que o PT sofreu após o mensalão e a corrupção na Petrobras? Os fatos precisam falar mais alto e serem mais sólidos do que as narrativas. Acredito que, no médio prazo, serão. Qual fato existe contra o governo Dilma? Nenhum. Portanto, o que estamos perdendo é a narrativa, porque não há fato contra ela. O enfrentamento só interessa à oposição. É na calmaria que esse governo vai deslanchar e as informações vão chegar sem ruído à sociedade. Os panelaços intimidam Dilma? Nada intimida a presidente da República. Quem já passou por tudo o que ela passou... não é uma crise conjuntural que vai intimidá-la. Ela já colocou sua
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integridade física a serviço desse projeto, não é panelaço que vai fazer a presidente Dilma se intimidar. Como o governo tem que comunicar o ajuste fiscal? Tem que fazer a informação chegar da forma mais simples possível. Ajuste fiscal não é programa de governo, são medidas a serem tomadas para que a economia possa crescer de forma sustentável, gerando emprego e distribuindo renda.
Queda da indústria afeta 70% dos produtos Índice de itens pesquisados cuja produção caiu é o maior desde 2013. Atividade do setor em fevereiro ficou 9,1% abaixo do mesmo mês de 2014, maior redução desde a crise global Fonte Jornal a Folha de São Paulo PEDRO SOARESDO RIO 02/04/2015
A crise da indústria tem se ampliado. A produção caiu em 7 a cada 10 produtos pesquisados em fevereiro na comparação com o mesmo mês de 2014. O chamado índice de difusão (70,2% dos 805 itens pesquisados tiveram queda) é o maior desde 2013, quando o IBGE passou a calculá-lo. Houve retração em 24 dos 26 setores pesquisados. A indústria caiu 9,1% em relação a fevereiro de 2014 --maior queda desde julho de 2009, em meio à crise global. Na comparação com janeiro, recuou 0,9%. Em 12 meses, acumula queda de 4,5%. O "efeito calendário", em que o Carnaval reduziu em dois dias úteis o mês de fevereiro em relação ao ano passado, tornou os dados "um pouco mais negativos". A trajetória é "claramente declinante" e intensificada desde setembro, segundo André Macedo, gerente da pesquisa de indústria do IBGE. Houve também uma forte revisão do índice de janeiro --de alta de 2% para 0,3%. A indústria sofre com estoques elevados, crédito mais seletivo, juros maiores, consumo enfraquecido por inflação e desemprego em alta. ANO DIFÍCIL
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"A queda de atividade da economia é clara, e a indústria ilustra essa tendência, que se intensificou neste primeiro trimestre, quando o PIB terá um resultado negativo", disse Vinícius Botelho, economista da FGV. Ele estima uma retração de até 0,5% de janeiro a março. Com o resultado de fevereiro da indústria e a previsão de uma nova queda em março, o Bradesco projeta uma retração de 0,7%. O banco, em relatório, afirma que "ajustes em importantes cadeias, como construção e óleo e gás, deverão também limitar o desempenho da indústria neste ano". Ou seja, os reflexos da Operação Lava Jato vão afetar o setor, que deve fechar 2015 com uma queda na faixa de 2,5% a 3%. Para Rafael Bacciotti, analista da Tendências Consultoria, a crise da indústria cada vez mais disseminada entre setores e produtos revela uma freada compatível com a recessão econômica esperada para 2014. SEM EFEITO DO DÓLAR
Em fevereiro, chamaram a atenção especialmente os tombos de veículos (33,9%) e equipamentos de informática (33,9%) --ambos dependentes de crédito. Nem mesmo o real depreciado ajudou a indústria a vender mais para o exterior ou substituir importações, segundo Macedo, do IBGE. Isso porque a demanda interna muito fraca se sobrepõe ao possível ganho, e é preciso ainda mais tempo para sentir o efeito, pois exportadores e importadores esperam o câmbio se estabilizar num novo patamar para fechar novos contratos. Além disso, muitas moedas se desvalorizaram, o que minimiza o ganho de competitividade em relação a outros países.
Petrobras toma crédito de US$ 3,5 bi com a China Condições não foram reveladas, mas podem ter contrapartidas. Desvalorização do real em relação ao dólar acelerou a necessidade de captação de recursos pela empresa estatal. Fonte Jornal a Folha de São Paulo SAMANTHA LIMA e PEDRO SOARES DO RIO 02/04/2015
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Sob ameaça de chegar a dezembro com um caixa em situação pior do que o previsto anteriormente próximo ao piso de R$ 10 bilhões adotado prudencialmente e com dificuldades de acesso ao mercado de crédito internacional, a Petrobras obteve um empréstimo de US$ 3,5 bilhões na China. O contrato do empréstimo foi assinado pelo diretor financeiro, Ivan Monteiro, com o CDB (Banco de Desenvolvimento da China), nesta quarta-feira (1º). Um acordo de cooperação entre Petrobras e CDB vai vigorar por dois anos. A Petrobras não informou as condições do empréstimo. Uma pessoa próxima às negociações com a China afirmou que os juros "não são diferentes do resto do mercado", mas que se trata de operação mais "trabalhosa" porque exigiu contrapartidas comerciais. A Petrobras vinha conversando com a China desde o ano passado. Na ocasião, a petroleira lembrava ao CDB que estaleiros chineses concluiriam plataformas da estatal, com construção atrasada. A negociação também pode ter envolvido contrato de venda de petróleo, como em 2009, quando a Petrobras captou US$ 10 bilhões com a mesma instituição. No começo de março, o conselho de administração da empresa havia dado aval para a captação de até US$ 19 bilhões neste ano, diante das perspectivas ruins. Em janeiro, ainda sob a gestão da então presidente Graça Foster, a Petrobras havia informado que, com cortes nos investimentos e o fim da defasagem no preço dos combustíveis, a empresa conseguiria atravessar o ano sem captar recursos no exterior. Na ocasião, o caixa estava em cerca de R$ 22 bilhões. Evitar recorrer ao mercado era importante porque, sem balanço de 2014 auditado e com a perda do "grau de investimento", a empresa teria de pagar mais juros. EFEITO DO CÂMBIO
As perspectivas deterioraram-se em razão da desvalorização do real. A empresa sofre com o câmbio, já que, considerando o saldo da compra e venda de petróleo e derivado com outros países, importa mais do que exporta. O dinheiro chega no momento em que a empresa deixa de se beneficiar do preço menor do barril, que caiu de US$ 110 para US$ 45 entre julho de 2014 e janeiro.
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Calcula-se internamente, na Petrobras, perda acumulada entre R$ 80 bilhões e R$ 90 bilhões com a defasagem dos preços do combustível no Brasil nos quatro anos de controle de preços. Segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura, a gasolina brasileira já está 2% mais barata do que se fosse vendida lá fora. O diesel ainda mantém preços 11% acima da cotação externa. O novo patamar de preços ameaça projetos do pré-sal, mas vinha permitindo que a a gasolina e o diesel fossem vendidos em vantagem em relação à cotação externa.
Importações caem, e país tem primeiro superávit de 2015 Com queda de 18% nas compras do exterior, balança tem saldo positivo de US$ 458 milhões em março Crise econômica e queda do petróleo derrubam importações; exportações não se beneficiam do câmbio e caem 17% em um ano Fonte Jornal a Folha de São Paulo SOFIA FERNANDES DE BRASÍLIA 02/04/2015
Com a importação caindo em ritmo superior ao da exportação, o país registrou em março o primeiro superávit comercial do ano, de US$ 458 milhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Foi o maior saldo para o mês desde 2012. As importações caíram 18,5% no mês passado, em comparação com março de 2014. Em meio ao fraco desempenho da economia doméstica, houve queda generalizada nas compras internacionais, mas o destaque foi para o recuo de 26,5% das importações de combustível e de lubrificantes --reflexo da retração da cotação do petróleo no mercado global. A despeito do encarecimento do dólar, as exportações brasileiras seguiram em queda em março. Elas somaram US$ 16,9 bilhões no mês, redução de 16,8% em um ano. A pauta de exportação brasileira é fortemente dependente de produtos básicos, com baixo valor agregado, que têm passado por um ciclo de desvalorização. A queda no preço desses produtos, como minério de ferro, soja e petróleo, justifica em grande parte a queda no valor das vendas do país.
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Segundo Herlon Brandão, diretor de Estatística e Apoio à Exportação do Mdic, essa tendência, que se intensificou no segundo semestre de 2014, deve permanecer forte na primeira metade do ano. Segundo ele, o dólar alto, que desencoraja importações e melhora a rentabilidade de exportadores, deve mitigar um pouco o efeito da queda dos preços. Esse efeito do câmbio, porém, ainda não repercutiu na exportação. Por mais que o volume exportado de alguns produtos básicos tenha crescido, a redução dos preços tem derrubado o valor que o Brasil recebe por essas exportações, afetando em cheio o saldo comercial do país. De janeiro a março, o Brasil exportou US$ 18,4 bilhões em produtos básicos, valor 21% inferior ao registrado no primeiro trimestre de 2014. Um dos casos mais emblemáticos é o do minério de ferro. Apesar da venda recorde no primeiro trimestre --79 milhões de toneladas--, a queda pela metade da cotação do produto derrubou o valor exportado em cerca de 50%. PETRÓLEO
A queda na cotação do petróleo e seus derivados também tem impactado a balança comercial brasileira, mas de formas antagônicas. O volume exportado do produto aumentou 87,8% neste trimestre. Mas, como o preço também tombou quase pela metade, o valor exportado caiu 5,8%. No entanto, como o país importa mais do que exporta derivados do petróleo, a baixa cotação acabou favorecendo o saldo comercial. A baixa atividade econômica e a menor disposição da indústria de se equipar também explicam a redução das importações. No primeiro trimestre, houve queda de 11% nas compras de bens de capital (máquinas e equipamentos) e 10% de insumos.
Queda das commodities reduz peso chinês nas exportações Fonte Jornal a Folha de São Paulo MAURO ZAFALON - mauro.zafalon@uol.com.br 02/04/2015
As commodities, salvadoras da balança comercial brasileira nos anos recentes, fecharam o primeiro trimestre sem dar muito ânimo à já combalida economia. A retração no setor é tão grande que a China, a principal parceira brasileira no comércio externo -principalmente na área de commodities-, teve uma intensa queda na participação total das exportações brasileiras.
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Os chineses importaram o correspondente a US$ 6,2 bilhões de janeiro a março deste ano, 35% menos do que em igual período de 2014. Com isso, a participação chinesa no comércio externo do Brasil recuou para 14,5% no trimestre, ante 19,3% de janeiro a março de 2014. União Europeia e Estados Unidos, menos participantes das importações de commodities brasileiras, elevaram a participação. Dois dos líderes desse setor, soja e minério de ferro, tiveram comportamento diverso no volume vendido. O Brasil exportou 79,3 milhões de toneladas de minério de ferro no ano, 10% mais em relação ao verificado em igual período de 2014. Já as exportações de soja em grãos caíram para 6,5 milhões de toneladas (-28%). Ambos, no entanto, perderam receitas porque houve intenso recuo dos preços médios praticados neste ano. Os dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) apontam que o minério de ferro, negociado, em média, a US$ 98,6 por tonelada nos três primeiros meses de 2014, esteve em US$ 48,9 de janeiro a março deste ano. No mesmo período, a soja exportada pelo país recuou de US$ 527,1 para US$ 401,8. Mas as exportações de soja vão se recuperar nos próximos meses. A safra foi maior e o volume a ser exportado neste ano será superior. O ritmo menor das exportações deste ano se deve a um atraso na colheita, além de dificuldades de logística. Com a valorização do dólar, a queda da soja não terá grandes efeitos no bolso do produtor -que recebe mais reais com a alta do dólar-, mas afetará a entrada de divisas no país. As estimativas são que as exportações de soja rendam US$ 8 bilhões a menos neste ano. O café continua com maré favorável. A exportação do primeiro trimestre somou US$ 1,5 bilhão, 40% mais do que em 2014. Além de o Brasil elevar a participação no comércio mundial, o café está em alta. Já as carnes tiveram perdas tanto nos preços médios como no volume médio negociado no trimestre.
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A exportação de carne bovina "in natura" caiu para 232 mil toneladas no ano, 24% menos do que em 2014. O preço, ao ficar em US$ 4.284 em média por tonelada, caiu 3%. Muito estranho A redução, de 10% para zero, da tarifa sobre a importação de cápsulas de café, que vem em um momento de aperto no Brasil, é muito estranha, de acordo com a indústria nacional. Serão beneficiados grandes importadores e prejudicadas as indústrias que começam a surgir no país. Temporário O setor espera que a isenção seja por pouco tempo. Caso contrário, as dezenas de pequenas empresas nacionais que começam a participar desse mercado serão sufocadas. O Brasil importou 391 mil quilos desse tipo de café no primeiro bimestre, 40% mais ante igual período de 2014. DE OLHO NO PREÇO cotações Mercado interno Suínos (R$ por arroba)63,80 Boi (R$ por arroba)150,00 Chicago Soja (US$ por bushel)9,89 Milho (US$ por bushel)3,81
Distribuidoras de produtos de tecnologia têm em 2014 a 1ª queda em cinco anos Fonte Jornal a Folha de São Paulo MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br 02/04/2015
Apenas o Nordeste e o Centro-Oeste conseguiram manter o ritmo de avanço nas vendas de produtos de tecnologia em 2014, segundo a Abradisti (Associação Brasileira dos Distribuidores de TI). "São regiões tradicionalmente menos atendidas, onde havia mais espaço para crescer", diz Mariano Gordinho, presidente da entidade.
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No Nordeste e no Centro-Oeste, o faturamento dos revendedores do setor avançou 15,9% e 10,2%. Nas demais regiões houve desaceleração, segundo a pesquisa encomendada à consultoria IT Data. O segmento representado pela Abradisti, que reúne distribuidoras de hardwares e softwares, fechou 2014 com um faturamento de R$ 12,6 bilhões, uma retração de 4% em relação ao ano anterior. Foi a primeira queda desde 2009. A deterioração da economia ao longo de 2014 influenciou no desempenho, segundo o executivo. "Muitas companhias avaliaram sua infraestrutura e se perguntaram se realmente precisavam trocar máquinas e softwares naquele momento em que o cenário já dava sinais de piora", afirma. "Nos casos em que a defasagem tecnológica não atrapalhou na produtividade, as empresas postergaram os seus investimentos." Com a piora da economia em 2015 e a expectativa de uma redução maior nos aportes dos grupos, o setor enfrentará mais um ano difícil. O aumento do dólar também encareceu os produtos, em sua maioria importados -mesmo os fabricados no país têm componentes tecnológicos trazidos de fora. "No fim do ano passado ainda esperávamos que 2015 poderia ser de recuperação, mas agora já acreditamos que, se repetirmos o desempenho de 2014, será bom." Rede... A suíça Kudelski Security, de segurança cibernética, instala um escritório próprio em São Paulo. ...protegida Até o final deste ano, a companhia pretende atingir 10% do mercado de defesa no país. Sala A GoWork, de escritórios compartilhados, abrirá neste ano quatro unidades, em São Paulo (três) e no Rio. BOA DE BICO
A Pif Paf, processadora de aves, suínos, massas e vegetais, investirá R$ 54 milhões para ampliar sua capacidade produtiva e desenvolver novas linhas de congelados.
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O segmento de frangos, que responde por cerca de 70% do faturamento da empresa, receberá R$ 37 milhões em aportes. A expectativa é aumentar de 150 mil para 180 mil o volume de abates por dia na planta de Palmeiras de Goiás (GO) e dobrar a parcela de industrialização dos produtos. Parte do plano é criar uma linha de cortes congelados em pacotes individuais, para facilitar a armazenagem. A estimativa é elevar em 10% o tíquete médio do item. "Apesar de estarmos preocupados com o contexto econômico, vemos o momento como uma oportunidade de acompanhar as novas preferências de consumo", diz Luiz Carlos Costa, diretor-superintendente da empresa. O recurso restante será usado para ampliar o abate de suínos e lançar linhas de pizzas e pães de queijo. NA PELE
A filial brasileira da La Roche-Posay, do ramo de dermocosméticos do grupo L'Oréal, quer se tornar, nos próximos três anos, o maior mercado da companhia. Hoje, o desempenho das vendas de produtos no Brasil só perde para a França, onde a marca foi fundada. Dos 40 produtos do portfólio nacional, metade é feita no Brasil, afirma Júlia Séve, diretora da subsidiária. Desde 2014, a empresa integra um centro de P&D que produz, entre outros, itens específicos para o consumidor nacional. "Com o centro de desenvolvimento, a tendência é lançarmos mais linhas que, além de atender as demandas da pele dos brasileiros, darão ao país uma participação maior no grupo", diz. A companhia também quer incrementar o desempenho das vendas on-line no país. Até 2020, a meta é saltar de 5% para 20%. 55 são os países onde a marca está R$ 70 é o tíquete médio dos produtos 100 são os funcionários no Brasil
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Balanço da Petrobrás não incluirá perdas com corrupção da Lava Jato FONTE RICARDO GRINBAUM - O ESTADO DE S. PAULO, 02 Abril 2015 às 05h 49
Método adotado para atualizar o valor dos ativos não considera os prejuízos com a corrupção apontados pela investigação; baixas contábeis devem ficar entre R$ 20 bilhões e R$ 40 bilhões, abaixo dos R$ 88 bilhões do cálculo apresentado em janeiro. A Petrobrás poderá ter de adiar, mais uma vez, a publicação do balanço financeiro do ano passado. Marcada para o dia 30 de abril, a divulgação pode atrasar porque os métodos adotados para apurar os resultados ainda estão sob análise da autoridade americana responsável pela vigilância do mercado, a SEC (Securities and Exchange Comission). Os técnicos da SEC receberam o relatório há duas semanas e não se manifestaram oficialmente sobre os procedimentos. Fontes ligadas à Petrobrás dizem, porém, que há sinais de que a metodologia será aprovada. O novo cálculo não levará em conta os prejuízos causados pela corrupção revelada pela Operação Lava Jato. E deverá levar a uma baixa contábil redução do valor dos ativos da empresa bem menor do que a conta anterior, feita em janeiro pela consultoria Delloite e pelo banco BNP. Pelos cálculos da Delloite, os ativos da Petrobrás estavam inflados em R$ 88,6 bilhões resultado de vários problemas, do superfaturamento das obras e à queda do preço do petróleo, que provoca desvalorização dos ativos. A crise provocada pela divulgação dos R$ 88,6 bilhões foi apontada como a causa da queda da presidente da Petrobrás, Maria Graça Foster. Desta vez, o método é diferente e o resultado é menor. Segundo uma fonte ligada à estatal, o valor final da baixa contábil ainda não foi definido, mas deve ficar entre R$ 20 bilhões e R$ 40 bilhões. Para chegar a este número, a Petrobrás não atualizou o valor de cada refinaria, alvo das investigações da Lava Jato, mas do conjunto delas. “Levamos em conta a sinergia entre as refinarias”, diz a fonte. Segundo esta fonte, é inviável calcular as perdas com a corrupção. A metodologia adotada agora é mesma usada tradicionalmente pela companhia. A origem da baixa contábil mudou: agora está concentrada na reavaliação de projetos que a Petrobrás colocou para ‘hibernar’ ou vender, principalmente as refinarias que não vão sair do papel.
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O método foi submetido à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), responsável pela fiscalização do mercado brasileiro, que indicou o que achava necessário conter no balanço. Se a SEC der o sinal verde, a auditoria PricewaterhouseCoopers (PWC), que havia se recusado a assinar o balanço após a Lava Jato, deve referendar o documento. Mas, mesmo se a SEC der o ok nos próximos dias, pode não haver tempo hábil para entregar o balanço até 30 de abril. A Petrobrás precisa de 10 dias para convocar uma assembleia e mais 30 para que os acionistas se manifestem. A estatal tem pressa porque os detentores de títulos da dívida podem pedir o pagamento antecipado do débito caso o prazo não seja cumprido. A empresa negocia mais prazo com os credores.
Novo presidente causa desconforto no conselho da Petrobrás FONTE JORNAL O ESTADÃO, DANIELA MILANESE, 01 Abril 2015 às 12:01 O nome de Murilo Ferreira, presidente da Vale e indicado para acumular a presidência do conselho da estatal no lugar de Guido Mantega, gera incômodo entre alguns membros.
Murilo Ferreira: substituto de Guido Mantega no Conselho da Petrobrás (Foto: Estadão)
As mudanças na Petrobrás foram insuficientes para resolver o desconforto existente dentro do próprio conselho de administração da empresa. Ainda existem dúvidas sobre a eficácia da composição do novo comando da estatal,
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em meio a tantos problemas enfrentados. Desta vez, o nome de Murilo Ferreira, indicado para acumular a presidência do conselho da estatal no lugar de Guido Mantega, contribui para o incômodo. A Petrobrás corre contra o tempo para finalizar e publicar o balanço auditado de 2014, ponto fundamental para começar a resgatar sua credibilidade e impedir o vencimento antecipado de suas dívidas. A tarefa é liderada por Aldemir Bendine, que substituiu Graça Foster na presidência da empresa, em fevereiro. A nomeação de Bendine causou reação negativa nos mercados, por sua forte ligação com o governo federal e atuação como presidente do Banco do Brasil. Investidores gostariam de um nome “a la Levy” para executar uma faxina e reformular a estratégia da empresa, em meio aos problemas financeiros e às denúncias da Operação Lava Jato. Sem esse perfil, Bendine recebeu voto contrário dos três conselheiros independentes da estatal: Mauro Cunha e José Guimarães Monforte, ligados a acionistas minoritários, e Silvio Sinedino, indicado dos funcionários. Na ocasião, conselheiros chegaram à beira da renúncia, em função de todo o desgaste provocado pela crise na companhia. No caso de Mauro Cunha, o fôlego durou menos de dois meses. Agora, o também presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec) evidencia publicamente seu descontentamento ao decidir deixar a empresa, depois de dois anos no cargo. “Tendo em vista minha frustração pessoal com a incapacidade do acionista controlador em agir com o devido grau de urgência para a reversão dos inúmeros problemas que trouxeram a Petrobrás à sua atual situação o que ficou ainda mais evidente com as propostas à assembleia geral ordinária (AGO) de 2015 – informo que não pretendo lançar meu nome como candidato para um novo mandato”, afirmou, em comunicado enviado aos acionistas da Petrobras. Por exigência da Lei das SA, ele ainda participará da assembleia para prestar contas sobre seu trabalho na estatal. As poucas palavras de Cunha embutem a falta de perspectiva sobre mudanças mais eficazes no comando da empresa. Na última reunião do conselho, realizada na semana passada, existia a expectativa de que a tão aguardada metodologia para elaboração do balanço seria analisada, até porque o diretor de Finanças da Petrobrás, Ivan Monteiro, havia se reunido informalmente com alguns conselheiros dias antes, para fazer esclarecimentos sobre as demonstrações financeiras. Entretanto, nada foi apresentado. Ficou a avaliação de que a situação da companhia não passará por uma grande transformação, embora o novo comando ainda não tenha tido a oportunidade de passar a atuar de forma completa.
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Murilo Ferreira, executivo bastante conceituado no mercado, deve ter seu nome aprovado na assembleia marcada para 29 de abril. Mas antes disso, nos bastidores, já se questiona sua capacidade de acumular a presidência do conselho da Petrobrás juntamente com a presidência da Vale, onde também permanecerá. “Uma empresa em crise precisa de alguém disponível para ser um presidente de conselho, para comandar um gabinete de crise”, afirmou a esta coluna uma fonte que acompanha o tema de perto. Mergulhada nas denúncias de corrupção da Lava Jato, a Petrobrás vive o momento mais difícil de sua história. Ao mesmo tempo, a Vale, liderada por Ferreira, também atravessa um momento desafiador diante do final do boom das commodities. Assim como o petróleo, o preço do minério de ferro despenca no mercado. Em um ano, as ações PNA da Vale acumulam queda superior a 40%, movimento mais expressivo do que a perda dos papéis PN da Petrobrás no mesmo período, de quase 35% o Ibovespa consegue registrar alta de 1,6% na comparação. Eventuais conflitos de interesses passam a ser observados no acúmulo das funções. Mas, sabe-se que do ponto de visto técnico não há impedimento para que um executivo assuma dois cargos do tipo. Basta lembrar a experiência recente de Abilio Diniz no comando do Pão de Açúcar e na presidência do conselho da BRF. Há outra questão que, neste momento, talvez pese ainda mais para os minoritários: o fato de Ferreira ter sido escalado diretamente pelo Planalto para a missão. Afinal, a ingerência do governo é apontada como um dos principais causadores dos problemas financeiros da Petrobrás.
Mais pobres têm maior queda de natalidade Para governo, dado quebra preconceito contra Bolsa Família Fonte O Globo 02 abr 2015
BRASÍLIA- Famílias que recebem o Bolsa Família tiveram menos filhos que a média brasileira entre 2003 e 2013. Enquanto o número de crianças de até 14 anos caiu 10,7% no país em todas as classes sociais, entre os 20% mais pobres — percentual que coincide com o público beneficiário do programa — a queda foi maior: 15,7%. Os números foram coletados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e divulgados pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS).
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Na Região Nordeste, houve queda de 26,4% de filhos entre os mais carentes no período analisado. Em 2013, as mães com maiores dificuldades financeiras nessa região tinham, em média, dois filhos. No Brasil, essa média era de 1,6. O governo viu nos resultados uma forma de quebrar o preconceito de que as mães beneficiárias do Bolsa Família procuram ter mais filhos para receber mais dinheiro do programa. — Atribuem aos mais pobres um comportamento oportunista em relação à maternidade, como se essas mães fossem capazes de ter mais filhos em troca de dinheiro. Isso é puro preconceito. É óbvio que esse valor (do Bolsa Família) não paga o leite da criança e as despesas que virão depois. Além disso, o preconceito parte do princípio de que o que move as pessoas para a maternidade ou a paternidade é apenas uma motivação financeira — afirmou a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello. ATÉ R$ 77 POR FILHO
Beneficiários do Bolsa Família recebem R$ 35 mensais por filho de até 15 anos. Nas famílias extremamente pobres, sem nenhuma renda, esse valor pode chegar até R$ 77. Entre os motivos considerados pelo ministério para a queda da fecundidade estão o maior acesso à informação sobre métodos contraceptivos e sexualidade, o aumento da escolaridade da mulher jovem, a ampliação da urbanização e o acesso aos serviços médicos.
Dilma e a liberdade de imprensa e expressão Discurso da presidente na posse de Edinho Silva é coerente com sua postura no primeiro mandato, quando não deu espaço a manobras como da ‘ regulação da mídia’.
Fonte O Globo 02 abr 2015
Democracia e liberdade são palavras de trânsito frequente na boca de governantes mesmo dos déspotas e liberticidas. O paradoxo costuma acontecer, com frequência, no realismo fantástico latino americano, em seus ciclos de nacional populismo, por definição autoritário. O continente passa por um desses momentos, mas o Brasil enfrenta incólume a zona de turbulência continental, em que pontifica a Venezuela, foco do bolivarianismo chavista, exportado para Bolívia, Equador, Nicarágua e com focos de contaminação na Argentina, a serem cauterizados nas próximas eleições presidenciais, como se espera. O vigor dos anticorpos institucionais brasileiros, de rejeição ao autoritarismo, é expresso de várias formas. Na terça, eles foram expostos no pronunciamento da presidente Dilma na posse de Edinho Silva, petista de
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carreira, como ministro da Comunicação Social (Secom), no lugar de Thomas Traumann. “Somos contra a censura, a autocensura, as pressões, os lobbies e os interesses não confessados que podem coibir o direito à livre manifestação e à liberdade de imprensa” — afirmou Dilma, em fase de baixa popularidade, enquanto ocorrem manifestações de rua contra seu governo e partido, o PT. Os anticorpos de proteção contra o autoritarismo derivam da força das instituições republicanas, fonte de inspiração de decisões sensatas de governantes para evitar a invasão dos espaços de liberdade garantidos pela Constituição. No primeiro governo Lula, por exemplo, o Planalto mandou para as gavetas o projeto de controle da produção audiovisual por meio de uma agência (Ancinav) e o de patrulhamento ideológico dos jornalistas profissionais por um conselho paraestatal. Prova do poder dissuasório das instituições e também da capacidade de mobilização dos que resistem ao nacional-populismo. O pronunciamento de Dilma na posse de Edinho é coerente com seu comportamento no primeiro mandato, quando não deu espaço a manobras de cerceamento do jornalismo profissional herdadas do período Lula, sob o disfarce de “regulação da mídia”. O lulopetismo comprou a ideia da “regulação” desenvolvida pelo chavismo, cujo objetivo é limitar a ação do jornalismo profissional independente, porque não vive de verbas oficiais —, por meio do abalo dos alicerces das empresas de comunicação, projeto em curso na Argentina. Como o jornalismo de qualidade é caro, trata-se de cortar seu financiamento. Dilma fez questão de destacar, no discurso, que a Secom “adotará o mais rigoroso cuidado” na distribuição das verbas de publicidade do governo, tema sensível devido ao documento apócrifo, mas com impressões digitais da secretaria, em que se reivindicava mais apoio financeiro a blogs e veículos em geral chapas-brancas. Outra maneira de cercear a liberdade de expressão, pois a mão que ajuda aliados prejudica supostos inimigos.
Abismos Ele teria problemas psicológicos, mas nada que o impedisse de comandar um avião, segundo a Lufthansa. Pelo menos para a empresa, ele era ‘ normal’
Fonte O Globo 02 abr 2015
Ninguém está livre de tentações absurdas. De, subitamente, surpreender a si mesmo com um ato inexplicável ou ceder à sedução do abismo. Uma pessoa “normal”, seja isto o que for, resiste às tentações. O ato doido imaginado nunca passa disso, imaginação. Ou então, seu mergulho no abismo é um gesto solitário, sem efeitos colaterais. O moço que jogou aquele avião contra uma
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montanha na França (até o momento em que escrevo não apareceu nenhuma outra explicação para a tragédia) levou 150 pessoas com ele para seu abismo particular. Ele teria problemas psicológicos, mas nada que o impedisse de comandar um avião, segundo a Lufthansa. Pelo menos para a Lufthansa, ele era uma pessoa “normal”. Só se pode especular sobre a sua ação. Como não tinha como prever a saída do piloto do seu lugar, ele provavelmente não havia planejado fazer o que fez. De repente, se viu sozinho na cabine de comando, com o avião nas suas mãos. Talvez tenha se auto inebriado com a enormidade do que poderia realizar. Cento e cinquenta pessoas, 150 destinos nas suas mãos. Não seria uma simples autodestruição, mas um suicídio compartilhado, uma obliteração em massa. Nos poucos minutos que durou a queda induzida do avião, ele deve ter se sentido como um deus, todo-poderoso e sem remorso. Mas sabe-se que sua respiração não se alterou durante a queda. Ele foi “normal” até o fim. Estamos todos nas mãos de pessoas “normais”, das quais nunca se espera que nos carreguem junto para seus abismos. Pode ser um piloto suicida, ou alguém que, de uma hora para outra, aparece armado e já chega atirando, e depois todos comentam como ele parecia ser um cidadão pacato. Ou pode-se imaginar loucuras mais altas. O presidente dos Estados Unidos, numa crise de depressão, e o seu equivalente na Rússia, depois de esvaziar uma garrafa de vodca, olham o botão vermelho sobre as suas mesas com o qual podem lançar um ataque nuclear que o outro responderá com a mesma potência, para destruir o mundo também em poucos minutos e se perguntam: “Por que não?” E apertam o botão, depois de trancarem a porta para ninguém entrar. Por que não? Li que concluíram que a ação do copiloto não foi um ato terrorista. Errado. O moço podia não ser um terrorista, mas foi o terror que derrubou o avião. O terror de que qualquer um é capaz, à beira do seu abismo. Mesmo pessoas normais, com ou sem aspas.
Privatizando na bacia das almas Estatal, super endividada, está desesperada atrás de caixa; o petróleo está em baixa forte e, parece, duradoura.
Fonte O Globo CARLOS ALBERTO SARDENBERG 02 abr 2015
Petrobras já está sendo privatizada. Não faltam manifestações a favor da Petrobras e contra sua privatização. O PT, sindicatos e associações de petroleiros atribuem a sanha privatista às elites e aos mercados.
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MARCELO
Mas a Petrobras já está sendo privatizada, e isso desde a época de Graça Foster. Chamam a operação de “vender ativos” ou “desinvestimento”, mas o nome é privatização na forma mais clássica: alienar patrimônio para pagar dívidas e fazer caixa. E mais: privatizam no pior momento. A estatal, super endividada, está desesperada atrás de caixa; o petróleo está em baixa forte e, parece, duradoura, o que desvaloriza todos os ativos do setor. Privatizam na bacia das almas. Parece ser a sina dos desenvolvimentistas: obrigados a tocar políticas ortodoxas para corrigir os estragos causados por suas políticas supostamente desenvolvimentistas. Com um agravante: são estranhos à ortodoxia, não a estudaram, não a praticaram, acabam fazendo tudo mal feito. Pensaram no atual momento do governo Dilma? Pois é isso mesmo, com uma diferença importante. A presidente chamou um legítimo ortodoxo, assim celebrado no Brasil e lá fora, para tocar esse serviço. Para quem considera que o ajuste é necessário, trata-se de uma vantagem. Mas os conflitos são inevitáveis. A presidente e o ministro Levy até que se esforçam para não criar atritos e/ou para desarmar os que aparecem. Mas toda vez que uma ou outro fala espontaneamente, quando deixam fluir as ideias, dá trombada.
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Levy respeita e ouve os mercados. Dilma diz que não governa para especuladores. O ministro considera que o ajuste das contas públicas é questão de princípio, que não há vida sem equilíbrio fiscal e monetário. Dilma acha que o ajuste é um atalho, um mal necessário para um problema momentâneo. Levy escreveu diversas vezes sobre os equívocos da política do governo Dilma-1. Previu os desastres quando disse, por exemplo, que o crescimento dos salários sem ganhos de produtividade levaria fatalmente ao aumento do déficit das contas externas e da inflação. Dilma acha que o crescimento dos salários é seu mérito e que os problemas vieram não disso, mas da crise internacional. Levy tem dito que a crise já acabou. Dilma ainda sustenta que a Europa está estragando tudo com sua austeridade. Então, poderão perguntar, por que a presidente aplica aqui a mesma austeridade? Não é a mesma, sustenta a presidente. Lá é questão de princípio, aqui é mal passageiro. Levy disse que a alta de salários sem ganhos de produtividade aperta o lucro das empresas, o que não é bom, porque estas param de investir. Dilma acha que o ajuste tem que ser mais em cima das empresas. Levy diz que os bancos públicos vão elevar suas taxas de juros, as taxas que Dilma mandara derrubar. Levy quer um amplo programa de privatização de estradas, portos, aeroportos, para o qual considera que as tarifas devem ser atraentes, ou seja garantir o bom lucro dos investidores. Para Dilma, o mais importante é a tarifa baixa. MENTIRICÍDIO
Muita gente no governo diz que Levy comete sincericídio. Querem, pois, que cometa mentiricídios. Ele não tem feito isso, mas dá umas voltinhas. Por exemplo: diz que o ajuste das contas públicas tem como objetivo o crescimento econômico. Não é bem assim. Difícil ter crescimento sustentado com desajuste das contas públicas. Mas contas em ordem não garantem crescimento. É perfeitamente possível ter orçamento equilibrado e estagnação. O que garante crescimento é investimento, especialmente em infraestrutura e, no nosso caso, via privatizações quer dizer, perdoem, concessões. BOM PARA A CHINA
A política externa da China tem um grande objetivo: garantir o abastecimento de comida, matérias-primas e petróleo. Na outra mão, abrir e consolidar mercado para seus produtos industrializados. Com enorme poupança, a China paga adiantado e assim financia a produção do que vai receber lá na frente. A petroleira que recebe o financiamento fica amarrada ao credor por muitos anos.
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Com a Argentina, a China fez um monte de acordos desse tipo, de financiar a troca de alimentos por industrializados. A Argentina está sem acesso aos mercados internacionais de crédito e assim se agarra ao dinheiro chinês. Por isso, a Petrobras precisa explicar muito bem como foi esse acordo pelo qual vai receber US$ 3,5 bilhões do Banco de Desenvolvimento da China. NÃO PODE
Parece que a gente está anestesiada diante de tanto malfeito. Mas convém reparar: o presidente da Vale, Murilo Ferreira, não pode ser o presidente do Conselho de Administração da Petrobras. As duas têm negócios e operações conjuntas que podem levar a conflito de interesses. Além disso, a Vale tem um pé no governo ou o governo tem um pé na Vale. E tudo bem com o mesmo executivo como chairman e CEO das duas maiores companhias?
Projeto propõe que petroleira deixe de ser operadora exclusiva do pré-sal Texto tramita na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. “Se a exploração ficar dependente da Petrobras, não avançará” José Serra Senador do PSDB-SP.
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Fonte O Globo DANILO FARIELLO danilo. fariello@ bsb.oglobo.com. br ELIANE OLIVEIRA elianeo@ bsb.oglobo.com. br 2 abr 2015
BRASÍLIA- Projeto do senador José Serra (PSDB-SP), que tramita na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ), propõe retirar da Petrobras a exigência de que a estatal seja operadora exclusiva dos campos de petróleo no pré-sal, como forma de fortalecer a empresa no cenário atual de crise. De acordo com o senador, a Petrobras não tem condições de, atualmente, atender à exigência de participação mínima de 30% nos grupos de exploração e produção do pré-sal. SAÚDE FINANCEIRA
Para Serra, o fim da obrigatoriedade de participação da Petrobras no présal ser ia positivo para a empresa, porque ajudaria a preservar sua saúde financeira, melhoraria as expectativas do mercado com relação à petroleira e também poderia aumentar a celeridade na exploração da camada de petróleo no présal, com empresas mais robustas financeiramente. — O projeto elimina a obrigatoriedade, mas não elimina a possibilidade de a Petrobras ser a única operadora do pré-sal. A empresa não tem condição de assumir esse encargo. Se a exploração ficar dependente da Petrobras, não avançará disse Serra.
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O senador destacou que a exploração do pré-sal tem urgência para o país, pois a oferta interna de petróleo em um futuro próximo dependerá dessa exploração, sobretudo a partir de 2020. Ele lembra, ainda, que a sucessão de escândalos envolvendo a Petrobras criou uma situação quase insustentável para a companhia, que tem um programa de investimentos da ordem de US$ 220 bilhões até 2018. ‘VISÃO IDEOLÓGICA’ Para Serra, o projeto de lei deverá conquistar apoio de parlamentares que queriam defender a Petrobras neste momento em que a empresa sofre com a queda do preço do barril do petróleo no mercado internacional e com a Operação Lava-Jato. — Eu espero apoio, porque o projeto é para fortalecer a Petrobras. Quem estiver realmente preocupado com a Petrobras e, não com bandeiras político eleitorais, deverá apoiá- lo disse o senador tucano. O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) manifestou apoio à proposta: — Mais dia, menos dia, a ficha terá de cair no governo federal. Os fatos da vida real vão se sobrepor a essa visão ideológica de querer dar ao Estado um papel além do que este deve ter. Está evidente que precisamos flexibilizar esse sistema. O Brasil só perdeu, depois que saiu da concessão para a partilha, e a Petrobras também. Procurada, a Petrobras informou que não comentaria o conteúdo do projeto de lei.
Vendas de veículos caem 17%, e montadoras reduzem produção Pirelli negocia suspensão temporária do contrato de trabalho de 1.500 funcionários Fonte O Globo João Sorima Neto 02 abr 2015
-SÃO PAULO- As vendas de veículos encerraram o primeiro trimestre do ano em queda, confirmando a retração do setor automotivo verificada desde o ano passado no país. Segundo os números apurados pelo GLOBO, as vendas (carros de passeio, utilitários, ônibus e caminhões) encolheram 17,03% entre janeiro e março frente ao mesmo período do ano passado. Foram comercializadas 674 mil unidades, contra 812 mil nos primeiros três meses de 2014. Quando são consideradas só as vendas de carros de passeio e utilitários, a queda é ainda maior: 19,7%. Até março, foram comercializadas 646 mil unidades frente às 805 mil do primeiro trimestre do ano passado. A Anfavea, associação que reúne as montadoras, prevê vendas estáveis em 2015 em relação ao ano passado, quando foram comercializados 3,4 milhões de unidades, mesmo patamar de 2010.
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— Nós acreditamos que os estímulos dados ao crédito e a nova legislação, que permite a retomada rápida do bem em caso de inadimplência, devem reaquecer os negócios disse Luiz Moan, presidente da Anfavea, na primeira reunião da associação este ano. Em março, as vendas mantiveram o ritmo de queda dos dois meses anteriores. O total vendido chegou a 234,6 mil no mês passado, recuo de 2,6% frente a março de 2014. Com a economia crescendo pouco, a inflação e os juros em alta, e o temor do desemprego, o consumidor está mais cauteloso e evita dívidas de longo prazo. O fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), em janeiro, piorou o quadro ao provocar reajustes nos preços. VOLKS DÁ FÉRIAS COLETIVAS
As montadoras já começam a ajustar a produção à demanda menor e enxugam o quadro. A Anfavea estima que, só nos dois primeiros meses do ano, as fábricas de automóveis demitiram mais de mil pessoas. Há layoffs (suspensão temporária de contrato de trabalho), programas de demissão voluntária e férias coletivas em andamento. Esta semana, a fábrica da Volkswagen em Taubaté deu férias coletivas de 20 dias a 4.200 funcionários. Ontem, a Pirelli informou que negocia colocar em layoff 1.500 funcionários de suas quatro fábricas no Brasil.
Governo espera arrecadar R$ 2,7 bi com elevação de PIS e Cofins sobre receita financeira de empresas Alíquota total das contribuições subiu de zero para 4,65%. Cerca de 80 mil companhias são afetadas FONTE O GLOBO 02/04/2015 ÀS 12H 10
SÃO PAULO - Como parte do esforço para aumentar a arrecadação e reduzir o déficit fiscal, o governo federal restabeleceu impostos sobre receitas financeiras
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que atingirão, segundo a Receita Federal, 80 mil empresas. Com a elevação, a estimativa do Fisco é arrecadar cerca de R$ 2,7 bilhões, somente entre agosto, quando o dinheiro começa a entrar nos cofres públicos, e dezembro deste ano. Reduzida a zero como medida de estímulo adotada no passado, a alíquota do PIS-Pasep subiu para 0,65% e a do Cofins, a 4%, numa taxação total de 4,65% que vai incidir inclusive sobre receitas decorrentes de operações realizadas para fins de hedge (proteção), segundo o texto. A medida está em decreto publicado em edição extra do Diário Oficial da União e vale para empresas sujeitas ao regime de apuração não-cumulativa. • •
VEJA TAMBÉM: No Senado, Levy não descarta criar novo imposto para ajudar no ajuste fiscal Papel dos bancos públicos vai mudar, diz ministro
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Analistas: efeito do ajuste fiscal só deve aparecer nos números de março
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Governo federal e estatais puxam rombo de R$ 2,3 bi do setor público
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Tesouro, Previdência e Banco Central registram déficit de R$ 7,4 bi em fevereiro
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Entenda a diferença entre o cálculo do Tesouro e o do BC
O decreto afirma ainda que ficam mantidas as alíquotas de 1,65% do PIS/Pasep e de 7,6% do Cofins aplicáveis aos juros sobre o capital próprio. As mudanças passam a ter efeito a partir de 1º de julho de 2015. De acordo com o comunicado da Receita, as alíquotas foram zeradas em 2005 como compensação pelo fim da possibilidade de deduzir despesas financeiras decorrentes de empréstimos e financiamentos. A base de cálculo ficou restrita ao faturamento (receita bruta), que alcança apenas receitas decorrentes da venda de bens e serviços. O Fisco afirma que a elevação foi adotada "para evitar abrir mão de importantes recursos para a seguridade social, sem que se vislumbre, hoje, motivação plausível para tal renúncia e valendo-se da prerrogativa legal de restabelecer as alíquotas em tela para as pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração não cumulativa, concedida ao Poder Executivo".
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LEI PERMITE AUMENTO ATÉ 9,25% O restabelecimento de alíquotas, frisa a nota oficial, é parcial, já que a lei permite elevação até 9,25%, sendo 1,65% do PIS/Pasep e 7,6% da Cofins. Esta semana, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse que, antes da criação novos impostos para ajudar no ajuste fiscal, é preciso calibrar os tributos que já existem e que passaram por desequilíbrios nos últimos anos. — Antes de criar novos impostos temos que acertar os que estão aí. Foram criados desequilíbrios (nos últimos anos). As contas do governo registraram em fevereiro o pior resultado para o mês desde o início da série histórica do Tesouro Nacional, em 1997. No mês passado, o governo central — que reúne Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central — registrou déficit primário de R$ 7,4 bilhões. Isso significa o governo gastou mais do que arrecadou e não conseguiu poupar nenhum centavo para pagar juros da dívida pública. Em fevereiro de 2014, as contas do governo central haviam ficado negativas em R$ 3,1 bilhões. Até agora, o pior resultado para o segundo mês do ano havia ocorrido em 2013 — quando houve déficit primário de R$ 6,6 bilhões. Com o resultado divulgado nesta terça-feira, no acumulado do primeiro bimestre, o resultado do governo ficou positivo em R$ 3,1 bilhões — uma queda de 68,8% na comparação o superávit primário de R$ 9,9 bilhões registrado nos dois primeiros meses de 2014. Esse foi o menor valor para um primeiro bimestre desde 2009 nos dois primeiros meses daquele ano, houve superávit primário de R$ 2,8 bilhões