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EFICÁCIA E TREINO EM PSICOTERAPIA: ONDE

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PREFÁCIO

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Como melhorar os resultados de psicólogos clínicos e psicoterapeutas? Isto é, como tornar mais provável ajudar o maior número de pessoas a atingir os seus objetivos emocionais, relacionais e comportamentais? A resposta é complexa, claro. Ainda é necessário entender melhor o que contribui para a eficácia dos psicoterapeutas e os processos dentro de sessão que levam aos resultados desejados (Barkham & Lambert, 2021; Greenberg, 1999). Cremos que uma das vias mais relevantes para melhorar resultados clínicos é através de uma renovação dos nossos métodos de treino. A tese principal deste manual é que, de acordo com a investigação das últimas décadas, é possível melhorar a eficácia clínica dos terapeutas ao integrar um tipo de treino experiencial e sistemático (Vaz & Rousmaniere, 2021; Wampold et al., 2019). Neste capítulo, resumimos ideias-chave da investigação em psicoterapia, do papel do psicoterapeuta e do treino e supervisão de terapeutas. Esta contextualização permitirá entender a relevância da prática deliberada em psicoterapia (Capítulo 2 –“Prática Deliberada: Princípios e Aplicações em Psicoterapia”) e as competências clínicas que devem ser mais treinadas (Capítulo 3 – “O Que Devem os Psicoterapeutas Treinar?”).

A psicoterapia é hoje uma área de investigação muito estudada, com mais de 60 000 artigos científicos publicados nos últimos 30 anos (Lambert, 2013a). Um dos primeiros passos na sua história foi o desenvolvimento de numerosas abordagens teóricas, como a psicanalítica, a cognitivo-comportamental e a humanista-existencial (Norcross, VandenBos et al., 2011). Cada uma destas abordagens investiga e defende um conjunto de teorias da perturbação e da intervenção psicológica (Prochaska & Norcross, 2018). Esperava-se que as diferentes psicoterapias, por sua vez, demonstrassem diferenças significativas não só no tipo de intervenções feitas, como também que estas intervenções fossem o ingrediente determinante para a eficácia da psicoterapia. Assim, o século XX foi marcado por um clima de competição entre as abordagens terapêuticas, levando a uma era da investigação, em parte, centrada na comparação direta entre abordagens (Seligman, 1995; Smith & Glass, 1977; Wampold et al., 1997).

Apesar deste contexto histórico, autores como Rosenzweig (1936) e Jerome Frank (Frank & Frank, 1993) apelaram desde cedo à existência de “fatores comuns” em psicoterapia – isto é, que a maior parte dos resultados clínicos poderiam ser explicados devido a um conjunto de ingredientes transversais a qualquer abordagem terapêutica, como por exemplo a criação e manutenção de uma aliança terapêutica sólida (Horvath et al., 2011; Messer & Wampold, 2002).

Este debate psicoterapêutico e as décadas de investigação “acumuladas” levaram a um conjunto de conclusões, sugestões e desafios relevantes. Iremos dividir estes resultados nos seguintes temas: (1.1) a eficácia geral da psicoterapia; (1.2) os desafios contemporâneos; (1.3) o Modelo Contextual; (1.4) fundamentos empíricos do Modelo Contextual; (1.5) os efeitos do terapeuta; e (1.6) o treino e a supervisão de psicoterapeutas.

1.1. A EFICÁCIA GERAL DA PSICOTERAPIA

A década de 50 foi marcada por um debate intenso e controverso entre Eysenck e Strupp, em que o primeiro autor defendeu não existirem provas conclusivas a favor da eficácia das intervenções psicológicas (Wampold, 2013). Este episódio ajudou a despoletar uma nova era de investigação psicoterapêutica, aumentando exponencialmente a quantidade e qualidade de estudos disponíveis. Mais de meio século depois, o que podemos concluir sobre a eficácia das intervenções psicológicas na atualidade? Que:

• A psicoterapia é eficaz (Lambert, 2013b; Miller et al., 2013; Wampold, 2013). As intervenções psicológicas têm resultados consistentemente superiores no aliviar do sofrimento psicológico, quando

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