Serviço Social e Intervenção pela Arte (9789896931834)

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socialserviço intervenção e pela arte

Coordenação:

Maria Irene de Carvalho Josiani Oliveira

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Coordenadoras

MARIA IRENE DE CARVALHO Assistente Social. Professora Associada no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa (ULisboa). Investigadora integrada no Centro de Administração e Políticas Públicas (CAPP) do ISCSP-ULisboa. Membro de associações nacionais e internacionais na área da pro ssão, do Ensino e da Investigação em Serviço Social. Autora de mais de 50 artigos cientí cos com revisão de pares e 35 capítulos de livros sobre o tema do Serviço Social. Coordenadora e autora de livros sobre Serviço Social publicados pela PACTOR.

socialserviçointervenção e arte pela

A intervenção social pela arte não é só um método movimento estético, ético e político, representando social. A liberalização dos serviços públicos e estética ao Serviço Social, um novo movimento a tecnocracia.

Coordenação:

Maria Irene de Carvalho

Josiani Oliveira

JOSIANI OLIVEIRA Professora no Departamento de Pesquisa Social e do Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) – Campus de Franca. Tem experiência na área de Serviço Social, com ênfase em Envelhecimento, Direitos Humanos, Formação Pro ssional, e Arte e Serviço Social. Líder do grupo de estudo e pesquisa PRAPES – Práticas de Pesquisa: Perspectivas Contemporâneas.

Os assistentes sociais, não sendo artistas, constituem-se mudança social, que se materializa entre o sistema xão que o Serviço Social e a intervenção pela arte ciplinar, com potencial para o desenvolvimento

Estes pro ssionais sociais têm-se destacado na ca social, tais como a ação social, a educação, a – em suma, na defesa dos direitos humanos e venção pela arte, bem como os seus principais -se, sem dúvida, de um importante contributo sempre revelados na literatura. É uma obra estudantes comprometidos com intervenções

Autores

Neste livro abordam-se as seguintes temáticas: Livros sobre temas e tendências atuais do Serviço Social.

Práticas de intervenção em:

Saúde

Envelhecimento

Famílias

Educação

Catástrofes

Arte

ADRIANA GIAQUETO JACINTO | ANA ESGAIO | ANA PAULA SILVA | BRUNA PEREIRA CAETANO | CRISTINA SARAIVA | EDUARDO

Arte enquanto campo de ação

MARQUES | ILDA REIS | JOSIANI OLIVEIRA | MANUEL MUÑOZ

Arte como instrumento de investigação e trabalho

BELLERIN | MARCO DOMINGUES | MARÍA CANTONE NÚÑEZ |

Práticas e Investigação Comunitária Baseadas

MARIA IRENE DE CARVALHO | MARIA JOSÉ DE OLIVEIRA LIMA |

Investigação baseada nas artes e corporeidade

Linguagem artística e intervenção social

MARINA CAMPANATTI | NURIA CORDERO RAMOS | PAULA

DOMINGOS | PAULA NOBRE DE DEUS | REGINA FERREIRA

O “Teatro do Oprimido” e as suas potencialidades

VIEIRA | TÂNIA SILVA | VERA NÚBIA SANTOS

Exemplos de prática

Ver

Serviço Social e Intervenção pela Arte

Maria Irene de Carvalho e Josiani Oliveira Coordenação

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DISTRIBUIÇÃO

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ISBN edição impressa: 978-989-693-183-4

1.ª edição impressa: novembro de 2024

Paginação: Carlos Mendes

Impressão e acabamento: Cafilesa – Soluções Gráficas, Lda. – Venda do Pinheiro

Depósito Legal n.º 539503/24

Capa: José Manuel Reis

Imagem de capa: © Furyon/Adobe Stock Photo

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Práticas e Investigação Comunitária Baseadas em Arte como Ferramenta para o Desenvolvimento da Inovação Social e das Próximas Práticas em Serviço

María Cantone Núñez e Ana Esgaio

Práticas e Investigação Comunitária Baseadas em Arte: conceito, enquadramento

Linguagem Artística e Intervenção Social: Criar Caminhos e Possibilidades através da Arte

Ana Paula Silva e Marina Campanatti

Linguagem artística como ferramenta potenciadora da intervenção social com crianças e jovens de meio urbano estigmatizado .........................................................

audiovisual: olhar com outros olhos, criar possibilidades

Artes plásticas: compreensão de si, reflexão para todos

comunidade:

Projeto “Portugueses Ilustres”: A Escrita Criativa e a Teatralização como Instrumental Artístico na Intervenção Social em Centro de Atividades de Tempos Livres

Regina Ferreira Vieira

e teatralização como recursos para a intervenção social: o exemplo

Os AutOres

Coordenadoras e Autoras

Maria Irene de Carvalho

Assistente Social, licenciada e mestre em Serviço Social pelo Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa (ISSSL). Doutora em Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa – Instituto Universitário de Lisboa (Iscte-IUL). Possui um Diploma de Estudos Avançados em Serviço Social e uma pós-graduação em Família e Sociedade pelo Iscte-IUL, bem como um Diploma Universitário de Especialização em Ciências da Educação pelo Instituto de Educação da Universidade de Lisboa (ULisboa). Pós-doutorada em Direitos Humanos, Saúde e Justiça pelo Ius Gentium Conimbrigae/Centro de Direitos Humanos (IGC/CDH) e pelo Portuguese Speaking Countries Observatory on Human Rights (POSCOHR), Universidade de Coimbra (UC). Professora Associada no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da ULisboa. Leciona na licenciatura em Serviço Social, no mestrado em Serviço Social e Sustentabilidade, e no doutoramento em Política Social. Coordenadora-Adjunta na Unidade de Coordenação de Serviço Social e Política Social, e coordenadora dos estágios pedagógicos da licenciatura em Serviço Social (em colaboração). Investigadora integrada no Centro de Administração e Políticas Públicas (CAPP) do ISCSP-ULisboa. Membro de associações nacionais e internacionais na área da profissão, do Ensino e da Investigação em Serviço Social, como a International Association of Schools of Social Work (IASSW), e membro do conselho editorial do European Journal of Social Work. Autora de mais de 50 artigos científicos com revisão de pares e 35 capítulos de livros. Coordenadora e autora de livros sobre Serviço Social publicados pela PACTOR.

Josiani Oliveira

Licenciada, mestre e doutora em Serviço Social pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) – Campus de Franca. Pós-doutorada em Ciências da Saúde pela Universidade de Aveiro (UA). Pós-doutorada pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa (ULisboa). Professora no Departamento de Pesquisa Social e do Programa de Pós-Graduação da UNESP – Campus de Franca. Tem experiência na área de Serviço Social, com ênfase em Envelhecimento, Direitos Humanos, Formação Profissional, e Arte e Serviço Social. Líder do grupo de estudo e pesquisa PRAPES – Práticas de Pesquisa: Perspectivas Contemporâneas.

Autores

Adriana Giaqueto Jacinto

Licenciada, mestre e doutora em Serviço Social pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) – Campus de Franca. Licenciada em Letras pela UNESP – Campus de Franca. Pós-doutorada em Serviço Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Docente em cursos de graduação e pós-graduação na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais (FCHS) da UNESP – Campus de Franca. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a Dimensão Educativa no Trabalho Social (GEDUCAS).

Ana Esgaio

Doutora em Ciências Sociais, na especialidade de Serviço Social. Professora Auxiliar no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa (ULisboa). Desenvolve as suas atividades de docência e de investigação em Serviço Social, Responsabilidade Social e Intervenção Comunitária. Membro do Centro de Administração e Políticas Públicas (CAPP). Participou na gestão de projetos e redes locais, particularmente no concelho de Oeiras, onde desenvolveu a sua atividade profissional durante dez anos. Tem acompanhado o desenvolvimento de programas comunitários e de instrumentos de planeamento estratégico em contexto autárquico, integrando também redes nacionais de promoção da responsabilidade social nas organizações.

Ana Paula Silva

Assistente Social, licenciada em Serviço Social pelo Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa (ISSSL) e mestre em Serviço Social e Política Social pela Universidade Lusófona (Lisboa). Foi docente na licenciatura em Serviço Social na Universidade Lusófona (Lisboa). Possui mais de 25 anos de experiência em intervenção e investigação-ação no CESIS – Centro de Estudos para a Intervenção Social e na CooperActiva – Cooperativa de Desenvolvimento Social, no âmbito de projetos dirigidos a crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social e às famílias em contextos socioeconomicamente desfavorecidos, no concelho da Amadora. Além do atendimento e acompanhamento social, tem aliado a intervenção social à linguagem artística, desenvolvendo projetos que proporcionam às crianças, jovens e famílias o contacto com esta forma de expressão e o acesso democratizado às artes.

Bruna

Licenciada em Serviço Social pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) – Campus de Uberaba. Mestre em Serviço Social pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) – Campus de Franca. Mestranda em Estudos Internacionais pela Università Roma Tre. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a Dimensão Educativa no Trabalho Social (GEDUCAS). Graduada no curso técnico de Teatro pela Oficina de Artes Cênicas Sebastião Furlan. Desenvolve investigação nas áreas de Arte e Sociedade, Cultura e Sociedade, Teatro enquanto Instrumento Educativo, Serviço Social Aplicado e Dimensão Educativa do Serviço Social.

Cristina Saraiva

Licenciada em Serviço Social e mestre em Serviço Social e Política Social. Pós-graduada em Política Social e Serviço Social. Possui formação profissional em cerâmica industrial, com especialidade em vidrados. Exerce a sua atividade profissional numa biblioteca municipal, onde desenvolve projetos de capacitação e empoderamento através de livros, textos e trabalhos artísticos com todas as faixas etárias.

Eduardo Marques

Assistente Social, licenciado em Serviço Social pelo Instituto Superior Miguel Torga (ISMT). Doutor em Serviço Social pela Universidad Complutense de Madrid. Professor Auxiliar e Diretor da licenciatura em Serviço Social da Universidade dos Açores (UAc), lecionando diversas unidades curriculares de Serviço Social. Investigador afiliado no Centro Lusíada de Investigação em Serviço Social e Intervenção Social (CLISSIS) da Universidade Lusíada (UL) e no Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (CICS) da UAc. Membro do Comité Editorial Internacional da revista Espacios Transnacionales: Revista Latinoamericana­Europea de Pensamiento y Acción Social. Membro do Comité Científico da Rede de Pesquisa para Diversidade em Organizações, Comunidades e Nações. Ex-Embaixador do Pacto Europeu para o Clima, no âmbito da iniciativa climática da União Europeia (DG CLIMA).

Ilda Reis

Assistente Social, licenciada em Serviço Social pelo Instituto Superior de Serviço Social do Porto (ISSSP), e Terapeuta Familiar e Interventora Sistémica (sócia efetiva da Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar – SPTF). Mestre em Mediação e Interculturalidade pela Universidade Fernando Pessoa (UFP). Doutoranda em Psicologia Clínica/Psicologia da Família e Intervenção Familiar (programa interuniversitário da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra – FPCE-UC e Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa – FP-ULisboa). Investigadora na área da Intervenção Familiar no Apoio à Parentalidade. Pós-graduada em Saúde e Intervenção Social pelo Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa (ISSSL) e em Aconselhamento e Intervenção Psicossocial pelo Instituto Superior Miguel Torga (ISMT). Mediadora de Conflitos pela UFP. Mediadora Familiar pelo Instituto Português de Mediação Familiar (IPMF). Possui mais de 22 anos de experiência profissional em vários contextos de intervenção (saúde, ação social, infância e juventude, escolar). Fundadora do Gabinete Ilda Reis – Serviço Social, Saúde e Educação, disponibilizando consulta de Serviço Social Clínico, Terapia Familiar, Mediação Familiar e Aconselhamento Parental, bem como formação especializada nas áreas de formação académica. Mentora em Serviço Social.

Manuel Muñoz Bellerin

Doutor em Ciências Sociais pela Universidad Pablo de Olavide. Pós-doutorado em Culturas Urbanas, Sociabilidades e Participação pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES-UC). Professor Contratado Doutor no Departamento de Trabalho Social e Serviços Sociais da Universidad Pablo de Olavide. Investigador Colaborador no CES-UC. Autor de artigos científicos no

âmbito da Criação Coletiva e Serviço Social, Metodologias Artísticas e Ciências Sociais, e Corporeidade Criativa no Serviço Social.

Marco Domingues

Licenciado em Serviço Social pelo Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa (ISSSL), mestre em Economia Social e Solidária pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa – Instituto Universitário de Lisboa (Iscte-IUL). Tem o título de especialista em Serviço Social atribuído pelo Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB). Doutor em Sociologia pela Universidade da Beira Interior (UBI). Investigador integrado na Age.Comm – Unidade de Investigação Interdisciplinar – Comunidades Envelhecidas Funcionais do IPCB. Coordenador da licenciatura em Serviço Social da Escola Superior de Educação (ESE) do IPCB. Desenvolve investigação em áreas associadas à Prática Pré-Profissional, Intervenção Comunitária, Comunidades Envelhecidas, Economia Social e Desenvolvimento Local, Serviço Social “Verde” e Ativismo. Detém uma vasta experiência enquanto dirigente de Organizações da Economia Social, nomeadamente, como Presidente da Associação Animar – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local (2016-2024) e Vice-Presidente da Confederação Portuguesa de Economia Social (2019-2024).

María Cantone Núñez

Assistente Social e mestre Erasmus Mundus em Advanced Development in Social Work (ADVANCES). Facilitadora em Inovação Comunitária e Artes. Especializada em Metodologias Participativas e Investigação Baseada em Artes. Comprometida com a promoção dos direitos humanos a partir de uma perspetiva interseccional e intercultural. Possui experiência em projetos comunitários no Uruguai, Malawi, África do Sul, Portugal e Itália.

Maria José de Oliveira Lima

Licenciada, mestre e doutora em Serviço Social pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) – Campus de Franca. Docente em cursos de graduação e pós-graduação na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais (FCHS) da UNESP – Campus de Franca. Possui experiência em investigação na área de Serviço Social, com ênfase em Gestão, Gestão do Trabalho Coletivo, Gestão de Políticas Públicas, Gestão de Políticas de Educação, Gestão de Organizações Públicas e Privadas, Formação e Trabalho Profissional. Líder do Grupo de Estudo e Pesquisa Gestão Socioambiental e a Interface com a Questão Social (GESTA).

Marina Campanatti

Artista-Pedagoga, Atriz, Investigadora e Poeta. Mestre em Teatro e Comunidade pela Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC) do Politécnico de Lisboa. Técnica em projeto de intervenção local nos bairros de realojamento social Zambujal e Casal do Silva, na Amadora, pela CooperActiva – Cooperativa de Desenvolvimento Social. Autora do livro Afetos Navegantes: Olhar o Porto do Mar. Campeã nacional de Poetry Slam (2023, Portugal Slam) e representante de Portugal nos eventos internacionais.

Nuria Cordero Ramos

Doutora em Direitos Humanos. Professora Titular no Departamento de Trabalho Social e Serviços Sociais da Universidad Pablo de Olavide. Membro do Grupo de Acción Social y Acción Participativa (GISAP), integrando, também, a Red LIESS (Laboratorio Iberoamericano para el Estudio Sociohistórico de las Sexualidades). Desenvolve investigação aplicada na área de Tráfico de Seres Humanos, bem como investigação nos campos da Ética, Direitos Humanos e Arte com grupos socialmente excluídos. Autora de artigos científicos e capítulos de livros, com participação em congressos e seminários.

Paula Domingos

Assistente Social, mestre em Política Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa (ULisboa). Membro da Coordenação Nacional das Políticas de Saúde Mental do Ministério da Saúde e Técnica Superior na Direção-Geral da Saúde (DGS). Membro da Comissão Nacional de Acompanhamento da Rede Nacional de Apoio aos Militares e Ex-Militares Portugueses Portadores de Perturbação Psicológica. Integra a Comissão Executiva do Plano Nacional de Saúde para as Demências. Desde 1993, exerce a sua atividade profissional de Assistente Social na área da Saúde Mental, inicialmente no setor social convencionado e presentemente no setor público. Em 1992, recebeu o Prémio BIAL de Medicina Clínica, em coautoria, pelo estudo Os Filhos dos Toxicodependentes: Novo Grupo de Risco Biopsicossocial

Paula Nobre de Deus

Assistente Social, licenciada em Serviço Social pelo Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa (ISSSL), mestre e doutora em Serviço Social pela Universidade Católica Portuguesa (UCP). Professora Auxiliar Convidada no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa (ULisboa). Investigadora integrada no Católica Research Centre for Psychological, Family and Social Wellbeing. Assistente Social e Terapeuta Familiar com uma longa experiência de intervenção na área da violência nas relações de intimidade e com crianças e jovens em situação de risco e suas famílias, na Associação de Amigos da Criança e da Família “Chão dos Meninos”. Autora de publicações nas referidas áreas e na de Políticas da Família, bem como do livro As Mulheres Não Morrem de Amor.

Regina Ferreira Vieira

Licenciada e mestre em Serviço Social pelo Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa (ISSSL). Doutora em Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa – Instituto Universitário de Lisboa (Iscte-IUL). Docente na área de formação do Serviço Social na Escola Superior de Educação (ESE) do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), onde foi coordenadora da licenciatura em Serviço Social. Investigadora integrada na Age.Comm – Unidade de Investigação Interdisciplinar – Comunidades Envelhecidas Funcionais do IPCB. Assistente Social, com intervenção direta, entre 1997 e 2014, com funções de Direção Técnica no Centro de Acolhimento Temporário Casa do Infantado e no Centro de Atividades de Tempos Livres da empresa QUINA, lda.

Associada e Vogal da Direção Nacional da Associação dos Profissionais de Serviço Social (APSS) e associada da Associação Animar – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local.

Tânia Silva

Assistente Social, licenciada em Serviço Social pela Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS) do Politécnico de Leiria. Doutoranda em Serviço Social na Faculdade de Ciências Humanas (FCH) da Universidade Católica Portuguesa (UCP). Docente na ESECS – Politécnico de Leiria. Exerce prática profissional junto de adultos mais velhos (Diretora Técnica em Estrutura Residencial para Pessoas Idosas – ERPI) e de jovens reclusos (Formadora e Mediadora pelo Centro Protocolar da Justiça – CPJ).

Vera Núbia Santos

Assistente Social, licenciada em Serviço Social pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Mestre e doutora em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Professora do quadro efetivo da UFS, nos cursos de graduação e pós-graduação em Serviço Social, e Avaliadora ad hoc do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). Desenvolve investigação sobre Condições de Trabalho dos Assistentes Sociais, Arte e Serviço Social, Serviço Social e Política Social, Formação Profissional, Universidade e Ética Profissional. Autora de publicações em eventos científicos, periódicos e livros.

sObre O LivrO

Este livro procura ser um contributo para a reflexão sobre o lugar da arte no Serviço Social, destacando o envolvimento de assistentes sociais em investigações e na intervenção social neste domínio científico. Sendo o Serviço Social uma área do conhecimento das Ciências Sociais e uma profissão estreitamente ligada às relações humanas que visa a mudança social, não podemos descurar esta dimensão deste campo do saber.

Quando se aborda esta questão no Serviço Social, surgem dois argumentos. O primeiro refere que a profissão é uma arte, já que a “arte” não reside no assistente social como artista, mas sim no Serviço Social como a “obra” de arte. A arte é assumida como uma ontologia do Serviço Social, é uma forma de ser, de pensar, de agir, é uma estética e um movimento social. Representa uma mudança coletiva à qual está associada uma dimensão política, a promoção da justiça e os direitos, assim como o bem coletivo. Nesta perspetiva, o Serviço Social constitui-se como uma sintonia artística, apresentando-se como uma arte ao serviço da humanidade.

O segundo argumento assume a arte como um processo que pode ser usado pelos profissionais do Serviço Social. Os assistentes sociais podem não ser artistas, mas recorrem à arte para promover ações transformadoras das pessoas, do meio e do mundo como um todo. Utilizam a arte como criatividade, como forma de autoexpressão, de intuição, de qualidade, de respeito, como contraponto ao empirismo, ao procedimentalismo, ao gerencialismo como burocracia institucionalizada da ação profissional.

Estas duas formas de conceptualizar o Serviço Social e a intervenção pela arte fazem parte da sua identidade. Hoje, existe um vasto conhecimento sobre o tema que pode ser útil para destacar o exercício profissional comprometido com a mudança social. As artes têm sido utilizadas na prática do Serviço Social com indivíduos e comunidades desde o início da profissão, mas ainda falta encontrar uma articulação que fundamente a sua utilização.

A intervenção do Serviço Social através da arte e/ou através de práticas nas quais esta é central ainda não é muito visível, o que revela uma marginalização da prática artística neste campo, que nem sempre tem o destaque merecido.

Esta obra tem como finalidade evidenciar, de uma forma crítica, o uso da arte no Serviço Social como quadro de referência, método e técnica que podem ser aplicados no sistema de ensino, na investigação e na intervenção do Serviço Social. O objetivo é destacar a arte como uma área de investigação e de intervenção do Serviço Social em Portugal e em outros países, refletindo sobre o potencial que a arte tem na participação da mudança social.

O livro inclui o contributo de vários assistentes sociais, apresentando a sua experiência no desenvolvimento de intervenções pela arte. Partindo deste pressuposto, a obra está estruturada em duas partes: uma primeira parte, que aborda a

compreensão da relação entre o Serviço Social e a arte, e uma segunda parte, onde se apresentam experiências do Serviço Social e intervenção pela arte.

Na primeira parte, o Capítulo 1 procura compreender a relação entre o Serviço Social e a arte, apresentando exemplos do envolvimento de assistentes sociais com a intervenção pela arte em Portugal, sendo que esta se constitui como uma estratégia de mudança social que se pretende alternativa.

O Capítulo 2 reflete sobre a importância do programa PARTIS – Práticas Artísticas de Inclusão Social, sobretudo para o desenvolvimento de competências criativas e de liderança de projetos de intervenção criativa. Este tipo de projetos é, também, uma forma de potenciar a intervenção pluri e multidisciplinar e multinível, dando visibilidade aos problemas sociais e à profissão na sociedade.

No Capítulo 3, explora-se o papel transformador do Serviço Social quando adere a intervenções comunitárias baseadas na arte e demonstra-se como se pode usar a arte como processo investigativo através do Photovoice. A investigação-ação cocriativa, desenvolvida com jovens baseada na arte, permitiu não só consciencializá-los para temas fraturantes ampliando a sua voz na comunidade, mas também para aumentar o conhecimento sobre os mesmos, potenciando mudanças futuras.

O Capítulo 4 centra-se no “Teatro do Oprimido” como potencialidade para a educação e formação, relevando uma experiência com jovens. Esta experiência permitiu consciencializar os jovens para as questões da diversidade cultural e social e a opressão que ocorre em todos os níveis da sociedade, seja nas relações pessoais, organizacionais e societais, salientando o importante papel do Serviço Social nesse processo.

Numa altura em que a diversidade social, cultural e o racismo entraram no debate político, o Capítulo 5 sublinha o uso da arte em territórios estigmatizados, evidenciando como a intervenção multidisciplinar, o diálogo com as comunidades e a educação não formal através da arte podem trilhar caminhos alternativos à exclusão e influenciar positivamente os percursos escolares de crianças e jovens.

O Capítulo 6 foca-se na relevância da pedagogia do corpo como recurso didático na formação académica do Serviço Social e demonstra como a atividade artística é um meio de compreensão dos fenómenos sociais. Por outro lado, o ensino de expressões corporais artísticas a estudantes de Serviço Social pode desenvolver competências de autoconhecimento e potenciar, enquanto futuros profissionais, a atividade artística.

Por sua vez, o Capítulo 7 revela a necessidade de interpretar a arte como mediação no Serviço Social. Introduz alguns elementos da realidade do Serviço Social brasileiro e sua articulação por meio de organizações da categoria profissional que procuram fortalecer o projeto profissional. Evidencia, igualmente, alguns elementos que enfatizam a arte como reflexo da realidade social e os desafios profissionais dos assistentes sociais na atualidade.

Na segunda parte do livro, são apresentadas práticas de intervenção pela arte em Serviço Social. O Capítulo 8 retrata um projeto denominado “Portugueses Ilustres”, centrado na escrita criativa com crianças em idade escolar. Neste projeto, salienta-se o envolvimento da comunidade educativa, incluindo a escola, os professores e os pais das crianças.

No Capítulo 9, são destacadas práticas de intervenção pela arte também desenvolvidas em contexto escolar, mas centradas na prevenção da violência, oferecendo uma abordagem focada nos estudantes, holística e criativa. Estas experiências revelaram que a intervenção pela arte é um poderoso meio para promover mudanças multinível: individuais, grupais, organizacionais e sociais.

O Capítulo 10 enfatiza a arte-terapia e a biblioterapia como arte, assumindo-se estas como uma forma terapêutica e de intervenção social que promove mudanças pessoais, grupais e societais, o que permite criar relações, humanizar a intervenção, “tornando-nos pessoas” sensíveis aos outros e à sua situação.

Além de relatar uma experiência artística com pessoas diagnosticadas com doença mental, o Capítulo 11 contextualiza a evolução dos referenciais teóricos e metodológicos, da intervenção do Serviço Social nesta área, que passou da adaptação do indivíduo ao meio para um quadro de referência orientado pelos direitos humanos, para a participação e cocriação.

O Capítulo 12 trata de intervenções pela arte com jovens. No primeiro caso apresentado, estes puderam participar na construção de instrumentos visuais, filmes e música que ilustrassem o que estavam a sentir relativamente à sua saúde mental; no segundo caso, apresenta-se a promoção de processos de inclusão social com jovens reclusos, com o desenvolvimento de atividades artísticas que potenciam a reflexão sobre a vivência atual de encarceramento e as vivências futuras, fora desse contexto.

O último capítulo destaca a intervenção pela arte em interconexão com a justiça ambiental. Apresenta uma experiência desenvolvida no âmbito de um projeto internacional, uma microrresidência artística para estudantes, cujo objetivo é criar contextos experimentais para a aprendizagem, estimulando a consciência e a criatividade no Serviço Social através da arte.

Esperamos que esta obra possa ser útil para os assistentes sociais em Portugal e em contextos em que a língua portuguesa é falada.

1 A Arte e o Serviço Social

Introdução

O Serviço Social pode ser considerado uma arte, contudo, esta não reside no assistente social como artista, mas sim no Serviço Social como a “obra” de arte (Gray & Webb, 2008). Como já foi demonstrado por Oliveira e Carvalho (2024) e por Samson (2015), a arte é assumida como uma ontologia do Serviço Social, é uma forma de ser, de pensar, de agir, é uma estética, um movimento social. Esta linha de pensamento está associada à prática concreta de Jane Addams, constituindo-se como uma referência quando se analisa o Serviço Social e intervenção pela arte (Kelly & Doherty, 2017). Na Hull House, de Chicago, existiam áreas como Theatre, Music School, Art School, and Music Camp, através das quais os participantes se podiam expressar (Kelly & Doherty, 2017). Na Hull House, eram desenvolvidos programas de acesso à educação pela arte, como forma de ativismo social. Estes eram focados na emancipação e autonomia das pessoas e na democratização da arte, influenciados pela “tríade pesquisa, reforma e residência” (Branco, 2010, p. 73). Os referidos programas de intervenção desenvolveram-se “em profunda articulação com movimentos e formas de organização social de resposta às questões e necessidades do seu tempo” (Branco, 2010, p. 77). Esta forma de mudança coletiva estava associada a uma dimensão política de promoção da justiça, de direitos e de bem-estar (Carvalho, 2012). Deste modo, o Serviço Social constituiu-se como uma sintonia artística, uma estética, um movimento ao serviço da humanidade (Kelly & Doherty, 2017).

Assim, os assistentes sociais, não sendo artistas, são agentes de promoção da mudança, de uma mudança transformadora das pessoas e do meio – do mundo como um todo. É, por isso, importante desenvolver competências artísticas assentes no trabalho colaborativo interdisciplinar com outras áreas do conhecimento para que a relação da arte com o Serviço Social se assuma, inequivocamente, como potencial para o desenvolvimento social (Nissen, 2019).

Existe uma vasta literatura sobre o tema e, da revisão efetuada, podemos constatar que os textos destacam, sobretudo, o uso da arte no Serviço Social como um processo, um método, uma técnica que podem ser aplicados no sistema de ensino, na investigação e na intervenção do Serviço Social.

No ensino do Serviço Social, a arte pode ser desenvolvida em unidades curriculares na formação de assistentes sociais (Foels & Bethel, 2018; Turner et al., 2023),

assumindo-se também como uma competência cultural relacionada com a diversidade artística, essencial ao exercício da profissão (Anish, et al., 2023), sobretudo envolvida com autorreflexão, compreendendo a complexidade dos problemas sociais, identificando as forças e barreiras das pessoas/clientes do Serviço Social e sendo sensível aos seus problemas (Capous-Desyllas & Bromfield, 2020). Estas práticas podem ser concretizadas em seminários, através de fotografias, colagens e poesia.

Na sala de aula, através do uso de abordagens informadas pelas artes, relevam-se as narrativas dos estudantes e as suas experiências, promovendo um maior envolvimento pessoal com os colegas e com o Serviço Social (El-Lahib et al., 2022). Estes processos podem potenciar a criatividade, formas de autoexpressão, intuição, qualidade e respeito pela diversidade.

A arte também pode constituir-se como um instrumento fundamental para alterar os currículos, torná-los mais críticos, comprometidos com a justiça social e a descolonização do Serviço Social, dotando os estudantes de competências para enfrentarem estereótipos, atitudes racistas, proporcionando-lhes ferramentas para a promoção de igualdade de oportunidades e direitos humanos, de acordo com os padrões da profissão (Flyn, 2019; Lamprou & Kandylaki, 2021; Moxley et al., 2012; Wehbi et al., 2018). Como exemplo desta metodologia, referimos uma experiência levada a cabo numa universidade da Grécia que organizou um grupo de trabalho criativo e artístico para desenvolver um conjunto de atividades com essa finalidade (Lamprou & Kandylaki, 2021). Outra das experiências relatadas é o envolvimento dos estudantes, articulando a arte com temas relevantes da atualidade, como a crise dos refugiados (Papouli, 2017). Também no contexto da pandemia de covid-19, a arte possibilitou o desenvolvimento de processos pedagógicos articulados com os estudantes em salas virtuais (Gerstenblatt, 2021). Desta forma, no sistema de ensino, os métodos baseados nas artes devem ser centrais nos planos curriculares do Serviço Social. Estes não são uma panaceia, já que a arte potencia o aprender fazendo, sendo esta uma prática promissora para quem está a iniciar a profissão (Leonard et al., 2018; Mitchell et al., 2019), podendo ter um alto impacto no envolvimento dos estudantes no ensino do Serviço Social e no desenvolvimento de competências emocionais para a compreensão dos outros (Cramer et al., 2018; Shenaar-Golan & Walter, 2018).

No caso português, o ensino da arte na formação superior é incipiente e nem todos os cursos incluem disciplinas de intervenção pela arte (oito cursos em 17 existentes em Portugal) (Melo et al., 2021). Os cursos que incluem estes conteúdos variam entre um e seis, durante todos os semestres da licenciatura. Estes conteúdos foram identificados nos programas, nos métodos de ensino, na avaliação, nos conteúdos programáticos e nas referências bibliográficas (Melo et al., 2021).

A seguir, identificam-se alguns exemplos de referências teóricas para desenvolver a intervenção pela arte. Barak (2020) dá o exemplo do pensamento político de Herbert Marcuse, já que com este quadro de referência pode-se desenvolver uma consciência crítica através da linguagem. Crociani-Windland (2017) também pondera o uso da filosofia de Deleuze para entender a realidade através das artes

visuais e do artesanato. Estes contributos têm, simultaneamente, o poder de provocar e acalmar, possibilitando um processo de descoberta do que o material e a pessoa se podem tornar.

Em Serviço Social, a arte constituiu-se um instrumento poderoso para o desenvolvimento de investigações participadas, que promovem a abordagem intersecional e mudanças de comportamentos racistas e do patriarcado (Mayor, 2022). A arte permite igualmente desconstruir as narrativas e promover a participação ativa e comprometida com a mudança social (Grittner, 2021; Livholts, 2022). Apesar de não haver uma metodologia específica para a intervenção pela arte, há autores que procuram racionalizar este processo construindo “passo a passo um guia para a intervenção que desvela o desenvolvimento da perceção crítica da realidade, face à ideologia dominante e à estética do opressor” (Mayor, 2020, p. 1040). Este quadro baseado na imagem de Boal – autor do “Teatro do Oprimido” – argumenta que o oprimido pode tornar-se opressor. Estes tipos de métodos de investigação baseiam-se na investigação-ação ou ação-investigação, e assentam no paradigma do conhecimento participativo e crítico. Esta metodologia é frequentemente utilizada como um processo que promove a construção e transformação do conhecimento (Foster, 2012; Moxley & Feen, 2016; Segal-Engelchin et al. 2020). Neste processo podem não só ser utilizadas figuras ou fotografias como ponto de partida para construir uma narrativa sobre a experiência de vida, mas também formas de ação (design) para produzir conhecimento a partir desses processos. Por exemplo, os próprios participantes são os investigadores, na medida em que são eles que efetuam a pesquisa a partir das suas experiências (etnodrama) (Foster, 2012).

A arte é utilizada de uma forma mais sistemática na intervenção do Serviço Social, quer seja em contextos individualizados e clínicos, quer seja em contextos mais coletivos ou ativistas (Rawdon & Moxley, 2016). A arte é também usada em processos de desenvolvimento profissional e pessoal associados a processos de supervisão (Huss, 2021).

Em processos de supervisão profissional, a arte constitui-se como uma metodologia que permite refletir interativamente sobre as dimensões micro e macro ou outras tidas como necessárias para entender problemas complexos, por exemplo, a partir do uso de uma simples imagem ou gestalt (Huss, 2021). Apesar de as artes terem uma relação histórica com o Serviço Social e de serem muito relevantes para o ensino, a investigação e a intervenção, ainda não têm a visibilidade necessária. As razões são várias, como já argumentámos, e podem residir no facto de as artes também serem marginalizadas na sociedade (Huss & Sela-Amit, 2019) e de os seus fundamentos teóricos serem interdisciplinares, dificultando a construção de uma epistemologia própria.

A arte como instrumento estratégico de intervenção pode ser utilizada com pessoas com stress pós-traumático (Kranke et al., 2023) ou em situações de crise e após catástrofes (Ramírez-Ayala et al., 2021). A arte possibilita o desenvolvimento de processos terapêuticos multidisciplinares para fazer face ao trauma (Corrado et al., 2022) e a traumas que percorrem várias gerações, como é o caso da discriminação de pessoas indígenas (Hergass, 2019). Introduz alternativas à resistência das

pessoas à “talk therapy”, apresentando possibilidades não-verbais e expressivas para apoiar o progresso das pessoas/clientes do Serviço Social no tratamento, mas com consideração pela sua cultura. Por exemplo, a cultura indígena pode facilitar a cura e a catarse, mas permite a dissidência, o protesto e a resistência, gerando conhecimento emocional e incutindo consciência do lugar no mundo de cada pessoa (Moxley, 2013). Em termos coletivos, a arte também pode ser utilizada para desenvolver a capacidade e o envolvimento nas práticas de trabalho ecosocial (Taylor & Wei, 2020; Travis, 2019). Este é um poderoso meio de construção de comunidades mais fortes e mais sustentáveis, quer seja no meio rural, quer seja no meio urbano. Nesta linha de análise, a arte pode ser um meio para reativar o Serviço Social radical e o ativismo inerente, sobretudo em sociedades liberais, onde os serviços são quase todos privados (Kim, 2017).

Pode considerar-se que, nas intervenções artísticas, os assistentes sociais realizam o seu trabalho com o argumento de que, apesar dos seus limites, há possibilidades de criação e disposição para o envolvimento comunitário, o ativismo, e a defesa de direitos e causas (McRobbie, 2004).

A arte assume-se igualmente como um poderoso instrumento para a prática do Serviço Social com grupos vulneráveis como as crianças em contextos disruptivos, como foi o da pandemia de covid-19 (MacAulay & Levy, 2022). A arte pode ser utilizada na intervenção com famílias, com crianças e jovens no desenvolvimento de competências para a sua proteção (Mason, 2012). A arte potencia as competências pessoais dos envolvidos na intervenção, incluindo as dimensões da aprendizagem socioemocional na infância e na fase escolar, através da integração (Vázquez, 2022).

A arte também tem sido utilizada com grupos de crianças e jovens em perigo, sobretudo para compreender o seu mundo e como abordagem terapêutica em casos de abuso e mesmo de delinquência, assim como na área da deficiência e da saúde mental. Neste âmbito, a arte torna-se um poderoso catalisador, não só como forma de expressão e de desenvolvimento de capacidades, mas também para dar visibilidade política aos problemas deste grupo da população (Kelly & Doherty, 2017).

O uso da arte em Serviço Social requer uma abordagem interdisciplinar (Wehbi et al. 2016) na conceção de processos de conhecimento e de intervenção baseados na arte. O desenvolvimento destes processos tem de ter uma posição teórica e metodológica, que, na maior parte das vezes, se fundamenta na crítica à sociedade e numa visão pedagógica relacionada com o aprender fazendo, ou seja, aprender como atores da experiência (Dewey, 1979). Segundo Dewey (1979), a relação prática do Homem na natureza é fruto da procura de soluções para a resolução de problemas, sendo que o método experimental é um recurso científico e um meio sistematizado para adquirir conhecimentos. Esta ideia valoriza a continuidade entre experiência, pensamento e vida, reconhecidos como uma única realidade. O ato de conhecer tem um sentido prático, aplicável às experiências presentes e futuras (Dewey, 1979). Na perspetiva deweyana, o ato de experimentar está relacionado

Microrresidência Artística para o Ensino do Serviço Social através da Arte: O Laboratório de Conhecimento Vivo –

“Corpo-Arte-Natureza

e Lixo”

Introdução

A utilização da arte no contexto da formação e intervenção em Serviço Social não é uma prática nova. Existem experiências significativas em todo o mundo, que podem ser replicadas e escaladas, mas é sempre necessário prestar atenção à sua adaptação a contextos culturais, identitários, económicos e religiosos diferentes. Existe um campo para a intervenção social através da arte e da cultura que tem de se vincular à inovação, à experimentação, à criação de novas estratégias e ferramentas para a consciencialização e capacitação dos assistentes sociais neste contexto. Heinonen et al. (2018, p. 12) refere que “No serviço social, as artes podem oferecer perspetivas, abordagens e ferramentas únicas para envolver as pessoas de forma significativa e eficaz através da expressão criativa”. Sendo o Serviço Social uma profissão comprometida com a transformação social, esta não pode estar de costas voltadas para a justiça ambiental e para a importância da conexão e harmonia com a natureza.

“O desenvolvimento de uma orientação no serviço social para a transformação individual e social utilizando as artes expressivas em serviço social, para nós, compreende os seguintes elementos: o ambiente, incluindo o serviço social verde e o significado do lugar; as perspetivas, princípios e práticas indígenas; justiça social e ação social; segurança cultural; e a expressão criativa como uma necessidade humana imperiosa para o bem-estar das pessoas.”

Heinonem et al. (2018, p. 13)

Vemos, assim, que o trabalho colaborativo de assistentes sociais com artistas ajuda a ler o mundo na medida em que “Os artistas podem, através do seu trabalho, refletir os valores e aspirações da sua própria sociedade e da humanidade” (Turner 2005, p. 4). Estas colaborações intensificam “a conexão entre micro e experiência macro, isto é, permite[m] uma compreensão socialmente crítica de uma experiência pessoal” (Huss & Bos, 2022, p. 3).

Desenvolvimento de um laboratório de conhecimento vivo em

arte e Serviço Social

A arte com uma dimensão ecológica permite ao Serviço Social uma nova visão na relação pessoa/ambiente e permite uma mudança fundamental na forma como a humanidade vê a sua relação com a natureza (Besthorn & Canda, 2002). É neste contexto teórico que é realizada pelo autor uma microatividade pedagógica, inserida no âmbito da formação em Serviço Social da Universidade dos Açores (UAc), que visou o cruzamento entre arte, ambiente e competências socioemocionais. Pretendendo responder à pergunta “Como consciencializar os estudantes de Serviço Social para a intervenção ecosocial no contexto de uma crise climática mundial, que afeta a vida de milhões de pessoas em todo o mundo?”, foi organizada uma microrresidência artística/laboratório de conhecimento vivo, intitulada “Corpo-Arte-Natureza e Lixo”. Esta iniciativa teve como objetivo contribuir para a aprendizagem de competências socioemocionais (SEL), partindo da reflexão crítica de temas transdisciplinares complexos que vão desde a economia (capitalismo predatório, consumismo, modelo donut) à ecologia humana (sustentabilidade, gestão dos lixos, ecossistemas), passando pelo buen­vivir (comunidade, natureza/pachamama, coexistência, efémero), terminando na arte (arte participativa, arte biológica, arte da natureza). Esta residência artística foi conduzida pelos professores/artistas da École Supérieure d’art d’Aix­en­Provence, que vieram aos Açores no âmbito de uma mobilidade apoiada pelo Programa Erasmus+. Neste contexto, pudemos trabalhar com os seguintes artistas residentes: Abraham Poincheval (performance art e ambiente), Catherine Melin (instalação, corpos e espaço público) e Carlos Casteleira (geofotográfo).

Em termos de objetivos artísticos finais, a microrresidência artística/laboratório de conhecimento vivo teve como resultado a produção de uma escultura/totem colaborativo sobre a ideia de “casa comum”, que é o nosso planeta Terra, que urge proteger e defender. Este laboratório decorreu num espaço vocacionado para as artes contemporâneas na Ilha de São Miguel, chamado vaga1, que foi criado para pensar as artes e o conhecimento, mas que está sempre aberto às dinâmicas da ilha e de quem a habita. Esta iniciativa foi também articulada com o projeto europeu Horizon “More than green – Lighthouses of transformative nature-based solutions for inclusive communities”2, do qual a UAc faz parte.

Os participantes da microrresidência artística foram estudantes de Serviço Social do 2.º e 3.º anos que frequentam a UAc e que manifestaram interesse em fazer parte desta experiência.

Esta microatividade pedagógica foi estruturada em cinco fases:

1. Sessão introdutória sobre a microrresidência artística/laboratório de conhecimento vivo, para divulgação da ideia, contexto, artistas e atividades a serem desenvolvidas.

1 https://andafala.org/Vagapdl/Espaco

2 https://cordis.europa.eu/project/id/101084628

2. Visita à MUSAMI3 – ecoparque da Ilha de São Miguel que recebe os resíduos de cerca de 132 mil habitantes da Ilha de São Miguel. Depois de uma sessão informativa in situ sobre o tratamento, depósito e comercialização de resíduos seletivos e indiferenciados, foi feita uma visita guiada a esta unidade que serviu para os estudantes recolherem resíduos (lixos sólidos), tendo em vista a sua utilização futura como matéria-prima para a elaboração de uma obra de arte coletiva, orientada pelos artistas residentes.

3. Trilho da Rota da Água – Janela do Inferno4 – os estudantes e os artistas tiveram uma manhã de imersão e conexão com a natureza num trilho natural integrado na Rede de Percursos Pedestres Classificados pelo Governo Regional dos Açores. Esta atividade teve como objetivo combater o déficit de natureza e afirmar o Princípio da Natureza preconizado por Richard Louv (2012, p. 6), que afirma que a “reconexão com o mundo natural é fundamental para a saúde, o bem-estar, o espírito e a sobrevivência dos seres humanos”. Esta experiência de imersão, num contexto natural, ajudou os estudantes a olharem e a sentirem a natureza como a sua casa e a inspirarem-se para realizarem uma obra de arte participativa, concretizada pelo coletivo e pelos artistas.

4. Realização de uma obra de arte participativa – “A nossa Casa comum –Corpo-Arte-Natureza e Lixo”. Os estudantes foram convidados para uma reflexão sensorial partindo das paisagens, isto é, o lugar através do qual entramos em conexão com outras criaturas, humanas e não humanas. O trabalho assentou no uso de palavras, observação, movimentos e resíduos, enquanto matérias-primas que nos ajudaram a experimentar a insustentabilidade do nosso mundo. O lixo está por toda a parte, contaminando o nosso corpo e alma. O Norte Global consome demasiado, polui demasiado, criando a insustentabilidade do modelo de vida ocidental, gerando fenómenos de pobreza cada vez mais complexos. A arte pode ser uma ferramenta para dar voz à cidadania e ajudar a construir uma consciência crítica descolonizada. Como afirmam Visser-Rotgans e Marques (2014, p.160) “Como cidadãos, estamos cada vez mais envolvidos na arte como parte integrante do espaço público, o que tem uma influência positiva em diferentes aspetos da nossa sociedade”.

5. Trabalho reflexivo crítico para responder a duas perguntas e executar duas tarefas:

O que é para ti a natureza?

Qual o tipo de relação que consideras ter com a natureza?

Identifica algum artista/corrente artística (Land Art, Bio Art, Arte Povera, Fluxos, etc.) que trabalhe o tema da natureza e faz uma reflexão crítica do seu trabalho artístico na perspetiva do Serviço Social (intervenção em contextos de exclusão). Pode ser um artista português ou estrangeiro e deve integrar no seu trabalho a utilização do lixo e/ou de elementos naturais/biológicos.

3 https://www.musami.pt

4 https://trails.visitazores.com/pt-pt/trilhos-dos-acores/sao-miguel/rota-da-agua-janela-do-inferno

Serviço Social e Intervenção pela Arte

socialserviçointervenção e arte pela

Resiliência, 133 nas comunidades, 48

Resolução de problemas, 129

Respeito pela diversidade, 130

Responsabilidade social, 70, 75

Ressignificação, 90

Revelação do corpo como agente cognitivo, 85

S

Saber-fazer artístico, 129

Sala de aula, 85

TTeatro como discurso, 56 como linguagem, 55

Comunitário, 70 do Oprimido, 54, 60 e comunidade, 67, 79

Invisível, 79

Técnica(s) de mobilização, 25 de pintura, 132

Tematização, 89

Maria Irene de Carvalho Josiani Oliveira

A intervenção social pela arte não é só um método de trabalho no Serviço Social, é também um movimento estético, ético e político, representando uma forma de promover o desenvolvimento social. A liberalização dos serviços públicos e o empobrecimento das populações exigem uma nova estética ao Serviço Social, um novo movimento que reclame medidas transformadoras e que desa e a tecnocracia.

Saúde mental, 145, 150, 155

Sensibilidade social, 130

Sensibilização, 132 social, 133

Sentido crítico, 15

Sentimento de pertença, 129

Terapêutico, 10

Tornar o corpo expressivo, 55

Totalidade do ser, 108

Transdisciplinaridade, 86

Transformação social, 165

Transmissão de valores, 129

Treino da solidariedade, 123

UUtopia, 46

Os assistentes sociais, não sendo artistas, constituem-se como agentes políticos de promoção da mudança social, que se materializa entre o sistema da vida e o sistema do mundo. É nessa interconexão que o Serviço Social e a intervenção pela arte se desenvolvem, de forma colaborativa e interdisciplinar, com potencial para o desenvolvimento das sociedades e a sua transformação crítica. Estes pro ssionais sociais têm-se destacado na intervenção pela arte em variados cenários da política social, tais como a ação social, a educação, a justiça, a reinserção, o ambiente e a sustentabilidade – em suma, na defesa dos direitos humanos e da justiça. Este livro destaca o Serviço Social e a intervenção pela arte, bem como os seus principais contributos e desa os na prática pro ssional. Trata-se, sem dúvida, de um importante contributo para compreender a pro ssão nestes contextos, nem sempre revelados na literatura. É uma obra dirigida a pro ssionais, investigadores, docentes e estudantes comprometidos com intervenções sociais alternativas.

Serviço Social, 3, 14 antiopressivo, 37, 41 brasileiro, 53 crítico, 155 e a arte, 155 ecosocial, 174 ensino, 173 natureza, 146

Psiquiátrico, 145

Sistematização, 89

Valorização da diversidade, 25

Neste livro abordam-se as seguintes temáticas:

Situações complexas, 130 opressoras, 63

Arte enquanto campo de ação

Sociedade capitalista, 109

Arte como instrumento de investigação e trabalho

Subordinação, 94

Práticas e Investigação Comunitária Baseadas em Arte

Sujeito, 146

Visão crítica, 23 holística, 128 positiva do eu, 144

Visibilidade política, 6

Voz, 41

Investigação baseada nas artes e corporeidade criativa na formação académica

Superioridade, 94

Linguagem artística e intervenção social

Exemplos de prática

Vulnerabilidades relacionais, 82

O “Teatro do Oprimido” e as suas potencialidades para a educação e formação dos jovens

Coordenação: www.pactor.pt

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