LIFESAVING 32

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PARCERIAS

Caríssimos leitores,

Bem-vindos à 32ª edição da Lifesaving. Neste número preparámos para vós mais uma seleção de interessantes artigos distribuídos pelas nossas já conhecidas rubricas.

De realçar a nova rubrica “Infosaving”, da autoria do Dr. Luís Miguel Costa, interno de formação específica em Anestesiologia. Esta rubrica baseia-se no facto da memória visual desempenhar um papel crucial na prática médica e ser dos principais instrumentos de decisão quando existe a necessidade de assimilar informações críticas num curto intervalo de tempo e sob situações de stress. O objetivo desta rúbrica é oferecer aos nossos leitores uma ferramenta útil e didática sobre temas de importância basilar na emergência pré-hospitalar. Para a sua primeira edição, escolhemos uma infografia sobre uma competência basilar na emergência pré-hospitalar, o algoritmo das bradiarritmias. Esperamos que esta infografia ajude a consolidar conhecimentos e a melhorar a atuação nestes casos.

Seguindo as nossas habituais rubricas, A Dra Monica Fonseca e o Dr Ernesto Ruivo trazem-nos, em mais uma rubrica das “Intoxicações”, os sintomas, comportamento e tratamento, desta vez perante os organofosforados.

Ainda no mundo das drogas, a Dra Catarina Monteiro apresenta o Urapidilo na nossa rubrica “Fármaco Revisitado”.

Já o Enf Abilio Rodrigues, ensina-nos “o que fazer em caso de” alterações do estado de consciência. Numa “Tetulia Vmerista” polémica, o Enf Nuno Ribeiro expõe as opiniões da equipa nas “ativações para PCR não presenciada”.

A Enf Silvia Labiza recorda-nos mais uma vez como “Cuidar de nós”, desta vez relacionando a poluição ambiental com as doenças cardiovasculares.

Do ponto de vista do doente critico, a Dra Ana Rita Clara analisa um artigo sobre as Guidelines de Abordagem da Via Aérea em mais um “Journal Club”.

O “Poster Cientifico” desta edição, foi o Póster vencedor do último Congresso ICE 2024, promovido pela Associação Portuguesa de Enfermeiros e Médicos de Emergência (APEMERG), e retrata as práticas simuladas em SAV.

Espero que desfrutem desta edição. Bem hajam

Pedro Lopes Silva CO-EDITOR-CHEFE Enfermeiro VMER pgsilva@chalgarve.min-saude.pt

MOMENTOS DE INSPIRAÇÃO

"Know your enemy and know yourself and you can fight a hundred battles without disaster"

Sun Tzu 1544 - 496 a.C. General, estrategista e filósofo chinês.

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EDITORIAL
Periodicidade Trimestral Linguagem Português ISSN 2184-1411 Propriedade: UNIDADE LOCAL DE SAÚDE DO ALGARVE, EPE Morada da Sede: Rua Leão Penedo. 8000-386 Faro Telefone: 289 891 100 | NIPC 510 745 997

INTOXICAÇÕES NO PRÉ-HOSPITALAR INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADOS

FÁRMACO REVISITADO

URAPIDILO

JOURNAL CLUB

EVIDENCE-BASED GUIDELINE FOR PREHOSPITAL AIRWAY MANAGEMENT

INFOSAVING - A RUBRICA DE INFOGRAFIAS DA LIFESAVING. “BRADIARRITMIAS EM CONTEXTO PRÉ-HOSPITALAR"

CUIDAR DE NÓS

POLUIÇÃO AMBIENTAL E RISCO CARDIOVASCULAR

O QUE FAZER EM CASO DE... ALTERAÇÃO DO ESTADO DE CONSCIÊNCIA (AEC)

POSTER CIENTÍFICO

PRÁTICAS SIMULADAS EM SUPORTE AVANÇADO DE VIDA: AVALIAÇÃO DOS ENFERMEIROS DA EEMI

TERTÚLIA VMERISTA "ATIVAÇÃO DA VIATURA MÉDICA PARA PCR NÃO PRESENCIADA. A MINHA OPINIÃO É?"

UM PEDACINHO DE NÓS

ENTREVISTA A DR.ª SARA ALEIXO CABRITA

TESOURINHO VMERISTA / FRASE MEMORÁVEL

PÁGINAS ABC

PÁGINAS APEMERG

BEST SITES

BEST APPS

SUGESTÕES DE LEITURA

CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO

ESTATUTO

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EDITORIAL ÍNDICE 8 66 70 74 64 65 48 40 14 18 24 30 32 38 46 26 50
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INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADOS

INTRODUÇÃO

Os organofosforados abrangem um grupo diversificado de compostos químicos, sendo formados através da esterificação entre o ácido fosfórico e o álcool (Fig. 1)1 Atualmente, apresentam aplicações comuns em pesticidas e herbicidas, bem como agentes nervosos na guerra química.2 Quando introduzidos no organismo, após exposição cutânea, inalação ou ingestão, os organofosforados inibem a enzima acetilcolinesterase (AChE), resultando, assim, no aumento do neurotransmissor acetilcolina.2,3

Figura 1. Estrutura química dos organofosforados. Fonte: Santos, V. M. R., Donnici, C. L., DaCosta, J. B. N., & Caixeiro, J. M. R.. (2007). Compostos organofosforados pentavalentes: histórico, métodos sintéticos de preparação e aplicações como inseticidas e agentes antitumorais. Química Nova, 30(1), 159–170. https:// doi.org/10.1590/S0100-40422007000100028

Este excesso de acetilcolina no organismo manifesta-se por uma síndrome colinérgica, que inclui efeitos nos recetores nicotínicos e muscarínicos, bem como ao nível do sistema nervoso central (SNC). O início dos sintomas varia de acordo

com o composto específico, sendo que geralmente ocorre em poucos minutos, e a resolução pode demorar várias semanas.4

Apesar dos países desenvolvidos registarem um declínio de casos de envenenamento por organofosforados, devido a um sistema de regulamentação e fiscalização mais rigoroso, os países em desenvolvimento continuam a lidar com este problema. Os pesticidas são frequentemente utilizados como meio de automutilação dada a sua letalidade e acessibilidade generalizadas. Atualmente, estima-se que 3.000.000 de pessoas sejam expostas a agentes com organofosforados, com até 300.000 mortes.3 A toxicidade geralmente resulta da ingestão acidental ou intencional ou exposição a pesticidas agrícolas.2,3

A principal causa de morte é a insuficiência respiratória decorrente da broncorreia e broncospasmo. A toxicidade crónica e as complicações neurológicas, como a síndrome intermediária (paralisia tipo II) encontram-se documentadas na literatura. O tratamento consiste na administração de atropina e de antídotos, bem como em cuidados de suporte, com o objetivo de prevenir a morbimortalidade.2,5

FISIOPATOLOGIA

A acetilcolina é um neurotransmissor com funcionalidade generalizada no sistema nervoso. Após a despolarização de um axónio, a acetilcolina é libertada na fenda sináptica, ativa os recetores póssinápticos, resultando na propagação de um potencial de ação. A AChE metaboliza a acetilcolina em ácido acético e colina através da hidrólise. Esse processo ocorre rapidamente, com a colina a ser reabsorvida a nível pré-sináptico para ser utilizada para a regeneração de acetilcolina. A AChE está localizada nos tecidos nervosos e esqueléticos, bem como, nas membranas eritrocitárias.5

A principal característica dos organofosforados é a inibição da AChE. Como a AChE é essencial na degradação da acetilcolina, a sua inibição resulta no acúmulo de acetilcolina dentro da sinapse, resultando na estimulação excessiva de recetores nicotínicos e muscarínicos. 5

A sobrestimulação dos recetores nicotínicos na junção neuromuscular pode resultar em fasciculações e espasmos mioclónicos e, eventualmente, paralisia flácida. Os recetores nicotínicos também são encontrados nas glândulas suprarrenais, levando a sintomas

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INTOXICAÇÕES NO PRÉ-HOSPITALAR
INTOXICAÇÕES NO PRÉ-HOSPITALAR

como hipertensão, sudorese, taquicardia e leucocitose com desvio para a esquerda. Os recetores muscarínicos encontram-se localizados nos sistemas nervosos parassimpático e simpático. O sistema nervoso simpático leva à sobrestimulação das glândulas sudoríparas, resultando em diaforese excessiva. Os efeitos parassimpáticos podem manifestarse em vários sistemas, conduzindo a bradicardia, broncorreia e broncospasmo. O excesso de acetilcolina no SNC pode causar depressão do SNC e convulsões.6,7

TOXICOCINÉTICA

Os agentes organofosforados podem ser absorvidos por várias vias, incluindo inalação, ingestão, contacto ocular e exposição dérmica.

A absorção mais rápida ocorre através da inalação. A ingestão oral encontra-se frequentemente associada a tentativas intencionais de automutilação no adulto e de exposição acidental em crianças.2,3 O tempo exato para a concentração plasmática máxima é desconhecido, contudo pensa-se que o pico da concentração plasmática ocorre aproximadamente após 6 horas.

A presença de outros aditivos influencia a absorção e distribuição. 2,3

A maioria dos organofosforados exibe propriedades lipofílicas e um grande volume de distribuição pelo tecido adiposo, rins e fígado. Indivíduos com IMC >25 apresentam necessidade de ventilação mecânica prolongada, aumento do tempo de internamento em unidades de cuidados intensivos (UCI) e aumento

da duração total de internamento hospitalar.2,3

Quando um composto organofosforado se liga à enzima AChE, forma uma ligação estável, tornando a AChE inativa. Embora um processo de regeneração possa ocorrer, prossegue mais lentamente do que a inibição.2,3 Após algum tempo (dependendo da estrutura química do organofosforado), o composto AChE-organofosforado sofre uma mudança conformacional, conhecida como “envelhecimento”, que torna a enzima irreversivelmente resistente à reativação pelos antídotos.2,8

CLÍNICA E SINTOMATOLOGIA

Perante a suspeita de intoxicação por organofosforados é importante considerar o composto específico envolvido e o momento da exposição.

A embalagem do pesticida deve ser guardada na tentativa de fornecer informações detalhadas ao Centro de Informação Antivenenos (CIAV) do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). O início dos sintomas e a gravidade da toxicidade dependem da via de exposição, grau ou dosagem do composto e do composto em si mesmo. A duração da toxicidade depende da toxicocinética do composto, incluindo a lipofilia.3,5 Na toxicidade grave, o doente protótipo apresenta-se com depressão do estado de consciência, pupilas mióticas, fasciculações e diaforese Sintomas adicionais incluem emese, diarreia, salivação excessiva, lacrimejo, incontinência urinária e convulsões (Fig. 2). Pode

persistir um odor de alho ou de solvente 3,5

A mnemónica usada com frequência que engloba os efeitos muscarínicos do envenenamento por organofosforados é DUMBELS : 3

D – Diarreia/Diaforese

U – Urinária (Incontinência)

M – Miose

B – Broncospasmo

E – Emese

L – Lacrimejo

S - Salivação

Em casos fatais, a causa mais frequente de morte é a insuficiência respiratória resultante da broncoconstrição, broncorreia, depressão respiratória central e fraqueza ou paralisia dos músculos respiratórios.3,5

ABORDAGEM

Todos os casos de intoxicação ou suspeita de intoxicação por organofosforados requerem que sejam garantidas medidas de segurança e proteção para os intervenientes e a descontaminação agressiva com remoção completa de vestuário e lavagem das áreas afetadas. 2,3

Com as devidas condições de segurança asseguradas, deve iniciar-se uma abordagem ABCDE em que a avaliação e manutenção da via aérea é de suma importância. A aspiração de secreções é fundamental e a intubação endotraqueal pode ser necessária devido à presença de broncospasmo, broncorreia, convulsões ou alteração do estado de consciência. A

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succinilcolina deve ser evitada na intubação, dado que é metabolizada pela AChE, levando ao bloqueio neuromuscular exagerado e prolongado. Os relaxantes neuromusculares não despolarizantes (Rocurónio) podem ser utilizados, mas podem ser menos eficazes em doses-padrão devido à inibição competitiva na junção neuromuscular, pelo que doses maiores poderão ser necessárias.2,3

O tratamento primário consiste na administração de atropina, que irá competir com a acetilcolina nos recetores muscarínicos. A atropina é administrada via intravenosa (IV) numa dose inicial de 2 a 5 mg no adulto e 0,05mg/kg nas crianças. Se nenhum efeito for observado, a dose pode ser duplicada a cada 3-5 minutos, até que as secreções e o broncospasmo desapareçam, podendo ser necessárias doses elevadas e atingir os 2g em perfusão nas 24h. Este estado é denominado de “atropinização” e caracteriza-se pelo aparecimento de sinais e sintomas anticolinérgicos (pele e mucosas secas, diminuição do peristaltismo intestinal, ausência de broncospasmo e de secreções e midríase).2,3

As oximas atuam de modo a reativar a AChE ligando-se ao organofosforado. Contudo, para que o antídoto funcione de forma eficaz, deve ser administrado antes do início do “envelhecimento”. Pode ser administrado concomitantemente com a atropina, dado que não provoca depressão respiratória.2,3,7

A atropina deve ser administrada antes da obidoxima (oxima disponível na carga da Viatura Médica) para

evitar a exacerbação dos sintomas mediados pela atividade muscarínica. Recomenda-se uma dose inicial de 5mg/kg diluída em 100ml de soro glicosado, seguindo-se uma infusão contínua de 0,5 mg/kg/h até à resolução dos sinais nicotínicos.2,3,7

A lavagem gástrica não é recomendada por rotina, apesar de poder ser realizada até uma hora após a intoxicação, mas apenas com a via aérea protegida e administração da atropina. O carvão ativado pode ser administrado até uma hora após a intoxicação, com uma dose-padrão de 1g/kg (dose máxima de 50g). A emese forçada encontra-se contraindicada pelo risco de aspiração e convulsões.2,3

As benzodiazepinas estão recomendadas no controlo das convulsões e agitação.

Aconselha-se uma reposição hidroeletrolítica vigorosa, não devendo ser administrados fluidos orais.2,3

TAKE-HOME MESSAGES

• O diagnóstico inicial é clínico pelo que uma elevada suspeita deve estar presente num doente que se apresente com características clínicas de excesso colinérgico (bradicardia, miose, lacrimejo, sialorreia, broncorreia, broncospasmo, incontinência urinária, emese e diarreia) na ausência de ingestão ou exposição conhecida. A aplicação da mnemónica

DUMBELS facilita a identificação do quadro.

• Deverão ser garantidas as medidas de segurança de toda a equipa envolvida no socorro.

• Todos os doentes devem receber oxigenoterapia, fluídos, atropina, obidoxima e benzodiazepinas (em caso de convulsões). Caso seja necessária intubação endotraqueal, a succinilcolina deve ser evitada

11 Indice INTOXICAÇÕES NO PRÉ-HOSPITALAR
Figura 2. Protótipo de doente com intoxicação por organofosforados. Fonte: Autoria própria.

BIBLIOGRAFIA

1. Aroniadou-Anderjaska, V., Figueiredo, T. H., Apland, J. P., & Braga, M. F. (2020). Targeting the glutamatergic system to counteract organophosphate poisoning: A novel therapeutic strategy. Neurobiology of disease, 133, 104406. https://doi.org/10.1016/j.nbd.2019.02.017

2. Bird, S. (2024). Organophosphate and carbamate poisoning. https://www.uptodate.com/contents/ organophosphate-and-carbamate-poisoning/ print?search=organophospores%20 poisoning&source=search_result&selectedTitle=1 %7E150&usage_type=default&display_rank=1

3. Robb, E. L., Regina, A. C., & Baker, M. B. (2023). Organophosphate Toxicity. In StatPearls. StatPearls Publishing.

4. Chen, K. X., Zhou, X. H., Sun, C. A., & Yan, P. X. (2019). Manifestations of and risk factors for acute myocardial injury after acute organophosphorus pesticide poisoning. Medicine, 98(6), e14371. https://doi.org/10.1097/ MD.0000000000014371

5. Hulse, E. J., Haslam, J. D., Emmett, S. R., & Woolley, T. (2019). Organophosphorus nerve agent poisoning: managing the poisoned patient. British journal of anaesthesia, 123(4), 457–463. https://doi.org/10.1016/j.bja.2019.04.061

6. Kamanyire, R., & Karalliedde, L. (2004). Organophosphate toxicity and occupational exposure. Occupational medicine (Oxford, England), 54(2), 69–75. https://doi.org/10.1093/ occmed/kqh018

7. Mendes, P. A., Pereira, T. C., Pina, R., & Santos, R. (2018). Chlorpyrifos-Induced Delayed Neurotoxicity with A Rare Presentation of Flaccid Quadriplegia: A Diagnostic Challenge. European journal of case reports in internal medicine, 5(1), 000751. https://doi.org/10.12890/2017_000751

8. Syed, S., Gurcoo, S. A., Farooqui, A. K., Nisa, W., Sofi, K., & Wani, T. M. (2015). Is the World Health Organizationrecommended dose of pralidoxime effective in the treatment of organophosphorus poisoning? A randomized, double-blinded and placebo-controlled trial. Saudi journal of anaesthesia, 9(1), 49–54. https:// doi.org/10.4103/1658-354X.146306

EDITOR

VMER Faro e

INEM – CODU DRS

13 Indice INTOXICAÇÕES NO PRÉ-HOSPITALAR
MÓNICA VIEIRA DA FONSECA VMER Faro e Albufeira INEM – CODU DRS EDITORA ERNESTO RUIVO Albufeira

FÁRMACO REVISITADO

URAPIDILO

INTRODUÇÃO

O urapidilo é um anti-hipertensivo simpatolítico derivado do uracilo que reduz a pressão arterial principalmente através do bloqueio dos adrenoceptores pós-sinápticos periféricos e secundariamente através de mecanismos centrais1,2

FORMAS DE APRESENTAÇÃO E CONSERVAÇÃO

O urapidilo existe na formulação endovenosa e oral, embora em Portugal só a solução endovenosa esteja comercializada em ampolas de 5mg/mL.

A estabilidade química e física em uso foi demonstrada para 50 horas a 25°C e 2-8°C quando diluída em soluções para perfusão de cloreto de sódio 9 mg/ml (0,9 %) ou glicose 50 mg/ml (5 %) ou glicose 100 mg/ml (10 %). Do ponto de vista microbiológico, o produto deve ser utilizado imediatamente após abertura da ampola. Não deve ser conservado acima de 30ºC3

POSOLOGIA E MODO DE ADMINISTRAÇÃO

FARMACOCINÉTICA

Biodisponibilidade

A administração oral de cápsulas de liberação controlada de urapidilo produz concentrações plasmáticas máximas que aumentam linearmente com a dose. A biodisponibilidade absoluta desta formulação é de 72%.

Volume de Distribuição (Vd)

O Vd do urapidilo é de 0,41 a 0,77 L/ kg. Estudos em animais indicam que o urapidilo é amplamente distribuído e passa a barreira placentária. A ligação às proteínas é relativamente alta (75 a 80%). A sua farmacocinética é consistente com a do modelo de 2 compartimentos.

Metabolização

O urapidilo é extensamente metabolizado no fígado. Após 24

horas da administração oral, cerca de 50 a 70% da dose é excretada na urina, como o composto original (10 a 15%) e 3 metabolitos - o metabolito principal, urapidil aril-p-hidroxilado (M1, cerca de 30%) e 2 metabolitos menores, urapidil O-desmetilado (M2) e urapidil uracil-N-desmetilado (M3). M1 tem atividade anti-hipertensiva insignificante, mas M2 e M3 têm efeitos anti-hipertensivos comparáveis aos do urapidilo. Como as concentrações séricas de M2 e M3 são baixas em doses terapêuticas de urapidilo, o seu papel na ação anti-hipertensiva, se houver, não é claro.

Semi-vida

A semi-vida de eliminação após administração intravenosa ou oral de

15 Indice
Ana Catarina Segundo1 do Algarve

urapidilo é respectivamente entre 2,7 e 4,7 horas, mas aumenta acentuadamente em pacientes com insuficiência hepática (t½ = 14,55 horas). Se insuficiência renal ou hepática pode ocorrer atraso na eliminação e acumulação do fármaco com hipotensão, podendo ser necessário ajuste da dose.

Eliminação

Cerca de 50 a 75% do fármaco é eliminado via urinária, sob a forma de metabolitos. Entre 15 a 20% são eliminados nas fezes.

A eliminação mais lenta do urapidilo observada em pacientes idosos pode dever-se à redução da função renal relacionada com a idade6

FARMACODINÂMICA

O urapidilo reduz a resistência vascular periférica, principalmente por uma ação antagónica nos adrenoceptores α1 pós-sinápticos. Embora o fármaco possa interagir com os receptores α2 e β-adrenérgicos periféricos, isso não parece resultar em efeitos

clinicamente significativos1

Ao contrário de outros antagonistas dos adrenoceptores α1, o urapidilo não provoca taquicardia reflexa, e isso pode estar relacionado à sua atividade antagonista dos adrenoceptores β1 fraca, bem como ao seu efeito no reflexo vagal cardíaco. O principal local de ação parece ser o rombencéfalo, e estudos em animais sugerem que o urapidilo é um antagonista competitivo nos receptores centrais da serotonina 5HT1a, através dos quais tem efeitos anti-hipertensivos e cronotrópicos negativos5,6,7

O urapidilo também pode atuar reduzindo a sensibilidade à noradrenalina em pacientes com hipertensão, diminuindo assim a pressão arterial, apesar do possível aumento das concentrações plasmáticas de noradrenalina. Quando administrado em dosagens equipotentes, o urapidilo atua mais intensamente a nível venoso e produz menos hipotensão postural do que a prazosina, que atua maioritariamente

a nível arterial O urapidilo parece reduzir a hipertensão sistémica sem alterar a pressão arterial intracraniana1,4

INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS

Oral: Hipertensão.

IV: - Crise hipertensiva; - Hipertensão arterial nos períodos peri e pós-operatório, especialmente em neurocirurgia e cirurgia cardíaca em adultos e crianças3.

CONTRA-INDICAÇÕES

Hipersensibilidade ao urapidilo.

EFEITOS ADVERSOS

Aproximadamente 20-30% dos pacientes manifestam algum tipo de efeito indesejável.

Os efeitos adversos mais frequentes são tonturas, náuseas e cefaleias. Cardiovasculares: palpitações (1-2,5%); edema; hipotensão ortostática (1%).

Digestivos: náuseas (3-6%); distensão abdominal (1%).

16 Indice

Neurológicas: tonturas (5-12%); cefaleias (2,5-5%).

Psicológicos / psiquiátricos: astenia (1-2%); nervosismo, insónia (1%).

Estes e outros efeitos adversos tendem a ser ligeiros e transitórios, ocorrendo no início da terapia e diminuindo posteriormente. Estudos que combinaram o urapidilo com outros agentes não registraram eventos adversos novos ou inesperados. Existem relatos de alterações nas concentrações séricas de sódio, potássio ou alanina aminotransferase e aumento médio de eosinófilos durante a sua administração, sem efeitos clínicos deletérios1,2,3

INTERACÇÕES

O efeito anti-hipertensivo do urapidilo pode ser exacerbado pela administração concomitante de bloqueadores dos receptores alfa, vasodilatadores e outros medicamentos anti-hipertensivos, em situações que envolvem hipovolemia (diarreia, vómitos) e álcool. A administração concomitante de urapidilo com inibidores da ECA não é atualmente recomendada.

A combinação de urapidilo com baclofeno deve ser considerada com precaução, uma vez que o baclofeno pode aumentar o efeito anti-hipertensivo. Usar de forma judiciosa a imipramina e neurolépticos pelo efeito anti-hipertensivo e risco de hipotensão ortostática, e também corticoides pela diminuição do efeito anti-hipertensivo por retenção de sódio e água3

TAKE HOME MESSAGES

• O urapidilo é um antihipertensivo simpatolítico que atua como um antagonista do adrenoreceptor α1 e como um agonista do receptor 5-HT1A, não provocando taquicardia reflexa e é bem tolerado.

• Oferece uma alternativa útil aos fármacos atualmente disponíveis para o tratamento da hipertensão ligeira a grave, quer como monoterapia ou em combinação com outros fármacos anti-hipertensivos.

• As características deste medicamento revestem-no de interesse na utilização no pré-hospitalar e sala de emergência. Apesar de existirem poucos estudos recentes nesta área, estes demonstram segurança e eficácia na utilização deste fármaco no contexto da emergência hipertensiva8,9, abrindo uma janela de oportunidade de investigação

BIBLIOGRAFIA

1. Langtry, H.D., Mammen, G.J. & Sorkin, E.M. Urapidil. Drugs 38, 900–940 (1989). https://doi. org/10.2165/00003495-198938060-00005

2. Hirschl MM, Binder M, Bur A, et al. Safety and efficacy of urapidil and sodium nitroprusside in the treatment of hypertensive emergencies. Intensive Care Med. 1997;23(8):885–888.

3. Urapidilo. Indice.eu, 2021. Disponível em: <https://www.indice.eu/pt/medicamentos/DCI/ urapidilo/informacao-geral>. Acesso em: 16 de mar. de 2024.

4. Shi J, et al. Urapidil, compared to nitroglycerin, has better clinical safety in the treatment of hypertensive patients with acute heart failure: a meta-analysis. Drug Des Devel Ther. 2018 Dec 27;13:161-172.

5. Saxena PR, Villalón CM. Brain 5-HT1A receptor agonism: a novel mechanism for antihypertensive action. Trends Pharmacol Sci. 1990;11(3):95–96.

6. Bopp C, Auger C, Diemunsch P, Schini-Kerth V. The effect of urapidil, an alpha-1 adrenoceptor antagonist and a 5-HT1A agonist, on the vascular tone of the porcine coronary and pulmonary arteries, the rat aorta and the human pulmonary artery. Eur J Pharmacol. 2016;779:53–58.

7. van Zwieten PA, Bruning TA. Comparison of the hemodynamic effects of urapidil and flesinoxan in healthy volunteers. Blood Press Suppl. 1994;4:19–24.

8. Pura, G. et al (2017). The impact of urapidil use in hypertension prehospital emergency intervention. Farmacia. 65. 896-899.

9. Alijotas-Reig J, Bove-Farre I, de Cabo-Frances F, Angles-Coll R. Effectiveness and safety of prehospital urapidil for hypertensive emergencies. Am J Emerg Med. 2001;19(2):130–133.

17 Indice FÁRMACO REVISITADO
CATARINA MONTEIRO Médica VMER EDITORA

JOURNAL CLUB

1Médica de Medicina Intensiva, UCI CR-ECMO, Unidade Local de Saúde de São José, Médica SHEM-Algarve

https://orcid.org/0000-0002-5587-0842

INTRODUÇÃO

Ao longo do tempo a abordagem da via aérea (VA) tem vindo a ser melhorada até ter-se tornado fundamental em emergência pré-hospitalar (EPH). Apesar de haver pouca discussão sobre a importância da abordagem da VA em EPH, existe ainda uma menor certeza relativamente à abordagem ideal para maximizar os resultados dos doentes e mitigar o risco de lesões.

Para ajudar a resolver as lacunas de conhecimento, com base nas melhores práticas para a gestão pré-hospitalar da VA, a National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA) fundou a Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ), tendo esta realizado uma revisão sistemática da literatura disponível, comparando as várias abordagens em ambiente pré-hospitalar da VA usando questões estruturadas PICO (população, intervenção, comparação, resultado). São assim apresentados de um conjunto de orientações e recomendações baseadas na evidências relativamente à abordagem da VA em ambiente

pré-hospitalar.

MÉTODOS

Foi criado um grupo de trabalho técnico de especialistas, composto por indivíduos com amplo conhecimento em medicina de emergência e EPH, educação, métodos de pesquisa e avaliação de evidências. O painel aproveitou a metodologia estabelecida de Avaliação, Desenvolvimento e Avaliação de Classificação de Recomendações (GRADE) para estabelecer guidelines baseadas na melhor evidência para a abordagem da VA em EPH.

RECOMENDAÇÕES

A) Paragem cardiorespiratória (PCR)

- Tabela 1

Recomendação 1: É recomendada a utilização de ventilação manual apenas ou dispositivos supraglóticos na abordagem da VA na PCR do adulto. Não existe evidência científica que advogue superioridade da ventilação manual (VM) ou dos dispositivos supraglóticos (DSG). O grupo reconhece, no entanto, que VM

eficazes muitas vezes requerem mais médicos do que ventilações eficazes com DSG.

Recomendação 2: É recomendada a utilização de ventilação manual apenas ou dispositivos supraglóticos na abordagem da VA na PCR pediátrica. Não existe evidência científica que advogue superioridade da VM ou dos DSG.

Recomendação 3: É recomendada a utilização de ventilação manual apenas ou intubação orotraqueal na abordagem da VA na PCR do adulto. Devido à falta de evidência directa e às preocupações com o viés de indicação, o grupo de trabalho acredita que a VM ou a intubação orotraqueal (IOT) pode ser uma abordagem adequada da VA, dependendo das circunstâncias da PCR e dos recursos do sistema de EPH.

Recomendação 4: É recomendada a utilização de ventilação manual apenas em vez de intubação orotraqueal na abordagem da VA na PCR pediátrica. A evidência científica

19 Indice
Ana Rita Clara1
JOURNAL CLUB

mostra superioridade na VM em vez de IOT em idade pediátrica. O grupo de peritos salientou ainda como motivos: 1) limitações presentes na evidência científica, visto que os doentes pediátricos foram tratados como um grupo sem diferenciação na idade; 2) diferenças na anatomia da VA por idade em doentes pediátricos são consideráveis e provavelmente afectam o sucesso do procedimento; 3) evidência de taxas mais baixas de sucesso de IOT em doentes pediátricos e pela associação entre a falha na IOT com os resultados adversos. O grupo reconheceu a importância no acesso ao laringoscópio, mesmo que não seja usado para intubação primária de doentes pediátricos, pode ser necessário noutras indicações, como a remoção de corpos estranhos.

Recomendação 5A: É recomendada a utilização de dispositivos supraglóticos em vez de intubação orotraqueal na abordagem da VA na PCR do adulto em sistemas com baixa proficiência de intubação orotraqueal.

Recomendação 5B: É recomendada a utilização de dispositivos supraglóticos ou intubação orotraqueal na

abordagem da VA na PCR do adulto em sistemas com elevada proficiência de intubação orotraqueal.

A evidência científica não mostra superioridade entre os DSG ou a IOT. No entanto, existe evidência de que tentativas adicionais falhadas de IOT na PCR pré-hospitalar associam-se a uma diminuição da sobrevida. Ao fazer estas recomendações, o grupo de peritos reconheceu que a facilidade do uso de DSG e as interrupções de compressão torácica frequentemente observadas na IOT justificam a recomendação condicional em sistemas sem elevada proficiência de IOT.

Recomendação 6: É recomendada a utilização de dispositivos supraglóticos em vez de intubação orotraqueal na abordagem da VA na PCR pediátrica. Esta recomendação é feita com base na ausência de estratificação do grupo pediátrico por faixas etárias, o que desvaloriza potenciais desafios. Também a utilização de DSG associa-se a uma taxa de sucesso à primeira passagem superior com menor carga de treino das equipas. O grupo acredita que esta abordagem aumentará a taxa de sucesso e reduzirá as complicações,

num contexto em que as activações com necessidade de abordagem da VA em doentes pediátricos é menor.

B) Trauma - Tabela 2

Recomendação 7: É recomendada a utilização de ventilação manual apenas ou dispositivos supraglóticos na abordagem da VA nos doentes com trauma. Não existe evidência científica que advogue superioridade da VM ou dos DSG. O grupo reconhece que a utilização de DSG num doente que não está inconsciente e tem um reflexo de vómito intacto, necessita de sedoanalgesia, o que acrescenta complexidade e risco ao procedimento. Portanto, o painel concluiu que a decisão da DSG ou da VM eficaz deve ser orientada pelo objectivo de optimizar a oxigenação e a ventilação e evitar hipóxia, hipotensão e hiperventilação.

Recomendação 8: Não se estabelece qualquer recomendação no que concerne à utilização de ventilação manual apenas ou dispositivos supraglóticos na abordagem da VA em doentes de trauma pediátricos por ausência de evidência científica.

Recomendação 9: É recomendada a

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Tabela 1 . Adaptado de Jeffrey L. Jarvis et al., Recomendações de abordagem da VA durante a PCR

utilização de ventilação manual apenas ou intubação orotraqueal na abordagem da VA no adulto com trauma. Dado o potencial de lesão e a falta de benefício de sobrevivência da IOT, o grupo concluiu que a modalidade ideal de abordagem da via aérea VM vs IOT deve ser determinada pelas circunstâncias individuais do doente, reconhecendo que o objetivo é optimizar a oxigenação e ventilação, evitando hipóxia, hipotensão e hiperventilação.

Recomendação 10: É recomendada a utilização de ventilação manual apenas ou intubação orotraqueal na abordagem da VA no trauma pediátrico. Embora a literatura existente apenas permita gerar uma recomendação neutra, o grupo apresenta reservas significativas sobre esta recomendação. O grupo acredita que a IOT em idade pediátrica é extremamente desafiante e que os potenciais benefícios poderão superar as armadilhas: 1) o sucesso de IOT diminui com a idade do doente, 2) menor possibilidade treinar IOT em crianças o que confere menor experiência, 3) a anatomia e a etiologia da insuficiência respiratória em crianças pequenas é diferente

dos adultos e as potenciais lesões da IOT provavelmente superam as dificuldades técnicas da VM. Os autores defendem que qualquer ventilação com pressão positiva em doentes pediátricos, independentemente da técnica, é um desafio e requer formação focada e contínua.

Recomendação 11: É recomendada a utilização de dispositivos supraglóticos ou intubação orotraqueal na abordagem da VA no adulto com trauma. Como os dados que comparam os DSG com a IOT em doentes com trauma são limitados, avaliando resultados centrados no doente, os peritos concluem que as evidências actuais não apoiam uma modalidade em detrimento de outra.

Recomendação 12: É recomendada a utilização de dispositivos supraglóticos em vez de intubação orotraqueal na abordagem da VA no trauma pediátrico. O grupo de peritos recomenda a favor dos DSG em vez de IOT pela combinação da raridade do procedimento, menor taxa de sucesso na IOT, falta de evidência de benefício e lesões associados a tentativas falhadas de IOT.

C) Emergências médicas - Tabela 3

Recomendação 13: Não se estabelece qualquer recomendação no que concerne à utilização de ventilação manual apenas ou dispositivos supraglóticos na abordagem da VA em doentes adultos com emergências médicas por ausência de evidência científica.

Recomendação 14: Não se estabelece qualquer recomendação no que concerne à utilização de ventilação manual apenas ou dispositivos supraglóticos na abordagem da VA em doentes pediátricos com emergências médicas por ausência de evidência científica.

Recomendação 15: Não se estabelece qualquer recomendação no que concerne à utilização de ventilação manual ou intubação orotraqueal na abordagem da VA em doentes adultos com emergências médicas por ausência de evidência científica.

Recomendação 16: Não se estabelece qualquer recomendação no que concerne à utilização de à utilização de ventilação manual ou intubação orotraqueal na abordagem da VA em

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JOURNAL CLUB
Tabela 2 . Adaptado de Jeffrey L. Jarvis et al., Recomendações de abordagem da VA no trauma

doentes pediátricos com emergências médicas por ausência de evidência científica.

Recomendação 17: É recomendada a utilização de dispositivos supraglóticos ou intubação orotraqueal na abordagem da VA no adulto com emergências médicas. O grupo de peritos volta a recomendar a abordagem através da IOT para sistemas experientes na sua utilização, visto que os DSG apresentam uma taxa de sucesso de primeira passagem superior com menor tempo de aprendizagem na sua utilização,

apesar de não serem uma solução definitiva para uma VA segura.

Recomendação 18: É recomendada a utilização de dispositivos supraglóticos em vez de intubação orotraqueal na abordagem da VA nas emergências médicas pediátricas. O grupo de peritos recomenda a favor dos DSG em vez de IOT pela combinação da raridade do procedimento, menor taxa de sucesso na IOT, falta de evidência de benefício e lesões associados a tentativas falhadas de IOT.

D) Modificadores de técnica - Tabela 4

Recomendação 19: Nos doentes que necessitem de abordagem invasiva da VA é sugerido indução de sequência rápida vs abordagem sem medicação por forma a facilitar a abordagem da VA. Os doentes que necessitam de abordagem invasiva da VA, seja por trauma ou emergências médicas, provavelmente necessitarão de sedoanalgesia para superar a resistência dos músculos masseterianos e o reflexo de vómito. A evidência científica mostra que a IOT com intubação sequencial rápida

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Tabela 3 . Adaptado de Jeffrey L. Jarvis et al., Recomendações de abordagem da VA em emergências médicas

(ISR) apresenta maior taxa de sucesso. As IOT falhadas estão associadas ao aumento de eventos adversos, incluindo hipóxia e hipotensão peri-intubação, relacionando-se estes com ao aumento da mortalidade em doentes com traumatismo cranio-encefálico (TCE). Por essas razões, é recomendada a ISR em vez da abordagem da VA sem medicamentos em doentes adultos e pediátricos que não estejam em PCR e que necessitem de IOT.

Recomendação 20: Nos doentes que necessitem de abordagem invasiva da VA é sugerido indução de sequência rápida vs sedação sem bloqueio neuromuscular. Os estudos analisados pelo grupo de peritos mostraram maior sucesso na primeira passagem com ISR em adultos, mas não encontraram diferenças estatisticamente significativas nos doentes pediátricos (embora as tendências favorecessem a ISR). Independentemente da abordagem invasiva da VA, o grupo acredita que devem ser mantidos durante a abordagem do doente monitorização contínua da pressão arterial, frequência cardíaca, saturação de oxigénio e capnografia.

Por fim, salienta-se que não foi avaliada a utilização de IOT apenas com cetamina, não estando esta medicação contemplada na IOT apenas com sedação para realização desta recomendação.

Recomendação 21: Nos doentes que necessitem de abordagem invasiva da VA não é feita nenhuma recomendação relativamente à IOT apenas com sedação vs IOT sem medicação pela ausência de evidência científica.

Recomendação 21: É recomendada a utilização de videolaringoscopia ou laringoscopia directa em todas as condições que necessitem abordagem invasiva da VA. O grupo de peritos apoia o conceito de que tanto a laringoscopia directa quanto a videolaringoscopia devem ser usadas na abordagem invasiva da VA no EPH. Existem vários tipos de videolaringoscopios e diferentes tipos de lâminas. O grau de experiência na utilização de cada um dos instrumentos afectam o sucesso do procedimento.

CONCLUSÃO

Embora exista pouca evidência científica de elevada qualidade, o grupo de peritos utilizou uma revisão sistemática da literatura existente para produzir recomendações e declarações de boas práticas clínicas. As principais recomendações incluem a necessidade de dominar a ventilação manual, a confirmação de qualquer VA invasiva com capnografia e a importância da competência e treino na abordagem invasiva da VA, particularmente na IOT, com foco na prevenção de complicações (hipóxia e hipotensão peri-intubação). Estas recomendações e declarações de boas práticas oferecem aos diferentes serviços de emergência pré-hospitalar uma oportunidade de rever e incorporar as evidências disponíveis nas suas estratégias de abordagem da VA

23 Indice JOURNAL CLUB
ANA RITA CLARA Médica de Medicina Intensiva, UCI CR-ECMO, ULS São José Médica SHEM-Algarve EDITORA Tabela 4 . Adaptado de Jeffrey L. Jarvis et al., Recomendações de abordagem da VA em doentes utilizadores de técnicas modificadas

INFOSAVING - A rubrica de infografias da LIFESAVING.

"BRADIARRITMIAS EM CONTEXTO PRÉ-HOSPITALAR"

Caros leitores, É com grande satisfação que apresentamos a nova rúbrica da Revista Lifesaving: “Infosaving” da autoria do Luís Miguel Costa, interno de formação especializada em Anestesiologia.

A memória visual desempenha um papel crucial na prática médica. É um dos principais instrumentos de decisão quando existe a necessidade de assimilar informações críticas num curto intervalo de tempo e sob situações de stress.

O objetivo desta rúbrica é oferecer aos nossos leitores uma ferramenta útil e didática sobre temas de importância basilar na emergência pré-hospitalar.

Para a sua primeira edição, escolhemos uma infografia sobre uma competência basilar na emergência pré-hospitalar, o algoritmo de Bradicardias. Esperamos que esta infografia vos ajude a consolidar os vossos conhecimentos e a melhorar a vossa atuação nestes casos.

Convidamos-vos a acompanhar esta nova rúbrica e a enviar-nos as vossas sugestões, dúvidas e comentários sobre as infografias médicas que publicarmos

25 Indice
INFOSAVING
Luis Miguel Costa1 1Interno de Formação Especializada em Anestesiologia ULS Algarve LUIS MIGUEL COSTA Interno de Formação Especializada em Anestesiologia ULS Algarve
––––
EDITOR

CUIDAR DE NÓS

POLUIÇÃO

AMBIENTAL E RISCO

CARDIOVASCULAR

1Médica

2Hospital

Neste mês de maio, que é o mês dedicado ao coração, nunca é demais falarmos do risco cardiovascular nos profissionais de saúde. Se pensarmos no meio ambiente e na poluição que estão sujeitos, faz todo o sentido a sensibilização individual e o envolvimento de outros profissionais, os decisores, políticos e as sociedades cientificas.

A vida é um acontecimento biológico submetido a diferentes estimulos ambientais que abrangem desde os associados à natureza até aos provocados pelo desenvolvimento económico inerente às sociedades humanas. Por seu lado, o nosso organismo apresenta um mecanismo de relógio interno influenciado pelo ciclo dia/noite, número de horas de luz, a temperatura, etc, que vai determinar a síntese de mediadores químicos e a ativação de centros neuronais que regulam fenómenos como a tensão arterial, a frequência cardíaca ou a atividade inflamatória.1

O progresso material associado à revolução industrial trouxe consigo vantagens que, no geral, melhoraram a nossa esperança de vida. No entanto, a criação de um ambiente artificial também trouxe factores externos negativos que contribuem

para o aumento da prevalência de doenças, como os distúrbios do sono e a doença cardiovascular, causa mais importante de morbimortalidade a nível mundial. Dentro destes factores externos é importante sublinhar os efeitos da poluição aérea, sonora e luminosa.

A exposição a poluentes aéreos acrescenta o risco de doença cardiovascular pelo aumento de marcadores inflamatórios que provocam stress oxidativo a vários níveis, como pulmões, sistema cardiovascular e hipotálamo - área que regula o sistema nervoso autónomo. Relativamente à poluição sonora, o ruído residencial ativa diretamente o sistema nervoso com o estímulo no nervo vestibulococlear, e indiretamente com a alteração da perceção cognitiva, levando à ativação do córtex e a uma resposta emocional, com facilitação da inflamação e redução da actividade do sistema imunitário e da autoregulação do sono. Por seu lado, estas duas vias acabam por ter um efeito ao nível do stress fisiológico que é, também por sua vez, independente da qualidade do sono.2 Desta forma, os efeitos da poluição do ar e sonora combinados

acrescentam maior risco do que quando comparados isoladamente um do outro, potenciando a inflamação aterosclerótica: a poluição do ar mediante o estimulo dos leucócitos na medula óssea, que liberta citocinas pro-inflamatórias, e a poluição sonora mediante o estimulo dos centros neuronais do stress, nomeadamente a amigdala, que ativa o sistema nervoso autónomo simpático e facilita a libertação de cortisol e adrenalina.3

Já a poluição luminosa influencia também no desenvolvimento de alterações cardiovasculares. Um estudo realizado no Japão evidenciou que pequenos aumentos de luminosidade no interior dos dormitórios favoreciam a aterosclerose carotídea subclínica independentemente de outros fatores de risco como a hipertensão ou a diabetes, mediante a supressão da melatonina, hormona com efeitos antioxidantes e responsável pelo sono e pela redução noturna da tensão arterial. 4 O mesmo acontece com a exposição à luz noturna exterior, que em alguns estudos está associado a aumentos de risco de diabetes tipo 2 e hospitalizações

27 Indice
CUIDAR DE NÓS

por doença coronária, para além de facilitar os efeitos nocivos pro-inflamatórios dos poluintes ambientais, ao impedir a ação fisiológica e anti-inflamatória da melatonina. 5

Assim, os factores ambientais externos têm um impacto significativo na nossa saúde cardiovascular, sendo que a exposição crónica ao ruído e luz pode contribuir para a disrupção do ritmo circadiano e desregulação metabólica. A consciencialização destas consequências é fundamental para uma mudança na prática destes hábitos nocivos, quer a nivel comunitário, com estratégias multidisciplinares e de urbanização, quer a nivel individual, com alterações comportamentais que contribuam para hábitos de vida saudáveis e preventivos da doença cardiovascular.

É fundamental que a promoção e prevenção cardiovascular sejam verdadeiras prioridades para todos!

BIBLIOGRAFIA

1. Bhatnagar A. Environmental Determinants of Cardiovascular Disease. Circ Res. 2017 Jul 7;121(2):162-180. doi: 10.1161/ CIRCRESAHA.117.306458. PMID: 28684622; PMCID: PMC5777598.

2. Mingwei Liu, Paul Meijer, Thao Minh Lam, Erik J Timmermans, Diederick E Grobbee, Joline W J Beulens, Ilonca Vaartjes, Jeroen Lakerveld, The built environment and cardiovascular disease: an umbrella review and meta-meta-analysis, European Journal of Preventive Cardiology, Volume 30, Issue 16, November 2023, Pages 1801–1827, https://doi. org/10.1093/eurjpc/zwad241

3. Osborne MT, Abohashem S, Naddaf N, Abbasi T, Zureigat H, Mezue K, Ghoneem A, Dar T, Cardeiro AJ, Mehta NN, Rajagopalan S, Fayad ZA, Tawakol A. The combined effect of air and transportation noise pollution on atherosclerotic inflammation and risk of cardiovascular disease events. J Nucl Cardiol. 2023 Apr;30(2):665-679. doi: 10.1007/ s12350-022-03003-7. Epub 2022 Aug 1. PMID: 35915324; PMCID: PMC9889575.

4. Obayashi K, Yamagami Y, Tatsumi S, Kurumatani N, Saeki K. Indoor light pollution and progression of carotid atherosclerosis: A longitudinal study of the HEIJO-KYO cohort. Environ Int. 2019 Dec;133(Pt B):105184. doi: 10.1016/j.envint.2019.105184 Epub 2019 Oct 21. PMID: 31648154.

5. Wu Y, Shen P, Yang Z, Yu L, Xu L, Zhu Z, Li T, Luo D, Lin H, Shui L, Tang M, Jin M, Chen K, Wang J. Outdoor Light at Night, Air Pollution, and Risk of Cerebrovascular Disease: A Cohort Study in China. Stroke. 2024 Apr;55(4):990-998. doi: 10.1161/STROKEAHA.123.044904. Epub 2024 Mar 25. PMID: 38527152.

29 Indice CUIDAR DE NÓS
SILVIA LABIZA Enfermeira VMER Heli INEM EDITORA

O QUE FAZER EM CASO DE...

Alteração do estado de consciência (AEC)

André Abílio Rodrigues 1

Quando uma pessoa deixa de estar consciente e orientada, no tempo e no espaço, diz-se que tem alteração do estado de consciência (AEC), podendo ainda assim encontrar-se reativa ou não a estímulos externos. São várias as situações que podem levar à AEC, tais como as intoxicações (álcool, drogas, medicação, monóxido de carbono, entre outras), a agudização de doenças crónicas (cardíacas, respiratórias, diabetes, epilepsia, etc), o acidente vascular cerebral (AVC), o enfarte agudo do miocárdio (EAM), as situações de trauma, entre outras causas. Uma vítima inconsciente não consegue proteger a sua via aérea, apresentando elevado risco da sua obstrução, por queda da língua, ou por aspiração de vómito, que são situações que colocam em risco a vida da vítima, podendo levar à morte. Neste sentido, quando estamos perante uma vítima AEC (inconsciente) devemos realizar a extensão da cabeça e elevação do queixo e verificar se ela respira durante 10 segundos (VOS Ver se há expansão torácica, Ouvir se respira e Sentir se respira). Se a vítima respirar normalmente devemos colocar em PLS (Posição Lateral de Segurança). Em conclusão: conseguir identificar que a vítima se encontra com AEC ou inconsciente, a sua colocação em posição lateral de segurança (PLS) e a pronta realização da chamada 112 fazem toda a diferença.

ASSEGURAR CONDIÇÕES DE SEGURANÇA (Local, Reanimador, Vítima)

AVALIE O ESTADO DE CONSCIÊNCIA

Chame pela vítima em voz alta

• Estimule-a simultaneamente em ambos ombros

P

L S

Respira

CONSCIENTE

QUESTIONE SE TEM QUEIXAS? (Ligar 112)

V O S 10 seg.

Remova objetos que possam magoar

Posição Lateral de Segurança (PLS)

• Realizar um angulo de 90º, com o braço e perna e rode a vítima em bloco;

• Após a lateralização, realizar a extensão da cabeça e verifique se respira;

• De 30 em 30 minutos rode para o lado oposto (até chegada das equipas de emergência).

CUIDADO!

• As grávidas devem ser colocadas em PLS para o lado esquerdo;

• Vítimas com doenças crónicas têm risco acrescido;

• A vítima pode rapidamente ficar inconsciente nunca a deixe sozinha

BIBLIOGRAFIA

Ligar 112

SUPORTE BÁSICO DE VIDA (SBV)

LIGUE 112

• Informe a sua localização com pontos de referência;

• Descreva a situação;

• Responda a todas as questões solicitadas;

• Siga as instruções do operador.

1. T.M. Olasveengen, et al., European Resuscitation Council Guidelines 2021: Basic Life Support, Resuscitation (2021), https://doi.org/10.1016/j.resuscitation.2021.02.009

2. https://www.nhs.uk/conditions/first-aid/recovery-position/

3. INEM, DFEM: Manual de Suporte Básico de Vida e Desfibrilhação Automática Externa, Versão 2— 1ª Ed. 2021

4. https://www.redcross.org.uk/first-aid/learn-first-aid/unresponsive-and-breathing

5. Programa de edição de fotos: Painnt®

EDITOR

Enfermeiro SIV/VMER

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NÃO RESPIRA ANDRÉ ABÍLIO RODRIGUES
AEC INCONSCIENTE
Ligar 112

PRÁTICAS SIMULADAS EM SUPORTE AVANÇADO DE VIDA: AVALIAÇÃO DOS ENFERMEIROS DA EEMI

Póster vencedor – Congresso ICE 2024 - International Congress on Emergency, promovido pela APEMERG - Associação Portuguesa de Enfermeiros e Médicos de Emergência

M Sc Sónia Sousa1; PhD Guida Amaral2; PhD Ana Poeira2

1Enfermeira Especialista na Unidade Local de Saúde da Arrábida

2Enfermeira Especialista e Docente na Escola Superior de Saúde de Setúbal

INTRODUÇÃO

Os programas de treino em SAV objetivam formar profissionais de saúde com conhecimentos e competências para executarem reanimações com sucesso. Os diferentes comités internacionais, sob umbrella da International Liaison Committee on Resuscitation desenvolveram programas educacionais para disseminar a formação, em que se incluem os consensos da evidência para a melhor prática de reanimação, a identificação dos pontos chave de conhecimentos e competências a adquirir e desenvolver, a publicação de manuais com descrição da evidência científica que suporta a indicação da metodologia de reanimação, e ainda o desenho dos cursos.

A simulação é uma metodologia pedagógica que permite aos participantes treinarem em situações clínicas reais, de forma segura e controlada1-13 Cada vez mais uma realidade (e recomendação) no âmbito da formação de profissionais de Saúde, permite ainda a reflexão sobre a prática profissional e a identificação de oportunidades de melhoria, sem comprometer a segurança da Pessoa2-4

Em contexto de SAV, a simulação é essencial para assegurar a aquisição e desenvolvimento de competências10,13. No entanto, a certificação per si, parece não ser suficiente para assegurar a manutenção das competências, sendo recomendado o treino de SAV em low-dose, hight-frequency14,15. Não existe consenso quanto ao intervalo entre treinos, sendo as recomendações tão vagas quanto 1 a 6 meses12,14,16-22

O reconhecimento dos ganhos em saúde das Equipas de Emergência Médica Interna (EEMI) levou a que, em 2010, por determinação da DGS, todos os hospitais do SNS tivessem de implementar uma EEMI23. A sua importância veio novamente reforçada num consenso internacional de 202315, além da necessidade de criação de programas de formação e acompanhamento das competências dos profissionais em SAV. Com o foco no desenvolvimento sustentado de um programa institucional de treino em SAV, foi implementado e avaliado um programa de treino simulado aos enfermeiros da EEMI.

O objetivo deste estudo primário foi avaliar o impacto do treino simulado na autopercepção do desenvolvimento de competências em SAV, dos enfermeiros da EEMI.

METODOLOGIA

Estudo de paradigma quantitativo, tipo descritivo-correlacional e longitudinal que decorreu nos meses de janeiro a agosto de 2023. Dos 30 enfermeiros que constituem a EEMI, dois foram excluídos por serem instrutores de SAV e exercerem cuidados em SAV com frequência, e dois recusaram-se a participar no estudo. Os vinte seis enfermeiros participaram em grupos de 4 a 6 enfermeiros (randomizados) por instrutor, num treino constituído por uma sessão teórica de 1h (revisão de algoritmos) e uma sessão prática (com média de 20 minutos por enfermeiro, como team-leader). A sessão prática foi conduzida de acordo com o normativo dos treinos de megacode dos cursos de certificação em SAV.

A colheita de dados decorreu antes e após o treino, através de questionário online (37 questões com escala de Likert) subdividido em três áreas: a

Palavras-Chave: Education Nursing Research; Advanced cardiac life support; Resuscitation; Simulation; Nursing; Emergency

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POSTER CIENTÍFICO
POSTER CIENTÍFICO

autoavaliação das suas competências de forma transversal, autoavaliação enquanto elemento da equipa de SAV e ainda autoavaliação enquanto team-leader

A análise de dados foi efetuada em IBM SPSS. Dados normalmente distribuídos apresentados como média e desvio padrão. Por amostra pequena (n < 30) e resultado teste K-S com correção Lilliefors: confirmada rejeição da hipótese de normalidade das variáveis. Não atendido pressuposto de normalidade que preside a aplicação do teste de diferença entre 2 médias em amostras pequenas pareadas, foi realizada análise não paramétrica por teste de Wilcoxon. p < 0,05 com testes exatos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De entre as diferentes caracterizações da população, salienta-se que quase 70 % dos enfermeiros tem mais de 10 anos de experiência profissional mas 50% tem 5 ou menos anos de experiência na EEMI. Acresce ainda que, apesar de todos os enfermeiros da EEMI possuírem curso SAV, somente 50% o frequentou há menos de 5 anos. A Tabela 1 apresenta a média de valores avaliados nos itens de autopercepção dos enfermeiros da EEMI. O valor médio das respostas relativamente à autoperceção sobre desenvolvimento de habilidades em SAV aumentou imediatamente após o término da prática, demonstrando uma tendência de melhoria das competências em SAV imediatamente após o curso (p< 0,05 entre 1ª e 2ª recolha de dados). A visualização dos gráficos nº 3 e 4,

expostos no Poster permitem rapidamente percecionar a mudança na autoavaliação das competências. Apesar da informação constar na tabela 1, a perceção de evolução positiva, pelas diferenças de cores, torna-se imediatamente percetível. Analisando a autopercepção précurso, de acordo com o tempo decorrido desde a última situação real de SAV, verificou-se que os enfermeiros que vivenciaram há mais tempo uma situação de SAV posicionam-se como tendo menor desenvolvimento nas competências de comunicação, relação, técnicas, autoavaliação, motivação para aprender, tomada de decisão e raciocínio clínico. No entanto, não se pode afirmar que exista diferença estatisticamente significativa (p>0,05) pelo n baixo, pelo que esta análise é apenas percecionada pela análise direta e comparativa, das respostas aos questionários. A tabela 2 do ePoster apresenta estes resultados. Em relação à autoavaliação de competências, os enfermeiros percecionaram um aumento das competências técnicas e científicas, da capacidade de mobilizar conhecimentos, da motivação e da satisfação para/com a aprendizagem e do raciocínio clínico, após o treino simulado. Quanto à autoavaliação enquanto líder de equipa, o treino de práticas simuladas tive impacto no aumento: do conhecimento do algoritmo, da capacidade de identificar as funções e de monitorizar o desempenho de cada elemento da equipa, da capacidade de assegurar cuidados pós PCR e da capacidade de liderar. Relativamente à autoavaliação

enquanto membro da equipa, o treino permitiu aumentar o conhecimento das funções de cada membro, a compreensão da função delegada, a capacidade de solicitar a repetição de instruções e a capacidade de informar se não se sentir capaz de executar uma instrução.

CONCLUSÃO

A prática simulada revelou-se eficaz no aumento da autopercepção das diferentes competências necessárias para atuar perante uma situação de SAV. A autopercepção e confiança para executar SAV parecem estar relacionadas com a efetiva competência para o executar24

A Organização Mundial de Saúde, no seu 5º objetivo estratégico do Global Patient Safety Action Plan 2021-203025 alerta para a falta de perceção dos profissionais sobre a necessidade de minimizar os riscos associados aos cuidados pelos profissionais, o que inclui ter perceção das nossas necessidades de melhoria assim como treinar sem envolver o risco humano. A Health Education England26 afirma que a prática e manutenção de competências que são usadas com pouca frequência, mas que podem ter um efeito devastador no outcome dos nossos doentes, como é o caso das competências em SAV, devem ser frequentes e com recurso a simulação. Os enfermeiros deste estudo autopercepcionaram uma melhoria na sua competências para executar SAV, aparentando potenciar uma otimização da sua performance para as situações reais. Estes resultados poderão sustentar o projeto de implementação de programas de treino de SAV aos profissionais de saúde

34 Indice

of skills about their simulated ACLS practices

Self-assessment as a Team Leader after the simulated ACLS practices

Ability to validate that team members comply with their instructions

Ability to monitor the quality performance of the different team members

Ability to intervene constructively in the performance of the different team members

Knowledge of the decision-making criteria for discontinuing ACLS

to participate in decision-making for ACLS interruption

Ability to summarize the clinical case and the interventions made during the scenario for the team

carry out debriefing

Ability

request repetition of the team leader's instructions when the team leader's instructions are unclear

Ability to inform the team leader if they do not feel able to carry out an instruction

Self-assessment as a member of the ACLS team after the simulated ACLS practices Knowledge of the roles that each team member has

Ability to keep an eye on the scene while performing their role effectively

Tabela 1: Média de valores avaliados na autopercepção, antes e após o treino.

35 Indice Data collection instrument First Second Test Pairs Wilcoxon Test Items Before the ACLS simulation practices* Immediately after the ACLS simulation practices* First – Second** First – Third** Self-assessment
Communication skills 3.4 (0.8) 3.7 (0.8) 0.107 0.011 Relational skills 3.5 (0.8) 3.8 (0.7) 0.048 0.008 Technical skills 3.1 (0.6) 3.6 (0.8) 0.007 0.000 Scientific skills 2.9 (0.7) 3.4 (1.0) 0.014 0.000 Ethical attitudes 3.8 (0.7) 4.1 (0.7) 0.072 0.018 Ability to mobilize knowledge 3.4 (0.6) 3.9 (0.7) 0.003 0.005 Capacity for self Evaluation 3.4 (0.8) 3.8 (0.7) 0.016 0.003 Self-confidence 3.1 (0.8) 3.6 (0.8) 0.005 0.003 Motivation for learning 3.8 (0.8) 4.3 (0.7) 0.022 0.008 Satisfaction with learning 3.8 (0.8) 4.4 (0.9) 0.004 0.008 Decision-making 3.5 (0.8) 3.8 (0.8) 0.143 0.019 Clinical reasoning 3.3 (0.7) 3.8 (0.7) 0.003 0.000
Knowledge of the ACLS algorithm 3.1 (0.8) 3.8 (0.7) 0.001 0.004 Ability to apply the ACLS algorithm without breaks 2.9 (0.8) 3.5 (0.9) 0.009 0.006 Knowledge of the resolution of each of the potentially reversible causes 3.1 (0.8) 3.7 (0.9) 0.026 0.027 Ability to
all potentially reversible causes 2.9 (0.6) 3.5 (0.8) 0.006 0.011 Ability to
to
member 3.3 (0.8) 4.0 (0.8) 0.001 0.005
3.2 (0.7) 3.7 (0.8) 0.015 0.000
resolve
identify the functions
be performed by each team
3.0 (0.7) 3.7 (0.8) 0.001 0.000
3.2 (0.7) 3.7 (0.7) 0.006 0.007
3.0 (0.6) 3.5 (0.9) 0.009 0.000
2.9 (0.9) 3.5 (0.9) 0.008 0.001
Ability
3.0 (0.9) 3.6 (0.8) 0.004 0.001
post-CPR care 3.2 (0.7) 3.8 (0.8) 0.003 0.001 Ensuring post-CPR
3.3 (0.7) 3.9 (0.8) 0.012 0.005 Ability to be
of the entire ACLS scenario 3.2 (0.7) 3.6 (0.6) 0.051 0.002 Ability
3.2 (0.9) 3.7 (0.7) 0.026 0.002 Ability to lead a ACLS 2.7 (1.0) 3.4 (0.8) 0.001 0.002
Identify priorities in
care
aware
to
to play 3.4 (0.9) 4.3 (0.7) 0.000 0.004 Knowledge and understanding of the role delegated to them 3.5 (0.8) 4.3 (0.7) 0.000 0.002 Knowledge of their limitations 3.7 (0.8) 4.3 (0.7) 0.002 0.002 Ability to perform any role 3.3 (0.9) 3.8 (0.7) 0.010 0.007 Ability to
3.4 (0.8) 3.8 (0.9) 0.048 0.000
3.5 (0.8) 4.0 (0.8) 0.034 0.003
support other team members in their performance
Ability to repeat and validate instructions with the team leader
3.5 (0.8) 4.2 (0.8) 0.001 0.001
to
3.4 (1.0) 4.3 (0.7) 0.000 0.001
3.5 (0.8) 3.8 (0.8) 0.152 0.040 POSTER CIENTÍFICO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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37 Indice POSTER CIENTÍFICO
ANDRÉ ABÍLIO RODRIGUES Enfermeiro SIV/VMER EDITOR CATARINA JORGE Médica VMER EDITORA
"ATIVAÇÃO

DA VIATURA MÉDICA PARA PCR NÃO PRESENCIADA. A MINHA OPINIÃO É?"

“O que às vezes parece, muitas vezes não o é… PCR presenciada ou não, não há melhor do que uma correta avaliação.”

Telma Santos

“A verificação de um óbito é competência médica e daí ser uma ativação válida para a VMER. Embora muitas vezes se pudesse articular com o médico de saúde pública, o tempo de resposta é insuficiente para uma resposta, alguns casos, mas não raros, de uma necessidade da atuação da equipa de emergência no suposto cadáver.”

“Já há alguns anos, desde 2018 defendo aplicação da regra de TOR. PCR não presencial ou presencial, mas sem manobras SBV e com primeiro ritmo não desfibrilhavel é para ativar a carrinha de funerária.”

Denis Pizhin

“É mais uma daquelas situações em que nos temos de colocar no lugar do outro. Se por um lado, temos a percepção de que nada há a fazer e poderá ser um tempo de VMER inoperacional para outras situações potencialmente reversíveis, por outro lado temos Bombeiros ou TePh anteriormente activados que terão de manter SBV até que um médi-co os mande parar, tendo eventualmente de manter manobras até uma unidade de saúde mais próxima,

“A minha opinião é que se trata de um gasto de recursos enorme. Trata-se de uma ati-vação de um meio diferenciado que irá ficar ocupado numa ocorrência em detrimento uma possível outra, em que a VMER poderá efetivamente fazer a diferença.”

38 Indice TERTÚLIA VMERISTA

com todo o transtorno familiar que isso acarreta. Da mesma forma, a família que pede ajuda também não pode ser responsabilizada pelo "atestar" do óbito, prescindindo o CODU da observação de técnico de saúde. As responsabilidades são diversas e legalmente superiores aquilo que seria o ideal. Talvez se houvesse uma maior e mais rápida disponibilidade dos delegados de saúde, essas situações pudessem ser minimizadas.”

Pedro Lopes Silva

NOTA DO EDITOR

As respostas obtidas à questão colocada na Tertúlia VMERista são da exclusiva responsabilidade dos intervenientes no "inquérito", e que são opiniões estritamente pessoais, das quais a LIFESAVING necessariamente se demarca...

“Nunca poderemos ter uma opinião de ativação ou não, porque dependerá sempre das circunstâncias e do contexto que deve ser apurado, além de que a legislação nacional não permite que se faça diferente em alguns casos. No entanto julgo dever ser dada informação à população para a sua acessibilidade de resolução com os médicos de família nos casos de doença

terminal ou em fim de vida de pessoas já muito idosas e debilitadas, tal como nos lares que têm de ter médico por lei, e somos ativados para situações de morte natural no decurso de vidas de grande longevidade, pelo que essas instituições deveriam ter protocolos de acessibilidade ao seu médico assistente.” Catarina Tavares

EDITOR

39 Indice TERTÚLIA VMERISTA
NUNO RIBEIRO Enfermeiro VMER TIP

UM PEDACINHO DE NÓS

Entrevista a Dr.ª Sara Aleixo Cabrita

Ana Rodrigues1, Teresa Castro 2

1Enfermeira das VMER de Faro e Albufeira, 2Enfermeira da VMER de Albufeira

Olá, mais uma vez aqui estamos de volta. Nesta edição vamos conhecer a Sara Aleixo Cabrita, médica a realizar o seu Internato de Formação Específica em Medicina Interna, no Hospital de Faro, disponibilizando ainda tempo para as suas valiosas funções nas viaturas médicas de Faro e Albufeira.

Nascida e criada na cidade de Faro, diz-nos porém que as suas origens vêm de uma família que cruzou continentes e oceanos, tendo a sua mãe nascido em São Tomé e Príncipe, e o seu pai na nossa distinta capital, Lisboa. Sem irmãos, embora

refira a existência de 2 meios-irmãos, com quem não tem proximidade.

O seu percurso académico inicia-se na pré-escola do Carmo, em Faro, seguindo-se a escola primária no Colégio Internacional de Vilamoura, o ensino básico na Neves Júnior em Faro, e o Secundário em Vila Real de Santo António. Cedo decidiu os caminhos da Medicina, tendo concluído o Mestrado Integrado em Medicina na República Checa, na cidade de Plzen.

O seu trajeto profissional iniciou-se com as funções de médica do Internato geral em 2016, no Hospital

de Faro, onde permanece até à presente data, encontrando-se a concluir o seu internato de Medicina Interna. Iniciou também funções de médico regulador no CODU em 2019. Embora já tivesse completado o curso VMER em 2021, só começou a exercer funções no ano 2022, face à gravidez do seu segundo filho. Confessa que a vontade de seguir na área da saúde cedo se instalou na sua vida, embora tenha desde sempre ouvido a sua mãe, que exercia medicina, dizer para não ir para a área da saúde,… mas nada a fazer porque já lá estava a vontade.

41 Indice
“UM PEDACINHO DE NÓS”

Revela-nos que desde cedo, o seu tempo livre era passado no Hospital a acompanhar a mãe. Diz-nos que a via sempre a ler e a estudar, e sempre disponível para ajudar o próximo. São valores que preservou e guarda com muito respeito, e acredita, que tudo tem um significado ” ….nada como vivermos de… e para o exemplo….” Já a escolha de enveredar pelo pré-hospitalar surge muito antes da Medicina, pois confidencia que já em miúda delirava, com as conversas da sua tia, que fazia CODU, … "naqueles anos atrás, em que era o médico que atendia as chamadas e geria os meios, e também numa altura em que as pessoas sabiam e respeitavam mais a ativação do 112, pois o 112 era reconhecido e visto muito mais do que um só número". Diz-nos também que é difícil não gostar ou sentir aquela atração, pois quando se tem aquele “bichinho” e “adrenalina”, sabemos que podemos e vamos fazer toda a diferença. É reconfortante, o sentimento de: “podermos ser os primeiros a ajudar alguém que esteja

em dificuldades, face a ameaça e/ou risco de vida, seja de que forma for….”, e acrescenta ainda ”…ao gerirmos as várias dificuldades em múltiplos cenários, têm de reconhecer, fica difícil não gostar desta área, e de ajudar o próximo em termos de saúde?!”. Por enquanto mantém a escolha do Algarve para viver e trabalhar, não só porque pertence a este território, pois foi cá que nasceu e cresceu, e

também porque é desafiante e muito difícil resistir a este clima tão agradável e acolhedor. Confessa que inicialmente também ficou obviamente “mais presa” ao Algarve por razões familiares, muito embora esteja atualmente muito indecisa quanto ao futuro que nos espreita… Foram várias as histórias vividas na VMER, deixando-nos alguns testemunhos:

Uma das mais engraçadas que nos partilha, e que com todo o respeito pela vítima, nos confidencia, foi a

equipa ter sido acionada para um óbito, e à sua chegada: “…termos toda uma família à nossa espera com um corpo já preparado e vestido, com uma esposa (do falecido) a pedir muitas desculpas “à doutora”, porque ainda não tinha tido tempo de maquilhar o marido (falecido)”, e dizendo “…que há preceitos para se ser visitado pela senhora doutora!!!”.”

Dá ênfase a uma outra historia vivida, mas de cariz mais complexo e stressante, entre um acidente de motociclo, com um veículo ligeiro de passageiros, tendo a equipa sido informada que eventualmente, no local, iriam encontrar um óbito e um homem com fratura. Acontece que foram os primeiros a chegar, numa estrada bem movimentada, de noite, e deparam-se com um homem e uma mulher no chão,… a mulher sendo um óbito, e o homem com fratura exposta do membro inferior. Este

42 Indice

homem seria esposo da vítima, e ambos supostamente estariam a conversar antes de irem para a missa, quando ocorreu o acidente. O homem quando se apercebeu do que acontecera, ter-se-á levantado e caído de seguida pela exposição da fratura. A equipa VMER soube, à posteriori, que a igreja para onde o casal se dirigia, era a poucos metros do local do acidente, e lá estaria a sua filha à espera. Até à chegada dos restantes meios, a equipa esteve sozinha, e o período de tempo pareceu-lhes uma eternidade. No que respeita à sua vida familiar, que tanto presa, diz namorar há 15 anos com um dos melhores homens do mundo e arredores, do qual, tem dois filhos lindos (um de 2 e outro de 6 anos). Enaltece ainda uma avó de 97 anos, que é, e sempre será, o seu pilar, e o seu porto de abrigo. Relata que a gestão dos afazeres domésticos, e toda a logística familiar, por vezes não é fácil, mas que se torna fácil quando pensa “nos seus entes queridos”, e esses vêm indiscutivelmente, e sempre, em primeiro lugar. Ama viajar, e arrasta todos do seu agregado familiar consigo. Revela que os seus filhos já fizeram tantas viagens quanto o seu pai. Gosta de experimentar restaurantes novos e fazer as avaliações no tripadvisor. Atualmente não gosta de ver televisão, só o som a deixa irritada. No entanto, adora ver séries e filmes e, claro, por força das circunstâncias também, os desenhos animados. Admite ainda adorar animais e conta ter vários animais de estimação por quem tem uma grande estima. São eles: o gato (Yoshi) cinzento de pelo

brilhante; o Sanji, um adorável cão de raça-Bull terrier, todo branco, que é uma doçura e que tem dois filhos: a Shiva (delicada como uma princesa) e o Nero (adolescente com os nervos à flor da pele). No seu lar há ainda espaço para um magnifico aquário: com uns 20 mini peixes, uns camarões e umas mini cobras. Quanto aos seus principais interesses e hobbies, conta que adora ler (apesar da falta de tempo…). Pratica hipismo, e há uns anos atrás em formato competição, tendo chegado a sela 7. Agora só continua por estima aos animais e pelo bem que lhe sabe. Toca piano desde os 5 anos, tendo realizado o conservatório em Faro. Adora tocar, e encantar a sua família, mas confessa que é incapaz de tocar piano para outros. No que se refere a toda a gestão psicológica das situações de stress, e as mais complicadas, gosta de falar com quem esteve presente nessas situações. Mas, muitas vezes, guarda para si a parte mais “psicológica”, mas diz que aos poucos tem aprendido a falar e expressar-se melhor, embora não seja a sua zona de conforto …. Quanto ao futuro que nos reserva … diz-nos que é todo ele muito incerto. Aqui ou ali. Mais cedo ou mais tarde.... Enfim… Partilha que sofre um pouco por antecipação e, portanto, o futuro assusta-a, principalmente porque gosta de ter tudo bem controlado e em microgestão, para que nada lhe saia de controlo. Reafirma ser muito organizada! Pelo que detesta desorganização. Revela que na sua vida tem os seus dias organizados ao minuto na agenda. Não vive sem as suas agendas. A sua

agenda em papel, tem os minutos do seu dia contabilizados, e a agenda do telemóvel é partilhada com o seu namorado, para que a sua gestão familiar aconteça ao seu melhor nível, e para que nada falhe. Gostava, no entanto, de saber relaxar mais, mas confessa que ainda não consegue!!!

Assume que está muitas vezes de mau-humor, mas atenção, admite ser muito sensível e prestável com o outro, e se justificar diz: ” Sou a primeira a dar a mão ao próximo!!!!... e acrescenta: ”…apesar de achar que o ser humano está numa fase má do seu desenvolvimento (se assim se pode chamar, estando próximo do retrocesso). Mas, gostava que as pessoas fossem mais de “gostar” e de “estar” quando ainda somos alguém, que não chorassem hipocritamente a morte dos outros, mas enaltecessem a presença em vida (nossa e dos outros).”

Despede-se com esta mensagem, que nos deve fazer repensar também a forma de estar na vida: “Gosto muito de viver! Adoro a vida! Quero poder aproveitá-la e com os meus!”

EDITORA

TERESA CASTRO

43 Indice “UM PEDACINHO DE NÓS”
Enfermeira VMER EDITORA ANA RODRIGUES Enfermeira VMER Heli INEM

Em dez anos de VMER não se pode dizer que ainda existam muitas primeiras vezes, no entanto, a manhã de hoje foi rica numa situação que, além de ser uma novidade, é também um problema recorrente na nossa pratica diária – a localização!

Depois de mais de 10-15 minutos a tentar seguir as indicações da equipa

de bombeiros, chega-se à conclusão de que a partilha de localização via Google Maps, iria eliminar o erro e diminuir o tempo de chegada à vitima. A chegada essa foi brindada com a tal originalidade: no corte de estrada, três baldes com INEM escritos e setas rosa, espalhadas pelo caminho, e que nos fariam seguir,

corretamente, diga-se, até à vitima!. Uma solução que deve ter sido fruto das inúmeras tentativas em encontrar o domicilio em variadas situações. Até quando uma solução de partilha da localização, in loco, pelas equipas de emergência alocadas ao serviço vai demorar a aparecer?

Congressos e Cursos

I CICLOS DE JORNADAS DA URGÊNCIA: CUIDAR DE QUEM CUIDA

9 a 10 de maio de 2024

Auditório da Unidade Hospitalar de Vila Real

XIII CONGRESSO NACIONAL DE QUEIMADOS

13 a 15 de junho de 2024

Auditório Associação Empresarial da Região da Guarda

EDITOR

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TESOURINHO VMER ista
1 Médico VMER
PEDRO OLIVEIRA SILVA Médico VMER CODU

"Sismo de magnitude 7,5 faz nove mortes e destrói vários edifícios em Taiwan. Autoridades locais montam operação de resgate para retirarem pessoas presas nos escombros. Pelo menos sete morreram".

Fonte: Reuters e Joana Bourgard 3 de Abril de 2024, 10:59 in Público on-line

https://www.publico.pt/2024/04/03/video/video-sismo-magnitude-75-destroi-varios-edificios-taiwan-20240403-110049

FRASE MEMORÁVEL
FRASE MEMORÁVEL
PEDRO LOPES SILVA Enfermeiro VMER Heli INEM EDITOR Centro Académico de Investigação e Formação Biomédica do Algar ve
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HIGHLIGHTS I C E 2024

Para assistirem à Edição de 2024 do International Congress on Emergency - ICE24, mais de 270 congressistas de diferentes pontos do país, rumaram à Cidade do Porto.

O Auditório acolheu esta edição do Congresso anual da Associação Portuguesa de Médicos e Enfermeiros de Emergência (APEMERG) ao longo do passado dia 5 de abril. Edição essa que contou com a presença de um painel de palestrantes nacionais e internacionais que se dividiram por diferentes mesas e abordaram seis temas diferentes, todos direta ou indiretamente ligados à emergência.

A Sessão de Abertura do Congresso teve lugar pelas 9h00, pela voz do Enf.º Tiago Amaral, na qualidade de Vice-Presidente da APEMERG deu a boas-vindas e agradeceu a presença de todos. Depois de explanar não apenas qual é o propósito da APEMERG mas também do evento e de como o mesmo estaria programado, deu oficialmente início ao Congresso.

No período da manhã foram abordados os temas:

Intoxicações em Pediatria, Que Norte para a Formação?, Save the Brain e ainda apresentadas as Comunicações

Orais que o Júri considerou como as 5 melhores de todas que foram submetidas a concurso.

O Dr. Anaxore Casimiro da ULS São José (Lisboa), foi o moderador da primeira mesa cujo tema Intoxicações em Pediatria foi

abordado pelo Pediatra Dr. Ricardo Bianchi, que exerce funções nos Hospitais Lusíadas no Porto e Trofa Saúde em Alfena, e no TIP- Norte ULS de São João/Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). Na sua exposição, o Dr. Ricardo introduziu o tema realçando a importância das Intoxicações Agudas em Crianças, e definiu a intoxicação aguda como sendo uma condição clínica causada pela exposição que tenha ocorrido há menos de 24 horas a uma substância tóxica. No caso das crianças, é uma das grandes preocupações de saúde a nível global dado se tratar de uma das principais causas de morbidade e mortalidade infantil em todo o mundo, assim como motivo de admissão nos serviços de urgência dos Estados de Unidos da América.

51 Indice APEMERG
APEMERG

Ao longo de cerca de 40 minutos procurou resumir o muito que poderia ser dito sobre uma temática tão complexa, mas procurou desde logo alertar para a importância da prevenção, uma vez que as crianças são particularmente vulneráveis dada a probabilidade de se exporem perante os tóxicos com que se deparam e de terem sistemas imunológicos menos desenvolvidos. Abordou a fisiopatologia pediátrica, um dos motivos pelos quais qualquer tóxico pode ser mais nocivo nas crianças e apresentou dados epidemiológicos, quer do Relatório Anual da Associação Americana do Centro de Controle de Intoxicações (2019) quer os dados estatísticos de 2023 do Centro de Informação Antivenenos (CIAV) do INEM. Do relatório apresentado pelo CIAV, realçou que 34,3% dos cados ocorridos foram em crianças, 62% das quais com menos de 5 anos. Os mesmos dados permitiram concluir

que nos primeiros 6 meses de idade, os envenenamentos são causados principalmente pelos pais, os outros são acidentais, muitas vezes devido à ingestão não intencional e que de todos os casos, a ingestão foi a via de intoxicação em 83,8% dos casos. Também demonstrou que as causas mais comuns para as intoxicações são os medicamentos (sendo que o paracetamol está presente em 50%

dos casos), os produtos do lar, outras substâncias como álcool, tabaco, drogas ilícitas e pesticidas são igualmente motivos de intoxicação, tal como algumas plantas domésticas comuns podem ser tóxicas se ingeridas por crianças. Dado que apresentação clínica pode variar, sendo mesmo assintomática em 72% das intoxicações agudas, é

fundamental ter noção dos que a sintomatologia vai depender muito não apenas da substância, mas também da quantidade da mesma que foi absorvida. Os sintomas mais comuns continuam a ser: náuseas, vómitos, diarreia, dor abdominal, sonolência, confusão, convulsão e em situações ainda mais graves a depressão respiratória. Tendo em conta tais fatores, perante uma suspeita de intoxicação aguda em idade pediátrica, na avaliação inicial e a triagem os profissionais devem ter em conta se a criança está sintomática e contactar o CIAV, sendo que nos casos em que apresentem sintomatologia devem ser encaminhados para o hospital. Após a descrição de como deve ser realizada a avaliação inicial, a abordagem seguinte e quais as intervenções cruciais em cada um dos casos, salientou a importância da recolha da história completa pelo impacto que essa informação pode ter na escolha do tratamento (incluindo antídotos mais comuns) e reavaliação do mesmo.

Nos casos em que a substância ingerida é desconhecida, o tratamento é habitualmente mais difícil, apresentou um quadro resumo com certos achados do exame clínico podem sugerir síndromes tóxicas específicas e auxiliar no diagnóstico. Em jeito de conclusão, o Dr. Ricardo realçou que:

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- A Intoxicação aguda é efetivamente uma emergência médica que pode ocorrer tanto em crianças como em adolescentes, sendo que em idades entre o 1-5 anos habitualmente é acidental e a intoxicação voluntária é mais comum nas adolescentes;

- A maioria dos casos é assintomática e resolve-se no domicílio, mantendo vigilância;

- O reconhecimento e a intervenção precoce são cruciais para a prevenção de complicações e fatalidades;

- A descontaminação gastrointestinal, a administração de carvão ativado e a lavagem gástrica já não são usadas por rotina; E terminou a sua intervenção com a frase: “A prevenção é a melhor terapia!”

Que Norte para a Formação? foi o tema da segunda mesa, moderada pela Dra. Vera Mondim da ULS São José (Lisboa), e foram três os intervenientes a narrar as suas experiências.

A primeira a subir ao palco foi a Enf.ª

Rosário Pinilla. Enquanto Chefe de Divisão do SAMUR (Servicio de Asistencia Municipal de Urgencia y Rescate) de Madrid partilhou com os presentes a sua experiência da evolução do pré-hospitalar em Madrid assim como a forma como decorre o processo de formação na cidade onde exerce funções. Composto atualmente por uma equipa multidisciplinar de 624 profissionais (médicos, enfermeiros e

vezes dificulta a intervenção das equipas: o facto de estarem em locais públicos “desprotegidos”, em ambientes hostis, terem informação limitada sobre as vítimas ou contexto, serem várias equipas a trabalhar em simultâneo e só uma boa preparação e coordenação de meios pode minimizar estes entre outros riscos que poderia

técnicos de emergência, psicólogos, 1 farmacêutico e 1 sociólogo), todos trabalham em prol do socorro e no âmbito do pré-hospitalar daquela cidade. Tal como em Portugal, existem meios menos e outros mais diferenciados. Os menos diferenciados são as Unidade Básicas de Suporte de Vida que são tripuladas por 2 técnicos de emergência, enquanto as Unidades de Suporte Avançado de Vida têm na sua constituição um médico, um enfermeiro e um técnico de emergência. Salientou que trabalhar em contexto de pré-hospitalar tem riscos associados o que muitas ter referido. Tendo em conta a larga experiência no terreno que possui, fez uma resenha daquilo que foi a evolução história que também ela acabou por vivenciar, desde o conceito do “scoop and run” até ao “stay and play”. Para além da mudança do paradigma de abordagem à vítima, também os dispositivos móveis (viaturas, ambulâncias, ...), os recursos tecnológicos que têm ao dispor mudaram e evoluíram sendo uma mais-valia para o socorro. No que aos Recursos Humanos diz respeito, assistiu de forma gradual ao aparecimento de uma maior diversidade e diferenciação das equipas assim como a formação que possuem, fruto da mudança da legislação. Relativamente à formação, todos os profissionais têm formação específica e acreditada. A legislação é específica e têm de ser cumpridas uma grelha de competências para manter o grau de

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exigência que a organização incutiu e o tipo de trabalho que desenvolvem também assim o obriga.

Por serem alvo de avaliação de desempenho e de forma a detetar as áreas que carecem de maior atualização, formação e treino são efetuados inquéritos/questionários aos profissionais e de 2 em 2 anos todos têm de ter as suas competências novamente certificadas de forma a garantir que mantêm o programa de formação atualizado. De salientar que os profissionais veem o seu empenho reconhecido uma vez que recebem um complemento económico ao garantirem que estão atualizados.

O SAMUR Madrid está acreditado internacionalmente para dar apoio a eventos multivítimas e tem um programa inserido na comunidade em que dá formação a bombeiros, policias e à população em geral. Ou seja, tem uma forte ligação com os demais interveniente, inclusive com os civis. Terminou a sua intervenção com a frase “Se procuramos a excelência, temos de ter bons recursos e profissionais bem formados em todos os âmbitos!”.

Para descrever a realidade francesa tomou de seguida a palavra o Dr. Jean-Michel Pereira, médico no SAMU (Service d'Aide Médicale Urgente) de Paris. Depois de uma breve resenha história em que apresentou os grandes impulsionadores do pré-

hospitalar em França, abordou a origem da Medicina de Catástrofe e da SFMC (Societé française de médecine de catástrofe) que atualmente inclui profissionais dos ministérios da defesa, do interior e da saúde, estando todos unidos no terreno enquanto parceiros da emergência numa cadeia para a prestação de cuidados. O SAMU, à semelhança do SAMUR, também está acreditado internacionalmente, e foram várias as missões em que participou nos últimos anos, a mais recente em 2023 na Ucrânia. Para que tal possa acontecer as equipas têm de estar preparadas em termos teóricos e práticos, pelo que a formação teórica é exigente e as simulações e exercícios práticos também são obrigatórios, sendo muitas vezes de grande escala e envolvem outros intervenientes como equipas de

bombeiros e polícias. Embora tenha dado maior ênfase durante a sua apresentação ao programa de formação médico, referiu que também os enfermeiros podem frequentar a formação embora seja uma formação mais curta e tenham um teste de admissão para demonstração de competências. A medicina de catástrofe em França é uma especialidade médica que visa preparar os profissionais para emergências e situações de exceção. Estes profissionais participam num programa de estudos específico que inclui estágios em unidades de cuidados intensivos, serviços de urgência, centros de trauma, exercícios de desastres em grande escala. Só depois de concluído com sucesso o ciclo de estudos é que são considerados aptos para integrar as equipas especializadas que dão resposta a situações complexas, operações nacionais e internacionais. Em paralelo a estas atividades, e no sentido de manterem os profissionais atualizados, têm publicações próprias e manuais disponíveis on-line para consulta (www.sfmc.eu/) e organizam conferências, sobre diferentes temáticas tendo anunciado que a próxima irá decorrer no dia 23 de maio de 2024 com o objetivo de sensibilizar os profissionais e população sob a forma de atuar perante eventos adversos em grande escala.

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Com aposta na formação pretendem ir de encontro à frase de P. Lapadec que citou: “You have to be prepared to be surprised.”

O último interveniente desta mesa foi o Enf.º Carl Magnusson, Especialista em Enfermagem Pré- hospitalar, em Gotemburgo que relatou a realidade sueca. De forma esquematizada, e com ajuda de um mapa, mostrou como sistema de emergência pré-hospitalar sueco, nomeadamente em Gotemburgo, é complexo e tem de acordo com as necessidades dos utentes, um nível diferenciado de unidades de resposta disponíveis. Para que tal diferenciação possa ser possível, também a formação dos profissionais tem de ser eficiente e abrangente. Fazendo uma analogia com a expressão da autora Patricia Benner “From Novice to Expert”, abordou a evolução dos profissionais de enfermagem ao longo do tempo e da sua atividade desde que terminam a sua formação até que vão adquirindo mais experiência, tendo em conta a valorização da aquisição de competências práticas (mais comuns no início da carreira) e a sua valorização em detrimento da prática reflexiva (comum nos profissionais mais experientes).

Ao longo da sua apresentação explicou como decorre o programa de formação universitário préhospitalar para enfermeiros e médicos. Enquanto o programa para

os médicos (no Sahlgrenska University Hospital) está integrado ao longo do seu percurso académico, com módulos específicos, incluindo estágios em ambulâncias no préhospitalar, no que diz respeito ao programa para enfermeiros, é também universitário, e decorre ao longo de 1 ano e composto por 7 cursos. Para além da componente teórica têm um programa de treino clínico em emergências préhospitalares altamente focado no utente, durante o qual e em cenários realistas (quer em centros de treinos quer em estágios em ambulâncias) são tidas em conta as suas capacidades de avaliação, tratamento e gestão do cenário. O estágio em ambulância decorre ao longo de 8 semanas sob supervisão/ avaliação final de um enfermeiro especialista com competência em supervisão clínica. Algo que considera útil na evolução dos

profissionais e fomenta a prática reflexiva é o facto de no Sahlgrenska University Hospital em Gotemburgo, cada enfermeiro conseguir ter acesso à lista dos utentes dos quais cuidou no pré-hospitalar, o que lhes dá oportunidade para reverem as suas decisões, analisarem os cuidados que prestarem e aprender com os diagnósticos e tratamentos instituídos. Têm ainda acesso a conteúdos relacionados com cursos, testes e leituras relacionadas com as mais variadas temáticas do préhospitalar numa rede de educação da intranet hospitalar e às orientações mais recentes, por exemplo, em aplicações para dispositivos móveis. Terminadas as apresentações, e aberto o espaço para questões e debate para os presentes, das intervenções salienta-se que:

- Enquanto em Portugal ainda não é obrigatória uma “reciclagem” de competências depois de terminado o curso, nos países dos intervenientes da mesa é;

- A visão multidisciplinar e o treino em massa, a simulação clínica/ em laboratório já comum para os profissionais do pré-hospitalar de Madrid, Paris e Gotemburgo e ainda pouco comum no nosso território;

- Se algum médico ou enfermeiro português pretendesse ingressar na carreira do SAMUR em Madrid teria de ver as suas competências reconhecidas (uma vez que o título

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profissional já o é), e no SAMU de Paris dependeria da formação de base, mas teria de realizar um exame para demonstração de conhecimentos;

- Em Gotemburgo, tal como em todo o território sueco, os enfermeiros do pré-hospitalar que desemprenham funções quer em ambulâncias quer nos sistemas de triagem, têm uma atividade autónoma do trabalho médico, sendo que estes não interferem nos cuidados prestados, mas colaboram como consultores e dão apoio sempre que solicitado. Encerrada esta segunda mesa com um painel de convidados internacionais pelas 11h00, foi aberto o espaço para coffe break. Durante este intervalo do evento, os participantes puderam aproveitar a pausa para socializar, repor energias e níveis de glicose, visualizarem os diferentes e-pósteres expostos (20 no total) e passarem pelas bancas dos diferentes expositores/ patrocinadores do evento antes de serem retomadas as atividades planeadas.

O ICE24 contou com o Patrocínio GOLD da empresa clinifar medical care solutions e com os Patrocínios SILVER das empresas Raclac, Intersurgical, mc medical e Speculum Às 11h40, o Enf.º Samuel Sousa da ULS Alto Minho (Viana do Castelo), enquanto moderador da mesa Save The Brain destacou a importância do

tema dadas as taxas de incapacidade, morbilidade e mortalidade associadas por exemplo ao Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou Traumatismo Crânio-encefálico (TCE).

De seguida passou a palavra ao Dr. Bruno Maia, médico intensivista na Unidade de Cuidados Intensivos Neurocríticos da ULS São José (Lisboa) falou sobre a Primeira abordagem do doente neurocrítico De forma esquematizada e resumida

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começou por destacar o que é uma alteração neurológica aguda e dividiu-a em 3 tipos: os Sinais focais, a Alteração do estado de consciência (AEC)/ Crise convulsiva e a Cefaleia.

Para cada um dele abordou os sinais de alerta, forma de diagnóstico e diagnósticos diferenciais, tratamentos assim como quais as prioridades a ter em conta.

Relativamente à abordagem no Pré-hospitalar destacou as alterações que acha serem as mais comuns com que as equipas se deparam: a Convulsão, a AEC e o Défice focal.

Relativamente à Convulsão abordou a importância da equipa no local:

- Interpretar o que estava a acontecer (se crise tónico-clónica, se parcial, se o estado de consciência estaria comprometido, ...);

- Determinar qual a duração da convulsão (sendo que a maioria se resolve espontaneamente);

- Manter a abordagem segundo a importância da mnemónica ABCDE e neste avaliar a necessidade de colocar uma via aérea;

- Se necessário administrar fármacos de forma a parar a convulsão, sendo que dentro de todos os mais usados são as benzodiazepinas (midazolam) e antiepiléticos (fenitoina ou levetiracetam).

Perante um utente com AEC, realçou igualmente:

- A importância da abordagem segundo a mnemónica ABCDE, mantendo a via aérea assegurada;

- A necessidade de ponderar o que pode ser revertido no local (alterações da glicemia, dos valores da saturação periférica de oxigénio, casos de intoxicação por opióides ou benzodiazepinas;

- Dar particular importância à colheita de dados e história perante a situação se possível com determinação se existiu um défice focal ou cefaleia intensa antes da AEC, se o utente teve ou tem febre ou poderá ter sofrido algum tipo de intoxicação;

- E nada mais havendo a fazer no local o próximo passo será Scoop and run para o hospital. Nos casos em que a equipa do pré-hospitalar se depara com um utente com um

Défice focal:

- Deve ser mantida a abordagem segundo a mnemónica ABCDE;

- Determinar se este défice foi de instalação aguda é importante para

possível ativação da Via Verde AVC;

- Tentar determinar a hora de início dos sintomas;

- A colheita de dados e história, nomeadamente da medicação (uma vez que a ingestão de anticoagulantes pode interferir no passo seguinte)

Já na Sala de Emergência (SE), destacou as intervenções perante utentes admitidos com suspeita ou confirmação de AVC, Hemorragia cerebral espontânea, Hemorragia Subaracnoidea/ Aneurisma, Meningite/Encefalite, assim como o que está contraindicado em cada um dos casos, inclusive nos casos de HIC (Hipertensão Intracraniana).

Após o resumo claro das intervenções do pré-hospitalar e SE, a Dra. Celeste Dias, médica especialista em medicina intensiva e anestesia na ULS de São João expôs o que deve ser feito Within the ICU, ou seja, na Unidade de Cuidados Intensivos. Num “percurso” entre a lesão primária até à lesão secundária, ressalvou a importância de evitar que

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a lesão secundária se instale. Fatores como a hipotensão/hipertensão, hipoxemia/hiperoxia, anemia, hipocapnia/hipercapnia, hipoglicemia/ hiperglicemia, hiponatremia e a hipertermia podem vir a desencadear adventos adversos como o edema cerebral/perda da barreira hematoencefálica; hipoxia/ isquemia tecidular, convulsões, alterações metabólicas, inflamação, lesão de reperfusão, hidrocefalia e trombose venosa.

Perante uma lesão primária, seja ela de que origem for (e são diversas as causas de lesões primárias) e porque considera que dada a sua complexidade, nem sempre conseguimos perceber o que se passa no Sistema Nervoso Central (SNC), abordou os fatores sobre os quais os profissionais de saúde podem atuar (1/3 da lesão já está instalada, mas ainda pode ser evitados os restantes 2/3 que correspondem à lesão secundária). Tendo sempre em conta a relevância que se deve dar ao fator tempo e ao trabalho em equipa multidisciplinar, os resultados favoráveis são conseguidos através da monitorização multimodal (PIC, PPC, NIRS, EEG, ...), da terapêutica, da nutrição e da reabilitação.

Ao longo da apresentação deu ainda especial relevo à importância que a oxigenação cerebral tem na prevenção da lesão secundária e ao

acrónimo THE MANTLE. Em cuidados intensivos, este acrónico diz respeito a um conjunto de fatores que minimizam a hipoxia em casos de lesão cerebral traumática severa. São eles: Temperatura, Hemoglobina, Eletrólitos e equilíbrio ácido-base, Metabolismo, pressão Arterial, Nutrição e glicose, Target (objetivo alvo) do oxigénio, ventilação para proteger o pulmão (Lung), Edema e controlo da HIC.

Outro acrónimo muito usado para a neuroprotecção é o GHOST-CAP. Este diz respeito às iniciais do controlo de: Glicemia, Hemoglobina, Oxigénio, Sódio, temperatura, Conforto, pressão Arterial e PaCo2.

Em suma, preconiza medidas simples e não heroicas, com trabalho em equipa multidisciplinar e adequando os cuidados ao utente.

Concluídas estas duas intervenções dos palestrantes da última mesa do período da manhã, pelas 12h40, teve início a apresentação das 5 comunicações orais admitidas a concurso:

- “Ingestão de “Lança-Perfume” (LOLÓ): Um Caso Clínico”;

- “Tempos de resposta e intervenções extra-hospitalares à vítima de trauma major na Região Centro de Portugal: Estudo Retrospetivo.”;

- “Análise as ativações da sala de emergência num serviço de urgência médico-cirúrgica no norte de Portugal: Um Estudo Retrospetivo de 2023.”;

- “Análise estatística de 20anos de ativações de uma VMER do Norte de Portugal.”;

- “Trombólise em contexto de paragem cardiorrespiratória- Dados da Emergência Pré- Hospitalar.”.

Para moderar as intervenções e como júri, estiveram o Dr. Jorge Mimoso da ULS Algarve e o Enf.º Samuel Sousa da ULS Alto Minho. Findas as comunicações às 13h40 deu-se a pausa para Almoço.

Para o período da tarde o programa previa a abordagem dos Temas: Equipas de Alto Rendimento, Inteligência Artificial em Centros de Orientação de Doentes; Medical Response To Motorsport Crashes assim como a discussão durante o coffe break dos 5 e-pósteres selecionadas entre 20 que foram enviados para a organização para submissão a concurso.

Cerca das 14h35 teve início a mesa moderada pelo Enf.º Luís Gonçalves da Força Aérea Portuguesa,

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palestrada pela Dra. Sara Spinola, Consultora Sénior no âmbito do Desenvolvimento dos Recursos Humanos e Liderança na Empresa GROW-ING, que versava sobre a temática Equipas de Alto Rendimento. Começou a sua intervenção por definir equipas de alto rendimento como “Uma equipa de elevado desempenho é um grupo de pessoas altamente qualificadas que trabalham em áreas multifuncionais e que se concentram em atingir um objetivo comum.” Tendo esta definição como alavanca, descreveu as características que se pretendem então de uma equipa de alto rendimento, como o entendimento comum, a segurança psicológica dos intervenientes, e o propósito pró-social (quando o trabalho desenvolvido é visto como tendo um impacto positivo nos outros). Para que tais características

não parecessem inatingíveis, passou a explicar como é que cada uma delas pode ser desenvolvida e de que forma cada elemento da equipa pode colaborar. De seguida demonstrou como cada equipa passa por 5 estádios de desenvolvimento, sendo que cada fase se baseia nas anteriores para permitir uma colaboração e um desempenho eficazes. Assim, desde que a equipa se reúne e estabelece objetivos e procedimentos básicos até ao momento em que a equipa atinge o nível maduro de produtividade e coesão passa por diferentes transformações. Tal implica tempo, sem passar para a etapa seguinte antes da anterior estar consolidada e sempre que se integra um novo elemento da equipa pode ocorrer uma regressão. Para melhor compreensão, fez um paralelismo dos diferentes estádios com o trabalho de uma equipa de F1 durante Pit Stop e tal foi notório em termos de coordenação e trabalho desenvolvido.

Também para demonstrar que as competências não técnicas têm um papel importante nas equipas de alto rendimento comparou os pilotos de aviação com as equipas médicas, porque para além de ambas as áreas exigirem elevada competências técnicas, também características como: liderança, comunicação, capacidade de tomada de decisão,

delegação de tarefas, trabalho em equipa e coordenação eficaz são fundamentais. Os fatores humanos como a sua capacidade de processar a informação, tomar decisões, comunicar e adaptar-se a situações pode ou não ajudar as pessoas a desempenhar as suas funções em segurança, algo fundamental na área da saúde/equipas de emergência, o que vai dar ainda mais relevo a estas competências técnicas. Associados a todos estes conceitos está o de Liderança e depois de ter explicado quais os diferentes estilos de liderança que existem, questionou perante uma situação de crise qual seria o melhor estilo de liderança a adotar, sendo que a resposta não é clara uma vez que geralmente os líderes possuem uma mistura de diferentes estilos que se adaptam às circunstâncias. No entanto refere que existem 5 princípios de liderança efetiva em situações de crise: a liderança situacional (adequada e adaptada á situação e à equipa); a função do líder é liderar e não executar pelo que não deverá acumular outras funções; deve delegar responsabilidades e tarefas; comunicar de forma clara, assertiva e continua de forma que a informação chegue a toda a equipa; e efetuar um debriefing quando oportuno, cuidar da equipa e dos seus elementos individualmente.

Em suma, o trabalho em equipa

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implica confiança, compromisso, não ter receio do debate construtivo, responsabilidade e foco nos resultados. As competências não técnicas, enquanto as outras habitualmente advêm do treino, estas são trabalhadas e desenvolvidas por serem comportamentais, tal como a comunicação. Só com trabalho e envolvimento de todos é que uma equipa evolui e se pode transformar numa equipa de alto rendimento, tal como se preconiza que sejam as da área da emergência.

Dando continuidade ao programa do Congresso, pelas 15h35, começou a ser abordado o Tema Inteligência Artificial em Centros de Orientação de Doentes. O moderador da mesa, o Enf.º Tiago Amaral da ULS São José (Lisboa) apresentou os dois palestrantes, o Dr. Simon Morelli (médico especialista em emergência, Diretor da Central de ambulâncias e emergências da Região de Vastmanland) e o Dr. Douglas

Spangler (Coordenador de projetos de investigação no Uppsala University Hospital), na Suécia e ligados não apenas aos cuidados dos utentes no âmbito hospitalar e pré-hospitalar como à investigação em prol da proficiência no seu atendimento.

A apresentação Al in patien referral centres foi dividida em duas partes.

Na primeira, Simon Morelli, apresentou sobre a forma de esquema como funciona o Centro de Orientação de Doentes e a complexidade do mesmo a nível

regional municipal e estatal tendo em conta os meios disponíveis. No chamado Healhcare dispatch center , execem funções equipas de enfermagem que recebem as chamadas, estabelecem as prioridades na resposta às necessidades e ativam os meios necessários, e médicos que quando solicitado apoio pelos elementos das equipas de enfermagem dão o seu parecer e procuram colaborar na minimização do erro na tomada de decisão.

Para além das funções habituais de um Centro de Orientação de Doentes, acumulam funções semelhantes ao que acontece em Portugal com o CIAV e a linha de SNS24 entre outras linhas de apoio. Por serem um Centro de Orientação de Emergência diversificado e receberem chamadas das mais variadas (desde a situação

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mais simples à emergente), ou seja, terem um input considerado complexo e porque os recursos que possuem também são limitados o que faz com que o output seja considerado igualmente complexo o grande objetivo é direcionar os utentes para o local mais apropriado onde consigam o nível de cuidados de que necessitam o mais rapidamente possível. Para tal existe uma serie de algoritmos de triagem que são seguidos que no final vão dar origem à atribuição de uma prioridade. Apesar da qualificação dos profissionais, da formação continua, da presença do apoio das equipas médicas em caso de dúvidas, procuraram otimizar o sistema para minimizar o erro. É neste ponto que Douglas Spangler enquanto Coordenador do Projeto de Investigação através do qual se pretende efetuar uma previsão das

necessidades individuais dos cuidados dos utentes, e a implementação de modelos preditivos na prática clínica, nomeadamente nos Centro de Atendimento Pré-Hospitalar explica como funciona o projeto e a sua implementação. Através de uma recolha de dados exaustiva, e seguindo um modelo tipo check-list o algoritmo vai pontuando segundo uma escala de gravidade. Para tal foram criados padrões tendo em conta sinais e sintomas, fatores de risco (idade, comorbilidades, medicação habitual), que auxiliam os profissionais na tomada de decisão mais rápida, precisa e procurando minimizar o erro. Para além disso, e porque conseguem agregar a informação dos utentes quer recolhida a nível de pré-hospitalar quer a nível hospitalar o sistema permite a partilha de informação

entre ambos. Pode ser ainda útil para o diagnóstico e tratamento de utentes durante o atendimento pré-hospitalar uma vez que permite acesso à informação.

Para que todos tivessem perceção de como funciona o programa, foram efetuados vários exemplos através do site https://opentriage.net/ui/vitals/ e depois de alteradas as diferentes variáveis solicitadas, as respostas dos presentes quando questionados sobre se o risco aumentaria ou diminuiria coincidiu com as respostas apresentadas pelo programa openTriage - Ambulance referral risk, tendo sindo possível ver através de uma demo a variação do risco que implica o envio de um ou outro meio e a forma como tal como ajudar na tomada de decisão dos profissionais. Encerrada a penúltima mesa, e pelas 16h30, foi aberto o espaço para coffe break. Para além das atividades

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habituais, foi durante este intervalo que decorreu o período de discussão perante o júri dos 5 dos e-pósteres selecionados.

Ao Enf.º Nelson Coimbra da ULS Santo António coube a tarefa de moderar a última mesa na qual foi abordado o tema Medical Response

To Motorsport Crashes. O palestrante, o Dr. André Santos Luís, cirurgião maxilo-facial da ULS Santo António e Membro da Comissão Médica da FPAK partilhou a sua experiência numa área ainda pouco abordada. Ao longo de quase 40 minutos levou os presentes para uma realidade desconhecida de muitos, com intervenientes, procedimentos e protocolos diferentes daqueles de quem está habituado a trabalhar em emergência executa. Na sua definição, o conceito de medical response to motorsports crashes é a resposta médica a acidentes que acontecem em eventos de automobilismo e motociclismo.

Esta resposta envolve equipes especializadas que estão presentes nos eventos para prestar socorro imediato aos pilotos em caso de acidentes e estão preparadas para lidar com diversas situações emergentes (desencarceramentos, trauma grave, queimaduras, ...). Embora pensadas para dar apoio aos pilotos, em determinadas provas pode ser necessário dar apoio a outros elementos em caso de alerta. O objetivo é assim fornecer uma resposta médica rápida e proficiente para garantir a segurança dos pilotos e minimizar os riscos de lesões graves ou fatais. Habitualmente trabalham na parte “interior dos rails de proteção” e enquanto médico tem funções bem definidas.

Refere que é necessário conhecer o desposto no qual se está envolvido (seja ele Rally, motas, velocidade, tempos de arrefecimentos de motores), uma vez que quando decide parar uma prova está sempre sob

escrutínio direto e tal pode ter implicações para pilotos, para o resultado da classificação e os próprios critérios para saída de prova de um piloto têm de ser bem ponderados. Existem tipos de patologia e protocolos de atuação que todos os intervenientes têm de conhecer dado que o trauma é diferente de uma doença súbita, existem protocolos de extração (emergente, semi-emergente e controlada) e os transporte e evacuação podem ser rápidos ou apenas ser dado apoio no centro médico. A segurança dos profissionais não deve ser descurada uma vez que qualquer distração pode ser motivo para vítimas adicionais e têm de conhecer inclusive os sistemas de segurança dos diferentes automóveis (alguns têm avisos se abordagem é segura ou não). Tal como todas as provas são diferentes, também os recursos/meios ao dispor são diferentes, assim como a abordagem

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aos veículos vai depender do tipo de veículo e da situação em si (inclusive o historial clínico e estrutura física do piloto). Por último, outro dos fatores que é necessário ter em conta é o tipo de centro médico que tem à disposição (pode ser permanente ou provisório) e em ambos os casos a organização dos meios é fundamental. Realçou a importância de simulação e treino e a coordenação das equipas de extração pela diferença que pode fazer entre o agravamento de uma lesão ou salvar uma vida, pelo que para além de terem de manter os conhecimentos atualizados, também fazem uso da prática simulada para manterem os níveis exigidos pelas entidades que regulam a sua atividade (a FIA, a título de exemplo, tem definido o tempo “limite” para uma extração controlada). Ou seja, é um trabalho que vai muito além do que “andar num carro a alta velocidade”, é muito mais complexo e de extrema responsabilidade. Quando questionado se tem enfermeiros a

integrar a sua equipa, referiu que embora a FIA reconheça apenas 2 papeis- o de médico e do profissional extrator que tem um treino específico e certificação obrigatória, quando surge a oportunidade para integrar enfermeiros numa equipa para dar apoio a uma prova preferencialmente serão elementos familiarizados com o pré-hospitalar (habitualmente que integram já equipas VMER).

Foi desta forma que se deu por encerradas as mesas do programa. Já no final do Congresso foram anunciados os vencedores de melhor Comunicação Oral - “Tempos de resposta e intervenções extrahospitalares à vítima de trauma major na Região Centro de Portugal: Estudo Retrospetivo.” e de melhor e-poster“Praticas simuladas em Suporte Avançado de Vida: Avaliação dos Enfermeiros de Emergência Interna.” Pelas 18h30 a Sessão de Encerramento foi realizada pelo Enf.º Tiago Amaral, que enquanto VicePresidente da APEMERG que reiterou os agradecimentos aos presentes, aos patrocinadores, aos palestrantes e restantes elementos da organização do evento. Ficou já marcada a próxima edição do ICE no dia 4 de abril de 2025, na cidade de Lisboa

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WORLD ASSOCIATION FOR DISASTER AND EMERGENCY MEDICINE

A WADEM (World Association for Disaster and Emergency Medicine) é uma organização mundial dedicada à Medicina de Catástrofe e Emergência. Pretende garantir a preparação dos profissionais de saúde para uma resposta eficaz a emergências e situações de

catástrofe, com base na evidência científica e melhores práticas. No site da WADEM encontra-se uma série de recursos educacionais, incluindo podcasts e webinars, bem como o acesso à revista científica

Prehospital and Disaster Medicine

https://wadem.org/resources/podcasts/

EM S im Cases

O blog EM Sim Cases é um recurso educacional pós-graduado, especialmente direcionado para formadores na área da emergência médica, procurando armazenar e

divulgar conteúdos de simulação em diversas áreas da emergência médica, nomeadamente: ressuscitação cardiorespiratória, pediatria, trauma e toxicologia

https://emsimcases.com/category/cases/resuscitation/

64 Indice
BEST
SITES
BRUNO SANTOS Médico VMER EDITOR

Seguindo as temáticas dos artigos apresentados nas nossas revistas, apresento nesta edição mais duas aplicações relacionadas. A primeira, completando a rubrica

AIR QUALITY & POLLEN - AIRCARE

“Cuidar de nós” que se foca na temática do da poluição ambiental, e a segunda, sugindo como um bom complemento à nossa rúbrica das “Intoxicações”.

Aplicação para pesquisar a qualidade do ar e níveis de pólen e raios ultravioleta. Indica o índice de qualidade do ar para que fique protegido da poluição do ar em qualquer país do mundo

https://play.google.com/store/apps/details?id=com.gorjan.airquality

TOXICOLOGIA HOY

Aplicação com informações médicas sobre mais de 400 substâncias tóxicas. Possui fichas descritivas com nome, origem, usos, toxicocinética, toxicodinâmica, mecanismo de ação, dose tóxica, metodologia diagnóstica utilizada para sua detecção, diagnósticos diferenciais e tratamento de cada um deles, procurando uma resposta rápida para o paciente intoxicado

https://play.google.com/store/apps/details?id=com.toxicologiahoy.app

EDITOR

65 Indice BEST APPS
BEST APPS
PEDRO LOPES SILVA Enfermeiro VMER Heli INEM

SUGESTÕES DE LEITURA

Prehospital traumatic cardiac arrest: a systematic review and meta-analysis

https://doi.org/10.1007/s00068-022-01941-y

Vianen, N.J., Van Lieshout, E.M.M., Maissan, I.M. et al. Prehospital traumatic cardiac arrest: a systematic review and meta-analysis. Eur J Trauma Emerg Surg 48, 3357–3372 (2022).

Prehospital management of chest injuries in severely injured patients—a systematic review and clinical practice guideline update

https://doi.org/10.1007/s00068-024-02457-3

Waydhas, C., Prediger, B., Kamp, O. et al. Prehospital management of chest injuries in severely injured patients—a systematic review and clinical practice guideline update. Eur J Trauma Emerg Surg (2024).

67 Indice SUGESTÕES DE LEITURA

Review article: Pre-hospital trauma guidelines and access to lifesaving interventions in Australia and Aotearoa/New Zealand

https://doi.org/10.1111/1742-6723.14373

Andrews, T., Meadley, B., Gabbe, B., Beck, B., Dicker, B. and Cameron, P. (2024), Review article: Pre-hospital trauma guidelines and access to lifesaving interventions in Australia and Aotearoa/New Zealand. Emergency Medicine Australasia, 36: 197-205.

The role of REBOA in patients in traumatic cardiac arrest subsequent to hemorrhagic shock: a scoping review

https://doi.org/10.1007/s00068-022-02154-z

Slot, S.A.S., van Oostendorp, S.E., Schoonmade, L.J. et al. The role of REBOA in patients in traumatic cardiac arrest subsequent to hemorrhagic shock: a scoping review. Eur J Trauma Emerg Surg 49, 693–707 (2023).

EDITOR

69 Indice SUGESTÕES DE LEITURA
ANDRÉ ABÍLIO RODRIGUES Enfermeiro SIV/VMER

CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO – Novembro de 2021

1. Objectivo e âmbito

A Revista LIFESAVING (LF) é um órgão de publicação pertencente ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) e dedica-se à promoção da ciência médica pré-hospitalar, através de uma edição trimestral.

A LF adopta a definição de liberdade editorial descrita pela World Association of Medical Editors, que entrega ao editorchefe completa autoridade sobre o conteúdo editorial da revista. O CHUA, enquanto proprietário intelectual da LF, não interfere no processo de avaliação, selecção, programação ou edição de qualquer manuscrito, atribuindo ao editor-chefe total independência editorial.

A LF rege-se pelas normas de edição biomédica elaboradas pela International Commitee of Medical Journal Editors e do Comittee on Publication Ethics

2. Informação Geral

A LF não considera material que já foi publicado ou que se encontra a aguardar publicação em outras revistas.

As opiniões expressas e a exatidão científica dos artigos são da responsabilidade dos

respectivos autores.

A LF reserva-se o direito de publicar ou não os artigos submetidos, sem necessidade de justificação adicional.

A LF reserva-se o direito de escolher o local de publicação na revista, de acordo com o interesse da mesma, sem necessidade de justificação adicional.

A LF é uma revista gratuita, de livre acesso, disponível em https://issuu.com/lifesaving Não pode ser comercializada, sejam edições impressas ou virtuais, na parte ou no todo, sem autorização prévia do editor-chefe.

3. Direitos Editoriais

Os artigos aceites para publicação ficarão propriedade intelectual da LF, que passa a detentora dos direitos, não podendo ser reproduzidos, em parte ou no todo, sem autorização do editor-chefe.

4. Critérios de Publicação

4.1 Critérios de publicação nas rúbricas

A LF convida a comunidade científica à publicação de artigos originais em qualquer das

categorias em que se desdobra, de acordo com os seguintes critérios de publicação:

Nós Por Cá

- Âmbito: Dar a conhecer a realidade de actuação das várias equipas de acção pré-hospitalar através de revisões estatísticas da sua casuística. Dimensão: 250 palavras.

Tertúlia VMERISTA

- Âmbito: Pequenos artigos de opinião sobre um tema fraturante. Dimensão: 250 palavras.

Minuto VMER

- Âmbito: Sintetização para consulta rápida de procedimentos relevantes para a abordagem de doentes críticos. Dimensão: 1000 palavras

Fármaco Revisitado

- Âmbito: Revisão focada na aplicabilidade clínica de um fármaco usado em contexto de emergência pré-hospitalar; - Estrutura: Título; Autoresmáximo 1(primeiro nome, último nome, título, afiliação); Introdução; Formas de Apresentação e Conservação; Posologia e Modo de Administração; Farmacocinética; Farmacodinâmica; Indicações

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CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO

Terapêuticas; Contra-indicações; Efeitos Adversos e Interações medicamentosas; Take Home Messages; Referências

- Dimensão: até 1200 palavras (excluindo referências); até 10 referências

- Iconografia: deverá ser enviada uma imagem/fotografia associada ao tema da rubrica (em formato JPEG com resolução original)

Journal Club

- Âmbito: Apresentação de artigos científicos pertinentes relacionados com a área da urgência e emergência médica pré-hospitalar e hospitalar. Dimensão: 500 palavras

Nós e os Outros

- Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre a actuação de equipas de emergência préhospitalar não médicas. Dimensão: 1000 palavras

Ética e Deontologia

- Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre questões éticas desafiantes no ambiente pré-hospitalar. Dimensão: 1000 palavras

Legislação

- Âmbito: Enquadramento jurídico das diversas situações com que se deparam os profissionais de emergência médica. Dimensão: 500 palavras

O que fazer em caso de...

- Âmbito: Informação resumida mas de elevada qualidade para leigos em questões de emergência. Dimensão: 500 palavras.

Mitos Urbanos

- Âmbito: Investigar, questionar e esclarecer questões pertinentes, dúvidas e controvérsias na prática diária da emergência médica. Dimensão: 1000 palavras.

Cuidar de Nós

- Âmbito: Diferentes temáticas, desde psicologia, emocional, metabólico, físico, laser, sempre a pensar no auto cuidado e bem estar do profissional. Dimensão: 500 palavras.

Pedacinho de Nós

- Âmbito: Dar a conhecer os profissionais das equipas de emergência pré-hospitalar. Dimensão: 400 palavras.

Tesourinhos VMERISTAS

- Âmbito: Divulgação de situações caricatas, no sentido positivo e negativo, da nossa experiência enquanto VMERistas. Dimensão: 250 palavras

Congressos Nacionais e Internacionais

- Âmbito: Divulgação de eventos na área da Emergência Médica. Di-mensão: 250 palavras.

Best Links/ Best Apps de Emergência Pré-hospitalar

- Âmbito: Divulgação de aplicações e sítios na internet de emergência médica pré-hospitalar -Dimensão: 250 palavras

Cartas ao Editor

- Objetivo: comentário/exposição referente a um artigo publicado nas últimas 4 edições da revista promovendo a discussão e visão

crítica. Poderão ainda ser enviados observações, casuísticas particularmente interessantes de temáticas atuais que os autores desejem apresentar aos leitores de forma concisa.

- Instruções para os autores:

1. O corpo do artigo não deve ser subdividido; sem necessidade de resumo ou palavras-chave.

2. Deve contemplar entre 500 a 1000 palavras, excluindo referências, tabelas e figuras.

3. Apenas será aceite 1 figura e/ou 1 tabela.

4. Não serão aceites mais de 5 referências bibliográficas. Devendo cumprir as normas instituídas para revista.

5. Número máximo de autores são 4.

Instantâneos em Emergência Médica

- Âmbito: Fotografias em contexto pré-hospitalar, contextualizadas nas diversas áreas da Emergência.

- Formato: Título; Autores –(primeiro nome, último nome, título, categoria profissionalopcional); imagem em formato JPEG com resolução original); Legenda explicativa com breve enquadramento ou breve comentário acerca do sentido da imagem para o Autor. – máx. 100 palavras.

É de a responsabilidade dos autores respeitar a POLITICA DE PRIVACIDADE, De acordo com o art. º13.º do Regulamento Europeu de Proteção de Dados Pessoais Reg. UE 201/679. Os Autores são responsáveis por

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respeitar e obter o consentimento de imagem, quando necessário ( n.º 1 do artigo 79.º do C.C).

Posters em Emergência Médica - Âmbito: Apresentação sumária de Póster científico original, sobre a temática da Emergência pré e intra-hospitalar, e do doente crítico. Dimensão: 800 a 1000 palavras. Limite de tabelas e imagens: 6

Intoxicações no pré-hospitalar - Âmbito: Revisão geral sobre determinada substância (tóxico), consequências de sobredosagem ou contacto/ consumo inadvertido ou intencional e qual a abordagem em contexto de Emergência Médica Pré-hospitalar.

Formato: Título; Autores; palavra (s)-chave; 1 ou 2 imagens (podendo incluir gráficos e/ou tabelas devidamente legendados); 500 a 1000 palavras; Agradecimentos; Referências bibliográficas

4.2 Critérios gerais de publicação

O trabalho a publicar deverá ter no máximo 120 referências. Deverá ter no máximo 6 tabelas/ figuras devidamente legendadas e referenciadas.

O trabalho a publicar deve ser acompanhado de no máximo 10 palavras-chave representativas. No que concerne a tabelas/ figuras já publicadas é necessário a autorização de publicação por parte do detentor do copyright (autor ou editor). Os

ficheiros deverão ser submetidos em alta resolução, 800 dpi mínimo para gráficos e 300 dpi mínimo para fotografias em formato JPEG (.Jpg), PDF (.pdf). As tabelas/figuras devem ser numeradas na ordem em que ocorrem no texto e enumeradas em numeração árabe e identificação. No que concerne a trabalhos científicos que usem bases de dados de doentes de instituições é necessário fazer acompanhar o material a publicar do consentimento da comissão de ética da respectiva instituição. As submissões deverão ser encaminhadas para o e-mail: revistalifesaving@gmail.com

5. Referências

Os autores são responsáveis pelo rigor das suas referências bibliográficas e pela sua correta citação no texto. Deverão ser sempre citadas as fontes originais publicadas. A citação deve ser registada empregando a Norma de Vancouver

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CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO

Estatuto Editorial

A Revista LIFESAVING é uma publicação científica e técnica, na área da emergência médica, difundida em formato digital, com periodicidade trimestral.

Trata-se de um projeto inovador empreendido pela Equipa de Médicos e Enfermeiros das Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) de Faro e de Albufeira, pertencentes ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve, e que resultou da intenção estratégica de complementar o Plano de formação contínua da Equipa.

A designação “Lifesaving”, que identifica a publicação, é bem conhecida por todos os profissionais que trabalham na área da emergência médica, e literalmente traduz o desígnio da nobre missão que todos desempenham junto de quem precisa de socorro – “salvar vidas”.

Esta Publicação inovadora, compromete-se a abraçar um domínio editorial pouco explorado no nosso país, com conteúdos amplamente dirigidos a todos os profissionais que manifestam interesse na área da emergência médica. Através de um verdadeiro trabalho de Equipa dos vários Editores da LIFESAVING, e

aproveitando a sua larga experiência em Emergência Médica, foi estabelecido o compromisso de apresentar em cada número publicado, conteúdos e rubricas de elevada relevância cientifica e técnica no domínio da emergência médica. Por outro lado, este valioso instrumento de comunicação promoverá a partilha das ideias e conhecimentos, de forma completa, rigorosa e assertiva.

Proprietário: Centro Hospitalar Universitário do Algarve, E.P.E.

NIPC: 510 745 997

Morada: Rua Leão Penedo, 8000-386 Faro

N.º de registo na ERC: 127037

Diretor: Dr. Bruno Santos

Editor-Chefe: Dr. Bruno Santos

Morada: Rua Leão Penedo, 8000-386 Faro

Sede da redação: Rua Leão Penedo, 8000-386 Faro

Periodicidade: trimestral

TIPO DE CONTEÚDOS

Esta publicação periódica pretende ser uma compilação completa de uma seleção de matérias científicas e técnicas atualizadas, incluídas em grande diversidade de Rubricas, incluindo: – “Nós Por Cá” – Âmbito: Dar a conhecer a realidade de atuação das várias equipas de ação pré-hospitalar através de revisões estatísticas da sua casuística. Poderá incluir também a descrição sumária de atividades, práticas ou procedimentos desenvolvidos localmente, na área da emergência médica – Dimensão: 500 palavras; – “Tertúlia VMERISTA” – Âmbito: Pequenos artigos de opinião sobre um tema fraturante – Dimensão: 250 palavras;

– “Minuto VMER” – Âmbito: Sintetização para consulta rápida de procedimentos relevantes para a abordagem de doentes críticos, ou de aspetos práticos relacionados com Equipamentos utlizados no dia-à-dia. Dimensão: 1000 palavras; – “Fármaco Revisitado” – Âmbito: Revisão breve de um fármaco usado em emergência pré-hospitalar, ou que poderia ser uma mais valia a sua implementação na carga VMER.

– Dimensão: 500 palavras;

– “Journal Club” – Âmbito: Apresentação de artigos científicos pertinentes relacionados com a área da urgência e emergência médica pré-hospitalar e hospitalar. -Dimensão: 500 palavras; – “Nós e os Outros” – Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre a atuação de equipas de emergência préhospitalar não médicas. -Dimensão: 1000 palavras;

– “Ética e Deontologia” – Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre questões éticas desafiantes no ambiente pré-hospitalar. -Dimensão: 500 palavras;

– “Legislação” – Âmbito: Enquadramento jurídico das diversas situações com que se deparam os profissionais de emergência médica.

– Dimensão: 500 palavras;

– “O que fazer em caso de…” –Âmbito: Informação resumida, mas de elevada qualidade, para leitores não ligados à área da saúde, ou da emergência médica -Dimensão: 500 palavras;

– “Mitos Urbanos” – Âmbito: Investigar, questionar e esclarecer questões pertinentes, dúvidas e controvérsias na prática diária da emergência médica. -Dimensão: 1000 palavras;

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– “Cuidar de Nós” – Âmbito: Discussão de diferentes temáticas, de caráter psicológico, emocional, metabólico, físico, recreativo, centradas no autocuidado e bem estar do profissional da emergência. -Dimensão: 500 palavras;

– “Pedacinho de Nós” – Âmbito: Dar a conhecer, em modo de entrevista, os profissionais da Equipa das VMER de Faro e Albufeira ou outros Elementos colaboradores editoriais da LIFESAVING. – Dimensão: 500 palavras;

– “Vozes da Emergência” – Âmbito: Apresentar as Equipas Nacionais que desenvolvem trabalho na Emergência Médica, dando relevância a especificidade locais e revelando diferentes realidades. – Dimensão 500 palavras;

– “Emergência Global” – Âmbito: publicação de artigos de autores internacionais, que poderão ser artigos científicos originais, artigos de opinião, casos clínicos ou entrevistas, pretendendo-se divulgar experiências enriquecedoras, além fronteiras;

– “Tesourinhos VMERISTAS” –Âmbito: Divulgação de situações caricatas, no sentido positivo e negativo, da experiência dos Profissionais da VMER. – Dimensão: 250 palavras;

– “Congressos Nacionais e Internacionais” – Âmbito: Divulgação de eventos na área da Emergência Médica – Dimensão: 250 palavras; palavras;

– “Best Links/ Best Apps de Emergência Pré-hospitalar” –Âmbito: Divulgação de aplicações e sítios na internet de emergência médica pré-hospitalar -Dimensão: 250 palavras

PREVISÃO DO NÚMERO DE PÁGINAS: 50;

TIRAGEM: – não aplicável para a publicação eletrónica, não impressa em papel.

ONDE PODERÁ SER

CONSULTADA:

Pode ser consultada no site do CHUAlgarve, no setor “Comunicação”, no domínio http:// www.chualgarve.min-saude.pt/ lifesaving/, e adquirida gratuitamente por subscrição nesse mesmo site. Não dispomos ainda de um site oficial para organização dos nossos conteúdos, de modo que atualmente todas as Edições estão a ser arquivadas no Repositório Internacional ISSUU, onde poderão ser consultadas gratuitamente (https://issuu.com/lifesaving). Marcamos presença ainda noutras plataformas de divulgação (Facebook, Instagram, Twiter e Youtube).

DIVULGAÇÃO DA LIFESAVING:

A LIFESAVING será difundida no site do Centro Hospitalar do Algarve (no setor média e imagem), e sua Intranet, com possibilidade da sua subscrição para receção trimestral via e-mail. Inserida on-line no repositório de publicações ISSUU, adquirindo um aspeto gráfico otimizado para tornar a leitura ainda mais agradável.

Será também difundida na página de Facebook da VMER de Faro, página própria com o nome LIFESAVING.

N.º 1 do art.º 17.º da Lei de Imprensa: Garanta de liberdade de imprensa:

1 - É garantida a liberdade de imprensa, nos termos da Constituição e da lei.

2 - A liberdade de imprensa abrange o direito de informar, de se informar e de ser informado, sem impedimentos nem discriminações.

3 - O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura

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ESTATUTO EDITORIAL

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