LIFESAVING 33

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PARCERIAS

Caríssimos leitores,

Bem-vindos à 33ª edição da Lifesaving. Celebramos 8 anos de publicações trimestrais ininterruptas, sempre com o objetivo de levar à comunidade pré-hospitalar, e à população, a melhor e mais recente informação sobre a emergência médica.

Nesta edição, a Dra Isabel Rodrigues apresenta no Minuto VMER a utilização da Terlipressina no tratamento da hemorragia digestiva alta em contexto pré-hospitalar. Já o Dr Luis Costa demonstra as taquiarritmias em mais um Infosaving.

Na rubrica Nós por cá desta edição apresentamos o trabalho feito nas nossas formações em serviço dos últimos meses, pela mão da Enfª Catarina Tavares, enquanto a Dra Ana Rita Clara expõe mais um excelente artigo no Journal Club, desta vez sobre os métodos de simulação para diagnóstico do acidente vascular cerebral no pré-hospitalar.

O Enfº Abílio Rodrigues ensina-nos o que fazer em caso de… gastroenterite, enquanto a Enfº Silvia Labiza cuida de nós ensinando-nos como proteger a pele do Sol em missão pré-hospitalar.

O Dr. Ernesto Ruivo e a Dra. Mónica Fonseca apresentam o Metanol e Etilenoglicol em mais uma Intoxicação no pré-hospitar, e o Enfº Nuno Ribeiro desafia a uma retrospetiva sobre o que a nossa

Tertúlia Vmerista tem permitido aos profissionais ao longo destes 8 anos.

A Drª Eva Motero apresenta-nos uma entrevista ao Dr. Manuel Vasquez Lima, sobre o “Reconhecimento da especialidade de urgências em Espanha”, em mais uma Emergência Internacional

Em jeito de celebração do nosso aniversário, publicamos a separata especial “Capas Nunca Publicadas da Lifesaving”, onde apresentamos as excelentes capas que todos os trimestres vão a votação mas que não tiveram a maioria dos votos da nossa equipa editorial. Atualizamos também a nossa exposição online de gravuras, fotografias e vídeos.

É no pico das férias de Verão que vos apresentamos este número da nossa revista. A saúde e a emergência não tiram férias, e em locais turísticos como o nosso Algarve a ocupação hospitalar e as emergências aumentam fortemente em todas as especialidades, pressionando todo o sistema de saúde. Ainda assim, a nossa equipa editorial bem como todos os seus colaboradores, não baixam os braços e trabalham em equipa para que esta edição seja publicada com o maior rigor. A todos eles um grande bem-haja.

Espero que desfrutem desta edição, Bem hajam

Pedro Lopes Silva CO-EDITOR-CHEFE Enfermeiro VMER pgsilva@chalgarve.min-saude.pt

MOMENTOS DE INSPIRAÇÃO

Periodicidade Trimestral

Linguagem Português

2184-1411

"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades"

Luís Vaz de Camões 1524 - 1580 Poeta, soldado. Uma das maiores figuras da literatura em língua portuguesa.

MINUTO VMER

UTILIZAÇÃO DA TERLIPRESSINA NO TRATAMENTO DA HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA EM CONTEXTO PRÉ-HOSPITALAR

INTOXICAÇÕES NO PRÉ-HOSPITALAR INTOXICAÇÃO POR METANOL E ETILENOGLICOL, UMA REVISÃO DA LITERATURA

NÓS POR CÁ

FORMAÇÃO EM SERVIÇO DA VMER - 2024, 1º SEMESTRE

FÁRMACO REVISITADO PETIDINA

JOURNAL CLUB

PREHOSPITAL STROKE DIAGNOSTICS USING THREE DIFFERENT SIMULATION METHODS: A PRAGMATIC PILOT STUDY

INFOSAVING - A RUBRICA DE INFOGRAFIAS DA LIFESAVING. TAQUIARRITMIAS EM CONTEXTO PRÉ-HOSPITALAR

EMERGÊNCIA INTERNACIONAL RECONHECIMENTO DA ESPECIALIDADE DE MEDICINA DE URGÊNCIA EM ESPANHA - ENTREVISTA AO DR. MANUEL VAZQUEZ LIMA

CUIDAR DE NÓS CUIDADOS COM O SOL NO PRÉ-HOSPITALAR

O QUE FAZER EM CASO DE GASTROENTERITE

TERTÚLIA VMERISTA "8 ANOS DE LIFESAVING, A RUBRICA TERTÚLIA VMERISTA PERMITIU-ME..."

UM PEDACINHO DE NÓS ENTREVISTA A ENF.ª RITA PENISGA

TESOURINHO VMERISTA / FRASE MEMORÁVEL

PÁGINAS ABC

PÁGINAS APEMERG

BEST SITES

BEST APPS

SUGESTÕES DE LEITURA

CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO

ESTATUTO

MINUTO

UTILIZAÇÃO DA TERLIPRESSINA NO TRATAMENTO DA HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA EM CONTEXTO PRÉ-HOSPITALAR

1Interna de Formação Específica de Gastroenterologia, Unidade de Saúde Local do Algarve-Unidade de Faro

A A esperança média de vida tem vindo a aumentar, o que resulta no aumento na prevalência de certas patologias, algumas das quais causam hemorragia digestiva. Além disso, o aumento no uso de certos medicamentos, como anti-inflamatórios não esteroides e fármacos inibidores da agregação plaquetária, tem contribuído para o aumento desse número de casos. A hemorragia digestiva alta (HDA) é a mais comum e também a que está associada a maior mortalidade.1

Apesar de todos os avanços que se observaram nos últimos anos na Medicina em geral e na Gastrenterologia em particular, as hemorragias digestivas continuam a ter uma taxa de mortalidade elevada (cerca de 10%). Para este valor contribui, em grande medida, o agravar das co-morbilidades existentes (especialmente cardio-respiratórias) e, em menor grau, consequências diretas da própria hemorragia digestiva.2 A HDA é definida como uma hemorragia proximal ao ligamento de Treitz, sendo a sua taxa de mortalidade global cerca de 2-3x superior à taxa de mortalidade da hemorragia digestiva baixa. Na HDA é importante distinguir as hemorragias devido a varizes esofágicas e não devidas a varizes, uma vez que têm estratégias

de abordagem diferentes. No caso da HDA por varizes esofágicas o risco de vir a desenvolver uma hemorragia está relacionado com o tamanho (o melhor fator isolado de previsão do risco de hemorragia) e localização das varizes (mais frequente nas varizes próximas à junção gastroesofágica), a aparência à endoscopia, a pressão portal (hemorragia pode ocorrer quando a pressão é superir a 12 mmHg) e à gravidade da falência hepática subjacente. Para além destes fatores também outros fatores locais, tais como, a tensão da parede das varizes e a diminuição de espessura da mucosa, aumentam o risco de hemorragia.3

Perante um doente com hemorragia digestiva alta importa avaliar a presença de sinais de doença hepática crónica (presença de circulação colateral, ginecomastia, ascite, entre outas) para que se atue tendo em conta a principal hipótese, isto é uma rotura de varizes.

O esquema terapêutico numa hemorragia digestiva alta deve assentar em três pilares fundamentais: reposição de volémia, profilaxia das complicações e medidas para conseguir a hemóstase.3 No que concerne às modalidades terapêuticas estas incluem, a terapia médica farmacológica, importante não só no

tratamento como também na profilaxia primária e secundária, a terapia médica endoscópica, a terapia imagiológica e, por último, a terapia cirúrgica que é usada em último caso, quando não se consegue obter hemóstase pelos outros métodos disponíveis. Relativamente às medidas farmacológicas temos os fármacos vasoativos que juntamente com o tratamento endoscópico, permitem o controlo inicial da hemorragia em 90% dos casos. Os fármacos vasoativos disponíveis são a vasopressina; somatostatina e os seus análogos (a terlipressina e o octreótido). Estes são agentes vasoconstritores esplâncnicos que reduzem o fluxo sanguíneo portal e consequentemente a hipertensão portal.4

A terlipressina é um análogo sintético da vasopressina. Está disponível em vários países, embora o seu uso nos Estados Unidos para a hemorragia digestiva alta por varizes seja "off-label". A terlipressina é administrada na dose inicial de 2 mg IV a cada 4 horas e pode ser titulada para 1 mg IV a cada 4 horas, uma vez atingido o controlo da hemorragia. Deve ser mantida entre 2-5 dias após a cessação da hemorragia. Vários estudos avaliaram a sua eficácia, entre os quais uma meta-análise que

observou uma diminuição na mortalidade por todas as causas com terlipressina vs placebo.5 Como a terlipressina tem sido associada à hiponatremia, recomenda-se a monotorização dos níveis séricos de sódio diariamente durante a sua utilização. Além disso, a terlipressina pode causar lesão isquémica, incluindo enfarte agudo do miocárdio, necrose da pele e isquemia intestinal. Deve ainda ser monitorizada a sobrecarga de volume e edema pulmonar.

Apenas alguns estudos compararam diretamente a terlipressina com a somatostatina, octreotídeo ou tratamento endoscópico. Estes estudos sugerem que a terlipressina tem eficácia semelhante no controlo da hemorragia aguda. Em comparação com o octreotídeo, a terlipressina parece ter um efeito mais sustentado no controlo pressão portal e no fluxo sanguíneo em comparação com apenas um efeito transitório do octreotídeo.6 Rehman, H et al., comparou a eficácia do octeríotido com a telipressina mostrou não haver diferenças no resultado dos efeitos cardíacos entre entes dois fármacos.7 Ambos os fármacos mostraram seguros para uso no tratamento do sangramento por varizes.6 Administrar terlipressina como infusão contínua vs bólus parece ter benefícios num maior controlo gradiente de pressão venosa hepática, menos eventos adversos e menor incidência de recidiva precoce8

A terapêutica das hemorragias digestivas altas por VE sofreu grandes alterações nas últimas duas décadas, nomeadamente após a

introdução dos fármacos vasoactivos de maior perfil de segurança. Podemos dizer que na atualidade a terapêutica de urgência não se faz sem o recurso à terapêutica farmacológica. Na era contemporânea, a terlipressina ou outros medicamentos vasoativos podem e devem ser iniciados assim que a hemorragia por varizes é suspeitada. Esse ponto tem sido suportado pelas vantagens da terlipressina versus ausência de medicamentos vasoativos no controlo da hemorragia e na melhoria da sobrevida.5,6

Em suma, perante um cenário de hemorragia alta por varizes esofágicas, a terlipressina poderá ser um dos fármacos vasoactivos viável para uso em contexto pré-hospitalar, até à admissão hospitalar e subsequente realização de endoscopia digestiva alta

BIBLIOGRAFIA

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7. 7. Rehman H, Rehman ST, Zulfiqar S, Awan S, Abid S. Real-world comparison of terlipressin vs. octreotide as an adjuvant treatment in the management of variceal bleeding. Scientific Reports. 2024;14(1):6692. doi: 10.1038/ s41598-024-56873-x.

8. Arora V, Choudhary SP, Maiwall R, Vijayaraghavan R, Jindal A, Kumar G, et al. Lowdose continuous terlipressin infusion is effective and safer than intravenous bolus injections in reducing portal pressure and control of acute variceal bleeding. Hepatol Int. 2023;17(1):131-8. Epub 2022/12/22. doi: 10.1007/s12072-022-10416-6. PubMed PMID: 36542261.

ISABEL RODRIGUES
Médica VMER CODU
EDITORA

INTOXICAÇÕES NO PRÉ-HOSPITALAR

INTOXICAÇÃO POR METANOL E ETILENOGLICOL, UMA REVISÃO

DA LITERATURA

INTRODUÇÃO

A intoxicação por metanol e etilenoglicol é responsável por dezenas de mortes anualmente. O reconhecimento rápido, tratamento precoce, incluindo a inibição da enzima álcool desidrogenase e suporte de órgão, são cruciais. O metanol e o etilenoglicol são encontrados em altas concentrações em anticongelantes, soluções de degelo, fluido limpa para-brisas, solventes, produtos de limpeza, combustíveis e outros produtos industriais.

As intoxicações mais graves ocorrem após ingestão entérica. Exposição por inalação e contacto cutâneo raramente causam toxicidade. Estas ocorrem mais frequentemente de forma acidental, uso ilícito em bebidas alcoólicas ou por comportamentos auto-lesivos1,2

FARMACOLOGIA E TOXICOLOGIA

O metanol e o etilenoglicol são rápida e completamente absorvidos após ingestão oral, atingindo concentrações máximas no plasma após uma hora. Estes são agentes relativamente inócuos, no entanto, os produtos resultantes da sua metabolização hepática pelo álcool desidrogenase (ADH) e aldeído desidrogenase (ALDH) apresentam uma toxicidade grave1-4

Os produtos do metabolismo destes álcoois provocam acidemia metabólica e lesão de órgão pela disfunção mitocondrial grave que promovem. A acidose com aumento do hiato aniónico resultante da acumulação de metabolitos ácidos aumenta a sua capacidade de penetração nas células, acelerando a disfunção do sistema nervoso central, oftalmológico e renal2,4 A metabolização do metanol em formaldeído e ácido fórmico segue uma cinética de ordem zero na ausência de tratamento e foi estimada em 8,5 mg/dL por hora após overdose. Se a oxidação pela ADH for bloqueada por agentes como o etanol ou o fomepizol, a eliminação desloca-se para as vias pulmonar e renal e torna-se de primeira ordem. Desta forma a eliminação do metanol desacelera drasticamente (semivida de 48 a 54 horas), diminuindo a sua conversão em metabolitos tóxicos. A eliminação dos metabolitos tóxicos do metanol é parcialmente dependente do tetrahidrofolato e acredita-se que acelere após a administração de ácido fólico. O formaldeído associa-se na literatura a lesão da retina e eventos hemorrágicos ou isquémicos centrais, particularmente nos gânglios da base5

A eliminação do etilenoglicol parece seguir uma cinética de primeira ordem na ausência de tratamento, com uma semivida sérica estimada entre 3 a 9 horas6,9,10. Para o etilenoglicol, a eliminação após a inibição da ADH torna-se maioritariamente renal, com uma semivida de cerca de 14 horas6,11. A piridoxina e a tiamina estão envolvidas em vias secundárias de eliminação do glicolato, um metabolito do etilenoglicol, mas não está claro até que ponto a suplementação acelere o seu metabolismo7. A lesão renal aguda oligúrica induzida pelo etilenoglicol é devida quer à lesão tubular induzida pelo glicolato, como à obstrução dos túbulos por cristais de oxalato7,8.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da intoxicação por metanol e etilenoglicol é preponderantemente clínico. A apresentação clínica é variável e determinada pelo tipo de álcool ingerido, quantidade presumida, tempo até primeira observação clínica e consumo concomitante de outros agentes.

Doentes observados logo após ingestão de qualquer uma das substâncias podem apresentar depressão do estado de consciência

e acidose metabólica discreta com hiato osmolar aumentado. Se a observação médica ocorrer várias horas após a intoxicação, estará presente uma acidose metabólica grave. Nestes casos, é frequente a depressão do estado de consciência, coma, convulsões e padrão respiratório de Kussmaul Queixas de visão turva, escotomas centrais, midríase fixa, hiperemia do disco óptico e cegueira sugerem intoxicação avançada por metanol. Por outro lado, dor lombar, hematúria, oligúria, paralisia de pares cranianos e/ou tetania sugerem intoxicação avançada por etilenoglicol12 Os seguintes métodos

complementares de diagnóstico podem ser solicitados para melhor caracterização do quadro11,16:

• Gasometria arterial ou venosa (para determinar a extensão da acidose)

• Osmolalidade sérica

• Concentrações séricas de metanol, etilenoglicol e isopropanol

• Concentração sérica de etanol (para determinar o hiato osmolar e avaliar a inibição da ADH)

• Concentração sérica de cálcio (para descartar hipocalcémia associada ao etilenoglicol)

• Urinálise (para cristais de oxalato)

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Poucas condições além da intoxicação por metanol e etilenoglicol causam uma acidose metabólica marcada com um hiato aniónico aumentado (bicarbonato sérico inferior a 8 mmol/L). A maioria dessas condições apresenta elevação do lactato sérico, como na isquemia intestinal ou cetoacidose diabética. Embora alguns pacientes com intoxicação por etilenoglicol apresentem níveis elevados de lactato, este aumento é insuficiente para explicar o grau de acidose14 O diagnóstico diferencial deve ser feito sobretudo com outras causas de acidose metabólica com hiato aniónico elevado, tanto causadas por acumulação de valências ácidas endógenas (doença renal crónica, acidose lática, cetoacidose diabética, cetoacidose alcoólica e rabdomiólise) ou exógenas (intoxicação por salicilatos, metanol e etilenoglicol)15

ABORDAGEM TERAPÊUTICA

A abordagem terapêutica deve ser iniciada pela estabilização segundo o algoritmo ABCDE. Os princípios terapêuticos estão espelhados na Tabela 111,16

PRICÍPIOS DA ABORDAGEM NA EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR

A abordagem pré-hospitalar dos doentes intoxicados com metanol ou etilenoglicol é fortemente dependente do diagnóstico presuntivo decorrente da colheita de uma história clínica dirigida no terreno devido à escassez de meios complementares de diagnóstico. Apurar as circunstâncias do evento, histórico de doenças, alergias,

Indicação para bloqueio da ADH com fomepizole e etanol

Forte suspeita clínica de intoxicação por metanol ou etilenoglicol, concentração sérica > 20 mg/dL, hiato osmolar >10 e pelo menos dois dos seguintes critérios: pH arterial < 7,3, bicarbonato sérico < 20 meq/L ou presença de cristais de oxalato na urina.

1ª Linha de tratamento - Fomepizole

Administrar fomepizol 15 mg/kg IV em dose de carga, seguido por 4 tomas de 10 mg/kg a cada 12 horas, seguidos de 15 mg/kg a cada 12 horas.

2ª Linha de tratamento – Etanol 10%

Para a constituição da solução de etanol 10% deve-se retirar 100 mL de 1 litro de solução de água destilada com dextrose a 5% (D5W) e substituir com 100 mL de solução injectável de etanol a 98%.

Infundir 10 mL/kg da solução durante 60 minutos para elevar a concentração sérica de etanol em aproximadamente 100 mg/dL.

Iniciar a perfusão de manutenção a 1 mL/kg por hora.

Ajustar a taxa de infusão para manter a concentração sérica de etanol em aproximadamente 100 mg/dL com base nas concentrações de etanol medidas inicialmente a cada 1 a 2 horas.

As doses de manutenção reais variam de 0,8 mL/kg por hora a 2 mL/kg por hora.

Uma vez que as medições seriadas demonstrem níveis séricos estáveis de etanol de aproximadamente 100 mg/dL, a frequência das medições pode ser reduzida para a cada 2 a 4 horas.

Continuar a infusão de manutenção até que a concentração sérica de metanol ou etilenoglicol seja indetectável (em pacientes com toxicidade em órgãos-alvo) ou < 20 mg/dL (unidades SI: metanol <6,2 mmol/L; etilenoglicol <3,2 mmol/L) e o paciente esteja assintomático e com pH normal. Podem ser necessários dois ou mais dias de infusão de etanol dependendo da quantidade de ingestão, toxicidade e uso de hemodiálise.

Adjuvantes de tratamento

Para pacientes com acidose metabólica moderada a grave (pH sanguíneo <7,25 ou hiato aniônico > 24), administrar bicarbonato de sódio 1 a 2 mEq/kg bolus IV seguido por infusão contínua (por exemplo, 133 mEq de bicarbonato de sódio em 1 L de D5W administrado a 150 a 250 mL/hora).

Se intoxicação conhecida ou suspeita por metanol, administrar ácido fólico 50 mg IV a cada 6 horas.

Se intoxicação conhecida ou suspeita por etilenoglicol, administrar tiamina 100 mg IV uma vez ao dia e piridoxina 100 mg IV uma vez ao dia.

Hemodiálise em casos graves e refratários

Acidose metabólica de hiato aniónico elevado independentemente da concentração de álcool tóxico.

Concentração sérica de metanol > 50 mg/dL (15,6 mmol/L).

Concentração sérica de etilenoglicol > 50 mg/dL (8,1 mmol/L) e presença de acidose metabólica.

Evidência de lesão de órgão-alvo atribuível ao álcool tóxico (por exemplo, alterações visuais após metanol ou insuficiência renal após etilenoglicol).

1 - Abordagem clínica e terapêutica da intoxicação por metanol e etilenoglicol

Tabela

medicação habitual e última refeição é fundamental para a identificação rápida da intoxicação e para transmitir a melhor informação. O transporte deve ser realizado com monitorização cardiovascular e fluidoterapia ponderada. A proteção da via aérea não está indicada preventivamente, mas não deve ser protelada em casos de depressão do estado de consciência.

CONCLUSÃO

A intoxicação por metanol e etilenoglicol exige diagnóstico clínico célere e abordagem terapêutica imediata, incluindo tratamento de suporte e monitorização de sinais vitais, inibição da ADH, monitorização do nível sérico dos tóxicos e frequentemente hemodiálise. A gestão eficaz da situação clínica de forma a prevenir desfechos fatais só é conseguida com protocolos rigorosos e acompanhamento contínuo

BIBLIOGRAFIA

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EDITOR

LUIS MIGUEL COSTA Interno de Formação Especializada em Anestesiologia ULS Algarve

MÓNICA VIEIRA DA FONSECA
VMER Faro e Albufeira
INEM – CODU DRS
EDITORA

FORMAÇÃO EM SERVIÇO DA VMER - 2024, 1º SEMESTRE

Continuando a acreditar que a formação em serviço é a pedra basilar na construção da competência em equipa, que é garantia da atualização das boas práticas com base na evidência, e ainda um momento de partilha que impulsiona a discussão, o crescimento e a maturidade das equipas, construímos um plano formativo para o ano de 2024 que

conta com: 8 momentos formativos, em modelo presencial ou blended ; e mais 2 momentos formativos menos tradicionais, um em modelo de exercício em simulacro, disponível a parte da equipa a título voluntário, e outro na construção e apresentação de um modelo normativo para a VMER. Acreditamos que o cumprimento deste plano constitui um desafio

importante face ao momento atual de prestação de cuidados de saúde na nossa instituição e no nosso país. A captação da motivação dos profissionais para a formação, tanto como formandos como formadores é hoje um exercício complexo de insistência e persistência, que nem sempre é ganho, contudo, a busca de novas estratégias continua a ser a nossa proposta.

Neste Nós por Cá, damos conta dos 3 momentos formativos já realizados neste semestre.

No dia 30 de abril decorreu a sessão CREW RESOURCE MANAGEMENT NA SAÚDE. ADAPTÁVEL AO PRÉ-HOSPITALAR?, em formato blended Com o objetivo de implementar a eficiência no processo de segurança de cuidados no pré-hospitalar, e otimizar dinâmicas de equipa. Os formadores Rui Pina e Marcos Cagido, proporcionaram um momento formativo em que começaram por definir conceitos relativos ao Crew Resource Management, à sua importância na aviação como modelo de segurança e melhoria de qualidade. Integraram na sessão a perspetiva do benefício do modelo para os cuidados de saúde e a sua aplicabilidade. A sessão foi bastante participada, permitiu uma discussão convergente sobre como implementar os conceitos na atividade préhospitalar. Os participantes demonstraram surpresa e entusiasmo num conceito desconhecido para a maioria, perspetivando a possibilidade da sua aplicação.

A 4 de Junho de 2024, decorreu a formação COMUNICAÇÃO NA TRANSIÇÃO DE CUIDADOS NO PRÉ

HOSPITALAR em formato blended. A Telma Santos foi formadora da sessão que tinha como objetivo implementar a eficiência e obter eficácia no processo de transição de

cuidados. Proporcionou uma formação inovadora, para além de rever os conceitos teóricos

emanados pela Norma da DGS, pela normativo da ULS Algarve e pela norma do INEM, que preconizam o modelo ISBAR para a garantia de segurança na transição de cuidados

de saúde. Entregou-nos a perspetiva internacional do modelo e a sua aplicabilidade, facultou a avaliação da formação com o uso de um teste diagnóstico online, e fomentou um jogo para testar a comunicação e a sua eficácia, que denota os cuidados essenciais à eficácia comunicacional.

A formação ROLE PLAY –EMERGÊNCIAS NEONATAIS E PEDIÁTRICAS (prática simulada e discussão de casos clínicos), decorreu em formato presencial no dia 19 de junho de 2024, com os objetivos de prestar cuidados segundo a melhor evidência clínica, normalizar práticas e fomentar a confiança da equipa nas emergências pediátricas e neonatais. Esta temática foi extensamente solicitada pela equipa no diagnóstico de situação efetuado para a elaboração do plano de 2024. A formação ficou a cargo do Nuno Ribeiro e do Pedro

Silva. Começaram por atualizar conceitos, fazendo uma revisão das últimas guidelines de Suporte Avançado de Vida Pediátrico e Neonatal, a que se seguiu a possibilidade de treino efetivo em manequins, num modelo de simulação de casos clínicos com o treino de liderança e trabalho de equipa. Fizeram ainda a divulgação de um documento prático para cálculos de doses e equipamentos para as situações pediátricas e neonatais, e algumas fórmulas facilitadoras no contexto.

A continuidade da realização do plano proposto continua a ser o grande objetivo para os próximos meses. Deparamo-nos, no entanto, com alguns constrangimentos no seu cumprimento, a indisponibilidade dos formadores já selecionados, por dificuldades de conciliação dos compromissos profissionais, é um repto que precisamos vencer

CATARINA TAVARES
Enfermeira VMER
Heli INEM
EDITORA

FÁRMACO REVISITADO

PETIDINA

Roberto Ameiro1,2

1Médico Interno de Formação Específica de Anestesiologia da ULS Gaia e Espinho

2Médico na VMER ULS Baixo Mondego

INTRODUÇÃO

A petidina (também designada por meperidina ou demerol) é um analgésico opioide indicado na dor aguda moderada a grave. A sua nomenclatura de acordo com a International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC) é etil-1-metil-4fenilpiperidina-4-carboxilato e a sua fórmula química C15H21NO2

A indicação clínica principal da petidina é analgesia em contexto de dor aguda no intra e pré-hospitalar, embora possa ser utilizada off-label para controlo de shivering pós-operatório.

Formas de apresentação e conservação

A petidina apresenta-se em formulações de 50 mg/2 mL e 100 mg/2 mL. A sua conservação deve seguir os princípios gerais de qualquer fármaco, não exigindo nenhum cuidado particular adicional.

Posologia e modo de administração

A petidina pode ser administrada pelas vias intravenosa (IV), intramuscular (IM), subcutânea (SC) e oral. O seu uso não se deve prolongar para além das 48 horas e as doses iniciais tipicamente utilizadas são as seguintes:

No adulto:

• Administração IM e SC: dose de 25 a 100 mg

• IV lenta: dose de 25 a 50 mg

Na pediatria:

• Administração IM: dose de 0.5 a 2.0 mg/Kg de peso corporal

• IV lenta: dose de 0.5 - 1.0 mg/kg

FARMACOCINÉTICA

• Potência: cerca de um décimo da potência da morfina

• Biodisponibilidade: 50–60%

• Volume de distribuição: 305 litros

• Duração de ação: 2 a 4 horas

• Ligação proteica: cerca de 70%

• Tempo de semivida: 3 a 5 horas

• Metabolização: hepática, sendo convertida a norpetidina por um processo de demetilação

• Eliminação: renal, dependendo da taxa de filtração glomerular

FARMACODINÂMICA

A petidina liga-se aos receptores opioides do sistema nervoso central (SNC): desta forma inibe as vias ascendentes da dor, alterando a perceção e a resposta à dor. A petidina tem efeito sedativo e dá sensação de bem-estar, tendo potencial de uso recreativo.

CONTRAINDICAÇÕES

A petidina está contraindicada de forma absoluta em caso de alergia ao princípio ativo ou algum dos excipientes. A sua administração está contraindicada em doentes sob terapêutica com antidepressivos inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) nos 14 dias prévios, pelo elevado risco de depressão respiratória, hipotensão e a possibilidade de síndrome serotoninérgico, este último com elevado risco de mortalidade. Outras contraindicações incluem insuficiência renal, em particular se taxa de filtração glomerular <60 mL/ minuto/1.73 m2; insuficiência hepática e hiperreatividade brônquica não controlada.

EFEITOS ADVERSOS

A petidina tem efeitos adversos comuns à classe dos opioides, nomeadamente:

• Depressão da ventilação dosedependente e diminuição da resposta fisiológica à hipercápnia; o É a principal causa de morte em contexto de intoxicação por opioide;

• Rigidez torácica com

comprometimento da capacidade de ventilação, particularmente em altas doses;

• Náuseas, vómitos, atraso do esvaziamento gástrico e diminuição do peristaltismo intestinal;

• Dependência/Adição: no caso da petidina, o pico temporal de síndrome de abstinência acontece às 6-12 horas após descontinuação e pode prolongar-se até 5 dias

• Libertação de histamina: prurido, exantema, flebite.

Os efeitos adversos particulares da petidina são:

• Taquicardia, devido à sua estrutura química semelhante à da atropina;

• Eventos neurológicos: a toxicidade do seu metabolito hepático - a norpetidina - associase a mioclonias e convulsões;

INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

A associação de petidina com antidepressivos IMAOs pode resultar em coma e morte, devido ao risco de síndrome serotoninérgico. Consumo de fármacos depressores do SNC / álcool podem resultar em sedação excessiva. A administração concomitante de inibidores do citocromo P450 3A4 produz acumulação de norpetidina, devendo ser evitada; por outro lado, os indutores do citocromo P450 3A4 podem também levar a acumulação quando são descontinuados de forma súbita.

TAKE HOME MESSAGES

• A petidina tem o seu papel no controlo álgico no pré-hospitalar, mas deve ser usada com cuidado;

• Devem ser excluídos fatores que possam resultar na acumulação do seu metabolito tóxico: insuficiência renal, hepática, fármacos que interajam com o citocromo P450 3A4 e antidepressivos IMAO.

• A petidina deve ser usada na menor dose necessária titulada para efeito desejado

BIBLIOGRAFIA

1. Abel S, Acton J, Afolabi T et. al. Meperidine (pethidine): Drug information. In: UpToDate, Connor RF (Ed), Wolters Kluwer. (Acedido a 23 de fevereiro de 2024)

2. Stoelting, R. K. (2016). Manual de Farmacologia e Fisiologia na Prática Anestésica (3a ed.). Artmed Editora.

CATARINA MONTEIRO Médica VMER
EDITORA

JOURNAL

1Médica de Medicina Intensiva, UCI CR-ECMO, Unidade Local de Saúde de São José, Médica SHEM-Algarve https://orcid.org/0000-0002-5587-0842

INTRODUÇÃO

O atraso no pré-hospitalar representa uma parte significativa do atraso total na abordagem do acidente vascular cerebral (AVC) agudo.1 O aumento da disponibilidade da tomografia computadorizada (TC) na área pré-hospitalar, especialmente em zonas rurais, pode potencialmente reduzir o tempo para diagnóstico, tratamento e ajudar a limitar atrasos no transporte de doentes com AVC.2 Os autores do artigo reportam de uma realidade onde o serviço médico de emergência norueguês (EMS) é financiado pelo governo e as ambulâncias contam com uma tripulação de 2 profissionais em que um tem a formação adicional de enfermeiro, para simplificar, doravante denominado paramédico. Os paramédicos enviados para um doente com suspeita de AVC agudo fazem a triagem dos sintomas de AVC usando o Face Arm Speech Test (FAST) ou a National Institutes of Health Stroke

Scale (NIHSS), e em caso de suspeita de AVC serão encaminhados para o hospital de referência.3,4

Nos últimos anos, vários estudos têm sido realizados na Noruega numa tentativa de aumentar a capacidade e a precisão do diagnóstico entre os profissionais do pré-hospitalar e para aumentar a disponibilidade de TC pré-hospitalar.

Na zona rural de Ål, Noruega, em caso de suspeita de AVC agudo, os paramédicos são treinados para realizar TC com recurso à telemedicina e, se indicado, iniciar a trombólise como opção padrão de tratamento pré-hospitalar, reduzindo assim o tempo de tratamento. Nestes locais existe também a possibilidade de realizar TC rural, executada por paramédicos.

Este novo conceito de TC pré-hospitalar é inspirado nas unidades móveis de AVC (UMAvc) que nos últimos anos foram validadas e recomendadas nas directrizes da

Organização Europeia de AVC.

Tanto a UMAvc quanto a TC-rural utilizam um tomógrafo que permite o diagnóstico pré-hospitalar e o início do tratamento.

Em áreas escassamente povoadas, com infra-estruturas desafiantes, o serviço helicóptero de emergência médica (SHEM) desempenha um papel importante na prestação de cuidados críticos a todos. O SHEM norueguês é um serviço nacional composto por 13 bases. Cada helicóptero é operado por uma equipa composta por um piloto, um paramédico de resgate e um anestesiologista.

A utilização de tomógrafos em helicópteros está em investigação e ainda a nível teórico e passará pelo desenvolvimento de tomógrafos leves, e investigação de implementação para determinar se a TC por helicóptero pode reduzir o tempo desde a chamada até ao diagnóstico e tratamento do AVC para doentes em

áreas rurais.

Neste estudo piloto pragmático baseado em simulação, os autores tiveram como objectivo avaliar a viabilidade de três novos métodos de diagnóstico de TC pré-hospitalar rural, concentrando-se no tempo gasto desde a chamada até o tratamento e decisões de destino em cenários pré-desenvolvidos de avaliação no AVC agudo.

MÉTODOS

Localização e desenho do estudo Este estudo foi conduzido pela Fundação Norueguesa de Ambulância Aérea (NAAF) e comparou três métodos diferentes de TC pré-hospitalar em doentes com AVC em ambiente rural, entre 19 de junho de 2023 a 22 de junho de 2023 em Hallingdal, Noruega. Hallingdal é uma área rural localizada no sul da Noruega. Abrange uma área de 5.820 km2, com aproximadamente 20.000 habitantes.

No primeiro braço, os doentes contaram uma ambulância convencional, equipada com dois paramédicos com acesso e treino no uso da TC rural no Centro Médico do Distrito de Hallingdal (HDMC) e avaliação clínica do NIHSS. No segundo braço contaram com uma UMAvc, equipada com dois paramédicos, incluindo avaliação por TC, NIHSS e início de trombólise. No terceiro braço do estudo os doentes contaram com o SHEM e uma UMAvc. (Fig 1) Nenhum doente real foi envolvido e a simulação foi feita com um doente fictício através de um jogo de iPAD chamado GameSTROKE especialmente desenvolvido. (Fig 2)

Figura 1. Adaptado de Christensen et al., Os três braços do estudo, desde o envio até a decisão do tratamento e selecção do hospital para tratamento final.
Figura 2. Adaptado de Christensen et al., Ilustração do GameSTOKE com dois ecrãs de demonstração e NIHSS diferentes.

RESULTADOS

Relativamente ao endpoint primário houve uma diferença estatisticamente significativa no tempo, desde o telefonema até à decisão de tratamento, entre os três grupos (p=0,0005). O tempo médio da chamada para decisão de tratamento para ambulância regular, incluindo transporte para o HDMC para realização de TC foi de 38 minutos. Para a UMAvc e para o SHEM o tempo de decisão de tratamento foi de 33 e 30 minutos, respectivamente. Quando comparados directamente, não houve diferença entre a ambulância regular e a UMAvc (p=0,05), nem entre a UMAvc e o helicóptero (p=0,3). No entanto, houve diferença entre a ambulância comum e o helicóptero (p<0,0001).

A distância média da base até a simulação foi de 17,2km. A mediana do NIHSS dos doentes simulados foi de 5,5 (variação de 0 a 31).

O tempo no local foi de 6,6 minutos para a ambulância regular, que foi significativamente mais rápido que a tripulação do SHEM (14,4 minutos) e a UMAvc (15,1 minutos) (p=0,0001). O tempo estimado desde a decisão para onde transportar o doente até a chegada ao local foi significativamente menor para o helicóptero, com mediana de 35 minutos, em comparação com 120 minutos tanto para a UMAvc quanto para a ambulância regular (p=0,0001). Durante todo a missão, desde a chamada até à chegada ao hospital, também houve uma diferença de tempo estatisticamente significativa entre os grupos (p=0,0001), sendo o helicóptero o mais rápido com 64 min em comparação com 152 e 153 min na UMAvc e ambulância regular. (Fig 3)

DISCUSSÃO

Este estudo explora diferentes modelos de implementação de TC pré-hospitalar em áreas rurais para avaliação de doentes com suspeita de AVC. Neste estudo de simulação, os autores encontraram uma diferença estatisticamente significativa no tempo de activação até à decisão de tratamento comparando a ambulância convencional com recurso à TC rural, uma UMAvc e o SHEM, sendo que na simulação, o SHEM foi mais eficaz em termos de tempo.

Serviços SHEM equipados com TC têm potencial de se tornarem um modelo futuro eficiente em termos de tempo para diagnóstico e tratamento de AVC agudo, permitindo um serviço móvel de AVC que cobre longas distâncias e terrenos desafiantes, podendo ser benéfico em áreas com pouca ou nenhuma infraestrutura. Os autores defendem que com base neste estudo, um helicóptero equipado com TC reduziria o tempo até à decisão do tratamento em comparação com o tratamento padrão e estimam uma redução no tempo até à chegada ao hospital em

mais de uma hora. Assim, para além dos doentes submetidos a trombólise, também os doentes elegíveis para trombectomia ou que necessitem de neurocirurgia poderiam beneficiar do serviço. Por outro lado, a TC em helicópteros pode ser um recurso vulnerável em condições climáticas instáveis e, em média, 13,3% das missões são canceladas devido às condições climatéricas no sul da Noruega. Durante o inverno, esse número aumenta para 22,7%.5

Relativamente à UMAvc, embora esta seja promissora para levar a TC ao doente, existem limitações que não foram resolvidas. No presente estudo, é o meio mais lento desde o envio até à chegada em comparação com os outros braços de simulação. Um factor que pode ter contribuído é o facto de se tratar de um carro pesado e grande, o que cria desafios em zonas com infra-estruturas rodoviárias precárias. Devido à TC e ao peso total da UMAvc, a sua funcionalidade também é muito cara e pode não ser adequada para zonas acidentadas, montanhosas e regiões com neve.

Os autores reportam com o estudo

Figura 3. Adaptado de Christensen et al., Visão geral de cada intervalo de tempo desde a chamada até a decisão de tratamento por braço do estudo.

que a existência de TC nas regiões rurais pode reduzir o tempo de início do tratamento no AVC agudo, mas também facilitar uma correcta triagem e, assim, reduzir o tempo de transporte dos doentes com AVC, proporcionar alívio aos serviços de radiologia dos hospitais e ser útil em inúmeras condições médicas agudas. Um uso mais amplo deve ser explorado em estudos futuros.

LIMITAÇÕES

A principal limitação deste estudo é que nenhum helicóptero do SHEM norueguês está equipado com TC. Portanto, este estudo é conduzido como um estudo de simulação piloto. O estudo não teve em conta as variações meteorológicas. Devido aos tempos de descanso desta tripulação, o helicóptero de estudo não pode pousar na base uma manhã. Isto afetou 8 das 20 missões onde, em vez de pousar, permaneceram no ar acima da base. Na simulação, o helicóptero pousou próximo ao doente enquanto em muitas missões reais a tripulação do SHEM necessita do apoio de ambulâncias locais para transportar os doentes.

CONCLUSÃO

A TC pré-hospitalar pode ser o futuro no tratamento do AVC agudo e é necessário explorar novos modelos para poder integrar com os recursos pré-hospitalares disponíveis. Ao simular três modelos diferentes de TC pré-hospitalar, os autores descobriram que a TC em meio rural, a UMAvc e a TC-SHEM poderão ser meios viáveis e disponibilizar revascularização para mais doentes na fase aguda do AVC numa fase precoce da doença. Neste estudo de simulação o SHEM foi o meio mais eficaz. São, no entanto, necessário mais estudos clínicos no futuro para estabelecer a aplicabilidade destas medidas

BIBLIOGRAFIA

1. Faiz KW, Sundseth A, Thommessen B, et al. Prehospital delay in acute stroke and TIA. Emerg Med J 2013; 30: 669– 674.

2. Larsen K, Jæger HS, Hov MR, et al. Streamlining acute stroke care by introducing National Institutes of Health Stroke Scale in the emergency medical services: a prospec- tive cohort study. Stroke 2022; 53: 2050–2057.

3. Hjortdahl M, Zakariassen E and Wisborg T. The role of gen- eral practitioners in the pre hospital setting, as experienced by emergency medicine technicians: a qualitative study. Scand J Trauma Resusc Emerg Med 2014; 22: 47.

4. Bugge HF, Guterud M, Bache KCG, etal. Paramedic Norwegian acute stroke prehospital project (ParaNASPP) study protocol: a stepped wedge randomised trial of stroke screening using the National Institutes of Health Stroke Scale in the ambulance. Trials 2022; 23: 113.

5. Dahle A. Fra virksomhetsdata til informasjonLuftambulanse - helikopter - Analyse av virksomhetsdata 2009-2022. 2023.

ANA RITA CLARA Médica de Medicina Intensiva, UCI CR-ECMO, ULS São José Médica SHEM-Algarve
EDITORA

INFOSAVING - A rubrica de infografias da LIFESAVING.

TAQUIARRITMIAS EM CONTEXTO PRÉ-HOSPITALAR

Caros leitores, é com grande orgulho que apresentamos a segunda edição da Infosaving - Taquiarritmias em Contexto Pré-Hospitalar. O nosso principal objetivo é tornar este tema complexo em algo mais simplificado e intuitivo para todos.

As infografias são estratégias altamente eficazes para a memorização visual. Elas combinam dados, texto e elementos gráficos de maneira informativa e esteticamente agradável. A natureza visual das

infografias aproveita a habilidade inata do cérebro humano para processar imagens rapidamente, facilitando a retenção e recuperação de informações. Quando bem estruturadas, funcionam como uma ponte entre dados complexos e compreensão intuitiva, tornando-se instrumentos valiosos para situações como o ambiente pré-hospitalar.

Na próxima edição, abordaremos de forma sistematizada e divertida o algoritmo de Suporte Avançado de Vida, uma competência fundamental

na nossa prática clínica diária. Aproveito para desafiar os leitores da Lifesaving a sugerirem temas considerados complexos e relevantes no contexto pré-hospitalar. Prometemos transformá-los em algo intuitivo e facilmente memorizável."

Luis Miguel Costa1 1Interno de Formação Especializada em Anestesiologia ULS Algarve
LUIS MIGUEL COSTA Interno de Formação Especializada em Anestesiologia ULS Algarve
EDITOR

RECONHECIMENTO DA ESPECIALIDADE DE MEDICINA DE URGÊNCIA EM ESPANHA

- Entrevista ao Dr. Manuel Vazquez Lima

Caros leitores

Bem-vindos ao mundo das emergências. A família das urgências está de parabéns porque Espanha reconheceu a especialidade de Medicina de Urgência e, como não podia ser de outro modo, tinha que fazer uma entrevista ao Dr. Manuel Vázquez Lima, Presidente da SEMES (Sociedade Espanhola de Emergências). É uma honra para mim, porque a história das urgências em Espanha reflete a vida do Dr. Manuel Vázquez. Nascido em Pontevedra, tirou o curso de Medicina na Universidade de Santiago de Compostela, é especialista em Medicina Geral e Familiar desde 1999, e Doutor em Medicina desde 2014, com prémio do doutoramento.

A sua formação é imensa como médico de urgências, sendo agora o Coordenador do Serviço de Urgências do Hospital do Salnés (Villagarcia de Arosa- Pontevedra). Destaco o seu título de mestrado/ Formador de suporte vital básico e avançado pela A.H.A. (American Heart Association), as suas publicações em varias revistas indexadas, e prémios por publicações em congressos, assim como publicações de livros. Destaco aquele que é toda uma referência docente, o “Guía de actuación en Urgencias” (5ª Edición), que muitos internos e profissionais tem usado como sendo uma pequena bíblia das urgências. O Dr. Manuel é o coordenador do livro e autor de 15 temas, e como não podia ser de

outro modo, tenho-o sempre comigo nos meus bancos de urgência no Hospital de Faro.

É Presidente da Sociedade

Espanhola de Medicina de Urgências y Emergências (SEMES) desde novembro de 2020, e está incluído na listagem FORBES 2023 como uma das pessoas mais influentes na Saúde espanhola.

Asseguro-vos que eu não consigo terminar este impressionante curriculum vitae ligado às urgências, por isso o melhor é conhecer em primeira mão este personagem ilustre, que tem uma relação especial com Portugal, e não lhes vai deixar indiferentes. A Editora Eva Motero

P- LIFESAVING (LS): Gostaria de começar fazendo uma viagem pela tua vida, porque essa vida, com certeza, reflete a luta das “urgências “em Espanha. Como é que te iniciaste nas urgências, como é que terminaste numa área sem especialidade definida, ainda mais com uma especialidade feita como medicina de família?. Realmente, o que é que te motivou para ficar nessa primeira linha?, ou como dizemos cá: “ quando é que picou o bicho das urgências? “

-MANUEL VAZQUEZ LIMA (MV): Estamos a falar duma situação há muitos anos, eu era muito novo e a primeira vez que me “picou o bicho das urgências “foi quando estava a fazer o serviço militar e estava a trabalhar numa base militar onde tive que atender uma PCR muito dificultosa. Essa foi a primeira vez que tive essa sensação de que gostava da medicina de urgências …e

sem dúvida, quando estava a fazer a especialidade e fazia bancos no Serviço de Urgências vi a utilidade real, e de certeza, o atendimento urgente com ações imediatas que salvavam vidas conquistou me definitivamente: … profissão dura , tremendamente exigente pero com uma satisfação pessoal interna maravilhosa, provavelmente não muito bem reconhecida.

- LS: Houve algum ponto de inflexão, alguma situação na qual percebeste que precisávamos uma especialidade especifica para urgências?

- MV: A perceção da necessidade duma especialidade é antiga, e tem mudado ao longo dos anos. Hoje é evidente, os doentes com patologia urgente tempo-dependente precisam de profissionais perfeitamente preparados e qualificados, com uma formação homogénea e estruturada que permita a atenção a estes

doentes em qualquer sitio e lugar. Isto é uma garantia de segurança e qualidade no atendimento aos doentes, e uma garantia de equidade também para o próprio doente. Estamos a falar de “cá e agora “das patologias tempo dependentes, … é fundamental ter profissionais perfeitamente preparados com capacidade para o atendimento a urgências pediátricas, traumatológicas, e no atendimento de multivítimas ou catástrofes, onde o papel dos sistemas de emergências é muito relevante.

- LF: Quais foram os obstáculos mais importantes para criação da especialidade e quais foram os avanços mais importantes?

- MV: É evidente que temos tido muitos obstáculos para criação da especialidade de urgências e emergências em Espanha, durante todos estos anos. Por duas vezes estivemos perto da publicação do Real Decreto, nos últimos tempos fizemos uma planificação estratégica, a qual permitiu chegar ao ponto final … Como achas que vivi esta situação prévia?... com muita ansiedade, ou seja, pensávamos que iam publicar e ao final ficava na gaveta, … e isto dava um profundo mal-estar. Provavelmente, se tivéssemos criado a especialidade há 10 ou 15 anos, nestes momentos a planificação dos nossos recursos humanos estaria melhor estruturada, e o nível dos nossos serviços seria mais elevado.

Como é obvio, a chegada da especialidade de urgência na vida militar foi um avanço. A nossa relação com eles foi sempre

excecional, e colaborámos para criação do curriculum formativo da especialidade de medicina de urgências nas operações militares criadas em 2016. Foi um ponto de inflexão e trabalhamos de forma muito estreita com eles, assim como na criação do curriculum europeu da especialidade de urgências e emergências, aprovado no ano 2009.

- LF: Vamos analisar a pandemia COVID de 2020: foste membro do Comité clinico de emergências sanitárias da Galiza, que elaborou o plano de emergências da comunidade frente à pandemia SARS-CoV 2, membro do subcomité de gestão de surtos (SERGAS ) por SARS-CoV 2, e colaboraste para o plano de contingência para os serviços de urgências e emergências elaborado pela SEMES (disponível em https:// www.semes.org/wp-content/ uploads/2020/07/MANUAL-DEACREDITACION-ESCALADA-

DESESCALADA-DE-HOSPITALESPANDEMIA-COVID19-1.pdf ). O virus atacou o nosso modo de vida, e para muitos o custo foi a própria vida... qual foi a tua experiencia? Pergunto isto porque eu estive na primeira linha, e tenho muitos colegas em burn-out … - MV : A pandemia pressupôs uma mudança substancial para todos os que nos dedicamos às urgências, e sim, sem dúvida desencadeou uma pandemia de burn-out dentro dos nossos próprios profissionais. Tenho muitas experiencias com muito desgaste por parte dos profissionais sanitários, desde a solidão no acompanhamento aos doentes, até ser a primeira barreira de contenção da pandemia, como de facto fomos durante os primeiros meses. Isto deu-me muitas vivências e muitas lições aprendidas, sobretudo no desenvolvimentos de planos de gestão integral assistencial a multivítimas. Realmente isso é o que foi a pandemia, com diferentes fases

progressivas, e diferentes índices assistenciais epidemiológicos, com circuitos diferenciados para utentes e profissionais nos Serviços de urgências, utilização de ferramentas diagnósticas adequadas, segundo situações epidemiológicas, como foi a utilização dos testes de antigénio ou PCR, algoritmos de altas e ingressos executáveis, monitorização dos tempos de demora na triagem. Uma multiplicidade de aspetos que ajudou na melhoria na assistência aos doentes, mas sobretudo os nossos políticos perceberam assim o papel determinante dos serviços de urgências, como a rede de segurança do serviço de saúde. Acho que a pandemia causou um enorme sofrimentos aos nossos doentes, assim como aos profissionais, mas se não existissem os serviços de urgências teria sido uma catástrofe de dimensões muito maiores, e de facto, se não existissem teríamos que os inventar,… são uma necessidade necessária.

- LF: Achas a pandemia tem influenciado os SU, na organização dos serviços? Quais são as tuas lições aprendidas? E quais são as questões a implementar?

- MV: Eu estive a trabalhar no meu serviço, e no Comité de gestão clinica de Galiza, com 6 profissionais, o Presidente da Junta da Galiza, e o Conselheiro de saúde, na gestão de todos os planos e guias de atenção durante na pandemia, assim como na prevenção de novos surtos. Se perguntas sobre se a pandemia teve alguma repercussão na sociedade cientifica, respondo que sim, a nossa presença nos meios de comunicação, com gestão da informação na televisão, radio, e redes sociais, foi muito importante para dar uma informação real aos cidadãos. Custa-me dizer isto, mas provavelmente a pandemia colocou-nos no cenário.

- LF : A pandemia passou e vocês deram um passo a frente com o reconhecimento da Especialidade de Medicina de Urgência. Parece que o vírus ensinou a necessidade da prevenção, planificação e organização ….achas que a pandemia já com a especialidade já criada teria tido os mesmos resultados? Este reconhecimento tem sido um premio à actuação durante a pandemia? Quais foram os maiores apoios da SEMES neste caminho? O que é que a SEMES tem adicionado durante todo este período? quais são os seus objetivos?

- MV : os objetivos da SEMES podem ser resumidos numa frase: alcançar a excelência na atenção nas urgências e emergências, na excelência para os doentes, assim como na formação para os nossos profissionais, e também nas 3 secções que

conformam a nossa sociedade: médicos de urgência, enfermeiros de urgências e técnicos de urgências. Estes são os objetivos fundacionais de SEMES, que agora tem aproximadamente 14000 associados. A maioria são médicos, e oferece formação todas as semanas do ano, assim como uma labor de investigação. A SEMES como sabes, tem uma revista que está no primeiro quartil da sua especialidade, com fator de impacto 5,4 e temos elaborado outro cabeceiro chamado para dar saída as investigações dos nossos profissionais nas urgências e emergências. SEMES é a sociedade de urgências e emergências maior de toda Europa.

- LF: E por fim, parabéns!! Espanha tem reconhecido a especialidade de urgências para poder ter

especialistas via MIR (o equivalente ao internato português). Agora já é uma realidade, já está publicado no BOE (Boletín Oficial del Estado), e os nossos médicos poderão fazer a escolha da especialidade de urgências no exame. Outros que já são médicos especialistas, em medicina geral e familiar, poderão aceder, via homologação, igual do que os que terminaram o curso de medicina antes de 1995 , mas há outros médicos que são post 95 e estão a trabalhar nos serviços de urgências mais de 20 anos , que são muitos , haverá vias alternativas para este coletivo ?

- MV: SIM, O Real Decreto publicado no dia 3 de julho estabelece um processo de homologação com os profissionais que atualmente trabalham nas urgências, e também um processo num futuro, com prova para os médicos que estão a fazer o internato em outras especialidades, e que não puderam escolher a especialidade de urgências, até quando? … até os primeiros especialistas de urgências terminarem e especialidade. Isso é o que temos previsto. Os médicos post 95? … que sei é uma pergunta complexa,… são médicos que terminaram o curso após o ano 1995, … a SEMES não opõe a um processo de regulação. Estes médicos têm um problema laboral, porque a lei de ordenação de profissões sanitárias estabelece que estos médicos sem especialidade não podem exercer funções na saúde pública. Curiosamente, as administrações são as que mais têm incumprido esta normativa. … Então, se as

administrações e o ministério de saúde chegam um acordo para conseguir uma solução final com os post 95, a SEMES não faz oposição. Temos um coletivo de profissionais que tem adquirido pela sua pratica as competências ... mas cuidado, isto não é só exclusivo de urgências, isto atinge mais especialidades, e de facto a especialidade com mais post 95 a trabalhar no sistema de saúde é a Medicina Geral e Famíliar. Portanto, a regularização abrange todas as especialidades, e nós nunca negaríamos esta regularização.

- LF: O que é que a especialidade de Medicina de Urgências vai aportar ao sistema?

- MV : Vai dar uma garantia de futuro ao nosso sistema sanitário. Vai ser uma remodelação total do sistema. Vai dar garantia aos doentes na qualidade e segurança da assistência, porque os profissionais vão ter uma formação homogénea, estandardizada e regularizada. Também é uma garantia de equidade, e adiciono duas condições de vital importância : a primeira é que equipara os nossos profissionais das urgências com os especialistas do nosso entorno europeu, permitindo o livre transito dos nossos especialistas entre os diferentes países onde a especialidade existe, exceto em Portugal (que estamos seguros que vão conseguir pronto) e Chipre; – e finalmente a existência de uma especialidade permite planificar os recursos humanos. Sabemos que dentro de 5 anos os nossos serviços serão deficitários, com um envelhecimento dos seus

profissionais, e assim com a especialidade poderemos criar vagas via MIR suficientes para antecipar esta declínio em recursos humanos que vai ter o nosso sistema.

MENSAGEM FINAL:

“- MV : tenho que adicionar um abraço ao nosso vizinho pais Portugal, com o qual temos laços muito estreitos, desde há muito tempo, onde conheço muitos médicos com expertise em urgências e emergências, como o Dr. Vítor Almeida. Desejo lhes de coração que, pronto, juntem-se aos países que têm reconhecida a especialidade nas urgências e emergências, para tentar fechar o circulo europeu”

EVA MOTERO
Médica VMER
RUBEN SANTOS
Enfermeiro VMER
EDITOR
EDITORA
SOLANGE MEGA
Enfermeira SIV/VMER
EDITORA

CUIDAR DE NÓS

CUIDADOS COM O

SOL NO PRÉ-HOSPITALAR

Jesus Raya Maldonado1,2,3,4

1Médico da Especialidade de Dermatologia (Formação no Hospital Virgen Macarena de Sevilha)

2Hospital Trofa Saúde, Vila Nova de Gaia

3Clínica Calle Clínic, Matosinhos

4Clinica Arcadas de São João e Clinica Alcar do Algarve, Albufeira

A luz solar é um espetro de radiação electromagnética composto de ondas com diferentes comprimentos. As que atingem a superfície terrestre são: os Ultravioleta B/UVB, os ultravioleta A/UVA, a luz visível (50% da radiação total) e os infravermelhos. A sua penetração cutânea é proporcional ao comprimento de onda.1

Os efeitos prejudiciais da luz solar são o fotoenvelhecimento, a fotocarcinogénese, a imunosupressão e as queimaduras solares.2 Os UVB causam queimaduras e a fotocarcinogénese mediante a mutação direta do DNA. Os UVA originam o fotoenvelhecimento, estimulam a pigmentação e alteram indiretamente o DNA3. A luz visível induz a pigmentação, o eritema solar, e faz parte dos tablets e dos smartphones, porém estas fontes emitem uma dose irrelevante.1

Em trabalhadores ao ar livre, a radiação solar pode acrescentar, aquando comparados com trabalhadores à sombra, quatro vezes o risco de sofrer tonturas e vertigens; três vezes o de sentir debilidade e duas vezes o de cefaleia leve, dor muscular e concentração mental reduzida, efeitos ligados ao aumento

da temperatura cutânea, não da corporal.4

No entanto, a radiação solar apresenta efeitos positivos. Além do papel no metabolismo da vitamina D, é imunomoduladora e aumenta a produção de óxido nitrico, melatonina e serotonina. O óxido nítrico reduz a tensão arterial, independentemente da temperatura ambiental.5,6 A melatonina tem efeitos no ritmo circadiano e pode ter efeito na inibição dos cancros colorretal, mamário e prostático.5 Assim, evitar a exposição solar pode ser um fator de risco de morte similar ao tabagismo6,7, e, embora a radiação solar seja o principal fator de risco para desenvolver melanoma, a incidência de morte por doença oncológica é menor em pessoas com exposição solar.7

Uma relação saudável com o sol implica um tempo de exposição entre 10-15 minutos nos braços e rosto para produzir vitamina D, entre outros beneficios8. Os fotoprotetores não alteram a produção de vitamina D e evitá-los resulta em eritema solar, que ativa fatores inibitórios da síntese desta vitamina.3,9,1,6

Devemos usar um fotoprotetor com filtros para os vários tipos de radiação, na quantidade de 2 mg/

cm2 para protegermos com o FPS indicado na embalagem, 15 minutos antes da exposição, e reaplicar a cada 2 horas3, podendo ser usado a partir dos 6 meses de idade. Não devemos aumentar o tempo de exposição solar para evitar o paradoxo do fotoprotetor: como acabamos por estar mais expostos sem sofrer eritema podemos absorver mais UV a longo prazo, aumentando o risco de melanoma7,10

A fotoproteção física é ainda fundamental e a única recomendada para bebês de menos de 6 meses2. A roupa escura protege mais dos UV e a clara mais dos efeitos do calor ao refletir mais luz, podendo diminuir a temperatura cutânea em 13%, sendo mais indicada para trabalhadores ao ar livre.3,4. Os óculos de sol previnem o cancro ocular e as cataratas associados aos UV. O chapéu protege as estruturas faciais com um FPS entre 2-7.3

Como profissionais de saúde compete-nos a divulgação de informação atualizada e com evidência científica, para sermos referencia dos cuidados com o sol na nossa comunidade e exemplos vivos de profissionais que apostam na prevenção

BIBLIOGRAFIA

1. Geisler A, Austin E, Nguyen J, Hamzavi I, Jagdeo J, Lim H. Visible light. Part II: Photoprotection against visible and ultraviolet light. J Am Acad Dermatol. 2021 Mayo; 84(5): p. 1233-1244.

2. Garnacho Saucedo G, Salido Vallejo R, Moreno Giménez J. Efectos de la radiación solar y actualización en fotoprotección. Anales de pediatria. 2020 Junio; 92(6): p. 377.e1-377.e9.

3. Gabros S, Nessel T, Zito P. Sunscreens and Photoprotection Treasure Island: StatPEarls Publishing; 2024.

4. Ioannou L, Tsoutsoubi L, Mantzios K, Gkikas G, Piil J, Dinas P, et al. The Impacts of Sun Exposure on Worker Physiology and Cognition: Multi-Country Evidence and Interventions. International Journal of Environmental Research and Public Health. 2021 Julio 20; 18(14): p. 7698.

van der Rhee H, de Vries E, Coebergh J. Regular sun exposure benefits health. Medical Hypotheses. 2016 Diciembre; 97: p. 34-37.

6. Alfredsson L, Armstrong B, Butterfield D, Chowdhury R, de Gruijl F, Feelisch M, et al. Insufficient Sun Exposure Has Become a Real Public Health Problem. International Journal of Environmental Research and Public Health. 2020 Julio; 17(14): p. 5014.

7. Lindqvist P, Epstein E, Landin-Olsson M. Sun exposure - Hazards and benefits. Anticancer research. 2022 Abril; 42(4): p. 1671-1677.

8. Chang S, Lee H. Vitamin D and health - The missing vitamin in humans. Pediatrics & Neonatology. 2019. Junio; 60(3): p. 237-244.

9. Singh S, Jha B, Tiwary N, Agrawal N. Does using a high sun protection factor sunscreen on face, along with physical photoprotection advice, in

patients with melasma, change serum vitamin D concentration in Indian conditions? A pragmatic pretest-posttest study. Indian Journal of Dermatology, Venereology and Leprology. 2019 Mayo Junio; 85(3): p. 282-286.

10. Karlsson O, Hagberg O, Nielsen K, Paoli J, Ingvar Å. Difference in Sun Exposure Habits Between Individuals with High and Low Risk of Skin Cancer. Dermatology Practical & Conceptual. 2021 Septiembre 1; 11(4): p. e2021090.

EDITORA

5.
SILVIA LABIZA Enfermeira VMER Heli INEM

O QUE FAZER EM CASO DE...

Gastroenterite

André Abílio Rodrigues 1

1Enfermeiro VMER, SIV

ASSEGURAR CONDIÇÕES DE SEGURANÇA (Local, Reanimador, Vítima)

SINAIS E SINTOMAS

• Diarreia líquida

• Náuseas, vómitos

• Mau estar geral

• Febre baixa

Também pode apresentar Perda de apetite

• Dores de estômago

• Dores de cabeça

• Dores no corpo

SINAIS DE GRAVIDADE +

A gastroenterite é uma inflamação do estômago e intestino. Esta inflamação pode ser causada por uma infeção provocada por microrganismos, mas também pela ingestão de toxinas químicas ou medicamentos. As intoxicações alimentares, podem ser a causa da gastroenterite, normalmente pela ingestão de água ou alimentos contaminados por vírus, bactérias ou parasitas, e estas são mais comuns no Verão, pois o aumento da temperatura e o incorreto acondicionamento dos alimentos são propícios ao desenvolvimento de microrganismos. Os sintomas mais comuns incluem diarreia, náuseas, vómitos, dor abdominal e febre. É geralmente uma doença autolimitada (duração inferior a 1 semana), com melhoria dos sinais e sintomas a partir do 2º e 3º dia, exceto em casos de febre, diarreia com sangue, doentes imunodeprimidos ou vítimas com co-morbilidades significativas, sendo nestes casos necessário avaliação e tratamento médico. Neste sentido, é crucial estar atento aos sinais e sintomas, e atuar em conformidade. Caso desenvolva sinais de gravidade deverá ligar 112 para ter a assistência médica que necessita.

INCONSCIENTE

• Ficar em casa (risco de contágio)

• Beber muita água (repor líquidos perdidos)

• Descansar

• Lavar as mãos regularmente

• Não partilhar objetos (ex.: talheres, toalhas)

• Refeições ligeiras (arroz branco, pão, massa simples sem molhos)

ATUAÇÃO

• Ligar 112

Vomitar constantemente com incapacidade de tolerar líquidos;

• Sinais severos de desidratação: tonturas persistentes, diminuição do débito urinário ou não urinar, sensação de desmaio, cansaço, sonolência, lábios e língua seca;

• Diarreia com sangue;

• Febre acima dos 38º C;

• Vítimas imunodeprimidas ou com comorbilidades significativas;

CUIDADO!

• Vítimas com risco acrescido: Bebés, crianças, grávidas, idosos, e pessoas com doenças cardíacas, respiratórias ou anemia;

• Existe um maior risco, se nas últimas semanas esteve num país com condições sanitárias precárias;

• Evitar ingestão de bebidas alcoólicas, bebidas com cafeína, e gorduras.

BIBLIOGRAFIA

• SE ficar inconsciente— Algoritmo SBV

• SE prostrado mas consciente —Posição Lateral de Segurança

• SE febre —> iniciar medidas de arrefecimento físico

• SE febre ou dor —> tente tomar Paracetamol (com o mínimo de água possível).

1. TGraves NS. Acute gastroenteritis. Prim Care. 2013 Sep;40(3):727-41. doi: 10.1016/j.pop.2013.05.006. Epub 2013 Jul 19. PMID: 23958366; PMCID: PMC7119329.

2. Leung AK, Hon KL. Paediatrics: how to manage viral gastroenteritis. Drugs Context. 2021 Mar 26;10:2020-11-7. doi: 10.7573/ dic.2020-11-7. PMID: 33828604; PMCID: PMC8007205.

3. https://www.nhsinform.scot/illnesses-and-conditions/stomach-liver-and-gastrointestinal-tract/gastroenteritis/

4. https://www.niddk.nih.gov/health-information/digestive-diseases/viral-gastroenteritis/eating-diet-nutrition

5. https://www.nhs.uk/conditions/diarrhoea-and-vomiting/

6. https://www.sahealth.sa.gov.au/wps/wcm/connect/public+content/sa+health+internet/conditions/infectious+diseases/ viral+gastroenteritis/viral+gastroenteritis+-+including+symptoms+treatment+and+prevention

7. Programa de edição de fotos: Painnt®

LIGUE 112

• Informe a sua localização com pontos de referência;

• Descreva a situação;

• Responda a todas as questões solicitadas;

• Siga as instruções do operador.

EDITOR

ANDRÉ ABÍLIO RODRIGUES
Enfermeiro SIV/VMER
ALGORITMO SBV (Ligar 112)
ATUAÇÃO

"8 ANOS DE LIFESAVING, A RUBRICA TERTÚLIA VMERISTA PERMITIU-ME..."

“Abordar algumas temáticas inusitadas, fazer algumas reflexões e pensar em questões fora da caixa.”

Catarina Tavares

“A Tertúlia Vmerista permitiu a partilha de opiniões, a reflexão e talvez o contributo para a melhoria de um Serviço!”

Silvia Labiza

“Pensar sobre aspetos da nossa prática aos quais muitas vezes não damos a devida atenção.”

Ana Agostinho

“... 8 anos de Tertúlia Vmerista, 8 anos de discussão ativa, refletindo a atividade da Equipa, realçando as suas vicissitudes, mas identificando igualmente erros

NOTA DO EDITOR

As respostas obtidas à questão colocada na Tertúlia VMERista são da exclusiva responsabilidade dos intervenientes no "inquérito", e que são opiniões estritamente pessoais, das quais a LIFESAVING necessariamente se demarca...

e aspetos a melhorar. Tem sido também uma oportunidade flagrante de suporte emocional para a Equipa, pela livre partilha de emoções e experiências.

Para o futuro se espera que continue, para assim mantermos um feedback construtivo, que nos ajude a responder de forma mais eficaz e eficiente às situações críticas que nos venham a ser colocadas.”

Bruno Santos

EDITOR

NUNO RIBEIRO Enfermeiro VMER TIP

UM PEDACINHO DE NÓS

Entrevista a Enf.ª Rita Penisga

Ana Rodrigues1, Teresa Castro 2

1Enfermeira das VMER de Faro e Albufeira,

2Enfermeira da VMER de Albufeira

Hoje vamos falar acerca da nossa profissional Rita Penisga, conhecer e desvendar, um pouco mais de quem é esta grande profissional, enfermeira do SUB Albufeira e VMER, natural de Albufeira, com energia contagiante e muito lutadora ….

Ao partilhar um pouco de si, e no decorrer da entrevista, diz-nos de forma humilde que ”… não há muito a dizer, pois os que já me conhecem,… verdadeiramente sabem quem sou, e como estou perante a vida!!!…”, mas, para os que não a conhecem tão bem, caracteriza-se como sendo uma simples rapariga algarvia, mais

propriamente natural de Albufeira… filha de mãe Lisboeta e pai Albufeirense… uma união entre uma família rica e uma pobre que trouxe algumas discórdias, mas que imperou o amor que deu origem à sua pessoa.

Cresceu com muito carinho, muita alegria, e com cheiro a maresia, sempre com areia nos pés e amiguinhos novos a cada verão que passava. Ama de coração a cidade de Albufeira, e cada vez que olha para ela, gosta ainda mais (embora assuma que esta mesma cidade que a viu nascer se tenha modificado

muito nos últimos anos). Foi criada com liberdade, o que lhe permitia passear pelas ruas de Albufeira sozinha, sem medos e ou inseguranças. Na altura, sentia-se verdadeiramente protegida na sua cidade berço… deslocava-se de casa dos avós para o trabalho do seu pai e por todo o lado sozinha… não sentia qualquer tipo de medo ou receio nesta sua cidade, mas admite: “…não era como nos dias atuais!!!”

Partilha connosco que, foi sempre uma criança livre, alegre, cheia de amigos, e a sua maior companheira de aventuras foi a sua avó materna, e

conta-nos:

” …ela ia comigo ver a lua, tomar banho na praia à noite, comer gelados, passear todas as noites de verão… parte da minha alegria vem dela. Sempre fui muito comunicadora… a tagarela da turma. Apaixonada e muito divertida.”

Confidencia que o seu maior pedido, que fez aos seus pais foi:

” … ter um irmão… e ele, foi realmente uma bênção na minha vida!”

Conta-nos ainda que, de certa forma, está grata pelo facto de existir uma grande distinção entre classes sociais na sua família, isto foi muito determinante para se formar enquanto pessoa … uma vez que, esta adversidade permitiu despertar em si:

” … felizmente percebi o bom e o mau de cada uma das partes dando origem ao ser humano que sou hoje!!!”

Sempre gostou de aprender, mas nunca teve grandes objetivos, nem muito concretos ao nível dos estudos. Mas confessa que uma coisa ela sabia:

“…não queria ter um trabalho igual ao do meu pai… que me privou da sua presença em tantos momentos importantes da minha vida…” À posteriori confessa, não é que a minha escolha ao ter entrado para enfermagem tenha sido muito diferente, mas isso é um parêntesis! Sempre quis enveredar pela área da saúde ou educação… e eis que decide ser enfermeira. Foi para uma escola privada, pois, por uma décima não entrou na escola pública, onde existia algum preconceito relativamente à qualidade dos alunos provenientes dessa mesma escola, contudo, o seu grande objetivo foi, sempre mostrar o

melhor que sabia para contrariar esse paradigma… pensa que tudo o que fez, permitiu deixar a sua marca pelos sítios onde passou e tentou cumprir sempre a sua parte e sem dúvida que adorou todos os seus estágios mas o de urgência do CHBA foi o que mais a marcou… e foi ali que iniciou a sua atividade profissional e ficou por uns anos, e conta-nos: ”… Portimão passou a ser a minha segunda casa… “foi na urgência que cresci como enfermeira… tentei beber de todo o conhecimento possível, tendo procurado investir o máximo possível na aquisição de conhecimentos para me sentir mais segura e para prestar cuidados de qualidade aos meus doentes… durante algum tempo fui chamada a atenção por rir, brincar e estar feliz no meu local de trabalho… porque isso, supostamente não demonstrava profissionalismo… acho que, sempre consegui aliar os dois… tentando corroborar algumas opiniões, que pudessem ter a meu respeito.”

Assume que foi na urgência que aprendeu a trabalhar em equipa… e como já referiu via nos seus colegas, a sua segunda família…por essa mesma razão foi-lhe dificil e muito “duro”, tomar a decisão de sair. Sendo que o principal motivo que a fez sair de Portimão rumo a Albufeira, foi a possibilidade de poder iniciar a viatura médica (VMER).

Sempre quis fazer viatura médica, e todo o seu investimento profissional foi na área do doente crítico e até então, ainda não tinha conseguido concretizar este sonho, fazer o curso VMER… posteriormente, apareceu a oportunidade de voltar à sua cidadeAlbufeira, que, por carência de

profissionais, e por ter uma chefe que, acreditou que estava à altura, e que poderia potencialmente sair-se bem no curso. Foi o que efetivamente aconteceu…Conclui-o o Curso VMER com êxito !!!

Entrou assim numa altura de “rompante”, e, em pleno Verão, numa época em que a VMER estava integrada no SUB Albufeira… ou seja… só fazíamos VMER. Partilha que era entusiasmante, como que um júbilo, e contentamento fora de série, aquela adrenalina que sentia, e revive os momentos quando ainda na Urgência de Portimão, ouvia o rádio na reanimação, e depois já sentia que estava a viver quando, havia sido transportada para a sua realidade e que passou a ser parte integrante da sua vida…Todos estes objetivos profissionais foram concretizados no momento certo, e na hora certa… porque sempre desejou, também ser bem sucedida na sua vida pessoal.

Assume-se como: ”… uma romântica por natureza, muitos acham-me um pouco arrogante, séria… mas no fundo sou uma lamechas…!!!”

Conseguiu alcançar todos os seus desejos em praticamente todas as áreas da sua vida… tem um namorado e companheiro de vida que a acompanha nesta caminhada, e dois meninos que são a sua alegria, mas que vieram mudar, de certa forma, um bocadinho, aquela vontade quase que ilimitada de trabalhar…. Com os nascimento dos seus dois filhos, cedo percebeu que, estes são a sua prioridade e que sentem muito mais a sua falta do que os seus colegas de trabalho…Percebeu também, que a enfermagem está longe de ser a profissão que, ”… tanto

gostaria de ver dignificada e respeitada!”

Sente que a maioria dos profissionais trabalha por espírito de missão, por companheirismo… por respeito aos utentes… mas lá no fundo, sente que do ponto de vista social existe, muito pouco respeito pela classe de enfermagem. Embora até talvez isso, parta de nós enfermeiros…, mas é aquilo que sente neste momento de reflexão. Já passou por algumas vicissitudes, que lhe têm mostrado “o quanto a vida é efémera, e o quanto a devíamos aproveitar mais, em qualidade!“ Manifesta que, obviamente o trabalho é importante, mas não é tudo na vida, e exprime-se desta forma: ” … nesta profissão e na área da saúde, trabalha-se demais… levamos muita coisa para “casa” … e se não trabalharmos bem as nossas emoções podemos correr o risco de nos tornar-mos secos, indiferentes e com pouca compaixão.”

Considera-se uma pessoa empática e isso faz de si a profissional de excelência, que é… procurando sempre colocar-se no lugar do outro e perceber como é que gostava de ser tratada. Identifica-se ainda como uma “miúda”, mas com muito entusiasmo e força de viver. Como mote de despedida para finalizar esta nossa partilha, procura transmitir a todos nós e a quem ler esta rúbrica, a seguinte mensagem:

“…façam tudo na vida com satisfação… eu sou feliz com o que faço, coloco felicidade no que faço e procuro deitar-me todos os dias com a sensação de que fiz o melhor que podia com os recursos que tinha!

Muito raramente sorrio para alguém e

não sou retribuída…. Acho que das melhores coisas que podemos dar é o nosso sorriso…”

Despede-se de nós, com sentimento de dever cumprido e esperando ter transmitido um pouco de si, e da sua essência, nesta curta entrevista….

Atualmente mantém o seu desempenho como enfermeira no SUB de Albufeira e na viatura médica, onde gosta muito de estar.

“O futuro a Deus pertence… não sei se vão surgir outras oportunidades ou realizações…, mas neste momento é onde sou feliz!”

EDITORA

ANA RODRIGUES

Enfermeira VMER

Heli INEM

EDITORA

TERESA CASTRO

Enfermeira VMER

TESOURINHO

VMER ista

Vou revelar algo que todos nós sabíamos desde a ativação - algo iria correr “mal”, estávamos era distante do quanto poderia o final ser tão hilariante.

Eram por volta das 12:00, sendo a ativação para abertura de porta, por possível cadáver em decomposição, num apartamento rés-do-chão.

À nossa chegada, a equipa de bombeiros local estava totalmente equipada, como se uma situação de derrame químico se tratasse. Tentaram entrar pela porta de entrada, mas não a conseguiram derrubar, então a aparente próxima solução seria a janela, mas a mesma revelou-se um obstáculo, sendo para uns intransponível, seja para outros

Congressos e Cursos

um local de uma prisão que balanceava. Quando finalmente conseguiram ultrapassar, a porta de entrada revelou-se um novo desafio, mesmo por dentro, não conseguindo mais uma vez abri-la. Minutos passaram e a equipa do interior deixou se responder a qualquer chamada, tendo disparados os alarmes para todo o pessoal presente, em que na ânsia de encontrar um novo ponto de entrada, a equipa da VMER deu a volta ao edifício, descobrindo uma porta traseira, desbloqueada e totalmente acessível a todos. Após essa descoberta vieram mais três: - a primeira equipa estava bem e

muito bem disposta; - não existia qualquer tipo de cadáver, sendo o cheiro moribundo origem num cano de esgoto que se encontrava a ser reparado; - o dito cadáver, era o vizinho ao qual inicialmente se questionou se sabia de algo sobre alguém desaparecido. Terminando, o médico da VMER levou com uma porta na sua bela região dorsal, já que, as condições de segurança do local não foram asseguradas pelo mesmo…, mas não se preocupem, já se encontra bem de saúde e a escrever esta verdadeira crónica, de que mesmo quando tudo pode correr mal, o riso nunca abandona a emergência…

II CONGRESSO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

DO ALTO TÂMEGA E BARROSO

27 e 28 de setembro de 2024

Aquanatur Palace, Chaves

9.º CONGRESSO NACIONAL DA URGÊNCIA

4 a 6 de outubro de 2024

Hotel Eurostars Oasis Plaza, Figueira da Foz

URGÊNCIA E EMERGÊNCIA: IV CONGRESSO INTERNACIONAL

CRITICAL CARE – CESPU`24

11 e 12 de outubro de 2024

Campus Académico de Famalicão

1 Médico VMER

Na sexta-feira, dia 19 de Julho de 2024, uma falha causada pela atualização de um software de segurança afetou 365 aplicações

da Microsoft, causando o que alguns especialistas acreditam ser o maior apagão cibernético da história.

"Isso é basicamente o que nos preocupava com o bug do milénio, (especulação em torno da viragem do ano 1999 para o ano 2000), excepto que desta vez aconteceu realmente. Não acho que seja cedo para dizer: esta será a maior interrupção de TI (Tecnologia de informação) da história".

Troy Hunt, especialista australiano em cibersegurança, 19 de Julho 2024 https://epocanegocios.globo.com/tecnologia/noticia/2024/07/apagao-cibernetico-da-microsoft-pode-ser-o-maior-da-historia-aponta-especialista.ghtml

Em várias cidades, no estado de Rio Grande Do Sul no Brasil, no período entre 27 de Abril e 2 de Maio, de 2024, choveu um terço da média histórica de precipitação para todo o ano. No dia

10 de Junho de 2024, a Defesa Civil do Rio Grande do Sul contabilizou 173 mortes. Ao todo, 478 municípios foram atingidos por inundações, quedas de barreiras e deslizamentos de terra.

Cerca de 2,3 milhões de pessoas foram afectadas pelos efeitos das chuvas. O governo do Brasil classificou a situação como "a maior catástrofe climática" da história do estado.

"Nós sabemos a importância do Rio Grande do Sul para a história desse país. Portanto, gaúchos e gaúchas, fiquem tranquilos, tenham fé em Deus que a gente vai consertar esse estado e vocês vão voltar a viver felizes”.

Luíz Inácio Lula da Silva, Presidente da República do Brasil, 07.05.2024 https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2024-05/lula-exalta-trabalho-de-voluntarios-no-rs-e-condena-fake-news

PEDRO RODRIGUES SILVA Enfermeiro VMER/TIP
EDITOR
Centro Académico de Investigação e Formação Biomédica do Algar ve

SURVIVING SEPSIS CAMPAIGN (SSC)

O site oficial da Surviving Sepsis Campaign (SSC) disponibiliza uma variedade de recursos dedicados à abordagem da sépsis, incluindo: o acesso a guidelines atualizadas, protocolos e checklists, entre outros complementos educacionais. Sendo a sépsis e o choque séptico

das principais causas de morte em todo o mundo, torna-se fundamental implementar as guidelines da SCC, para reduzir a mortalidade e a morbidade. Também estão disponíveis neste web site, as guidelines para orientação do tratamento em Pediatria

https://www.sccm.org/SurvivingSepsisCampaign/Home

EM-DAT (EMERGENCY EVENTS DATABASE)

O site oficial da EM-DAT (Emergency Events Database), é proporcionado pelo CRED (Centre for Research on the Epidemiology of Disasters), e faculta o acesso a uma vasta quantidade de informações relacionadas com catástrofes naturais e tecnológicas em todo o mundo. No website encontrará

uma base de dados detalhada sobre catástrofes ocorridas desde 1900, numa interface de pesquisa interessante e verdadeiramente informativa do ponto de vista epidemiológico, mas também revelando o impacto económico, humano e ambiental

https://www.emdat.be/

BRUNO SANTOS Médico VMER
EDITOR

No período de Verão existem 2 pequenos grandes problemas que afectam grande parte da população. As queimaduras solares, pela época propicia à exposição solar e aos raios UV mais elevados, e as Gastroenterites, pela alteração do padrão alimentar mais descontraído das ferias ou até mesmo pelo deficiente

ÍNDICE UV - WIDGET TAN

POOPIFY - SAÚDE

acondicionamento dos alimentos mais sensíveis ao calor. Esta última, quando acompanhada pela fraca ingestão de água, pode causar desidratações graves, especialmente nos mais pequenos. Estas aplicações revelam-se como uma ajuda para controlar estes dois fatores, de forma a evitar dissabores nas férias.

Esta aplicação permite medir com precisão o índice UV onde quer que você esteja. Proteja sua pele monitorando o índice UV para evitar queimaduras. Utiliza a escala Fitzpatrick, que classifica os indivíduos de acordo com a reação da pele à exposição solar, onde pode escolher o seu tipo de pele o que lhe dará valores

https://play.google.com/store/apps/details?id=dev.ipapps.uvindex&hl=pt_PT

DO INTESTINO

Baseado na Escala de Fezes de Bristol, esta aplicação é uma ferramenta diagnóstica médica criada para classificar a forma das fezes humanas em sete categorias.

O Poopify permite que você registre cada ida ao WC com detalhes como o formato de suas fezes, cor, cheiro, quantidade, dor, tempo gasto, se há ou não presença de sangue ou pedaços de comida, se o cocô boia ou não, se houve excesso de flatulência, esforço para evacuar, presença de muco e escrever uma anotação. Você também pode registrar sintomas e sensações sentidas antes ou durante a atividade

https://play.google.com/store/apps/details?id=com.etcho.poopify&hl=pt_PT

EDITOR

PEDRO LOPES SILVA
Enfermeiro VMER
Heli INEM

SUGESTÕES DE LEITURA

Alfentanil for Pain Relief in a Swedish Emergency Medical Service – An Eleven-Year Follow-up on Safety and Effect

https://doi.org/10.1080/10903127.2024.2363509

Wennberg, P., Pakpour, A., Broström, A., Karlsson, K., & Magnusson, C. (2024). Alfentanil for Pain Relief in a Swedish Emergency Medical Service – An Eleven-Year Follow-up on Safety and Effect. Prehospital Emergency Care, 1–6.

Prehospital management of chest injuries in severely injured patients—a systematic review and clinical practice guideline update

https://doi.org/10.1007/s00068-024-02457-3

Waydhas, C., Prediger, B., Kamp, O. et al. Prehospital management of chest injuries in severely injured patients—a systematic review and clinical practice guideline update. Eur J Trauma Emerg Surg (2024).

Swedish consensus regarding difficult pre-hospital airway management: a Delphi study

https://doi.org/10.1186/s12873-024-01013-x

Borgström, A.M., Bäckström, D. Swedish consensus regarding difficult pre-hospital airway management: a Delphi study. BMC Emerg Med 24, 88 (2024).

Management of respiratory distress following prehospital implementation of noninvasive ventilation in a physician-staffed emergency medical service: a single-center retrospective study

https://doi.org/10.1186/s13049-021-00900-7

Dunand, A., Beysard, N., Maudet, L. et al. Management of respiratory distress following prehospital implementation of noninvasive ventilation in a physician-staffed emergency medical service: a single-center retrospective study. Scand J Trauma Resusc Emerg Med 29, 85 (2021).

Traumatic hemorrhage and chain of survival

https://doi.org/10.1186/s13049-023-01088-8

Latif, R.K., Clifford, S.P., Baker, J.A. et al. Traumatic hemorrhage and chain of survival. Scand J Trauma Resusc Emerg Med 31, 25 (2023).

EDITOR

ANDRÉ ABÍLIO RODRIGUES Enfermeiro SIV/VMER

CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO – Novembro de 2021

1. Objectivo e âmbito

A Revista LIFESAVING (LF) é um órgão de publicação pertencente ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) e dedica-se à promoção da ciência médica pré-hospitalar, através de uma edição trimestral.

A LF adopta a definição de liberdade editorial descrita pela World Association of Medical Editors, que entrega ao editorchefe completa autoridade sobre o conteúdo editorial da revista. O CHUA, enquanto proprietário intelectual da LF, não interfere no processo de avaliação, selecção, programação ou edição de qualquer manuscrito, atribuindo ao editor-chefe total independência editorial.

A LF rege-se pelas normas de edição biomédica elaboradas pela International Commitee of Medical Journal Editors e do Comittee on Publication Ethics

2. Informação Geral

A LF não considera material que já foi publicado ou que se encontra a aguardar publicação em outras revistas.

As opiniões expressas e a exatidão científica dos artigos são da responsabilidade dos

respectivos autores.

A LF reserva-se o direito de publicar ou não os artigos submetidos, sem necessidade de justificação adicional.

A LF reserva-se o direito de escolher o local de publicação na revista, de acordo com o interesse da mesma, sem necessidade de justificação adicional.

A LF é uma revista gratuita, de livre acesso, disponível em https://issuu.com/lifesaving Não pode ser comercializada, sejam edições impressas ou virtuais, na parte ou no todo, sem autorização prévia do editor-chefe.

3. Direitos Editoriais

Os artigos aceites para publicação ficarão propriedade intelectual da LF, que passa a detentora dos direitos, não podendo ser reproduzidos, em parte ou no todo, sem autorização do editor-chefe.

4. Critérios de Publicação

4.1 Critérios de publicação nas rúbricas

A LF convida a comunidade científica à publicação de artigos originais em qualquer das

categorias em que se desdobra, de acordo com os seguintes critérios de publicação:

Nós Por Cá

- Âmbito: Dar a conhecer a realidade de actuação das várias equipas de acção pré-hospitalar através de revisões estatísticas da sua casuística. Dimensão: 250 palavras.

Tertúlia VMERISTA

- Âmbito: Pequenos artigos de opinião sobre um tema fraturante. Dimensão: 250 palavras.

Minuto VMER

- Âmbito: Sintetização para consulta rápida de procedimentos relevantes para a abordagem de doentes críticos. Dimensão: 1000 palavras

Fármaco Revisitado

- Âmbito: Revisão focada na aplicabilidade clínica de um fármaco usado em contexto de emergência pré-hospitalar; - Estrutura: Título; Autoresmáximo 1(primeiro nome, último nome, título, afiliação); Introdução; Formas de Apresentação e Conservação; Posologia e Modo de Administração; Farmacocinética; Farmacodinâmica; Indicações

Terapêuticas; Contra-indicações; Efeitos Adversos e Interações medicamentosas; Take Home Messages; Referências

- Dimensão: até 1200 palavras (excluindo referências); até 10 referências

- Iconografia: deverá ser enviada uma imagem/fotografia associada ao tema da rubrica (em formato JPEG com resolução original)

Journal Club

- Âmbito: Apresentação de artigos científicos pertinentes relacionados com a área da urgência e emergência médica pré-hospitalar e hospitalar. Dimensão: 500 palavras

Nós e os Outros

- Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre a actuação de equipas de emergência préhospitalar não médicas. Dimensão: 1000 palavras

Ética e Deontologia

- Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre questões éticas desafiantes no ambiente pré-hospitalar. Dimensão: 1000 palavras

Legislação

- Âmbito: Enquadramento jurídico das diversas situações com que se deparam os profissionais de emergência médica. Dimensão: 500 palavras

O que fazer em caso de...

- Âmbito: Informação resumida mas de elevada qualidade para leigos em questões de emergência.

Dimensão: 500 palavras.

Mitos Urbanos

- Âmbito: Investigar, questionar e esclarecer questões pertinentes, dúvidas e controvérsias na prática diária da emergência médica. Dimensão: 1000 palavras.

Cuidar de Nós

- Âmbito: Diferentes temáticas, desde psicologia, emocional, metabólico, físico, laser, sempre a pensar no auto cuidado e bem estar do profissional. Dimensão: 500 palavras.

Pedacinho de Nós

- Âmbito: Dar a conhecer os profissionais das equipas de emergência pré-hospitalar. Dimensão: 400 palavras.

Tesourinhos VMERISTAS

- Âmbito: Divulgação de situações caricatas, no sentido positivo e negativo, da nossa experiência enquanto VMERistas. Dimensão: 250 palavras

Congressos Nacionais e Internacionais

- Âmbito: Divulgação de eventos na área da Emergência Médica. Di-mensão: 250 palavras.

Best Links/ Best Apps de Emergência Pré-hospitalar

- Âmbito: Divulgação de aplicações e sítios na internet de emergência médica pré-hospitalar -Dimensão: 250 palavras

Cartas ao Editor

- Objetivo: comentário/exposição referente a um artigo publicado nas últimas 4 edições da revista promovendo a discussão e visão

crítica. Poderão ainda ser enviados observações, casuísticas particularmente interessantes de temáticas atuais que os autores desejem apresentar aos leitores de forma concisa.

- Instruções para os autores:

1. O corpo do artigo não deve ser subdividido; sem necessidade de resumo ou palavras-chave.

2. Deve contemplar entre 500 a 1000 palavras, excluindo referências, tabelas e figuras.

3. Apenas será aceite 1 figura e/ou 1 tabela.

4. Não serão aceites mais de 5 referências bibliográficas. Devendo cumprir as normas instituídas para revista.

5. Número máximo de autores são 4.

Instantâneos em Emergência Médica

- Âmbito: Fotografias em contexto pré-hospitalar, contextualizadas nas diversas áreas da Emergência.

- Formato: Título; Autores –(primeiro nome, último nome, título, categoria profissionalopcional); imagem em formato JPEG com resolução original); Legenda explicativa com breve enquadramento ou breve comentário acerca do sentido da imagem para o Autor. – máx. 100 palavras.

É de a responsabilidade dos autores respeitar a POLITICA DE PRIVACIDADE, De acordo com o art. º13.º do Regulamento Europeu de Proteção de Dados Pessoais Reg. UE 201/679. Os Autores são responsáveis por

respeitar e obter o consentimento de imagem, quando necessário ( n.º 1 do artigo 79.º do C.C).

Posters em Emergência Médica - Âmbito: Apresentação sumária de Póster científico original, sobre a temática da Emergência pré e intra-hospitalar, e do doente crítico. Dimensão: 800 a 1000 palavras. Limite de tabelas e imagens: 6

Intoxicações no pré-hospitalar - Âmbito: Revisão geral sobre determinada substância (tóxico), consequências de sobredosagem ou contacto/ consumo inadvertido ou intencional e qual a abordagem em contexto de Emergência Médica Pré-hospitalar.

Formato: Título; Autores; palavra (s)-chave; 1 ou 2 imagens (podendo incluir gráficos e/ou tabelas devidamente legendados); 500 a 1000 palavras; Agradecimentos; Referências bibliográficas

4.2 Critérios gerais de publicação

O trabalho a publicar deverá ter no máximo 120 referências. Deverá ter no máximo 6 tabelas/ figuras devidamente legendadas e referenciadas.

O trabalho a publicar deve ser acompanhado de no máximo 10 palavras-chave representativas. No que concerne a tabelas/ figuras já publicadas é necessário a autorização de publicação por parte do detentor do copyright (autor ou editor). Os

ficheiros deverão ser submetidos em alta resolução, 800 dpi mínimo para gráficos e 300 dpi mínimo para fotografias em formato JPEG (.Jpg), PDF (.pdf). As tabelas/figuras devem ser numeradas na ordem em que ocorrem no texto e enumeradas em numeração árabe e identificação. No que concerne a trabalhos científicos que usem bases de dados de doentes de instituições é necessário fazer acompanhar o material a publicar do consentimento da comissão de ética da respectiva instituição. As submissões deverão ser encaminhadas para o e-mail: revistalifesaving@gmail.com

5. Referências

Os autores são responsáveis pelo rigor das suas referências bibliográficas e pela sua correta citação no texto. Deverão ser sempre citadas as fontes originais publicadas. A citação deve ser registada empregando a Norma de Vancouver

Estatuto Editorial

A Revista LIFESAVING é uma publicação científica e técnica, na área da emergência médica, difundida em formato digital, com periodicidade trimestral.

Trata-se de um projeto inovador empreendido pela Equipa de Médicos e Enfermeiros das Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) de Faro e de Albufeira, pertencentes ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve, e que resultou da intenção estratégica de complementar o Plano de formação contínua da Equipa.

A designação “Lifesaving”, que identifica a publicação, é bem conhecida por todos os profissionais que trabalham na área da emergência médica, e literalmente traduz o desígnio da nobre missão que todos desempenham junto de quem precisa de socorro – “salvar vidas”.

Esta Publicação inovadora, compromete-se a abraçar um domínio editorial pouco explorado no nosso país, com conteúdos amplamente dirigidos a todos os profissionais que manifestam interesse na área da emergência médica. Através de um verdadeiro trabalho de Equipa dos vários Editores da LIFESAVING, e

aproveitando a sua larga experiência em Emergência Médica, foi estabelecido o compromisso de apresentar em cada número publicado, conteúdos e rubricas de elevada relevância cientifica e técnica no domínio da emergência médica. Por outro lado, este valioso instrumento de comunicação promoverá a partilha das ideias e conhecimentos, de forma completa, rigorosa e assertiva.

Proprietário: Centro Hospitalar Universitário do Algarve, E.P.E.

NIPC: 510 745 997

Morada: Rua Leão Penedo, 8000-386 Faro

N.º de registo na ERC: 127037

Diretor: Dr. Bruno Santos

Editor-Chefe: Dr. Bruno Santos

Morada: Rua Leão Penedo, 8000-386 Faro

Sede da redação: Rua Leão Penedo, 8000-386 Faro

Periodicidade: trimestral

TIPO DE CONTEÚDOS

Esta publicação periódica pretende ser uma compilação completa de uma seleção de matérias científicas e técnicas atualizadas, incluídas em grande diversidade de Rubricas, incluindo: – “Nós Por Cá” – Âmbito: Dar a conhecer a realidade de atuação das várias equipas de ação pré-hospitalar através de revisões estatísticas da sua casuística. Poderá incluir também a descrição sumária de atividades, práticas ou procedimentos desenvolvidos localmente, na área da emergência médica – Dimensão: 500 palavras; – “Tertúlia VMERISTA” – Âmbito: Pequenos artigos de opinião sobre um tema fraturante – Dimensão: 250 palavras;

– “Minuto VMER” – Âmbito: Sintetização para consulta rápida de procedimentos relevantes para a abordagem de doentes críticos, ou de aspetos práticos relacionados com Equipamentos utlizados no dia-à-dia. Dimensão: 1000 palavras; – “Fármaco Revisitado” – Âmbito: Revisão breve de um fármaco usado em emergência pré-hospitalar, ou que poderia ser uma mais valia a sua implementação na carga VMER.

– Dimensão: 500 palavras;

– “Journal Club” – Âmbito: Apresentação de artigos científicos pertinentes relacionados com a área da urgência e emergência médica pré-hospitalar e hospitalar. -Dimensão: 500 palavras; – “Nós e os Outros” – Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre a atuação de equipas de emergência préhospitalar não médicas. -Dimensão: 1000 palavras;

– “Ética e Deontologia” – Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre questões éticas desafiantes no ambiente pré-hospitalar. -Dimensão: 500 palavras;

– “Legislação” – Âmbito: Enquadramento jurídico das diversas situações com que se deparam os profissionais de emergência médica.

– Dimensão: 500 palavras;

– “O que fazer em caso de…” –Âmbito: Informação resumida, mas de elevada qualidade, para leitores não ligados à área da saúde, ou da emergência médica -Dimensão: 500 palavras;

– “Mitos Urbanos” – Âmbito: Investigar, questionar e esclarecer questões pertinentes, dúvidas e controvérsias na prática diária da emergência médica. -Dimensão: 1000 palavras;

– “Cuidar de Nós” – Âmbito: Discussão de diferentes temáticas, de caráter psicológico, emocional, metabólico, físico, recreativo, centradas no autocuidado e bem estar do profissional da emergência. -Dimensão: 500 palavras;

– “Pedacinho de Nós” – Âmbito: Dar a conhecer, em modo de entrevista, os profissionais da Equipa das VMER de Faro e Albufeira ou outros Elementos colaboradores editoriais da LIFESAVING. – Dimensão: 500 palavras;

– “Vozes da Emergência” – Âmbito: Apresentar as Equipas Nacionais que desenvolvem trabalho na Emergência Médica, dando relevância a especificidade locais e revelando diferentes realidades. – Dimensão 500 palavras;

– “Emergência Global” – Âmbito: publicação de artigos de autores internacionais, que poderão ser artigos científicos originais, artigos de opinião, casos clínicos ou entrevistas, pretendendo-se divulgar experiências enriquecedoras, além fronteiras;

– “Tesourinhos VMERISTAS” –Âmbito: Divulgação de situações caricatas, no sentido positivo e negativo, da experiência dos Profissionais da VMER. – Dimensão: 250 palavras;

– “Congressos Nacionais e Internacionais” – Âmbito: Divulgação de eventos na área da Emergência Médica – Dimensão: 250 palavras; palavras;

– “Best Links/ Best Apps de Emergência Pré-hospitalar” –Âmbito: Divulgação de aplicações e sítios na internet de emergência médica pré-hospitalar -Dimensão: 250 palavras

PREVISÃO DO NÚMERO DE PÁGINAS: 50;

TIRAGEM: – não aplicável para a publicação eletrónica, não impressa em papel.

ONDE PODERÁ SER

CONSULTADA:

Pode ser consultada no site do CHUAlgarve, no setor “Comunicação”, no domínio http:// www.chualgarve.min-saude.pt/ lifesaving/, e adquirida gratuitamente por subscrição nesse mesmo site. Não dispomos ainda de um site oficial para organização dos nossos conteúdos, de modo que atualmente todas as Edições estão a ser arquivadas no Repositório Internacional ISSUU, onde poderão ser consultadas gratuitamente (https://issuu.com/lifesaving). Marcamos presença ainda noutras plataformas de divulgação (Facebook, Instagram, Twiter e Youtube).

DIVULGAÇÃO DA LIFESAVING:

A LIFESAVING será difundida no site do Centro Hospitalar do Algarve (no setor média e imagem), e sua Intranet, com possibilidade da sua subscrição para receção trimestral via e-mail. Inserida on-line no repositório de publicações ISSUU, adquirindo um aspeto gráfico otimizado para tornar a leitura ainda mais agradável.

Será também difundida na página de Facebook da VMER de Faro, página própria com o nome LIFESAVING.

N.º 1 do art.º 17.º da Lei de Imprensa: Garanta de liberdade de imprensa:

1 - É garantida a liberdade de imprensa, nos termos da Constituição e da lei.

2 - A liberdade de imprensa abrange o direito de informar, de se informar e de ser informado, sem impedimentos nem discriminações.

3 - O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura

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