LIFESAVING 35

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FICHA TÉCNICA

DIRETOR E EDITOR-CHEFE

Bruno Santos

CO-EDITOR-CHEFE

Pedro Lopes Silva

EDITORES ASSOCIADOS

MINUTO VMER

Isabel Rodrigues

PÓSTER CIENTÍFICO

Ana Isabel Rodrigues

André Abílio Rodrigues

Catarina Jorge Solange Mega

NÓS POR CÁ

Catarina Tavares

Monique Pais Cabrita

FÁRMACO REVISITADO

Catarina Monteiro

JOURNAL CLUB

Ana Rita Clara

O QUE FAZER EM CASO DE André Abílio Rodrigues

CUIDAR DE NÓS

Sílvia Labiza

EMERGÊNCIA INTERNACIONAL

Eva Motero

Rúben Santos Solange Mega

ÉTICA E DEONTOLOGIA

Teresa Salero

LEGISLAÇÃO

Ana Agostinho

Isa Orge

CARTAS AO EDITOR

Catarina Jorge

Júlio Ricardo Soares

TERTÚLIA VMERISTA

Nuno Ribeiro

MITOS URBANOS Christian Chauvin

VOZES DA EMERGÊNCIA

Ana Vieira

Rita Penisga

Solange Mega

UM PEDACINHO DE NÓS

Ana Rodrigues

Teresa Castro

TESOURINHOS VMERISTAS

Pedro Oliveira Silva

INTOXICAÇÕES NO PRÉ-HOSPITALAR

Luis Miguel Costa

Mónica Fonseca

CONGRESSOS VIRTUAIS

Pedro Oliveira Silva

INSTANTÂNEOS EM EMERGÊNCIA MÉDICA

Solange Mega

Teresa Mota

BEST SITES

Bruno Santos

Pedro Rodrigues Silva

BEST APPS

Pedro Lopes Silva

SUGESTÕES DE LEITURA

André Abílio Rodrigues

INFOSAVING

Luís Miguel Costa

ILUSTRAÇÕES

João Paiva

FOTOGRAFIA

Pedro Rodrigues Silva

Maria Luísa Melão

Solange Mega

Carlos Martins

AUDIOVISUAL

Pedro Lopes Silva

DESIGN

Luis Gonçalves

PARCERIAS

Caríssimos leitores,

Bem-vindos à 35ª edição da Lifesaving.

Segue-se uma excelente edição recheada de temas interessantes, relacionados com a prática no pré-hospitalar, a abrir este novo ano de 2025.

Neste novo número, a Enfª Catarina Tavares apresenta-nos a estatística da ambulância TIP Algarve, uma formação em cenários multivitimas complexos, e a Reunião de Emergência Médica do INEM: “Just Breath”, em mais um Nós por cá. Também por cá, o Enfº Nuno Ribeiro desafia a equipa para refletir sobre a simulação clínica em contexto formativo da VMER.

Na perspetiva informativa e de literacia, o Enfº Abílio Rodrigues ensina-nos o que fazer em caso de doença súbita (ligar 112 ou SNS24?), e o Dr. Luis Costa esquematiza o Suporte Avançado de Vida Pediátrico em mais um Infosaving.

No mundo das drogas, a Drª Catarina Costa revisita a Morfina, e o Dr. Ernesto Ruivo e a Drª. Monica Fonseca explanam a atuação no pré-hospitalar perante uma Intoxicação com antidepressivos tricíclicos.

A Drª Ana Rita Clara apresenta-nos mais um excelente Journal Club, refletindo sobre os cuidados paliativos e de fim vida, prestados no contexto pré-hospitalar.

Ainda na vertente mais científica e de vanguarda, a Dra Isabel Rodrigues apresenta a aplicação do Zircónio Sódico na Emergência Médica, e a Dra. Catarina Jorge o Enfº. Abílio trazem-nos dois posters muito interessantes, intitulados “Trombose Venosa Cerebral” e “Ameaça da Artéria Basilar”. O regresso da rúbrica vozes da emergência faz-se pela mão da Enfª. Solange Mega e Enfª. Ana Rita Penisga, divulgando a SIV mais a ocidental do país, a SIV de Peniche. Não menos importante, e de grande destaque, a Enfª Silvia Labiza recorda-nos como cuidar de nós, desta vez refletindo sobre o cuidado com a nossa saúde emocional. Deixo mais uma vez um enorme agradecimento a todos os intervenientes nesta revista, que de forma exemplar e com grande esforço, investem uma boa parte do seu escasso tempo livre para contribuir com os conteúdos que fazem desta revista o que ela é.

Espero que desfrutem desta edição.

Bem hajam

Pedro Lopes Silva CO-EDITOR-CHEFE

Enfermeiro VMER pgsilva@chalgarve.min-saude.pt

MOMENTOS DE INSPIRAÇÃO

Our greatest weakness lies in giving up. The most certain way to succeed is always to try just one more time.

Thomas Edison 1847 - 1931

Inventor e Empresário americano

MINUTO VMER

ZIRCÓNIO SÓDICO - APLICAÇÃO NA EMERGÊNCIA MÉDICA

INTOXICAÇÕES NO PRÉ-HOSPITALAR

INTOXICAÇÃO POR ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS COMO ABORDAR NO PRÉ-HOSPITALAR?

NÓS POR CÁ

CASUÍSTICA TRANSPORTE INTER-HOSPITALAR PEDIÁTRICO (TIP) FARO - ANO DE 2024

NÓS POR CÁ

REM - REUNIÃO DE EMERGÊNCIA MÉDICA (REM): JUST BREATHE. SEM A NÃO HÁ B: DESAFIOS DA VIA AÉREA NA EMERGÊNCIA

NÓS POR CÁ

FORMAÇÃO "ABORDAGEM INICIAL DOS MEIOS VMER A INCIDENTES MULTIVÍTIMAS , SIOPS E SIEM”

FÁRMACO REVISITADO MORFINA

JOURNAL CLUB

INFOSAVING - A RUBRICA DE INFOGRAFIAS DA LIFESAVING. SUPORTE AVANÇADO DE VIDA PEDIÁTRICO

O QUE FAZER EM CASO DE DOENÇA SÚBITA? SNS24 OU 112?

CUIDAR DE NÓS

CUIDAR DA SAÚDE EMOCIONAL DE QUEM CUIDA DE NÓS

VOZES DA EMERGÊNCIA SIV DE PENICHE - A SIV MAIS OCIDENTAL DO PAÍS

POSTER CIENTÍFICO I TROMBOSE VENOSA CEREBRAL

POSTER CIENTÍFICO II A AMEAÇA DA ARTÉRIA BASILAR

TERTÚLIA VMERISTA

UM PEDACINHO DE NÓS ENTREVISTA AO ENF.º JOÃO PÓVOA

TESOURINHO VMERISTA + CONGRESSOS E CURSOS

PÁGINAS ABC

PÁGINAS APEMERG

BEST SITES

BEST APPS

SUGESTÕES DE LEITURA

CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO

ESTATUTO

MINUTO

VMER

ZIRCÓNIO SÓDICO

- APLICAÇÃO NA EMERGÊNCIA MÉDICA

1Médica Interna de Formação Específica em Medicina Interna

2Serviço de Medicina Interna, Unidade Local de Saúde do Algarve, Hospital de Faro

INTRODUÇÃO

A hipercaliemia é um distúrbio eletrolítico que significa excesso de níveis séricos de potássio. Este distúrbio pode ter consequências graves, em particular na condução elétrica nos miócitos, ou seja, aumenta o risco de arritmia e das suas consequências. No préhospitalar, na ausência de analises sanguíneas, podemos muitas vezes identificar ondas T apiculadas no traçado eletrocardiográfico, indicadoras e hipercaliemia. A hipercaliemia, secundária a Lesão Renal Aguda (LRA) ou de Doença Renal Crónica (DRC) agudizada está associada a um aumento da mortalidade por todas as causas1 Além do mais, limita também o uso de fármacos modificadores de prognóstico, como os inibidores da enzima de conversão da angiotensina (iECA), os antagonistas do receptor de angiotensina II (ARA II) ou antagonistas mineralocorticóides (espironolactona), que são fundamentais para o tratamento não só da DRC, mas também da insuficiência cardíaca.

Existe uma necessidade inegável de agentes mais seguros e eficazes para reduzir o potássio sérico em doentes com hipercalemia crónica, particularmente aqueles que

beneficiam da ação protetora renal e cardíaca dos fármacos modificadores de prognóstico referidos acima. Na LRA os aglutinantes de potássio são a base no tratamento da hipercalemia. A utilização dos agentes ciclossilicato de zircônio sódico (CZS), de resina permutadora de catiões e de tratamento standard foram comparados em doente com LRA AKIN 3 secundárias a choque séptico em cuidados intensivos, sendo que a maioria dos doentes sob CZS atingiram normocaliemia antes de 6h do início de tratamento, tiveram menos recorrência e menos necessidade de técnica dialítica2

Desde 2015, foram aprovados novos agentes quelantes de potássio, e posteriormente em 2018, o ciclossilicato de zircónio sódico (CZS). Estes novos fármacos apresentam segurança e eficácia.

O ciclossilicato de zircónio sódico (CZS) é um fármaco em formulação de pó para administração oral, indicado no tratamento de tratamento de hipercaliemia crónica e não emergente (K>6.5mmol/L),em adultos. Trata-se de um pó inorgânico que atua como um agente de troca de catiões, capturando potássio e libertando hidrogénio e sódio, aumentando a excreção fecal e

diminuindo a concentração sérica de potássio3. A sua estrutura microporosa com dimensões semelhantes ao potássio, conferemlhe alta seletividade para o mesmo, não interferindo com os níveis séricos de cálcio ou magnésio, ao contrário das resinas clássicas ou do patiromero4. Tem efeito ao longo de todo o trato gastrointestinal, (ao contrário das resinas clássicas e do patiromero), com captura precoce de potássio, iniciando a redução das concentrações séricas do mesmo dentro de uma hora após a administração. A normocaliemia é geralmente atingida em 24 a 48 horas. Apesar do rápido início de ação, não está aprovado para tratamento de hipercaliemia aguda, em contexto de emergência, como terapêutica isolada5. Não existe necessidade de ajuste em doentes com doença hepática ou renal crónica e sem efeitos na excreção de sódio por via urinária. A correção da caliemia é proporcional aos níveis iniciais mais elevados de potássio, embora este não esteja aprovado para valores >= 6.5 mmol/L.6

Não está estabelecido o papel dos quelantes de potássio na hipercaliemia pós-prandial na DRC, sendo necessário manter restrições à ingestão dietética de potássio em

pessoas com DRC com uso de quelantes de potássio.7

As reações adversas mais frequentes incluem hipocaliemia e edema, este último principalmente em pacientes na fase de manutenção, sendo em geral tratável com ajuste da dose ou uso de diuréticos.

CONCLUSÃO

Apesar do CZE ser um fármaco estudado e utilizado maioritariamente em doentes crónicos até à data, pela sua rapidez de ação, eficácia e segurança, é cada vez mais utilizado e estudado em doentes agudos com hipercaliemia. A intenção da reversão rápida deste distúrbio é prevenir as suas potenciais consequências no imediato, além de evitar a necessidade de técnica de hemodialise e as suas complicações. Apesar de se tratar de um medicamento administrado por via oral, que pode nem sempre ser possível, poderá vir a ter um papel de toma precoce em contexto de urgência/emergência muito em breve, e assim acelerar ou antecipar o tratamento. O CZE é um medicamento exclusivo da farmácia hospitalar, que poderá vir a integrar o bulário da Viatura Médica de Emergência e Ressuscitação, porque, afinal, poderá “tratar” um doente antes de entrar num hospital

BIBLIOGRAFIA

1. Hougen I, et al, Hyperkalemia and its Association With Mortality, Cardiovascular Events, Hospitalizations, and Intensive Care Unit Admissions in a Population-Based Retrospective Cohort, Kidney Int Rep (2021) 6, 1309–1316; https://doi.org/10.1016/j.ekir.2021.02.038

2. Ruiz, Arnaldo Lopez, Otsanya Ochogbu, Dariush Liske-Doorandish, David Goldenberg and Luis I. Juncos. “1088: ROLE OF SODIUM ZIRCONIUM CYCLOSILICATE (SZC) IN ACUTE KIDNEY INJURY (AKI)-INDUCED HYPERKALEMIA.” Critical Care Medicine (2022): https://doi.org/10.1097/01. ccm.0000910080.38575.a2

3. Yang A, Lean A, Nuttal M et al. In vitro exchange capacity and selectivity of ZS-9, a novel, selective cation trap for the treatment of hyperkalemia. Am J Kidney Dis 2014; 63: A115 abstract

4. Packham DK, Rasmussen HS, Lavin PT, et al.: Sodium zirconium cyclosilicate in hyperkalemia. N Engl J Med. 2015, 372:222-31. 10.1056/ NEJMoa1411487

5. Takkar, C., Nassar, T., & Qunibi, W. (2020). An evaluation of sodium zirconiumcyclosilicate as a treatment option for hyperkalemia. Expert Opinion on Pharmacotherapy, 22(1), 19–28. https://doi.or g/10.1080/14656566.2020.1810234

6. Packham DK, Rasmussen HS, Lavin PT, et al.: Sodium zirconium cyclosilicate in hyperkalemia. N Engl J Med. 2015, 372:222-31. 10.1056/ NEJMoa1411487

7. St-Jules DE, Clegg DJ, Palmer BF, Carrero JJ. Can Novel Potassium Binders Liberate People with Chronic Kidney Disease from the Low Potassium Diet? A Cautionary Tale. Clin J Am Soc Nephrol. 2022 Mar;17(3):467-472. doi:10.2215/ CJN.09660721. Epub 2021 Oct 20. PMID: 34670798; PMCID: PMC8975039

8. Lokelma, INN-sodium zirconium cyclosilicate. https://ec.europa.eu/health/documents/ community-register/2018/20180322137333/ anx_137333_pt.pdf

ISABEL RODRIGUES Médica VMER CODU
EDITORA
Figura 1. Resumo das características do medicamento (RCM) Lokelma8

INTOXICAÇÕES NO PRÉ-HOSPITALAR

INTOXICAÇÃO

POR

ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS COMO ABORDAR NO PRÉ-HOSPITALAR?

INTRODUÇÃO

Os antidepressivos tricíclicos (ADT) são usados, não apenas no tratamento da depressão, mas também na enxaqueca, no transtorno obsessivo-compulsivo e como tratamento de dor crónica. Amitriptilina, clomipramina, nortriptilina e imipramina são alguns dos exemplos de ADT comercializados em Portugal. O uso de ADT tem vindo a diminuir ao longo dos anos pelo aparecimento de novos fármacos com menos efeitos adversos, como os inibidores seletivos da recaptação de serotonina, mas a intoxicação por ADT com necessidade de hospitalização tem vindo a aumentar1

FISIOPATOLOGIA E MANIFESTAÇÕES

CLÍNICAS

O mecanismo de ação destes fármacos consiste na inibição da recaptação pré-sináptica de noradrenalina e serotonina. São rapidamente absorvidos no sistema gastrointestinal, com pico sérico entre as 2 e 8 horas e uma semivida até 56 horas. São moléculas lipofílicas com elevado volume de distribuição. A sua excreção é predominantemente renal, mas apresentam recirculação entero-hepática, com formação de alguns metabolitos com atividade

farmacológica1. A acidose reduz a ligação do fármaco às proteínas plasmáticos, aumentando assim a sua toxicidade. As manifestações cardiovasculares, neurológicas e anticolinérgicas são as mais frequentes devido aos efeitos tóxicos dos ADT no bloqueio dos canais de sódio rápidos a nível cardíaco, dos recetores muscarínicos centrais e periféricos, centrais GABA-A, histaminergicos H1 e periféricos alfa1-adrenérgicos. O efeito anticolinérgico traduz-se em hipertermia, rubor, midríase, retenção urinária e diminuição da motilidade intestinal, prolongando a absorção do fármaco e levando a uma toxicidade retardada.

As manifestações cardiovasculares mais frequentes são a hipotensão (devido ao bloqueio alfa-adrenérgico), a taquicardia sinusal e alterações da condução intraventricular. Um alargamento to QRS superior a 100 ms é preditivo de convulsões. Por outro lado, se o QRS for superior a 160 ms e associado a outras alterações morfológicas: ondas S profundas e prolongadas em DI e aVL e onda R>3mm em aVR com relação R/S >0.7 nessa derivação, é altamente sugestivo de toxicidade cardíaca1,2

As manifestações neurológicas

também são muito frequentes, tanto pelo bloqueio de recetores histaminergicos H1 como pelo antagonismo GABA-A, causando alteração do estado de consciência desde a sedação até às crises convulsivas.

ABORDAGEM DA VÍTIMA

A abordagem inicial da vítima com suspeita de intoxicação por ADTs em contexto pré-hospitalar deve iniciar-se pelo exame primário (ABCDE) e posterior colheita de dados da história clínica, sempre que possível. O pilar do tratamento deste tipo de intoxicações são as medidas de suporte, assegurando a permeabilidade da via aérea, mantendo uma oxigenação e ventilação adequadas. Das manifestações cardiovasculares, a fluidoterapia é o primeiro passo na correção da hipotensão, e caso seja refratária, poderá ser necessário iniciar um vasopressor com ação alfa-adrenérgica, como noradrenalina ou fenilefrina.

O tratamento inicial das disritmias e do prolongamento do QRS superior a 100 ms é a administração de bicarbonato de sódio numa dose inicial de 1-2mEq/kg. Este bólus de bicarbonato poderá ser repetido aos 5 minutos se ausência de melhoria. O pH alvo é de 7.5-7.55 e pode-se

avaliar resposta positiva ao tratamento através da diminuição rápida do QRS, diminuição da amplitude da onda R em aVR e resolução das disritmias3. Se disritmia refratária, a segunda linha é o uso de sulfato de magnésio. Os antiarrítmicos de classe IA (quinidina, procainamida) e IC (propafenona, flecainamida), sendo bloqueadores dos canais de sódio estão contraindicados3 As crises convulsivas em contexto de intoxicação por ADTs devem-se ao bloqueio GABA-A central, sendo as benzodiazepinas o tratamento de eleição nestas situações. Se as convulsões não cederem a benzodiazepinas, as alternativas são o levetiracetam e posteriormente o propofol, tendo em conta os seus potenciais efeitos adversos. Por este motivo, quando há suspeita de intoxicação mista por ADTs e benzodiazepinas, a administração de flumazenil está contraindicada. O uso de fenitoína também está contraindicado pelo seu efeito inibidor de canais de sódio2,3.

TAKE HOME MESSAGES

• As manifestações clínicas típicas são neurológicas, com possibilidade de convulsões, cardiovasculares, prolongamento QRS e anticolinérgicas com hipertermia, midríase, rubor e íleos;

• As medidas de suporte de órgão são o pilar do tratamento;

• Se disritmias e prolongamento do QRS, o tratamento de 1ª linha é o bicarbonato de sódio. Se convulsões o tratamento de 1ª linha são as benzodiazepinas

BIBLIOGRAFIA

1. Khalid MM, Waseem M. Tricyclic Antidepressant Toxicity. PubMed. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2020.

2. Kerr GW. Tricyclic antidepressant overdose: a review. Emergency Medicine Journal. 2001 Jul 1 [cited 2019 May 9];18(4):236–41.

3. Serviço de Medicina Intensiva do Centro hospitalar e Universitário de Lisboa Central. Objetivos para o doente crítico. 2023.

EDITOR

LUIS

Interno de Formação Especializada em Anestesiologia ULS Algarve

MÓNICA VIEIRA DA FONSECA VMER Faro e Albufeira INEM – CODU DRS
EDITORA
MIGUEL COSTA

CASUÍSTICA TRANSPORTE INTER-HOSPITALAR PEDIÁTRICO (TIP) FARO - ANO DE 2024

1Enfermeiro Coordenador TIP Faro

2Especialista em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica

3Serviço de Medicina Intensiva Pediátrica e Neonatal – ULS Algarve

4Enfermeiro VMER de Faro

O Transporte Inter-hospitalar Pediátrico (TIP) tem como missão, designadamente: a deslocação rápida de uma equipa de transporte de doente crítico urgente em idade pediátrica; a estabilização clínica dos recém-nascidos e/ou crianças gravemente doentes; e o transporte acompanhado para a unidade de saúde disponível adequada ao estado clínico.

Este meio dispõe de equipamento diverso de avaliação, reanimação e estabilização clínica indispensável ao cumprimento das boas práticas. Em situações de elevada gravidade ou complexidade, envolvendo crianças, as equipas TIP poderão ser acionadas, pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes do INEM, para o ambiente pré-hospitalar.

As equipas que compõem o TIP devem existir integradas nos serviços e estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde com unidades de cuidados intensivos neonatais e/ou pediátricos.

Os recursos humanos e materiais são uma responsabilidade partilhada entre as Unidades Locais de Saúde (ULS) e o INEM. Em relação aos recursos humanos, o Médico e Enfermeiro são responsabilidade da

ULS, e do INEM o Técnico

Emergência Pré-Hospitalar. Quanto aos recursos materiais, é responsabilidade das ULS consumíveis clínicos, medicação e gases medicinais, do INEM a ambulância, incubadora, monitor desfibrilhador, seringas perfusoras e material de trauma.

A operacionalidade/ativação destas ambulâncias pode ser via CODU ou pela própria equipa estando operacionais 24/24h todos os dias do ano.

2024 foi um ano em que o TIP

Faro teve um total de 94 ativações , distribuídas pela idade neonatal (até aos 28 dias de vida) e pediátrica (após 28 dias de vida), da seguinte forma:

Quanto ao tipo de transporte a utilizar, ambulância versus helicóptero, a sua escolha é decidida pela equipa, atendendo ao melhor para o doente e à sua situação clínica, e tendo em conta as contraindicações de voo, se as houver. Desta forma as ativações deste ano distribuíram-se da seguinte forma:

A origem, ou ponto de partida das nossas transferências são distribuídas da seguinte forma:

Nuno Ribeiro1,2,3,4

Quanto ao Hospital de destino, a distribuição foi a seguinte:

O motivo de acionamento variou consoante o diagnóstico do RN/ criança gravemente doente no hospital de origem, e a valência mais adequada ao seu tratamento/ encaminhamento. A distribuição das ativações registou-se da seguinte forma:

EM CONCLUSÃO:

• O papel da equipa do TIP não é o de substituir a equipa do hospital de origem, mas sim colaborar na estabilização do RN prematuro ou de termo, ou da criança que necessite de cuidados intensivos, o mais precocemente possível, e posterior transporte para a Unidade mais adequada;

• Pode-se afirmar que o ano de 2024 foi um ano em que o número de transportes efetuados bem como a sua complexidade manteve-se em relação aos anos anteriores. Foi também mais um ano de crescimento e de aprendizagem de toda a equipa, com união de esforços, de modo a manter a operacionalidade do meio TIP Faro face aos constrangimentos que vivenciamos no serviço nacional de saúde

CATARINA TAVARES
Enfermeira VMER
Heli INEM
EDITORA

REM - REUNIÃO DE EMERGÊNCIA MÉDICA (REM): JUST BREATHE. SEM A NÃO HÁ B: DESAFIOS DA VIA AÉREA NA EMERGÊNCIA

– O Departamento de Coordenação do Sistema Integrado de Emergência do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), organizou, no dia 20 de novembro, na Delegação do Algarve, em Loulé, uma Reunião de Emergência Médica (REM) dedicada aos desafios da gestão da via aérea na emergência.

A reunião científica foi desenhada com um formato presencial, mas com gravação integral disponível para visualização futura. Contou com a participação de vários profissionais

ligados à emergência médica, e proporcionou um momento de debate e partilha de conhecimentos sobre uma temática crucial para a qualidade da assistência prestada aos doentes críticos.

O programa científico (Figura 1) foi muito abrangente, com foco na estabilização da via aérea, e dando ênfase para o domínio das técnicas básicas e avançadas, e resolução de cenários progressivamente mais complexos.

Foram assim apresentadas três

interessantes palestras, dedicadas essencialmente: 1) ao domínio da via aérea básica; 2) à preparação do doente para a abordagem avançada; 3) e à adoção de estratégias em situações de falha das técnicas convencionais. As apresentações suscitaram um grande interesse por parte da assistência, que participou ativamente no debate final. Com a partilha de experiências do dia-à-dia fortaleceram-se boas práticas, e garantiu-se espaço para a inovação

Bruno Santos1 2
1Coordenador Médico e Operacional das VMER de Faro e Albufeira, INEM
2Médico Assistente Graduado

e para novas perspetivas de abordagem.

Esta REM, organizada a Sul, constituiu assim um excelente momento de atualização de conhecimentos, que justifica a necessidade de continuar a investir na formação e na investigação nesta área, de modo a garantir a prestação de cuidados de saúde de excelência.

• Um artigo de reflexão sobre esta esta temática foi publicado pelos intervenientes desta REM na revista LIFESAVING Scientific

V5N1, à data da publicação desta notícia, permitindo um acesso mais detalhado aos conteúdos apresentados na reunião

CATARINA TAVARES
Enfermeira VMER Heli INEM
EDITORA
Figura 1. Programa científico da REM – “JUST BREATHE. Sem A não há B: desafios da via aérea na Emergência”.

FORMAÇÃO "ABORDAGEM INICIAL DOS MEIOS VMER A INCIDENTES MULTIVÍTIMAS , SIOPS E SIEM”

No passado mês de Dezembro, nos dia 3 e 4, com o objetivo de reforçar a resiliência organizacional, os médicos e enfermeiros das viaturas médicas do Algarve (Faro, Albufeira e Portimão) participaram num treino operacional organizado pelo Comando Regional do Algarve da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil em parceria com a Delegação Regional do Algarve do Instituto Nacional de Emergência Médica.

O treino operacional debruçou-se, em particular, sobre a organização inicial do teatro de operações em acidentes com multivítimas, e decorreu em duas etapas distintas.

Um primeiro momento de revisão de conceitos teóricos, onde foi possível relembrar a estrutura do SIOPS (Sistema Integrado de Operações de Proteção e Socorro) e do SGO (Sistema de Gestão de Operações), e discutir de forma convergente o

papel de cada agente de proteção civil naquele sistema onde estão incluídas as nossas equipas médicas. Num segundo momento, foi possível participar em vários exercícios de simulação em sala, onde os participantes foram

Miguel Prista Monteiro1,2
1Médico Interno de Formação Especifica em Medicina Intensiva, ULS Algarve

divididos em grupos de forma heterogénea, de forma a que em cada grupo fosse possível debater e responder a várias questões e desafios lançados pela organização do treino.

No final, cada grupo elegeu um porta-voz, e houve espaço para uma apresentação das ideias principais de cada grupo, assim como para reforçar e aprender lições para o futuro, aferir as opiniões gerais sobre os vários procedimentos expectáveis nesta tipologia de cenários, e ainda avaliar e debater de forma multidisciplinar o papel de cada agente.

Os organizadores promoveram a discussão sobre qual a melhor forma de conjugar esforços e de maximizar o papel e missão de cada interveniente. Por fim, foi possível estruturar uma proposta de Action Card para a gestão da dimensão de emergência médica em cenários multivítimas.

Foi um treino no qual as equipas das viaturas médicas do Algarve estiveram muito bem representadas, e resultou numa experiência cumulativa de aprendizagem mútua e partilha de conhecimento de forma multidisciplinar

CATARINA TAVARES
Enfermeira VMER Heli INEM
EDITORA

FÁRMACO REVISITADO

MORFINA

INTRODUÇÃO

Os opióides com uso clínico podem ser divididos em quatro grupos: os agonistas totais, os agonistas parciais, os agonistas-antagonistas mistos e os antagonistas dos receptores µ1

O fármaco padrão é a morfina, uma vez que é o mais bem caracterizado farmacodinamicamente e farmacocineticamente. Tem atividade agonista nos recetores opióides μ e, em menor extensão, nos receptores k situados no cérebro, medula espinal e outros tecidos2. A sua estrutura foi determinada em 1902 e, desde então, muitos compostos opióides semissintéticos (produzidos por modificação química da morfina) e inteiramente sintéticos foram estudados3

FORMAS DE APRESENTAÇÃO E CONSERVAÇÃO

Em Portugal, existem as formas orais: solução oral de libertação normal, comprimidos de libertação normal e de libertação modificada. Além destas, temos a morfina injetável por via subcutânea (SC) ou endovenosa (EV).1

POSOLOGIA E MODO DE ADMINISTRAÇÃO

A morfina pode ser administrada de forma intramuscular (IM), EV, intratecal, epidural, oral, SC e retal.

• IM: 0,1-0,2 mg/kg.

• EV: titular pequenas doses em bólus de 1-2 mg, com dose total de 0,1-0,2 mg/kg.

• Intratecal: 1% da dose EV (1-2 mcg/kg).

• Epidural: 10% da dose EV (10-20 mcg/kg).3

• Oral: Não existe nenhuma dose limite, tendo sido descritas doses de 2,5 mg cada 4 h até mais de 2500 mg cada 4 h ou o seu equivalente em formas de libertação modificada; o limite é o controlo da dor ou o aparecimento de efeitos laterais indesejáveis. 4,5

• SC: A dose SC geralmente corresponde a metade da dose oral.3

FARMACOCINÉTICA

A morfina tem um início de ação lento – entre 5 a 7 minutos - após a sua administração EV. Por via IM tem um pico de ação em 30-60 minutos e duração de 3-4 horas, por via SC

demora cerca de 25 a 35 minutos para iniciar a ação. Por via epidural, pode conduzir a depressão respiratória ao fim de várias horas1

O pKa da morfina (8,21) torna-a quase completamente ionizada em pH fisiológico. Essa propriedade e a sua baixa lipossolubilidade explicam a latência prolongada até o efeito máximo e a penetração lenta no SNC. Tem uma semivida de eliminação do plasma de 2 a 3,5 horas e uma duração analgésica de 4 a 6 horas4 É extensamente metabolizada pela mucosa intestinal e pelo fígado, por glucoronidação pela enzima uridina-difosfato-glucuronosiltransferase (UGT)6, em morfina-3-glucuronídeo (M3G), morfina-6-glucuronídeo (M6G) e em sulfatos conjugados. O metabolito M6G é 10 a 20 vezes mais potente que a morfina, prolongando o efeito analgésico. Possui excreção renal, pelo que a insuficiência renal pode determinar o acúmulo deste3 Com uma administração regular de morfina, os metabolitos acumulam-se resultando num reforço da analgesia e a sua farmacocinética mantém-se linear, pelo que é um fármaco relativamente seguro, se excetuarmos os idosos e doentes com

1Médico
em Anestesiologia da Unidade Local de Saúde do Algarve – Unidade de Faro

insuficiência renal. Os neonatos são mais sensíveis à morfina, pois apresentam capacidade de conjugação hepática reduzida6,7

FARMACODINÂMICA

A morfina atua no sistema nervoso central em recetores de opióides. Principalmente através da ligação a μ-recetores, a transmissão da dor no cérebro é inibida e assim o efeito analgésico é alcançado. A ligação dos agonistas opióides com os recetores leva à ativação da proteína G, produzindo efeitos principalmente inibitórios, reduzindo a libertação pré-sináptica do neurotransmissor; esses efeitos culminam na hiperpolarização da célula e na redução da excitabilidade neuronal, evitando assim a transmissão da nociceção4

INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS

A morfina é um potente analgésico em dor visceral e parietal, exercendo maior poder analgésico se for administrada antes da instalação da dor. 8

No contexto pré-hospitalar, é frequentemente usado no enfarte agudo do miocárdio, refratário ao controlo álgico com nitratos, na dose inicial de 2 a 4 mg, administrando doses repetidas de 2 mg em intervalos de 5 a 15 minutos, de acordo com a necessidade do doente e desde que não haja contra-indicação (recomendação IIa).9

Outros efeitos explorados clinicamente são a redução da ansiedade e a sedação, devido a um efeito direto central.

Os opióides também suprimem o reflexo da tosse por meio dos centros da tosse na medula. Presumivelmen-

te, a atenuação do reflexo da tosse torna menos provável a tosse e a reatividade ao tubo endotraqueal.8

CONTRA-INDICAÇÕES

As contraindicações principais são hipersensibilidade à morfina ou a qualquer componente da formulação, depressão respiratória significativa, asma brônquica aguda ou grave num ambiente não monitorizado ou na ausência de equipamento de ressuscitação, em estados convulsivos, uso concomitante ou nos últimos 14 dias de inibidores da monoamina oxidase e obstrução gastrointestinal, incluindo íleo paralítico.

Recomenda-se especial cuidado em populações geriátricas e doentes caquéticos, com sensibilidade aumentada à morfina, pelo que tem de haver um ajuste da dose. O mesmo com lactentes e, sobretudo, recém-nascidos, dado que a depressão provocada no centro respiratório é maior e a metabolização inferior por imaturidade hepática.

A administração de morfina por via epidural ou intratecal encontra-se igualmente contra-indicada no caso de existir infeção no local da injeção e em doentes com alterações graves da coagulação.8

EFEITOS ADVERSOS

A depressão da ventilação é o principal efeito adverso associado, pelo efeito direto sobre o centro respiratório que se torna menos sensível à estimulação fisiológica da PaCO2. Quando a via aérea está assegurada e a ventilação controlada no intraoperatório, a depressão respiratória é irrelevante no entanto, no pós-operatório pode levar a lesão

cerebral e morte.

Apesar dos mínimos efeitos cardiovasculares, a morfina pode levar à bradicardia e à hipotensão, principalmente devido à depressão dos centros vasomotores no tronco encefálico, mais pronunciadas em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva ou hipertensão.

A nível gastrointestinal, a estimulação dos recetores opióides distribuídos por todo plexo entérico, causa contração tónica do músculo liso gastrointestinal, diminuindo assim as contrações peristálticas coordenadas e resultando num atraso no esvaziamento gástrico. No pós-operatório, os pacientes podem desenvolver íleo.

Náuseas e vómitos são efeitos colaterais comuns.

Os opióides estimulam o núcleo do nervo oculomotor a produzir miose, um indicador útil, embora inespecífico, da sua exposição e reversível pela naloxona.

Embora os efeitos urológicos sejam mínimos, pode causar retenção urinária, diminuindo o tónus do detrusor da bexiga e aumentando o tónus do esfíncter urinário.

Outro efeito indesejável é a libertação de histamina, que pode causar rash, prurido e broncoespasmo em pacientes suscetíveis. Por fim, pode ainda causar tolerância, dependência e, consequentemente, síndrome de abstinência.8

INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

A interação medicamentosa farmacodinâmica mais importante é a interação sinérgica quando combinados com sedativos. Quando combinados com anestésicos voláteis, os opioides reduzem a concentração

alveolar mínima (CAM) destes.

A interação farmacocinética mais comum é observada quando os opioides intravenosos são combinados com propofol. Talvez devido às alterações hemodinâmicas induzidas pelo propofol e o seu impacto nos processos farmacocinéticos, as concentrações podem ser maiores quando administrados em combinação com uma infusão contínua de propofol8

TAKE HOME MESSAGES

• A morfina é o protótipo do agente opióide e continua sendo amplamente utilizada no tratamento da dor aguda intensa no pré, intra-hospitalar, da dor aguda e crónica.

• Com a administração repetida, a sua farmacocinética mantém-se linear, pelo que é um fármaco relativamente seguro, excepto em idosos, recém-nascidos e doentes com insuficiência renal.

• Efeitos indesejáveis mais comuns: obstipação, sonolência, náuseas, vómitos, retenção urinária e tonturas.

• Efeitos colaterais mais graves incluem depressão respiratória, dose-dependente, que se associam a mortalidade

BIBLIOGRAFIA

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9. 2023 ESC Guidelines for the management of acute coronary syndromes

CATARINA MONTEIRO Médica VMER
EDITORA

JOURNAL

1Médica de Medicina Intensiva, UCI CR-ECMO, Unidade Local de Saúde de São José, Médica SHEM-Algarve https://orcid.org/0000-0002-5587-0842

INTRODUÇÃO

A procura global de cuidados paliativos está a aumentar devido ao envelhecimento da população e à crescente prevalência de doenças crónicas não transmissíveis, entre outros factores. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, aproximadamente 40 milhões de pessoas necessitam de cuidados paliativos a cada ano.1

Para satisfazer a crescente necessidade de cuidados paliativos, reduzir os internamentos hospitalares evitáveis e facilitar melhor as preferências da comunidade, é necessária uma prestação precoce e uma abordagem multidisciplinar à prestação de serviços de cuidados paliativos.1

A emergência pré-hospitalar (EPH) é, actualmente, a entidade prestadora de cuidados de saúde disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana, para todo o tipo de doentes, incluíndo para os doentes paliativos em

domicílio, seja por forma a facilitar o transporte para meio hospitalar, na administração de fármacos para alívio sintomático ou para declarar o óbito após uma morte confortável em casa. Para os doentes que têm uma condição progressiva que limita a vida, uma admissão hospitalar aguda pode não ser desejada ou o melhor cenário para prestar cuidados paliativos adequados.

Diferentes países têm modelos de funcionamento diferentes de EPH por forma a dar resposta a todo o tipo de emergência, incluíndo a paliativa, ou para não sobrecarregar o sistema. Em Portugal não existe essa diferenciação. Nos modelos franco-alemães de ambulância2, os médicos de medicina de emergência prestam a maior parte dos cuidados pré-hospitalares e são apoiados por paramédicos, permitindo o desenvolvimento de equipas especializadas em cuidados paliativos médicos pré-hospitalares em países como a Alema-

nha.3 Em contraste, as ambulâncias anglo-americanas os modelos dependem de paramédicos prestando cuidados aos doentes com supervisão médica. No entanto, não existe uma dicotomia estrita entre estes dois modelos. Estão a surgir funções especializadas de paramédicos comunitários em países que seguem uma abordagem de ambulância liderada por paramédicos para facilitar os cuidados paliativos holísticos domiciliários,4 e os serviços de ambulância em todo o mundo estão a adoptar protocolos clínicos para orientar os cuidados de fim de vida.5

Assim, os autores do artigo realizaram uma revisão sistemática, para apresentar uma grande variedade de perspectivas sobre os cuidados paliativos por forma a contribuir para a prática futura baseada na evidência.

MÉTODOS

Foi realizada uma revisão integrativa sistemática, permitindo a inclusão de estudos experimentais e não experimentais, de acordo com a metodologia de Whittemore e Knafl. Este tipo de revisão foi escolhido para obter uma compreensão mais abrangente do papel dos paramédicos que prestam cuidados paliativos e de fim de vida em ambientes comunitários.

RESULTADOS

Foram incluídos um total de 23 estudos na revisão. Os estudos foram realizados na Austrália (n = 5), Canadá (n = 2), Finlândia (n = 1), Alemanha (n = 4), Reino Unido (n = 5) e Estados Unidos (n = 6) entre 2009 e 2020.

Cada estudo investigou amplamente o papel dos paramédicos na prestação de cuidados paliativos e de fim de vida em ambientes comunitários. Os estudos foram realizados principalmente em serviços de emergência pré-hospitalar (n = 21). No entanto, um estudo foi realizado num hospital,

apesar de estar focado na prestação de cuidados à comunidade, e outro num serviço de emergência pré-hospitalar em parceria com um serviço especializado em cuidados paliativos. Quatro estudos investigaram o impacto dos programas de formação e educação em cuidados paliativos e de fim de vida, dois estudos consideraram as admissões hospitalares de doentes em cuidados paliativos, nove estudos examinaram as percepções e atitudes em relação aos cuidados paliativos e de fim de vida, três estudos observaram a natureza dos casos de cuidados paliativos atendidos por paramédicos e cinco estudos exploraram o papel das ordens médicas e da documentação na tomada de decisões clínicas.

Da análise temática dos 23 estudos resultaram os seguintes três temas principais:

1. Alargar o papel tradicional

2. Compreender os desejos dos doentes

3. Apoiar as família

Cada tema principal é apoiado por subtemas, como ilustrado na Figura 1.

Ampliando o papel tradicional

Todos os estudos incluídos, exceto um, exploraram o conceito de alargamento do papel do paramédico para além do âmbito tradicional. Dezassete reconheceram o papel multidimensional que os paramédicos desempenham na prestação de cuidados a doentes próximos do fim da vida, destacando um forte desejo entre os técnicos (podendo ser extrapolado para enfermeiros na nossa realidade) familiares e doentes de que os paramédicos re-orientem a sua atenção para a gestão holística dos sintomas paliativos em casa, em vez do hospital.

De acordo com um estudo que investigou as percepções da equipa pré-hospitalares sobre as chamadas de fim de vida, os sintomas mais frequentemente encontrados num doente paliativo incluem dispneia, disfagia, dor não controlada e

Figura 1. Adaptado de Juhrmann ML et al, Paramedicina Paliativa.

náuseas e vómitos incoercíveis, que são controláveis pelos paramédicos. Estes achados foram suportados por um estudo de coorte retrospetivo que avaliou o atendimento paramédico de doentes com um protocolo de fim de vida.

Vários estudos reconhecem o dilema ético que os paramédicos enfrentam ao iniciar manobras de ressuscitação num doente em cuidados paliativos – um procedimento padrão em muitas directrizes de prática clínica – e expressaram um forte desejo de facilitar a morte natural, apesar de muitas vezes não terem latitude legal. Notavelmente, num estudo, foram relatadas mortes hospitalares para 54% de 252 doentes em áreas onde os paramédicos não tinham acesso a serviços de cuidados paliativos domiciliários 24 horas por dia, 7 dias por semana, em comparação com 33% em áreas onde estes serviços estavam disponíveis. O tempo de serviço do paramédico e a experiência no fim de vida parecem ser outros fatores-chave que facilitam a confiança do paramédico para tratar um doente paliativo. Um estudo australiano pilotou com um programa educativo para paramédicos especializados em cuidados paliativos, resultou na resposta colectiva de emergência 24 horas por dia, 7 dias por semana, para doentes paliativos na comunidade. Como resultado, 90% dos doentes que receberam cuidados fora do horário de expediente permaneceram em casa, evitando o internamento. Outros estudos apoiaram estas descobertas, reconhecendo uma mudança no âmbito da prática dos paramédicos para permitir uma

melhor gestão dos doentes em fim de vida, intervenções educativas focadas necessárias, melhor acesso ao equipamento e medicamentos antecipados, fortes ligações às equipas de especialistas em cuidados paliativos e cuidados em fim de vida guidelines de prática clínica para uniformizar a prática. Dotar os paramédicos das competências e recursos para prestar cuidados paliativos eficazes resulta também em satisfação profissional. Como descrito num estudo, o papel central deste conceito é o papel do paramédico como defensor, defendendo a dignidade, o respeito e os objectivos do tratamento do doente em todos os momentos.

A documentação legível que descreve claramente as preferências do doente foi destacada como outro facilitador importante para os paramédicos. No entanto, um estudo que explorou as experiências e atitudes dos paramédicos que cuidam de doentes pediátricos com necessidades de cuidados paliativos destacou que, na experiência dos participantes, a maioria dos planos de cuidados de emergência para esta população não inclui limitações de intervenção, como "Sem reanimação cardiopulmonar; mais de metade expressou a opinião de que todos os doentes pediátricos em cuidados paliativos deveriam ter uma “ordem de não reanimação” em vigor para evitar a necessidade de serem prestadas intervenções angustiantes e potencialmente fúteis a este grupo vulnerável.

compreensão dos desejos dos doentes é fundamental para que os paramédicos prestem cuidados paliativos de qualidade em ambientes comunitários.

Os doentes com falta de capacidade de tomada de decisão foram relatados em quatro estudos, destacando a importância dos paramédicos identificarem um decisor por procuração ou um tutor legalmente nomeado nestas circunstâncias. No entanto, um estudo enfatizou o dever legal dos paramédicos de honrar os direitos dos doentes à autodeterminação quando estes têm capacidade. Por fim, foi relatado que a religiosidade influencia a interpretação da documentação e a tomada de decisões por parte de um paramédico. De acordo com um estudo que investigou este factor, os paramédicos que se consideram religiosos preferem hospitalizar um doente portador de uma directiva antecipada juridicamente vinculativa do que deixá-lo em casa, em comparação com os paramédicos não religiosos.

Apoiando as Famílias

Entendendo os desejos dos doentes Dezassete estudos referiram que a

As famílias foram um tema proeminente em catorze dos estudos incluídos, e a parceria nos cuidados foi frequentemente considerada uma consideração integral para os paramédicos que prestam cuidados paliativos e de fim de vida. As famílias são frequentemente os principais decisores em situações de fim de vida e os paramédicos devem estabelecer uma forte relação para facilitar a tomada de decisões apoiada. As competências interpessoais foram destacadas como outro atributo essencial dos paramédicos

que prestam cuidados paliativos e de fim de vida eficazes: cinco estudos reconheceram que a comunicação clara de um paramédico sobre as opções de cuidados com as famílias pode alcançar melhores resultados para o doente, reduzir as hospitalizações evitáveis e prevenir reanimações indesejadas.

Em contraste, a discordância familiar foi relatada por nove estudos como uma barreira significativa à prática de cuidados paliativos e de fim de vida por parte dos paramédicos.

As paragens cardíacas testemunhadas por familiares foram relatadas como outro desafio significativo para os paramédicos que prestam cuidados a doentes próximos do fim da vida. Um estudo descreveu a intensidade emocional e a volatilidade da paragem de um doente paliativo como "o que pode ser considerado rotina nos Serviços Médicos de Emergência", mas "a pior emergência do mundo para a família".

DISCUSSÃO

Esta revisão integrativa sistemática apresenta uma visão geral da literatura sobre os paramédicos que prestam cuidados paliativos e de fim de vida em ambientes comunitários.

Os principais temas que surgiram da síntese dos estudos incluem o alargamento do papel tradicional, a compreensão dos desejos dos doentes e o apoio às famílias. De acordo com as conclusões dos autores, os paramédicos consideram os cuidados paliativos e de fim de vida uma componente importante e cada vez mais prevalente no âmbito da prática clínica. Esta noção é apoiada pela Organização Mundial de

Saúde, que afirma que os cuidados paliativos especializados por si só são insuficientes para satisfazer a crescente procura e, em vez disso, requerem uma abordagem integrada de uma multiplicidade de disciplinas clínicas.1 No entanto, existem certas barreiras que dificultam a capacidade de um paramédico prestar cuidados paliativos ideais. Foi salientado que a prática dos paramédicos já não deve ser limitada pelos modelos tradicionais de cuidados hospitalares, e os canais de comunicação e apoio com equipas multidisciplinares de cuidados paliativos devem ser reforçados para melhorar a capacidade dos paramédicos para cuidar do fim de vida.

A paramedicina paliativa não deve substituir as actuais equipas especializadas em cuidados paliativos comunitários na prestação de cuidados paliativos a doentes da comunidade. Em vez disso, as conclusões desta revisão posicionam o papel de um paramédico que presta cuidados paliativos e de fim de vida como um serviço complementar, especialmente fora de horas, às equipas de cuidados paliativos comunitários existentes. Os paramédicos actuam na emergência do doente em ambulatório, prestando os cuidados adequados quando surge uma emergência paliativa, idealmente com apoio telefónico de um médico adequado ou serviço de cuidados paliativos. O apoio de um médico especializado em medicina paliativa poderá ser uma ponte facilitadora entre os profissionais e esta população específica de doentes. A educação e formação dirigida em cuidados paliativos para paramédi-

cos foi outro ponto chave essencial identificado na revisão para melhorar a capacidade dos paramédicos para prestar cuidados paliativos e de fim de vida na comunidade.

Os paramédicos testemunham frequentemente doentes a morrer no domicílio. No entanto, as conclusões de um estudo de 2021 reconhecem que a educação existente e os recursos do sistema falharam em grande parte em fornecer aos paramédicos as ferramentas necessárias para prestar apoio ao luto aos familiares e outras pessoas que ficaram subitamente enlutadas após uma emergência paliativa. Aumentar o conforto e a capacidade dos paramédicos para prestar apoio ao luto, para além de outras competências essenciais de cuidados paliativos, será necessária uma série de metodologias educativas.

O estabelecimento dos objectivos de cuidados de um doente é considerado um componente central das melhores práticas de cuidados paliativos e os desejos documentados foram identificados como um facilitador fundamental para os paramédicos facilitarem os percursos dos cuidados paliativos em ambientes comunitários. No entanto, os paramédicos enfrentam dificuldades constantes em aceder, interpretar e implementar os desejos médicos, especialmente quando existe uma aparente discordância familiar. A grande maioria dos participantes queria facilitar uma morte natural para os doentes paliativos e evitar métodos de tratamento agressivos sempre que possível. Portanto, isto requer uma comunicação qualificada dos paramédicos para negociar

abordagens paliativas e trajetórias alternativas de cuidados com os doentes e as suas famílias. O medo de litígios é uma grande barreira que impede os paramédicos de seguir um caminho paliativo, especialmente quando evitam a hospitalização em favor de uma morte em casa para doentes sem documentação clara. As orientações de prática clínica de cuidados em fim de vida foram identificadas como um facilitador fundamental para padronizar a prática para os paramédicos, para além de minimizar a ambiguidade médico-legal existente associada à prestação de cuidados paliativos por paramédicos. É importante salientar que nenhum dos estudos incluídos investigou a eficácia da implementação de uma diretriz de prática clínica de cuidados paliativos no âmbito de prática dos paramédicos ou nos resultados dos doentes. Além disso, nenhum estudo quantificou o custo económico da sua intervenção. As perspetivas de outros profissionais de saúde sobre o papel dos paramédicos na prestação de cuidados paliativos e de fim de vida também não foram investigadas em nenhum dos estudos incluídos. Dado o investimento significativo necessário para qualificar os paramédicos para prestarem os melhores cuidados paliativos e de fim de vida, além da necessidade de integrar melhor as abordagens multidisciplinares à paramedicina paliativa, estudos de implementação de diretrizes de prática clínica, uma análise mais ampla da perspetiva profissional da saúde e são necessárias avaliações económicas da saúde, e isto realça uma lacuna actual na investigação empírica sobre o tema.

CONCLUSÃO

A integração dos cuidados paliativos e de fim de vida na prestação de emergência médica tem ganho uma considerável atenção global nos últimos anos. No geral, esta revisão demonstra o papel importante que os paramédicos podem desempenhar na facilitação da morte em casa e na redução de internamentos hospitalares evitáveis. O âmbito conhecido da paramedicina paliativa foi estabelecido, foram identificadas barreiras e facilitadores da prática e exploradas as perspectivas de várias partes interessadas para revelar três temas principais: ampliar o papel tradicional, compreender os desejos do doente e apoiar as famílias. É necessária uma abordagem multifacetada à paramedicina paliativa para permitir um cuidado ideal. Esta revisão será útil para os decisores políticos ao desenvolverem modelos de integração entre serviços de cuidados paliativos. Caso ainda não o tenham feito, os serviços de ambulância devem alargar a sua prática clínica para incluir orientações específicas de cuidados paliativos, acompanhadas de educação e formação prática abordando as complexidades e legalidades dos cuidados em fim de vida. Finalmente, os investigadores de cuidados paliativos têm espaço para investigar perspectivas profissionais de saúde mais amplas sobre o papel do paramédico nos cuidados paliativos, bem como a eficácia e a relação custo-eficácia dos programas de melhoria da qualidade direcionados. Também em Portugal temos assistido a um número crescente de activações em emergência médica de

causas paliativas, sem que com isso as equipas se tenham diferenciado ou dotado de protocolos específicos. O trabalho em integração com a equipa de cuidados paliativos local poderia trazer vantagem para o doente e, quiçá, retirar o número de doentes da urgência ou internamento hospitalar. No entanto, isso representa um peso significativo na emergência médica em Portugal, podendo levar ao burnout das equipas de emergência

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ANA RITA CLARA Médica de Medicina Intensiva, UCI CR-ECMO, ULS São José Médica SHEM-Algarve
EDITORA

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CONECTAR DESFIBRILHADOR 5

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SUSPENDER SBV PARA AVALIAR RITMO / REINICIAR APÓS AVALIAR SE RITMO É COMPATÍVEL OU NÃO COM PULSO AVALIAR SE RITMO É DESFIBRILHÁVEL OU NÃO

MANTER SBV ATÉ LIGAR ELÉTRODOS / DESFIBRILHADOR INFRACLAVICULAR DIREITA E AXILA ESQUERDA VER / OUVIR / SENTIR / PALPAR 7

APENAS REALIZAR SE RITMO COMPATÍVEL COM PULSO TAQUICARDIA VENTRICULAR / ATIVIDADE ELÉTRICA C/ PULSO

VENTRICULAR TAQUICARDIA VENTRICULAR SEM PULSO A B

DESLIGAR SINCRONIZAÇÃO A CHECK DERIVAÇÃO (PÁS/ELÉTRODOS) B

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e

LUIS MIGUEL COSTA
Interno de Formação Especializada em Anestesiologia ULS Algarve
EDITOR

O QUE FAZER EM CASO DE...

Doença súbita? SNS24 ou 112?

Na presente edição da LIFESAVING vamos revisitar uma campanha lancada e iniciada em 2023 pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), a Direção-Geral da Saúde (DGS) e o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), intitulada «Quando ligar SNS 24 ou INEM?», e que tem como objetivo informar o cidadão sobre o uso adequado das linhas «808 24 24 24» e «112».

No contexto atual, em que os recursos são limitados, é essencial saber exatamente quando se deve ligar 112 ou para a linha SNS 24. Vamos assim ajudar a identificar quais são as situações graves em que as vítimas necessitam de cuidados de emergência médica, devido a doença súbita ou acidente, devendo nestes casos ligar para a linha 112, que posteriormente encaminhará a chamada para o INEM. Já no caso de situações não emergentes, deve recorrer-se à linha SNS 24, onde se processará a triagem, aconselhamento e encaminhamento adequados.

É importante ressalvar que, em caso de necessidade, há a possibilidade de transferência da sua chamada entre o SNS 24 e o INEM, no intuito de melhor adequar a resposta à situação.

Exemplos em que deverá ligar 112

• Alteração do estado de consciência

• Suspeita de AVC (alteração da fala, face ou força)

• Engasgamento (após tentar ajudar)

• Dificuldade respiratória grave

• Acidentes com ferido(s)

• Dor no peito

• Hemorragias abundantes ou incontroláveis

• Queimaduras graves ou em zonas sensíveis

LIGUE 112

• Informe a sua localização com pontos de referência;

• Descreva a situação;

• Responda a todas as questões solicitadas;

• Siga as instruções do operador;

• Não desligue a chamada até o ser solicitado.

ASSEGURAR CONDIÇÕES DE SEGURANÇA

Exemplos em que deverá ligar SNS 24

• Dor ligeira a moderada (ex.: garganta, barriga)

• Tosse persistente

• Febre

• Náuseas ou vómito alimentar

• Diarreia

• Alteração da tensão arterial (sem outras queixas)

• Choro persistente da criança

• Comichão ou alterações da pele

É importante destacar que, se necessário, existe a possibilidade do operador transferir a sua chamada entre o SNS 24 e o INEM (e vice-versa), a fim de proporcionar uma resposta mais adequada à sua situação.

BIBLIOGRAFIA

1. https://www.sns24.gov.pt/guia/quando-ligar-sns-24-ou-inem/ 2. https://www.spms.min-saude.pt/2023/01/quando-ligar-sns-24-ou-inem-spms-dgs-e-inem-lancam-campanha-de-sensibilizacao/

3. https://www.inem.pt/2023/01/15/dgs-spms-e-inem-lancam-campanha-para-sensibilizar-para-a-correta-utilizacao-do-sns24-e-do-inem/

4. Programa de edição de fotos: Painnt®

LIGUE SNS 24

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EDITOR

CUIDAR DE NÓS

CUIDAR DA SAÚDE EMOCIONAL DE QUEM CUIDA DE NÓS

1Neurobióloga,

É expectável e unânime que os profissionais de saúde possuam competências sócio-emocionais de excepção 1,2. No entanto, raramente se aborda o facto de tais competências serem mutáveis ao longo do tempo e perante diferentes situações, exigindo manutenção contínua e cuidado personalizado 2,3

A capacidade de aceder a recursos e gerir emoções é intimamente influenciada pelo nosso estado físico, mental e pelo meio envolvente. Diariamente, os profissionais de saúde reprimem os seus sentimentos, de modo a cuidarem dos pacientes com a objetividade necessária ao desempenho das suas funções 4,5. Este é um esforço complexo e nem sempre bem compreendido. Por exemplo, cuidar de um paciente em estado grave ou terminal, ou lidar com os seus familiares num processo de luto, são situações de uma exigência emocional extraordinária que, muitas vezes, se vivem de forma silenciosa 6

A habilidade de suprimir sentimentos é, por isso, fundamental. Este constante esforço emocional, quando prolongado no tempo e sem gestão adequada, pode conduzir à exaustão emocional, gerando

condições já com elevada prevalência em Portugal, como síndrome de burnout 7,8. A pressão gerada pela pandemia COVID-19 expôs inequívocamente tal exaustão emocional 2,5

A consciência deste impacto demonstra a importância de providenciar suporte adequado aos profissionais de saúde para lidar com a exigência emocional do seu trabalho, com vista a cuidar profilaticamente da sua própria saúde e, consequentemente, da saúde dos seus pacientes. Algumas instituições começam a reconhecer o estado de debilidade emocional das suas equipas 9. Contudo, são ainda raras as estratégias de apoio com foco na prevenção. Por isso, os profissionais de saúde têm de, individualmente, encontrar estratégias que lhes permitam regular a sua saúde emocional. Podemos pensar na eficiência emocional comparando-a com um "orçamento" 10. Um orçamento emocional é individual e cada ação que gasta recursos internos é um "levantamento da nossa conta". Desta forma, é imperativo garantir que a conta emocional não entre em "défice", pois, nesse caso, as "dívidas" darão lugar a problemas progressivamente mais graves e

com impacto na vida profissional e pessoal. Esta explicação simplificada pretende chamar a atenção para a importância de cuidadosamente "vigiar" o nosso orçamento emocional, submetendo-o a "regulação" frequente e procurando compreender os "gastos e retornos”, de forma a gerir os recursos de modo saudável.

MAS, ENTÃO, COMO POSSO CUIDAR DA MINHA SAÚDE EMOCIONAL?

É importante encontrar momentos para reconhecer e valorizar as próprias emoções e necessidades. Duas sugestões serão, por exemplo, escrever um diário, onde se registam regularmente os pensamentos, sentimentos e necessidades vividos; ou combinar com um colega conversas empáticas, praticando uma escuta ativa e sem julgamento, partilhando experiências tantas vezes comuns. Por outro lado, é fundamental procurar formas de recarregar a "conta" emocional com regularidade. Para isso, é necessário auto-questionar-se e descobrir que atividades ajudam a sentir-se melhor e a renovar as energias. Faça escolhas saudáveis e, se a agitação da vida dificultar escolher

uma atividade específica, pro-cure responder à pergunta: o que estou eu a precisar mais neste momento?

Todas as estratégias, apoios e medidas práticas que reconheçam, valorizem e cuidem preventivamente de quem cuida, são válidas e necessárias 11

BIBLIOGRAFIA

1. Powell C, Brown T, Yap Y, Hallam K, Takac M, Quinlivan T, Xenos S and Karimi L (2024) Emotional intelligence training among the healthcare workforce: a systematic review and meta-analysis. Front. Psychol. 15:1437035. doi: 10.3389/fpsyg.2024.1437035

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3. Gómez-Díaz, M, Delgado-Gómez, MS and Gómez-Sánchez R (2017) Education, Emotions and Health: Emotional Education in Nursing. Procedia - Social and Behavioral Sciences.

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4. Cybulska AM, Rachubińska K, Stanisławska M, Grochans S, Cymbaluk-Płoska A and Grochans E (2022) Analysis of Factors Related to Mental Health, Suppression of Emotions, and Personality Influencing Coping with Stress among Nurses. Int J Environ Res Public Health. 19(16):9777. doi: 10.3390/ijerph19169777

5. Huff NR, Liu G, Chimowitz H, Gleason KT and Isbell LM (2023) COVID-19 related negative emotions and emotional suppression are associated with greater risk perceptions among emergency nurses: A cross-sectional study. Int J Nurs Stud Adv. 5:100111. doi: 10.1016/j. ijnsa.2022.100111

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7. Marôco J, Marôco AL, Leite E, Bastos C, Vazão MJ and Campos J (2016) Burnout em Profissionais da Saúde Portugueses: Uma Análise a Nível Nacional. Acta Med Port. 29(1):24-30. Portuguese. doi: 10.20344/amp.6460

8. Gonçalves F, Gaudêncio M, Paiva I, Castelo Branco M and Viana J (2024) Burnout and Professional Quality of Life Assessment in Portuguese Healthcare Professionals Working in

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9. Chen CC, Lan YL, Chiou SL and Lin YC (2022) The Effect of Emotional Labor on the Physical and Mental Health of Health Professionals: Emotional Exhaustion Has a Mediating Effect. Healthcare (Basel). 11(1):104. doi: 10.3390/ healthcare11010104

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EDITORA

SILVIA LABIZA Enfermeira VMER
Heli INEM

VOZES DA EMERGÊNCIA

SIV DE PENICHE A SIV MAIS OCIDENTAL DO PAÍS

1Enfermeio SIV

2Técnico de Emergência Pré-Hospitalar

3Instituto Nacional de Emergência Médica

No âmbito da rubrica vozes da emergência da LIFESAVING, a Equipa da SIV Peniche desenvolveu um trabalho diferente, no qual individualmente os autores responderam a um questionário com o objetivo de construir uma resposta a um guião de entrevista, que versava a história desta SIV e a atuação deste meio diferenciado de emergência pré-hospitalar, referindo-se tanto ao passado como ao presente, num tom informal e dando a conhecer o seu dia-a-dia e a Equipa aos restantes colegas. Esse trabalho culmina neste artigo de opinião que a Equipa construiu e que esperamos que seja do vosso agrado.

LIFESAVING [LFS]: As ambulâncias SIV’s? O que são? Onde existem?

SIV PENICHE [SIV-P]: As ambulâncias de suporte imediato de vida (SIV), muitas vezes presentes onde os recursos extra-hospitalares são escassos e para regiões populacionais que não têm outro tipo de socorro, destinam-se, segundo o INEM, a “garantir cuidados de saúde diferenciados, designadamente manobras de reanimação (…)”, mas acrescentamos nós, estão também capacitadas para a estabilização de processos de saúde-doença agudos e, nesse contexto, intervêm em

múltiplas patologias ameaçadoras de vida, sustentando a sua prática em protocolos, com uma parte da atuação autónoma e outra interdependente, sendo validada pelos médicos presentes no CODU. Este nível de resposta é possível através de uma equipa “constituída por um enfermeiro e um técnico de emergência pré-hospitalar(…)”, que, no que respeita aos recursos técnicos, “tem a carga, (…), acrescida de um monitor-desfibrilhador e diversos fármacos”, contendo equipamento de abordagem da VA, bem como um monitor desfibrilhador que “permite a transmissão de eletrocardiograma e sinais vitais [para o CODU]”, ficando acessíveis aos médicos reguladores (INEM, 2024), determinando assim uma melhor gestão de recursos humanos e técnicos, afirmando a SIV como uma resposta célere, eficaz e com ganhos para as populações dependentes destes meios.

[LFS]: Falem-nos da vossa SIV. [SIV-P]: A nossa “SIV”, a ambulância de Suporte Imediato de Vida de Peniche, é o meio de socorro diferenciado desta região, responsável pelo apoio aos bombeiros e presta socorro a uma vasta região geográfica. Conta com o apoio médico das VMER de

Caldas da Rainha e Torres Vedras, ligeiramente a Norte e a Sul, respetivamente, e de helicópteros em diversas ocasiões, sempre articulando com o CODU.

Esta foi uma das primeiras SIV do país, pelo que tem uma responsabilidade acrescida na demonstração da importância deste meio. A SIV de Peniche caracteriza-se por ser a mais ocidental do país, uma vez que se encontra sediada (embora não integrada) no SUB do Hospital de Peniche, o qual se encontra próximo do centro de uma península, que geograficamente tem cerca de 10km de perímetro com um extremo ocidental, o cabo carvoeiro, e respeitando uma área aproximada de 77.7km2, com 27 753 habitantes. Importa salientar, contudo, que este meio presta socorro a todas as freguesias vizinhas, contemplando ainda o socorro imediato e diferenciado ao arquipélago das Berlengas, com o auxílio do ISN. Assim sendo, se associarmos este já por si vasto território às restantes freguesias da região, a população dependente deste meio torna-se significativamente maior. Para além disto, é ainda importante salientar que o número de ativações do meio varia consideravelmente ao longo do ano, uma vez que a

Eddy Dias1 3, Joana Lopes1 3, Carlos Bandeira2 3, João Rosado1 3, Alexandre Frutuoso1 3, Daniel Rodrigues2 3, Tânia Leal2 3, Madalena Rato1 3, Marta Gomes2 3, Laura Andrade1 3, Elisabete Reis1 3

população da região aumenta sazonalmente, facto que se deve ao turismo associado ao surf e outros eventos desportivos, culturais e religiosos que atraem pessoas de diversas partes do território nacional e internacional, em particular no verão. Tendo em conta esta variabilidade da população e dos eventos que aqui ocorrem, compreender-se-á que o socorro prestado por esta SIV tem uma casuística de patologias e incidentes muito própria, tanto ao nível de emergências médicas como trauma, observando-se ainda uma variabilidade cultural, o que leva a equipa multidisciplinar a treinar e focar-se em saber responder a estes mesmos desafios.

[LFS]: Como é a equipa que lida com este papel tão importante?

[SIV-P]: É notória a importância deste meio e da capacidade de resposta nesta região. A equipa atual é constituída por 9 elementos - 5 enfermeiros e 4 TEPH -, todos com contextos profissionais prévios ao INEM diferentes e, também, diferentes níveis de experiência profissional, integrando enfermeiros que são dos mais jovens do quadro do INEM, mas, também, enfermeiros que estão presentes desde a fundação do meio (2); os enfermeiros da equipa vêm de contextos como serviço de urgência ou unidades de cuidados intensivos, há elementos com formação de voo, formação acessória militar e tudo isto culmina num espírito de entreajuda e trabalho equipa muito forte e com uma premissa de excelência em comum, de querer fazer mais e melhor. A maioria dos elementos fundadores desta SIV ainda se

encontra presente no INEM, embora noutros meios e/ou a desenvolver outras funções dentro da instituição, mas sem os quais este meio não seria o que é hoje.

[LFS]: Mas fazem formação? Onde vão procurar formação de forma a manter as vossas competências e skill´s?

[SIV-P]: Com enfoque no treino e formação da equipa, sustentamos-mos nos na Delegação Regional Centro do INEM que coordena um programa anual de formação contínua, através do qual são levantadas as necessidades sentidas pelos enfermeiros e TEPH’s, agilizando respostas formativas. Os elementos das diversas SIVs propõem e participam enquanto formadores, de acordo com os temas propostos pelo Centro de Formação de Coimbra, havendo formações com uma regularidade próximo do mensal. Para além disso, os enfermeiros e TEPH’s recertificam toda a formação na área da emergência de 5 em 5 anos, tendo dentro do período intercalar, múltiplas formações internas. A nível local, os primeiros anos foram marcados por uma oferta variada de formação interna, bem como de formações e ações de sensibilização em escolas e outras instituições parceiras. Contudo, dado o número reduzido de elementos nos anos que se seguiram, não foi possível manter as atividades formativas e ações de sensibilização a nível regional, sendo um dos objetivos atuais da equipa retomar essa dinâmica – em particular dos elementos mais jovens sob supervisão dos elementos mais diferenciados. Para além da boa relação

profissional, destaca-se a forte e boa relação entre os elementos, que extravasa o horário de trabalho e promove momentos de descontração pós turno, jantares de equipa, uma boa socialização no meio e até com outros, salientando-se ainda a relação próxima com os elementos fundadores. Este espírito de equipa e união faz parte da identidade cultural do meio.

[LFS]: Alguma saída marcante? Alguma tipologia de saída que caracterize a vossa região?

[SIV-P]: Sendo um meio tão próprio, com uma equipa própria e território próprio, além das “saídas comuns”, associados aos outros meios e que todos os que fazemos PH conhecemos, existem algumas saídas que, embora raras, se repetem de anos em anos nesta região. De acordo com o guião, foi pedido à equipa que contasse algumas das atuações que a marcaram, ficando a descrição de algumas destas.

Saída para as Berlengas, para vítima de trauma e pedido de Socorro ISN e Força Aérea Portuguesa: todas as situações de urgência e emergência no PH são “situações desafio” por diversas razões, são sempre situações que exigem um pouco mais de nós. De forma a dar uma ideia geral de uma de muitas ocorrências nas Berlengas, é necessário explicar que sempre que um trauma ou evacuação marítima fique comprometida ou seja necessário um resgate mais complexo, isso irá obrigar a uma evacuação de helicóptero (obrigatoriamente o helicóptero da força aérea EH101 por regras aeronáuticas), obrigando a que a equipa tenha de subir com a

vítima a uma altitude de cerca de 120 metros até ao topo da ilha, para depois poder ser transportada para dentro da aeronave em segurança. Em todas estas situações temos o apoio das pessoas no local e dos nossos parceiros mais próximos e vitais, os bombeiros voluntários de Peniche, com quem trabalhamos tão proximamente e cuja ausência tornaria as nossas ocorrências muito mais difíceis e complexas. No caso de sermos ativados para apoio a vítimas no mar com o auxilio do ISN, é frequente deslocarmo-nos nos barcos/lanchas do ISN até aos navios em questão, muitas vezes no mar revolto desta zona, durante a noite, tal como é a do caso que agora partilhamos. A saída foi no período da noite, para uma dor torácica, tendo a SIV sido ativada por indisponibilidade de helicóptero, pelo que nos deslocamos para prestar auxílio e realizar uma primeira avaliação da vítima.

Há diversos tipos de ativação únicas, nomeadamente e, mais uma vez em estreita parceria com os bombeiros voluntários de Peniche e com a sua equipa de grande ângulo, elementos destacam os resgates de grande ângulo e apoio no socorro, em particular nas quedas das escarpas da península, que ocorrem tanto de dia como de noite, face às deformidades das escarpas junto ao mar. Além destas, sendo a agricultura um dos meios de sustentação da população de Peniche, dois elementos da equipa encontraram também casos de intoxicação por organofosforados, na área da região agrícola. Destacamos ainda os acidentes nas fábricas e com maquinaria associa -

da ao trabalho da conserva de peixe e transporte destes ou carga. Relembramos ainda um naufrágio, sem vítimas graves, durante o inverno, no qual os pescadores, com ajuda dos bombeiros, foram trazidos até à praia e socorridos pela equipa da SIV até serem encaminhados para os respetivos hospitais. Ademais, a região é conhecida pelas festas e eventos da região, fruto das tradições das freguesias e que atraem muitas pessoas, na qual o meio realiza o apoio, nomeadamente à “corrida das fogueirinhas”, a etapa do campeonato do mundo de surf e a festa da Nossa Senhora da Boa Viagem. Mais recentemente e devido ao encerramento de diversos serviços de urgência na zona que obrigam a deslocações mais longas, especialmente em situações obstétricas, a distância das maternidades leva a que já tenham ocorrido alguns partos ou transportes mais longos até aos hospitais capazes de oferecer resposta a estas situações.

[LFS]: O que vos motiva?

[SIV-P]: A resposta é uniforme, quer individualmente, quer enquanto equipa, que a nossa motivação advém da recuperação ideal da vítima socorrida como consequência do nosso trabalho e esforço. Nestas situações, existe um sentimento de missão cumprida difícil de explicar de outra forma, mas que entre nós é fácil de compreender e é transversal à equipa, servindo de motivação e impulsionando-nos para os desafios seguintes em que possamos vir a intervir.

[LFS]: O que vos preocupa, mais desafia e como gerem esses sentimentos?

[SIV-P]: Nas respostas ao questionário, a equipa faz referência a dificuldades e desafios inerentes a algumas situações do dia-a-dia.

Neste tópico as respostas variaram mais entre os elementos da equipa, existindo algumas situações a destacar, não só relativas a casos clínicos complexos de abordagem e gestão dos mesmos, como também relativas a situações nas quais se verificaram falta de recursos na comunidade, que perpetuam múltiplas situações de desigualdade.

Assim, a equipa refere as emergências em pediatria e obstetrícia como marcantes, mas faz também referência a situações pobreza e falta de apoio às populações vulneráveis da zona, às quais procuramos dar a melhor resposta, tentando dar o melhor de nós e que, de alguma forma, isso possa apaziguar o nosso sentimento, mesmo que muitas vezes não o resolva por completo.

[LFS]: Existem então limitações a resposta das SIV’s? Se pudessem mudariam alguma coisa relativamente á atividade profissional?

[SIV-P]: Para responder a esta questão juntamo-nos e debatemos em conjunto, por forma a discutir as razões culturais e/ou modelos de visão diferentes do pré-hospitalar, uma vez que todos estes fatores têm implicações nas SIV, no seu desempenho e no seu futuro, quer a nível das ativações, quer a nível da aplicação de protocolos, inclusive os novos protocolos em vigor e já aplicados por este meio.

Enquanto equipa, existe o desejo de diferenciar o meio SIV, de ser mais e melhor, e acreditamos que o pré-hospitalar tem de se focar na evolução e adaptação dos tempos sustentando-se em evidência científica por forma a direcionar-nos para a melhor gestão de recursos, aliando isto à prestação de socorro de excelência, o que que um país como Portugal deve prestar. Acreditamos que todas as atuações em situações de emergência, quando escrutinadas e discutidas em equipa, num ambiente propício, podem levar a melhoria na resposta. Mas a melhoria da atuação das SIV e de todos os intervenientes do pré-hospitalar vai muito além das mudanças de novos protocolos, da aquisição de equipamentos sofisticados e dos debates intermináveis de ideias, embora estes temas sensíveis devam ser discutidos internamente, pois obrigam-nos a focar na nossa cooperação enquanto equipa e no nosso dia-a-dia que é a vítima. Assim, o que mudaríamos seria recentrar a discussão no que é melhor para vítima. Sabemos que todos os elementos do SIEM podem e querem fazer um pouco mais no pré-hospitalar, sendo agora apenas necessária abertura e coragem para responder às necessidades levantadas.

[LFS]: Gostariam de deixar alguma sugestão aos elementos que integram outras equipas de emergência pré-hospitalar?

[SIV-P]: Gostaríamos ainda, em equipa, responder a essa pergunta referindo: um bem-haja a todos e o forte desejo de trabalhar convosco algum dia ou em algum momento, reforçando apenas que realizem sempre o vosso

trabalho com profissionalismo e dedicação, cumprindo as orientações que nos são atribuídas. Não facilitem em momento algum e coloquem sempre os interesses dos utentes/ pessoa/vitima acima de tudo, especialmente nos dias em que tudo desaba sobre nós.

Em suma, todos os elementos veem a importância desta missão e têm um carinho imensurável pelo pré-hospitalar, sentido que este trabalho os preenche, embora seja desafiante e desgastante. Ainda assim, mesmo nos dias em que estão mais desgastados existe uma verdadeira união de equipa e carinho pelo que fazem, mantendo o foco e desejo de se desenvolverem e prestarem melhores cuidados. Nesta equipa persiste a ideia de que “existe sempre espaço para fazer mais e melhor, estando nós, enquanto equipa, felizes com as funções que desenhamos, sabendo que o nosso papel é especial no nosso país e para esta populações, acreditando que necessitamos que confiem mais no papel das SIV e no seu desempenho

BIBLIOGRAFIA

1. Instituto Nacional de Emergência Médica. (2017, 29 de maio). O que é uma ambulância de suporte imediato de vida (SIV). Instituto Nacional de Emergência Médica. https://www.inem. pt/2017/05/29/o-que-e-uma-ambulancia-desuporte imediato-de-vida-siv/, Acedido em 18/07/2024.

"A LIFESAVING agradece à Equipa da SIV de Peniche toda a colaboração, disponibilidade e simpatia"
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Enfermeira SIV/VMER
RITA PENISGA Enfermeira SUB/VMER
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TROMBOSE VENOSA CEREBRAL

Flávia Ferreira1; Maria João Trigo2; Ricardo Serrão3; Isabel Taveira4

1Enfermeira na UAVC, Unidade Local de Saúde Algarve – Hospital Portimão

2Enfermeira Especialista em Enfermagem Médico Cirúrgica – Pessoa Situação Crítica, UAVC na Unidade Local de Saúde Algarve – Hospital Portimão e SIV Lagos

3Enfermeiro Especialista em Enfermagem Médico Cirúrgica – Pessoa Situação Crítica, Bloco Operatório na Unidade Local de Saúde Algarve – Hospital Portimão

4Médica de Medicina Interna, Mestre (MSc) em AVC, UAVC na Unidade Local de Saúde Algarve – Hospital Portimão

RESUMO

Introdução: A trombose venosa cerebral [TVC] é uma patologia vascular cerebral definida pela presença de um trombo no interior do(s) seio(s) venoso(s) e/ou de uma veias intracranianas. É um subtipo raro de acidente vascular cerebral [AVC], correspondendo a 0,5% dos casos, contrariamente às oclusões arteriais, tem uma maior incidência em jovens adultos do sexo feminino – cerca de 75% dos casos. Os sinais e sintomas, muitas vezes inespecíficos dificultam um diagnóstico. Para a confirmação do mesmo é necessário o recurso à imagiologia, inicialmente, a Tomografia Computorizada Craneoencefalica [TC-CE], todavia este exame não exclui a presença de TVC; atualmente o gold standard para o diagnóstico é a Ressonância Magnética [RM-CE] e/ou Veno-TAC. O objetivo da realização deste poster, apresentado no Congresso do Núcleo de Estudos de Doença Vascular Cerebral da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, prende-se na necessidade de existirem equipas treinadas em AVC, neste caso específico para a identificação precoce deste diagnóstico e um tratamento rápido e eficaz.

Caso Clínico: Jovem do sexo feminino, 25 anos de idade, recorre ao serviço de urgência, por quadro de cefaleia refratária a terapêutica analgésica com 3 dias de evolução. Exame neurológico sumário inocente, sem realização de fundoscopia. Realiza TC-CE e após o mesmo, é contactada a equipa médica especializada da Unidade de AVC por hiperdensidade posterior, na região do seio transverso, como mimetizador de hematoma subdural. A clínica e a imagem tornaram assim a hipótese diagnóstica de trombose venosa cerebral provável. O estudo complementar posterior (Veno TAC e RM-CE) confirmou o diagnóstico. Discussão: A TVC é um subtipo raro de AVC, todavia a sua incidência tem vindo a aumentar. Os avanços tecnológicos nomeadamente na área de neuroimagiologia têm permitido um reconhecimento mais célere possibilitando um diagnóstico precoce e consequentemente um prognóstico mais favorável. A consciencialização da equipa multidisciplinar no âmbito desta patologia requer profissionais motivados e dedicados sendo estes um dos pilares para a excelência do cuidar.

Conclusão: Equipas treinadas estão

Palavras-Chave: Trombose venosa cerebral, AVC, equipas treinadas.

mais sensibilizadas para a identificação precoce desta patologia, sendo primordial um tratamento adequado em tempo útil diminuindo o risco de morbi/mortalidade dos doentes e consequentemente a sua qualidade de vida.

INTRODUÇÃO

A trombose venosa cerebral (TVC) é uma patologia cerebrovascular definida pela presença de um trombo no interior do(s) seio(s) venoso(s) e/ou de uma veias intracranianas. É um subtipo raro de acidente vascular cerebral (AVC), correspondendo a 0,5% dos casos, contrariamente às oclusões arteriais, tem uma maior incidência em jovens adultos do sexo feminino –cerca de 75% dos casos.1,2,3 Existem múltiplos fatores de risco associados a TVC, desde fatores intrínsecos ao sistema venoso, distúrbios pró-trombóticos congénitos ou adquiridos, gravidez, trauma do sistema nervoso central, infeções, invasão neoplásica, uso de contracetivos orais ou outras doenças auto-imunes. Cerca de 25% dos diagnósticos de TVC não se consegue identificar uma causa especifica.1,4,5 Os sinais e sintomas, muitas vezes inespecíficos dificultam um diagnóstico, destacam-se a

cefaleia, como causa mais frequente, défices neurológicos focais, convulsões, alterações da visão, bem como alterações do estado de consciência, são outros dos sintomas possíveis.1,4,5 A cefaleia por si só é um sintoma deveras comum na população, sendo esta uma queixas muitas vezes desvalorizada, vários autores defendem que deve recorrer-se a exames de neuroimagem quando este sintoma permanece vários dias sem melhoria com terapêutica. Neste sentido, o recurso à imagiologia é essencial, inicialmente, a Tomografia

Computorizada Craneo-encefalica (TC-CE), todavia este exame não exclui a presença de TVC; atualmente o gold standard para o diagnóstico é a Ressonância Magnética (RM-CE) e/ ou Veno-TAC.1,4

O objetivo da realização deste poster, prende-se na necessidade de existirem equipas treinadas em AVC para a realização de um diagnóstico precoce e um tratamento atempado.

CASO CLÍNICO

Jovem do sexo feminino, 25 anos de idade, recorre ao serviço de urgência, por quadro de cefaleia refratária a terapêutica analgésica com 3 dias de evolução. Exame neurológico inocente, sem preditor de diagnóstico. Realiza TC-CE e após o mesmo, é contactada a equipa médica especializada da Unidade de AVC por alterações reconhecidas pelos técnicos - hiperdensidade posterior, na região do seio transverso, como mimetizador de hematoma subdural, tornando assim a hipótese diagnóstica de trombose venosa cerebral provável. O estudo

complementar posterior (Veno TAC e RM-CE) confirmou o diagnóstico.

DISCUSSÂO

A TVC é um subtipo raro de AVC, todavia a sua incidência tem vindo a aumentar. Os avanços tecnológicos nomeadamente na área de neuroimagiologia têm permitido um reconhecimento mais célere possibilitando um diagnóstico precoce e consequentemente um prognóstico mais favorável.1,4,5 Neste caso clínico a equipa de neurorradiologia identificou o problema e ativou a equipa da Unidade de AVC, que confirmou o diagnóstico de imediato. A presença de equipas treinadas na deteção precoce de TVC é essencial para melhorar o prognóstico, mesmo em cenários mais complexos e consequentemente diminuir os riscos de complicações.4,5 A consciencialização da equipa multidisciplinar no âmbito desta patologia requer profissionais motivados e dedicados sendo estes um dos pilares para a excelência do cuidar.

CONCLUSÂO

TVC é uma emergência que requer uma abordagem multidisciplinar, de modo a instituir medidas e tomadas de decisões o mais célere possível. Este poster permitiu sensibilizar os profissionais da importância de uma deteção precoce desta patologia, que muitas vezes é desvalorizada e não diagnosticada, mas que pode ser uma causa de morbilidade em doentes jovens. Equipas treinadas estão mais sensibilizadas para a identificação precoce desta patologia, sendo

primordial um tratamento adequado em tempo útil diminuindo o risco de morbi/mortalidade dos doentes e consequentemente a sua qualidade de vida

BIBLIOGRAFIA

1. Oliveira IM, Darte JA, Dalaqua M, Jarry VM, Pereira FV, Reis F. Cerebral venous thrombosis: imaging patterns. Radiol Bras. 2022; 55 (1) 54-61. doi. org/10.1590/0100-3984.2021.0019

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3. Dinç Y, Ozpar R, Hakyemez B, Bakar M. Identifying the risk factors for intracranial herniation in patients with cerebral venous thrombosis. Arquivos de Neuro-Psiquiatria. 2023; 81 (5) 426-432. doi.org/ 10.1055/s-0043-1767822

4. Carneiro P, Damas C, Tavares J, Figueira M, Serra S, Guerreiro R, Matos R. Trombose Venosa Cerebral: Uma Visão de 11 naos Numa Unidade de AVC. Rev Soc Port Med Int. 2022, Abr/jun; 29(2):103-108 doi. org/10.24950/rspmi.289

5. Junior AAF, Moreira G, Faria, HM, Araújo IDFG, Bastos IPK, Carmo LL, Carvalho MFMR, Nazaré RG, Santos VC. Trombose venosa profunda: aspectos epidemiológicos, fisiopatológicos e manejo terapêutico. Braz Journ Devel.2023, mai; 9(5): 15041-15052. doi.org/10.34117/bjdv9n5-039

ABÍLIO RODRIGUES Enfermeiro SIV/VMER

ANDRÉ
EDITOR
CATARINA JORGE Médica VMER
EDITORA

A AMEAÇA DA ARTÉRIA BASILAR

Flávia Ferreira1; Maria João Trigo2; Ricardo Serrão3; Isabel Taveira4

1Enfermeira na UAVC, Unidade Local de Saúde Algarve – Hospital Portimão

2Enfermeira Especialista em Enfermagem Médico Cirúrgica – Pessoa Situação Crítica, UAVC na Unidade Local de Saúde Algarve – Hospital Portimão e SIV Lagos

3Enfermeiro Especialista em Enfermagem Médico Cirúrgica – Pessoa Situação Crítica, Bloco Operatório na Unidade Local de Saúde Algarve – Hospital Portimão

4Médica de Medicina Interna, Mestre (MSc) em AVC, UAVC na Unidade Local de Saúde Algarve – Hospital Portimão

INTRODUÇÃO

Introdução: O Acidente Vascular Cerebral [AVC] isquémico por oclusão da artéria basilar, é um fenómeno relativamente incomum e de difícil reconhecimento para equipas não treinadas, atrasando assim o diagnóstico e consequentemente aumentando as taxas de morbi-mortalidade. O objetivo da realização deste poster, apresentado no Congresso do Núcleo de Estudos de Doença Vascular Cerebral da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, prende-se na necessidade de existirem equipas treinadas em AVC para a realização de um diagnóstico precoce e um tratamento atempado.

Caso Clínico: Homem de 63 anos, admitido no serviço de urgência por disartria, confusão, tonturas e vómito alimentar.

Avaliado pela Equipa da Sala de Emergência, pontuando 2 na escala de NIHSS. O doente foi internado na Unidade de AVC [UAVC] (recém inaugurada, sem equipa medica dedicada das 20h-8h) após realização de tomografia computorizada [TC] - o relatório descreve oclusão da artéria basilar (terço médio e distal), discutido caso com a equipa de

Palavras-Chave: Artéria Basilar, AVC, equipas treinadas.

UAVC de referência para trombectomia, concluindo-se que o exame neurológico era inocente.

Durante o período noturno, assistiu-se ao agravamento do estado de consciência, mantendo-se sem focalização motora. Aquando da reavaliação pela equipa médica da UAVC, pela manhã, objetivou-se desconjugação clara do olhar e anartria. Reavaliando as imagens da AngioTC era evidente oclusão do terço médio e distal da artéria basilar. Realizou RM-CE e existindo ainda evidência de benefício, o doente foi transferido, após entubação orotraqueal e medidas de neuroprotecção por score 9 na Escala de coma de Glasgow, para realização trombectomia mecânica conseguindo-se reperfusão TICI 3.

Discussão: Como elementos de equipa multidisciplinar, sabendo a importância das unidades de AVC e a importância de equipas dedicadas, torna-se muitas vezes frustrante lidar com o desconhecido e a ausência de respostas. Este caso, num doente jovem e com agravamento clínico evidente, tornou-se difícil lidar com a sensação de impotência. Não obstante, e apesar dos atrasos, o doente encontra-se

atualmente com um modified Rankin Score de 1 ponto (alterações de equilíbrio dinâmico ocasionais).

Conclusão: É essencial treinar equipas multidisciplinares e melhorar o prognóstico desta, que é, uma das principais causas de morte e incapacidade em Portugal. As dificuldades inerentes a um novo serviço e a ausência de uma equipa médica dedicada 24h por dia, reforçam a importância de treinar equipas e melhorar os cuidados oferecidos.

INTRODUÇÃO

O AVC vertebro-basilar corresponde a 20% dos AVC isquémicos, sendo a oclusão da artéria Basilar uma condição neurológica grave, responsável por 1 - 4% dos mesmos, associada a uma elevada taxa de mortalidade e morbilidade significativa para os sobreviventes.1,2 A artéria basilar é uma das artérias cerebrais mais importantes do sistema nervoso central, está localizada na base do cérebro ao longo da superfície frontal do tronco encefálico, tendo origem na junção das artérias vertebrais.3

O diagnóstico pode ser um desafio devido à sua sintomatologia não especifica, podendo ser confundido

com distúrbio vestibular, epilepsia, hipoglicémia, delirium tremens.4,5 Os sintomas premonitórios mais frequentes são desequilíbrio, vertigem, náuseas, zumbido, cefaleia, diplopia disartria e confusão.4,5

O objetivo da realização deste poster, prende-se na necessidade de existirem equipas treinadas em AVC para a realização de um diagnóstico precoce e um tratamento atempado.

CASO CLÍNICO

Homem de 63 anos, admitido pelas 22:26 no serviço de urgência por disartria, tonturas, confusão e vómito alimentar.

À avaliação pela Equipa da Sala de Emergência, não foram descritas alterações ao exame neurológico, à exceção de disartria severa, pontuando 2 na escala de NIHSS. Após realização de TC crâneo, cujo relatório descreve oclusão da artéria basilar (terço médio e distal), foi discutido caso com equipa da UAVC do Hospital de referência, concluindo-se que o exame neurológico era inocente.

O doente foi internado na Unidade de AVC (recém-inaugurada, sem equipa médica dedicada das 20h-8h).

Durante o período noturno, assistiu-se a uma deteorização do estado de consciência, todavia sem focalização motora. Doente manteve vigilância e monitorização contínua pela equipa médica e de enfermagem mantendo uma atitude expectante. Aquando a reavaliação pela equipa médica dedicada da Unidade, cerca das 8:00, objetivou-se desconjugação clara do olhar e anartria. Reavaliando as imagens da AngioTC apresentava uma evidente oclusão do terço médio

e distal da artéria basilar. Realizou RM-CE urgente e existindo evidência de benefício, o doente foi transferido para o centro hospitalar de referência para realização de trombectomia, conseguindo-se reperfusão TICI 3 às 13h36 - mais de 14h após a admissão hospitalar, com necessidade de entubação orotraqueal e medidas de neuroprotecção por score 9 na Escala de coma de Glasgow.

Apesar das limitações inerentes, e das dificuldades que existiram nessas 14h em que o doente não teve as terapêuticas de reperfusão adequadas, assistiu-se posteriormente a uma evolução favorável.

DISCUSSÂO

O diagnóstico tardio reduz a elegibilidade para tratamento de trombectomia, sendo o fator tempo determinante nestas situações, um diagnóstico precoce é essencial a fim de minimizar as sequelas e/ou morte, favorecendo o ímpeto da eficácia do tratamento.5,6

Como elementos de equipa multidisciplinar, sabendo a importância das

Unidades de AVC e a pertinência de equipas dedicadas e treinadas, torna-se muitas vezes frustrante lidar com o desconhecido e a ausência de respostas. O fator tempo é determinante, tempo é cérebro. Neste caso, num doente jovem e com agravamento clínico evidente, houve atrasos na resposta terapêutica, transpondo uma janela de tempo exígua, que poderia ter um desfecho diferente. Não obstante, apesar dos atrasos, o doente encontra-se atualmente com um Modified

Rankin Score de 1 ponto (alterações de equilíbrio dinâmico ocasionais).

Equipas treinadas e dedicadas em

AVC demonstram uma melhoria no prognóstico dos doentes, a capacidade de identificar precocemente os sintomas, aplicar protocolos adequados e encaminhamento atempado para o tratamento com terapias de reperfusão, como fibrinólise ou trombectomia, é fundamental para reduzir a morbi/mortalidade.5,6

CONCLUSÃO

A celeridade numa deteção precoce é fundamental, para que tal aconteça é emergente treinar equipas multidisciplinares e melhorar o prognóstico desta, que é, a principal causa de morte e incapacidade em Portugal. As dificuldades inerentes a um novo serviço e a ausência de uma equipa médica dedicada 24h por dia, reforçam a importância de treinar equipas reforçando uma melhor segurança, eficácia e eficiência nos cuidados prestados. Apesar de todas as barreiras, como a escassez de recursos é imperativo que o sistema de saúde priorize a aquisição e desenvolvimento de competências na área dos AVC das equipas multidisciplinares, permitindo assegurar cuidados de qualidade e equitativos para todos

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Demel SL, Broderick JP. Basilar occlusion syndromes: an update. Neurohospitalist. 2015; 5 (3) 142–150. doi.org/10.1177/ 1941874415583847

2. Xu J, Chen X, Chen S, et al. Endovascular treatment for basilar artery occlusion: a metaanalysis. Stroke & Vascular Neurology. 2023 jul; 8: e001740. doi:10.1136/svn-2022-001740

3. Nolte, J & Sundsten, JW. The human brain : an introduction to its functional anatomy. Blood supply of the brain. (6th ed.) Mosby Elsevier;2009.

4. Heit JJ, Chaudhary N, Mascitelli JR, et al.

Focused update to guidelines for endovascular therapy for emergente large vessel occlusion: basilar artery occlusion patients. J NeuroIntervent Surg. 2024 abr;16:752–755.

5. Høllesli, LJ, Ajmi, SC, Kurz, MW, Tysland, TB, Hagir, M, Dalen, I, Qvindesland, SA, Ersdal, H,& Kurz, KD. Simulation-based team-training in acute stroke: Is it safe to speed up? Brain and Behavior. 2022; 12: e2814. doi.org/10.1002/brb3.2814

6. Thuan, DD, Duc, DP, Ha, PT, Nguyet, NT, Guong, ND, Hai, ND, Nghia, NT, Nhat, DV, Khanh, N, Chi, LD &Thao, PN. Misdiagnosos of acute basilar artery occlusionn (BAOs) in the emergency department in vietnam: A single-center, retrospective, cross-sectional study. Elsevier. 2023; 34. doi. org/10.1016/j.inat.2023.101811

ANDRÉ ABÍLIO RODRIGUES Enfermeiro SIV/VMER
EDITOR
CATARINA JORGE Médica VMER
EDITORA

"SIMULAÇÃO CLÍNICA EM CONTEXTO FORMATIVO NA VMER, QUAL A TUA OPINIÃO?”

“Justifica-se…há que saber fazer, saber ser, saber estar e saber saber.”

Telma Santos.

“Fundamental e a melhor forma de adquirir/manter competências.”

Ana Agostinho

“É através da simulação clínica que podemos tentar melhorar as nossas competências técnicas e clínicas, em prol do doente. Permite também que a equipa ganhe confiança para o trabalho em equipa, melhorando, também, a abordagem ao doente.”

Ana Rita Clara

“Acho bastante interessante se tiver como objetivo proporcionar uma oportunidade segura e controlada para que os formandos desenvolvam competências técnicas, tomada de decisão rápida, comunicação eficaz e trabalho em equipe, fundamentais para a prática clínica real....”

João Horta

“Acho uma mais valia e deveria ser a base do nosso treino.” Pedro Miguel Silva

“A simulação clínica é hoje uma das pedras basilares na formação médica. A aproximação da realidade, dos contextos reais e de abordagens sistematizadas de acordo com as melhores práticas, são um garante importante da promoção da qualidade e segurança dos doentes, particularmente na emergência médica, pela possibilidade de verificação e correção de procedimentos, técnicas e atitudes que de forma assertiva podem ser simuladas nesta área.”

Tavares

NOTA DO EDITOR

As respostas obtidas à questão colocada na Tertúlia VMERista são da exclusiva responsabilidade dos intervenientes no "inquérito", e que são opiniões estritamente pessoais, das quais a LIFESAVING necessariamente se demarca...

“O acesso à simulação clínica aplicada à Emergência Médica constitui, sem dúvida, a oferta formativa com maior impacto em Equipas de VMER de elevado desempenho. Será tão mais eficaz quanto maior o realismo dos cenários, que só Centros de Simulação Clínica mais diferenciados podem proporcionar (…) terá que ser, sem dúvida, esse o nosso desígnio e o caminho a trilhar localmente, estabelecendo parcerias e sinergias …e mesmo que a simulação não seja ilimitada, para a imaginação e ambição não há limites…!!. “ Bruno Santos

NUNO RIBEIRO
Enfermeiro VMER TIP
EDITOR

UM PEDACINHO DE NÓS Entrevista ao Enf.º João Póvoa

Ana Rodrigues1, Teresa Castro 2

1Enfermeira das VMER de Faro e Albufeira, 2Enfermeira da VMER de Albufeira

Nesta nossa rúbrica, vamos dar a conhecer um pedacinho do nosso colega enfermeiro João Póvoa, com 35 anos, residente em Loulé, mas com o seu registo de nascimento no Alentejo, mais precisamente natural de Moura. Quando era pequeno bastava ouvir o som de uma sirene e lá ia ele a correr para os bombeiros, com tenra idade de 6 anos, vibrava cada vez que via ou ouvia o som das ambulâncias. Desde novo a paixão pela emergência, e por ajudar o próximo, tomou conta dele. Ingressou nos Bombeiros

Voluntários de Moura com 14 anos, formou-se como Enfermeiro em 2012, na Escola Superior de Saúde de Beja, e concretizou o seu sonho em 2017… ser Enfermeiro do INEM, e vestir a farda, que tanto se orgulha HOJE.

Nasceu em Moura, no antigo Hospital de Moura, alentejano de gema, atualmente reside em Loulé, estamos a falar do extremoso

Enfermeiro João Póvoa.

O João é uma pessoa verdadeiramente admirável. Desde cedo, demonstrou uma ética de

trabalho exemplar, sempre empenhado em dar o seu melhor em tudo o que faz. A sua humildade é uma das suas características mais marcantes. Apesar de todas as suas conquistas, João mantémse sempre acessível e disposto a ajudar os outros.

Além de ser extremamente inteligente, João tem uma paixão profunda pela música. Durante os seus anos de universidade, ele tocava em tunas, onde não só aprimorou as suas habilidades musicais, mas também fez amizades que duram até hoje. A música é uma parte essencial

da sua vida, proporcionando-lhe momentos de alegria e reflexão. João é também um fervoroso adepto do Benfica. Acompanha todos os jogos com entusiasmo e vive intensamente as vitórias e dissabores do seu Benfica, é conhecido por ser um verdadeiro conhecedor da história e das conquistas do seu clube do coração. O desporto é outra das suas grandes paixões; ele adora praticar várias modalidades, como o voleibol, mantendo-se sempre ativo e em forma. Refere ser uma forma de estar na vida e poder libertar o stress do quotidiano.

Nos seus tempos livres, João gosta de viajar para destinos de praia, recentemente adquiriu o gosto pelo

snowboard. Seja como snowboarder ou simplesmente a apreciar a paisagem, ele encontra na neve uma fonte de diversão e tranquilidade. Estas “escapadinhas”, são uma oportunidade para recarregar energias e voltar ao seu dia a dia com renovado vigor. Não dispensa um belo prato alentejano, como um grão cozido com carne e chouriço, gosta de acompanhar com um belo vinho alentejano, … em jeito o João não é esquisito e come de tudo. Ao longo de sua trajetória acadêmica e profissional, o João revelou-se um verdadeiro homem de desafios, sempre em busca de novos conhecimentos e oportunidades de crescimento. Com um forte compromisso com a excelência,

aprofundou a sua formação através de uma pós-graduação em prestação de cuidados em cuidados intensivos, consolidando a sua expertise na área. Além disso, investiu continuamente no seu desenvolvimento, participando num conjunto alargado de formações especializadas na área do doente crítico, completando o 1º ano de formação no mestrado integrado em enfermagem em doente crítico e na formação avançada, reforçando assim as suas competências e a sua capacidade de atuação em contextos exigentes.

Atualmente encontra-se a realizar formação no curso de Mestrado Integrado em Medicina na Faculdade de Ciências Biomédicas e Medicina da Universidade do Algarve. É funcionário do INEM desde 2017 e atualmente desempenha funções em ambulância SIV, SHEM, CODU e VMER de Faro.

Alega que “trabalhar na emergência Médica, nas várias áreas de intervenção, são escolhas que se fazem, e quem as faz tem que aprender a viver com elas, e compreender bem como aceitar as limitações e ausências contínuas para com a nossa família”. Diz-nos que “o trabalho na emergência médica carece de uma enorme capacidade de gestão emocional, acima de tudo pela sua essência de estarmos com frequência com a vida de alguém nas mãos, onde não há margem de erro. Esta exigência é também uma exigência para quem convive connosco por grande parte das vezes não compreenderem o cansaço ou a pouca disponibilidade de estarmos presentes em

momentos importantes das nossas vidas e dos nossos entes queridos”. Conta-nos que foi pelo clima que se mudou para o Algarve, e valoriza muito esta proximidade de estar perto do mar. Contempla este recurso da natureza como um “elixir da vida” que temos, e considera ser das maiores riquezas…” porque só se vive uma vez, e devemos aproveitar a vida ao máximo e lutar pelo que queremos!!”

Aprecia o conhecido pão Alentejano, bem como uma boa refeição á moda desta distinta e carismática região, sempre acompanhada de preferência por um bom vinho.

No âmbito da sua eleição e suas preferências, pertencer á equipa de viatura médica foi outro dos seus sonhos que se tornou realidade, pois desde criança que, talvez por morar junto á Unidade de Saúde, nasceu dentro de si “aquele desafio e bichinho carpinteiro” em um dia ser um dos profissionais de viatura Médica, á qual assistiu, no seu desempenho tantas e tantas vezes, pois morava mesmo juntinho á unidade funcional.

Atualmente, encontra-se a frequentar

o curso de Medicina em Faro, um passo que considera alinhado com os seus sentimentos e com o desejo de fazer ainda mais, …

Para João a Medicina representa uma oportunidade de ir além daquilo que já realiza como enfermeiro –uma profissão que considera de extrema importância para quem necessita de cuidados de saúde.

Reconhecendo o papel fundamental da Enfermagem, afirma com certeza que os enfermeiros são “uma pedra basilar no nosso sistema, seja qual for o tipo de cuidados... “.

Termina esta entrevista com uma pequena reflexão alegando, como já referiu anteriormente, que “vivemos sempre num ambiente de grande stress e, por vezes quando sentimos que apesar de todos os esforços o resultado não é o mais favorável, fica sempre um sentimento amargo. São situações que carecem de uma grande gestão emocional e que também requerem muito treino mental e resiliência, para que se consiga dar a volta por cima e estar preparado para outra missão que nos seja dada”.

A sua estratégia passa por garantir que está, ou vai estar, preparado da melhor maneira para dar a melhor resposta. Enquanto prestador de cuidados, João pauta a sua atuação pelas mais recentes evidências científicas, garantindo que tudo seja feito da melhor forma possível. Esse compromisso com a excelência, movido pela busca contínua do conhecimento e oportunidades de crescimento, deixa-o tranquilo, com a certeza de que fez tudo ao seu alcance para oferecer os melhores cuidados

EDITORA

TERESA CASTRO
Enfermeira VMER
EDITORA
ANA RODRIGUES
Enfermeira VMER
Heli INEM

TESOURINHO

VMER ista

A hora da saída era aquela que ninguém deseja, mesmo no início do almoço, aquela que acontece depois de satisfazer algum desejo, como um pequeno pedaço de pão com manteiga, e em que sentimos o aroma do prato do almoço, …aquele que, de duas ou três escolhas do dia nos agrada o paladar, e antes da primeira garfada… toca o telemóvel. O local era relativamente perto, no mesmo conselho, ... homem, jovem, com dor torácica de início súbito e com irradiação mandibular e membro superior esquerdo. Eram sinais de provável enfarte agudo do miocárdio, suficientes para elevar o

Congressos e Cursos

ritmo cardíaco até ao mais experiente de nós. No entanto tudo muda na chegada e abordagem do doente. Em lugar de uma dor torácica com sinais de gravidade deram lugar dores generalizadas (mialgias), com semanas de evolução, mas que sim também acometiam a região torácica. Depois da observação medica, que incluiu ECG e descartou qualquer complicação major no local, é dito ao utente que deveria ir ao hospital, de ambulância, para novos exames se necessário, o que prontamente foi recusado pelo doente!

Espantados com a posição tão pronta e ríspida do doente, indagámos que o mesmo não queria ir porque “só tinha moedas na carteira, e que não poderia ir ao hospital, sem saber o preço”. E aí ficamos a saber que a tal realidade portuguesa, em que todos os serviços de saúde são tendencialmente grátis, é desconhecida de alguns ou distorcida pelo contato de outros. Por isso, meus queridos leitores, saibam que a emergência médica em Portugal é grátis, ... pode precisar ela própria de reanimação, mas será grátis para todos… pelo menos por agora

I

JORNADAS DE ENFERMAGEM DE URGÊNCIA DE PEDIATRIA DA ULS BRAGA

21 e 22 de fevereiro 2025

Auditório ABB, Braga

INTERNATIONAL CONGRESS ON EMERGENCY - ICE 2025

4 de abril 2025

Auditório Prof Armando Simões dos Santos, Cidade Universitária, Lisboa

PEDRO OLIVEIRA SILVA
Médico VMER CODU EDITOR

27 de Janeiro 2025:

Ex-Vice Presidente dos EUA e Nobel da Paz, Al Gore, que há décadas alerta para as ameaças do

aquecimento global, comentando a tragédia dos fogos da Califórnia de Janeiro 2025.

“We’re in a new era now. These climate related extreme events are increasing, both in frequency and intensity, quite rapidly.”

"Estamos agora numa nova era. Estes eventos extremos relacionados com o clima estão a aumentar, tanto em frequência como em intensidade, muito rapidamente.”

Publicado em: https://www.nevadaappeal.com/news/2025/jan/27/letter-we-are-in-a-new-era/

22 de Dezembro de 2024:

No dia 26 de dezembro de 2024, a maior catástrofe humanitária dos tempos modernos atingiu violentamente boa parte das costas

do Sudeste Asiático e parte da África. Um violento tsunami, gerado por um poderoso terramoto subaquático, atingiu a Índia, a Indonésia, a Malásia, as Maldivas, Mianmar,

Seicheles, a Somália, o Sri Lanka, a Tanzânia e a Tailândia no espaço de poucas horas.

O balanço final da catástrofe indica mais de 220 mil vítimas.

"Before the tsunami we didn’t even know what the word meant. Now there’s an early warning system and signs all along the coast pointing to escape routes, so if it happens again everybody knows what to do."

"Antes do tsunami nem sabíamos o que a palavra significava. Agora existe um sistema de alerta precoce e sinais ao longo de toda a costa que apontam para rotas de fuga, por isso, se isso acontecer novamente, todos sabem o que fazer."

Suchithra Hettiarachchi, sobrevivente do tsunami de 26 de Dezembro de 2004. Motorista e guia no Sri Lanka estava na recepção do hotel Jetwing Yala, irritado porque seus passageiros estavam atrasados meia hora, um atraso que salvou suas vidas. Frase disponível no artigo de Chris Haslam, in The Sunday Times, 22 de Dezembro de 2024, “20 anos depois do Tsunami Mortal do Oceano Indico”: https://www.thetimes.com/travel/destinations/asia-travel/sri-lanka/sri-lankaboxing-day-tsunami-anniversary-2w5b5czvk

PEDRO RODRIGUES SILVA Enfermeiro VMER/TIP
EDITOR
Centro Académico de Investigação e Formação Biomédica do Algar ve

SNS 24

O SNS 24 não é apenas um serviço telefónico. Apresenta-se hoje como “A porta do Serviço Nacional de Saúde”, e um serviço de maior proximidade ao cidadão. Tem como desígnio garantir ao utente o acesso simples ao Serviço

Nacional de Saúde e evitar deslocações inadequadas ao centro de saúde ou ao hospital. Os seus quatro principais canais são: – Portal SNS 24, Linha telefónica, App SNS 24 e Balcão SNS 24

https://www.sns24.gov.pt/

HealthySimulation.com é um site dedicado aos recursos de simulação médica, fornecendo uma ampla gama de materiais educativos, incluindo artigos, notícias, webinars e cursos de CE/CME, informações sobre

conferências, guias úteis, e demonstrações de produtos. Também possui fóruns de discussão onde profissionais podem conectar-se, aprender e compartilhar as suas experiências

https://www.healthysimulation.com/pt/

BRUNO SANTOS Médico VMER
EDITOR

Num mundo cada vez mais dependente das tecnologias, existem alguns recursos que são verdadeiros facilitadores do nosso trabalho. Estas duas aplicações são bom

exemplo disso. A evolução da inteligência artificial adaptada aos profissionais de saúde. Verdadeiros manuais de bolso, à distância de um Swipe

TONIC APP

Tonic App é um assistente médico virtual. Permite a discussão de casos clínicos, calculadoras e escalas médicas certificadas. A Evolução do Chat GPT aplicada à medicina

https://play.google.com/store/apps/details?id=com.tonicapp&hl=pt_PT

TONIC NURSES

A Tonic Nurses, agrega diversos recursos para dia-a-dia de trabalho da enfermagem. Procedimentos de enfermagem, guidelines, fármacos, escalas, valores laboratoriais, emprego e notícias de saúde. A Inteligência artificial ao serviço da enfermagem

https://play.google.com/store/apps/details?id=com.tonicapp.nurses&hl=pt_PT

EDITOR

PEDRO LOPES SILVA
Enfermeiro VMER
Heli INEM

SUGESTÕES DE LEITURA

2024 Systematic Review of Evidence-Based Guidelines for Prehospital Care

https://doi.org/10.1080/10903127.2024.2412299

Martin-Gill, C., Patterson, P. D., Richards, C. T., Misra, A. J., Potts, B. T., & Cash, R. E. (2024). 2024 Systematic Review of Evidence-Based Guidelines for Prehospital Care. Prehospital Emergency Care, 1–10.

Factors Associated With Emergency Medical Clinicians Leaving EMS

https://doi.org/10.1080/10903127.2024.2436047

Gage, C. B., Cooke, C. B., Powell, J. R., Kamholz, J. C., Kurth, J. D., van den Bergh, S., & Panchal, A. R. (2024). Factors Associated With Emergency Medical Clinicians Leaving EMS. Prehospital Emergency Care, 1–7.

Pre-Hospital Stroke Care beyond the MSU

https://link.springer.com/article/10.1007/s11910-024-01351-0

Röhrs KJ, Audebert H. Pre-Hospital Stroke Care beyond the MSU. Curr Neurol Neurosci Rep. 2024 Aug;24(8):315-322. doi: 10.1007/s11910-024-01351-0. Epub 2024 Jun 22. PMID: 38907812; PMCID: PMC11258185.

Unmanned aerial vehicles and pre-hospital emergency medicine

https://doi.org/10.1186/s13049-024-01180-7

Surman, K., Lockey, D. Unmanned aerial vehicles and pre-hospital emergency medicine. Scand J Trauma Resusc Emerg Med 32, 9 (2024).

Pre-hospital management of traumatic cardiac arrest 2024 position statement: Faculty of Prehospital Care, Royal College of Surgeons of Edinburgh

https://doi.org/10.1186/s13049-024-01304-z

Gage, C. B., Cooke, C. B., Powell, J. R., Kamholz, J. C., Kurth, J. D., van den Bergh, S., & Panchal, A. R. (2024). Factors Associated With Emergency Medical Clinicians Leaving EMS. Prehospital Emergency Care, 1–7.

Extrication following a motor vehicle collision: a consensus statement on behalf of The Faculty of Pre-hospital Care, Royal College of Surgeons of Edinburgh

https://doi.org/10.1186/s13049-024-01312-z

Nutbeam, T., Fenwick, R., Haldane, C. et al. Extrication following a motor vehicle collision: a consensus statement on behalf of The Faculty of Pre-hospital Care, Royal College of Surgeons of Edinburgh. Scand J Trauma Resusc Emerg Med 33, 3 (2025).

The use and impact of prehospital blood lactate measurements in acute non-traumatic patients: a systematic review

https://doi.org/10.1186/s13049-024-01310-1

Walther, L.H., Mieritz, H.B., Lassen, A.T. et al. The use and impact of prehospital blood lactate measurements in acute non-traumatic patients: a systematic review. Scand J Trauma Resusc Emerg Med 32, 137 (2024).

EDITOR

ANDRÉ ABÍLIO RODRIGUES Enfermeiro SIV/VMER

CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO – Novembro de 2021

1. Objectivo e âmbito

A Revista LIFESAVING (LF) é um órgão de publicação pertencente ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) e dedica-se à promoção da ciência médica pré-hospitalar, através de uma edição trimestral.

A LF adopta a definição de liberdade editorial descrita pela World Association of Medical Editors, que entrega ao editorchefe completa autoridade sobre o conteúdo editorial da revista. O CHUA, enquanto proprietário intelectual da LF, não interfere no processo de avaliação, selecção, programação ou edição de qualquer manuscrito, atribuindo ao editor-chefe total independência editorial.

A LF rege-se pelas normas de edição biomédica elaboradas pela International Commitee of Medical Journal Editors e do Comittee on Publication Ethics

2. Informação Geral

A LF não considera material que já foi publicado ou que se encontra a aguardar publicação em outras revistas.

As opiniões expressas e a exatidão científica dos artigos são da responsabilidade dos

respectivos autores.

A LF reserva-se o direito de publicar ou não os artigos submetidos, sem necessidade de justificação adicional.

A LF reserva-se o direito de escolher o local de publicação na revista, de acordo com o interesse da mesma, sem necessidade de justificação adicional.

A LF é uma revista gratuita, de livre acesso, disponível em https://issuu.com/lifesaving Não pode ser comercializada, sejam edições impressas ou virtuais, na parte ou no todo, sem autorização prévia do editor-chefe.

3. Direitos Editoriais

Os artigos aceites para publicação ficarão propriedade intelectual da LF, que passa a detentora dos direitos, não podendo ser reproduzidos, em parte ou no todo, sem autorização do editor-chefe.

4. Critérios de Publicação

4.1 Critérios de publicação nas rúbricas

A LF convida a comunidade científica à publicação de artigos originais em qualquer das

categorias em que se desdobra, de acordo com os seguintes critérios de publicação:

Nós Por Cá

- Âmbito: Dar a conhecer a realidade de actuação das várias equipas de acção pré-hospitalar através de revisões estatísticas da sua casuística. Dimensão: 250 palavras.

Tertúlia VMERISTA

- Âmbito: Pequenos artigos de opinião sobre um tema fraturante. Dimensão: 250 palavras.

Minuto VMER

- Âmbito: Sintetização para consulta rápida de procedimentos relevantes para a abordagem de doentes críticos. Dimensão: 1000 palavras

Fármaco Revisitado

- Âmbito: Revisão focada na aplicabilidade clínica de um fármaco usado em contexto de emergência pré-hospitalar; - Estrutura: Título; Autoresmáximo 1(primeiro nome, último nome, título, afiliação); Introdução; Formas de Apresentação e Conservação; Posologia e Modo de Administração; Farmacocinética; Farmacodinâmica; Indicações

Terapêuticas; Contra-indicações; Efeitos Adversos e Interações medicamentosas; Take Home Messages; Referências

- Dimensão: até 1200 palavras (excluindo referências); até 10 referências

- Iconografia: deverá ser enviada uma imagem/fotografia associada ao tema da rubrica (em formato JPEG com resolução original)

Journal Club

- Âmbito: Apresentação de artigos científicos pertinentes relacionados com a área da urgência e emergência médica pré-hospitalar e hospitalar. Dimensão: 500 palavras

Nós e os Outros

- Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre a actuação de equipas de emergência préhospitalar não médicas. Dimensão: 1000 palavras

Ética e Deontologia

- Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre questões éticas desafiantes no ambiente pré-hospitalar. Dimensão: 1000 palavras

Legislação

- Âmbito: Enquadramento jurídico das diversas situações com que se deparam os profissionais de emergência médica. Dimensão: 500 palavras

O que fazer em caso de...

- Âmbito: Informação resumida mas de elevada qualidade para leigos em questões de emergência.

Dimensão: 500 palavras.

Mitos Urbanos

- Âmbito: Investigar, questionar e esclarecer questões pertinentes, dúvidas e controvérsias na prática diária da emergência médica. Dimensão: 1000 palavras.

Cuidar de Nós

- Âmbito: Diferentes temáticas, desde psicologia, emocional, metabólico, físico, laser, sempre a pensar no auto cuidado e bem estar do profissional. Dimensão: 500 palavras.

Infosaving: a Rúbrica de Infografias da Lifesaving - Âmbito: Apresentação de tema com relevância para o contexto pré-hospitalar e doente crítico através de mnemónicas, esquemas gráficos, auxiliares de memória visuais e algoritmos.

- Formato: Título, Autores (primeiro e último nome, categoria profissional e afiliação), Imagem com alta resolução em formato JPEG ou PDF, Referências bibliográficas.

Pedacinho de Nós

- Âmbito: Dar a conhecer os profissionais das equipas de emergência pré-hospitalar. Dimensão: 400 palavras.

Tesourinhos VMERISTAS

- Âmbito: Divulgação de situações caricatas, no sentido positivo e negativo, da nossa experiência enquanto VMERistas. Dimensão: 250 palavras

Congressos Nacionais e Internacionais

- Âmbito: Divulgação de eventos na área da Emergência Médica. Di-mensão: 250 palavras.

Best Links/ Best Apps de Emergência Pré-hospitalar

- Âmbito: Divulgação de aplicações e sítios na internet de emergência médica pré-hospitalar -Dimensão: 250 palavras

Cartas ao Editor

- Objetivo: comentário/exposição referente a um artigo publicado nas últimas 4 edições da revista promovendo a discussão e visão crítica. Poderão ainda ser enviados observações, casuísticas particularmente interessantes de temáticas atuais que os autores desejem apresentar aos leitores de forma concisa.

- Instruções para os autores:

1. O corpo do artigo não deve ser subdividido; sem necessidade de resumo ou palavras-chave.

2. Deve contemplar entre 500 a 1000 palavras, excluindo referências, tabelas e figuras.

3. Apenas será aceite 1 figura e/ou 1 tabela.

4. Não serão aceites mais de 5 referências bibliográficas. Devendo cumprir as normas instituídas para revista.

5. Número máximo de autores são 4.

Instantâneos em Emergência Médica

- Âmbito: Fotografias em contexto pré-hospitalar, contextualizadas nas diversas áreas da Emergência.

- Formato: Título; Autores –

(primeiro nome, último nome, título, categoria profissionalopcional); imagem em formato JPEG com resolução original); Legenda explicativa com breve enquadramento ou breve comentário acerca do sentido da imagem para o Autor. – máx. 100 palavras.

É de a responsabilidade dos autores respeitar a POLITICA DE PRIVACIDADE, De acordo com o art. º13.º do Regulamento Europeu de Proteção de Dados Pessoais Reg. UE 201/679. Os Autores são responsáveis por respeitar e obter o consentimento de imagem, quando necessário ( n.º 1 do artigo 79.º do C.C).

Posters em Emergência Médica - Âmbito: Apresentação sumária de Póster científico original, sobre a temática da Emergência pré e intra-hospitalar, e do doente crítico. Dimensão: 800 a 1000 palavras. Limite de tabelas e imagens: 6

Intoxicações no pré-hospitalar - Âmbito: Revisão geral sobre determinada substância (tóxico), consequências de sobredosagem ou contacto/ consumo inadvertido ou intencional e qual a abordagem em contexto de Emergência Médica Pré-hospitalar. Formato: Título; Autores; palavra (s)-chave; 1 ou 2 imagens (podendo incluir gráficos e/ou tabelas devidamente legendados); 500 a 1000 palavras; Agradecimentos; Referências bibliográficas

4.2 Critérios gerais de publicação

O trabalho a publicar deverá ter no máximo 120 referências. Deverá ter no máximo 6 tabelas/ figuras devidamente legendadas e referenciadas.

O trabalho a publicar deve ser acompanhado de no máximo 10 palavras-chave representativas. No que concerne a tabelas/ figuras já publicadas é necessário a autorização de publicação por parte do detentor do copyright (autor ou editor). Os ficheiros deverão ser submetidos em alta resolução, 800 dpi mínimo para gráficos e 300 dpi mínimo para fotografias em formato JPEG (.Jpg), PDF (.pdf). As tabelas/figuras devem ser numeradas na ordem em que ocorrem no texto e enumeradas em numeração árabe e identificação.

No que concerne a trabalhos científicos que usem bases de

dados de doentes de instituições é necessário fazer acompanhar o material a publicar do consentimento da comissão de ética da respectiva instituição. As submissões deverão ser encaminhadas para o e-mail: revistalifesaving@gmail.com

5. Referências

Os autores são responsáveis pelo rigor das suas referências bibliográficas e pela sua correta citação no texto. Deverão ser sempre citadas as fontes originais publicadas. A citação deve ser registada empregando a Norma de Vancouver

Estatuto Editorial

A Revista LIFESAVING é uma publicação científica e técnica, na área da emergência médica, difundida em formato digital, com periodicidade trimestral.

Trata-se de um projeto inovador empreendido pela Equipa de Médicos e Enfermeiros das Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) de Faro e de Albufeira, pertencentes ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve, e que resultou da intenção estratégica de complementar o Plano de formação contínua da Equipa.

A designação “Lifesaving”, que identifica a publicação, é bem conhecida por todos os profissionais que trabalham na área da emergência médica, e literalmente traduz o desígnio da nobre missão que todos desempenham junto de quem precisa de socorro – “salvar vidas”.

Esta Publicação inovadora, compromete-se a abraçar um domínio editorial pouco explorado no nosso país, com conteúdos amplamente dirigidos a todos os profissionais que manifestam interesse na área da emergência médica. Através de um verdadeiro trabalho de Equipa dos vários Editores da LIFESAVING, e

aproveitando a sua larga experiência em Emergência Médica, foi estabelecido o compromisso de apresentar em cada número publicado, conteúdos e rubricas de elevada relevância cientifica e técnica no domínio da emergência médica. Por outro lado, este valioso instrumento de comunicação promoverá a partilha das ideias e conhecimentos, de forma completa, rigorosa e assertiva.

Proprietário: Centro Hospitalar Universitário do Algarve, E.P.E.

NIPC: 510 745 997

Morada: Rua Leão Penedo, 8000-386 Faro

N.º de registo na ERC: 127037

Diretor: Dr. Bruno Santos

Editor-Chefe: Dr. Bruno Santos

Morada: Rua Leão Penedo, 8000-386 Faro

Sede da redação: Rua Leão Penedo, 8000-386 Faro

Periodicidade: trimestral

TIPO DE CONTEÚDOS

Esta publicação periódica pretende ser uma compilação completa de uma seleção de matérias científicas e técnicas atualizadas, incluídas em grande diversidade de Rubricas, incluindo: – “Nós Por Cá” – Âmbito: Dar a conhecer a realidade de atuação das várias equipas de ação pré-hospitalar através de revisões estatísticas da sua casuística. Poderá incluir também a descrição sumária de atividades, práticas ou procedimentos desenvolvidos localmente, na área da emergência médica – Dimensão: 500 palavras; – “Tertúlia VMERISTA” – Âmbito: Pequenos artigos de opinião sobre um tema fraturante – Dimensão: 250 palavras;

– “Minuto VMER” – Âmbito: Sintetização para consulta rápida de procedimentos relevantes para a abordagem de doentes críticos, ou de aspetos práticos relacionados com Equipamentos utlizados no dia-à-dia. Dimensão: 1000 palavras; – “Fármaco Revisitado” – Âmbito: Revisão breve de um fármaco usado em emergência pré-hospitalar, ou que poderia ser uma mais valia a sua implementação na carga VMER.

– Dimensão: 500 palavras;

– “Journal Club” – Âmbito: Apresentação de artigos científicos pertinentes relacionados com a área da urgência e emergência médica pré-hospitalar e hospitalar. -Dimensão: 500 palavras; – “Nós e os Outros” – Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre a atuação de equipas de emergência préhospitalar não médicas. -Dimensão: 1000 palavras;

– “Ética e Deontologia” – Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre questões éticas desafiantes no ambiente pré-hospitalar. -Dimensão: 500 palavras;

– “Legislação” – Âmbito: Enquadramento jurídico das diversas situações com que se deparam os profissionais de emergência médica.

– Dimensão: 500 palavras;

– “O que fazer em caso de…” –Âmbito: Informação resumida, mas de elevada qualidade, para leitores não ligados à área da saúde, ou da emergência médica -Dimensão: 500 palavras;

– “Mitos Urbanos” – Âmbito: Investigar, questionar e esclarecer questões pertinentes, dúvidas e controvérsias na prática diária da emergência médica. -Dimensão: 1000 palavras;

– “Cuidar de Nós” – Âmbito: Discussão de diferentes temáticas, de caráter psicológico, emocional, metabólico, físico, recreativo, centradas no autocuidado e bem estar do profissional da emergência. -Dimensão: 500 palavras;

– “Pedacinho de Nós” – Âmbito: Dar a conhecer, em modo de entrevista, os profissionais da Equipa das VMER de Faro e Albufeira ou outros Elementos colaboradores editoriais da LIFESAVING. – Dimensão: 500 palavras;

– “Vozes da Emergência” – Âmbito: Apresentar as Equipas Nacionais que desenvolvem trabalho na Emergência Médica, dando relevância a especificidade locais e revelando diferentes realidades. – Dimensão 500 palavras;

– “Emergência Global” – Âmbito: publicação de artigos de autores internacionais, que poderão ser artigos científicos originais, artigos de opinião, casos clínicos ou entrevistas, pretendendo-se divulgar experiências enriquecedoras, além fronteiras;

– “Tesourinhos VMERISTAS” –Âmbito: Divulgação de situações caricatas, no sentido positivo e negativo, da experiência dos Profissionais da VMER. – Dimensão: 250 palavras;

– “Congressos Nacionais e Internacionais” – Âmbito: Divulgação de eventos na área da Emergência Médica – Dimensão: 250 palavras; palavras;

– “Best Links/ Best Apps de Emergência Pré-hospitalar” –Âmbito: Divulgação de aplicações e sítios na internet de emergência médica pré-hospitalar -Dimensão: 250 palavras

PREVISÃO DO NÚMERO DE PÁGINAS: 50;

TIRAGEM: – não aplicável para a publicação eletrónica, não impressa em papel.

ONDE PODERÁ SER

CONSULTADA:

Pode ser consultada no site do CHUAlgarve, no setor “Comunicação”, no domínio http:// www.chualgarve.min-saude.pt/ lifesaving/, e adquirida gratuitamente por subscrição nesse mesmo site. Não dispomos ainda de um site oficial para organização dos nossos conteúdos, de modo que atualmente todas as Edições estão a ser arquivadas no Repositório Internacional ISSUU, onde poderão ser consultadas gratuitamente (https://issuu.com/lifesaving). Marcamos presença ainda noutras plataformas de divulgação (Facebook, Instagram, Twiter e Youtube).

DIVULGAÇÃO DA LIFESAVING:

A LIFESAVING será difundida no site do Centro Hospitalar do Algarve (no setor média e imagem), e sua Intranet, com possibilidade da sua subscrição para receção trimestral via e-mail. Inserida on-line no repositório de publicações ISSUU, adquirindo um aspeto gráfico otimizado para tornar a leitura ainda mais agradável.

Será também difundida na página de Facebook da VMER de Faro, página própria com o nome LIFESAVING.

N.º 1 do art.º 17.º da Lei de Imprensa: Garanta de liberdade de imprensa:

1 - É garantida a liberdade de imprensa, nos termos da Constituição e da lei.

2 - A liberdade de imprensa abrange o direito de informar, de se informar e de ser informado, sem impedimentos nem discriminações.

3 - O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura

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