LIFESAVING 34

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FICHA TÉCNICA

DIRETOR E EDITOR-CHEFE

Bruno Santos

CO-EDITOR-CHEFE

Pedro Lopes Silva

EDITORES ASSOCIADOS

MINUTO VMER

Isabel Rodrigues

PÓSTER CIENTÍFICO

Ana Isabel Rodrigues

André Abílio Rodrigues

Catarina Jorge Solange Mega

NÓS POR CÁ

Catarina Tavares

Monique Pais Cabrita

FÁRMACO REVISITADO

Catarina Monteiro

JOURNAL CLUB

Ana Rita Clara

O QUE FAZER EM CASO DE

André Abílio Rodrigues

CUIDAR DE NÓS

Sílvia Labiza

EMERGÊNCIA INTERNACIONAL

Eva Motero

Rúben Santos Solange Mega

ÉTICA E DEONTOLOGIA

Teresa Salero

LEGISLAÇÃO

Ana Agostinho

Isa Orge

CARTAS AO EDITOR

Catarina Jorge

Júlio Ricardo Soares

TERTÚLIA VMERISTA

Nuno Ribeiro

MITOS URBANOS

Christian Chauvin

VOZES DA EMERGÊNCIA

Ana Vieira

Rita Penisga Solange Mega

UM PEDACINHO DE NÓS

Ana Rodrigues

Teresa Castro

TESOURINHOS VMERISTAS

Pedro Oliveira Silva

INTOXICAÇÕES NO PRÉ-HOSPITALAR

Luis Miguel Costa

Mónica Fonseca

CONGRESSOS VIRTUAIS

Pedro Oliveira Silva

INSTANTÂNEOS EM EMERGÊNCIA MÉDICA

Solange Mega

Teresa Mota

BEST SITES

Bruno Santos

Pedro Rodrigues Silva

BEST APPS

Pedro Lopes Silva

SUGESTÕES DE LEITURA

André Abílio Rodrigues

INFOSAVING

Luís Miguel Costa

ILUSTRAÇÕES

João Paiva

FOTOGRAFIA

Pedro Rodrigues Silva

Maria Luísa Melão

Solange Mega

Carlos Martins

AUDIOVISUAL

Pedro Lopes Silva

DESIGN

Luis Gonçalves

PARCERIAS

Caríssimos leitores,

Bem-vindos à 34ª edição da Lifesaving. Infelizmente, registamos nesta publicação, com grande consternação e tristeza, o infortúnio do desaparecimento precoce de mais um dos nossos… Desta vez vimos partir o Enfermeiro João Claúdio Guiomar: Bombeiro, Enfermeiro da SUB de Albufeira e da VMER de Albufeira, e Editor de uma das nossas rubricas. Nesta edição, prestamos-lhe o reconhecido e devida homenagem, incluindo a sua imagem na capa da publicação, e apresentando um artigo de tributo, onde incluímos várias mensagens da nossa equipa, onde recordamos o seu “Pedacinho” (uma entrevista sua publicada em edição anterior), e apresentamos uma galeria fotográfica em sua memória.

Sabendo cada vez mais da necessidade de “Cuidar de Nós”, a Enfermeira Sílvia Labiza recorda-nos a importância da respiração consciente no nosso autocuidado, enquanto o Enfermeiro Abílio nos ensina “o que fazer em caso de” tsunami.

No mundo das drogas, a Dra. Monica Fonseca e o Dr. Ernesto Ruivo apresentam-nos nas “Intoxicações” o ectasy, e a Dra. Catarina Monteiro traz-nos o haloperidol na rubrica “Fármaco Revisitado”.

O “Nós por cá” é apresentado pela Enfermeira Catarina Tavares, e foca a reabertura da Delegação Regional do Algarve do INEM. Já o Dr. Luís Costa sistematiza-nos graficamente o Suporte Avançado de Vida, em mais uma edição da rubrica “Infosaving”.

A utilização de medicação intranasal no pré-hospitalar é alvo de uma revisão sistemática no “Journal Club”, apresentado pela Dra Ana Rita Clara. De elevada importância é sempre a opinião dos nossos colaboradores, habitualmente discutida na “Tertúlia Vmerista”. Nesta edição, o Enf Nuno Ribeiro desafia-nos a manifestar o que nos vai na alma, sobre a exclusividade ou não das nossas funções no pré-hospitalar.

Espero que desfrutem desta edição.

Bem hajam

Pedro Lopes Silva CO-EDITOR-CHEFE Enfermeiro VMER pgsilva@chalgarve.min-saude.pt

MOMENTOS DE INSPIRAÇÃO

“Saudade é um sentimento que, quando não cabe no coração, escorre pelos olhos.”

Bob Marley 1945 - 1981 Cantor e compositor jamaicano

UM PEDACINHO DE NÓS “UM PEQUENO TRIBUTO A UMA VIDA TÃO GRANDIOSA” - JOÃO CLÁUDIO GUIOMAR

INTOXICAÇÕES NO PRÉ-HOSPITALAR

ABORDAGEM PRÉ-HOSPITALAR À VÍTIMA DE INTOXICAÇÃO POR MDMA

NÓS POR CÁ

REABERTURA DA DELEGAÇÃO REGIONAL DO ALGARVE DO INEM

FÁRMACO REVISITADO HALOPERIDOL

JOURNAL CLUB

WHAT IS THE EVIDENCE FOR USING INTRANASAL MEDICINE IN THE PREHOSPITAL SETTING? A SYSTEMATIC REVIEW

INFOSAVING - A RUBRICA DE INFOGRAFIAS DA LIFESAVING.

SUPORTE AVANÇADO DE VIDA NO ADULTO

CUIDAR DE NÓS

CONTRARIAR O RITMO DO DIA-A-DIA: A IMPORTÂNCIA DA RESPIRAÇÃO CONSCIENTE

O QUE FAZER EM CASO DE TSUNAMI

TERTÚLIA VMERISTA "PRÉ-HOSPITALAR COMO COMPLEMENTO DA MINHA ATIVIDADE PROFISSIONAL OU EM EXCLUSIVO? QUAL A TUA OPINIÃO E PORQUÊ?"

TESOURINHO VMERISTA / FRASE MEMORÁVEL

PÁGINAS ABC

PÁGINAS APEMERG

BEST SITES

BEST APPS

SUGESTÕES DE LEITURA

CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO

ESTATUTO

UM PEDACINHO DE NÓS

“Um pequeno tributo a uma vida tão grandiosa”

JOÃO CLÁUDIO GUIOMAR

26/10/1968 - 12/10/2024

Ana Rodrigues1, Teresa Castro 2, Solange Mega 3

1Enfermeira das VMER de Faro e Albufeira, 2Enfermeira da VMER de Albufeira 3Enfermeira SIV/VMER

Nesta 34ª edição da LIFESAVING, é dado especial destaque à rubrica “Pedacinho de Nós”, num formato de homenagem póstuma ao Enfermeiro João Cláudio Guiomar, revelando memórias diversas, experiências pessoais e muitas lembranças, compartilhadas por alguns amigos e colegas de Equipa.

Esta páginas foram cuidadosamente construídas para mostrar genuinamente a nossa saudade pela sua partida tão precoce, mas o seu

principal propósito é manter bem viva a sua memória, para sempre eternizada nesta publicação.

Como forma de descrever o nosso João Claúdio, e de revelar também o seu percurso de vida, decidimos trazer à nossa memória uma entrevista, que ele aceitou fazer há 6 anos atrás (a 5 de novembro de 2018), e que foi publicada na rubrica “Pedacinho de Nós”, da 10 ª Edição da LIFESAVING

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*Apresentamos assim, nesta edição de 2024, a cópia integral das páginas publicadas em 2018.

Um pedacinho de nós...

Ouve-se o barulho duma mota , vinte minutos antes das 08:00 h; e o som característico ... ja chegou para render ao colega. Sempre cedo, sempre bem-disposto, sempre com vontade de trabalhar.

Nasceu em Olhão em 1968 junto com seu irmão gémeo verdadeiro no antigo Hospital de Olhão. Filho de pai da Fuseta ,e mãe de Moncarapacho teve que ir para Casablanca ( Marrocos) com 9 meses de idade até os 12 anos por motivos de trabalho. Frequentou uma escola Primária e preparatória em Casablanca.

De volta para o Algarve em 1981 com sua mãe e dois irmãos , residiu em Quatrim do NorteMoncarapacho junto com sua avó que trabalhava vendendo fruta e verduras no Mercado Municipal de Olhão .

A sua mãe que trabalhava no campo e a vender na praça herdado da sua avó as quais ajudava até concluir o 12 ano na escola de Olhão.

Formou - se como enfermeiro de cuidados gerais em 1994 na escola Superior de Enfermagem de Faro com sacrifício pois teve que trabalhar ao mesmo tempo em diversas áreas. Ao longo de seu percurso como estudante e início de sua atividade profissional teve que ultrapassar al-

guns constrangimentos: perda de 3 entes queridos (irmão mais novo, a mãe e por último a dificuldade de integração social do seu irmão gémeo, pelo que por força das circunstâncias teve que iniciar sua vida noutra localidade. Foi para Albufeira a iniciar sua vida profissional e onde está até o dia de hoje no serviço de urgência básica de Albufeira.

Casou-se com Ana ( sua Anã , como ele chama), há 22 anos e tem dois filhos João Miguel e Catarina , ambos estudantes. Trabalham em equipa: ele é o principal responsável do orçamento familiar, ela mais dedicada à educação dos seus filhos. Com eles vive Simba, uma cão que está a fazer companhia desde há 14 anos.

Desloca-se de a mota , seja verão ou inverno. Gosta de correr e andar em bicicleta .....sempre que pode.

É de boa boca....(acreditamos em isso); prefere um bom prato de peixe em vez de carne. Sua sobremesa preferida é o arroz doce e come a todas horas fruta o pêssego é a que mais gosta.

UM PEDACINHO DE NÓS

É Bombeiro Voluntário em Albufeira desde 1996, onde continua no quadro activo como Bombeiro de 1 Classe e TAS. No seu percurso profissional, iniciou atividade como enfermeiro Pré - Hospitalar na ambulância de SIV de Loulé e hoje em dia está integrado na VMER de Albufeira com alguns turnos na VMER de Portimão.

Frequentou um Curso Pós -gradução em Doente Crítico em 2017 na Escola Superior Atlântica para atualizar os seus conhecimentos . Sempre leva uma mala carregada de livros para reler e uma agenda onde aponta as lembranças importantes.

Como enfermeiro de VMER por muito conhecimento e experiência que se possa ter o mais importante desde seu ponto de vista e exercer uma condução em segurança, dominar a arte de puncionar, promover uma boa relação médicoenfermeiro que facilite a abordagem das vítimas e adaptar se ao ambiente de emergência, respei-

Pilar Urbano

MÉDICA VMER urbanop8@gmail.com

Ana Rodrigues

ENFERMEIRA VMER amgrodrigues@chalgarve.min-saude.pt

tando todas as equipas de socorro.

Na VMER de Albufeira colabora semanalmente com o enfermeiro Coordenador na verificação da operacionalidade da viatura, dos equipamentos e material e na reposição de Stock de material de consumo clínico e medicação.

É uma pessoa humilde, trabalhadora, grande profissional, preocupada em manter conhecimentos atualizados, que gosta de aprender e partilhar o seu saber e experiência (sempre que precises tens a sua mão para te ajudar) e o mais importante para ele é saber que alguém a quem presta os cuidados necessários volta às atividades de vida com menor número de sequelas (físicas ou psíquicas), e a maior dignidade possível.

Conseguiram adivinhar quem é?

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TESTEMUNHOS, HOMENAGENS E MEMÓRIAS

“Um pequeno tributo a uma vida tão grandiosa”

“Olá João,

Serão insuficientes as palavras para descrever as memórias que guardo de ti… porque fomos muitas vezes uma Equipa, foram muitas as ocorrências da VMER de Albufeira que vivenciámos, e foi para mim um grande privilégio partilhá-las contigo, sentindo a segurança do teu desempenho, o teu profissionalismo, a tua coragem e humanidade. Lembrarei sempre a tua simplicidade e humildade, mas também a forma fácil como criavas empatia com os outros. Recordo o teu gosto pelo conhecimento, a tua curiosidade e as questões que fazias. Não esqueço o teu espirito inventivo e a dedicação que sempre tiveste para procurar uma solução para qualquer adversidade. As tuas palavras também ficarão sempre gravadas na nossa revista lifesaving, onde deixaste a tua marca nos artigos que escreveste, e no teu trabalho como editor da rubrica “nós e os outros”. Também aí nos mostraste o teu gosto por procurar e partilhar conhecimento, e nos ensinaste com a tua generosidade e empatia com os “outros”,… aqueles com quem colaboramos no dia-à-dia. Serás sempre recordado como um exemplo de profissionalismo e dedicação à profissão, e o incondicional espírito de missão, que sempre nos maravilhou e inspirou. Mas lembraremos sobretudo a tua presença entre nós e a tua forma genuína de ser, que nos deixará muitas saudades. Sei que onde estiveres continuarás a olhar sempre por nós. Obrigado João.“

Bruno Santos

“Cruzei pela primeira vez com o J.Cláudio há cerca de 15 anos, iniciamos aí o percurso no pré-hospitalar - SIV de Loulé e mais tarde VMER.

O percurso foi longo, naturalmente, por inerência de funções houve momentos bons, mas também diferença de opinião e conflito. Estes últimos, foram sempre ultrapassados, de forma positiva através do diálogo, mas acima de tudo pela lealdade, transparência e honestidade que conduziram à nossa amizade.

Para o JC, a orientação de vida era sustentada num triângulo, que tinha em cada um dos lados: *Família* ; *SUB e Pré hospitalar* ; *Bombeiros*

No entanto, o JC, tinha um equilíbrio que tendia a favorecer os lados que contemplavam a área do trabalho. Estava sempre pronto e disponível a qualquer momento para colaborar e ajudar em qualquer dos meios ou serviço. Fazia-o com gosto, competência e sentido de missão. Marcava férias, para ir fazer formação. Quis o destino, que a partida deste colega e amigo resiliente, competente, altruísta e sempre disponível, que ficava incomodado se falhasse com algo, me deixe um enorme vazio e saudade de ouvi-lo chegar com o roncar característico do motor da sua moto, e essencialmente da sua presença para irmos beber " um cafezinho".

A última vez que falamos, aconteceu poucos dias antes da sua partida, e

um dia depois desse momento, enviou-me duas palavras apenas, que ficam para sempre...”

Álvaro Júnior

“Num mundo de tantos iguais, o João sobressaía pela humildade, sinceridade, honestidade e pelo amor que punha em cada palavra quando falava da família, da enfermagem e dos bombeiros.

E passem os anos que passarem, tenho a certeza que levarei sempre comigo o exemplo e a inspiração. Foi muita, muita sorte conhecer e trabalhar com o João Cláudio.

Nenhuma palavra nem nenhuma homenagem serão tão dignas de uma alma tão grande e intensa como a dele. O único insubstituível que conheço. E ele sabe disso.”

Maria Inês Simões

“O João Cláudio foi sem duvida a pessoa mais dedicada e empenhada no trabalho que já alguma vez conheci… a trabalhar em vários sítios, estava sempre disponível para ajudar os outros, para aprender e atualizar os seus conhecimentos, nunca descurando a sua família. É uma referência para todos nós! Um exemplo a seguir…

Juntando a tudo isto tinha características inigualáveis, como a humildade, simplicidade, sinceridade e tantas outras que só quem

teve oportunidade de o conhecer sabe, pois é impossível descrever. Vais fazer muita falta, olha por nós, continuar a brilhar onde quer que estejas… “

Sandrine

“A memória do nosso João Cláudio, querido colega e amigo para muitos de nós, permanecerá sempre viva entre nós… A sua disponibilidade incondicional, o seu compromisso em colaborar em todos os momentos foram um verdadeiro exemplo de dedicação. Ele abraçava cada “tarefa” e novo desafio com uma paixão contagiante, demonstrando sempre uma competência ímpar e um forte sentido de missão. A vida quis que partisse, mas a sua resiliência, altruísmo e amor pela sua querida Família; pelos Bombeiros e pela profissão de Enfermeiro na Urgência e Pré-Hospitalar permanecerão connosco. *A sua família era o seu maior orgulho* e, mesmo nos momentos mais exigentes eles nunca eram esquecidos, era premente que: _*"os seus estivessem bem"*_ e se eles estivessem bem, isso permitia que estivesse tranquilo no desempenho da sua atividade profissional. *Ser Bombeiro e ser Enfermeiro* , não era apenas uma atividade e uma profissão para ele, fazia parte da sua essência, dando o melhor de si _…” era como o ar que ele respirava!”,” ...era o sangue que corria-lhe nas veias!” , e fazia-o sentir tão bem!!!, ... a sua competência era exímia, assim como em tudo a que o João se dedicava !!!”.

Estava sempre presente nas atividades, formações e novos desafios, dando tudo de si em cada momento,

ele adorava partilhar conhecimentos com os seus colegas de profissão e contribuir para o crescimento destes…mantendo-se sempre atualizado, sendo esta, uma das suas filosofias de vida!

É difícil descrever a perda de um colega tão extraordinário, sempre pronto a ajudar e a colaborar nas mais diversas missões e turnos da equipa, pois foram muitas as épocas festivas, verões e muitos aniversários que se disponibilizou a fazer…, mas o que mais interessava, era que, o que fazia, *_era com muita vontade e dedicação, e isso era evidente em cada gesto, em cada palavra..._* Ele não via apenas um trabalho, via uma missão que abraçava com paixão e competência, sempre pronto a enfrentar os desafios com um sorriso e uma atitude positiva.

A sua generosidade e espírito de equipa inspiravam-me e decerto a todos que estão, e estiveram à sua volta, foram muitos os momentos que trabalhamos na urgência e cruzamos na rua, no âmbito do pré-Hospitalar, desempenhando as nossas funções, muitas das vezes o João aparecia do nada "acabadinho" de ter saído da Urgência, mas já ali estava a vestir a camisola como Bombeiro e eu estava como enfermeira da VMER, mas eram sempre profícuas e muito positivas as suas entregas, acrescentava sempre algo á equipa…. Hoje, honramos a sua memória, celebrando a vida que viveu, e o impacto profundo que teve nas nossas vidas, e ficam as memórias e boas recordações.

Descanse em paz, João Cláudio. *A tua luz continuará a brilhar em nossos corações. “

“João, apenas convivi contigo em contexto profissional. A energia, o entusiasmo frenético, a entrega, a humildade, a paixão com que encaravas os desafios, as formações, as ativações eram simplesmente contagiantes. Todos percebíamos que eras feliz, todos os dias que vestias a farda. qualquer uma das três, que usavas com orgulho. Foi um privilégio trabalhar ao teu lado.

Não te desejo que descanses, porque não gostavas de descansar, gostavas sim de ajudar os outros em múltiplas valências e problemas. Assim, em paz, olha por nós João Cláudio.”

Pedro Rodrigues Silva

“Em 2014 cruzei com o João Cláudio nos Bombeiros Voluntário de Albufeira, foi das pessoas que melhor me acolheu, fez-me sentir em casa. Sempre disponível, sempre com uma palavra amiga.

Na VMER de Portimão sempre pronto para ajudar nas trocas, além de colega um amigo.

Até já João, Olha por nós.”

Teresa Garcia

“As historias mais engraçadas que me lembro são daqueles dias em que abalávamos no seu 2 cavalos com destino à trigonometria mas nunca la chegávamos porque acabávamos num bailarico qualquer a dançar a "lambada" Lembro me sempre da disponibilidade do João para ajudar os outros e da sua

boa disposição que nos alegrava mesmo nos momentos mais difíceis.”

Isabel Monge

“A naturalidade com que partilhava a sua laranja, papo-seco e água, refletia o Homem genuíno e generoso que era.

Numa atitude sempre disponível e de soluções, reconhecia-se o Homem preparado e conhecedor.

Numa base e viatura sempre pronta, mostrava-se o mestre na simplicidade e organização.

Recordarei o João sempre que contar os Homens bons que conheci.”

João Coucelo

“Para o João Cláudio, É difícil escolher um momento, uma história. Quando o conheci vi uma pessoa super humilde que quem o conhece à "primeira vista" nem imagina o diamante que tem à frente. Possuidor de uma humanidade fantástica que é impossível ficar indiferente.

Foi uma honra trabalhar ao teu lado. Obrigada”

Teresa Ferreira

“Vou-vos contar uma pequena história passada com ele. Em 95 quando terminámos o curso , o João não sabia para onde iria trabalhar e então perguntou-me , " Luís, Luís para onde vais?" e eu respondi-lhe, "Vou para Albufeira, porque tenho lá uma pequena casa e acho que Albufeira vai crescer muito e

também acho que eles têm que construir uma Urgência pois pelas histórias que ouço bem que precisa e com o turismo a crescer cada vez mais acho ser um excelente sitio para iniciar carreira e João eu gostava de ingressar nos Bombeiros e de aprender alguma coisa, pois acho que é uma grande escola ", ele, " Luís! Olha posso ir contigo e posso ficar na tua casa por uns tempos?", pelas histórias pessoais que tinha passado, dificuldades, tudo respondi-lhe que sim, claro e assim foi. Passados poucos dias começávamos a trabalhar no Centro de Saúde de Albufeira, no Serviço de Atendimento Permanente e por vezes íamos ao internamento perto do Hotel Sol e Mar. Eu que gostava de ir á pesca submarina, tinha apanhado um belo sargo de 1,700 gr que estava congelado e pensava fazer uma bela refeição e andava a imaginar como iria fazê-lo, ora no forno, ora na grelha e andava-me a mentalizar. Ora certo dia , saio da noite e chego a casa, estava ele a acordar e diz-me , " Luís, Luís! Eee esta noite deu-me uma fome daquelas e vi o teu sargo no congelador e não aguentei, é pá não aguentei, tirei uma panela alta e cozi o peixe, é pá estava mesmo bom e quando olho para o fogão, tenho a panela em que sai metade do peixe fora que ainda estava cru e a outra metade cozida e era a metade que ele tinha comido, com toda a agua que tinha saído da fervura, tudo sujo!!. Eu a olhar para o meu rico peixinho que ia ser confeccionado á minha maneira e que ia ser uma bela refeição para os dois, estava ali como se tivesse sido comido por uma piranha! Mais tarde quando nos lembrávamos deste episódio, desatava-se a rir.

Eu ingressei nos Bombeiros mas logo desisti pois era os turnos , era as competições, o treinar , o sonho de representar Portugal um dia nos Campeonatos de Pesca Submarina Europeu e Mundial que consegui mas o que é engraçado ele é que ele ingressou nos bombeiros e fez a história que nós todos sabemos. Foi um Grande colega, com a sua maneira especial de se exprimir, uma maneira única de estar na vida que todos vamos sentir falta. "Até um dia João Cláudio!"

Luís Prata

“Conheci o João Cláudio nos bancos da escola em 1991 no curso de Enfermagem, ele na última fila e eu na penúltima, claro que muito do meu tempo era passado no paleio com eles, muitas saídas, muito estudo, muita partilha (um grupo jeitoso e muito divertido). O João sempre foi uma pessoa muito verdadeira, muito genuína, amigo de todos e sempre pronto a ajudar. Sou uma sortuda por te ter conhecido João…” Ana Rodrigues

“Acredito que o sentido da vida seja fazer sentido a outras vidas...... Quero deixar umas palavras de homenagem a alguém que já não está entre nós, mas que deixou um exemplo que permanece inesquecível. Tive o privilégio de conhecer essa pessoa única e inspiradora e guardo bons momentos do que pudemos compartilhar.

Relembro, numa das tantas oportu -

nidades que tive a honra de partilhar com o João Cláudio, muito para alem da relação profissional, um convite que lhe fiz para a preparação de um exercício

Multiv í timas, no âmbito da preparação operacional de um corpo de bombeiros do Norte do Pais, ao qual acedeu imediatamente, com aquele brilho demonstrativo da sua grande paixão, os Bombeiros.

A sua criatividade, habilidade, aliada ao seu conhecimento, experiência e capacidade de trabalho, foram fundamentais para o ótimo resultado do projeto, sempre com humildade e compromisso.

O seu lado humano é a característica que mais se evidencia, onde cada missão, carregada de desafios, por vezes com sofrimento, exaustão, mas é no coração destas adversidades que a coragem e dedicação brilham mais intensamente, demonstrando um compromisso inabalável com a segurança e o bem-estar da comunidade que tanto se orgulhava.

Na sua batalha final, contra a doença fatal, a forma como lidava com as adversidades e como batalhava para atingir os seus objetivos, foi para mim um exemplo de força, tenacidade e dedicação.

Não importa qual o nosso tempo de vida. Se fizermos o bem acabamos por nos tornar eternos. Marcamos quem está à nossa volta e deixamos o mundo mais rico com nossa presença.

Sinto uma imensa gratidão por ter conhecido esse ser humano incrível.

O mundo seria um lugar melhor se todas as pessoas tivessem um coração tão grande como o teu. Obrigado, João Cláudio.”

Carlos Correia

“Colega, amigo, João Cláudio. Homem, profissional experiente, muito prático, um pouco desarrumado (segundo os meus olhos/ as minhas crenças) à sua maneira!

Sempre disponível para fazer mais um turno, com grande prontidão, na sua mota, deslocava-se até aos locais de maior necessidade. Foi com essa mesma rapidez que no dia 22.08.2009 se deslocou ( já não me recordo como, de Ambulância, VMER, Moto???...) até à praia " Maria Luisa" pois tinha ocorrido uma derrocada e haviam vítimas para socorrer. Nós no serviço (SUB) é que sentimos a sua falta e não sabíamos onde estava... coisas feitas à maneira do João!

Provavelmente deixou pouco por dizer, nos dias de greve dos Enfermeiros, gostava de manifestar o seu desagrado, pela ausência dos colegas nos Serviços dos Cuidados de Saúde Primários, fato que levava os utentes ao serviço de urgências. Era uma "canseira andar atrás dele" para lhe fazer ver que era um direito individual/coletivo.

Foi rápida mas intensa a sua passagem por esta dimensão (Terrena), as últimas palavras que trocamos foram, que iria melhorar para fazer caminhadas!

Obrigada João pelos teus ensinamentos, contigo aprendi que é bom caminhar com os pés bem assentes na terra.

Para sempre serás recordado.”

Sílvia Labiza

“Amigo, colega João Cláudio, Conhecemo-nos no nosso gosto em comum pelo trabalho, sensivelmente 14 anos na nossa SIV do coração, Loulé. Workaholic natos, uniu as nossas vidas e deu-me o privilégio de hoje chama-te amigo... o meu grande Jonny.

Foram muitos os momentos que partilhamos, muitas gargalhadas, muitas comemorações das nossas vitórias!!! A cada módulo que concluímos com sucesso era um acesso direto a um brinde com um bom medronho...

A desorganização dentro da sua organização, um Homem com H grande, humildade, profissionalismo, um ser ÚNICO.

GRATIDÂO por ter tido o privilégio de te ter na minha vida.

Infelizmente a tua passagem entre nós foi breve, mas tenho a certeza que nos encontraremos no futuro e que aí em cima, não darás sossego. E olharás por nós. És e continuarás a ser uma referência para todos nós, sempre na base dos pilares que tinhas bem definido no teu triângulo da vida...

OBRIGADA João Claúdio

Obrigada á tua família pelo tempo que dedicaste a todos nós!!!!

Até já!!!”

Solange Mega

“Do pouco que lidei com o João percebia-se a humildade e a entrega com que se empenhava. Perde-se um bom homem e um bom profissional.

Obrigada por existir pessoas como tu!!!

Até já.”

João Póvoa

“Tive oportunidade de te conhecer desde criança. O "Janito" (teu filho) jogava futebol comigo, quando não havia árbitros, eras tu que arbitravas o jogos, quando não havia massagista, eras tu que assumias esse papel, eras tu que levavas muitas vezes o "Janito" aos treinos de futebol na tua mota inconfundível e com o logotipo dos Bombeiros de Albufeira à frente. Entrei no mundo dos Bombeiros e depois no INEM. Uma profissão que nos uniu muito. Começamos a trabalhar juntos, nas formações, nas instruções e na rua! Era uma aventura trabalhar contigo, perdido nos teus apontamentos e nas tuas ideias, que na tua cabeça tinhas sempre tudo tão bem organizado e pensado.

Sempre me disseste: "quero crescer com o meu mérito", e assim foi, todos os passos que deste na tua vida profissional, foi sempre pelo teu mérito, pelo teu empenho, pela tua dedicação, pela tua camaradagem e por uma coisa muito importante: foi sempre com muito AMOR que dedicaste todos os segundos ao outro.

Foste tu contribuíste tanto pelo meu crescimento e de tantos outros profissionais.

Nunca mais esqueço uma saída que tivemos, em que tu dizias que o doente ia entrar em PCR quando o sentássemos, chamei-te maluco e logo a seguir, o doente parou! Foi mais uma das imensas vidas que salvaste enquanto cá estiveste. Ai em cima, espero que olhes pela tua família e que tenhas o merecido descanso.

Salva muitas vidas aí em cima, meu amigo!

Até já, abraço grande.”

Daniel Semião

“Não consigo deixar de ficar triste querido João Claudio ... sabes que ainda na última vez que estive contigo por cá, e foi há muito pouco tempo... tentei não estar triste ao pé de ti... mas não consegui... não consegui evitar... é impossível não ficar triste quando um dos consensuais da vida nos deixa à luz dos olhos no dia a dia... sim, só à luz dos olhos, porque no resto a tua presença permanece, o teu companheirismo, a tua disponibilidade, a tua amabilidade, o teu entusiasmo pela emergência e pelo trabalho nos bombeiros, o teu amor à tua família, o teu perfecionismo, o teu profissionalismo... permanece para sempre em nós como exemplo!

Muita gente olhava para o excesso de trabalho e pensava ser demais... mas eu que desde 2004 te conheço e te observava a olhar para nós na emergência pré-hospitalar e via o brilho dos teus olhos, o teu questionamento curioso em tantas conversas que tivemos e em que aprendi tanto contigo, com a tua simplicidade, com a tua correção, com a tua vontade de crescer... posso dizer que tu só estavas a cumprir sonhos enquanto trabalhavas... foste um cumpridor de sonhos... e não há nada mais bonito na vida do que cumprir sonhos! Sei que foste muito feliz nesse cumprimento da tua missão até ao fim! Foi com muito orgulho que te vi crescer tanto como profissional e como pessoa!!!

Vou ter saudades tuas, sobretudo

quando me dizias " posso falar contigo Catarina, gostava de discutir contigo a tua opinião sobre..." era tão bonita esta partilha...

Fica esta foto com a tua amiga Eva Diaz Motero ... que apenas ilustra a tua incansável alegria de inventar soluções, até para coser a mala que estava danificada, sim porque não havia ninguém melhor a fazer bricolage para que a nossa base da Albufeira tivesse todas as condições para nós.

Um grande beijinho para ti e para a tua família... até já, um dia lá nos encontraremos e seguramente terás umas questões para partilharmos soluções.“

Catarina Tavares

Cruzei-me com o João Cláudio no meu primeiro turno de VMER, em Albufeira.

O João Cláudio mostrou-me a sua casa, Albufeira, como ninguém, sempre de sorriso na cara por ser o homem mais feliz no seu trabalho de sonho.

E, apesar da altura ser novinha nestas coisas do pré-hospitalar, fez me sentir segura, porque confiava completamente nele. Os bons partem sempre demasiado cedo.

Espero que encontres descanso agora. Conta connosco para continuarmos o teu legado.

Iremos tomar tão bem conta do Fire como tu Noélia Alfonso

“Querido João: conseguí despedir-me de ti, temos falamos da felicidad, de viver na ignorância....fiz tudo o que pude e dei tudo o que tinha ,me disseste um día ...sei que onde estiveres vás olhar a tua barraquinha, a base da vmer de Albufeira, que sempre arrumavas e quando beba café sei que andarás perto ...vou ouvir a tua risada em alguma via sem nome dessas saidas vmer rumo desconhecido que tú sempre te orientavas, e eu sempre te perguntava : com quem é que vinhas cá, fonix?.... e vou ter até saudades de ver-te comer tortilla española com algúm molho improvisado!!!!! Era um atentado mortal a cozinha espanhola João!!!!! Obrigada pelo apoio incondicional que me destes quando tudo era um obstáculo na minha vida ....e obrigada por deixar-me acompanhar-te no teu viagem e dar-me uma lição de vida.... abraço ao céu.”

Eva Motero

Enfermeira VMER
EDITORA
ANA RODRIGUES
Enfermeira VMER
Heli INEM
EDITORA
SOLANGE MEGA
Enfermeira SIV/VMER
EDITORA
TERESA CASTRO

INTOXICAÇÕES NO PRÉ-HOSPITALAR

ABORDAGEM PRÉ-HOSPITALAR

À VÍTIMA DE INTOXICAÇÃO POR MDMA

Emanuel Garcês1, Cláudia Farinha1, Jorge Pereira2, Luís Godinho1, Silvia Sousa1, Vera Palma3

1Enfermeiro Especialista em Saúde Infantil e Pediátrica, Urgência de Pediatria da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo, Beja

2Enfermeiro Gestor e Especialista em Pessoa em Situação Crítica, SUB e SIV de Castro Verde e VMER de Beja

3Enfermeiro Especialista em Saúde Infantil e Pediátrica, Urgência de Pediatria da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo e SIV de Castro Verde

INTRODUÇÃO

O MDMA (3,4-metilenodioximetanfetamina), popularmente conhecido como ecstasy, é uma droga sintética de ingestão oral que possui características tanto estimulantes quanto alucinogénicas. Foi inicialmente desenvolvido como supressor do apetite, no entanto, nas últimas décadas tem sido amplamente utilizado em ambientes recreativos, especialmente em festas de música eletrónica, devido à sua capacidade de provocar euforia e empatia. O MDMA atua aumentando a libertação de neurotransmissores que influenciam o humor, a energia e a perceção sensorial dos utilizadores.1,2 A combinação destes efeitos pode resultar numa sensação de bem-estar, extroversão, desinibição e facilidade de conexão emocional com o outro, o que explica a sua popularidade em determinados contextos sociais.

EPIDEMIOLOGIA

Em Portugal, o consumo de MDMA tem sido uma preocupação crescente, especialmente entre jovens e adolescentes. Segundo o Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas, o uso de MDMA é prevalente em eventos de música

alternativa, refletindo uma tendência global de aumento no consumo de drogas recreativas. Este fenómeno é particularmente preocupante devido à alta frequência da utilização em associação com outras substâncias, como o álcool e outras drogas, potenciando o risco de intoxicações mistas e complicações de saúde graves.3 O consumo de MDMA está frequentemente associado a fenómenos de intoxicação devido à sua natureza imprevisível e à variabilidade na pureza das doses disponíveis no mercado ilegal.4

FISIOPATOLOGIA

E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Os principais efeitos fisiopatológicos do MDMA resultam da sua ação simpaticomimética, com libertação de catecolaminas endógenas como a dopamina e a noradrenalina, assim como um aumento da libertação de serotonina. Estes mecanismos de ação resultam frequentemente num quadro de hipertensão arterial, taquicardia, hipertermia, hiperestimulação e disfunção neurológica (síndrome serotoninérgico) para além de se poder verificar secreção inadequada da hormona antidiurética, manifestando-se por hiponatremia grave.5,6

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

O diagnóstico diferencial de intoxicação por MDMA em contexto pré-hospitalar pode constituir um desafio, dada a limitação de meios complementares de diagnóstico disponíveis. Contudo, um nível de suspeita elevado por parte da equipa, nomeadamente em vítimas e contextos epidemiológicos associados ao seu consumo e a identificação de comprimidos junto da vítima ou mencionados por testemunhas, podem ser um indicador importante. Ainda assim, importa serem consideradas outras causas para os sinais e sintomas presentes, como outras drogas simpatomiméticas (metanfetaminas ou cocaína), sépsis, encefalite e distúrbios metabólicos como a hipoglicemia.1,5

ABORDAGEM DA VÍTIMA

A abordagem inicial de uma vítima de intoxicação por MDMA em contexto pré-hospitalar deve seguir rigorosamente o protocolo do exame primário (ABCDE) e englobar uma colheita de dados (CHAMU) o mais completa possível.

A permeabilidade da via aérea poderá estar comprometida pela depressão do nível de consciência, induzida pela hiponatremia severa, sendo a

entubação em sequência rápida a opção recomendada. Não é expectável a presença de hipoxia.

A hipertensão arterial severa deverá ser tratada em primeira linha com benzodiazepinas. No caso da hipertensão refratária, a segunda linha de atuação passa pela administração de nitroprussiato de sódio e bloqueadores dos canais de cálcio e beta-bloqueantes, como o labetalol, embora com menor nível de recomendação por potenciais efeitos adversos. É fundamental a realização de uma eletrocardiograma de 12 derivações de forma a identificar arritmias, eventuais eventos de isquemia ou outras alterações. A taquicardia deverá ser tratada de acordo com o algoritmo das taquidisritmias. Na presença de sinais de isquemia aguda está indicada a administração de aspirina e nitroglicerina, para além das medidas de controlo de hipertensão referidas.

A administração indiscriminada de fluídos pode agravar a hiponatremia, pelo que está recomendada a realização de fluidoterapia com cloreto de sódio isotónico apenas para atingir a euvolémia, não devendo a frequência cardíaca servir de referencial para determinar o endpoint da hidratação. É imprescindível a avaliação da glicemia capilar e realização de gasimetria arterial se disponível. Na presença de disfunção neurológica, nomeadamente agitação severa ou convulsões, está recomendada exclusivamente a administração de benzodiazepinas e a correção da hiponatremia com cloreto de sódio a 3%.

A exposição da vítima e o arrefecimento ativo é fundamental para combater a hipertermia (> 41ºc), o qual pode ser complementado pela administração de benzodiazepinas. Na primeira hora após a ingestão de MDMA está indicada a administração de carvão ativado, desde que não exista depressão do nível de consciência ou a via aérea esteja protegida por um tubo endotraqueal.5,7 Convém referir a importância da vigilância contínua, de forma a identificar e tratar possíveis complicações subsequentes, como hepatite tóxica, insuficiência renal induzida por rabdomiólise secundária à hipertermia e encefalopatia ou transtornos de saúde mental associados ao uso de drogas recreativas, que poderão ter um impacto nefasto no desenvolvimento psicológico de crianças e adolescentes.4

O Centro de Informação Anti Venenos (CIAV) do INEM é um serviço complementar de bastante utilidade disponível em qualquer situação de intoxicação, a quem o profissional deverá recorrer perante qualquer dúvida.

CONCLUSÃO

A intoxicação por uma substância que se apresenta frequentemente como difícil ou até mesmo de impossível identificação, aliada à limitação de meios complementares de diagnóstico e a ausência de antídoto específico colocam nos profissionais de saúde uma exigência acrescida. Ressalva-se assim, a importância de um CHAMU de qualidade e a aplicação do protocolo ABCDE de forma rigorosa

BIBLIOGRAFIA

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2. Kalant, H. (2001). The pharmacology and toxicity of “ecstasy” (MDMA) and related drugs. CMAJ, 165(7), 917-928

3. Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (Sicad). (2022). Inquérito Nacional ao consumo de substâncias psicoativas na população geral Portugal 2022.

4. Samhsa. (2024). Overdose Prevention and Response Toolkit.

5. Hoffman, R. (2023). MDMA (ecstasy) intoxication. Consultado em: 2024, julho 20. Disponível em: https://sso.uptodate.com/contents/mdma-ecstasy-intoxication/print?search=mdma&source=search_result&selectedTitle=1% 7E106&usage_ type=d%E2%80%A6

6. UCSF Hospitalist Handbook. (2024). MDMA (Ecstasy) Intoxication.

7. DrugAbuse. (2024). Ecstasy Overdose Symptoms, Signs, & Treatment.

Interno de Formação Especializada em Anestesiologia ULS Algarve

MÓNICA VIEIRA DA FONSECA VMER Faro e Albufeira INEM – CODU DRS
EDITORA
LUIS MIGUEL COSTA
EDITOR

REABERTURA DA DELEGAÇÃO REGIONAL DO ALGARVE DO INEM

1Psicóloga,

2Técnico Superior, INEM,

3 Enfermeiro Gestor, INEM;

4 Delegação Regional do Algarve do INEM, Portugal

Falar da Delegação Regional do Algarve, do INEM, ou DRA, como é habitualmente chamada, implica falar, obrigatoriamente, do que representa o INEM como um todo, para o país, dado que estamos a falar do organismo do Ministério da Saúde responsável pela coordenação do “funcionamento, no território de Portugal Continental, de um Sistema Integrado de Emergência Médica, de forma a garantir aos sinistrados ou vítimas de doença súbita a pronta e correta prestação de cuidados de saúde. A prestação de cuidados de emergência médica no local da ocorrência, o transporte assistido das vítimas para o hospital adequado e a articulação entre os vários intervenientes do Sistema, são as principais tarefas do INEM. Através do número europeu de emergência – 112, o INEM dispõe de múltiplos meios para responder com eficácia a situações de emergência médica” (INEM).

Durante largos anos, o INEM dispunha de quatro delegações regionais (Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, e Algarve), no entanto, em 2012, numa altura que o país enfrentava uma crise económica,

foram fundidas a delegação de Lisboa, Vale do Tejo e Alentejo com a delegação do Algarve, dando origem a uma delegação de enorme dimensão, que abrangia mais de metade do território nacional, entre a Ilha do Farol e Fátima.

Se é certo que somos um país pequeno, também é certo que temos um território de características dispares, e com necessidades diferentes, que não se coadunam com a vontade, ou necessidade, de ter serviços concentrados, e longe. O Algarve é um local com características muito particulares, especialmente porque temos uma serra extraordinária, que nos protege de um clima mais rigoroso, proporcionando-nos dias amenos, e convidativos todo o ano, e ainda temos a sorte de ter uma linha de costa extensa, na ordem dos 200km, a sul e oeste, toda ela banhada por um oceano Atlântico, já com influências das águas quentes do Norte de África e Mediterrâneo. Esta é a receita para uma forte presença de turistas todo o ano, e em especial na época de verão, em que triplicamos a população, passando dos cerca de 500 mil residentes fixos, para aproximadamente

1 500 000 pessoas, já para não falar de todos os que cruzam a região em direção à nossa vizinha Espanha, quer porque optam por usar o Aeroporto Internacional Gago Coutinho que processa aproximadamente 10 milhões de passageiros por ano.

Torna esta região ímpar na exposição mediática internacional, identificado como um destino turístico de referencial mundial. Esta é a receita que justifica a reabertura da Delegação Regional do Algarve, pois é importante estar próximo, e poder disponibilizar um serviço de qualidade, que só é conseguido quando percebemos intrinsecamente as necessidades de uma região tão eclética, situação que o poder central reconheceu.

Dizer que já estamos lá ainda não é possível, porque ainda é necessário dotar com recursos humanos e materiais, mas para lá caminhamos. As recentes instalações construídas para a função que desempenhamos e com condições para evoluir. Passámos a ter um centro de decisão de proximidade, com conhecimento da nossa realidade, e estamos mais próximos dos nossos parceiros.

Sónia Sousa1 4, Paulo Martins2 4, Vasco Monteiro3 4

Temos uma carteira de serviços com condições para crescer, e responder de forma mais especifica e particular às necessidades, sendo a aposta na formação uma mais-valia, só possível pelas condições físicas, entretanto criadas, mas também pelas sinergias existentes com os diferentes stakeolders da região.

A descentralização da Delegação Regional do Algarve, a 1 abril de 2023, foi sem dúvida uma aposta

ganha, que acrescenta valor a uma região dinâmica e com um pulsar jovem, em franco crescimento quer humano, quer financeiro, e pretendese que venha a ter a capacidade para responder a todos os desafios que se esperam do futuro, contribuindo para que o Algarve se mantenha como um destino turístico cada vez mais seguro

CATARINA TAVARES
Enfermeira VMER
Heli INEM
EDITORA

FÁRMACO REVISITADO

HALOPERIDOL

INTRODUÇÃO

O haloperidol é um antipsicótico típico de primeira geração pertencente ao grupo das butirofenonas, que atua como antagonista de alta afinidade do recetor de dopamina tipo 2 (D2). Nas doses recomendadas tem forte atividade anti-D2, baixa atividade anti-alfa-2-adrenérgica e não tem atividade antihistaminérgica ou anticolinérgica. Em doses altas tem atividade nestes últimos recetores, com mais efeitos adversos.1-4

Formas de apresentação e conservação: intramuscular (IM): 100 mg/ml depot; endovenosa (EV) e IM de libertação imediata: 5 mg/1 ml; solução oral: 2 mg/ml; comprimido: 1 mg e 5 mg.

Conservação: a solução injetável não necessita de precauções adicionais de conservação. Os comprimidos e a solução oral devem ser conservados a temperaturas inferiores a 30ºC, e esta última não deve ser congelada nem ter contato direto com luz solar.4,5

Posologia e modo de administração: Em contexto pré-hospitalar é

utilizado para o controlo da agitação psicomotora, seja em situação de psicose ou não, sendo a sua administração off-label. Em adultos, a agitação é controlada com doses de 2-5 mg IM a cada 4-8 horas, num máximo de 20 mg/dia. Não é recomendada a administração por via EV devido ao maior risco de efeitos adversos. Também é usado por via oral em doses de 0,5-10mg a cada 1-4 horas, num máximo de 40mg/dia.5,6

FARMACOCINÉTICA

Existe uma elevada variabilidade interindividual na farmacocinética do haloperidol e na relação entre a concentração e o efeito. Biodisponibilidade – Por via oral o haloperidol tem uma biodisponibilidade entre 60-70%, e por via IM de 100%. O pico plasmático ocorre por via oral entre as 2-6 horas; por via IM de libertação imediata em 20 minutos; e por administração IM depot em 6 dias. Volume de distribuição – O fármaco tem volume de distribuição de 8-21 l/ kg, 88-92% circula ligado a proteínas plasmáticas, atravessa facilmente a barreia hematoencefálica e placentar,

e é excretado no leite materno.

Metabolização - O haloperidol é quase completamente metabolizado no fígado, via CYP3A4 e CYP2D6. As principais vias metabólicas incluem glucuronidação, redução de cetonas, N-desalquilação oxidativa e formação de metabolitos de piridínio.

Semivida - As semividas plasmáticas de eliminação do Haloperidol são de 24 ± 9 horas após administração oral, de 14 ± 3 horas após administração IM e de 3 semanas na administração IM depot

Eliminação – A eliminação é feita na maioria pela urina e bílis, através dos metabolitos resultantes da sua metabolização. Cerca de 30% do haloperidol é eliminado pela urina na forma de metabolitos, 3% eliminado pela urina na forma não alterada e 21% é eliminado através dos seus metabolitos nas fezes. Existe uma variabilidade interindividual de depuração de 44%.2-5

FARMACODINÂMICA

Tem a sua ação farmacológica pelo bloqueio da sinalização dopaminérgica na via mesolímbica. Também provoca uma sedação psicomotora eficaz, que o torna um

fármaco útil no controlo de agitação psicomotora em contexto pré e intra-hospitalar. O bloqueio alfa-1adrenérgico está associado a tonturas, sedação e hipotensão. O bloqueio dopaminérgico nos gânglios da base causa os efeitos extrapiramidais, na hipófise anterior causa hiperprolactinemia e na área postrema causa diminuição de náuseas e vómitos.4,6

Indicações terapêuticas: O objetivo do seu uso é o tratamento de sintomas positivos da psicose e controlo de comportamento violento ou agressivo. As suas principais indicações são: psicose aguda, síndrome de Tourette e esquizofrenia. É terapêutica de segunda-linha em perturbações graves do comportamento e hiperatividade em crianças, perturbações comportamentais de demência e doença bipolar. O seu uso em contexto pré-hospitalar é off-label para controlo de agitação psicomotora com agressividade.2,6

Contra-indicações: Hipersensibilidade ao haloperidol, hipersensibilidade conhecida a fármacos que contenham butirofenona, doença de Parkinson, demência de corpos de Lewy, paralisia supranuclear progressiva, estados comatosos e condições com depressão do sistema nervoso 2,4,5

Efeitos Adversos: A ação do haloperidol não é específica de D2 e tem efeito noutros recetores (como outros dopaminérgicos, muscarínicos, histaminérgicos, alfa-adrenérgicos e serotoninérgicos)

que está relacionado com o seu perfil de efeitos adversos. Os efeitos adversos são mais frequentes e intensos quanto maior a dose administrada e a concentração plasmática. Os mais comuns são os sintomas extrapiramidais pelo seu bloqueio dopaminérgico D2 na via nigroestriatal numa incidência de 34% (distonia aguda - o mais precoce, acatísia, síndrome maligno dos neurolépticos, parkinsonismo, discinesia tardia), efeitos anticolinérgicos (Hipertermia, xerostomia, sedação, obstipação, retenção urinária e diminuição da sudorese, aumento ponderal, disfunção erétil, galactorreia e amenorreia). Os efeitos pouco frequentes são hipotensão ortostática, opacidade da lente ocular no uso prolongado e outros sintomas mentais como agitação, ansiedade, alterações do humor, insónia, fraqueza, confusão, entre outros. Os efeitos incomuns são prolongamento do intervalo QT e torsades de pointes, prurido generalizado, diarreia, reações de fotossensibilidade e discrasia hemorrágica. Os efeitos adversos raros são colestase, priapismo e convulsões.2,4,6

Interações medicamentosas: A coadministração de haloperidol com inibidores de CYP3A4 (alprazolam, cetoconazol, itraconazol e nefazodona) e CYP2D6 (antidepressivos tricíclicos, clorpromazina, prometazina, paroxetina, quinidina, sertralina e venlafaxina) causa aumento das concentrações plasmáticas do haloperidol e maior risco de reações adversas. Inibidores de ambas as

enzimas são a fluvoxamina, fluoxetina e ritonavir. Indutores de CYP3A4 têm o potencial de reduzir as concentrações séricas de haloperidol, como a carbamazepina, fenobarbital, fenitoína, rifampicina e hipericão. Há casos reportados de encefalopatia por neurotoxicidade causada por lítio, quando tomado simultaneamente. Adicionalmente, pode: diminuir eficácia de agonistas de dopamina; aumentar o efeito de antihipertensores; ter efeitos aditivos com depressores do sistema nervoso central; pode aumentar a pressão intraocular quando tomado com fármacos anticolinérgicos; reduzir o efeito de anticoagulantes; pode interagir causando hipotensão junto com alguns fármacos vasopressores (adrenalina).2,4,6

Populações especiais:

Gravidez – Não existem estudos controlados, mas existem relatos de casos de malformações de membros nos filhos de mães sob toma de haloperidol. A sua administração deve ser considerada se os benefícios ultrapassarem os riscos potenciais para o feto. Risco categoria C.

Aleitamento – Causa galactorreia por hiperprolactinemia e é excretado no leite materno. Por isso, as mães são aconselhadas a deixar de amamentar ou suspender o fármaco.

Pediatria – Já não é usado como fármaco de primeira linha para perturbações de comportamento, mas pode ser considerado em casos refratários e complexos. Nesse caso, a dose a considerar é de 0,05 a 0,075 mg/kg/d via oral. Não recomendado a

menores de 3 anos. Por via IM não é recomendado a menores de 18 anos.

Idosos – As concentrações plasmáticas são mais elevadas nesta população, por uma depuração mais baixa e semivida mais longa. É considerado um fármaco de alto risco nesta população e por isso deve ser usado na menor dose e menor duração possíveis. A dose máxima recomendada é de 5mg/dia (IM).

Insuficiência renal – Não necessita de ajuste de dose, mas é recomendada precaução na sua toma.

Insuficiência hepática – Pode haver aumento dos níveis plasmáticos pela redução da ligação a proteínas plasmáticas. Não existem recomendações específicas, mas na toma IM sugere-se precaução e redução da dose para metade.2,4,6

TAKE HOME MESSAGES

• O haloperidol é um antipsicótico típico, com forte bloqueio D2, usado no tratamento de sintomas positivos da psicose e controlo de comportamento violento ou agressivo;

• É usado em contexto préhospitalar para controlo de agitação psicomotora e agressividade pela sua sedação eficaz;

• Tem muitos e frequentes efeitos adversos importantes, sobretudo extrapiramidais, mas também anticolinérgicos

BIBLIOGRAFIA

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3. Hemmings, H. C., & Egan, T. D. (2018). Pharmacology and physiology for anesthesia

4. Haloperidol 5mg/mL – RCM. Infarmed.pt, 2018. Disponível em: “https://www.infarmed.pt/ documents/15786/2323439/Haloperidol++RCM.doc/e1c6c7fe-3975-4723-be6c2b329a152807”.

5. Haloperidol. Indice.eu, 2021. Disponível em: https://www.indice.eu/pt/medicamentos/DCI/ haloperidol/informacao-geral acesso em: 12 de set. de 2024.

6. Stahl SM. Prescriber’s Guide: Stahl’s Essential Psychopharmacology. 7th ed. Cambridge University Press; 2020. https://doi. org/10.1017/9781108921275

CATARINA MONTEIRO Médica VMER
EDITORA

JOURNAL

1Médica de Medicina Intensiva, UCI CR-ECMO, Unidade Local de Saúde de São José, Médica SHEM-Algarve

https://orcid.org/0000-0002-5587-0842

INTRO DUÇ ÃO

A administração intranasal (IN) de fármacos é uma forma rápida, segura, não invasiva de administrar fármacos vitais em situações em que o acesso intravenoso (IV) e a administração intramuscular (IM) são desafiantes ou não desejados1 como, por exemplo, em ambiente pediátrico. Em ambiente pré-hospitalar, esta pode ser uma alternativa essencial em situações críticas, incluindo na gestão de traumas, convulsões e doentes agitados.1 A anatomia nasal permite a absorção eficiente do fármaco através da sua grande área superficial de capilares 2. Também ocorre absorção de fármaco através do neuroepitélio olfactivo para o LCR. 3 Em conjunto, isto permite uma absorção directa, uma biodisponibilidade previsível e um rápido início de acção. 2

A administração de fármacos pela via IN demonstrou ter uma farmacocinética favorável quando a administra-

ção é optimizada com um dispositivo que dispersa o medicamento para a passagem nasal sem assistência do doente. Este método fornece uma dose IN previsível, enquanto a dosagem IM depende da administração no músculo, o que pode ser difícil de localizar em doentes com excesso de peso.4 Em comparação com a administração de fármacos IV, na IN a administração de fármacos é mais rápida, especialmente quando são necessárias múltiplas tentativas de acesso intravenoso ou em populações de doentes com acesso

VANTAGENS

Administração mais rápida de fármacos

Boa biodisponibiliadade

Menor capacidade técnica, sem necessidade de acesso endovenoso

Sem risco de lesão aguda

habitualmente difícil, como pediatria ou consumidores crónicos de drogas intravenosas. As vantagens e desvantagens da administração de IN estão resumidas na Tabela 1.3,5

A indicação para a utilização de fármacos IN em meio hospitalar aumentou.5 Foi demonstrado que o tempo até à administração do Fentanilo IN é menor que a morfina IV em crianças com fracturas de ossos longos.10 No entanto, não é claro quais são os standards para os fármacos IN no ambiente pré-hospitalar (Midazolam, Cetamina, Fentani-

DESVANTAGENS

Máximo de volume a administrar em cada narina cerca de 0,5 mL em cada narina limita a capacidade da dose a administrar

O uso recente de vasoconstritores nasais limita a absorção

Contraindicado pelo trauma maxilofacial e epistaxis

A absorção de drogas pode ser afectada pela redução da clearance mucociliar (rinite, secreções, fibrose quística, pólipos nasais)

Pode causar irritação nasal

Tabela 1. Adaptado de Bowman et al., Vantagens e desvantagens da administração intranasal.

lo, Morfina, Glucagon e Naloxona).

O objectivo desta revisão sistemática foi avaliar a evidência actual da utilização de fármacos IN apenas no ambiente pré-hospitalar, e a sua eficácia (efeito analgésico/sedativo, reversão da toxicidade/hipoglicémia), os efeitos adversos e a dosagem óptima do medicamento por via IN.

MÉTODOS

Foi realizada uma revisão sistemática da literatura reportando a utilização pré-hospitalar dos seguintes fármacos intranasais: Midazolam, Cetamina, Morfina, Diamorfina, Fentanilo, Naloxona, Glucagon.

Esta revisão sistemática foi realizada de acordo com as directrizes:

Preferred Reporting Items for Meta-Analyses (PRISMA). A pesquisa nas bases de dados electrónicas PubMed, Web of Science, OVID Medline, “Cochrane Central Register of Controlled Trials”, Cochrane Reviews e Embase foi realizada de forma independente por dois revisores. Foram incluídos todos os ensaios clínicos randomizados (ECR), estudos de coorte observacionais, séries de casos e relatos de casos que avaliaram os fármacos IN listados em qualquer população de doentes pré-hospitalares. “Pré-hospitalar” foi definido como qualquer doente que recebe uma dose inicial de medicação pela equipa de emergência fora do hospital. O termo “pessoal de emergência” incluía qualquer médico de serviço médico de emergência com formação médica, como paramédicos, médicos, enfermeiros, técnicos de montanha e de combate, mas excluía polícias e outros técnicos sem formação

médica formal.

As avaliações dos resultados foram realizadas em vários momentos após a administração do medicamento. Foram utilizadas várias escalas de dor para avaliação dos fármacos analgésicos administrados, incluindo uma escala de avaliação numérica verbal (VNRS) ou Wong Baker Faces Rating (WBFR). Outras ferramentas validadas que foram utilizadas incluem a Escala FLACC (Face, Legs, Activity, Cry, Consolability), para crianças dos 2 meses aos 7 anos e a escala visual analógica (VAS).

RESULTADOS

Após a exclusão dos trabalhos duplicados, foram avaliados 2.749 estudos, tendo sido incluídos um total de 39 estudos. No total, 24.097 doentes foram tratados com fármacos IN: 3.319 doentes com midazolam, 156 doentes com cetamina, 16.650 doentes com fentanilo, 18 doentes em uso de diamorfina, 0 doentes com morfina, 45 doentes com glucagon e 3.909 doentes com naloxona.

Dos 39 estudos incluídos, 5 eram de qualidade moderada, 4 eram de baixa qualidade e 39 eram de qualidade muito baixa.

MIDAZOLAM

Foram encontrados sete estudos observacionais para o midazolam IN; seis indicados para a abordagem de convulsões e um para emergências comportamentais. Não foram encontrados ECR, mas três dos estudos focaram-se numa população exclusivamente pediátrica (<18 anos).

Shavit et al. e Whitfield et al. compa-

raram o midazolam IN com outras vias de administração, incluindo IV e IM, enquanto Holsti et al. compararam ao diazepam rectal. Apesar de todos os artigos utilizarem regimes posológicos iniciais de IN com base em diferentes pesos, Shavit et al. e Whitfield et al. reportaram odds ratios (OR) ajustadas por idade semelhantes, e os doentes com IN que necessitaram de uma nova dose em comparação com vias de administração alternativas [1,65 (IC 95% 1,13–2,42) e 2,0 ( IC 95% 1,5–2,5), respetivamente]. Dos doentes que necessitaram de nova dose, foram notificadas taxas mais elevadas de necessidade de suporte respiratório. Em Shavit et al., 1,6% de todos os doentes que necessitaram de uma segunda dose de medicação IV, IM ou IN necessitaram também de ventilação manual, aumentando para 42,5% se fossem necessárias quatro ou mais doses. Para Whitfield et al., a OR ajustada para a idade para a ventilação manual (IN vs. IM/IV/IO) foi de 1,1 (IC 95% 0,7–1,7, p1⁄40,6).

Holsti et al. verificaram que o tempo médio de convulsão foi 19 minutos superior para o diazepam rectal do que para o midazolam IN (p 1⁄4 0,003), sugerindo que o midazolam IN foi superior ao diazepam rectal. Os restantes três estudos que investigaram a eficácia do midazolam IN em populações adultas tiveram resultados semelhantes aos estudos pediátricos, sugerindo que o midazolam IN era inferior a outras vias para o tratamento das crises. Guterman et al. verificaram que o risco de terapêutica de resgate foi maior para o midazolam IN em comparação com o IM (diferença de

risco 6,5%, IC 95%: 2,4–10, 5), embora como Shavit et al. e Whitfield et al., o momento das convulsões e da administração de fármacos não foi registado. Theusinger et al. reportaram a cessação das crises sem recorrência como desfecho primário com uma dose única de diazepam IV com sucesso em 98%, em comparação com 57% para o midazolam IV e 64% para o midazolam IN (p 1⁄ 4 0,001). No entanto, Guterman et al concordaram que doses mais elevadas de midazolam IN tinha menor probabilidade de necessitar de terapêutica de resgate [OR não ajustado 0,8 (IC 95%: 0,7–0,9), Diferença de risco -11 ,1% (IC 95%: -3,3 a -1,9), respetivamente]. Theusinger et al. também compararam os resultados de adultos com uma pequena população pediátrica, mostrando que a primeira dose IN de midazolam foi mais bem sucedida em crianças em comparação com adultos (100 vs. 64%, p 1/4 0,012).

CETAMINA

Apenas cinco estudos foram identificados para investigar a eficácia da cetamina IN como analgésico: um ECR, dois estudos observacionais de base militar, uma série de casos e um caso clínico pediátrico. Andolfatto et al. avaliaram o efeito da cetamina IN no alívio da dor aguda em comparação com um placebo IN, utilizando a VNRS para classificar a dor de 0 a 10 em adultos. Verificaram que 76% dos doentes com cetamina IN versus 41% dos doentes com placebo IN apresentaram uma redução de 2 pontos na VNRS em 30 min (diferença de 35%, p 1⁄4 0,002), demonstrando a superioridade da cetamina IN em relação ao

placebo. Todos os eventos adversos notificados foram minor. Apesar do estudo ter sido duplamente cego, o tamanho da amostra foi relativamente pequeno e não houve comparação com cetamina IV. Nos estudos militares compararam a cetamina IN com outras vias de administração, mas foram retrospectivos e apenas observacionais. Dubecq et al avaliaram a analgesia eficaz utilizando a escala WBFR em 0-10 minutos antes e 10-15 minutos após a administração, verificando que 78% de resposta no grupo IN tinham uma pontuação WBFR <3 em 10 minutos e não necessitavam de acesso endovenoso. Além disso, os doentes com administração IN apresentaram lesões mais graves que os doentes com administração IV (28,2 vs. 16,4, p < 0,05), e potencialmente mais difíceis de conseguir controlar a dor. Bebarta et al. compararam as diferentes vias de administração e doses de cetamina administradas os doentes com lesões, tendo verificado que uma dose inicial de 50 mg de cetamina IN seria provavelmente eficaz, uma vez que não era necessária nova administração.

FENTANILO

Foram incluídos 12 estudos que avaliaram o fentanilo IN como analgésico. Apesar da variação substancial nos outcomes primários, nas populações pediátrica e adulta em ambientes pré-hospitalares, o consenso entre os estudos foi amplamente a favor do uso pré-hospitalar de fentanilo IN como analgésico alternativo, com um perfil de efeitos secundários seguro, mas é de salientar que não houve uma

recomendação clara na substituição como primeira linha de administração, a via IN.

Bendall et al. e Lord et al., ambos avaliaram doentes pediátricos <15 anos. No primeiro, avaliaram a analgesia eficaz (redução de 30% da VNRS inicial) do fentanilo IN em comparação com a morfina IV, tendo constatado que 89,5% dos doentes com fentanilo IN atingiram eficácia analgésica sem diferença clínica comparando com morfina IV ( OR 1,21, 95). IC%: 0,74–2,01). No segundo, compararam o uso de fentanilo IN antes e depois da alteração das guidelines, determinando a analgesia eficaz como uma redução >2/10 da VRNS. Constatou-se que o uso de fentanilo aumentou de 2,1 para 30,6% e as taxas registadas de analgesia eficaz aumentaram de 88,1 para 94,2% (p < 0,0001) pós-intervenção (OR 2,33 , p < 0,0001).

Rickard et al. foi o único estudo randomizado presente, e os autores mediram a diferença entre a VNRS inicial e final do fentanilo IN vs morfina IV em adultos. Não houve diferença significativa entre os dois grupos – a redução média da VNRS para o IN do fentanilo foi de 4,22 (IC 95%: 3,74–4,71), em comparação com a morfina IV de 3,57 (IC 95 %: 3,10–4,03, p 1⁄4 0,08). O perfil de segurança e a aceitação foram comparáveis à morfina intravenosa; no entanto, os resultados deste ensaio são limitados pelo facto de não ter sido cego.

MORFINA/DIAMORFINA

Não foi encontrado nenhum estudo que avaliasse a morfina. Ellerton et al. investigaram os efeitos da

diamorfina IN vs outros agentes analgésicos (incluindo Entonox, opióides IM/IV, analgesia oral e pastilhas de fentanilo) classificados como “intermédios” em eficácia, e cerca de 40% dos doentes que receberam diamorfina IN, tendo alcançado uma redução >50% na VRNS em 15 minutos, aumentando para 50% na transferência, enquanto os opióides IV foram classificados como os melhores (55% alcançaram uma redução > 50% em VRNS aos 15 minutos, aumentando para 85% na transferência). Nenhum evento adverso grave foi registado.

GLUCAGON

Apenas dois estudos avaliaram a eficácia do glucagon IN. Haamid et al analisaram retrospectivamente os dados de 44 casos em que o glucagon IN foi utilizado exclusivamente para tratar a hipoglicemia. No geral, 62% dos doentes tiveram “melhoria substancial” ou “ligeira melhoria” do estado neurológico durante o tratamento. Embora a glicémia tenha sido medida antes e depois do tratamento, o outcome primário baseou-se na impressão do técnico de saúde de melhoria clínica. Sibley et al. relataram o primeiro sucesso do uso de glucagon IN pré-hospitalar num doente de 39 anos com hipoglicemia induzida por insulina e difícil acesso intravenoso. Ao responder apenas à dor, o doente melhorou o estado de alerta, a comunicação e os níveis de glicose no sangue após o tratamento. Nenhum dos estudos comparou diretamente o glucagon IN com o tratamento habitual.

NALOXONA

Foram encontrados doze estudos que investigavam a naloxona IN. Embora todos os estudos tenham avaliado o efeito da naloxona IN na reversão dos opióides, os estudos apresentaram pontos de comparação, outcomes primários e conclusões diferentes. Sete estudos reportaram não inferioridade e três inferioridade.

Foram realizados três ECR. Kerr et al e Kelly et al. compararam 2 mg de naloxona IN com 2 mg IM (não cego) em adultos com resultados primários e secundários semelhantes, em contextos paralelos; os primeiros autores não encontraram diferença no tempo médio de resposta observado [IN 8,0 vs. diferença 0,1 (IC95%: −1,3 a 1,5)], enquanto os segundos autores verificaram que o grupo IN necessitou de um tempo médio significativamente mais longo para atingir recuperação da respiração espontânea (>10 respirações por minuto, IN 8 minutos (IC 95%: 7–8) vs. IM 6 minutos (IC 95 % : 5–7), p 1⁄4 0,006).

Embora ambos os estudos tenham reportado taxas globais semelhantes de reversão bem-sucedida da toxicidade (Kerr 82% vs. Kelly 74%), existe uma discrepância óbvia entre os tempos de resposta. Nenhum dos estudos reportou quaisquer eventos adversos importantes. Ao contrário de Kerr e Kelly et al., Skulberg et al num ECR duplamente cego que se propôs avaliar o efeito de 1,4 mg de naloxona IN contra 0,8 mg IM, a naloxona IN mostrou inferioridade compararivamente à naloxona IM na recuperação da respiração espontânea [80% IN vs. 97% IM, diferença de risco 17,5% (IC 95%: 8,9–26,1)].

Tanto Skullberg et al. e Kerr et al

salientaram um maior risco da necessidade de doses resgate de naloxona por via IN em comparação com a IM, 19,4% (IC95%: 9–29,7) e 13,6% (IC95%: 4,2–22,9), respetivamente, Maloney et al. e Kelly et al descrevem um risco reduzido de eventos adversos em comparação com outras vias de administração.

DISCUSSÃO

Esta revisão sistemática avalia o uso de medicação intranasal apenas no ambiente pré-hospitalar, demonstrando que este método de administração pode ser viável, mas são necessários mais trabalhos para demonstrar rigorosamente a sua não inferioridade.

As revisões anteriores concluíram que o midazolam, a cetamina, o fentanilo e o glucagon IN podem ser uma alternativa eficaz, segura e bem tolerada a outras vias de administração tanto no serviço de urgência como no ambiente pré-hospitalar.1,2,5 O midazolam IN demonstrou ser maioritariamente inferior ao IV e IM, mas superior ao diazepam rectal. No entanto, não foi considerado melhor que o diazepam IV no pré-hospitalar. Em caso de acesso intravenoso impossível, a IN pode ser uma alternativa mais segura. Dos estudos que avaliaram a cetamina IN, todos demonstraram utilidade na utilização como analgésico seguro. No entanto, são necessários mais estudos com amostras maiores e comparações com outros fármacos para confirmar estes resultados. O fentanilo IN parece ser um analgésico pré-hospitalar eficaz, particularmente em doentes pediátricos, com bom perfil de efeitos secundários nos estudos

incluídos, com a análise da literatura a sugerir que o único efeito adverso directamente relacionado com a administração de IN parece ser a irritação da mucosa. Além disso, existe algum consenso de que os benefícios da administração IN podem superar a analgesia IV, compensando a necessidade canalização de acesso intravenoso e reduzindo o tempo de permanência no local.

As conclusões sobre a eficácia do glucagon IN em meio pré-hospitalar são também limitadas pelas amostras pequenas nos estudos reportados.

No geral, a maioria dos estudos sobre naloxona IN, reportaram não inferioridade com um bom perfil de segurança. No entanto, tem havido uma variação substancial nos tempos de resposta entre estudos semelhantes, com alguns estudos a reportarem taxas mais elevadas de terapêutica de resgate. A razão para tal é desconhecida. Tal como aconteceu com o fentanilo IN, o tempo total desde o contacto inicial com o doente até à resposta à naloxona IN foi semelhante ao IV, sugerindo algum benefício na administração de IN. São necessários mais estudos para confirmar estes resultados, mas, poderá ser uma vantagem na utilização da naloxona no IN pré-hospitalar.

CONCLUSÃO

A administração intranasal de fármacos no ambiente pré-hospitalar parece viável, no entanto, estão bastante limitados pela qualidade da evidência disponível. No geral, a eficácia reportada do fentanilo IN e da cetamina IN pareceu ser demonstrada de forma consistente ao longo dos estudos, com evidência menos clara para o midazolam, diamorfina, glucagon e naloxona. São necessários ECR robustos, prospectivos e duplamente cegos em ambiente pré-hospitalar de forma urgente para confirmar os resultados. Ter medicação IN disponível para utilização em ambiente pré-hospitalar pode ser um recurso útil em momentos de ausência, acesso intravenoso difícil ou indesejado

BIBLIOGRAFIA

1. Bailey AM, Baum RA, Horn K, Lewis T, Morizio K, Schultz A, Weant K, Justice SN. Review of intranasally administered medi- cations for use in the emergency department. J Emerg Med. 2017;53(1):38–48. doi:10.1016/j.jemermed.2017.01.020.

2. Corrigan M, Wilson SS, Hampton J. Safety and efficacy of intra- nasally administered medications in the emergency department and prehospital settings. Am J Health Syst Pharm. 2015;72(18): 1544–1554. doi:10.2146/ ajhp140630.

3. Pires A, Fortuna A, Alves G, Falcão A. Intranasal drug delivery: how, why and what for? J Pharm Pharm Sci. 2009;12(3):288–311. doi:10.18433/j3nc79.

4. Nisbet AC. Intramuscular gluteal injections in the increasingly obese population: retrospective study. BMJ. 2006;332(7542):637– 638. doi:10.1136/bmj.38706.742731.47.

5. Rech MA, Barbas B, Chaney W, Greenhalgh E, Turck C. When to pick the nose: out-of-hospital and emergency department intranasal administration of medications. Ann Emerg Med. 2017; 70(2):203–211. doi:10.1016/j.annemergmed.2017.02.015.

ANA RITA CLARA Médica de Medicina Intensiva, UCI CR-ECMO, ULS São José Médica SHEM-Algarve
EDITORA

INFOSAVING - A rubrica de infografias da LIFESAVING.

SUPORTE AVANÇADO DE VIDA NO ADULTO

Caros leitores, É com grande entusiasmo que vos apresentamos a nova edição da Infosaving - Suporte Avançado de Vida no Adulto. Esta é uma competência basilar que todos os profissionais de saúde em ambiente pré-hospitalar devem dominar. As infografias permitem transformar grandes volumes de informação técnica em representações visuais claras, destacando os pontos-chave e organizando dados de maneira lógica e acessível. Este formato apela tanto à memória visual quanto à capacidade de retenção do cérebro,

tornando mais fácil relembrar algoritmos, manobras e diretrizes em situações de pressão. Estudos demonstram que conteúdos visuais são processados pelo cérebro de forma mais eficiente do que texto isolado, o que melhora significativamente a retenção de informação a longo prazo. No contexto médico, isto é particularmente útil para profissionais de saúde que precisam de rever rapidamente procedimentos críticos, garantindo que os conhecimentos adquiridos estejam prontos para aplicação imediata.

Convidamos os leitores da Lifesaving a partilharem e sugerirem temas considerados complexos e relevantes no contexto pré-hospitalar. Comprometemo-nos a transformá-los em conteúdos claros, intuitivos e de fácil compreensão

Luis Miguel Costa1 1Interno de Formação Especializada em Anestesiologia ULS Algarve
LUIS MIGUEL COSTA Interno de Formação Especializada em Anestesiologia ULS Algarve EDITOR

CONTRARIAR

O RITMO DO DIA-A-DIA: A IMPORTÂNCIA DA RESPIRAÇÃO CONSCIENTE

1

Um dos reflexos primordiais do ser humano é o ato de respirar. Ainda dentro do útero, nos últimos meses de gestação verificam-se movimentos do diafragma no feto. Nos primeiros anos de vida, a respiração da criança é sobretudo nasal, lenta e profunda com auxílio do diafragma. Apesar deste reflexo tão natural, por vezes devido a obstrução nasal, alterações anatómicas da face ou em resposta a stress crónico, a respiração passa a ter um predomínio oral, superficial e com uma frequência aumentada.

São várias as diferenças nos padrões da respiração:

• A respiração nasal permite a filtragem de alergénios e microrganismos, o aquecimento e a humidificação do ar e a diminuição da velocidade do mesmo antes deste chegar aos pulmões, otimizando o processo de trocas gasosas e diminuindo a prevalência de infeções. Pela estimulação dos seios nasais, existe uma produção superior de óxido nítrico, vasodilatador, promovendo a circulação sanguínea e com inúmeros benefícios como na oxigenação,

no sistema imunitário, no desempenho cerebral e sexual, entre outras. Por outro lado, a respiração nasal, por estar associada a uma velocidade mais lenta, está associada à estimulação do sistema nervoso parassimpático, promovendo diminuição da tensão arterial, da frequência cardíaca e da temperatura corporal, assim como redução da ansiedade.

• A respiração oral mantém a respiração patente quando o nariz está obstruído e aumenta rapidamente o fluxo de ar quando é necessário (por exemplo durante a prática de exercício físico vigoroso e ou durante um processo infeccioso). No entanto, quando utilizada de forma crónica, está associada ao aumento da velocidade respiratória e consequente ativação do sistema nervoso simpático, com aumento das catecolaminas em circulação. Ao longo do tempo, está associada a alteração da anatomia facial (rosto e palato mais estreitos, dentes desalinhados), a maior tendência para cáries e mau hálito e a um aumento da infeção crónicas dos

seios perinasais por diminuição da ventilação dos mesmos. Durante a noite, aumenta o risco de apneias noturnas e de microdespertares, prejudicando a qualidade do sono.

Assim, respirar pode ser mais do que captar oxigénio e eliminar dióxido de carbono. Para além da respiração nasal, respirar de forma consciente, com foco na expiração completa, favorece o aumento da capacidade pulmonar total, principalmente quando associada à prática de exercício físico. Como verificado no estudo de Framingham, a capacidade pulmonar total é um dos principais preditores para a esperança média de vida, portanto treinar a respiração pode aumentar o número de anos vividos. Para melhorar a capacidade física e cognitiva pode utilizar como adjuvante a respiração, pelo que vale a pena refletir sobre a mesma e se possível melhorá-la. São diversas as técnicas utilizadas para treino da respiração e utilizadas principalmente em desportos como o yoga. Seguem duas sugestões:

• Respiração por narinas alternadas (Nadi Shodhana): em pequenos estudos já tem

demonstrado estar associada a diminuição da frequência cardíaca e tensão arterial. Sugerimos que experimente antes de ir dormir ou de um evento importante para diminuir os sintomas físicos associados à ansiedade. Tape a narina direita com um dedo da mão direita (normalmente o polegar) e inspire muito lentamente através da narina esquerda. Em seguida, tape ambas as narinas brevemente e após uma curta pausa, solte o polegar e expire somente através da narina direita. No final da expiração, tape novamente ambas as narinas e faça uma nova pausa momentânea. Um novo ciclo de respiração inicia-se em seguida, mas agora com a narina esquerda tapada e inspirando suavemente pela narina direita e posteriormente expirando só pela esquerda. Continue neste exercício durante cinco a dez ciclos.

• Respiração de Buteyko: baseiase no prolongamento entre as inalações e expirações, já tendo demonstrado alguns benefícios no aumento da capacidade pulmonar e otimização da oxigenação. Para este método necessita de um relógio. Comece por ficar sentado com as costas direitas e tape ambas as narinas com o 1º e 2º dedo de uma mão. Expire devagar pela boca até à sua capacidade máxima e em seguida sustenha a respiração e contabilize pelo relógio o período que aguenta em apneia. Quando

sentir a necessidade, retome a inspiração descontraidamente. Caso esteja demasiado ofegante durante esta inspiração significa que o período de apneia foi demasiado prolongado e que deve reduzi-lo, não há um tempo mínimo de apneia. Avalie o seu progresso ao longo do tempo

BIBLIOGRAFIA

1. Young, T. Nasal obstruction as a risk factor for sleep-disordered breathing.J Allergy Clin Immunol. 1997 Feb;99(2):S757-62. doi: 10.1016/ s0091-6749(97)70124-6.

2. Hsu, D. et al. Anatomy and Physiology of Nasal Obstruction. Otolaryngol Clin North Am.. 2018 Oct;51(5):853-865. doi: 10.1016/j. otc.2018.05.001.

3. Ashhad, S. Breathing Rhythm and Pattern and Their Influence on Emotion. Annu Rev Neurosci. 2022 Jul 8:45:223-247.

4. Festa, P. et al. Association between upper airway obstruction and malocclusion in mouth-breathing children. Acta Otorhinolaryngol Ital. 2021 Oct;41(5):436-442. doi: 10.14639/0392-100XN1225.

5. Shapiro, P. Effects of nasal obstruction on facial development. J. Allergy Immunol. 1988. Volume 81, Issue 5p967-971

6. Colwell, C. Preventing dehydration during sleep. Nat Neurosci. 2010 Apr;13(4):403-4. doi: 10.1038/ nn0410-403

7. Kannel, W et al. Vital capacity as a predictor of cardiovascular disease: The Framingham Study. American Heart Journal. 1983. Feb;105(2):311-5. doi: 10.1016/0002-8703(83)90532-x.

8. Kalaivani, S. Effect of alternate nostril breathing exercise on blood pressure, heart rate, and rate pressure product among patients with hypertension in JIPMER, Puducherry. J Educ Health Promot. 2019 Jul 29:8:145. doi: 10.4103/ jehp.jehp_32_19. eCollection 2019.

9. Nestor, James. Respira - a nova ciência de uma arte perdida. Pergaminho. 2021. ISBN:978-989687-678-4.

SILVIA LABIZA Enfermeira VMER Heli INEM
EDITORA

O QUE FAZER EM CASO DE...

Tsunami

Rodrigues 1

Na presente edição da LIFESAVING iremos abordar como deverá agir em caso de tsunami, focando nas ações a ter em atenção.

Um tsunami pode suceder após um terramoto, e é um acontecimento assustador que pode levar ao pânico. Neste sentido, é essencial manter a calma e executar gestos simples que podem fazer a diferença.

Antes mesmo do ALERTA de Tsunami, emitido pelas Autoridades Nacionais, SABER reconhecer sinais de alerta naturais pode salvar a sua vida.

Sentiu um terramoto muito forte ou de longa duração? Viu uma subida ou descida súbita do nível do mar?; Ouviu um barulho muito alto ou estranho vindo do mar?

Lembre-se, se IDENTIFAR qualquer destes sinais, a seguir CORRA para locais altos, longe da costa, de rios ou de planícies.

ASSEGURAR CONDIÇÕES DE SEGURANÇA

IDENTIFAR SINAIS DE ALERTA NATURAIS

SENTIU UM TERRAMOTO?

BAIXAR  PROTEGER  AGUARDAR

EM CASA

VÁ para um LOCAL SEGURO como: Vãos da porta (de preferência em paredes mestras); Debaixo de uma mesa ou cama; Cantos de uma sala

FORA DE CASA

Vá para um local “aberto”; Afaste-se dos edifícios, postes de eletricidade, antenas, muros, árvores, etc.;

Ajoelhe e proteja a cabeça com os braços

BAIXAR  PROTEGER  AGUARDAR  e depois CORRA

VIU uma SUBIDA ou DESCIDA súbita do nível do mar?

OUVIU um barulho muito alto ou estranho vindo do mar?

OU recebeu um “ALERTA TSUNAMI”

CORRA para Locais Altos longe da costa, de rios ou planícies

CUIDADO!

• Um tsunami não é só uma onda grande, a primeira onda pode não ser a maior. Muitas ondas e correntes fortes podem se suceder durante horas;

• Permaneça numa área segura até que as Autoridades digam que já é seguro, ou tenha sido declarado o “FIM do ALERTA”.

BIBLIOGRAFIA

1. https://www.ipma.pt/pt/media/noticias/documentos/2021/Folheto_Tsunami.pdf

2. https://www.ceru-europa.pt/pt/downloads/Triptico_BAYWATCH_v2.pdf

3. https://tsunami.ioc.unesco.org/en/what-do

4. https://www.ign.es/web/resources/sismologia/qhacertsu/docs/qhacertsu2_pt.pdf

5. https://fema-community-files.s3.amazonaws.com/hazard-information-sheets/Tsunami-English.pdf

6. https://www.redcross.org/get-help/how-to-prepare-for-emergencies/types-of-emergencies/tsunami.html

7. Programa de edição de fotos: Painnt®

CUIDADO!

SE não conseguir ir para um local alto  Vá para um andar superior (≥ 3º andar), ou telhado de um edifício de betão.

Em ultimo recurso, se for apanhado num ponto baixo, suba a uma árvore;

PRAIA  Corra imediatamente para pontos altos (salve-se a si e não aos seus pertences);

SE for arrastado  Segure-se a algo que flutue;

SE estiver num barco  Navegue para o largo da costa para profundidades superiores a 100 metros (100—400 metros);

SE foi emitido um “ALERTA TSUNAMI”  Nunca vá para a praia ver a chegada das ondas!

EDITOR

ANDRÉ ABÍLIO RODRIGUES
Enfermeiro SIV/VMER
"PRÉ-HOSPITALAR

COMO COMPLEMENTO DA MINHA ATIVIDADE PROFISSIONAL OU EM EXCLUSIVO? QUAL A TUA OPINIÃO

E PORQUÊ?"

“Na minha opinião entendo que deveríamos exercer o pré-hospitalar como complemento da nossa atividade profissional. Mas esta opinião depende também do local / serviço em que desempenhamos funções. Um Enfermeiro deve ter noção do circuito percorrido pelo doente na sua totalidade bem como estar familiarizado com todos os protocolos, técnicas e equipamentos disponíveis ao longo do mesmo, além de que se queremos manter um nível de pró eficiência, devemos manter contato com outras realidades. Para mim que exerço VMER, faz-me sentido continuar a trabalhar numa urgência polivalente. Outros colegas poderão dizer o contrário.”Telma Santos

“Como complemento.”

Daniel N.

“Complemento. Além da falta de reconhecimento profissional e de desgaste pessoal que limitam a exclusividade, a atividade clínica assistencial diária é essencial na prática e aprendizagem médicas.”

Isabel Rodrigues

“Como complemento.”

Inês Simões

“Apesar do pré-hospitalar, (para mim) ser uma atividade bastante aliciante e entusiasmante, e que não me importaria de o fazer de forma exclusiva, tenho de admitir que lidar com outro tipo de doentes, principalmente o doente crítico, traz-me outras "ferramentas", olho clínico, perícia e abordagens que são a minha grande base no pré-hospitalar. No meu caso que trabalho na área da Pediatria, e tendo em conta a pouca casuística no pré-hospitalar neste tipo de doentes, é graças ao intra-hospitalar que me sinto mais à vontade ao abordar estes doentes no pré-hospitalar. Posto isto, sou defensor que o pré-hospitalar deve ser um complemento à nossa atividade profissional.”

Pedro Rodrigues Silva

NOTA DO EDITOR

As respostas obtidas à questão colocada na Tertúlia VMERista são da exclusiva responsabilidade dos intervenientes no "inquérito", e que são opiniões estritamente pessoais, das quais a LIFESAVING necessariamente se demarca...

“Na minha opinião é como complemento que fará mais sentido a atividade de VMER. É mais que certo que ela beneficia muito da experiência que cada um leva da sua atividade intra-hospitalar, e no somatório dessa diversidade a Equipa VMER enriquece mesmo muito. Contudo, e reciprocamente, é no trabalho pré-hospitalar que contactamos com a doença e trauma na sua génese e na sua forma de agudização mais pura e precoce, capacitando-nos de um reconhecimento mais intimista e empático das patologias que tratamos no meio hospitalar”

Bruno Santos

NUNO RIBEIRO Enfermeiro VMER TIP
EDITOR

TESOURINHO

Infelizmente este é um tesourinho como nenhum anterior, relata um erro simples, no momento de pedir socorro, que impede toda a cadeia de sobrevivência. E se bem se recordam esta mesma cadeira é constituída por quatro passos: deteção e alerta -> SBV Precoce -> Desfibrilhação Precoce -> Estabilização/SAV Precoce.

Ora, este tesourinho acontece numa bela manhã de verão, em que a VMER Faro é ativada para uma cidade contigua, para vítima em paragem cardiorrespiratória

Congressos e Cursos

EDITOR

presenciada, feminino de 70 anos. À nossa chegada, bombeiros no local, também acabados de chegar, e o relato da acompanhante é de impossibilidade de contacto com o INEM – “telefonei uma 15 vezes, mas ninguém me atendeu!!!”, sic. Infelizmente à nossa avaliação, e apesar de do inicio de manobras, já tinham passado cerca de 50 minutos, desde a paragem presenciada, e sem nenhum tipo de suporte básico.

Na conversa final com a acompanhante, e com a insistência da parte da mesma, de que não

entende porque o INEM não atendeu, chegamos à conclusão que o primeiro elo da cadeia não foi executado, já que o número para o qual foi feito o pedido foi o 117!. Não o 112, nem o antigo 115, mas sim um número nunca atribuído à emergência médica!!.

Por isso mesmo, este tesourinho relembra algo fundamental, o primeiro elo da cadeia: que o número EUROPEU da emergência médica é o 112!

1º CONGRESSO INTERNACIONAL DE ENFERMAGEM

EM DOENTE CRITICO

8 a 9 de novembro de 2024

Centro Congressos de Aveiro

1º CONGRESSO NACIONAL DE MEDICINA DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

15 a 17 de novembro de 2024

Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, Porto

PEDRO OLIVEIRA SILVA Médico VMER CODU

13 de Outubro de 2024: Mensagem do Secretário-Geral das Nações Unidas, Drº António Guterres, no Dia Internacional para a Redução do

“Neste

Risco de Desastres, com o tema: “O papel da educação na proteção e capacitação dos jovens para um futuro sem catástrofes”

Dia Internacional para a Redução do Risco de Desastres, e todos os dias, devemos às gerações futuras, moldar um amanhã mais seguro e mais resiliente.”

Disponível em: https://www.un.org/en/climatechange/speeches

31 de Outubro de 2024: Jorge Olcina, professor na Universidade de Alicante, no âmbito de uma entrevista acerca das razões que

podem explicar o elevado número de mortos nas inundações de 29 de Outubro em Espanha:

"Teremos de fazer muito mais para melhorar a educação sobre o risco, não só nas escolas, mas também para toda a população, para que saibam como agir em caso de risco imediato."

Disponível em: https://www.dn.pt/8178805267/o-que-pode-explicar-numero-elevado-de-mortos-nas-inundacoes-em-espanha/

EDITOR

PEDRO RODRIGUES SILVA Enfermeiro VMER/TIP
Centro Académico de Investigação e Formação Biomédica do Algar ve

ICE 25

INTERNATIONAL CONGRESS ON EMERGENCY

AUTORIDADE NACIONAL DE EMERGÊNCIA E PROTEÇÃO CIVIL (ANEPC)

O site oficial da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) disponibiliza uma vasta gama de conteúdos relacionados com a proteção civil e a gestão de emergências, sendo divulgado: o número de Ocorrências Ativas a nível nacional; os meios humanos e

materiais envolvidos; e informações relativas à prevenção e preparação da população. É ainda disponibilizada documentação relacionada com a estrutura e funcionamento do sistema de proteção civil em Portugal, e sobre os Serviços e Projetos nesse âmbito

https://prociv.gov.pt/pt/anepc/quem-somos/a-autoridade/

AIRWAY MANAGEMENT ACADEMY

A Airway Management Academy, é uma rede global, sem fins lucrativos, que visa aumentar a segurança na abordagem das vias aéreas. O seu site oficial disponibiliza informação sobre cursos de abordagem básica e

avançada da via aérea para profissionais de saúde. Na sua área multimédia, permite ainda o acesso gratuito a vídeos de treino, webinars, artigos com evidência científica recente e E-books

https://www.airwaymanagementacademy.com/

BRUNO SANTOS Médico VMER
EDITOR

Seguindo a linha orientadora de aplicações com alguma ligação às temáticas dos artigos da revista, apresento nesta edição duas aplicações distintas na sua função.

A primeira surge como um banco de informação acerca de drogas mais ou menos

conhecidas para a população, relatando efeitos, contraindicações e dosagens.

A segunda aplicação surge como uma ferramenta de treino/ jogo onde se aprende que forma de extinção de incendio se deve usar em cada situação.

Aplicação com informação diversificada sobre mais de 200 drogas

https://play.google.com/store/apps/details?id=cc.phk.knowdrugs&hl=pt_PT

EXTINCIÓN DE INCÊNDIOS

Aplicação que permite adquirir conhecimentos sobre os diferentes tipos de incêndio, agentes extintores e o procedimento a seguir em caso de incêndio. Através do uso de Realidade Aumentada, é possível acessar contextos de trabalho que recriam incêndios do tipo A, B ou C. O desafio é selecionar os agentes extintores apropriados e extinguir o incêndio em tempo real, antes ou durante a atividade

https://play.google.com/store/apps/details?id=com.Brainco. PracticaExtintor&hl=pt_PT

EDITOR

PEDRO LOPES SILVA
Enfermeiro VMER
Heli INEM

SUGESTÕES DE LEITURA

Early intramuscular adrenaline administration is associated with improved survival from out-of-hospital cardiac arrest

https://www.resuscitationjournal.com/article/S0300-9572(24)00159-X/fulltext

Palatinus, Helen N. et al., Early intramuscular adrenaline administration is associated with improved survival from out-of-hospital cardiac arrest. Resuscitation, Volume 201, 110266. DOI: 10.1016/j.resuscitation.2024.110266

Initial Defibrillator Pad Position and Outcomes for Shockable Out-of-Hospital Cardiac Arrest

doi:10.1001/jamanetworkopen.2024.31673

Lupton JR, Newgard CD, Dennis D, et al. Initial Defibrillator Pad Position and Outcomes for Shockable Out-of-Hospital Cardiac Arrest. JAMA Netw Open. 2024;7(9):e2431673.

Temporal Trends in End-Tidal Capnography and Outcomes in Out-of-Hospital Cardiac Arrest

A Secondary Analysis of a Randomized Clinical Trial

doi:10.1001/jamanetworkopen.2024.19274

Nassal MMJ, Elola A, Aramendi E, et al. Temporal Trends in End-Tidal Capnography and Outcomes in Out-of-Hospital Cardiac Arrest: A Secondary Analysis of a Randomized Clinical Trial. JAMA Netw Open. 2024;7(7):e2419274.

Prehospital Use of Ketamine Versus Midazolam for Sedation in Acute Severe Agitation

https://doi.org/10.56068/RHLT6550

Johndro, C., Caffyn, S., Chen, J., Bailey, D., Burak, M., Perriello, E., & Youngstrom, D. (2024). Prehospital Use of Ketamine Versus Midazolam for Sedation in Acute Severe Agitation. International Journal of Paramedicine, (7), 23–30.

Evaluation of basic life support interventions for foreign body airway obstructions: A population-based cohort study

https://doi.org/10.1016/j.resuscitation.2024.110258

Evaluation of essential basic life support interventions for foreign body airway obstructions: A population-based cohort study. Dunne CL, Cirone J, Blanchard IE, et al. Available on-line at: https:// doi.org/10.1016/j.resuscitation.2024.110258

Interesting associations between hypercapnia and myocardial injury seen in the targeted therapeutic mild hypercapnia after resuscitated cardiac arrest trial

DOI: 10.1016/j.resuscitation.2024.110321

Interesting associations between hypercapnia and myocardial injury seen in the targeted therapeutic mild hypercapnia after resuscitated cardiac arrest trial. Skrifvars, Markus B.

EDITOR

ANDRÉ ABÍLIO RODRIGUES Enfermeiro SIV/VMER

CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO – Novembro de 2021

1. Objectivo e âmbito

A Revista LIFESAVING (LF) é um órgão de publicação pertencente ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) e dedica-se à promoção da ciência médica pré-hospitalar, através de uma edição trimestral.

A LF adopta a definição de liberdade editorial descrita pela World Association of Medical Editors, que entrega ao editorchefe completa autoridade sobre o conteúdo editorial da revista. O CHUA, enquanto proprietário intelectual da LF, não interfere no processo de avaliação, selecção, programação ou edição de qualquer manuscrito, atribuindo ao editor-chefe total independência editorial.

A LF rege-se pelas normas de edição biomédica elaboradas pela International Commitee of Medical Journal Editors e do Comittee on Publication Ethics

2. Informação Geral

A LF não considera material que já foi publicado ou que se encontra a aguardar publicação em outras revistas.

As opiniões expressas e a exatidão científica dos artigos são da responsabilidade dos

respectivos autores.

A LF reserva-se o direito de publicar ou não os artigos submetidos, sem necessidade de justificação adicional.

A LF reserva-se o direito de escolher o local de publicação na revista, de acordo com o interesse da mesma, sem necessidade de justificação adicional.

A LF é uma revista gratuita, de livre acesso, disponível em https://issuu.com/lifesaving Não pode ser comercializada, sejam edições impressas ou virtuais, na parte ou no todo, sem autorização prévia do editor-chefe.

3. Direitos Editoriais

Os artigos aceites para publicação ficarão propriedade intelectual da LF, que passa a detentora dos direitos, não podendo ser reproduzidos, em parte ou no todo, sem autorização do editor-chefe.

4. Critérios de Publicação

4.1 Critérios de publicação nas rúbricas

A LF convida a comunidade científica à publicação de artigos originais em qualquer das

categorias em que se desdobra, de acordo com os seguintes critérios de publicação:

Nós Por Cá

- Âmbito: Dar a conhecer a realidade de actuação das várias equipas de acção pré-hospitalar através de revisões estatísticas da sua casuística. Dimensão: 250 palavras.

Tertúlia VMERISTA

- Âmbito: Pequenos artigos de opinião sobre um tema fraturante. Dimensão: 250 palavras.

Minuto VMER

- Âmbito: Sintetização para consulta rápida de procedimentos relevantes para a abordagem de doentes críticos. Dimensão: 1000 palavras

Fármaco Revisitado

- Âmbito: Revisão focada na aplicabilidade clínica de um fármaco usado em contexto de emergência pré-hospitalar; - Estrutura: Título; Autoresmáximo 1(primeiro nome, último nome, título, afiliação); Introdução; Formas de Apresentação e Conservação; Posologia e Modo de Administração; Farmacocinética; Farmacodinâmica; Indicações

Terapêuticas; Contra-indicações; Efeitos Adversos e Interações medicamentosas; Take Home Messages; Referências

- Dimensão: até 1200 palavras (excluindo referências); até 10 referências

- Iconografia: deverá ser enviada uma imagem/fotografia associada ao tema da rubrica (em formato JPEG com resolução original)

Journal Club

- Âmbito: Apresentação de artigos científicos pertinentes relacionados com a área da urgência e emergência médica pré-hospitalar e hospitalar. Dimensão: 500 palavras

Nós e os Outros

- Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre a actuação de equipas de emergência préhospitalar não médicas.

Dimensão: 1000 palavras

Ética e Deontologia

- Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre questões éticas desafiantes no ambiente pré-hospitalar. Dimensão: 1000 palavras

Legislação

- Âmbito: Enquadramento jurídico das diversas situações com que se deparam os profissionais de emergência médica. Dimensão: 500 palavras

O que fazer em caso de...

- Âmbito: Informação resumida mas de elevada qualidade para leigos em questões de emergência.

Dimensão: 500 palavras.

Mitos Urbanos

- Âmbito: Investigar, questionar e esclarecer questões pertinentes, dúvidas e controvérsias na prática diária da emergência médica. Dimensão: 1000 palavras.

Cuidar de Nós

- Âmbito: Diferentes temáticas, desde psicologia, emocional, metabólico, físico, laser, sempre a pensar no auto cuidado e bem estar do profissional. Dimensão: 500 palavras.

Pedacinho de Nós

- Âmbito: Dar a conhecer os profissionais das equipas de emergência pré-hospitalar. Dimensão: 400 palavras.

Tesourinhos VMERISTAS

- Âmbito: Divulgação de situações caricatas, no sentido positivo e negativo, da nossa experiência enquanto VMERistas. Dimensão: 250 palavras

Congressos Nacionais e Internacionais

- Âmbito: Divulgação de eventos na área da Emergência Médica. Di-mensão: 250 palavras.

Best Links/ Best Apps de Emergência Pré-hospitalar

- Âmbito: Divulgação de aplicações e sítios na internet de emergência médica pré-hospitalar -Dimensão: 250 palavras

Cartas ao Editor

- Objetivo: comentário/exposição referente a um artigo publicado nas últimas 4 edições da revista promovendo a discussão e visão

crítica. Poderão ainda ser enviados observações, casuísticas particularmente interessantes de temáticas atuais que os autores desejem apresentar aos leitores de forma concisa.

- Instruções para os autores:

1. O corpo do artigo não deve ser subdividido; sem necessidade de resumo ou palavras-chave.

2. Deve contemplar entre 500 a 1000 palavras, excluindo referências, tabelas e figuras.

3. Apenas será aceite 1 figura e/ou 1 tabela.

4. Não serão aceites mais de 5 referências bibliográficas. Devendo cumprir as normas instituídas para revista.

5. Número máximo de autores são 4.

Instantâneos em Emergência Médica

- Âmbito: Fotografias em contexto pré-hospitalar, contextualizadas nas diversas áreas da Emergência.

- Formato: Título; Autores –(primeiro nome, último nome, título, categoria profissionalopcional); imagem em formato JPEG com resolução original); Legenda explicativa com breve enquadramento ou breve comentário acerca do sentido da imagem para o Autor. – máx. 100 palavras.

É de a responsabilidade dos autores respeitar a POLITICA DE PRIVACIDADE, De acordo com o art. º13.º do Regulamento Europeu de Proteção de Dados Pessoais Reg. UE 201/679. Os Autores são responsáveis por

respeitar e obter o consentimento de imagem, quando necessário ( n.º 1 do artigo 79.º do C.C).

Posters em Emergência Médica - Âmbito: Apresentação sumária de Póster científico original, sobre a temática da Emergência pré e intra-hospitalar, e do doente crítico. Dimensão: 800 a 1000 palavras. Limite de tabelas e imagens: 6

Intoxicações no pré-hospitalar - Âmbito: Revisão geral sobre determinada substância (tóxico), consequências de sobredosagem ou contacto/ consumo inadvertido ou intencional e qual a abordagem em contexto de Emergência Médica Pré-hospitalar.

Formato: Título; Autores; palavra (s)-chave; 1 ou 2 imagens (podendo incluir gráficos e/ou tabelas devidamente legendados); 500 a 1000 palavras; Agradecimentos; Referências bibliográficas

4.2 Critérios gerais de publicação

O trabalho a publicar deverá ter no máximo 120 referências. Deverá ter no máximo 6 tabelas/ figuras devidamente legendadas e referenciadas.

O trabalho a publicar deve ser acompanhado de no máximo 10 palavras-chave representativas. No que concerne a tabelas/ figuras já publicadas é necessário a autorização de publicação por parte do detentor do copyright (autor ou editor). Os

ficheiros deverão ser submetidos em alta resolução, 800 dpi mínimo para gráficos e 300 dpi mínimo para fotografias em formato JPEG (.Jpg), PDF (.pdf). As tabelas/figuras devem ser numeradas na ordem em que ocorrem no texto e enumeradas em numeração árabe e identificação. No que concerne a trabalhos científicos que usem bases de dados de doentes de instituições é necessário fazer acompanhar o material a publicar do consentimento da comissão de ética da respectiva instituição. As submissões deverão ser encaminhadas para o e-mail: revistalifesaving@gmail.com

5. Referências

Os autores são responsáveis pelo rigor das suas referências bibliográficas e pela sua correta citação no texto. Deverão ser sempre citadas as fontes originais publicadas. A citação deve ser registada empregando a Norma de Vancouver

Estatuto Editorial

A Revista LIFESAVING é uma publicação científica e técnica, na área da emergência médica, difundida em formato digital, com periodicidade trimestral.

Trata-se de um projeto inovador empreendido pela Equipa de Médicos e Enfermeiros das Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) de Faro e de Albufeira, pertencentes ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve, e que resultou da intenção estratégica de complementar o Plano de formação contínua da Equipa.

A designação “Lifesaving”, que identifica a publicação, é bem conhecida por todos os profissionais que trabalham na área da emergência médica, e literalmente traduz o desígnio da nobre missão que todos desempenham junto de quem precisa de socorro – “salvar vidas”.

Esta Publicação inovadora, compromete-se a abraçar um domínio editorial pouco explorado no nosso país, com conteúdos amplamente dirigidos a todos os profissionais que manifestam interesse na área da emergência médica. Através de um verdadeiro trabalho de Equipa dos vários Editores da LIFESAVING, e

aproveitando a sua larga experiência em Emergência Médica, foi estabelecido o compromisso de apresentar em cada número publicado, conteúdos e rubricas de elevada relevância cientifica e técnica no domínio da emergência médica. Por outro lado, este valioso instrumento de comunicação promoverá a partilha das ideias e conhecimentos, de forma completa, rigorosa e assertiva.

Proprietário: Centro Hospitalar Universitário do Algarve, E.P.E.

NIPC: 510 745 997

Morada: Rua Leão Penedo, 8000-386 Faro

N.º de registo na ERC: 127037

Diretor: Dr. Bruno Santos

Editor-Chefe: Dr. Bruno Santos

Morada: Rua Leão Penedo, 8000-386 Faro

Sede da redação: Rua Leão Penedo, 8000-386 Faro

Periodicidade: trimestral

TIPO DE CONTEÚDOS

Esta publicação periódica pretende ser uma compilação completa de uma seleção de matérias científicas e técnicas atualizadas, incluídas em grande diversidade de Rubricas, incluindo: – “Nós Por Cá” – Âmbito: Dar a conhecer a realidade de atuação das várias equipas de ação pré-hospitalar através de revisões estatísticas da sua casuística. Poderá incluir também a descrição sumária de atividades, práticas ou procedimentos desenvolvidos localmente, na área da emergência médica – Dimensão: 500 palavras; – “Tertúlia VMERISTA” – Âmbito: Pequenos artigos de opinião sobre um tema fraturante – Dimensão: 250 palavras;

– “Minuto VMER” – Âmbito: Sintetização para consulta rápida de procedimentos relevantes para a abordagem de doentes críticos, ou de aspetos práticos relacionados com Equipamentos utlizados no dia-à-dia. Dimensão: 1000 palavras; – “Fármaco Revisitado” – Âmbito: Revisão breve de um fármaco usado em emergência pré-hospitalar, ou que poderia ser uma mais valia a sua implementação na carga VMER.

– Dimensão: 500 palavras;

– “Journal Club” – Âmbito: Apresentação de artigos científicos pertinentes relacionados com a área da urgência e emergência médica pré-hospitalar e hospitalar. -Dimensão: 500 palavras; – “Nós e os Outros” – Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre a atuação de equipas de emergência préhospitalar não médicas. -Dimensão: 1000 palavras;

– “Ética e Deontologia” – Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre questões éticas desafiantes no ambiente pré-hospitalar. -Dimensão: 500 palavras;

– “Legislação” – Âmbito: Enquadramento jurídico das diversas situações com que se deparam os profissionais de emergência médica.

– Dimensão: 500 palavras;

– “O que fazer em caso de…” –Âmbito: Informação resumida, mas de elevada qualidade, para leitores não ligados à área da saúde, ou da emergência médica -Dimensão: 500 palavras;

– “Mitos Urbanos” – Âmbito: Investigar, questionar e esclarecer questões pertinentes, dúvidas e controvérsias na prática diária da emergência médica. -Dimensão: 1000 palavras;

– “Cuidar de Nós” – Âmbito: Discussão de diferentes temáticas, de caráter psicológico, emocional, metabólico, físico, recreativo, centradas no autocuidado e bem estar do profissional da emergência. -Dimensão: 500 palavras;

– “Pedacinho de Nós” – Âmbito: Dar a conhecer, em modo de entrevista, os profissionais da Equipa das VMER de Faro e Albufeira ou outros Elementos colaboradores editoriais da LIFESAVING. – Dimensão: 500 palavras;

– “Vozes da Emergência” – Âmbito: Apresentar as Equipas Nacionais que desenvolvem trabalho na Emergência Médica, dando relevância a especificidade locais e revelando diferentes realidades. – Dimensão 500 palavras;

– “Emergência Global” – Âmbito: publicação de artigos de autores internacionais, que poderão ser artigos científicos originais, artigos de opinião, casos clínicos ou entrevistas, pretendendo-se divulgar experiências enriquecedoras, além fronteiras;

– “Tesourinhos VMERISTAS” –Âmbito: Divulgação de situações caricatas, no sentido positivo e negativo, da experiência dos Profissionais da VMER. – Dimensão: 250 palavras;

– “Congressos Nacionais e Internacionais” – Âmbito: Divulgação de eventos na área da Emergência Médica – Dimensão: 250 palavras; palavras;

– “Best Links/ Best Apps de Emergência Pré-hospitalar” –Âmbito: Divulgação de aplicações e sítios na internet de emergência médica pré-hospitalar -Dimensão: 250 palavras

PREVISÃO DO NÚMERO DE PÁGINAS: 50;

TIRAGEM: – não aplicável para a publicação eletrónica, não impressa em papel.

ONDE PODERÁ SER

CONSULTADA:

Pode ser consultada no site do CHUAlgarve, no setor “Comunicação”, no domínio http:// www.chualgarve.min-saude.pt/ lifesaving/, e adquirida gratuitamente por subscrição nesse mesmo site. Não dispomos ainda de um site oficial para organização dos nossos conteúdos, de modo que atualmente todas as Edições estão a ser arquivadas no Repositório Internacional ISSUU, onde poderão ser consultadas gratuitamente (https://issuu.com/lifesaving). Marcamos presença ainda noutras plataformas de divulgação (Facebook, Instagram, Twiter e Youtube).

DIVULGAÇÃO DA LIFESAVING:

A LIFESAVING será difundida no site do Centro Hospitalar do Algarve (no setor média e imagem), e sua Intranet, com possibilidade da sua subscrição para receção trimestral via e-mail. Inserida on-line no repositório de publicações ISSUU, adquirindo um aspeto gráfico otimizado para tornar a leitura ainda mais agradável.

Será também difundida na página de Facebook da VMER de Faro, página própria com o nome LIFESAVING.

N.º 1 do art.º 17.º da Lei de Imprensa: Garanta de liberdade de imprensa:

1 - É garantida a liberdade de imprensa, nos termos da Constituição e da lei.

2 - A liberdade de imprensa abrange o direito de informar, de se informar e de ser informado, sem impedimentos nem discriminações.

3 - O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura

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