LIFESAVING Scientific Vol3 N4

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FICHA TÉCNICA DIRETOR

EDITORES ASSOCIADOS

Bruno Santos

IMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Catarina Costa.

TEMAS EM REVISÃO

EDITOR-CHEFE Daniel Nunez

COMISSÃO CIENTÍFICA Ana Rita Clara, Ana Silva Fernandes, Carlos Raposo, Cristina Granja, Eunice Capela,

André Villarreal, Catarina Jorge, Guilherme Henriques, João Nuno Oliveira, Vasco Monteiro.

Jorge Miguel Mimoso.

RUBRICA PEDIÁTRICA Cláudia Calado, Mónica Bota.

Joana Oliveira, Pedro Rodrigues Silva, Maria Luísa Melão, Solange Mega.

AUDIOVISUAL 2

José A. Neutel,

CASO CLINICO ADULTO

Margarida Rodrigues,

Noélia Alfonso, Rui Osório.

Miguel Jacob,

João Paiva.

FOTOGRAFIA

HOT TOPIC

Gonçalo Castanho,

ILUSTRAÇÕES

Pedro Lopes Silva.

DESIGN Luis Gonçalves (ABC).

Miguel Varela, Nuno Mourão,

CASO CLINICO PEDIÁTRICO

Pilar Crugeiras,,

Ana Raquel Ramalho, Marta Soares.

Rui Ferreira de Almeida, Sérgio Menezes Pina, Stéfanie Pereira, Vera Santos.

CASO CLINICO NEONATAL/TIP Nuno Ribeiro, Luísa Gaspar. BREVES REFLEXÕES SOBRE A EMERGÊNCIA MÉDICA Inês Simões.

CARTAS AO EDITOR Catarina Jorge, Júlio Ricardo Soares.

VAMOS PÔR O ECG NOS EIXOS Hugo Costa, Teresa Mota.

LIFESAVING TRENDS Inês Portela.

Periodicidade: Trimestral Linguagem: Português ISSN: 2184-9811

2

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Propriedade: CENTRO HOSPITALAR UNIVERSITÁRIO DO ALGARVE Morada da Sede: Rua Leão Penedo. 8000-386 Faro Telefone: 289 891 100 | NIPC 510 745 997

PARCERIAS


EDITORIAL Caríssimos leitores, Here we go! Apresentamos a mais recente edição da revista LIFESAVING Scientific, o número 4 do seu 3º volume de edições, e não vamos sozinhos, acompanhamos a 30ª edição da LIFESAVING – Revista de Emergência Médica. Este será o último número deste ano 2023. Um ano onde o poder da natureza se fez notar com os terremotos na Turquia, Síria e Marrocos que abalaram “The Pillars of the Earth”. Incêndios na Grécia e no Canadá que encheram o céu com “Wuthering Heights”. Um ano de guerras, Ucrânia, Israel, Palestina... onde a “Peace” é considerada como um valor inalcançável e a “War” é a normalidade. Mais um “anus horribilis”! Mas nós por cá, convidamos-vos a refugiarem-se num espaço calmo, tranquilo, um espaço onde consigas aprender, disfrutar com a experiência dos nossos autores e colaboradores. Neste número “falaremos línguas”... Apresentamos uma causa rara de paragem cardiorrespiratória, o Síndrome de Kounis. O LUCAS, na reanimação dos doentes vítimas de paragem cardíaca. Analisamos com o “Head do we stand?. Heads up CPR”, uma forma “angular” de realizar uma reanimação. Como achamos que isto não é suficiente para saciar o nosso “Hunger Games” apresentamos o Síndrome de Boerhaave como um diagnóstico nem sempre presente nas nossas mentes. Falando de saciar a nossa fome, no capítulo de imagens mostramos um caso de “Intragastric ballon rupture”. Se depois de ler tudo isto ainda não alcançamos a paz espiritual, com o tema Síndrome de hiperémese canabinoides podemos ver as consequências da “Grass”. Contudo, não ficamos por aqui... ECG, CPPCIRA e até TVM também serão revisados neste número. Aos nossos leitores, pedimos que confiem em nós porque não os iremos defraudar. Desfrutem da arte dos nossos colaboradores, plasmadas em forma de desenhos e fotografias.

Caríssimos “Carpe Diem” e “Peace and Love”.

Daniel Núñez Editor Chefe LIFESAVING Scientific

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ÍNDICE

08

HOT TOPIC “HEAD DO WE STAND”? – HEADS-UP CPR – UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

14

CASO CLÍNICO ADULTO ACIDENTE POR MERGULHO - TRAUMATISMO VERTEBRO MEDULAR

20

CASO CLÍNICO ADULTO SÍNDROME DE KOUNIS: UMA CAUSA RARA DE PARAGEM CARDIORRESPIRATÓRIA

26

ARTIGO DE REVISÃO I A COMISSÃO DE PREVENÇÃO E CONTROLO DE INFEÇÃO E RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS (CPCIRA) DO INEM - ATIVIDADE EM 2022

36

REFLEXÕES BREVES SOBRE A EMERGÊNCIA MÉDICA PARADIGMA DA UTILIZAÇÃO SISTEMÁTICA DO LUCAS

42

CARTAS AO EDITOR SÍNDROME DE BOERHAAVE: UM DIAGNÓSTICO NEM SEMPRE PRESENTE

40

CARTAS AO EDITOR SUSPEITA DE SÍNDROME DE HIPEREMESE CANABINÓIDE: CONSIDERAÇÕES SOBRE AS NORMAS DE ORIENTAÇÃO PUBLICADAS NO “THE ROYAL COLLEGE OF EMERGENCY MEDICINE”

50

VAMOS PÔR O ECG NOS EIXOS “THE WINTER IS COMING”

54

IMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA BLUE URINE IN URGENCY DEPARTMENT

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7


8

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HOT TOPIC

HOT TOPIC

“HEAD DO WE STAND”? – HEADS-UP CPR – UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA. Luís Soares 1,2, Daniel Garrido 1,2 , Mauro Santos 1,3 Centro Hospitalar Universitário do Algarve, Serviço de Medicina Interna Médico interno de formação especifica em Medicina Interna 3 Assistente Hospitalar em Medicina Interna 1 2

RESUMO

ABSTRACT

INTRODUÇÃO

A paragem cardiorrespiratória súbita

Sudden cardiopulmonary arrest

A reanimação cardiopulmonar nos

permanece uma causa líder de

remains a leading cause of mortality,

doentes em paragem

mortalidade pré e intrahospitalar. Por

both before hospital admission and

cardiorrespiratória pressupõe

mais de meio século, tem sido

in-hospital contexts. For over half a

compressões torácicas eficazes com

realizada reanimação cardiopulmonar

century, the supine position has been

interrupções mínimas, com o objetivo

na posição supina. Nos últimos anos,

adopted in cardiopulmonary

de manter uma adequada perfusão

têm surgido abordagens alternativas à

resuscitation. In recent years, there

cerebral e de outros órgãos vitais.

reanimação cardiopulmonar

have been alternative approaches to

convencional que visam melhorar a

conventional cardiopulmonary

Segundo a American Heart

sobrevivência dos doentes e o seu

resuscitation in order to try to improve

Association, em 2019, foram

status neurológico. Existe na

survival and their neurological

estimados 356 000 casos de

comunidade científica e na

outcome. A novel approach, called

paragens cardiorrespiratórias

comunidade de emergência um

Heads up CPR has been drawing

extra-hospitalares e 209 000 casos de

interesse global crescente sobre a

attention and increasing interest in

paragem cardiorrespiratória intra-

eficácia da denominada Heads up

the emergency and scientific

hospitalares, a nível global.1 Em

CPR. Esta variante de reanimação

communities. This alternative method

Portugal, e segundo dados

cardiopulmonar tem sido objeto de

to conventional CPR is subject to

disponibilizados pelo INEM,

debate como método alternativo à

debate on whether it could offer a

ocorreram um total de 21 911

reanimação cardiopulmonar (RCP)

positive impact on cerebral perfusion

paragens cardiorrespiratórias no ano

convencional, pelo impacto positivo na

through cerebral venous return

civil de 2022.

perfusão cerebral através da

facilitation. Currently, there is,

A paragem cardiorrespiratória súbita

facilitação do retorno venoso cerebral.

however, a lack of robust evidence of

permanece uma causa líder de

Atualmente, a Heads up CPR carece

the efficacy of Heads up CPR in the

mortalidade pré e intra-hospitalar.

ainda de evidência robusta para

clinical setting and more studies are

Desde há décadas que os cientistas

utilização em meio clínico, pelo que

needed in order to support its

se dedicam à área da reanimação

são necessários estudos adicionais

widespread implementation.

cardiopulmonar visando diminuir um

que suportem a sua implementação

desfecho fatal nas situações pós

de forma generalizada.

paragem. Historicamente, as taxas de retorno de circulação espontânea

Palavras-Chave: Paragem cardiorrespiratória; Reanimação Cardiopulmonar ; Heads-up CPR

Keywords: Cardiopulmonary arrest; Cardiopulmonary resuscitation; Heads-up CPR

(ROSC) nas paragens cardiorrespiratórias extra-hospitalares

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9


situam-se entre os 20% e 30%.2

pressão intracraniana durante a RCP,

RESULTADOS

De forma algo surpreendente, os

pode provocar lesão do Sistema

O principal mecanismo benéfico da

princípios fisiológicos que norteiam

Nervoso Central, tornando assim o

Heads up CPR parece ser a ação da

as recomendações nas paragens

retorno venoso intracraniano um

gravidade na melhoria da drenagem

cardiorrespiratórias permanecem

ponto crítico a considerar no status

venosa dos plexos venosos

ainda envoltos em alguma

neurológico nos doentes

paravertebrais, bem como do cérebro

controvérsia, dado não serem

ressuscitados com sucesso.6

e seios venosos cerebrais, diminuindo

completamente bem esclarecidos.3,4

assim a pressão intracraniana.

A reanimação cardiopulmonar tem

Oferece também redistribuição de

sido realizada na posição supina por

METODOLOGIA

volume sanguíneo através da

mais de meio século. Cada

Foi conduzida uma pesquisa

vasculatura pulmonar, de forma

compressão torácica está associada

abrangente em bases de dados

similar à posição sentada nos

à geração de ondas de pressão

científicas, incluindo PubMed, Google

doentes com Insuficiência cardíaca.

arterial e venosa que transmitem uma

Scholar e Scopus. Os termos

Outro benefício comparativamente à

onda de compressão de alta pressão

utilizados incluíram “Heads-up CPR”,

RCP convencional parece ser a

ao cérebro.

“Heads-up cardiopulmonary

diminuição da pressão transmitida ao

Hipotetiza-se sobre abordagens

resuscitation”, 10 “Elevated head position

cérebro pela vasculatura arterial e

alternativas à reanimação

in CPR”, “ Neuroprotective CPR” e

pulmonar, prevenindo desta forma

cardiopulmonar convencional de

variações relacionadas em inglês e

lesão por aumento de pressão

forma a melhorar a sobrevivência dos

português. A pesquisa foi realizada

intracraniana.7,8

doentes e o seu status neurológico

sem restrições de idioma ou data de

O mecanismo e implementação

após obtenção de retorno de

publicação, abrangendo estudos

óptimos da Heads up CPR não é ainda

circulação espontânea (ROSC). Existe

desde a conceção do termo “Heads-

totalmente claro. No entanto, segundo

atualmente na comunidade científica

up CPR” até a presente data. Foram

estudos conduzidos nos EUA, devem

e na comunidade de emergência um

incluídos todos os artigos que faziam

ser primariamente utilizadas

interesse global crescente sobre a

referência ao Heads-up CPR. Artigos

compressões torácicas na posição

eficácia da denominada Heads up

de revisão, estudos de caso isolados

supina para ativação do circuito

CPR. Esta técnica pode parecer

e trabalhos que não apresentavam

cardio-cerebral, seguido de elevação

inicialmente contra intuitiva pela

dados relevantes para a análise foram

cefálica em cerca de 30 graus.9

drenagem de sangue para fora do

excluídos. Além disso, não foram

Alguns estudos em suínos

leito cerebral.5

considerados estudos que focavam

demonstraram diminuição do retorno

No entanto, esta variante de

exclusivamente noutros aspetos da

venoso e mau outcome com elevação

reanimação cardiopulmonar tem sido

reanimação cardiopulmonar, como

cefálica superior a 30 graus.10

objeto de debate como método

técnicas de ventilação ou

Quanto à realização de compressões

alternativo à reanimação

administração de medicamentos. Os

torácicas com esta angulação, o

cardiopulmonar (RCP) convencional,

dados foram analisados de forma

método ideal parece ser com o uso de

pelo impacto positivo na perfusão

qualitativa e, quando apropriado,

sistemas automatizados (LUCAS®,

cerebral através facilitação do retorno

sínteses quantitativas foram

Autopulse®, etc). Especialmente em

venoso cerebral.

realizadas para apresentar uma visão

ambiente pré hospitalar, a realização

Contrariamente às técnicas de RCP

abrangente dos resultados. Foi

de compressões torácicas de forma

tradicionalmente usadas, na Heads up

manuscrita uma revisão narrativa e

angulada e não automatizada, poderia

CPR, é incorporada uma elevação

descritiva dos resultados analisados.

comprometer potencialmente a

cefálica e do tronco para permitir

qualidade das mesmas.11

maior retorno venoso cerebral por

A foto abaixo demonstra o bundle de

efeito de gravidade. A elevação da

reanimação utlizado na variante

10

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HOT TOPIC

(Fibrilhação Ventricular e Taquicardia ventricular sem pulso).12,13 Os dispositivos médicos utlizados para este efeito são já comercializados por algumas empresas, após aprovação pela Food and Drug Administration (FDA) como demonstra a Figura 2.

DISCUSSÃO / CONCLUSÃO Esta revisão descritiva destaca os princípios fisiológicos, benefícios potenciais e considerações práticas associadas ao uso do Heads-up CPR na reanimação cardiopulmonar. Esta técnica demonstra alguns sinais de benefício neurológico nos doentes após paragem cardiorrespiratória, tendo igualmente alguns resultados

Figura 1 - Bundle de reanimação utilizado na variante Heads up CPR - adaptado de https://www.jems.com/ patient-care/neuroprotective-cpr

preliminares que apontam para um

Heads up CPR. Este consiste num

tendo sido observado este aumento

aumento da taxa de reanimação

dispositivo automático de elevação

em 83.3 % dos doentes em análise.

cardiopulmonar, sendo uma área de

cefálica e do tronco, um dispositivo

Esta modalidade encontra-se em

estudo em evolução e com potencial

de compressão torácica

funcionamento em alguns serviços

de crescimento. O seu uso poderá

automatizado e um dispositivo

de emergência americanos,

ainda ser limitado pelos custos

valvular de limiar de impedância

particularmente no condado de

associados à obtenção de novo

inspiratória. (Figura 1)

Palm Beach, na Califórnia e na

material de reanimação, sejam

Quando testada em humanos, o

comunidade de Rialto, com registos

aparelhos de compressão torácica

aumento médio da perfusão

de aumento da taxa de

intermitente automáticos, sejam

cerebral pré frontal na posição

ressuscitação global de 18 % para

aparelhos de posicionamento da

Heads up foi 14.6 % maior quando

34 % e de 23 % para mais de 44 %

cabeça e tronco. No entanto, a sua

comparada com a posição supina,

nos ritmos desfibrilháveis

aplicação poderia significar

11

Figura 2 - Dispositivo médico comercializado para realização de Heads up CPR - adaptado de https://elevatedcpr.com

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HOT TOPIC

melhorias favoráveis nos outcomes

BIBLIOGRAFIA

neurológicos das vítimas assistidas

1.

e minimizar de forma significativa a fadiga dos profissionais de emergência em situações de

2.

11.

Kim DW, Choi JK, Won SH, et al. A new variant

Virani SS, Alonso A, Benjamin EJ, et al. Heart

position of headup CPR may be associated with

disease and stroke statistics‐2020 update: a

improvement in the measurements of cranial

report from the American Heart Association,

near-infrared spectroscopy suggestive of an

Circulation. 2020;141(9):e139‐e596

increase in cerebral blood flow in non-traumatic

Yan S, Gan Y, Jiang N, et al. The global survival rate

out-of-hospital cardiac arrest patients: A

paragem cardiorrespiratória em meio

among adult out-of-hospital cardiac arrest

prospective interventional pilot study.)

pré hospitalar.

patients who received cardiopulmonary

Resuscitation. 2022; 175: 159–166, doi: 10.1016/j.

resuscitation: a systematic review and

resuscitation. 2022.03.032, indexed in Pubmed:

Apesar dos resultados promissores, existe ainda um gap científico

meta-analysis. Crit Care. 2020;24(1):61. 3.

Cave DM, Gazmuri RJ, Otto CW, Nadkarni VM,

35395338.) 12.

Pepe PE, Scheppke KA, Antevy PM, et al.

considerável e são necessários mais

Cheng A, Brooks SC, Daya M, Sutton RM, Branson

Confirming the clinical safety and feasibility of a

estudos controlados para confirmar e

R, Hazinski MF. Part 7: CPR techniques and

bundled methodology to improve cardiopulmonary

expandir os resultados, bem como

devices: 2010 American Heart Association

resuscitation involving a head‐up/torso‐up

Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and

chestcompression technique. Crit Care Med.

para definir diretrizes claras para a

Emergency Cardiovascular Care. Circulation

implementação do Heads-up CPR em contextos clínicos

2010;122(18 suppl 3):S720–8 4.

2019;47(3):449‐455 13.

Pepe P, Scheppke K, Antevy P, et al. Impact of

Idris AH, Guffey D, Aufderheide TP, Brown S,

head/torso‐up chest compressions and flow‐

Morrison LJ, Nichols P, Powell J, Daya M, Bigham

oriented CPR adjuncts on survival [abstract].

BL, Atkins DL, Berg R, Davis D, Stiell I, Sopko G,

Resuscitation. 2016;44(suppl 12):284

Nichol G; Resuscitation Outcomes Consortium (ROC) Investigators. Relationship between chest compression rates and outcomes from cardiac arrest. Circulation 2012;125:3004–12 5.

Varney J, Motawea KR, Mostafa MR, et al. Efficacy of heads‐up CPR compared to supine CPR positions: systematic review and meta‐analysis. Health Sci Rep 2022;5:e644. doi:10.1002/hsr2.644

DECLARAÇÃO DE CONFLITO

6.

M. The physiology of cardiopulmonary

DE INTERESSES Os autores declaram que não possuem

resuscitation. Anesth Analg. 2016; 122(3):767‐783. 7.

Debaty G, Shin SDo, Metzger A, et al. Tilting for perfusion: headup position during cardiopulmonary

nenhum conflito de interesses

resuscitation improves brain flow in a porcine

relacionado a este artigo. Não têm

model of cardiac arrest. Resuscitation. 2015; 87:

afiliações financeiras ou pessoais com

38–43, doi: 10.1016/j.resuscitation.2014.11.019,

qualquer empresa ou organização que possa ter interesse direto ou indireto no

Lurie KG, Nemergut EC, Yannopoulos D, Sweeney

indexed in Pubmed: 25447353 8.

elevation during active compression

conteúdo deste trabalho. Além disso,

decompression cardiopulmonary resuscitation

nenhum dos autores recebeu

with an impedance threshold device improves

financiamento específico para a

cerebral perfusion in a swine model of prolonged

realização deste trabalho.

cardiac arrest. Resuscitation. 2017; 121: 195–200,

O presente artigo inclui referências a

doi: 10.1016/j.resuscitation. 2017.07.033, indexed

dispositivos médicos de diversas

in Pubmed: 28827197

marcas e empresas com o propósito

9.

10.

Rojas-Salvador C, Moore JC, Salverda B, Lick M, Debaty G, Lurie KG. Effect of controlled sequential

para ilustrar exemplos e não implicam

elevation timing of the head and thorax during

parte dos autores.

REVISÃO

February 14, 2019. Accessed July 7, 2021

mencionadas são utilizadas apenas qualquer endosso ou promoção por

JORGE MIGUEL MIMOSO Médico VMER do Barlavento Algarvio

Moore J. Head-Up CPR May Improve Neurologically Intact Survival Rates. JEMS. 2019.

de fornecer informações detalhadas sobre o tema em questão. As marcas

EDITOR

Moore JC, Segal N, Lick MC, et al. Head and thorax

cardiopulmonary resuscitation on cerebral perfusion pressures in a porcine model of cardiac

COMISSÃO CIENTÍFICA

arrest. Resuscitation. 04 2020;149:162-169

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CASO CLÍNICO ADULTO

CASO CLÍNICO ADULTO

ACIDENTE POR MERGULHO - TRAUMATISMO VERTEBRO MEDULAR Michael Isidro1, Guilherme Henriques2,3 Aluno do 6º Ano, Mestrado Integrado em Medicina - Faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas da Universidade do Algarve Médico IFE Medicina Intensiva, Centro Hospitalar Universitário do Algarve - Hospital de Faro 3 Professor Assistente Convidado, Faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas da Universidade do Algarve 1 2

RESUMO

ABSTRACT

INTRODUÇÃO

Objetivos: Relatar um caso clínico de

Objectives: Present a case report of a

Os acidentes por mergulho são uma

uma vítima de acidente por mergulho

diving accident victim with spinal cord

das principais causas de

com traumatismo vértebro medular na

injury in the Algarve region, discussing

Traumatismo Vértebro Medular

região do Algarve, discutindo a

the relevance and intervention of

(TVM).1 Ocorrem geralmente na

relevância e intervenção das equipas de

medical emergency teams, regarding

sequência de saltos para

emergência médica, no que concerne a

the initial stabilization of these victims.

profundidade desconhecida, quando a

estabilização inicial destas vítimas.

Clinical Case: A healthy 23-year-old

cabeça bate no solo, numa rocha,

Caso Clínico: Homem de 23 anos,

man, was victim of a diving accident

objeto ou pessoa. Após impacto, a

saudável, vítima de acidente por

on the beach. History of cervical

região cervical recebe todo o peso do

mergulho na praia. História de

trauma with period of submersion and

corpo resultando numa brusca flexão

traumatismo cervical com período de

tetraplegia. Upon arrival of the

ou extensão do pescoço dando

submersão e tetraplegia. À chegada da

emergency team, the victim was found

origem a uma fratura ou luxação, de

equipa de emergência, encontrou-se a

to be conscious, with relevant

uma ou várias vértebras cervicais.2 A

vítima consciente e com défices

neurological deficits, presenting a

medula espinal como parte integrante

neurológicos relevantes, apresentando

paradoxical breathing pattern,

do sistema nervoso é bastante

um padrão respiratório paradoxal,

hypoxemia and hypotension. After

suscetível a estes mecanismos de

hipoxémia e hipotensão. Após

stabilization, he was transported to the

lesão primária com potencial de

estabilização foi transportado para o

hospital of the region, where the tests

seção, contusão e hipoperfusão

hospital da região, onde os exames

performed revealed a fracture of C6

resultando in extremis, em morte

realizados revelaram fratura de C6 e C7 e

and C7 and spinal cord contusion. He

celular irreverssível,3 com perda de

contusão medular. Foi encaminhado para

was referred to the intensive care unit,

função motora e sensorial. A grande

a unidade de cuidados intensivos onde

where he showed gradual clinical

maioria das vítimas são jovens e as

apresentou melhoria clínica gradual, com

improvement, with progressive

lesões contraídas culminam com

recuperação neurológica progressiva.

neurological recovery.

frequência em quadros catastróficos,

Conclusões: Os acidentes por

Conclusions: Diving accidents often

com sequelas neurológicas

mergulho resultam frequentemente em

result in complex clinical conditions

permanentes de enorme impacto

quadros clínicos complexos

associated with permanent disability.

físico, psicológico, económico e

associados a incapacidade

Early interventions by medical

social.1,5 Dados do Serviço Nacional

permanente. Intervenções precoces

emergency teams can be differentiating

de Saúde (SNS)2 revelam que 96% dos

das equipas de emergência médica

for a more favorable prognosis.

traumatismos atingem a coluna

podem ser diferenciadoras para um prognóstico mais favorável. Palavras-Chave: Emergência Pré-hospitalar; Acidente por Mergulho; Traumatismo Vértebro Medular; Caso Clínico

cervical, cerca de 15% das vítimas Keywords: Pre-hospital Emergency; Diving Accident; Spinal Cord Injury; Case Report

desenvolve e mantém tetraplegia e 85% dos acidentes por mergulho acontecem entre Maio e Setembro,

Indice

15


habitualmente em locais de baixa

familiares e nadadores salvadores.

Optou-se por uma abordagem menos

profundidade (< 150cm).

Clinicamente, apresentava-se

invasiva, dando prioridade a um

O Algarve, como região balnear de

consciente, orientado e colaborante.

transporte mais diligente e seguro.

eleição na época de calor, regista uma

Polipneico com Frequência

Após estabilizada a vítima foi

significativa percentagem desta

Respiratória (FR) de 30 ciclos/minuto,

transportada com acompanhamento

casuística, descrita por alguns

com padrão de respiração paradoxal

médico, para a sala de emergência do

autores como uma “epidemia de

e com SpO2 de 92% em ar ambiente.

Centro Hospitalar Universitário do

Verão”4, exigindo dos meios de

Do ponto de vista hemodinâmico,

Algarve, Unidade de Faro (CHUA),

emergência pré-hospitalar uma

normocárdico e hipotenso com

tendo sido confirmada, após estudo

resposta metódica e célere perante

Pressão Arterial Sistólica (PAS) de 80

adicional, a suspeita de lesão

um quadro clínico de elevada

mmHg, Pressão Arterial Diastólica

medular, concretamente,

morbi-mortalidade. Neste contexto e

(PAD) de 40 mmHg e Pressão Arterial

apresentando uma burst fracture de

na sequência de um estágio curricular

Média (PAM) de 50 mmHg.

C6 e C7 com rotura do ligamento

de opção do Mestrado Integrado em

Neurologicamente apresentava perda

longitudinal posterior e contusão

Medicina da Universidade do Algarve

de força e sensibilidade nos membros

medular - figura 1. Paralelamente

na VMER de Faro, a apresentação

superiores e inferiores e, associado a

apresentava achados imagiológicos

deste case report tem por objetivo

este quadro, priapismo. A exposição 16

compatíveis com pneumonia de

reproduzir alguns updates e key points

não revelou outras lesões,

aspiração, tendo iniciado terapêutica

de abordagem na gestão da vítima de

encontrava-se normotérmico com as

antibiótica. O doente foi observado

acidente por mergulho, refletindo

extremidades quentes. Com as

pela equipa de neurocirurgia sendo

sobre esta problemática, motivo de

primeiras equipas no local, iniciou

posteriormente encaminhado para o

crescente preocupação.

oxigenoterapia por máscara de

Serviço de Medicina Intensiva (SMI).

Hudson e fluidoterapia por acesso

Nos dias subsequentes ao acidente

CASO CLÍNICO

venoso periférico, tendo feito bólus de

manteve-se sem necessidade de

A VMER de Faro foi acionada para um

400mL de soro fisiológico a 0.9% com

suporte ventilatório ou vasopressor.

homem de 23 anos, saudável, vítima

insatisfatória resposta

Apresentou recuperação da

de acidente por mergulho numa praia

hemodinâmica. Após instituídas as

sensibildade dos quatro membros e

da região, na sequência de um Pedido

medidas iniciais descritas, chegada a

ao 4º dia de internamento, conseguia

de Apoio Diferenciado (PAD), com um

equipa VMER ao local, confirmou-se o

elevar os membros superiores contra

TCE minor, sem perda de

estado clínico da vítima já descrito,

gravidade apresentando ainda

conhecimento, com trauma cervical e

que mantinha um score de coma de

incapacidade para a preensão palmar.

um período de submersão. A primeira

Glasgow (GCS) de 15, padrão

Após uma semana de internamento

abordagem foi realizada pelas

ventilatório irregular com perda de

no SMI o doente foi transferido para o

equipas do Instituto de Socorros a

contração dos músculos intercostais,

hospital da sua área de residência,

Náufragos (ISN) que retiraram a

com roncos dispersos na auscultação

mantendo plegia dos membros

vítima da água. Procederam à sua

pulmonar, em concordância com a

inferiores com mioclonias ocasionais.

imobilização com recurso a colar

história de submersão,

cervical e plano duro. À chegada, das

apesar da resposta favorável à

DISCUSSÃO

primeiras equipas de emergência

administração de suplementar de O2

A gestão de uma vítima de acidente

médica ao local, apurou-se que a

(FR de 22 c/minuto e SpO2 de 98%). A

por mergulho pode tornar-se muito

vítima teria mergulhado de cabeça, de

reavaliação da PAM era nesse

desafiante, exigindo uma resposta

um veículo de diversão aquática

momento de 80 mmHg e a FC

célere e organizada. Na figura 2,

(gaivota) num local de água rasa.

mateve-se nos 70 bpm. Foi

apresentam-se alguns dos principais

Ficou submersa por alguns segundos

confirmada a tetraplegia com um

cuidados baseados na metogologia

até ser removida da água por

nível de lesão presumido inferior a C5.

ABCDE, com destaque de Key Points

16

Indice


CASO CLÍNICO ADULTO

se as seguintes considerações: a utilização de colóides não se encontra recomendada;10 A fluidoterapia deve ser equilibrada com recurso a bólus de cristalóides, sendo a sua aplicação circunscrita a um máximo preconizado de 1 a 1,5L.10 A vasoplegia consequência do mecanismo de desnervação torna a vítima pouca responsiva a volume e o seu excesso, potencialmente deletério.1 A hipotensão deve no entanto ser evitada com alvo de PAM entre os 85-90 mmHg; a utilização de vasopressores alfa e beta adrenenérgicos é recomendada;1 a utilização de Ácido Tranexâmico (ATX) deve ser considerada, contribuindo para a diminuição da hemorragia e reduzindo os efeitos pró-inflamatórios e citotoxicidade, resultado do extravasamento de produtos celulares e hemólise no local da lesão estando a Figura 1 – Fratura tipo Burst, de C6 e C7 com rotura do ligamento longitudinal posterior

sua utilização, não associada a

de abordagem mais específicos e

ser considerada contribuíndo para o

aumento de potenciais efeitos

atualizados. Introduzem-se alguns

aumento do sucesso da primeira

adversos.11,12 A utilização de ecografia

dos principais riscos/complicações

tentativa de entubação, potenciando

point of care disponível nas VMER, é

permitindo às equipas antever

uma abordagem com menor

também uma ferramenta incontornável

potenciais problemas racionalizando

mobilização.9 A utilização de atropina

na abordagem de vítimas críticas

estratégias de resolução, aspetos que

ou outro cronotrópico, deve ser

designadamente nas de TVM,

garantem uma preparação adequada

ponderada antes da laringoscopia,

permitindo a exclusão de outras

e melhoria de cuidados à vítima.7 No

permitindo oposição à estimulação

etiologias de hemorragia associadas

que concerne a abordagem da via

vagal, considerando o agravamento de

ao evento e permitindo complementar

aérea ressalva-se a necessidade de

bradicardia, potencialmente instalada.7

a aferição hemodinâmica e clínica.

restringir os movimentos da coluna,

Na abordagem respiratória deve

Quanto à avaliação da disfunção

recomendando-se a aplicação de

corrigir-se a hipoxémia e

neurológica, relembra-se a utilização

colar cervical.

hipoventilação.6 Se necessária

do hand grip test como ferramenta

Existindo necessidade de abordar a via

assistência ventilatória deve priveligiar-

rápida e preditora do nível de lesão e

aérea o colar cervical pode ser

se a normoventilação com

suas potenciais complicações.7 Não

prejudicial, limitando a abertura da

monitorização de EtCO2, com valores-

obstante, deve ser realizado o restante

boca e aumentando a mobilização de

alvo entre 35 e 45mmHg. Para vítimas

exame neurológico sensitivo, motor e

C1-C2,8 devendo o mesmo ser

submetidas a ventilação mecânica,

reflexos, com referência dos

removido, mantendo a restrição de

deve utilizar-se um volume corrente de

dermátomos e miótomos registando o

movimento por técnica manual.13 A

6 ml/Kg de peso ideal.10 Relativamente

nível da parésia/plegia. Não existe

videolaringoscopia, se disponível deve

à avaliação da circulação, destacam-

evidência na utilização de

Indice

17


18

Figura 2 - Gestão da vítima de acidente de mergulho, baseada na metodologia ABCDE.

18

Indice


CASO CLÍNICO ADULTO

metilprednisolona nas primeiras 8

-científicos necessários para avaliar e

horas, e a sua utilização não é

suportar possíveis complicações

CM, Gabrielli A, et al. Recommended Guidelines for

recomendada, não tendo sido, porém,

clínicas, diferenciadoras nos

Uniform Reporting of Data from Drowning the

encontrados outros agentes

primeiros minutos a horas após lesão.

“Utstein Style.” Vol. 108, Circulation. 2003.

potencialmente eficazes.1

Os acidentes por mergulho estão

A intervenção e descompressão

muitas vezes relacionados com a

neurocirúrgica precoce permanece

adoção de comportamentos de risco,

como principal estratégia de resgate.

o que faz da prevenção de acidentes

A exposição total, incluíndo a

uma fração fundamental na resposta

superfície dorsal, com controlo de

a esta problemática – evitar o trauma,

temperatura tem igual importância na

evitar a lesão primária - figura 3. Uma

suspected or confirmed traumatic spinal cord

abordagem. A perda de mecanismos

mensagem da Sociedade Portuguesa

injury: a narrative review of current evidence. Vol.

de termoregulação por desnervação,

de Patologia da Coluna Vertebral

coloca as vítimas em risco acrescido

6.

7.

Idris AH, Berg RA, Bierens J, Bossaert L, Branche

Spinal Trauma Guideline. Trauma Victoria Australia. 2018.

8.

Maschmann C, Jeppesen E, Rubin MA, Barfod C. New clinical guidelines on the spinal stabilisation of adult trauma patients - Consensus and evidence based. Scand J Trauma Resusc Emerg Med. 2019.

9.

Wiles MD. Airway management in patients with

77, Anaesthesia. John Wiley and Sons Inc; 2022. 10.

Rossaint R, Afshari A, Bouillon B, Cerny V, Cimpoesu

de hipotermia. Aconselha-se a

D, Curry N, et al. The European guideline on

normotermia devendo as equipas

management of major bleeding and coagulopathy following trauma: sixth edition. Crit Care. 2023.

recorrer às estratégias necessárias 11.

para promover o aquecimento.

Yoshizaki S, Kijima K, Hara M, Saito T, Tamaru T, Tanaka M, et al. Tranexamic acid reduces heme

A analgesia é igualmente uma

cytotoxicity via the TLR4/TNF axis and ameliorates

prioridade nos cuidados, permitindo

functional recovery after spinal cord injury. J

aliviar o sofrimento e prevenir

Neuroinflammation. 2019.

sintomas de disautonomia

12.

desencadeados pela dor.1 Quanto ao

Vasu ST, Raheja L, Parmar K, Ramachandran S. Efficacy and Safety Profile of Tranexamic Acid in

transporte, o plano duro está

Traumatic Thoracolumbar Fracture Management: A

associado a maior mobilização de

Systematic Review and Meta-Analysis. Vol. 16,

fraturas cervicais instáveis. A maca de

International Journal of Spine Surgery. 2022.

vácuo permite ser moldada à zona

13.

posterior e lateral das vítimas de trauma e está associada a menos queixas álgicas e melhor suporte às

coluna na vítima com suspeita de traumatismo Figura 3 - Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral – Campanha de Prevenção Fonte: sppcv.org 2023.

regiões cervical e lombar. Assim, é

BIBLIOGRAFIA

recomendado o transporte em maca

1.

de vácuo.13 CONCLUSÃO

vertebro-medular. INEM, IP. 2023.

EDITOR

College of Surgeons. 2022. SNS24. Guia de Cuidados com os Mergulhos. 2023.

3.

Anjum A, Yazid MD, Daud MF, Idris J, Hwei Ng AM, Naicker AS, et al. Spinal cord injury: NOÉLIA ALFONSO Médica VMER

Pathophysiology, multimolecular interactions, and

fenómeno preocupante na região do

underlying recovery mechanisms. Vol. 21,

Algarve, em particular nos meses de

International Journal of Molecular Sciences. 2020. 4.

lesões neurológicas irreverssíveis. A ação precoce das VMER desempenha

Best Practices Guidelines Spine Injury. American

2.

Os acidentes por mergulho são um

Verão, causando em 15% dos casos,

OT.028-01.DEM.Restrição de movimentos de

Santa Casa Da Misericórdia Do Porto. Prevenir Os

REVISÃO

Acidentes De Mergulho. 2017. 5.

Yılmaz M, Ikizoglu E, Arslan M, Ozgiray E, Calıskan

um papel preponderante na

KE, Erbayraktar RS. An Overview of Spinal Injuries

identificação e estabilização inicial

due to Dive or Fall into Shallow Water: Our

destas vítimas, dispondo do

Long-Term, Double-Center Experience from the

equipamento e recursos técnico-

Aegean Coast. Emerg Med Int. 2021.

COMISSÃO CIENTÍFICA

Indice

19


20

20

Indice


CASO CLÍNICO ADULTO

CASO CLÍNICO ADULTO

SÍNDROME DE KOUNIS: UMA CAUSA RARA DE PARAGEM CARDIORRESPIRATÓRIA Cristina Peixoto de Sousa1, Hugo Miranda2, Ricardo Amaral2, Nelson Barros2 Serviço de Anestesiologia, Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE, Vila Real, Portugal 2 Serviço de Cuidados Intensivos, Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE, Vila Real, Portugal 1

RESUMO

temporal com a administração de

electrical activity. After recovery of

A síndrome de Kounis (SK) é uma

amoxicilina+ácido clavulânico,

spontaneous circulation,

síndrome coronária aguda (SCA),

elevação dos níveis de IgE especifica

electrocardiographic alterations

desencadeada por vasospasmo das

e ausência de doença coronária

suggestive of ACS with ST-segment

artérias coronárias, no contexto de

significativa, o diagnóstico de SK foi

elevation were observed in the leads

uma reação de hiperssenssibilidade.

estabelecido.

corresponding to the inferior wall of

Os autores descrevem o caso clínico

A SK é uma causa rara, embora

the myocardium. Coronary

de um doente, que após

subdiagnosticada, de SCA. O

angiography excluded epicardial

administração endovensosa de

conhecimento desta entidade permite

coronary disease. The patient was

amoxicilina+ácido clavulânico

o seu diagnóstico e tratamento

admitted to the Intensive Care Unit,

desenvolveu dispneia súbita com

adequado, que consiste no

with a favorable clinical evolution.

dessaturação e posteriormente

tratamento padrão da SCA e da

Based on the temporal association

paragem cardiorrespiratória em

reação alérgica e na administração de

with the administration of

actividade eléctrica sem pulso. Após

vasodilatadores.

amoxicillin+clavulanic acid, elevation

recuperação da circulação espontânea verificaram-se alterações eletrocardiográficas sugestivas de

of specific IgE levels and absence of Palavras-Chave: Sindrome de Kounis, síndrome coronária aguda, vasospasmo, reação hipersensibilidade.

SCA com supradesnivelamento do

significant coronary disease, the diagnosis of KS was established. KS is a rare, albeit underdiagnosed,

segmento ST nas derivações

cause of ACS. Prognosis is generally

correspondentes à parede inferior do

ABSTRACT

better than in obstructive causes of

miocárdio. A angiografia coronária

The Kounis syndrome (KS) is an acute

ACS, although cardiac arrest may

excluiu doença coronária epicárdica.

coronary syndrome (ACS) triggered by

occur. Knowledge of this entity allows

O doente foi admitido em Unidade de

vasospasm of the coronary arteries,

its diagnosis and adequate treatment,

Cuidados Intensivos, apresentando

in the context of a hypersensitivity

which consists of the standard

evolução clínica favorável. Teve alta

reaction.

treatment of ACS and allergic reaction

encaminhado para consulta de

The authors describe a patient who,

and the administration of

cardiologia e imunoalergologia. Na

after intravenous administration of

vasodilators.

investigação do caso clínico, foram

amoxicillin + clavulanic acid,

determinados os níveis séricos de IgE

developed sudden dyspnea with

especifica que se apresentaram

desaturation and subsequently

elevados. Baseado na associação

cardiorespiratory arrest in pulseless

Keywords: Kounis syndrome, acute coronary syndrome, vasospasm, hypersensitivity reaction.

Indice

21


INTRODUÇÃO

destaca-se a histamina, capaz de

electrocardiograma após PCR que

A síndrome de Kounis (SK) é definida

induzir vasoconstrição coronária

revelou elevação do segmento ST em

pelo aparecimento de uma síndrome

através da sua ligação a recetores

DII, DII e aVF e ecocardiografia

coronária aguda (SCA) em contexto

coronários H1 e H21.

transtorácica com hipocinésia

de uma reação de hipersensibilidade,

Apresentamos o relato de um doente,

marcada da parede posterior e

podendo manifestar-se como angina,

sem história de alergias conhecidas,

acinésia inferior, associada a

enfarte do miocárdio ou mesmo

ao qual foi administrado

disfunção moderada da fração de

morte súbita cardíaca1. Os

amoxicilia+ácido clavulânico para o

ejeção do ventrículo esquerdo. Devido

mediadores alérgicos podem induzir

tratamento de diverticulite aguda e

à suspeita de enfarte agudo do

vasospasmo das artérias coronárias

que, após a administração do

miocárdio com supradesnivelamento

e subsequente isquemia miocárdica,

fármaco, desenvolve quadro de

ST, o doente foi submetido a

em indivíduos com ou sem doença

dispneia e dessaturação que culmina

fibrinólise com tenecteplase (10000

arterial coronária pré-existente1.

em paragem cardiorrespiratória

UI) e medicado com clopidogrel (75

Desde que foi descrita pela primeira

(PCR). O eletrocardiograma pós-PCR

mg) e aspirina (300 mg).

vez, por Kounis e Zavras em 19912, a

era sugestivo de síndrome coronária

Posteriormente, foi transferido para

incidência da SK tem aumentando,

aguda com supradesnivelamento de

um Centro Hospitalar com

embora seja ainda uma entidade

ST na parede cardíaca inferior. A 22

capacidade de realização de

clínica subdiagnosticada3. Os

realização de angiografia coronária

cateterismo emergente. A admissão

clínicos devem conhecer esta

emergente revelou ausência doença

neste Centro Hospitalar, repetiu

entidade, associada a morbilidade e

coronária epicárdica.

electrocardiograma tendo sido

mortalidade significativas, de modo

observado reversão do

a permitir um diagnóstico atempado

supradesnivelamento ST, verificando-

e tratamento específico.

CASO CLÍNICO

se ritmo sinusal com bloqueio de

Múltiplos antigénios foram descritos

O caso clínico refere-se a um homem

ramo direito. Submetido a angiografia

como causa de SK, nomeadamente

de 62 anos, com antecedentes de

coronária que excluiu doença

alimentos, fármacos e diferentes

hipertensão arterial, dislipidemia e

coronária epicárdica e posteriormente

exposições ambientais, como picada

obesidade e sem história de alergias

admitido em unidade de cuidados

de himenópteros1. Os fármacos mais

conhecidas. Encontrava-se medicado

intensivos. De igual modo, repetiu

frequentemente implicadas foram os

com telmisartan e hidrocolorotiazida,

ecocardiografia que revelou função

antibióticos (principalmente beta-

atorvastatina, ezetimiba, rilmenidina,

sistólica do ventrículo esquerdo

lactâmicos), seguidos dos anti-

alopurinol e tansulosina.

globalmente conservada com fração

inflamatórios não esteróides,

Após toma de amoxicilina+ácido

de ejeção média de 60%, e ausência

antineoplásicos e meios de contraste

clavulánico por via endovenosa,

de alterações significativas da

iodados4. As reações alérgicas

prescrito no serviço de urgência para

contractilidade segmentar. Do estudo

requerem ativação dos mastócitos

tratamento de diverticulite aguda, o

analítico efetuado pode referir-se

mediante ligação de uma

doente apresentou quadro clínico

leucocitose por neutrofilia e elevação

Imunoglobulina E (IgE) antigénio-

caracterizado por dispneia súbita

da proteína C reativa. Avaliação dos

específica ao receptor IgE de alta

com dessaturação, dor torácica e

biomarcadores de necrose do

afinidade encontrado na superfície

evolução para PCR em atividade

miocárdio mostraram alterações

celular. Uma vez ativados os

eléctrica sem pulso. Retorno da

discretas da troponina T (valor

mastócitos, segue-se a sua

circulação espontânea após 3 ciclos

máximo 0.45 ng/ml às 4 horas após

desgranulação e liberação de

de suporte avançado de vida (2 mg de

evento, com posterior descida para

substâncias vasoativas, enzimas e

adrenalina) em taquicardia ventricular,

0.34 ng/ml as 12 horas, valor de

citocinas contidas no interior das

tendo sido submetido a cardioversão

referência <0.05 ng/ml). Mioglobina,

células4. Destes mediadores,

elétrica com 200 J. Realizou

CK-MB e pró-peptídeo natriurético tipo

22

Indice


CASO CLÍNICO ADULTO

B sem alterações a partir dos valores

partir de mastócitos ativados causa

parede na distribuição da artéria

de referência.

vasospasmo ou rotura de uma placa

coronária afetada. A artéria coronária

Durante o período de permanência na

aterosclerótica; e tipo III, que

direita é a mais frequentemente

unidade de cuidados intensivos

corresponde a trombose no interior

afetada, embora o motivo seja

apresentou evolução favorável.

de um stent coronário devido a uma

desconhecido 5. A determinação

Realizou ressonância magnética

reação de hipersensibilidade1,5,6. No

laboratorial dos marcadores de

cardíaca sete dias após o evento

caso apresentado, a ausência de

necrose do miocárdio e da triptase

inicial, sendo observado normalidade

doença coronária significativa

sérica deve ser realizada, contudo, é

da função sistólica do ventrículo

excluída por angiografia coronária

importante referir que a semi-vida da

esquerdo e do ventrículo direito, sem

permite a classificação do episódio

triptase é de cerca de 90 minutos,

alterações significativas da

como SK tipo I. Contudo, como o

podendo conduzir a um falso

contratilidade segmentar, sem outras

doente foi submetido a fibrinólise,

negativo4. No presente caso clínico, o

alterações estruturais.

não se pode descartar a ocorrência

diagnóstico de SK não foi inicialmente

Adicionalmente, sem alteração da

de um subtipo II, na qual tenha

considerado, motivo pela qual não foi

perfusão em repouso.

ocorrido rotura de uma placa

determinada a triptase sérica durante

O doente teve alta para o domicílio ao

aterosclerótica e que após a terapia

a apresentação inicial. O diagnóstico

11º dia de internamento, medicado

fibrinolítica tenha ocorrido

foi realizado retrospetivamente

com bloqueador dos canais de cálcio

recanalização efetiva. De referir que o

mediante avaliação por alergologia e

de longa duração de ação,

doente tinha fatores de risco

pesquisa de IgE especifica, que se

nomeadamente amlodipina. Foi,

cardiovasculares, corroborando esta

revelou aumentada, a partir dos

ainda, referenciado para consulta de

hipótese.

valores de referência, para os

imunoalergologia 4 semanas após a

O diagnóstico de SK é baseado em

seguintes antibióticos: penicilina,

alta clínica para confirmação de

sinais e sintomas clínicos, bem como

amoxicilina+ácido clauvulânico e

reação alérgica à amoxicilina+ácido

em evidências laboratoriais,

ampicilina. Devido à gravidade da

clavulâncio, tendo sido realizado

eletrocardiográficas,

apresentação clínica, os testes

determinação dos níveis séricos de

ecocardiográficas e angiográficas. A

cutâneos (prick test e testes

IgE especifica, que se revelou

anamnese do doente, incluindo

intradérmicos) e testes de

aumentada, a partir dos valores de

história de alergias, é fundamental.

provocação com fármacos, apesar de

referência, para os seguintes

Os antibióticos, nomeadamente os

serem os métodos de diagnóstico de

antibióticos: penicilina,

beta-lactâmicos são o fator

eleição, não foram realizados7. A

amoxicilina+ácido clauvulânico e

precipitante mais frequentemente

demonstração de IgE específica a

ampicilina.

envolvido1,5. Os sintomas cardíacos

amoxicilina+ácido clavulânico não

incluem dor torácica (apresentação

estabelece, por si só, o diagnóstico de

mais comum, 86,6%), palpitações e

alergia medicamentosa, mas, em

DISCUSSÃO

dispneia. Manifestações alérgicas,

conjunto com os achados clínicos, e a

A SK é uma SCA em contexto de uma

como erupções cutâneas, urticária e

relação temporal, pode ser assumido

reação de hipersensibilidade.

sibilos, estão geralmente presentes5.

um mecanismo mediado por IgE.

Encontram-se descritos três subtipos

O electrocardiograma geralmente

Não há consenso sobre o tratamento

de SK: tipo I, decorrente de

mostra alterações no segmento ST

da SK, e a informação sobre o mesmo

vasospasmo de uma artéria coronária

sugestivas de isquemia, sendo o

provêm maioritariamente de relatos

em doentes sem doença coronária

enfarte do miocárdio com

de casos. A estratégia terapêutica

significativa, sendo o subtipo mais

supradesnivelamento de ST a

consiste no maneio da reação

frequente; tipo II, em doentes com

apresentação mais comum1,5. O

alérgica e da SCA, sendo que, por

doença coronária pré-existente, nos

ecocardiograma pode mostrar

outro lado, esta irá depender do

quais a liberação de mediadores a

alterações regionais da motilidade da

subtipo identificado. Contudo, em

Indice

23


24

24

Indice


CASO CLÍNICO ADULTO

todos os subtipos de SK, o tratamento

I sobre os outros subtipos. No SK tipo

antialérgico deve ser iniciado o mais

I, o vasospasmo pode ser facilmente

rapidamente possível, o que poderá

revertido com a remoção do alergénio

Camino E, Ruiz-de-Galarreta-Beristain M,

ser suficiente para reverter o

ou mediante vasodilatadores. O

Osaba-Ruiz-de-Alegria I, Martel-Martin C.

vasospasmo presente no subtipo I4,5.

desenvolvimento de outras

Drug-Induced Kounis Syndrome: Latest Novelties.

No tratamento da reação alérgica

manifestações alérgicas, como

Curr Treat Options Allergy 2023:1-18. (In eng). DOI:

devem ser administrados

sibilância e erupções cutâneas,

10.1007/s40521-023-00342-9.

corticosteroides, tal como a

auxiliam na identificação precoce da

hidrocortisona (1-2 mg/kg/dia IV) e

síndrome e permitem o tratamento

Kounis syndrome: A review article on

anti-histaminicos, como difenidramina

dirigido com corticosteroides e

epidemiology, diagnostic findings, management

(1-2 mg/kg)6. O tratamento de

anti-histamínicos. As complicações

and complications of allergic acute coronary

primeira linha da anafilaxia é a

graves são raras e estão associadas a

syndrome. Int J Cardiol 2017;232:1-4. (In eng).

adrenalina 0.2-0.5 mg, por via IM,

reações alérgicas a fármacos5. O

DOI: 10.1016/j.ijcard.2017.01.124.

podendo ser repetida a cada 5-15

caso clínico apresentado neste

minutos5,6. Nos subtipos II e III

trabalho corresponde, portanto, a uma

spasm secondary to cefuroxime injection,

também é necessário tratar a SCA.

apresentação clínica grave embora

complicated with cardiogenic shock - a

Além do tratamento padrão da SCA, o

rara, num doente sem história prévia

manifestation of Kounis syndrome: case report

vasospasmo deve ser tratado com

de alergias medicamentosas.

and literature review. Eur Heart J Acute Cardiovasc

vasodilatadores, nomeadamente

Em conclusão, a SK é uma emergência

Care 2018;7(7):624-630. (In eng). DOI:

nitratos e bloqueadores dos canais de

médica subdiagnostica, definida por

10.1177/2048872617701885.

cálcio não diidropiridínicos. Os

uma SCA associada a uma reação de

opioides devem ser usados com

hipersensibilidade. Embora múltiplas

Mohedano-Vicente E, et al. Kounis syndrome

cautela, pois podem induzir a

causas tenham sido descritas, os

following the performance of skin test to

desgranulação dos mastócitos e

fármacos, particularmente os

amoxicillin. Int J Cardiol 2014;174(3):856-7. (In

agravar a reação alérgica. O fentanil

antibióticos, constituem a causa mais

eng). DOI: 10.1016/j.ijcard.2014.04.191.

associa-se a uma ativação ligeira dos

frequente. O tratamento deve ser

mastócitos e pode ser o fármaco de

direcionado à reação de

escolha se for necessária analgesia.

hipersensibilidade e ao evento

Oxigénio suplementar deve ser

coronário, de acordo com os

administrado a doentes com

resultados da angiografia coronária

saturação arterial inferior a 90%. A necessita de monitorização rigorosa,

BIBLIOGRAFIA

pois pode causar reações alérgicas e

1.

5.

6.

7.

Ollo-Morales P, Gutierrez-Niso M, De-la-Viuda-

Abdelghany M, Subedi R, Shah S, Kozman H.

Mitsis A, Christodoulou E, Georgiou P. Coronary

González-de-Olano D, Gandolfo-Cano M,

Kounis NG. Kounis syndrome: an update on

induzir anafilaxia. Do mesmo modo,

epidemiology, pathogenesis, diagnosis and

como terapêutica anticoagulante deve

therapeutic management. Clin Chem Lab Med

ser dada preferência à heparina de

2016;54(10):1545-59. (In eng). DOI: 10.1515/

baixo peso molecular ou bivalirudina

cclm-2016-0010. 2.

Kounis NG, Zavras GM. Histamine-induced

alérgicas em relação à heparina6.

coronary artery spasm: the concept of allergic

Geralmente, o prognóstico da SK é

angina. Br J Clin Pract 1991;45(2):121-8. (In eng).

bom, esperando-se uma recuperação

4.

EDITOR

terapêutica com ácido acetilsalicilico

pelo seu menor risco de reações

10.26355/eurrev_202011_23830.

3.

NOÉLIA ALFONSO Médica VMER

REVISÃO

Marchesini D, Esperide A, Tilli P, et al. Allergic

completa na maioria dos doentes,

acute coronary syndrome: a case report with a

com tratamento adequado. Isto

concise review. Eur Rev Med Pharmacol Sci

deve-se à prevalência superior do tipo

2020;24(22):11768-11772. (In eng). DOI:

COMISSÃO CIENTÍFICA

Indice

25


26

26

Indice


ARTIGO DE REVISÃO I

ARTIGO DE REVISÃO I

A COMISSÃO DE PREVENÇÃO E CONTROLO DE INFEÇÃO E RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS (CPCIRA) DO INEM - ATIVIDADE EM 2022 INEM'S COMMITTEE FOR THE PREVENTION AND CONTROL OF ANTIMICROBIAL INFECTION AND RESISTANCE (CPCIRA) ACTIVITY IN 2022 Cristina Rita Trindade Costa1,2, Joana Isabel Fontes Dias Almeida Fontes1,3, Fábio Cristiano Soares Martins 1,3, Helena Carina Canhoto de Andrade Pissarra1,4, Lénia Aldina Rodrigues Ferreira1,3, Márcio Daniel Dias de Almeida e Silva1,3, Maria Joaquina da Silva Maia Ramos1,4, Milai Rosa Palminha1,3. Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Médica INEM, 3 Enfermeiro INEM, 4 Técnica de Emergência Pré-Hospitalar INEM 1 2

RESUMO

o que permite inferir que a

significant associations between

A Comissão de Prevenção e Controlo

sensibilização dos profissionais para a

action plans and results may facilitate

de Infeção e Resistência aos

boa prática, através de diferentes

future development in different areas

Antimicrobianos (CPCIRA) do Instituto

estratégias de comunicação e a

of action.

Nacional de Emergência Médica

aposta na produção de evidência

This article aims to disclose the rate of

(INEM) foi criada com a missão de

científica, permitiram potenciar as

achievement of the objectives of the

prevenir, detetar e controlar as

metas inicialmente propostas.

INEM's Committee for Prevention and

infeções em contexto de emergência

Conclui-se que a CPCIRA tem baseado

Control of Infection and Antimicrobial

extra-hospitalar, promovendo ações

a sua atividade nas áreas

Resistance (CPCIRA) proposed in the

neste âmbito, em articulação com os

recomendadas por entidades

Action Plan (AP) for 2022, based on

vários departamentos, serviços,

nacionais e internacionais na

the Activity Report (AR) of 2021.

unidades e demais órgãos técnicos.

prevenção e controlo de infeção e

This is a descriptive, observational,

O presente artigo pretende divulgar a

apresentado contributos, como

retrospective analysis, using the

taxa de cumprimento dos objetivos da

demonstram estes resultados.

collection of information and

CPCIRA do INEM, propostos no Plano de Ação (PA) para 2022, sustentados no

Palavras-Chave: Assistência pré-hospitalar, Qualidade dos cuidados de saúde, Controle de infecção; Relatório anual; Objetivos.

Relatório de Atividades (RA) de 2021. Trata-se de uma análise descritiva, observacional, retrospetiva, com recurso à recolha de informação e tratamento estatístico de atividades, realizadas entre 01 de janeiro e 31 de dezembro de 2022, em Portugal continental. Os resultados alcançados evidenciam uma melhoria da taxa de cumprimento nas Precauções Básicas de Controlo de Infeção (PBCI) “Colocação do doente” e “Higiene das mãos”, alvo de atenção pelos índices base anteriores,

statistical treatment of activities, carried out between January 1st and December 31st, 2022, in Mainland

ABSTRACT The Committee for Prevention and Control of Infection and Antimicrobial Resistance (CPCIRA) of INEM was created with the mission of preventing, detecting and controlling infections in the context of out-of-hospital emergency, promoting actions in this area, in conjunction with the various departments, services, units and other technical bodies1. Studying possible or

Portugal, at INEM. The results achieved show an improvement in the rate of compliance with the PBCI "placement of the patient" and "hand hygiene", which had been the target of attention due to the previous base rates. which allows us to infer that raising awareness among professionals for good practice, through different communication channels and the focus on the production of scientific

Indice

27


evidence, allowed us to expand the

a interseção entre a implementação

MÉTODOS

goals initially proposed.

das recomendações científicas e as

Trata-se de uma análise descritiva,

We conclude that CPCIRA has

necessidades específicas do INEM.

observacional, retrospetiva, com

contributed to all areas recommended

Neste âmbito, a sua atuação envolve

recurso à recolha de informação e

by national and international entities in

diferentes departamentos e órgãos

tratamento estatístico das atividades,

infection prevention and control.

institucionais, assim como entidades

realizadas pela equipa CPCIRA. Os

parceiras5.

dados reportam-se ao período entre

Cumulativamente, para além dos

01 de janeiro a 31 de dezembro de

esforços para alcance da taxa de

2022, em Portugal continental, no

INTRODUÇÃO

cumprimento dos objetivos definidos,

INEM. Os dados quantitativos foram

O Instituto Nacional de Emergência

as suas atividades denotam

analisados com recurso a estatística

Médica (INEM) é o organismo

disponibilidade para responder a

descritiva, para comparação e análise

responsável por garantir o

múltiplas solicitações, emissão de

de metas e resultados, na aplicação

funcionamento eficaz e o

relatórios e pareceres técnico-

informática Microsoft Excel®.

desenvolvimento sustentável do

científicos, desenvolvimento de novas

Sistema Integrado de Emergência

estratégias didáticas, colaboração em

RESULTADOS

Médica em Portugal . Historicamente a

grupos de trabalho, júris de 28

De acordo com os objetivos propostos,

concursos, entre outros.

apresentam-se na Tabela 1 os objetivos,

Infeção e Resistência aos

Neste enquadramento, para o ano

metas e resultados obtidos e respetivas

Antimicrobianos (CPCIRA) do INEM

2022 a CPCIRA estabeleceu os

taxas de atingimento. Verifica-se que,

iniciou a sua atividade inserida no

seguintes objetivos:

dos cinco (5) objetivos propostos, três

Departamento de Qualidade e

1.

Formar operacionais do INEM em

(3) foram atingidos. O objetivo relativo à

Segurança do Doente do mesmo

Precauções Básicas de Controlo

formação em PBCI apresenta uma taxa

Instituto. No entanto, em 2020,

de Infeção (PBCI);

de cumprimento mais baixa do que o

Efetuar visitas a bases e meios/

esperado (Tabela 1).

independente, pela necessidade de

ambulâncias para sensibilização

Na sua maioria os objetivos foram

vincular projetos próprios no que se

sobre boas práticas e verificação

atingidos, tendo sido superados

refere à prevenção de infeção no

da taxa de cumprimento das PBCI;

relativamente a estratégias de

Dar resposta a necessidades

comunicação, como se verifica pela

então, desenvolve anualmente o seu

formativas identificadas na

análise do número de trabalhos

Plano de Ação (PA) considerando

Higiene das mãos, Recolha e

apresentados ou de divulgações

fatores organizacionais específicos, de

Resíduos e Exposição a agentes

efetuadas no INEM.

processos de suporte ou de gestão.

microbianos no local de trabalho;

Foram encontradas maiores

Rever o Manual de Controlo de

dificuldades ao nível da formação em

Infeção6;

PBCI (taxa de cumprimento de 69%), e

Apresentar um trabalho em

na efetivação das visitas de

estratégias de desenvolvimento e

Congresso Internacional de

acompanhamento (taxa de

monitorização, tentando integrar e

Controlo de Infeção.

atingimento de 97%).

Keywords: Pre hospital care; Quality of care ; Infection prevention and control; Anual report ; Goals.

1

Comissão de Prevenção e Controlo de

constituiu-se como órgão consultivo

2.

contexto extra-hospitalar e, desde

3.

Desta forma, para cada objetivo, a

4.

CPCIRA apresenta indicadores de processo e de resultado, bem como

5.

cumprir as recomendações da

Consequentemente, as auditorias

Organização Mundial da Saúde (OMS)

O objetivo deste trabalho é descrever

permitiram mensurar a evolução das

e da Direção Geral da Saúde (DGS) ,

as atividades desenvolvidas pela

taxas de cumprimento das PBCI,

nomeadamente seguindo o Programa

CPCIRA INEM durante o ano de 2022,

comparativamente a 2021. No gráfico

de Prevenção e Controlo de infeções e

face aos objetivos propostos no seu

1, apresentam-se os resultados das

de Resistência aos Antimicrobianos

PA, através de uma reflexão e análise

PBCI definidas como prioritárias no PA

(PPCIRA) . No entanto, mantém sempre

crítica das mesmas.

para 2022.

2

3

4

28

Indice


ARTIGO DE REVISÃO I

Tabela 1. Resultados obtidos segundo os objetivos propostos

Verificou-se melhoria ao nível dos índices de qualidade nas PBCI Colocação de Doente e Higiene das mãos (aumentos de 25% e 45%, respetivamente), manutenção de resultados na Exposição a agentes microbianos no local de trabalho e diminuição na Recolha segura de resíduos (21% de diferença comparativamente a 2021). Destacam-se, além destas atividades, outras intervenções de resposta às necessidades e solicitações de departamentos, dirigentes e

Gráfico 1. Resultados da evolução das taxas de cumprimento das PBCI relativamente a 2021

profissionais, após análise e

(comunicações internas, infografias,

médica (interior dos veículos), nas

desenvolvimento em reuniões

flyers, FAQ's, entre outros) nos canais

diferentes Delegações Regionais,

semanais. Neste sentido, a CPCIRA

de comunicação e redes sociais do

após seleção de amostra aleatória.

ajustou a sua atividade às

Instituto. Cumulativamente,

necessidades, expectativas e

realizaram-se publicações sobre

DISCUSSÃO

problemas que foram surgindo, pela

doenças infeciosas emergentes, de

O ano de 2022 foi um ano de

evolução de contextos, contribuindo

forma a providenciar informação

adaptação à melhoria das anteriores

proactivamente para solucionar

oportuna e ajustada, a necessidades

condicionantes pandémicas, o que

problemas não contemplados em

bem definidas no tempo (por

potenciou um duplo impacto na

planificação inicial. Entre estas

exemplo, varíola dos macacos,

atividade da CPCIRA. Por um lado,

atividades destacam-se a

hepatite aguda infantil).

houve uma redução da necessidade

participação na revisão e emissão de

É também de sublinhar o trabalho

de acompanhamentos para vigilância

documentos e pareceres técnicos,

realizado, em colaboração com o

epidemiológica do vírus SARS-CoV-2

participação em grupos de trabalho e

INSA, para estudo de qualidade do ar

(COVID-19). Por outro, foram

júris de concurso, elaboração e

e avaliação microbiológica da água e

reforçadas, conforme previsto,

divulgação de material informativo

superfícies de viaturas de emergência

auditorias e cursos de formação no

Indice

29


30

formato presencial, possibilitando

operacional sustentado, nas

condições para aumento de

diferentes áreas de atuação, como

conhecimento e do cumprimento das

internacionalmente se recomenda

PBCI.

Importa, portanto, refletir sobre cada

mas sobretudo pela interação entre

Contudo, verificaram-se limitações

objetivo em particular, visando a

os intervenientes. Tem apresentado

relacionadas com a escassez de

melhoria contínua na área da

elevados graus de satisfação e

recursos humanos na atividade

prevenção e controlo de infeção

contribuído para melhoria dos

operacional e necessidade de reforço

extra-hospitalar.

conhecimentos e práticas. Deste

da equipa CPCIRA, com impacto

A formação em PBCI não atingiu a

modo, afere-se a necessidade de

negativo no atingimento dos

meta proposta para este objetivo

aumentar a formação na área de

objetivos.

(taxa de atingimento de 69%). Foram

prevenção e controlo de infeção,

Neste enquadramento, foram

identificadas diferentes barreiras

sabendo que a aposta formativa

delineadas estratégias dinâmicas e

neste ponto, nomeadamente ao nível

potencia organizações mais

de acordo com possibilidades reais

do agendamento e recursos

capacitadas e de alta

de atuação, considerando

humanos, assim como a ausências às

performance11,12.

competências e ferramentas

sessões programadas. A revisão do

A taxa de cumprimento das auditorias

disponíveis, para um desenvolvimento

produto pedagógico e a sua

(97%) indica um bom desempenho da

30

Indice

componente teórico-prática, revestiram-se da maior importância .

7–10

pelo treino e proximidade que permite,


ARTIGO DE REVISÃO I

equipa a nível nacional.

controle e prevenção de infeção ainda

INEM” e Sharepoint de forma

Analisando as metas sobre as PBCI

é escasso e deve requerer atenção

interativa, integrando hiperligações

identificadas como prioritárias para

particular. Avaliar a adesão às

para os diferentes produtos

2022, as PBCI 1. Colocação do Doente

diretrizes e fatores de risco

pedagógicos.

e 2. Higiene das Mãos a atividade da

associados, é consensual13–18.

Durante o ano de 2022 foram

CPCIRA permitiu ultrapassar as metas

A superação da meta inicialmente

apresentados quatro trabalhos

estabelecidas relativamente a 2021,

proposta relativamente a resposta

(posters) em congressos da

sendo de crer que as ações de

a necessidades formativas

especialidade, constituindo um

sensibilização efetuadas e a

identificadas (Tabela 1) vincula-se

contributo para a prática baseada na

campanha sobre Higiene das Mãos

aos esforços desenvolvidos,

evidência e superando a meta

terão contribuído para estes

nomeadamente relacionados com a

apontada. Representou igualmente o

resultados.

campanha de higiene das mãos. A

cumprimento de uma obrigação ética,

Quanto à PBCI 8. Recolha segura de

elaboração de diversos materiais

enquanto partilha de experiências

resíduos, verifica-se, porém, uma taxa

didáticos audiovisuais e sua

com outros profissionais, a nível

de cumprimento mais baixa

divulgação estratégica, ao longo

nacional e internacional.

relativamente ao ano de 2021 (51%),

dos sete dias da campanha, bem

Em suma, com este percurso

previsível por constrangimentos,

como o envolvimento direto de

assegura-se um caminho iniciado há

relacionados com alterações

Dirigentes do Instituto, promoveu o

mais de 3 anos, baseado na

contratuais com a empresa de

sucesso, indo de encontro às

implementação de programas

recolha e simultaneamente,

recomendações da OMS - Initiative:

qualificados na área da prevenção em

limitações de recursos materiais

Hand Hygiene for all”. 3,19–21

infeção. O sucesso indicado pelos

(como por exemplo as características

A divulgação da informação

resultados determina eficácia de

dos contentores das viaturas),

planeou-se de forma a garantir

ação, mas preconiza de igual forma,

diminuem probabilidades de melhoria

sensibilização de modo fracionado,

exigentes recursos humanos e

de resultados, pela indisponibilidade

mais apelativo, sob forma de vídeos,

materiais suficientes, bem como

de abertura dos contentores por pedal

flyers, FAQ, entre outros.

agentes de mudança dedicados que

(unicamente dispositivo manual).

Plataformas como a Newsletter

possibilitem que qualquer

Relativamente à PBCI 10. Exposição a

iNEM hoje, Facebook ou Instagram,

intervenção, seja uma prioridade

agentes microbianos no local de

permitiram difundir a informação a

institucional10,22–27

trabalho identificam-se ainda

um público mais alargado, de forma

Os fatores condicionantes integram

necessidades na área da segurança e

simples e percetível.

défices de suporte, fatores

saúde no trabalho, embora o

Simultaneamente, foi implementada a

orçamentais e barreiras protocolares,

indicador de qualidade revele

divulgação de boletins trimestrais,

que acrescentam às dificuldades de

ausência de variação face a 2021.

com as atividades realizadas, numa

gestão de Pessoas, barreiras físicas,

Segundo questionário dirigido aos

estratégia de aproximação aos

processuais e de acesso equitativo a

profissionais, há falta de informação

profissionais. Houve preocupação

recursos. A implementação de um

acerca dos procedimentos a realizar

com atualização periódica de

programa sustentado de controle de

em caso de exposição significativa a

informação na página online da

infeção no INEM conta ainda com

agentes infeciosos, aumentando

CPCIRA (disponível no Sharepoint do

alguns desafios relacionados com a

riscos profissionais.

INEM), permitindo compilar e

implementação de boas práticas,

Existe concordância de focos de

centralizar informação, enquanto

denotando a importância do apoio

atenção, com outros estudos nesta

recurso de fácil acesso.

dos líderes institucionais para o

área, sobretudo por se constatar que

O Manual de Controlo de Infeção foi

sucesso do programa.

a atividade extra-hospitalar se revela

revisto, conforme planeado, e

cada vez mais complexa. O foco no

publicado na plataforma “Aprender

Indice

31


CONCLUSÃO

tratamento de dados, e a sua

Emergência Médica INEM) e ao Dr.

O relatório anual da CPCIRA é o

partilha pelos órgãos de gestão,

Pedro Lavinha (Conselho Diretivo

resultado da monitorização de

tem permitido apurar dificuldades

INEM) e aos Diretores Regionais, que

indicadores. Pela descrição dos

dos profissionais, necessidades

disponibilizam os recursos

objetivos propostos e das respetivas

específicas de formação e orientar

taxas de cumprimento, verifica-se um

sugestões de melhoria de

A equipa CPCIRA INEM é constituída

aumento significativo no índice de

estruturas físicas e para

pelos seguintes elementos:

qualidade de duas PBCI, o que revela

capacitação profissional.

Ana Filipa Vasconcelos Pereira

que uma ação sustentada,

De uma forma global, a proximidade e

Ana Margarida Gonçalves Araújo

coordenada e com esforços

colaboração entre pares possibilita

Catarina Isabel Calhás Jorge Reis

complementares, promove o

que se identificam problemas e

Cristina Rita Trindade Costa

fortalecer da base de conhecimento

proponham de soluções viáveis.

Fábio Cristiano Soares Martins

para a prática e evidente contributo

Futuras intervenções de mudança de

Guilherme Eça Guimarães Azevedo

para a redução de riscos.

comportamento devem concentrar-se

Helena Carina Canhoto de Andrade

Considera-se pertinente concluir que o

na visibilidade e acessibilidade de

planeamento em saúde é

produtos de descontaminação, na

imprescindível e estará sempre aliado à

informação acerca de papéis, 32

qualidade dos resultados alcançados.

responsabilidades individuais e

Para a CPCIRA INEM, o PA não ficou

Pissarra •

Joana Isabel Fontes Dias Almeida Fontes

Lénia Aldina Rodrigues Ferreira

Márcio Daniel Dias de Almeida e Silva

institucionais para alavancar

Maria Joaquina da Silva Maia Ramos

vinculado apenas aos objetivos

processos de influência e solidificar

Milai Rosa Palminha

pré-definidos, tendo desenvolvido

boas práticas.17,23,28–31

Odete Marisa Correia Cardoso

diversas atividades enquanto desafio e contributo para um futuro preventivo

AGRADECIMENTOS

e de controlo de infeção eficaz. Tal só

O alcançar destes resultados não

BIBLIOGRAFIA

é possível graças à plena dedicação

seria possível sem a colaboração,

1.

de cada elemento da equipa.

saber e imensa dedicação por parte

pt/2017/05/22/missao-visao-e-valores/.

A aposta parece apontar para a

de toda a equipa CPCIRA e da sua

Published 2021.

manutenção da formação dos

Coordenação. Um muito obrigado à

profissionais INEM, e de parceiros do

Dr.ª Manuela Lucas, pela persistência,

Sistema Integrado de Emergência

resiliência e exemplo inexcedíveis,

Médica (SIEM) em controlo de

sempre incentivando a equipa a

infeção. Será imprescindível a

desenvolver um trabalho de

Controlo da Infeção (PBCI). Direção Geral da

motivação dos diferentes

excelência, ao longo destes anos e

Saúde. 2012:1-4. https://normas.dgs.min-saude.

responsáveis para a sua adesão,

que nunca esqueceremos. A CPCIRA

pt/wp-content/uploads/2019/10/precaucoes-

assim como a dos profissionais em

agradece a todos os profissionais do

cargos de chefia. Recomenda-se

INEM pela colaboração com todas as

manter os profissionais atualizados e

atividades desenvolvidas e pelo seu

garantir formação de base a todos os

trabalho diário em prol dos doentes.

novos profissionais INEM.

A CPCIRA agradece ainda o

Por outro lado, auditorias

importante apoio prestado pelas

demonstram permitir aumentar o

estruturas institucionais hierárquicas

conhecimento sobre processos e

que tornaram possível o trabalho

procedimentos, de diferentes bases

desenvolvido pela Comissão durante

e meios, dispersos pelo continente

o ano 2022, com especial gratidão à

e múltiplas regiões. A recolha e

Dr.ª Fátima Rato (Departamento de

32

Indice

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COMISSÃO CIENTÍFICA

Indice

33


34

34

Indice


Indice

35


36

36

Indice


REFLEXÕES BREVES SOBRE A EMERGÊNCIA MÉDICA

REFLEXÕES BREVES SOBRE A EMERGÊNCIA MÉDICA

PARADIGMA DA UTILIZAÇÃO SISTEMÁTICA DO LUCAS Bárbara Ribeiro1 Aluna do Mestrado Integrado em Medicina da Universidade do Algarve (MIM-UAlg)

1

RESUMO

ABSTRACT

Paradigma da utilização sistemática

Desde o seu surgimento, os

Since their appearance, mechanical

do LUCAS

dispositivos de compressão

compression devices, AutoPulse and

Paragem cardiorrespiratória (PCR) é

mecânica, nomeadamente o

Lund University Cardiopulmonary

o termo que diz respeito à cessação

AutoPulse e o Lund University

Assist System (LUCAS), have shown

súbita da ejeção cardíaca, que

Cardiopulmonary Assist System

themselves to be promising projects,

conduz à hipoxia severa e à

(LUCAS), se demonstraram como

since they allowed to overcome many

isquemia dos órgãos vitais, como o

projetos promissores, uma vez que

obstacles that emergency teams

coração e o cérebro1. A realização

permitiam colmatar muitos

faced, the limitation of human

precoce de manobras de

obstáculos que as equipas de

resources and the physical

ressuscitação cardiorrespiratória

emergência enfrentavam,

capabilities.

potencializa o prognóstico e a taxa

nomeadamente a limitação dos

However, several complications,

de sobrevivência dos doentes, uma

recursos humanos e das capacidades

associated with mechanical devices,

vez que permite o fluxo de sangue

físicas dos profissionais.

have been described in the literature.

aquando do evento1,2.

No entanto, várias complicações,

Therefore, the use of LUCAS should

O algoritmo de abordagem à

associadas aos dispositivos

remain reserved for specific

paragem cardiorrespiratória requer a

mecânicos, foram descritas na

situations, such as in events with

realização de compressões

literatura. Como tal, a utilização do

limited human resources, prolonged

torácicas de elevada qualidade, o

LUCAS deve permanecer reservada a

Cardiopulmonary resuscitation (CPR),

mais precocemente possível3, com

situações específicas, como eventos

CPR during transport, CPR during

uma frequência de 100-120 bpm e

com limitação de recursos humanos,

cardiac catheterization and during

uma profundidade de 5 cm, com o

PCR prolongada, PCR durante o

oxygenation by Extracorporeal

mínimo de paragens durante a

transporte, PCR durante cateterização

Membrane (ECMO).

execução das manobras1,4. Tais

cardíaca e durante Oxigenação por

requisitos são de difícil alcance pela

Membrana Extracorporal (ECMO).

limitação das capacidades físicas dos profissionais, fadiga dos mesmos e existência de outras tarefas indispensáveis na abordagem ao doente1,2,5,6,7. De forma a colmatar estes obstáculos, surgiram dispositivos de compressão mecânica5: o AutoPulse

Palavras-Chave: LUCAS, AutoPulse, Paragem Cardiorrespiratória, Emergência Pré-Hospitalar

Keywords: LUCAS, AutoPulse, Cardiopulmonary arrest, Pre-Hospital Emergency

e o Lund University Cardiopulmonary

Indice

37


Assist System (LUCAS), O AutoPulse consiste numa banda que circunda o toráx e exerce uma pressão rítmica e uniforme, enquanto que o LUCAS exerce uma compressão e descompressão ativa, no plano anteroposterior, através de um pistão colocado sobre o esterno do utente1,8. Ao executarem compressões torácicas, de forma autónoma, estes dispositivos libertam profissionais para exercerem outro tipo de intervenções, minimizam as interrupções durante as manobras, e anulam o risco de diminuição da 38

eficácia das compressões por exaustão dos profissionais8,9. O dispositivo LUCAS, além de garantir compressões torácicas de elevada qualidade e consistência, com frequência e profundidade adequadas, permite a aplicação, através do dispositivo de sucção presente no pistão, de uma pressão negativa aquando da descompressão que facilita o retorno do sangue ao coração após cada compressão1,3,6. Outras vantagens que o LUCAS apresenta é a possibilidade de aplicar choque sem interrupção das compressões2,3,5, melhorando, deste modo, os resultados em ritmos desfibrilháveis2. E de anular as paragens associadas à troca de profissionais, uma vez que trabalhar em contínuo3. Quando comparados com as compressões manuais, os dispositivos mecânicos melhoram os resultados a nível de ressuscitação cardiopulmonar e sobrevivência até admissão hospitalar, mas a longo termo, a

38

Indice


REFLEXÕES BREVES SOBRE A EMERGÊNCIA MÉDICA

preservação neurológica é

aquando da utilização do LUCAS em

outro1,2,5,6,7,9,15. Talvez devido ao

inconclusiva3. Por outro lado, as

ritmos desfibrilháveis, melhora os

tempo necessário para a colocação

compressões manuais conseguem

resultados neste tipo de ritmos, mas

do dispositivo, que atrasa a

ser mais precocemente executadas,

leva à realização de choques

realização das compressões, por o

mas a sua qualidade, pelas

desnecessários aquando da

dispositivo não estar adaptado para

limitações físicas dos profissionais,

conversão em ritmos não

todas as fisionomias e por este

tende a diminuir1.

desfibrilháveis. Porém, ainda não

estar mais associado ao surgimento

A realização de compressões

existe evidência de que este facto

de pneumotórax e hematoma1.

manuais de qualidade está

seja prejudicial ao resultado2.

Independentemente do método

dependente de inúmeros fatores tais

Safi U. et al, 2018, concluíram que as

escolhido, é fundamental que as

como o ambiente, condicionado

compressões manuais apresentam

compressões sejam realizadas na

pelo transporte, e a força física e

melhores resultados na

localização anatómica ideal e com

mental dos profissionais1,4,6,10.

sobrevivência 30 dias após a alta e

monitorização cuidadosa9.

Como qualquer ato médico, tanto a

na recuperação neurológica do que

Os dispositivos mecânicos,

execução de compressões manuais

o LUCAS 5, 11.

nomeadamente o LUCAS, não

como mecânicas, com o LUCAS,

Os dispositivos de compressão

deverão substituir as compressões

pode conduzir a inúmeras

torácica mecânica não revelaram

manuais, mas deverão ser utilizados

complicações, nomeadamente

melhores resultados quando

como adjuvantes quando é

rotura cardíaca, lesão da aorta e da

comparados com a aplicação de

preponderante libertar profissionais

veia cava, rotura esofágica, rotura

compressões torácicas manuais,

para outras tarefas ou para

de órgãos sólidos e fratura de arcos

podendo, inclusivamente, estar

contornar a fadiga da equipa1. Em

costais9 e hemorragia massiva. No

associadas a algumas

termos do pré-hospitalar é

entanto a incidência destas

complicações. Posto isto, o seu uso

importante que o LUCAS seja levado

complicações é superior aquando

rotineiro está contraindicado,

imediatamente para o evento, de

da utilização do LUCAS 5,11.

devendo ser reservado para

forma a não atrasar a sua

Fohle et al, 2021, concluiu que o

situações específicas, em que a

colocação4. Importa também referir

dispositivo LUCAS apresenta piores

qualidade das compressões

que o treino adequado das equipas

resultados quando comparado com

torácicas manuais não está

na utilização do LUCAS é importante

compressões torácicas manuais.

garantida, como em eventos com

para minimizar atrasos no seu

Provavelmente explicado pelas

limitação de recursos humanos,

posicionamento e início de

interrupções das manobras aquando

PCR prolongada5,8,9,11, PCR durante o

compressões13.

da colocação do dispositivo7,12 que

transporte3,5,8,9,11, PCR durante

A heterogeneidade dos resultados

atrasa a realização do primeiro

cateterização cardíaca3,5,8,9,10,14 e

nos diferentes estudos pode ser

choque em ritmos desfibrilháveis, e

durante Oxigenação por Membrana

explicada pela variabilidade das

por não ser totalmente adaptável a

Extracorporal (ECMO)14.

caraterísticas sociodemográficas e

todas a fisionomias, o que agrava o

Anantharaman et al, 2017

comorbilidades dos utentes, da

atraso na execução das

concluíram que a utilização do

utilização de diferentes protocolos

manobras5,12.

LUCAS é benéfica quando

de ressuscitação cardiopulmonar,

A pausa na utilização do dispositivo

comparada com as compressões

pela diferença do tempo de

pode dever-se ao tempo necessário

manuais, mas apenas quando

aplicação do dispositivo, qualidade

para a sua colocação, correto ajuste

utilizado de forma precoce e

das compressões manuais, pela

e problemas técnicos relacionados

posicionado de forma ideal4.

falta de feedback na ressuscitação

com o próprio dispositivo13.

No entanto outros autores

cardiopulmonar e pelos cuidados

A inexistência da paragem para

defendem que não existe diferença

pós paragem5,7.

avaliar ritmo pré-desfibrilhação

entre a utilização de um método ou

A evidência científica ainda não é

Indice

39


40

40

Indice


REFLEXÕES BREVES SOBRE A EMERGÊNCIA MÉDICA

clara quanto à preferência de um

chest compressions with the Lucas device in

from https://www.sciencedirect.com/science/

método sobre o outro, torna-se

out-of-hospital cardiac arrest patients: A

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assim necessária a realização de

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concreto do resultado da

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intervenção1

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mais estudos, que incluam uma amostra representativa e

8.

9.

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B;Skoog G;Kastberg R;Halliwell D;Box M;Herlitz

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4.

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advanced-cardiac-life-support?sectionName=Mec

2.

pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27180892/ 14.

EDITORA

nlm.nih.gov/28741013/ 12.

Author links open overlay panelJoseph M. Venturini a, a, b, c, d, e, AbstractBackgroundPerforming advanced cardiac life support (ACLS) in the cardiac catheterization laboratory (CCL) is challenging. Mechanical chest

INÉS SIMÕES Coordenadora Médica da VMER de Portimão

compression (MCC) devices deliver compressions in a small space, Babbs, C. F., Tadel-Kocjancic, S., Truhlář, A., Wagner, H., Larsen, A. I., Grogaard, H.

REVISÃO

K., Agostoni, P., Webb, J. G., & Dallan, L. A. (2017, April 2). Mechanical chest compressions improve rate of return of spontaneous circulation and allow for initiation of percutaneous circulatory support during cardiac arrest in the cardiac catheterization laboratory. Resuscitation. Retrieved May 1, 2023,

COMISSÃO CIENTÍFICA

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41


42

42

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CARTAS AO EDITOR

CARTAS AO EDITOR

SÍNDROME DE BOERHAAVE: UM DIAGNÓSTICO NEM SEMPRE PRESENTE. Inês de Albuquerque Monteiro1, Rita Xavier1, João Cardoso1, Carla Peixoto2 Médico Interno de Formação Específica de Medicina Interna do Centro Hospitalar do Médico Ave Assistente Hospitalar de Medicina Interna do Centro Hospitalar do Médico Ave

1 2

Caro Editor,

hemodinamicamente estável e

Realizou drenagem torácica ecoguiada

apirético. Sem alterações ao exame

com saida de líquido pleural com

A febre, vómitos e alteração de

físico e exame neurológico.

cheiro fétido e acastanhado tendo-se

estado de consciência surgem como

Analiticamente a destacar proteína C

alterado antibioterapia para

três dos principais motivos de vinda

reativa de 40 mg/dL, hiponatremia

Ceftriaxone e Clindamicina. Apesar da

ao serviço de urgência (SU), sendo

(sódio de 127mEq/L) e lesão renal

terapêutica instituída, agravamento

muitas vezes inespecíficos e em

aguda KDIGO 3 (creatinina 2.2mg/

clínico e analítico, acompanhado por

situações mais graves, grandes

dL). Realizou radiografia do tórax e

desconforto torácico tendo realizado

dissimuladores.

abdómen, bem como angioTC

eletrocardiograma que descartou

A Síndrome de Boerhaave é uma

cerebral, sem alterações. Após 12

síndrome coronário agudo a par de

entidade rara (aproximadamente 3,1

horas início de febre de 40ºC,

doseamento negativo de marcadores

por 1.000.000 por ano),

apresentava rigidez da nuca, tendo

de necrose miocardica. Realizou

potencialmente fatal, que surge após

realizado punção lombar com saída

imagem pulmonar de controlo, com

rutura da parede esofágica por

de líquido cefalorraquidiano, água de

evidência de pneumomediastino

aumento da pressão intraesofágica,

rocha, 4 células, proteinorraquia (125

adjacente ao hiato esofágico, várias

sendo o vómito o principal

mg/dL) e painel microbiológico de

locas de hidropneumotorax à direita e

LCR negativo. Por suspeita de

consolidações pulmonares bilaterais.

infeção do sistema nervoso central

Levantada a suspeita de mediastinite

iniciou ceftriaxone 2g 12/12h,

associada a perfuração esofágica e

homens, entre os 50 e 70 anos, e está

ampicilina 2g 4/4h e aciclovir 750

pneumomediastino, realiza novo TAC

associada à ingestão de álcool.

mg 8/8h, tendo sido admitido na

Torácico com contraste oral que

Apresentamos o caso clínico de um

Unidade de Cuidados Intermédios.

confirma o diagnóstico (figura 1).

homem de 74 anos, com

Ao primeiro dia de internamento por

Após discussão multidisciplinar,

antecedentes pessoais relevantes de

agravamento respiratório com

doente proposto para colocação de

etilismo (60g/dia) e hipertensão

necessidade crescente de

endoprótese esofágica. Durante o

arterial. Recorreu ao SU por

oxigenoterapia suplementar, realizou

internamento o doente apresentou

alucinações visuais, desorientação

TC torácico que demonstrou a

uma evolução desfavorável para

temporo-espacial, agitação, febre e

presença de derrame pleural

choque sético com disfunção

vómitos com 24 horas de evolução.

loculado bilateralmente, de conteúdo

multiorgânica tendo falecido apesar

À admissão, encontrava-se

espesso e com níveis hidroaéreos,

de todas as medidas de suporte de

verborreico, agitado,

acompanhado de empiema à direita.

órgão instituídas.

desencadeante, seguido de dor torácica e enfisema subcutâneo.

1-3

Surge mais frequentemente em 2,4

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44

44

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CARTAS AO EDITOR

Figura 1 - Pneumomediastino por perfuração esofágica (seta) evidenciado em TAC torácico com contraste oral

A Síndrome de Boerhaave é um

BIBLIOGRAFIA

quadro grave cujo diagnóstico é

1.

comummente negligenciado1. A clínica inespecífica levou a um

Szeliga J, Jackowski M. Boerhaave syndrome. Pol Przegl Chir. 2011;83(9):523-6.

2.

Turner AR, Turner SD. Boerhaave Syndrome.

diagnóstico tardio. Dada a

StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls

mortalidade chegar aos 40% em

Publishing. Copyright © 2023, StatPearls

casos de não tratamento, a presença

Publishing LLC.; 2023.

de vómitos, derrame pleural e

3.

He X, He Z, Li H. Boerhaave syndrome: Challenges

suspeita de mediastinite deve-nos

in diagnosis and treatment of the early

alertar para esta entidade, de forma a

presentation and its complication. J Trauma Acute

garantir tratamento dirigido adequado

Care Surg. 2018;84(6):1030-2.

nas primeiras 24 horas.2, 4

4.

EDITORA

Salvador-Ibarra IJ, Pizaña-Davila A. Boerhaave syndrome. Case report and literature review. Cir Cir. 2021;89(S2):26-30.

CATARINA JORGE Médica VMER

REVISÃO

COMISSÃO CIENTÍFICA

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CARTAS AO EDITOR

CARTAS AO EDITOR

SUSPEITA DE SÍNDROME DE HIPEREMESE CANABINÓIDE:

CONSIDERAÇÕES SOBRE AS NORMAS DE ORIENTAÇÃO PUBLICADAS NO “THE ROYAL COLLEGE OF EMERGENCY MEDICINE” Sara Aleixo Cabrita1 Médica Interna de Formação Específica em Medicina Interna; Médica VMER Faro e Albufeira; Centro Hospitalar e Universitário do Algarve - Unidade de Faro

1

Caro Editor,

antiemética, em altas doses resulta

cessação do consumo de canábis.1

em vómitos e dor abdominal.

Em alguns casos, a SHC pode ser

Venho apresentar algumas

Não existem exames

fatal, por alterações hidroeletrolíticas

considerações relativas às

complementares laboratoriais ou

e de ácido-base (alcalose/acidose

recomendações de atuação na

radiológicos que possam ser úteis

metabólicas), hipoglicemia ou

Síndrome de Hiperemese

ao diagnóstico e, este costuma ser

insuficiência renal.1-2 A SHC é

Canabinóide (SHC), publicadas em

tardio, após vários episódios

resistente à maioria dos

Junho de 2023, no The Royal College

similares. E daí, a necessidade da

antieméticos: dexametasona,

of Emergency Medicine.

criação de uma norma orientadora,

domperidona, metoclopramida,

A SHC, reconhecida em 2004, é

baseada na revisão da literatura com

ondansetron e prometazina. E a dor

caracterizada por náuseas e vómitos

elevado nível de evidência.

também não cede aos opióide.[2]

cíclicos devido ao uso prolongado de

Apesar de ser um diagnóstico de

Recomenda-se a administração de

canábis. Sabe-se que 7.8% dos

exclusão, devemos suspeitar se:

haloperidol (0.05mg/Kg

adultos no Reino Unido consomem

menos de 50 anos de idade,

intramuscular, máx 5mg) ou a

canábis e 25.6% destes, pelo menos,

consumo semanal de canábis há

aplicação de creme de capsaícina

semanalmente.

mais de 1 ano, náuseas/vómitos

0.1% (aplicar 5g no abdómen).1

O seu diagnóstico é desafiante por

cíclicos que recorrem em meses, dor

Antes, devemos obter um

não existir relação directa entre o

abdominal ou resolução dos

eletrocardiograma para avaliar o

tempo de consumo de canábis e o

sintomas com a cessação do

intervalo QTc (não administrar

início dos sintomas, e, alguns

consumo, banhos de água quente

haloperidol se QTc prolongado,

doentes, até consideram que o

compulsivos que melhoram os

doença de Parkinson ou demência de

consumo de canábis induzirá

sintomas. Os sintomas dividem-se

corpos de Lewy) ou alterações

melhoria dos sintomas. Podem

em três estádios: (1) fase

sugestivas de alterações

decorrer semanas a meses entre

prodrómica com náuseas matinais,

hidroeletrolíticas.1 O recurso ao

episódios e, alguns doentes,

dor abdominal que pode durar

haloperidol ou à capsaícina, não só

desenvolvem sintomas apenas após

semanas a anos; (2) a fase

dá alívio imediato, como podem

vários anos de consumo.

hiperémica com náuseas e vómitos

evitar o internamento destes

A fisiopatologia não é completamente

persistentes, dor abdominal,

doentes.

conhecida, mas sabe-se que,

diminuição da ingesta alimentar e

Após o episódio agudo, não deve ser

enquanto pequenas doses de o

hídrica; (3) fase de recuperação que

prescrito haloperidol em ambulatório

tetra-hidrocarbinol (THC) têm ação

poderá ocorrer em meses após

e o tratamento definitivo passa

1

1

2

1

2

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CARTAS AO EDITOR

apenas pela cessação de canábis.

BIBLIOGRAFIA

O uso, cada vez mais frequente, de

1.

Humphries C., Marianne G. Royal College of

canábis, até com intuito medicinal,

emergency Medicine: Suspected Cannabinoid

aumentou o número de doentes

Hyperemesis Syndrome in Emergency

consumidores sendo imperativo o

Departments. Jun 23. Best Practice Guideline;

não julgamento destes, bem como,

2.

Desjardins N, Stheneur C. Syndrome

o reforço da sua confidencialidade.1

d'hyperémèse cannabique: revue de la littérature

Portanto, deve-se considerar o

[Cannabinoid hyperemesis syndrome: A review

diagnóstico de SHC em doentes

of the literature]. Arch Pediatr. 2016

com consumo de canabinóides e

Jun;23(6):619-23. French. doi: 10.1016/j.

náuseas/vómitos cíclicos. Apesar

arcped.2016.01.016. Epub 2016 Apr 12. PMID:

de difícil, devemos encorajar a

27017363.

confirmar o consumo de canabinóides, referindo o benefício desta partilha, sem juízos de valor ou estigmas. Casos que não resolvam com antieméticos (maioria), devemos considerar haloperidol intramuscular ou capsaícina tópica e, estes doentes, deverão ser encaminhados visando a abstinência do uso de canabinóides

EDITORA

CATARINA JORGE Médica VMER

REVISÃO

COMISSÃO CIENTÍFICA

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VAMOS PÔR O ECG NOS EIXOS

VAMOS PÔR O ECG NOS EIXOS

“THE WINTER IS COMING”

Sofia Andraz1, Joana Massa1 Interna de Formação Específica de Cardiologia, Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) - Unidade de Faro.

1

Figura 1 - ECG de 12 derivações: Ritmo sinusal, 75bpm, sem desvio do eixo, depressão do ponto J (3-4mm) com infradesnivelamento do segmento ST em rampa ascendente e ondas T apiculadas e simétricas nas derivações V2-V5; onda T invertida nas derivações DIII e aVF.

Homem de 51 anos, sem

300mg de amiodarona.

O padrão eletrocardiográfico de De

antecedentes pessoais de relevo,

Foi realizado eletrocardiograma de

Winter (ou ondas T de De Winter)

com história familiar de morte súbita

12 derivações (ECG 12d) no local e

caracteriza-se por depressão do

do pai aos 50 anos e irmã com

posteriormente de forma seriada.

ponto J > 1mm e do segmento ST

paragem cardiorrespiratória por

Inicialmente, este não apresentava

em rampa ascendente, e ondas T

enfarte anterior aos 42 anos.

alterações de relevo, tendo

positivas, altas e simétricas nas

Doente entrou em paragem

posteriormente surgido o padrão

derivações precordiais, por vezes

cardiorrespiratória (PCR) no

apresentado no ECG 12d da Figura 1.

acompanhadas de um

supermercado, com rápida

Tendo sido reconhecido o padrão

supradesnivelamento discreto no

assistência por enfermeira que

eletrocardiográfico de De Winter, o

segmento ST na derivação aVR.

iniciou suporte básico de vida, e

doente foi encaminhado para

Este padrão tem um elevado valor

início de suporte avançado de vida

realização de cateterismo cardíaco

preditivo positivo para estenose

(SAV) após a chegada da ambulância

(CAT) emergente, que revelou

crítica ou oclusão da artéria

de SIV. O doente apresentava ritmo

oclusão trombótica da artéria

coronária descendente anterior,

desfibrilhável, com recuperação de

coronária descendente anterior,

sendo considerado um equivalente

circulação espontânea após 12

submetida a angioplastia primária

de enfarte agudo do miocárdio

minutos em SAV, com administração

com colocação de stent.

com supradesnivelamento do

de 4 choques, 1mg de adrenalina e

segmento ST (STEMI) e,

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51


52

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VAMOS PÔR O ECG NOS EIXOS

consequentemente, tem indicação

(desde que estabilidade

para CAT emergente e tratamento

hemodinâmica e elétrica

de reperfusão imediato.

sustentadas). Contudo, na presença

Estima-se que a incidência do

de padrões de alto risco

padrão eletrocardiográfico de De

considerados equivalentes a STEMI

Winter seja de cerca de 2% dos

(onde se inclui o padrão

STEMI de localização anterior. A

eletrocardiográfico de De Winter),

ausência de um

os doentes devem der avaliados na

supradesnivelamento do

perspetiva de se priorizar a

segmento ST pode levar a uma

avaliação da anatomia coronária e

interpretação errada dos achados

respetiva reperfusão

no ECG 12d e a um atraso do tratamento de reperfusão. O reconhecimento deste padrão é EDITORA

de extrema importância para a triagem destes doentes para reperfusão emergente, permitindo

BIBLIOGRAFIA

uma redução da

1.

Verouden NJ, Koch KT, Peters RJ, et al Persistent

morbimortalidade associada.

precordial “hyperacute” T-waves signify proximal

A evidência atual defende que, em

left anterior descending artery occlusion. Heart

contextos pós-PCR e na ausência

2009;95:1701-1706.

de supradesnivelamento de ST em

2.

TERESA MOTA Assistente hospitalar de Cardiologia - CHVNG/E EDITOR

Morris, Niall P.; Body, Richard. The De Winter ECG

ECG 12d, seja adotada uma

pattern: morphology and accuracy for diagnosing

abordagem que privilegie a

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otimização dos cuidados de

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neuroprotecção, deixando para

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segundo plano a realização de CAT

MEJ.0000000000000463

HUGO COSTA Interno de formação Específica de cardiologia - CHUA

Indice

53


54

54

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IMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

IMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

BLUE URINE IN URGENCY DEPARTMENT Pedro Fernandes Moura1, Inês Albuquerque1, Pedro Neves2 Interno de formação específica de Medicina Interna, Centro Hospitalar do Médio Ave Assistente hospitalar graduado de Medicina Interna, Centro Hospitalar do Médio Ave

1 2

A 39-year-old female patient arrived at the emergency department displaying blue-coloured urine (Picture 1). Her medical history featured a prior intragastric balloon insertion procedure 10 months ago, with no other pertinent health-related details. She was not under any medication and exhibited no other noteworthy clinical occurrence.

What could be potential cause of blue urine? A. Methemoglobinemia B. Consumption of blue alimentary dye with subsequent urine excretion C. Intragastric balloon rupture D. Urinary tract infection

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IMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

EXPLANATORY TEXT C (Intragastric balloon rupture) In-depth inquiry revealed the absence

This case emphasizes an uncommon

of blue dye ingestion, as well as the

discovery, serving as a crucial

exclusion of particular fruits like

reminder for healthcare providers

blueberries or blackberries from her

regarding potential complications

diet. The patient had not recently

associated with intragastric balloon

taken any medications like methylene

procedures, particularly within the

blue, or amitriptyline, which could

relevant medical context

potentially cause blue discoloration1. Urinary tract infection symptoms (UTI), as well as dyspnoea and

BIBLIOGRAFIA

cyanosis were absent, concerning the

1.

Brunzel NA. Fundamentals of urine and body fluid

suspicion of UTI or

analysis. 2nd ed. Philadelphia: Elsevier Saunders;

methemoglobinemia respectively.

2004. pp. 104–105

Hence, suspicion centred on

2.

Lim, G. & Hexom, B. Intragastric balloon rupture.

intragastric balloon rupture,

West. J. Emerg. Med. 15, 878–879 (2014). PMID:

prompting an upper gastrointestinal

25493140; PMCID: PMC4251241.

endoscopy. This procedure confirmed

3.

Evans, J. D. & Scott, M. H. Intragastric balloon in

the suspicion, as it failed to detect the

the treatment of patients with morbid obesity.

balloon within the gastric cavity.

1245–1248 (2001). DOI: 10.1046/j.0007-1323.2001.01840.x

Rupture or displacement of

4.

Qing H. Meng, M.D., Beverly Handy, M.D, It’s Not

intragastric balloons is a prevalent

Easy Being Blue-Green, Ann Lab Med 2013;

late-stage complication of this

33:457-458, DOI: 10.3343/alm.2013.33.6.457

procedure, often necessitating endoscopic retrieval or, in severe cases, laparotomy. These balloons are filled with a solution that contains methylene blue, which, when ruptured, is released, resulting in a blue coloration of the urine,

EDITORA

serving as a diagnostic indicator2. A study by Evans et al. reported that balloon deflation or displacement occurred in 32% of patients, with 7% leading to gastrointestinal tract impaction3. It´s important to note

CATARINA COSTA Médica VMER. Médica Medicina Interna - CHUA - Faro REVISÃO

that blue coloration of urine due to methylene blue administration or release into the organism is a benign and expected phenomenon4. COMISSÃO CIENTÍFICA

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APEMERG

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Centro Académico de Investigação e Formação Biomédica do Algarve 60

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CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO – Novembro de 2022

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1. Objectivo e âmbito

2. Informação Geral

3. Direitos Editoriais

A Revista LIFESAVING SCIENTIFIC (LF Sci) é um órgão de publicação pertencente ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) e dedica-se à promoção da ciência médica pré-hospitalar, através de uma edição trimestral. A LF Sci adopta a definição de liberdade editorial descrita pela World Association of Medical Editors, que entrega ao editor-chefe completa autoridade sobre o conteúdo editorial da revista. O CHUA, enquanto proprietário intelectual da LF Sci, não interfere no processo de avaliação, selecção, programação ou edição de qualquer manuscrito, atribuindo ao editorchefe total independência editorial. A LF Sci rege-se pelas normas de edição biomédica elaboradas pela International Commitee of Medical Journal Editors e do Comittee on Publication Ethics.

A LF Sci não considera material que já foi publicado ou que se encontra a aguardar publicação em outras revistas. As opiniões expressas e a exatidão científica dos artigos são da responsabilidade dos respetivos autores. A LF Sci reserva-se o direito de publicar ou não os artigos submetidos, sem necessidade de justificação adicional. A LF Sci reserva-se o direito de escolher o local de publicação na revista, de acordo com o interesse da mesma, sem necessidade de justificação adicional. A LF Sci é uma revista gratuita, de livre acesso, disponível em https:// issuu.com/lifesaving. Não pode ser comercializada, sejam edições impressas ou virtuais, na parte ou no todo, sem autorização prévia do editor-chefe.

Os artigos aceites para publicação ficarão propriedade intelectual da LF Sci, que passa a detentora dos direitos, não podendo ser reproduzidos, em parte ou no todo, sem autorização do editor-chefe.

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4. Critérios de Publicação 4.1 Critérios de publicação nas rúbricas A LF Sci convida a comunidade científica à publicação de artigos originais em qualquer das categorias em que se desdobra, de acordo com os seguintes critérios de publicação: Artigo Científico Original - Âmbito: apresentação de resultados sobre tema pertinente para atuação das equipas em contexto de emergência pré-hospitalar de adultos. Dimensão recomendada: 1500 a 4000 palavras.


CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO

Temas em Revisão - Âmbito: Revisão extensa sobre tema pertinente para atuação das equipas em contexto de emergência pré-hospitalar de adultos. Dimensão recomendada: 1500 a 3500 palavras. Hot Topic - Âmbito: Intrepretação de estudos clínicos, divulgação de inovações na área pré-hospitalar recentes ou contraditórias. Dimensão recomendada: 1500 a 3500 palavras. Rúbrica Pediátrica - Âmbito: Revisão sobre tema pertinente para atuação das equipas em contexto de emergência pré-hospitalar no contexto pediátrico. Dimensão recomendada: 1500 a 3500 palavras. Casos Clínicos (Adulto) - Âmbito: Casos clínicos que tenham interesse científico, relacionados com situações de

emergência em adultos. Dimensão recomendada: 1000 palavras. Casos Clínicos (Pediatria) - Âmbito: Casos clínicos que tenham interesse científico, em contexto de situações de emergência em idade pediátrica. Dimensão recomendada: 1000 palavras. Casos Clínicos (Neonatalogia) - Âmbito: Casos clínicos que tenham interesse científico, que reportem situações de emergência em idade neonatal. Dimensão recomendada: 1000 palavras. LIFESAVING Trends - Inovações em Emergência Médica - Âmbito: Artigo com estrutura de "Correspondência", privilegiando a divulgação de novidades tecnológicas, de dispositivos inovadores, ou de atualizações de equipamentos ou práticas atuais. Limite de Palavras: máximo 1500 palavras; Limite de tabelas e figuras:6

Imagem em Urgência e Emergência - Âmbito/Objetivo: divulgar imagens-chave no diagnóstico e abordagens de patologias no âmbito da urgência e emergência. Podem ser obtidas através do exame físico, investigação básica ou estudo imagiológico. O consentimento informado escrito é requerido no caso em que a imagem contenha a face ou outro detalhe que permita identificar os intervenientes. Estrutura do artigo: Título (que não deve conter o diagnóstico); autores e filiação; nota introdutória com descrição breve da imagem e/ou do seu contexto; 1 a 2 imagens; questão de escolha múltipla com 4 hipóteses (apenas uma resposta correta); texto explicativo da resposta correta com referência à literatura. Máximo de 300 palavras. Imagem: em formato .jpeg, com resolução original. Bibliografia: máximo de 5 referências

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4.2 Critérios gerais de publicação O trabalho a publicar deverá ter no máximo 120 referências. Deverá ter no máximo 6 tabelas/figuras devidamente legendadas e referenciadas. O trabalho a publicar deve ser acompanhado de no máximo 10 palavras-chave representativas. No que concerne a tabelas/figuras já publicadas é necessário a autorização de publicação por parte do detentor do copyright (autor ou editor). Os ficheiros deverão ser submetidos em alta resolução, 800 dpi mínimo para gráficos e 300 dpi mínimo para fotografias em formato JPEG (.Jpg), PDF (.pdf). As tabelas/figuras devem ser numeradas na ordem em que ocorrem no texto e enumeradas em numeração árabe e identificação. No que concerne a casos clínicos é necessário fazer acompanhar o material a publicar com o consentimento informado do doente ou representante legal, se tal se aplicar. No que concerne a trabalhos científicos que usem bases de dados de doentes de instituições é necessário fazer acompanhar o material a publicar do consentimento da comissão de ética da respetiva instituição. As submissões deverão ser encaminhadas para o e-mail: revistalifesaving@gmail.com

4.3 Critérios de publicação dos artigos científicos. Na LIFESAVING SCIENTIFIC (LF Sci) podem ser publicados

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Artigos Científicos Originais, Artigos de Revisão ou Casos Clínicos de acordo com a normas a seguir descritas. Artigos Científicos O texto submetido deverá apresentado com as seguintes secções: Título (português e inglês), Autores (primeiro nome, último nome, título, afiliação), Abstract (português e inglês), Palavras-chave (máximo 5), Introdução e Objetivos, Material e Métodos, Resultados, Discussão, Conclusão, 64

Agradecimentos, Referências. O texto deve ser submetido com até 3 Take-home Messages que no total devem ter até 50 palavras. Não poderá exceder as 4.000 palavras, não contando Referências ou legendas de Tabelas e Figuras. Pode-se fazer acompanhar de até 6 Figuras/Tabelas e de até 60 referências bibliográficas. O resumo/ abstract não deve exceder as 250 palavras. Se revisão sistemática ou meta-análise deverá seguir as PRISMA guidelines. Se meta-análise de estudo observacionais deverá seguir as MOOSE guidelines e apresentar um protocolo completo do estudo. Se estudo de precisão de diagnóstico, deverá seguir as STARD guidelines. Se estudo observacional, siga as STROBE guidelines. Se se trata da publicação de Guidelines Clínicas, siga GRADE guidelines. Este tipo de trabalhos pode ter no máximo 6 autores.

Artigos de Revisão O objetivo deste tipo de trabalhos é rever de forma aprofundada o que é conhecido sobre determinado tema de importância clínica. Poderá contar com, no máximo, 3500 palavras, 4 tabelas/figuras, não mais de 50 referências. O resumo (abstract) dos Artigos de Revisão segue as regras já descritas para os resumos (abstract) dos Artigos Científicos. Este tipo de trabalho pode ter no máximo 5 autores. Caso Clínico Com este tipo de publicação pretende-se o relato de caso, ou séries de casos, que pela sua raridade, inovações diagnósticas, terapêuticas aplicadas ou resultados clínicos inesperados, seja digno de partilha com a comunidade científica. Encoraja-se o uso da checklist das CARE Guidelines na organização do artigo. O autor deverá possuir consentimento informado para publicação do caso. Instruções para os autores: - Máximo de 4 autores (sem possibilidade de alterar ou acrescentar autores após submissão à revista) - Subdivisão em Resumo, Relato de Caso, Discussão - Resumo inferior a 150 palavras, acompanhado de até um máximo de 5 palavras chave, dirigido em português com tradução para inglês (Abstract/Keywords). - Descrição do caso e discussão, até 1000 palavras, excluindo referências bibliográficas.


CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO

- As figuras ou tabelas deverão ser clinicamente relevantes e estar devidamente legendadas, com referência bibliográfica caso aplicável; - Máximo de 10 referências bibliográficas, devendo cumprir as normas instituídas na revista. Cartas ao Editor - Objetivo: comentário/exposição referente a um artigo publicado nas últimas 4 edições da revista promovendo a discussão e visão crítica. Poderão ainda ser enviados observações, casuísticas particularmente interessantes de temáticas atuais que os autores desejem apresentar aos leitores de forma concisa. - Instruções para os autores: 1. O corpo do artigo não deve ser subdividido; sem necessidade de resumo ou palavras-chave. 2. Deve contemplar entre 500 a 1000 palavras, excluindo referências, tabelas e figuras. 3. Apenas será aceite 1 figura e/ou 1 tabela. 4. Não serão aceites mais de 5 referências bibliográficas. Devendo cumprir as normas instituídas para revista. 5. Número máximo de autores são 4. Breves Reflexões sobre a Emergência Médica Âmbito: artigo de reflexão/opinião, com a exposição de ideias e pontos de vista sobre tema no âmbito da emergência médica, do ponto de vista conceptual, podendo a argumentação do Autor convidado, ser baseada na sua experiência pessoal ou na citação de livros,

revistas, artigos publicados, entre outros recursos de pesquisa, devidamente assinalados no texto; Estrutura do artigo: título, Autor(es) e afiliação; resumo e palavras-chave (facultativos), introdução, desenvolvimento, conclusão final, referências bibliográficas. Limite de palavras: 1500 Resumo (facultativo): máximo 100 palavras, em formato bilingue (português e inglês) Palavras-chave: máximo 5 palavras chave, em formato bilingue (português e inglês) Limite de tabelas e figuras: 3 Bibliografia: máximo 5 referências bibliográficas “Vamos pôr o ECG nos eixos” - Âmbito: Análise e interpretação de traçados eletrocardiográficos clinicamente contextualizados - Formato: Título; Autores – máx. 2 autores (primeiro nome, último nome, título, afiliação); 2 palavras-chave; 1 imagem (ECG ou tira de ritmo, em formato JPEG com resolução original); Legenda explicativa com breve enquadramento clínico e interpretação do traçado (ritmo, frequência, alterações da despolarização ou repolarização pertinentes no contexto) – máx. 300 palavras; Referências bibliográficas.

5. Referências Os autores são responsáveis pelo rigor das suas referências bibliográficas e pela sua correta citação no texto. Deverão ser sempre citadas as fontes originais publicadas. A citação deve ser registada empregando Norma de Vancouver.

6. Revisão por pares A LF Sci segue um processo single-blind de revisão por pares (peer review). Todos os artigos são inicialmente revistos pela equipa editorial nomeada pelo editor-chefe e caso não estejam em conformidade com os critérios de publicação poderão ser rejeitados antes do envio a revisores. A aceitação final é da responsabilidade do editor-chefe. Os revisores são nomeados de acordo com a sua diferenciação em determinada área da ciência médica pelo editor-chefe, sem necessidade de justificação adicional. Na avaliação os artigos poderão ser aceites para publicação sem alterações, aceites após modificações propostas pela equipa editorial ou recusados sem outra justificação.

7. Erratas e retrações A LF Sci publica alterações, emendas ou retrações a artigos previamente publicados se, após publicação, forem detetados erros que prejudiquem a interpretação dos dados

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