Lifesaving 19

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8ª SEPARATA CIENTÍFICA

SEPARATA CIENTÍFICA 8ª SEPARATA - EDIÇÃO N. 19 - FEVEREIRO 2021

TEMA EM REVISÃO

Estratégias de sedação em contexto pré-hospitalar Costa, L.; Barreira, B.; Aguiar, A.; Eliseu, A.; Gouveia, A.

HOT TOPIC

Abordagem da Via Aérea em ambiente Pré-hospitalar Morais, L.; Pratas, A.

TEMAS EM REVISÃO

Como adequar a ventilação mecânica invasiva no pré-hospitalar à patologia do doente Varela, M.

O impacto da formação comunitária em SBV-DAE na sobrevivência à PCR Mourão, C.; Martins, C.; Vicente, L.; Cartaxo, V.

RUBRICA PEDIÁTRICA

Bronquiolite aguda Lima, R.

CASO CLÍNICO PEDIÁTRICO

Paragem cardiorrespiratória pediátrica – nem sempre falência respiratória Fernandes, A.; Oliveira, Í.; Pereira, M.

CASO CLÍNICO TIP

A importância do transporte especializado pediátrico - a propósito de um caso de gastrosquisis Pereira, R.

Contactos: www.chalgarve.min-saude.pt/lifesaving issuu.com/lifesaving lifesavingonline.com facebook.com/revistalifesaving facebook.com/vmerdfaro

REVISTA DAS VMER DE FARO E ALBUFEIRA NÚMERO 19 / FEVEREIRO 2021 [TRIMESTRAL]

NESTA EDIÇÃO: ARDS REFRACTÁRIO À TERAPÊUTICA CONVENCIONAL – O ECMO E O PAPEL DOS CENTROS DE REFERENCIAÇÃO Isabel Jesus Pereira

ANÁLISE DA ATUALIZAÇÃO DAS GUIDELINES DA AMERICAN HEART ASSOCIATION DE 2020 PARA RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR NO ADULTO Mourão C, Vicente L, Alcaria N

EMERGÊNCIA MÉDICA NO REINO UNIDO NA ERA COVID-19 – Entrevista a Fernando Hidalgo Eva Motero, Rúben Santos

A SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINAS PODE AJUDAR NA PREVENÇÃO E NO TRATAMENTO DA COVID 19?

1

Indice

Christian Chauvin


EDITORIAL

FICHA TÉCNICA EDITOR-CHEFE Bruno Santos COMISSÃO CIENTÍFICA Daniel Nunez – Presidente, Ana Rita Clara, Carlos Raposo, Cristina Granja, Eunice Capela, Gonçalo Castanho, José A. Neutel, Miguel Jacob, Miguel Varela, Nuno Mourão, Rui Ferreira de Almeida, Sérgio Menezes Pina, Stéfanie Pereira, Vera Santos. CO-EDITORES André Abílio Rodrigues, Ana Agostinho, Ana Isabel Rodrigues, Ana Rita Clara, Dénis Pizhin, Guilherme Henriques, Isabel Rodrigues, João Paiva, Miguel Jacob, Pedro Lopes Silva, Pedro Miguel Silva, Pedro Rodrigues Silva, Sérgio Menezes Pina. EDITORES ASSOCIADOS Alírio Gouveia, Ana Agostinho, Ana Raquel Ramalho, Ana Rodrigues, André Abílio Rodrigues, André Villarreal, Antonino Costa, Catarina Monteiro, Catarina Tavares, Christian Chauvin, Cláudia Calado, Eva Motero, Isa Orge, João Cláudio Guiomar, João Horta, José Sousa, Luísa Gaspar, Marta Soares, Monique Cabrita, Noélia Alfonso, Nuno Ribeiro, Pedro Lopes Silva, Pedro Miguel Silva, Rita Penisga, Rúben Santos, Sílvia Labiza, Solange Mega, Teresa Castro, Teresa Salero. COLABORADORES CONVIDADOS (LIFESAVING Nº 19) Afonso Eliseu, Ana Pratas, André Aguiar, Andreia Fernandes, Bruno Barreira, Cartaxo, V., Cláudia Peixoto, Fernando Hidalgo, Filipa Barros, Helena Veloso Gomes, Inês Marques, Iris Oliveira, Isabel Jesus Pereira, João Nunes, José Lourenço, Larissa Morais, Luís Costa, Mafalda Pereira, Martins, C., Miguel Lourenço Varela, Mourão C., Nelson Alcaria, Nuno Marques, Raquel Lima, Rita Justo Pereira, Vicente, L. ILUSTRAÇÕES João Paiva FOTOGRAFIA Pedro Rodrigues Silva Maria Luísa Melão

Caríssimos leitores, A publicação da 19ª Edição da LIFESAVING emerge no turbilhão da 3ª vaga da pandemia COVID-19, que nos continua a assolar, com toda a pressão exercida neste momento sobre o sistema de saúde. Tal não nos impediu de apresentar mais uma revista arquitectada e construída com todo o esforço dos seus editores e revisores, e todos os colaboradores da edição. Nesta edição de abertura do novo ano 2021 apresentamos algumas optimizações ao design da publicação, com vista a torná-la ainda mais agradável para a leitura do dia-à-dia. Na oitava edição da separata científica encontram-se diversos artigos de interesse, versando múltiplas temáticas, de que se destacam: a abordagem da via aérea, as estratégias de sedação e de ventilação mecânica invasiva. Introduzimos nesta edição da Separata duas novas rubricas de casos clínicos, atribuindo assim ao âmbito pediátrico e neonatal, maior notariedade na linha editorial da publicação. Destacam-se ainda nesta publicação, entre muitos artigos de relevo: as atualizações das guidelines da versão de 2020 do ACLS, na rubrica “Minuto VMER”; a apresentação de uma experiência na emergência médica no Reino Unido, na rubrica “Emergência Internacional”; e a discussão do papel dos centros de referenciação de ECMO, na realidade algarvia, na rubrica “Nós por Cá”. Não deixamos de manter presente a discussão de aspectos essenciais da COVID-19, e nesta edição da Revista trazemos alguns artigos que abordam a temática, como são: as principais medidas preventivas da COVID-19, na rubrica "O que fazer em caso de”; os aspectos essenciais sobre a vacinação, focados na rubrica “Cuidar de nós”; ou a evidência sobre a suplementação vitamínica na prevenção e tratamento da COVID-19, discutida na rubrica “Mitos Urbanos” desta edição. Poderão ainda ser encontradas muitas outras rubricas, a que temos habituado os leitores e seguidores da LIFESAVING, e que marcam mais uma vez a sua presença com artigos muito pertinentes, apresentados e revistos pelos nossos Editores. Toda a Equipa Editorial, colaboradores e seguidores, com interesse neste Projecto Editorial, mais uma vez dão provas de que vale a pena partilhar conhecimento na área da emergência, e incentivam cada vez mais a abrangência, sucesso e alcance da LIFESAVING Atenciosamente, Bruno Santos

EDITOR-CHEFE COORDENADOR MÉDICO das VMER de Faro e Albufeira

AUDIOVISUAL Pedro Lopes Silva

bsantos@chalgarve.min-saude.pt

DESIGN Luis Gonçalves PARCERIAS

Momentos de inspiração

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras". Aristóteles (384 - 322 a.C.)

Filósofo grego

Periodicidade: Trimestral Linguagem: Português

Indice

ISSN 2184-1411 2

Propriedade: CENTRO HOSPITALAR UNIVERSITÁRIO DO ALGARVE Morada da Sede: Rua Leão Penedo. 8000-386 Faro Telefone: 289 891 100 | NIPC 510 745 997


Indice

3


TEMA DE REVISÃO I - ESTRATÉGIAS DE SEDAÇÃO EM CONTEXTO PRÉ-HOSPITALAR - 10

078 Indice

086 4

RUBRICA PEDIÁTRICA - BRONQUIOLITE AGUDA - 50 CASO CLÍNICO PEDIÁTRICO - PARAGEM CARDIORRESPIRATÓRIA PEDIÁTRICA – NEM SEMPRE FALÊNCIA RESPIRATÓRIA - 56

"ESTREIA"

060

TEMA REVISÃO III - O IMPACTO DA FORMAÇÃO COMUNITÁRIA EM SBV-DAE NA SOBREVIVÊNCIA À PCR - 42

CASO CLÍNICO TIP – A IMPORTÂNCIA DO TRANSPORTE ESPECIALIZADO PEDIÁTRICO - A PROPÓSITO DE UM CASO DE GASTROSQUISIS – 60

"ESTREIA"

042

TEMA REVISÃO II - COMO ADEQUAR A VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA NO PRÉ-HOSPITALAR À PATOLOGIA DO DOENTE - 34

MINUTO VMER 1 – ANÁLISE DA ATUALIZAÇÃO DAS GUIDELINES DA AMERICAN HEART ASSOCIATION DE 2020 PARA RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR NO ADULTO – 68 NÓS POR CÁ - ARDS REFRACTÁRIO À TERAPÊUTICA CONVENCIONAL – O ECMO E O PAPEL DOS CENTROS DE REFERENCIAÇÃO -72 NÓS POR CÁ - REVISÃO ESTATÍSTICA DAS OCORRÊNCIAS DE TRAUMA - 78 NÓS POR CÁ - FORMAÇÃO CONTÍNUA DAS EQUIPAS DAS VMER DO ALGARVE – 82 NÓS POR LÁ - CÂMARA MUNICIPAL DE ALBUFEIRA FAZ DOAÇÃO DE EQUIPAMENTO DE ECOGRAFIA PORTÁTIL ÀS VMER DE FARO E ALBUFEIRA- 86 FÁRMACO REVISITADO - AMIODARONA - 88

l de Albufeira

010

HOT TÓPIC - ABORDAGEM DA VIA AÉREA EM AMBIENTE PRÉ-HOSPITALAR - 22


JOURNAL CLUB – ARTIGO: SOBRE AVALIAÇÃO DE QUEIXAS POUCO ESPECÍFICAS - 92 O QUE FAZER EM CASO DE - EM TEMPOS DE PANDEMIA COVID-19 – MEDIDAS PREVENTIVAS- 97 CUIDAR DE NÓS I - A IMPORTÂNCIA DE CUMPRIR O PLANO DE VACINAÇÃO- 98 CUIDAR DE NÓS II - VACINAÇÃO COVID-19 NOS PROFISSIONAIS DA EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR - UMA PRIORIDADE- 102 EMERGÊNCIA INTERNACIONAL - EMERGÊNCIA MÉDICA NO REINO UNIDO NA ERA COVID-19 - ENTREVISTA A FERNANDO HIDALGO- 105 LEGISLAÇÃO - COMPENSAÇÃO AOS TRABALHADORES DO SNS ENVOLVIDOS NO COMBATE À PANDEMIA DA DOENÇA COVID-19- 110 MITOS URBANOS - A SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINAS PODE AJUDAR NA PREVENÇÃO E NO TRATAMENTO DA COVID-19?- 114 NÓS E OS OUTROS - NOVO VERBETE NACIONAL DE SOCORRO – 120 “UM PEDACINHO DE NÓS” - 124 TERTÚLIA VMERISTA ITEAMS - "ATIVAÇÃO VMER PARA VÍTIMA SUSPEITA COVID, QUAL O SENTIMENTO DO OPERACIONAL APÓS 9 MESES DE PANDEMIA?"- 128 PÁGINAS ABC – 130 PÁGINA APEMERG – 134 TESOURINHOS VMERISTAS – 136

098 110 120 130

CONGRESSOS DIGITAIS – 136

BEST LINKS - 138 BEST APPS - 139

138 5

Indice

FRASES MEMORÁVEIS - 137


Indice

6


"TODOS JUNTOS NO COMBATE À COVID-19 "

"OS OLHARES DA LINHA DA FRENTE DO COMBATE À COVID-19"

7

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Profissionais do Centro Hospitalar Universitário do Algarve


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SEPARATA CIENTÍFICA 8ª SEPARATA - EDIÇÃO N. 19 - FEVEREIRO 2021

TEMA EM REVISÃO

Estratégias de sedação em contexto pré-hospitalar Costa, L.; Barreira, B.; Aguiar, A.; Eliseu, A.; Gouveia, A.

HOT TOPIC

Abordagem da Via Aérea em ambiente Pré-hospitalar Morais, L.; Pratas, A.

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Como adequar a ventilação mecânica invasiva no pré-hospitalar à patologia do doente Varela, M.

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RUBRICA PEDIÁTRICA

Bronquiolite aguda Lima, R.

CASO CLÍNICO PEDIÁTRICO

Paragem cardiorrespiratória pediátrica – nem sempre falência respiratória Fernandes, A.; Oliveira, Í.; Pereira, M.

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A importância do transporte especializado pediátrico - a propósito de um caso de gastrosquisis Pereira, R.

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Pedro Rodrigues

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ARTIGO DE REVISÃO I | SEPARATA CIENTÍFICA n.º 8

ARTIGO DE REVISÃO I

ESTRATÉGIAS DE SEDAÇÃO EM CONTEXTO PRÉ-HOSPITALAR

Luís Costa1, Bruno Barreira1, André Aguiar1, Afonso Eliseu1, Alírio Gouveia2

2

Médico Interno de Anestesiologia do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve – Unidade de Faro Assistente Hospitalar de Anestesiologia do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve – Unidade de Faro

RESUMO

ABSTRACT

INTRODUÇÃO

Os profissionais de saúde de

Prehospital emergency health

Os indutores clássicos utilizados na

Emergência Pré-Hospitalar são

professionals are often faced with

Anestesiologia: propofol, tiopental,

pioneiros no contacto com situações

emergency situations in which

midazolam, etomidato e cetamina,

de emergência, onde uma elevada

patients present with pain, anxiety or

possuem indicações e

percentagem de doentes apresenta-

with loss of airway patency. In these

contraindicações bem estudadas e

se com dor, agitação, ansiedade ou

cases, pharmacological sedation is

documentadas. O seu uso tornou-se

perda da patência da via aérea.

an invaluable tool in their comfort,

basilar no processo anestésico

Nestes casos, a sedação

control and safety. The published

moderno e hoje em dia são utilizados

farmacológica é um instrumento

literature on sedation in the pre-

de forma transversal em vários

inestimável no conforto, controlo e

hospital environment is scarce, and

domínios da Medicina, incluindo a

segurança dos mesmos. A literatura

there is no universal consensus on

Emergência Pré-Hospitalar.

publicada sobre sedação em

the best pharmacological approach

O desafio da opção entre os vários

ambiente pré-hospitalar é reduzida,

for this purpose. Therefore, the

indutores farmacológicos assenta

não existindo um consenso universal

objective of this article is to clarify

principalmente na ponderação entre

sobre as melhores estratégias

and expose the characteristics and

as suas múltiplas características

farmacológicas para esse fim. Nesse

indications of the main

farmacocinéticas, farmacodinâmicas

sentido, o objetivo deste artigo é

pharmacological agents useful for

e a sua adaptação a cada doente e

clarificar e expor de uma forma

sedation in the pre-hospital

situação. A farmacocinética consiste

simples e sistematizada, as

emergency environment in a simple

no circuito do fármaco no interior do

características e indicações dos

and easy to memorize way. By the

organismo, englobando a absorção,

principais agentes farmacológicos

end of the article, health

distribuição, metabolismo e

com utilidade em ambiente pré-

professionals are expected to feel

finalmente a sua excreção. Por outro

hospitalar. No final da leitura,

confident in the administration of

lado, a farmacodinâmica define-se

espera-se que os profissionais de

these drugs, while ensuring patient

pela ação farmacológica do indutor,

saúde se sintam confiantes na

safety by choosing the best drug for

seja pela sua interação com

administração destes fármacos, ao

each emergency

diferentes recetores biológicos como

mesmo tempo que garantem a

pela pletora de efeitos sistémicos

segurança dos doentes pela escolha

associados1. A memorização destas

do melhor indutor para cada situação

características, dirigida para cada

de emergência

indutor, é morosa e não facilita uma escolha comparativa. Os autores

11

Indice

1


Indice

Pedro Rodrigues

12


ARTIGO DE REVISÃO I | SEPARATA CIENTÍFICA n.º 8

propõe-se a expor de uma forma

nomeadamente o grau de ionização e

Um fármaco ácido encontra-se

simples, eficaz e comparativa as

lipossolubilidade.

predominantemente na sua forma

principais características de cada indutor, ao mesmo tempo que

1) GRAU DE IONIZAÇÃO

meio for superior ou inferior ao seu

desmitifica alguns dos mais

Consoante a sua capacidade em doar

pKa, respetivamente; Os fármacos

complexos conceitos da

ou receber protões em soluções

básicos seguem a mesma divisão se

Farmacologia Aplicada.

aquosas, os fármacos podem ser

o pH do meio for inferior ou superior

considerados como Ácidos Fracos ou

ao seu pKa, respetivamente2,3.

CONCEITOS DE FARMACOCINÉTICA

Bases Fracas, respetivamente. A

A farmacocinética de um fármaco

adjetivação de Fraco deve-se à

2) LIPOSSOLUBILIDADE

determina o início, duração e

capacidade destas substâncias

A lipossolubilidade de um fármaco

intensidade do seu efeito. Este

sofrerem apenas dissociação parcial

representa a sua facilidade em

complexo processo inicia-se no

(separação em iões) quando em

atravessar a camada bifosfolipídica

momento em que o fármaco é

equilíbrio numa solução aquosa.

que constitui as membranas

administrado na circulação venosa. O

Estes fármacos, quer sejam ácidos

celulares.

fármaco segue com o sangue venoso

ou bases, quando em solução

Esta característica é fundamental

até ao às câmaras direitas do

circulam numa combinação de

para o início de ação, semivida de

coração, circulação pulmonar e

percentagens entre a sua forma

redistribuição e semivida terminal de

finalmente câmaras esquerdas do

ionizada (dotada de uma carga

um fármaco. Assim, um fármaco

coração, onde atinge a circulação

positiva ou negativa) e não-ionizada

lipofílico tem um início de ação

sistémica. Cerca de 70% do débito

(eletricamente neutra) .

rápido, uma semivida de

cardíaco total está alocado aos

O tiopental e o propofol encontram-se

redistribuição curta (por sofrer rápida

órgãos nobres mais vascularizados,

no grupo dos Ácidos Fracos,

deslocação para os compartimentos

como o cérebro, rins e fígado,

enquanto que o etomidato,

periféricos mais lipofílicos, como o

portanto, é de fácil dedução que uma

midazolam e cetamina são Bases

músculo e o tecido adiposo) e uma

grande proporção do fármaco

Fracas . Estas características,

semivida terminal longa (demora

administrado seja diretamente

aliadas ao conceito de Constante de

mais tempo a ser eliminado dos

entregue à circulação cerebral e

Dissociação (pKa) e a sua

compartimentos periféricos). Por

sistema nervoso central (SNC), onde

comparação com o pH do sangue,

outro lado, um fármaco hidrofílico

irá exercer os efeitos que

permitem estimar o grau de

tem um início de ação mais lento,

pretendemos com a administração

ionização e capacidade de

uma semivida de redistribuição longa

de um indutor anestésico .

penetração nas membranas

(pois permanece mais tempo no

A taxa de transferência do fármaco

biológicas de cada fármaco .

compartimento central) e uma

para o tecido neuronal, e

De uma forma simplificada, o pKa é o

semivida terminal curta (pois é

consequentemente o seu início de

pH do meio a partir do qual cada

rapidamente eliminado dos

ação, é maior para os fármacos que

fármaco se encontra 50% na forma

compartimentos periféricos). O grau

facilmente penetrem a barreira

ionizada e 50% na forma não-

de ionização interfere com a

hematoencefálica. Está bem

ionizada . Comparando o pKa

lipossolubilidade de cada fármaco:

documentada na literatura que esta

predefinido de cada fármaco com o

substâncias não-ionizadas são

penetração é facilitada para as

pH do sangue (aproximadamente 7.4)

lipofílicas relativamente às ionizadas;

e a sua categorização ácido/base

por outro lado, estas últimas

sua forma não-ionizada e lipofílica . A

conseguimos antecipar a

apresentam um comportamento

conjugação destas 2 características

percentagem de concentração

predominantemente hidrofílico3.

“ótimas” depende de vários fatores

relativa do fármaco em cada uma das

inerentes a cada fármaco,

duas formas principais de ionização.

1,2

1

1

2

2

substâncias que se encontrem na 1

13

Indice

ionizada ou não-ionizada se o pH do


FARMACOCINÉTICA APLICADA

VARIÁVEIS FARMACOCINÉTICAS

FARMACODINÂMICA

Os conceitos farmacocinéticos

Como podemos verificar na Figura 2,

Os fármacos iniciam o seu efeito no

supracitados permitem desenhar o

O TIOPENTAL E O PROPOFOL SÃO OS

SNC após conseguirem penetrar a

gráfico representado na Figura 1. De

INDUTORES COM INICIO DE AÇÃO

barreira hematoencefálica e alcançar

uma forma simplificada, este gráfico

MAIS RÁPIDO, EM OPOSIÇÃO À

várias estruturas cerebrais, como o

pode ser aplicado para qualquer

CETAMINA QUE DEMORA

tronco e o córtex cerebral. O

variável farmacocinética em função

APROXIMADAMENTE 1 A 2 MINUTOS

mecanismo de ação exato para a

do PKa do fármaco.

ATÉ EXERCER A SUA AÇÃO NO SNC.

maioria dos indutores anestésicos

O eixo do “x” representa a escala de

O PROPOFOL E O ETOMIDATO SÃO

não é completamente conhecido,

pH do meio enquanto o eixo do “y”

OS INDUTORES COM MENOR

embora estudos experimentais

assinala a separação entre ácido

DURAÇÃO DE AÇÃO, enquanto que o

estimem que os dois principais

fraco ou base fraca. Destes dois eixos

midazolam pode inibir o SNC durante

recetores envolvidos sejam o GABA e

define-se uma linha média

uma média de 50 minutos . É

o NMDA. O GABA é um recetor

correspondente ao pH sanguíneo que

relevante considerar o risco de

inibitório com afinidade para o ácido

divide o gráfico em 4 quadrantes. O

rebound de sedação quando utilizado

gama-aminobutírico, o principal

quadrante A e C incluem os fármacos

o antídoto benzodiazepínico

neurotransmissor inibitório do SNC.

ácidos e básicos com pKa inferior ao

Flumazenil devido à sua duração de

Por outro lado, o NMDA é um recetor

pH sanguíneo, respetivamente; o

ação aproximada ser entre 40 minutos

excitatório com elevada afinidade

quadrante B e D os fármacos ácidos e

a 1 hora .

para o glutamato, o principal

básicos com pKa superior ao pH

Como espectável, a semivida de

neurotransmissor excitatório do SNC.

sanguíneo, respetivamente. Ao alocar

redistribuição é menor e a semivida

De uma forma simplista, pressupõe-

cada fármaco ao seu respetivo

terminal é mais longa nos fármacos

se que o tiopental, propofol,

quadrante, respeitando o seu pKa ,

não-ionizados e lipofílicos dos

etomidato e midazolam exerçam o

verifica-se que o tiopental e o propofol

quadrantes B e C. Destes, o tiopental

seu efeito hipnótico por agonismo do

pertencem ao quadrante B, o

destaca-se por apresentar a semivida

recetor GABA, e a cetamina por

etomidato e midazolam ao quadrante

terminal mais longa, de cerca de 12

antagonismo do recetor NMDA1,4.

C e a cetamina ao quadrante D. Após

horas4. A sua elevada lipofilicidade e

De seguida apresentam-se alguns

consideração de todas as interações

tendência para tornar o tecido

dos principais efeitos sistémicos

entre o pKa, pH e status ácido/base,

adiposo num reservatório com

associados a cada indutor. TODOS

conclui-se que os fármacos dos

posterior libertação prolongada,

ESTES EFEITOS SÃO DOSE-

quadrantes B e C (tiopental, propofol,

contribuem para que não seja um

DEPENDENTES E INTIMAMENTE

etomidato e midazolam) circulam

fármaco muito utilizado em contexto

RELACIONADOS COM A VELOCIDADE

predominantemente na sua forma

pré-hospitalar .

DE ADMINISTRAÇÃO, SENDO DE

não-ionizada e lipofílica, e a cetamina,

Todos estes indutores sofrem

MAIOR MAGNITUDE QUANTO MAIS

única representante do quadrante D,

metabolização hepática e excreção

RÁPIDO FOR ADMINISTRADO O

na forma ionizada e hidrofílica .

renal . O risco aumentado de

BÓLUS1,3,6.

Ao memorizar este gráfico e os

toxicidade é particularmente relevante

comportamentos de cada quadrante,

para o doente crítico, com doença

1) SISTEMA CARDIOVASCULAR

é possível prever variáveis

renal ou hepática, quando utilizado o

Os efeitos cardiovasculares

farmacocinéticas com utilidade

midazolam e a cetamina, visto que

constituem uma das principais

clínica como o início de ação, duração

são os únicos que produzem

influências na escolha do indutor

de ação, semivida de redistribuição e

metabolitos com atividade biológica e

anestésico, pois estão associadas a

semivida terminal.

potencial para acumulação,

diferentes outcomes de mortalidade

principalmente com administrações

e morbilidade em contexto pré-

1,4

4

1,4

4,5

3

1,4

em bólus repetidos

.

Indice

1,3,4

14

hospitalar. As variáveis mais afetadas


ARTIGO DE REVISÃO I | SEPARATA CIENTÍFICA n.º 8

15

Indice

Figura 1. Farmacocinética aplicada aos principais indutores.


Figura 2. Variáveis Farmacocinéticas dos principais indutores

são as resistências vasculares

se pela sua elevada estabilidade e

depressão profunda do DR e perda da

periféricas (RVP), frequência cardíaca

segurança cardiovascular, com um

PVA, o tiopental e o propofol nunca

(FC), pré-carga e consequentemente

efeito mínimo nas RVP e DC . A

devem ser administrados sem

o débito cardíaco (DC).

cetamina é o único indutor que

possibilidade de acesso rápido a

Se dividirmos os indutores consoante

possui um efeito significativo no

material de abordagem da via aérea. A

a sua influência no DC, verificamos

aumento da pressão arterial média e

sua depressão é dose-dependente,

que estes podem ser

FC. Apesar da utilidade em situações

podendo ocorrer até com doses

CARDIODEPRESSORES: TIOPENTAL,

que beneficiem do seu efeito

sedativas, e apresentam elevada

MIDAZOLAM E PROPOFOL;

hipertensor, esta está contraindicada

variação interindividual. O midazolam

CARDIOESTIMULANTES: CETAMINA;

na suspeita de disseção aórtica,

tem um efeito dose-dependente

OU ESTÁVEIS A NÍVEL

hipertensão descontrolada, enfarte

marcado, não sendo usual o início da

do miocárdio, aneurisma cerebral e

apneia para doses sedativas, exceto em

intoxicação alcoólica aguda .

doentes com doença pulmonar. O

CARDIOVASCULAR: ETOMIDATO

1,6

.

De uma forma comparativa, o

8,9

7

propofol apresenta a maior depressão do DC, e por esse motivo

2) SISTEMA RESPIRATÓRIO

com potencial para depressão profunda

deve ser utilizado com cautela nos

Em relação ao sistema respiratório,

se associado a opioides. Finalmente A

doentes com instabilidade

existem três variáveis com interesse no

CETAMINA DESTACA-SE PELO EFEITO

hemodinâmica ou idade avançada, e

pré-hospitalar: o drive respiratório (DR) e

MÍNIMO E SEGURANÇA, MANTENDO O

evitado em doentes com choque

a patência da via aérea (PVA),

DOENTE EM RESPIRAÇÃO

séptico ou hemorrágico, pois nestes

intimamente relacionados, e os reflexos

ESPONTÂNEA QUANDO

casos haverá inevitavelmente uma

protetores da via aérea (RPVA).

ADMINISTRADA EM DOSES

potenciação do seu efeito

O DR consiste na resposta ventilatória à

SEDATIVAS7,10,11,12,13.

cardiodepressor. NESTAS DUAS

hipercapnia, que na prática traduz-se na

Os RPVA representam mecanismos

SITUAÇÕES PARTICULARES, AS

probabilidade de manter respiração

fisiológicos com o objetivo principal

MELHORES OPÇÕES ACABAM POR

espontânea ou iniciar apneia

de evitar a aspiração pulmonar, mas

SER O ETOMIDATO E A

respiratória após a administração de

que em contexto de sedação ou

um indutor . Por causarem uma

abordagem da via aérea podem ter

CETAMINA

Indice

etomidato tem um efeito muito ligeiro,

1,3,6,7

16

. O etomidato destaca-

10


ARTIGO DE REVISÃO I | SEPARATA CIENTÍFICA n.º 8

Figura 3. Variáveis Farmacodinâmicas dos principais indutores

um papel deletério. A tosse, o espirro

diminuem o risco de RPVA; o

tendo um efeito variável no fluxo

e o laringospasmo são exemplos

etomidato tem RPVA preservados,

sanguíneo da circulação cerebral1,3,6.

deste tipo de reflexos, destacando-se

embora com atraso temporal para o

A cetamina, em oposição aos

o laringospasmo pela sua gravidade

início do trigger; a cetamina mantém

restantes, aumenta as três variáveis.

e potencial para morbimortalidade se

os RPVA preservados

.

. Os indutores

Este facto levantou a hipótese de que não seria seguro administrar

podem abolir os reflexos em

3) DINÂMICA CEREBRAL

cetamina em doentes com lesões

diferentes intensidades: o tiopental

Os indutores interferem com três

ocupantes de espaço ou trauma

causa uma supressão incompleta do

variáveis principais em relação à

cranioencefálico. A tendência mais

trigger sensitivo para despoletar um

dinâmica cerebral: o consumo basal

recente da literatura revela que a

RPVA, estando associado a um risco

de oxigénio cerebral, fluxo sanguíneo

cetamina é segura em doentes com

elevado de laringospasmo. Por esse

e pressão intracraniana. O tiopental,

lesão cerebral, conferindo até efeitos

motivo é inadequado o uso de

propofol e etomidato diminuem estas

neuroprotetores, desde que evitada a

máscara laríngea com este indutor

três variáveis, conferindo um estado

hipoventilação e hipercapnia através

(3); o propofol e o midazolam levam a

de proteção cerebral. O midazolam

de ventilação controlada3,7,14.

uma abolição completa do trigger

diminui o consumo basal de oxigénio

sensitivo e consequentemente

cerebral e a pressão intracraniana,

17

Indice

não for abolido

10,11,13

1,3,10,11,12


Indice

Figura 4. Estratégias de administração para efeito sedativo

4) GRAVIDEZ

propofol sem qualquer precaução

O grau de risco teratogénico de cada

adicional

indutor segundo as recomendações

O tiopental, pelo seu comprovado

evidência de um aumento da

da Food and Drug Administration

efeito de precipitar Porfiria em

mortalidade para perfusões

(FDA) está exposto na figura 315.

doentes suscetíveis, ou com doença

contínuas de etomidato em doentes

conhecida, deve ser evitado nos

críticos, limitando o seu uso nesta

5) OUTRAS CONSIDERAÇÕES

mesmos. Existe a possibilidade do

população8,9. O etomidato também

O propofol é composto por uma

etomidato e da cetamina serem

está associado a mioclonias, que

emulsão lipídica de dois óleos: óleo

possíveis porfirinogénicos1,3.

podem ser reduzidas com a

de soja e lecitina do ovo. A literatura

O principal efeito adverso do

administração prévia de 0.015 mg/kg

levantou a possibilidade de reação

etomidato é a supressão da glândula

de midazolam associado a 0.5 μg/kg

cruzada e anafilaxia em doentes com

suprarrenal por inibição da

de Fentanil18,19.

alergia tanto a proteínas do ovo

11-β-Hidroxilase. Um bólus único

Finalmente, a cetamina é conhecida

como da soja. As mais recentes

bloqueia o aumento da síntese de

por despoletar alucinações e um

recomendações da American

cortisol em resposta ao stress

síndrome confusional agudo após a

Academy of Allergy Asthma and

durante cerca de 4 a 8 horas. Esta

recuperação da consciência. Este

Immunology e vários artigos de

supressão causada por bólus único

efeito lateral é muito desconfortável

revisão asseguram que os doentes

não está associada a aumento da

para o doente e tem o potencial de

com estas alergias podem receber

mortalidade em contexto de sedação,

comprometer a segurança do mesmo

18

16,17

.

nem em doentes com sepsis ou choque séptico. Por outro lado, existe


ARTIGO DE REVISÃO I | SEPARATA CIENTÍFICA n.º 8

e dos profissionais de saúde1,3. Uma

São apresentadas duas estratégias

CONCLUSÃO

administração prévia de 2 a 5 mg de

posológicas, adulto e pediátrico, para

Os profissionais de saúde do pré-

midazolam tem efeito comprovado

atingir um efeito sedativo. A

hospitalar são, num grande número

na diminuição da sua incidência .

LITERATURA NÃO É CONSENSUAL

de ocasiões, a principal diferença

PARA VALORES ABSOLUTOS DE

entre a vida e a morte de um doente.

ESTRATÉGIAS DE ADMINISTRAÇÃO

DOSAGENS, E PRESSUPÕE UMA

Por esse motivo, é-lhes pedido que

A Figura 4 apresenta de uma forma

ADAPTAÇÃO A CADA DOENTE,

dominem todos os instrumentos que

resumida as principais informações

COMORBILIDADES ASSOCIADAS E

dispõem ao seu alcance em

necessárias para a administração

JUÍZO CLÍNICO. Nesse sentido, as

situações de elevado stress físico e

destes indutores. Todos os fármacos

posologias endovenosas publicadas

psicológico. Um desses principais

podem ser administrados por via

neste artigo refletem uma

instrumentos é a sedação

endovenosa, porém, em caso de

ponderação entre várias guidelines

farmacológica. As estratégias

ausência de acessos venosos ou

internacionais e artigos

mnésicas apresentadas neste artigo

falência dos mesmos, é pertinente a

independentes

administração por outros tipos de

A administração deve ser iniciada

facilitar a consolidação das

vias menos comuns. A literatura

com uma dose de carga (calculada

características mais basilares para

sobre as diferentes vias de

em miligrama por quilograma), até

cada indutor anestésico, e tornar a

administração está em constante

atingir um endpoint de sedação

sua aplicabilidade na clínica do dia a

atualização, e as opções

adequado

apresentadas neste esquema

ser associada uma dose de

sistematizada possível. Acreditamos

refletem a informação recolhida em

manutenção (em miligrama por

que esta abordagem comparativa

vários artigos experimentais com

quilograma por hora) em seringa

tem potencial para providenciar uma

perfusora ou bólus intermitente, para

melhoria significativa nos cuidados

e a cetamina podem ser

manter o nível de sedação durante o

prestados aos doentes assim como

administrados por 5 tipos de vias

intervalo de tempo necessário para o

na manutenção da sua segurança.

diferentes: endovenosa, oral, retal,

transporte ou estabilização do

intraóssea, intranasal e intramuscular;

doente. O etomidato não está

MENSAGENS A RETER

o etomidato pode ser administrado

recomendado para administração por

- A Farmacocinética é fundamental

por via endovenosa, oral, retal e

infusão prolongada, por esse motivo

para compreender o circuito dos

intraóssea; o propofol pode ser

não foi apresentada posologia de

fármacos, estimar o inicio, duração e

administrado pela via endovenosa e

manutenção para este fármaco .

fim de ação, assim como o

intraóssea; e finalmente o tiopental,

As doses de manutenção na

metabolismo e excreção. As relações

que apenas pode ser administrado por

população pediátrica não devem

entre características ácido/base,

via endovenosa.

ser aplicadas segundo um formato

ionização e lipofilicidade, condicionam

É fundamental verificar as

mg/kg/hora, mas sim tituladas

comportamentos farmacocinéticos

concentrações de cada fármaco

para um efeito sedativo adequado

previsíveis que podem ser úteis na

aquando da sua preparação, visto

com bólus repetidos

resultados positivos

. O midazolam

21-27

.

foram desenvolvidas no sentido de

21-27

. Posteriormente pode

21-22

8,9

21,22

.

dia o mais simplificada e

escolha do melhor indutor para cada

que as ampolas podem apresentar

situação de emergência.

concentrações diferentes consoante

- A Farmacodinâmica define-se pela

o fabricante. Estes valores

ação dos fármacos no organismo e é

correspondem às formulações mais

o passo limitante na adaptação de

comummente utilizadas na nossa

um determinado fármaco a cada

prática clínica.

doente e situação. Para evitar dano desnecessário, devemos conhecer as principais consequências

19

Indice

20


hemodinâmicas, cerebrais e

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COMISSÃO CIENTÍFICA

21

Indice

27.


Indice

22


HOT TOPIC | SEPARATA CIENTÍFICA n.º 8

HOT TOPIC

ABORDAGEM DA VIA AÉREA EM AMBIENTE PRÉ-HOSPITALAR Larissa Morais1; Ana Pratas1 Interna de Formação Específica de Anestesiologia, Hospital do Espírito Santo de Évora, EPE

RESUMO

pré-hospitalar será sempre aquela

can condition an increase in

O controlo e eventual abordagem da

com que o prestador de cuidados se

morbidity and mortality. The need

via aérea é a primeira premissa na

sinta mais à vontade, pois uma

for experienced teams is

avaliação do doente crítico,

intervenção desmedida poderá ter

emphasized, since the adequate

assumindo um papel primordial. A

consequências catastróficas.

airway in the pre-hospital context

sua gestão em contexto préhospitalar é limitada pela prática e

Palavras-Chave: Pré-hospitalar, Via Aérea, Videolaringoscopia, Via Aérea Difícil, Emergência

educação do responsável, assim

will always be the one that the caregiver feels most comfortable with, as excessive intervention can

como pelos recursos disponíveis.

ABSTRACT

Existem diversos dispositivos para

Airway management is the first

assegurar a via aérea que devem

premise in the assessment of the

ser adaptados a cada situação

critically ill patient, assuming a

específica. Estudos demonstram

primary role. Its management in the

que a taxa de sucesso da intubação

pre-hospital context is limited by

INTRODUÇÃO

orotraqueal é superior quando é

the experience of the operator, as

O controlo e eventual abordagem da

realizada por um médico em

well as by the available resources.

via aérea é a primeira premissa na

comparação com pessoal não-

There are several devices for

avaliação do doente crítico, assumindo

médico. Na tentativa de amenizar

securing the airway and it must be

um papel primordial. No ambiente

as consequências da falta de

adapted to each specific situation.

pré-hospitalar comparando com as

experiência de muitos dos

Studies show that the success rate

condições controladas do bloco

intervenientes no ambiente no

for orotracheal intubation is higher

operatório o manuseamento da via

pré-hospitalar, tem se vindo a

when performed by a physician

aérea ainda é mais desafiante. O

extrapolar, dos estudos efetuados

compared to a paramedic or even a

número de intervenções avançadas em

para o ambiente hospitalar, o uso de

nurse. In attempts to alleviate the

contexto pré-hospitalar tem vindo a

videolaringoscopia na emergência

consequences of the lack of

aumentar. Uma meta-análise de 2010

pré-hospitalar. De qualquer forma, a

experience in the pre-hospital

reporta um total de 54 933 tentativas

primeira tentativa de intubação

environment, the use of video

de intubação, enquanto que analisando

deve ser sempre realizada nas

laryngoscopy has been extrapolated

as tentativas entre 2006 e 2016, o

melhores condições possíveis, visto

from studies carried out for the

número passa para 125 177. Este

que uma tentativa falhada pode

hospital environment to the pre-

aumento pode estar relacionado com o

condicionar um aumento de

hospital scenario, with compelling

aumento de médicos no pré-hospitalar,

morbimortalidade. Salienta-se a

results. The first attempt at

nomeadamente em países Europeus.1

necessidade da existência de

intubation should always be

O objetivo deste artigo é fazer uma

equipas experientes, uma vez que a

performed in the best possible

revisão da abordagem da via aérea em

via aérea adequada em contexto

conditions, since a failed attempt

contexto pré-hospitalar, salientando

have catastrophic consequences. Keywords: Pre-hospital, Airway, Videolaryngoscopy, Difficult Airway, Emergency

23

Indice

1


algumas controvérsias existentes. EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITAL: MODELOS ORGANIZACIONAIS A emergência pré-hospitalar é um dos pilares dos sistemas de saúde. O seu objetivo visa providenciar assistência a vítimas em potencial risco de vida, de forma a prevenir mortalidade ou

Tabela 1 - Fatores Sugestivos de Necessidade de Abordagem da Via Aérea e Suporte Ventilatório 7 (VA- Via Aérea; TCE – Traumatismo Cranioencefálico)

morbilidade desnecessárias a longo prazo. A organização do

quando esta é realizada por um

TIPOS DE VENTILAÇÃO

sistema de emergência pré-

médico em comparação com

E DISPOSITIVOS

hospitalar difere de país para país,

pessoal não-médico (98,8 % vs

mas, de modo geral, tem por base

91,7%). L1,5 De referir ainda que a

Ventilação Espontânea

um de dois modelos: o Franco-

taxa de sucesso é superior quando

A manutenção da ventilação

Alemão ou o Anglo-Saxônico. O

o procedimento é realizado por

espontânea é uma opção válida caso

modelo Franco-Alemão baseia-se

anestesiologistas, enfatizando

a equipa de emergência pré-hospitalar

na premissa do “stay and play”,

assim a importância da prática

se depare com um paciente com um

onde o hospital é levado ao

quotidiana.

nível consciência adequado e com

2

uma via aérea patente. Não obstante,

doente. Os cuidados são providenciados por uma equipa

INDICAÇÕES PARA

o doente deve ser constantemente

liderada por um médico com

A ABORDAGEM DA VIA AÉREA

reavaliado, sendo essencial o

formação em emergência pré-

O principal objetivo da

reconhecimento precoce da alteração

hospitalar, permitindo a

abordagem da via aérea é

do estado de consciência ou de uma

estabilização inicial do doente no

providenciar oxigenação e

ventilação ineficaz, de forma a

local e posterior encaminhamento

ventilação adequadas. As

proceder atempadamente ao

para o hospital. Por sua vez, o

indicações que requerem

incremento de cuidados.8

modelo Anglo-Saxônico baseia-se

intervenção imediata são a

Em ventilação espontânea, a

na filosofia do “scoop and run”,

obstrução completa da via

oxigenação pode ser otimizada

onde o objetivo é transportar o

aérea, a incapacidade de

através da suplementação de

doente o mais rapidamente

oxigenar e ventilar

oxigénio com recurso a cânulas

possível para o hospital. A equipa

adequadamente, um score na

nasais, máscaras faciais simples,

é constituída por técnicos de

Escala de Coma de Glasgow

máscara de Venturi ou máscaras

emergência pré-hospitalar que,

(GCS) inferior a 9 e a paragem

faciais de alta concentração. Neste

apesar de treinados, não possuem

cardiorrespiratória.6

contexto, podem ser utilizados

as competências teóricas e

Descrevem-se, de forma geral,

adjuvantes, como os tubos

técnicas de um médico.

na tabela 1, os fatores

nasofaríngeos e orofaríngeos de

A gestão da via aérea em contexto

sugestivos de necessidade de

forma garantir a patência da via

pré-hospitalar é obviamente

abordagem invasiva da via aérea

aérea.8 De igual modo, não se devem

limitada pela prática e educação

e suporte ventilatório. De

descurar as manobras manuais de

do responsável, assim como pelos

salientar que a decisão de

permeabilização da via aérea, das

recursos disponíveis. Segundo

abordagem da via aérea deve ser

quais fazem parte extensão da

dados existentes, há evidência

individualizada e não deve

cabeça, elevação do mento e a

que a taxa de sucesso da

atrasar a chegada ao hospital.

protusão da mandíbula. Atualmente,

3

3

4

Indice

intubação orotraqueal é superior

24

no pré-hospitalar, também é possível


HOT TOPIC | SEPARATA CIENTÍFICA n.º 8

a utilização de sistemas de pressão

o tempo e a utilização de máscaras

principalmente no ambiente pré-

positiva (CPAP e BiPAP). Estes

laríngeas de segunda geração têm

hospitalar, devendo ser tidas em

dispositivos só podem ser

aumentado no pré-hospitalar. Estes

conta a experiência do executor e a

utlizados caso o doente se

dispositivos são utilizados como

otimização das condições de

mantenha consciente e capaz de

resgate em situações de não-intubo

intubação, nomeadamente através do

cumprir ordens.

ou quando a intubação endotraqueal

uso de fármacos como os relaxantes

(IET) é considerada inadequada

musculares. Os profissionais de

Ventilação por Máscara Facial

(como por exemplo, por inexperiência

saúde sem experiência na técnica

e Insuflador Manual

do utilizador). As máscaras

devem preferir outros dispositivos

O doente crítico normalmente tem

laríngeas iGel® têm como vantagem

para a abordagem da via aérea no

alterações fisiológicas graves que

o fato de serem constituídas por um

doente crítico.7

dificultam a abordagem avançada da

elastómero termoplástico e, assim,

Vários estudos têm sido conduzidos

via aérea. A falta de tempo, o

não necessitarem de insuflação de

de forma a averiguar qual a melhor

aumento de necessidades de

um cuff. Quando utilizada em

forma de conseguir a intubação no

oxigénio, o shunt fisiológico e a falta

situações de paragem

meio pré-hospitalar. Porém, a

de colaboração do doente

cardiorrespiratória, a iGel não se

evidência científica baseia-se

contribuem para complicações

demonstrou estatisticamente inferior

sobretudo em estudos

durante a abordagem da via aérea,

à IET no que respeita a mortalidade

observacionais, limitando a qualidade

nomeadamente a hipoxémia. A

aos 3 e 6 meses.

da mesma. Além disso, a

10

9

12

ventilação com máscara facial e

heterogeneidade entre estudos é

insuflador manual mantem-se como

Intubação Endotraqueal

muito marcada, sobretudo no que

técnica essencial, pois permite

A intubação endotraqueal é o gold-

concerne os sistemas de emergência

ventilar e oxigenar o doente (pré-

standard na abordagem da via aérea,

pré-hospitalar de cada país, a

oxigenação), ganhando tempo para

tanto no meio pré-hospitalar como no

experiência dos operadores e os

uma abordagem segura, ou mesmo a

meio hospitalar , por ser o único que

métodos usados nos estudos.1,4,5,14,21

sua manutenção caso não seja

confere proteção contra a aspiração

Apesar dos dados encontrados

possível ou necessário instituir uma

de sangue e conteúdo gástrico para

serem conflituosos, parece claro que,

via aérea avançada.

os pulmões. O sucesso da intubação

de uma forma geral, os intervenientes

varia com as características

não possuem um nível adequado de

Dispositivos Supraglóticos

anatómicas do doente, o seu estado

experiência para o procedimento,

Os dispositivos supra-glóticos (DSG)

clínico, a experiência do executante,

denotando as diferenças entre os

são introduzidos às cegas na via

entre outros.

sistemas de emergência pré-

aérea, ficando superiormente à glote.

Este procedimento consiste na

hospitalar dos diversos países.4 Por

Assim sendo, não protegem por

introdução de um tubo semi-rígido

exemplo, na Alemanha é necessário

completo a via aérea da insuflação

de diâmetro variável pela cavidade

um currículo mínimo de 25

gástrica e da possível regurgitação e

oral (intubação orotraqueal) ou pela

intubações15, bem menos que as 200

aspiração.10 Inicialmente

cavidade nasal (intubação

intubações descritas por Bernahd et

desenvolvidos para a anestesiologia

nasotraqueal) através da faringe e

al. para aumentar o sucesso da

em contexto de bloco operatório,

atravessando as cordas vocais até

intubação de 82% para 92%.16 Já nos

rapidamente passaram a ser

à traqueia. A colocação do tubo

Estados Unidos, são suficientes 5

utilizados em contexto pré-hospitalar

pode efetuar-se, entre outras,

tentativas de intubação traqueal para

devido à facilidade de utilização,

através de laringoscopia direta ou

se obter a certificação para técnico de

pequena curva de aprendizagem,

de videolaringoscopia.

emergência pré-hospitalar, vulgo,

previsibilidade e rapidez de

A intubação endotraqueal não é um

paramédico. Na Escandinávia, por sua

inserção. Os DSG têm evoluído com

gesto isento de complicações,

vez, a via aérea avançada no pré-

8

11

7

13,14

25

Indice

8


Indice

26


HOT TOPIC | SEPARATA CIENTÍFICA n.º 8

hospitalar é quase exclusivamente

usada como técnica preferencial nos

anatomia da via aérea secundária a

realizada por anestesiologistas.

doentes com via aérea

trauma ou queimadura.26 A incidência

A intubação traqueal, tanto dentro

presumivelmente difícil ou com lesão

da via aérea emergente na literatura é

como fora do hospital, é um processo

da coluna cervical, mas também

variável, em algumas séries chega a

complexo e o tempo de intubação, o

como técnica de resgate nos doentes

15% de todas as abordagens da via

número de tentativas e a hipóxia

em que não se consegue a intubação

aérea.27 A sua realização pode ser feita

estão relacionadas com um aumento

à primeira tentativa.

com recurso a um kit de cricotirotomia

na morbimortalidade.

Um estudo realizado com o

cirúrgica, um kit de cricotirotomia por

A laringoscopia direta consiste no

videolaringoscópio da CMAC no

agullha ou com recurso a uma lâmina

uso de um laringoscópio

pré-hospitalar, conseguiu provar

de bisturi, uma frova e um TET.

convencional que, através do

superioridade no seu uso face à

Atualmente esta última abordagem é

afastamento da língua e epiglote do

laringoscopia direta, tanto no

considerada a mais rápida e confiável

campo de visão, permite a

sucesso global de intubação (94.9%

por ser simples e apenas ser

visualização direta das cordas vocais

para 99%), como no sucesso na

necessário material que está

de forma a que o tubo endotraqueal

primeira tentativa (75.4% para 99%),

prontamente disponível.28

possa ser inserido na traqueia. Os

sucesso nas primeiras duas

estudos sugerem que o sucesso da

tentativas (89.2% para 97.4%) e ainda

CAPNOGRAFIA

intubação no meio pré- hospitalar

na diminuição do número de

A capnografia combina a capnometria

varia entre 69% e 98.4%.

tentativas (1.13 para 1.08) . No

com o capnograma. A capnometria

Na tentativa de amenizar as

entanto, os estudos são

consiste na medição do CO2 exalado

consequências da falta de

discordantes e, apesar de validarem

que é apresentado como valor

experiência de muitos dos

a melhoria da visualização das

numérico de end-tidal de CO2, (etCO2,).

intervenientes no ambiente no

cordas vocais através da

O capnograma é a representação

pré-hospitalar, tem se vindo a

videolaringoscopia, nem todos

gráfica da variação do etCO2 ao longo

extrapolar, dos estudos efetuados

mostraram superioridade no tempo

do tempo.

para o ambiente hospitalar, o uso de

de intubação com os diferentes

A principal vantagem no uso deste

videolaringoscopia na emergência

videolaringoscópios e a

método é o controlo apertado da

pré-hospitalar. Existem diversos

laringoscopia direta. Apesar dos

ventilação, reduzindo o risco de hipo ou

modelos adequados, essencialmente

dados conflituosos, é razoável

hiperventilação inadvertidas, tal como a

pela sua portabilidade, dos quais se

prever que a videolaringoscopia

confirmação da entubação traqueal.6

destacam o Glidescope®, Pentax®,

poderá ser uma mais valia para a

Além disso, a curva do capnograma

Storz® (DCI and CMAC), Airtraq® e

emergência pré-hospitalar.

oferece informações valiosas relativas

17

18-23

25

14

ao estado ventilatório e circulatório do

McGrath®. Estes possuem uma câmara na extremidade distal da

Via Aérea emergente

doente. De tal forma que algumas

lâmina, permitindo uma intubação

A obtenção de uma via aérea por

situações críticas podem ser

com maior segurança e com um

intermédio de uma técnica emergente

diagnosticadas com base apenas na

campo de visão melhorado.

é um procedimento life-saving em

análise da capnografia, como é o caso

Adicionalmente, é uma alternativa

contexto pré-hospitalar que apesar de

do broncospasmo, deslocação do tubo

atrativa nos doentes que se

raro deve ser realizado sem atraso ou

endo-traqueal, paragem cardio-

encontram encarcerados ou em

hesitação caso as manobras

respiratória e a sua recuperação,

espaços confinados, nos quais não

convencionais sejam impossíveis ou

entre outros. 7

se consegue atingir o alinhamento

falhem. São indicações para a sua

entre o campo de visão do operador e

realização: “não intubo-não ventilo”,

a via aérea do doente.

intubação impossível devido a

A videolaringoscopia é, ou deve ser,

encarceramento; distorção da

A23

24

27

Indice

7


Indice

28


ABORDAGEM FARMACOLÓGICA

atendendo às alterações

VIA AÉREA DIFÍCIL

É controverso se todas as

fisiológicas do doente crítico. 1

NO PRÉ-HOSPITALAR

intervenções avançadas em

Se por um lado indutores como o

A incidência de via aérea difícil é

contexto pré-hospitalar são

propofol ou o tiopental garantem

mais alta no pré-hospitalar que no

benéficas ou não. 1 De qualquer

hipnose, por outro também estão

ambiente hospitalar. 31 No pré-

forma, a primeira tentativa de

relacionados com instabilidade

hospitalar, a disponibilidade de

intubação deve ser sempre

hemodinâmica no período pós-

dispositivos alternativos para a

realizada nas melhores condições

intubação. Desta forma é

abordagem da via aérea é muitas

possíveis, visto que uma tentativa

importante não só titular a dose

vezes limitado 33, 34 e o

falhada pode condicionar um

do fármaco a utilizar, mas

manuseamento da via aérea

aumento de morbimortalidade. À

também estabilizar o doente

acaba por ser realizado por staff

exceção dos doentes em paragem

antes da indução, através de

com pouca experiência para o

cardiorrespiratória e em estado

fluidoterapia ou suporte

mesmo. 35 Além disso, em muitas

comatoso profundo, a utilização

vasopressor caso necessário. 30 A

situações, acresce a dificuldade

de fármacos na abordagem da via

utilização da ketamina como

dos cenários em que ocorre a

aérea, nomeadamente de

indutor esteve historicamente

abordagem da mesma: espaços

indutores e bloqueadores

associada a aumento da pressão

confinados, posicionamento

neuromusculares (BNM), contribui

intracraniana. Contudo, estudos

inadequado, luz solar intensa ou,

para melhorar as condições para

recentes demonstram que tal não é

inversamente, cenários com

abordagem da via aérea. 1 Existem

clinicamente relevante, sendo agora

pouca luminosidade, entre outros.

controvérsias acerca da

considerada um fármaco seguro e

Acresce ainda a complexidade

proficiência na utilização

eficaz no contexto pré-hospitalar,

dos doentes emergentes, em

fármacos no contexto pré-

principalmente em doentes

dificuldade respiratória, a

hospitalar, dado que há países

hemodinamicamente instáveis.1

dessaturar ou com compromisso

onde o pré-hospitalar é

Outra questão controversa é a

da via aérea. 20

assegurado por pessoal não-

utilização de BNM,

Apesar de não existir nenhuma

médico. Segundo a Association of

nomeadamente a succinilcolina

definição para “via aérea difícil no

Anesthetists of Great Britain, de

ou o rocurónio, em contexto

pré-hospitalar”, há algumas

forma a garantir a segurança do

pré-hospitalar. Se por um lado

características que devem alertar

doente, a administração de

aumenta o sucesso da intubação,

para eventual dificuldade

fármacos deve seguir os mesmos

permitindo uma via aérea

acrescida. Os exemplos destas

standards que no meio intra-

definitiva que de outra forma

características encontram-se

hospitalar, ou seja, devem ser

seria difícil ou mesmo

listados na Tabela 2 e podem

administrados por indivíduos

impossível, por outro lado pode

estar relacionados com o nível de

habilitados a realizar

levar a situações de “não ventilo-

consciência do doente e presença

procedimentos anestésicos e

não intubo”, pondo o doente em

de reflexos protetores da via

intubação no serviço de urgência

eminente risco de vida. 13-14

aérea, fatores anatómicos,

de forma autónoma. 1,29

Apesar disso, de uma forma

fatores ambientais e outros. 36 Os

Tal como no intra-hospitalar, a

geral, a literatura demonstra um

doentes com estas

maioria dos fármacos pode ser

aumento de sucesso de

características possuem um risco

utilizado em segurança no

intubação quando se utilizam

mais elevado de complicações e

contexto pré-hospitalar desde que

BNM, diminuindo ainda o número

maior morbimortalidade. 20

seja feita de forma criteriosa e

de vias aéreas cirúrgicas. 25,30,31

29

Indice

HOT TOPIC | SEPARATA CIENTÍFICA n.º 8


Na tentativa de minimizar complicações e de agilizar a abordagem da via aérea na rua, vários autores tentaram criar algoritmos simplificados. Opta-se por demonstrar neste artigo o mais relevante (Figura 1). Da via aérea de resgate salienta-se a ventilação por máscara facial e insuflador manual, mas também o uso de soluções alternativas ao plano inicial, como as máscaras laríngeas, quando o plano inicial é a intubação endotraqueal, ou o uso de adjuvantes, nomeadamente os condutores e a frova. Entre cada tentativa, devem otimizar-se as condições de abordagem da via aérea, tendo em conta o posicionamento do doente, o eventual uso de fármacos e a utilização de diferentes dispositivos.20

Tabela 2– Características Preditoras de Dificuldade na Abordagem da Via Aérea no Pré-Hospitalar36

SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS A intubação pré-hospitalar num

A manutenção da via aérea é um

CONCLUSÃO

doente com traumatismo

elemento chave em caso de paragem

A abordagem da via aérea em

cranioencefálico (TCE) tem

cardiorrespiratória. Apesar disso, os

contexto pré-hospitalar é um tema

resultados controversos quanto à

estudos são muito controversos em

que tem sido alvo de muita discussão,

sobrevivência e outcome neurológico.

relação à melhor abordagem. Se por

variando bastante consoante o

Estes resultados contraditórios

um lado há estudos que demostram

modelo organizacional do país a que

relacionam-se com a experiência e a

que os doente que foram submetidos

se refere. Apesar da existência de

perícia da equipa pré-hospitalar. A

a IET têm maior probabilidade de

muitos estudos, estes são

intubação no local, se realizada por

recuperação de circulação

contraditórios e com amostras pouco

um individuo experiente, não

espontânea, sobrevivência à

significativas. Apesar disso, salienta-

aumenta o tempo até admissão

admissão hospitalar e melhor

se a necessidade da existência de

hospitalar nem piora o outcome

outcome neurológico , outros não

equipas experientes, uma vez que a

neurológico. Assim sendo, e

demonstram a superioridade da IET

via aérea adequada em contexto

segundo a evidência atual, pessoal

em relação a DSG, ou mesmo a

pré-hospitalar será sempre aquela

não treinado não deve abordar a via

ventilação por máscara facial.

com que o prestador de cuidados se

aérea de uma vítima de TCE.

25

37

38,39

sinta mais à vontade, pois uma intervenção desmedida poderá ter

Indice

consequências catastróficas

30


HOT TOPIC | SEPARATA CIENTÍFICA n.º 8

8.

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Benger, J., Lazaroo, M., Clout, M., Voss, S., Black, S., Brett, S., Kirby, K., Nolan, J., Reeves, B., Robinson, M., Scott, L., Smartt, H., South, A., Taylor, J., Thomas, M., Wordsworth, S. and Rogers, C., 2020. Randomized trial of the i-gel supraglottic airway device versus tracheal intubation during out of hospital cardiac arrest (AIRWAYS-2):

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Benger, J., Lazaroo, M., Clout, M., Voss, S., Black, S., Brett, S., Kirby, K., Nolan, J., Reeves, B., Robinson, M.,

EDITOR

Scott, L., Smartt, H., South, A., Taylor, J., Thomas, M., Wordsworth, S. and Rogers, C., 2020. Randomized trial of the i-gel supraglottic airway device versus tracheal intubation during out of hospital cardiac arrest (AIRWAYS-2): Patient outcomes at three and

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REVISÃO

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33

Indice

39.


Indice

Pedro Rodrigues Silva

34


ARTIGO DE REVISÃO II | SEPARATA CIENTÍFICA n.º 8

ARTIGO DE REVISÃO II

COMO ADEQUAR A VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA NO PRÉ-HOSPITALAR À PATOLOGIA DO DOENTE Miguel Lourenço Varela1 1

Serviço de Medicina Intensiva 1, Centro Hospitalar Universitário do Algarve – Unidade de Faro

INTRODUÇÃO

INTRODUCTION

Princípios Gerais

A ventilação mecânica invasiva (VMI) é

Invasive Mechanical Ventilation is not

Ao iniciar VMI, o primeiro passo é

um mal necessário. É um processo

without harm. It is an anti-physiologic

escolher o modo ventilatório a

anti-fisiológico, aplicando pressões

process, in which a positive pressure is

aplicar. Num doente ao qual se

positivas num sistema que trabalha com

applied to the lungs, which is made to

aplicou sedação e curarização no

pressões negativas. Daqui se depreende

work with negative pressures. From here,

imediato, é inevitável optar por um

o potencial para causar dano no sistema

it is expected that some damage to the

modo controlado, que irá determinar

respiratório . E, de facto, são várias as

pulmonary system will ensue . In fact,

a frequência respiratória passiva do

consequências descritas na literatura de

evidence suggests that a non-protective

doente. O modo espontâneo, que

uma VMI inadequada (não protetora):

mechanical ventilation can result in acute

aplica insuflações no doente apenas

síndrome de dificuldade respiratória

respiratory distress syndrome (ARDS),

após estímulo respiratório do doente,

aguda (ARDS), pneumonia associada ao

ventilator associated pneumonia and

tem pouca utilidade na VMI no

ventilador e lesão diafragmática . Tal está

diaphragm injury . Such harm can occur

pré-hospitalar. Tal se deve ao facto de

descrito mesmo em períodos curtos de

even when this non-protective ventilation

ser um modo que necessita de maior

ventilação, como aquele em que o doente

is applied for a short period, such as when

vigilância do doente, num ambiente

permanece na sala de emergência .

patients are in the critical care bay in the

em que a atenção do operacional

É por isso importante que os operacionais

emergency department .

estará dividida na abordagem ao

da VMER estejam preparados para aplicar

It is, therefore, crucial, that VMER

doente crítico numa fase ultra-aguda.

uma ventilação mecânica invasiva eficaz,

operatives are prepared to apply invasive

Caso o estímulo respiratório do

adequada ao doente e segura. Foram

mechanical ventilation correctly, tailored

doente regresse, a atitude mais

estas as atitudes treinadas no curso

to the victim and safely. These were the

simples será voltar a sedar o doente.

teórico-prático realizado em conjunto

principles that were applied in the latest

Em operacionais experientes em VMI,

com as VMER de Faro, Portimão e

course of VMER of Faro, Albufeira and

poderá ser tentado manter o doente

Albufeira. Como resumo daquilo que foi

Portimão. In this article we present a

em modo espontâneo quando se

abordado no curso, de seguida se

summary of the topics that were talked in

deseja um desmame ventilatório

descrevem diferentes situações onde é

the course, namely how to ventilate the

rápido, mas esse trabalho poderá ser

necessário especial cuidado para

victim in special circumstances.

realizado, sob maior vigilância, na

1

2

3

1

2

3

proporcionar a ventilação mais correta

sala de emergência.

para a vítima.

A ventilação poderá ser feita em pressão ou em volume. Em unidade Keywords: Invasive Mechanical Ventilation; pre-hospitarl medicine; COPD; asthma; neurocritical care

de cuidados intensivos, não existe uma superioridade significativa entre

35

Indice

Palavras-Chave: Ventilação mecânica invasiva; pré-hospitalar; DPOC; asma; neurocrítico


ambas as formas de ventilar. Não

vasopressores.

períodos curtos, como no pré-

obstante, no pré-hospitalar,

Tendo em conta os valores de

hospitalar, portanto, na ausência de

consideramos que será mais simples

referência para o volume corrente, os

patologia pulmonar, recomenda-se

ventilar em volume, pois é garantida a

ajustes adicionais ao volume-minuto

titular a FiO2 administrada para

entrega do mesmo, sendo o volume-

poderão ser feitos pela variação da

manter uma saturação periférica de

minuto (volume corrente multiplicado

frequência respiratória, garantindo

O2 de 92-95%10.

pela frequência respiratória) o que

que o fluxo expiratório atinge o valor

garante a ventilação e clearance de

de zero antes de nova inspiração,

O doente com DPOC

CO2. Na ventilação em pressão,

como explicado posteriormente.

O doente com doença pulmonar

consoante a resistência da via aérea,

A pressão no final da expiração

obstrutiva crónica tem

que poderá variar a qualquer momento

(PEEP), corresponde à pressão

tradicionalmente uma obstrução no

pelo posicionamento da vítima ou

mínima existente no circuito

fluxo expiratório, o que promove a

presença de secreções, os volumes

respiratório, impedindo o colapso

retenção de dióxido de carbono. Após

correntes administrados poderão

alveolar durante a expiração. A PEEP

início da ventilação com parâmetros

variar significativamente. Por seu lado,

é tradicionalmente vista como um

standard, observar a curva de fluxo e

na ventilação em volume, estas

parâmetro que permite melhorar a

constatar se esta chega a zero. Um

variações na resistência da via aérea

oxigenação do doente, mas os seus

tempo expiratório insuficiente irá

irão levar a pressões mais elevadas na

efeitos vão muito para além disto.

promover a geração de PEEP

via aérea; o aumento de pressões na

Uma PEEP optimizada para o doente

intrínseco (“auto-PEEP”), que

via aérea é igualmente preocupante,

permite melhorar a ventilação,

corresponde a PEEP adicional ao

mas, numa fase imediata, não irá

consequentemente as trocas de CO2.

PEEP instituído no ventilador, que terá

causar perda de volume corrente e

Ter em atenção que uma PEEP

tendência a acumular11. A solução

permitirá uma margem de tempo para

demasiado elevada irá levar a

passa por prolongar o tempo

corrigir a situação .

sobredistensão pulmonar, com

expiratório, através da redução da

O pilar de uma VMI protetora é

consequente colapso dos capilares

frequência respiratória ou da

manter volumes correntes entre

alveolares, agravando as trocas . O

alteração da relação

6-8mL/Kg de peso ideal. O cálculo do

ajuste da PEEP poderá ser guiada

inspiração:expiração de 1:2 para

peso ideal baseia-se na altura e sexo

pelo índice SI, driving pressure,

valores entre 1:2 e 1:3 ou superiores.

do doente. A altura do doente é

complacência pulmonar, pressão

A broncodilatação é uma solução fácil

geralmente desconhecida, mas a

transpulmonar, entre outros , mas

e eficaz na redução do broncospasmo

altura média dos indivíduos

todos estes parâmetros são

e, portanto, no padrão obstrutivo12.

portugueses do sexo masculino é

demasiado complexos para serem

174,4cm, enquanto as das mulheres

medidos no âmbito do pré-hospitalar.

O doente Asmático

é 161,2cm, o que corresponde a um

Assim, recomenda-se, na ausência de

Num doente asmático grave que

intervalo de volume corrente seguro

patologia pulmonar, consoante

careça de ventilação mecânica, a

de 420-560mL para homens e

referido posteriormente, iniciar a VMI

aplicação de ventilação não

318-424mL para mulheres . A partir

com uma PEEP de 5 ou 6cmH2O.

invasiva está desaconselhada por

4

5

Indice

deste valor de referência, o ajuste

6

7

Por fim, relativamente à fração

evidência insuficiente13.

poderá ser feito por capnografia. Na

inspirada de oxigénio (FiO2), valores

Ao iniciar VMI, é preferível optar por

ausência de capnografia, um indício

de FiO2 superiores a 50-60% durante

um modo de volume controlado. É

de que o doente tem hipercapnia será

um tempo muito prolongado (dias)

importante medir a pressão de pico e

a necessidade de doses crescentes

irão contribuir para o

a pressão de plateau. Não é incomum

de vasopressores, dado a implicância

desenvolvimento de fibrose

obter pressões de pico muito

da acidemia (quando pH for inferior a

pulmonar . Não há estudos sobre o

elevadas, devendo-se ajustar o alarme

7,20) na diminuição da resposta aos

impacto do uso de FiO2 elevados em

de pressão de pico para estes valores

36

8, 9


ARTIGO DE REVISÃO II | SEPARATA CIENTÍFICA n.º 8

mais elevados. As pressões de pico

suas propriedades broncodilatadoras

atenção que no doente em plano

elevadas não terão consequências

em doses a partir dos 2mg/Kg, é um

duro a elevação da cabeceira pode

deletérias, exceto se a pressão de

fármaco a considerar adicionar à

ser realizada através da angulação

plateau estiver em valores não

sedação de base .

do plano duro.

17

seguros (>28cmH2O) . A pressão de plateau pode ser medida após uma

O doente Neurocrítico

35mmHg. Assim que houver melhoria

pausa inspiratória, manobra apenas

O doente com traumatismo crânio-

clínica, por exemplo a reversão de

disponível nos ventiladores de

encefálico (TCE) e escala de coma de

midríase, manter o ETCO2 entre

transporte mais modernos.

Glasgow alterada é um neurocrítico,

35-40mmHg18.

Dado o forte componente obstrutivo,

no qual se deverá suspeitar de

com dificuldade na exalação do ar,

hipertensão intracraniana elevada.

O doente em Choque

estes doentes têm tendência a

Nos doentes aos quais é necessário

A aplicação de pressões positivas

desenvolver hiperinsuflação

proceder a ventilação mecânica

intratorácicas, nomeadamente

pulmonar, com consequente PEEP

invasiva, ganha-se uma arma

através da aplicação de PEEP, poderá

intrínseco. Por este motivo, a

terapêutica importante para a gestão

comprometer a hemodinâmica do

aplicação de PEEP não era

da pressão intracraniana (PIC)

doente. Tal faz-se principalmente

recomendada até muito

elevada .

pela diminuição do retorno venoso

recentemente (PEEP em 0cmH2O ou

A hiperventilação induzida é uma

[20]. Um valor relativamente baixo de

ZEEP), no entanto há autores que

solução recomendada para diminuir a

PEEP não irá levar a alterações

recomendam a aplicação de uma

PIC. O mecanismo subjacente baseia-

significativas da hemodinâmica, mas

PEEP baixa, perto dos 5cmH2O .

se no facto de a pressão parcial de

valores a partir de 10 cmH2O poderão

Ainda em relação com o forte

CO2 no sangue induzir alterações na

comprometer a hemodinâmica de

componente obstrutivo, ter em

motricidade dos vasos que irrigam o

doentes susceptíveis, como aqueles

atenção que estes doentes poderão

cérebro: um CO2 elevado leva a

em choque, nomeadamente aqueles

necessitar de tempos expiratórios

vasodilatação cerebral, enquanto um

que dependem da pré-carga, como o

mais elevados. Portanto, definir

CO2 baixo leva a vasoconstrição .

choque hipovolémico, o choque

inicialmente frequências respiratórias

Com isto, ao induzirmos

obstrutivo do tromboembolismo

tendencionalmente mais baixas,

hiperventilação (PCO2<35), iremos

pulmonar e o choque cardiogénico do

entre os 10 e 12 ciclos por minuto e,

causar vasoconstrição e, por

enfarte do ventrículo direito20, 21.

posteriormente, se necessário, alterar

conseguinte, diminuir o aporte

a relação inspiração/expiração para

sanguíneo ao cérebro, o que, num

O doente em Acidose Metabólica

prolongar a expiração. Em casos

cérebro com perda de auto-regulação,

Se os mecanismos compensatórios

mais graves de hipoxia, poderá ser

próprio do cérebro no TCE, irá levar a

estiverem a funcionar, o doente com

necessária uma relação inspiração/

diminuição da PIC . O reverso da

suspeita de acidose metabólica terá,

expiração no sentido de prolongar o

medalha é a possibilidade de induzir

previamente à entubação oro-

tempo inspiratório .

isquémia, daí que as recomendações

traqueal, uma taquipneia marcada, de

Não esquecer o importante papel da

mais recentes recomendam o seu

forma a fazer uma alcalose

curarização nestas vítimas, pois

uso na PIC elevada apenas de forma

respiratória compensatória22.

facilita o cumprimento de todos os

breve, enquanto outras medidas

Portanto, após a entubação oro-

parâmetros aqui definidos, retirando

anti-edematosas estão a ser

traqueal, a frequência respiratória

o esforço inspiratório e resistência do

preparadas e se aguarda o seu

programada deverá ser semelhante à

doente, assim como possíveis

efeito . No caso do pré-hospitalar,

frequência respiratória prévia do

assincronias. No entanto, deverá ser

estas medidas passam pela elevação

doente, de forma a evitar

usada apenas após uma optimização

da cabeceira a 30-45º e a

agravamento da acidémia. O ETCO2

da sedação. A quetamina, dadas as

administração de manitol. Ter em

terá um papel importante a

18

15

16

18

19

18

37

Indice

O alvo será um ETCO2 entre 30-

14


Indice

Pedro Rodrigues Silva

38


ARTIGO DE REVISÃO II | SEPARATA CIENTÍFICA n.º 8

determinar o valor alvo, quando

pretende ser exaustiva e deverá o

quando ocorrer uma fuga em

posteriormente se desejar reduzir a

leitor consultar referências mais

qualquer parte do sistema do

frequência respiratória assim que a

completas nesta temática.

ventilador, por danos nas traqueias,

vítima estiver a realizar volumes

O primeiro problema que poderá surgir

componentes inadequadamente

correntes adequados.

será a entubação seletiva. Este

encaixados ou uso de peças

Ter em atenção que o doente em

problema deverá ser diagnosticado

incompatíveis com o sistema atual.

choque poderá necessitar destes

logo após a entubação oro-traqueal,

A aplicação de pressões ou volumes

cuidados descritos para o doente em

através da auscultação de murmúrio

correntes muito elevados na via

acidose metabólica.

pulmonar assimétrico nos

aérea predispõe ao desenvolvimento

hemitóraxes. Não obstante, fruto do

de pneumotórax.30. Este poderá não

O doente Obeso

transporte do doente ou de um cuff

se manifestar a nível de mecânica

O doente obeso comporta-se como

insuficientemente insuflado, o tubo

ventilatória, mas com a persistência

um doente restritivo. No entanto, a

oro-traqueal poderá deslocar-se e

da VMI, poderão observa-se aumento

restrição à ventilação faz-se pela

progredir para um dos brônquios,

das pressões na via aérea o queda

caixa torácica pouco complacente,

sendo mais comum ser o brônquio

dos volumes correntes

uma vez que o pulmão estará,

direito aquele para o qual o tubo

administrados, e posteriormente,

supostamente, sem patologia .

progride. A auscultação pulmonar é a

quando se tratar de um pneumotórax

Neste sentido, ter em atenção que o

ferramenta mais útil para diagnosticar

hipertensivo, instabilidade

pulmão do obeso é um pulmão com

a entubação seletiva, mas poderão ser

hemodinâmica31.

um tamanho igual ao de um doente

observados outros indícios no

As dessincronias ventilatórias são

com altura igual, logo os volumes

ventilador, como a queda abrupta do

consequência dos problemas

correntes a aplicar serão iguais ao de

volume corrente ou o aumento das

apresentados previamente. A

um doente com a mesma estatura e

resistências na via aérea .

presença de secreções na via áerea é,

peso diferente. No entanto, este

Como referido, a insuflação

no entanto, uma causa importante e

doente terá áreas de pulmão pouco

inadequada do cuff do tubo

facilmente solucionável com a

ventiladas, dado estarem

endotraqueal é um fator de risco para

aspiração do tubo oro-traqueal. A

parcialmente ou totalmente

a extubação ou intubação seletiva

tosse, o aumento das pressões na via

colapsadas pelo peso da caixa

acidentais. É comum palpar o cuff

áerea e a oscilação das curvas

torácica . A solução nestas

para averiguar pela rigidez deste se

ventilatórias são sugestivos da

situações será aplicar valores iniciais

está suficientemente insuflado, mas

presença de secreções32, 33.

de PEEP mais elevados, a partir dos 8

tal método é pouco sensível27, sendo

A definição correta dos limites dos

cmH2O, de forma a evitar o colapso

recomendado o uso de um

alarmes do ventilador poderá permitir

das vias aéreas . Isto é diferente do

cuffómetro . Portanto, na ausência

um diagnóstico mais rápido das

termo “recrutar”, que se faz através

deste, é importante manter o alerta

complicações da VMI, logo uma maior

de procedimentos diferentes, em

para um cuff inadequadamente

segurança na aplicação da mesma. Não

contexto de UCI .

insuflado. Clinicamente, são indícios

esquecendo os ajustes necessários

de fuga no cuff a audição de um som

para cada doente e sua patologia,

Resolução de problemas

de borbulhar na cavidade oral e o

recomenda-se para um adulto os

No início ou durante a VMI, poderão

aumento da reatividade do doente ao

seguintes limites dos alarmes:

surgir diversos problemas que devem

tubo, enquanto no ventilador pode

- frequência respiratória mínima de 5

ser do conhecimento do operacional,

ser observado uma diferença

ciclos/min e máxima de 30 ciclos/min

assim como o método para a sua

significativa entre os volumes

resolução. Abordam-se de seguida

correntes inspirados e expirados .

e máximo de 12-14 L/min

alguns destes problemas, com a

Ter em atenção que existirá também

- volume corrente mínimo de 4mL/Kg

ressalva que a lista seguinte não

uma diferença entre estes volumes

de peso ideal e máximo de 10mL/Kg

23

24

25

26

28

- volume-minuto mínimo de 4-5 L/min 29

39

Indice

23


de peso ideal

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EDITOR

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ANDRÉ VILLAREAL Médico VMER

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REVISÃO

Agradecimento: À Dra Luísa Melão, pela revisão do

COMISSÃO CIENTÍFICA

rascunho do artigo e sugestões.

41

Indice

32.


Indice

42


ARTIGO DE REVISÃO III | SEPARATA CIENTÍFICA n.º 8

ARTIGO DE REVISÃO III

O IMPACTO DA FORMAÇÃO COMUNITÁRIA EM SBV-DAE NA SOBREVIVÊNCIA À PCR. O QUE SABEMOS DO MUNDO E DE PORTUGAL?

Mourão, C.1,2,3, Martins, C.1,2, Vicente, L.1,2, Cartaxo, V1,3. Centro Hospitalar e Universitário do Algarve Faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas da Universidade do Algarve 3 Algarve Biomedical Center 1 2

RESUMO

ABSTRACT

Introdução

Paragem cardiorrespiratória (PCR)

Out-of-hospital cardiorespiratory arrest

A Paragem cardiorrespiratória (PCR)

extra-hospitalar representa um problema

(OHCA) represents a public health

é a cessação da atividade mecânica

de saúde pública em todo o mundo, pela

problem worldwide, due to its high

do coração, confirmada pela

elevada incidência, baixa sobrevida e

incidence, low survival and

ausência de sinais de circulação

imprevisibilidade. O cidadão comum é

unpredictability. The ordinary citizen is

corporal.1 A PCR súbita extra-

crucial na possibilidade de iniciar a

crucial to start cardiopulmonary

hospitalar revela-se um problema de

reanimação cardiopulmonar (RCP). O seu

resuscitation (CPR). Its success depends

saúde pública em Portugal e em todo

sucesso depende do reconhecimento

on the early recognition of OHCA, quick

o mundo, pela sua elevada incidência,

precoce de PCR, rápido reporte à

report to the pre-hospital emergency

baixa sobrevida e imprevisibilidade.2-4

emergência pré-hospitalar, início

services, timely start of CPR, with high

Dependendo de como a PCR extra-

atempado da RCP, com compressões e

quality compressions and ventilations;

hospitalar é definida, verifica-se uma

ventilações de elevada qualidade;

early defibrillation using the External

considerável variabilidade entre

desfibrilhação precoce com recurso ao

Automated Defibrillator (AED) and fast

países.5 Na Europa e nos Estados

Desfibrilhador Automático Externo (DAE)

transport to the referral hospital. The

Unidos da América (EUA), constatou-

e transporte célere para o hospital de

American Heart Association (AHA)

se uma incidência de 84/100.000 e

referência.

recommended the need to report OHCA

de 76/100.000 habitantes por ano,

A American Heart Association (AHA)

outcomes. Community training for

respetivamente.6,7,8

recomendou a necessidade de reporte

citizens is the cornerstone of effective

Defronte do exposto, a providência da

dos outcomes da PCR. A formação na

CPR and of increasing the survival rate of

ressuscitação cardiopulmonar (RCP)

comunidade para os cidadãos revela-se o

the victim of CPA. Thus, it becomes lawful

com recurso ao Suporte Básico de

pilar de uma efetiva RCP e do aumento da

to ask the following questions: What is

Vida (SBV) é vital para a sobrevida do

taxa de sobrevida da vítima de PCR.

known about OHCA and CPR in the

paciente. Contudo, e dado que a

Assim, torna-se lícito colocar as seguintes

world? And in Portugal? Will there be an

maioria dos eventos de PCR não são

questões: O que se sabe de PCR e RCP no

impact of BLS-AED training on the general

presenciados pelas equipas de

mundo? E em Portugal? Haverá impacto

population?

emergência pré-hospitalar, o cidadão

da formação em Suporte Básico de Vida

assume-se como o primeiro

(SBV-DAE) na população em geral?

interveniente no local para iniciar a RCP. O seu papel é limitado e temporário, no entanto, crucial. Em Keywords: Out-of-hospital cardiorespiratory arrest, Cardiopulmonary Resuscitation, Basic Life Support, External Automatic Defibrillator.

consonância, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) refere

43

Indice

Palavras-Chave: Paragem Cardiorrespiratória extra-hospitalar, Ressuscitação Cardiopulmonar, Suporte Básico de Vida, Desfibrilhador Automático Externo.


que a chegada de um meio

CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO

PCR.16,17 Se por um lado é consensual

diferenciado ao local, ainda que

DE ARTIGOS

que a sobrevida da vítima incrementa

célere, poderá demorar tanto como 6

com a celeridade do início da RCP, Bases de dados

por outro, estudos diferem nos

Na Europa, nos últimos 50 anos,

A pesquisa foi realizada em três bases

resultados do aumento da sobrevida,

tem-se verificado um aumento da

de dados bibliográficas – PubMed/

quanto ao facto da PCR ter sido

incidência de RCP no contexto da

Medline, Cochrane Library e Web of

testemunhada ou não pelo leigo.

PCR extra-hospitalar, com uma

Science. Ao finalizar as pesquisas em

Num estudo no Irão, conduzido por

incidência estimada de 56/100.000

cada base, as referências duplicadas

Navab et al., descreve-se que a RCP

habitantes por ano.6,10 No entanto, a

foram excluídas.

efetuada pelo leigo é positivamente

minutos.

9

sobrevida após a PCR é baixa, com

associada ao aumento da sobrevida

uma sobrevida à alta hospitalar de

Limite de tempo

da vítima, independentemente de o

apenas 26% (0-48%).

Foram selecionados artigos

evento ter sido ou não presenciado.3

Dada a importância da PCR extra-

publicados entre 2004 e 2020.

Todavia, de acordo com o

10

hospitalar como um problema de

extrapolado no estudo CARES (EUA),

saúde pública, importa ressalvar os

Idiomas

a sobrevida num evento de uma PCR

fatores importantes para o sucesso

Foram selecionados artigos escritos

testemunhada é cerca de três vezes

da RCP, nomeadamente o

em inglês e português.

superior a um evento de PCR não

reconhecimento precoce de PCR e o

testemunhada (16,4% vs. 4,8%),

rápido acionamento do Número

Termos livres

respetivamente.18 De igual modo, a

Europeu de Emergência (112); início

Na pesquisa e perante a indexação

taxa sobrevida aos 30 dias, com um

atempado da RCP, com compressões

nas bases de dados bibliográficos,

outcome neurológico favorável pode

e ventilações de elevada qualidade;

optou-se pela procura com recurso

atingir o dobro, caso a RCP tenha

desfibrilhação precoce, com recurso

aos termos out-of-hospital cardiac

ocorrido celeremente (37,8% vs.

ao Desfibrilhador Automático

arrest, return of spontaneous

18,4%).19 Um atraso na deteção de

Externo (DAE) e transporte célere

circulation, emergency medical

PCR pelo leigo encontra-se associado

para o hospital.

services e automated external

a uma redução de 3% na recuperação

Assim, torna-se lícito colocar as

defibrillator. Empregou-se o vocábulo

neurológica favorável a cada 30

seguintes questões: O que se sabe de

de conjugação OR dado que

segundos de atraso.20

PCR e RCP no país e no mundo?

representa uma condição adicional.

Estes achados fortificam os

11-15

benefícios da RCP aliada ao

Haverá impacto da formação em SBV-DAE na população em geral?

Discussão

reconhecimento atempado do evento

Será um problema de saúde pública

Reconhecimento precoce da vítima

de PCR. Importa ressalvar que as

com necessidade de resposta

em PCR e RCP atempada

vítimas de PCR não testemunhada

emergente da comunidade?

O reconhecimento precoce da vítima

podem beneficiar da RCP.17,21

em PCR e início célere da RCP tem-se

Relativamente às taxas de RCP

revelado como um fator preditivo

efetuada pelo leigo, a literatura

para o retorno da circulação

apresenta uma variabilidade

espontânea (RCE) e para a sobrevida

considerável. Em países como a

da vítima. Esta premissa tem sido

Sérvia (13%) e a Coreia do Sul (12,4%)

fundamentada no decorrer de

as taxas permanecem aquém de

diversos estudos na área, onde se

países como a Austrália e Nova

demonstra que a RCP precoce pode

Zelândia (41%).22-24

duplicar ou até mesmo triplicar a

Indice

taxa de sobrevida após o evento de

44


ARTIGO DE REVISÃO III | SEPARATA CIENTÍFICA n.º 8

A importância da formação da

responsável pela formação, 63,6%

Paralelamente, o acionamento do

população em SBV-DAE

referiram o INEM. Nesta instituição,

sistema de emergência médica (112)

Algumas jurisdições têm efetuado

a formação é realizada por

e consequente ativação para o local

esforços consideráveis no sentido de

profissionais com experiência em

do evento das equipas de emergência

otimizar o conhecimento em torno da

eventos críticos, o que se encontra

médica torna-se extremamente útil

PCR. Em Tóquio, departamentos dos

em concordância com o salientado

no outcome da PCR.33 Cerca de 40%

bombeiros providenciam treino a um

na literatura, ao afirmar que a

das PCR testemunhadas pelas

número superior a 1,400,000

formação deve ser efetuada por

equipas de emergência médica

cidadãos, anualmente, com o objetivo

pessoal capacitado.

apresentam sintomatologia

de otimizar a RCP efetuada pelo

Cerca de 95,6% da amostra ,

prodrómica antes do evento.33 Assim,

leigo, incluindo SBV e uso de DAE

manifestou recetividade para realizar

o treino da população no

(50%).25 Um estudo proveniente da

formação, resultado similar (94,45%)

reconhecimento precoce dos sinais e

Dinamarca revelou um aumento do

ao encontrado em outras

sintomas de PCR pode vir a

RCE (7,9% vs. 21,8%) e da sobrevida

investigações. Esta formação

constituir-se uma mais-valia, dado

aos 30 dias (3,5% vs. 10,8%) durante

deverá ocorrer na comunidade

que antecipa a chegada ao local de

o período de tempo em que se

(88,4%) ou nos locais de trabalho

ajuda diferenciada.

incrementou o treino em SBV na

(84,9%) , facilitando a adesão, ao

No mesmo estudo em Portugal27,

população em geral.21 No Japão,

evitar o deslocamento dos cidadãos.

47,5% dos participantes acionaram de

Okubo et al., verificaram um aumento

Algumas investigações

imediato o 112, indo ao encontro (31%)

de 50% na proporção de PCR extra-

demonstraram que mesmo os

dos resultados de outra investigação.33

hospitalar que receberam RCP pelo

indivíduos que fizeram formação

leigo, após um incremento de 25% na

apresentaram uma baixa

percentagem da população que

percentagem de conhecimento

recebeu treino em SBV.26

pelo que, para além da formação

Outro fator transversal aos estudos

Num estudo efetuado em Portugal27,

inicial, ressalva-se a importância

efetuados na área, é a presença de

salienta-se a baixa percentagem

de atualização.

um ritmo desfibrilhável na primeira

(17,8%) de pessoas que frequentaram

Posteriormente, a formação poderia

análise de ritmo.3,17 O incremento das

um curso de SBV. Nesta matéria, os

sofrer uma extensão ao ensino

taxas de sobrevida na PCR com ritmo

diversos estudos têm resultados

escolar, dado ser um assunto que

desfibrilhável foi demonstrado em

díspares, se em alguns a grande

pouco desperta a atenção e o

diversos estudos na Suécia, no Norte

maioria dos espectadores de eventos

interesse entre os responsáveis

de Itália e em Washington, com

críticos não apresentavam formação

pedagógicos e comunidade

resultados similares.17,40,41 Na Suécia,

em SBV-DAE28,29, por outro lado, em

científica.37 Autores de estudos

a sobrevida à alta hospitalar quase

outros, mais de metade da amostra

recentes , demonstraram que

que duplicou (12,7% para 22,3%;

(54,1%) tinha formação e 21,2%

crianças com 9 anos podem realizar

p<.00), tal como no Norte de Itália

iniciou imediatamente a RCP.30 Num

RCP se devidamente treinadas. Num

onde a sobrevida à alta hospitalar

outro estudo31, os autores verificaram

estudo realizado em estudantes

praticamente triplicou (15,4% vs.

que 77,9% dos participantes tinham

dinamarqueses , com uma média de

41,0%; p<.005).17,40

frequentado alguma formação na

idade de 17,5±1,2 anos, e em

Apesar dos presentes achados, a

área de primeiros socorros, embora

estudantes de 13 países europeus ,

AHA (2018) reportou que apenas 4%

61% não tinham frequentado

que receberam formação em SBV-

dos pacientes vítimas de PCR

nenhuma formação no decorrer dos

DAE, verificou-se que estes

beneficiaram do uso de DAE.11 Um

últimos cinco anos.32

apresentavam um incremento de

modelo preditivo demonstrou que se

Quando indagados sobre que

conhecimentos relativamente aos

em todos os eventos de PCR o DAE

entidade formadora deveria ser

que não tinham realizado (p<.00).

fosse aplicado, verificar-se-ia um

27

28,33,34 27

35

27

Desfibrilhação precoce ,

36

38

39

com recurso ao DAE

45

Indice

35,36


incremento na taxa de sobrevida de

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

9% para 14%.11 Este modelo reforça a

Os diversos estudos reforçam a

1.

hipótese de que a desfibrilhação

necessidade da capacitação da

cardiopulmonary resuscitation outcome reports:

precoce pode providenciar benefícios

população leiga em SBV-DAE, com

Update and simplification of the Utstein templates

na sobrevida, pelo que, deverá ser

o objetivo primordial de

for resuscitation registries. A statement for

considerada em na formação da

incrementar as taxas de sobrevida

healthcare professionals from a task force of the

população.42,43 No Japão, um estudo

no contexto de PCR extra-

International Liaison Committee on Resuscitation,

nacional estimou que 9% da

hospitalar. Apesar de em Portugal

Circulation, 110(21), pp. 3385–3397. doi:

sobrevida com estado neurológico

existirem formações na

10.1161/01.CIR.0000147236.85306.15.

intacto foi atribuída ao uso atempado

comunidade, os inquiridos

de DAE, associado ao SBV.25

continuam a apresentar baixos

‘Epidemiology and management of cardiac arrest:

Neste sentido, as recomendações da

níveis de conhecimento de atuação

What registries are revealing’, Best Practice and

AHA preconizam que os DAEs devem

com recurso ao SBV-DAE,

Research: Clinical Anaesthesiology. Elsevier, 27(3),

estar localizados a uma distância de

salientando-se a necessidade de

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1-1,5 minutos “brisk walk” (o menor

realização de formação. Neste

percurso pedestre) do local da

contexto, programas de formação

Hospital Cardiac Arrest Outcomes in Pre-Hospital

PCR.43,44 No sentido de se otimizar o

com componente teórica e prática

Settings; a Retrospective Cross-sectional Study.’,

local de implementação do DAE, o

devem ser realizados em escolas,

Archives of academic emergency medicine, 7(1),

estudo da localização das PCRs com

locais de trabalho e eventos

p. 36. doi: 10.22037/aaem.v7i1.370.

ritmo inicial desfibrilhável deve ser

públicos, por profissionais de

efetivado, no sentido de se proceder

saúde capacitados.

Provider Manual. Curso Europeu de Suporte de

à disponibilização dos dispositivos

Paralelamente, denota-se a

Vida Pediátrico - Versão Portuguesa. Porto:

nos locais considerados de alto-risco,

necessidade de investigação dos

Conselho Português de Ressuscitação - Grupo de

que são variáveis de acordo com a

locais onde os eventos de PCR

Reanimação Pediátrica; 2010.

comunidade em estudo.25

extra-hospitalar ocorrem, no

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COMISSÃO CIENTÍFICA

49

Indice

A prospective, epidemiologic study in the Vienna


Indice

50


RUBRICA PEDIÁTRICA | SEPARATA CIENTÍFICA n.º 8

RUBRICA PEDIÁTRICA

BRONQUIOLITE AGUDA Raquel Lima1 Interna do Internato Complementar de Pediatria médica do Centro Hospitalar Universitário do Algarve

1

RESUMO

ABSTRACT

INTRODUÇÃO

A bronquiolite aguda é uma das

Bronquiolitis is one of the most

A bronquiolite aguda é uma infeção

infecções respiratórias mais comuns

common respiratory tract infections

respiratória aguda causada quase

nos primeiros dois anos de vida. Os

in the first two years of life. It

exclusivamente por vírus que ocorre

sintomas iniciam-se com congestão

presents initially with nasal

nos dois primeiros anos de vida. Tem

nasal, rinorreia e tosse, podendo

congestion, rhinorrhoea and cough

uma prevalência entre os 18 e os 32%

evoluir para aumento da dificuldade

and may progress to increased work

no primeiro ano de vida e os 9 e os 17%

respiratória e dificuldades

of breathing and feeding problems

no segundo ano de vida, com um pico

alimentares (geralmente entre o

(usually between days three and five).

de incidência entre os 3 e os 6 meses.1,2

terceiro e quinto dias). Casos ligeiros

Mild cases can be managed at home,

Tipicamente, os sintomas de

podem ser tratados no domicilio, mas

but infants with severe respiratory

bronquiolite iniciam-se com rinite,

crianças com dificuldade respiratória

distress, difficulty in adequate

congestão nasal e tosse, podendo

moderada a grave, incapacidade

feeding or with apnoea require

evoluir de forma progressiva para um

alimentar ou apneia devem ser

secondary care. There is no effective

quadro de dificuldade respiratória

observadas em meio hospitalar. Não

treatment. The management of

crescente. A maioria das crianças com

há um tratamento eficaz para a

bronchiolitis is largely supportive

bronquiolite aguda tem apenas uma

bronquiolite aguda, sendo o

with oxygen and hydration.

sintomatologia leve e casos raros

tratamento apenas de suporte com

podem evoluir até insuficiência

oxigénio e hidratação adequada.

respiratória aguda, requerendo internamento, por vezes em unidades de cuidados intensivos.3 EPIDEMIOLOGIA E ETIOLOGIA O vírus sincicial respiratório (VSR) é o responsável por até 75% dos casos, seguido pelo rinovirus, pelos vírus parainfluenza e, menos frequentemente, pelos vírus influenza, adenovirus e metapneumovirus. A co-infecção Keywords: Acute bronchiolitis, cough, respiratory syncytial virus

viral por dois ou mais vírus é comum, sendo que alguns estudos indicam

51

Indice

Palavras-Chave: Bronquiolite aguda, tosse, vírus sincicial respiratório


que esta co-infecção aumenta a gravidade da doença.1,3,4 A bronquiolite é uma infecção com padrão típico de sazonalidade (Novembro a Abril, nos países temperados do Hemisfério Norte, como Portugal), sendo possível a reinfecção numa mesma época sazonal. 1 A permanência em espaços fechados, associado a factores relacionados com o clima, como a inalação de ar frio e seco que podem prejudicar a função ciliar e a inibição de respostas antivirais

Tabela 1 - Factores de risco para maior gravidade da bronquiolite aguda.

dependentes da temperatura, podem influenciar a transmissão e a

dos bronquíolos e o agravamento da

variabilidade clinica minuto a

gravidade da doença. 3,4

função ciliar, com estreitamento e

minuto, requerendo várias

Os factores de risco para maior

obstrução dos bronquíolos e

reavaliações durante o período de

gravidade da bronquiolite aguda

consequente ao air trapping.

observação.

resumem-se na tabela 1.

Tosse, aumento da frequência

6º dias

respiratória e do esforço respiratório FISIOPATOLOGIA

(tiragem, adejo) são as manifestações

A bronquiolite é caracterizada por

clinicas da obstrução da via aérea. O

Na observação da criança podemos

inflamação extensa, edema das vias

air trapping irá causar a hiperinsuflação

encontrar:

aéreas, aumento da produção de muco

pulmonar e atelectasias.

taquipneia, tiragem, adejo nasal, balanceio da cabeça

e necrose das células epiteliais das vias aéreas.

APRESENTAÇÃO CLÍNICA

hipoxemia

A transmissão do VSR ocorre por

Apresentação clínica clássica:

auscultação pulmonar com

inoculação direta de secreções nasais

Quadro catarral inicial de coriza e

sibilos, fervores, ruídos de

contaminadas ou pela inalação de

tosse. Diminuição do apetite, por

transmissão e prolongamento do

partículas infectadas. Surge,

vezes com desidratação.

tempo expiratório.

habitualmente, em contexto

Febre - pode estar presente em

epidemiológico de infecção

cerca de 1/3 das crianças e

respiratória, familiar ou outro. O vírus

geralmente é inferior a 39ºC.

taquicardia, aumento de tempo de reperfusão capilar

sinais de desidratação como

Apneia - pode ser uma

mucosas secas, fontanela

na necrose epitelial e destruição ciliar,

manifestação inicial da bronquiolite,

deprimida, turgor cutâneo

que por sua vez promovem uma

principalmente em lactentes abaixo

diminuído

resposta inflamatória com proliferação

dos 2 meses de idade.

replica-se no epitélio nasal resultando

Evolução, geralmente entre o 3º-5º

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

linfócitos. A submucosa e os tecidos

dias, para sintomas respiratórios

Quando a apresentação é atípica,

adventícios tornam-se assim

inferiores como tosse persistente e

com ausência de sintomas

edemaciados e há aumento de

aumento do esforço respiratório

respiratórios superiores deveremos

secreção de muco. A inflamação e

(com aumento da frequência

considerar outros diagnósticos como

produção aumentada de muco

respiratória e tiragem). Uma

doença cardíaca, malformação

promovem o estreitamento do lúmen

característica da bronquiolite é a

congénita da via aérea ou aspiração

de células polimorfonucleares e

Indice

Melhoria habitualmente entre o 5º e

52


RUBRICA PEDIÁTRICA | SEPARATA CIENTÍFICA n.º 8

de corpo estranho. O diagnóstico

TRATAMENTO

nunca deve ser efetuada terapêutica

diferencial da bronquiolite aguda

O tratamento da bronquiolite aguda é

com broncodilatadores na

inclui ainda a asma, a pneumonia

apenas de suporte.

bronquiolite aguda.1,3,4,5

bacteriana, a fibrose quística, o

1. Medidas gerais:

refluxo gastroesofágico, etc..

Hidratação e nutrição:

4. Não devem ser utilizados

preferencialmente oral de forma

corticosteroides inalados ou

EXAMES COMPLEMENTARES

fraccionada, mas poderá ser

sistémicos, antibióticos ou

DE DIAGNÓSTICO

necessário por via nasogástrica ou

antivirais.1,2,3,4,5,6

Geralmente não são necessários

fluidoterapia endovenosa. A

exames complementares de

bronquiolite grave está associada a

5. O soro salino hipertónico

diagnóstico na avaliação da

maior risco de SIADH, pelo que se

nebulizado é utilizado por reduzir o

bronquiolite aguda.

deverá evitar a administração de

edema da via aérea, diminuir os

fluidos hipotónicos.

rolhões de muco e melhorar a

Elevação da cabeceira da cama/

clearance mucociliar em doentes

berço a 30º

com fibrose quistica. Estes

Desobstrução nasal através da

resultados são muitas vezes

Estas alterações poderão

aspiração suave das secreções

extrapolados para os doentes com

influenciar o clínico aumentando

nasais evitando aspiração

bronquiolite aguda, mas os

a prescrição antibiótica

nasofaríngea com cateteres de

resultados de vários estudos são

desnecessariamente. A

calibre aumentado pelo risco de

contraditórios.4 Assim, por rotina, não

radiografia do tórax deverá ser

trauma e consequente

se deve utilizar soro salino

considerada em doentes com

agravamento do edema e irritação.

hipertónico nebulizado na

Radiografia do tórax: pode ser normal ou evidenciar

hiperinsuflação, áreas dispersas de condensação ou atelectasias.

bronquiolite aguda. Na bronquiolite

apresentação atípica da doença

ou quando os sintomas não

2. Oxigenioterapia: administração

moderada/grave, em casos

evoluem de acordo com o curso

oxigénio suplementar se saturação

individuais e em ambiente hospitalar,

esperado da doença.

transcutânea de oxigénio (SpO2)

pode considerar-se a utilização de

Testes virológicos: não

inferior a 92%.

soro salino hipertónico.1

abordagem do doente e são

3. Os broncodilatadores não devem

CRITÉRIOS PARA INTERNAMENTO

insuficientes para prever o

ser utilizados na bronquiolite aguda.

HOSPITALAR:1,5

prognóstico. No entanto, podem

Vários estudos e revisões

Idade < 6 semanas.

ser considerados na

sistemáticas demonstraram que quer

SpO2 <92% em ar ambiente.

possibilidade de isolamento de

os efeitos adversos como os custos

Incapacidade alimentar (<50% da

doentes internados.

não compensam os benefícios da

alimentação habitual) ou

Gasometria sanguínea: não é

sua utilização. No entanto, em

desidratação.

necessária na avaliação do

ambiente hospitalar, em lactentes

doente, podendo considerar-se

com mais de 6 meses com atopia ou

moderada a grave ou em

em doentes com critérios para

história familiar de asma, poderá

agravamento.

UCIP.

considerar-se uma prova terapêutica

Apneias.

Hemograma e reagentes de fase

com um β-agonista, suspendendo-se

Mau estado geral, letargia.

aguda: indicados unicamente na

se não existe melhoria clínica

Incapacidade dos cuidadores

suspeita de infecção bacteriana.

(diminuição da frequência

para prestação de cuidados e

respiratória, melhoria da SpO2)

vigilância adequados ou

decorrida uma hora da

dificuldade no acesso aos

administração. Em ambulatório,

serviços de saúde.

contribuem para alterar a

Dificuldade respiratória

53

Indice


CRITÉRIOS PARA INTERNAMENTO

Diminuição da perda de calor e

1.3. Alto fluxo vs CPAP

EM UNIDADE DE CUIDADOS

humidade da VA.8

INTERMÉDIOS/ INTENSIVOS PEDIÁTRICOS:

1

Evidência em dois estudos randomizados controlados (RCT)

CPAP com menor falência terapêutica.11

2/3 dos doentes em que alto

Necessidade de O2>3L/min

que o alto fluxo é superior ao

fluxo falhou foram tratados com

pH≤7.3 em gasimetria arterial ou

oxigénio por baixo débito na

sucesso com CPAP

capilar

melhoria do esforço

Deterioração do estado de

respiratório.9,10 Estudos realçam

Intolerância ao CPAP em 20%

consciência

a falta de informação quanto a:

dos doentes

Sinais de exaustão respiratória

indicações clinicas, fluxo

Apneias recorrentes

apropriado (1 versus 2 L/kg/min)

2) Ventilação invasiva

Bradicardia

e protocolo de desmame

Parâmetros ventilatórios: ventilar

Alto fluxo mais bem tolerado.

preferencialmente com pressão TRATAMENTO EM UNIDADE DE

1.2. CPAP

controlada. Parâmetros iniciais: PEEP

CUIDADOS INTERMÉDIOS/

Mecanismo de acção:

2-4cmH20, PIP 15-20cmH20, FR

Recrutamento de VA colapsadas

lactente 20-30cpm criança 10-20cpm;

e alvéolos correspondentes,

I:E 1:3. VC alvo 4-6ml/kg. Tolerar

1) Ventilação não invasiva com alto

reduzindo a resistência das VA.

hipercápnia permissiva com pH >7.20.

fluxo ou CPAP

Consequentemente, há melhoria

INTENSIVOS PEDIÁTRICOS

do esvaziamento pulmonar na

PROGNÓSTICO

1.1. Alto fluxo

expiração, diminuição da

A bronquiolite aguda é habitualmente

Mecanismo de acção: 1)

hiperinsuflação e esforço

uma doença auto-limitada e com

Diminuição do espaço morto e

respiratório e melhoria da troca

prognóstico favorável na maioria dos

melhoria da troca de gases nas

de gases.8

doentes. Os doentes são geralmente

Pressão varia entre 4-8cmH2O

tratados em ambulatório. A taxa de

Indice

vias aéreas (VA) de grande

calibre; 2) Gera pressão positiva

mortalidade é de 0.2-7% em crianças

na via aérea (PEEP); 3)

hospitalizadas e de 2-3% em crianças

54


RUBRICA PEDIÁTRICA | SEPARATA CIENTÍFICA n.º 8

internadas na UCI. É necessário

3.

Silver AH, Nazif JM. Bronchiolitis. Pediatr Rev. 2019

avaliar os factores de risco, a fase e

Nov;40(11):568-576. doi: 10.1542/pir.2018-0260.

gravidade da doença, assim como a

PMID: 31676530.

facilidade de acesso aos cuidados de

4.

saúde para diminuir o risco.1,4

Florin TA, Plint AC, Zorc JJ. Viral bronchiolitis. Lancet. 2017 Jan 14;389(10065):211-224. doi: 10.1016/S0140-6736(16)30951-5. Epub 2016 Aug 20. PMID: 27549684; PMCID: PMC6765220

TAKE-HOME MESSAGE: •

bronchiolitis in children. Arch Dis Child Educ Pract

infecções respiratórias mais

Ed. 2016 Feb;101(1):46-8. doi: 10.1136/

comuns nos primeiros dois anos

archdischild-2015-309156. Epub 2015 Dec 1. PMID:

de vida, sendo o vírus sincicial

26628507. Kou M, Hwang V, Ramkellawan N. Bronchiolitis: From Practice Guideline to Clinical Practice. Emerg

O diagnóstico é clínico e

Med Clin North Am. 2018 May;36(2):275-286. doi:

geralmente não são necessários

10.1016/j.emc.2017.12.006. Epub 2018 Feb 10.

exames complementares de

PMID: 29622322. 7.

Joseph MM, Edwards A. Acute bronchiolitis:

A maioria dos casos tem

assessment and management in the emergency

apresentação ligeira e podem ser

department. Pediatr Emerg Med Pract. 2019

eficazmente tratados em

Oct;16(10):1-24. Epub 2019 Oct 2. PMID: 31557431.

ambulatório. O agravamento

6.

75% dos casos.

diagnóstico. •

Caffrey Osvald E, Clarke JR. NICE clinical guideline:

A bronquiolite aguda é uma das

respiratório responsável por até •

5.

8.

Franklin, D., Fraser, J. F., & Schibler, A. Respiratory

ocorre geralmente entre o 3º e o

Support for Infants with Bronchiolitis, a Narrative

5º dias

Review of the Literature. Paediatric Respiratory.

O tratamento da bronquiolite

2018. Reviews. doi:10.1016/j.prrv.2018.10.001

aguda é apenas de suporte

9.

Franklin D, Babl FE, Schlapbach LJ, Oakley E, Craig S, Neutze J, et al. A Randomized Trial of High-Flow Oxygen Therapy in Infants with Bronchiolitis. N Engl J Med. 2018;378(12):1121-31.

BIBLIOGRAFIA Diagnóstico e tratamento da bronquiolite aguda em

10.

Collison A, Searles A, et al. Highflow warm

idade pediátrica. Direção-Geral da Saúde. Norma

cannula oxygen for moderate bronchiolitis (HFWHO

Jartti T, Smits HH, Bønnelykke K, Bircan O, Elenius V,

RCT): an open, phase 4, randomised controlled trial.

Konradsen JR, Maggina P, Makrinioti H, Stokholm J,

Lancet 2017;389(10072):930-9

Hedlin G, Papadopoulos N, Ruszczynski M, Ryczaj K, Schaub B, Schwarze J, Skevaki C, StenbergHammar K, Feleszko W; EAACI Task Force on Clinical Practice Recommendations on Preschool Wheeze. Bronchiolitis needs a revisit: Distinguishing between virus entities and their treatments. Allergy. 2019 Jan;74(1):40-52. doi: 10.1111/all.13624. Epub 2018 Nov 25. PMID: 30276826; PMCID: PMC6587559.

EDITORA

humidified oxygen versus standard low-flow nasal

nº16/2012 de 19/12/2012 atualizada a 23/02/2015. 2.

Kepreotes E, Whitehead B, Attia J, Oldmeadow C,

11.

Milési C, Essouri S, Pouyau R, Liet J-M, Afanetti M,

CLÁUDIA CALADO Médica Pediatria

Portefaix A, et al. High flow nasal cannula (HFNC) versus nasal continuous positive airway pressure (nCPAP) for the initial respiratory management of

REVISÃO

acute viral bronchiolitis in young infants: a multicenter randomized controlled trial (TRAMONTANE study). Intensive Care Medicine. 2017;43(2):209-16 COMISSÃO CIENTÍFICA

55

Indice

1.


Indice

56


CASO CLÍNICO PEDIÁTRICO | SEPARATA CIENTÍFICA n.º 8

CASO CLÍNICO PEDIÁTRICO

PARAGEM CARDIORRESPIRATÓRIA PEDIÁTRICA – NEM SEMPRE FALÊNCIA RESPIRATÓRIA Fernandes, Andreia1; Oliveira, Íris1; Pereira, Mafalda1 1

Serviço de Pediatria - Centro Hospitalar Universitário do Algarve – Hospital de Faro, Portugal.

RESUMO

ABSTRACT

OBJETIVO

A paragem cardiorrespiratória (PCR)

Cardiopulmonary arrest in children is

Sensibilizar para a PCR em idade

em idade pediátrica é rara, sendo a

rare, in whom hypoxia/asphyxia is the

pediátrica de causa cardíaca e

causa mais frequente a hipóxia/

most frequent cause. Cardiac arrest

destacar a importância do início

asfixia. O colapso cardíaco ocorre

occurs mainly in children with

precoce de SBV.

sobretudo em crianças com

underlying cardiac disease.

patologia cardíaca subjacente.

In case of cardiopulmonary arrest, it’s

INTRODUÇÃO

Perante uma PCR, o início de Suporte

essential to initiate high quality basic

A PCR na idade pediátrica é um

Básico de Vida (SBV) de alta

life support (BLS) and rhythm

evento raro, com dois picos de

qualidade e a avaliação do ritmo é

assessment to guide the clinical

incidência - infância e adolescência.

essencial para dirigir a atuação,

approach, which is well established in

Podemos distinguir 2 mecanismos

estando esta bem estabelecida em

validated algorithms.

diferentes de PCR pediátrica: hipóxia/

algoritmos amplamente validados.

We present a case of a teenager with

asfixia e paragem cardíaca súbita.

Apresenta-se o caso de uma

cardiac disease, with a syncope

A PCR secundária a hipóxia/asfixia é a

adolescente com patologia cardíaca

episode in school, to whom BLS was

forma mais comum de paragem

que, após uma síncope em ambiente

performed in location. The authors

cardíaca na criança e resulta de uma

escolar, foi submetida a manobras de

intend to alert for the approach of

hipóxia tecidual progressiva e acidose

reanimação no local. Os autores

cardiac induced cardiopulmonary

devido à insuficiência respiratória e/

pretendem alertar para a abordagem

arrest, as well as to the importance of

ou choque.

da PCR de causa cardíaca, bem como

early BLS, which affects the

A paragem cardíaca súbita é menos

para a importância do início precoce

prognosis.

comum e ocorre mais frequentemente

de SBV com influência no

em crianças com patologia cardíaca

prognóstico.

subjacente. Em oposição aos adultos, a doença isquémica coronária é incomum2, destacando-se, dentro das causas cardíacas, as cardiomiopatias, miocardite, cardiopatias congénitas e canalopatias1. O colapso presenciado, sem pródromos, sugere causa cardíaca. Perante uma criança em PCR a Keywords: Cardiac arrest, Cardiopulmonary resuscitation, Adolescent, Hypertrophic cardiomyopathy

avaliação do ritmo cardíaco associado

57

Indice

Palavras-Chave: Paragem cardiorrespiratória; Ressuscitação cardiopulmonar, Adolescente, Cardiomiopatia hipertrófica


irá condicionar a abordagem da

potencialmente reversíveis que

CASO CLÍNICO

equipa de suporte avançado de

possam estar na origem da paragem

Adolescente de 16 anos, sexo feminino,

vida (SAV) .

(quatro Hs e quatro Ts,

com antecedentes pessoais de

A PCR de etiologia cardíaca associa-

nomeadamente: Hipoxia, Hipovolémia,

Miocardiopatia Hipertrófica

se geralmente a taquicardia

Hiper/Hipocaliémia/outras alterações

diagnosticada aos 2 anos, com

ventricular sem pulso (TVsp) ou

metabólicas, Hipotermia,

seguimento regular em consulta de

fibrilhação ventricular (FV). Estes

PneumoTórax hipertensivo,

Cardiologia Pediátrica. Aos 10 anos

são considerados ritmos

Tamponamento cardíaco, Tóxicos e

tem um episódio de PCR, tendo sido

desfibrilháveis e após a sua

Trombose cardíaca/pulmonar) .

assistida de imediato com SBV. É

identificação, para além de SBV de

Com a melhoria dos cuidados de

colocado um cardiodesfibrilhador

alta qualidade, a prioridade máxima

saúde e atualizações regulares dos

implantável (CDI). Não se verificaram

será a desfibrilhação (4 joules/kg).

protocolos de ressuscitação, verificou-

sequelas neurológicas do episódio.

Se após o 3º choque consecutivo a

se um aumento da sobrevivência após

Manteve-se estável até aos 16 anos

TVsp/FV forem refratárias à

PCR (2-4% para 17.6-40.2%) , ainda

quando colapsa na escola, sem

desfibrilhação, está indicado iniciar

assim, esta está frequentemente

recuperação do estado de consciência.

adrenalina (0,01mg/kg ev/io, máximo

associada a mau prognóstico. O seu

Activada ambulância de emergência

1mg), que deve ser repetida a cada 3-5

rápido reconhecimento é de extrema

médica, tendo a vítima sido encontrada

minutos e amiodarona (5mg/kg ev,

importância para um início precoce de

em PCR, com duração indeterminada.

máximo 300mg).

manobras de SBV, que está

Iniciadas manobras de SBV com DAE

Qualquer que seja o ritmo envolvido, é

naturalmente associado a uma maior

durante 4 ciclos, com recuperação de

mandatória a identificação e

taxa de sobrevivência, com menor

pulso, sem desfibrilhação no local. À

consequente correção das situações

risco de sequelas neurológicas .

chegada da VMER a adolescente

Indice

2

58

2

3,4

5


CASO CLÍNICO PEDIÁTRICO | SEPARATA CIENTÍFICA n.º 8

encontra-se bradicárdica e hipotensa,

CONCLUSÃO

com Glasgow 3, pelo que é entubada,

Pretendemos reforçar que perante o

ventilada e transportada para o serviço

colapso súbito, sem pródromos

de urgência de pediatria do CHUA-UF.

associados, é obrigatório suspeitar

Na admissão, observada por

de PCR de causa cardíaca, sendo

Cardiologia, com ritmo sinusal e

mandatária a ativação do 112. O

bloqueio completo do ramo esquerdo

início precoce de SBV e a avaliação

no ECG e ecocardiograma com

do ritmo cardíaco condiciona a

hipertrofia do ventrículo esquerdo

abordagem da vítima e

marcada com predomínio septal e

consequentemente melhora o

hipocinesia global. Iniciada

prognóstico

amiodarona em perfusão. Apresentou tempestade arrítmica com alternância

BIBLIOGRAFIA

de TVsp/FV que reverteu com

1.

Mark E Ralston, MD, M. Pediatric basic life

realização de SBV e desfibrilhação.

support (BLS) for health care providers.

Admitida na UCI coronária em estado

Uptodate (2020).

comatoso e ventilada, onde iniciou

2.

Vega RM, Kaur H, E. P. Cardiopulmonary Arrest

bisoprolol e levetiracetam.

In Children. StatPearls Publishing; https://www.

A leitura posterior do CDI permitiu

ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK436018/ (2020).

identificar vários episódios de

3.

Lee, J. et al. Clinical Survey and Predictors of

taquicardia ventricular polimórfica,

Outcomes of Pediatric Out-of-Hospital Cardiac

com flutuação da frequência

Arrest Admitted to the Emergency Department.

ventricular cerca de 200 bpm, sem

Sci. Rep. 9, 7032 (2019).

ativação do CDI.

4.

Ao longo do internamento

cardiac arrest and death in children.

apresentou breves episódios

Uptodate (2019).

convulsivos, com diminuída

5.

EDITORA

John L Jefferies, MD, MPH, FACC, F. Sudden

Scheller, R. L., Johnson, L., Lorts, A. & Ryan, T.

amplitude e discreta reactividade a

D. Sudden Cardiac Arrest in Pediatrics. Pediatr.

estímulos no EEG. A tomografia

Emerg. Care 32, 630–636 (2016).

ANA RAQUEL RAMALHO Médica Pediatria

computorizada cranioencefálica evidenciou edema cerebral difuso e

EDITORA

discretas áreas isquémicas bilaterais fronto-parieto-occipitais. Foi possível a extubação, mantendo, no entanto, ausência de resposta verbal ou a estímulos

MARTA SOARES Médica Pediatria

dolorosos, sem movimentos espontâneos dos membros, mas com abertura ocular espontânea.

REVISÃO

Falece 2 meses depois em contexto de síndrome febril persistente e resistente a antipiréticos, com deterioração progressiva do estado geral.

59

Indice

COMISSÃO CIENTÍFICA


Indice

60


CASO CLÍNICO TIP

CASO CLÍNICO TIP

A IMPORTÂNCIA DO TRANSPORTE ESPECIALIZADO PEDIÁTRICO - A PROPÓSITO DE UM CASO DE GASTROSQUISIS Rita Justo Pereira 1 Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar Universitário do Algarve

RESUMO

INTRODUÇÃO

Índices de Apgar de 7/9/10. Ao

Descreve-se um caso clínico de

A gastrosquisis é uma malformação

nascimento confirmou-se o

gastrosquisis que, pelas suas

congénita, que resulta de um defeito

diagnóstico de gastrosquisis simples

características e gravidade

do encerramento da parede abdominal

verificando-se o defeito da parede

necessitou de Transporte Inter-

anterior através do qual ocorre

abdominal com exteriorização do

hospitalar Pediátrico (TIP) de Faro

herniação de conteúdo abdominal.

estômago, de ansas intestinais, da

para o centro cirúrgico de referência

Neste caso clínico a anomalia foi

bexiga, do útero e das trompas.

em Lisboa. Foi realçado a

detectada ecograficamente às 25

Após a estabilização ventilatória e

importância e a necessidade das

semanas de gestação, tendo-se

hemodinâmica, procedeu-se à

equipas especializadas de

colocado as hipóteses de diagnóstico

contenção e protecção das ansas

transporte.

de gastrosquisis e onfalocelo. A

intestinais e à tentativa de redução da

gravidez, de mãe multípara de 35 anos,

herniação da bexiga e útero pela

foi planeada e vigiada, com serologias

especialista de Cirurgia Pediátrica.

normais e decorreu sem

Em virtude da ausência de apoio

intercorrências. No seguimento do

anestésico diferenciado e pela

diagnóstico pré-natal, foi realizada

necessidade de correcção cirúrgica

amniocentese e ecocardiograma fetal

precoce, foi decidida transferência

que descartaram aneuploidia e

para um hospital terciário, em Lisboa.

anomalias cardíacas, respectivamente.

Deste modo foi activada a equipa de

Foi marcada cesariana electiva às 38

TIP de Faro, que assegurou o

semanas e 3 dias para garantir apoio

transporte especializado, garantindo

anestésico e cirúrgico diferenciado ao

estabilidade hemodinâmica, medidas

recém-nascido, contudo a grávida

de protecção física e os cuidados de

recorreu ao Serviço de Urgência do

assepsia indispensáveis a esta

CHUA em período expulsivo às

condição patológica.

37semanas e 6 dias.

A etiologia da gastrosquisis

A recém-nascida de sexo feminino

permanece desconhecida. Contudo,

nasceu de parto distócico, por

sabe-se que resulta do encerramento

cesariana, apresentando-se deprimida

embrionário incompleto da parede

com necessidade de reanimação por

abdominal anterior que condiciona a

ventilação de pressão positiva,

herniação das vísceras abdominais.

recuperando progressivamente, com

Na gastrosquisis o defeito envolve

Palavras-Chave: Gastrosquisis, transporte, neonatal.

ABSTRACT A clinical case of gastroschisis is described which required specialized transport by the Pediatric InterHospital Transport team, from Faro to a terciary hospital in Lisbon, due to its characteristics and severity. Keywords: Gastroschisis, transport, neonatal.

61

Indice

1


Indice

62


CASO CLÍNICO TIP

todas as camadas da parede

Idealmente quando é estabelecido o

Quando tal não é exequível, devido ao

abdominal, incluindo o peritoneu e

diagnóstico pré-natal, com adequado

aumento da pressão abdominal,

tem usualmente uma topografia

crescimento intrauterino e na

opta-se por um tratamento sequencial

paraumbilical direita . Não envolve

ausência de contraindicações

com colocação de silo que permitirá a

directamente a inserção do cordão

obstétricas, tenta-se obter um parto

redução progressiva do conteúdo

umbilical, ao contrário do que ocorre

de termo num hospital especializado

herniado, ao longo dos dias, à medida

no onfalocelo, onde o defeito engloba

com disponibilidade para actuação

que a capacidade abdominal

também a zona de inserção do

imediata de equipa multidisciplinar

aumenta.

cordão, com herniação deste e das

médica e cirúrgica, com cuidados

O pós operatório da gastrosquisis

vísceras, mas contidas por peritoneu.

neonatais intensivos. O tipo de parto a

poderá ser prolongado (3 a 4

Na gastrosquisis ocorre

realizar permanece controverso . No

semanas) com necessidade de

frequentemente extrusão das ansas

entanto, a cesariana apresenta

nutrição parentérica, já que é

intestinais, mas também de outros

elevada prevalência pelo facto de ser

necessário aguardar a recuperação da

órgãos como o estômago, fígado ou

uma opção que permite optimizar os

função e trânsito intestinal. Existe

bexiga . Esta pode ser classificada

cuidados neonatais .

portanto aumento da susceptibildade

como simples (maioria dos casos) ou

Na sala de parto, após

a complicações neonatais como

complexa, consoante a presença de

permeabilização da via aérea e

sépsis e enterocolite necrotizante7.

alterações intestinais associadas

estabilização hemodinâmica, deve

Dentro das patologias de defeito da

como estenose, malrotação, volvo ou

proceder-se de imediato a medidas de

parede abdominal a gastrosquisis é

atresia intestinal . Geralmente surge

hidratação das vísceras herniadas

aquela que tem prognóstico mais

como anomalia isolada, sendo rara a

utilizando compressas humedecidas

favorável1, excepto em situações de

associação com anomalias extra-

em soro fisiológico aquecido.

gastrosquisis complexas que

intestinais ou cromossomopatias,

Posteriormente na Unidade de

culminam em síndrome do intestino

como acontece frequentemente no

Cuidados Intensivos Neonatais é

curto.

onfalocelo.

primordial a protecção e cobertura do

O facto desta patologia poder ter um

Em termos epidemiológicos a

conteúdo abdominal por invólucro

diagnóstico pré-natal permite orientar

gastrosquisis é uma situação rara (1

plástico, de modo a preservar o calor e

o caso garantindo os recursos

em 4000 nados vivos) mas a sua

minimizar as perdas insensíveis de

humanos médicos e cirúrgicos e o

incidência tem vindo a aumentar nas

líquidos. A par destas medidas é

equipamento diferenciado, com vista

últimas décadas .

necessária a administração via

à melhoria do prognóstico perinatal.

A maioria dos casos de gastrosquisis

endovenosa de antibióticos de largo

Este caso clínico demonstra a

pode ser detectada no primeiro

espectro e fluidoterapia, com aumento

importância e absoluta necessidade

trimestre, com confirmação de

de 2 a 3 vezes das necessidades

da existência de equipas

diagnóstico na ecografia

hídricas basais, de modo a compensar

especializadas de pediatra e

morfológica . Para além disso, quase

as perdas excessivas pelo intestino

enfermeiro, como acontece na TIP de

todos os casos de gastrosquisis estão

exposto . Além disso deve ser

Faro, para permitir a transferência

associados a elevação sérica materna

colocada sonda orogástrica para

inter-hospitalar destes recém

de alfa-fetoproteína.

descompressão gástrica.

nascidos, com critérios de segurança,

As principais complicações desta

Quando possível o encerramento deve

tanto mais que o hospital de nível III

patologia durante a gravidez são o

ser realizado durante o primeiro dia de

mais próximo do Algarve se encontra

aumento do risco de restrição do

vida, idealmente nas primeiras horas

a mais de 200 Km de distância.

crescimento intrauterino, do parto

após o nascimento. Na maioria dos

prematuro espontâneo, de

casos consegue-se a redução das

espessamento e dilatação intestinal

vísceras e o encerramento primário1.

1

2

1

3,4

1,2

1,8

1,8

8

1

63

Indice

ou de morte fetal1,5-7.


Indice

64


CASO CLÍNICO TIP

MENSAGENS FINAIS

TAKE-HOME MESSAGES

A gastrosquisis é uma malformação congénita da

herniation of abdominal content

de conteúdo abdominal.

occurs.

Gastroschisis: international epidiomology and

Extrusion of intestinal loops is

public health perspectives. Am J Med Genet C

A extrusão de ansas intestinais é

frequente, mas pode ocorrer

frequent, but herniation of other

herniação de outros órgãos.

organs may occur.

Na maioria dos casos o

In most cases, the diagnosis is

2.

Holland AJ, Walker K, Badawi N. Gastroschisis: an update. Pediatric Surg Int 2010; 26:871-878

3.

Castilla EE, Mastroiacovo P, Orioli IM.

semin Med Genet 2008; 148C:162-179. 4.

Mastroiacovo P, Lisi A, Castilla EE. The incidemce of gastroschisis: Research urgently needs resources. BMJ 2006; 332:423-424.

5.

Bergholz R, Boettcher M, Reinshagen K, Wenke K.

diagnóstico é conseguido

achieved through prenatal

através do estudo ecográfico

ultrasound studies.

simple gastroschisis affecting morbidity and

Delivery must be performed in a

mortality – A systematic review and meta-

Complex gastroschisis is a differnt entity to

analysis. J Pediatr Surg 2014;49:1527-1532

O parto deve ser realizado num

specialized hospital with

hospital especializado com

availability for immediate action

Windrim RC, Kelly EN et al. Gastroschisis: what is

disponibilidade para actuação

by a multidisciplinary medical

the average gestational age of spontaneous

imediata de equipa

and surgical team, with intensive

multidisciplinar médica e

neonatal care.

Pfleghaar KM. Growth restriction in gastroschisis:

It is extremely important to

quantification of its severity and exploration of a

6.

Lausman AY, Langer JC, Tai M, Seaward PG,

delivery? J Pediatr Surg 2007, 42:1816-18221 7.

Payne NR, Simonton SC, Olsen S, Aresen MA,

placental cause. BMC Pediatr 2011;11:90.

neonatais intensivos.

ensure hydration measures for

É de extrema importância

the herniated viscera and

route of delivery. Acta Obstet Ginecol Port

garantir medidas de hidratação

protection of the abdominal

2015.9;5: 400-408.

das vísceras herniadas e a

contents in order to preserve

protecção do conteúdo

heat and minimise insensitive

abdominal, de modo a preservar

liquid losses. •

closure must be performed

O tratamento cirúrgico com

during the first day of life. •

8.

Martins D, Ramalho C. Gasrtoschisis:timing and

EDITORA

Surgical treatment with defect

insensíveis de líquidos. encerramento do defeito deve

uptodate.com (Acessed on January 06, 2021

através da qual ocorre herniação

o calor e minimizar as perdas •

Gastroschisis. UpToDate Inc. https://www.

malformation of the anterior abdominal wall through which

cirúrgica, com cuidados •

Stephenson CD, Lockwood CJ, MacKenzie AP.

parede abdominal anterior

pré-natal. •

1.

LUÍSA GASPAR Médica Pediatria

The existence of specialized

ser realizado durante o primeiro

teams such as the TIP Faro is of

dia de vida.

great importance to allow the

A existência de equipas

correct and adequate

especializadas como a TIP de

interhospital transfer of these

Faro é de grande importância

neonatal cases.

EDITOR

para permitir a correcta e adequada transferência inter-

NUNO RIBEIRO Enfermeiro VMER TIP

hospitalar destes casos neonatais. REVISÃO

COMISSÃO CIENTÍFICA

65

Indice

Gastroschisis is a congenital

BIBLIOGRAFIA


Indice

66


Indice

67


Indice

68


MINUTO VMER

MINUTO VMER

ANÁLISE DA ATUALIZAÇÃO DAS GUIDELINES DA AMERICAN HEART ASSOCIATION DE 2020 PARA RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR NO ADULTO Mourão C1,2,3, Vicente L1,2, Alcaria N1 Centro Hospitalar e Universitário do Algarve Faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas da Universidade do Algarve 3 Algarve Biomedical Center 1 2

RESUMO

INTRODUÇÃO

ATUALIZAÇÕES:

A American Heart Association (AHA)

A ressuscitação cardiopulmonar

1. Início precoce de RCP por leigos

publicou em 2020 a atualização das

(RCP) é um campo em constante

– Salienta-se esta recomendação,

Guidelines de ressuscitação

atualização que tem sofrido

dado que o dano à vítima que recebe

cardiopulmonar (RCP) que revê

alterações nas últimas décadas.

compressões, mesmo não estando

técnicas de ensino e questões de

Neste sentido, a American Heart

em Paragem Cardiorrespiratória

tratamento, com base na

Association (AHA) publicou em 2020

(PCR), é menor que o risco de protelar

investigação e no consenso da

a atualização das suas Guidelines de

RCP em uma vítima sem pulso.

discussão internacional. Neste

ressuscitação cardiopulmonar

artigo apresentamos uma análise às

(RCP)1, baseada na investigação

atualizações das guidelines do

científica e discussão internacional

– mantem-se a recomendação de

adulto.

que o International Liaison Committee

administrar adrenalina logo que

on Resuscitation (ILCOR) tem

possível, nos ritmos não

desenvolvido e, publicadas na

desfibrilháveis. Vários estudos

Circulation2 e Resuscitation3 em

demonstraram uma melhoria na

Outubro de 2020 como “2020

recuperação de circulação

International Consensus on

espontânea (RCE), embora os

ABSTRACT

Cardiopulmonary Resuscitation and

resultados não sejam coincidentes ao

The American Heart Association

Emergency Cardiovascular Care

nível da sobrevida e do outcome

(AHA) published in 2020 an update to

Science With Treatment

neurológico. Nas vítimas que

the Cardiopulmonary Resuscitation

Recommendations”.

apresentam ritmo desfibrilhável

(CPR) Guidelines that review teaching

Estas atualizações revêm de forma

mantem-se a priorização da

techniques and treatment issues,

aprofundada questões de técnica de

desfibrilhação e RCP, com a

based on research and consensus in

ensino e de treino na ressuscitação

administração de adrenalina se estas

international discussion. In this

pediátrica, neonatal e no adulto, bem

não forem bem sucedidas.

article we present the adult

como o próprio tratamento. De forma a

guidelines updates.

manter o sentido prático o âmbito

Keywords: Cardiopulmonary Resuscitation, CPR, Guidelines, American Heart Association, AHA.

3. Monitorização da qualidade de RCP

deste artigo resume-se às atualizações

– Pode ser aconselhável o uso de

de atuação na RCP do adulto.

parâmetros fisiológicos, como capnografia (ETCO2), pressão arterial ou pressão venosa central, para otimizar a qualidade de RCP. Contudo,

69

Indice

Palavras-Chave: Ressuscitação Cardiopulmonar, RCP, Guidelines, American Heart Association, AHA.

2. Início precoce de adrenalina


Indice

70


esta relação não foi demonstrada em

8. Debriefings para socorristas – Esta é

nenhum estudo. O único parâmetro

uma nova recomendação que

com maior evidência é a utilização

contempla debriefing e eventual

BIBLIOGRAFIA 1.

Stephenson CD, Lockwood CJ, MacKenzie AP. Gastroschisis. UpToDate Inc. https://www. uptodate.com (Acessed on January 06, 2021

ETCO2 (>10 mmHg, idealmente ≥20

acompanhamento emocional dos

mmHg), que obriga a entubação

socorristas. Espera-se melhoria de

endotraqueal.

desempenho e, diminuição de

Gastroschisis: international epidiomology and

ansiedade e de stress pós-traumático

public health perspectives. Am J Med Genet C

4. Desfibrilhação sequencial dupla

da equipa. Uma declaração científica

– Não é recomendada, a sua utilidade

dedicada a este tópico é esperada no

não foi estabelecida. A revisão

decorrer de 2021.

sistemática do ILCOR 2020 não encontrou qualquer evidência.

2.

Holland AJ, Walker K, Badawi N. Gastroschisis: an update. Pediatric Surg Int 2010; 26:871-878

3.

Castilla EE, Mastroiacovo P, Orioli IM.

semin Med Genet 2008; 148C:162-179. 4.

Mastroiacovo P, Lisi A, Castilla EE. The incidemce of gastroschisis: Research urgently needs resources. BMJ 2006; 332:423-424.

5.

Bergholz R, Boettcher M, Reinshagen K, Wenke K. Complex gastroschisis is a differnt entity to

9. PCR durante gravidez – A

simple gastroschisis affecting morbidity and mortality – A systematic review and meta-

oxigenação, ventilação e a via aérea 5. Acesso intravenoso (IV) preferível ao

devem ser priorizados durante a RCP

analysis. J Pediatr Surg 2014;49:1527-1532 6.

Lausman AY, Langer JC, Tai M, Seaward PG,

acesso intraósseo (IO) – É

na gravidez pela propensão da

Windrim RC, Kelly EN et al. Gastroschisis: what is

Aconselhável tentar, primeiro,

grávida à hipoxia. A monitorização do

the average gestational age of spontaneous

estabelecer acesso IV. O Acesso IO

feto deve ser ignorada durante a PCR,

poderá ser considerado na

não é útil e pode ser uma distração

Pfleghaar KM. Growth restriction in gastroschisis:

impossibilidade de obter acesso IV. A

dos elementos envolvidos. Após a

quantification of its severity and exploration of a

via IV foi associada a melhores

recuperação de PCR no controlo

resultados clínicos em vários estudos

direcionado da temperatura o feto

route of delivery. Acta Obstet Ginecol Port

retrospetivos. Contudo, embora o

deve ser continuamente monitorizado

2015.9;5: 400-408.

acesso IV seja a opção preferida o

em relação à bradicardia.

delivery? J Pediatr Surg 2007, 42:1816-18221 7.

Payne NR, Simonton SC, Olsen S, Aresen MA,

placental cause. BMC Pediatr 2011;11:90. 8.

Martins D, Ramalho C. Gasrtoschisis:timing and

acesso IO é uma opção aceitável. Espera-se que a investigação traga 6. Cuidados pós PCR e

evolução pois, apenas se tem verificado

neuroprognóstico – Atualiza

melhorias nos outcomes da PCR

recomendações de cuidados

intra-hospitalar, mas não na PCR extra-

pós-PCR para os dias seguintes à

hospitalar1

PCR, ao nível da hipotensão, oxigenoterapia, convulsão,

BIBLIOGRAFIA

temperatura, e apresenta um

1.

Merchant RM, Topjian AA, Panchal AR, et al. Part 1: executive

diagrama de abordagem multimodal

summary: 2020 American Heart Association Guidelines for

ao neuroprognóstico.

Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. Circulation. 2020;142(suppl 2):In press. 2.

International Liaison Committee on Resuscitation. 2020

recuperação – Recomenda-se, para

International Consensus on Cardiopulmonary Resuscitation

sobreviventes de PCR e para os seus

and Emergency Cardiovascular Care Science With Treatment

cuidadores, uma avaliação para

Recommendations. Circulation. 2020;142(suppl 1):In press.

ansiedade, depressão, fadiga e stress

3.

EDITORA

International Liaison Committee on Resuscitation. 2020

pós-traumático. Esta avaliação deve

International Consensus on Cardiopulmonary Resuscitation

ser iniciada durante hospitalização e

and Emergency Cardiovascular Care Science with Treatment

prolongar-se pelo tempo necessário.

Recommendations. Resuscitation. 2020:In press. ISABEL RODRIGUES Médica VMER CODU

71

Indice

7. Atendimento e suporte durante


Indice

Pedro Rodrigues

72


NÓS POR CÁ

NÓS POR CÁ

ARDS REFRACTÁRIO À TERAPÊUTICA CONVENCIONAL – O ECMO E O PAPEL DOS CENTROS DE REFERENCIAÇÃO Isabel Jesus Pereira1 1

Especialista em Medicina Intensiva e Medicina Interna

“There is a dual purpose in developing a mechanical heart and lung apparatus. The first is to maintain a part of the cardiorespiratory functions temporarily in patients with a failing heart or lung, or both, in the hope that, with such direct aid for a short time, these organs may be able to resume their entire function. The second purpose is of surgical interest.” Bernard J. Miller, John H. Gibbon Jr and Mary H. Gibbon, 1951

INTRODUÇÃO

intensivos e até no serviço de urgência

for Severe Adult Respiratory Failure) e

As tecnologias de suporte de vida

e no pré-hospitalar.

vários relatos de melhoria do outcome

extracorporal (ECLS) englobam

Em Portugal existem 3 centros de

em doentes com ARDS tratados com

diferentes modalidades de suporte

referenciação ECMO que recebem

ECMO durante a pandemia de

incluindo diálise, hemofiltração

doentes de todos os pontos do país.

influenza H1N1 levaram a uma

contínua, dispositivos de assistência Contexto histórico

outro lado, no maior ensaio clínico

dióxido de carbono, circulação

As ECLS foram inicialmente

randomizado até o momento de ECMO

extracorporal e oxigenação por

desenvolvidas na década de 1950 por

para ARDS, EOLIA (ECMO to Rescue

membrana extracorporal (ECMO).

John Gibbon com o objectivo de

Lung Injury in Severe ARDS), a

O ECMO e é um modo de suporte vital

oxigenar o sangue através de um

mortalidade aos 60 dias foi de 35% no

que permite a oxigenação, a ventilação

oxigenador de membrana durante

grupo de ECMO versus 46% no grupo

e a manutenção de débito cardíaco,

cirurgias prolongadas com circulação

de tratamento convencional (risco

com recurso a cânulas ligadas a um

extracorporal. Nos ensaios iniciais com

relativo 0.76, IC 95% 0.55-1.04; p =

circuito que bombeia sangue através

uso de ECMO para insuficiência

0.09). Uma análise subsequente do

de um oxigenador e que

respiratória não houve benefício em

ensaio EOLIA, bem como algumas

posteriormente o devolve ao doente. O

comparação com os métodos

outras publicações, forneceram dados

ECMO é usado para suportar doentes

tradicionais de ventilação, mas a

que suportam o potencial benefício no

com patologia cardiopulmonar

evolução tecnológica em cuidados

outcome com o uso de ECMO em

refratária às medidas convencionais, e

intensivos permitiu a evolução até um

doentes com ARDS refratário.

pode ser usado na insuficiência

cenário de ECMO muito diferente da

respiratória aguda hipoxémica,

mortalidade de 90% descrita nos anos

Indicações actuais

incluindo na síndrome da dificuldade

70. Esta evolução está bem patente

A decisão de iniciar ECMO depende de

respiratória aguda (ARDS), na paragem

nos resultados descritos na pandemia

inúmeros fatores, nomeadamente dos

cardíaca, no choque cardiogénico,

causada pelo vírus H1N1, onde se

fatores de risco prévios do doente, da

entre outras indicações. Existem

descrevem mortalidades de 21% nos

resposta às medidas previamente

muitos dados, mais ou menos

doentes com ARDS refractária. O

instituídas e da patologia em causa. As

robustos que sustentam a sua

resultado do estudo CESAR

indicações para ECMO têm vindo a

utilização desde o bloco operatório,

(Conventional Ventilatory Support versus

aumentar, umas de forma mais

passando pelas unidades de cuidados

Extracorporeal Membrane Oxygenation

convencional e outras de forma menos

73

Indice

expansão significativa do seu uso. Por

ventricular, remoção extracorporal de


frequente. São alguns exemplos, a

ECMO Veno Arterial (ECMO VA)

Existem contraindicações globalmente

utilização precoce em doentes em

Entre as potenciais indicações para o

consideradas “absolutas” como é o

paragem cardiorrespiratória como

ECMO VA descreve-se o choque

caso de doença terminal, doença grave

auxiliar na ressuscitação tradicional, a

cardiogénico secundário a enfarto

do sistema nervoso central, status de

utilização no pré e no intrahospitalar

agudo do miocárdio, a insuficiência

Não Ressuscitar ou diretivas

na gestão da paragem cardíaca

cardíaca refratária ao tratamento

antecipadas de vida recusando este

refratária, na disritmia maligna

médico optimizado e a paragem

suporte. Existem outras

refractária, no colapso cardiovascular

cardiorrespiratória. Embora não

contraindicações que podem ser

por embolia pulmonar, na hipotermia,

existam grandes ensaios clínicos

consideradas relativas e devem ser

no afogamento e na intoxicação grave

prospectivos randomizados,

sempre avaliadas pelos centros de

ou nas suas consequências eléctricas.

considerando o mau prognóstico nos

referenciação:

A decisão sobre o tipo de ECMO

doentes em paragem cardíaca

depende do suporte pretendido,

refratária, a utilização do ECMO

respiratório ou cardíaco.

durante a reanimação pode fornecer

capacidade de resposta dos

uma ferramenta para melhorar o

centros com capacidade de ECMO,

ECMO Veno Venoso (ECMO VV)

outcome, com bons resultados

como exemplo a pandemia

A ventilação mecânica (VM) é um

neurológicos, principalmente quando

COVID-19;

elemento essencial no tratamento do

iniciada precocemente e em doentes

ARDS de qualquer etiologia (infeciosa,

selecionados.

associado a co-morbilidade prévia,

trauma, inflamatória). A evidência

Para além das indicações prévias, o

os doentes com co-morbilidades

mostra que a utilização de uma

ECMO VA pode também ser útil

significativas devem ser excluídos;

ventilação protectora, descrita como

noutras patologias, como exemplo, em

utilização de volume corrente de

doentes com choque séptico e com

em relação com idade, a idade

6-8ml/Kg, melhora o outcome.

miocardiopatia associada à sépsis, em

avançada deve ser considerada na

A utilização do ECMO VV está indicada

doentes com arritmias, toxicidade

decisão de iniciar suporte;

na insuficiência respiratória aguda

cardíaca por drogas, embolia pulmonar,

refractária grave hipóxica ou

miocardite, complicações pós-cirurgia

associado ao tempo prévio em

hipercápnica, potencialmente

cardíaca, insuficiência cardíaca

ventilação mecânica invasiva, os

reversíveis ou como ponte para

primária do aloenxerto, tireotoxicose,

doentes com tempo de ventilação

transplante. O ECMO VV melhora a

anafilaxia ou trauma.

mecânica superior a 7 dias devem

oxigenação, promove a eliminação de

2. Considerando o pior prognóstico

3. Considerando o pior prognóstico

4. Considerando o pior prognóstico

ser excluídos.

CO2 e facilita a ventilação protectora,

Critérios de referenciação

minimizando a potencial lesão

e de exclusão

A referenciação para ECMO VA no caso

pulmonar induzida pela ventilação.

A referenciação a ECMO, em particular

do choque cardiogénico deve ser

Outras das patologias que mostraram

no caso do ARDS deve ser pensada de

pensada em doentes com pressão

benefícios com o uso de ECMO VV

acordo com os critérios definidos pela

arterial sistólica inferior a 90 mmHg,

incluem: repouso pulmonar após

ESLO, como descrito no fluxograma

apesar de dois ou mais inotrópicos

contusão pulmonar, inalação de fumo e

seguinte.

com ou sem balão de contrapulsão

obstrução das vias aéreas, falência

Apesar dos potenciais benefícios, nem

aórtico e com evidência de diminuição

primária do enxerto após transplante

todos os doentes devem ser

da perfusão do órgão, bem como

pulmonar, como ponte para transplante

referenciados a ECMO. Para a decisão

pressão capilar pulmonar superior a 18

pulmonar, no estado de mal asmático,

de iniciar ECMO devem ser pesadas

mmHg e um índice cardíaco (CI)

na hemorragia pulmonar ou hemoptise

todas as particularidades individuais

inferior a 2,1 l/min/m2.

maciça, na hérnia diafragmática

do doente.

congénita e aspiração de mecônio.

Indice

1. Recursos limitados e ausência de

74


NÓS POR CÁ

Figura 1 – Algoritmo para abordagem do ARDS. In Bartlett, Robert H.*; Ogino, Mark T.†,‡; Brodie, Daniel§,¶; McMullan, David M.||; Lorusso, Roberto#; MacLaren, Graeme**,††,‡‡; Stead, Christine M.*; Rycus, Peter*; Fraser, John F.§§,¶¶; Belohlavek, Jan||||; Salazar, Leonardo##; Mehta, Yatin***; Raman, Lakshmi†††; Paden, Matthew L.‡‡‡ Initial ELSO Guidance Document: ECMO for COVID-19 Patients with Severe Cardiopulmonary Failure, ASAIO Journal: May 2020 - Volume 66 - Issue 5 - p 472-474 doi: 10.1097/MAT.0000000000001173

ECMO na COVID-19

Outcome

procedimentos invasivos do ECMO (ou

No contexto epidemiológico actual da

Os doentes que sobrevivem a doenças

outros), assim como a decisão de

COVID-19, as recomendações são no

graves do qual é exemplo o ARDS com

suspender a técnica e regressar ao

sentido do uso de ECMO VV, se

necessidade de suporte com ECMO,

tratamento convencional.

disponível, ou referenciação para um

apresentam habitualmente disfunções

centro de ECMO no caso de doentes

que podem exigir internamento ou

Organização da rede de ECMO

adultos ventilados invasivamente com

reabilitação prolongados. Estes dados

em Portugal

hipoxémia refratária, apesar da

destacam a necessidade de

Em Portugal iniciou-se em o 2016

otimização da ventilação, e do uso de

intensificar o foco nos resultados de

processo de reconhecimento, pelo

medidas de resgate e pronação. O

longo prazo destes doentes.

Ministro da Saúde dos Centro de

disponibilizou dados de 36 países,

Futilidade terapêutica

Fevereiro de 2017, foi publicado em

onde descreve o outcome de 1.035

À semelhança do que pode acontecer

Diário da República o Despacho n.º

doentes com suporte de ECMO com

em todos os outros tipos de suporte

6669/2017 do Gabinete do Secretário

COVID-19. A mortalidade hospitalar

invasivo fornecidos aos doentes em

de Estado Adjunto e da Saúde que

estimada 90 dias após o início da

cuidados intensivos, nem todos os

identifica os centros de referência na

ECMO foi de 37,4% (IC 95% 34,4–40,4).

doentes irão melhorar com o suporte

área do ECMO: o Centro Hospitalar

Estes dados são consistentes com a

de ECMO. É responsabilidade da

Lisboa Central, E. P. E., o Centro

mortalidade descrita anteriormente em

equipa assistencial avaliar

Hospitalar Lisboa Norte, E. P. E., e o

doentes não COVID suportados por

continuamente o benefício ou

Centro Hospitalar de São João, E. P. E.

ECMO com ARDS.

futilidade para o doente dos

O Centro Hospitalar Universitário do

75

Indice

Referência para a área de ECMO. Em

registo internacional ELSO


Algarve, E.P.E. referencia doentes em primeira instância para os centros de Lisboa, mas, em caso de necessidade, a referenciação deve ser nacional. No Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) – Departamento de Emergência Urgência e Cuidados Intensivos (DEUCI), Unidade de Faro. O Serviço de Medicina Intensiva 1 (SMI1), do CHUA Faro, posiciona-se como centro referenciador. O processo de referenciação é realizado em primeira instância para os centros de Lisboa e caso não haja capacidade de resposta destes centros, é então contactado o centro do Porto. O processo de referenciação deve ser iniciado precocemente quando a Equipa Assistencial identifica critérios de referenciação. A discussão sobre doentes com indicação para ECMO e com contraindicações relativas deve ser tida com a equipa do Centro ECMO. Em 2020, o SMI1 referenciou 3 doentes para ECMO. Os motivos de referenciação foram: ARDS grave secundário a pneumonia vírica, ARDS grave secundário a contusão pulmonar por traumatismo torácico e choque cardiogénico pós-paragem cardiorrespiratória recuperada. O outcome foi bom nos dois doentes submetido a ECMO VV. O doente submetido a ECMO VA teve um desfecho fatal. Como descrito previamente, dadas as particularidades do ECMO, ele não está disponível em todos os hospitais do país. Assim, torna-se particularmente importante que, através dos serviços de Medicina

76

Pedro Rodrigues

Indice

Intensiva, as unidades hospitalares


NÓS POR CÁ

dos centros não ECMO assumam o

10.

Peek, Giles J et al. Efficacy and economic

papel de estabelecer a ligação aos

assessment of conventional ventilatory support

centros de referenciação sempre que

versus extracorporeal membrane oxygenation for

seja identificado um potencial

severe adult respiratory failure (CESAR): a

candidato a esta terapêutica

multicentre randomised controlled trial. The Lancet, Volume 374, Issue 9698, 1351 – 1363

BIBLIOGRAFIA 1.

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The ARDS Definition Task Force*. Acute

respiratory distress syndrome. N Engl J Med, 378

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(21) (2018), pp. 1965-1975

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Bartlett, Robert H.et al. Initial ELSO Guidance Document: ECMO for COVID-19 Patients with Severe Cardiopulmonary Failure, ASAIO Journal: May 2020 - Volume 66 - Issue 5 - p 472-474

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Mosier, J.M., Kelsey, M., Raz, Y. et al.

A. Combes, D. Hajage, et al. Extracorporeal

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Goligher EC, Tomlinson G et al. Extracorporeal Membrane Oxygenation for Severe Acute Respiratory Distress Syndrome and Posterior Probability of Mortality Benefit in a Post Hoc Bayesian Analysis of a Randomized Clinical Trial. JAMA. 2018 Dec 4;320(21):2251-2259. doi: 10.1001/jama.2018.14276. Erratum in: JAMA. 2019 Jun 11;321(22):2245. PMID: 30347031.

Extracorporeal membrane oxygenation (ECMO) for critically ill adults in the emergency department: history, current applications, and future directions. Crit Care 19, 431 (2015). https:// doi.org/10.1186/s13054-015-1155-7 5.

Alhazzani, Waleed et al. Surviving Sepsis Campaign: Guidelines on the Management of Critically Ill Adults with Coronavirus Disease 2019 (COVID-19), Critical Care Medicine: June 2020 Volume 48 - Issue 6 - p e440-e469

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Barbaro, Ryan P; Alexander, Peta et al. Extracorporeal membrane oxygenation support in COVID-19: an international cohort study of the

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CATARINA TAVARES Enfermeira VMER Heli INEM

77

Indice

9.


NÓS POR CÁ

REVISÃO ESTATÍSTICA DAS OCORRÊNCIAS DE TRAUMA Ana Isabel Rodrigues1, André Abílio Rodrigues2,3, Solange Mega2,3 Médica VMER1, Enfermeiro VMER2; Enfermeiro SIV3

O trauma constitui um problema importante de saúde pública. É a principal causa de morte na população compreendida entre 1 e 44 anos de idade, com maior frequência do género masculino.1 De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, morrem por minuto 9 pessoas devido a trauma, representando 5,8 milhões de pessoas anualmente.2 Retrata também um desafio que pela sua morbilidade, com repercussões sociais e económicas significativas. Deste modo, têm-se reunido esforços para uma melhoria na organização e planeamento na abordagem destas vítimas, incluindo o atendimento pré-hospitalar. Com este trabalho pretendemos analisar as ocorrências por trauma das VMER de Faro e Albufeira desde janeiro de 2016 a dezembro de 2020. QUESTÃO 1: Qual é percentagem relativa das ocorrências de trauma nos anos de 2016 a 2020? Como se pode verificar no gráfico 1, durante os anos analisados, as ativações por trauma mantiveram um peso relativo ao número total de saídas constante, 10-12% na VMER de Faro e 14-16% na VMER de Albufeira, representando respetivamente, uma média de 167 e 122 ocorrências anuais.

Gráfico 1: ocorrências por trauma nas VMER de Faro e Albufeira de 2016-2020

QUESTÃO 2: Qual foi o género mais frequente?

Indice

Gráfico 2: distribuição por género

78


NÓS POR CÁ

QUESTÃO 3: Faixa etária mais frequente Pode observar-se no gráfico 2 que o género prevalente foi o masculino, nas ativações das duas VMER. Quanto à faixa etária, apesar de haver um número considerável de vítimas sem identificação (106 na VMER de Faro (15%) e 88 na VMER de Albufeira (13%), pode afirmar-se que as faixas etárias mais prevalentes foram dos 41-50 anos, seguido dos 21-30 anos e dos 31 aos 40 anos.

Gráfico 3: distribuição por faixa etária

QUESTÃO 4: Quais foram os diagnósticos mais frequentes? Relativamente aos diagnósticos associados a situações de trauma nas VMER de Faro e Albufeira, os mais frequentes foram o traumatismo cranioencefálico (25 e 30%), seguido de traumatismo de membros (22 e 24%), ocupando o politraumatismo o 3º lugar com uma percentagem relativa de 15%.

79

Indice

Gráfico 4: diagnósticos mais frequentes


QUESTÃO 5: Qual foi a evolução da percentagem de ativações por trauma no ano de 2020? Durante o ano de 2020 houve uma diminuição de saídas em março e abril em ambas as VMER. Excluindo estes dois meses a ativação por trauma na VMER de Faro manteve-se constante, com uma ligeira subida em julho. Na VMER de Albufeira a percentagem relativa de trauma foi superior, com dois picos de atividade, em junho (24%) e em setembro (28%).

Gráfico 5: percentagem relativa de ativações por trauma em 2020.

CONCLUSÃO

trabalho foi o subregisto na base de

Durante os 5 anos de atividade

dados da equipa em janeiro de 2020

assistencial analisados, das VMER

na VMER de Albufeira, que subesti-

de Faro e Albufeira, a percentagem

ma e pode enviesar de sobremanei-

relativa de ativações anual por

ra a quantidade, o tipo de de saídas

trauma manteve-se constante ao

das equipas das VMER, e o seu

longo do tempo.

peso relativamente ao número total

Em consonância com os dados

das mesmas.

apresentados pela OMS , a idade da

Para futuro, esta equipa de trabalho

maioria das vítimas está compreen-

propõe a análise da evolução clínica

dida dos 21 aos 50 anos. Convém

das vítimas socorridas em meio

referir uma limitação na colheita

pré-hospitalar, na medida em que a

dos dados demográficos, uma vez

abordagem das mesmas e o

que um número considerável de

contributo para a sua evolução

vítimas não foi possível identificar

clínica inicia-se com a conduta das

no local. De referir também que o

equipas do pré-hospitalar

1

EDITOR

ANDRÉ ABÍLIO RODRIGUES Enfermeiro SIV/VMER

EDITORA

número de vítimas do género masculino se destacou. SOLANGE MEGA Enfermeira SIV/VMER

Na avaliação mensal em 2020, foi possível observar que nos meses de março e abril, as ocorrências por EDITORA

trauma diminuíram em ambas as VMER. Esta diminuição pode justificar-se pelo confinamento decorrente da pandemia provocada

BIBLIOGRAFIA 1.

[2011];

pelo SARS CoV 2. Uma limitação importante deste

American Trauma Society. Trauma facts [Online].

2.

World Health Organization 2008; The global

Indice

burden of disease: 2004 update.

80

ANA ISABEL RODRIGUES Médica VMER CODU


81

Indice

NÓS POR CÁ


Indice

82


NÓS POR CÁ

NÓS POR CÁ

FORMAÇÃO CONTÍNUA DAS EQUIPAS DAS VMER DO ALGARVE José Sousa1,2 , Monique Cabrita1,3 Elementos pertencentes ao Grupo Responsável pela Formação das VMER do Algarve; Médico da VMER de Portimão 3 Enfermeira da VMER de Portimão 1 2

As equipas de VMER lidam com uma

formações em conjunto dispondo

Os temas seleccionados para a

vasta miríade de situações clínicas,

dos recursos adquiridos e partilhados

formação e respectivos formadores

num ambiente extra-hospitalar não

pelos três meios e uniformizando o

foram os seguintes:

controlado e por vezes com elevados

socorro na região algarvia. Na

níveis de stress associados. Pela sua

sequência do Plano de Formação

Sedoanalgesia

diferenciação e necessidade de

conjunto para as três VMER do

constante actualização e renovação

CHUA, foi constituída uma Equipa de

conhecimentos e manuseamento

de conhecimentos de acordo com o

Trabalho, que inclui os seguintes

de sedoanalgesia para

estado da arte da sua prática diária, a

profissionais: Miguel Jacob, João

abordagem da via aérea,

formação destaca-se como um

Nuno Oliveira e José Sousa

procedimentos invasivos, dor,

importante pilar na manutenção e

(médicos) e Catarina Gonçalves,

entre outras situações, em

contínua melhoria da sua actuação.

Isabel Outeiro, Monique Pais Cabrita

contexto pré-hospitalar;

e Rúben Santos (enfermeiros). Esta

discussão de casos clínicos •

Objectivos: Atualizar os

Formadores: Alírio Gouveia, Bruno

Apesar das condicionantes físicas,

Equipa de Trabalho tem conjugado

psicológicas e logísticas da

esforços para criar um plano de

pandemia COVID-19, que nos afectou

actividades com formações regulares

a todos desde no início de 2020,

dos mais diversos temas da

Ventilação Não-Invasiva

foram reunidos esforços no sentido

emergência pré-hospitalar,

de aumentar a frequência e qualidade

transversais aos três meios.

Barreira e Luís Miguel Costa

Objectivos: actualização das competências em VNI e manuseio do ventilador e

dos períodos formativos dirigidos às equipas das VMER. Assim, as três

A primeira formação deste novo

respectivas interfaces e

equipas de VMER do Algarve

grupo de trabalho em 2020, decorreu

consumíveis, com treino de

(Albufeira, Faro e Portimão) reuniram

nos meses de Novembro e Dezembro,

simulação

esforços, afirmando-se como

em 2 sessões idênticas nas

verdadeiras equipas

instalações dos pólos de Faro e

multidisciplinares em cooperação,

Portimão respectivamente.

Formadora: Djamila Neves

Ventilação Invasiva •

Objectivos: actualização das competências em ventilação invasiva, dando a conhecer aos profissionais a interface e manuseamento dos novos

83

Indice

com o intuito de realizar as


Indice

84


NÓS POR CÁ

ventiladores de transporte

A formação, no conjunto das duas

oferecidos às 3 VMER do Algarve

sessões (Faro e Portimão), contou

Formador: Miguel Varela

com mais de 40 formandos. Numa perspectiva de adaptação à

Drenagem Torácica

pandemia, com evicção de contactos

Objectivos: Otimizar skills de

desnecessários, as sessões teóricas

colocação de dreno torácico na

foram realizadas em formato

óptica da sedoanalgesia e

e-learning. Já as sessões práticas,

técnica de colocação.

devido às suas características, foram

Formadores: Luís Flores

realizadas presencialmente em

e Cátia Saraiva

esquema de bancas rotativas com

CATARINA TAVARES Enfermeira VMER Heli INEM

grupos não superiores a 5 elementos, Apresentação de dados do trabalho

cumprindo todas as normas da DGS.

“Sedoanalgesia no doente sob Ventilação Mecânica Invasiva em

Na apreciação global por parte dos

contexto pré-hospitalar”

formadores, esta primeira acção de

formação decorreu de acordo com as

Formadora: Solange Mega

EDITORA

expectativas, com aproveitamento por parte dos formandos. Estão

MONIQUE PAIS CABRITA Enfermeira VMER

dados os primeiros passos de um projecto que se acredita ser do interesse de todos e com perspectivas de uma contínua

EDITOR

melhoria dos cuidados às vítimas no pré-hospitalar

JOSÉ SOUSA Médico VMER

85

Indice

EDITORA


Indice

Câmara Municipal de Albufeira

86 Câmara Municipal de Albufeira


NÓS POR LÁ

NÓS POR LÁ

CÂMARA MUNICIPAL DE ALBUFEIRA FAZ DOAÇÃO DE EQUIPAMENTO DE ECOGRAFIA PORTÁTIL ÀS VMER DE FARO E ALBUFEIRA Bruno Santos1 Coordenador Médico das VMER de Faro e Albufeira

No passado dia 22 de janeiro,

assistência aos doentes com

mudança de paradigma na

nas instalações do SUB de

necessidade de ventilação

emergência médica pré-

Albufeira, decorreu a cerimónia

mecânica invasiva.

hospitalar, introduzindo no

de entrega de equipamentos ao

Em conformidade com os

dia-à-dia o conceito de "pensar

Centro Hospitalar Universitário

ganhos em saúde e eficácia na

ecográfico", que permitirá

do Algarve (CHUA), doados pelo

utilização da ecografia no

reduzir a morbilidade e

Município de Albufeira, e em que

doente crítico, e em ambiente

potencialmente melhorar a

estiveram presentes os

pré-hospitalar, já demonstrados

qualidade assistencial em

respectivos representantes

pela literatura, as Viaturas

utentes com condições de risco

institucionais.

Médicas de Emergência e

de vida, como sejam aqueles que

Tratou-se de mais uma iniciativa

Reanimação (VMER’s) de Faro,

tenham sofrido trauma torácico

da Câmara Municipal de

Albufeira, e Portimão,

e abdominal, ou que apresentem

Albufeira, que vem assim

assumiram no âmbito do seu

insuficiência respiratória grave,

reforçar os serviços de saúde do

Plano de Formação conjunto, e

ou instabilidade hemodinâmica

Algarve com a entrega de um

com a colaboração do

(choque).

ventilador, um equipamento de

Laboratório de Formação em

vídeo laringoscópio e quatro

Emergência Médica (LEME) do

A Equipa das VMER de Faro e

ecógrafos portáteis.

CHUA, o compromisso no

Albufeira vem assim muito

Os Profissionais das Viaturas

desenvolvimento de um Projecto

agradecer à Câmara Municipal

Médicas de Emergência e

de Integração da Ecografia

de Albufeira a sua doação, que

Reanimação (VMER) de Faro e

Clínica em ambiente pré-

muito contribuirá para garantir

Albufeira congratulam-se e

hospitalar, que pretende assim

uma melhor, melhorará a

mostram-se muito gratos pela

beneficiar a assistência médica

assistência médica à população

recepção de 2 equipamentos de

em toda a população algarvia.

algarvia

ecografia portátil para utilização

Este Projecto inovador,

na sua missão assistencial, não

multimodular, com componentes

esquecendo que já em Abril de

teórica e prática, terá monitorização

2020 tinha sido igualmente

constante e os resultados obtidos

doado pela Câmara Municipal de

serão certamente alvo de

Albufeira um ventilador para

publicação futura.

cada uma das viaturas, que

A integração da ecografia clinica

muito veio melhorar a

nas VMER pretende operar uma

EDITOR

BRUNO SANTOS Médico VMER

87

Indice

1


FÁRMACO REVISITADO

AMIODARONA

Cláudia Peixoto1 Médica Interna de Formação Específica em Anestesiologia do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho e VMER Gaia

1

A amiodarona é um derivado iodado

FORMAS DE APRESENTAÇÃO

automaticidade anormal, prevenindo

do benzofurano, classificado como

- Ampolas:

mecanismos de reentrada e focos

um anti-arritmico de classe III. Exerce

Concentrado para solução

ectópicos de perpetuarem

múltiplos efeitos na despolarização e

injetável, 50 mg/mL (ampolas de

taquiarritmias. Em alguns casos,

repolarização miocárdica e é

3 mL); deve ser diluído em

estes mecanismos de ação

amplamente utilizado devido à sua

solução com dextrose a 5%;

adicionais podem resultar em efeitos

Se concentração superior a 2

laterais, como bradicardia,

arritmias ameaçadoras de vida,

mg/mL deve ser utilizado através

hipotensão e Torsades de Pointes.

incluindo fibrilhação ventricular e

de cateter venoso central.

elevada eficácia no tratamento de

taquicardia ventricular com

- Comprimidos: 200 mg.

instabilidade hemodinâmica.

- Após bólus único endovenoso (EV),

Adicionalmente, também é eficaz no

FARMACOCINÉTICA

tem início de ação rápido (entre 1-30

tratamento de arritmias

E FARMACODINÂMICA:

min), com duração de ação de 1-3

supraventriculares.

Indice

Absorção:

horas;

Para além da sua eficácia superior

Mecanismo de ação:

- A concentração máxima no plasma

quando comparada com a maioria

- Antiarrítmico de classe III, exercendo o

atinge-se 3-7 horas após a

dos outros anti-arrítmicos, exerce um

seu efeito principal ao bloquear correntes

administração.

efeito inotrópico negativo ligeiro e

retificadoras de potássio, responsáveis

tem uma baixa taxa de ação pró-

pela repolarização cardíaca durante a

Metabolismo:

arritmogénica que o tornam

fase 3 do potencial de ação. Este efeito

- O N-desetilamiodarona (DEA) é o

vantajoso em doentes com

resulta num prolongamento da duração

principal metabolito ativo da

insuficiência cardíaca.

do potencial de ação e do período

amiodarona e tem um efeito

Contudo, por ser um fármaco

refratário, que se evidencia no ECG como

farmacológico similar;

altamente lipofílico que se concentra

um prolongamento do QRS e do

- A amiodarona é metabolizada em

nos tecidos, é eliminado de forma

intervalo QT;

DEA pelo grupo de enzimas hepáticas

lenta e o seu uso prolongado está

- Diferente dos outros antiarrítmicos da

do citocromo P450 (CYP450),

associado a interações

sua classe, a amiodarona também

especificamente o citocromo P4503A

medicamentosas complexas e a uma

bloqueia os recetores α e β-adrenérgicos

(CYP3A) e CYP2C8.

alta incidência de efeitos adversos.

e os canais de cálcio e sódio;

Estes são dependentes da dose e

- Outro dos seus efeitos é a

Distribuição/Eliminação:

duração de utilização, requerem

diminuição da automaticidade do nó

- Tem uma ligação às proteínas

monitorização frequente e limitam a

sinoauricular, velocidade de

plasmáticas acima de 96%;

segurança na sua utilização.

condução do nó AV, e a

- É eliminada primariamente por

88


FÁRMACO REVISITADO

Efeitos adversos: Tem inúmeros efeitos laterais, alguns deles potencialmente severos, mais relevantes com a utilização prolongada, que levaram a uma redução do seu uso para tratamento a longo prazo. Por ser um fármaco

metabolização hepática e excreção

- Se episódios de FV ou TV

biliar. Tem uma excreção

hemodinamicamente instável, repetir

negligenciável na urina;

dose de carga inicial.

- Tanto a amiodarona como o seu

Arritmias supraventriculares:

metabolito DEA atravessam a placenta

- Utilizada principalmente na

e passam para o leite materno;

restauração e manutenção de ritmo

- Ambas não são dializáveis;

sinusal em doentes com FA com

- Não necessita de ajuste de dose na

instabilidade hemodinâmica e

disfunção renal, hepática ou cardíaca.

controlo de frequência em doentes com FA de resposta ventricular rápida

INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS

com instabilidade hemodinâmica;

E POSOLOGIA:

- Dose de carga: 150 mg em bólus EV durante 10 minutos (15 mg/min) -> 360

ADULTO

mg EV durante 6 horas (1 mg/min);

Taquicardia ventricular sem pulso

- Dose de manutenção: perfusão de

(TVsp)/ fibrilhação ventricular (FV),

0.5 mg/min EV durante 18 horas (não

refratárias à desfibrilhação

excedendo 2.2g/24h).

- Se persistência de TVsp/FV após administração de 3 choques de

IDADE PEDIÁTRICA

desfibrilhação (consecutivos ou não),

Taquicardia ventricular sem pulso

administrar 300 mg em bólus rápido

(TVsp) / fibrilhação ventricular (FV)

EV/ intraósseo (IO), após 3º choque;

- 5 mg/kg em bólus rápido EV/IO

- Bólus de 150 mg a cada 3-5 minutos,

(máximo 300 mg em dose única) ->

se persistência ou recorrência.

pode ser repetido até o máximo de 15

Fibrilhação ventricular recorrente,

mg/ kg/24h (não excedendo

taquicardia ventricular com

2.2g/24h em adolescentes).

instabilidade hemodinâmica e

Arritmias supraventriculares /

taquicardia de complexos largos com

ventriculares

estabilidade hemodinâmica

- Dose de carga: 5 mg/kg em perfusão

- Dose de carga: 150-300 mg em

durante 20-60 minutos (máximo 300

bólus EV durante 10 minutos (15 mg/

mg em dose única) -> pode ser repetido

min; pode ser repetido a cada 10 min

até o máximo de 15 mg/kg/24h (não

conforme necessário) -> 360 mg EV

excedendo 2.2g/24h em adolescentes).

durante 6 horas (1 mg/min);

Após supressão de arritmias, a

- Dose de manutenção: perfusão de

amiodarona administrada por perfusão

0.5 mg/min EV durante 18 horas (não

EV pode ser substituída por

excedendo 2.2g/24h);

amiodarona oral.

altamente lipofílico, concentra-se nos tecidos e a sua eliminação é lenta, e consequentemente os efeitos adversos resolvem-se lentamente. - Cardiovasculares: bradicardia e hipotensão, se administração EV rápida; prolongamento do intervalo QT. - Pulmonar: broncospasmo; pneumonite ou fibrose (incidência de 10%, por vezes rapidamente progressiva e fatal) - Hepáticos: cirrose hepática, icterícia, hepatite; - Oculares: microdepósitos oculares, visão turva (reversível com suspensão); - Endócrinos: hipertiroidismo (incidência de 0,9%) e hipotiroidismo (incidência de 6%), reversível com suspensão; - Neurológicos: neuropatia periférica, miopatia; - Dermatológicos: fotossensibilidade e coloração de pele acinzentada; - Hematológicos: trombocitopenia, anemia hemolítica, raramente anemia aplástica. Contra-indicações: - Hipersensibilidade à amiodarona, iodados ou a qualquer um dos componentes; - Bloqueios auriculoventricular e sinoauricular; bradicardia sinusal sintomática na ausência de pacemaker implantado; - Choque cardiogénico; - Não recomendado na gravidez e aleitamento. Interações Farmacológicas: A amiodarona tem numerosas

89

Indice

* assumindo perfusão de 720 mg/dia (0,5 mg/min)


Indice

90


FÁRMACO REVISITADO

interações com outros fármacos uma vez que é um inibidor potente do

implantado ou choque cardiogénico. •

Se administração endovenosa rápida,

sistema enzimático do citocromo

os efeitos laterais mais comuns são

P450. Afeta também outros fármacos

hipotensão e bradicardia. Possui

com elevada ligação a proteínas,

múltiplos efeitos laterais quando

deslocando-os e aumentando a sua

utilizado a longo prazo, e várias

ação. Deve ser usada com cautela

interações com outros fármacos.

com outros fármacos que atrasam a condução AV e evitado naqueles que

Take-Home Messages: •

BIBLIOGRAFIA 1.

Uptodate: Amiodarone: Drug Information. 2019

2.

Medscape. Amidarone. In https://reference.

A amiodarona é um anti-arritmico de

medscape.com/drug/pacerone-cordarone-

classe III que exerce múltiplos efeitos

amiodarone-342296

na despolarização e repolarização

3.

miocárdica e tem elevada eficácia no tratamento de arritmias

gov/drugsatfda_docs/label/2011/022325s002lbl.pdf 4.

S Al-Khatib, W Stevenson, M Ackerman, et al. 2017 AHA/ ACC/HRS Guideline for Management of Patients With

ameaçadoras de vida.

Ventricular Arrhythmias and the Prevention of Sudden

Tem efeito inotrópico negativo ligeiro

Cardiac Death. Circulation. 2018;138:e272–e391 5.

Medications – A Handbook for Nursesand Health

vantajoso em doentes com

Professionals. 37th ed. 2020 6.

Goodman & Gilman’s Phamacological Basis of

bloqueio auriculoventricular e

Therapeutics. 12th ed. 2011

sintomática sem pacemaker

7.

EDITOR

Goodman LS, Brunton LL, Chabner B, Knollmann BC.

Não deve ser utilizado na presença de sinoauricular, bradicardia sinusal

CATARINA MONTEIRO Médica VMER

Gahart B, at all. Gahart’s 2021 Intravenous

pró-arritmogénica que o tornam insuficiência cardíaca. •

FDA: Nexterone. 2011. In https://www.accessdata.fda.

supraventriculares e ventriculares

e tem uma baixa taxa de ação

EDITORA

Suporte Avançado de Vida – Manual do Curso de VMER - 1ª edição 2019

ALÍRIO GOUVEIA Médico VMER

91

Indice

aumentam o intervalo QT.


JOURNAL CLUB

Ana Rita Clara1

Indice

1

Especialista de Medicina Interna do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, E.P.E., Unidade de Faro, Médica VMER Faro e Albufeira, Médica SHEM Algarve

INTRODUÇÃO

doentes e recomendaram uma

apresentação mais convencional

Desde 2019 que os mundos

abordagem terapêutica distinta

de insuficiência respiratória

médico e científico têm sido

dos doentes graves com

aguda com hipoxemia.

fustigados pela pandemia

COVID-19. Os autores formulam

SARS-CoV-2. O curso clínico da

que os doentes com fenótipo do

Neste artigo publicado em

infecção por SARS-CoV-2

tipo L apresentam formas

janeiro de 2021, os autores do

(COVID-19) varia desde uma

atípicas de ARDS, enquanto que

estudo determina o endpoint

apresentação silenciosa a uma

no fenótipo do tipo H parecem

primário a descrição das

pneumonia viral aguda, levando,

desenvolver uma forma mais

características clínicas,

não raras vezes, a hipoxemia

linear de ARDS, de acordo com a

abordagem pré-hospitalar e

severa. Em cerca de 5% dos

definição de Berlim. Esta

outcome final dos doentes

casos pode apresentar-se como

hipótese pode ser explicada de

críticos com COVID-19 tratados

Acute Respiratory Distress

duas formas: i) dois fenótipos

precocemente numa região do

Syndrome (ARDS), necessitando

com manifestações distintas de

Grande Leste da França.

reposição agressiva de O2 e, na

COVID-19, ou ii) fenótipos de

Contaram com um serviço

maioria dos casos, ventilação

transição num espectro contínuo

móvel de emergência (SME) e

mecânica invasiva. A gravidade e

da doença onde o tipo L progride

internamento directo em

o prognóstico da COVID-19

para o tipo H.

unidades de cuidados

parecem estar relacionados com

Publicações recentes sobre

intensivos (UCI), sempre que

o grau de afecção do sistema

formas de apresentação da

necessário, excluindo a

respiratório e características dos

COVID-19 descrevem a presença

necessidade de abordagem no

doente, incluindo comorbilidades

de doentes com hipoxemia

serviço de urgência (SU).

e idade.

severa na ausência de outros

Gattinoni et al. descreveram dois

sinais clínicos (hipoxemia

fenótipos diferentes (L e H) de

"silenciosa ou feliz”), enquanto

apresentação do ARDS nestes

outros doentes exibem uma

92


JOURNAL CLUB

MÉ TODOS

IC 95%: 18,9- 36,8%). Um terço

A duração mediana da ventilação

Estudo retrospectivo

apresentava diabetes diabetes

mecânica foi de 12 dias (4-23

multicêntrico conduzido nos

mellitus (33%, IC 95%: 24,1–43%)

dias) e SAPS II mediano de 51

seis principais departamentos

e 59,2% hipertensão (IC 95%:

(40-62); 61,2% dos doentes

de emergência na região do

49–68,9%).

realização decúbito ventral e

Grande Leste da França

À chegada do SME, a maioria dos

apenas 8,7% necessitaram de

(Estrasburgo, Nancy, Reims,

doentes apresentava-se em

oxigenação por membrana

Colmar, Mulhouse e Metz-

estado crítico: frequência

extracorporal veno-venosa

Thionville). Esta área foi uma

respiratória 30/min (26–40) e a

(ECMO-VV).

das mais afetadas pela

saturação de oxigénio 72%

Dos 103 doentes internados, 10

pandemia na Europa, com

(60–80) em ar ambiente. Todos

apresentaram tromboembolismo

quase 3.400 mortes e mais de

necessitaram de oxigenoterapia

pulmonar (9,7%).

10.000 doentes infectados no

através de máscara de alto fluxo

A mortalidade na UCI foi de

final de maio.

(15 L/min). Metade dos doentes

31,1% (IC 95%: 22,2–40%) e a

De 1 de março a 20 de abril de

apresentava sinais clínicos de

mortalidade intra-hospitalar foi

2020, foram reunidos dados de

SDR (53,4%, IC 95%: 43,3–63,3%),

de 33% (IC 95%: 24,6–43,3%). A

todos os doentes infectados com

e quase um quarto deles

mortalidade correlacionou-se

SARS-CoV-2 tratados por SME de

encontravam-se inquietos ou

directamente com a idade,

acordo com critérios à data da

confusos (24,3%, IC 95%: 16,4-

apresentação clínica inicial com

chamada (dificuldade

33,7 %).

maior gravidade, falência renal e

respiratória, dessaturação,

A duração média desde o início

tromboembolismo pulmonar.

alteração da consciência ou

dos sintomas até a chamada de

Nesta população, os doentes

choque) e que foram admitidos

emergência foi de 7 dias (4–10

com fenótipo Tipo 2

directamente em UCI. Foram

dias) e de 1 dia (1-2 dias) desde

apresentaram-se com sinais

ainda incluídos todos os doentes

o agravamento dos sintomas

francos de insuficiência

admitidos no SU internados

respiratórios até à chamada de

respiratória, no entanto, os

secundariamente em UCI nas

emergência.

doentes com fenótipo Tipo 1

primeiras duas horas.

Na maioria dos doentes 77,7% (IC

foram os que mais necessitaram

Para a população estudada,

95%: 71,8–88,3%) procedeu-se a

de IOT pré-hospitalar (71,1%

foram definidos os fenóticos

intubação orotraqueal (IOT)

versus 98,2%, p <0,01). Nos

clínicos: Tipo 1 - hipoxemia

pré-hospitalar.

doentes com fenótipo Tipo 2 a

silenciosa sem dificuldade

Logo após admissão em UCI, 67%

TC de tórax apresentou

respiratória aguda - e Tipo 2

foram submetidos a uma TC do

alterações pulmonares mais

- associando hipoxemia e

tórax sendo descritas alterações

graves e SAPS II mais elevado. A

síndrome da dificuldade

pulmonares típicas de infecção

gravidade do ARDS, mortalidade

respiratória (SDR).

por COVID-19 em 58% e

e permanência em UCI foi

compatíveis em 33,3%.

semelhante nos dois grupos.

RESULTADOS

Nas primeiras 24h a maioria dos

De 1 de março a 20 de abril

doentes (91,3%, IC 95%: 88,4–

foram incluídos 103 doentes com

99,6%) apresentou ARDS: 41,8%

idade média de 68 anos, sendo a

grave (razão P / F <100), 35,9%

maioria do sexo masculino

moderado (relação P / F: 100–

(78,6%, IC 95%: 72,8-89,1%),

200) e 13,6% ligeiro (relação P /

obesos (36,9%, IC 95%: 27,6-47%)

F: 200–300).

93

Indice

ou com excesso de peso (27,2%


Indice

André Abilio

94


JOURNAL CLUB

DISCUSSÃO

doentes inicialmente toleravam

Numa população de doentes

bem a hipoxemia grave mas a

críticos com suspeita de

deterioração clínica foi rápida e

COVID-19 abordados em

acabou por exigir IOT urgente.

ambiente pré-hospitalar, os

Para os autores foi essencial

autores destacam a importância

entender que os doentes com

da avaliação precoce e

fenótipo do Tipo 1 podem ser

admissão dos doentes com

erroneamente tranquilizadores,

hipoxemia silenciosa ou com

pois foram estes que

insuficiência respiratória aguda

apresentaram agravamento

directamente em UCI. Este foi o

clínico mais grave com

primeiro estudo publicado

necessidade de UCI.

(Novembro de 2020) que avaliou

Os autores referem que na

uma população de doentes

população estudada os doentes

críticos com COVID-19 em

graves devem ser tratados de

ambiente pré-hospitalar.

forma idêntica nas fases iniciais

A maioria dos doentes eram

da doença. No entanto, como a

homens idosos e com história de

mortalidade é comparável nos

hipertensão e a maioria

dois fenótipos clínicos, são

apresentou ARDS severo com

necessários mais estudos com

necessidade de ventilação

uma população maior.

mecânica prolongada. A mortalidade foi relativamente

CONCLUSÃO

elevada afectando cerca de 1/3

As infecções graves por SARS-

dos doentes.

CoV-2 têm, inegavelmente,

Os autores identificaram um

revelado duas apresentações

agravamento clínico ao 7º dia

clínicas distintas. No entanto, os

de infecção.

doentes que apresentam o

Durante a crise global, uma das

fenótipo Tipo 1 devem ser

principais preocupações das

abordados da mesma forma que

organizações mundiais foi de

os doentes com fenótipo Tipo 2,

não sobrecarregar os recursos de

incluindo admissão precoce em

medicina intensiva,

UCI ou em unidades

hospitalização e medicina de

diferenciadas

emergência disponíveis. No pico do surto, quando as UCI e os departamentos de emergência atingiram sua capacidade máxima, a hipótese dos

EDITORA

diferentes fenótipos surgiu para melhorar a abordagem ao doente e identificar os que necessitariam de uma Na população estudada, os

ANA RITA CLARA Médica VMER

95

Indice

abordagem mais intensiva.


Indice

96


O QUE FAZER EM CASO DE

O QUE FAZER EM CASO DE...

EM TEMPOS DE PANDEMIA COVID-19

MEDIDAS PREVENTIVAS

Na presente edição da LIFESAVING vamos destacar as medidas preventivas que fazem a diferença em tempos de pandemia. As medidas de prevenção são cruciais para minimizar o risco de contágio e André Abílio Rodrigues 1 1

Enfermeiro VMER, SIV

transmissão da doença COVID-19, e neste sentido, a Direção Geral de Saúde —DGS destaca várias medidas de prevenção, nas quais nos baseamos.

LAVE AS MÃOS ... • • • •

Com água e sabão ou com Solução de base alcoólica; Frequentemente e durante pelo menos 20 segundos; Quando chega a casa, e/ou local de trabalho Antes e depois de colocar a máscara;

USE A MÁSCARA ... • • • • • • •

Verifique qual o lado que deve voltar para a cara; Cubra o queixo e o nariz de maneira que fique bem ajustada; Evite tocar na máscara enquanto a usa; Não deve retirar a máscara para falar, tossir ou espirrar; A máscara cirúrgica deve ser trocada a cada 4 horas. Ou substitua a máscara por uma “nova”, sempre que esteja suja, húmida, danificada, e se tossir ou espirrar. A máscara “Comunitária” tem de ser certificada, e deverá ser lavada todos os dias com água quente e detergente; CUIDADO! O uso de viseira não substitui o uso da máscara

Distanciamento entre pessoas 1,5 a 2 metros

LIMPE E DESINFETE REGULARMENTE • As superfícies que mais vezes toca

INSTALE A APLICAÇÃO STAYAWAY COVID • https://stayawaycovid.pt/

ESTEJA ATENTO AOS SINTOMAS • Tosse • Febre • Dificuldade respiratória • Perda de olfato

BIBLIOGRAFIA 1. Manual DGS 2020, “Saúde e Atividades Diárias – Medidas Gerais de Prevenção e Controlo da COVID-19”, Volume 1, de 14/05/2020: https:// covid19.min-saude.pt/wp-content/ uploads/2020/05/ManualVOLUME1-1.pdf 2. Manual DGS 2020, “Distanciamento Social”, de 07/04/2020: https://covid19.min-saude.pt/ wp-content/uploads/2020/04/Distanciamentosocial-07-04-2020.pdf 3. Www.DGS.pt 4. Programa de edição de fotos: Painnt® EDITOR

• Diminuição ou perda de paladar

LIGUE SNS 24 — 808 24 24 24 ANDRÉ ABÍLIO RODRIGUES Enfermeiro SIV/VMER

97

Indice

ETIQUETA RESPIRATÓRIA • Cubra a boca e o nariz sempre que tossir ou espirrar; • Após a utilização do lenço, deite-o imediatamente para o lixo; • Lave as mãos


Indice

Isa Orge

98


CUIDAR DE NÓS

CUIDAR DE NÓS

A IMPORTÂNCIA DE CUMPRIR O PLANO DE VACINAÇÃO Helena Veloso Gomes1, Inês Marques1 Enfermeira USF Sol Nascente – Centro de Saúde de Albufeira, ARS Algarve

É sobejamente reconhecido o papel

possibilidade de contágio de

todos os anos por doenças como a

que a vacinação tem tido na

algumas patologias e, em alguns

Difteria, Tétano, Tosse Convulsa,

promoção da saúde das

casos a sua erradicação, como se

Poliomielite, Rubéola, Meningite,

populações, com resultados à

verificou com a varíola.

Sarampo, entre outras doenças.

escala mundial. A vacinação é

A vacinação, em Portugal, está

A inoculação de vacinas inicia-se

ainda, uma das formas mais

maioritariamente centralizada nos

nos primeiros dias de vida de um

eficazes e menos dispendiosas de

Cuidados de Saúde Primários, e

recém-nascido e repete-se em

prevenir doenças infecciosas, é um

constituí para os profissionais de

vários momentos-chave até aos

direito e um dever dos cidadãos,

enfermagem uma prioridade, e

dez anos, e para garantir uma

participando ativamente na

todos os momentos são uma

protecção mais efetiva e duradoura

decisão de se vacinarem com a

oportunidade para vacinar. Quanto

para algumas vacinas,

consciência que estão a defender a

maior a adesão a uma vacina

recomendam-se doses de reforço

sua saúde, a saúde pública e a

dentro de uma comunidade, menor

ou doses adicionais. Esquemas de

praticar cidadania (DGS, 2020).O

será a possibilidade de uma

recurso garantem que todos façam

impacto da vacinação na Saúde

doença contagiosa provocar uma

a vacinação, mesmo que se

Pública é um fato inestimável. Não

epidemia ou surto. Assim sendo,

atrasem em relação ao esquema

obstante a distribuição de água

quando nos vacinamos não

geral recomendado, para uma ou

potável, nenhuma outra intervenção

estamos apenas a proteger-nos

mais vacinas. O envolvimento e

teve ao longo dos anos um efeito

mas também a proteger aqueles

sensibilização dos pais/família da

tão importante para a redução das

que estão ao nosso redor. Vacinar

importância da vacinação infantil é

doenças e da mortalidade precoce

é, portanto uma responsabilidade e

fundamental para a adesão e para

(ARSLVT, 2010).

um ato de solidariedade

que o esquema vacinal se

Em Portugal, a administração de

Segundo a Direção-Geral da Saúde

complete. Neste campo os

vacinas iniciou-se no século XIX,

(DGS), a seleção das vacinas que

enfermeiros têm um papel crucial,

mas foi a partir de 1965, com a

integram o PNV é baseada na

a educação para a saúde

criação do Programa Nacional de

epidemiologia das patologias, na

contribuirá para a tomada de

Vacinação (PNV) que se verificou

evidência científica do seu

decisão informada e responsável.

uma considerável redução da

impacto, disponibilidade do

No atual contexto de Pandemia de

morbilidade e da mortalidade pelas

mercado e relação custo-

Covid-19, a DGS considera que é

doenças infeciosas alvo de

efetividade. Actualmente, estão

ainda mais importante relembrar a

vacinação, com consequentes

disponíveis vacinas para prevenir

importância da vacinação

ganhos em saúde. As vacinas

mais de 20 doenças fatais,

recomendada no PNV, recordando

permitem o controlo e eliminação

conseguindo-se assim prevenir

que esse é um direito de todas as

de doenças, reduzindo a

dois a três milhões de mortes

crianças, jovens e adultos (DGS,

99

Indice

1


Indice

FONTE: DGS,2020b

100


2020c). Face à atual situação no

caminhada de combate à pandemia

nosso país e no mundo, emerge a

que nós, como profissionais de

necessidade de vacinar contra a

saúde, deveremos encarar com

Covid-19. Todas as vacinas

responsabilidade e actuar como

COVID-19 disponíveis no mercado

modelo paradigmático a ser

para administração, foram

seguido pela sociedade civil

submetidas a rigorosos testes de segurança, eficácia e qualidade, de modo a obterem parecer positivo

BIBLIOGRAFIA

da Agência Europeia do

1.

ARSLVT (Administração Regional Saúde Lisboa e

Medicamento. Até ao final do mês

Vale do Tejo). (2010). Manual Rede Frio –

de Janeiro mais de 70 milhões de

Vacinas. Lisboa; ARSLVT.

doses foram já administradas, com

2.

DGS (Direção-Geral de Saúde). (2020a). Plano

todo o processo a demonstrar-se

Nacional de Vacinação 2020. Lisboa: Ministério

seguro e eficaz, mesmo em pessoas

da Saúde. Governo de Portugal. Direção- Geral de

de idade avançada e com patologia

saúde. Disponível em https://www.google.com/

crónica. Adicionalmente, o risco da

search?q=plano+nacional+de+vacina%C3%A7%C

ocorrência de efeitos secundários

3%A3o+2020+dgs&oq=plano&aqs=chrome.1.69i5

graves relacionados com as

7j69i59l2j35i39j0j0i433j0i131i433j69i61.5617j0j7

referidas vacinas é manifestamente

&sourceid=chrome&ie=UTF-8

inferior ao risco de complicações

3.

DGS (Direção -Geral de Saúde). (2020b). Esquema

graves em caso de doença

Vacinação Plano Nacional de Vacinação. Lisboa:

provocada pelo SARS-CoV-2.

Ministério da Saúde. Governo de Portugal.

Deste modo, à luz da evidência

Direção- Geral de saúde. Disponível em https://

científica actual, a vacinação

www.google.com/search?q=esquema+vacinal+pl

contra a COVID-19 deverá ser

ano+nacional+de+vacina%C3%A7%C3%A3o+2020

recomendada, promovendo-se uma

&tbm=isch&hl=pt-PT&sa=X&ved=2ahUKEwiwy63

campanha de informação e

N_6juAhUU0oUKHQRlCqMQrNwCKAF6BQgBENs

sensibilização que vise a tomada

B&biw=1366&bih=514#imgrc=wRJFGDZDtOgHo

de decisão consciente. Somente

M&imgdii=mSXJBVr_jsSFGM

então, aliando-se a vacinação às

4.

DGS (Direção- Geral de Saúde). Abril, (2020c).

medidas de protecção individual

Semana Europeia da Vacinação. Lisboa:

recomendadas pela DGS (Norma

Ministério da saúde. Governo de Portugal.

007/2020), poderemos activamente

Direção- Geral de Saúde. Disponível em https://

contribuir para a limitação da

www.sns.gov.pt/noticias/2020/04/20/

propagação do vírus e diminuição

semana-europeia-da-vacinacao-2020/

do número de casos com evolução

5.

WHO (World Health Organization). (2020).

severa o que, por conseguinte,

Disponível em https://www.who.int/

permitirá aliviar a enorme pressão

health-topics/vaccines-and-

exercida pela COVID-19 no Sistema

immunization#tab=tab_1

EDITORA

Nacional de Saúde. A imunidade produzida pela vacinação contra a COVID-19 absolutamente crucial nesta longa

SILVIA LABIZA Enfermeira VMER Heli INEM

101

Indice

afigura-se, assim, como uma etapa


Indice

102


CUIDAR DE NÓS

CUIDAR DE NÓS

VACINAÇÃO COVID-19 NOS PROFISSIONAIS DA EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR - UMA PRIORIDADE Bruno Santos1 1

COORDENADOR MÉDICO das VMER de Faro e Albufeira

Os Profissionais da emergência médica

hospitalar, com todas as outras forças

pré-hospitalar estão na realidade na

de Proteção Cívil (bombeiros sapadores,

primeira linha da "linha da frente" de

forças de segurança,...), e depois

first responders and public safety personnel, New York

combate à COVID-19, desenvolvendo a

também com todas as várias categorias

City, New York, USA, May–July 2020. Emerg Infect Dis.

missão de estabilizar e transportar

profissionais na entrega dos doentes no

doentes muitas vezes críticos, em

ambiente intra-hospitalar.

ambientes instáveis, imprevisíveis e

Esta combinação de risco e

confinados, com realização de

vulnerabilidade, distinta para os

procedimentos de elevado risco de

Profissionais que trabalham no ambiente

exposição ao vírus SARS-CoV 2.

intra-hospitalar, justifica assim que se

BIBLIOGRAFIA 1.

Sami S, Akinbami LJ, Petersen LR, Crawley A, Lukacs SL, Weiss D, et al. Prevalence of SARS-CoV-2 antibodies in

2021 Mar [date cited]. https://doi.org/10.3201/ eid2703.204340 2.

Prezant, D. J., Zeig-Owens, R., Schwartz, T., Liu, Y., Hurwitz, K., Beecher, S., & Weiden, M. D. (2020). Medical Leave Associated With COVID-19 Among Emergency Medical System Responders and Firefighters in New York City. JAMA network open, 3(7), e2016094. https://doi. org/10.1001/jamanetworkopen.2020.16094

3.

Hughes MM, GroenewoldMR, Lessem SE, et al. Update:

Por outro lado, as Equipas de

priorize a vacinação dos profissionais da

Emergência Médica, pela sua maior

emergência médica pré-hospitalar, como

— United States, February 12–July 16, 2020. MMWR

exposição em serviço, têm elevado risco

defendem vários organismos reguladores

Morb Mortal Wkly Rep 2020;69:1364–1368. DOI: https://

de contraírem a COVID-191, um maior

da distribuição e alocação de vacinas

risco de desenvolverem doença com

COVID-19, como o CDC nos Estados

SARS-CoV-2 Transmission From People Without

gravidade, e mesmo um risco acrescido

Unidos da América (colocando este grupo

COVID-19 Symptoms. JAMA Netw Open.

de morte por COVID-192,3.

profissional no topo da lista de

Dado que a transmissão da COVID-19 é

prioridades para a vacinação (fase 1a)5,6.

possível cerca de 48h antes dos doentes

A vacina COVID-19 tem sido

ficarem sintomáticos4, a abordagem no

massivamente aceite pelos Profissionais

local da ocorrência e o transporte em

da Emergência Médica pré-hospitalar, e

ambiente confinado da ambulância

tem sido por eles compreendida como

Characteristics of health care personnel with COVID-19

dx.doi.org/10.15585/mmwr.mm6938a3 4.

Johansson MA, Quandelacy TM, Kada S, et al.

2021;4(1):e2035057. doi:10.1001/ jamanetworkopen.2020.35057 5.

Dooling K, Marin M, Wallace M, et al. The Advisory Committee on Immunization Practices’ Updated Interim Recommendation for Allocation of COVID-19 Vaccine — United States, December 2020. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2021;69:1657-1660. DOI: http://dx.doi. org/10.15585/mmwr.mm695152e2external icon

6.

Evidence Table for COVID-19 Vaccines Allocation in

torna os Profissionais do pré-hospitalar

um sinal de esperança, pela noção de

particularmente vulneráveis.

proteção individual, dos seus familiares,

(Advisory Committee on Immunization Practices)

Por outro lado, e particularizando aos

dos seus Colegas de trabalho, e de todos

Vaccine Recommendations. https://www.cdc.gov/

Profissionais das VMER, não deve ser

aqueles com quem contatam no

menosprezado o acréscimo de risco

dia-à-dia, revelando um sentido de

resultante da realização de

responsabilidade profissional e ética, em

procedimentos mais invasivos, e

concordância com a diligência da

geradores de maior nº de aerossóis

missão que desempenham

Phase 1a of the Vaccination Program. COVID-19 ACIP

vaccines/hcp/acip-recs/vacc-specific/covid-19/ evidence-table.html

EDITOR

potencialmente infetantes. Destaca-se ainda o risco associado ao contacto abrangente com todos os outros BRUNO SANTOS Médico VMER

103

Indice

profissionais do socorro no pré-


Indice

104


EMERGÊNCIA INTERNACIONAL

EMERGÊNCIA INTERNACIONAL

EMERGÊNCIA MÉDICA NO REINO UNIDO NA ERA COVID-19 - ENTREVISTA A FERNANDO HIDALGO Caros Leitores, Continuamos em plena pandemia e a falar de SARS-CoV-2, pelo que hoje iremos até à Grã-Bretanha para percebermos como é que se combate esta doença com uma variante ainda mais contagiosa. Temos o prazer de vos apresentar o Dr. Fernando Hidalgo, licenciado em medicina e cirurgia pela Faculdade de Medicina de Badajoz. Já trabalhou em urgências de 32 hospitais até hoje, em Espanha, Portugal e Reino Unido. Desde 2016 trabalha como locum (médico tarefeiro) na Agência A&E, e por isso trabalha em diferentes hospitais no Reino Unido (motivo pelo qual já trabalhou num número tão elevado de hospitais). Os Editores,

LIFESAVING (LS) - Dr. Fernando

médica (National Officer for Medical

exame (European Board Examination

Hidalgo, pode-nos descrever de que

Education - NOME) durante 2 anos.

in Emergency Medicine – EBEEM)

forma chegou à medicina de

Aqui comecei a minha ligação à

para ser consultor europeu em

emergência?

formação no estrangeiro e a vontade

medicina de emergência e, se tudo

Fernando Hidalgo (FH) - A medicina foi

de um dia trabalhar no exterior. Eu

decorrer normalmente, será em

algo que sempre me atraiu desde

mal sabia que a maior parte da minha

setembro. A nível profisssional

criança, pode-se dever ao facto de ter

carreira profissional seria no

trabalho como locum em vários

contraído muitas doenças quando era

estrangeiro e não em Espanha.

hospitais embora maioritariamente

miúdo e infelizmente frequentava muito

Assim que me foi possível inscrevi-

na área de Birmingham, em alguns

os hospitais. As enfermeiras e os

me na Ordem dos Médicos em

dos melhores departamentos de

médicos eram muito queridos comigo e

Portugal e tive aí a minha primeira

emergência do país. Uma vez

isso fez-me gostar desta área. A partir

oportunidade no serviço de urgência

passado o EBEEM a minha ideia é

daqui comecei a dizer que queria cuidar

básica de Estremoz. Assim comecei

conseguir trabalhar como consultor

das outras crianças doentes e cá

a minha formação em urgênica e

nesses departamentos.

estou…o meu pai é guarda civil e a

emergência. O salto para o hospital

Também tenho vários projetos pessoais:

minha mãe é doméstica, não foi uma

foi uns anos depois, em Portimão,

- www.emergencias.org.es de

pressão familiar.

quando entrei para o hopital para

formação em emergência;

Estudei em Badajoz e fui vice-

integrar a equipa permanente no

- www.drfernando.es para dar uma

presidente da International Federation

serviço de urgência. Desde aí já

visão mais pessoal da medicina aos

of Medical Students Associations

passou algum tempo.

colegas e futuros médicos.

(IFMSA) e responsável pela educação

Agora estou a preparar-me para um

105

Indice

Eva Motero e Rúben Santos


LS - Então, perante tudo isto, como chegou até Inglaterra? FH – Já há muitos anos que tinha essa inquietude, tal como comentei anteriormente, desde que participei como estudante na IFMSA. Em 2012 e por culpa, ou graças, à crise o meu rendimento como médico em Portugal sofreu uma redução 60% e, desta forma, aproveitei a oportunidade. Registei-me em Inglaterra e vim para cá. Devo dizer que na altura o processo era mais simples (Reino Unido era membro da União Europeia). Provavelmente, se não fosse pelo motivo que referi anteriormente, iria protelar a minha vinda pois em Portugal tinha uma

Indice

vida relaxada e um bom trabalho.

Dr. Fernando Hidalgo, numa Sala de emergência

LS - Como está organizado o sistema

respeitados pelos colegas de outras

paciente chega ao serviço de

de emergência pré-hospitalar e

especialidades. Se eu telefonar para

urgência mas em condições muito

hospitalar, em Inglaterra? Consegue

um colega de outro departamento,

boas. Existem situações em que se

fazer uma comparação da gestão de

eles sabem que é por algum motivo,

pode deslocar uma equipa médica ao

recursos entre Espanha e Portugal?

presumem que não é algo simples, e

local, como num helicóptero, mas

FH - Para mim a grande difereça entre

vêm rapidamente.

não é habitual.

Reino Unido e Espanha e Portugal é

Temos uma entidade, a Royal

que aqui existe a especialidade de

Collegue of Emergency Medicine

LS – Qual, e como, foi a reação de

medicina de emergência. Foi criada há

(RCEM), que gere a informação e a

Inglaterra relativamente à pandemia?

mais de 50 anos, pioneira em todo o

formação e se articula entre todos os

Existem protocolos estabelecidos,

mundo. Isso faz com que as coisas

departamentos de emergência do

planos de contingência, recursos,

sejam muito diferentes.

país. Possuímos protocolos, existe

entre outros? Pode-nos falar um

O departamento de emergência é

uma entidade nacional que os revê

pouco de como se adaptaram a esta

dirigido por um consultor especialista

frequentemente, embora sejam

nova realidade?

em medicina de emergência que se

adaptados em cada departamento,

FH – Não posso dizer que é melhor

articula com outros consultores de

em função dos seus recursos.

ou pior que outros, tendo em conta

vários departamentos. É da sua

Na emergência pré-hospitalar o

os números. O que posso dizer é que

responsabilidade que tudo funcione

modelo é diferente de Portugal e

desde o primeiro minuto foram

bem e isso transparece. Eles

Espanha. Existem empresas públicas

criados protocolos de atuação a nível

possuem um grande conhecimento

(Trusts) de ambulâncias que

nacional por vários organismos como

técnico e científico mas também se

contratam paramédicos. Esta carreira

o RCEM, NHS (Serviço Nacional de

certificam de que tudo funciona

implica uma licenciatura universitária

Saúde), NHS Improvement (entidade

corretamente no seu departamento.

de 4 anos de duração e tenho que

que supervisiona a prestação de

O facto de ser uma especialidade faz

dizer que estão muito bem

cuidados de saúde), entre outros.

com que sejamos altamente

preparados. Na maioria das vezes o

Desde o primeiro minuto que os

106


departamentos se prepararam e

actualizado com tudo o que se foi

Cuidados Intensivos). A ventilação

tínhamos sempre atualizações

aprendendo. É grátis, podem ver mais

mecânica não invasiva é iniciada pela

diárias da situação e sempre com

em https://emergencias-org-es.

medicina interna embora a ITU

equipamentos de proteção individual.

thinkific.com/courses/enfermedad-

também esteja envolvida.

Eu, na verdade, sempre me senti

por-covid-19-un-enfoque-practico

protegido e com confiança total na gestão dos meus chefes. Eles

LS – Relativamente ao suporte

voltar à normalidade, aparece a nova

estiveram no departamento em todos

ventilatório destes doentes, têm

estirpe. Havia já alguma preparação ou

os momentos. Na verdade, no meu

algum protocolo específico?

lições aprendidas anteriormente?

caso, o diretor clínico é um consultor

Possuem algum estudo que revele as

FH – No que respeita à nova estirpe o

de medicina de emergência. Existe

vantagens e desvantagens relativas a

que sei é que estamos a ter muitos

um documento do RCEM que explica

determinado tratamento?

mais casos do que na primeira,

como os departamentos se tinham

FH – No caso da COVID-19 seguimos

paradoxalmente. O nosso

que adaptar à nova situação. Foi

as recomendações da NHS

departamento agora divide-se em:

criada uma pasta com vários

Improvement. Existem documentos

Majors (casos não covid);

documentos do RCEM, onde os

muito bons, que podem ver nos

RED ( Respiratory Emergency

departamentos partilharam os seus

seguintes endereços: https://

Department - para casos

protocolos. Podem consultar mais

bestpractice.bmj.com/topics/

suspeitos ou casos confirmados

informação no meu site, criei um

en-gb/3000201/treatment-algorithm e

com outra patologia associada);

curso sobre a COVID-19 no inicio da

https://icmanaesthesiacovid-19.org/

Triagem de ambulâncias;

pandemia baseado no BMJ (British

No Reino Unido a parte de ventilação

Minors (feridas, entre outros);

Medical Journal) e agora foi

é realizada na ITU (Unidade de

Pediatria.

107

Indice

LS – E de repente, quando tudo parecia


Planta do Serviço de Urgência, com áreas COVID.

O departamento "normal " (majors)

o podem ver no meu curso, que fala

LS – Como está a ser executado o

tem 20 divisórias/camas, RED (zona

sobre isso. Um sistema não pode

plano de vacinação em Inglaterra,

covid) tem 18. Neste momento

estar saturado de forma contínua,

dado considerar-se essencial para

existem muitos pacientes que

como é o caso do NHS, da segurança

evitar novas vagas?

chegam e têm que ficar à espera

social, o SNS português, por exemplo.

FH – Bem, eles começaram há semanas atrás. Existe um aplicativo

dentro da ambulância até que tenhamos espaço na nossa área

LS - Considera que existem fatores

onde nós, profissionais de saúde, nos

COVID (falamos por vezes até 6 horas

para que a nova estirpe afete mais o

registamos e dizemos onde queremos

de espera, nos últimos dias). Na ITU

Reino Unido ou, pelo contrário, será

ser vacinados, geralmente é no nosso

os colegas comentam que estão

como no caso da primeira vaga, que

hospital. Ainda não o fiz, mas tenho

sobrecarregados de casos muito

chega primeiro e virá para o resto da

vários colegas que já o fizeram há

graves, explicam que aqui não

Europa com a mesma intensidade?

várias semanas. A última informação

mudaram as indicações para ordens

FH - Não, acho que não, acho que por

que possuímos é que a segunda dose

de não reanimação e limitação

algum motivo é uma variante que está

deve ser tomada 21 dias depois, no

terapêutica mas que não vão

a ser mais contagiosa. Ou isso ou as

mínimo, mas já chegaram mensagens

conseguir entubar todos ou colocar

pessoas, embora mais obedientes do

às pessoas informando que teremos

uma ventilação mecânica não

que em Espanha, não cumprem as

de aguardar 8 semanas para receber

invasiva. Ainda estamos cheios.

medidas implementadas.

os próximos frascos.

Existe um documento do RCEM

Indice

acerca de lições aprendidas, também

108


Pormenor da planta do Serviço de Urgência, com áreas COVID.

LS - Existe alguma situação que o

LS – Muito obrigado pela sua

terá feito ponderar o que poderia

disponibilidade e tempo dedicado à

melhorar?

LIFESAVING e a esta rubrica.

FH - Pessoalmente? Proteger-me da

Obrigado por nos dar uma perspetiva

melhor maneira possível. Também

do seu percurso profissional e de

acredito que tudo teria corrido muito

como tudo acontece em Inglaterra

melhor se os responsáveis pela

neste momento

Saúde fossem profissionais de saúde com experiência clínica e alto

Desejamos que todos nós, juntos,

compromisso ético com o bem da

consigamos ultrapassar esta

sociedade e não com o bem da

pandemia, com saúde, protegidos,

política. Aqui a Secretária da Saúde

e que todos possamos aprender

não é profissional de saúde, então a

com tudo o que de menos bom está

sensação é que muitas políticas se

a acontecer.

EDITORA

têm pautado por interesses políticos. EVA MOTERO Médica VMER

Obrigado Dr. Fernando Hidalgo.

EDITOR

109

Indice

RÚBEN SANTOS Enfermeiro VMER


Indice

110


RUBRICA LEGISLAÇÃO

RUBRICA LEGISLAÇÃO

COMPENSAÇÃO AOS TRABALHADORES DO SNS ENVOLVIDOS NO COMBATE À PANDEMIA DA DOENÇA COVID-19 Ana Agostinho1, Isa Orge2

2

Enfermeira das VMER de Faro e Albufeira, Advogada

A 3 de Dezembro de 2020 foi

suspeitas e doentes infetados por

na sua redação atual, que, nos

publicado em Diário da República

COVID-19:

termos da Base 28 da Lei de Bases

o Decreto-Lei nº 101-B/2020 1 - o

a) Um dia de férias por cada

da Saúde (LBS), aprovada pela Lei

qual regulamenta o artigo 42º -A

período de 80 horas de trabalho

n.º 95/2019, de 4 de setembro,

da Lei nº 2/2020 de 31 de Março

normal efetivamente prestadas no

durante a vigência do estado de

(Lei do Orçamento de Estado para

período em que se verificou a

emergência declarado pelo Decreto

2020) na sua redação, à data, 2

situação de calamidade pública que

do Presidente da República n.º 14

(com as alterações da Lei n.º

fundamentou a declaração do

-A/2020, de 18 de março 4, e suas

27-A/2020 de 24/07 3 que procedeu

estado de emergência;

renovações, tenham praticado de

à sua segunda alteração e aditou

b) Um dia de férias por cada

forma continuada e relevante atos

o referido artigo) - tendo como

período de 48 horas de trabalho

diretamente relacionados com

Sumário: “Atribui uma

suplementar efetivamente

pessoas suspeitas e doentes

compensação aos trabalhadores do

prestadas no período em que se

infetados por SARS-CoV-2, quer

Serviço Nacional de Saúde

verificou a situação de calamidade

enquanto prestadores diretos de

envolvidos no combate à Pandemia

pública que fundamentou a

cuidados, quer como prestadores

da doença COVID-19”.

declaração do estado de

de atividades de suporte.“ (n.º 1 do

Assim, sob o título “Compensação

emergência;

artigo 2º - sublinhado nosso)

aos trabalhadores do Serviço

c) Um prémio de desempenho,

Nacional de Saúde envolvidos no

pago uma única vez,

Mais referindo no seu n.º 2, que,

combate à Pandemia da doença

correspondente ao valor

“…com as necessárias adaptações,

COVID-19”, reza o referido artigo

equivalente a 50 /prct. da

quando praticados actos e serviços

42º -A 2 o seguinte:

remuneração base mensal do

de saúde e desde que verificadas

“ Durante o ano de 2020, o Governo

trabalhador.

as condições estabelecidas no artigo 3º…” (que adiante se

atribui a todos os profissionais do

reproduzirá e que se intitula

SNS que, na vigência do estado de

Com a publicação do referido

emergência declarado pelo Decreto

Decreto-Lei, a 3 de Dezembro, é

“Requisitos da majoração do

do Presidente da República n.º

clarificado que este prémio se

período de férias e da atribuição do

14-A/2020, de 18 de março, e suas

aplica “… aos trabalhadores dos

prémio de desempenho”), o

renovações, exercessem funções

serviços e estabelecimentos do

disposto no referido Decreto-lei

em regime de trabalho subordinado

Serviço Nacional de Saúde (SNS)

mais se aplica:

no SNS e tenham praticado, nesse

vinculados por contrato de trabalho

“a) Aos enfermeiros e aos técnicos

período, de forma continuada e

em funções públicas ou contrato de

de emergência médica pré-

relevante, atos diretamente

trabalho celebrado ao abrigo do

hospitalar vinculados por contrato

relacionados com pessoas

Código do Trabalho, aprovado pela

de trabalho em funções públicas,

Lei n.º 7/2009, de 12 de fevereiro,

desde que integrados em equipas

1

111

Indice

1


Indice

de transporte pré-hospitalar e de

do artigo 3º.”

áreas e unidades ou num dos

colheita de amostras para teste

E no seu artigo 3º encontramos os

seguintes departamentos:

laboratorial, de pessoas suspeitas

requisitos exigidos aos

i) Áreas dedicadas à COVID-19 dos

e doentes infetados por SARS-

trabalhadores supra referidos,

estabelecimentos e serviços de

CoV-2 e verificadas as condições

para que tenham direito à

saúde definidos, até 26 de março

estabelecidas na alínea b) do artigo

majoração do período de férias e

de 2020, como unidades de

3º; (sublinhado nosso)

da atribuição do prémio de

referência de primeira e segunda

b) Aos trabalhadores civis do

desempenho.

linha para admissão de pessoas

Hospital das Forças Armadas que

Para o efeito terão assim que ter

suspeitas ou infetadas por

tenham praticado de forma

praticado, cumulativamente, atos:

SARS-CoV-2;

continuada e relevante atos

“a) Diretamente relacionados com

ii) Áreas dedicadas à COVID-19

diretamente relacionados com

pessoas suspeitas e doentes

(ADC), definidas nos termos da

pessoas suspeitas e doentes

infetados por SARS-CoV-2,

Norma n.º 004/2020, da Direção-

infetados por SARS-CoV-2, quer

considerando-se como tal os atos

Geral da Saúde, de 23 de março,

enquanto prestadores diretos de

praticados por parte de

nos cuidados de saúde primários e

cuidados, quer como prestadores

profissionais de saúde no contexto

nos serviços de urgência do SNS

de atividades de suporte e

de observação, avaliação clínica e

(ADC-Comunidade e ADC-SU),

verificadas as condições

abordagem terapêutica, bem como

incluindo, quando aplicável, as

cumulativas estabelecidas nas

de identificação de contactos,

enfermarias e unidades de

alíneas a) e b) do artigo 3º;

vigilância ativa e sobreativa de

cuidados intensivos dedicadas ao

c) Aos Profissionais dos serviços

contactos e de casos confirmados

tratamento de doentes com

médico-legais vinculados por

de doença, de investigação

COVID-19, bem como em unidades

contrato de trabalho em funções

epidemiológica e de colheita e

ou serviços de colheita e

públicas ao Instituto Nacional de

processamento de amostras para

processamento laboratorial;

Medicina Legal e Ciências

teste laboratorial de SARS-CoV-2;

iii) Unidades de saúde pública dos

Forenses, I.P., desde que integrados

b) De forma continuada,

agrupamentos de centros de

em equipas periciais e de colheita

considerando-se como tal os que

saúde e unidades locais de saúde

de amostras para teste laboratorial

consistem na realização efetiva de

e nos departamentos de saúde

de pessoas suspeitas e doentes ou

funções pelos profissionais de

pública das administrações

cadáveres infetados por SARS-

saúde, durante, pelo menos, 30 dias

regionais de saúde.”

CoV-2 e verificadas as condições

durante o todo o período em que

estabelecidas nas alíneas a) e b)

vigorou o estado de emergência e

No seu artigo 4º - e no que

do artigo 3º;

onde se incluem os dias de

concerne à majoração do período

d) Aos trabalhadores das unidades

descanso semanal obrigatório e

de férias referido no artigo 42º-A

e serviços de saúde prisionais da

complementar, bem como

da Lei n.º 2/2020 (2), o referido

Direção-Geral de Reinserção e

eventuais períodos de isolamento

Decreto-lei 1 - esclarece no seu n.º

Serviços Prisionais, vinculados por

profilático ou de doença resultante

1, que o direito do trabalhador a

contrato de trabalho em funções

de infeção por SARS-CoV-2, desde

um dia de férias por cada período

públicas que tenham praticado de

que decorrentes do exercício direto

- seja ele de 80 horas de trabalho

forma continuada e relevante atos

das funções;

normal, seja de 48 horas de

diretamente relacionados com

c) De forma relevante,

trabalho suplementar - se reporta

pessoas suspeitas e doentes

considerando-se como tal os

às horas efetivamente prestadas

infetados por SARS-CoV-2 e

praticados nos estabelecimentos e

durante o estado de emergência

verificadas as condições

serviços referidos no n.º 1 da Base

declarado pelo Decreto do

estabelecidas nas alíneas a) e b)

20 da LBS, numa das seguintes

Presidente da República n.º

112


RUBRICA LEGISLAÇÃO

14-A/2020, de 18 de Março 4, e

BIBLIOGRAFIA

suas renovações.

1.

Decreto-Lei n.º 101-B/2020 - Diário da

E no seu n.º 2, que: “Os dias de

República n.º 235/2020, 1º Suplemento, Série

férias resultantes do aumento

I de 2020-12-03 - https://dre.pt/home/-/

referido no número anterior

dre/150368755/details/maximized

podem ser gozados até ao final

2.

do ano de 2021.”

Lei n.º 2/2020 - Diário da República n.º 64/2020, Série I de 2020-03-31 https://www. pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.

No que concerne ao prémio de desempenho, regulamenta no seu

php?nid=3259&tabela=leis&so_miolo= 3.

Lei n.º 27-A/2020 - Diário da República n.º

artigo 5º que “Os trabalhadores

143/2020, 1º Suplemento, Série I de

abrangidos pelo artigo 2.º têm

2020-07-24 https://dre.pt/pesquisa/-/

direito a um prémio de

search/138762310/details/maximized

desempenho, a pagar uma única

4.

Decreto do Presidente da República n.º 14

vez, em 2020, equivalente a 50 % da

-A/2020 - Diário da República n.º 55/2020, 3º

sua remuneração base mensal, não

Suplemento, Série I de 2020-03-18

acrescida de qualquer outra,

https://dre.pt/pesquisa/-/search/130399862/

independentemente da natureza da

details/maximized

remuneração ou de suplemento

5.

remuneratório.(sublinhado nosso)

Decreto do Presidente da República n.º 17-A/2020 - Diário da República n.º 66/2020, 1º Suplemento, Série I de 2020-04-02

O Estado de Emergência

https://dre.pt/pesquisa/-/search/130399862/

declarado pelo Decreto do

details/maximized

Presidente da República n.º

6.

Decreto do Presidente da República n.º

14-A/2020, de 18 de Março 4, foi

20-A/2020 - Diário da República n.º 76/2020,

renovado por duas vezes através

1º Suplemento, Série I de 2020-04-17

do Decreto do Presidente da

https://dre.pt/home/-/dre/131908497/

República n.º 17-A/2020, de 2 de

details/maximized

Abril 5, e do Decreto do Presidente da República n.º 20-A/2020, de 17 de Abril 6.

EDITORA

Teve assim o seu início às 00:00 horas do dia 19 de Março, e por força das referidas renovações vigorou até às 23:59 horas do dia 2 de Maio

ANA AGOSTINHO Enfermeira VMER

EDITORA

113

Indice

ISA ORGE Advogada


Indice

114


MITOS URBANOS

MITOS URBANOS

A SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINAS PODE AJUDAR NA PREVENÇÃO E NO TRATAMENTO DA COVID 19? Christian Chauvin1 1

Médico VMER, CODU

Bem-vindos a mais uma edição dos Mitos Urbanos. O tema abordado desta vez nasceu de uma necessidade de responder a perguntas e dúvidas frequentes do dia-a-dia colocados por pacientes, familiares e amigos a viver o actual contexto da pandemia Covid 19: Além das recomendações gerais de higiene, distanciamento e uso de máscaras, o que mais posso fazer para diminuir os riscos associados a Covid 19 para mim, a minha família e os meus amigos? O Editor, Christian Chauvin O mundo está actualmente envolvido

utilização de máscaras faciais.

ácidos gordos ómega-3 podem ter

na pandemia do coronavírus

Iniciou-se no final de Dezembro de

um efeito benéfico, através dos seus

(COVID-19), causada pelo vírus

2020 uma campanha mundial de

efeitos antioxidantes e de

SARS-CoV-2, que tal como todos os

vacinação com a intenção de criar

imunomodulação, reduzindo

vírus do grupo dos coronavírus e

imunidade de grupo para proteger a

potencialmente a carga viral SARS-

influenza, é bastante mutante, como

população contra os efeitos da

CoV-2, a severidade da doença e a

estratégia de propagação entre seres

doença mas as dificuldades

duração da hospitalização.1,2

humanos. A infecção pode causar

logísticas para vacinar um número

Deficiências nestes nutrientes podem

febre, tosse seca, fadiga, originando

tão elevado de pessoas em tão

agravar a disfunção imunitária, e

muitas vezes pneumonia, síndrome

pouco tempo é enorme.

aumentar a susceptibilidade à

em alguns casos, morte. A COVID-19

Sendo assim há algo mais que

A insuficiência dietética de

afecta o sistema imunológico ao

possamos fazer para nos

micronutrientes como vitaminas e

provocar uma resposta inflamatória

protegermos a nós e aos outros?

minerais é prevalente em grupos de

sistémica, ou síndrome de libertação

A doença afecta

alto risco de doentes COVID-19, como

de citoquina. Muitos doentes com

desproporcionalmente os idosos,

por exemplo nos idosos, onde pode

COVID-19 demostraram altos níveis

tanto directamente, como através de

aumentar o risco de morbilidade e de

de citoquinas e quimioquinas

um número significativo de co-

mortalidade.2

pró-inflamatórias.

morbilidades relacionadas com a

É de conhecimento geral que a

Apesar de já existirem medicamentos

idade. Evidências científicas recentes

população idosa é mais propensa a

aprovados com bons resultados para

destacaram que a suplementação

ter uma alimentação deficiente e ter

tratar doentes infectados com o vírus

nutricional poderia desempenhar um

a sua imunidade significativamente

SARS-CoV-2, o seu uso encontra-se

papel de apoio e prevenção

comprometida através da imuno-

limitado, dando preferência a

importante em pacientes COVID-19.

senescência, aumentando assim os

estratégias de prevenção como o

Administração de doses diárias mais

perigos associados a uma infecção

distanciamento social, a lavagem das

elevadas de nutrientes tais como

pelo SARS-CoV-2.

mãos e etiqueta respiratória, e a

vitaminas D, C, selénio, de zinco e os

Para compreender melhor a função

1,2

115

Indice

infecção patológica.1,2

do desconforto respiratório agudo e,


de cada um dos micronutriente

regulados pela vitamina D. Embora

O zinco

mencionados, e o seu potencial

ainda não tenha sido comprovada a

Acredita-se que o zinco, um

benefício como adjuvante terapêutico

sua eficácia no COVID-19, o uso de

micronutriente essencial, tenha

segue uma pequena introdução a

vitamina D tem sido associado a uma

propriedades imunomoduladoras e

cada um deles.

redução da incidência e gravidade de

antivirais. Os efeitos fisiológicos

outras infecções virais e pode reduzir

adversos de zinco incluem:

A vitamina D

as citoquinas pro-inflamatórias, que

Os doentes infectados com SAR-

estão associadas a doenças mais

CoV-2 que são vitamina D-deficientes

graves e ao aumento da mortalidade

têm um pior desfecho que aqueles

no COVID-19.

Remodelação do tecido pulmonar;

que apresentam valores suficientes

Alterações na função de barreira

A vitamina C

celular no tecido epitelial

levou os investigadores a considerar

A vitamina C, um captador de radicais

pulmonar;

o possível papel imunomodulatório

de oxigénio, tem actividades

da vitamina D. O benefício potencial

antioxidantes e a deficiência está

da vitamina D decorre da sua

associada a perturbações no

capacidade de estimular a expressão

equilíbrio entre a actividade

de péptidos antimicrobianos, que

antioxidante e a formação de

O zinco interfere na síntese e

ajudam a manter a integridade das

oxidantes. A suplementação com

replicação viral, incluindo a dos

junções epiteliais apertadas

vitamina C pode ser preventiva contra

coronavírus. Na COVID-19, a

(ephithelial tight junctions); melhoria

infecções virais e pode reduzir a sua

suplementação de zinco pode reduzir

da expressão de genes antioxidantes

duração e gravidade. Reduz as

os sintomas, como infecção do trato

que conduzem a uma redução da

citoquinas pro-inflamatórias, que são

respiratório inferior, inibindo o

inflamação; promoção da produção

activadas no COVID-19 e podem

desencapsulamento (uncoating),

de macrófagos e superóxidos;

desempenhar um papel na

ligação e replicação viral.5

fagocitose; supressão da actividade

tempestade de citoquinas; aumenta

da célula ajudante T tipo 1; redução

as citoquinas anti-inflamatórias;

O selénio

da produção de citoquina pro-

reduz os níveis de TNF-alfa, uma

A deficiência de selénio pode ser um

inflamatória; reforço das citoquinas

citoquina pro-inflamatória que pode

factor de risco para mortalidade por

anti-inflamatórias; e estimulação das

facilitar a entrada de SARS-CoV-2 em

COVID-19.

células T reguladoras supressivas.

células hospedeiras; e aumenta os

A deficiência de vitamina D também

níveis IL-10, o que por sua vez reduz a

foi implicada em co-morbididades

inflamação.

que são factores de risco para a

tem um papel na sépsis secundária à

infecção do coronavírus, bem como

pneumonia, uma das principais

antiviral ao regular a resposta das

na idade avançada, que tem sido

complicações em doentes com

células T CD4+;

associado a um resultado mais grave

Covid-19. Os pacientes com

ou normais de vitamina D

1,2,3

1

da COVID-19.

1,2,3

Os níveis adequados

1,2,3

linfócitos; •

Deterioração da função dos linfócitos.5

Níveis baixos de selénio exacerbam a virulência e a

A vitamina C também

4

Redução na contagem de

progressão das infecções virais. •

infecções respiratórias agudas, como

O selénio demonstra efeito

O selénio é importante para a função das células efectoras citotóxicas.

de vitamina D podem ser

pneumonia ou tuberculose, têm

inversamente correlacionados com a

concentrações plasmáticas

papel importante na produção

expressão da proteína C-reactiva, um

diminuídas de vitamina C e, a

de anticorpos.

marcador de inflamação, e com um

administração de vitamina C reduz a

menor risco de coagulopatia e

gravidade e a duração da pneumonia

selénio plasmático foi

em pacientes idosos.

correlacionada com aumento de

imunossupressão.

1,2,3

Os alvos

proteicos no SARS-CoV-2 podem ser

Indice

pró-inflamatórias;

1,2,3

o que

Um aumento das citoquinas

116

1

O selénio desempenha um

Uma baixa concentração de

danos aos tecidos, presença de


MITOS URBANOS

infecção e falência de órgãos, bem

vírus no caso de uma infecção),

sono adequado, assim como também

como aumento da mortalidade em

Células T (que destroem o vírus) e

a falta de exposição solar, são

pacientes de UCI.

células B (para se lembrar do vírus e

factores que, ao interferirem com o

agir imediatamente para destruí-lo no

sistema imunitário, contribuem para

Os ácidos gordos ómega 3

caso de uma infecção futura), entre

uma resposta inadequada à

Os ácidos gordos ômega-3 e ômega-6

outras.

exposição ao SARS CoV-2. Corrigir

1

6

são componentes importantes das

estas deficiências pode ser decisivo

membranas celulares que contribuem

Em conclusão, os ácidos gordos

na resposta imunitária e fazer toda a

para a estrutura, fluidez, flexibilidade,

ômega-3 podem ajudar a prevenir a

diferença em não deixar o vírus tomar

actividade enzimática e sinalização

doença COVID-19 de seguinte forma:

conta do nosso corpo, e em último

entre as células. O equilíbrio de

caso da nossa vida.

Aumentar a actividade das células

ómega-3 e -6 dentro das membranas

imunes necessárias para identificar

celulares é de importância

e destruir o vírus, diminuindo,

Apresento assim um pequeno guia

fundamental, particularmente na

portanto, a probabilidade de

das quantidades diárias

regulação da inflamação, e esse

ligação viral e invasão;

recomendadas para a toma de cada

Promover o desenvolvimento de

um dos micronutrientes que foram

contribui para a protecção ou

células T reguladoras e um

abordados:7,8,9,10

susceptibilidade a doenças.6

processo inflamatório controlado;

equilíbrio, em última analise,

Quando o corpo é infectado por um

Inibir a inflamação, ao diminuir

Vitamina D: 1000 a 4000 UI por dia,

microrganismo, como um vírus como

a produção de produtos

através de boa suplementação

o SARS-CoV-2, a infecção leva a

químicos inflamatórios e assim

vitamínica, ou através da

várias respostas das células do

reduzir ou evitar uma

alimentação e da luz solar (cerca de

sistema imunológico, uma das quais

tempestade de citoquinas;

6

Alimentos ricos em Vitamina D: Óleo

resposta inflamatória. Os ómega-3 e

Como podemos então utilizar estes

de Fígado de Bacalhau: 1 colher de

-6 na membrana celular são

dados para transformá-los em

sopa contém 1.360 UI (acima de

activados de maneiras diferentes

conselhos práticos do dia-a-dia?

100% dos valores diários); Salmão

para desempenhar papéis diferentes

É óbvio que não vai ser suficiente

Selvagem: Aproximadamente 100

na inflamação. Os ômega-6 (como o

correr até a farmácia ou ervanária,

gramas contêm 447 UI (acima 100%

AA) são essenciais para iniciar e

comprar comprimidos de Vitamina D,

dos valores diários); Cavala:

manter a resposta inflamatória - uma

C, Zinco etc. para estarmos

Aproximadamente 100 gramas

função fisiológica necessária para a

protegidos contra a Covid 19.

contêm 306 UI (76% dos valores

cura de lesões e infecções. Os

Cada pessoa, cada corpo é diferente,

diários); Atum: Aproximadamente

ômega-3 (como DHA e EPA) são

com hábitos que favorecem e outros que

100 gramas contêm 154 UI (39% dos

prejudicam aquilo que é a nossa arma

valores diários); Sardinhas: 2

resolução do processo inflamatório.

principal, o nosso sistema imunológico.

sardinhas contêm 47 UI (12 dos

Eles são incorporados na membrana

Mas todos temos algo em comum:

valores diários); Fígado bovino:

das células que têm um papel na

podemos fazer muito para o ajudar e

Aproximadamente 100 gramas

resposta imunológica e

melhorar através de pequenas (e as

contêm 42 UI (11% dos valores

demonstraram aumentar a activação

vezes grandes) mudanças nas

diários); Ovos: 1 ovo contém 41 UI

de células imunocompetentes

nossas rotinas diárias.

(10% dos valores diários).7,8,9,10

específicas, como macrófagos,

A Obesidade, tabagismo, diabetes,

neutrófilos e células dendríticas (os

sedentarismo, alimentação deficiente

Vitamina C: A dosagem diariamente

primeiros respondedores que ajudam

em micronutrientes essenciais,

recomendada (DDR) é 90mg/dia (6).

a identificar patogénicos como os

desidratação, falta de descanso e

Mas em situações de necessidade,

anti-inflamatórios e promovem a 6

117

Indice

é uma activação adequada da

20 a 30 minutos de sol directo diário).


como o stress físico ou psíquico,

Zinco: Neste caso é importante incluir

Caro leitor, chegamos ao fim da

infecções virais ou bacterianas, as

algumas das fontes abaixo indicadas

apresentação deste tema vasto,

necessidades do corpo podem

na alimentação diária. Assim não será

complexo e em constante evolução e

aumentar até 20 vezes este valor. É

necessário de adicionar suplementos

mudança. Estudos comprovam que a

considerado seguro tomar até

uma vez que a quantidade diária pode

suplementação de micronutrientes

2000mg de vitamina C por dia,

ser obtida desta forma.7,8,9,10

têm um papel importante e pode

dividido em várias fracções ou

Alimentos ricos em Zinco: carne de

ajudar a combater a COVID 19.

através de suplementos com

cordeiro, sementes de abóbora,

libertação prolongada (a forma

grão-de-bico, cacau em pó, castanhas,

Ao assumir um papel activo nesta luta,

ideal).7,8,9,10

kefir, cogumelos, espinafre, frango.7,8,9,10

cada um de nós pode contribuir para

Indice

que num futuro muito próximo, os dias

No caso da vitamina C é recomendado recorrer a

Selénio: Tal como o zinco, a

de hoje passem a ser uma mera

suplementos, dado que a pequena

quantidade diaria necessária pode ser

memória ultrapassada pela

quantidade desta vitamina

alcançada através de uma alimentação

comunidade humana

presente nos alimentos disponíveis

variada e equilibrada. Em caso de

condicionaria a necessidade de

deficiência, a dosagem suplementar é

grandes quantidades de fruta e

entre 20e 70mcg/dia.7,8,9,10

legumes para alcançar as

Alimentos ricos em selénio: castanha

dosagens estipuladas.

do Pará, farinha de trigo integral, ovo.

118


MITOS URBANOS BIBLIOGRAFIA 1.

The Role of Vitamin C, Vitamin D, and Selenium in Immune System against COVID-19. Minkyung Bae 1 and Hyeyoung Kim 2, Molecules 2020, 25, 5346

2.

Potential interventions for novel coronavirus in China: A systematic review. Zhang, L.; Liu, Y. J. Med. Virol. 2020, 92, 479–490

3.

Vitamin D and inflammation: Potential implications for severity of COVID 19. E. Laird, J. Rhodes, R. A. Kenny ; Ir Med J, Vol 113, No 5, P81

4.

Diagnosis-wide analysis of COVID-19 complications: an exposure-crossover study William Murk, Monica Gierada, Michael Fralick, Andrew Weckstein, Reyna Klesh and Jeremy A. Rassen. CMAJ January 04, 2021 193 (1) E10-E18;

5.

Immune-boosting role of vitamins D, C, E, zinc, selenium and omega-3 fatty acids: Could they help against COVID-19? Hira Shakoor, Jack Feehan, Ayesha S. Al Dhaheri, Habiba I. Ali, Carine Platat, Leila Cheikh Ismail, Vasso Apostolopoulos, Lily Stojanovska. Maturitas| VOLUME 143, P1-9, JANUARY 01, 2021

6.

Omega 3 Fatty Acids and COVID-19: A Comprehensive Review. Donald Hathaway III , Krunal Pandav , Madhusudan Patel , Adrian Riva-Moscoso , Bishnu Mohan Singh , Aayushi Patel , Zar Chi Min , Sarabjot Singh-Makkar , Muhammad Khawar Sana , Rafael SanchezDopazo , Rockeven Desir , Michael Maher Mourad Fahem , Susan Manella , Ivan Rodriguez , Alina Alvarez , and Rafael Abreu Infect Chemother. 2020 Dec;52(4):478-495

7.

https://www.mundoboaforma.com.br/ suplementacao-de-vitamina-d-quanto-por-dia

8.

https://www.abc-alimentos.com/dose-diariarecomendada-vitaminas.html

9.

EDITOR

https://www.livestrong.com/article/410804vitamin-c-maximum-dosage/ https://www.tuasaude.com/alimentos-ricosem-selenio/ CHRISTIAN CHAUVIN Médico VMER CODU

119

Indice

10.


Indice

João Cláudio Guiomar

120


NÓS E OS OUTROS

NÓS E OS OUTROS

NOVO VERBETE NACIONAL DE SOCORRO

Filipa Barros1, João Lourenço2, João Nunes3 Médica do Departamento de Emergência Médica - INEM, Enfermeiro do Gabinete de Coordenação Regional do SIEM-INEM; 3 Técnico Superior do Gabinete de Marketing e Comunicação do INEM 1 2

Além das suas dimensões médico-

informação entre os vários intervenientes,

Atualização

legais, institucionais, investigacionais e

até agora distribuída de forma

O conteúdo clínico deste novo verbete

pedagógicas, o registo clínico é um

assimétrica. A natureza da sua

permite o registo da avaliação da dor (5º

instrumento operacional e um

transversalidade permite a integração dos

sinal vital), do EndTidal CO2 (EtCO2), de

componente decisivo dos cuidados

vários níveis de resposta do SIEM, sendo

escalas de estratificação de risco e

médicos, que contribui para a garantia

utilizado de acordo com a natureza das

avaliação clínica, de variadíssimos

da sua qualidade. As várias estruturas

competências do operacional do meio em

procedimentos previamente não

do Sistema Integrado de Emergência

que se insere.

descritos e da identificação das lesões

Médica (SIEM) em Portugal têm

através de diagrama corporal.

procurado autonomamente encontrar

Este documento pretende ser a

uma forma organizada e racional de

redundância em papel do software

Uniformização

executar os seus registos, existindo por

ITEAMS, perspetivando a

Até à entrada em vigor do novo Verbete

isso, antes da adoção deste novo

informatização total do sistema como

Nacional de Socorro existiam em

processo, diferentes formatos de

uma realidade nacional.

utilização vários suportes de registo

resposta à mesma necessidade.

diferentes, dificultando o tratamento dos Desta forma, a criação do Verbete

dados, o preenchimento entre

Assim, paralelamente ao projeto piloto

Nacional de Socorro teve por base vários

operacionais de vários meios e a logística

INEM Tool for Emergency Alert Medical

objetivos distintos:

de impressão e reposição. Neste

System (ITEAMS), que neste momento já

de 150 meios operacionais em todo o

momento o verbete é único e pretende

verbetes existentes

dar resposta às necessidades das

Uniformização do modelo e formato

diferentes categorias profissionais.

país, entre Helicópteros de Emergência

de registo clínico entre todos os

Médica, Viaturas Médicas de Emergência

intervenientes SIEM

Implementação

Implementação de um instrumento

O uso de escalas de alerta precoce é

Imediato de Vida, Ambulâncias e

de apoio à tomada de decisão e à

comum no panorama hospitalar quer

Motociclos de Emergência Médica,

passagem de dados

nacional, quer internacional, sendo que a

Equiparação na lógica de

sua utilidade extra-hospitalar é já

Reservas, o INEM entendeu desenvolver

preenchimento e tratamento

reconhecida em vários países. 1,2 A sua

um novo documento de registo clínico

estatístico

utilização no pré-hospitalar pretende auxiliar

Adaptação aos novos processos

os operacionais na identificação precoce,

atualize e harmonize o processo de

administrativos, protocolos de

estratificação de risco e passagem de

registo, contribuindo igualmente para

atuação e otimização de produção

dados ao Centro de Orientação de Doentes

e Reanimação, Ambulâncias de Suporte

Postos de Emergência Médica e

que para além da componente clínica,

uniformizar e simplificar o acesso à

Urgentes (CODU) para regulação médica.

121

Indice

se encontra em funcionamento em mais

Atualização do conteúdo clínico dos


originais e propriedade do INEM

Neste novo verbete nacional de socorro

Identification, Situation, Background,

escrito foram previstas paralelamente e

estão replicadas todas as escalas e

Assessment, Recommendation

em vários idiomas.

scores de gravidade existentes no

(ISBAR), de acordo com o

Além disso, a distribuição gráfica dos

ITEAMS, podendo ser usadas pelos

preconizado pela DGS 13.

vários campos ao longo documento, seguem uma lógica fiel à evolução do

profissionais em função da necessidade do doente e competência do profissional.

De forma a facilitar o uso, avaliação e

próprio serviço e da abordagem clínica à

As escalas, scores e métodos dizem

cálculo das diversas escalas, scores e

vítima, conduzindo o seu preenchimento

respeito a quatro grandes grupos:

ISBAR, estas encontram-se disponíveis

de acordo com as prioridades certas das

Identificação da gravidade - National

para consulta no verso do verbete e para

diversas variáveis.

Early Warning Score (NEWS) ,

registo na frente, de acordo com o

Triângulo de Avaliação Pediátrica

momento adequado em que devem ser

Adaptação

(TAP) , score ProACS (escala de

avaliadas e registadas.

Por forma a dar resposta a novos

1,2

3,4

estratificação de risco de

processos administrativos, protocolos de Equiparação

atuação e otimização de produção, a

Síndromes Coronárias Agudas) ;

Os vários campos do Verbete Nacional de

implementação do documento decorreu

Défice neurológico - Escala de Coma

Socorro correspondem a separadores e

em várias fases de análise e aprovação,

de Glasgow actualizada, Escala de

campos do ITEAMS (ex. identificação,

provas de terreno, recolha de feedbacks e

Cincinnati e a Rapid Arterial

avaliação, procedimentos) o que permite

adaptações a inúmeros regulamentos e

Occlusion Evaluation Scale (RACE) ,

não só a familiarização do processo por

orientações em vigor, que levou até à data

Vias Verdes - Revised Trauma Score

parte do utilizador entre os dois suportes

ao desenvolvimento de três versões, num

(RTS) , Mechanism, Glasgow Coma

(informático e papel), como a extração

processo de melhoria contínua que se

Scale, Age, Arterial Pressure (MGAP)

equiparada dos dados para fins de

mantém sensível a novas variáveis.

e os critérios de Via Verde Sépsis da

estudos ou tratamento estatístico.

Direção Geral da Saúde (DGS)12.

Também a inclusão das orientações da

Uniformização da transmissão da

DGS14 no que concerne ao consentimento

informação clínica - Método

informado, esclarecido e livre dado por

mortalidade hospitalar nas 5,6

7,8

9

10

11

Indice

122


NÓS E OS OUTROS

Para simplificar o seu processo de

7.

Kothari RU, Pancioli A, Liu T, Brott T, Broderick J.

implementação, o INEM promoveu um

Cincinnati Prehospital Stroke Scale: reproducibility and

webinar público onde apresentou o novo

validity. Ann Emerg Med. 1999;33(4):373-378. http://

documento e recolheu propostas de

www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10092713

melhoria (maioritariamente

8.

Maddali A, Razack FA, Cattamanchi S, Ramakrishnan T

implementadas), depois publicou as

V. Validation of the Cincinnati Prehospital Stroke Scale.

respostas ao conjunto de perguntas

2019;11(2):111-114. doi:10.4103/JETS.JETS

mais comuns no seu site e disponibiliza

9.

De La Ossa NP, Carrera D, Gorchs M, et al. Design and

agora uma breve formação online

validation of a prehospital stroke scale to predict large

gratuita a todos os operacionais, o que

arterial occlusion : The rapid arterial occlusion

permitiu a adoção da ferramenta de

evaluation scale. Stroke. 2014;45(1):87-91. doi:10.1161/

forma muito natural, positiva e sem

STROKEAHA.113.003071

registo de intercorrências.

10.

Champion HR, Sacco WJ, Copes WS, Gann DS,

Acreditamos que este é seguramente

Gennarelli TA, Flanagan ME. A Revision of the Trauma

um passo importante na uniformização

Score. J Trauma. 1989;29(5):623-629.

do socorro e consequentemente na

11.

Sartorius D, Le Manach Y, David J-S, et al. Mechanism,

melhoria da qualidade do serviço que

Glasgow Coma Scale, Age, and Arterial Pressure

todos prestamos

(MGAP): A new simple prehospital triage score to predict mortality in trauma patients*. Crit Care Med. 2010;38(3):831-837. doi:10.1097/

BIBLIOGRAFIA 1.

CCM.0b013e3181cc4a67

Abbott TEF, Cron N, Vaid N, Ip D, Torrance HDT, Emmanuel J. Pre-hospital National Early Warning Score

12.

2017. https://www.dgs.pt/directrizes-da-dgs/

( NEWS ) is associated with in- hospital mortality and

normas-e-circulares-normativas/norma-n-0102016-de-

critical care unit admission : A cohort study. Ann Med

30092016-pdf.aspx

Surg. 2018;27(December 2017):17-21. doi:10.1016/j. amsu.2018.01.006 2.

13.

saúde. Published online 2017:8. https://www.dgs.pt/

prehospital National Early Warning Score identify

directrizes-da-dgs/normas-e-circulares-normativas/

patients most at risk from subsequent deterioration ?

norma-n-0012017-de-08022017-pdf.aspx

Emerg Med J. Published online 2017:1-5. doi:10.1136/

3.

Fernández A, Ares MI, Garcia S, Martinez-Indart L, Mintegi S, Benito J. The Validity of the Pediatric Assessment Triangle as the First Step in the Triage Process in a Pediatric Emergency Department. Pediatr

Direção-Geral da Saúde. Norma DGS n.o 001/2017: Comunicação eficaz na transição de cuidados de

Shaw J, Fothergill RT, Clark S, Moore F. Can the

emermed-2016-206115

Direção-Geral da Saúde. Via Verde Sépsis No Adulto.;

14.

Direção-Geral da Saúde. Norma DGS n.o 015/2013: Consentimento Informado, Esclarecido e Livre Dado por Escrito. https://www.dgs.pt/directrizes-da-dgs/ normas-e-circulares-normativas/norma-n-0152013-de03102013-pdf.aspx

Emerg Care. 2017;33(4):234-238. doi:10.1097/ PEC.0000000000000717 4.

Horeczko T, Gausche-hill M. The paediatric assessment triangle : a powerful tool for the prehospital provider. J

EDITOR

Paramed Pract. 2010;3(1). 5.

Timóteo AT, Rosa SA, Nogueira MA, Belo A, Ferreira RC. Revista Portuguesa de Cardiologia. 2016;35(6):323-328. Gonçalves P de A. Estratificação de risco nas síndromes coronárias agudas --- quando o ótimo é

JOÃO CLÁUDIO GUIOMAR Enfermeiro VMER

inimigo do bom. Rev Port Cardiol. 2016;35(6):329-330.

123

Indice

6.


“UM PEDACINHO DE NÓS”

UM PEDACINHO DE NÓS Ana Rodrigues1, Teresa Castro 2 Enfermeira das VMER de Faro e Albufeira, Enfermeira da VMER de Albufeira

1

Indice

2

Voltamos de novo, desta vez para

inquestionável Porto. O nosso

O secundário, completa-o na

vos dar a conhecer mais um dos

convidado é tão vaidoso com as

cidade do Porto e depois informa-

nossos elementos de equipa da

suas origens, que nos deixa estas

nos que faz 3 tentativas até

VMER Faro / Albufeira,

bonitas citações:

conseguir entrar na sua

Drº Pedro Oliveira e Silva.

“Podemos deixar Labruge, mas

verdadeira vocação, que é a

Este médico, conta-nos ser filho

Labruge nunca nos deixa!”

Medicina. Descreve-nos assim,

único, muito mimado e protegido

“Adoro a minha cidade cheia de

que no seu primeiro ano entrou

pela sua família!

neve…fazer parte do lote dos

em Biologia na FCUP, no segundo

Oriundo como o próprio diz, da

sortudos que lá passam, é algo

ano, com menos sorte não

terra mais linda do mundo, com

que marca e nos modifica, nem

conseguiu entrada na

um encanto apaixonante…Labruge!

que seja na capacidade de

Universidade e tentou adaptar-se

Labruge, é uma freguesia

resistência ao frio!”

ao escritório de contabilidade do

portuguesa do concelho de Vila

Quanto ao seu percurso escolar e

seu pai, que o próprio afirma não

do Conde, banhada pelo oceano

académico, inicia a sua

ter gostado desta experiência, já

Atlântico, situada a 18

aprendizagem, na sua estimada

na sua terceira e última tentativa,

quilómetros da “invicta”, o nosso

terrinha de Labruge.

quando se preparava para desistir

124


da Medicina e seguir Veterinária

grande dilema, demostrando que

o mesmo ouvia diversas vezes:

em Vila Real, conseguiu a sua

estar na medicina é na verdade

“Pedro, tens de ter calma e

grande oportunidade em Medicina

agir e agir no momento, afirma

escolher uma especialidade suave

na Covilhã, e diz nunca mais ter

com toda a convicção que

para a tua vida!

olhado para trás… concluiu este

Medicina de Emergência

Mas, como vocês bem me

percurso com muito mérito,

(referindo-se à sua atuação na

conhecem, a calma e o ser

empenho e dedicação, do qual

VMER) sempre foi a sua praia!

recatado, comigo não funciona

muito se orgulha!!!

Mesmo que lhe seja

muito bem…”

Confidencia-nos que, sempre foi

desaconselhado, uma vez que o

O nosso convidado, reconhece que

muito enérgico, razão pela qual os

próprio, dá-nos conhecimento de

gosta de pensar no próprio como,

seus avós o chamam, de bicho

ter sofrido um AVC cerebeloso, em

sendo um Homem de Família, mas

carpinteiro…revela-nos também

2010, e que após esta ocorrência

a grande verdade, é que, as

que, estar parado é para ele um

eram constantes os diálogos que

exigências da vida e o querer

125

Indice

“UM PEDACINHO DE NÓS”


Indice

126


sempre algo mais, o levam, a estar

que, depois de acabar esta

mais afastado da família nuclear

ocorrência de PCR, se ir sentar

(mulher e filha), e diz-nos que a

em frente a um computador, e

mesma são a razão do seu sorriso.

pesquisar tudo o que havia no

A Mónica e a Emma, são tudo para

mercado para, poder comprar

ele, pois não poderia desejar nem

todo o tipo de dispositivos de

mulher mais perfeita, nem filha

alerta, e que lhe conferissem,

mais linda…

segurança sobre os movimentos

Quanto aos seus interesses e

do bebé, tais como tapetes para

hobbies, o mesmo acredita ser um

sentir frequência respiratória…

“nerdzito” em ponto grande, uma

Para eclipsar este mau momento,

vez que, adora tecnologia e filmes

nada como um parto num carro

como: “Star Wars” e “Harry Potter”.

em Olhão... em que nos revela

Portista de alma e coração, sendo

que tanto ele, como, o seu colega

o futebol para si uma paixão,

e enfermeiro Álvaro, ainda

embora reconheça ser um “pé de

tentaram que a criança ficasse

chumbo”, adora realmente este

com os seus nomes, mas não

desporto, que é o futebol.

tiveram essa sorte …

No que se refere, ao seu pitéu

Durante as ocorrências, diz-nos,

preferido, este, assume que, não

fazer um esforço para tentar estar

tem nenhum em particular, pois

o mais calmo possível e ser um

na comida revela: “Sou um bom

“team leader“ na sua verdadeira

prato! isto é, “…tenho boa boca!”,

essência, e lembra-se sempre, de

mesmo que nos confesse, a sua

quem está com ele,

tara por gomas, e afirma que: …

principalmente o seu colega de

“toda a gente merece um vício, e

equipa, o colega de enfermagem,

este é o meu!”

que está ali ao seu lado, ou seja,

Na VMER, admite ser muito sincero…,

não é mais, nem é menos, mas

e para ele, a melhor gestão das

confidencia-nos, mais uma vez: “…

ocorrências, é pois, a facilidade de

está ao meu lado, para nós os

esquecimento brutal, das

dois, aliás em equipa, fazermos o

ocorrências para que é acionado...e

que há de melhor!...”

ainda, nos revela que:”… a maior

Quanto ao Futuro …tenciona obter

parte das minhas ocorrências,

competência em Emergência …e

são-me lembradas por terceiros.”

diz-nos que, por agora gostaria de

Como momentos marcantes na

voltar ao seu querido CHUA, e

VMER, diz-nos, já ter tido alguns,

deixar o seu trabalho na Privada e

aliás, vários até ao momento, mas

por último, voltar para junto de

considera que, negativamente

sua família ou pelo menos mais

nenhum lhe marcou tanto como,

perto das suas origens!!!

EDITORA

ANA RODRIGUES Enfermeira VMER Heli INEM

EDITORA

uma paragem cardiorrespiratória(PCR) em um bebé de 2 meses, o que lhe pai, pela primeira vez... lembra-se

TERESA CASTRO Enfermeira VMER

127

Indice

acontece 3 meses antes de ser


TERTÚLIA VMERISTA

"ATIVAÇÃO VMER PARA VÍTIMA SUSPEITA COVID, QUAL O SENTIMENTO DO OPERACIONAL APÓS 9 MESES DE PANDEMIA?"

.”

s uma saída"

"Apenas mai

ho

Ana Agostin

inha "O EPI é a m a!" melhor arm teiro

Vasco Mon

“Fónix, outra vez, toca vestir o EPI ! ....” Daniel Nun

ez

Indice

“No início da pandemia, no meio de tant a "desinformação", conf esso que a minha abor dagem ao doente susp eita de COVI D positivo, era apreensiva, algo assust ado e receos o. 9 meses ap ós, e inúmer as

128

ois, a s dep peita como a s u s ita do as vítim gem é fe ima. Sen 2 vít da abor er outra scara FPP u á qualq bata, a m otecção, pr que a culos de gesto ó já um l. E e e os -s a m n a a r b a torn izado e is n o ma meca com muit receios a m r ago nça e se VID." a é-CO confi na era pr o com ilva uel S o Mig de Pedr eses e u s9m “Apó ntimos q ia se m e d pan


TERTÚLIA VMERISTA

conhe SARS-C cemos melh o o da sua V2 e a evidê r o ncia transm issão, com s quer into presen te, que matologia r com as podere ausência. N ua u mos n egligen nca segura ciar a n emerg ça, por ma ocorrê ente que se is ja a n das cir cia ou a pre ssão cun se trata stâncias, … não ape para n ós pró nas do risco prios, mas s para to im dos contac tamos com quem no dia -à-dia”. Bruno Santos

EDITOR

129

Indice

NUNO RIBEIRO Enfermeiro VMER TIP


Indice

130


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131


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132


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133


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134


Novos Orgãos Sociais

(2021-2024)

Direção PRESIDENTE: Tiago Carvalho VICE-PRESIDENTE: Tiago Amaral SECRETÁRIO: José Gomes TESOUREIRO: João João Mendes VOGAL: Luis Gonçalves VOGAL: Diogo Machado VOGAL: Joana Fontes SUPLENTE: Vera Mondim

Assembleia Geral PRESIDENTE: Mário Branco VICE-PRESIDENTE: Soraia Oliveira SECRETÁRIO: Jorge Mimoso SUPLENTE: André Pires

Conselho Fiscal

PRESIDENTE: Nelson Coimbra VICE-PRESIDENTE: João Coucelo SECRETÁRIO: Samuel Sousa VOGAL: Emílio Leal VOGAL: Patrícia Fragata SUPLENTE: Diogo Saraiva

135

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+351 966 226 022 apemerg@gmail.com www.apemerg.pt


TESOURINHO VMERISTA

Pedro Oliveira Silva 1 1

Médico VMER

Era noite avançada, e a VMER de Faro recebe mais uma ativação, desta vez para a baixa da cidade... Em marcha de emergência, a viatura e a sua tripulação avançam sem demoras, usando apenas o "barulho" das luzes e a alternância dos faróis para abrir caminho, como mandam as regras do respeito por quem dorme. [até aqui tudo normal!]. Em certa rua estreita, com sentido único, uma viatura desloca-se lentamente à frente da VMER,

obstruindo a via, e tardando em encostar para dar passagem ao veículo de socorro. Com espanto e total admiração da Equipa de emergência, ao invés de colaborar e facilitar a sua missão, o condutor optou por parar o seu carro no meio da estrada. De dentro do carro sai então uma senhora de meia idade, esbaforida e assustada, dirigindo-se ao vidro do condutor da VMER. O Sr. Enfermeiro abre o vidro e a Sra. profere: "desculpe a manobra, saí

Congressos Digitais

EM Cases Course 2021 Evento online 05 de fevereiro de 2021

agora do hospital e tenho aqui uma dor num pé... não me multe por favor". Incrédulo, o Sr. Enfermeiro da VMER responde: "Oh Sra. saia da frente já, por favor, que nós estamos em emergência". Gostaríamos apenas de lembrar que: "nem tudo o que brilha de azul à noite nos multa na estrada"

Episode 1: Pre-hospital Cardiac Arrest Evento online 25 de fevereiro de 2021 pelas 20:00 VII Congresso Internacional de Cuidados Intensivos Evento online 27 de fevereiro de 2021 pelas 09:00

EDITOR

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PEDRO OLIVEIRA SILVA Médico VMER CODU

136

1as Jornadas de Urgência/Emergência em Pediatria – Cuidar de Excelência 2021 Fórum Municipal Luísa Todi – Setúbal 16 a 17 de março de 2021


TESOURINHO VMERTISTA

FRASE MEMORÁVEL

“devemos encontrar a cura para um pequeno vírus, que coloca o mundo inteiro de joelhos, e temos que curar um grande vírus, o da injustiça social”. Papa Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, 266º Papa da Igreja Católica e Chefe de Estado da Cidade Estado do Vaticano

“não poderia estar mais de acordo com Sua Santidade” Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS)

Relembramos 2 tweet´s de duas Personalidades Mundiaia, a propósito do acesso à vacinação no Mundo,

137

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Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/mundo/news/2020-08/diretor-oms-mensagem-papa-francisco-vacina-covid19.html


BEST SITES

PUBCOVID19 A plataforma PubCovid-19 é um site que facilita o acesso à informação sobre a COVID19, reunindo artigos indexados nas plataformas PubMed

e EMBASE. Os artigos encontram-se classificados por área temática, que facilita muito a pesquisa do leitor

http://pubcovid19.pt/index.php

EMERGENCY PHYSICIANS MONTHLY Emergency Physicians Monthly é uma publicação independente, escrita e editada por médicos emergencistas, que descrevem as suas histórias do dia-à-dia.

Reúne comentários dos principais líderes de opinião, e foca de forma didática uma diversidade de temáticas no âmbito da Medicina de Emergência

EDITOR

Indice

BRUNO SANTOS Médico VMER

138

https://epmonthly.com/


BEST APPS

BEST APPS

Em tempos em que melhorar as técnicas de ventilação são a ordem, apresento-vos 2 aplicações sobre a temática.

MECHANICAL VENTILATION ADVANCED É uma aplicação clínica com o

Inclui ensinos sobre ventilação

objetivo de ajudar outros médicos em

mecânica, do básico ao avançado

contexto de cuidados intensivos.

https://play.google.com/store/apps/details?id=soooooonandroid.mechanicalventilationadvanced

ECMO Aplicação com variada informação sobre esta técnica

https://play.google.com/store/apps/details?id=com.app_ecmo.layout

EDITOR

139

Indice

PEDRO LOPES SILVA Enfermeiro VMER Heli INEM


Indice

140


CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO

CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO - Novembro de 2019

A Revista LIFESAVING (LF) é um órgão de publicação pertencente ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) e dedica-se à promoção da ciência médica pré-hospitalar, através de uma edição trimestral. A LF adopta a definição de liberdade editorial descrita pela World Association of Medical Editors, que entrega ao editor-chefe completa autoridade sobre o conteúdo editorial da revista. O CHUA, enquanto proprietário intelectual da LF, não interfere no processo de avaliação, selecção, programação ou edição de qualquer manuscrito, atribuindo ao editor-chefe total independência editorial. A LF rege-se pelas normas de edição biomédica elaboradas pela International Commitee of Medical Journal Editors e do Comittee on Publication Ethics.

2. Informação Geral A LF não considera material que já foi publicado ou que se encontra a aguardar publicação em outras revistas. As opiniões expressas e a exatidão científica dos artigos são da responsabilidade dos respectivos autores.

A LF reserva-se o direito de publicar ou não os artigos submetidos, sem necessidade de justificação adicional. A LF reserva-se o direito de escolher o local de publicação na revista, de acordo com o interesse da mesma, sem necessidade de justificação adicional. A LF é uma revista gratuita, de livre acesso, disponível em https://issuu.com/lifesaving. Não pode ser comercializada, sejam edições impressas ou virtuais, na parte ou no todo, sem autorização prévia do editor-chefe.

3. Direitos Editoriais Os artigos aceites para publicação ficarão propriedade intelectual da LF, que passa a detentora dos direitos, não podendo ser reproduzidos, em parte ou no todo, sem autorização do editor-chefe.

4. Critérios de Publicação 4.1 Critérios de publicação nas rúbricas A LF convida a comunidade científica à publicação de artigos originais em qualquer das categorias em que se desdobra, de acordo com os seguintes critérios de publicação:

Temas em Revisão - Âmbito: Revisão extensa sobre tema pertinente para actuação das equipas em contexto de emergência pré-hospitalar. Dimensão: 1500 palavras. Hot Topic - Âmbito: Intrepretação de estudos clínicos, divulgação de inovações na área pré-hospitalar recentes ou contraditórias. Dimensão: 1000 palavras. Nós Por Cá - Âmbito: Dar a conhecer a realidade de actuação das várias equipas de acção pré-hospitalar através de revisões estatísticas da sua casuística. Dimensão: 250 palavras. Tertúlia VMERISTA - Âmbito: Pequenos artigos de opinião sobre um tema fraturante. Dimensão: 250 palavras. Rúbrica Pediátrica - Âmbito: Revisão sobre tema pertinente para atuação das equipas em contexto de emergência pré-hospitalar no contexto pediátrico. Dimensão: 1500 palavras. Minuto VMER - Âmbito: Sintetização para consulta rápida de procedimentos relevantes para a abordagem de doentes críticos. Dimensão: 500 palavras

141

Indice

1. Objectivo e âmbito


Fármaco Revisitado - Âmbito: Revisão breve de um fármaco usado em emergência pré-hospitalar. Dimensão: 500 palavras Journal Club - Âmbito: Apresentação de artigos científicos pertinentes relacionados com a área da urgência e emergência médica pré-hospitalar e hospitalar. Dimensão: 250 palavras Nós e os Outros - Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre a actuação de equipas de emergência pré-hospitalar não médicas. Dimensão: 1000 palavras Ética e Deontologia - Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre questões éticas desafiantes no ambiente pré-hospitalar. Dimensão: 500 palavras Legislação - Âmbito: Enquadramento jurídico das diversas situações com que se deparam os profissionais de emergência médica. Dimensão: 500 palavras O que fazer em caso de... - Âmbito: Informação resumida mas de elevada qualidade para leigos em questões de emergência. Dimensão: 500 palavras.

Indice

Mitos Urbanos - Âmbito: Investigar, questionar​e esclarecer questões pertinentes, dúvidas e controvérsias na prática diária da emergência médica. Dimensão: 1000 palavras.

142

Cuidar de Nós - Âmbito: Diferentes temáticas, desde psicologia, emocional, metabólico, físico, laser, sempre a pensar no auto cuidado e bem estar do profissional. Dimensão: 250 palavras. Caso Clínico - Âmbito: Casos clinicos que tenham interesse científico. .Dimensão: 250 palavras. Pedacinho de Nós - Âmbito: Dar a conhecer os profissionais das equipas de emergência pré-hospitalar. Dimensão: 400 palavras. Tesourinhos VMERISTAS - Âmbito: Divulgação de situações caricatas, no sentido positivo e negativo, da nossa experiência enquanto VMERistas. Dimensão: 250 palavras Congressos Nacionais e Internacionais - Âmbito: Divulgação de eventos na área da Emergência Médica. Dimensão: 250 palavras. Eventos de Emergência no Algarve - Âmbito: Divulgação de eventos na área da Emergência Médica no Algarve. Dimensão: 250 palavras. Best Links/ Best Apps de Emergência Pré-hospitalar - Âmbito: Divulgação de aplicações e sítios na internet de emergência médica pré-hospitalar -Dimensão: 250 palavras O trabalho a publicar deverá ter no máximo 120 referências. Deverá ter no máximo 6 tabelas/figuras devidamente legendadas e referenciadas.

O trabalho a publicar deve ser acompanhado de no máximo 10 palavras-chave representativas. No que concerne a tabelas/figuras já publicadas é necessário a autorização de publicação por parte do detentor do copyright (autor ou editor). Os ficheiros deverão ser submetidos em alta resolução, 800 dpi mínimo para gráficos e 300 dpi mínimo para fotografias em formato JPEG (.Jpg), PDF (.pdf). As tabelas/figuras devem ser numeradas na ordem em que ocorrem no texto e enumeradas em numeração árabe e identificação. No que concerne a casos clínicos é necessário fazer acompanhar o material a publicar com o consentimento informado do doente ou representante legal, se tal se aplicar. No que concerne a trabalhos científicos que usem bases de dados de doentes de instituições é necessário fazer acompanhar o material a publicar do consentimento da comissão de ética da respectiva instituição. As submissões deverão ser encaminhadas para o e-mail: newsletterlifesaving@gmail.com

4.2 Critérios de publicação nos cadernos científicos. Nos Cadernos Científicos da Revista LifeSaving podem ser publicados Artigos Científicos, Artigos de Revisão ou Casos Clínicos de acordo com a normas a seguir descritas. Artigos Científicos O texto submetido deverá apresentado com as seguintes secções: Título (português e inglês), Autores (primeiro nome, último nome, título, afiliação), Abstract (português e


CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO

inglês), Palavras-chave (máximo 5), Introdução e Objetivos, Material e Métodos, Resultados, Discussão, Conclusão, Agradecimentos, Referências.

de 50 referências.

O texto deve ser submetido com até 3 Take-home Messages que no total devem ter até 50 palavras.

Este tipo de trabalho pode ter no máximo 5 autores.

O Abstract não deve exceder as 250 palavras. Se revisão sistemática ou meta-análise deverá seguir as PRISMA guidelines. Se meta-análise de estudo observacionais deverá seguir as MOOSE guidelines e apresentar um protocolo completo do estudo. Se estudo de precisão de diagnóstico, deverá seguir as STARD guidelines. Se estudo observacional, siga as STROBE guidelines. Se se trata da publicação de Guidelines Clínicas, siga GRADE guidelines. Este tipo de trabalhos pode ter no máximo 6 autores. Artigos de Revisão O objetivo deste tipo de trabalhos é rever de forma aprofundada o que é conhecido sobre determinado tema de importância clínica. Poderá contar com, no máximo, 3500 palavras, 4 tabelas/figuras, não mais

Caso Clínico O objetivo deste tipo de publicação é o relato de caso clínico que pela sua raridade, inovações diagnósticas ou terapêuticas aplicadas ou resultados clínicos inesperados, seja digno de partilha com a comunidade científica. O texto não poderá exceder as 1.000 palavras e 15 referências bibliográficas. Pode ser acompanhado de até 5 tabelas/figuras. Deve inclui resumo que não exceda as 150 palavras organizado em objectivo, caso clínico e conclusões.

A LF segue um processo single-blind de revisão por pares (peer review). Todos os artigos são inicialmente revistos pela equipa editorial nomeada pelo editor-chefe e caso não estejam em conformidade com os critérios de publicação poderão ser rejeitados antes do envio a revisores. A aceitação final é da responsabilidade do editor-chefe. Os revisores são nomeados de acordo com a sua diferenciação em determinada área da ciência médica pelo editor-chefe, sem necessidade de justificação adicional. Na avaliação os artigos poderão ser aceites para publicação sem alterações, aceites após modificações propostas pela equipa editorial ou recusados sem outra justificação.

Este tipo de trabalho pode ter no máximo 4 autores.

7. Erratas e retracções

Cartas ao Editor O objetivo deste tipo de publicação é efetuar um comentário a um artigo da revista.

A LF publica alterações, emendas ou retracções a artigos previamente publicados se, após publicação, forem detectados erros que prejudiquem a interpretação dos dados .

O texto não poderá exceder as 400 palavras e as 5 referências bibliográficas. Pode ser acompanhado de 1 ilustração.

5. Referências Os autores são responsáveis pelo rigor das suas referências bibliográficas e pela sua correta citação no texto. Deverão ser sempre citadas as fontes originais publicadas. A citação deve ser registada empregando Norma de Harvard.

143

Indice

Não poderá exceder as 4.000 palavras, não contando Referências ou legendas de Tabelas e Figuras. Pode-se fazer acompanhar de até 6 Figuras/Tabelas e de até 60 referências bibliográficas.

O resumo dos Artigos de Revisão segue as regras já descritas para os resumos dos Artigos Científicos.

6. Revisão por pares


Estatuto Editorial

Indice

A Revista LIFESAVING é uma publicação científica e técnica, na área da emergência médica, difundida em formato digital, com periodicidade trimestral. Trata-se de um projeto inovador empreendido pela Equipa de Médicos e Enfermeiros das Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) de Faro e de Albufeira, pertencentes ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve, e que resultou da intenção estratégica de complementar o Plano de formação contínua da Equipa. A designação “Lifesaving”, que identifica a publicação, é bem conhecida por todos os profissionais que trabalham na área da emergência médica, e literalmente traduz o desígnio da nobre missão que todos desempenham junto de quem precisa de socorro – “salvar vidas”. Esta Publicação inovadora, compromete-se a abraçar um domínio editorial pouco explorado no nosso país, com conteúdos amplamente dirigidos a todos os profissionais que manifestam interesse na área da emergência médica. Através de um verdadeiro trabalho de Equipa dos vários Editores da LIFESAVING, e aproveitando a sua larga experiência em Emergência Médica, foi estabelecido

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o compromisso de apresentar em cada número publicado, conteúdos e rubricas de elevada relevância científica e técnica no domínio da emergência médica. Por outro lado, este valioso instrumento de comunicação promoverá a partilha das ideias e conhecimentos, de forma completa, rigorosa e assertiva. Proprietário: Centro Hospitalar Universitário do Algarve, E.P.E. NIPC: 510 745 997 Morada: Rua Leão Penedo, 8000-386 Faro N.º de registo na ERC: 127037 Diretor: Dr. Bruno Santos Editor-Chefe: Dr. Bruno Santos Morada: Rua Leão Penedo, 8000-386 Faro Sede da redação: Rua Leão Penedo, 8000-386 Faro Periodicidade: trimestral TIPO DE CONTEÚDOS Esta publicação periódica pretende ser uma compilação completa de uma seleção de matérias científicas e técnicas atualizadas, incluídas em grande diversidade de Rubricas, incluindo: – “Temas em Revisão” – Âmbito: Revisão extensa sobre tema pertinente para actuação das equipas em contexto de emergência pré-hospitalar. – Dimensão: 1500 palavras; – “Hot Topic” – Âmbito: Intrepretação de estudos clínicos, divulgação de inovações na área pré- hospitalar recentes ou contraditórias. -Dimensão: 1000 palavras; – “Nós Por Cá” – Âmbito: Dar a conhecer a realidade de actuação das várias equipas de acção pré-hospita-

lar através de revisões estatísticas da sua casuística. Poderá incluir também a descrição sumária de atividades, práticas ou procedimentos desenvolvidos localmente, na área da emergência médica – Dimensão: 500 palavras; – “Tertúlia VMERISTA” – Âmbito: Pequenos artigos de opinião sobre um tema fraturante – Dimensão: 250 palavras; – “Rúbrica Pediátrica” – Âmbito: Revisão extensa sobre tema pertinente para atuação das equipas em contexto de emergência pré-hospitalar no contexto pediátrico. – Dimensão: 1500 palavras; – “Minuto VMER” – Âmbito: Sintetização para consulta rápida de procedimentos relevantes para a abordagem de doentes críticos, ou de aspetos práticos relacionados com Equipamentos utilizados no dia-à-dia. – Dimensão: 500 palavras; – “Fármaco Revisitado” – Âmbito: Revisão breve de um fármaco usado em emergência pré-hospitalar. – Dimensão: 500 palavras; – “Journal Club” – Âmbito: Apresentação de artigos científicos pertinentes relacionados com a área da urgência e emergência médica pré-hospitalar e hospitalar. -Dimensão: 500 palavras; – “Nós e os Outros” – Âmbito: Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre a atuação de equipas de emergência pré-hospitalar não médicas. -Dimensão: 1000 palavras; – “Ética e Deontologia” – Âmbito:


ESTATUTO EDITORIAL

– “Legislação” – Âmbito: Enquadramento jurídico das diversas situações com que se deparam os profissionais de emergência médica. – Dimensão: 500 palavras; – “O que fazer em caso de…” – Âmbito: Informação resumida, mas de elevada qualidade, para leitores não ligados à área da saúde, ou da emergência médica -Dimensão: 500 palavras; – “Mitos Urbanos” – Âmbito: Investigar, questionar e esclarecer questões pertinentes, dúvidas e controvérsias na prática diária da emergência médica. -Dimensão: 1000 palavras; – “Cuidar de Nós” – Âmbito: Discussão de diferentes temáticas, de caráter psicológico, emocional, metabólico, físico, recreativo, centradas no auto-cuidado e bem estar do profissional da emergência. -Dimensão: 500 palavras; – “Caso Clínico” – Âmbito: Apresentação de casos clínicos de interesse científico na área da emergência médica. -Dimensão: 500 palavras; – “Pedacinho de Nós” – Âmbito: Dar a conhecer, em modo de entrevista, os profissionais da Equipa das VMER de Faro e Albufeira ou outros Elementos colaboradores editoriais da LIFESAVING. – Dimensão: 500 palavras; – “Vozes da Emergência” – Âmbito: Apresentar as Equipas Nacionais que

desenvolvem trabalho na Emergência Médica, dando relevância a especificidade locais e revelando diferentes realidades. – Dimensão 500 palavras; – “Emergência Global” – Âmbito: publicação de artigos de autores internacionais, que poderão ser artigos científicos originais, artigos de opinião, casos clínicos ou entrevistas, pretendendo-se divulgar experiências enriquecedoras, além fronteiras; – “Tesourinhos VMERISTAS” – Âmbito: Divulgação de situações caricatas, no sentido positivo e negativo, da experiência dos Profissionais da VMER. – Dimensão: 250 palavras; – “Congressos Nacionais e Internacionais” – Âmbito: Divulgação de eventos na área da Emergência Médica – Dimensão: 250 palavras; – “Eventos de Emergência no Algarve” – Âmbito: Divulgação de eventos na área da Emergência Médica no Algarve. – Dimensão: 250 palavras; – “Best Links/ Best Apps de Emergência Pré-hospitalar” – Âmbito: Divulgação de aplicações e sítios na internet de emergência médica préhospitalar -Dimensão: 250 palavras PREVISÃO DO NÚMERO DE PÁGINAS: 50; TIRAGEM: – não aplicável para a publicação eletrónica, não impressa em papel. ONDE PODERÁ SER CONSULTADA:

chualgarve.min-saude.pt/lifesaving/, e adquirida gratuitamente por subscrição nesse mesmo site. Não dispomos ainda de um site oficial para organização dos nossos conteúdos, de modo que atualmente todas as Edições estão a ser arquivadas no Repositório Internacional ISSUU, onde poderão ser consultadas gratuitamente (https://issuu. com/lifesaving). Marcamos presença ainda noutras plataformas de divulgação (Facebook, Instagram, Twitter e Youtube). DIVULGAÇÃO DA LIFESAVING: A LIFESAVING será difundida no site do Centro Hospitalar do Algarve (no setor média e imagem), e sua Intranet, com possibilidade da sua subscrição para receção trimestral via e-mail. Inserida on-line no repositório de publicações ISSUU, adquirindo um aspeto gráfico otimizado para tornar a leitura ainda mais agradável. Será também difundida na página de Facebook da VMER de Faro, página própria com o nome LIFESAVING. n.º 1 do art.º 17.º da Lei de Imprensa: Garantia de liberdade de imprensa: 1 - É garantida a liberdade de imprensa, nos termos da Constituição e da lei. 2 - A liberdade de imprensa abrange o direito de informar, de se informar e de ser informado, sem impedimentos nem discriminações. 3 - O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura

Pode ser consultada no site do CHUAlgarve, no setor “Comunicação”, no domínio http://www.

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Indice

Apresentação de artigos científicos ou artigos de opinião sobre questões éticas desafiantes no ambiente pré-hospitalar. -Dimensão: 500 palavras;


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