BANCÁRIOS: Por uma greve forte e unificada com todas as categorias em luta! LCFI Liaison Committee for the Fourth International
CLQI Comitê de Ligação pela Quarta Internacional
Folha do Trabalhador J o r n a l d a L i g a C o m u n i s t a - a n o I V - n o1 8 - s e t / 2 0 1 3 - R $ 3 - c o n t r i b u i ç ã o s o l i d á r i a R $ 5
TRABALHADORES DA SAÚDE
Bienvenidos camaradas médicos cubanos!
11O CONGRESSO DOS METALÚRGICOS DE CAMPINAS E REGIÃO lcligacomunista.blogspot.com - liga_comunista@hotmail.com - Caixa Postal 09, CEP 01031-970, São Paulo, Brasil
Um passo adiante na construção da Liga Comunista na classe operária
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11º Congresso foi realizado nos dias 23, 24 e 25 de agosto, em Louveira, com quase 500 trabalhadores de mais de 70 fábricas. A tese Vanguarda Metalúrgica (VM) participou do 11° Congresso com uma pequena bancada de 5 delegados, reunindo lutadores da Agritech, Bosch, CAF, e Mabe. Além da tese da corrente dirigente
do Sindicato, a Alternativa Sindical Socialista (ASS) (ASS/Intersindical), a tese da VM é a única tese inscrita no Congresso do terceiro maior sindicato dos metalúrgicos de São Paulo, com 60 mil operários na base. Nossa tese teve como objetivo armar a categoria para reagir aos ataques do capital agravados com a crise econômica mundial. Esta ofen-
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efendemos a vinda de médicos cubanos para o Brasil. As conquistas da revolução cubana, dentre elas, o sistema de saúde são uma referência mundial (como demonstra o filme SICKO – SOS Saude de Michael Moore) para todos aqueles que desejam um sistema de saúde público, gratuito, baseado na saúde preventiva e livre do parasitismo capitalista. PÁG 8
siva é sentida na pele pelos metalúrgicos de Campinas e região e em particular pelas demissões recentes ocorridas na Mabe, CAF e Bosch, que se combinam com a intensificação do ritmo de trabalho para os que ficam. PÁGs. 3 e 4
SÍRIA - DECLARAÇÃO DO CLQI
Pela vitória militar da Síria contra qualquer ataque imperialista!
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os opomos incondicionalmente ao ataque imperialista contra a Síria e lutamos por sua derrota. A tarefa fundamental deste momento para todos os verdadeiros socialistas e anti-imperialistas é defender a soberania nacional da Síria contra este ataque imperialista. Ofensiva que é lançada com apoio de Israel e de outros aliados dos EUA na guerra contra Damasco, como o “Exército Livre Sírio” (FSA) e os vários grupos “rebeldes”, Al Qaeda, Frente Al-Nusra, etc. Não há socialistas revolucionários e anti-imperialistas combatendo Assad na Síria hoje. Falar disso é
fantasiar sobre um suposto exército revolucionário fantasma diante da óbvia realidade do que está em jogo nessa guerra... Tem sido sempre assim, a espiral da barbárie imperialista eclipsa um crime cometendo outro maior. O ataque do terror imperialista usando armas químicas contra centenas de crianças e adultos na Síria ocorreu imediatamente na sequência de um evidente Golpe de Estado no Egito, seguido por um sangrento massacre de centenas de oposicionistas egípcios pelo governo militar golpista pró-imperialista. Agora, cinicamente, o imperialismo segue sua escalada terrorista ameaçando punir a
Síria “para que não volte a usar armas químicas”, quando sabemos que desde meados da década passada os próprios EUA vem fornecendo armas e outras formas de ajuda para os mercenários terroristas na Síria. O governo dos EUA tem alistado aliados no Ocidente e no Oriente Médio e já começou a mover sua enormes máquinas mortífera aérea e naval para cometer um novo genocídio contra os povos árabes. Eles usaram mentiras e manipulação da mídia para alcançar este objetivo, como em operações anteriores, no Kosovo, Afeganistão, Iraque, e, mais recentemente, na Líbia. PÁG. 6
MEMÓRIA OPERÁRIA
Entrevista – Greve dos operários da GM de SJC de 1985
“S
e em 1985 a peãzada pôs os capitães do mato da GM no ‘chiqueirinho’, em 2013, com a colaboração da Conlutas, a GM ‘enchiqueirou’ os operários sob a chantagem das demissões e impôs o aumento da jornada, a redução do salário e a demissão de centenas de pais de família” PÁG. 5
73 ANOS SEM TROTSKY, 3 ANOS DA LC E O PROLETARIADO
Conquistar os trabalhadores, condição essencial para a reconstrução da IV Internacional! O Bolchevique No18 - setembro de 2013
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EDITORIAL
73 ANOS SEM TROTSKY, 3 ANOS DA LC E O PROLETARIADO
Conquistar os trabalhadores, condição essencial para a reconstrução da IV Internacional! “Queridos amigos, não somos um partido igual aos outros. Não ambicionamos somente ter mais filiados, mais jornais, mais dinheiro, mais deputados. Tudo isso faz falta, mas não é mais que um meio. Nosso objetivo é a total libertação, material e espiritual, dos trabalhadores e dos explorados por meio da revolução socialista. Se nós não a fizermos, ninguém a preparará nem a dirigirá. As velhas internacionais estão completamente podres.” (...) “Sim, nosso partido nos toma por inteiro. Mas, em compensação, nos dá a maior das felicidades, a consciência de participar na construção de um futuro melhor, de levar sobre nossos ombros uma partícula do destino da humanidade e de não viver em vão.”” Discurso Gravado para Conferência de Fundação da IV Internacional, Leon Trotsky, 1938
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) Estamos há 73 anos do assassinato do fundador de nossa vertente do marxismo, Leon Trotsky, que com sua elaboração deu continuidade teórica e metodológica ao marxismo no século XX, na era imperialista e após a degeneração da primeira experiência de Estado operário da história. Trotsky foi assassinado por agentes stalinistas, que encarnavam a negação revisionista do marxismo e haviam realizado uma contra-revolução política, orgânica, por dentro do partido bolchevique, expropriando politicamente a direção da URSS, a qual o próprio Trotsky, ao lado de Lenin e do partido bolchevique haviam fundado quando conduziram a luta de classes a tomada revolucionária do poder pelas massas na Rússia e repúblicas vizinhas. Trotsky fundou a IV Internacional em 1938, uma organização bolchevique internacionalista que lutava para adquirir uma influência real no movimento operário, e que chegou a dirigir importantes lutas políticas da classe em sua maior seção, o SWP estadunidense, na década de 1930, como a luta dos caminhoneiros de Minneapolis. Todavia, Trotsky sabia do risco de que tanto o SWP e sobretudo as seções menores pudessem ser hegemonizadas pela pequena burguesia. O maior combate realizado por ele em seus últimos anos de vida foi contra a tendência pequeno burguesa instalada dentro da IV Internacional. A fração minoritária do SWP era dirigida por Max Shachtman, um intelectual centrista que renunciou à defesa da URSS na II Guerra mundial, à dialética materialista e por fim ao marxismo. Nesta trajetória reacionária, Shachtman acabou por defender a invasão da Baía dos Porcos pelos gusanos mercenários contra Cuba e a intervenção dos EUA contra o Vietnã. Os epígonos do trotskismo hoje, como a LIT, IMT, L5I, UIT, FT, FLT, RCIT e outras “internacionais” que se auto-proclamam trotskistas, defenderam objetivamente a intervenção de mercenários agentes do imperialismo na Líbia e agora na Síria contra governos burgueses semi-coloniais, embelezando esta tática imperialista como sendo uma “revolução”. A degeneração se repete porque, como alertava o velho bolchevique: “aqui não está só representado o defeito pessoal de Shachtman, como também o destino de toda uma geração revolucionária que, devido a uma conjuntura especial de condições históricas, cresceu à margem do movimento operário. Tive ocasião mais do que uma vez, de falar e escrever, no passado,sobre o perigo de que estes valiosos elementos se degenerem, apesar da sua dedicação à revolução. O que nos seus dias foi uma inevitável característica da adolescência, transformou-se em debilidade. A debilidade convida à doença. Se há um descuido, a doença pode ser fatal. Para escapar a este perigo é necessário abrir conscientemente um novo capítulo no desenvolvimento do partido. Os propagandistas e jornalistas da Quarta Internacional devem iniciar um novo capítulo em sua própria consciência. É necessário rearmar-se. É necessário fazer uma rotação sobre o próprio eixo: voltar as
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A LC voltou às costas aos intelectuais e focou sua estratégia no movimento operário
Um câncer pequeno-burguês, shachtmanista, destruiu a IV Internacional
costas aos intelectuais pequeno-burgueses e olhar para os operários.” (Trotsky, Leon. In De um arranhão ao perigo de uma gangrena, Em defesa do Marxismo, 1940). A doença foi fatal, destruiu a IV Internacional. Mas agora vivemos o pior, a quase totalidade dos que se dizem trotskistas, quando não unem diretamente a bandeira da IV Internacional às da recolonização imperialista, na melhor das hipóteses elegem um terceiro campo ideal para não defender a vitória da nação oprimida na guerra, criando confusão e aversão pelo trotskismo por parte de todo trabalhador antiimperialista. O propagandismo estéril e pequeno-burguês, típico de Schachtman, tomou conta da IV Internacional. O que era uma tendência minoritária no SWP no tempo de Trotsky, tornou-se hegemônica na Internacional após sua morte por uma simples questão de que a classe social dominante entre os propagandistas e jornalistas da IV Internacional foi a pequena burguesia. Ainda que em um primeiro momento a ala anti-pablista, o Comitê Internacional (CI), tenha representado o setor progressista frente ao liquidacionismo revisionista de Pablo e Mandel, dirigentes do Secretariado Internacional (SI), hoje, todas as alas são completamente imprestáveis para a reconstrução do partido mundial da revolução proletária. Apenas as rupturas principistas com o pseudo-trotskismo que pivotearem para o movimento operário, poderão talvez se regenerar, como também já alertara Trotsky:
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) A segunda situação importante para a LC reside no fato de que neste momento nossa organização completa três anos de existência. Nascemos de uma ruptura com o conservadorismo propagandista estéril da confraria dos intelectuais pequenoburgueses para abrir um novo capítulo em nossa consciência, para nos construirmos prioritariamente no movimento operário fabril e entre os trabalhadores assalariados em geral, a partir do principal conglomerado urbano de concentração proletária da América Latina, a grande São Paulo e cinturões industriais de cidades vizinhas. Simultaneamente, expandimos nossa militância para importantes categorias de trabalhadores como os professores da rede estadual, cujo sindicato, a APEOESP, é o maior do continente; e para os bancários, trabalhadores da saúde, etc. A I Conferência da Liga Comunista, realizada em julho, aprofundou este curso, consciente de que a chave da crise que liquidou as organizações trotskistas como instrumento de emancipação do proletariado se encontra no conservadorismo dos elementos pequeno-burgueses:
“Os propagandistas e jornalistas da Quarta Internacional devem iniciar um novo capítulo em sua própria consciência. É necessário rearmar-se. É necessário fazer uma rotação sobre o próprio eixo: voltar as costas aos intelectuais pequeno-burgueses e olhar para os operários.” (idem).
“Seria difícil conceber um erro mais perigoso para o partido do que considerar como causa da sua crise atual o conservadorismo do seu setor operário, a procura de uma solução para a crise através do triunfo do bloco pequeno-burguês. Na realidade, a chave da atual crise consiste no conservadorismo dos elementos
Nossa opção pela “trilha em direção ao caminho da luta de classes” foi realizada sem desprezarmos a construção orgânica internacional do partido, também desprezada pelos pseudos. Criamos, em conjunto com camaradas trotskistas da Argentina (Tendência Militante Bolchevique) e da Inglaterra (Socialist Fight), uma proto-internacional trotskista nucleada em três países, o Comitê de Ligação pela IV Internacional (CLQI). Todas estas múltiplas tarefas não são apenas necessárias para todo agrupamento que reivindica a continuidade do legado do velho Leon, são complementares e nos consomem hoje por completo.
“O nosso partido pode se ver inundado por elementos não-proletários e pode até perder o seu caráter revolucionário... a tarefa consiste em orientar praticamente todas as organizações para as fábricas, as greves, os sindicatos...”
) A terceira situação é consequência da evolução progressiva da luta pela inserção da LC no movimento operário fabril: a nossa participação, com uma delegação de camaradas através da corrente Vanguarda Metalúrgica, do Congresso do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas, o terceiro maior sindicato desta categoria fabril em São Paulo. Para os que se reivindicam trotskistas e acreditam que o movimento operário é apenas um dos setores da classe trabalhadora sobre o qual pode-se mas não necessariamente devese militar, para os que nunca deram a atenção e interesse à construção orgânica do partido no operariado fabril, para os que no máximo realizaram esta tarefa de modo a ter um amuleto operário no partido, ou para os que realizam uma política não bolchevique, tradeunionista, oportunista ou obreirista dentro do movimento operário Trotsky é categórico:
siado grande na composição da lista de candidatos’. Nunca mereci a atenção e o interesse do camarada Shachtman em questões desta índole. O partido só tem uma minoria de verdadeiros operários fabris... Os elementos não-proletários representam uma levedura necessária, e creio que podemos estar orgulhosos da boa qualidade destes elementos... mas... o nosso partido pode se ver inundado por elementos não-proletários e pode até perder o seu caráter revolucionário. A tarefa não consiste, naturalmente, em impedir a afluência de intelectuais mediante métodos artificiais... mas sim orientar praticamente todas as organizações para as fábricas, as greves, os sindicatos... 'Um exemplo concreto: não po“Em 3 de outubro de 1937, esdemos dedicar forças iguais ou crevi, para Nova Iorque: suficientes a todas as fábricas. ‘Assinalei centenas de vezes As nossas organizações locais que o operário que permanece podem escolher para a sua atividespercebido nas condições dade no próximo período, uma, 'normais' da vida partidária, reduas ou três fábricas dentro de vela notáveis qualidades numa sua área e concentrar todas as mudança de situação, quando já suas forças sobre essas fábricas. Se Jornal da Liga Comunista numa delas Ano IV - NO18 - setembro de 2013 LCFI temos dois ou Liaison Committee for the Fourth International três operários, COMITÊ DE REDAÇÃO: Ismael Costa, Erwin Wolf, Marcelo Calasans, Davi Lapa. Jornalista podemos criar Responsável: Humberto Rodrigues. As opiniões expressas nos artigos assinados ou nas corresuma comissão pondências não expressam necessariamente o ponto de vista da redação. CONTATOS: lcligaespecial de comunista.blogspot.com - liga_comunista@hotmail.com - Caixa Postal 09 CEP 01031-970 São apoio de cinco CLQI Paulo/SP - Brasil. A Liga Comunista é membro do Comitê de Ligação pela IV Internacional (CLQI) não-operários Comitê de Ligação pela Quarta Internacional juntamente com o Socialist Fight (Grã Bretanha) e a Tendencia Militante Bolchevique (Argentina). com o propó-
não bastam as fórmulas gerais e trabalhos teóricos fluentes, quando é necessário conhecer a vida dos operários e suas capacidades práticas. Nessas condições, um operário bem dotado revela segurança em si próprio e revela também a sua capacidade política geral. ‘O predomínio dos intelectuais na organização é inevitável no primeiro período do desenvolvimento da organização. Ao mesmo tempo, é um grande obstáculo para a educação política dos operários mais dotados... É absolutamente necessário que no próximo Congresso se introduzam tantos operários quanto seja possível nos comitês central e locais. Para um operário, a atividade nos corpos dirigentes do partido é ao mesmo tempo uma alta escola política... ‘A dificuldade é que em toda a organização há membros tradicionais de comitês, e aquelas diferentes considerações secundárias, fracionais e pessoais, desempenham 'um papel dema-
Folha do Trabalhador
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pequeno-burgueses que passaram por uma escola puramente propagandística, e não encontraram ainda uma trilha em direção ao caminho da luta de classes. A crise atual é a luta final destes elementos pela sua autoconservação. Como indivíduo, todo oposicionista pode encontrar, se assim desejar, firmemente, um lugar para si dentro do movimento revolucionário. Como fração, estão condenados a morrer.” (idem). Enquanto isso, à nossa volta, vemos que sob a pressão das crises econômicas e das guerras, o centrismo de todas as colorações transita em direção ao oportunismo porque seus vícios dão um salto de qualidade neste momento: “Como sempre, nestes casos, seus traços fortes passaram para segundo plano, enquanto que, por outro lado, seus traços débeis assumiram uma expressão particularmente acabada... Shachtman esqueceu um detalhe: a sua posição de classe. Daí os seus extraordinários ziguezigues, seus saltos e improvisos. Substitui a análise de classe por anedotas históricas desconexas, com o único propósito de ocultar a sua própria mudança, de camuflar a contradição entre o seu passado e o seu presente. Assim procede Shachtman a respeito da história do marxismo, da história do seu próprio partido e da história da Oposição russa. Ao fazêlo, acumula erros sobre erros. Como veremos, todas as analogias históricas a que recorre falam contra ele. É bem mais difícil corrigir os erros do que cometê-los.” (idem)
O Bolchevique No18 - setembro de 2013
sito de ampliar nossa influência nessas fábricas. 'O mesmo pode se fazer nos sindicatos. Não podemos introduzir militantes não-operários nos sindicatos operários. Mas podemos formar, com êxito, comissões de apoio para a ação oral e literária, relacionadas aos nossos camaradas do sindicato. As condições invioláveis deveriam ser: não mandar nos operários, mas sim apenas ajudá-los, darlhes sugestões: armá-los com os fatos, ideias, jornais de fábrica, boletins especiais, etc. 'Semelhante colaboração teria uma enorme importância educativa, de um lado, para os camaradas operários, e, de outro lado para os não-operários que precisam de uma sólida reeducação. 'Por exemplo, vocês possuem em suas fileiras um importante número de elementos judeus não-operários. Eles podem ser uma levedura muito valiosa se o partido conseguir retirá-los de um meio fechado e ligá-los através da atividade quotidiana aos operários fabris. Creio que esta orientação asseguraria também uma atmosfera mais saudável no interior do partido... 'Podemos estabelecer de imediato uma regra geral: um membro do partido que não consiga ganhar um novo operário para o partido em 3 ou 6 meses não é um bom membro do partido. 'Se estabelecemos, seriamente, esta orientação geral, e se
verificamos a cada semana os resultados práticos, evitaremos um grande perigo; a saber, que os intelectuais e os assalariados de outros setores afoguem a minoria operária, silenciandoa e transformem o partido num clube de discussão muito inteligente, mas absolutamente inabitável para os operários. 'As mesmas regras devem ser elaboradas da mesma forma para o trabalho e recrutamento da organização de juventude; do contrário, corremos o perigo de formar bons elementos jovens como diletantes revolucionários, e não como combatentes revolucionários'. Creio que esta carta deixa claro que não mencionei o perigo de um desvio pequeno-burguês no dia seguinte ao pacto Hitler—Stalin ou no dia seguinte ao desmembramento da Polônia, mas sim que adiantava essa possibilidade, com persistência, já há dois anos ou mais. Além disso, como assinalei então, levando-se em conta sobretudo a fração 'inexistente' de Abern, para poder purificar a atmosfera do partido, era absolutamente indispensável que os elementos judeus pequeno-burgueses da seção de Nova Iorque fossem retirados do seu ambiente conservador habitual e distribuídos no verdadeiro movimento operário.” http://www.marxists.org/portugues/ trotsky/1940/01/24.htm
SUPLEMENTO ESPECIAL CONGRESSO DOS METALÚRGICOS DE CAMPINAS E REGIÃO
Um passo adiante na construção da Liga Comunista na classe operária
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Antonio Junior, o Carioca, metalúrgico e cipeiro da CAF do Brasil
11º Congresso foi realizado nos dias 23, 24 e 25 de agosto, em Louveira, com quase 500 trabalhadores de mais de 70 fábricas. A tese Vanguarda Metalúrgica (VM) participou do 11° Congresso com uma pequena bancada de cinco delegados, reunindo lutadores da Agritech, Bosch, CAF, e Mabe. Além da tese da corrente dirigente do Sindicato, a Alternativa Sindical Socialista (ASS) (ASS/Intersindical), a tese da VM foi a única tese inscrita no Congresso do terceiro maior sindicato dos metalúrgicos de São Paulo, com 60 mil operários na base, e quarto do Brasil. Nossa tese teve como objetivo armar a categoria para reagir aos ataques do capital agravados com a crise capitalista mundial. Esta ofensiva é sentida na pele pelos metalúrgicos de Campinas e região e em particular pelas demissões recentes ocorridas na Mabe, CAF e Bosch, que se combinam com a intensificação do ritmo de trabalho para os que ficam. NOSSAS DIFERENÇAS COM A TESE DA ASS: 1) Na avaliação da crise mundial. Na tese da ASS “a crise iniciada em 2007/2008, que buscou e alcançou sua saída até 2010, acabou”. Para nós, a crise não foi superada. Mesmo sendo muito otimistas, a economia dos EUA, UE e Japão patinam – a falência da cidade de Detroit, cinco anos após a falência do Banco Lehman Brothers – demonstra a farsa da recuperação dos EUA que compromete a própria recuperação europeia [1]. Acentuando esta análise, a própria preparação da guerra contra a Síria, impulsionada por estas economias é um modo de acumulação de capitais necessários para dinamizar o capital imperialista por meio de investimentos Estatais em forças destrutivas. Esta ameaça que pode detonar uma guerra regional ou até a III Guerra Mundial está aí para demonstrar que o imperialismo sente necessidade material de provocar uma nova guerra para superar a crise, como Bush o fez contra Afeganistão e Iraque pós crise de 2001. O Brasil, o 10o maior parque industrial do mundo, se beneficiou inicialmente da crise desatada em 2007/2008 nos EUA, mas a taxa de lucros aqui atingiu seu teto em 2010 e a partir daí declinou, pavimentando o terreno para a chegada de efeitos retardatários da crise mundial no país em 2012, provocando o aumento do custo de vida e a maior reação grevista da classe trabalhadora desde 1996. Foram quase 900 greves e, como segundo capítulo desta reação vimos em 2013 as fortes greves dos professores paulistas em maio, seguidas pela luta da juventude em várias capitais contra o aumento das passagens dos transportes coletivos e as manifestações de massas heterogêneas e sem a presença da classe trabalhadora organizada em junho. No Brasil, ainda se espera a chegada do pior da crise com o estouro da bolha imobiliária. 2) na desindustrialização histórica do Brasil. A ASS desconsidera a desindustrialização dos últimos 30 anos e apenas avalia micro-recuperações pontuais e momentâneas de alguns setores da indústria e não do conjunto do parque industrial nacional que hoje corresponde
a apenas 14,8% do PIB. Para a ASS, a desindustrialização, uma tendência predominante desde meados da década de 1980 é mera choradeira chatangista do empresariado sobre o governo para obter mais isenções fiscais e incentivos. Ao contrário do que parece, no imediato, esta avaliação debilita a luta contra o desemprego e contra a precarização trabalhista e engrossa o discurso petista oficial de apenas passamos por uma “marolinha”. E no mediato, esta posição é míope para a política de dependência economica, retrocesso produtivo e colonial alavancados na década neoliberal de 1990 e aprofundados pelos governos do PT que privilegia as montadoras e a agro-indústria em detrimento do desenvolvimento do departamento I da economia. Em outras palavras, o capitalismo brasileiro não apenas não caminha para alcançar o sonho do Brasil potência como os problemas históricos e estruturais são agravados como a concentração de terras e a dependência tecnológica. Como afirmamos em nossa tese: ““nem ceder a chantagem patronal e pelega em nome da crise, nem negar a desindustrialização, ficando desarmados politicamente para combater os ataques dos patrões... nem juros altos para os banqueiros, nem juros baixos para os industriais! nacionalização dos bancos e da indústria sob o controle dos trabalhadores!”; 3) Em nossa tese também reivindicamos trabalho de formação política para os metalúrgicos, inclusive para os dirigentes sindicais de base e cipeiros para evitar que ocorra como recentemente na Honda onde a patronal comprou “as pencas” os mandados dos cipeiros da ASS. 4) Por fim, apesar de buscarmos politizar o debate no Congresso e aprimorar suas resoluções no sentido de armar a classe contra o capital e contra o imperialismo, a diretoria da ASS ora rechaçava propostas elementares como esta “Anulação das dívidas imobiliárias para os trabalhadores que moram nos imóveis pelos quais se endividaram e congelamento dos aluguéis;”[2] ora privilegiava apoiar resoluções ambíguas sobre o Golpe de Estado no Egito e a ameaça de bombardeio na Síria contra propostas como estas que tentamos até negociar com vossos camaradas: “MOÇÃO CONTRA A INTERVENÇÃO IMPERIALISTA NA SÍRIA O 11º Congresso dos Metalúrgicos de Campinas se opõe firmemente à iminente intervenção imperialista contra o povo da Síria, articulada neste momento por Obama que justifica a intervenção depois de um ataque que matou centenas de pessoas e inclusive muitas crianças com armas químicas (gás mostarda e sarin, as mesmas usadas pelos EUA no Vietnã) atentados que a mídia imperialista busca atribuir ao governo sírio, mas nós temos razões de sobra para suspeitar ter sido mais uma obra dos mercenários do imperialismo na região. Nos opomos à intervenção imperialista pela intervenção militar estrangeira direta ou pelos mercenários armados pela CIA, como já vem ocorrendo, ou pela combinação da intervenção direta ou indireta, a exemplo do que já ocorreu na Líbia.
Camarada da CAF, defendendo a tese da VM, discursa ao plenário
O congresso dos metalúrgicos defende o combate internacionalista a todos os governos patronais e defende o direito a autodeterminação dos povos e a luta pela revolução dos trabalhadores também na Síria, mas o inimigo principal de todos os povos e que aponta para a Síria agora é a intervenção imperialista que se vitoriosa aumentará a exploração de classe e a opressão dos trabalhadores como já ocorre no Haiti, Afeganistão, Iraque e na Líbia.” “MOÇÃO CONTRA O GOLPE MILITAR NO EGITO O 11º Congresso dos Sindicato dos Metalurgicos de Campinas e Região condena o Golpe de Estado no Egito, que massacrou centenas de pessoas e realizou mais de mil prisões. Não concordamos com a política burguesa e reacionária da Irmandade Muçulmana, mas muito mais reacionária e a oposição das organizações brasileiras que se reivindicam dos trabalhadores e que apresentam o golpe como “revolução”. A ditadura militar brasileira também chamou de “revolução” o golpe que torturou e matou centenas e prendeu milhares de trabalhadores no Brasil.” PELA DEMOCRACIA OPERÁRIA E ORGANIZAÇÃO POR LOCAL DE TRABALHO Além disso, debatemos um tema delicado para a ASS (corrente anarco-sindical que tem boas relações com o petismo sindical de Campinas) que é a relação dos grupos de fábrica, delegado sindical e as comissões de fábrica. A ASS não apoia grupos de fábrica que ela não dirija diretamente, e esse é o debate que fazemos com os companheiros. Acreditamos na democracia operária (e não na democracia burguesa), somos os maiores intensificadores da luta por grupos de fábrica que possam colocar o debate político da relação capital trabalho dentro das fábricas, o grande problema é que se isso for feito, os diretores do sindical serão engolidos pelos trabalhadores porque os trabalhadores querem participar de comissões de fábrica e decidir os rumos da luta em seu local de trabalho, já a ASS vê isso como um ataque a sua “direção” dentro da categoria, eles acham que com isso, eles vão “perder a direção da categoria”.
categoria quer lutar e para lutar é preciso ter formação política. A ASS foi derrotada em uma votação que instituía encontros de formação para os cipeiros. A direção foi derrotada por sua própria base, isso acontece porque a ASS na prática, não quer ter o trabalho de organizar espaços de debate político permanente e de formação para a sua base, e sim espaço em que os trabalhadores são apenas chamados para levantar o braço (se concorda ou descorda da direção), colocando sempre o debate do nós (ASS) contra eles (de outros agrupamentos, como o coletivo Vanguarda Metalúrgica). Esta política se reflete, por exemplo, no fato do 11º Congresso contar com a representação menor, cerca de dez fábricas a menos do que há três anos atrás, no 10º Congresso “No último final de semana de agosto, com trabalhadores e trabalhadoras de 83 empresas, mais convidados e observadores de outros sindicatos e oposições da região e de outros estados, totalizando 500 companheiros e companheiras, foi concluído o nosso 10º Congresso.” [3] Tivemos uma vitória importante nesse congresso, pelo simples fato de mostrar ao conjunto da categoria que existe um pequeno agrupamento revolucionário, operário e metalúrgico que pode fazer frente ao anarco-sindicalismo e sua relação de convivência pacífica com o petismo sindical do extinto fórum socialista (corrente interna e regional do PT de Campinas). Notas [1] A 18ª cidade mais populosa dos Estados Unidos. A principal fonte de renda de Detroit é a indústria automobilística, abrigando a sede mundial da General Motors, Ford Motor Company e da Chrysler, tendo as duas últimas nas cidades de Dearborn (parte de sua região metropolitana) e Auburn Hills, localizada próxima a sua região metropolitana. “A quebra financeira da cidade americana de Detroit tem uma inesperada ligação com o problemático sistema bancário europeu, o que agrava a situação tanto da capital da indústria automobilística dos EUA como a de seus credores na Europa.” http://www.gestaosindical.com.br/quebra-detroit-vai-dar-prejuizo-bancos-europeus.aspx [2] http://lcligacomunista.blogspot.com. br/2013/09/metalurgicos-44.html [3] http://www.metalcampinas.com.br/index. php/2010/setembro-2010/item/1025-.
Em todo o congresso ficou latente que a O Bolchevique No18 - setembro de 2013
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SUPLEMENTO ESPECIAL CONGRESSO DOS METALÚRGICOS DE CAMPINAS E REGIÃO
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Construir o Partido Operária e Revolucionário
tese Vanguarda Metalúrgica defende que a classe trabalhadora deve ter suas ferramentas de luta, tanto na luta política (O Partido), quanto sua econômica (O Sindicato, a Federação e a
Central Sindical). Nós defendemos isso no congresso, mas infelizmente tanto o setor anarco-sindicalista quanto o petista existentes na ASS não querem tratar do tema, limitando-se a citá-lo como “uma saudação a bandeira” em sua tese. Defendemos a ruptura da classe com o PT e apontamos na perspectiva de construir um partido operário para conduzir a nossa luta à conquista do poder pelos trabalhadores. A ASS se opôs a aprovar a seguinte emenda aditiva de nossa tese a tese guia: “52. NENHUMA ILUSÃO EM DILMA, ROMPER COM O PT EM DEFESA DA INDEPENDÊNCIA POLÍTICA DA CLASSE TRABALHADORA EM RELAÇÃO AOS PARTIDOS E GOVERNOS PATRONAIS! 53. Toda essa ofensiva antioperária é fruto do acordo dos governos federais do PT com os patrões. Se nós trabalhadores não reagirmos, pagaremos caro por isso. Diante desta realidade todos os trabalhadores têm o direito questionar se deve continuar apoiando um partido que ataca os direitos dos
trabalhadores. A primeira medida para reagirmos contra toda esta catástrofe é ter claro que o PT não representa os trabalhadores, porque atende aos interesses dos patrões e do imperialismo. Por isso, defendemos a ruptura dos ativistas combativos e classistas com toda a burocracia petista em defesa da independência política dos operários em relação aos patrões, seus partidos, seus políticos e seus governos. “54. Em meio à luta pelo imediato, devemos construir um partido que oriente estrategicamente a conquista do poder pelos trabalhadores contra os capitalistas. Sem uma direção revolucionária, como mostra a recente experiência na Grécia, nem muitas greves gerais serão capazes de derrotar os ataques, frear a direita e menos ainda libertarmos da exploração patronal. Por tudo isso é preciso construir um partido revolucionário e internacionalista dos trabalhadores.” A tese Vanguarda Metalúrgica seguirá lutando para construir dentro da classe operária, um partido operário revolucionário, mesmo que a direção da ASS seja contra, fazemos um chamado para os militantes da ASS, que rompam com essa direção e venham construir um movimento pelo um Partido Operário Revolucionário.
SUPLEMENTO ESPECIAL CONGRESSO DOS METALÚRGICOS DE CAMPINAS E REGIÃO
O papel vergonhoso da CSP-CONLUTAS/PSTU no Congresso
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iferente do 10º Congresso quando foi a 2ª força política no Congresso, com 12 delegados [1], em 2013 a CSP só contava com um delegado no Congresso. Obviamente este fato em si em um balanço do 11º Congresso, todavia, o que este delegado fez no Congresso, auxiliado por uma delegação de meia dúzia de burocratas profissionais do PSTU/ CSP como o Mancha é o que é digno de destaque. Mesmo não tendo mais peso algum mais na categoria em Campinas, o PSTU “jogou peso” neste Congresso fundamentalmente para retirar da tese guia da ASS as críticas (que assim como na tese da VM possuía duras críticas aos acordos escravocratas entre a Conlutas/ PSTU e a GM), diga-se de passagem acertadas, contra a política praticada pelo PSTU/Conlutas no último período no Sindicato dos Metalúrgicos de SJC” como por exemplo, no texto: “‘O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e a General Motors chegaram a uma proposta de acordo que coloca a cidade como candidata a receber um investimento de R$ 2,5 bilhões em uma nova fábrica a partir de 2017.’ Assim começa o informe do Sindicato sobre a proposta aceita que diminui salários para novos trabalhadores que não poderão ser transferi-
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dos para a atual fábrica da GM, medida essa que a direção do sindicato defende, c o m o forma de ‘impedir’ que os trabalhadores com salários maiores sejam demitidos. No acordo não há nenhuma garantia de emprego, somente o que já existe nos acordos do ABC ‘a manutenção do nível de emprego’. A direção do sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos que faz parte do bloco que constituímos em 97, em nenhum momento discutiu, buscou ou chamou o nosso Sindicato, ou os companheiros de Limeira e Santos para discutir a estratégia de enfrentamento contra a GM. Na forma, negam o conteúdo do que fizeram: ‘acordo
com o Sindicato garantiu os investimentos em São José’, o conteúdo: agora também em São José a GM conseguiu diminuir o preço da força de trabalho com acordo legitimado pela representação dos trabalhadores. Assim a GM continuará a demitir, arrochar salários, terá toda a infraestrutura garantida pelo Estado, para investir os R$2,5 bilhões nessa nova reestruturação do processo de produção que ampliará seus lucros na exata medida que aumentará a exploração.”
Notas [1] “95% dos delegados aprovam tese da ASS – No início dos trabalhos foram apresentadas e defendidas quatro teses: a da Alternativa Sindical Socialista (ASS); da Alerta; da APS e Independentes; e do Coletivo Metalúrgico da Central Sindical Popular (CSP-Conlutas). Na votação para a definição de qual serviria como guia, a tese da Alerta só obteve dois votos; da APS apenas quatro votos e a da Conlutas, 12 votos. A tese da ASS conquistou 320 votos.” http://www.metalcampinas.com.br/ index.php/2010/setembro-2010/ item/1025
ENTREVISTA – GREVE DOS OPERÁRIOS DA GM DE SJC DE 1985
“Se em 1985 a peãzada pôs os capitães do mato da GM no ‘chiqueirinho’, em 2013, com a colaboração da Conlutas, a GM ‘enchiqueirou’ os operários sob a chantagem das demissões e impôs o aumento da jornada, a redução do salário e a demissão de centenas de pais de família”
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ara contribuir com a reorganização combativa do operariado hoje a partir do resgate do passado de lutas fabris o Jornal O Bolchevique da Liga Comunista entrevistou o advogado do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SJC) na época da greve de ocupação da fábrica da General Motors (GM) em 1985, o Dr. João Neto. O camarada foi contratado um mês após a greve para reforçar o jurídico do Sindicato nas ações de reintegração no emprego dos líderes grevistas (reclamações trabalhistas), ocasião em que também foram contratados outros advogados para fazer a defesa criminal dos trabalhadores (Luis Eduardo Greenhalhg e Dra. Mary), nas ações promovidas pelo Ministério Público Estadual. Ao fazer este resgate histórico não podemos deixar de comparar a vitória de 1985 com a derrota de 2013, pelas mãos da Conlutas/PSTU, denunciando o recente Acordo Escravocrata assinado pela Diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de SJC com a multinacional dos EUA, que está na contramão desta perspectiva. JOB – Dr. João Neto, qual foi o motivo da greve ? JN. – A greve foi deflagrada pela redução da jornada para 40 horas semanais, sem redução de salário. Este foi o principal motivo. A jornada semanal do trabalho do operário horista passava de 60 horas. JOB – Você falou que o principal motivo da greve foi a luta pela redução da jornada para 40 horas, sem redução de salário. Houve outros motivos? JN. – Sim. Os trabalhadores sempre reclamaram da violência da GM. Os operários sempre eram importunados pelos seguranças da empresa, os quais os obrigavam a passar por revista (tinham os bolsos e os embrulhos revistados) na saída, onde havia até detector de metais. Os encarregados espionavam os metalúrgicos até nos banheiros. Além disso, havia sempre a ameaça de demissão. A rotati-
vidade de mão-de-obra. A GM tinha uma “tradição” de no início e no final do ano demitir trabalhadores. Não pagava adicional de insalubridade, nem cumpria a norma de salário igual para trabalho igual. Não fornecia Equipamento de Proteção Individual – EPI, no caso o sapato de segurança. O trabalhador horista, apesar de trabalhar pesado, comia refeição inferior, servida em bandejão, sendo que quando repetia, somente podia pegar arroz e feijão, ainda assim, muitas vezes era censurado. Havia discriminação, por parte da empresa, entre horista e mensalista, sendo que estes tinham tudo do bom e do melhor (restaurante com refeição à la carte, hotel de luxo dentro da própria empresa, viagens pagas para o exterior, etc.). Tal discriminação era uma forma de tentar dividir os trabalhadores, motivo pelo qual a GM impedia aos mensalistas de participarem da Comissão de Fábrica, alegando que tinham um canal direto para reivindicar. O sistema de funcionamento da GM, segundo os metalúrgicos, parecia o de um quartel. JOB – Quem dirigiu e organizou a greve de 1985? JN. – A greve foi dirigida pela diretoria do Sindicato, formada por militantes do Partido dos Trabalhadores (da direção majoritária – posteriormente chamada de Articulação e hoje CNB – e da Convergência Socialista), a Comissão de Fábrica, os cipeiros e militantes combativos do Sindicato que formavam o comando da greve. O comando de greve era muito organizado, determinado e combativo. Havia a “TV Vaca Brava – Canal 40 horas no ar: greve também é cultura.” Por outro lado, a mídia na época, como o “O Estado de S. Paulo”, falava que havia uma suposta “milícia metalúgica.” JOB – Como foi a greve ? JN. – A greve foi pacífica por parte dos trabalhadores, mas houve truculência da empresa e da repressão da Polícia Militar, as quais montaram uma verdadeira operação de guerra contra
os metalúrgicos, desde o início da greve no dia 11 de abril até o seu término no dia 8 de maio de 1985. Importante frisar que, no dia 25 de abril, a fábrica da GM foi ocupada por decisão da Assembleia dos trabalhadores. A ação mais radicalizada da greve ocorreu quando o conjunto dos trabalhadores, todos os trabalhadores colocaram os prepostos da GM (chefes, supervisores, seguranças, etc.) num local da empresa, perto do Hotel de Luxo que havia dentro da fábrica, local esse que ficou conhecido como “chiqueirinho”. Os prepostos da empresa chegaram a dormir ao relento. Em 27 de abril foi formado o Fundo de Greve dos Metalúrgicos de São José do Campos e Região, para dar condições materiais ao desenvolvimento da luta. JOB – Qual foi a posição da patronal? JN. – A GM recusou-se a negociar com os trabalhadores. Inicialmente demitiu 93 metalúrgicos (diretores de sindicato, membros da comissão de fábrica, cipeiros e militantes combativos), sendo que ao final demitiu 403 trabalhadores. JOB – E os governantes da época?
JN. – O governador da época, Franco Montoro, mandou abrir inquérito para apurar “quem eram os criminosos da greve.” JOB – Qual o balanço da greve de ocupação de 1985 ? JN. – A greve conquistou a histórica jornada de 44h quando a maioria da categoria trabalhava muito mais do que isto, como dissemos, chegava a 60h enquanto a jornada legal na época era de 48h30 min. e somente com a Constituição Federal de 1988 é que passou a ser 44 horas. A avaliação que faço é a de que a greve foi importante para o desenvolvimento da luta de todos os trabalhadores pela redução da jornada e em particular para a luta do Sindicato contras os patrões, preservando empregos e o fortalecimento da categoria, colocando a questão de quem é o verdadeiro dono da fábrica com a ocupação ocorrida na greve de 1985. Logo em seguida houve a adaptação do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da CUT com uma política de conciliação de classes. Assim, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos tornou-se a vanguarda da Categoria, numa região estratégica onde havia, na época, indústria aeronáutica e de armamentos. JOB – E o acordo atual do Sindicato com a GM ? JN. – Primeiramente é preciso destacar que não houve por iniciativa do sindicato nada parecido com a greve histórica que tratamos aqui. O centro de atuação do PSTU (herdeiro da antiga CS) e da Conlutas não foram os métodos da classe e muito menos as ações radicalizados que derrotaram a GM em 1985. O PSTU optou por fazer admoestação aos governos patronais de Dilma, Alckmin e Cury. Com métodos estranhos aos da classe o resultado só poderia realmente ser um Acordo escravocrata, que aumenta a jornada, reduz o piso salarial e permite a demissão de
centenas de metalúrgicos. A diretoria justifica que qualquer acordo nos marcos do capitalismo é nocivo, querendo dizer, como na música de Chico Buarque e Ruy Guerra, que “não existe pecado do lado de baixo do Equador”. Mas na verdade há acordos e acordos. Acordo traidor é injustificável. Se pequenas concessões levam a grandes derrotas, imagine uma traição dessas. Isso tudo demonstra o grau de burocratização e degeneração da diretoria atual, que deve ser substituída pela categoria. Se em 1985 a peãzada pôs os capitães do mato da GM no chiqueirinho e arrancou a histórica redução da jornada, em 2013, com a colaboração da Conlutas, a GM ‘enchiqueirou’ os operários sob a chantagem das demissões e impôs o aumento da jornada, a redução do salário e a demissão de centenas de pais de família. JOB – O Sr. deseja falar mais alguma coisa ? JN. – Eu só quero agradecer a vocês e desejar que a categoria supere a atual direção do Sindicato, sem permitir que setores da oposição de direita do movimento, tradicionalmente ligados ao PT e PCdoB, mais ainda ligados a patronal, tomem conta do mesmo. A atual direção se tornou imprestável para o desenvolvimento da luta devido a sua degeneração política, sendo certo que Partido Socialista dos Trabalhadores Unicado (PSTU), ao qual pertence a diretoria do Sindicato, com esse Acordo Escravocrata, com a posição próimperialista na Líbia e na Síria, atravessou o rubicão, tornandose inimigo da classe operária, o que coloca aos seus militantes honestos e revolucionários que rompam com sua direção, visando construir uma partido operário comunista marxista e revolucionário.
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DECLARAÇÃO DO CLQI SOBRE SÍRIA 28/08/2013
Pela vitória militar da Síria contra qualquer ataque imperialista! Declaração do Comitê de Ligação pela IV Internacional (CLQI) em defesa incondicional da Síria contra o imperialismo: Tirem as mãos da Síria! O CLQI é composto pela Liga Comunista (Brasil), pelo Socialist Fight (Inglaterra) e pela Tendencia Militante Bolchevique (Argentina)
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os opomos incondicionalmente ao ataque imperialista contra a Síria e lutamos por sua derrota. A tarefa fundamental deste momento para todos os verdadeiros socialistas e anti-imperialistas é defender a soberania nacional da Síria contra este ataque imperialista. Ofensiva que é lançada com apoio de Israel e de outros aliados dos EUA na guerra contra Damasco, como o “Exército Livre Sírio” (FSA) e os vários grupos “rebeldes”, Al Qaeda, Frente AlNusra, etc. Não há socialistas revolucionários e anti-imperialistas combatendo Assad na Síria hoje. Falar disso é fantasiar sobre um suposto exército revolucionário fantasma diante da óbvia realidade do que está em jogo nessa guerra. Temos todas as razões para suspeitar que o ataque químico com gases sarin e mostarda (os mesmos utilizado pelos EUA contra o Vietnã), que mataram centenas de pessoas nos subúrbios de Damasco foi mais um trabalho do terrorismo imperialista na região. Todavia, os meios de comunicação imperialistas e Obama tentam atribuir ao governo sírio o ataque com armas químicas para justificar o bombardeio contra a Síria. Do mesmo modo como as forças pró-imperialistas do KLA fabricaram a farsa do Massacre de Racak no Kosovo em 1999 (todos os mortos eram combatentes do ELK) [1] para justificar o bombardeio da Iugoslávia, exatamente como eles provavelmente estão fazendo agora, para acusar o regime sírio de ultrapassar a “linha vermelha” e recorrer a Armas de Destruição em Massa. Mentiras como estas foram usadas para justificar a invasão do Iraque em 2003 e fabricar o incidente no Golfo de Tonkin usado para justificar a Guerra no Vietnã. [2] É também uma reminiscência do incidente Gleiwitz um ataque encenado por forças nazistas que se apresentam como poloneses em 31/08/1939, contra a estação de rádio alemã Sender Gleiwitz em Gleiwitz, Alta Silésia, Alemanha (a partir de 1945: Gliwice, Polônia), na véspera da II Guerra Mundial na Europa. Isto foi usado para justificar a invasão da Polônia em 1939. [3] Tem sido sempre assim, a espiral da barbárie imperialista eclipsa um crime cometendo outro maior. O ataque do terror imperialista usando armas químicas contra centenas de crianças e adultos na Síria ocorreu imediatamente na sequência de um evidente Golpe de Estado no Egito, seguido por um sangrento massacre de centenas de oposicionistas egípcios pelo governo militar golpista pró-imperialista. Agora, cinicamente, o imperialismo segue sua escalada terrorista ameaçando punir a Síria “para que não volte a usar armas químicas”, quando sabemos que desde meados da década passada os próprios EUA vem fornecendo armas e outras formas de ajuda para os mercenários terroristas na Síria. O governo dos EUA tem alistado aliados no Ocidente e no Oriente Médio e já começou a mover sua enormes máquinas mortífera aérea e naval para cometer um novo genocídio contra os povos árabes. Eles usaram mentiras e manipulação da mídia para alcançar este objetivo, como em operações anteriores, no Kosovo, Afeganistão, Iraque, e, mais recentemente, na Líbia. Nós reivindicamos a posição marxista ortodoxa de apoio incondiciona à Síria nesta agressão e na guerra contra os “rebeldes” patrocinados pelo imperialismo. Devemos seguir a tática de Lenin e Trotsky diante da ameaça de Kornilov na Rússia em 1917. Defendemos o esmagamento dos mercenários da FSA e da Frente Al-Nusra. Somos a favor de uma Frente Única Antiimperialista (FUA) com
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Assad. Exigimos que Assad arme a classe trabalhadora e faça uma convocação para o alistamento de toda a população no exército contra os mercenários e o imperialismo. Mas nós não apoiamos o governo Assad. Esta é uma questão de princípio. Os leninistas-trotskistas não apoiaram, não apoiam, nem apoiarão qualquer governo capitalista. Como Lenin disse: “Nem mesmo agora devemos apoiar o governo de Kerensky. Isto seria uma falta de princípios. Vamos lutar juntos contra Kornilov? Claro que vamos! Mas não é a mesma coisa [lutar contra o golpe de Kornilov e apoiar Kerensky], há aqui uma linha divisória, que alguns bolcheviques passaram por cima dela desviando-se para uma posição conciliadora e deixandose levar pelo curso dos acontecimentos. Vamos lutar e estamos lutando contra Kornilov, assim como as tropas de Kerensky o fazem, mas não apoiamos Kerensky. Pelo contrário, nós denunciamos a sua fraqueza. Existe uma diferença. É uma diferença muito sutil, mas é uma diferença essencial que não deve ser esquecida.” [4]
Rejeitamos a noção abjeta de que o imperialismo está patrocinando qualquer tipo de “revolução” na Síria, o que ele faz é repetir o que fez pela derrubada de Gaddafi na Líbia, assim como disfarçadamente apoia o Golpe militar no Egito. Aqueles que justificam seu apoio aos “rebeldes mercenários” na Líbia pelo assassinato do embaixador americano na Líbia há um ano ou justificam seu apoio ao Golpe de Estado egípcio pelo apoio dos EUA a Irmandade Muçulmana e a Morsi quando ele estava no governo, esquecem que o imperialismo não tem amigos ou inimigos permanentes, apenas interesses econômicos e geo-políticos. Os fundamentalistas foram apoiados no Afeganistão nos anos 1980 e 90, mas o imperialismo lutou mais tarde contra eles no Iraque e no Afeganistão. Aqueles que o imperialismo armou na Líbia voltaramse contra ele no Mali. Aqueles que agora o imperialismo está patrocinando na Síria, através dos seus governos títeres no Golfo, Qatar, Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, mais tarde irão combatê-los em uma nova arena. Mas se os EUA derrubarem Assad e derrotarem o Hezbollah, terão alcançado simultaneamente seu mais importante objetivo geo-político estratégico na região: ele vai remover a ameaça a Israel representada pelo Hezbollah, a mais importante força de combate guerrilheira em toda a região. Os EUA limparão o terreno para o próximo ataque contra o Irã. O fato de ter que facilitar a ascensão de regimes bárbaros que podem futuramente vir a enfrentar Israel é uma questão secundária para o imperialismo. A CIA comemorou a queda de Cabul para o Taleban e o linchamento do ex-presidente Mohammad Najibullah no Afeganistão em Setembro de 1996. A ONU é, efetivamente, uma loja de brinquedos onde os imperialistas permitem que as demais nações do mundo brinquem com os brinquedos da diplomacia em questões secundárias, enquanto ele segue usando-a para defender seu negócio, independentemente do que elas pensam. O imperialismo ocidental bombardeou a Iugoslávia em 1999, apesar do Conselho de Segurança da ONU não aprovar. O Imperialismo dos EUA considera a ONU como um instrumento dele, pois é o seu principal financiador e país sede da Organização. A ONU é assim apenas um escritório de retaguarda do Pentágono. A divisão no Conselho de Se-
gurança da ONU é inevitável e não pode mais ser conciliada já que o imperialismo exerce um papel permanentemente predatório global - econômica, política e militarmente. Isto deve significar guerra contra a Rússia e a China a médio prazo. As consequências sociais sobre todos os continentes são nada mais que danos colaterais para esse “antro de ladrões!” como Lenin descreveu a Liga das Nações, em 1920. Rejeitamos qualquer caracterização deste ataque ou de que a guerra na Síria desde 2011 seriam um conflito “por procuração” inter-imperialista liderada imperialismo ocidental contra o “imperialismo oriental russo-chinês”. Os EUA e seus aliados no Reino Unido, França, Alemanha e Japão controlam a esmagadora maioria dos recursos econômicos e militares do planeta e são ainda mais belicosos agora do que as potências imperialistas eram antes Primeira Guerra Mundial e Segunda Guerra Mundial. Eles estão patrocinando a guerra por causa da queda da taxa de lucro do capitalismo, pois esta é a única maneira de impulsionar uma taxa de lucro para suas corporações transnacionais e os centros financeiros em Wall Street, na City de Londres, Paris, Hamburgo e Tóquio. O simples anúncio do ataque à Síria já turbinou os preços do petróleo, mercadoria hegemonizada pelas “Sete Irmãs” controladas pelos os EUA e Grã-Bretanha (Exxon, Mobil, Gulf, Socal, Texaco, Shell, BP) , cujos principais parceiros no Oriente Médio, não por acaso, são Arábia Saudita, Qatar e Emirados Árabes Unidos, justamente os principais financiadores diretos dos mercenários sírios. “Em Nova Iorque, o preço do barril de petróleo crude [antes de ser refinado] para entrega em outubro aumentou 3,23 dólares para 112,24 dólares o barril, o máximo desde 03/05/2011. Já em Londres, o preço do barril de Brent, para entrega em outubro, alcançou o máximo de seis meses, ao subir 26% para 117,34 dólares o barril. Os Estados Unidos, França e Reino Unido estão próximos de uma intervenção militar na Síria, após a alegada utilização de armas químicas no país.” (RTP, “Preço do petróleo sobe com receios sobre impacto de intervenção militar na Síria, 28/08/2013) [5] Essa guerra pode muito bem detonar a Terceira Guerra Mundial. É essencialmente uma guerra global por mercados entre o bloco da OTAN e o núcleo burguês da Rússia e China. As burguesias chinesas e russas não tem sido fortes o suficiente para assegurar suas áreas de influência. Vemos isso nos sucessivos recuos forçados da China na África, primeiro na Líbia, em seguida, no Mali e, mais recentemente, na República Centro- Africano. Mas, se comparados ao do imperialismo, os recursos da Rússia e da China combinados são, de fato, insignificantes. Portanto, esta é uma guerra imperialista, patrocinada pelo Ocidente, uma contra-revolução que também realiza uma limpeza étnica dos curdos no nor-
te da Síria, a fim de declarar um estado islâmico baseado na lei Sharia com todas as consequências terríveis para mulheres e todas as minorias sexuais que não professam a fé muçulmana sunita. O patrocínio do terrorismo muçulmano sunita tem sido a principal orientação estratégica dos EUA, através da CIA, desde a queda de Saddam, que escolheu no xiita Irã o principal adversário objetivo na região. A Divisão de Atividades Especiais da CIA realizou muitas ações secretas e “atividades especiais”, como bombardeios de civis iraquianos xiitas em mercados para promover a “violência sectária” em seu favor. Essa é a óbvia razão pela crescente popularidade do governo Assad, não só entre as comunidades de minorias étnicas, mas também entre os muçulmanos sunitas urbanos que querem defender, no mínimo, o nível dos direitos e liberdades seculares que têm sob Assad. Por isso, rechaçamos absolutamente a caracterização que este seja um conflito sectário entre sunitas/xiitas, assim como o conflito na Irlanda do Norte não é uma mera disputa sectária religiosa entre católico/protestantes. A religião é sempre um manto ideológico sob o qual as pessoas são levadas a lutar como aparência superficial sobre interesses econômicos, sociais e políticos materiais reais. As linhas divisórias em ambos os conflitos, como em todo o mundo semicolonial, estão entre as forças do imperialismo e as forças anti-imperialistas. Os revolucionários estão sempre inequivocamente no campo anti-imperialista. Aqueles que não lutam pela derrota de seus próprios imperialismos na guerra e, neste ataque, fracassaram no primeiro obstáculo. Não tem nenhuma utilidade para a classe trabalhadora. Sua principal motivação em defender a falsa “revolução síria” é ganhar a aceitação da burocracia sindical, sua camada social-imperialista, que é o principal pilar do capitalismo nas fileiras da classe operária. Saudamos o heroísmo dos bravos soldados do Exército Nacional Sírio que sofreram terríveis baixas na defesa do direito à autodeterminação do seu país contra a agressão patrocinada pelo imperialismo. Eles têm todo o direito de obter armas e ajuda do Irã ou da Rússia. As “Forças Especiais” imperialistas têm estado no terreno na Síria desde 2011. Das fileiras desses lutadores anti-imperialistas da classe trabalhadora podem vir as forças para o futuro partido socialista revolucionário que, por sua vez, acertará contas com Assad e seu nacionalismo burguês reacionário cuja política econômica é quase tão anti-operária e neo-liberal como a de qualquer país imperialista. Estamos confiantes de que os rebeldes pró-imperialistas e seus apoiadores serão jogados na lata de lixo da história por essas forças antiimperialistas. Como socialistas revolucionários e antiimperialistas não defendemos as posições nem a prática de governos nacionalistas burgueses reacionários como as do “Líder supremo “ do Irã, Ali Khamenei,
Saddam Hussein, Muammar Gaddafi ou de Bashar al-Assad. Estes foram e são tiranos brutais e pró– imperialistas. Nós nunca podemos esquecer o favor que Assad pai, Hafez al-Assad, fez para os sionistas e para o imperialismo ocidental permitindo o terrível massacre dos palestinos no campo de refugiados de Tel al-Zaatar, durante a Guerra Civil Libanesa em 12/08/1976. E eles têm brutalmente oprimidos sua própria classe trabalhadora, proibindo greves e executando e prendendo dirigentes sindicais e impondo sindicatos estatais corporativos para oprimir os trabalhadores. Mas há países oprimidos e opressores; nações imperialistas e as nações semi-coloniais. Esta é a essência do imperialismo como dizia Lenin. Os humanitários social-patriotas liberais que apontam para a terrível ação dos tiranos semi-coloniais ou equiparam os seus crimes com os do próprio imperialismo, merecem desprezo universal. Eles seguem a tradição de escolher um “terceiro campo”, seguem a tradição terceirocampista, como Max Shachtman, ao proclamar “nem o imperialismo, nem Assad, defendemos a classe trabalhadora”. Esta tendência agora contamina a grande maioria dos grupos auto-proclamados trotskistas internacionalmente. Todavia quase ninguém mais consegue ver os rebeldes reacionários como genuínos revolucionários ou ver uma potencial revolução dentro da manipulação imperialista. Nós não podemos lutar pelo socialismo em nosso país aceitando a manutenção do espólio do império extraído da opressão brutal de trabalhadores semi-coloniais e camponeses. Nós estamos inequivocamente com Lenin sobre esta questão: “Um ponto central no programa social-democrata deve ser precisamente a divisão das nações entre opressoras e oprimidas, o que constitui a essência do imperialismo, o que é mentirosamente ocultado pelos sociaischauvinistas e por Kautsky. Esta divisão é desprezada pelos pacifistas burgueses e pelos utopistas pequeno-burgueses que acreditam na concorrência pacífica entre as nações independentes no capitalismo, mas é uma divisão essencial do ponto de vista da luta revolucionária contra o imperialismo” [6]
Se os governos burgueses da Rússia, China e Irã não capitularem novamente e o imperialismo for consequente com seus próprios interesses teremos uma Terceira Guerra Mundial. Nesse conflito, os revolucionários não elegem um terceiro campo ideal confortável, não podem ser confundidos como meros pacifistas, nem também nutrem ilusões nas burguesias russa, chinesa, iraniana ou síria. A saída para a humanidade diante da barbárie que nos ameaça está na luta pela derrota dos EUA e seus aliados, na vitória das nações oprimidas e na reconstrução da IV Internacional, o partido mundial da revolução socialista. Abaixo o ataque imperialista contra a Síria! Defender o direito à autodeterminação da Síria! Derrotar os rebeldes patrocinados pelo imperialismo do Exército Sírio Livre e a Frente Al- Nusra! Armar toda a classe trabalhadora e os pobres das cidades para combater o imperialismo e seu exército rebelde mercenário! Formar comitês de trabalhadores nas cidades e no exército para conseguir a vitória nessa guerra! Destruir o Estado sionista de Israel, para formar um Estado operário palestino multi-étnico! Avançar para um governo de trabalhadores como parte de uma Federação Socialista do Oriente Médio! Notas: [1] Guerra ilegal da OTAN contra a Sérvia/As mentiras do Massacre Racak No Kosovo, http://www.youtube.com/watch?v=Z-muEj_E0PY [2] Em 2005, um estudo interno da Agência de Segurança Nacional (NSA) concluiu que o Maddox havia se envolvido em um conflito com a Marinha norte vietnamita no dia 2 de agosto, mas não haviam navios de guerra norte-vietnamitas presentes durante o incidente de 4 de agosto. A pesquisa afirma que no dia 02/08: No 1505G, o capitão Herrick ordenou para abrir fogo se os barcos inimigos se aproximassem até dez metros. O 1505G Maddox disparou três rodadas para avisar aos barcos comunistas. Essa ação inicial nunca foi relatado pela administração Johnson, que insistiu em que os barcos vietnamitas atirou primeiro. No dia 04/08: Não se trata da existência de versões diferentes sobre o que aconteceu, é que nenhum conflito aconteceu naquela noite. [...] Na verdade, a Marinha da Hanoi não estava envolvida em qualquer operação ou ação de confronto naquela noite, apenas no resgate de dois dos barcos danificados em 2 de agosto. O incidente do Golfo de Tonkin, onde navios de guerra dos EUA foram supostamente atacadas por norte-vietnamitas PT Boats, citado pelo presidente Lyndon B. Johnson como uma legítima provocação que obrigou a realização da escalada belicista dos EUA no Vietnã, foi uma farsa encenada que nunca aconteceu. Isto é uma repetição exata do que Bill Clinton fez em 1999 e que Bush e Blair fizeram para atacar o Afeganistão e o Iraque em 2001 e 2003 e podemos ter certeza de que é o que Obama está fazendo agora na Síria. http://en.wikipedia.org/wiki/Gulf_of_Tonkin_Incident [3] Gleiwitz incidente, http://en.wikipedia.org/wiki/Gleiwitz_incident [4] VI Lênin, Carta ao Comitê Central do POSDR http://www.marxists.org/ archive/lenin/works/1917/aug/30.htm [5] Preço do Petróleo sobe com receios sobre Impacto de Intervenção militar na Síria http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=676575&tm= 6&layout=121&visual=49 [6] Lenin , V.I., “O proletariado revolucionário e o direito das nações à autodeterminação”, 16/10/1915
TRABALHADORES BANCÁRIOS Ismael Costa
Por uma greve forte e unificada com todas as categorias em luta!
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o dia 12 de setembro, seguindo o script previamente traçado pelos pelegos da CONTRAF/CUT, foram realizadas assembleias em diversas bases sindicais do país. Em 85 delas, a proposta feita pelos banqueiros, a esmola de 6,1%, foi rejeitada, sendo também aprovada a deflagração da greve por tempo indeterminado a partir do dia 19. Em contraposição à migalha oferecida pelos banqueiros, a CONTRAF/CUT apresenta o vergonhoso índice de 11,93%, sendo que as perdas nos bancos privados ultrapassam os 20% e nos estatais, os 80%. Esse índice totalmente insuficiente de 11,93% e defendido pela direção do maior sindicato bancário do país e vinculado à CONTRAF, o Sindicato dos Bancários de São Paulo (Articulação - CUT/PT; Intersindical/PSOL e CTB/PC do B) se dá numa conjuntura em que os banqueiros, tanto privados, como estatais, estão obtendo lucros estratosféricos. O Banco do Brasil, por exemplo, obteve neste primeiro semestre, um lucro de mais de R$ 10 bilhões, o maior da história dos bancos brasileiros nos seis primeiros meses do ano, enquanto a Caixa Econômica Federal lucrou R$ 3,1 bilhões no mesmo período, 10,3% a mais do que no ano passado. Itáu e Bradesco também aumentaram seus lucros em relação ao primeiro semestre do ano passado. Toda essa lucratividade do capital fi-
Banqueiros e Burocracia sindical: unidos contra os trabalhadores bancários Apesar de toda a disposição de luta de um setor da vanguarda classista, independente da direção do sindicato e que também demarcou terreno em relação à oposição tradicional – o MNOB/CSP-Conlutas – o mesmo golpe que vem sendo desferido contra os bancários nas últimas campanhas vai ser utilizado nas assembleias deste dia 11 de outubro. Com o apoio dos bancos, que convocam gestores, gerentes e demais fura-greves, que atuam como verdadeiros feitores, praticando sistematicamente o assedio moral contra os trabalhadores, a direção do Sindicato de SP deve convocar assembleias separadas (Bancos privados, BB e CEF) para tentar aprovar a migalha de 8% de reajuste com compensação dos dias da greve. Convocamos os bancários de S.Paulo e de todo o país para que compareçam às assembleias nesta sexta-feira e rejeitem esta proposta miserável, como fizeram os trabalhadores do BRB em Brasília na assembleia de ontem. É hora de fortalecer a greve! Não podemos aceitar nenhum acordo com compensação de horas!
nanceiro tem sido resultado principalmente da política de expansão do crédito, ou seja, do parasitismo dos banqueiros praticado contra a classe trabalhadora e os pequenos produtores e comerciantes e também através da superexploração de seus funcionários, incluindo os terceirizados (faxineiras, copeiras, vigilantes, telefonistas, estagiários, etc.), e os trabalhadores precarizados dos correspondentes bancários (Lotéricas, principalmente). Além do arrocho salarial, esta situação faz com que os bancários estejam trabalhando em ritmos de trabalho cada vez mais elevados, com quadros de funcionários cada vez menores ( em 2012 cerca de 11.000 bancários foram demitidos) e sob constante e sistemático assédio moral, o que tem provocado o aumento das doenças do trabalho, como as DORT/LER, bem como das doenças psiquiátricas e outros problemas de saúde. Mas não são somente os banqueiros - privados e estatais - que teremos que combater ferrenhamente nesta greve. Nossa luta também tem que se dar contra os agentes da classe patronal no movimento sindical, a burocracia que dirige a CONTRAF/CUT e o arquipelego Sindicato de S.Paulo, que são atrelados ao governo e aos patrões e que tem traído todas as nossas últimas greves, assinando acordos contrários aos interesses da nossa categoria. Para que construamos uma forte gre-
ve que derrote os banqueiros, nós da LC propomos: Unificação imediata com os trabalhadores grevistas dos Correios, através da formação de piquetes conjuntos e a realização de atos unificados! Formação de piquetes de greve a partir da organização pela base nas agências e departamentos! Por um comando de greve eleito em assembleia! Pela inclusão dos terceirizados e dos trabalhadores precarizados dos correspondentes bancários nas nossas ações durante a greve! A LC defende a incorporação dos terceirizados dos bancos estatais, SEM concurso público! Pelos direito de todos os bancários falarem e fazerem propostas nas assembleias! Não à presença dos “seguranças” (bate-paus) do sindicato! Não à divisão das assembleias! Assembleias unificadas e começando às 15hs até o final da greve! Contra a presença de fura-greves, que atuam como lacaios da direção da empresa, sabotando a luta dos grevistas! Nenhuma punição aos trabalhadores grevistas! Não ao desconto ou compensação das horas da greve! Uma greve vitoriosa fortalecerá não só os trabalhadores bancários, mas todo o conjunto do proletariado, na luta pela estatização do sistema financeiro sob o controle dos trabalhadores e a criação de um banco estatal único.
Uma forte greve Após três semanas de paralisação, podemos traçar um quadro geral do movimento. Trata-se de uma forte greve – a maior dos últimos 20 anos, segundo a burocracia – com grande número de agências e departamentos fechados. Apesar desta adesão, observamos que cresceu em relação aos anos anteriores, a ausência dos trabalhadores de base nos piquetes. Ainda predomina a chamada “greve de pijama”, que neste ano, para um contingente significativo de bancários, tem se convertido em verdadeiras “férias”, um período de descanso para se recompor da exaustão provocada pelos ritmos alucinantes de trabalho. Nota-se também que há inúmeras agências fechadas, mas com importante número de trabalhadores em seu interior, furando a greve e cumprindo as metas estabelecidas pelos banqueiros. Em contraposição a este panorama, temos alguns elementos novos na campanha atual, resultado das grandes mobilizações estudantis do 1º semestre, as chamadas “jornadas de junho. Para se precaver de surpresas e “mostrar serviço”, a burocracia da CUT/PT, que dirige a categoria bancária, tem promovido ações mais fortes nesta greve, em grandes concentrações, como ocorreu na Cidade de Deus, em Osasco, no segundo dia da paralisação. Na maioria das agências, são os funcionários do sindicato que “garantem” o fechamento.
Outro elemento importante é a organização por setores da oposição (“Avante, bancários!”), com total independência da burocracia do Sindicato de S.Paulo, de fortes piquetes em concentrações importantes, como os prédios da Sé, do Brás e da Rerop Osasco, além de se solidarizar em atos públicos, com os professores em luta no Rio de janeiro. A atuação deste setor da vanguarda fez com que o MNOB/ CSP-Conlutas, grupo majoritário de oposição, também participasse dessas ações, ainda que não com todas as suas forças. Até este momento podemos concluir que, mesmo sendo importantes nesta greve os “trancaços” promovidos por esta nova frente de oposição, esses piquetes foram organizados por um setor de vanguarda, se constituindo em ações em certa medida superestruturais. A base da categoria bancária, assim como de outras categorias importantes, algumas fechando acordos rebaixados sem ir à greve, parece não ter sido “contaminada” pelas “jornadas de junho”. Ao contrário do que acontece neste momento com os professores do Rio, os setores mais importantes da classe trabalhadora, principalmente o proletariado fabril, ainda estão na defensiva, contrariando as análises impressionistas que culminam em caracterizações equivocadas como as de que “em junho o Brasil mudou” ou que “abriu-se uma nova etapa na luta de classes”. O Bolchevique No18 - setembro de 2013
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TRABALHADORES DA SAÚDE
Bienvenidos camaradas médicos cubanos! Corrente de Trabalhadores da Saúde
Burguesia brasileira e máfia do jaleco ficam histéricas temendo o contágio do sistema de saúde burguês sanguessuga nacional pelos médicos do Estado Operário Cubano Defendemos a vinda de médicos cubanos para o Brasil. As conquistas da revolução cubana, dentre elas, o sistema de saúde são uma referência mundial (como demonstra o filme SICKO – SOS Saude de Michael Moore) para todos aqueles que desejam um sistema de saúde público, gratuito, baseado na saúde preventiva e livre do parasitismo capitalista. Por isso, apesar de nossas diferenças com a burocracia castrista dirigente em Cuba, consideramos mais progressiva a vinda de médicos cubanos do que de dequalquer outro país. O sistema de saúde no Brasil está doente. Doente porque é submetido aos interesses do capital que drena os recursos da saúde para os bolsos da indústria farmacêutica, dos hospitais privados, das máfias dos planos de saúde. Como denunciou o médico sanitarista Nelson Rodrigues dos Santos, da Unicamp, só os “planos e seguradoras de saúde, empresas particulares, levam 30% do orçamento do Ministério da Saúde, deixando o Sistema Único de Saúde (SUS) subfinanciado e em condições precárias para médicos e pacientes”. Esta enfermidade é a mesma que faz com que a grande parte da elitizada casta dos médicos brasileiros se neguem a atender a população miserável de seu próprio país e ainda se oponham a que profissionais de outros países atendam nossos doentes mais pobres. Estes mercenários de branco agem assim porque querem manter o país carente de médicos para que os serviços que prestam permaneçam escassos e caros enquanto a população morre a míngua. Trata-se de uma política mercantilista desumana que eufemisticamente vem sendo chamada de “promoção de reserva de mercado” para os médicos brasileiros. Nós da Corrente de Trabalhadores da
Saúde e da Liga Comunista nos posicionamos claramente favoráveis a vinda dos médicos cubanos, somo s contra o Revalida e neste restrito sentido apoiamos criticamente o Programa Mais Médicos entendendo que ele é um mero “band-aid” criado pelo governo Dilma preocupado com as eleições do próximo ano. Diga-se de passagem, A proposta não é nova. Serra já a defendeu em janeiro de 2000, quando era ministro da saúde do governo FHC. Inclusive, a proposta de Serra era trazer especificamente médicos cubanos. Agora, depois de lançar todo seu arsenal midiático contra os médicos cubanos, a direita, e particularmente o PSDB, através do governo Alckmin, resolveu jogar peso no marketing eleitoral pró-saúde, prometendo abrir concurso para contratação de médicos para uma jornada de 40h com salários entre 16 mil a 20 mil reais, outro programa que mesmos sendo executado não passará de outro “band-aid” em meio ao fato de que no Estado mais rico do país há dezenas de pessoas morrendo por falta de leito, de vaga na UTI, equipamentos e também de médicos. Apoiamos criticamente o programa mais médicos para ampliar a ajuda emergencial de saúde às cidades e bairros proletários que são carentes da mesma, exigindo a estatização sem indenização de todo o sistema de saúde (hospitais, universidades, planos, indústria farmacêutica) sobre o controle do conjunto dos trabalhadores da saúde.
PSTU defende a vinda da blogueira Yoani Sanches para fazer propaganda anti-comunista no Brasil mas defende embargo a vinda de médicos cubanos para atender a população trabalhadora brasileira. Flagrado e desmascarado, muda de posição, mas continuam defendendo o revalida, famigerado obstáculo corporativista contra que os médicos cubanos possam exercer seu ofício Algumas organizações que se reivindicam marxistas revolucionárias como o PSTU no afã de criticarem o governo burguês do PT e capitalizarem com o descontentamento da classe média e da casta médica viraram as costas para as necessidades elementares da classe trabalhadora, e acabam fazendo coro com a reação: “O PSTU é contra a importação de médicos, inclusive cubanos, porque compreende que este projeto de governo é um ataque aos direitos trabalhistas, é altamente precário e porque não representa uma medida estrutural para construção do SUS.” (site do PSTU, 03/06/2013). Logo de cara, o PSTU que defendeu a vinda para o Brasil da blogueira patrocinada pela CIA e pela grande mídia contra-revolucionária se colocou aberta-
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O Bolchevique No18 - setembro de 2013
mente contra a importação de médicos cubanos porque este partido renega a defesa do Estado operário considerando a Ilha uma “ditadura capitalista”; porque defende agentes patrocinados pela CIA e pela burguesia mundial como a “blogueira” Yoani Sanchez contra Cuba e porque importantes dirigentes do PSTU fazem parte da casta médica e nutrindo interesses materiais comuns com a mesma. Depois, de flagrado se alinhando abertamente com setores como a Veja, a Globo e a elite desse país, o PSTU disfarçou, declarou o oposto do que tinha dito antes: “Defendemos sim o direito dos tra-
balhadores cubanos ou de qualquer outra nacionalidade de trabalharem no Brasil” sem fazer qualquer autocrítica mas, o que é mais importante, seguiu na mesma linha dos Conselhos corporativistas condicionando o “direito ao trabalho dos trabalhadores cubanos no Brasil”a realização do Revalida, “Defendemos a realização do Revalida” (site do PSTU, 27/08/2013).
A luta continua, os médicos cubanos chegaram, mas ainda continuam sendo ameaçados pela máfia do jaleco. Ocupar os CRMS que se negarem a conceder o registro de todos os médicos estrangeiros! Não ao revalida! Que a própria população trabalhadora através de comitês populares seja fiscal do conjunto do sistema de saúde! Os Conselhos de medicina que se negam a conceder registro temporário aos médicos estrangeiros e os Sindicatos médicos que fazem vista grossa a criminosa escravidão da terceirização que toma conta dos hospitais, agora, hipocritamente, justificam sua oposição à vinda de médicos cubanos por se dizerem contra a “escravidão” dos mesmos. O que não dizem é que graças a revolução o Estado operário cubano garante a todos seus trabalhadores habitação, educação e saúde. Sem os sanguessugas da saúde para lhe prejudicar, a medicina cubana avançou imensamente e os médicos cubanos são muito qualificados, enquanto segundo um novo estudo divulgado pelo Journal of Patient Safety, dos EUA, no país mais rico do capitalismo mundial, a cada ano entre 210 mil e 440 mil 440 mil pacientes internados em hospitais a cada ano em os EUA para cuidados médicos sofrem algum tipo de dano evitável contribuindo para a sua morte. Primeiro a máfia do jaleco hostilizou a chegada dos médicos, em seguida, alguns se inscreveram no
programa mais médicos apenas para sabotá-lo. Depois, as instituições da máfia tratam de negar o registro provisório, e ameaçam chamar a polícia contra os médicos estrangeiros que não receberam registro que a máfia se nega a entregar denunciando os estrangeiros por prática ilegal da medicina. “Em tom de ameaça, representantes regionais da classe médica rotularam ontem de ‘ilegal’ a atuação de profissionais cubanos no Brasil por meio do programa Mais Médicos e prometeram acionar a polícia quando eles começarem a trabalhar no país. Presidentes de CRMs (Conselhos Regionais de Medicina) também chamaram o programa de “afronta” e disseram que eventuais erros cometidos por cubanos não serão corrigidos por brasileiros.” Imaginese o doutor de Cuba, submetido a tensão e a precariedade do sistema de saúde brasileiro em uma cidade de interior, tentando curar um paciente que não fala sua língua de origem e chegar um PM para prendê-lo por prática ilegal. A Associação Médica Brasileira e os Conselhos de medicina querem lhes impedir de atender a população brasileira impondo-os um vestibular elitista, o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas (Revalida). A função deste exame não é selecionar médicos, mas preservar a saúde nas mãos de uma elite de “fil-
hinhos de papai” que não precisam trabalhar para viver e podem viver para estudar durante quase 10 anos sem se preocupar com o próprio sustento. Todavia, mesmo depois de pressionados pela Advocacia Geral da União (AGU) a conceder os registros provisórios, os Conselhos da máfia de branco criam novos obstáculos: “Nesta sextafeira (20) o Conselho Federal de Medicina (CFM) orientou os conselhos regionais a autorizarem os registros provisórios dos médicos estrangeiros do programa. De acordo com o CFM, o registro será feito desde que os médicos apresentem a documentação ‘completa’ e ‘sem inconsistências’.” Por isso, defendemos as ações do MST no Ceará e Pernambuco - cujos assentamentos também necessitam de médicos - de bloquear e ocupar as sedes dos Conselhos exigindo a liberação dos registros provisório de trabalho. Nesta briga, vergonhosamente diante dos camaradas cubanos, vimos nossa elite dirigida pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) manifestar todo seu preconceito de classe contra as empregadas domésticas, racismo, xenofobia e anticomunismo. Todavia, foi entre a reacionária elite médica do Ceará, composta de doutores coxinha recém formados dirigidos pelo ex-vereador do PT e presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará, José Maria Pontes que a reação fascistóide atingiu o nível de histeria.