LCFI Liaison Committee for the Fourth International
CLQI Comitê de Ligação pela Quarta Internacional
O Bolchevique
ANO III - NO10 - jun/2012 - R$5
PARAGUAI
Orgão de propaganda da Liga Comunista
• Monsanto e latifúndio brasiguaio por tás da trama por um governo mais anti-sem terras • Imperialismo reforça seu controle estratégico sobre a tríplice fronteira • Frente única antiimperialista ou Frente Populismo latino americano? • Resistência popular sob a estratégia independente do internacionalismo proletário ou do servilismo da UNASUL, cujos resultados já vimos no Haiti e Honduras? • “Todo apoio ao Presidente Lugo” que massacrou os sem terra, pavimentou o terreno da reação e renunciou obedientemente a presidência?
BRASIL
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Medidas ‘anti-crise’ de Dilma, matando a sede com água salgada
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N E S T A
‘CRÉDITO FÁCIL’ DE DILMA Dando “mais corda para o enforcado”, a sobre endividada população trabalhadora, e enforcando mais aos bancários
E D I Ç Ã O CONGRESSO DA CSP-CONLUTAS Por oposições classistas em todas as centrais, reconquistar os sindicatos para os trabalhadores!
DIA DO ORGULHO GAY Violência homofóbica cresce enquanto movimento é seqüestrado pela burguesia
RECONSTRUINDO A IV INTERNACIONAL - CLQI Declaração de 1o de maio - Lançado El Bolchevique # 2, jornal da TBM Argentina - Declaração sobre o golpe de Estado no Paraguai
SADISMO MIDIÁTICO Abaixo o Estado burguês, a polícia assassina, a mídia criminosa e o jornalismo canalha!
LUTA TEÓRICA E ATIVIDADE PARTIDÁRIA Sucesso no lançamento do livro “O Método histórico de Karl Marx” de Paul Lafargue, em defesa do materialismo histórico e dialético
• BANCÁRIOS/SP • JUDICIÁRIOS FEDERAIS/RS • PROFESSORES ESTADUAIS/SP
O Bolchevique No8 - Janeiro de 2012
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SUMÁRIO CARTA AO LEITOR pág. 3 Medidas anti-crise de Dilma, matando a sede com água salgada
ESPECIAL - PARAGUAI
POLÍTICA DE CRÉDITO FÁCIL “ANTI-CRISE” DE DILMA pág. 5 Dando “mais corda para o enforcado”, a sobre endividada população trabalhadora, e enforcando mais aos bancários da Caixa Econômica Federal
GOLPE PARLAMENTAR “MADE IN CIA” pág. 24 DECLARAÇÃO DO CLQI Todos contra o golpe! Mas sem nenhuma ilusão em Lugo, que reprimiu nossos irmãos sem terra e entregou o governo docilmente para a reação. Construir a derrubada de Franco e a luta pela unidade revolucionaria antiimperialista e anticapitalista dos operários e camponeses latino americanos!
DIA DO ORGULHO GAY pág. 7 Violência homofóbica cresce enquanto movimento é seqüestrado pela burguesia
RETIFICAÇÃO pág. 25 Porque a LC não assinou a “Carta em solidariedade ao povo paraguaio e contra o golpe”
SADISMO MIDIÁTICO pág.10 Abaixo o Estado burguês, a polícia assassina, a mídia criminosa e o jornalismo canalha! Em defesa dos presos comuns, pretos e pobres, filhos da classe trabalhadora!
LUTA PELA TERRA pág. 26 Em defesa dos carperos (sem terra) paraguaios, pela expropriação do latifúndio “brasiguaio”!
NACIONAL
CAMPANHA ELEITORAL EM PORTO ALEGRE pág.12 Após defender o código florestal para os latifúndiários, PCdoB agora articula aliança eleitoral com o PP (ex-PDS, ex-Arena), no momento em que a luta por justiça contra os crimes da ditadura militar cresce em todo o Brasil
LUTA TEÓRICA E ATIVIDADE PARTIDÁRIA pág. 28 Sucesso no lançamento do livro “O Método histórico de Karl Marx” de Paul Lafargue, em defesa do materialismo histórico e dialético
SINDICAIS TRABALHADORES JUDICIÁRIOS FEDERAIS pág.13 Jornadas de luta pela conquista da revisão salarial, contra Dilma e as burocracias sindicais governistas BANCÁRIOS - SÃO PAULO pág.14 BALANÇO DO 28O CONECEF: De que oposição precisamos para construir uma luta vitoriosa contra os banqueiros e o governo Dilma, patrão dos bancos públicos? • NOSSA LUTA CONTRA A TERCEIRIZAÇÃO: Efetivação sem concurso dos precarizados! Contratação via sindicato de novos trabalhadores! Em defesa dos plenos direitos sindicais e trabalhistas! Trabalhou em banco bancário é! CONTRIBUIÇÃO AO CONGRESSO DA CSP-CONLUTAS pág.16 Combater a burocratização imposta pela política pró-imperialista e governista dentro de nossas organizações de massa! Construir oposições classistas em todas as centrais e reconquistar os sindicatos para os trabalhadores sob uma política marxista e revolucionária! PROFESSORES ESTADUAIS - SÃO PAULO pág. 19 Podem nossos salários e o ensino público sobreviverem ao parasitismo crescente do tucanato e seus sócios? • Um lembrete necessário: Os alunos são nossos aliados na luta contra o capital • Por uma frente de oposição revolucionária na Apeoesp e Simpeem, para derrotar PT, PCdoB, PPS e a “situação alternativa”: PSTU, PSOL e seus satélites do Folha do Trabalhador # 13 RECONSTRUINDO A IV INTERNACIONAL
pág. 23
EL BOLCHEVIQUE # 2 pág. 22 Saiu o segundo número do jornal da Tendencia Militante Bolchevique, corrente irmã da Liga Comunista na Argentina
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O Bolchevique No8 - Janeiro de 2012
Orgão de propaganda da Liga Comunista Ano III - NO10 - junho de 2012 Outras publicações da LC podem ser encontradas virtualmente em nosso blog: lcligacomunista.blogspot.com
DECLARAÇÃO DA CLQI AO 1o DE MAIO pág. 21 Saudação do Comitê de Ligação pela IV Internacional ao dia internacionaldos trabalhadores FOLHETO DO SOCIALIST FIGHT BRITÂNICO A Explosão do WRP, A sabotagem de uma oportunidade para a regeneração do trotskismo 1985 – 1991
O Bolchevique
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A Liga Comunista é membro do Comitê de Ligação da IV Internacional (CLQI) juntamente com o Socialist Fight da Grã Bretanha e a Tendencia Militante Bolchevique da Argentina. As opiniões expressas nos artigos assinados ou nas correspondências não expressam necessariamente o ponto de vista da redação.
CARTA AOS LEITORES
Medidas ‘anti-crise’ de Dilma, matando a sede com água salgada Estímulo ao crédito, redução do IPI, redução de juros bancários, ‘PAC das compras do governo’,... de como as medidas anti-crise de Dilma, de pesadas transferência de renda ao grande capital, arrocho salarial e super-endividamento das famílias trabalhadoras, potenciam a crise no Brasil
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a década passada, o governo Lula tentou blindar os capitais instalados no Brasil dos efeitos das crises econômicas (2001 e 2008), reorientando parte das exportações de commodities do país, que antes se dirigia a Europa e EUA, para a China, que no mesmo período suplantou os EUA como “locomotiva” da economia internacional. Esta reorientação nas exportações, embora tenha retardado paliativamente a chegada da crise no Brasil, apenas acentuou o caráter semicolonial agro-exportador do país. A aposta na China, que converteu-se no principal parceiro comercial do Brasil, favoreceu setores da classe dominante ligados ao extrativismo, como a Vale do Rio Doce, os magnatas da Soja associados a Monsanto, Eike Batista, etc., que acumularam enormes fortunas assim como os banqueiros. Quanto à produção de bens de consumo, que até 2008 estava voltada para a exportação e ficou prejudicada com o estouro da crise internacional, o governo do PT apresenta como saída, o escoamento através do estímulo ao consumo em cascata: expansão do crédito das empresas e da população, renúncia fiscal e por fim antecipação e aumento das compras às indústrias pelo próprio Estado. No começo de 2012, saltando de júbilo pelo estímulo ao consumo, o burguês que por muito tempo reinou como dono do maior oligopólio varejista do país, Abílio Diniz, comemorou: “O Brasil não é o País do futuro, é o de agora”, acreditando que o país estaria safando-se da crise ao trocar o “consumo externo pelo interno”. Todavia, indicando qual a perspectiva do crescimento econômico “brasileiro”, poucos meses depois, Diniz transfere definitivamente o controle acionário do grupo que inclui o Pão de Açúcar, as Casas Bahia e o Ponto Frio, para o controle da multinacional francesa Casino. Sob os efeitos da crise e do aumento dos custos de produção, a “fábrica planetária” chinesa começou a desacelerar. Vale destacar que a China encareceu porque foi forçada pelo crescimento dos protestos salariais operários, por um lado e, por outro, através do estímulo ao consumo interno e criação de um mercado e de uma pequena burguesia que dê escopo a sua recriada sociedade burguesa. Diante do declínio da demanda por commodities como o ferro e o petróleo brasileiros por parte da China, o governo Dilma dobra a aposta no consumo interno, aumenta o preço dos combustíveis, facilita o crédito e, através do “pleno emprego”, estimula o aumento da massa salarial do conjunto da população sem aumentar os salários, precarizando o trabalho e criando a escravidão por dívida da população trabalhadora. Disto trataremos mais adiante. UM CANTEIRO DE OBRAS INÚTEIS SOB UM “REGIME ESPECIAL DE CONTRATAÇÃO” Assim como ocorrera nos EUA, também no Brasil uma parte do crédito expandido inflou a bolha imobiliária, alavancando a expansão da construção civil. É necessário destacar também que país virou “um canteiro de obras” para conter a queda da taxa de lucro, investindo em uma valorização de capitais que não competem no mercado mundial no sentido de que não se exportam e, por outro lado, que não têm que competir com as mercadorias importadas, impulsionando os chamados, setores ‘não trançáveis’. Inclusive o crescimento da construção civil, um ramo produtivo, não esteve dirigido à realização de obras infra-estruturais, de transportes ou energia, mas voltado primeiramente ao desvio de recursos estatais para acumulação privada através do superfaturamento das obras – não por acaso a Delta é a principal empreiteira do PAC, do qual Dilma é “mãe”, e o pivô do maior escândalo de corrupção em evidência no momento – em nome da construção de obras inúteis para o desenvolvimento estrutural do país, como estádios de futebol e construções de luxo. Daí porque também o governo Dilma tenha realizado uma escandalosa legalização dos esquemas
de corrupção através da criação de “regimes especiais de contratação”. Quando acabar a festa, provavelmente com o fim dos Mega-eventos, os trabalhadores da “6ª economia mundial” vão sentir a ressaca com força, descobrindo que o país perdeu competitividade no mercado mundial e ganhou uma crise com efeitos como os que hoje são sentidos por nossos irmãos gregos e espanhóis. Ao mesmo tempo em que a China desacelera, a Petrobrás revelou dados menos superestimados do Pré-Sal, deixando claro que o grande negócio que tornaria o país não só auto-suficiente, mas também “potência petrolífera mundial”, não passa de propaganda enganosa da era frente populista. Em conjunto com esta revelação, se evaporaram em 2 dias 14 bilhões de reais do valor de mercado em ações das empresas do megaespeculador tupiniquim Eike Batista, cujas empresas super-alavancadas por negócios como o do Pré-Sal já haviam “perdido” R$23 bilhões de valor de mercado em 2011. Apesar do Pré-Sal responder por nada mais do que 5% dos 2,02 milhões de barris diários produzidos no País, quase metade (49%), ou US$ 43,7 bilhões, dos investimentos totais na área de produção da Petrobras (http://www.petrobras.com.br/pt/) “vai para a camada do pré-sal”, segundo o Plano de Negócios da empresa até 2016, anunciado no dia 25/06. O Petróleo brasileiro é caro e pobre e o país não possui refinarias. Mas o PAC atenuará este problema? Veremos: Por exemplo, as obras da Refinaria Abreu e Lima, no Estado de Pernambuco, estão com atraso de três anos. Foram orçadas em US$ 2,3 bilhões em 2005 e não sairão por menos de US$ 20,1 bilhões, quase dez vezes mais. As revelações foram feitas pela nova direção da Petrobrás para se cacifar diante da direção anterior indicada por Lula, como parte da luta intestina no interior da burocracia estatal frente populista. Sob o domínio do capital mais uma vez os grandes capitalistas donos dos grandes conglomerados de empreiteiras e o capital financeiro drenarão muito capital para seus bolsos e as refinarias continuarão a não existir assim como apesar do potencial energético o país continuará dependente também na área petrolífera. ATÉ O AUMENTO DA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO, ESTAGNADA HÁ 30 ANOS, DEPENDE DA REVOLUÇÃO SOCIAL Além de perder competitividade e manter seus “gargalos estruturais”, há 30 anos a produtividade anual da força de trabalho do Brasil possui uma evolução desprezível em relação ao crescimento mundial no mesmo período, ou seja, está estagnada. “Levantamento feito com 17 países da América Latina mostra que a produtividade do trabalhador brasileiro — medida pelo quociente entre PIB e pessoal ocupado — está entre as mais baixas: na 15ª colocação, segundo dados da instituição de pesquisa americana The Conference Board. No ranking mundial o Brasil aparece na 75ª posição. Com uma produtividade de US$ 19.764 por trabalhador no ano passado, o Brasil vai ficando para trás: de um ano para o outro, é estimado um avanço de 1,4% — abaixo da média da América Latina (2,1%) e aquém da mundial (2,5%). Nos países ricos, a produtividade alcança US$ 105 mil nos EUA e US$ 78 mil na Alemanha. ‘Esse indicador é a síntese da baixa qualificação do trabalhador brasileiro, dos gargalos estruturais e do baixo investimento. Também está refletido nesses números o modelo econômico do país, calcado na produção de commodities. Não investimos em produtos de maior valor agregado. Nessas condições, não há como crescer 4%, 4,5% de forma sustentada’, analisou Marco Tulio Zanini, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV).” (Globo Economia, 18/03/2012). Um país que assegura o desenvolvimento da produtividade do trabalho domina aqueles que possuem uma baixa produtividade. A revolução burguesa resolveu para um conjunto de países capitalistas a questão da criação de condições para uma maior produtividade do trabalho. A era frente populista acentua esta atrofia colonial, exaure como nunca antes as riquezas energéticas e a força de trabalho do proletariado a serviço O Bolchevique No8 - Janeiro de 2012
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dos capitalistas aqui instalados. Por esta incapacidade histórica de todas as variantes de governos burgueses em realizar as tarefas da revolução burguesa pendentes, é evidente que somente uma revolução proletária pode também na questão da produtividade do trabalho libertar o Brasil do parasitismo imperialista pago a um altíssimo custo pelo proletariado. O endividamento das famílias é o maior em sete anos. Segundo último levantamento do Banco Central, dívidas consomem quase 43% da renda anual da chamada classe média e dos trabalhadores em geral. A expansão do crédito e do consumo interno é um recurso “anticíclico” (contra os efeitos da sobreacumulação de capitais e da queda tendencial da taxa de lucro) aplicado retardatariamente por grande parte dos chamados países periféricos depois de ter sido esgotado nos EUA e EU. Note-se que os países periféricos seguem tardiamente a crise dos centrais detonadas precisamente pela expansão de crédito (bolha imobiliária em 2008 nos EUA e agora das dívidas na UE). Nações “emergentes” que através do desenvolvimento desigual e combinado haviam sido menos afetadas pela crise passada e até obtido alguma vantagem comparativa com a crise nas metrópoles, agora tendem a imergir em uma nova crise. No último relatório do BIS (Banco de Compensações Internacionais) a instituição alerta para o risco de que Brasil, China, Turquia e Indonésia possam ser as bolas da vez porque o crédito tem crescido muito mais do que o PIB destes países. “A diferença entre o crescimento dos empréstimos e o da produção, o ‘gap do crédito’, chegou a 13,5 pontos percentuais nos últimos três anos no Brasil.” (Estado de São Paulo, 26/06/2012). Durante o governo Dilma, o endividamento da população trabalhadora com o sistema bancário passou de 6% do PIB para mais de 16%. Isto reflete a perspectiva de esgotamento da política de estímulo ao consumo e expansão do crédito pelo governo Dilma. MARX E O SISTEMA DO CRÉDITO: ALAVANCANDO A SUPER-ESPECULAÇÃO AOS SEUS LIMITES EXTREMOS O BIS, conhecido como “banco central dos bancos centrais”, obviamente não está preocupado com o endividamento das famílias trabalhadoras, mas tão somente com a bolha que tende a estourar a partir de sua inadimplência. O BIS e os analistas burgueses também não se dispõem a explicar porque a expansão do crédito, uma varinha mágica capaz de dinamizar o consumo, provoca crise, além do que todos os comentaristas tratam de fazer, que é incutir culpa na “irresponsabilidade” do trabalhador ou trabalhadora que sem salário suficiente capaz de custear sua vida, tomou emprestado e não foi capaz de controlar suas economias, algo quase impossível diante da agiotagem do capital financeiro. Todavia, este fenômeno é conhecido dos marxistas há mais de um século. Como nos ensinara Marx em sua principal obra: “Se o sistema de crédito aparece como alavanca principal da superprodução e da super-especulação no comércio é só porque o processo de reprodução, que é elástico por sua natureza, é forçado aqui até seus limites extremos, e é forçado precisamente porque grande parte do capital social é aplicado por não proprietários do mesmo, que procedem, por isso, de maneira bem diversa do proprietário, que avalia receosamente os limites de seu capital privado, à medida em que ele mesmo funciona. Com isto ressalta apenas a valorização do capital, fundada no caráter antitético da produção capitalista, permite o desenvolvimento real, livre, somente até certo ponto, portanto constitui na realidade um entrave e limite imanentes a produção que são rompidos pelo sistema de crédito de maneira incessante... Ao mesmo tempo, o crédito acelera as erupções violentas desta contradição, as crises e, com isso, os elementos da dissolução do antigo modo de produção” (O papel do crédito na produção capitalista, O Capital, Volume III, Tomo I). Obviamente Marx tinha em mente a Inglaterra do final do século XIX que no momento era o centro do capitalismo mundial. Então como esta formulação pode se aplicar ao Brasil de hoje, uma semi-colônia periférica responsável por menos de 2% da produção de riquezas do planeta? Primeiro precisamos entender que Marx aponta neste mesmo capitulo dO Capital que o sistema de crédito é necessário para equalizar a taxa de lucro sobre a qual se assenta toda a produção capitalista. A ‘FINANCEIRIZAÇÃO’ NÃO É A CAUSA, MAS UM DOS EFEITOS DA CRISE Mas que os leitores não deduzam daí que a crise tem como causa motriz a expansão do crédito, recaindo na tendência do senso comum completamente estranha à economia política marxista a explicar a crise mundial pela “financeirização” do capital, pelo “desprendimento do capital financei-
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ro especulativo da produção real”, pela “hegemonia do capital financeiro”, por ataques especulativos e outras bobagens bem em moda dentre muitos que se proclamam marxistas. A “financeirização”, o que Marx já chamava de “super-especulação”, é uma conseqüência da expansão do crédito, um recurso “anti-cíclico” artificial para conter a queda tendencial da taxa de lucro a partir de uma contra-tendência. As crises capitalistas não têm suas causas em fatores externos ao processo de valorização e acumulação de capital. O capital financeiro é a fusão do capital bancário com o industrial e não existe isto de “capital bom”, o produtivo-industrial e o “capital mau”, o especulativo-bancário. O teórico e militante trotskista Abraham Leon destacava que a tese maniqueísta que acabamos de refutar já servira também de argumento à reação fascista para justificar o confisco do “capital usurário judeu”. Se a causa da crise fosse a especulação financeira, como cacarejam muitos pseudo-marxistas, a saída para a mesma estaria dentro da própria economia capitalista, seria a reorientação econômica para investimentos na “economia real”, industrial produtiva, como advogam o reformismo oportunista. A LC rompeu com estas concepções bastante comuns no pseudo-trotskismo, dedicando-se a aprender a economia política marxista, ferramenta essencial do materialismo histórico e dialético e, portanto do programa do partido revolucionário do proletariado. A EXPANSÃO DO CRÉDITO É ÁGUA SALGADA, QUE AGRAVA A SEDE AO CONTRÁRIO DE SANÁ-LA, MAS NÃO É ELA A CAUSA DA SEDE A chave da depressão que atingirá o Brasil deriva dos ciclos de recessão e crescimento da produção de capitais da indústria de manufaturados dos EUA, que corresponde a 1/3 da indústria mundial e que determina o padrão de rentabilidade, de preços e de concorrência mundiais. A vantagem relativa da qual os capitais instalados no Brasil se beneficiaram vem se esgotando após sofrer o impacto da retomada da produção industrial nos EUA nos últimos três anos. A inundação do mercado mundial com novas remessas de dólares combina-se com a pauperização da força de trabalho estadunidense, a expansão do exército de desempregados e a desvalorização brutal da massa salarial para pressionar para baixo o preço das mercadorias, exigindo medidas de ampliação da demanda por parte dos países capitalistas periféricos, medidas que resultam em efeitos distintos quando aplicadas a economias tão distintas como a Rússia, a China, países dependentes ou o Brasil semi-colonial.* A própria retração econômica não passa de um efeito e não causa da crise que decorre justamente do fenômeno inverso, a sobre-acumulação de capitais e a influência das altas e quedas da taxa de lucro sobre as economias. É então que para tentar evitar a depressão os capitalistas recorrem, dentre outros truques paliativos, à expansão do crédito buscando ampliar as bases da demanda e dinamizando a velocidade da circulação monetária. Portanto, ao alavancar a superprodução e a super-especulação, como aponta Marx, a expansão do crédito, de uma só vez retarda a erupção ao passo que acentua as dimensões do caráter antitético da produção capitalista e, portanto, potencia a crise que foi retardada. Na origem do retardo da recessão nacional está o impacto combinado e desigual da crise no Brasil. A crise detonada pela expansão do crédito nos EUA em 2008 e agora na Europa produziu recessão e demissões em massa. O relativo deslocamento de investimentos dos países centrais para o Brasil abriu 2,5 milhões de vagas de trabalho em 2010, ano apontado como ápice da escalada do emprego no país, quando atingiu-se o auge do que o governo falsamente denomina de “pleno emprego”. Todo este capital monetário excedente combina-se com os megaeventos fomentando uma grande especulação imobiliária, a valorização da renda da terra e agudizando o “problema da habitação” através do encarecimento do crédito hipotecário pela elevação do preço dos imóveis, enquanto aparentemente tenta seduzir a população trabalhadora com a redução das taxas de juros. Quem não pode participar deste cassino é desalojado, como é o caso das populações pobres que moram precariamente e dos que não conseguiram pagar o preço da casa própria. Não por acaso, a PLR, um engodo capitalista, que compromete o operário com o lucro que os patrões obtêm à custa de sua super-exploração, converteu-se em uma das principais demandas das campanhas salariais, principalmente entre o proletariado fabril, simplesmente porque esta quantia que corresponde a 2 ou 3 meses de salários alivia o sufoco das famílias soterradas em dívidas.
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POLÍTICA DE CRÉDITO FÁCIL “ANTI-CRISE” DE DILMA
Dando “mais corda para o enforcado”, a sobreendividada população trabalhadora, e enforcando mais aos bancários Redução de juros de Dilma favorece banqueiros, aumenta assédio sobre bancários e burocracia sindical sabota desde já a campanha salarial em virtude das campanhas eleitorais governistas
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Texto de subsídio a contribuição da LC ao Congresso Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal
o dia 02 de junho foi realizado o Congresso Estadual dos Empregados da Caixa Econômica Federal – FETEC/ CUT, São Paulo. O Congresso que contou com a participação de aproximadamente 100 delegados, tinha como principal objetivo eleger os delegados para O Congresso Nacional dos trabalhadores do Banco. Como era previsível, a burocracia cutista nem de longe estava interessada em discutir os ataques pelo governo Dilma à categoria. Os delegados eleitos nos locais de trabalho e na assembleia do dia 29 de maio, agora elegeram os delegados para o 28º CONECEF, que ocorrerá entre os dias 15 e 17 de junho em Guarulhos, São Paulo. Os bancários e, sobretudo os da CEF, sentem o agravamento do assédio moral que já vinham sofrendo graças às recentes medidas “anti-crise” de redução dos juros tomadas pelo governo Dilma. A direção da estatal tenciona até pela abertura das agências aos sábados, ameaçando uma conquista histórica da categoria. Dentro de seus locais de trabalho, os bancários efetivos e mais ainda os trabalhadores terceirizados estão vivendo um clima de grande pressão com vários conflitos cotidianos provocados pela direção do banco e seus chefetes. Tudo isto porque vem aumentando a quantidade de trabalho sem que existam trabalhadores para atender a demanda 1. Esta situação que já era extenuante para todos aqueles que trabalhavam no Banco, piorou após as medidas de Dilma, o tal “crédito fácil”, supostamente em favor da facilitação do crédito para a população (clientes) visando dinamizar o mercado interno. Outra medida recente do governo Dilma, a extensão do prazo para pagamento dos imóveis financiados de 30 para 35 anos, também contribuiu para elevar brutalmente a jornada dos bancários da CEF. A tolerância creditícia de Dilma neste caso visa sobretudo beneficiar a especulação imobiliária cuja bolha não para de crescer e tende a reproduzir no Brasil o estouro que vemos hoje na Espanha. PAUPERIZAÇÃO RELATIVA ATRAVÉS DA ESCRAVI-
DÃO POR DÍVIDA A suposta “facilitação do crédito” para “permitir o acesso da população aos bens de consumo”, marca registrada dos governos Lula e Dilma, é um engodo capitalista que maquia o arrocho salarial, substituindo o reajuste dos salários – reivindicado pelos trabalhadores mas negado pela burguesia e pelo governo – por maior endividamento dos trabalhadores. Isto cria para as massas a ilusão de que finalmente estão tendo acesso aos “sonhos de consumo”. Mas, na verdade, elas estão trabalhando agora mais do que nunca, em ritmos e jornadas alucinantes, que resultam em uma lucratividade espetacular para os patrões. Assim, em troca da “isca” do consumo e cada vez mais escravizados à dívida que esta ilusão cria, os trabalhadores multiplicam de maneira estratosférica os lucros dos capitalistas e entre eles os banqueiros. Se o que Marx chamava de pauperização relativa significava o aumento dos salários de forma bem inferior ao aumento da riqueza dos patrões 2, temos uma versão bem mais perversa deste fenômeno onde os salários são arrochados e os trabalhadores escravizados por dívida. Outro argumento em favor das medidas “anti-crise” é o de que a redução das taxas de juros cobradas pelos bancos privados diminuiria o spread bancário (diferença entre a taxa de juros que os banqueiros tomam emprestado e a que eles emprestam) e conseqüentemente reduziria os custos da produção e da circulação de mercadorias. Em contrapartida os banqueiros da Febraban exigiram que o governo sacrificasse a já minguada “rentabilidade” das cadernetas de poupança, que mal alcança o rendimento dos falaciosos índices de inflação oficiais, para estimular a transferência das aplicações da poupança para os fundos de renda fixa que passam a remunerar pelo o triplo da poupança 3. E todavia, os banqueiros, que a contra-gosto reduziram os juros, aumentaram a restrição ao crédito. Mas se para o centrismo trotskista basta limitar-se a criticar os aspecto monetários da política governista, os O Bolchevique No8 - Janeiro de 2012
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defensores de uma revolução social dirigida pelo proletariado não podem se dar ao luxo de desprezar o fato de que o objetivo central da redução dos juros bancários é a maior drenagem da mais-valia extraída do trabalho produtivo, ou seja, do proletariado industrial, pelo capital financeiro via sistema bancário através do estímulo a contração de mais empréstimos. Empurrado pelo Estado, melhor dizendo, através dos bancos estatais, o proletariado acertará o que deve com os bancos privados. A suposta competição interbancária por quem capta mais clientes em busca de empréstimos é uma falsa idéia patrocinada pela mídia burguesa para encobrir o favorecimento dos banqueiros na operação (“Crédito nos bancos estatais cresce 2 vezes mais que nos privados” manchete principal do Estado de São Paulo em 04/06/2012). Como no Proer e no Prouni, o “crédito fácil” é mais uma transferência de dinheiro estatal para o capital privado custeada pelos trabalhadores de uma forma menos explicita do que os casos da compra do Panamericano pela CEF ou agora o saneamento escandaloso do rombo aplicado pelos banqueiros donos do Cruzeiro do Sul (ligados ao Bradesco). Basta ver que não houve nenhum significativo aumento na contratação de empréstimos nos bancos privados. Porque os próprios bancos privados sequer fizeram uma encenação para maquiar a operação oferecendo mais linhas de crédito. “Dados do Banco Central mostram crescimento de 1,9% na carteira das instituições estatais em abril em relação a março, mais que o dobro dos 0,7% verificados nos bancos privados.” (O Estado de São Paulo, 03/06/2012). Vale destacar que os banqueiros além de não se interessarem em fornecer mais empréstimos aos pequenos clientes, no pouco que reduziram suas taxas de juros ainda aumentaram as restrições ao crédito. Logo de imediato a medida “para incentivar o consumo interno” resultou no efeito contrário e pela primeira vez desde o início do governo Lula a venda de carros despencou em abril (mês de aquecimento e não de retração das vendas de veículos). Foi então que novamente o governo Dilma sai em amparo do grande capital e realiza mais uma renúncia fiscal reduzindo mais uma vez o IPI do setor automotivo para reduzir o estoque dos veículos nos pátios das montadoras que já começaram a demitir. A redução dos juros bancários está a serviço dos banqueiros, induzindo os trabalhadores já inadimplentes a contraírem dívidas na CEF e no BB para saldarem as dívidas nos bancos privados que já não podiam pagar. Assim, graças ao governo Dilma os banqueiros conseguem ampliar de forma estratosférica o montante de riquezas que desviam da produção para o ao capital bancário. Uma comprovação de que esta “linha de crédito” acabará no bolso dos banqueiros é dada pelo levantamento realizado por outro setor da burguesia enciumado com mais este presente dado pelo governo Dilma ao capital financeiro. Os comerciantes paulistas agrupados na FECOMÉRCIO-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) anunciaram sem muito ânimo que o efeito da queda dos juros sobre suas vendas será irrisório uma vez que “injetará no máximo 10 bilhões de reais para o consumo, cifra que equivale a pouco mais de 1% do total previsto de vendas do comércio varejista neste ano” (Estado de São Paulo, 21/04/2012). E não é por puro peleguismo que a burocracia sindical
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só finge que é contra o assédio moral enquanto deixa que ele ocorra de forma crescente em nosso local de trabalho. Como a LC já criticamos mais de uma vez: “Hoje, os sindicatos funcionam como verdadeiras empresas capitalistas contra seus associados trabalhadores. O sindicato dos bancários, a APCEF e a FENAE converteram-se em empresas com estruturas capitalistas que se associam aos banqueiros e especuladores, participando do mercado financeiro través dos fundos de pensão. E não só isto, através de parcerias como a FENAE/ PAR CORRETORA com a Caixa, os dirigentes sindicais se associam ao capital financeiro para aumentar as metas de lucratividade e venda de produtos, ao assédio moral sobre os próprios bancários. Por fim, as entidades sindicais que deveriam nos representar e nos defender contra o assédio moral e a exploração, passam a nos superexplorar também. Não é a toa que estes vendidos entregam nossas campanhas salariais e apenas fingem lutar contra o assedio moral. Há muito estes pelegos são sócios de nossos patrões, recebendo gordas comissões de sua parceria empresarial pela superexploração que massacra os bancários.” (“BANCÁRIOS- SÃO PAULO, Por uma oposição de verdade para a APCEF!”, dO Bolchevique #3, 14/03/2011) Todavia, nada disto foi discutido, nem um plano de ação foi preparado para a campanha salarial que evidentemente precisa ser antecipada diante de tantos ataques. Mas a direção do Sindicato dos Bancários de São Paulo fez foi liquidar a toque de caixa o próprio Congresso Estadual. Um simpatizante da LC e cipeiro da CEF, ativista da tendência sindical “uma Classe”, construída em 2011 a partir do piquete de greve da Agência Sete de Abril na cidade de São Paulo elegeu-se delegado para o 28º CONECEF. Ismael Costa Humberto Rodrigues Notas 1. Isto é assim porque para o banqueiros os trabalhadores do banco representam um custo ao qual ele quer reduzir. Não é por acaso que a principal causa dos problemas de saúde dos bancários reside na sobrecarga de trabalho e no assédio moral. O Banco opõe-se a contratação de funcionários suficientes para realizar todo o trabalho necessário porque para o patrão (mesmo sendo o Estado) os bancários são custos a serem restringidos. Diferente do operário fabril que ao transformar a natureza material cria valor e logo em certa medida, quanto mais operários explora mais lucros tem o patrão da indústria. Embora sejam necessários ao sistema bancário, os trabalhadores bancários permitem a realização do lucro do banqueiro (principalmente através da cobrança de juros bancários) mas não são produtores de riqueza material, não produzem valor que já foi produzido na esfera da produção e só pode ser originado em uma parte da mais-valia explorada do proletariado industrial. 2. A lucratividade do sistema financeiro cresceu 550% nos dois governos de Lula, saltando de R$ 34 bilhões para R$ 170 bilhões. No mesmo período, os bancários tiveram apenas 56% de reajuste salarial. 3. Antes das novas regas da caderneta de poupança, o rendimento desta aplicação preferencial dos trabalhadores era de 0,5% ao mês + TR (equivalente a 6,17% ao ano + TR). Agora, com a poupança vinculada a taxa Selic, caso a Selic seja maior que 8,50%, a rentabilidade da poupança é a mesma que já conhecemos: 6,17% ao ano + TR. Mas caso a Selic seja menor ou igual a 8,50%, a rentabilidade será de 70% da Selic + TR. A tendência atual é que a com a Selic em torno de 8,2%, a TR seja zero. Assim, o rendimento efetivo da poupança será apenas os 70% da Selic. Ou seja, a poupança, o principal investimento do proletariado e dos pequenos poupadores foi desvalorizada para 0,55% ficando abaixo até da inflação oficial.
DIA DO ORGULHO GAY
Violência homofóbica cresce enquanto movimento é seqüestrado pela burguesia
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dia do “Orgulho Gay” nasce em 28 de junho de 1969, em Manhattan, Nova Iorque. Nesta data, homossexuais que freqüentavam uma famosa casa noturna local (Stonewall) entraram em combate com a polícia durante mais de uma semana, exigindo seus direitos civis. A luta contra o machismo tem como dia de luta o oito de março, dia Internacional da Mulher TRABALHADORA, que nasceu já com um corte claro de classe. Como relata Trotsky, as operárias têxteis, o setor mais oprimido da sociedade russa, passaram por cima de suas direções social-democratas e inauguraram a Revolução de Fevereiro: “O 23 de fevereiro (8 de março no calendário ocidental) era o Dia Internacional da Mulher. Os elementos social-democratas se propunham festejá-lo na forma tradicional: com assembléias, discursos, manifestos, etc. Ninguém atinou que o Dia da Mulher pudesse converter-se no primeiro dia da revolução. Nenhuma organização fez um chamamento a greve para este dia. ...desprezando suas instruções, se declararam em greve as operárias de algumas fábricas têxteis e enviaram delegadas aos metalúrgicos pedindo que apoiassem o movimento... É evidente, pois, que a Revolução de Fevereiro começou por baixo, vencendo a resistência das próprias organizações revolucionarias; com a particularidade de que esta espontânea iniciativa ficou a cargo da parte mais oprimida e coagida do proletariado: as operárias do ramo têxtil” (tomo I da “História da Revolução Russa”). Existem controvérsias sobre a data. A princípio, entendia-se que O Dia Internacional da Mulher nasceu a partir de uma proposta de Clara Zetkin no II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, em 1910. Mas, nos anos posteriores a 1970, este Dia passou a ser associado a um incêndio em uma fábrica têxtil que teria ocorrido em Nova Iorque em 1911. Em que pese tais fatos, seja por uma origem ou por outra, vemos que este dia sempre esteve relacionado à luta emancipatória classista e revolucionárias das mulheres operárias. Tal fato hoje ocultado pela mídia burguesa, que fala em “Dia da Mulher” (sem falar em mulher TRABALHADORA) não faz com que a História se modifique e ligue a luta contra o machismo à luta de classes. Como dizia Simone de Beauvoir, “a mulher burguesa é oprimida enquanto mulher, mas exploradora enquanto burguesa. Não está do nosso lado” (o Segundo Sexo, vol. I). Já o “Orgulho Gay”, desde seu nascedouro, é um movimento chamado “policlassista”; não nasceu do chão das fábricas, das revoluções ou por iniciativa do movimento socialista. E desde sempre foi se desenvolvendo desta maneira, até chegarmos à situação dos dias de hoje. A Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou projeto de lei que inclui no Código Civil a união estável entre homossexuais e sua futura conversão em casamento. A proposta transforma em lei uma decisão já tomada por unanimidade pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em maio de 2011, quando reconheceu a união estável de homossexuais como unidade familiar. A proposta ainda precisa ser votada na Câmara dos Deputados, mas já representa um avanço na luta pelos direitos civis. É progressiva tal aprovação, mas como marxistas denunciamos que a integração do movimento ao capital é reacionária e apenas maquia a homofobia cada vez mais violenta.
AV. PAULISTA: UM DIA PARA A “MAIOR PARADA GAY DO PLANETA” E 364 PARA BRUTAIS ATAQUES HOMOFÓBICOS Em primeiro lugar, hoje, o movimento gay foi “raptado” pela burguesia e pelas chamadas “Organizações Não Governamentais”, as ONGs. Estas instituições proliferaram como rastilho de pólvora depois da queda dos Estados Operários e da ofensiva ideológica anti-comunista, como uma “alternativa” do chamado “terceiro setor” ou “sociedade civil”, movimentos divorciados dos sindicatos e partidos. Caiu como uma luva em relação ao movimento pelos direitos homossexuais, que sempre teve no seu seio ardorosos defensores do seu apartamento de qualquer caráter de classe, já que o mesmo, como dito, nasceu policlassista. Mesmo apesar do caráter progressista do enfrentamento contra o aparato repressivo policial homofóbico da batalha de Stonewall, hoje as “Paradas do Orgulho Gay” são movimentos completamente integrados à ordem capitalista, ao turismo e ao mercado rosa, e cujos organizadores sempre agradecem ao aparato policial que as acompanha. As chamadas “paradas”, particularmente as de São Paulo e Rio de Janeiro, são eventos cada vez mais exclusivamente festivos e que mais estão para um carnaval do que proO Bolchevique No8 - Janeiro de 2012
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priamente pela luta emancipatória de um setor brutalmente oprimido da sociedade. Fazem apologia do culto da beleza e viraram um evento turístico da cidade, com milhões de participantes. A farsa cai por terra quando no mesmo palco onde se realiza “A maior parada gay do planeta”, a Av. Paulista, é também onde cotidianamente, nos outros 364 dias do ano, casais gays sofrem todo tipo de agressões físicas bárbaras. De nossa parte, nada temos contra a alegria e a festividade em manifestações; a luta pela libertação da exploração e da opressão é o que dá sentido a nossas vidas, e também o que nos faz feliz. Entre os que vendem a sua força de trabalho à burguesia para seu sustento, todos são explorados, pela extração da mais-valia. Todavia, negros, mulheres e homossexuais, além de explorados, são oprimidos. O conceito de opressão é muito importante, porque joga setores inteiros da classe uns contra os outros e cria um movimento de achatamento dos salários de toda a classe trabalhadora. É ressabido que até hoje as mulheres, por mais que venham “ganhando espaço no mercado de trabalho”, têm salários menores que os homens, o mesmo se dando com os negros. Ambos não chegam aos postos de poder, sendo que a primeira mulher presidente só foi eleita no século XXI, por ser totalmente a serviço da burguesia contra o conjunto da população trabalhadora e em particular a maioria feminina da classe trabalhadora brasileira. O CÍNICO COMBATE A HOMOFOBIA DO GOVERNO DILMA PARALELO AO CRESCIMENTO DOS CRIMES CONTRA HOMOFÓBICOS Os grupos de defesa dos direitos humanos de LGBT têm
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denunciado o aumento da violência homofóbica no Brasil, que é o campeão mundial de assassinatos contra LGBT. Dados do Grupo Gay da Bahia dão conta que em 2010 houve um aumento de 31,3% dos homicídios motivados por homofobia: foram 260 casos contra 198 em 2009. A estatística nacional mais aproximada é produzida pela entidade GGB (Grupo Gay da Bahia), que faz sua contagem por meio de notícias publicadas na imprensa. Segundo o levantamento, em 2011 ocorreram 266 homicídios - um recorde desde o início dos levantamentos na década de 1970. De acordo com o GGB, foi o sexto ano consecutivo em que houve aumento desse tipo de crime. “A relação é que a cada um dia e meio ocorre uma morte. O Brasil é um país relativamente perigoso para homossexuais”, disse o presidente do GGB, Marcelo Cerqueira. “Não temos muito o que comemorar neste 17 de maio. Além da questão da violência, ações como o kit de combate à homofobia e a campanha de combate à AIDS no carnaval (com foco na comunidade LGBT) foram vetados pelo governo.” Por trás da demagogia com a causa gay, o governo do PT vem recuando a passos largos diante da perseguição homofóbica desferida por sua reacionária base aliada das bancadas evangélicas e ruralistas, chegando a engavetar os mais tímidos programas como o kit de combate a homofobia e as campanhas de combate a AIDS. A assimilação da causa gay desta forma torna os governantes aparentemente mais simpáticos, modernos e rende votos. Não por acaso, Obama abraçou a causa nos EUA neste ano eleitoral. Todavia, no mandato dele as mortes por homofobia bateram recordes históricos. “O número de mortes por homofobia nos Estados Unidos durante 2008 foi o mais alto registrado desde 1999, segundo revelou nesta terça-feira um relatório da Coalizão Nacional de Programas Contra a Violência (NCAVP, em sigla em inglês). A organização assegurou que em 2008 foram cometidos 29 crimes motivados por homofobia nos EUA, um número que só tinha sido alcançado há dez anos, e que representa um crescimento de 28% em relação a 2007. O relatório destaca o aumento de denúncias por violência homofóbica no meio oeste do país, com um crescimento de 64% na cidade de Milwaukee e 48% no estado de Minnesota, números que ultrapassam amplamente os 2% gerais em todo o país.” (EFE, 16/06/2009). Mesmo tendo a homofobia batido recorde histórico nos EUA, em 2008, com 29 casos, os números de assassinatos de gays no Brasil em 2011 são violentamente quase 10 vezes maior, sendo que a população total dos EUA é quase duas vezes a do Brasil, o que faz com que do ponto de vista relativo se mate quase 18 vezes mais gays no Brasil que nos EUA. Este resultado assombroso é produto da combinação entre a demagogia oficial do governo Dilma que pavimenta o caminho da reação com os grupos fascistóides homofóbicos organizados, como o capitaneado pelo parlamentar carioca Jair Bolsonaro unidos as seitas evangélicas que demonizam os homossexuais. Se na classe média a discriminação de homossexuais se dá por piadas de mau gosto e através de uma aparentemente decrescente discriminação familiar, cabe porém ressaltar que estamos tratando de um assunto que nas favelas e no operariado ainda é um tabu violento - literalmente a ser vencido, e o abandono de todo caráter político destes movimentos só serve à sua desmoralização. Os homossexuais proletários e pobres são empurrados, sob a pressão da ideologia burguesa homofóbica, à prostituição, principalmente em se tratando de casos de transexuais e travestis. A reprodução da mão de obra ainda precisa ser garantida e Igreja e patrões não admitem que seus “vassalos” possam exercer livremente sua sexualidade. Ou lhes resta uma vida dupla
completamente infeliz ou o anátema social, o mundo das drogas e da prostituição. Daí a contradição com o clima de “pura festa” das “paradas gay” da pequena burguesia com os homossexuais das classes mais pobres. O movimento homossexual também mudou de caráter nas últimas décadas. Durante vários anos a sigla usada era “GLS” – Gays, Lésbicas e Simpatizantes – o que incluía aqueles que, sendo heterossexuais, eram solidários à emancipação da livre sexualidade, sem opressão e discriminação. Hoje, a sigla muda para “GLTTT...” incluindo travestis, trangêneros e transexuais mas excluindo os “simpatizantes”, num movimento de “gueto”, como se a luta pela libertação sexual do homem e da mulher – independente de sua orientação – fosse “exclusiva” daqueles que têm relações com pessoas do mesmo sexo. A questão da libertação sexual da juventude, das mulheres e dos homossexuais, travestis e todos que tem uma postura diversa da “normalidade escravagista” burguesa é uma luta da classe trabalhadora como um todo. Como comunistas, estamos ao lado destes setores para eliminar a opressão, conceder-lhes uma vida digna, dentro do postulado da igualdade de todos os seres humanos, do fim da opressão e exploração do homem pelo homem, na construção de um novo modo de produção, o socialismo. Sem este norte, poderão ser realizadas paradas de milhões e leis de todo tipo, mas a realidade dos pobres será uma, e a dos “bacanas” outra. A HOMOFOBIA E OS PARTIDOS DA PEQUENA BURGUESIA, PSOL E PSTU A oposição pequeno burguesa ao governo Dilma não possui um projeto de classe próprio com independência política em relação à classe dominante, acaba aliando-se a uma das frações dominantes burguesas. O Deputado Federal do PSOL-RJ, o ex-BBB, Jean Wyllys, que se passa como paladino do combate a homofobia nega-se a fazer do eixo de sua luta o combate a violência homofóbica, preferindo fazer uma “política propositiva” como garoto propaganda das decisões do arqui-reacionário Judiciário federal, demonstrando que também neste terreno o PSOL alia-se com a oposição burguesa de direita. Os renegados do trotskismo do PSTU e os reformistas sem reformas do PSOL abraçam com todo ardor a política do movimento de classe média, “gay onguista” e, pior – particularmente para o PSTU – organizam no seio de seus partidos os homossexuais de forma separada do resto do partido, em “coletivos e setoriais” à moda petista, como se este setor tivesse interesses distintos do conjunto da classe operária e da luta revolucionária. AVANÇAR DA LUTA EM DEFESA DOS PLENOS DIREITOS CIVIS PARA O FIM DE TODA A OPRESSÃO ESPECIAL CAPITALISTA A homofobia não é “natural do ser humano”, mas é uma praga que já perdura por quase 3.000 anos; diferentemente da homossexualidade, prática comum em todas as sociedades, desde o surgimento do homem, ou seja, durante mais de 100.000 anos antes, a humanidade conviveu em harmonia com a sua diversidade natural de expressão sexual. O machismo e a homofobia nasceram com a propriedade privada e só serão extintos se também a propriedade for coletivizada. A cultura homofóbica, alimentada hoje pela ideologia burguesa deve ser destruída, através da informação, da educação de jovens e da organização e mobilização do
movimento homossexual aliado a todos os demais oprimidos da sociedade, a luta histórica do proletariado pela socialização da propriedade privada dos meios de produção, exterminando a propriedade privada e a sociedade de classes que plantou as bases para a homofobia. Porém, acabar com a propriedade privada é apenas um dos passos, porque é necessário construir uma nova cultura que respeite a sexualidade individual e conviva com a diversidade sexual coletiva. Temos a certeza de que é possível atingirmos essa nova sociedade solidária, fraterna, igualitária socialmente e que respeite a diversidade sexual de todos. Apesar da demagogia dos governos e da mídia capitalistas, a violência e o preconceito contra o homossexual estão cada vez maiores. A unidade do público homo e do hetero simpatizante da causa transformam o movimento, tirando-o do caráter de gueto, impondo por alguns momentos a vontade de se ter uma sociedade que respeite a diversidade sexual. No entanto, é preciso ter claro que mesmo a luta imediata e por plenos direitos civis do movimento gay não pode deixar-se cooptar e corromper pelo regime burguês, impulsionador da homofobia e do machismo e inimigo da diversidade sexual. Esta luta precisa dotar-se de um programa marxista e revolucionário para combater a transformação desta causa em uma fraude, em uma mercadoria que oculta o crescimento da própria opressão especial homofóbica. É preciso criar manifestações contra a institucionalidade patronal e clerical homofóbicas, denunciando abertamente a direções burguesas e governistas do movimento GLBT, reprodutoras da propaganda enganosa do capitalismo e dos seus governos de plantão, a frente popular do PT e os governos dos estados, municípios para construir um movimento contra a homofobia com programa classista para derrotar o governo Lula e avançar na luta pelo fim do capitalismo! Não haverá solução definitiva para o problema da opressão de raça, sexo ou orientação sem a revolução proletária. O movimento contra a homofobia tem que tomar um caráter de classe e estratégico, pois somente a ditadura do proletariado romperá os grilhões da exploração e com eles as algemas da opressão. Isso é uma tarefa de todos os revolucionários militantes operários. Yuri Iskhandar Humberto Rodrigues O Bolchevique No8 - Janeiro de 2012
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SADISMO MIDIÁTICO
Abaixo o Estado burguês, a polícia assassina, a mídia criminosa e o jornalismo canalha! Em defesa dos presos comuns, pretos e pobres, filhos da classe trabalhadora!
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om requintes de crueldade e sadismo a TV Bandeirantes noticiou em rede nacional a “reportagem” “Chororô na delegacia: acusado de estupro alega inocência” no programa “Brasil Urgente”. De forma asquerosa e explícita a grande mídia associada à polícia violentou os direitos individuais de Paulo Sérgio Silva Sousa, de 18 anos, pobre e negro, na 12ª Delegacia Circunscricional de Polícia de Itapuã, em Salvador. A “repórter” (algoz), Mirella Cunha, com a cumplicidade do comentarista Uziel Bueno e a vinculação do vídeo em rede nacional pela Band, condenam o preso como estuprador para angariar audiência às custas da dignidade de quem se encontra em situação de vulnerabilidade. Na entrevista, o acusado nega o estupro. No entanto, a jornalista afirma em tom de escárnio “não estuprou, mas queria estuprar!”, faz piadas, debocha com os erros de português do jovem analfabeto, sente-se a vontade para humilhá-lo e chega a pedir “pau nele” na cadeia e insinuar que gosta de ser sodomizado, por ter confundido exame de próstata com exame de corpo de delito 1. O rapaz foi preso no dia 31 de março e, desde então, continua na Delegacia de Itapuã. A entrevista em questão foi realizada dois dias após sua prisão. Paulo Sérgio é réu primário, vive nas ruas desde criança, apesar de ter residência. Tem seis irmãos, é analfabeto e já vendeu doces e balas dentro de ônibus. Ao ser questionado sobre como se sentiu durante a entrevista, ele diz: “Eu me senti humilhado, porque ela ficou rindo de mim o tempo todo. Eu chorei porque sabia que ali, eu iria pagar por algo que não fiz, e que minha mãe, meus parentes e amigos iriam me ver na TV como estuprador, e eu sou inocente”. “Reportagens” como esta vão ao ar todos os dias nos telejornais cada vez mais policialescos. E uma parte da população percebe que isto é mais uma humilhação do gênero que fazem contra pobres e pretos, filho da classe trabalhadora que como Paulo Sérgio não encontraram outra perspectiva na vida que roubar em meio à miséria capitalista. Todos viram que o tratamento é oposto quando se trata dos filhos da burguesia, dos “grandes empresários”, de Thor, filho do Eike Batista (o gatuno mais rico do Brasil) que atropela e mata nossos irmãos, ou o Carlinhos Cachoeira, a Delta, a Veja, os governadores (Marconi Perillo/PSDB; Agnelo Queiroz/PT, Sergio Cabral/PMDB) do governo federal que fazem as maiores maracutaias, roubando de forma “legal” e ilegal o dinheiro que poderia servir para construir escolas e hospitais ou para aumentar nossos salários. Ambos os milionários
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tem como advogado de defesa ninguém menos o exMinistro da Justiça e tem garantidos todos seus direitos constitucionais porque pertencem à burguesia. A justiça dos ricos, depois de explorar, bater e prender ainda humilha cruelmente as verdadeiras vítimas de sua exploração. Não por coincidência, o perfil do garoto humilhado é o padrão da maioria da juventude brasileira, quem mais sofre torturas, assassinatos e violência pelo racista e criminoso aparato repressivo policial do Estado. Como neste caso escandaloso de truculência midiática, diante das greves dos trabalhadores dos transportes coletivos (metrô, ônibus e trens) desta semana, a postura da imprensa burguesa fica ainda mais explícita mesmo para quem percebe menos sua parcialidade. A mídia manipula as informações e as imagens para justificar a condenação de seus adversários de classe. A agressão é não apenas produto da canalhice da repórter, ou de “um tipo de mau jornalismo, o sensacionalista” mas da expressão “mais popular” da imprensa de classe, agravado pelo fato de vivermos a época mais decadente do capitalismo, a sua barbárie. Não é de hoje que a mídia participa da luta de classes como um poder coadjuvante da classe dominante para justificar o aumento da opressão policialesca sobre a população trabalhadora de conjunto. COMO A CLASSE MÉDIA, A MÍDIA E O ESTADO TRATAM O EPISÓDIO, E COMO OS TRABALHADORES, AS VÍTIMAS DESTE SISTEMA IMUNDO, PRECISAM TRATÁ-LO Um setor significativo da classe média, já bastante fascistizado, não viu nada de mais na reportagem, pelo contrário, acredita que é assim que se separam os “cidadãos de bem” da “escória”, defende a pena de morte e
incentiva este tipo de linchamento midiático da população pobre seja com contornos “jornalísticos-policialescos” ou “humorísticos”. Este setor crescente se sente cada vez mais a vontade para exercer seu “direito de opinião” para atacar o direito a existência dos setores mais oprimidos da população, como o famoso caso de Mayara Petruso que disse que “nordestino não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado” . Na mesma onda, o fascistóidezinho Boris Casoy, hoje também na Band, faz escárnio dos trabalhadores da limpeza (“Que merda: dois lixeiros desejando felicidades do alto da suas vassouras. Dois lixeios, o tom mais baixo da escala do trabalho”) ou destila seu veneno contra as greves. Outra ala da pequena burguesia se diz chocada com o “deboche exagerado”, com a falta de ética e realiza sua militância virtual das redes sociais, posta no facebook e no twitter denúncias e condenações contra “o sensacionalismo” e contenta-se com a demissão da repórter com ares de dever cumprido. Alguns vão mais além, mas não muito. Limitam-se a defender os direitos e garantias individuais formais constitucionais, repudiam este tipo de programa policialesco e recomendam mudar de canal. Alguns são “mais radicais” e disparam com ar esnobe: é por isto que eu não assisto mais TV aberta! A emissora criminosa, para não ser chamada a atenção por seus anunciantes que não desejam ser associados com o preconceito de classe explícito, tratou de tirar o corpo fora, ameaçando demitir a jornalista que, sendo uma canalha, se esforçou ao máximo para levantar o ibope do circo dos horrores e promover-se como uma chicoteadora de animais selvagens. Por um ou dois programas os Datenas nacionais e estaduais e seus similares tratarão de olhar para o lado enquanto os programas CQC, Pânico, “Pegadinhas” da Globo ou do SBT e de outros imbecis seguirão como de costume esculachando a nossa classe e disseminando os preconceitos sociais e raciais da burguesia contra a população trabalhadora em geral. As ONGs bancadas com a verba do imperialismo e das grandes empresas tratarão de “protestar” contra o racismo impregnado em toda a sociedade para encobrir que não existe capitalismo sem racismo, como dizia Malcolm X. A coordenação do Núcleo Criminal do Ministério Público Federal na Bahia (MPF/BA) apresentou na quartafeira (23) representação pedindo a adoção de medidas cabíveis contra a repórter da Band. O MPF moverá uma ação, mas apenas contra a repórter, embora ela não responda pela linha editorial do programa da Band. A defen-
soria pública limitou-se até agora a colher o depoimento de Paulo Sérgio. Os parlamentares do PT, PCdoB e PSOL e também dos partidos da oposição burguesa vão fazer algum proselitismo midiático com o tema tentando atrair os eleitores negros baianos e de outros Estados para votarem por suas candidaturas enquanto eles fortalecem o poder deste Estado criminoso, assassino e racista. O governo do Estado capitaneado por Jaques Wagner do PT e a Secretaria da Segurança Pública do Estado da Bahia dão entrevista dizendo que tratarão de “apurar os fatos e tomar as providências cabíveis” até que assunto saia das manchetes. A massa trabalhadora, cada vez mais criminalizada, perseguida e reprimida, precisa, por sua sobrevivência e a de seus filhos, pensar como classe trabalhadora, não pode se contentar com as medidas cosméticas e pontuais que conformam e consolam as classes mais abastadas, precisa fazer manifestações nas prisões, delegacias e nas ruas, lutar pela plena garantia de todos seus direitos individuais e civis, pelo indulto, garantir o direito de só dar entrevista a imprensa após possuir advogados, lutar pela expropriação de todos os meios de comunicações para estatizá-los e colocá-los sob o controle dos trabalhadores, pela destruição de todo o aparato repressivo policial. Para impulsionar o conjunto destas lutas imediatas, democráticas e socialistas, para realizar tudo isto, é claro que precisamos de uma organização política a nível superior do que as associações de moradores e sindicatos tal como temos agora, precisamos de um partido que não sirva a esta canalha burguesa nem tenha como fim cargos neste regime cruel, mas a luta pela revolução social e o governo operário e dos trabalhadores. Foi para dar voz e capacidade de organizar-se para defender-se aos que são vítimas desta rede de mentiras institucionalizada que criamos o Folha do Trabalhador. Humberto Rodrigues 1. http://www.youtube.com/watch?v=Ts4vbLAqQPk&feat ure=related O Bolchevique No8 - Janeiro de 2012
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CAMPANHA ELEITORAL EM PORTO ALEGRE
Após defender o código florestal para os latifúndiários, PCdoB agora articula aliança eleitoral com o PP (ex-PDS, ex-Arena), no momento em que a luta por justiça contra os crimes da ditadura militar cresce em todo o Brasil
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candidata do Partido Comunista Brasileiro (PCdoB) à deputada federal, Manuela D’Avila, que lidera as pesquisas eleitorais para a prefeitura de Porto Alegre/RS, reuniu-se nesta quarta-feira, 09 de maio, com as viúvas da ditadura militar, na sede do Partido Progressista (ex-PDS, ex-ARENA), localizada na praça Matriz (centro histórico da Capital), com intenção de montar uma aliança eleitoral para a disputa das eleições burguesas de outubro próximo, sob as bênçãos do primeiro ditador militar, Humberto de Alencar Castelo Branco (ver foto), cuja foto “decora” a sede do PP. E parece que nada ocorre realmente por acaso. Na mesma semana na qual os “comunistas” do PCdoB namoravam o PP, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul o movimento estudantil e uma parte da intelectualidade orgânica da cidade discutia a necessidade não de uma comissão “verdade”, mas de uma “comissão justiça”, que coloque na cadeia os torturadores e algozes da ditadura, que são bem conhecidos de todos, rindo “as frouxas” sem qualquer punição, absolvidos pelo ultra-reacionário STF e pela cumplicidade do continuísta governo Dilma. O PCdoB, ao mesmo tempo que disputa com o PCB quem é que faz 90 anos em 2012, enlameia ainda mais sua própria história. Pois, apesar de vários militantes e dirigentes deste partido terem lutado heroicamente até serem assassinados pelos gorilas que governaram nosso país de 1964 a 85; foram exatamente os “antepassados” do atual PP que assassinaram dezenas de abnegados militantes na guerrilha do Araguaia, composta em sua maioria por militantes mais jovens que a própria Manuela, que mesmo sob uma política equivocada, enfrentaram com suas vidas a ditadura, sendo quase todos mortos, torturados e seus cadáveres ocultados e queimados pilhas de pneus, num método medonho parecido com o que os traficantes usam para eliminar seus rivais (o famoso “microondas”, mostrado no filme “Tropa de Elite”). Os “antepassados” do PP também foram os que executaram os membros do Comitê Central do PCdoB na famosa “chacina da Lapa” em dezembro de 1976, na qual caiu morto Pedro Pomar, histórico militante do partido. O PCdoB desmoraliza sua própria militância, cujos setores mais jovens e incautos ainda acreditam honestamente que esta agremiação é realmente o “partido do socialismo”. O pragmatismo eleitoreiro e politiqueiro do PCdoB não tem limites; discute com a ex-ARENA e publica em todos os ônibus de Porto Alegre o 1º Congresso Estadual da União da Juventude “Socialista”, o “braço jovem” do PCdoB. Para tal divulgação pactuam também com a prefeitura governada por José Fortunatti, ex-PT e agora nas hostes do partido da oligarquia rural gaúcha, o PDT do famigerado Leonel Brizola, do qual faz parte um dos maiores latifundiários do estado, Aldo Pinto, dono de mais de 100 mil hectares de terras no sul do Estado. Nos sindicatos, o Partido “Comunista” tira do armário todas as suas caveiras, ressuscitado Stálin e Mao Tsé Tung em suas intervenções, tentando dar um verniz vermelho para o papel de capacho do governo, da tal “burguesia nacional” e do imperialismo, que o stalinismo sempre cumpriu, incrementado agora com
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sua versão “renovada” e cretina após a restauração capitalista na URSS, Leste Europeu, China e Vietnã. A campanha de Manuela, ainda que não estejamos em período eleitoral, caminha solta na cidade. Seus panfletos substituem o vermelho da revolução e da própria bandeira do partido pelo lilás do feminismo ou por um verde-amarelo “patriótico”. O apelo à juventude é completamente despolitizado, somente fazendo coro ao culto da “juventude” da candidata. A UJS, que há anos organiza-se no RS, faz seu PRIMEIRO congresso estadual depois de décadas, sob, “coincidentemente”, a presidência de Manuela D’Avila (sic!), às vésperas do pleito municipal e logo após ter visitado o ninho dos gorilas. O encanto da juventude de Porto Alegre tem que ser desmistificado; Manuela e o PCdoB cumpriram um papel fundamental na aprovação do famigerado “Código Florestal”, lei que só atende aos interesses do latifúndio, diminuindo a proteção florestal de rios e correntes de água e permitindo toda sorte de desmatamentos, em nome da “produtividade” e da defesa do “agro-negócio” (sobre isso a campanha de Tarso Genro ao governo do Estado foi no mínimo, cafajeste, pois jogou fora completamente o discurso da reforma agrária para entrar de malas e bagagens na defesa da “agricultura moderna”, dos campos imensos despovoados intitulados hipocritamente de “cabanhas de gado”). Manuela e o PCdoB estão atolados até o último fio de cabelo na lama da corrupção do Ministério dos Esportes, turbinada pelos Mega Eventos (Copa, Olimpíadas). Mas não é só no Rio Grande do Sul que se processa este fenômeno. Encabeçando as mobilizações na Espanha, Grécia e Chile, o stalinismo se apresenta para repetir como farsa o que foram as tragédias das derrotas contra o franquismo, contra os milicos gregos e o desarmamento popular que oportunizou o golpe de Pinochet. Os stalinistas parecem estar sendo chamados novamente a cumprirem seu papel histórico de câncer do movimento operário - como lhes denominou Trotsky. Também é evidente que a ressurreição destes farsantes é, sobretudo, fruto da carência histórica de direção revolucionária para as novas gerações de lutadores sociais.
Yuri Iskhandar Humberto Rodrigues
TRABALHADORES JUDICIÁRIOS FEDERAIS
Jornadas de luta pela conquista da revisão salarial, contra Dilma e as burocracias sindicais governistas
O
s trabalhadores do judiciário federal se somam à greve nacional das universidades federais, às greves do funcionalismo público em diversos estados (BA, RN, PI e PB), à greve dos trabalhadores dos transportes (SP, RN, PB, MA, MG) e retomam este ano sua jornada de luta contra o arrocho salarial imposto pelo governo Dilma. O governo da grande coligação burguesa PT-PMDB tem sido mais duro ainda que Lula contra os servidores públicos, aprofundando o caráter burguês e anti-operário dos governos petistas, com uma política irredutível de reajuste zero, em particular para os trabalhadores do Judiciário Federal (Justiça Federal, Trabalhista e Eleitoral). Vivemos um ano em que se realiza mais uma vez a farsa das eleições burguesas, a democracia dos ricos, em âmbito municipal, para prefeito e vereador. Neste período, a Justiça Eleitoral toma um caráter estratégico, pois se potencializa seu poder de força e barganha em relação ao patrão - governo federal e STF - que tremem nas bases ante a possibilidade de uma quebra institucional ou um atraso no calendário eleitoral previamente estabelecido desde as últimas eleições. A Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal (FENAJUFE), em sua XVII Plenária Nacional, realizada de 4 a 6 de maio, em São Luis/MA, aprovou um calendário nacional de luta, que prevê atos, paralisações e a deflagração da greve por tempo indeterminado a partir do dia 05 de maio. A decisão, que teve o apoio da ampla maioria dos 175 delegados inscritos, aconteceu após um longo debate com os servidores e lideranças de cada sindicato sobre as condições da categoria para deflagrar uma greve visando à aprovação imediata dos PLs 6613/09 e 6697/09, Plano de Cargos e Salários (PCS), que prevêem o reajuste salarial da categoria. A Plenária de São Luis a FENAJUFE aprovou um “apagão” na Justiça Eleitoral para o dia 07 de julho. Os sindicatos de base, como o Sintrajufe/RS, iniciaram um processo de discussão de como implementar o movimento paredista. Para tanto, na sede do sindicato, realizou-se no sábado dia 19/05 uma assembléia geral estadual da categoria, com todas as correntes que formam o movimento sindical dos servidores federais no estado. O PAPEL DA DIREÇÃO DO SINTRAJUFE/RS O sindicato da categoria no RS é dominado com mão de ferro, há mais de uma década, pela corrente Democracia Socialista (DS) do PT, governista até a medula dos ossos. Sua prática consiste numa sistemática blindagem do governo Dilma, buscando por todos os meios responsabilizar a cúpula do STF pelo arrocho salarial, deixando o governo federal “imune” a qualquer crítica. A preocupação da DS é manter a ordem das eleições burguesas, para que seus candidatos possam ser eleitos, algo completamente oposto aos interesses da categoria e impotente para derrotar o Estado patronal que nas últimas greves, através da Alta Administração do TRE/RS esmagou os grevistas, cortando ponto e descontando os dias parados do banco de horas. A intimidação dos trabalhadores da justiça eleitoral – repetimos: setor estratégico da categoria – é evidente e justificável ante o papel de sua direção. Centriando entre a situação e a oposição está o PCdoB/CTB,
que, na verdade, oculta da categoria sua linha nacional governista “mais realista que o rei”. Hoje, à boca pequena, trabalham com a lógica de reajuste só em 2013, exatamente, sem tirar nem pôr, a proposta de Dilma e Mantega. Os governistas dO Trabalho do PT reverberam um discurso de “frente única” e “unidade” que na prática esconde sua capitulação ao governismo da DS. AS “OPOSIÇÕES” TRADICIONAIS E O NOVO T-MANCA Se agrupam, de forma dividida e atomizada, várias correntes do movimento no campo das “oposições”. O maior grupo de oposição (“Luta Sintrajufe”), composto pela aliança entre militantes da CSP-Conlutas (PSTU) e Intersindical (PSOL), já deu por derrotada a luta pelo PCS, fazendo discursos demagógicos na mesma oportunidade que se aliam com os setores mais reacionários da categoria, os quais defendem uma nova forma de remuneração, o subsídio*. Curiosamente, na última assembléia, esta oposição conseguiu ficar a direita da direção governista do sindicato, defendendo uma proposta ainda mais rebaixada, de greve só por 24h. Há também dentro da oposição militantes do PCR e MR que na última assembléia votaram, juntamente com a LC, pela greve de 72h a partir do dia 30 de maio. Os setores mais combativos da oposição se agrupam em torno do boletim “T-Manca” (uma ironia com o boletim da diretoria do Sindicato que se chama “T-Liga”), agora denominado “Novo T-Manca”, impulsionado pela LC. O boletim havia se desagregado por divergências políticas entre seus idealizadores, particularmente pelo mau uso da página no “facebook” do “velho” T-Manca, na qual se fazia apologia a tudo, das direções fundamentalistas burguesas islâmicas até ironias futebolísticas, e o que menos fazia era organizar um agrupamento revolucionário no terreno da oposição. Construindo a nova jornada de luta dos judiciários, o “Novo T-Manca” procura recuperar os objetivos iniciais do boletim. Publicamos uma matéria chamada “Greve de Verdade, não de mentirinha! Dilma não faz recesso e é dela a responsabilidade!”. Tal texto procurou explicar para a categoria a pouca diferença entre as posições das diferentes oposições e a direção, pois todas caminham militando num terreno na mera disputa do lobby institucional no Congresso Nacional, ajustando o calendário de greves ao recesso dos tribunais superiores e do parlamento, como se fosse deles a responsabilidade e não de Dilma. Assim, na última assembléia da categoria no RS, foi aprovada uma jornada de lutas, uma greve de 72h, de 30, 31 de maio a 1º de junho. O T-Manca alerta a categoria para que não deixemos se repetir as greves de mentirinha de todos os anos, defendendo que é necessário construir uma greve forte, de verdade, com passagens nos locais de trabalho, mobilização, um grande ato no dia 31 quando haverá a posse do novo presidente do TRE e um “giro” em direção à Justiça Eleitoral, com vista a, se a categoria dos trabalhadores decidirem como necessário, comprometer as eleições da democracia dos ricos.
Yuri Iskhandar * Os defensores do subsídio agrupam os servidores de nível superior, dividem a categoria, defendem abertamente o abandono da luta sindical tradicional, substituída por “assembléias permanentes”. Fundaram uma entidade paralela para destruir a FENAJUFE, a ANATA (http://www.anata.org.br/), com quem o PSTU fez chapa para a disputa do principal sindicato da categoria, o Sindjus/DF. O Bolchevique No8 - Janeiro de 2012
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BANCÁRIOS - SÃO PAULO
BALANÇO DO 28O CONECEF: De que oposição precisamos para construir uma luta vitoriosa contra os banqueiros e o governo Dilma, patrão dos bancos públicos?
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ntre os dias 15 a 17 de junho ocorreu em Guarulhos (SP) o 28º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal( CONECEF ). O Congresso contou com a presença de 321 delegados. Estiveram presentes os agrupamentos sindicais: Articulação Bancária, CTB, CSD, MNOB/CSP-Conlutas, Intersindical, Uma Classe, Bancários de Base e Unidos para lutar. Embora a luta pela melhoria das condições de trabalho fosse o tema central do fórum, a direção do movimento (PT e PCdoB), completamente comprometida com o capital financeiro e com o governo Dilma só pode limitarse a sabotar qualquer luta contra o assédio moral e a opressão crescente nos locais de trabalho. E o pior é que conscientemente a Contraf/CUT usa este tema, no qual é cúmplice da direção do banco, como artifício distracionista para não avançar na discussão sobre a reposição das enormes perdas salariais, que na CEF ultrapassam Simpatizante da LC, cipeiro, delegado ao 28º CONECEF, intervém no os 100%. plenário defendendo a tese do agrupamento “Uma classe” Assim, para impedir o livre debate e deliberação no Congresso entre as delegações, todas as tramas polítiUm outro camarada, cipeiro, também defendeu a tese da cas e burocráticas foram utilizados, como: expositores (Dieese) tendência em plenário, destacando a necessidade de que os defensores de que o Brasil está cada vez melhor e os bancápróprios bancários tomem a luta em suas mãos, que as assemrios obtendo vitórias nas campanhas salariais – campanhas bléias de greve sejam a instância máxima de deliberação, eleevidentemente sabotadas – enquanto as correntes de oposição gendo o comando de greve, ou seja, que não exista delegado ficaram de fora da mesa do Congresso; divisão dos congressisnato para o comando (delegados sindicais, cipeiros e dirigentes tas em grupos controlados burocraticamente pela Contraf-CUT indicados pela burocracia), mas sim que este seja construído com impedimento de que os próprios delegados participassem no próprio calor da luta e votado pelas próprias assembleias de outros grupos que não os previamente impostos pela divisão de greve. Na falação, o camarada denunciou o golpe da Artidos congressistas realizada pela burocracia. culação na greve de 2011 em São Paulo quando a burocracia Mesmo com toda a burocratização, os camaradas do agrudividiu a categoria por banco e retardou o horário da assempamento “Uma classe”, do qual fazemos parte, combateram as bléia para a gerentada e demais fura-greves poderem deformar traições da burocracia e reivindicaram a reposição integral das a votação: “que não aconteçam mais situações vergonhosas perdas salariais, a antecipação da campanha salarial e a estacomo a que aconteceu no dia 5 de outubro em que setores de tização do sistema financeiro sob o controle dos trabalhadores. oposição ganharam votações, mas não levaram. A votação foi Na defesa das teses em plenário, uma das companheiras do falsificada”. Click aqui e veja o vídeo da assembléia (http://www. grupo, delegada sindical e cipeira, destacou a importância da youtube.com/watch?v=kx8sWne6OuM). O camarada também organização de base por local de trabalho, incluindo os trabaldefendeu a unidade da classe trabalhadora “contra todas as bahadores das lotéricas e os terceirizados. A camarada também rreiras impostas pela burguesia quanto pelas burocracias sindesmascarou que o tão propalado “Brasil como país de classe dicais”. O fim de todas as barreiras entre efetivos, estagiários, média” com “pleno emprego” se realiza através da precarização terceirizados, trabalhadores em lotéricas por que isto fortalece do trabalho e da expansão do consumo que se dá pelo aumento a nossa luta. E continua o camarada: “Defendemos também a do crédito e do endividamento em níveis altíssimos das famíefetivação sem concursos público tanto dos terceirizados quanlias. Por sua vez, a tal “paz social” que reina no país é mantida to dos estagiários, pois a capacidade deles é provada diariapela política da burocracia sindical que nos setores mais desmente no trabalho que eles realizam. Defendemos também a organizados da classe trabalhadora realiza um papel policial extensão dos direitos dos trabalhadores da Caixa Econômica (Jirau, canteiros de obras da Copa e PAC) e tem um papel de para os trabalhadores das lotéricas. [sobre isto ler Box anexo contenção das lutas nos setores mais organizados da classe a esta matéria: Nossa luta contra a terceirização - em defesa como petroleiros, bancários e metroviários. Vale destacar a imdos plenos direitos sindicais e trabalhistas, trabalhou em banco portância desta denúncia na fala da camarada porque quem bancário é!] Defendemos a unificação das lutas como a que dirige o principal sindicato dos metroviários do país, o de São começou a ser realizada ano passado com os correios. Que Paulo, é exatamente o PSTU (que na oposição bancária dirige a isonomia também saia do papel, pois cada vez está conso MNOB) onde recentemente foi abortada uma poderosa gretando apenas como uma palavra. Fim das metas e do assédio ve desta categoria em menos de 4h através de um acordo remoral pois nós não aceitamos nenhum tipo de meta [as outras baixado, inferior ao orientado pelo próprio Tribunal Regional do teses se opõe apenas as metas abusivas]. Tendo meta vai ter Trabalho, acordo que já tinha sido rejeitado amplamente pelos assédio moral que está destruindo a saúde dos bancários, não trabalhadores na assembléia que deflagrou a greve. Por isso, só da Caixa mas dos bancários em geral, com problemas de a construção de uma oposição classista nos bancários, passa todo tipo: psiquiátricos, ortopédicos, alcoolismo,... Defendemos longe de constituir-se como uma tendência sindical “conselheitambém a antecipação da campanha salarial. Uma questão funra de esquerda” ou colaboradora do PSTU, que desmontou a damental para o nosso agrupamento é uma bandeira que foi recente greve nos metroviários. abandonada e defendida em muitos Congressos anteriormente:
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NOSSA LUTA CONTRA A TERCEIRIZAÇÃO
Efetivação sem concurso dos precarizados! Contratação via sindicato de novos trabalhadores! Em defesa dos plenos direitos sindicais e trabalhistas! Trabalhou em banco bancário é! Outra diferença nossa com os outros setores da oposição e principalmente com a situação é a atenção para com os terceirizados. Os demais setores defendem formalmente os trabalhadores precarizados, mas nas questões práticas o que define sua política são os limites da escravagista legislação burguesa. Enquanto eles se opõe à efetivação imediata e incondicional dos camaradas que já exercem funções dentro dos locais de trabalho, defendendo o concurso público, nós somos contra o concurso “público” porque não confiamos no Estado capitalista, ou seja, nas panelinhas burocráticas que corrigem e controlam os concursos ao seu bel prazer e em função de seus interesses clientelísticos, maquiando o apadrinhamento ainda existente hoje mesmo com os concursos que muitas vezes servem mais para o Estado fazer “caixa” com o dinheiro da inscrição do que para sanar a falta de trabalhadores nas repartições. Embora sejam realizados pelo Estado, nem de longe podemos dizer que a população trabalhadora controla hoje o resultados destes concursos “públicos”. No caso dos trabalhadores (as) terceirizados (as) que já executam funções, outra consigna se impõe, a demanda tradicional do movimento operário internacional de “salário igual para trabalho igual”, no caso dos bancos, “trabalhou em banco, bancário é”, consigna que extendemos para as agências lotéricas. Se estes (as) camaradas já trabalham, e exercem justamente as funções braçais mais pesadas da própria instituição, porque não efetivá-los? Ao fazê-lo, combatemos simultaneamente a falta de trabalhadores para e a terceirização. Em relação à questão da contratação de novos trabalhadores em geral, melhor seria que a contratação fosse organizada pelos Sindicatos e organizações de massa reconhecidas pela classe. Não se trata de uma proposta mirabolante ou utópica. Era esta a lei que vigorava mesmo depois da Constituição de 1988 entre os estivadores do país até a ofensiva neoliberal no governo Collor-Itamar com a famigerada “Lei de Modernização dos Portos”.* O autor deste texto balanço, como delegado do CONECEF, também defendeu a ampliação dos direitos sindicais aos terceirizados, aprovando nos grupos de trabalho a proposta de que os terceirizados tenham direito de votar para a CIPA. Esta política
A estatização do sistema financeiro sob o controle dos trabalhadores porque desde o início do século XX quem domina o mundo é o capital financeiro. Por isto nós defendemos a estatização e a criação de um banco estatal único sob o controle dos trabalhadores e da população em geral”. O mesmo camarada também conseguiu fazer aprovar no grupo de discussão em que estava a extensão do direito a voto para representante de CIPA de terceirizados, estagiários e jovens aprendizes, rumo a conquista de plenos direitos, como também o de ser eleito como cipeiro ou delegado sindical, parte da luta para a integração plena e efetivação destes setores mais precarizados da categoria. Outra proposta defendida pelo camarada e aprovada pelo seu grupo foi a defesa da extensão da pausa de 10 minutos para todos os funcionários que trabalham com entrada de dados, avançando sobre a proposta aprovada no 27º CONECEF que se restringia apenas ao trabalhadores que atendem público. Todavia, é preciso extender este direito elementar de pausa para o descanso durante o trabalho também para os terceirizados e estagiários. Durante o Congresso, o MNOB costurou um manifesto com amplos setores da oposição à Contraf/CUT e também da situação (CTB/PCdoB e Intersindical/PSOL) em vários sindicatos do país. O manifesto deste frentão assinado também pelos agrupamentos “Bancários de Base” e “Unidos pra Lutar” (CST/
faz parte da luta pelo pleno direito de representação sindical dos terceiriazados rumo a conquista de seus plenos direitos trabalhistas, como o direito de votar e ser eleito tanto para delegado sindical como cipeiro. Defendemos iguais direitos salariais e direito de filiação sindical destes trabalhadores no sindicatos das empresas no ramo de produção em que trabalham.
* Sobre a contratação de trabalhadores pelos Sindicatos: “Durante a ditadura militar, mesmo com diversas greves realizadas, as categorias foram duramente atacadas e tiveram muitos de seus direitos suprimidos. Nesse período até o final dos anos 80 houve uma intensa movimentação por parte dos empresários, Operadores Portuários e Armadores, em modificar a legislação do setor visando maior eficiência. No entanto, o que realmente importava a eles era tirar o poder de contratação dos sindicatos e a vinculação de todos os trabalhadores avulsos. Esse projeto começou a ser implementado no Governo Collor que enviou ao Congresso uma proposta de reorganização dos portos, onde após dois anos de muito debate, audiências públicas, denúncias de toda a espécie, negociações, impasses, greves e ameaças de CPI foi sancionada pelo então Presidente Itamar Franco em 25 de fevereiro de 1993 a Lei de Modernização dos Portos. Sem dúvida, a modificação mais importante introduzida por essa legislação foi a criação do OGMO – Órgão Gestor da Mão-de-Obra, substituindo o papel dos sindicatos avulsos quanto à escalação dos trabalhadores, recolhimento e administração dos encargos trabalhistas, bem como de penalidades sobre avarias e indisciplinas no trabalho. O texto original trazia ainda mais prejuízos à organização sindical e só contava com 11 artigos – o projeto final tem 72 artigos.” http://www.cntt-cut.org.br/setor.php?n=11 Apesar da onda “neoliberal” e da “ree struturação podutiva”, ainda hoje na Argentina, os sindicatos possuem força para definir as contratações avulsas. Inclusive, se um operário é indicado para o serviço pelo sindicato, ele se torna trabalhador efetivo. Embora este meio seja muito mais progressivo do que os “concursos públicos”, controlados por panelinhas de burocratas estatais do Estado capitalista, a contrapartida a isto é o controle da burocracia sindical peronista sobre os trabalhadores contratados. Todavia esta já é outra luta que devemos tratar já dentro da classe contra a burocracia e não mais no âmbito da jurisdição e do Estado burgueses.
PSOL) ficou bem ao gosto do arqui-governista PCdoB. Tanto é assim que apesar de criticar a falta de independência política da CONTRAF/CUT, em todo o documento que possui 633 palavras Dilma não é citada uma só vez e não há absolutamente uma só crítica ao seu governo, gerente da CEF e principal responsável por todos os ataques aos bancários, desde os econômicos até diretamente o adoecimento dos trabalhadores. Por ser um documento para atrair a CTB/PCdoB (que dentre outros desvios é a favor da restrição aos direitos dos terceirizados) e não para defender uma alternativa de combate e de oposição que nos leve a derrotar a direção da CEF e o governo Dilma na campanha salarial, o agrupamento “Uma Classe” se recusou a assinar o manifesto do Frentão. O balanço político do 28º CONECEF alerta ao conjunto dos empregados da CEF que não podem esperar pela burocracia da CONTRAF/CUT para organizarmos nossa campanha salarial, precisamos construir desde já em cada local de trabalho os embriões dos futuros piquetes de greve que a exemplo do piquete que deu origem ao agrupamento “Uma classe” levou adiante a greve de 2011, a fim de que consigamos realizar uma greve vitoriosa, unificando-nos com outras categorias em luta e derrotando o conjunto da burocracia sindical e o governo Dilma. Ismael Costa O Bolchevique No8 - Janeiro de 2012
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CONTRIBUIÇÃO INTERNACIONALISTA AO CONGRESSO DA CSP-CONLUTAS
Combater a burocratização imposta pela política pró-imperialista e governista dentro de nossas organizações de massa! Construir oposições classistas em todas as centrais e reconquistar os sindicatos para os trabalhadores sob uma política marxista e revolucionária!
A
o longo de quase dois séculos, nós trabalhadores adquirimos experiência na luta de classes contra os patrões, o Estado capitalista e o imperialismo. Mas esta experiência vem sendo jogada na lata do lixo por grande parte das organizações sindicais hoje e isto inclui lamentavelmente a CSPConlutas. Trata-se de uma política estranha à unidade sindical e à completa independência política financeira das organizações dos trabalhadores em relação aos patrões, ao Estado burguês, seu aparato repressivo e ao imperialismo, temas muito caros que vêm sendo abandonados e os quais achamos fundamental defender com unhas e dentes. A QUESTÃO DA UNIDADE SINDICAL Os revolucionários devem atuar também nos sindicatos mais reacionários e até fascistas como nos ensinaram Lenin e Trotsky. A quase totalidade das direções sindicais hoje é reacionária e os sindicatos profundamente burocratizados Lênin defendeu que diferentemente da organização dos revolucionários (da fazem o jogo do patrão e dos governos. Mais vanguarda) a organização dos operários deve ser a mais ampla, por profisainda são as centrais que mais distantes estão são (ramo de produção) e menos clandestina possível. das assembléias de base e das lutas cotidianas do proletariado. Seja como for e da forma como a repressão a CUT hoje está num estado de burocratização muito maior, política burocrática exigir, os revolucionários devem atuar em como uma correia de transmissão do governo PT, enquanto a todos os sindicatos e centrais reacionárias, pró-imperialistas e Conlutas segue se burocratizando ao bel prazer do PSTU. fascistas defendendo a unidade de toda a classe para a luta de Separadas por interesses burocráticos, todas estas centrais seus interesses imediatos, a unidade de toda a classe em uma se unificam contra a explosão de revolta espontânea da classe só central sindical. trabalhadora como vimos nas obras do PAC. Neste momento, A divisão dos trabalhadores quando lutam por suas necestodas estas centrais, incluindo a proto-central Conlutas, particisidades imediatas só beneficia aos patrões. A divisão de um pam de uma câmara de conciliação de classes nacional, denomesmo ramo de produção em vários sindicatos, ou pior, de uma minada “Mesa Nacional Permanente Para o Aperfeiçoamento mesma base sindical em vários sindicatos, favorece ao patrão. das Condições de Trabalho na Indústria da Construção”, para A divisão, como ocorre no Brasil - e a Conlutas é um exemplo conter as greves espontâneas do combativo proletariado da disto - das centrais sindicais por hegemonia partidária (CUTconstrução civil contra as escravagistas mega-construções do PT, Força Sindical-PDT, UGT-PSDB, CTB-PCdoB, IntersindiPAC, da Copa e Olimpíadas. cal-PSOL, NCST-PMDB, Conlutas-PSTU...) é um obstáculo Mas mesmo assim esta divisão burocrática e superestrutural imposto pelas aristocracias sindicais contra a unidade dos traentre as centrais sindicais é um crime contra as lutas da classe balhadores. Desde o manifesto comunista, os marxistas defentrabalhadora e defendemos a unidade de todos os sindicatos dem “Proletários de todos os países uni-vos!”. Na obra “O que em uma única central, como defendiam os bolcheviques-leniFazer?”, Lênin defendeu que diferentemente da organização nistas franceses da Liga Comunista em 1934. dos revolucionários (da vanguarda) a organização dos operáA unidade sindical é um princípio dentro dos sindicatos, derios deve ser a mais ampla, por profissão (ramo de produção) e fendemos um único sindicato por ramo de produção. Romper a menos clandestina possível. unidade da classe para criar sindicatos vermelhos com setores Dessas centrais, a Conlutas é uma micro-burocacia sindical minoritários como mera correia de transmissão do partido é inque possui menos de 100 sindicatos,enquanto a Central Única compatível com a militância revolucionária na classe operária. dos Trabalhadores possui 3.100 sindicatos. Enquato a maioria A unidade não é um princípio dentro das centrais de sindidos sindicatos operários está na CUT hegemonizada pelo PT, cais. No entanto nós defendemos a unidade de todos os sina Conlutas é hegemonizada pelo PSTU. Mas qualitativamente dicatos em uma única central como forma de potencializar as
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lutas contra os patrões, os governos e os próprios burocratas sindicais. Para derrotar as direções reacionárias, fascistas, reformistas, governistas no interior dos sindicatos e federações realizamos frentes únicas: 1) pela independência total e incondicional dos sindicatos em relação ao Estado capitalista e aos patrões; 2) pela completa democracia operária sindical em todos os fóruns e congressos. Mais do que nunca esta era de profundo retrocesso na consciência tanto das massas quanto de sua vanguarda nos obrigam a levar as massas a sacar conclusões revolucionárias baseadas mais na nossa experiência comum com elas do que propriamente na nossa propaganda externa a luta imediata. Enquanto esta unificação estratégica não ocoO Batay Ouvriye, ONG haitiana parceira da Conlutas, na folha de pagarre, nós participaremos de todos os congressos das mento do NED, braço da CIA “apoiando a liberdade ao redor do mundo” centrais que agruparem os sindicatos onde nossos militantes forem filiados. Entendemos que o chamateria adotado a CUT governista. A direção da Conlutas e do do à ruptura com a Conlutas é produto de uma profunda miopia PSTU jogam a culpa nos trabalhadores de base, metalúrgicos. autonomista e anarco-sindicalista que nada tem a ver com as A direção justifica sua política de claudicação ao governo paconcepções de Lenin e Trotsky sobre a luta sindical. Devemos tronal acusando a base dos trabalhadores de indisposição para construir sim oposições classistas em todas as centrais sindisolidarizar-se com os sem teto, seus irmãos de classe. Esta cais. Se a CUT é burocratizada e pró-imperialista, a Conlutas “indisposição” é um mal hábito que a própria direção da Consegue os mesmos passos!!! lutas cultivou. A Conlutas recusou-se inclusive a fazer greves econômicas. Quando 4.300 operários metalúrgicos foram deCONTRA A REPARTIÇÃO DOS LUCROS mitidos na Embraer, em 2009, a Conlutas novamente apostou E RESULTADOS, UM ENGODO CAPITALISTA: centralmente na intervenção do governo Lula. Deste modo a Conlutas não realiza uma política alternativa O imposto sindical, os fundos estatais de financiamento da contra a política da CUT. Assim, a Conlutas repete a política de atividade sindical, os Planos de pensão são inimigos da indeclaudicação ao governo federal do PT, uma política de exigênpendência política dos trabalhadores em relação ao Estado cias sem medidas de ação direta da classe operária (greves, capitalista, tendo sido estes últimos convertidos em empresas ocupações, etc.), ou seja, a mesma política da CUT com a descapitalistas. Por isso somos contra essas políticas clientelistas vantagem que não possui nem sequer 5% da influência da CUT das centrais, incluindo a CSP-Conlutas, que se vendem por sobre a classe operária. essas armadilhas de cooptação de classe em acordo com a A CUT, por sua vez, cumpre uma tarefa de adormecimento burguesia. da classe operária contra os ataques imperialistas. Esta política Os sindicatos podem e devem travar lutas no campo jurídico, de colaboração de classes não teria efeito se a direção da Cenporém precisam ter em mente que tais lutas ocorrem no campo tral hasteasse ela própria e diretamente a bandeira dos EUA do inimigo, a justiça do trabalho do Estado patronal, e conselogo de cara em todos os seus atos. Nem o PT apesar de toda quentemente é um terreno desfavorável e secundário. sua capitulação chega a tanto, embora demonstre ser um conO terreno mais favorável e hierarquicamente prioritário é a selheiro crítico do imperialismo, o que de forma ainda menos luta direta com greves, ocupações e mobilizações da categoria. disfarçada demonstram Lula e Dilma. Cada um a sua medida, Assim os sindicatos devem ter plena independência política, fiatendem aos interesses como agentes do imperialismo. Para nanceira e jurídica em relação aos patrões e ao Estado. dirigir o movimento operário e de massas em favor do desarmamento político do proletariado diante dos ataques do imperialisGOVERNISMO, AUTONOMIA SINDICAL E PARTIDO mo é necessário manter as aparências “antiimperialistas” com gestos e jogos de cena para enganar as bases, enquanto o PT Os revolucionários de dentro dos sindicatos, devemos lutar segue com a privatização da previdência, dos aeroportos e até de forma tenaz pela democracia sindical e pela independência da saúde com a destruição do SUS em favos dos “Planos de política do sindicato em relação ao Estado e ao capital. LutaSaúde” e das “Organizações de Saúde”. mos para reconquistar os sindicatos e todas as organizações de massa para a classe trabalhadora. No centro do trabalho CONTRA A XENOFOBIA! dentro dos sindicatos está a construção de núcleos de oposição comunista entre os trabalhadores de base e de frentes únicas Na Europa e nos EUA, nos colocamos contra toda campanentre os trabalhadores efetivos e precarizados e entre os trabalha xenófoba e chauvinista da aristocracia sindical contra os hadores revolucionários e não revolucionários. trabalhadores imigrantes, como a da aristocracia britânica de Os sindicatos e organizações de massa devem ser a base “empregos britânicos para trabalhadores britânicos”. Nós depara a auto-defesa da população trabalhadora. Esta, como tofendemos a plena legalização dos imigrantes indocumentados das as lutas, precisa ser realizada de forma independente e e direitos trabalhistas e salários iguais para trabalho igual. contra os capitalistas e seu governo. Por isto, diante de ataques como o violento despejo dos moradores do Pinheirinho CONTRA AS GREVES POLICIAIS! em São José dos Campos, a maior ocupação de terreno urbano da América Latina, nós defendemos a greve política de solidaA CONLUTAS cumpriu um papel vergonhoso ao apoiar as riedade. Neste local a Conlutas possui seu mais importante sin“greves policiais”! O PSTU jogou no lixo todas as lições históridicato operário, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos cas do marxismo ao apoiar a greve dos mercenários do EstaCampos. Mas, ao contrário de encabeçar uma greve política do, os mesmos que espancaram, violentaram e atiraram nos para cobrir de solidariedade os sem teto, a Conlutas depositou moradores de Pinheirinho em São José dos Campos, e matam todas suas fichas na intermediação do governo Dilma e da jusmoradores negros e nordestinos nas favelas ocupadas pelas tiça federal no conflito. A mesma linha política que certamente O Bolchevique No8 - Janeiro de 2012
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UPPs no Rio. As greves policiais são motins reacionários que tem como resultado o fortalecimento do aparato repressivo para melhor oprimir os trabalhadores à mando do Estado e da burguesia! O INTERNACIONALISMO PROLETÁRIO NA LATA DE LIXO Para piorar, a nível internacional a Conlutas e o PSTU estão à direita da CUT. Este foi o caso da Líbia, onde o PSTU e a Conlutas participaram de um protesto que invadiu a embaixada da Líbia em Brasília, território daquele país oprimido no Brasil, com agentes do impeCSP-CONLUTAS participando de uma câmara de conciliação de classes nacional, denomirialismo para hastear a bandeira monarnada “Mesa Nacional Permanente Para o Aperfeiçoamento das Condições de Trabalho na Indústria da Construção”, para conter as greves espontâneas do combativo proletariado da quista armada pela CIA. A prova do que construção civil contra as escravagistas mega-construções do PAC, da Copa e Olimpíadas. estamos dizendo está no próprio site do PSTU reportando sua participação na atividade: http://www.pstu.org.br/internapolítico sindical da NED, National Endownment Foundation dos cional_materia.asp?id=13235&ida=0 ou http://lcligacomunista. EUA. O NED foi criado durante o governo Reagan para apoiar a blogspot.com.br/2011/08/batalha-por-tripoli.html. reação política e os golpes militares nos país oprimidos. A prova Quando não se emblocam abertamente como no caso acima do que estamos dizendo, está na própria prestação de contas em uma frente única com os agentes do imperialismo, organido NED, declarando a doação desta quantia ao Batay Ouvriye zações como PSTU e PSOL (MES, CST, LSR, Enlace) apesar em 2004: http://www.ned.org/publications/annual-reports/2005de se colocarem formalmente contra a intervenção imperialista annual-report/latin-america-and-the-caribbean/descriptionna Líbia e na Síria, defendem posições políticas que reforçam of-2005--7 a propaganda de guerra imperialista contra os povos oprimidos A integração da Conlutas à política genocida e golpista do imcomo demonstram as teses destes agrupamentos no Caderno perialismo em qualquer parte do globo está contra os interesses de Teses da Conlutas. dos trabalhadores e dos povos oprimidos e deve ser duramente Como prova de seu “internacionalismo” a Conlutas costurechaçada pelo conjunto dos delegados deste Congresso. ma apresentar a algumas organizações internacionais como parceiras de luta. A principal delas é o grupo Batay Ouvriye, do Liga Comunista (Brasil) Haiti. Todavia, no ano do golpe militar que deu início a ocupação Coletivo Lenin (Brasil) militar do Haiti pelas tropas da ONU a serviço do imperialismo, Tendencia Militante Bolchevique (Argentina) o Batay Ouvriye recebeu 100 mil dólares do ACILS (American Socialist Fight (Inglaterra) Center for International Labor Solidarity), instituição que é braço
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Um lembrete necessário: Os alunos são nossos aliados na luta contra o capital Muitos companheiros perdem a paciência com os alunos e passam erroneamente a identificá-los como adversários. Alguns usam a nota como instrumento de punição. A verdadeira causa deste pesadelo é que vivemos pressionados por condições de vida precarizadas, jornadas de trabalho alucinantes para compensar a desvalorização da hora aula, a negativa do Estado em reconhecer a jornada extra-classe, salas superlotadas, recursos medievais de ensino... Muitos professores estão adoecendo e se deprimindo. São os alunos culpados por isto? Na verdade, os alunos são tão ou mais vítimas que nós. Inclusive, vítimas de “educadores” que se convertem em carcereiros, enquanto as escolas se tornam uma extensão da “Fundação Casa”. Isto é assim porque, para uma parte dos empresários, o ensino público é fonte de parasitismo direto e o conjunto dos capitalistas reivindica que “adestremos” o alunado para a escravidão capitalista, tornando-os dóceis mercadorias cada vez mais desvalorizadas. Contra este futuro miserável a juventude se rebela, alguns caem na marginalidade, tornando-se presa fácil dos capitalistas do narcotrafico. Sob uma pedagogia alienante, os alunos preferem as aulas vagas e o esporte e se revoltam contra o sistema de ensino caótico que tem o professor como testa de ferro. Daí o conflito em sala de aula. É preciso evitar cair na trama dos inimigos que querem nos dividir, corromper nossas direções sindicais e jogar uns contra os outros. Os alunos e seus pais, trabalhadores, são objetivamente nossos aliados na
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luta por melhores condições de ensino. Não é por acaso que “Bebel”, traidora e a serviço da burguesia na Apeoesp se opõe a participação ativa de alunos e pais nas assembléias. Precisamos conquistar e organizar a comunidade escolar para a luta contra os inimigos comuns, Alckimin, Kassab, os patrões e seus agentes sindicais.
PROFESSORES ESTADUAIS - SÃO PAULO
Podem nossos salários e o ensino público sobreviverem ao parasitismo crescente do tucanato e seus sócios?
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e um lado, os capitalistas sanguessugas dos recursos destinados a educação pública fazem a festa. Do outro lado, apesar do aumento orçamentário, nossos salários valem cada vez menos e os 15 mil mais precarizados passam meses pagando para trabalhar Foi-se o tempo em que o investimento em educação pública era apenas um MEIO dos governos burgueses fazerem demagogia com os gastos sociais do Estado (saúde, educação, etc.) enquanto preparavam os filhos da classe trabalhadora para substituir seus pais na condição de explorados. Os alunos continuam sendo preparados para a escravidão assalariada, mas os governos tucanos (assim como os governos de Lula e Dilma seguindo as orientações do PNE privatista fabricado pelo Banco Mundial) montaram um verdadeiro esquemão em que a educação estatal tornou-se o FIM de um punhado de chupa-cabras capitalistas sócios do tucanato que através da privatização e terceirização do fornecimento de material escolar, uniformes, merenda, limpeza, segurança, obras, copiadoras, check-ups médicos, tudo superfaturado, desviam uma massa imensa de recursos estatais. Trata-se então de um esquema que busca contingenciar cada vez mais as verbas para a educação em favor destes capitalistas e seus apadrinhados no Estado. Enquanto isto, as condições gerais do ensino são cada vez mais miseráveis e os salários da maioria vale metade do que valia há três décadas. Não é por acaso que a evasão de professores já ultrapassa a evasão dos alunos e faltam docentes em 1/3 das escolas. Por sua vez, uma nova mara-
cutaia ocorre quando o governo Alckmin finge tratar da falta de professores. Atraves das contratações emergenciais, por 200 dias e sem praticamente qualquer direito trabalhista, sob a desculpa esfarrapada de “problemas de cadastramento” em plena era da internet, o governo Alckmin deixa nada menos que 15 mil professores da ultra-precrarizada categoria “O” até cinco meses pagando para trabalhar, sem receber seus salários. Este salário não pago resulta em mais de 60 bilhões de reais, que é aplicado em investimentos pela burocracia tucana para fazer caixa de campanha eleitoral ou simplesmente enricar suas fortunas. Por isto, pensar que: “se os parasitas fossem menos gulosos, o orçamento daria para todos”. A lógica do capitalismo é o lucro, portanto não existe limite para o parasitismo e o orçamento maior, ao invés de saciar, aumenta a gula. Daí a necessidade de realizarmos não só a luta por salários e melhores condições de ensino, mas também de avançarmos com um programa estratégico para a organização dos trabalhadores para a conquista da gestão dos recursos estatais para a educação e do próprio Estado, que hoje é um comitê dos negócios dos capitalistas. * Por salário igual para trabalho igual, pelo fim da terceirização e pela efetivação imediata e sem concurso de todos os trabalhadores precarizados e por novas contratações controladas pelo Sindicato; * Verbas públicas só para a educação pública; * Controle do Orçamento da Educação pelas organizações dos trabalhadores.
Por uma frente de oposição revolucionária na Apeoesp e Simpeem, para derrotar PT, PCdoB, PPS e a “situação alternativa”: PSTU, PSOL e seus satélites Todos os ataques de Alckmin e Kassab e seus sócios capitalistas aos trabalhadores em Educação tem como cúmplices as burocracias sindicais da Apeoesp e Simpeem. Recentemente assistimos o Claudio Fonseca (PPS), agente de Kassab, realizar um golpe que enterrou a maior greve dos professores municipais. O arqui-burocrata foi auxiliado por setores da oposição Unidade da Oposição (Intersindical, Conlutas e Unidos pra Lutar), que tanto defenderam o fim da greve quanto conspiraram com o pelego contra a categoria. A burocracia do PT e PCdoB na Apeoesp segue o mesmo caminho, sabotando todas as nossas lutas (jornada extra-classe, reajuste salarial, “provinha”, vale coxinha, terceirização, precarização) sempre auxiliada pela “situação alternativa” (PSTU, PSOL) e seus satélites. Urge organizar uma verdadeira alternativa a partir de um programa classista e revolucionário à política dos agentes de Alckmin e Kassab em nosso meio. Por isso, convidamos ao ativismo honesto e combativo para construir uma Frente de oposição do conjunto dos trabalhadores em educação. O Bolchevique No8 - Janeiro de 2012
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... Medidas ‘anti-crise’ de Dilma, matando a sede com água salgada (Continuação da página 4) AS MEDIDAS ANTI-CRISE DE DILMA ARMAM UMA BOMBA DE TEMPO CONTRA O PROLETARIADO Como anunciou Marx no Manifesto do Partido Comunista: “De que maneira consegue a burguesia vencer essas crises? De um lado, pela destruição violenta de grande quantidade de forças produtivas; de outro lado, pela conquista de novos mercados e pela exploração mais intensa dos antigos. A que leva isso? Ao preparo de crises mais extensas e mais destruidoras e à diminuição dos meios de evitá-las.” Os efeitos colaterais do remédio que vem retardando o ingresso do Brasil na crise a potenciam, fazendo com que ela possa chegar com mais força no Brasil quando acabar a festa. Isto demonstra o quanto são frágeis as bases materiais sobre as quais se assentam os setores da chamada classe média que tomaram crédito e no afã de ter um negócio próprio montaram empreendimentos de pequena e média escala que em sua imensa maioria acabam em falências miseráveis quando o ciclo de acumulação capitalista no país se conclua e com ele a era petista. No dia seguinte à divulgação no Brasil do relatório do BIS, em uma tentativa de ofuscar a má notícia que se soma à estagnação industrial e às perspectivas de um crescimento do PIB inferior a 2%, foi lançado um novo pacote de medidas para estimular a economia. O ministro Guido Mantega (Fazenda) anunciou que a União comprará neste ano R$ 6,6 bilhões a mais do que o previsto no Orçamento de 2012 em máquinas e equipamentos e bens produzidos no Brasil. No total, serão R$ 8,4 bilhões. Segundo o ministro, a União comprará 8.000 caminhões, a um custo de R$ 2,2 bilhões, 3.000 patrulhas agrícolas (com tratores e outros equipamentos), 3.500 retroescavadeiras e motoniveladoras, 50 perfuradoras para poços em época de seca, 2.100 ambulâncias, 160 vagões de trens urbanos, 500 motocicletas, 40 blindados para o Ministério da Defesa, 30 veículos lançadores de mísseis, 8.700 ônibus escolares e cerca de R$ 450 milhões em móveis escolares, entre outros. Associadas a estas compras, foi reduzido de 6% para 5% ao ano a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), referência dos empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, a chamada Bolsa BNDES. Todavia, o montante adicional de compras anunciado fará pouco efeito sobre o PIB, uma vez que representa o acréscimo de 0,22% em 2012. O mercado financeiro recebeu friamente o PAC das compras do governo. Só para comparação, a restituição do Imposto de Renda feito no mês de junho foi de R$2,4 bilhões. Este ano já está perdido e cada vez mais as previsões apontam para baixo, para algo entre a estagnação e a recessão. PAUPERIZAÇÃO RELATIVA ATRAVÉS DA ESCRAVIDÃO POR DÍVIDA O leitor verá na edição número 10 d’O Bolchevique, no artigo “‘Crédito fácil’ de Dilma: Dando ‘mais corda para o enforcado’”, a sobre endividada população trabalhadora, e enforcando mais aos bancários” alguns elementos do que estamos falando, onde resgatamos caros conceitos marxistas que fundidos à análise da realidade das massas atual nos servirão de ferramenta para construir o programa revolucionário para o nosso tempo. Ao contrário do “crescimento virtuoso” tão propalado pelo Ministro da Fazenda, o país entrou em um círculo vicioso em que cada vez mais tratou de criar a situação que o BIS alerta como preocupante: a de compensar a estagnação da produção comprometida, tanto pela estratégia agro-exportadora quanto pela crise econômica mundial, com a expansão do crédito, inflando as bolhas do endividamento das famílias e imobiliária. A população sofre duas formas de empobrecimento: a pauperização relativa (aumento da distância entre o valor produzido pelo trabalhador e a parcela dessa riqueza produzida da qual este se apropria) do operariado estruturado e dos trabalhadores assalariados em geral que estão empregados e a pauperização absoluta de uma parte do Exército Industrial de Reserva, constituída por vítimas da grande indústria, mutilados por acidentes de trabalho ou adoecidos mentalmente pelo assédio moral e extrema super-exploração quando estavam empregados, imigrantes indocumentados levados à opressão extrema, camponeses expulsos de suas terras, órfãos, filhos de pobres que já nascem mendigos, que são arrastados em direção ao lumpemproletariado, para os quais foram criadas drogas que os definham e ceifam suas vidas como o crack. A luta contra a pauperização seja ela absoluta ou relativa é um combate onde se traça o destino da humanidade, trata-se de defender da ruína a classe revolucionária dentre os escravos contemporâneos, a classe que dá sustentação a toda humani-
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dade e que precisamos impedir que caia na ruína, tornando-se “O Povo do Abismo”, expressão lapidar que é título do livro de Jack London. Boa parte da popularidade do governo Dilma se assenta nas ilusões e no entorpecimento disseminados pelo endividamento fácil em favor da especulação imobiliária, da indústria automobilística e para a aquisição de bens simbólicos de ascenso social como celulares, tablets, eletrodomésticos (mini-máquinas), criando a ilusão na população trabalhadora de “ingresso na classe média” mediante a compra por super-endividamento de alguns “sonhos de consumo”, quase sempre, artificialmente estimulados. Contra estas ilusões é preciso explicar às massas trabalhadores que todos os seus “sonhos de consumo” são produto de seu trabalho e a ela devem pertencer. É preciso formular um programa correspondente a estas demandas, que coloque ao lado da luta por um salário mínimo vital: a criação do 14o salário que incorpore definitivamente aos rendimentos fixos o que hoje é pago em forma de PLR, tendo como referência o teto máximo já conquistado, a abolição de todas as dívidas dos trabalhadores com o pagamento de sua casa própria e expropriação dos especuladores imobiliários, assim como o congelamento dos aluguéis, juros negativos com o capital comercial e com o capital financeiro, rumo à estatização de todo os bancos, grandes redes de supermercado, lojas comerciais e do grande capital imobiliário sob o controle dos trabalhadores. Em cada greve e em cada luta específica é preciso trabalhar pacientemente, com calma e objetividade, para conquistar as massas contra a ideologia legalista e conformista burguesa incutida nelas e que as adormece, sobretudo os setores mais atrasados e despolitizados. Entre os trabalhadores organizados sindicalmente o centro deste combate é a disputa pela consciência política da classe operária da influência do lulismo e de seus apêndices da oposição pequeno burguesa ao governo Dilma (PSOL, PSTU,...), ou seja, a construção de uma nova direção política particularmente para a classe operária que participa da produção de riquezas, sobre a qual se assenta toda a sociedade brasileira. Para isto, é fundamental também furar o bloqueio da divisão sindical inter-burocrática da classe patrocinada pelo Estado capitalista, através da construção de oposições classistas na base de todas as centrais sindicais, combatendo a reforma sindical e defendendo um único sindicato por ramo de produção e a unidade de toda classe em uma só central. O conjunto dos partidos burgueses e pequeno-burgueses da esquerda já no anúncio das coligações eleitorais realizam um verdadeiro streap tease, descortinando o fino e transparente manto socialista e deixando a mostra seu cretinismo eleitoral e oportunismo deslavado. As alianças ultra-oportunistas chocaram muitos que ignoravam que Maluf já era base aliada do governo federal quando Lula foi beijar o pé do arqui-reacionário corrupto para consolidar o apoio do mesmo à candidatura petista à prefeitura de São Paulo. Em medida similar, como adiantamos em primeira mão após o Congresso do PSOL, o partido de Ivan Valente se coligará com o não menos corrupto PTB e tutti quanti. O PSTU, por sua vez, salivando por um vereador a qualquer custo, trata de avermelhar a Frente Popular favorita à prefeitura de Belém composta pelo carrasco do funcionalismo municipal, Edmilson Rodrigues, do PSOL, e pelo PCdoB, convertido na era Lula em partido marginal da burguesia. Juntos estes partidos conspirarão contra as campanhas salariais de correios, bancários, petroleiros, metalúrgicos,... no segundo semestre. Sem cair no anarco-sindicalismo estéril, a vanguarda revolucionária dos trabalhadores precisa construir uma frente única para opor ao eleitoralismo uma ativa perspectiva classista e revolucionária. A LC, em sua curta existência, deu passos importantes, através da construção do Comitê de Ligação pela Quarta Internacional, para romper com o isolamento nacional que não poupa nenhum agrupamento da deformação nacional-trotskista. Mas temos plena consciência de que, residindo a maior parte de nossas pequenas forças militantes em categorias de trabalhadores que não fazem parte diretamente da produção, um longo caminho ainda há por percorrer para o recrutamento do proletariado com o qual construiremos o partido trotskista internacionalista de combate. Mas colocar a questão de maneira franca, sem enganos e auto-enganos já representa um passo significativo para o alcance de nossos objetivos organizativos e estratégicos. Humberto Rodrigues * Diferenças entre países capitalistas dependentes e semi-coloniais: Como países dependentes consideramos aqueles que, sem emancipar-se da penetração econômica do imperialismo, conservam uma importante independência política, expressada sobretudo pelo fato de poder responder militarmente contra as ofensivas das próprias potências imperialistas, isto hoje em dia compreende aos chamados “Estados nucleares” que sendo nações burguesas não fazem parte dos centros imperialistas. (Nota de Leon Carlos da TMB argentina, antecipando um conceito que estamos desenvolvendo no CLQI e do qual trataremos no futuro).
RECONSTRUINDO A IV INTERNACIONAL
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Saudação do Comitê de Ligação pela IV Internacional ao dia internacionaldos trabalhadores
Comitê de Ligação para a IV Internacional envia suas mais calorosas saudações revolucionárias à classe trabalhadora do mundo, aos pobres e oprimidos e à sua vanguarda combatente, os elementos com mais consciência de classe que já começaram a despertar em escala global para combater pela bandeira da Revolução Mundial tão vergonhosamente abandonada no ano passado por tantos grupos internacionais que reivindicam o nome do trotskismo. Desde o levante de 15 de Fevereiro de 2011 em Bengasi, a “revolução líbia” tem sido a pedra de toque para os que se reivindicam revolucionários. Como na guerra contra o Iraque, a mídia mente. Mas a maioria das organizações trotskistas simplesmente repetiu as mentiras da burguesia. Não quis denunciar o racismo dos ‘rebeldes’, os linchamentos e as execuções sumárias de negros acusados de serem “mercenários de Kadafi do Chade”. Não denunciaram as ligações óbvias da CIA com o próimperialista Conselho Nacional de Transição e, mesmo aqueles que reconheceram isso, ainda assim continuaram alentando que estava em curso na Líbia uma “verdadeira revolução” dentro das fileiras dos ‘rebeldes’, apontando pateticamente como única “prova” disto, um sofisticado banner com dizeres em inglês “Não à intervenção estrangeira” hasteado com três pessoas ao seu redor, sem dúvida, trazido da sede da CIA em Langley, Virginia, para enganar os incautos e aqueles que queriam ser enganados. Para o CLQI, Kadafi não era um socialista revolucionário, mas um nacionalista burguês, que governou para uma camarilha corrupta de privilegiados capitalistas. Ele ajudou o imperialismo fornecendo armas ao Sudão do Sul para dividir o Sudão e permitir que os EUA tomassem um entreposto petrolífero controlado até então pela China. Em troca, Omar al-Bashir (que ajudou Gaddafi a chegar ao poder no golpe de 1986) foi o principal apoiador do CNT, fornecendo armas para derrubar Kadafi, uma conduta típica do caráter completamente sem princípios das burguesias nacionais. Os grupos de “esquerda” que desejam ajudar na derrubada de Assad, na Síria, geralmente os mesmos que apoiaram a derrubada de Kadafi pelo CNT, identificam nas capitulações de Kadafi ao imperialismo uma política similar de Assad e seu pai Hafez al-Assad em favor de Israel e dos EUA no Líbano, intervindo para impedir a derrota dos falangistas (forças cristãs fascistas), quando a aliança entre grupos de esquerda do Líbano e palestinos estavam à beira da vitória durante a Guerra Civil no Líbano em 1976 . Tal como reivindica a política da Frente Única de partidos da classe trabalhadora, o CLQI defende a Frente Única Anti-Impe-
rialista desenvolvida por Lenin e a Internacional Comunista em seus quatro primeiros congressos. O fato de que um país semicolonial seja aterrorizado por um ditador brutal não significa que este tirano seja o principal inimigo da classe trabalhadora de todos os oprimidos do mundo. Este “status” pertence ao imperialismo e ao capital financeiro mundial e é responsabilidade exclusivamente deles todas as guerras e conflitos. A derrota do imperialismo tem sempre duas grandes consequências progressistas: o fortalecimento da consciência de classe dos trabalhadores e dos pobres das nações oprimidas sob ataque imperialista e, muito mais importante, no equilíbrio global de forças entre as classes, o enfraquecimento das ilusões da classe trabalhadora dos países imperialistas em sua “própria” burguesia como mostrou a derrota do imperialismo no Vietnã. A luta de classes internacional e nacional se combinam. Não se pode apoiar o imperialismo em suas constantes guerras no exterior e desejar a sua derrubada em casa. A primeira frase do Programa de Transição de Trotsky nos ensina: “A situação política mundial como um todo é principalmente caracterizada pela crise histórica da direção do proletariado”. Ela é tão verdadeira hoje como quando escrita em 1938. Os desertores da luta pela construção do partido mundial da revolução socialista negam esta verdade, os desertores da luta de classes culpam a classe trabalhadora, sua “falta de combatividade” e sua “incapacidade de dirigir-se” e, assim, defendem a traição de classe da burocracia sindical e seus representantes políticos no parlamento, nos partidos operários e social-democratas em todo o mundo. Trotsky disse que os líderes da burocracia sindical britânica são a “espinha dorsal do imperialismo britânico” e isso é verdade para toda a burocracia sindical internacional da TUC britânica à COSATU na África do Sul ou à CUT e à Conlutas no Brasil e à CGT e à CTA na Argentina. Sem por um único instante negligenciar nossos deveres internacionalistas nossa tarefa principal hoje, dentro de nossa própria classe, é lutar para construir uma alternativa a esses falsos dirigentes traidores. Construir oposições de base classistas nos sindicatos é a tarefa de todos aqueles que reivindicam uma nova direção da classe operária. É nossa tarefa central denunciar implacavelmente os centristas que defendem uma burocracia sindical de esquerda que desvia a luta de nossa classe para o nacionalismo. Como o Programa de Transição afirma: “Na luta pelas reivindicações parciais e transitórias, os operários têm atualmente mais necessidades do que nunca de organizações de massas, antes de tudo de sindicatos. A poderosa ascensão dos sindicatos na França e nos Estados Unidos é
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CLQI Comitê de Ligação pela Quarta Internacional
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a melhor resposta aos doutrinários esquerdistas que pregavam que os sindicatos estavam fora de moda”. Por isso, rejeitamos totalmente todas as concepções que dizem que os sindicatos se tornaram simples agentes do Estado capitalista, que o Programa de Transição de Trotsky não se aplica mais em 2012, que devemos procurar construir a nossa própria seita de forma isolada a partir da luta de massas da classe trabalhadora. Mais do que nunca confiamos em uma correta orientação contra o imperialismo internacional e por uma oposição irreconciliável à burocracia sindical e àqueles que se recusam a combatê-la de forma consistente. Nossa pequena corrente internacional dirige-se aos ouvidos da vanguarda da classe que ressurge internacionalmente. • Derrotar o imperialismo mundial, o capital financeiro e os seus agentes, na Síria, no Irã e em todas as guerras! • As Malvinas são parte do território nacional argentino, “Las Islas Malvinas son Argentinas”, derrotar o imperialismo britânico no Atlântico Sul! • Nenhuma confiança nas direções nacionalistas burgueses como Hugo Chávez! • Somente a classe trabalhadora internacional pode derrotar o imperialismo mundial! • Construir o partido mundial da Revolução Socialista! • Avançar com o Comitê de Ligação pela Quarta Internacional! Liga Comunista - Brasil Tendencia Militante Bolchevique (Argentina) Socialist Fight (Grã Bretanha)
RECONSTRUINDO A IV INTERNACIONAL
Saiu o 2o número do Jornal El Bolchevique, órgão de propaganda da Tendencia Militante Bolchevique, corrente irmã da Liga Comunista na Argentina Capa e Sumário de El Bolchevique #1 LCFI Liaison Committee for the Fourth International
1º DE MAYO Saludos del Comité de Vinculación por la IV Internacional al día internacional de los trabajadores CFK E YPF Por la nacionalización sin pago de YPF y del conjunto de los recursos energéticos bajo control obrero! LEY ANTITERRORISTA DE CRISTINA Y OBAMA El cristinismo prepara la guerra preventiva contra la clase obrera MALVINAS: la ofensiva imperialista en el Atlántico Sur Frente a la impotencia del gobierno argentino y a la nueva ofensiva imperialista, construir una respuesta obrera e internacionalista ¡FUERA EL IMPERIALISMO DE IRAQ, AFGANISTAN, LIBIA, SIRIA E IRAN! ¡Por la victoria de los pueblos de Medio Oriente y Asia Central y por la derrota del imperialismo! UNIVERSIDAD NACIONAL DE LUJAN Por la defensa de la enseñaza publica y laica apuntando a construir una universidad al servicio de los trabajadores.
CVCI
CLQI Comitê de Ligação pela Quarta Internacional Comité de Vinculación por la IV Internacional
El BolchEviquE Publicación de la Tendencia Militante Bolchevique - #
1 - Mayo-Junio de 2012 - $ 3 Solidario $ 5
1º DE MAYO
Saludos del Comité de Vinculación por la IV Internacional al día internacional de los trabajadores
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l Comité de Vinculación de la Cuarta Internacional envía sus más sinceros saludos revolucionarios a la clase obrera del mundo, a los pobres y oprimidos y su vanguardia combativa, los elementos conscientes de la clase que ya surgen a escala global para luchar por la bandera de la revolución mundial tan descaradamente abandonados en el pasado año por tantos grupos internacionales que reclaman el nombre del trotskismo. Desde el levantamiento del 15 de febrero de 2011, en Bengasi la “revo-
lución libia” ha sido la piedra de toque para todo los que se reclaman revolucionarios. Como en Irak, los medios mienten. Pero la mayoria de las organizaciones que se reclaman trotskistas repitieron las mentiras de la burguesia. No denunciaron el racismo de los ‘rebeldes’ que se muestra en los linchamientos y ejecuciones sumarias de negros acusados de ser “ mercenarios de Gadafi de Chad”. No denunciaron las evidentes conexiones de la CIA con el pro-imperialista Consejo Nacional de Transición e incluso aquellos que reconocieron esto
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nos dijeron que había una “verdadera revolución” en las filas de los ‘rebeldes’ apuntando como unica patética “evidencia”, una bandera sofisticada con leyendas en ingles “no a la intervencion extranjera” puesta por tres personas a su alrededor, sin duda, traida desde la sede de la CIA en Langley Virginia, para engañar a los crédulos y los que querían ser engañados. Para el CVCI Kadafi no era um socialista revolucionario, era un nacionalista burgués que gobernó para una
CFK E YPF ¡Por la nacionalización sin pago de YPF y del conjunto de los recursos energéticos bajo control obrero! LEY ANTITERRORISTA DE CRISTINA Y OBAMA El cristinismo prepara la guerra preventiva contra la clase obrera MALVINAS: LA OFENSIVA IMPERIALISTA EN EL ATLÁNTICO SUR Frente a la impotencia del gobierno argentino y a la nueva ofensiva imperialista, construir una respuesta obrera e internacionalista ¡FUERA EL IMPERIALISMO DE IRAQ, AFGANISTAN, LIBIA, SIRIA E IRAN! ¡Por la victoria de los pueblos de Medio Oriente y Asia Central y por la derrota del imperialismo! UNIVERSIDAD NACIONAL DE LUJAN Por la defensa de la enseñaza publica y laica apuntando a construir una universidad al servicio de los trabajadores. El BolchEviquE - 1
tmb1917.blogspot.com
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FOLHETO DO SOCIALIST FIGHT BRITÂNICO
A Explosão do WRP, A sabotagem de uma oportunidade para a regeneração do trotskismo 1985 – 1991
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eproduzimos abaixo o Sumário e trechos do prefácio do balanço realizado pelo Socialist Fight britânico de quase 200 página acerca da degeneração e explosão de um dos maiores partidos trotskistas existentes, o WRP (Workers Revolutionary Party) britânico e suas relações com a LIT (hoje dirigida pelo PSTU brasileiro). Na Capa do documento, os líderes do WRP e do Comitê Internacional pela Quarta Internacional juntos em um dos últimos grandes atos políticos do partido em memória a Karl Marx que reuniu 4.000 ativistas no Pavilhão Alexander, em Março de 1983. Os cinco líderes presentes na mesa se dividiram em cinco estilhaços depois da expulsão de Healy, em outubro de 1985. Da esquerda para a direita Gerry Healy (Partido Marxista), Mike Banda (Fórum Comunista); Cliff Slaughter, WRP (Imprensa dos Trabalhadores); David North, Partido Socialista pela Igualdade (EUA), quem reivindicou ser a continuidade do Comitê Internacional da Quarta Internacional após a cisão; Rodney Atkinson, em seguida, um membro do Comitê Nacional YS, agora inativo; e por fim Claire Dixon, WRP (Linha News). PREFÁCIO Esta publicação foi produzida originalmente em 1991, quando eu era um membro da seção britânica do ITC, a RIL. Embora hoje eu formulasse algumas perguntas de
maneira diferente (nunca houve qualquer prova de que as imagens de oposicionistas iraquianos foram vendidos ao regime iraquiano que resultou nas execuções dos mesmos pelo regime de Saddan Hussein), no entanto, eu defendo todas as principais conclusões políticas e caracterizações feitas sobre o WRP e todos os outros grupos políticos assumidos neste documento. O relatório da Comissão de Controle WRP por Norman Harding e Kavanagh Larry em Healy abusos sexuais e físicos foram agora incluídos como um apêndice no final do capítulo 1. Este trabalho identificou corretamente os principais passos dados pelo partido no período desde seu ressurgimento como escrito no Capítulo 3, O Interregno e Glasnost de 1986. Estes foram a questão da Irlanda, as perspectivas da juventude, a opressão das mulheres e do Partido Trabalhista. Todas estas questões envolviam a questão cruciais de como se relacionar com a classe trabalhadora. Nestas questões repudiamos a relação corrupta da direção do partido com a burocracia sindical na Grã-Bretanha e as burguesias árabe no Oriente Médio e Norte da África, a capitulação ao Estado britânico sobre a questão da Irlanda, as questões da história da Quarta Internacional, e da opressão especial de mulheres, gays e lésbicas. Agora todos os líderes do antigo WRP retomam às manobras sem escrúpulos e degeneradas que conduziram a liquidação terminal do WRP, retrocedendo a posições piores do que este sustentou em todas as questões antes da explosão de 1985. Para se ter uma idéia, o atual WRP (News Line) é quem sustenta uma posição melhor (embora ainda tão errado quanto em 1985) sobre a Líbia do que quase todos os estilhaços do antigo WRP. Publicamos este balanço na esperança de resgatar alguns dos camaradas desse tempo para a luta pela regeneração do trotskismo. Prefácio Itrodução Capítulo 1: A ruptura Capítulo 2: A implosão continua Capítulo 3: Interregno & Glasnost 1986 Capítulo 4: Problemas Filosóficos Capítulo 5: Chauvinismo sobre a Questão da Irlanda Capítulo 6: Ruptura com a Liga dos Trabalhadores da Irlanda (IWL) Capítulo 7: As Relações Sociais do WRP Capítulo 8: O debate sobre o stalinismo Capítulo 9: O relacionamento com a LIT Capítulo 10: Estranhos companheiros de cama Capítulo 11: Journadas desperdiçadas Capítulo 12: Negação de uma questão de princípio Capítulo 13: O Fim do Jogo para a LIT e para o WRP Cronologia 1984-1990 Glossário de publicações e organizações dezembro 2011 Gerry Downing
O documento inteiro encontra-se em: http://pt.scribd.com/doc/88358031/WRP-Explosion-ByGerry-Downing O Bolchevique No8 - Janeiro de 2012
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ESPECIAL - PARAGUAI
Todos contra o golpe! Mas sem nenhuma ilusão em Lugo, que reprimiu nossos irmãos sem terra e entregou o governo docilmente para a reação. Construir a derrubada de Franco e a luta pela unidade revolucionaria antiimperialista e anticapitalista dos operários e camponeses latino americanos! DECLARAÇÃO DO CLQI - GOLPE PARLAMENTAR “MADE IN CIA”
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epois do Haiti e Honduras é a vez do Paraguai. Os EUA que há anos buscam aumentar o controle sobre a tríplice fronteira estão por trás de mais este golpe, e que tem de inédito o fato de ser um ataque relâmpago e pela via parlamentar. Também estiveram a frente da conspiração a reacionária Igreja Católica, da qual Lugo é bispo, e parte hegemônica da classe dominante, como demonstrou as votações nas duas casas do Parlamento. Além disto, estão diretamente envolvidos setores vinculados a burguesia brasileira e as multinacionais como a Monsanto que utilizam o Brasil como plataforma de exportação vinculadas ao latifúndio brasiguaio. Como retribuição ao apoio, Franco declarou que vai agilizar a legalização das terras dos brasiguaios contras as aspirações dos sem terras (carperos) por reforma agrária. Folha do Trabalhador com declaração internacional bilíngue da CLQI distribuído no ato do dia 26/06/2012 A principal vítima deste golpe, que fortalece a reação e a repressão política, é a população trabalhadora paraguaia, que poucos dias antes em Curuguaty sofreu com o assassinato de 11 de seus filhos pelas tropas do próprio governo Lugo a serviço do latifúndio e contra a reforma agrária que o próprio havia prometido antes de elegerse. Também não podemos esquecer que Lugo de imediato se submeteu a decisão do Congresso controlado pelo Partido Liberal de Franco, e pelo Partido Colorado, do qual fizera parte o ditador Stroessner. Com isto, Lugo jogou um balde de água fria na resistência popular ao golpe. Por isto, fragilizamos nossa luta ao torná-la dependente da orientação politica de Lugo, defendendo “Todo apoio ao presidente Fernando Lugo” como fazem alguns que combatem o golpe. Lugo, assim como fez Zelaia em Honduras, alimenta esperanças nos governos burgueses sul americanos que, seja pela UNASUR ou por qualquer organismo internacional capitalista, não realizam qual-
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quer luta consequente contra os interesses imperialistas porque são sócios minoritários de nossa exploração. Nossa luta é a da resistência da população trabalhadora através da sua ação direta ao conjunto dos golpes capitalistas que os oprimidos de todo mundo sofrem sejam eles sem terra paraguaios ou brasileiros, mineiros bolivianos ou imigrantes super-explorados em qualquer parte do mundo. Lutamos pela independência política dos trabalhadores, condição fundamental para derrotar este golpe rumo a um verdadeiro governo revolucionário operário e camponês, que realize a reforma e a revolução agrárias, expropriando o conjunto do latifúndio paraguaio e brasiguaio e avançando na luta pela Federação das Repúblicas Socialistas Latino-Americanas! Para tudo isto, é necessário construir o partido internacionalista e revolucionário da classe operária, tarefa que depositamos o melhor de nossos esforços. Liga Comunista - Brasil Tendencia Militante Bolchevique - Argentina Socialist Fight - Grã Bretanha
RETIFICAÇÃO: Porque a LC não assinou a “Carta em solidariedade ao povo paraguaio e contra o golpe” Na noite posterior ao protesto contra o golpe de Estado no Paraguai, 25/06/2012, em frente ao Consulado Paraguaio na cidade de São Paulo, do qual participamos, fomos surpreendidos com a notícia de que os organizadores da manifestação haviam incluído o nome da Liga Comunista em tal documento que foi protocolado junto a representação diplomática paraguaia. Retificamos: A Liga Comunista não assinou o documento conjunto com os demais signatários e não tem acordo com o texto desta carta (a qual reproduzimos aqui na íntegra). Foi um equívoco dos que puseram o nome de nossa organização. Participamos da manifestação no Consulado paraguio em São Paulo, participamos do Comitê de Solidariedade ao Povo Paraguaio, fundado em 23 de junho no ECLA, estamos construindo ativamente todos os atos públicos em uma frente única contra o golpe no Brasil e também em outros países onde possuímos organizações irmãs, como na Argentina e Inglaterra. Mas nossa posição política pública é a que foi amplamente distribuída no próprio protesto e defendida pelos nossos camaradas presentes na atividade e que consta em nosso blog que difere da que consta nesta carta. Fazemos uma frente única de ação,- protestos de rua contra o golpe - mas não uma frente única programática com os signatários da Carta (CUT, PT, PSOL, PCdoB, UNE,...), organizações governistas ou reformistas e centrais pelegas que encobrem o papel do latifúndio brasiguaio, a quem a LC vem denunciando muito antes do golpe (ver artigo na página seguinte) e reivindicando a luta pela expropriação deste setor da classe dominante no continente latino americano, setor representante das multinacionais sojeiras, como a Monsanto e das Multinacionais pecuaristas, ao lado dos nossos irmãos carperos paraguaios. Também não concordamos com a defesa abstrata da democracia burguesa contida na carta. Lutamos para que os direitos
Carta protocolada ao Consulado Geral do Paraguai em São Paulo durante ato em solidariedade ao povo paraguaio e contra o golpe em 25 de junho de 2012 CARTA EM SOLIDARIEDADE AO POVO PARAGUAIO E CONTRA O GOLPE Nós, entidades sociais, sindicais, estudantis, organizações políticas, cidadãos brasileiros e paraguaios, rechaçamos o Golpe de Estado que se desenvolve no Paraguai. Lugo é o presidente do Paraguai porque foi eleito democraticamente pelo povo desse país. Uma operação orquestrada pelas elites paraguaias, num falso processo de impeachman que não respeitou o devido processo legal e o direito de ampla defesa, depôs o presidente. Evidencia-se, assim, o abuso parlamentar e a extrapolação da independência dos poderes em favor do interesse político de grupos específicos, caracterizando o processo como Golpe de Estado. Tal processo fere a democracia e o princípio da auto-determinação do povo paraguaio. O povo brasileiro se levanta contra o Golpe e é solidário ao povo irmão do Paraguai. Pressionaremos o governo brasileiro para que tome atitudes contra o golpismo e que fortaleçam a democracia por toda a América
democráticos e civis da população paraguaia sejam assegurados, mas não alimentamos a ilusão que estes direitos possam ser garantidos sem a resistência popular e a luta direta das massas tanto no Paraguai como em todo
Latina. Não reconhecemos o governo golpista, e exigimos um posicionamento da Embaixada do Paraguai no Brasil coerente com o desejo do povo e a constituição da democracia. UGT, CSP Conlutas, CUT, Força Sindical, CTB, CGTB, Intersindical, Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante – CDHIC, Espaço Sem Fronteiras – ESF, Centro de Apoio ao Migrante – CAMI, Comissión Paraguaya, Associação Salvador Allende, Associação Japaike, Central Sindical das Américas, Marcha Mundial Das Mulheres União Nacional dos Estudantes – UNE, União Estadual dos Estudantes – UEE SP, DCE Livre da USP “Alexandre Vanucci Leme”, Centro Acadêmico Guimarães Rosa – Relações Internacionais/USP, Centro Acadêmico Florestan – Ciências Sociais /UNINOVE, Advogados Pela Democracia, PT, PCB, PCdoB, PSOL, Liga Comunista, Consulta Popular, Refundação Comunista, Juventude do PT, Fórum da Esquerda, Rompendo Amarras, Levante Popular da Juventude, Movimento Para Todos, Frente 3 de Fevereiro, Alvorada Vermelha, Universidade em Movimento, Adriano Diogo - Deputado Estadual PT, Juliana Cardoso – Vereadora PT, Ivan Valente – Deputado Federal PSOL
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LUTA PELA TERRA
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Em defesa dos carperos (sem terra) paraguaios, pela expropriação do latifúndio “brasiguaio”!
os últimos dias tem se intensificado a luta pela terra no Paraguai. Os carperos (carpa é a tenda onde moram os sem terra), como são conhecidos os 18 mil camponeses pobres completamente despossuídos do país, vem tomando fazendas e radicalizando uma série de mobilizações contra os brasiguaios, latifundiários brasileiros que concentram muitas terras paraguaias em suas mãos, fato que acentua o atraso econômico paraguaio. Ao contrário do que propagandeia a imprensa burguesa brasileira e paraguaia, os latifundiários sojeiros não enriquecem a economia paraguaia, pelo contrário provocam empobrecimento do solo, reduzem a quantidade de terra para o plantio de alimentos, encarecem os preços dos produto agrícolas e praticam agricultura de monocultura extensiva de commodities voltada para a exportação associados a grandes corporações imperialistas como a Cargill, Bunge, Calyx Agro e o Banco estadunidense JP Morgan, igualzinho como no Brasil. Os barões da soja brasileiros posseiros no país vizinho não passam de comissionistas do grande capital fiananceiro internacional. Os sojeiros ocupam um quarto de todas as terras agrícolas no Paraguai e, desde 1995, têm crescido a uma taxa de 320 mil hectares por ano no Brasil. Aos sojeiros se somaram os pecuaristas também brasiguaios, que chegaram nos últimos 12 anos se apossando de uma vasta zona do Alto Paraguai. Se aproveitando da miséria econômica artificial e historicamente imposta aos paraguaios que já foram a nação industrialmente mais desenvolvida da América do Sul os fazendeiros brasileiros compram milhares de hectares de terra para explorá-las na pecuária intensiva. Produção que também não fica no país vizinho mas que se destina a alimentar diretamente as processadoras de carne do Mato Grosso do Sul e as grandes multinacionais de capital imperialistas instaladas no Brasil. É na exportação de Soja e Carne que residem os dois mis poderosos setores capitalistas no Paraguai. Em 2010, sojeiros e pecuaristas obtiveram lucros recordes, registrando faturamentos com exportações na ordem de 1,6 bilhão e um bilhão de dólares, respectivamente. Não fica nada para o país uma vez que a “Lei de Adequação Fiscal”, transforma o país em um verdadeiro paraíso fiscal onde os latifundiários capitalistas e as empresas multinacionais não pagam um só centavo ao Estado por seus lucros estratosféricos. Na verdade, segundo o MST do Brasil, o latifúndio brasiguaio é o responsável para que o Paraguai seja o país campeão da concentração da propriedade privada no planeta. Como alertava Trotsky: “Espoliando a riqueza natural dos países atrasados e restringindo deliberadamente seu desenvolvimento industrial independente, os magnatas monopolistas e seus governos concedem simultaneamente seu apoio financeiro, político e militar aos grupos semi-feudais mais reacionários e parasitas de exploradores nativos. A barbárie agrária artificialmente conservada é, hoje em dia, a praga mais sinistra da economia mundial contemporânea. A luta dos povos coloniais por sua libertação, passando por cima das etapas intermediárias, transforma-se na necessidade da luta contra o imperialismo e, desse modo, está em consonância com a luta do proletariado nas metrópoles. Os levantes e as guerras coloniais, por sua vez, fazem tremer, mais que nunca, as bases fundamentais do mundo capitalista e tornam menos possível que nunca o milagre de sua regeneração.” (O Marxismo em nosso tempo, 1939). Desde a genocida Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai no século XIX, o maior e mais sanguinário conflito arma-
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Aparato repressivo nacional de Lugo contra a luta dos Carperos pela reforma agrária que o ex-bispo havia prometido em sua campanha eleitoral do ocorrido na América do Sul, provocado pela Inglaterra, as classes dominantes brasileiras cumprem um papel criminoso contra o Paraguai, primeiro afogando em sangue seu formidável desenvolvimento industrial independente, massacre responsável pelo atraso histórico paraguaio (quando foi dizimado quase toda a população masculina), nas últimas três décadas o Brasil negou ao país o acesso a renda e a energia produzida por Itaipu e no presente como comissionistas das transnacionais imperialistas. Os carperos reivindicam a expropriação dos brasiguaios, que estão concentrados principalmente nos distritos de Nacunday, Santa Rosa e Santa Rita. Segundo os camponeses, as terras em posse dos brasiguaios são de titularidade pública sendo dessa forma uma região grilada pelo latifúndio brasileiro. “’Não sabemos a hora nem o dia, mas vamos entrar a qualquer momento (para ocupar as plantações). Se for preciso lutar, vamos lutar. Se não vamos servir para defender a nossa terra, é melhor que nos convertam em uma província do Brasil’, disse Rosalino Casco com energia.” (AFP, 23/12/2011). Assim como o governo, a imprensa paraguaia, a patronal reunida na União dos Sindicatos da Produção, a Associação Rural do Paraguai estão do lado dos capitalistas brasileiros, demonstrando possuir um claro instinto de classe “internacionalista” por sobre as fronteiras nacionais. Lamentavelmente o mesmo não se vê das organizações que dizem defender os interesses dos trabalhadores e camponeses no Paraguai e no Brasil, intoxicadas pela droga nacionalista voltam as costas para a luta dos nossos irmãos camponeses pobres paraguaios. A LIT cuja o maior partido é o PSTU brasileiro e que possui como seção o PT Paraguaio silencia completamente sobre o tema, enquanto se nega a defender os sem terra e a expropriação do conjunto do latifúndio e dos capitalistas no país. Com algum esforço, no máximo poderemos encontrar em artigos de um ano atrás no site da LIT o PTP se limitar a defender um imposto progressivo contra o latifúndio, a luta “contra o modelo agroexportador”, um plano econômico alternativo e uma confusa segunda independência. A mídia burguesa no Brasil, à serviço dos latifundiários brasiguaios, vem tentando estimular todo tipo de sentimento patriótico entre as massas, apelando para o chauvinismo para facilitar uma intervenção política do governo brasileiro na questão e
Lugo, repressor dos carperos, covarde contra os golpistas. Enquanto a massa organiza resistência popular ao golpe de Estado defendendo inclusive, um novo conflito entre as duas nações. Por outro lado, o governo fantoche de Fernando Lugo do Paraguai, apesar de toda sua retórica populista apoiado inclusive pelos dilmista MST brasileiro e pela Via Campesina internacional, não tardou em declarar seu comprometimento com o latifúndio saindo na defesa da garantira da propriedade privada dos latifundiários brasiguaios. “Os cidadãos brasileiros podem ter absoluta garantia de que o Governo não vai permitir as invasões”, manifestou o chefe do Gabinete Civil, Miguel López Perito (reportagem da Rede Globo reproduzida pela mídia paraguaia, jornal Última Hora, demonstrando que para combater o proletariado e o campesinato pobre a unidade de classe burguesa se sobrepõe as divisões nacionais). Neste campo contra os trabalhadores sem terra estão Lugo, seu opositor imediato, o vice-presidente paraguaio, Federico Franco, e obviamente o governo Dilma. QUEM SÃO OS “BRASIGUAIOS” E DE QUE LADO DO CONFLITO DEVEM FICAR OS TRABALHADORES BRASILEIROS? Na década de 70, em plena ditadura militar no Paraguai, o governo de Alfredo Stroessner passa a entregar praticamente de graça, as terras do país a latifundiários brasileiros através da abolição em 1967 de uma lei que até então, proibia a compra de terras por estrangeiros na faixa de 150 km de suas fronteiras. Dessa forma, passou a haver uma migração massiva de latifundiários brasileiros para o Paraguai, que já havia sido lesado pela burguesia brasileira no acordo de Itaipu, onde o Brasil até hoje consome quase toda energia produzida pela usina, inclusive a parte que caberia ao Paraguai. Com o aumento da concentração da terra nas mãos dos brasiguaios, o país passou a ter a soja como principal base de sustentação de sua economia e sua principal pauta de exportação, o que faz com que o país esteja refém dos colonizadores. Para se ter uma idéia da quantidade destas terras nas mãos dos latifundiários brasileiros, o censo agropecuário de 2008 revelou que aproximadamente 50 mil kilômetros quadrados estão nas mãos dos brasiguaios, num país relativamente pequeno que possui cerca de 406.750 km quadrados de território, significando que mais de 10% de sua região está nas mãos dos latifundiários brasileiros: isso explica o fato de Tranquilo Favero, principal produtor de soja do país, conhecido como “Rei da Soja” possuir sozinho 3 milhões de hectares de terras; assim como Ulisses Rodrigues Teixeira, outro brasiguaio, representante de um grupo empresarial brasileiro, que controla extensas plantações de soja nos departamentos de São Pedro e Canindeyú, sendo alvo de grandes manifestações dos camponeses que lutam por expropriá-lo. Além da soja, os brasiguaios controlam no departamento de Alto Paraguai, a produção de granado que alimenta diretamente os processadores de carne do Mato Grosso do Sul, através de contrabando na fronteira, segundo denuncia os carperos.
PELA EXP R O PRIAÇÃO DO LATIF Ú N D I O B R A S I GUAIO! A s s i m como o latifúndio no Brasil significa um entrave secular ao desenvolvimento de nossa economia, os brasiguaios perpetuam estas mesmas relações arcaicas sobre o povo paraguaio, mantendo o país sob o tacão dos latifundiários brasileiros com a benção dos governos da frente popular dos dois países. Por sua vez, é preciso combater toda xenofobia disseminada pelas classes dominantes contra a poderosa e revolucionária unidade internacionalista do proletariado e do campesinato pobre latino americanos. É preciso que em conjunto, os camponeses pobres de origem paraguaia, brasileira, ou de qualquer outra nacionalidade que residem no Paraguai estabeleçam em assembléias camponesas o tamanho máximo do lote para fins de reforma agrária ou das fazendas coletivas cooperativadas no Paraguai se assim o desejarem, sem perder de vista a perspectiva da luta pela revolução agrária contra a agro-indústria e a grande indústria pecuária para nestes meios produtivos estabelecer o controle do proletariado agrícola sobre a produção neste setor. Em que pese a diferença no atraso das forças produtivas imposto artificial e historicamente pelo colonialismo e o tamanho da pilhagem sofrida por cada país na divisão mundial do trabalho, Brasil e Paraguai são duas semi-colônias controladas pelo imperialismo cujas economias são destinadas fundamentalmente a alimentar o mercado mundial capitalista de commodities. Nenhum povo é livre oprimindo outro povo, assim, é importante que os trabalhadores brasileiros saibam, que os interesses dos brasiguaios capitalistas não são seus interesses, pois representam uma parcela das classes dominantes que também exploram o proletariado brasileiro. A vitória dos carperos é nossa vitória, pois assim como os latifundiários brasileiros subtraem as riquezas de nosso país vizinho, somos explorados igualmente pelo capital imperialista das grandes potencias, assim defendemos incondicionalmente a luta dos sem-terra paraguaios e pela expropriação sem indenização dos latifundiários brasileiros! Humberto Rodrigues 02/02/2012 O Bolchevique No8 - Janeiro de 2012
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“O MÉTODO HISTÓRICO DE KARL MARX” DE PAUL LAFARGUE
Grande sucesso na atividade de lançamento de livro em defesa do materialismo histórico e dialético
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o sábado, dia 28 de abril, numa noite chuvosa na capital paulista, cerca de 70 pessoas O método participaram do lançamento do livro “O Méhistórico de todo Histórico de Karl Marx”, de autoria de Paul Lafargue, genro de Marx. O evento se deu no ECLA – Espaço Cultural Latino Americano - referência em eventos deste tipo, localizado no bairro do Bixiga no centro de São Paulo. O livro é inédito em língua portuguesa e foi traduzido por um camada sindicalista de Porto Alegre/RS, militante da oposição ao sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal do Rio Grande do Sul (SINTRAJUFE/RS). A obra de Lafargue tem uma atualidade incrível. Ela é uma verdadeira cartilha de estudos e um libelo Paul contra o obscurantismo, seja ele religioso ou filosófico. Lafargue A Liga Comunista tem o orgulho de lançar “O método Cravos da Madrugada histórico de Karl Marx” como brochura para venda militante, pois servirá para o estudo do método marxista para construir sua análise profunda do capitalismo, condição para construir um programa revolucionário para a classe operária. Fizeram parte da mesa de apresentação do livro representantes da Liga Comunista, da Tendência Militante Bolchevique (Argentina), o tradutor e um membro do conjunto musical Cravos da Madrugada, que animou o evento com músicas portuguesas, relembrando o 25 de abril, dia da Revolução dos Cravos contra o salazarismo. Também fizeram uso da palavra os representantes do ECLA. Em sua fala o camarada dos Cravos da Madrugada explicou porque a data os inspirou a formação do conjunto musical, destacou a importâcia da realização de uma comemoração militante da data e relacionou a combinação da luta pela emancipação das colônias africanas com a luta democrática em Portugal. Depois das falas da mesa foi aberta a palavra ao plenário que participou ativamente do lançamento do livro com uma dezena de intervenções e polêmicas sobre o tema e como o mesmo se relaciona com o ecologismo burguês, o fanatismo religioso, a atomização virtual do indivíduo através da internet, etc. Dentre os agrupamentos políticos presentes fizeram uso da palavra o Coletivo Lenin, o NATE e o Espaço Cultural Mané Garrincha. Em seguida foi a vez do conjunto musical se apresentar pelo restante da noite com seu cancioneiro latino americano, português e com música popular brasileira de protesto, sendo acompanhado entusiasticamente pelo plenário. Na fala do representante da LC, foi destacado a importância do lançamento da obra como parte de uma tarefa de rearmamento ideológico da vanguarda comunista hoje. “O método histórico de Karl Max” lançado pela editora da LC, a Vorkuta publicações, é um instrumento da luta teórica contra a ofensiva obscurantista da barbárie imperialista. Também foi lido o “testamento” de La-
Karl Marx uma obra de
pela primeira vez em português
Com a participação especial do Conjunto Musical
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fargue, que professa sua fé inabalável no socialismo e na construção da internacional. Foi mencionado o fato de que Lafargue e Laura Marx decidiram por finalizar com suas existências e ressaltado que isto nada tem a ver com desilusão ou desesperança pela vida. Como prova a carta de despedida deixada por Lafargue, ambos morreram professando a fé inabalável pelo futuro comunista da humanidade. Os dois materialistas simplesmente resolveram tirar a própria vida antes que os efeitos do tempo, do qual ninguém escapa, lhes sola28/04 Sábado passe o prazer de estar vivo, suas capacidades físi19h cas e mentais e o vigor da militância revolucionária. O ECLA representante da TMB argentina, colocou os aspectos econômicos que a obra traz, como método de análise da economia-politica, ressaltando os pontos essenciais da dialética materialista da história e assinalando o marxismo como o único humanismo possível hoje em dia. O tradutor trouxe à baila os bizantinismo em moda desde a queda dos Estados Operários. Lafargue centra fogo na religião como forma de alienação; já nos dias atuais, a religião “stritu sensu” tem perdido espaço para a filosofia dita “pós-moderna”, que tem como pedra angular a premissa de que “toda verdade é absolutamente relativa”; ora, se toda verdade é absolutamente relativa, esta premissa também é relativa, portanto existem absolutos! É um silogismo lógico inabalável ao qual os pós-modernos nunca puderam resolver, muito embora tenham ganho grande espaço nas massas, na academia e nos setores médios da sociedade, onde “cada um respeite a opinião alheia”, mesmo que elas sejam opostas pelo vértice! Foi discutido o famoso caso “Allan Sokal”, onde este apresentou uma tese publicada na revista “Social Text”, defendendo que a gravidade quântica não existia, era meramente uma construção social e linguistica. O caso ficou famoso pois ganhou grandes elogios de personalidades da filosofia pós-modernista, como Jacques Derrida. Sokal, depois da publicação do texto, revelou que o mesmo não passava de um embuste, e que havia sido escrito justamente para desmontar o castelo de cartas do relativismo filosófico. Sem negar todos os avanços conquistados pelo materialismo e pelo ateísmo militante não marxistas, nós assinalamos que o materialismo tem que ser dialético para dar uma explicação integral da realidade, condição sem a qual não se pode construir um programa para a emancipação do proletariado. Como comunistas, temos a plena certeza que somente o marxismo revolucionário dará conta de disputar e vencer a luta ideológica com a burguesia. O livro de Lafargue traça a trajetória desta luta desde a filosofia de Vico até o materialismo dialético marxista, fornecendo as bases teórico-ideológicas para a elaboração de ferramentas do combate em outros terrenos, notadamente, a luta político-programática e a luta pelas reivindicações imediatas do dia-a-dia dos trabalhadores. Lançamento do Livro O método histórico de Karl Marx escrito por Paul Lafargue
Espaço Cultural Latino Americano Rua Abolição, 244, Bixiga, São Paulo (11) 3104.7401
Mesa: Liga Comunista (Brasil), Tendencia Militante Bolchevique (Argentina) e Alexandre Magalhães (tradutor) Organização:
LIGA COMUNISTA