LCFI Liaison Committee for the Fourth International
CLQI Comitê de Ligação pela Quarta Internacional
O Bolchevique
ANO III - NO12 - out/2012 - R$5
Orgão de propaganda da Liga Comunista
Voto nulo ou Boicote ativo?
O caráter de classe do PT e as tarefas dos revolucionários
Ganhe quem ganhar, não fará igual, fará PIOR!
VOTE NULO! pela construção do partido revolucionário dos trabalhadores!
lcligacomunista.blogspot.com - liga_comunista@hotmail.com Caixa Postal 09, CEP 01031-970, São Paulo, Brasil
ESPECIAL ELEIÇÕES 2012 Rito de passagem para PSOL e PSTU • PSOL, opção preferencial para assumir o governo dos ricos contra a classe trabalhadora de Belém • PSTU aderiu ao vale tudo do cretinismo eleitoral para eleger um vereador • PCO e PCB: “políticas públicas” burguesas • Apêndices do PSTU acompanham-no em seu giro oportunista O Bolchevique No11 - Setembro de 2012
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CARTA AO LEITOR
Ganhe quem ganhar, não fará igual, fará pior! Votar Nulo, por um partido revolucionário dos trabalhadores!
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arafraseando a música do grupo Titãs (1), ganhe quem ganhar estas eleições, alertamos: os próximos ou reeleitos não farão igual aos atuais governos. Farão pior! Trata-se de exigências da economia: aplicar os “planos de austeridade” para tornar a economia brasileira mais “competitiva” (2), arrochar ainda mais os salários para baratear a mão de obra, realizar a famigerada reforma trabalhista “por baixo” via Acordo Coletivo Especial com o apoio das centrais pelegas e governistas, desonerar ainda mais a carga tributária para o empresariado e aumentar os custos dos serviços utilizados pela população trabalhadora como o do transporte público; aumentar a coerção social contra trabalhadores de rua e sem tetos, o efetivo policial e o poder repressivo das guardas municipais; agilizar a privatização da saúde e os despejos (por incêndios criminosos ou repressão policial) dos que já vivem em precárias condições de moradia, realizar mais privatizações e todas as maracutaias que envolvem a preparação do terreno para a realização da Copa e da Olimpíadas, etc. Por tudo isto, os prefeitos novos ou reeleitos exercerão uma opressão maior do que já exercem os atuais, independentemente de seus partidos. Se já não deveríamos acreditar nas promessas dos candidatos de que a vida melhorará após estas eleições, poderemos ter a certeza, ela piorará. Sob o tacão de Serra, Haddad ou Russomano, a vida do trabalhador da maior cidade do Brasil piorará. No Rio de Janeiro, com Paes ou mesmo com Freixo, piorará. Este último, prefeiturável do PSOL, reivindica maior intervenção policial nos bairros cariocas, mesmo como candidato já reconhece que cortará salário de funcionários grevistas e não se opõe ao despejo que sofrem os moradores do Horto; não por acaso é apoiado por setores do PSDB e PDT. Anotem aí os leitores, os prefeitos que porventura forem eleitos pelo PSOL, como Freixo ou Edmilson Rodrigues, reprimirão trabalhadores, aumentarão passagens e despejarão sem tetos. Edmilson não fará igual aos dois mandatos anteriores, fará pior! Sobre isto, recomendamos a leitura do artigo: “Nesta campanha eleitoral, o PSOL,dispondo de um candidato que já governou para a burguesia, torna-se a opçãopreferencial para assumir o governo dos ricos contra a classe trabalhadora deBelém” no especial “Eleições 2012, rito de passagem do PSOL e PSTU”. A construção do partido revolucionário dos trabalhadores no Brasil exige primeiramente a denúncia programática da democracia burguesa em geral, e da hiper-
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deformação que esta democracia sofre nas condições semi-coloniais do Brasil em particular. No Brasil, todos os processos de transição desde a independência, passando-se pela proclamação da República, pelo “fim da escravidão” até a passagem das ditaduras para os regimes democráticos, foram completamente gradualizados a partir de cima, com as classes dominantes amortecendo a pressão da demanda popular através de saídas de continuidade. A estabilidade política das violentas desigualdades sociais herdadas da ditadura militar se deu sobre a base da cooptação da insatisfação popular através da integração do PT, CUT e MST ao regime político e ao governo. Paralelamente, se combinam a superexploração da maisvalia, a crescente pauperização relativa (3) combinada com o sobre-endividamento da população trabalhadora, e a insuportável opressão social com a democracia da fraude eletrônica. Por um lado, o regime mostra os dentes através da extrema repressão estatal que nutre níveis altíssimos de execução da população trabalhadora pelo Estado, da 4º maior população carcerária do planeta (500 mil filhos da classe trabalhadora presos!), da incineração criminosa e sistemática das favelas em favor da especulação financeira, da militarização dos bairros proletários pela combinação da ação repressiva das UPPs, Milícias ou de mega empresas narcotraficantes que possuem uma
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A Liga Comunista é membro do Comitê de Ligação da IV Internacional (CLQI) juntamente com o Socialist Fight da Grã Bretanha e a Tendencia Militante Bolchevique da Argentina. As opiniões expressas nos artigos assinados ou nas correspondências não expressam necessariamente o ponto de vista da redação.
relação de contrato e conflito com o Estado. Por outro lado, o voto popular não possui a menor importância, servindo apenas para dar um ar de legitimidade à sofisticada fraude da rotatividade de mandatos, reeleições, governos nacionais de coalizões amplas centradas no PT, institutos de pesquisa e urnas eletrônicas. “Tá tudo dominado”. O sufrágio universal é decidido em função do tipo de software que reduz toda a política eleitoral à questão de dígitos binários informatizados que cumprem os interesses das oligarquias dominantes, que por vezes reciclam seus agentes se valendo de canalhas como Edmilson Rodrigues, auxiliados por “revolucionários” do quilate do PSTU. Sobre a integração do PSTU a coligação burguesa do PSOL-PCdoB, recomendamos a leitura do artigo: “Elegendo ou não seu vereador, o PSTU aderiu ao vale tudo docretinismo eleitoral, consolidando no partido as tendências reformistas sobreas centristas”. Mas não somos anarquistas nem acreditamos que a saída para o cretinismo parlamentar é o cretinismo antiparlamentar e apartidário, um obstáculo à organização política de uma parte da juventude rebelde. Aprendemos com Lenin que: “Enquanto a luta da classe operária pelo poder não estiver na ordem do dia, temos o dever de utilizar todas as formas da democracia burguesa” (Obras completas, tomo XX, v. 2, 20/01/1920). Certamente a melhor opção para a utilização máxima da democracia burguesa pelos defensores da ditadura do proletariado seria a realização de campanhas eleitorais de um novo tipo em relação às dos oportunistas, do tipo que os bolcheviques russos e os fundadores da Liga Espártaco alemã fizeram. No entanto, o regime democrático semi-colonial brasileiro impede que os ativistas representantes dos trabalhadores e a juventude trabalhadora, democraticamente votados por suas organizações de massa (sindicatos, associação de moradores, ocupações de terra ou prédios urbanos, assembleias estudantis) se expressem de forma independente com seu próprio programa político nestas eleições. Do mesmo modo, as organizações de vanguarda como a LC, são impedidas de exercer o direito de disputar o pleito. Lamentavelmente, os partidos que se reivindicam do proletariado e possuem legenda colocam-na a serviço do regime burguês enganando os trabalhadores. VOTO NULO OU BOICOTE ÀS ELEIÇÕES? O voto nulo não é a melhor opção. Francamente, é uma opção ruim. Mas é a única que a Liga Comunista pode orientar os trabalhadores a votarem neste momento. É a única que pode adotar o trabalhador que não deseja ser enganado votando em políticos e partidos patronais ou oportunistas. Neste sentido, revisamos a posição que adotamos em 2010, quando agitamos simultaneamente o voto nulo e o boicote às eleições daquele ano nos bairros, cidades e corredores de trânsito proletários, com panfletagens, cartazes e pinturas nos muros próximos a estações de trem e metrô. Foi um equívoco porque o chamado ao boicote eleitoral ativo naquele ano, como agora em 2012, não corresponde ao amadurecimento da situação objetiva da luta de classes, por mais reacionárias e fraudulentas que
sejam estas eleições apoiadas na urna eletrônica. Mas, como aprendemos com Lenin, inteligente não é aquele que não comete erros, não existem pessoas que não cometem erros, todos os cometemos, inteligente é aquele que comete erros não muito graves e sabe corrigi-los acertada e rapidamente. Assim, compreendemos que está errado, neste momento, agitar o boicote de forma abstrata, sem que a agitação resulte em uma ação correspondente que passe por cima de toda a tralha enganadora das reacionárias eleições burguesas, como fizeram os bolcheviques e as massas em 1905. Aos lutadores que querem aprender recomendamos o estudo do balanço de Lenin acerca das experiências positivas e negativas de boicote às reacionárias eleições czaristas que reproduzimos parcialmente abaixo (4). Mas, em 2012, todo o desgaste da democracia da fraude eletrônica burguesa no Brasil não significa que a efervescência tenha se sobreposto a apatia e menos ainda que a luta pelo poder esteja na ordem do dia. Se não há condições para reunir pelo menos o setor mais consciente das massas à luta insurgente, o chamado ao boicote eleitoral efetivamente ativo ou “ativamente virtual” como fazem alguns grupos, não tem sentido. Diante de uma situação muito mais convulsiva e propícia a agitação revolucionária, Trotsky critica os seus camaradas da época: “Nas eleições legislativas na França, eu acho que não podemos aceitar o boicote. Propagandear os Comitês de Ação sim. Opor os futuros Comitês de Ação como recurso nas eleições do presente, Não! Só se pode boicotar o parlamento quando se pode substituí-lo pela ação revolucionária direta.” (Carta a Fred Zeller, 1936). Mas se não podemos recorrer à tática do boicote pela impossibilidade de chamarmos as massas à ação revolucionária direta neste momento, também não podemos participar deste teatro de enganação dos trabalhadores do qual entusiasticamente participam PCB, PCO, PSTU e seus apêndices de esquerda (como Trotsky nominou os centristas no Programa de Transição). Acerca deste tema, recomendamos a leitura da 3ª parte do especial sobre eleições: “A coligação ‘daesquerda revolucionária’ do PCO e PCB reivindica “políticas públicas” burguesase os apêndices de esquerda do PSTU acompanham-no em seu giro oportunista”. Dizer a verdade às massas é uma condição para que sejamos trotskistas e para que eduquemos as massas para a luta por sua genuína emancipação social. E a amarga verdade é que no Brasil não existe um partido operário digno desta definição e das tarefas que um partido deste tipo precisa realizar de forma completamente independente do regime burguês. O papel exercido pelos partidos que se dizem representantes dos trabalhadores (PSOL, PSTU, PCB e PCO) nestas eleições, como relatamos no especial “Eleições 2012, rito de passagem do PSOL e PSTU 3/5” comprova isto que afirmamos. Apesar de a classe operária votar em sua maioria no PT, tudo indica que a partir destas eleições, em pequena escala, influenciadas pelo julgamento do Mensalão, este partido sofre uma curva declinante em sua influência municipal iniciada na década de 1980. Os maiores beneO Bolchevique No11 - Setembro de 2012
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ficiados das perdas petistas serão os partidos burgueses da base aliada. Chamamos os trabalhadores a não dar nenhum voto em qualquer das candidaturas burguesas sejam elas representantes hegemônicas (PT, PSDB, PMDB, DEM) ou marginais (PRB, PPS, PV, PSB, PCdoB, PSOL) de nossos inimigos de classe. Nenhum apoio ao cretinismo eleitoral dos partidos pequeno burgueses (PSTU, PCO, PCB). A classe trabalhadora não tem candidatos nesta eleições. Por isto, chamamos a mesma a anular seu voto digitando 00, 99 ou qualquer número que não corresponda aos partidos existentes. O voto nulo em si não significa nem muda nada, mas pode representar um passo adiante na organização política independente dos trabalhadores em relação aos patrões e de seus aliados “socialistas”. Só a luta revolucionária pelo poder muda a vida dos trabalhadores. Cabe aos verdadeiros revolucionários utilizar o momento das eleições para disputar a consciência dos trabalhadores com as direções tradicionais do movimento de massas, particularmente com o burguês PT majoritário na votação da população trabalhadora. Nesta disputa é preciso transformar o voto de protesto em voto consciente a serviço da construção do partido revolucionário dos trabalhadores, da luta por fundir o programa do marxismo do nosso tempo, o trotskismo, com o proletariado por sua emancipação política e social contra a burguesia e o imperialismo. Notas 1 - Na letra da música “Nem Sempre Se Pode Ser Deus” o grupo Titãs afirma: “Não é que eu vou fazer igual, Eu vou fazer pior.” Lamentavelmente o conjunto musical, como quase todos os conjuntos musicais que se aburguesam aderiu à defesa da moral e dos bons costumes que criticava no princípio de sua trajetória. http://letras.mus.br/titas/86546/ 2 – Um estudo da área de pesquisas da revista britânica The Economist mostra que o Brasil não terá grande evolução no quesito competitividade nos próximos anos. No novo ranking elaborado pela Economist Intelligence Unit, válido para o período de 2012 a 2016, o País aparece na 37ª posição. No anterior, que considerava os anos de 2007 a 2011, o Brasil estava em 39º lugar. A lista, que inclui 82 países e é liderada por Cingapura, Hong Kong e Suíça, mostra dois “velhos gargalos de competitividade brasileira”: o custo da mão de obra e a carga tributária. O estudo mostra que, mesmo em áreas onde o Brasil começa a sair da inércia do ponto de vista dos interesses capitalistas, como a infraestrutura, o ritmo ainda não é suficiente para que o País se destaque perante outras nações para os grandes investidores. Em infraestrutura, o Brasil vai continuar em 52ª lugar entre os 82 países analisados. “Não é que o Brasil não esteja fazendo nada, mas outras nações também estão empenhadas em melhorar”, pressiona Justine Thody, analista responsável pelo estudo. Se a questão da infra-estrutura é preocupante, a do custo da mão de obra e da carga tributária são vistas como urgentes pela revista de economia imperialista. A estrutura de impostos deixa o Brasil na 76ª colocação no subitem tributos. No quesito mão de obra, decisões como a desoneração da folha de pagamento para 24 setores da economia, terão efeito marginal no desempenho do País nesse quesito. De uma medição para a outra, o Brasil passará da 66ª para 59ª posição. (O Estado de S. Paulo: ‘The Economist’: Brasil sobe para 37º
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O Bolchevique No11 - Setembro de 2012
em ranking de competitividade, 04/10/2012). 3 - Pauperização relativa é o aumento da distância entre o valor produzido pelo trabalhador e a parcela dessa riqueza produzida da qual este se apropria. O aparente aumento do poder aquisitivo sobre os bens de consumo pelas massas, apoiado em seu sobre-endividamento, camufla o montante enormemente maior da riqueza e lucratividade produzidas por elas e expropriado pela burguesia. Por exemplo, na era Lula, de 2003 a 2011, o lucro do capital financeiro subiu 250% enquanto a renda média do trabalhador subiu 22%, de modo que a renda dos bancos subiu 11 vezes mais, e sobre, a renda dos trabalhadores. http://extra.globo.com/noticias/economia/lucros-dos-bancos-subiram11-vezes-mais-que-renda-do-trabalhador-desde-2003-4633814.html 4 - “Quando o czar anunciou, em agosto de 1905, a convocação de um ‘parlamento’ consultivo, os bolcheviques, contra todos os partidos da oposição e contra os mencheviques, declararam o boicote a esse parlamento, que foi liqüidado, com efeito, pela revolução de outubro de 1905. Naquela ocasião, o boicote foi justo, não porque seja certo abster-se, de modo geral, de participar nos parlamentos reacionários, mas porque foi levada em conta, acertadamente, a situação objetiva, que levava à rápida transformação das greves de massas em greve política e, sucessivamente, em greve revolucionária e em insurreição. Além disso, o motivo da luta era, nessa época, saber se devia-se deixar nas mãos do czar a convocação da primeira instituição representativa, ou se devia-se tentar arrancá-la das mãos das antigas autoridades. Como não havia, nem podia haver, a plena certeza de que a situação objetiva era semelhante e que seu desenvolvimento havia de realizar-se no mesmo sentido e com igual rapidez, o boicote deixava de ser justo. O boicote dos bolcheviques ao ‘parlamento’ em 1905, enriqueceu o proletariado revolucionário com uma experiência política extraordinariamente preciosa, mostrando que, na combinação das formas de luta legais e ilegais, parlamentares e extraparlamentares, é, às vezes, conveniente e até obrigatório saber renunciar às formas parlamentares. Mas transportar cegamente, por simples imitação, sem espírito critico, essa experiência a outras condições, a outra situação, é o maior dos erros. O que já constituíra um erro, embora pequeno e facilmente corrigível (*), foi o boicote dos bolcheviques à ‘Duma’ em 1906. Os boicotes de 1907, 1908 e dos anos seguintes foram erros muito mais sérios e dificilmente reparáveis, pois, de um lado, não era acertado esperar que a onda revolucionária se reerguesse com muita rapidez e se transformasse em insurreição e, por outro lado, o conjunto da situação histórica originada pela renovação da monarquia burguesa impunha a necessidade de combinar-se o trabalho legal com o ilegal. Hoje, quando se considera retrospectivamente esse período histórico já encerrado por completo, cuja ligação com os períodos posteriores já se manifestou plenamente, compreende-se com extrema clareza que os bolcheviques não teriam podido conservar (já não digo consolidar, desenvolver e fortalecer) o núcleo sólido do partido revolucionário do proletariado durante os anos 1908/1914, se não houvessem defendido, na mais árdua luta, a combinação obrigatória das formas legais com as ilegais, a participação obrigatória num parlamento ultra-reacionário e numa série de instituições regidas por leis reacionárias (associações de mútuo socorro, etc.).” * Pode-se dizer, da política e dos partidos, com as variações correspondentes, o mesmo que dos indivíduos. Inteligente não é aquele que não comete erros. Não há, nem pode haver, homens que não cometam erros. Inteligente é aquele que comete erros não muito graves e sabe corrigi-los acertada e rapidamente. (Nota do autor) Lenin, “Esquerdismo doença infantil do comunismo, 1920. http://www.marxists.org/portugues/lenin/1920/esquerdismo/cap02. htm#IV
ESPECIAL - ELEIÇÕES 2012, RITO DE PASSAGEM DO PSOL E PSTU 1/3
Nesta campanha eleitoral, o PSOL, dispondo de um candidato que já governou para a burguesia, torna-se a opção preferencial para assumir o governo dos ricos contra a classe trabalhadora de Belém
O
PSOL nasceu em 2005 como um partido pequeno-burguês, uma legenda dirigida por parlamentares que saíram do PT no primeiro governo Lula. Até hoje, em âmbito federal, o partido nunca possuiu mais do que uma ativa influência parlamentar marginal. Se Edmilson Rodrigues for eleito, o PSOL assumirá pela primeira vez a responsabilidade de governar o Executivo burguês. O PSOL, conta com a vantagem de ter como candidato um político profissional previamente testado como administrador dos negócios da burguesia. Edmilson governou Belém de 1997 a 2005 e já executou na prefeitura da capital paraense o que candidato do PSOL carioca, Marcelo Freixo*, assegura apenas de palavras para a burguesia: reprimir os trabalhadores municipais que realizarem greves. Mas não só isto: Edmilson recusou-se a conceder qualquer aumento real de salários aos servidores e sucateou postos de saúde para pagar religiosamente a dívida pública junto à União e concedeu isenções fiscais aos grandes empresários. Assim como o PT, substituiu as políticas de reformas universais do capitalismo por “políticas sociais compensatórias” paliativas e assistencialistas. Durante esta campanha eleitoral, Edmilson já recebeu do patronato (construtoras, tubarões da saúde privada, exportadores e importadores de pescado) em torno de 400 mil reais, fazendo com que o dinheiro recebido por Luciana Genro da Gerdau e da Taurus (pouco mais de 100 mil reais) que na época causou polêmica no PSOL e entre a esquerda nacional pareça uma gorjetinha 4 vezes menor. http://inter01.tse.jus.br/spceweb.consulta.receitasdespesas2012/abrirTelaReceitasCandidato.action Dos 476,4 mil reais arrecadados, 389,4, 80%, vieram das empresas privadas, mudando significativamente o perfil dos financiadores de campanha do PSOL, da pequena burguesia para a burguesia. “Nas eleições de 2010, a maior parte das campanhas do PSOL foi bancada por pessoas físicas.” (Carta Capital, 29/09/2012) http://www.cartacapital.com.br/politica/edmilson-rodrigues-o-primeiro-prefeito-do-psol/) A direção do PSOL sabe que estas eleições são decisivas para romper a marginalidade legislativa do partido
e para torná-lo uma legenda que vai pela primeira vez gerir a parcela do Estado burguês responsável por uma importante capital do país. O PSOL trilha o caminho já realizado pelo PCdoB, o único partido que ao assumir a vice prefeitura não se aburguesará, pois o PCdoB já administra prefeituras capitalistas, já sendo, portanto, um partido da ordem burguesa. Edmilson abandou a plataforma reformista padrão do partido e partiu para o abraço com o programa que a burguesia e o aparato burocrático do Estado burguês reivindicam de sua candidatura: “O partido moderou o discurso, abandonou as propostas radicais e até acena ao PT com possível aliança,... com 38,4% de intenções de voto, segundo pesquisa deste mês do instituto Acertar, o PSOL abandonou propostas que defende em outras cidades, como calote da dívida, redução da tarifa de ônibus e corte de cargos de confiança.” (“Com chances de vencer, candidato do PSOL em Belém deixa radicalismos”, Folha de São Paulo, 21/09/2012). E mais, Edmilson defende que é preciso abandonar qualquer resquício de oposição ao partido do governo Dilma nas eleições. “Segundo o candidato, o PSOL tem restrições ao PT, mas o debate pode permitir uma aliança, se aprovada pelo Diretório O Bolchevique No11 - Setembro de 2012
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Nacional.” (idem). Mas não só ao PT, o PSOL estende a mão. Também com o “patrão”, como é conhecido o senador Jader Barbalho entre seus pares, Edmilson estreita os laços para discutir o segundo turno das eleições, tendo em vista que o candidato oficial e primo do Senador, candidato José Priante (PMDB), estaria segundo as prospecções políticas, fora do páreo. Não foi gratuita a declaração amistosa do próprio Edmilson para com o “patrão”: “Se o Jader Barbalho (senador do Pará alvo de uma série de denúncias), que gosta pouco de mim, conseguir 15 milhões de emenda para Belém, vou dizer: ‘essas emendas são oriundas de iniciativa do senador Jader Barbalho`, porque é uma questão da nossa cidade”. (Carta Capital, 29/09/2012). Enquanto o PSTU finge cretinamente ares de surpresa e ingenuidade acerca das perspectivas da candidatura Edmilson e oculta seu oportunismo por trás de citações de Lenin e Trotsky “nada a ver” com frentes eleitorais burguesas como a que entusiasticamente compõe, qualquer criança de cinco anos do Guamá ou de Icoaraci sabe que a “nossa cidade” que unifica os interesses do “patrão” e Edmilson Rodrigues se edifica exatamente sobre a exploração da força de trabalho da população da capital paraense. Todo mundo sabe a que fim se destinam também os milhões de “emendas conseguidas” por Barbalho “para a cidade”. Mas para os que não sabem recomendamos que assistam o premiado documentário “Manda Bala”, onde Jader Barbalho está no centro do esquema de lavagem de 9 milhões de dólares da SUDAM supostamente para construir 300 mil fazendas de rãs. Este escândalo de corrupção é retratado no documentário“ do cineasta estadunidense Jason Kohn que tenta explicar, sob seu ponto de vista, as origens da extrema miséria no Brasil. http://www.mandabala.com/ O PSOL é a aposta da burguesia regional e nacional para administrar novamente a cidade. A candidatura Edmilson JÁ É UMA CANDIDATURA BURGUESA, realiza uma campanha tipicamente burguesa, com um programa burguês que nem sequer pode ser chamado de reformista e por tudo isto recebe (doações) investimentos de empresas burguesas. A vitória de Edmilson será importante para o PSOL adquirir uma maturidade burguesa, ainda como partido marginal da burguesia, mas já como partido burguês, que administra o executivo burguês. Este passo adiante também será importante para a constituição ou não de uma nova legenda oportunista já anunciada por Heloísa Helena em conjunto com Marina Silva, também apoiadora da candidatura Edmilson. Em Macapá, capital do Amapá, o PSOL encabeça outra frente oportunista composta também pelo mais antigo defensor da conciliação de classes do país, o PCB, juntamente com outros partidos marginais da burguesia PPS, PRB, PRTB, PMN, PTC e PV. Esse salto de qualidade, em que o PSOL dá uma passo adiante para converter-se de partido pequeno burguês em partido burguês já havia sido prognosticado pela LC quando avaliou o resultado do III Congresso do PSOL. http://lcligacomunista.blogspot.com.br/2011/12/iii-
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O Bolchevique No11 - Setembro de 2012
QUEM PATROCINA EDMILSON
Quem paga a banda, escolhe a música
Lista de empresas financiadoras da campanha de Edmilson (fonte: TSE) 1. BRASFARMA
R$ 20.000,00
2. BRIUTE COM. DE PROD. E EQUIP. HOSPITAL. LTDA
R$ 20.000,00
3. COGEP CONSTRUTORA LTDA
R$ 160.000,00
4. CRISTALFARMA
R$ 40.000,00
5. FORTE DA PESCA COM. IMP. E EXPORT. LTDA
R$ 40.000,00
6. J S SERVIÇO DE CONTRUÇÃO LTDA
R$
7. MM LOBATO COM. E REPRESENTAÇÕES LTDA
R$ 25.000,00
8. OK LOCADORA DE VEÍCULOS LTDA
R$ 13.838,91
9. PARÁ COMÉRCIO EQUIP. MÉDICOS LTDA
R$ 10.000,00
10. PRODUMAX LOC. DE EQUIP. E SERV. LTDA
7.000,00
R$ 40.000,00
11. RADIOCOMM TEC.EM SIST. DE COMUNICAÇÃO
R$
5.066,66
12. REAL VEICULOS COM. E SERVIÇOS LTDA
R$
8.000,00
13. SILVA & FRANÇA LTDA EPP
R$
500,00
Total
R$ 389.405,57
congresso-do-psol-aprova-aliancas.html Diante de tudo que foi exposto, é evidente que um partido revolucionário tem por obrigação denunciar a candidatura Edmilson como parteira do que governará para os patrões contra os trabalhadores. Não há nada que pague o apoio a tal candidatura. Mas nem todos os partidos que se dizem revolucionários pensam assim. É o caso do PSTU cujo preço para ajudar Edmilson a enganar os trabalhadores é a possibilidade de, pegando carona em sua campanha, eleger um vereador do partido. * Marcelo Freixo é defensor da repressão policial assassina contra os bairros proletários cariocas, sua consigna é “UPPs em todos os morros!”. Ele defende o despejo dos moradores da ocupação do Horto, a privatização da saúde através das chamadas Organizações Sociais, da Lei de Responsabilidade Fiscal. Freixo é apoiado por Marina Silva e setores do PDT e PSDB.
ELEIÇÕES 2012, RITO DE PASSAGEM DO PSOL E PSTU 2/3
Elegendo ou não seu vereador, o PSTU aderiu ao vale tudo do cretinismo eleitoral, consolidando no partido as tendências reformistas sobre as centristas
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PSTU é sucessor de uma organização que nasceu na década de 1970 com um programa centrista, ou seja, revolucionário de palavras e reformista nos atos. A Liga Operária, grupo precursor da Convergência Socialista (CS) em 1978, volta do exílio com a missão de adaptar para a conjuntura brasileira uma orientação morenista de fundar um “partido centrista de esquerda legal” *. A CS converte-se em tendência interna do PT. É expulsa dele em 1992 e sob o impacto da restauração capitalista na URSS e no Leste Europeu – apoiada pela LIT – funda o PSTU, um partido de “esquerda legal” onde as tendências reformistas predominam sobre as centristas. Mas, toda esta trajetória política que inescrupulosamente vem de forma acelerada girando à direita a partir do declínio do projeto sindical da Conlutas no Conclat de 2010, dá um salto de qualidade nestas eleições municipais em Belém. Além de todos os motivos elencados na primeira das 5 partes deste especial (LC: “Nestacampanha eleitoral, o PSOL, dispondo de um candidato que já governou para aburguesia, torna-se a opção preferencial para assumir o governo dos ricoscontra a classe trabalhadora de Belém”) sobre o porquê de denunciar a candidatura Edmilson Rodrigues como a candidatura preferida do capital, também são válidos os argumentos do PSTU em 2008 para rechaçar uma frente eleitoral que tivesse Edmilson Rodrigues à cabeça: “O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) divulgou ontem suas diretrizes e forma de atuação nas eleições deste ano. Três propostas centrais serão usadas como base da legenda, entre elas a exigência de que o ex-prefeito de Belém Edmilson Rodrigues não seja o candidato e que nenhuma coligação com partidos ‘burgueses’ seja feita. O PSTU quer ampliar sua participação no pleito e garantir pelo menos o vice na chapa que vier a ser formada,... Edmilson não será aceito, diz o PSTU, porque sua gestão de oito anos na Prefeitura de Belém não olhou pelas ‘reais necessidades dos trabalhadores’. Os membros da legenda dizem ainda que não concordam com a forma com que o governo do ex-petista se relacionou com os movimentos sociais. Também desaprovam o programa que ele utilizou como plataforma política, baseado em ‘políticas sociais compensatórias’.” (PSTU não aceita Edmilson como candidato, Edição de 17/06/2008). http://www.orm.com.br/amazoniajornal/interna/default. asp?modulo=222&codigo=349875 Quem te viu quem te vê! Na época em que o PSTU recusava uma frente encabeçada pelo ex-prefeito, Edmilson estava mal cotado nas pesquisas de intenção de votos. Agora, quando os institutos de pesquisa, instituições burguesas auxiliares da legitimação da democracia dos
Jorge Panzera (ex-presidente nacional da UJS, exSecretário de Esportes do Pará e atual dirigente do PCdoB), vice de Edmilson (PSOL) aos quais se abraça Cleber Rabêlo (PSTU) ricos, refletem a predileção da classe dominante apontam que Edmilson está na frente das “intenções de voto”, o PSTU dá uma guinada de 180° e “revê seus conceitos” sobre Edmilson. Revê também sua rejeição a alianças eleitorais com o PCdoB. Para camuflar sua aliança com este último representantes da burguesia nestas eleições, o PSTU vende gato por lebre e alega: “o PCdoB não é um partido burguês”. Como não é um partido burguês, um partido que administra prefeituras burguesas, trafica influência estatal e favores no Estado burguês junto a multinacionais (agência nacional do petróleo, copa e olimpíadas) e atua como testa de ferro do latifúndio (código florestal)? Em resumo, quando vislumbra uma oportunidade de obter “um lugarzinho” na Câmara de Vereadores, o PSTU, embeleza os traidores e inimigos da classe trabalhadora, se nega a desmascarar o processo eleitoral enganoso e ilude a população pobre para tirar proveito destas ilusões. Sobre a necessidade do rigor marxista acerca do caráter de classe dos partidos e governos recomendamos a leitura do 5º texto deste especial (LC: “A questão da análise do caráter de classe dos partidos como pré-requisito para uma política marxista em relação aos mesmos”). SEGUINDO A POLITICA DE OPERAÇÃO DESMONTE DAS CAMPANHAS SALARIAIS DA CUT E CTB, A CONLUTAS DO PSTU ENTERRA A CAMPANHA DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL DE BELÉM PARA DEDICAR-SE EXCLUSIVAMENTE ÀS ELEIÇÃO DE SEU VEREADOR DE CARONA NA COLIGAÇÃO BURGUESA DE EDMILSON E DO PCdoB O PT, o PCdoB e o PSOL nos sindicatos que dirigem, O Bolchevique No11 - Setembro de 2012
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têm abortado as campanhas salariais de bancários, correios, metalúrgicos, petroleiros para melhor se dedicar às campanhas eleitorais. Seguindo os passos dos três primeiros, o PSTU enterrou a greve da construção civil de Belém em troca de míseros 9,23% para melhor se dedicar à campanha de se u candidato a vereador Cleber Rabêlo. Todos sabem que este “aumento” salarial não cobre nem a inflação maquiada oficial e representa uma profunda capitulação aos patrões da construção civil que bancam a campanha de Edmilson, como a construtora COGEP, a maior contribuinte da campanha, que conta com um retorno garantido de seu investimento. Enquanto isso, o PSTU ludibria os operários da construção civil dizendo que o seu candidato a prefeito vai “governar para os trabalhadores” e não para os patrões. O tal “aumento” comemorado pelo PSTU para encerrar a greve é, sobretudo uma traição para esta categoria em um momento que o país vive uma bolha imobiliária e os especuladores, empreiteiras e construtoras da área nunca ganharam tanto dinheiro. O dirigente do PSTU, Eduardo Almeida, que se mudou para Belém para botar pilha de perto na campanha de Cleber Rabelo bem reconhece que Belém é o 5º metro quadrado mais caro do país. Já faz quase 60 meses consecutivos que o preços dos imóveis novos (construídos agora com a mão de obra do operariado da construção civil) sobe acima da inflação, quando o preço médio dos imóveis subiu cinco vezes mais que a inflação, ou seja, pelo menos 25%. http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/imoveis/noticias/preco-dos-imoveis-sobe-acima-da-inflacao-50-meses-seguidos Mas os patrões do setor não querem aumentar a migalha que pagam aos trabalhadores e como o interesse maior do PSTU é de se dedicar exclusivamente à eleição do operário da construção civil, enterra literalmente a greve nos canteiros de obra, comemorando vitória com uma migalha que não chega a 4% acima da inflação oficial. “Os operários conseguiram um reajuste de 9,23% (a patronal queria dar no início da campanha só 5%)” (site do PSTU, 20/09/2012). http://pstu.org.br/movimento_materia. asp?id=14573&ida=0. O PSTU bem sabe que para alguém como um servente em Belém que recebe R$ 650,00 de salário, um aumento inferior a 10%, 65 reais, não muda em nada a condição de extrema miséria do peão, não dá nem de longe para comer tomate, tomate! que subiu 76% no último ano, mas a direção do PSTU que nem de longe vive a situação do servente comemora cretinamente: “Termina greve da Construção Civil em Belém: uma vitória da peãozada”, Eduardo Almeida, direto de Belém, 20/9/2012”. O PSTU não entra no “negócio” apenas como uma cereja esquerdizante do bolo podre da coligação anti-operária capitaneada pelo PSOL-PCdoB. Pelo andar da carruagem, inclusive como cereja deste bolo, o PSTU também já apodreceu. Não se trata apenas de que o PSTU, salivando por sua legislatura, ludibria os eleitores embelezando seus aliados. Trata-se de um esquema oportunista muito mais nocivo e material contra a classe. Na operação desmonte da greve da construção civil de Belém o próprio PSTU “faz sua parte”, abortando a greve dos operários contra os super-lucros dos barões da construção civil, os mais genero-
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sos patrocinadores da candidatura a prefeito cuja votação turbinará o coeficiente eleitoral do candidato do PSTU. O PSTU dá garantias aos capitalistas da construção civil e da especulação financeira que um possível mandato de Edmilson apoiado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil continuará mantendo Belém como uma cidade atrativa a seus negócios. AS CRITICAS DO PSTU À CANDIDATURA EDMILSON SÃO CONSUMO INTERNO, PARA ENGANAR A PRÓPRIA MILITÂNCIA. NA VIDA REAL, EM BELÉM, A CAMPANHA PARA “ELEGER UM OPERÁRIO VEREADOR” “É SÓ ALEGRIA” E HARMONIA COM PSOL E PCdoB Desde o princípio ficou claro que não passava de uma piada as justificativas “principistas” dadas pelo PSTU para participar da coligação: a plena liberdade para poder exigir e denunciar os desvios da frente eleitoral que contrariassem a independência política da mesma. Agora, a esta altura da campanha, com Edmilson já sendo carregado, patrocinado e defendendo os interesses da burguesia que investe em sua candidatura, sem contar as articulações com o PT e com o “patrão”, o senador Jáder Barbalho, está claro que o discurso “Belém para os trabalhadores” do PSTU não passa de um folha de parreira para uma candidatura descaradamente oportunista e burguesa que já se desnudou por completo. Vale destacar que o PSTU em nenhum momento denunciou a coligação PSOL-PCdoB. Ele apenas faz cândidas exigências, como por exemplo, diante de números publicados ordinariamente pela própria instituição estatal, o TSE: “Nós, do PSTU, fazemos um chamado à direção do PSOL e ao companheiro Edmilson para que revejam essa decisão” Para os ingênuos, a cada nova medida pragmática da candidatura burguesa de Edmilson, o PSTU, fingindo que não sabia que era daí para pior o que iria acontecer, posa de vestal. Na verdade, este comportamento cínico não é mais que uma camuflagem para o vale tudo em que embarcou este partido a fim de eleger um vereador. Com peso marginal dentro da frente, o PSTU é cúmplice desta política oportunista protagonizada pelo PSOL-PCdoB. Cabe aos marxistas revolucionários denunciar implacavelmente o PSTU por sua integração a democracia dos ricos contra os trabalhadores, opondo-se nacionalmente a votar neste partido. A este escandaloso giro oportunista não se pode opor uma política de pressão, de aconselhamento ou de regionalização da denúncia como fazem algumas correntes educados na escola revisionista do morenismo e que consideram o chamado a votar no partido matriz uma tática “para dialogar com a base deste partido”. Estas correntes satélites do PSTU não fazem isto sem uma vergonhosa dose de embelezamento do próprio como “partido operário” ou “revolucionário”. Não, a este giro oportunista é preciso opor uma política de combate sem tréguas ao regime burguês e a todos seus colaboradores, nas eleições, nas campanhas salariais, em todos os conflitos da luta de classes, em todos os locais de trabalho e estudo pela construção do partido revolucionário do proletariado, único meio capaz de resgatar de maneira sadia e conseqüente aos militantes combativos que hoje são enganados por sua direção. * Moreno, N., 1954: año clave del peronismo, 1955. http://www.marxists.org/espanol/moreno/obras/02_nm.htm#_Toc534526775
ELEIÇÕES 2012, RITO DE PASSAGEM DO PSOL E PSTU 3/3
A coligação “da esquerda revolucionária” do PCO e PCB reivindica “políticas públicas” burguesas e os apêndices de esquerda do PSTU acompanham-no em seu giro oportunista
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giro oportunista do PSTU, em uma coligação patrocinada pela burguesia e em unidade com o governo Dilma via PCdoB, confunde uma série de organizações que o criticam e atuam como seus satélites na vanguarda militante. Primeiramente precisamos estabelecer como critério que embora as eleições deste ano sejam municipais, a orientação política que cumprem estes partidos é dada por suas direções nacionais. O que ocorre neste momento em Belém não é um “deslize regional do PSTU lá pelas bandas do Norte”. A política que o PSOL ou o PSTU estabelecem para Belém, Natal ou São Paulo corresponde ao usufruto do potencial que a política nacional destes partidos pode ter em nível regional. A política oportunista do PSTU em Belém antecipa uma política geral deste partido se forem dadas as mesmas possibilidades de eleger seus candidatos nas eleições burguesas em qualquer outra cidade. O PCO vende gato por lebre com o pomposo nome de “Coligação Esquerda Revolucionária”, enquanto seu aliado, o PCB, o mais Se no Rio, o PSTU pudesse participar da coligação antigo partido conciliador de classe do país, vende-se com uma com Marcelo Freixo acreditando que pudesse eleger plataforma eleitoral burguesa Ciro Garcia vereador, o faria de forma ainda mais entute popular abandonando os ensinamentos de Trotsky do siasmada que em Belém. Assim, os agrupamentos pomesmo modo como a crítica ao PSTU 2. líticos que realizam uma dupla contabilidade, repudiando a coligação de Belém mas chamando a votar no PSTU Outros agrupamentos ainda mais revisionistas, derivanacionalmente (assim como os que silenciam sobre a dos do próprio PSTU como o Coletivo Lenin, Espaço Socoligação do PCO com o PCB em Teresina e chamam cialista e o Praxis chamam a votar no PSTU e não o lara votar pelo mesmo) subestimam como uma excepciogam nem mesmo quando ele comete sua maior guinada nalidade negativa a coligação de Belém e como regra oportunista. Deste modo, como dizia Trotsky, os que se cobrem o flanco esquerdo deste partido que realiza um negam a romper com o oportunismo acabam servindo a escandaloso giro oportunista, apresentando-o como uma sua política. Nesta prestação de serviço, os representanalternativa classista e revolucionária para os trabalhadotes brasileiros do grupo MAS argentino, o Praxis, chegam res. a aconselhar ao PSTU que este tipo de política que está A LER, por exemplo, critica o oportunismo do PSTU realizando pode fazer com que “o caráter revolucionário em Belém, mas chama a votar pelo PSTU e pelo PCO, (sic!) desse partido pode se perder se não há uma mucaracterizando-os como partidos operários. Ao caractedança de rumo”. Fica evidente que perdido está o próprio rizar a coligação encabeçada por Edmilson como “uma Práxis que em seu aconselhamento “critico”, beirando a verdadeira frente pró-burguesa sem partidos burgueses bajulação (“caráter revolucionário”???) pensa estar evidiretamente incluídos” 1 a LER evita sacar conseqüêntando a si mesmo de acompanhar o curso oportunista cias de suas caracterização. Vejamos: Se uma frente tomado pelo PSTU. Ao defender o voto últil no PSTU conpopular é uma frente de colaboração de classes entre tra o voto nulo o mesmo grupo chega a afirmar que se partidos operários e partidos burgueses (ou com a “somopõe “a alternativa sectária e despolitizada do voto nulo bra da burguesia”) e para a LER o PSTU representaria que não vê necessidade de ocupar o espaço eleitoral ao o elemento operário desta coligação “pró-burguesa” sumenos de forma propagandística contra o sistema despostamente “sem partidos burgueses” então teremos igual e explorador que impera. Principalmente quando há uma frente popular e a LER chamando a votar na canalternativas em candidaturas anticapitalistas (sic!) como didatura do PSTU da mesma. Se sacar conclusões de é o caso atualmente.” (Praxis, Por um voto classista nas suas premissas políticas a LER se revelaria como uma eleições de outubro, 30/09/2012). Chega a ser ridículo organização que, a seu modo, capitula à política de frenO Bolchevique No11 - Setembro de 2012
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– assim como quanto mais se quer burlar uma determinada estética mais maquiagem se utiliza – quanto mais oportunista é o PSTU, mais seus satélites carregam nos qualificativos “esquerdizantes”.
do PCB, partidos que compuseram em outro momento a chamada ‘frente de esquerda’. Esses partidos em muitos casos se apresentam claramente como uma candidatura alternativa, mas não para os trabalhadores e sim para a administração dos negócios da burguesia” (O PCO e as eleições, 27/09/2012).
A LBI e o Luta Marxista definem a aliança eleitoral de Belém como uma “frente popular”. Uma frente popular Todavia a realidade desmente o que o PCO promete é uma aliança de colaboração de classes entre partifazer nas eleições. O partido realiza um acordo eleitoral dos operários e partidos burgueses. Embora uma frente com o PCB em Teresina, é vice na coligação encabeçada popular seja uma frente burguesa, nem toda coligação pelo candidato a prefeito do “partidão”, Vasconcelos Pinburguesa é uma frente popular, para que isto seja posheiro, ex-jogador de futebol, que para ganhar votos faz sível, é necessário a existência de um partido operário, muitas promessas de melhorias do sistema de educação, ainda que reformista, ou seja, operário burguês, nesta lazer, transporte, através do aprimoramento da adminiscoligação. Ora, embora apoiada por alguns sindicatos tração pública dos negócios da burguesia. Vasconcelos (servidores públicos federais, trabalhadores não docenpossui uma plataforma típica de qualquer político demates da UFPA, dos operários da Construção Civil, dos progogo burguês para “criação de políticas públicas que tenfessores estaduais) uma coligação entre um partido burham efeitos positivos”, “geração de emprego e renda” e guês (PCdoB), partidos patrocinados pela burguesia que sobretudo pela “modernização aprofundam sua integração ao “JUNTOS CHEGAREMOS LÁ!”: O PSTU de Teresina”. Estado (PSOL) e um partido pehttp://www.meionorte.com/noqueno burguês (PSTU) que dirireivindica do PSOL que rompa com a burticias/politica/queremos-modergem sindicatos é uma frente burguesia, mas se o PSOL não rompe, segue o nizar-teresina-diz-vasconcelosguesa. Logo, caracterizar esta PSTU atado a coligação burguesa do PSOL. pinheiro-173198.html criatura reacionária de “frente LER, ES, CL e Praxis reivindicam que o popular” é embelezá-la, atribuinPSTU rompa com a coligação burguesa O que efetivamente defende do características operárias que do PSOL, mas se o PSTU não rompe, estes o candidato da “coligação esela não possui. Provavelmente centristas continuam chamando a votar no querda revolucionária” composa LBI acredita que o elemento PSTU a partir da caracterização comum de ta pelo PCO é o aprimoramento “operário” seja o próprio PSTU que o mesmo seria um “partido operário”, da gestão capitalista da cidade. a quem demagogicamente eno“revolucionário” e, como também caracteri- Enquanto o PSTU capitula ao brece: “Mas a questão colocada eleitoralismo para eleger um veza a LBI, “bolchevique”. é ainda mais profunda: estamos reador, o PCO justifica a sua covendo, a partir da aliança estaligação eleitoralista com o PCB belecida em Belém, o ‘começo por “peculiaridades estaduais”, do fim’ do PSTU enquanto partido que se reivindicava devido à frente sindical com este partido nos correios: “No formalmente revolucionário (sic!)... vão esmagar qualPiauí, entretanto, há um caso excepcional, em que nosso quer traço de bolchevismo (sic!), ainda que formal, que partido realizou uma aliança com o PCB para disputar a mantinha até então o PSTU” prefeitura. Essa aliança foi possível em razão da peculiahttp://lbi-qi.blogspot.com.br/2012/07/em-nome-da-reridade desse estado, onde o PCB é composto quase que volucao-os-cretinos-do.html exclusivamente por trabalhadores dos correios e onde temos encabeçado juntos as principais lutas do último períoVemos então que em meio aos costumeiros qualifido.” (idem). O PCO justifica sua coligação sem princípios cativos nada criteriosos usados pela LBI para definir os por excepcionalidades regionais, apoiando a política de fenômenos da luta de classes, está também uma relação “modernização” burguesa do mais antigo partido conciliaesquizofrênica com o PSTU e que camuflado com as dor de classe do país, o PCB. Parafraseando o próprio, o expressões “formalmente” e “ainda que formal” está a acordo eleitoral sob o programa burguês da coligação à descoberta de que o PSTU não apenas seria um partido prefeito de Teresina, expõe a farsa do PCO. operário mas que ainda mantém supostos traços “revolucionários” e até “bolcheviques”! Notas A COLIGAÇÃO “DA ESQUERDA REVOLUCIONÁRIA” DO PCO E PCB POR POLÍTICAS PÚBLICAS BURGUESAS O PCO critica acertadamente o PSTU “Acordo eleitoral com o “governista” PCdoB expõe a farsa do PSTU” 3, diz que não faz promessas para ganhar votos e também acertadamente denuncia a farsa das eleições controladas pelo dinheiro dos grandes capitalistas. O partido também garante que “O PCO participa das eleições chamando os trabalhadores a se unificarem detrás de um programa que não é para a administração pública, mas sim um programa de luta dos trabalhadores. Por isso não apoiamos candidatos nem do Psol, nem do PSTU, nem
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1 – Val Lisboa, “Uma frente oportunista em Belem, o PSTU, para eleger um parlamentar, abandona os ensinamentos de Trotsky”, 17/09/2012. http://www.ler-qi.org/spip.php?article3627 2 - “A questão das questões atualmente é a Frente Popular. Os centristas de esquerda procuram apresentar esta questão como tática ou mesmo como uma manobra técnica, a fim de poder vender as suas mercadorias na sombra da Frente Popular. Na realidade, a Frente Popular é a questão principal da estratégia da classe operária nesta época. Também oferece o melhor critério para diferenciar o bolchevismo do menchevismo.” (Trotsky, O POUM e a Frente Popular, 1936). 3 – PCO, “Sobre a frente PSTU-Psol-PCdoB em Belém do Pará: Acordo eleitoral com o “governista” PCdoB expõe a farsa do PSTU “Acordo eleitoral com o ‘governista’ PCdoB expõe a farsa do PSTU”, 04/07/2012. http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=37023
TEORIA MARXISTA
A questão da análise do caráter de classe dos partidos como pré-requisito para uma política revolucionária em relação aos mesmos
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falsificação realizada pelo PSTU acerca do caráter de classe do PCdoB, provocou um debate importante no seio da vanguarda militante. Para Trotsky, definir o caráter de classe de um Estado, governo ou partido é um pré-requisito fundamental para estabelecer uma política marxista correta em relação ao mesmo. A Liga Comunista busca elaborar um programa científico para a revolução socialista e para isto trata de superar os erros que ela mesma assim como quase todas as organizações cometem acerca do caráter de classe dos partidos. Desde o Manifesto Comunista, trataram de estabelecer fielmente a posição dos comunistas em relação aos vários partidos políticos de oposição e em relação às correntes que se reivindicam socialistas. Ainda que a orientação política conjuntural em relação àqueles partidos, estabelecida em um momento pré-imperialista da luta de classes, esteja superada há mais de um século, reivindicamos a força do método de Marx e Engels que partiam sempre do caráter de classe de cada agrupamento para se posicionar diante do mesmo. O PT é o partido burguês predileto da burguesia (e também do proletariado, uma vez que as idéias dominantes são as idéias da classe dominante). O PCdoB também é um partido burguês. Diferente do PT, ele é um partido marginal da burguesia. Mas o PSTU trata de ocultar o caráter de classe do PCdoB para melhor enganar sua própria militância e simpatizantes: “o PCdoB, que não é um partido burguês, mas é um partido da base do governo Dilma”. (Direção Nacional do PSTU, Por que estamos em uma frente com o PSOL e o PCdoB em Belém?,
São Paulo, 02/07/2012). h t t p : / / w w w. p s t u . o r g . b r / p a r t i d o _ m a t e r i a . asp?id=14373&ida=0 Afirmar “partido da base governista” como contraposição à definição de partido burguês é uma picaretagem da Direção do PSTU e até um insulto contra a inteligência de seus militantes, simpatizantes e leitores. O que seria o PCdoB então? Um partido operário? Um partido pequeno burguês? Partidos pequenos burgueses não dirigem prefeituras capitalistas nem ministérios. Somente partidos burgueses negociam sua influência no Estado burguês junto a especuladores internacionais ou grandes petroleiras como faz o PCdoB através da direção da ANP. Partidos pequeno burgueses não negociam mega-contratos milionários com a Fifa e outras multinacionais para eventos do porte da Copa e das Olimpíadas. Somente partidos burgueses possuem autoridade junto a sua classe para intermediarem interesses tão poderosos como os que fizeram aprovar a serviço do grande latifúndio (agro-negócio) o Código Florestal. A direção do PSTU sabe de tudo isto e para não revelar seu oportunismo precisa embelezar seus aliados, nossos inimigos de classe. O Bolchevique No11 - Setembro de 2012
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PT: PARTIDO OPERÁRIO, OPERÁRIO-BURGUÊS OU BURGUÊS?
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O caráter de classe do PT e a tarefa dos revolucionários
O texto abaixo é uma pequena introdução de um texto mais abrangente que redigiremos no futuro próximo
ara construir um partido revolucionário dos trabalhadores no Brasil é preciso conquistar a consciência pelo menos dos setores mais avançados da classe trabalhadora para o trotskismo, o marxismo de nosso tempo. Todavia, hoje a vanguarda da classe, refletindo as grandes massas da população explorada, segue o PT. Nestas eleições municipais, tivemos a oportunidade de fazer uma pesquisa de intenção de voto por partidos em duas fábricas metalúrgicas paulistanas. Obtivemos o seguinte resultado na fábrica A: 70% operários dizem que votarão no PT; 20% partido burguês da base governista (no caso, o PSB), que embora seja base aliada do governo federal, é adversário do PT na cidade e 10% de votos nulos. Na fábrica B: 40% dos votos no PT, 30% indecisos, 20% no PSB e 10% nulos. Apesar de ser um universo pequeno, até previsível e restrito ao momento eleitoral, confiamos infinitamente mais nele do que em todos os venais institutos de pesquisas burgueses (Ibope, Datafolha, Gallup, Sensus, etc.). A pesquisa realizada junto às duas fábricas não quer dizer de modo algum que o PT vai vencer as eleições, ganhe quem ganhe perderão os trabalhadores e ganharão os banqueiros, o que nos importa nesta pesquisa é que ela serve de termômetro entre os trabalhadores e comprova que o principal obstáculo para o avanço da consciência do proletariado reside nas ilusões que o mesmo mantém no PT. Mas, o fato de que o PT seja o partido preferido dos trabalhadores nas eleições não significa que ele seja um partido operário. Os partidos social-democratas da França e Espanha dirigem a maior parte das organizações sindicais destes países, no entanto, são partidos burgueses imperialistas. O partido laborista britânico, embora dirija a TUC e 90% de seus fundos venham dos sindicatos, é um partido que defende os interesses da burguesia imperialista contra os interesses imediatos dos trabalhadores e desde a década de 1980 deixou de ser um partido operário burguês. De nossa parte, tratamos de superar o impressionismo e o empirismo a partir de uma caracterização cientifica do PT, o partido que desgraçadamente é o que exerce uma enorme influência sobre o proletariado brasileiro. Qual o caráter de classe do PT? O PT foi um partido operário burguês até as eleições de 1989, quando se justificava a tática do entrismo e o chamado a votar no mesmo. Naquela década, o PT foi um partido operário reformista por seu programa, sua composição social, e porque pelo menos até assumir as primeiras prefeituras de capitais (Fortaleza, 1986) não dispunha como hoje da grande burguesia como patrocinadora majoritária de suas campanhas. A partir do giro à direita da conjuntura mundial combinado ao
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aburguesamento da direção petista, convertendo-se ela própria em capitalista sindical através, sobretudo dos fundos de pensão e dos mandatos no executivo burguês, este partido substituiu as políticas de reformas universais do capitalismo por “políticas sociais compensatórias” paliativas e assistencialistas. Depois de dar todas as provas de seu comprometimento com a estabilidade do regime político burguês contra as massas na década de 1990 (aceitação da fraude eleitoral que deu vitória a Collor, sabotagem da luta contra o Fora Collor até o último segundo, apoio as privatizações, apoio ao plano real, a lei de responsabilidade fiscal, a reforma da previdência de FHC), o PT que só tinha assumido mandatos municipais na década anterior, passa a governar estados do país e cacifa-se como representante hegemônico da burguesia e passou a ser um partido burguês preferencial com influência de massas via organizações como CUT e MST. Como então podemos seguir dizendo que o governo Lula, Dilma, dos governadores e prefeitos petistas são governos de frente popular (atribuindo ou não epítetos como sui generis ou de novo tipo, etc.)? A quem embelezaremos como o elemento operário de tal governo? Os que identificam os governos petistas como de frente popular estão condenados a descobrir virtudes operárias no PT e os que caracterizam o PT como um partido operário burguês deveriam ser conseqüentes e seguir alojados em seu interior e votando no mesmo, como fazem os lambertistas e os woodistas no Brasil. Compreendemos que o PT é um partido burguês com influência de massas, mas um partido burguês, inimigo da classe operária. Diante da hegemonia petista, um fenômeno como todos na história, passageiro, os revolucionários se constroem sob o norte estratégico organizativo que estabelecemos quando de nossa fundação a pouco mais de dois anos: “Para nadar contra a corrente, enfrentar o oportunismo encastelado no Estado, seus satélites centristas adaptados ao regime em meio ao refluxo das lutas espontâneas, durante uma situação cinzenta, pacífica e de decaimento do espírito revolucionário, nosso trabalho precisa ser, sobretudo paciente e abnegado. Temos claro que não há outro modo de superar o período lulista da história do movimento operário brasileiro sem que uma nova geração de quadros operários seja preparada sob um programa trotskista. O que indica, portanto, que devemos começar a tarefa voltando ao movimento operário. Não há atalho... Não há outro modo de ter acesso direto aos trabalhadores e ganhar sua confiança mediante táticas corretas sem uma experiência desenvolvida em comum.” (“Nasce a
Liga Comunista: Contra o ceticismo, construir o partido trotskista revolucionário da classe operária!”, 20/10/2010) (http://lcligacomunista.blogspot.com.br/2010/10/nasce-liga-comunista.html)