8 julho | outubro 2012
A gente antecipa as cores legria que vão fazer e a alegria a festa no verão
NÃO É PARA RECICLAR? Os brinquedos que habitam as caixas de papelão vazias
ÁRVORE DA VIDA A família contemporânea é pautada pela diversidade
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ACESSE O HOTSITE PROMOCAO.LILICAETIGOR.COM E SAIBA COMO PARTICIPAR.
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EDITORIAL
CAPA Foto Rodrigo Marques, styling Letícia Toniazzo, Hair & Make Up Cecília Macedo (Capa MGT), modelos Julia Lima, Charlote Camargo (Totem) e Victor Freitas (Vogue).
Marisol Indústria do Vestuário Ltda. Presidente Giuliano Donini Diretor executivo Jair Pasquali Coordenação e consultoria de relacionamento Rafaela Donini www.lilicaetigor.com
Viva a diferença uando se conheceram na pré-escola, Laura e João Pedro não podiam imaginar que se tornariam irmãos.” A frase que abre a reportagem “Árvore da vida”, um dos destaques desta edição, revela que já se foi o tempo em que o mundo e as relações familiares se encaixavam em fórmulas clássicas do tipo vovô e vovó, papai e mamãe, filhinho e netinho. A vida de todos nós tem sido irremediavelmente pautada pela diversidade, palavra que, ainda bem, a gente vem ouvindo muito por aí. Hoje, a qualidade de ser diverso, diferente, particular dá o tom da vida, dos laços familiares ao modo de vestir. E aqui na Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre esse jeito de olhar para o mundo, sem fórmulas prontas, mais solto, espontâneo e original, inspira nossa nova coleção de verão, que você verá em primeira mão nestas páginas. E, já que o assunto é diversidade, a gente aproveita para iluminar neste número outras questões e tendências que refletem toda a complexidade – e a delícia – das relações entre pais e filhos. Na reportagem “Olha quem está chegando”, três crianças falam sobre a chegada do irmão mais novo. Também visitamos três chefs de cozinha para descobrir o cardápio que eles servem aos filhos – cuidar da alimentação é educar o paladar, defendem. O resultado está na matéria “À moda do chef”. E em “A gente já chegou?”, pais que viajam de carro com as crianças pelo Brasil e mundo afora compartilham seus roteiros e dicas preciosas para transformar a viagem em si em uma parte importante do destino. Aproveite o embalo do verão que se aproxima, aperte os cintos e embarque nesta aventura com a gente.
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Um beijo, Rafaela Donini e equipe Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre
LILICA&TIGOR | Editor Paulo Lima Diretor Editorial Fernando Luna Diretora de Criação Ciça Pinheiro Diretora de Criação Adjunta Micheline Alves Diretora de Desenvolvimento de Negócios Adriana Naves Diretor Financeiro Renato B. Zuccari Diretor de Núcleo Tato Coutinho Conselho Editorial Giuliano Donini, Jair Pasquali, Rafaela Donini, José Henrique Falbo e Graziela Della Giustina (Marisol); Paulo Lima, Fernando Luna, Carlos Sarli e Ciça Pinheiro (Trip) Diretora de Redação Ana Paula Orlandi Diretora de Arte Kiki Saraiva Projeto Gráfico Paula Carvalho Produtora executiva Renata Campos Pesquisa de Imagens Coordenação Aldrin Ferraz Pesquisador Fernando Cambetas Assistente de Pesquisa Daniel Andrade Estagiárias Daniela de Almeida e Renata Schimdtke Revisão Coordenação Ecila Cianni Revisoras Janaína Mello, Adriana Rinaldi e Márcia Costa Produção Gráfica Walmir Graciano Produtores Gráficos Mariana Pinheiro e Cleber Trida Tráfego Comercial Letícia Nobre Pré Impressão Roberto Oliveira e Roberto Longatto Inteligência & Planejamento Monica Yamamoto Assistente Jessica Oseki Departamento Comercial Diretora de Publicidade e Circulação Isabel Borba iborba@trip.com.br Assistente Comercial da Diretoria Bruna Ortega brunaortega@trip.com.br (11) 3898-8227 Diretor de Planejamento e Mkt Publicitario Rogerio Rocha rogerio@trip.com.br (11) 3898-8249 Diretor de Publicidade Heitor Pontes heitorpontes@trip.com.br (11) 3898-8235 Gerente de Publicidade Mercado Segmentos Claudia Atala Claudiaatala@trip.com. br (11) 3898-8238 Coordenadora Comercial e Atendimento Vanessa Soares vanessa@trip.com.br (11) 3898-8241 Assistente de Mkt Publicitário e Arte II Renata Vieira renatavieira@trip.com.br Assistente Comercial Nathalia Rodrigues nathaliarodrigues@trip.com.br (11) 3898-8360 Gerentes de Contas: Flavia Marangoni flavia.maragoni@trip.com.br, Karina Dutra karinadutra@ trip.com.br, Paulo Paiva paulo.paiva@trip.com.br, Roberta Rodrigues ro@ trip.com.br, Executivos de Contas: Marcelo Milani milani@trip.com.br, Thais Meneguello t.meneguello@trip.com.br, Vivian Viviani vivian.viviani@trip. com.br, Gerente de Contas OnLine Marco Guidi marco.guidi@trip.com.br (11) 3898-8342, Assistente Comercial OnLine Sharon Ajzental sharon.aj@trip. com.br (11) 3898-8340 Tráfego Comercial Leticia Nobre leticia@trip.com. br (11) 3898-8356 Para anunciar publicidade@trip.com.br (11) 3898-8227 Representantes Internacional Fernando Mariano fmar@multimediausa.com (001 407) 903-5000 ARGENTINA Roberto Rajmilevich rra@ar.inter.net (54 011) 4961-5210 BA Romário Júnior Romário@upmidia.info (71) 9105-5155 DF Alaor Machado alaormachado@a2representacao.com.br, MG Rodrigo Freitas rodrigobox@me.com (31) 9421-6777 PE Wladmir Andrade wladmir.recife@ omegamidia.com.br (81) 3465-4479 PR Raphael Muller raphaelmuller@ consultoriaresultado.com.br (41) 7813-7395 RJ Juliana Rocha juliana.rocha@ gsbmidia.com.br (21) 3022-0110 RJ (Trip e Tpm) X² Representação alexandralibero@gmail.com (21) 3177-1510 RS/SC Ado Henrichs ado@trip.com.br (51) 3028-6511 SE Pedro Amarante pedroamarante@gabinetedemidia.com. br (79) 3246-4139 SP Interior Daniel Paladino dpaladino@ld2comunicacao. com.br (11) 8384-0008 Analista de Marketing Nancy Minervini Analista de Criação Thiago Botana Assitente de Arte Danusa de Freitas Assitente de Marketing Priscila Queiroz Estagiárias Juliana Verginelli Projetos Especiais e Eventos Diretora Ana Paula Wehba Coordenação Regina Trama Assistentes Pedro Toledo e Mariana Beulke Editora de Arte Camila Fank Diretora Daniela Basile Gerente de Circulação Adriano Birello Assistente de Circulação Aline Trida e Vanessa Marchetti Gerente de Assinaturas Viviani Rahal Assitente de Assinaturas Gabriella Saragiotto Estagiária Juliana Ávila Analista de Trade Renata Vilar Assistente de Trade Fabio Pinheiro Novos Negócios Digitais Diretor Jan Cabral jancabral@trip.com.br Gerente Izabella Zuanazzi izabella@ trip.com.br Projetos Digitais Diretor de Arte Beto Macedo betomacedo@trip. com.br e Editora de Arte Debora Andreucci Colaboraram nesta edição Editor André Viana Editora assistente Liana Mazer Texto Ana Karla Rodrigues, Annette Schwartsman, Ariane Abdallah, Maria Flor Calil, Mariana Lacerda e Marina Fuentes Editora de arte Denise Yui Produtora Gisele Alemar Assistente de produção Viviane Gualhanone Stylist Letícia Toniazzo Fotografia Alex Batista, Carol Quintanilha, Carol Sachs, Debby Gram, Douglas Garcia, Gabriel Rinaldi, Kiko Ferrite, Marcelo Correa,Nino Andrés, Ricardo Toscani, Rodrigo Marques, Rogerio Miranda, Tavinho Costa e Xico Buny Ilustração Karen Hofstetter e Mauricio Piero Tratamento de imagem Regis Panato/Photouch e Walter Moreno Cabelo e maquiagem Agnes Mamede, Cecilia Macedo, Juliana Oliveira e Jô Castro (Capa MGT) e Vanessa Barone Produtora de objetos Paola Abiko Colunistas Benny Novak, Clarice Reichstul, Helio Schwartsman, Juva Batella, Marcello Araújo, Maria Ercilia Galvão Bueno, Odilon Moraes, Ricardo Calil e Taciana Barros
Impressão Gráfica Plural LILICA&TIGOR é uma publicação da Trip Editora e Propaganda S/A, sob licença da Marisol Indústria do Vestuário Ltda. Redação e publicidade: caixa postal 11485-5, CEP 05422-970, São Paulo, SP. Tel.: (11) 2244-8786/8797. www.tripeditora.com.br
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COLABORADORES
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5 1 CAROL SA CHS Fotógrafa curitibana, vive entre São Paulo e Londres. Fez os retratos de “Olha quem está chegando”. Qual prato inesquecível sua mãe costumava preparar? “Batatas assadas e pudim de claras.”
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2 ALEX BATISTA Fotógrafo paulistano. Fez o ensaio de moda “Topa um rolê?”. Qual máquina maluca você criaria? “De teletransporte.”
7 MARIANA LACERDA Jornalista pernambucana, mora em São Paulo. É dela a matéria “O fascínio das caixas”. Qual máquina maluca você criaria? “Uma que me levasse para perto do meu pai na hora que eu quisesse.”
3 MARINA FUENTES Jornalista paulistana. Assina a matéria “À moda da casa”. Qual prato inesquecível sua mãe costumava preparar? “Ovo mexido no café da manhã dos fins de semana.” 4 GABRIEL RINALDI Fotógrafo catarinense, mora em São Paulo. É dele o retrato da matéria “Árvore da vida”. Qual máquina maluca você criaria? “De bolhas de sabão com cheiro de mãe.” 5 ANA KARLA RODRIGUES Jornalista mineira, vive em São Paulo. Escreveu a matéria “Olha quem está chegando”. Qual prato inesquecível sua mãe costumava preparar? “Arroz de forno com milho, frango e tomate.”
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Fotógrafo catarinense, vive em São Paulo. Clicou o ensaio de moda “Cadê? Achou!”. Qual prato inesquecível sua mãe costumava preparar? “Ela fazia um nhoque que era de chorar!”
8 KAREN HOFSTETTER Ilustradora paulistana, mora em Berlim. Fez os títulos do Playground e das matérias de comportamento. Qual máquina maluca você criaria? “Uma que sugasse as cores e estampas que vejo por aí e as transformasse em canetinhas.” 9 ANNETTE SCHWARTSMAN Jornalista paulistana. Escreveu a matéria “Árvore da vida”. Qual prato inesquecível sua mãe costumava preparar? “Bolo de nozes.”
Lá vem o sol Os desenhos nas páginas desta edição são da paulistana Isabella Borges de Siqueira, 7 anos. “Adoro andar a cavalo, pular corda, cantar e dançar, brincar com minha cachorrinha, a Dedé, e ir ao shopping”, diz.
10 MAURÍCIO PIERO Ilustrador paulistano, fez a matéria “Árvore da vida”. Qual prato inesquecível sua mãe costumava preparar? “Talharim à bolonhesa.”
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PRATELEIRA PRATELEIRA
PLAYGROUND Literatura, cinema, música, arte, museus, mundo digital, moda, gastronomia, viagem, decoração, bichos, cultura de rua, brincadeiras, comportamento, memória. Criança tem assunto que não acaba mais. Nossos colunistas estão de olho em tudo.
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por Taciana Barros
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Música
Existe diferença entre música de adulto e de criança?
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por Benny Novak
Comida
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A má alimentação na infância virou preocupação mundial
Mundo digital
por Maria Ercília
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O limite entre a vida digital e o mundo real
Cinema
por Ricardo Calil
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O gosto cinematográfico das crianças é mais maleável
Livros
por Odilon Moraes
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Os dilemas do cotidiano na literatura infantil
Estilo
por Clarice Reichstul
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É sunga, maiô ou calção?
ENQUETE Qual máquina maluca você criaria?
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As invenções de quem só pensa em se divertir
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DECORA ÇÃO Farra caseira
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Trocar o apartamento por uma casa revolucionou a vida de uma família paulistana
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CONEXÕES Festa na padoca
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Pizza e refrigerante nos encontros semanais de mães e filhos na padaria
VIAGEM A gente já chegou?
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O segredo de viajar de carro com os filhos está na escolha de roteiros e passatempos
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MODA Tendências
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Turma
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Meninos
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Azul e amarelo 98 Campo
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Bebês
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58 Aproveite para brincar bastante na temporada mais divertida e colorida do ano
“Aqui em casa todos os brinquedos nascem de uma ideia de Teo”
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COMPORT AMENTO Reciclar O FASCÍNIO DAS CAIXAS Descubra a infinidade de brinquedos que existe em simples folhas de papelão
Família
KAREN ZLOCHEVSKY,
ÁRVORE DA VIDA As relações familiares estão cada vez mais diversas
DESIGNER, A RESPEITO
Comer
DA CRIATIVIDADE DO FILHO MAIS VELHO (NA FOTO AO LADO)
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À MODA DA CASA Visitamos a casa de três chefs de cozinha para descobrir o cardápio que preparam para os filhos
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Pais e filhos OLHA QUEM ESTÁ CHEGANDO Três
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crianças falam sobre a chegada do irmão mais novo
COLUNAS Olho mágico Os assuntos puxados pelos pequenos saem de um fichário sem ordem
O pai doméstico
Frase da infância
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Marcelle Bittar: “A Marcellinha está quebrada”
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As crianças nos ensinam que problemas são apagados com uma gargalhada
Os meus, os seus e os nossos
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Todos os dias somos confrontados com a obrigação de fazer escolhas
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Foto: divulgação
TÍTULO KAREN HOFSTETTER
TRICOTANDO HISTÓRIAS
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GIZ NA LOUSA Para matar a vontade dos pequenos e não deixar os pais preocupados com os males precoces da tecnologia, a empresa alemã Rasselfisch criou o iWood. O brinquedo tem o mesmo formato de um notebook e é todo feito de madeira. No lugar das teclas e da tela, duas pequenas lousas e um compartimento para guardar giz. Sai por 35 euros (mais frete) no site www.rasselfisch.de.
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A conselho do filho mais velho, Emile, então com 3 anos, a designer argentina Paula de Lemos passou a tricotar abelhas, leões e outros bichos. Sete anos depois do primeiro boneco (e com mais dois filhos no currículo) os personagens de fio de algodão e feltro de sua marca, a Dents de Loup, encantam crianças mundo afora. Caso dos super-heróis acima, que custam entre R$ 25 e R$ 85 (mais frete) no site www.etsy.com.
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As frases deste Playground são do livro Um passarinho me contou (editora Ática), de José Paulo Paes com ilustrações de Kiko Farkas
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Balão vermelho Se em suas andanças por aí você se deparar com um imenso balão vermelho conferindo certo ar de estranheza à paisagem, não se assuste. É provavelmente mais uma do escultor norte-americano Kurt Perschke. Desde 2001, esse artista nascido em Chicago e radicado em Nova York “decora” ruas, passeios, praças, prédios, casas, praias, becos do mundo com uma esfera inflável de vinil com mais de 4 metros de diâmetro e 110 quilos. O trabalho itinerante, intitulado RedBall Project (Projeto Balão Vermelho), já viajou por uma dezena de cidades, entre elas Sidney, Barcelona, Abu Dhabi, Portland, Toronto e Taipei, na China. E o Brasil? “Eu até já fui procurado por um pessoal de Brasília, mas ninguém sabe ainda no que vai dar”, revelou Perschke a LILICA&TIGOR. “Eu realmente adoraria levar meu projeto para um tour pelo Brasil.” A partir de junho, o balão vermelho de Perschke estará em Londres por ocasião dos Jogos Olímpicos. É possível acompanhar o andamento do projeto através do site www.redballproject.com.
* “ Se lagarta vira borboleta, por que trem não vira avião?”
Fotos: divulgação
DESIGN E DIVERSÃO Amigas desde a faculdade, as designers e ilustradoras francesas Elvire Laurent e Marie-Cerise Lichtlé criaram em 2005 a Omy Design & Play, com produtos lúdicos e decorativos. Um bom exemplo é o jogo com quatro máscaras para colorir, com formatos de leão, robô, princesa e sorvete (acima). Vale 5 euros (mais o valor do frete) no site www.omy.fr.
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Projeto piloto Inspirado no Saab 92.001, o primeiro modelo lançado pela respeitada marca automobilística sueca Saab em 1946, o Roadster Saab, da conterrânea Playsam, é um carrinho feito de plástico e madeira. Indicado para crianças maiores de 12 meses, promete exercitar a coordenação motora. Sai por US$ 424,50 (mais taxas) no site shop.playsam.com.
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PLAYGROUND
Música TACIANA BARROS , AOS 3 ANOS
Tributo aos Beastie Boys Ao saber da morte de Adam “MCA” Yauch, dos Beastie Boys, o videomaker americano James Winters, 40 anos, recrutou seus filhos Ezra, 7, e Ivan, 4, e seu sobrinho Indiana, 8, para atuarem em uma versão do clipe de “Sabotage”, um dos mais famosos do grupo, dirigido por Spike Jonze. “As crianças curtiram se fantasiar e atuar, eles também são fãs da banda”, conta Winters. O vídeo ganhou destaque em todo o mundo pela internet e até passou no Seattle International Film Festival. “Ch-check it out!”: vimeo.com/42106181.
VOCÊ TEM MEDO DE QUÊ?
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Dentro deste livro moram dois crocodilos, de Claudia Souza, ilustrações Ionit Zilberman. Por R$ 38,90 no site da Callis Editora (www.loja.callis.com.br), que entrega em todo o Brasil.
“Gostei do título e gostei do livro porque fala do medo, e sentir um medinho de vez em quando é legal”, Caio Tescaro, 7 anos
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Pedi uma ideia para minha filha, Luzia, para esta coluninha aqui. Ela falou para eu escrever sobre como as músicas que os adultos ouvem são diferentes das músicas que ela ouve. Não concordei totalmente, mas em parte ela tem razão. Ouvir rádio no carro é uma negociação entre nós duas. Seja lá para onde vamos, na ida ela escolhe e na volta eu escolho. Ou então definimos um tempo para cada uma. Tem as hors-concours como os Beatles, que cada vez mais tenho certeza de que as crianças já nascem gostando, mas tem músicas que ela curte e que eu não ouviria por opção. Aos poucos vou tentando entender por que ela gosta. Em geral essas canções americanas pops são bem água com açúcar, mas, justiça seja feita, são bem tocadas e o som é superbem gravado com excelentes músicos. Nessa troca tenho boas surpresas. Black Eyed Peas, por exemplo, foi ela quem me apresentou. Adele também. O lance talvez seja a gente tentar entrar nesse universo musical dos pequenos para poder dialogar com eles. E, quando tem clima, eu dou uma criticadinha de leve. Por exemplo, falo de um refrão meio bobo ou de um arranjo em que não acontece nada. Na minha vez de pôr som, tento caprichar, colocar algo que ela pode curtir e querer ouvir sempre. E está funcionando. O problema é quando eles crescem e a situação se inverte. Ontem mesmo estava eu ouvindo um rock bem garagem em casa enquanto na sala de baixo meu filho ouvia Paulinho da Viola... Taciana Barros é integrante da banda Pequeno Cidadão em parceria com Edgard Scandurra e Antonio Pinto. É mãe de Daniel, 24 anos, e Luzia, 11
Fotos: divulgação, James Winters, e arquivo pessoal
Nossas músicas
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Fotos: Ricardo Toscani
BLOG EM FAMÍLIA
MASSINHA CASEIRA
Da conversa num almoço entre amigas, as paulistanas Danielle Carvalho e Marina Gonçalves e a mineira Carol Valle decidiram criar o Dika Kids, um blog em que dividem com outras mães coisa legais para fazer em família – fora ou dentro de casa. “O que mais nos interessa é incentivar os pais a realmente aproveitar o tempo que passam com seus filhos”, afirma Danielle. “Não importa se forem 30 minutos, desde que sejam de total envolvimento.” Segundo ela, um jeito bem divertido de conseguir isso é sentar com as crianças para fazer massinha caseira. Danielle e seus trigêmeos, Isabella, Fernando e Lorenzo, 5 anos, deram a receita para LILICA&TIGOR. Anote a “dika”:
INGREDIENTES
1 xícara de farinha de trigo ½ xícara de sal ½ xícara de água ¼ xícara de vinagre ¼ xícara de tinta guache. MODO DE FAZER
Misture a farinha de trigo com o sal. Aos poucos, acrescente a água e o vinagre e, por último, a tinta guache. Amasse até obter uma massa lisa.
“Bruxelas é a capital das bruxas”
Passaporte carimbado As marcas Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre levaram em abril para a Flórida os cinco vencedores da promoção Sua Família em Orlando, que contou com mais de 50 mil inscrições de clientes das lojas franqueadas e multimarcas. Na companhia de familiares, Camile Belém Galvão, Janayara Lopes Tiburcio, Ligiany Marinheiro da Silva, Lina Maura Giometti Rapcham e Rodrigo Medrado Paulino visitaram parques temáticos como Epcot Center e comemoraram com uma festa os 20 anos da Lilica Ripilica. “Vivemos dias de sonho”, resume Lina Rapcham, que viajou com o marido e os dois filhos.
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PLAYGROUND
Receita simples A RELAÇÃO ENTRE A CHEF DE COZINHA DANIELLE DAHOUI E SUA FILHA NOÁH SE DIVIDE ENTRE LIÇÕES DE VIDA E UMA BOA DOSE DE RISADAS
POR LIANA MAZER RETRATO NINO ANDRÉS
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Fotos: divulgação
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cumplicidade entre elas é algo empolgante de ver. E isso acontece muito provavelmente pelo fato de ambas terem um humor parecido, que contagia quem está por perto. “Ela é a cara do pai [o ex-jogador de futebol Raí], mas nós temos personalidades parecidas em muitas coisas”, brinca a mãe, a chef Danielle Dahoui, dona dos restaurantes Ruella Bistrô e Ruella Café & Bistrô, em São Paulo. Apesar dos inúmeros compromissos de trabalho, a filha Noáh, 7 anos, é, hoje, a prioridade na vida de Danielle. Segundo a chef, essa foi uma conquista que levou tempo para acontecer – e foi a própria filha quem lhe mostrou o caminho. “Ela me ensinou o que é ser companheira de verdade”, se orgulha Danielle. “Sempre gostei de fazer tudo sozinha”, completa. “Hoje, vou com prazer a lugares de que não gosto se isso for deixá-la feliz!” A troca entre as duas acontece por uma receita simples: ambas aceitam o que a outra faz de melhor. “Ela me ensina a comer de tudo e a fazer bolinhos com florezinhas e eu ensino ela a mexer no celular e no iPad”, explica a pequena. E as duas caem na risada.
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Comida BENNY NO VAK, AOS 5 ANOS
Retrato colunista: arquivo pessoal Fotos: divulgação
Educação alimentar A má alimentação na infância virou uma preocupação mundial. Como nós, pais, podemos nos livrar da culpa de uma má educação alimentar no futuro? Precisamos ensinar nossos filhos a terem hábitos alimentares saudáveis para que não precisem ser reeducados quando forem obesos na fase adulta. Isso exige um trabalho extra. Hoje em dia está muito mais escasso e caro o trabalho de cozinheiras de forno e fogão. Por isso, pais e mães, só depende de nós. Está certo que nossas vidas estão uma correria, mas precisamos voltar a cozinhar em casa, esquecer a preguiça e o cansaço de um dia de trabalho e pensar no futuro das crianças. Precisamos também prestar atençâo em como é preparada a comida que nossos filhos consomem fora de casa. Fiquei sabendo um tempo atrás que muitas escolas costumavam usar glutamato monossódico como tempero em suas merendas. O glutamato contém muito sódio, se consumido durante um período prolongado pode causar de enxaqueca a úlcera. No Brasil 35% da população infantil está acima do peso, e o número vem crescendo. Preocupante, não? É na infância que conseguimos fazer com que os futuros adultos adquiram hábitos saudáveis. A alimentação é um deles. Pai de Sofia, 8 anos, Fernando, 6, e dos gêmeos André e Gabriel, 2, o chef Benny Novak é dono do Ici Bistrô e de outros restaurantes em São Paulo
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CHARME À FRANCESA É enorme a variedade de gostosuras nesta padaria da Janod, marca francesa especializada em brinquedos de madeira que existe há mais de 40 anos. À venda pelo site www.eurekakids.net por US$ 97,20 (mais valor do frete).
Aventuras culinárias Foi vendo o pai, o empresário Sérgio Chamma, cozinhar em casa que a pequena Rebeca Chamma, 9 anos, tomou gosto pelas panelas. O sucesso pintou depois que a família postou no YouTube vídeos nos quais a menina ensina receitas saudáveis para as crianças fazerem em casa. No fim do ano passado, a minichef lançou o livro Na cozinha da Rebeca – Aventuras culinárias para crianças extraordinárias (Editora Alaúde). A seguir, ela ensina uma de suas receitas favoritas:
PARA MONTAR 2 FATIAS DE PÃO DE FORMA INTEGRAL (SEM A CASCA) 1 COLHER (SOPA) BEM CHEIA DE CENOURA RALADA 1 FOLHA DE ALFACE-CRESPA PICADA 2 COLHERES (SOPA) BEM CHEIAS DE FRANGO COZIDO, TEMPERADO E DESFIADO (PEÇA PARA UM ADULTO FAZER ISSO ANTES) 1 RODELA DE TOMATE
SANDUBA DA REBECA TEMPO DE PREPARO: 15 MINUTOS RENDIMENTO: 1 UNIDADE INGREDIENTES PATÊ DE TOFU E ERVAS 100 G DE TOFU 5 FOLHAS DE HORTELÃ 5 FOLHAS DE MANJERICÃO 2 COLHERES (CHÁ) DE SALSA PICADA 1 PITADA DE SAL 1 COLHER (SOPA) DE AZEITE
COMO FAZER Para fazer o patê de ervas, coloque todos os ingredientes no processador de alimentos ou no liquidificador e bata até que fique um creme homogêneo (aproximadamente 1 minuto). Em 1 fatia de pão, espalhe 1 colher do patê de ervas. Sobre o patê, ponha a alface picada e, depois, a cenoura ralada. Por cima da cenoura, espalhe o frango desfiado e coloque a rodela de tomate. Espalhe mais 1 colher do patê de ervas na outra fatia de pão e espalhe bem. Feche o sanduíche, coloque-o em um prato e sirva.
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Mundo digital MARIA ERCÍLIA , AOS 7 ANOS
Carrinho high-tech Com forma de um carrinho e tamanho que cabe na palma da mão, o Tankbot é um robô danado de esperto. Além de poder ser controlado via iPod, iPhone, iPad ou Android (é só baixar um aplicativo gratuito na loja do iTunes), possui um sistema de navegação que faz com que se movimente sem bater em nada – ele consegue até sair de um labirinto. Recarregável via cabo USB, o Tankbot possui ainda um modo “com personalidade”, em que se movimenta sozinho e se “comunica” por meio de luzes e sons. Custa US$ 39,99 na loja da Desk Pets, no Facebook, www.facebook.com/DeskPets.
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“O chuchu é um legume que não faz a barba” ATARI, O RETORNO Nada consegue ser mais moderno e retrô ao mesmo tempo do que o iCade, criado pela Ion Audio em parceria com o site Think Geek. É um fliperama (ou arcade) de mesa em que, no lugar da tela, entra um iPad. Os dois se conectam por meio de Bluetooth e pronto: é só jogar. O aplicativo Atari’s Greatest Hits para iPad disponibiliza cem jogos compatíveis com o iCade. O primeiro deles, Missile Command, é de graça. O pacote dos outros 99 jogos custa US$ 9,99. O iCade sai por US$ 100 (sem incluir o frete) no site www.thinkgeek.com.
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Hoje meu filho passou o dia brincando em casa com um dos seus melhores amigos. Ocupada cozinhando e trabalhando, deixei o dia rolar – normalmente ficaria atrás deles dizendo: “XBox só por meia hora, depois vocês vão brincar”. Qual não foi minha surpresa quando trombei com os dois na escada, meu filho dizendo: “Agora vamos jogar bola”. “Por quê?”, pergunta o amigo. “Não é legal ficar muito tempo jogando”. Momento de minivitória para a mãe que tenta o tempo todo manter a vida digital do menino num nível razoável, e tenta fazer isso negociando, explicando o porquê, e não simplesmente proibindo – mesmo que às vezes ache que está viajando e que tinha mais é que tirar o fio da tomada e pronto. Como é trabalhoso deixar que eles pertençam ao seu tempo e façam as coisas que todo mundo faz e ao mesmo tempo manter uma noção de limite, quando a nossa referência é tão diferente de tudo o que estamos vivendo. Até porque sinto que não estou fazendo o que prego. Meu olho arde de tanto que fico olhando para a tela, os e-mails nunca acabam e no topo da minha lista estão mais exercício físico, menos trabalho, mais vida, menos tela, mais ócio, menos negócio... Mas quero acreditar que estamos numa transição e que quando nossos filhos forem adultos a tsunami digital vai ter passado e, sim, a vida deles vai ser completamente diferente, mas não fora de controle, não pior que a nossa – só diferente. Maria Ercília Galvão Bueno passou a infância com o nariz nos livros, os 20 enfiada num jornal e depois dos 30 se afundou na internet. É mãe de Theodoro, 6 anos
Retrato colunista: arquivo pessoal. Fotos: arquivo pessoal e divulgação
Só diferente
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Praia londrina
LONDON, BABY! Londres se prepara para abrigar os Jogos Olímpicos entre os meses de julho e agosto. Para quem está pensando em curtir o evento ao vivo na companhia dos filhos, a jornalista paulistana Maria Luísa Cavalcanti – que vive há dez anos na capital britânica e é mãe de Vicente, 4 – indica três lugares bacanas para levar as crianças.
“Os parques são a praia dos londrinos. Com a diferença de que, aqui, “farofa” não só é bem-vista, como é programa obrigatório. Nos (raros) dias de sol, sacamos do armário pipa, bola, balde e pá e partimos para um piquenique com amigos. No centro de Londres, o Hyde Park e o Kensington Gardens, que são grudados, têm lago com barquinhos, área para patinação, fontes e um dos playgrounds mais concorridos da cidade.”
Fast-food saudável
No volante “Vicente está acostumado a circular no transporte público de Londres desde bebezinho. Apaixonado por todo tipo de veículo, não hesita em dizer que seu lugar favorito na cidade é o Transport Museum. As réplicas de bondes, trens e ônibus antigos fazem sucesso, assim como os vários simuladores de direção. Os menores de 5 anos têm uma área especial onde podem assumir o volante de ônibus e táxis ou levar passageiros no metrô.”
“Não importa em que lugar da cidade estamos, sempre há um Giraffe (ao lado) ou um Carluccio’s na hora em que a fome aperta. Até no aeroporto de Heathrow! As duas redes de restaurantes fazem a linha fast-food saudável, e são campeãs no quesito child-friendly: oferecem cardápio infantil e kits com brincadeiras. No Giraffe, de cozinha variada, atenção para os inventivos smoothies. No italiano Carluccio’s, guarde espaço para as sobremesas do cardápio ou as tortas da delicatéssen.”
BARQUINHO DE LUZ A luminária Saily, criada pelo escritório de arquitetura Pagani Perversi para a também italiana Skitsch, parece um barquinho de papel feito à mão. Tem 44 centímetros de largura, consome pouca energia e é feita de DuPont Nomex®, um material resistente ao fogo utilizado pelos bombeiros. Valor: 85 euros (mais o frete) no site www.wannekes.com.
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PLAYGROUND
Foto: Alex Eylar
Cinema Ossos do ofício
LEGO, CÂMERA E AÇÃO! O roteirista californiano Alex Eylar, 23 anos, ganhou destaque na rede ao unir duas antigas paixões: filmes e Lego. Ele usou sua coleção de aproximadamente 30 mil peças do brinquedo (acumuladas desde os 6 anos de idade) para recriar cenas famosas de filmes, como A família Adams (acima). As fotos podem ser vistas nos links www.mocpages.com/home.php/7120 e www.flickr.com/photos/hoyvinmayvin.
Fotos: Maria Misk Moysés
“O coração do palhaço é o jardim da infância”
OLHA O PLAYMOBIL! No ano passado, durante férias no Rio, a psicóloga mineira Maria Misk Moysés, 34 anos, resolveu fotografar seus bonecos Playmobil em pontos turísticos da cidade. As imagens foram parar no perfil @iloveplaymo, no Instagram, e já conquistaram mais de 58 mil seguidores. “É um brinquedo que faz parte da memória afetiva de muita gente”, diz Maria, dona de uma coleção de 500 bonecos. As fotos estão também no perfil Iloveplaymo, no Facebook.
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Como se sabe, crianças são mais flexíveis que adultos. Sem esforço ou treino, elas fazem acrobacias de dar inveja ao mais elástico dos iogues. Existe uma explicação científica: bebês têm mais de 300 ossos, alguns ligados por um tipo de cartilagem flexível; com o passar do tempo, os ossos vão se fundindo até chegar a um total de 206 na idade adulta. O gosto cinematográfico das crianças também é mais maleável que o dos adultos. Não, não há nenhum estudo que comprove isso. Na verdade, é fruto da observação pessoal de um universo bastante reduzido: minhas filhas. Algum tempo atrás comprei para elas um DVD do filme japonês Meu vizinho Totoro, de Hayao Miyazaki. Só que não tinha dublagem em português. As duas nem ligaram e acostumaram-se a assistir ao filme falado em japonês. Depois, elas foram ao cinema para uma sessão que começava com o curta-metragem Carlitos repórter (1914) e terminava com Os saltimbancos Trapalhões (1981). Elas encararam o filme mudo em preto e branco e o brasileiro em colorido desbotado sem nenhum preconceito. E não é coisa de pai coruja: o mesmo tipo de abertura eu encontro nos amigos e primos das minhas filhas. Já as predileções dos adultos vão endurecendo e diminuindo ao longo dos anos, como os ossos de seus corpos. É comum encontrar pessoas que dizem não ver o lixo hollywoodiano ou não aguentar aqueles filmes iranianos lentos. Nessas horas, sinto vontade de dizer: sejam menos ossificados e mais cartilaginosos. Mas provavelmente eles não iriam entender. Pai de Teresa, 5 anos, e Julieta, 3, Ricardo Calil é diretor de núcleo da Trip Editora e crítico de cinema da Folha de S.Paulo
Retrato colunista: arquivo pessoal
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RICARDO CALIL , AOS 2 ANOS
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PERSONALIDADE PRÓPRIA NÃO IMPORTA A IDADE: A ROUPA DEVE COMBINAR COM A PERSONALIDADE. ESSE É O ENSINAMENTO QUE PAULO BORGES GOSTA DE PASSAR PARA O FILHO E A SOBRINHA, ESTRELAS DA PRÓXIMA CAMPANHA DE LILICA RIPILICA E TIGOR T. TIGRE POR LIANA MAZER
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ão há como falar sobre moda no Brasil sem citar o nome de Paulo Borges, criador do São Paulo Fashion Week e atual presidente do Instituto Nacional de Moda e Design. Natural de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, ele começou sua carreira em 1982, como assistente da então diretora de moda da revista Vogue, Regina Guerreiro. “Quando mudei para São Paulo queria estudar comércio exterior e ciência da computação, mas logo me apaixonei pela moda e minha vida ganhou outro rumo”, conta. Com tanta cancha não é de se espantar que Paulo seja exigente na hora de comprar roupas para ele e seu filho Henrique, 7 anos, dupla que estrela a nova campanha de Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre, ao lado de Maria, 3, sobrinha do empresário. A seguir, ele fala sobre estilo e paternidade.
Seu estilo mudou depois que você foi pai? Meu estilo continua o mesmo. Gosto de roupas confortáveis e meu guarda-roupa é mais clássico, apesar de eu estar sempre ligado nas tendências. Mas, acima de tudo, não abro mão de peças com design caprichado e tecido de qualidade, e isso acaba restringindo um pouco a variedade de marcas que uso. O que você acha fundamental em roupa de criança? Primeiro, a qualidade. Meu filho, por exemplo, é alérgico e só pode usar fibras naturais, pelo menos em peças que entram
“Roupa de criança precisa conversar com a moda”
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Foto: Lu Prézia / divulgação
Como começou sua relação com a moda? Sempre tive contato com moda. Minha mãe era costureira, e muito boa, por sinal. Ela produzia vestidos e também enxovais de cama e banho. Então, cresci vendo como ela fazia um molde, escolhia os tecidos etc. Com certeza, essa vivência na infância abriu caminho para que eu me aproximasse profissionalmente do universo da moda mais tarde.
em contato direto com a pele. Mas gosto de roupas que deixam as crianças com personalidade própria e, claro, que também estejam antenadas com a moda, reflitam tendências. Henrique e Maria escolhem a roupa que querem usar? Hoje meu filho já define o que gosta ou não de usar, mas é claro que eu procuro dar alguns toques em relação às misturas e proporções. Já Maria, apesar de bem mais nova que Henrique, parece querer opinar mais sobre suas roupas. Acho que logo, logo ela vai querer escolher tudo [risos]. Você acha que o fato de estar tão envolvido com moda faz seu filho ter um olhar diferente sobre o assunto? Não. Ele sabe o que faço, mas não tem noção da abrangência, do que de fato significa minha profissão. Ele, na verdade, pede para ir aos desfiles para ficarmos juntos, mas logo se cansa e já quer ir embora.
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PLAYGROUND
Para cima! A NOVA COLEÇÃO DE LILICA RIPILICA E TIGOR T. TIGRE JÁ CHEGOU ÀS LOJAS. VEJA O QUE ESTÁ FAZENDO SUCESSO NOS TROCADORES
Agradecimento: Loja Lilica & Tigor shopping Higienópolis (tel.: 11 3823-3737)
FOTOS CAROL QUINTANILHA
Tiffany Diwan, 5 anos, blusa (R$ 79,90), calça (R$ 69,90) e sandália (R$ 139,90)
Felipe Ramos Alves, 4 anos, camisa (R$ 129,90), calça (R$ 149,90) e tênis (R$ 109,90)
Maria Gabriela N. Nascimento, 7 anos, vestido (R$ 209,90) e sapatilha (R$ 159,90)
Arthur Pinotti Helena, 7 anos, camiseta (R$ 64,90), calça (R$ 169,90) e tênis (R$ 139,90)
Rita Diwan, 10 anos, camiseta (R$ 49,90), jardineira (R$ 199,90, conjunto com camiseta) e sandália (R$ 129,90)
Giovana Costa Muniz, 5 anos, macacão (R$ 149,90) e sapatilha (R$ 119,90)
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Livros ODILON MORAES, AOS 8 ANOS
Retrato colunista: arquivo pessoal Fotos Xico Buny (livros) e divulgação (Antonio Prata)
Uma casca A realidade está sempre envolta em cascas como uma cebola. Cada uma dessas cascas é uma maneira diferente de ver a cebola. Escrever literatura é falar da visão de mundo a partir de uma dessas cascas. Cada escritor fala de seu lugar onde avista a realidade. Não é diferente na literatura infantil. Costumamos associar essa literatura a um mundo povoado de reis, princesas, bruxas e dragões, mas essa é só uma das maneiras de falar do real, uma casca. Há também outras maneiras. Vander Piroli, escritor já falecido e de quem tive o privilégio de ilustrar três textos para criança, nos mostra uma casca muito particular, sobretudo na literatura infantil: a casca do cotidiano. Muitos pais e educadores deverão achar sua literatura pesada – mesmo a escrita para crianças. É verdade que assuntos como o de um menino que ganha um pinto de presente deixando seus pais apreensivos, pois sabem que o bichinho não vai durar muito e temem pela dor do filho, ou a obsessão de um garoto para conseguir acertar um pardal com o seu bodoque são assuntos difíceis. Porém também é verdade que fazem parte dos dilemas do cotidiano do ser humano. Piroli fala de um cotidiano em que tudo é cru como nossas primeiras experiências. Suas histórias acontecem todo dia nos quarteirões de nossas cidades e nos quintais de muitas casas. São reais e doem para nos fazer crescer. De tocar pais e filhos. Odilon Moraes, 44 anos, é escritor e ilustrador de títulos como A princesinha medrosa (2002). É pai de João, 6 anos, Francisco, 3, e Luísa, 8 meses
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CLÁSSICO REVISITADO Os números de O Pequeno Príncipe impressionam: além de ser o terceiro livro mais popular do mundo, com cerca de 134 milhões de exemplares vendidos, foi traduzido para mais de 220 línguas e dialetos. Agora, o clássico de 1943 do escritor, ilustrador e piloto francês Antoine de Saint-Exupéry ganha uma versão em pop-up que acaba de ser lançada no Brasil pela editora Agir. Custa R$ 99,90, na Livraria da Vila (www.livrariadavila.com.br), em São Paulo.
A felicidade é... O que acontece na vida dos personagens dos contos de fadas depois do inevitável “... E foram felizes para sempre”? Mais. Que graça tem a vida sem um tiquinho de risco e emoção? É para responder a essas indagações que o escritor e cronista da Folha de S.Paulo Antonio Prata estreia no universo da literatura infantojuvenil com Felizes quase sempre (editora 34), ilustrado pelo cartunista Laerte. Entre um e outro diálogo que escreve para a novela da Rede Globo, Avenida Brasil, Prata falou com LILICA&TIGOR. Quando era criança, você já se perguntava o que havia depois do “felizes para sempre”? Não. É uma percepção da adolescência. Depois que comecei a namorar e enfrentar as dificuldades da relação, me dei conta: “Ah, então é por isso que eles param a história no momento em que o casal se une e não falam o que aconteceu depois”. Quais livros marcaram sua infância? Ah, muitos! Todos os da Ruth Rocha, da Lígia Bojunga, da Eva Furnari. [Os personagens em quadrinhos] Tintim e Asterix. Depois, os livros do João Carlos Marinho: O gênio do crime, O livro de Berenice etc. Meu pai, o escritor Mario Prata, também escreveu livros infantis: o meu preferido é O homem que soltava pum.
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PLAYGROUND
Estilo CLARICE REICHSTUL , AOS 5 ANOS
TERRITÓRIO LIVRE
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“Foi um desafio muito gostoso”. Assim, o artista plástico gaúcho radicado em Florianópolis (SC) Luciano Martins define a missão de reinterpretar os personagens Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre, que surgem agora nas estampas de seis camisetas da nova coleção de verão das duas marcas, à venda apenas nas franquias. “Mergulhei no imaginário infantil, um território onde a imaginação circula livremente, sem amarras, onde tudo pode”, conta Luciano, que trabalhou por duas décadas em agência de publicidade e há quatro anos vive exclusivamente de sua grande paixão: pintar telas que já foram expostas em países como Itália, França e Estados Unidos, além de frequentar casas de gente como a modelo Gisele Bündchen e a atriz Giovana Antonelli. O tema principal de suas obras são os gatos, mas suas pinceladas transitam também pelas releituras de quadros clássicos, como Abaporu, de Tarsila do Amaral, e das cidades que visita. Luciano conversou com a revista LILICA&TIGOR. Quando você descobriu que seria artista? Eu sempre gostei de desenhar. Quando criança fantasiava que tinha uma editora de histórias em quadrinhos. Acho que a origem de tudo está aí. Seu traço é considerado lúdico. Qual é sua relação com o universo infantil? Adoro crianças, tenho duas filhas do primeiro casamento, Julia, 11 anos, e Aline, 15, por quem sou apaixonado. Um dos trabalhos mais prazerosos que fiz foi participar do projeto Amigos da Escola, da Rede Globo, em 2010, quando pintei com crianças do ensino público de Florianópolis o painel Um mundo melhor.
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Lá em casa existe uma polêmica antiga: é sunga, maiô ou calção? Eu sou partidária do maiô, não sei se é por causa da minha mãe que sempre falava “Gente, vamos lá pegar os maiôs” e tals, ou se é porque sou mulher. Fato é que para mim nunca houve uma diferença assim muito grande entre as duas coisas e, no final das contas, o “maiô” era traje de banho, independente de ser para homem ou para mulher. Já Rodrigo, meu marido, fala calção. Acha um horror eu chamar calção de maiô. “Calção é de menino, calção é o que eu uso, calção é o que o Benja usa, calção é isso aí.” Segundo o meu amigo Rafa, paulistas preferem calção e cariocas usam sunga. Acho que paulistas são mais pudicos. Quando ele era criança e morava no Rio, era sempre ridicularizado pelas crianças paulistas, que diziam que ele estava de cueca, não sunga. E o Benja fala sunga. Para o dobra a-língua-dona-mamãe-e-seu-papai mais fenomenal da nossa pequena história familiar, ele não topou nem maiô nem calção, vai de sunga mesmo à piscina, à praia, ao rio e aonde mais quiser. Não deu nem tchuns pra essa gente que fica discutindo qual palavra serve para descrever melhor uma peça de vestuário tão diminuta. Clarice Reichstul é produtora de programas para TV, participa do blog Minas de Ouro e é mãe de Benjamim, 3 anos
Retrato colunista: arquivo pessoal. Retrato : Lio Simas (Luciano Martins)
Sunga, maiô ou calção?
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Bem à vontade CONFORTO E QUEBRA DE PRECONCEITOS TRADUZEM O ESTILO DO GUARDAROUPA – E DO JEITO DE SER – DA JORNALISTA PATRICIA KOSLINSKI POR ARIANE ABDALLAH RETRATO MARCELO CORREA
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ara a apresentadora carioca Patricia Koslinski, 35 anos, moda traduz comportamento. Quando está com a filha Yolanda, 5 meses, ela gosta de usar peças estampadas e confortáveis. Mas Patrícia não descuida do lado mais fashion do guarda-roupa. Visitar lojas de segunda mão e navegar por sites de moda são alguns dos passatempos favoritos da jornalista, que já passou por programas como Tamanho Único e GNT Fashion, no GNT, e agora se prepara para voltar ao canal pago como coordenadora de conteúdo do Superbonita. “Procuro novidades e gosto de quebrar meus próprios preconceitos com algumas peças”, diz. A seguir, ela elege os favoritos do armário.
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“Em festas gosto de usar este vestido da [estilista belga] Diane Von Furstenberg que comprei em um brechó de Londres por uma pechincha.” “Esta bolsa era da minha mãe. O acabamento de tapeçaria é diferente de tudo que vemos nas lojas hoje.” “Vi no blog da marca mineira Luiza Barcelos um look com esta bota cowboy. Elogiei a combinação no meu blog e ganhei um par de presente.” “Este par foi presente do meu marido. Amei a estampa de tatuagem clássica, como aquelas usadas por marinheiros.” “Estas sapatilhas do [estilista] Ronaldo Fraga são perfeitas para os dias de chuva.” “Ganhei da minha sogra esta blusa da Shop 126: é alegre, confortável e tem botões que me permitem amamentar Yoyo.”
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MODA MOD A|
RETRATOS RICARDO TOSCANI STILL XICO BUNY ILUSTRAÇÃO KAREN HOFSTETTER
MEU ESTILO É ASSIM!
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NOSSOS CONVIDADOS ELEGEM AS PEÇAS FAVORITAS DA NOVA COLEÇÃO DE VERÃO
É cor-de-rosa! cor de r LAURA FERRARI, 5 ANOS
Laura tem um quarto cor-de-rosa, sua cor favorita, e adora usar vestidos. Mas, no fundo, seu estilo é bem eclético. “Às vezes gosto de me fantasiar de Batman!”, revela.
1 VVESTIDO “Escolhi este vestido “E porque adoro xadrez e porque dá para pôr a mão no bolso.” (R$ 179,90) 2
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2 Hair & Make up: Vanessa Barone
SANDÁLIA S “É cor-de-rosa, minha cor preferida, e o lacinho é lindo também.” (R$ 129,90)
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Quero conforto f ENRICO DAMARO, 7 ANOS
Ficar parado não é com Enrico. Ele pratica judô duas vezes por semana e adora brincar com seu irmão caçula. “Gostamos de lutar e de jogar bola, por isso só uso roupas confortáveis”, explica.
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CAMISETA C “Curti a estampa, é muito “C radical!” (R$ 54,90)
2 CCALÇA “Esta “E t calça é bem molinha, daria até para lutar judô com ela. Também gostei da cor.” (R$ 159,90)
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TÊNIS T “Tem cara de arrumadinho, mas é superconfortável.” (R$ 169,90)
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MODA | INSPIRAÇÃO
STILL XICO BUNY
Onda azul
Camisa R$ 149,90 Camiseta R$ 79,90
A bermuda vai dass areias ao asfalto a na boa companhia eta do jeans e da camiseta
Tênis R$ 129,90
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Imagem: Latinstock/© Corbis/Corbis (DC)
Bermuda (conjunto com regata) R$ 129,90
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MODA | INSPIRAÇÃO
Chaveiro R$ 43,90
Blusa bebê R$ 64,90
Bermuda bebê R$ 139,90
É pop! Sandália bebê R$ 109,90 28
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A irresistível combinação do cor-de-rosa com o jeans mostra que estilo vem de berço
Imagem: The Bridgeman Art Library / Grupo Keystone / Study for Vicki, 1964 © Estate of Roy Lichtenstein / Licenciado por AUTVIS, Brasil, 2012
Cinto bebê R$ 44,90
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MODA | INSPIRAÇÃO
Cinto R$ 54,90
Camisa polo bebê R$ 79,90
Tênis bebê R$ 99,90
Deu zebra!
C i t Camiseta R$ 74,90
Imagem: Latinstock/© Blue Lantern Studio/Corbis/Corbis (DC)
Camiseta R$ 79,90
As listras chegam a galope para ocupar seu lugar de destaque nas tendências da próxima estação
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Camiseta bebê R$ 64,90
Meia R$ 19,90
Sandália bebê R$ 99,90
Camiseta R$ 59,90
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MODA | INSPIRAÇÃO
Tiara R$ 44,90
Foto: Everett Collection / Grupo Keystone
Vestid Vestido 159 R$ 159,90
Blusa R$ 79,90
Sandália bebê R$ 109,90 Short R$ 169,90
Puro brilho Na próxima estação reserve espaço no armário para roupas e acessórios com jeito de princesa
Blusa R$ 79,90
Camiseta (conjunto com short) R$ 119,90
Cinto R$ 64,90 Sapatilha R$ 129,90 32
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Sapatilha bebê R$ 89,90
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MODA | TRÊS EM UM
Tri legal Três propostas diferentes de usar uma mesma blusa no verão que se aproxima A ES E ESCOLHIDA SCO COLH LH HID DA Blus Bl ussa R$ R$ 8 9 90 9, 0 Blusa 89,90
Bolero R$ 149,90
Saia (conjunto com camiseta) R$ 199,90
Saia R$ 119,90
Calça R$ 149,90
Sandália Sand Sa nd dál ália ia R$ 1119,90 R$ 19,9 19 90
Sapatilha apa p titilh lh ha R$ $ 99,90 99,90 9,90 9, 9
Sandália Sand Sa n ál ália R$ 139,90 139 39,9 39, ,9 34
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Básico, mas nem tanto Uma bermuda se desdobra em três versões espertas para fazer a alegria da garotada
A ES Berm COLHID A uda R $ 139 ,90
MODA | TRÊS EM UM
Boné R$ 64, 9 64,90
Camiseta R$ 79,90 Camisa R$ 149,90
Camisa polo (conjunto com bermuda) R$ 199,90
Chinelo R$ 89,90 36
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Sandália andália $ 109,90 R$
Tênis R$ 169,90
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ENQUETE
Qual
máquina
maluca você
criaria? PARECE QUE ESTES PEQUENOS INVENTORES SÓ QUEREM SABER DE UMA COISA: SE DIVERTIR POR LIANA MAZER FOTOS RICARDO TOSCANI
Maria Giulia Gatti, 4 anos “Uma máquina que soltasse espuma colorida. Eu ia fazer a maior bagunça!”
Lívia Domingues Matos, 3 anos 38
“Eu criaria uma máquina que fizesse sorvetes gigantes! O primeiro ia ser de morango.”
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Isabela Quisbert Cabral, 5 anos Matheus Monteiro, 3 anos
“Eu inventaria uma máquina que fizesse tudo ficar cor-de-rosa.”
Agradecimento: Teatro Procópio Ferreira, produção do espetáculo Cocoricó - o show (Tel: 3064-7500)
“Uma que fizesse muitos Buzz [Lightyear] para mim.”
Kaique e Kauã Lucarelli, 3 anos “Uma máquina que fizesse todos os tipos de massinha para a gente brincar.”
Maria Luiza Toledo, 4 anos “Uma coisa que eu entrasse dentro dela e ela me levasse para qualquer lugar que eu quisesse.”
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DECORA ÇÃO
FARRA CASEIRA TROCAR O APARTAMENTO POR UMA CASA REVOLUCIONOU A VIDA DO CASAL PAULISTANO TUCA E RICARDO. AGORA, ELES NÃO PRECISAM MAIS QUEBRAR A CABEÇA NA HORA DE ENTRETER OS DOIS FILHOS POR LIANA MAZER FOTOS DOUGLAS GARCIA
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espedir-se do apartamento em que moravam não foi tarefa fácil par a a psico terapeuta Tuca Porto e o marido, o músico Ricardo: afinal, lá nasceram seus filhos, Bento, 4 anos, e Caetano, 3, e foi também onde se estabeleceu a rotina da família. Porém, hoje, há um ano vivendo em uma casa no bair ro Alto de Pinheiros, em São Paulo, eles mal se lembram do momento da partida. “Já na primeira vez em que entramos nesta casa nos sentimos muito bem: ela é iluminada e aco lhedora”, recorda Tuca. “De quebra, fica na rua em que a avó de Ricardo morou a vida inteira.” Para uma família que valoriza os momentos em conjunto, que gosta de fazer refeições demoradas e apagar as luzes para admirar a lua cheia, não poderia ser mais oportuno morar em uma casa assim, com um grande jardim. Com a mudança, a horta que eles mantinham no apartamento cresceu, as crianças sobem nas árvores, há espaço para jogar bola, mexer com argila e o que mais quiser em. Com isso, os pais não precisam mais quebrar a cabeça para pensar em programas na hora de entreter os meninos. Mas o que Tuca realmente tem curtido é a possibilidade de acompanhar o ritmo da natureza. Nos dias quentes, as refeições acontecem fora de casa e, depois de comer, eles se esticam na rede para esperar pela sobremesa. Se f az f rio , a f amília gosta de se aquecer ao sol nos bancos do jardim e acende a lareira da sala de jantar quase todas as noites. “É uma delícia!”, diz Tuca.
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O tapete de lona da sala de brinquedos foi escolhido pela praticidade: é resistente e fácil de limpar. Bento (acima) ganhou a bateria dos pais e curte fazer jam sessions com Ricardo e o irmão mais novo
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DECORA ÇÃO
1 1 No canto da sala de brinquedos estão os livros de histórias das crianças. A poltrona antiga recebeu um tecido com estampa festiva criada pela Farm para JRJ Tecidos 2 Na parede, sobre a cama de Bento, está o
enfeite de maternidade do menino, criado pela artista plástica Juliana Bollini
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3 No quarto dos meninos quase não há brin-
quedos. “Não foi uma imposição, eles mesmos perceberam que lá é um lugar para descansar”, diz a mãe
3
4 A família gosta de tomar café da manhã na copa. Nos dias de chuva, o lugar vira palco das brincadeiras das crianças 5 Os sofás da sala de estar costumam ser cobertos por lençóis, mantas e cobertores para formar cabaninhas de todo os tamanhos. “É uma farra!”, conta Tuca
6 Durante o inverno as refeições acontecem na sala de jantar, que ganhou um clima acolhedor com as paredes de tijolos aparentes 7 Uma divisória com passa-prato protege a cozinha, localizada no subsolo, ao lado da sala de brinquedos e perto da copa 4 42
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5 “NÃO GUARDAMOS NADA EM CAIXAS FECHADAS PORQUE PERCEBEMOS QUE AS CRIANÇAS SÓ BRINCAM COM O QUE VEEM. É TAMBÉM UMA MANEIRA DE NÃO JUNTARMOS COISAS DESNECESSÁRIAS” TUCA
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CONEXÕES
a LUIZA, 8 ANOS
“Adoro cheiro de livro novo!”
THEREZA, 5 ANOS
“Quando eu crescer vou me formar Branca de Neve”
SEBASTIÃO, 2 ANOS
“Eu gosto de mel e de bolacha”
FRANCISCO, 5 ANOS
“Ben 10 é meu personagem preferido!”
RELAÇÕES
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São irmãos Já viajaram juntos Almoçam juntos às quartas na escola Já dormiu na casa do amigo Têm o mesmo pediatra
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FESTA na PADOCA TITO, 2 ANOS
“Sorvete de uva é o meu favorito”
POR MARIA FLOR CALIL
BERNARDO, 5 ANOS
“Estou juntando minha mesada para comprar um sabre”
TOMÁS, 5 ANOS
“Sou louco por futebol!”
FOTOS KIKO FERRITE
Para Luiza, Thereza, Bernardo, Francisco, Sebastião, Tomás e Tito, quarta-feira é dia de ir da escola Alecrim, na zona oeste de São Paulo, onde estudam, diretamente para a padaria da esquina. Nesse dia, esperam tão ansiosos a hora da saída que parece até que não passaram o dia se divertindo juntos na escola. Quando as mães chegam, já estão prontinhos, de mochila na mão. Na padaria, sentam-se animadíssimos na mesa “das crianças” e começam a discutir o sabor da pizza que vão compartilhar. Sim, porque no dia da padoca é permitido jantar pizza (a de quatro queijos é a campeã do pedaço) e até tomar refrigerante, tudo previamente combinado com as mães. Enquanto comem, já tramam quem vai dormir na casa de quem, sem nem saber ainda se as mães vão deixar. “Eu adoro brincar de espião com o Bernardo”, conta Thereza. “E eu tomo conta de todos”, ri Luiza, a veterana da turma. Como os pais também ficaram amigos, não é raro o bando se encontrar também nos fins de semana. O passeio pode ser um piquenique na praça ou uma pedalada pela ciclofaixa. Na segunda-feira, todos estarão juntos na escola, contando as horas para que chegue novamente a quarta-feira, dia de festa na padoca.
AFINIDADES Praticam capoeira São loucos por Star Wars São corintianos Têm pais separados Já sabem ler e escrever
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Adoram comida japonesa São fãs da banda Pequeno Cidadão Costumam andar fantasiados Curtem livrarias
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CONEXÕES
ALÉM DOS MUROS DA ESCOLA Escolher a escola do filho é uma responsabilidade e tanto. “Um critério importante foi ver se os outros pais eram legais”, confessa a professora Janaína Iacomo. “Imagina ter de conviver com pessoas que não partilham dos mesmos princípios?” Para sorte de Janaína, a conexão foi tão forte entre este grupo de mães que elas imediatamente levaram a amizade para além dos muros da escola. “Logo depois da primeira reunião de pais, nós já fomos tomar uma cervejinha!”, se diverte a roteirista Julia Priolli. “As crianças queriam continuar brincando e as mães, conversando, mas a escola precisa fechar. Por isso, a padaria da esquina foi a alternativa”, completa a escritora e contadora de histórias Kiara Terra. O programa rapidamente se tornou semanal. Organizar a algazarra na padaria não é fácil – mas também não é difícil. As crianças ficam em uma mesa e as mães, em outra. Depois de cuidar da comida dos pequenos é hora de elas botarem o papo em dia. Sair para jantar e dançar são os programas preferidos dessa animada turma de mães. “Adoramos ter um espaço para sermos mulheres conversando, com os filhos por perto”, fala a arquiteta Ligia Rocha.
JULIA, mãe de Francisco e Sebastião
KIARA, mãe de Luiza e Thereza
RELAÇÕES
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Já viajaram juntas Estudaram na PUC de São Paulo Fizeram dança juntas na adolescência Frequentam a mesma balada Vão ao parque da Água Branca
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JANAÍNA, mãe de Bernardo
Hair & Make up: Vanessa Barone
LIGIA, mãe de Tomás e Tito
AFINIDADES São fãs de Arnaldo Antunes Trabalham escrevendo Gostam de conversar sobre política Moram em casa São mães de meninos
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Curtem cozinhar Preferem o inverno Gostam de ler poesia Amam praia Gostam de vinho
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VIAGEM
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A GENTE JÁ CHEGOU? VIAJAR DE CARRO NÃO É FÁCIL – MAS TAMBÉM NÃO É DIFÍCIL. O SEGREDO ESTÁ NA ESCOLHA DOS ROTEIROS E EM SABER FAZER O TEMPO PASSAR POR LIANA MAZER
s surpresas do caminho costumam tornar as viagens de carro inesquecíveis. É o que garantem o empresário Roberto Macedo, a comerciante Marcela Macedo e os filhos Raphael, 6 anos, e Marcela, 13, que foram de São Paulo, onde vivem, até Teresina (PI) – 3.600 quilômetros depois. “Durante o trajeto as crianças entraram em contato com costumes diferentes e se divertiram ao perceber as mudanças na paisagem”, conta Roberto a respeito do roteiro que durou 26 dias e cruzou sete estados brasileiros. “Foi uma experiência que serviu para nos aproximar ainda mais das crianças”, completa Marcela. Tal proximidade também agradou a figurinista Suzana Izuno, o técnico em efeitos espe-
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Caio, Ana e os filhos em Stonehenge, Inglaterra
ciais Shiyozi Izuno e as filhas Joana, 9 anos, e Laura, 12, que partiram da São Paulo natal rumo a Minas Gerais. “Inventamos brincadeiras e conversamos bastante no carro”, recorda Suzana. Outra fã das viagens motorizadas é a jornalista paulistana Ana Busch, que, com o marido, o fotógrafo Caio Vilela, já rodou os Estados Unidos, o Chile e a Argentina levando Tomás, 8 anos, e os gêmeos Artur e Martin, 6. A aventura mais recente aconteceu há um ano, quando a família dirigiu por 26 dias de Londres ao norte da Escócia. “De carro temos mais liberdade e não ficamos tão presos a horários”, justifica Ana. Se animou para pegar a estrada? Antes inspire-se nos melhores momentos destes viajantes.
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Fotos: arquivo pessoal
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Tomás, Martin e Artur tietaram na Inglaterra
1 Beatlemania LIVERPOOL
Fãs dos Beatles, Caio, Ana, Tomás, Martin e Artur incluíram no roteiro de viagem uma visita a Liverpool, a cidade dos Fab 4. “Lá, os meninos gostaram muito do museu The Beatles Story (www. beatlesstory.com), principalmente da animação em 3-D sobre a banda e de uma loja com todo tipo de suvenires dos Beatles”, conta Ana.
2 Na casa de Harry Potter ALNWICK
NÃO SE PERCA
As crianças adoram a saga de Harry Potter e estavam ansiosas para conhecer o castelo de Alnwick, no interior da Inglaterra, o mesmo que inspirou a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. “Havia atores vestidos de personagens como Hagrid e Dumbledor e dá para tirar uma foto em que a vassoura parece estar voando”, lembra Ana. www. alnwickcastle.com
“As estradas inglesas são bem sinalizadas, mas para não nos perdermos usamos GPS e iPhone.”
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“Antes de viajar lemos livros e contamos muitas histórias para as crianças sobre os lugares que iríamos visitar. Acho que graças a essa expectativa eles aguentaram ficar no carro sem reclamar.” “Leve alimentos saudáveis, como água, frutas e biscoitos, para o caso de a fome apertar no caminho.”
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VIAGEM
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Raphael cruzou sete estados brasileiros Paraíso à beira-mar SUL DA BAHIA Depois de quatro horas no carro, a família encontrou o paraíso no sul da Bahia. “Nós amamos Cumuruxatiba. É uma vila de pescadores, mas com ótima estrutura, que inclui pousadas à beiramar e bons restaurantes”, conta a mãe, Marcela. “De quebra, há outras praias lindas por perto, como Barra do Cahy e Areia Preta, em Prado.”
2 A passo de tartaruga
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REGÊNCIA
ITENS BÁSICOS
Raphael adora bichos e curtiu visitar o Projeto Tamar, em Regência (ES). “É muito legal ver as tartaruguinhas correndo para o mar!”, diz o menino. Ele também gostou do aquário onde ficam os quelônios gigantes. Para chegar até lá, foi preciso pegar estradas de terra. “Planejamos muito bem os roteiros, checamos as condições das vias e nos familiarizamos com os mapas para evitar surpresas desagradáveis”, diz Roberto. www.tamar.org.br
“Crianças não aguentam muitas horas no carro. Nossos trajetos duravam no máximo quatro horas e então a gente parava para descansar.”
Fotos: arquivo pessoal
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“Para o carro não ficar pesado, o ideal é viajar com pouca bagagem. Lavamos roupas nos hotéis ou em lavanderias.” “Não esqueça de colocar na mala itens básicos de farmácia – como antialérgico, anti-inflamatório, remédio para enjoo, pomada para picadas e protetor solar – e também para primeiros socorros. O pediatra pode ajudar a fazer a lista para cada criança.”
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Joana e Laura mergulharam no passado
1 Em paz com a natureza CARAÇA
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A primeira parada da família em Minas Gerais foi no Santuário do Caraça, um antigo monastério que hoje funciona como hotel. “É um lugar com muitas trilhas lindas para percorrer durante o dia”, conta Suzana. “E à noite o programa era ver o lobo-guará, que corre risco de extinção”, completa. É bom reservar a hospedagem com antecedência e levar um aquecedor no inverno. www.santuariodocaraca.com.br
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Máquina do tempo SÃO JOÃO DEL REI E TIRADENTES Passear de maria-fumaça é sempre um programa pitoresco, ainda mais entre as cidades históricas de Tiradentes e São João del Rei, onde a estação ferroviária funciona desde o século 19. “O trajeto é muito bonito, cheio de montanhas, e, quando o bilheteiro chegou, trajando uniforme de época, mergulhamos em um clima de nostalgia”, conta Suzana. www.fcasa.com.br
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JOGO DA MEMÓRIA “Antes de viajar relembrei músicas e brincadeiras clássicas para passar o tempo, como ‘Meu olho vê’ ou ‘Em que estou pensando?’.” “Reserve hotéis com antecedência para evitar ficar rodando com as crianças no carro em busca de hospedagem.” “É fundamental levar um DVD portátil ou tablet com filmes, além de livros e brinquedos pequenos para garantir a distração em trajetos mais longos.”
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RECICLAR
O FASCÍNIO DAS CAIXAS COM COLA, TESOURA E IMAGINAÇÃO FICA FÁCIL DESCOBRIR A INFINIDADE DE BRINQUEDOS QUE PODE EXISTIR EM SIMPLES FOLHAS DE PAPELÃO POR MARIANA LACERDA E LIANA MAZER RETRATOS ROGÉRIO MIRANDA
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FOGÃO
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MATERIAIS:
1 x2
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Dupla de criação Estéfi Machado, designer, mãe de Teo, 4 anos
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designer, fotógrafa e ilustradora paulistana Estéfi Machado sempre trabalhou fora. Com o nascimento de Teo, há quatro anos, ela decidiu transferir seu estúdio para dentro de casa e assim ficar mais perto do filho. “Meu escritório nunca foi lugar proibido para Teo. Muito pelo contrário”, conta. “Mas, com o tempo, ele começou a ficar no meu pé para a gente brincar.” Não demorou para que os dois juntos começassem a criar brinquedos. Pelas mãos da dupla, bandejas de isopor se transformam em carimbos ou caixas de papelão podem virar um fogão (como o da foto ao lado). Hoje, o que antes era apenas brincadeira se tornou coisa séria. Desde o início deste ano, Estéfi passou a postar as criações no blog estefimachado.blogspot. com.br. Sem contar que ela também ajuda pais e mães a criar e a executar, ao lado de seus filhos, festas de aniversário com cenários divertidos feitos de material reciclável, a exemplo das caixas de papelão. Tudo para ampliar a imaginação e a criatividade das crianças.
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2 caixas de papelão iguais (quadradas), cola quente ou cola branca, estilete, tesoura, lápis, régua, caneta hidrográfica de ponta grossa, 5 grampos bailarina (que se encontram em papelarias) e fita dupla face de espuma (conhecida como fita banana).
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PASSO A PASSO 6
1 Feche toda a caixa com cola. 2 Desenhe a porta do forno com um lápis, deixando espaço para os botões. 3 Com um estilete, recorte a porta do forno e faça um pequeno retângulo para servir de puxador. 4 Para os botões, recorte cinco círculos de papelão com uma tesoura. Faça um furo no meio de cada um e também no fogão, acima da abertura do forno. Prendaos com os grampos bailarina. 5 Use um CD para desenhar as bocas do fogão com caneta hidrográfica no alto da caixa. 6 Recorte um retângulo de papelão da largura da caixa e desenhe listras paralelas para imitar a grelha do forno. Com a fita dupla face, cole uma tira espessa de papelão horizontalmente no meio de cada parede interna do forno para apoiar a grelha. 7 Se quiser fazer uma tampa, cole um retângulo de papelão da mesma largura da caixa na parte de trás do fogão. Calcule o tamanho para que a parte visível da tampa seja um quadrado do tamanho do topo da caixa. Para finalizar, desenhe luvas, colheres e outros utensílios com caneta hidrográfica nas laterais e na tampa.
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Dicas gerais O estilete é a melhor opção para cortar *papelão, principalmente os mais firmes, e para cortar em linha reta. Para recortar formas arredondadas, use a tesoura. Tenha sempre cola branca, fita-crepe e *barbante em casa. Com esses materiais é possível inventar muitas coisas divertidas. a criança ajudar, mesmo que isso *signifiDeixe que um traço torto aqui ou ali. Diversão é melhor que perfeição!
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RECICLAR
LABIRINTO MATERIAIS:
B A
MAPA:
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“ 8 caixas de papelão grandes, 2 caixas de sapato, cola quente, fitas adesivas, tintas coloridas, barbante, tesoura, estilete, pincéis, bolinhas de isopor e retalhos de tecido.
Esconderijo particular Roni Hirsch, artista plástico, tio dos primos Dan e Mia, 1 ano
“E
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m meu estúdio materializo sonhos”, diz o artista plástico paulista Roni Hirsch (www.ronihirsch.com), conhecido pelos trabalhos de cenografia para espetáculos de teatro, publicidade e eventos. Projetados para durarem no máximo alguns meses, os cenários feitos de ingredientes como papel e cola, quando desmontados, produzem lixo. Inventar formas de prolongar a vida útil desses materiais faz parte da rotina de Roni, que ensinou moradores de rua de São Paulo a transformar itens descartados em artefatos, como mesas e estantes, nos dois anos em que foi voluntário da Associação Minha Rua Minha Casa. Em família a história não é diferente e um de seus passatempos prediletos é inventar brincadeiras para os dois sobrinhos, Mia e Dan, 1 ano (na foto ao lado e acima com o tio), com esses materiais. É o caso deste labirinto, criado em parceria com a mulher, a arte-educadora Paula Condini. “A inspiração veio da primeira cena do filme Caiu do céu [produção de 2004 dirigida por Danny Boyle], em que uma criança brinca perto de um trilho de trem em um labirinto de caixas”, conta Roni. “É seu esconderijo.”
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Foto: Gael Oliveira
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PASSO A PASSO
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1 Com a cola quente, use três caixas grandes para formar um túnel A . Elas podem ser coladas pelos lados vazados ou pelos lados cegos – mas, neste caso, você vai precisar abrir passagens entre elas. Formatos diferentes vão deixar o trajeto pelo túnel mais divertido.
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2 Na saída do túnel, à direita, ficam duas caixas abertas por cima, interligadas B . Na do fundo, recorte as abas em franjas para o acabamento. Encha com as bolinhas de isopor. Na junção com a caixa da frente, faça um corte em “u” para fazer a ligação entre elas. Do outro lado desta caixa, faça uma cortina, usando como mastros duas caixas de sapato coladas sobre suas abas laterais. Na saída do túnel, à esquerda, una outra caixa grande [C]. C Fechando uma pracinha, mais uma caixa grande D . 3 Use a caixa maior para fazer a casinha E . Com a abertura para cima, use a cola quente para unir as abas ajustando a inclinação e formar o telhado. Use o estilete para cortar as abas verticais em formato de triângulo dando forma à frente e ao fundo do telhado. 4 Para finalizar, recorte portas e janelas e faça dobras em formatos diferentes. Decore com tintas e fitas adesivas coloridas.
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RECICLAR
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FANTASIA DE PIRATA
MATERIAIS:“
1 caixa de papelão retangular (40 cm de comprimento por 35 cm de altura) e 1 caixa extra para recortar os complementos, 1 rolo de papel toalha, estilete, tesoura, fita-crepe, cola branca ou cola em bastão, lápis, régua, 1 rolo de barbante, 1 rolo de elástico, 1 palito para churrasco e giz de cera.
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Grande troca Karen Zlochevsky, designer, mãe de Teo, 4 anos, e Luli, 2
“A
qui em casa todos os brinquedos nascem de uma ideia de Teo”, conta a designer Karen Zlochevsky a respeito da criatividade do filho mais velho. Tudo começou quando o menino pediu para a mãe uma fantasia de Buzz Lightyear, o astronauta da animação Toy Story. “Na hora fiz uma asa de papelão para ele, que ficou superempolgado e foi assim para a escola a semana inteira.” No momento, Teo está na fase pirata, mote da fantasia ao lado, criada por Karen com a ajuda do garoto. “Ele sugeriu a luneta, a âncora e o leme”, diz, para completar: “Antes de começar, veja se a criança cabe dentro da caixa!”. A imaginação de Teo vai longe. Ainda bem que as caixas de papelão estão sempre por perto – elas chegam dos fornecedores da Lorota (www.lorota.com.br), marca paulistana conhecida pelos itens lúdicos como adesivos, carimbos e ilustrações, criada por Karen com a amiga artista plástica Juliana Calheiros. “É uma grande troca: os personagens que povoam a imaginação de Teo acabam inspirando meu trabalho”, fala Karen.
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6, 7 e 8 Recorte uma âncora e faça a corrente com pequenas argolas de papelão entrelaçadas. Anexe uma à outra e ao navio com o barbante. Para a luneta, faça um corte vertical no tubo de papel toalha, enrole-o em formato de cone e feche com fita-crepe. Desenhe dois chapéus de pirata idênticos em dois pedaços de papelão. Costure-os a um elástico do tamanho da circunferência da cabeça da criança, um de cada lado. Se quiser, una as pontas dos dois. Vista da caixa de cima
PASSO A PASSO 1 Corte com o estilete o fundo da caixa e as abas de cima nas laterais maiores. Reserve o papelão. Achate a caixa perpendicularmente para que as laterais se encontrem. 2 Na caixa achatada, desenhe nas pontas a popa e a proa do navio. Use o estilete para cortar sobre as linhas tracejadas, deixando a caixa no formato de um navio. Tome cuidado para não cortar demais e separar os dois lados da caixa. 3 Abra novamente a caixa. Após o corte, a popa e a proa do navio terão uma parte vazada. Com as sobras do papelão, corte dois triângulos para tapá-las – use a fita-crepe para isso (veja na foto ao lado). 4 Com o palito de churrasco, faça dois furos no alto de cada lateral, com dois palmos de distância entre eles. Prenda dois pedaços de barbante em X, unindo uma lateral à outra para fazer as alças. 5 Para fazer o leme, recorte uma tira de papelão e faça uma estrutura triangular que possa ser colada internamente na proa do navio – use a cola e a fita-crepe para isso. Espete o palito de churrasco na estrutura. Corte um disco de papelão e espete-o na outra ponta do palito. Finalize colando aí um disco menor, escondendo a ponta do palito que ficará perto da criança.
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Recorte o triângulo para encaixar na parte vazada
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NÓS VAMOS INVADIR SUA CASA! PRONTO! O CAMINHÃO DE MUDANÇA ACABOU DE PARTIR E A FARRA JÁ VAI COMEÇAR
FOTOS RODRIGO MARQUES STYLING LETÍCIA TONIAZZO
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A partir da esquerda: Vestido R$ 219,90 Sandália R$ 129,90 Camisa R$ 129,90 Calça R$ 149,90 Tênis R$ 169,90 Macaquinho R$ 179,90 Tênis R$ 169,90
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A partir da esquerda: Camisa R$ 149,90 Calรงa R$ 164,90 Camisa polo (conjunto com bermuda) R$ 219,90 Calรงa R$ 179,90 Macacรฃo R$ 179,90
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Tricô R$ 154,90 Camisa R$ 124,90 Calça R$ 149,90 Sapato R$ 159,90
A partir da esquerda: Macaquinho R$ 119,90 Sandália R$ 139,90 Sandália R$ 129,90 Sandália R$ 139,90
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Na outra página, a partir da esquerda: Bolero R$ 129,90 Blusa R$ 119,90 Saia R$ 119,90 Sandália R$ 139,90 Vestido R$ 179,90 Sandália R$ 119,90 Camisa R$ 149,90 Calça R$ 149,90 Tênis R$ 169,90 Vestido R$ 169,90 Meia-calça R$ 49,90 Sandália R$ 139,90 Camisa R$ 129,90 Bermuda R$ 159,90 Tênis R$ 169,90 Vestido 159,90
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A partir da esquerda: Camisa polo (conjunto com bermuda) R$ 219,90 Bermuda (conjunto com polo) R$ 199,90 Camiseta R$ 54,90 Camiseta R$ 84,90 Calรงa R$ 149,90
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Em sentido horário, a partir do menino ao fundo: Camiseta R$ 79,90 Bermuda R$ 169,90 Tênis R$ 169,90 Camiseta R$ 74,90 Bermuda R$ 139,90 Tênis R$ 169,90 Vestido R$ 189,90 Blusa R$ 89,90 Short R$ 129,90 Sandália R$ 129,90
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A partir do alto, em zigue-zague: Camiseta R$ 79,90 Bermuda R$ 169,90 Tênis R$ 169,90 Vestido R$ 189,90 Blusa R$ 89,90 Short R$ 129,90 Sandália R$ 129,90 Vestido R$ 169,90 Camiseta R$ 74,90 Bermuda R$ 139,90 Tênis R$ 169,90 Vestido R$ 189,90 Sapatilha R$ 119,90
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A partir da esquerda: Camiseta R$ 74,90 Bermuda R$ 139,90 TĂŞnis R$ 169,90 Camiseta R$ 79,90 Bermuda R$ 169,90 TĂŞnis R$ 169,90
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ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA: RODRIGO SEMPRE-BOM, MODELOS: DANIEL PAREDE, VICTOR FREITAS (VOGUE), partir da esquerda JULIAALIMA, CHARLOTE Camisa R$ 124,90 CAMARGO (TOTEM), LARISSA Calça R$ 179,90 FARIAS E FERNANDA LIMA (TYPOS), HAIR & MAKE: CECÍLIA MACEDO (AGÊNCIA CAPA MGT),Casaco AGRADECIMENTOS: R$ 219,90 CASACalça PANAMERICANA (WWW. R$ 159,90 CASAPANAMERICANA.COM. Bota R$ 209,90 BR), SHERWIN-WILLIAMS (WWW. SHERWIN-WILLIAMS.COM. Casaco R$ 229,90 BR), TRENZINHO BRINQUEDOS Legging R$TRENZINHO. 52,90 EDUCATIVOS (WWW. Bota R$ 239,90 COM.BR), CAROLINA SCOTT E ROSETTA PRADA
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TOPA UM ROLÊ? PEGUE CARONA NA OFICINA MAIS DIVERTIDA DA CIDADE PARA TURBINAR SEU ESTILO FOTOS ALEX BATISTA STYLING LETÍCIA TONIAZZO 72
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Camiseta (conjunto com bermuda) R$ 199,90 Bermuda (conjunto com camiseta) R$ 199,90
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Camisa polo (conjunto com bermuda) R$ 219,90 Camiseta R$ 79,90 Calรงa R$ 179,90
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Camiseta R$ 79,90 Calça R$ 149,90 Tênis R$ 169,90
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Camiseta R$ 69,90 Camiseta R$ 79,90 Calça R$ 149,90 Tênis R$ 169,90
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Camisa R$ 129,90 Camiseta R$ 79,90 Calรงa R$ 179,90
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Camisa polo R$ 129,90 Camiseta R$ 79,90 Calça R$ 169,90 Na outra página: Camiseta R$ 79,90
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ASSISTENTES DE FOTOGRAFIA MARCO JOSÉ E VITOR JARDIM, HAIR & MAKE UP: JÔ CASTRO (CAPA MGT), MODELOS: CAUÃ ROCHA (VOGUE), DAVI CAVALCANTI (AQUARELA) E VICTOR MAZOLLA (MONDIALE) AGRADECIMENTO: TOP HAT (WWW.TOPHAT.COM.BR)
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FAMÍLIA
JÁ SE FOI O TEMPO EM QUE AS RELAÇÕES FAMILIARES SE ENCAIXAVAM NA FÓRMULA VOVÔ, VOVÓ, MAMÃE, PAPAI E NETINHOS. LILICA&TIGOR MOSTRA COMO A ÁRVORE GENEALÓGICA CONTEMPORÂNEA ESTÁ CADA VEZ MAIS DIVERSA
POR ANNETTE SCHWARTSMAN RETRATOS GABRIEL RINALDI ILUSTRAÇÃO MAURÍCIO PIERRO
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uando se conheceram na pré-escola, Laura e João Pedro não podiam imaginar que se tornariam irmãos. Mas foi o que aconteceu quando Patrícia, a mãe da menina, cruzou com Fernando, o pai do garoto, na festinha de 3 anos de Laura. Ambos separados, papo vai, papo vem, acabaram descobrindo amigos em comum, afinidades e por aí vai. Logo se apaixonaram e começaram a namorar. Em 2006, um ano e meio depois de se conhecerem, Patrícia e Fernando resolveram morar juntos, dando origem a uma nova família. Mas não uma família qualquer. Senão vejamos. João Pedro – hoje com 9 anos, assim como Laura (ambos se divertem dizendo aos desavisados que são gêmeos) – tem uma irmã de sangue, Helena, 13, do primeiro casamento de Fernando. Helena e João Pedro dormem em dias alternados na casa de Fernando e Patrícia e na casa da mãe, Ana – que há nove
meses namora o engenheiro naval português Paulo Cabral (que por sua vez tem um filho do primeiro casamento e dois enteados do segundo). Além de João Pedro, Helena e do pequeno Artur, 3 – este, sim, fruto da união entre Patrícia e Fernando –, Laura tem ainda dois irmãos por parte de pai: Maria Luiza, 8, e Felipe, 4. A duplinha mora com a mãe no Rio de Janeiro, mas sempre que vem a São Paulo passa um tempo na casa da irmã. “São muitas crianças, tênis e brinquedos espalhados pela casa. Tem horas que eu pergunto se o demônio da Tasmânia passou pela sala”, brinca Patrícia, que garante distribuir as necessárias broncas democraticamente, sem distinção de laços sanguíneos. Ficou confuso? No início, a gente também. Nas páginas seguintes, montamos a árvore genealógica desta família para lá de eclética para contar melhor esta história.
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O núcleo base desta história é a família do economista Fernando, e da produtora Patrícia. Na foto, o caçula, Artur, está no colo da mãe, Laura posa sobre o piano, Helena mima a dálmata Amora e João Pedro abre o sorriso
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FAMÍLIA
Vivendo no Rio, faz questão de colocar as crianças para se falarem por telefone nos aniversários, Natais e réveillons que não passam juntos.
Santista, é amigo de suas duas ex, embora elas torçam para Palmeiras e Flamengo. Mas acredita ter feito a cabeça dos filhos no quesito futebol.
Patty, como é conhecida pelos familiares e amigos, acredita que família está mais relacionada a afeto do que a laços de sangue.
Toda vez que vem a São Paulo faz questão de dormir pelo menos uma noite na casa de Laura. As duas também adoram viajar juntas.
Lipe é doidinho por Laura, que sempre abraça forte quando encontra. Acha que Arthur é seu primo, já que é irmão da irmã, mas não seu.
Ela acha que tem muita sorte por ter dois pais, cinco avós e cinco irmãos – e se dá bem com todos.
SENTIMENTOS CRUZADOS Esta árvore genealógica mostra um novo tipo de família cada vez mais comum, uma família contemporânea, cujo álbum de fotografia precisa de muitas legendas para explicar quem é quem e a que galho da árvore pertence. O músico João Suplicy e a produtora Patrícia Scótolo, por exemplo, eram namorados quando Laura nasceu. Quando terminaram, ele se casou com a atriz e apresentadora Maria Paula, com quem teve Maria Luiza e Felipe e de quem já separou. Acompanhe acima as várias relações desta grande família.
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Além da cordialidade com Fernando e Patrícia, mora perto deles, o que facilita a parte operacional da guarda compartilhada dos filhos.
Engenheiro naval português, enfrenta com bom humor as inofensivas provocações de João Pedro com piadas sobre seus conterrâneos.
“Somos cada vez mais uma grande família, com muitos sentimentos cruzados, o que inclui ciúmes e cumplicidade”, afirma.
Sempre pergunta à mãe quem saiu da barriga de quem. Chama o avô paterno de Laura, Eduardo Suplicy, de “meu avô que é avô da Laura”.
Lelê não faz distinção em relação a laços de sangue. Já quis ser filha única, mas hoje agradece por ter Laura, João Pedro e Artur como irmãos.
Colega de sala de Laura, as brigas entre ele e a “irmã gêmea” em geral acontecem quando um quer ver TV e o outro, jogar videogame.
LEGENDA Têm quarto em duas casas Família Bellan Família Scótolo Camargo Família Fidalgo Suplicy Estudam na mesma escola Têm férias compartilhadas com o pai e a mãe
A simpática dálmata foi comprada quando a família se mudou para a atual casa, há quatro anos. Já a gatinha foi o presente de aniversário que Laura ganhou este ano do tio Marcel, irmão de Patrícia.
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Separados Namorados Casados
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PAIS & FILHOS FAMÍLIA
O clã de Patrícia e Fernando é um bom exemplo de quanto as relações de parentesco se tornaram complexas nos dias atuais
Lelê, como todos a chamam, costuma visitar com o irmão João Pedro a fazenda de dona Francisca e seu Edison, os avós maternos de seus 84 meio-irmãos, Artur e Laura.
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Superada a insegurança inicial dos filhos, este economista acha que o convívio das crianças com diferentes modelos de pai e mãe é enriquecedor. Nos encontros familiares, sempre rola um papo com os avós paternos de Laura, Marta e Eduardo Suplicy.
A escolha da raça, dálmata, se deu numa eleição, mas o sexo foi decisão de Patrícia, que apostou na índole mais tranquila das cadelas. Sânder, o irmão de Patty que é veterinário e vive em Aracaju (SE), é o consultor oficial da família. Por telefone, é claro.
Quando se junta com os primos “emprestados” Magu e Teo, sobrinhos de Fernando, mais João Pedro, os adultos só ficam esperando alguma parede cair, de tanta estripulia que aprontam.
A gatinha é a mais espaçosa da casa. De vez em quando desaparece por horas, até que alguém a encontra dentro de uma gaveta ou um vaso.
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Descolado e independente, o caçula da casa ainda se atrapalha com os laços de parentesco de sua grande família. Um assunto que deixa Tuco, como é chamado, confuso é o futebol. Para a mãe, garante torcer para o Palmeiras. Na frente do pai, nega até o fim.
Produtora de eventos, Patty, como é conhecida pelos familiares e amigos, nasceu em Campinas e é a mais velha de três irmãos. De mãe potiguar e pai paulistano, ela acredita que família está mais relacionada a afeto do que a laços de sangue. Mesmo assim, além dos enteados e seus familiares, sua casa é frequentada por muitos de seus 32 (!) primos e seus respectivos filhos.
Divertido, inteligente e bem-humorado, o garoto é autor de ótimas sacadas sobre a vida. Joca, ou Gó, como é chamado pelo irmão caçula, também arrasa no futebol e está ensinando Lelê a se equilibrar sobre o skate.
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Músico, além de Laura tem mais dois filhos, Maria Luiza e Felipe, de seu relacionamento com a atriz Maria Paula. Santista roxo, só acha ruim quando Maria Luiza chega da casa de Patrícia, onde invariavelmente dorme quando vem a São Paulo, dizendo que é palmeirense.
Também chamada de Beiba, ou Malu, essa carioquinha é louca pela irmã paulistana. No ano passado, as duas ficaram dez dias em Paris com a avó paterna, Marta, e o namorado dela, o advogado Márcio Toledo (por quem, diga-se, Laura é apaixonada).
Mãe de Helena e João Pedro, foi casada por 12 anos com Fernando. É economista e psicanalista. Além de manter relações cordiais com o ex e Patrícia, mora perto deles, o que facilita a parte operacional da guarda compartilhada dos filhos – um pedido de Helena. Ana namora Paulo Cabral há nove meses.
Candanga de berço, mas carioca por adoção, vive há quase duas décadas no Rio. Foi casada com João Suplicy durante sete anos. É a caçula de quatro irmãos. Sempre que pode, Maria Paula vai descansar com os filhos na sua fazenda, na chapada dos Veadeiros.
Ainda que seu passe seja disputado pela mãe flamenguista e pela meia-irmã palmeirense, o pai garante que teve mais influência nessa área e o menino de 4 anos é mesmo santista. No casamento do tio André, irmão do pai, Artur e Felipe se esbaldaram na pista de dança.
Engenheiro naval português, vive no Brasil há cerca de um ano. Tem um filho do primeiro casamento e dois enteados do segundo, que vivem em Portugal.
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COMER
LILICA&TIGOR VISITA A CASA DE TRÊS CHEFS DE COZINHA PARA DESCOBRIR O CARDÁPIO DO DIA A DIA DE SEUS FILHOS. PARA ELES, CUIDAR DA ALIMENTAÇÃO É TAMBÉM CUIDAR DO PALADAR POR MARINA FUENTES FOTOS NINO ANDRÉS
A
profissão e o jeito brincalhão de levar a vida fizeram a chef-pâtissière Carole Crema carregar as duas filhas, Bia, 5 anos, e Luiza, 7, desde muito cedo para a cozinha. “Quando eram bem pequenas, eu criava atividades das mais simples, como mexer em farinha de rosca ou mudar vagem de potinho”, lembra a chef, que é dona do La Vie en Douce, no bairro paulistano dos Jardins, apresentadora do programa Cozinha caseira (veiculado pelo canal pago Bem Simples) e professora de culinária para adultos e crianças na escola Wilma Kovësi, também em São Paulo. Hoje em dia, não é raro mãe e filhas transformarem a cozinha de casa numa autêntica oficina de culinária. Adoram fazer juntas bolos, tortas e panquecas. Mas o tom de brincadeira e o jeito desencanado de Carole logo mudam quando o assunto é comer bem. Por mais difícil que seja ter uma mãe doceira e não poder saborear doces a qualquer hora, é exatamente essa a regra estabelecida para as meninas. “Aqui em casa não existe sobremesa durante a semana. Tem gelatina de vez em quando e olhe lá”, conta a mãe. Para compensar, deixa as garotas escolherem o cardápio nos fins de semana, quando “tudo é permitido”. O sinal verde para os doces também é dado quando as meninas visitam a doceria da mãe, ocasião em que elas têm carta branca para comer o que
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“AQUI EM CASA NÃO EXISTE SOBREMESA DURANTE A SEMANA. TEM GELATINA DE VEZ EM QUANDO E OLHE LÁ”
CAROLE, BIA E LUISA Para se divertir com as filhas, Bia (de azul) e Luisa, a chef-pâtissière Carole Crema, dona da doceria paulistana La Vie en Douce, costuma transformar a cozinha em uma autêntica oficina culinária. “Adoramos fazer bolos, tortas e panquecas, mas no dia a dia temos regras de alimentação”, conta a mãe
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COMER
DANIELA, LUCCA E LUZIA Para Daniela França Pinto, chef dos restaurantes Lola Bistrot e Marcelino Pan y Vino, em São Paulo, experimentar de tudo é tão importante quanto comer de maneira saudável 88
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“ SEMPRE DEIXEI SABOROSA A COMIDA DOS MEUS FILHOS, DESDE A PRIMEIRA PAPINHA”
quiserem. “Por isso deixo que visitem a loja apenas uma vez por mês. É muita tentação”, reconhece Carole. Equilíbrio, para a chef-pâtissière, é o segredo para a educação à mesa. “Não deixo que passem vontade, mas no dia a dia elas comem o mesmo que a gente”, diz. “Se não gostar do prato, come a fruta e só volta a comer no horário estipulado para o lanche. Não vou deixar comer bolacha 20 minutos depois porque não almoçou.” Para aqueles pais que acabam cedendo com medo de que a criança fique de estômago vazio, Carole dá a dica: “Uma criança que vive em uma casa normal, com comida saudável, nunca vai passar fome”. DE FORMA NATURAL Chef e sócia dos restaurantes paulistanos Lola Bistrot e Marcelino Pan y Vino, Daniela França Pinto sempre teve a cozinha como seu habitat natural. “Escolhi me tornar chef para poder ficar perto de comida, que é algo que adoro”, explica. Mãe de Lucca, 14 anos, e de Luzia Morena, 6, Daniela trata de passar para os filhos a relação afetiva que tem com ingredientes e panelas. “Por ser chef e trabalhar muito, meus filhos sempre estiveram presentes no restaurante. O que eles mais gostam é de brincar no estoque [de produtos]”, diverte-se Daniela, que escolheu o bairro da Vila Madalena, onde mora e o filhos estudam, para abrir os dois restaurantes. “Só assim a dinâmica da nossa vida é possível.”
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Apesar do dia a dia corrido, é a própria Daniela quem deixa o almoço de Lucca e Luzia pronto de manhã, antes de sair. Quem trata de esquentar e servir às crianças é a empregada que trabalha há anos na casa. “Na minha ausência, eu me faço presente através da comida”, explica a chef. Para ela, é importante que os filhos tenham uma alimentação regrada durante a semana, quando ingredientes integrais, verduras e frutas predominam no cardápio. Mas experimentar de tudo, segundo ela, é tão importante quanto comer de maneira saudável. “Lido com os mais diversos alimentos e os apresento a eles de forma natural. Não penso que comida pode ser algo que ‘criança não gosta’ ou ‘criança não deve’”, conta. “Por agir assim, minha filha adora coisas que muitas crianças não passam nem perto, como caldo de mocotó, sashimi e pimenta biquinho. Se deixar, ela come um pote inteiro de conserva.” Na hora de ir a outros restaurantes, a regra de Daniela é clara: nada de menu kids. “Adoramos ver cardápios e escolher pratos novos. É sempre uma experiência”, diz. Além de não criar um tabu em torno dos alimentos, a chef explica que também não dá espaço para frescuras. “Sou meio brava com isso”, reconhece. Para facilitar a incursão da prole em novos alimentos, Daniela tem a seu favor um ótimo recurso: os temperos. “Sempre deixei saborosa a comida dos meus filhos, desde a primeira papinha. Tudo leva ervas, um pouco de sal, azeite. Cuidar da alimentação também é cuidar do paladar”, sentencia.
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COMER
“PREFIRO QUE MEUS FILHOS COMAM COMIDA FRESCA, FEITA COM BONS INGREDIENTES, A FICAR LISTANDO RESTRIÇÕES”
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Quem também segue a filosofi a de comida sem frescura são os filhos do catarinense Renato Carioni. Até se estabelecer como chef nas duas unidades paulistanas do restaurante Così, Renato trabalhou um bocado mundo afora. Para aprender os segredos das caçarolas, morou na Inglaterra, na Itália e na França, onde seus dois filhos mais velhos, Marco, 13 anos, e Leonardo, 11, nasceram. Estabelecida por cinco anos em terras francesas, a família se viu obrigada a se adequar à culinária local. O que não foi nada mal, diga-se. “Pela vivência no exterior, meus filhos foram expostos e se acostumaram a alimentos que aqui no Brasil não são típicos de crianças, como queijos fortes, funghi seco, carne de cordeiro, pato”, conta Renato. Apesar de ter nascido no Brasil, o terceiro filho, Ricardo, 6, também se acostumou à rotina alimentar dos mais velhos. A matriz do restaurante, que fica no bairro de Santa Cecília, é vizinha do prédio onde a família mora. Por isso, sua cozinha é uma extensão da casa. “Eles entram, abrem a geladeira, provam algumas coisas. E também é onde jantamos todos os dias”, explica o chef, que só usa a cozinha da própria casa no café da manhã dos fins de semana. Com um menu italiano moderno à disposição, os meninos mantiveram o apreço por carnes de caça, risotos e outras especialidades de sabor proeminente. “Eles conhecem o cardápio de cor e pedem o que querem. Amam carpaccio, mas muitas vezes almoçam o prato do dia só para variar”, diz Renato, que não costuma limitar o que os filhos comem. “Só fico de olho na quantidade de pão. Se deixar, cada um come uma cestinha.” Renato se considera um pai à moda antiga, principalmente na educação alimentar dos filhos. Grãos, frutas e saladas são bem-vindos, mas orgânicos e integrais não fazem parte das suas preocupações. “Essa é uma alimentação que não faz sentido para mim. Cuido para que meus filhos comam comida fresca, feita com bons ingredientes, sem precisar ficar listando restrições. Acho que quem tem a vontade reprimida uma hora enjoa e desconta tudo, principalmente na ausência dos pais”, analisa.
Em compensação, Renato nunca deu nada industrializado a eles. “Meus filhos nunca viram um pote de sopinha pronta ou uma lasanha congelada”, afirma. “Da papinha ao sanduíche para levar para a escola, sempre preparei tudo com ingredientes frescos.”
PARA CONFERIR La Vie en Douce R. da Consolação, 3.161, Jardins, São Paulo, SP, tel. (11) 3088-7172, www.lavieendouce.com.br Lola Bistrot R. Purpurina, 38, Vila Madalena, São Paulo, SP, tel. (11) 3812-3009, www.lolabistrot.com.br Marcelino Pan y Vino R. Girassol, 451, Vila Madalena, São Paulo, SP, tel. (11) 3034-0461, www.marcelinopanyvino.com.br Restaurante Così R. Barão de Tatuí, 302, Santa Cecília, São Paulo, SP, tel. (11) 3826-5088, www.restaurantecosi.com.br
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RENATO, MARCO, LEONARDO E RICARDO A matriz do restaurante Così, em São Paulo, é vizinha do prédio onde o chef Renato Carioni vive com a mulher e os três filhos. “E a cozinha funciona como extensão da nossa casa”, diz
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PAIS && FILHO FILHOS S
O NASCIMENTO DE UM FILHO É SEMPRE UM MOMENTO DE ENCANTAMENTO PARA TODA A FAMÍLIA, CERTO? BEM, NEM SEMPRE. TRÊS CRIANÇAS CONTAM AS IMPRESSÕES E EXPERIÊNCIAS DA CHEGADA DO IRMÃO MAIS NOVO POR ANA KARLA RODRIGUES FOTOS CAROL SACHS
A IRMÃ RECÉM-NASCIDA JULIA, 6 ANOS, E LUISA, 5 MESES
N 92
o dia seguinte ao parto de sua segunda filha, Luisa, em 29 de fevereiro passado, a diretora de arte Vanina Batista, 36 anos, chamou a mais velha, Julia, 6, para ajudá-la a dar banho na irmãzinha. “Ela achou que era para entrar no chuveiro junto com o bebê e já foi tirando a roupa”, ri Vanina. Segundo a mãe, Julia sempre se deu bem com crianças menores que ela, a exemplo de uma de suas primas, de 3 anos. A chegada de Luisa, filha do segundo casamento de Vanina, com o jornalista Gian Oddi, deixou Julia simplesmente fascinada. Ela está sempre por perto e não se cansa
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de olhar para a irmãzinha. “Ela é muito fofa e eu adoro ficar com ela”, afirma Julia. O nascimento da irmã fez com que Julia também ficasse mais próxima da mãe. Desde então, a menina já fez massagem nos pés de Vanina enquanto ela sofria as dores de uma mastite nos primeiros dias de amamentação, acompanha-a nos passeios ao sol de manhã cedo (cada uma empurrando o carrinho com sua “filha”, no caso de Julia, uma de suas bonecas) e fica feliz quando é chamada para ajudar nos cuidados com a pequena. Mas Vanina notou que ela está também mais ciumenta, teimosa
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JULIA ESTÁ ANSIOSA PELO PRÓXIMO PASSO NA CONVIVÊNCIA COM LUISA: DIVIDIR COM A IRMÃ MENOR O QUARTO E OS BRINQUEDOS
e às vezes até um pouco agressiva. Não são raros os momentos de birra para conseguir a atenção exclusiva da mãe, de irritação com o choro do bebê e de revolta na hora de receber ordens. Julia também começou a reclamar com frequência de que não estava se sentindo bem. “Ela passou a ficar doentinha o tempo todo, a não querer ir para a escola e a fazer mais manha para que eu cuidasse mais dela que da irmã”, relata a mãe. De quebra, passou a ter ciúme das mamadas da irmã e a pedir para mamar também. Durante um tempo, queria rever a todo instante os vídeos de sua época de bebê, para
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poder se comparar com a irmãzinha. “Ela mudou um pouco comigo, mas acho que é um processo normal que logo passa”, diz a mãe. Ciúme à parte, Julia está ansiosa pelo próximo passo na convivência com Luisa: dividir com a irmã o quarto e os brinquedos. Até mesmo, segundo ela, aqueles que não empresta para ninguém. “Ela queria que a gente fizesse isso já, mas expliquei que tínhamos de esperar Luisa ter uns 2 anos”, conta Vanina. Julia já avisou que quer emprestar suas roupinhas antigas para a irmã: “Acho que algumas combinam muito com ela”, comenta orgulhosa a irmã mais velha.
Julia, 6 anos, com a mãe, Vanina, e a irmã, Luisa: entre o fascínio e o ciúme
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PAIS P PA AIS IS && FFILHOS ILH ILH IL HO OS
O IRMÃO CAÇULA ANTONIO, 11 ANOS, E TOMÉ, 6
A
té os 3 anos de idade, Antonio dormia no quarto dos pais. Um dia, um amiguinho foi brincar em sua casa e perguntou o porquê de ele não ter seu próprio canto para dormir. “Mas o quarto é meu!”, justificou o garoto. “Eu é que convidei meu pai e minha mãe para dormirem aqui comigo.” Por essa proximidade tão arraigada com os pais, a arquiteta Maria Alice Gonzales, 40, ficou preocupada com a reação de Antonio quando descobriu que ela estava novamente grávida. Ela e o marido, o especialista em informática Harold Monticelli Filho, não faziam ideia da reação de Antonio quando soubesse que seu reinado estava com os dias contados. “Tudo, felizmente, saiu melhor que o esperado”, diz o pai. Hoje, Antonio e Tomé, 11 e 6 anos, respectivamente, fazem várias atividades juntos, como as aulas de música em que tocam violão, teclado e guitarra. “O Antonio se dá muito bem com os amigos do irmão e sempre vai às festinhas da turma dele”, conta a arquiteta. Tomé, por sua vez, constantemente se lembra de Antonio na hora de comprar
APESAR DAS DIFERENÇAS DE PERSONALIDADE, ANTÔNIO E TOMÉ SE DIVERTEM MUITO, SEJA NAS DISPUTAS DE VIDEOGAME OU NAS BRINCADEIRAS EM CASA
alguma coisa para si mesmo, de roupa a um simples chocolate. E sempre defende o maior quando ele leva alguma bronca. A recíproca, contudo, não é tão verdadeira assim. “Eu nem sempre faço isso, muitas vezes esqueço”, confessa Antonio. Segundo Maria Alice, a convivência entre os meninos é boa, mas com momentos inevitavelmente tensos. Tomé está sempre provocando e querendo a atenção de Antonio, que algumas vezes exclui o caçula de suas brincadeiras. Nos últimos tempos, o mais velho vem reclamando de ser mais cobrado que o irmão em afazeres domésticos como arrumar o quarto e fazer as lições de casa. “Ele não quer fazer nada se o Tomé não fizer também”, conta a mãe. Recentemente, Antonio criou um “clubinho”, com sede num canto da sala de casa, e proibiu o irmão de fazer parte, o que gerou incontornáveis queixas e choros por parte do caçula. Mesmo com os protestos de Tomé, o veto foi mantido. Apesar das diferenças de personalidade, os garotos se divertem muito juntos, seja nas disputas de videogame ou nas brincadeiras em casa. Entre as preferidas está a de ninja. Ambos se vestem de preto da cabeça aos pés como autênticos guerreiros japoneses, apagam as luzes do apartamento e desafiam a mãe a conseguir vê-los no escuro. “Ela quase nunca consegue”, conta o filho mais velho, rindo. Os meninos também adoram ajudar o pai a criar pratos e a testar ingredientes nas incursões gastronômicas que vira e mexe a família promove na cozinha de casa. O mais velho, inclusive, pensa em ser chef de cozinha quando crescer. Já Tomé quer ser fotógrafo. Até lá, claro, tudo pode mudar.
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A partir da esquerda, Antonio, Maria Alice e TomĂŠ: melhor que o esperado
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PAIS && FILHOS PAIS FILHOS
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Ansioso com a chegada de Pedro, Gabriel aproveita um dos privilégios que devem acabar em breve: ter o colo da mãe só para ele
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O CIÚME DEU LUGAR À ANSIEDADE. GABRIEL FICA CHAMANDO O IRMÃO NA BARRIGA: “PEDRO, SAI DAÍ, EU ESTOU TE ESPERANDO AQUI FORA!”
O IRMÃO A CAMINHO GABRIEL, 4 ANOS, E PEDRO, NA BARRIGA
“H
á 80% de chance de que seja menina”, concluiu o médico, ao ter em mãos o resultado do primeiro ultrassom da advogada Maria Carla Coronel, 27 anos. Na volta para casa, ela contou a novidade para o filho, Gabriel, 4 anos. “Não vai ser menina! É um irmão!”, teimou o garoto, que tem uma irmã por parte de pai, Fernanda, 6, com que está sempre junto. Fazia tempo que Gabi, como é chamado em casa, pedia aos pais um irmãozinho. Já tinha até batizado seu boneco preferido de “Pedro, meu irmão”. Semanas depois, novo ultrassom e, enfim, a confirmação que Gabriel tanto esperava: menino. Maria Carla conta que, ao contrário da gravidez de Gabriel, um tanto tumultuada pela natural inexperiência do casal, a vinda de Pedro está sendo tranquila e sem atropelos. “E ainda posso contar com a ajuda de meu filho, que é muito companheiro e está sempre tentando cuidar de mim e do pai”, ela conta. “Gabi sempre abre as portas para eu passar, segura as sacolas, pede licença para as pessoas. Um pequeno gentleman”, elogia. Animado com a
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proximidade do nascimento, Gabriel adora encostar a cabeça na barriga da mãe para conversar com o irmão. “Ele já me deu uns sustos! Teve um dia que pulou dentro da barriga”, conta Gabi, que ajudou a compor o quarto do bebê com suas cores favoritas. Como nem tudo são flores, o ciúme apareceu paralelamente à euforia. Gabriel não se conformava, por exemplo, com o fato de seu irmão ter de se alimentar no seio da própria mãe. “Ele mamou muito e sempre pediu para ver fotos da época. Mas, quando soube que o irmão iria fazer o mesmo, pronto, armou-se a confusão”, relata Maria Carla, que resolveu adiantar sua licença-maternidade em um mês para poder ficar mais perto de Gabriel nessa fase final da gravidez. Foi necessária muita conversa até o menino entender que o leite iria deixar o bebê forte para poder crescer e brincar com ele. Ao que consta, Gabi entendeu o caso – mas com ressalvas. “Ele exigiu que o irmão mamasse num único peito”, se diverte a mãe. Ultimamente, segundo ela, o ciúme passou a dar lugar à ansiedade. “Não há um dia em que Gabriel não me pergunte: ‘É hoje, mamãe?’”, comenta a advogada. “Ele fica chamando o irmão na barriga: ‘Pedro, sai daí, eu estou te esperando aqui fora’. Ontem mesmo, ele me disse que estava juntando dinheiro para pagar o médico e tirar logo o irmãozinho da barriga”, diz Maria Carla, aos risos. Gabi já faz vários planos para quando Pedro for maior e ambos formarem uma “dupla dinâmica”. “Ele sempre comenta que vai levar o irmão à escola, comprar carrinhos parecidos com os que ele tem e protegê-lo quando eu e o pai dele não estivermos por perto”, orgulha-se Maria Carla.
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BA GUN ÇA COLORIDA
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A FESTA DO AZUL E DO AMARELO COMBINA COM TUDO O QUE É BELO
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Vestido 106 159,90
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ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA: EDSON OKANI, HAIR & MAKE UP: JÔ CASTRO (CAPA MGT), MODELOS: VICTORIA SIGNORINI ANTACLI, MAURO BELOTO (BABY) E LYONELLI VITÓRIA (AQUARELA), AGRADECIMENTOS: RI HAPPY BRINQUEDOS (WWW. RIHAPPY.COM.BR), BMART BRINQUEDOS (WWW.BMART. COM.BR), TOY’S PELÚCIA (VENDAS@TOYSPELUCIA. COM.BR), GET´S BRINQUEDOS (WWW.GETSBRINQUEDOS. COM.BR), ONLINE TOY’S (WWW. ONLINETOY.COM.BR), DOCHA (WWW.DOCHA.COM.BR) E BUBBA (WWW.BUBATOY.COM.BR)
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Camisa polo R$ 79,90 Bermuda (conjunto com camiseta) R$ 169,90
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OLHO MÁ GICO| POR MARCELL O ARAÚJO*
Caixinha de surpresas COR DO CABELO, VESPAS DO MAR, ESCORPIÕES, CHUVA DE METEOROS, HISTÓRIAS DE TERROR... OS ASSUNTOS PUXADOS PELOS PEQUENOS PARECEM SAIR DE UM FICHÁRIO SEM ORDEM
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á vamos nós, num começo de noite, subindo a avenida Rebouças a pé, em dir eção ao supermercado, quando a Laurinha faz um pedido: “Pai, encosta a sua mão na minha... N ossa, sua mão é muito maior!”. Em seguida ela me diz: “Isso não vai fi car assim!”. P ois é, isso não v ai fi car assim mesmo. A Laur a, agora às vésper as de completar 8 anos , vai crescer e, quem sabe um dia, quando fizermos esse mesmo trajeto, vamos nos lembrar dessa “profecia”. Continuamos o caminho, ela me conta coisas da escola e de r epente per gunta: “ Qual er a a cor do seu cabelo quando você er a criança?”. Às vezes , as perguntas parecem sair de um fichário sem ordem: cor do cabelo, vespas do mar, escorpiões e chuva de meteoros... Tragédias e malv adezas também e xercem grande atração nesse almanaque de curiosidades. Houve uma época em que , durante o café da
UMA AMIGA DA MINHA FILHA, FASCINADA POR HISTÓRIAS DE TERROR, ADOTOU A LOURA DO BANHEIRO COMO PERSONAGEM PREDILETO manhã, ouvia a Laura perguntar, apontando para o jornal que eu lia: “T em tragédia?”. O pior é que tinha e ainda tem, para dar e vender: ondas gigantes que engoliam cidades, carros que avançavam sinais machucando pessoas ou senadores e deputados engravatados que r oubavam o dinheir o da mer enda das criancinhas. Laura, em algumas ocasiões, implica com o meu jornal, dizendo que eu passo tempo demais com ele e que por isso fi co muito impressionado com certas notícias como, por exemplo, o nível de sódio nos su-
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crilhos que ela come de manhã. P orém, se a tr agédia nos jornais desperta curiosidade , a tristeza deve ser mantida a distância. Um dia, pr ocurando nos guar dados inf or mações para completar uma lição de casa sobr e de-onde-veio-minha-f amília, encontr amos uma carta, a única escrita por meu pai par a mim. Pego a carta e a mostr o par a a Laur a, que me olha, sorri e, imediatamente, tira o papel dobrado da minha mão e o coloca de volta na pilha de fotos e documentos, dizendo que “é melhor você não ler, senão vai chorar!”. Quando o a vô f aleceu, ela me viu chor ando e fi cou impr essionada. Incomodada por não ter ido ao velório , nos disse que só iria a um único velório na sua vida. P erguntamos qual seria. “ O meu!”, disse ela. F alando nisso , lembr ei de uma amiga da minha filha que, fascinada por histórias de terror, adotou a Lour a do B anheiro como seu personagem pr edileto. Quando a Laur a me per guntou sobre essa lenda urbana, expliquei que no Rio de Janeiro, onde nasci e cr esci na década de 1960, não conhecíamos a história. Para af astar o medo , começamos a inventar juntos piadas da Lour a. Como aquela em que ela comeu mocotó no verão, teve dor de barriga, mas descobriu horr orizada que o papel higiênico tinha acabado... E, pobre coitada, gritava por ajuda sem poder sair do seu “reino”! A tal amiga da Laura, ao ouvir as piadas , morria de rir , sem se importar muito com esse desrespeito à sua musa do terror. Já a Loura do Banheiro, se um dia souber dessas chacotas, é bem capaz de dizer: “ Ah, isso não vai ficar assim!”.
* Pai de Laura, 7 anos, e Carolina, 19, o ilustrador Marcello Araújo é autor das coleções “O saco” e “1, 2, 3 e já!” e acaba de lançar o livro Psiu!
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O PAI DOMÉSTICO | POR JUVA BATELLA*
Rir de si mesmo
ESTA É UMA DAS GRANDES LIÇÕES QUE PODEMOS APRENDER COM AS CRIANÇAS: ALGUNS PROBLEMAS PODEM SER APAGADOS COM UMA RISADA
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bservando bem, nessas últimas semanas, as minhas duas miúdas, a Alice e a Clara, vi o quanto elas são fortes e o quanto eu tenho mesmo é de aprender com elas. Digo isso porque na idade em que elas estão, 9 e 5 anos, eu não era assim tão confiante acerca de mim mesmo, e sofri, e sofri, e não foi pouco. E chorei muito, e fiquei, como se diz aqui, amuado. Com 5 anos e provavelmente até aos 15 ou 16 anos, eu era inseguro e insatisfeito. Nasci com artrite reumatoide infantil, usava óculos, era magrelo e meio tortinho, e me sentia mal — sentia-me mal, antes de tudo, não pela artrite ou pelos óculos, embora isso não ajudasse, mas me sentia mal porque me chamava Juvenal, e a rima, aqui, embora tenha sido involuntária, não foi inocente. Mudei de escola muitas vezes e, sempre que aparecia na nova sala de aula, com os novos amiguinhos e as novas amiguinhas, tornava-me motivo de chacota,
to say I’m sorry…”. E riam, e riam de mim. Mais tarde, muito mais tarde do que era necessário, eu me transformei no “Juva”, e as coisas melhoraram um pouco. Bastante. Nessas últimas semanas a Alice e a Clara viveram situações parecidas, não com os nomes, que são tão belos, mas com o aparelho fixo que a mais velha teve de colocar nos dentes da frente — e que a deixou com uma carinha engraçada e bastante vulnerável a todas as chacotas possíveis — e com os óculos (com umas lentes de 4 graus por causa de uma hipermetropia) que a mais nova tem de passar a usar o tempo todo. Mal chegaram à escola e já riram delas. E elas? A Alice respirou fundo e riu também, de si mesma, e fez alguma piada em cima daqueles que riram dela, ensaiando em seguida uma careta com os dentes, e a Clarinha, olhando bem para os amigos que riam dela, declarou, em voz bem alta: “Fui eu CLARINHA, OLHANDO BEM PARA OS AMIGOS que escolhi, e estes meus óculos são lindos, QUE RIAM DELA, DECLAROU, EM VOZ BEM ALTA: são azuis, e eu estou muito engraçada com eles!”, e, esquecendo o assunto, e o trauma “MEUS ÓCULOS SÃO LINDOS, SÃO AZUIS E EU que não se concretizou, foi correr e brincar, ESTOU MUITO ENGRAÇADA COM ELES!” mandando, de longe, um beijo apaixonado e das mais violentas, por me chamar Juvenal. Eu fi- para o pai dela, um tal de Juvenal, que ali estava, a cava, na lista de chamada, logo a seguir ao Júlio, e a observar tudo, a pensar em si mesmo e em quanto seguir ao Júlio a professora dizia “Juvenal”, e todos tempo perdeu a sofrer por causa do que os outros olhavam para trás, onde eu me sentava, e riam, riam estavam a pensar dele e do seu nome. Sim, temos muito a aprender com os miúdos, a valer, e eu abaixava a cabeça e esperava, já com os olhos cheios de água, o soar da última gargalhada. “Ju- e o mais importante talvez seja aprender como se venal: é esquisito, mas não faz mal!” “Juvenal, cara de aprende, e só se aprende a aprender sabendo-se boçal!” Isso sem falar nas rimas impublicáveis… E por olhar com olhos de se ver. Só se aprende a aprenmuito tempo, na escola, eu já com uns 14 ou 15 anos, der colocando-se no lugar do outro. E, princicantaram uma música daquela banda de rock, Chica- palmente, só se aprende a aprender quando se go, que dizia “Hold me now, it’s hard to me to say I’m aprende a saber rir de si mesmo, e antes que os sorry…”, mudando a letra para “Juvenal, it’s hard to me outros riam… Obrigado, meninas.
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* Doutor em literatura brasileira, o carioca Juva Batella é autor de, entre outros livros, Confissões de um pai doméstico (Planeta, 2003). Pai de Alice, 9 anos, e Clara, 5, mora atualmente em Lisboa
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FRASE DA INFÂNCIA
“A Marcellinha tá quebrada!” Marcelle Bittar
POR LIANA MAZER
Foto: arquivo pessoal
Primeira filha, primeira neta, primeira sobrinha. A top model paranaense Marcelle Bittar, que já estrelou desfiles e campanhas de marcas como Chanel, não poderia ter sido esperada com mais expectativa. Sua mãe, dona Eliane, registrou cada momento de sua infância – desde o nascimento – em um álbum carinhoso, que mostrava orgulhosa para quem vinha visitar a família. Quando Marcelle tinha uns 2 anos, quis ver aquele livro pelo qual sua mãe tinha tanto carinho e se deparou com a foto de um bebê todo sujo de sangue, nas mãos de um médico. “É a Marcellinha!”, lhe disseram. No mesmo instante, a menina mudou a fisionomia, fez cara de triste e declarou, chocada: “A Marcellinha tá quebrada!”. “Vi sangue e deduzi que havia sido um acidente ou algo assim. Minha reação já mostrava um pouco da minha personalidade: sou dramática”, se diverte a modelo. Mas o drama infantil deu espaço para a curiosidade depois que dona Eliane lhe explicou que os bebês nascem assim. Por alguns anos Marcelle pedia para ver a “Marcellinha quebrada” – não se fartando, claro, de encher os pais com aquelas perguntas que só as crianças sabem fazer. Marcelle, aos 2 anos, pronta para curtir seu primeiro baile de Carnaval
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